Alcino Franco de Moura Júnior - EAD Unimontes9 Pedagogia - Tecnologia Aplicada à Educação...

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Montes Claros/MG - 2014

Alcino Franco de Moura JúniorFábia Magali Santos Vieira

Karen Tôrres Corrêa Lafetá de Almeida

Tecnologia Aplicadaà Educação

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2014Proibida a reprodução total ou parcial.

Os infratores serão processados na forma da lei.

EDITORA UNIMONTESCampus Universitário Professor Darcy Ribeiro

s/n - Vila Mauricéia - Montes Claros (MG)Caixa Postal: 126 - CEP: 39.401-089

Correio eletrônico: [email protected] - Telefone: (38) 3229-8214

Catalogação: Biblioteca Central Professor Antônio Jorge - UnimontesFicha Catalográfica:

Copyright ©: Universidade Estadual de Montes Claros

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS - UNIMONTES

REITORJoão dos Reis Canela

VICE-REITORAMaria Ivete Soares de Almeida

DIRETOR DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÕESHumberto Velloso Reis

EDITORA UNIMONTESConselho EditorialProf. Silvio Guimarães – Medicina. Unimontes.Prof. Hercílio Mertelli – Odontologia. Unimontes.Prof. Humberto Guido – Filosofia. UFU.Profª Maria Geralda Almeida. UFG.Prof. Luis Jobim – UERJ.Prof. Manuel Sarmento – Minho – Portugal.Prof. Fernando Verdú Pascoal. Valencia – Espanha.Prof. Antônio Alvimar Souza - Unimontes.Prof. Fernando Lolas Stepke. – Univ. Chile.Prof. José Geraldo de Freitas Drumond – Unimontes.Profª Rita de Cássia Silva Dionísio. Letras – Unimontes.Profª Maisa Tavares de Souza Leite. Enfermagem – Unimontes.Profª Siomara A. Silva – Educação Física. UFOP.

CONSELHO EDITORIALAna Cristina Santos PeixotoÂngela Cristina BorgesBetânia Maria Araújo PassosCarmen Alberta Katayama de GasperazzoCésar Henrique de Queiroz PortoCláudia Regina Santos de AlmeidaFernando Guilherme Veloso QueirozJânio Marques DiasLuciana Mendes OliveiraMaria Ângela Lopes Dumont MacedoMaria Aparecida Pereira QueirozMaria Nadurce da SilvaMariléia de SouzaPriscila Caires Santana AfonsoZilmar Santos Cardoso

REVISÃO DE LÍNGUA PORTUGUESACarla RoselmaWaneuza Soares Eulálio

REVISÃO TÉCNICAKaren Torres C. Lafetá de Almeida Viviane Margareth Chaves Pereira Reis

DESIGN EDITORIAL E CONTROLE DE PRODUÇÃO DE CONTEÚDOAndréia Santos DiasCamilla Maria Silva RodriguesFernando Guilherme Veloso QueirozMagda Lima de OliveiraSanzio Mendonça HenriiquesWendell Brito MineiroZilmar Santos Cardoso

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Diretora do Centro de Ciências Biológicas da Saúde - CCBS/UnimontesMaria das Mercês Borem Correa Machado

Diretor do Centro de Ciências Humanas - CCH/UnimontesAntônio Wagner Veloso Rocha

Diretor do Centro de Ciências Sociais Aplicadas - CCSA/UnimontesPaulo Cesar Mendes Barbosa

Chefe do Departamento de Comunicação e Letras/UnimontesSandra Ramos de oliveira

Chefe do Departamento de Educação/UnimontesAndréa Lafetá de Melo Franco

Chefe do Departamento de Educação Física/UnimontesRogério othon Teixeira Alves

Chefe do Departamento de Filosofi a/UnimontesÂngela Cristina Borges

Chefe do Departamento de Geociências/UnimontesAntônio Maurílio Alencar Feitosa

Chefe do Departamento de História/UnimontesFrancisco oliveira SilvaJânio Marques dias

Chefe do Departamento de Estágios e Práticas EscolaresCléa Márcia Pereira Câmara

Chefe do Departamento de Métodos e Técnicas EducacionaisHelena Murta Moraes Souto

Chefe do Departamento de Política e Ciências Sociais/UnimontesMaria da Luz Alves Ferreira

Ministro da EducaçãoAloizio Mercadante oliva

Presidente Geral da CAPESJorge Almeida Guimarães

Diretor de Educação a Distância da CAPESJoão Carlos Teatini de Souza Clímaco

Governador do Estado de Minas GeraisAntônio Augusto Junho Anastasia

Vice-Governador do Estado de Minas GeraisAlberto Pinto Coelho Júnior

Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino SuperiorNarcio Rodrigues da Silveira

Reitor da Universidade Estadual de Montes Claros - UnimontesJoão dos Reis Canela

Vice-Reitora da Universidade Estadual de Montes Claros - UnimontesMaria ivete Soares de Almeida

Pró-Reitor de Ensino/UnimontesJoão Felício Rodrigues Neto

Diretor do Centro de Educação a Distância/UnimontesJânio Marques dias

Coordenadora da UAB/UnimontesMaria Ângela Lopes dumont Macedo

Coordenadora Adjunta da UAB/UnimontesBetânia Maria Araújo Passos

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Autores

Alcino Franco de Moura JúniorMestrando em Comunicação e Multimídia pela Universidade Trás-os-Montes e Alto-Douro – Utad (Portugal), especialista em Mídias na Educação pela Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes, especialista em Informática na Educação pela Universidade Federal de

Lavras – UFLA e graduado em Comunicação Social pelas Faculdades Integradas do Norte de Minas – Funorte. Atualmente é professor e pesquisador do Departamento de Ciências da

Computação da Unimontes e das Faculdades Integradas Pitágoras de Montes Claros - FIP-Moc. É ainda coordenador de Produção de Material Didático da UAB/Unimontes e e-Tec Brasil/

Unimontes.

Fábia Magali Santos Vieira Doutora em Educação pela Universidade de Brasília – UnB, mestre em Ciência da Educação pelo Instituto Superior Pedagógico Enrique José Varona- La Habana/Cuba, título revalidado

pela UnB; também mestre em Educação pela UnB, especialista em Educação pela UnB e pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG e graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes. Atualmente é professora da Unimontes. É também

coordenadora-geral da Universidade Aberta do Brasil/Unimontes.

Karen Tôrres Corrêa Lafetá de AlmeidaDoutoranda em Gestão em Educação pela Universidade de Brasília – UnB, mestre em Desenvolvimento Social e especialista em Metodologia e Epistemologia das Ciências

Humanas e Sociais pela Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes e graduada em Administração em Turismo e Hotelaria pelas Faculdades Integradas Pitágoras de Montes

Claros – FIP-Moc. Atualmente é professora da Unimontes e das Faculdades Santo Agostinho na graduação e na pós-graduação. É ainda professora pesquisadora da UAB/Unimontes. Membro

da Comissão Permanente de Avaliação Institucional da Unimontes.

ColaboradoresBárbara Cardoso Albuquerque

Emiliano José GregoriKênia Tôrres Corrêa Ribeiro

Ludmilla Rodrigues de SouzaNaiara Vieira Silva

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Sumário

Apresentação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9

Unidade 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11Educação, comunicação e tecnologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11

1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11

1.2 Sociedade da informação ou comunicação?. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11

1.3 Movimento surrealista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .15

1.4 O pós 2ª guerra mundial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .15

1.5 Globalização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .16

Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .18

Unidade 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19Mídia e educação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19

2.1 Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19

2.2 A presença da mídia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19

2.3 Mídia-educação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .20

Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

Unidade 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27A linguagem da mídia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27

3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27

3.2 Educação para a mídia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27

3.3 Educação pela mídia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .35

Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41

Unidade 4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .43TIC: novas linguagens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .43

4.1 Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .43

4.2 Multimídia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .43

4.3 Hipertexto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

4.4 E-Comunicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

4.5 E-comunicação: linguagem interativa e persuasiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .47

Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

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Unidade 5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .49O computador como recurso didático . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .49

5.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .49

5.2 O computador como recurso didático . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .53

Resumo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .55

Referências básicas e complementares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .57

Atividades de Aprendizagem - AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .61

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Pedagogia - Tecnologia Aplicada à Educação

ApresentaçãoCaro(a) acadêmico(a) dos Cursos de Licenciatura da UAB/Unimontes:Nesta disciplina, com carga horária de 40 horas, procuramos lhe proporcionar uma visão ge-

ral sobre o uso das tecnologias na educação, fornecendo-lhe a base que fundamentará e motiva-rá sua prática pedagógica de utilização das tecnologias, ao mesmo tempo em que explicaremos o porquê do uso delas na escola.

Quando falamos da maneira como utilizamos cada ferramenta para realizar determinada ação, referimo-nos à técnica. A tecnologia é o conjunto de tudo isso: a ferramenta e os usos que destinamos a ela, em cada época.

É do conhecimento de todos que as tecnologias estão presentes em nosso cotidiano. De fato, elas ampliam nossa visão de mundo, modificam as linguagens e propõem novos padrões e novas maneiras de ser e estar presentes e, consequentemente, proporcionam novas maneiras de ensinar e apreender. Assim sendo, os futuros professores devem discutir e compreender seu papel nos processos de ensino e aprendizagem.

Ensinar e aprender utilizando as tecnologias se torna um grande desafio. Dessa forma, os nossos objetivos nesta disciplina são:

Objetivo Geral:• Possibilitar a análise teórico-reflexiva sobre a utilização das tecnologias da informação e co-

municação na educação.

Objetivos Específicos:• Possibilitar aos acadêmicos: • condições de construírem conhecimentos sobre o porquê e como integrar as tecnologias à

prática educativa;• integrar as tecnologias à prática pedagógica de modo criativo e inteligente para desenvol-

ver a autonomia e a competência dos estudantes e educadores, como usuários e criadores dessas tecnologias e não como meros receptores;

• condições para que se tornem usuários críticos e criativos das tecnologias e não meros con-sumidores das mesmas; e

• expressar-se por meio das novas linguagens, produzindo mensagens audiovisuais utilizan-do as tecnologias.

Para tanto, neste Caderno Didático você encontrará o conteúdo das seis Unidades propostas para essa disciplina nos cursos de formação de professores:

Unidade 1: Educação, comunicação e tecnologiaUnidade 2: Mídia e educaçãoUnidade 3: A linguagem da mídiaUnidade 4: TIC: novas linguagensUnidade 5: O computador como recurso didático

Desejamos sucesso nos estudos.

Os autores.

GLoSSáRioTecnologia: O conceito está relacionado com a produção de aparatos materiais ou intelec-tuais suscetíveis de oferecerem soluções a problemas práticos de nossa vida cotidia-na. É um construto humano e ao humano deve servir, median-do interações com o meio ambiente, com o conhecimento e entre os seres humanos (FIO-RENTINI, 2000).

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Pedagogia - Tecnologia Aplicada à Educação

UNidAdE 1Educação, comunicação e tecnologia

1.1 IntroduçãoCaro(a) acadêmico(a), apresentamos a você a Unidade I da disciplina Tecnologia Aplicada à

Educação. É nossa intenção levá-lo a refletir essa nova sociedade na qual estamos inseridos na con-

temporaneidade, compreender sobre os principais momentos históricos que contribuíram para o momento atual em que o homem se vê tomado pela ciência e dono do seu destino, diferente-mente de outras épocas em que Deus era o centro de tudo, e ainda, discutir o novo papel que a tecnologia trouxe ao mundo com o fim das fronteiras e o avanço do processo de globalização.

Por isso, os nossos objetivos são:• refletir sobre a “sociedade da informação”: limites, possibilidades e contradições; e• discutir a relação entre educação, comunicação e tecnologia.

Nessa medida, o estudo proposto nesta Unidade encontraorganizado conforme apresenta-do a seguir:

Unidade 1: Educação, comunicação e tecnologia1.1 Introdução1.2 Sociedade da Informação ou Comunicação?1.3 Movimento Surrealista1.4 O Pós 2ª Guerra Mundial1.5 Globalização1.6 ReferênciasNa discussão sobre o processo ensino-aprendizagem, esperamos contribuir com sua forma-

ção e incentivá-lo(a) a aplicar o aprendido em sua prática pedagógica.

Bom estudo!Os autores.

1.2 Sociedade da informação ou comunicação?

Vamos iniciar os nossos estudos conver-sando um pouco sobre a sociedade em que estamos vivendo que, por fazer uso da tecno-logia, comumente é chamada de sociedade tecnológica, da informação.

Vamos iniciar fazendo um levantamento:• Quantas pessoas têm celular na sala de

aula? E na família desses alunos, quantos têm celulares?

• E-mail? Quem se comunica por e-mail? • E o banco? Quem costuma ficar na fila do

banco hoje em dia?

Não é possível concluir, pelas possíveis respostas dadas por vocês, a nossa socieda-de, cada vez mais, faz uso das tecnologias e se torna dependente dela. Lança-se um modelo de celular hoje e amanhã já se lança outro. O que a gente percebe? O avanço da tecnologia nos faz ficar dependentes da mesma. Assim, precisamos e devemos pensar no uso das tec-nologias em nosso cotidiano e nos seus bene-fícios, mas também devemos refletir sobre os seus malefícios. Por isso, iniciaremos nossos estudos fazendo essa reflexão crítica sobre as

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UAB/Unimontes - 2º Período

implicações das tecnologias na vida dos cida-dãos, tentando entender o que se passa, ao in-vés de fazer apenas um discurso a favor do uso da tecnologia.

Como podemos observar, o mundo con-temporâneo sofre transformações estruturais significativas. Tentem lembrar como era em sua infância a comunicação com um paren-te ou um amigo que morava em uma cidade mais distante. Ela tinha que ser feita por car-ta, o que demorava vários dias, ou por telefo-ne. Nem toda casa tinha telefone e, por isto, era caro, além de difícil. Assim, as pessoas ficavam vários dias, semanas, meses ou anos sem se comunicar.

Então vale pensar nas transformações que estão ocorrendo no mundo. Esse proces-so histórico de desenvolvimento da ciência e da tecnologia tem universalizado o homem moderno, criando condições objetivas para que a gente possa ser ao mesmo tempo uni-versal e tribal. Como isso acontece? Tudo o que acontece na outra parte do mundo, vi-venciamos como se fosse conosco. Vejam, por exemplo, o terremoto do Haiti, ocorrido em janeiro de 2010. Somos ao mesmo tem-po universais, pois sabemos e vivemos o que se passa no mundo inteiro, e tribais, pois sa-bemos e vivemos o que se passa em nossa sociedade local, em nossa tribo. Vivemos no mundo da comunicação generalizada, a so-ciedade do mass media, com a multiplicação de valores locais.

E o que é a comunicação de massa? A te-levisão e o rádio são meios de comunicação de massa, ou seja, a informação é produzida em um ponto e é distribuída para muitos ao mesmo tempo. Pessoas que geograficamente estão distantes dos grandes centros podem estar conectadas e terem acesso, ao mesmo tempo, ao que se passa no mundo, através de um noticiário de televisão.

Essa sociedade utiliza os meios de co-municação e estes, por sua vez, multiplicam os valores da sociedade que produziu essa informação. Os meios de comunicação levam para as regiões atingidas valores que não são locais.

Segundo Paul Virilio e Rene Berger (1992), o desenvolvimento dos meios de transporte, desde o final do século XIX, pro-moveu modificações no modo de viver de toda humanidade. O homem caminhava a pé, depois a cavalo. Tempos depois, veio a inven-ção da roda. Esse movimento sugere a mo-dificação. Hoje, deslocamos com muito mais facilidade. Estamos em nossa cidade e decidi-mos ir a Belo Horizonte, por exemplo. Pode-mos ir de carro, ônibus ou avião. Então, esse ir e vir modifica a nossa forma de ser, de ver

o mundo. Aí surge uma nova geografia, o que chamamos de desterritorialização, que é o novo espaço-tempo. Estamos perdendo a di-mensão do que é real e do que não é o nos-so espaço-tempo. O mundo contemporâneo passa a ser um conjunto de imagens produzi-das pelos meios eletrônicos de comunicação, fazendo com que estes meios tenham con-sequentemente, importância singular nesse momento histórico. O filme The Matrix retrata bem isso: um conjunto de imagens que vão sendo produzidas onde a pessoa não sabe di-ferenciar o que é real do que não é.

O que significa este mundo de comuni-cação generalizada como a presença marcan-te dos meios de comunicação eletrônicos? Segundo Vattimo (1996), significa emancipa-ção, que tem a ver com a possibilidade de de-senraizamento, a possibilidade de libertação das diferenças e da multiplicidade das racio-nalidades locais. Esse é o objetivo dos meios de comunicação de massa: emancipar.

Será que o uso das tecnologias tem ser-vido para essa emancipação? Emancipar em qual sentido? No sentido de nos fazer pes-soas autônomas, críticas, reflexivas, capazes de contribuir para a produção do bem co-mum? O que de fato essas tecnologias têm possibilitado?

É aí que precisamos começar a pensar: o que está por trás dessa sociedade da comuni-cação? O que está por trás do uso exacerbado das tecnologias? Desse emaranhado de infor-mações?

Vamos começar pela televisão. Os gru-pos de comunicação possuem várias emis-soras de TV, como a TV Globo, o Futura e o GNT, que é da Rede Globo, pertencente à fa-mília Marinho. O mesmo grupo detém vários meios, como a Globo Filmes, Globo Marcas, Globo Internacional, Globo Teatro, Jornal O Globo, G1, etc.

E se a gente fizer um recorte e analisar o Brasil, por exemplo? Quem domina a comu-nicação no nosso país hoje? A Rede Globo controla mais da metade do mercado televisi-vo brasileiro. O Grupo Bandeirantes, o Grupo Folha, o Grupo Sílvio Santos e a Rede Record são os grupos que detêm o poder da comu-nicação no Brasil através da televisão, rádio, jornal e Internet.

Esses grupos, além de terem o controle do que é divulgado, podem defender uma ideologia que acaba homogeneizando os pensamentos de um povo.

Vamos pegar o exemplo do Movimento dos Sem Terra. Vocês já observaram como os meios de comunicação noticiam as atividades deles? São retratados como os baderneiros que estão tomando a terra de seus proprietá-

diCAAssista ao desenho

animado Os Jetsons, produzido pela Hanna-

-Barbera (EUA) na déca-da de 1960, que retrata

uma família do século XXI, com todos os apa-ratos julgados moder-

nos para a época.

GLoSSáRioMass media: comuni-

cação de massa (Barbo-sa e Rabaça, 2001).

diCAAssista ao filme The

Matrix, distribuído pela Warner Bros., em 1999.

GLoSSáRiodesterritorialização:

partindo da ideia de que território é um

espaço de estabilidade e organização, a des-

territorialização é uma ação de desordem, de

fragmentação para buscar encontrar novos

saberes, menos insti-tuídos, adotando uma

percepção diferenciada que está pronta para

descobrir novas ideias além das previstas.

PARA SABER MAiSSe o poder da comu-

nicação no Brasil está concentrado em pou-cos grupos, qual seria

a implicação disso? Qual seria o risco dessa

dominação?

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Pedagogia - Tecnologia Aplicada à Educação

rios. São mostrados como aqueles que estão invadindo e destruindo bens. Dificilmente, en-contramos reportagens que mostram o outro lado do movimento, como a educação das no-vas gerações, enfim as experiências positivas.

Qual é o perigo de tudo isso? Quem de-tém a comunicação, defende os interesses de uma determinada classe. E que classe é essa? A classe dominante, que detém o poder. Noti-ciam de forma pejorativa aquilo que vai con-tra essa classe e, pior, acabamos formando nossa opinião sobre determinados assuntos a partir dessas notícias.

O que está por trás da comunicação de massa? Há o interesse das indústrias de equi-pamentos, da eletrônica, informática, telefô-nica, cabo, satélites, alimentos, farmacêutica, entretenimento e comunicação. Esse conjun-to de indústrias faz com que a tecnologia vá se aperfeiçoando cada vez mais, aumentan-do a possibilidade de comunicação. Além de comunicar, há também a possibilidade de influenciar e de manipular. Há uma intenção velada por trás. As imagens são lançadas e recebidas cotidianamente em praticamente todos os lugares do mundo com intermédio dos novos avanços e recursos tecnológicos.

Computadores, televisores, vídeos, tele-fones, satélites, cabos e novos equipamentos são aperfeiçoados e desenvolvidos, estimu-lando-se o uso mais integrado e global des-ses recursos. Surge, então, a multimídia, um novo conceito que engloba universo visual. O que é multimídia? É a tecnologia capaz de jun-tar som, imagem e movimento. O rádio é um meio que só utiliza o som. A televisão uniu o som à imagem e, hoje, a computador, junta-mente com a Internet, une o som, a imagem e a possibilidade de podermos interferir.

O que aconteceu no mundo no dia 11 de setembro de 2001? O atentado às Torres Gê-meas. A notícia do atentado chegou em pou-cos minutos a todo o mundo. Os meios de comunicação fizeram com que esse fato fosse divulgado de forma instantânea, em tempo real.

Esse exemplo é para lhes mostrar que o aperfeiçoamento e desenvolvimento des-sas tecnologias estão estimulando, cada vez mais, o uso integrado das mesmas e isso faz com que o mundo possa estar conectado globalmente, ao vivo. Então, o que aconte-cer do outro lado do mundo, todas as redes de comunicação noticiarão em questão de minutos e isso se torna de conhecimento de toda a população mundial. Se por um lado isso traz a notícia, forma-se também opiniões massificadas a respeito. No caso do atenta-do às Torres Gêmeas, o mundo todo virou-se contra os muçulmanos.

Observe, hoje, a correria pela informa-ção. Os profissionais da área querem trans-mitir o mais rapidamente possível o ocorri-do. Todas as redes querem chegar aos locais mais distantes possíveis para levar a informa-ção em primeira mão. Será que é para poder manter, de fato, o cidadão bem informado?

Vivemos em uma sociedade planetária, com a circulação da informação se constituin-do em um dos pilares básicos, referenciados por imagens que são produzidas ininterrup-tamente e que circulam por todo o mundo quase que incessantemente.

A sociedade do mass media, que é a so-ciedade da comunicação, está introduzindo modificações profundas no conjunto de valo-res da humanidade, estabelecendo uma nova ordem com consequências ainda não plena-mente identificadas. Nós ainda não temos consciência das implicações que isso pode nos trazer. Temos que pensar nas modifica-ções que nos chegam. Há relatos de profes-sores que, ao ministrarem suas aulas em uma comunidade do Norte de Minas Gerais, as crianças cobriam as cabeças como fazem os bandidos do Rio de Janeiro, quando não que-rem ser identificados. Brincavam desta forma por terem acesso a esse tipo de informação.

As ciências, as artes, o lazer e as técnicas estão se transformando, colocando em crise os valores que constituíam a base da socie-dade moderna. Vivemos em um momento de crise desses valores. O que pode e o que não pode, o que é e o que não é.

No final do século XIV, a sociedade, com o renascimento cutlural, viveu uma crise na pas-sagem da Idade Média para a Era Moderna. O mundo na Idade Medieval era teocêntrico. Só era verdade aquilo que era definido por Deus, segundo a Igreja Católica, que determinava os valores da convivência humana. Deus definia o plano religioso, filosófico e artístico. As pes-soas que desafiavam esse plano eram punidas com a Inquisição. Grande exemplo disso foi Giordano Bruno, um frade que resolveu de-fender a teoria de que o universo era infinito e, por isso, havia uma nova visão de homem. Um dos pontos chaves de sua teoria é a cosmolo-gia, segundo a qual o universo seria infinito, povoado por diversos sistemas solares e que haveria vida inteligente nesses sistemas. Isso foi uma heresia contra a Igreja, pois ela de-fendia que só existia um sistema solar, um só Deus e um só mundo.

Por volta do século XIV, o homem, então, passa a ocupar o centro do universo. Surge um movimento de busca pelo novo, rompen-do com o passado e visando à construção de um mundo centrado numa cultura mais hu-manística. Inaugura-se a Era Moderna, que

diCAAcesse o canal Tecno-logias Educacionais no Youtube, através do endereço eletrônico http://www.youtube.com.br/tecnologiase-duc, assista ao vídeo 11 de Setembro e analise como um fato se proli-fera pelo mundo afora em um curto espaço de tempo.

diCAAcesse o Canal Tecno-logias Educacionais no Youtube, através do endereço eletrônico http://www.youtube.com.br/tecnologiase-duc e assista ao vídeo intitulado “Repórter do Fantástico sobrevoa vulcão que entrou em erupção na Islândia, FANTÁSTICO 18 04 2010”. Veja os riscos que o repórter Flávio Fachel correu para mos-trar o perigoso vulcão em atividade.

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UAB/Unimontes - 2º Período

vai adquirindo uma nova feição, dando um novo contorno e rompendo com os valores da época.

Nas artes, a imitação dos modelos foi substituída pelo culto ao novo, pela busca do diferente daquilo que representava o mun-do artístico de antes. Até a Idade Média, a arte era a capacidade de imitar. Quanto mais próximo ao real, mais importante seria e na Era Moderna rompe-se com esse modelo da imitação. A arte passa a criar o novo. Olhar e criar as coisas a partir da minha interpretação.

Na ciência, o mundo sai do teocentris-mo, da interpretação de Deus e passa a valo-rizar o uso da razão. A ciência passa a criar o chamado método científico, que é a capaci-dade de comprovar as hipóteses. Temos um problema, levantamos as possíveis respos-tas para esse problema e o testamos. Como acontece esse movimento? Através do pro-cesso de experimentação e experiência. Isso rompeu com a interpretação teocêntrica.

Na política, a modernidade vai se carac-terizar pela presença marcante do Estado e uma economia baseada numa organização hierarqui-zada, tendo como centro a produ-ção de bens físicos, pela utilização da ener-gia e a existência de uma força de trabalho desqualificada. Até então, quem comandava era a monarquia, o poder era passado de pai para filho. O que a gente percebe? Uma mu-dança nesse modelo a partir da Revolução Francesa.

A economia que estava voltava para as-pectos de pequenos negócios começa a cres-cer. Mais à frente vamos perceber as implica-ções disso. A busca pelo novo e o rompimento com o antigo implicou, evidentemente, na valorização de um sentido especial para a his-tória, ou seja, o que marca a passagem da Ida-de Medieval para a Era Moderna? É que, justa-mente, tudo passa a se centrar no homem.

A Revolução Industrial, no século XIX, com o desenvolvimento da máquina a va-por em 1848 e, posteriormente, dos motores elétricos de combustão, introduzem novas variáveis ao mundo moderno, com repercus-sões de grande impacto. Possibilitou o deslo-camento das pessoas de forma mais rápida. Essa possibilidade de fazer com que pudés-semos sair de um lugar e ir a outro teve um enorme impacto no cotidiano e na forma como vivemos agora.

O que causou todo esse desenvolvimen-to científico? A descoberta, pelo homem, de que ele pode se deslocar de um lugar para outro com maior facilidade e, cada vez que ele se desloca, descobre um novo mundo,

levando-o consigo, trazendo um outro mun-do. Tudo isso possibilita essa mudança que vivemos hoje. Novos elementos passam a ser incorporados na história da humanidade, fru-tos do desenvolvimento e da técnica, da mo-bilidade que o homem passa a viver. Temos assim por exemplo, o telégrafo, o telefone, a fotografia e o cinema, que começam, especi-ficamente, a impulsionar e dar origem a esse mundo midiático.

Quando se fala em desenvolvimento tecnológico, centra-se muito no computador e na Internet. Mas percebemos que esse pro-cesso começou no século XIV, na passagem da sociedade medieval para a moderna, ace-lerando, a partir do século XIX, com a Revo-lução Industrial, o marco do desenvolvimento da máquina a vapor em 1848, e a partir do surgimento de novas tecnologias. Uma tec-nologia que também possibilitou o avanço foi o daguerreótipo, máquina que possibili-tou a primeira reprodução das imagens. Qual a ideia que a gente tinha de arte? Apenas de algo pintado pelos artistas.

No final do século XIX e início do sécu-lo XX vamos viver um momento especial de efervescência social, científica e cultural. Em 1905, Albert Einstein anuncia os primeiros resultados da Teoria da Relatividade. O que ele defende? Que tudo é relativo, que nada é verdade absoluta, o que é hoje amanhã pode não ser mais, e isso faz com que a gente co-mece a pensar de uma forma diferente. Em 1912, temos a difusão do rádio; em 1913, a in-trodução do conceito de linha de montagem na produção de automóvel.

Qual é a contribuição desse conceito de linha de montagem? Até então, o movimento de produção era artesanal. O que seria, en-tão, um movimento artesanal? Vamos pegar, por exemplo, a confecção de uma calça. A costureira corta o pano, costura, coloca o zí-per e faz a barra. Para fazer tudo isto, ela de-morava, aproximadamente, um dia.

Com o surgimento da linha de monta-gem na produção, há um setor que corta, outro que costura, outro que coloca o zíper e outro que faz a barra, ou seja, a matéria-pri-ma vai passando de setor em setor. Assim, ao invés de produzir uma calça por dia, pode-se produzir cem calças. Qual a vantagem? Quan-tidade maior do produto, gerando mais lucro.

Qual a consequência desta linha de montagem? O trabalhador que corta só vai saber cortar. O que costura só vai saber cos-turar. Assim, o trabalhador perde a dimensão do produto, do valor do seu trabalho. Ocorre a alienação do trabalhador.

PARA SABER MAiSO Youtube, site de

compartilhamento de vídeos, completa

5 anos de existência e está presente em mais

de 200 países. A cada minuto, 24 horas de ví-deos são postadas e há

cerca de 2 bilhões de visualizações por dia.

GLoSSáRioTeocêntrico: Deus no

centro de tudo.Heresia: Doutrina que

se opõe aos dogmas da Igreja. Ato ou palavra

ofensiva à religião.

diCAReveja a discussão so-

bre ciência no Caderno Didático de Iniciação

Científica, trabalhado no 1º período do seu

curso.

PARA SABER MAiSO daguerreótipo foi

criado por acaso. Louis Jacques Mandé

Daguerre, seu inventor, apanhou uma chapa revestida com prata e sensibilizada com

iodeto de prata que, apesar de exposta, não

apresentara sequer ves-tígios de uma imagem.

Ele a guardou, displi-centemente, em um

armário. Ao abri-lo, no dia seguinte, encontrou sobre ela uma imagem

revelada, a primeira fotografia.

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Pedagogia - Tecnologia Aplicada à Educação

1.3 Movimento surrealistaEm 1913, Freud anuncia a descoberta do

inconsciente e do mecanismo do sonho, que tem implicações na nossa vida. A partir de 1920, surge o desenvolvimento do movimento surre-alista, que é a valorização da interpretação que cada um dá às coisas. Ao visitar, por exemplo, uma exposição de arte moderna e observar um quadro com uma árvore de cabeça para baixo e um bicho de várias pernas, é muito comum aos seres humanos estranhar essa obra. Pensamos: mas isso não existe. Pode não existir na reali-dade, mas pode existir em nossa imaginação. O artista passa a valorizar o seu inconsciente e seus sonhos. O movimento surrealista valoriza a interpretação de cada um.

Em 1922, acontece algo no Brasil que re-voluciona as artes. O que seria? A Semana de Arte Moderna, que é, justamente, a valoriza-ção do que é surreal. O que pode ser real para mim, pode não ser para você. É a interpreta-ção que cada um dá ao mundo que vivemos. Nesse movimento de efervescência das artes, onde tudo é relativo e nada é verdade absolu-ta, as pessoas começam a duvidar de tudo.

No século XX acontecem ainda duas grandes guerras, que modificam o panorama

mundial. Qual a grande tecnologia desenvol-vida na 1ª Guerra? O telégrafo. Dessa capaci-dade de comunicar através do código Morse, na 2ª Guerra, em 1940, nasce a Internet. A essa altura, o código Morse; já conseguia ser inter-pretado pelos inimigos, obrigando os militares ao desenvolvimento de algo mais seguro.

As indústrias eletrônicas e de equipamen-tos começam, assim, a investir cada vez mais no desenvolvimento de pesquisas para apri-morar tecnologias que possam melhorar o sistema comunicativo planetário. A televisão ganha força na 2ª Guerra Mundial. A energia nuclear, criada a partir dos estudos de Einstein, é também utilizada para acionar motores e criar armas de guerra.

A Internet surgiu a partir da Advanced Re-search and Projects Agency - ARPA, uma agên-cia norte-americana que pretendia conectar os computadores dos seus departamentos de pesquisa. Nasceu a partir da Arpanet, uma rede que interligava quatro instituições: Uni-versidade da Califórnia e Santa Bárbara; Insti-tuto de Pesquisa de Stanford e Universidade de Utah, tendo início em 1969. O objetivo foi compartilhar segredos militares da época.

1.4 O pós 2ª guerra mundial Após a 2ª Guerra o mundo entra em crise

e as indústrias de informática e de comunica-ção passam a desempenhar um papel signifi-cativo, ganhando cada vez mais força.

A partir do momento em que a televisão começa a transmitir notícias, a indústria come-ça a investir no desenvolvimento de mais tec-nologias. Valores modernos começam, então, a ser colocados em cheque. Ocorre a crise do mito, a matriz da racionalidade. A partir daí, o homem começa a criar máquinas para superar a razão, a ciência e o progresso.

A máquina surge na Revolução Industrial para substituir o trabalho braçal. A partir do surgimento desses motores, o homem começa a desenvolver tecnologias para substituir o seu trabalho intelectual. Vejam, como exemplo: quem hoje grava número de celular? Não é preciso gravá-los, pois todo aparelho tem uma agenda telefônica. Tudo isto coloca a socieda-de e a modernidade em seu limite histórico. Até onde poderemos ir? Depositamos nos-sa confiança no que está na tecnologia e nos meios de comunicação. Só passa a ser verdade

quando a informação está na máquina, no ex-trato do caixa eletrônico, no aparelho celular, nos meios de comunicação. Isto é o que o fi-lósofo Herbert Marcuse (2005) chama de racio-nalidade tecnológica: colocamos toda razão, toda verdade na tecnologia.

Rene Berger (1992) vai definir duas revo-luções em andamento na atual sociedade a partir desses valores introduzidos pelos meios de comunicação e transporte. Quais são essas duas revoluções? A primeira, chamada de telê-mica, está relacionada aos meios de transpor-te, com deslocamento cada vez mais veloz e com os veículos cada vez mais sofisticados. Se o nosso deslocamento de um lugar para o ou-tro fica mais rápido é porque cada vez mais se utilizam veículos mais sofisticados. A segunda revolução é a telemática, que vai combinar a informática com a telefonia.

A revolução telêmica está para o corpo, quer dizer, para o deslocamento, como a tele-mática está para a mensagem. Este fenômeno é chamado por Berger de teletropismo: quan-to mais aumenta a velocidade da transmissão

diCAAssista ao filme Tempos Modernos (1936), do ator e diretor Charles Chaplin, e veja a crítica a essa linha de produ-ção industrial.

PARA SABER MAiSA Internet surgiu a par-tir da Advanced Resear-ch and Projects Agency - ARPA, uma agência norte-americana que pretendia conectar os computadores dos seus departamentos de pes-quisa. Nasceu a partir da Arpanet, uma rede que interligava quatro instituições: Universida-de da Califórnia e Santa Bárbara; Instituto de Pesquisa de Stanford e Universidade de Utah, tendo início em 1969. O objetivo foi comparti-lhar segredos militares da época

PARA SABER MAiSA primeira transmis-são comercial de TV ocorreu em 1928, nos Estados Unidos, onde a emissora WGY transmi-tiu uma peça de teatro para poucos nova--iorquinos. Em 1941, a Federal Communica-tions Commission – FCC autoriza o início das transmissões de TV pagas por patrocinado-res nos EUA, marcando o início da história da TV aberta como veículo de massa. No Brasil, as primeiras transmissões ocorreram em 1950, pela TV Tupi, ganhando notoriedade em 1954, com a transmissão do velório e transporte do corpo do então presi-dente Getúlio Vargas.

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UAB/Unimontes - 2º Período

diCAAssista ao filme A

Terceira Onda (1981), baseado no livro de Alvin Tofler, que fala

sobre o fim da era agrícola, o sepultamen-

to do industrialismo e o surgimento de uma

nova civilização.

da mensagem, mais tende a aumentar a ve-locidade dos vetores telêmicos, mais a área de nosso deslocamento tende a se expandir e mais se expande a área de transmissão das mensagens. Quanto mais aumenta a trans-missão de mensagens, mais se desenvolvem os vetores telêmicos, ou seja, os meios que nos conduzem a esse deslocamento e quanto mais aumenta nosso deslocamento, mais se expande a transmissão das mensagens. Assim, a explosão dos meios de comunicação trans-forma-se num conceito superado a partir das multiplicidades e possibilidades de contar his-tórias, colocando em crise os metarrelatos, a ideia de progresso e de evolução. Esse conjun-to de transformações coloca a modernidade no seu limite histórico e aponta uma mudança no modo de produção dos paradigmas. O ho-mem deixa de ser o centro e a informação, a

produção de imagens passa a ser um dos ve-tores mais significativos.

O homem é o sujeito que produz infor-mação, mediado pelas tecnologias. Assim te-mos que pensar: o que seria verdade nas infor-mações que recebemos?

Precisamos refletir sobre dois aspectos acerca da famosa Era da Informação: a impor-tância e as implicações dos meios de comu-nicação e as implicações dessa cultura globa-lizada em nossas vidas. Percebemos, então, que os consumidores dos meios de comuni-cação estão se sentindo cidadãos do mundo, muito mais do que do seu próprio país. Mas, ao mesmo tempo, estão se sentindo solitários e a vida começa a ficar ameaçada com a nos-sa identidade pessoal. O individualismo se so-brepõe, abalando o nosso histórico conceito de comunidade.

1.5 GlobalizaçãoO regime capitalista vive hoje a economia

de mercado. Vivemos na chamada globaliza-ção, que surgiu nos séculos XV e XVI, com as grandes navegações, quando o homem des-cobriu que poderia se deslocar de um conti-nente para o outro, abrindo um novo mundo de possibilidades e outras maneiras de viver. O processo de globalização se instaura quan-do o homem volta para o seu continente de origem, trazendo novas visões. Dessa forma, o processo de globalização não é algo tão novo assim. Ele representa um processo de larga duração, com ciclos de retração, de ruptura, de orientação, em que antigos costumes mes-clam-se com os novos. Na verdade, estamos desde o século XIV nesse processo de interli-gar as culturas num enriquecimento do siste-ma capitalista.

Quais as características econômicas da globalização? As relações econômicas do mundo globalizado são moldadas pelas exi-gências das empresas, corporações ou con-glomerados multinacionais ou planetários. Existem grandes indústrias que comandam e controlam o mundo e a maioria delas estão nos Estados Unidos. Elas definem a maneira de ser e de estar do cidadão, só que não per-cebemos isso. Quem nos conduz, quem define o que vamos vestir e consumir são as empre-sas multinacionais. As relações econômicas são definidas a partir desses conglomerados, dessas corporações. Em relação à política, o ideal neoliberal é reafirmado como a única opção possível. Ninguém mais ouve falar do socialismo. Ouve-se falar apenas no ideal ne-

oliberal, que defende que o mercado é quem define a economia mundial e não mais o Esta-do ou o povo. Qual o papel do Estado, então? Regulamentar decisões do mercado. Algumas nações como China e Cuba resistem a esse ide-al. E os modos de comunicação? A telemática, tecnologia de satélite, capacidade de armaze-namento dos bancos de dados ampliam a ca-pacidade de produção, acumulação e veicula-ção de dados e informação.

Essa globalização da economia atinge de forma direta o mundo da cultura. Os bens sim-bólicos difundidos através dos filmes, progra-mas de TV, rádio, livros, revistas e jornais ali-mentam o imaginário da maior parte dos seres humanos de todas as raças, religiões e poder aquisitivo.

Observem as novelas. As residências do núcleo pobre delas possuem em suas casas televisão, geladeira, micro-ondas e telefone celular. As pessoas de classe menos favorecida assistem às novelas e acreditam que em suas casas também precisam ter esses produtos para viver. Resultado: um consumo desenfre-ado, imposto por um modelo que afeta nosso modo de viver.

A revolução tecnológica tem importante papel nesse processo de mudança econômi-co-ideológico-cultural do mundo contem-porâneo. É ele quem designa este momento histórico de Era da Informação. A revolução não é só o conjunto dos instrumentos técni-cos disponíveis ou a capacidade de produzir, armazenar e distribuir dados, mas é o próprio uso político desse processo. Enquanto a revo-

PARA SABER MAiSO momento em que

vivemos agora não tem Deus como centro, nem

o homem. A informa-ção é o centro. Sendo assim, quem produz a

informação? Quem dis-tribui essa informação? Quem é que comunica?

diCAAcesse o site:

http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/

conheca_pais/china e conheça a China, a

2ª maior economia do mundo, ficando atrás

apenas dos Estados Unidos. Discuta no

Fórum as impressões sobre este país.

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Pedagogia - Tecnologia Aplicada à Educação

lução tecnológica garante a produção, arma-zenamento e difusão de informações, as rela-ções econômicas e o ideário neoliberal fixam os códigos que possibilitam o acesso à leitura e ao aproveitamento dos bens materiais e sim-bólicos. É a fome com a vontade de comer. Enquanto a Era da Informação incute em nós valores através dos meios de comunicação, dizemos o que é certo ou o que é errado pelo que é difundido pelos meios de comunicação.

Quais são os múltiplos efeitos da Era da Informação? Como a revolução tecnológica faz para garantir sua legitimidade social nos mecanismos da Era da Informação? É o que o Ignácio Ramonet, citado por Soares (1996), defende: a imposição da sociedade, o que a gente chama de ditadura do pensamento único. O que seria essa ditadura? É uma soma grande de valores e conceitos que são repro-duzidos de uma forma exaustiva. Uma forma que nos leva a internalizar esses valores e pas-samos, assim, a achar que o que diz essa dita-dura é verdade, que é o padrão, que tem que ser copiado por todos nós ou que tem que ser eliminado. Quem é que difunde isso? Quem determina como devemos ser, o que deve-mos pensar ou como devemos agir? São os meios de comunicação, a mídia, o conjunto de meios, o rádio, a televisão, a Internet e o jornal impresso. Um produto é divulgado por vários desses veículos, tendo vários tipos de propa-gandas, com a mesma mensagem em ambas. Às vezes, achamos linda a mensagem porque tem um ator famoso que faz a propaganda, fa-zendo-nos acreditar que é a melhor opção do mundo. Acabamos não percebendo o que há por trás disso tudo.

Outro conceito fundador da nova Era pode ser expresso: “é preciso comunicar”. Essa substituição da ideologia do progresso pela ideologia da Informação levou os dirigentes políticos a substituir os objetivos sociais de pri-meira instância (ideias republicanas de “igual-dade” e “fraternidade”) por plataformas virtu-ais sustentadas pela propaganda globalizada ou pelo marketing político. Então, percebe-se que hoje os governos colocam à disposição do cidadão o site eletrônico do governo, onde podemos reclamar e acompanhar os proces-sos e solicitações. Ao invés de lutar por esses ideais de fraternidade e de igualdade, o que os governos estão fazendo? Desenvolvendo canais que ”facilitam” a comunicação do cida-dão. Mas será que, de fato, esses canais melho-ram a vida do cidadão? Temos que pensar nos atributos universais da Era da Informação. Ela é planetária. Hoje eu comunico com qualquer pessoa em qualquer parte do mundo. Existe um investimento no desenvolvimento dessas redes que conectam as pessoas, os estados e

as empresas. Ela é permanente porque as re-des de informação estão disponíveis vinte e quatro horas por dia. É imediata porque a atu-alidade das notícias garante aos consumidores a sensação e o sentimento ímpar de serem contemporâneos de seu mundo, e é imaterial porque o objeto de comunicação é virtual, substituindo muitas vezes a realidade. Quando falamos de comunicação, temos que pensar nesses quatro atributos.

Quais condições são criadas para que essa rede, cada vez mais, possa se consolidar? A implantação de infraestrutura de natureza técnica, a formação de alianças entre Estado e empresariado e a busca de legitimação social dos meios de comunicação. Se assistirmos à programação diária, percebemos que, cada vez mais, cada meio de comunicação quer criar um canal para que a população possa se comunicar e transferir para esse meio a so-lução dos problemas e a concessão por parte dos consumidores da legitimidade persegui-da. Hoje não nos dirigimos mais ao poder pú-blico para resolver nossos problemas. Procura-mos os meios de comunicação para denunciar nossos problemas com o Estado. Quem nunca foi a algum hospital e, na espera da enorme fila para atendimento, não ouviu alguém dizer que chamaria a televisão para esse hospital? O principal efeito da incidência das novas mo-dalidades de comunicação reside na própria concepção de espaço (onde estou?) e na bus-ca de referências (quem sou?). Estamos todos buscando, neste momento, nossa identidade. Queremos nos encontrar neste mundo vir-tual. Estamos passando por um processo de desterritorialização. O que seria isso? Significa dissolver ou deslocar o espaço e o tempo. Os indivíduos não sabem mais onde estão, para onde se encaminham, quais as ideias que ti-nham, têm ou poderiam ter, nem o que são. Rompem-se os significados de conceitos, ca-tegorias, leis e interpretações codificadas nas noções de sociedade civil, estado nacional, povo, cidadão, cidadania, classe social, gru-po étnico, movimento social, partido político, corrente de opinião pública, diversidade, desi-gualdades e antagonismos.

Esse processo não é uníssono e nem uní-voco. Na verdade, o que a gente percebe? É que as tribos e as sociedades não se dissol-vem, mas vão se recriando. Por exemplo: no movimento dos nazistas, resolve-se criar uma sociedade “pura” e, assim, exterminar os ju-deus. Mas, será que os ideais de Hitler não continuam presentes na nossa sociedade quando rejeitamos o negro, o mulçumano ou quando desconfiamos de outro ser humano ou quando criamos os nossos grupos e defen-demos nossos interesses? Exemplo disso são

PARA SABER MAiSFaça uma análise dos produtos adquiridos por você no último ano. Reflita sobre a real ne-cessidade de cada um. Reflita, por exemplo, a necessidade de se adquirir um novo mo-delo de celular. Para ter qualidade de vida, será que precisamos mesmo possuir 10, 20, 30 pares de sapato ou buscar de forma incessante aquele carro do ano?

PARA SABER MAiSVários programas de televisão ganham audiência pautados pelas mazelas de nossa sociedade. O precursor no Brasil foi o programa Aqui e Agora, do SBT. Se alguém tinha algo a reclamar era só chamar o Aqui e Agora que ganhava voz em rede nacional. O programa já não está mais no ar, mas vários outros assumiram o seu lugar: Programa do Ratinho, Brasil Urgente, Balanço Geral, etc.

diCAAcesse o site www.yahoo.com.br/tecn-logiaseduc, clique no Programa Datena – Parte 1 – Enchente em São Paulo e veja um exemplo dessas denún-cias da televisão.

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UAB/Unimontes - 2º Período

as religiões e seitas, as línguas e os dialetos, os nacionalismos e as nacionalidades, as ideolo-gias e as utopias, que ressurgem como se fos-sem erupções vulcânicas, mas com diferenças e significados.

Na vida diária, a multidão de trabalha-dores, populações ou coletividades dispersas em grupo estão articuladas pelo alto, a partir de centros decisórios desterritorializados, re-cebendo as mesmas mensagens em todos os lugares e ao mesmo tempo, de forma mais ou menos homogênea.

O que vivemos neste momento? A “buro-cratização” do mundo, tendência generaliza-da à acomodação, que transfere para o poder externo e invisível as decisões que determina-rão a vida das pessoas e grupos humanos. Es-tamos nos acomodando e transferido para os meios de comunicação as decisões que deter-minam o futuro de nossas vidas. Diante da so-nolência das maiorias burocraticamente com-portadas, o sistema de meios de informação ganha terreno livre para apresentar-se em mo-mentos de conflitos ou de angústias coletivas,

como o verdadeiro representante dos desejos da população. Não nos damos conta disso e, como consequência, ocorre a uniformização do pensamento.

Os modos de vida dos cidadãos estão impregnados de racionalidade. Como cons-truir uma sociedade civil autônoma, quando a dimensão pública é cada vez mais controla-da pelas mídias privadas? Então, qual o papel da educação nesse processo? Pelo impacto psicossocial da Era da Informação na vida das pessoas, é necessária uma profunda reflexão por parte dos pais, educadores e dos gestores da vida sociopolítica do País. Precisamos fazer uma leitura crítica e uso crítico dessas tecnolo-gias. Podemos nos tornar leitores e consumi-dores passivos ou usuários críticos. Chamamos a atenção para o uso emancipativo das tecno-logias, para a contribuição na construção de um mundo melhor. Como professores, esse é o nosso papel neste momento. Temos que nos transformar em usuários críticos e refle-xivos dessas nossas tecnologias, ultizando-as numa perspectiva crítica.

ReferênciasBERGER, Rene. il nuovo golem- Televisione e media, tra simulacri e simulazione. Milão: Raf-faello Cortine, 1992

FIORENTINI, L. M.; MORAES, R. A. Curso UniRede de Formação em EAd. Módulo 1. In: UniRede. Disponível em http://nead.ufpr.br/uni/modulo1/intro_unid_1.html.

JÚNIOR, Alcino Franco de Moura. A insurgência de uma nova linguagem: novos paradigmas comunicacionais com a popularização da Internet. Montes Claros: Funorte, 2001.

Moderno dicionário da Língua Portuguesa. Melhoramentos: São Paulo. Disponível em http://michaelis.uol.com.br. Acesso em 24/08/2010.

PRETTO, Nelson De Luca. Uma escola sem/com futuro. Campinas, SP: Papirus, 1996.

SOARES, Ismar de Oliveira. Sociedade da informação ou da Comunicação? São Paulo: Editora Cidade Nova, 1996.

SOARES, Suely Galli. Educação e comunicação. São Paulo: Cortez, 2006.

VIEIRA, Fábia Magali Santos. Ciberespaço e educação: possibilidades e limites da interação dia-lógica nos cursos online da Unimontes Virtual. Faculdade de Educação. Universidade de Brasília, 2003. 128 p.

VATTIMO, Gianni, A sociedade transparente. Lisboa: Relógio D´ Água, 1992.

________________ o fim da modernidade. São Paulo: Martins Fontes, 1996.

GLoSSáRioUníssono: que se

harmoniza com outro. Unânime; concorde.Unívoco: realidades

distintas, com o mesmo sentido. Que tem um só significado; que só

admite uma interpreta-ção; inequívoco.

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Pedagogia - Tecnologia Aplicada à Educação

UNidAdE 2Mídia e educação

2.1 IntroduçãoNesta Unidade, convidamos você, acadêmico(a), a discutir sobre Mídia e Educação. Atual-

mente, as crianças passam mais tempo em frente à televisão ou ao computador do que na escola ou com a família. Mesmo na escola, elas estão passando grande parte do tempo diante do com-putador. Ao sair na rua, podemos observar os outdoors na cidade com propagandas das escolas, anunciando os laboratórios de informática, como um grande diferencial qualitativo. As escolas, hoje, estão investindo em tecnologia. Elas estão usando e trazendo para a escola a tecnologia para atrair as crianças e, com isso, é preciso refletir sobre o papel do educador.

Segundo Moran (2001), todos nós somos educados pela mídia. Sendo assim, o que compre-endemos como mídia? É o conjunto dos meios de comunicação, portanto, o rádio, a televisão, a Internet, o jornal e as revistas são meios de comunicação. A esse conjunto de meios, chamamos de mídia. Quando falamos que alguém está na mídia, ela está no jornal, na televisão, no rádio ou na revista. Quando Moran diz que somos todos educados pela mídia, ele quer dizer que ficamos a maior parte do tempo diante da televisão ou do computador, tendo nossas opiniões formadas por esses meios de comunicação.

O que podemos fazer, então? Qual é o papel da educação nesse processo? Veremos que a televisão traz valores como, por exemplo, a questão da conscientização de preservação do pla-neta. Algumas campanhas transmitem uma mensagem contra as drogas, mas é perceptível que algumas coisas, ao invés de educar, fazem o contrário. Portanto, qual é o papel da educação nes-te processo? Hoje, falamos na questão de mídias e educação. Qual seria o papel da mídia e da educação? A mídia é um segmento da educação, é uma linha dentro do processo educacional que tem a função de cuidar dessa educação pela mídia e da educação para a mídia. Sendo assim, nossos objetivos nesta Unidade são:• identificar as características da comunicação pela mídia;• compreender a influência desses veículos sobre os modos de ser e comportar dos cidadãos; • possibilitar aos acadêmicos condições para que se tornem usuários críticos e criativos das

tecnologias, e não meros consumidores das mesmas.Desta forma, o estudo encontraassim organizado:Unidade 2: Mídia e educação2.1 Introdução2.2 A presença da mídia2.3 Mídia-educação2.4 ReferênciasAssim, esperamos contribuir com sua formação e incentivá-lo(a) a aplicar o aprendizado em

sua prática pedagógica.Bom estudo!

Os autores.

2.2 A presença da mídiaA revolução tecnológica, que tem altera-

do nossa forma de estar no mundo, surgiu por volta de 2.700 anos depois da invenção do al-fabeto e trata da integração de vários modos

de comunicação em uma rede interativa que, pela primeira vez na história, integra no mes-mo sistema as modalidades escrita, oral e au-diovisual da comunicação humana. A integra-

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UAB/Unimontes - 2º Período

ção entre textos, imagens e sons no mesmo tempo e espaço, em condições abertas e de baixo custo, muda consideravelmente a comu-nicação e, consequentemente, a cultura.

Segundo Castells (1999, p. 353), a difu-são da televisão, após a 2ª Guerra Mundial, alterou a estrutura e a organização dos meios de comunicação, que foram adaptados para atender as audiências televisivas. O sistema dominado pela televisão, por enviar uma men-sagem similar de alguns emissores para uma audiência de milhões de receptores ao mesmo tempo, constituiu-se em um meio de comuni-cação de massa.

Vivemos em um ambiente de mídia. A maior parte de nossos estímulos simbólicos vem dos meios de comunicação. Somos fun-damentalmente informados pelos meios de comunicação, sendo a televisão o principal de-les e agora, também, a Internet.

Para Castells (1999, p. 362), “a mídia é a expressão de nossa cultura e nossa cultura funciona principalmente por intermédio dos materiais propiciados pela mídia”. Enquanto o processo de comunicação se efetiva através da interação emissor/receptor para interpretação da mensagem, a televisão, como um grande meio de comunicação, caracteriza-se por ser um sistema de mão única, que não possibilita a interação.

Apesar da audiência maciça, a televisão tem determinado uma audiência segmentada e diferenciada, uma vez que a mesma não é um objeto passivo e não é recebida por todos os telespectadores da mesma forma e ao mesmo tempo. Os estudos de Youichi, citado por Cas-tells (1999, p. 364), demonstram que existe uma evolução de uma sociedade em massa para uma sociedade segmentada, resultante das no-vas tecnologias de comunicação que enfocam a informação especializada, diversificada, tor-nando a audiência cada vez mais segmentada por ideologias, valores, gostos e estilos de vida.

Com a chegada do computador e, prin-cipalmente, com o avanço da Internet, a audi-ência pôde se libertar e se manifestar. A tecno-logia digital permitiu, além da compactação e transmissão de todos os tipos de mensagens, inclusive sons, imagens e dados, formando uma rede capaz de comunicar todas as espé-cies de símbolos para qualquer parte do mun-do, que tenha acesso a uma linha telefônica, a possibilidade de o usuário navegar por mares nunca antes navegados, através do hipertexto.

Tais avanços têm alterado também as for-mas de aprender e de ensinar em todas as so-ciedades. Diante dessas perspectivas, é impor-tante compreender, como educadores, como os sujeitos se apropriam das novas tecnologias educacionais que o avanço tecnológico vem colocando a nossa disposição, e como as insti-tuições escolares, principalmente aquelas que se dedicam à educação virtual, vão se apro-priando destes instrumentos e integrando-os às suas práticas.

Do ponto de vista educacional, por mui-to tempo, a televisão foi julgada e condenada pelos malefícios que traria às novas gerações. Seu caráter antieducativo foi cantado, em “prosa e versos”, por milhões de educadores nestas últimas décadas. Acusada de ser a cul-pada por muitos males que afligem a socieda-de, desde crimes violentos ao desinteresse pe-los estudos, foram propostas como punição, a censura, o seu desligamento e até tirá-la do ar.

Como disse Moran (2001), “somos todos educados pela mídia, embora não somente por ela”, sendo assim, deve ser na escola que podemos e devemos compreender e incorpo-rar a linguagem da mídia, desvendando seus códigos, suas possibilidades expressivas e pos-síveis manipulações. A partir do estudo sobre a mídia, podemos desenvolver habilidades para compreender seus processos comunica-cionais e persuasivos, resistir a eles quando for o caso e utilizá-los como colaborativos.

2.3 Mídia-educaçãoComo já dissemos anteriormente, a mí-

dia nos educa e influencia nossa maneira de ser, de pensar e de comportar. Assim sendo, também devemos ser educados para utilizá-la, e é exatamente nisso que a nossa socie-dade está falhando: nós somos educados pela mídia, mas não educamos para a mídia. Re-centemente, foi veiculada nos canais de tele-visão a propaganda das sandálias Havaianas. Além de nos convencer a comprar o produto, qual a mensagem da propaganda?

Por trás de uma simples roda de samba há uma mensagem que impõe, sutilmente, a ditadura do pensamento único: nós temos que pensar em roda de samba, na farra. Não devemos pensar no aquecimento global, não podemos discutir política e não podemos refletir sobre a atual conjuntura do proces-so econômico do País. Querem nos induzir a pensar em outras coisas. Não se vê, no Brasil, nenhuma propaganda na televisão propondo uma análise sobre a questão econômica, so-

diCAAcesse o Canal no You-

tube, www.youtube.com.br/tecnologiase-

duc, clique no vídeo Comercial Havaianas

com Marcos Palmeira - Roda de Samba e dis-cuta com seus colegas

sobre a alienação suge-rida no comercial.

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Pedagogia - Tecnologia Aplicada à Educação

bre as influências das multinacionais no País. As propagandas, os programas de entreteni-mento, os filmes e as novelas desviam a nossa atenção para outras questões menos relevan-tes. Induzem-nos a pensar que discutir ques-tões importantes é cansativo e desgastante. Acabam nos influenciando a fazer coisas de importância menor, como ir para uma roda de samba, tomar cerveja, refrigerante ou ir à praia. Entretanto, é preciso refletir esse tipo de questão. Estamos expostos à mídia. Muitas vezes, a mídia, com suas propagandas, aca-bam nos ludibriando e, nesse processo, aca-bamos ficando alienados e impotentes.

Os modos de acesso ao conhecimento, no futuro, são difíceis de serem imaginados. Por exemplo, o desenho dos Jetsons, na dé-cada de 70, eram futurísticos e inalcançáveis. Porém, hoje, as tecnologias futurísticas do de-senho são atuais, apesar da tecnologia da in-dústria mundial estar em constante evolução. Não podemos imaginar o que acontecerá em termos de evolução na próxima década.

Assim, perguntamos: o que você, como professor(a), pode fazer para mudar esse ce-nário? Centrar nos seus alunos e, tendo em vista que eles serão os cidadãos do futuro, deve prepará-los para que eles possam com-preender o que está acontecendo e partici-pem efetivamente dessa sociedade.

Para centrar nesses usuários, é necessá-rio entender a autodidaxia de forma a ade-quar métodos e estratégias de ensino. Cada pessoa tem uma maneira de aprender. Cada um interpreta o mundo de acordo com suas experiências. É preciso que se tenha a per-cepção de como os alunos aprendem e nesse processo deve-se adequar as estratégias e os métodos de ensino. Não podemos nos es-quecer de que as novas gerações são nativas digitais, enquanto a maioria dos professores são imigrantes digitais, ou seja, estão apren-dendo a usar a tecnologia para se comunicar. As crianças, atualmente, já nascem sabendo utilizá-la. Observem o desenvolvimento de uma criança: quando um bebê sai da sala de parto e vai para o apartamento ou enfermaria, ainda na maternidade, a primeira coisa que a enfermeira faz é ligar a televisão. Então, a criança, já começa a receber os estímulos au-diovisuais. Quando ela vai para casa, a mãe a coloca no berço, liga o rádio e vai cuidar dos seus afazeres. Portanto, ela continua receben-do estímulo auditivo. Quando ela começa a se sentar, a mãe a coloca no carrinho e liga a TV em programas infantis, em seguida. A mãe, ao ligar a televisão, utiliza o controle remoto. Se a criança começar a chorar, a mãe entrega a ela o controle remoto. Em seguida, a criança des-cobre que pode mudar de canal, aumentar e

diminuir o volume utilizando o controle. Com um ano de idade, ela ganha uma carrinho de controle remoto. Com dois anos, ela ganha um videogame. Assim, elas se tornam nativas digitais, pois já nascem utilizando a tecnolo-gia.

Observem as crianças das mais diferentes classes sociais. De que elas brincam? As crian-ças de classes economicamente favorecidas possuem computadores de última geração em casa, conectados à Internet. As crianças de classe economicamente desfavorecidas frequentam diariamente Lan Houses e Tele-centros e utilizam com grande habilidade os recursos mais avançados e sofisticados da in-formática.

É preciso entender como as crianças se apropriam da informação. Como as mesmas são processadas e de que maneira transfor-mam essa informação em conhecimento. Não se pode perder de vista as finalidades da edu-cação, que é formar cidadãos para exercer sua cidadania. Assim, é preciso distinguir indiví-duo de cidadão.

Portanto, o que é educar? Para Paulo Freire, educar é um processo de hominização, que leva o indivíduo à condição de sujeito. O que é ser sujeito? É aquele que tem consciên-cia social. Então, cidadão é um sujeito porque tem consciência social. Essa consciência nos permite compreender onde estamos, quem somos, para onde vamos, de onde viemos e, principalmente, compreender o proces-so no qual estamos inseridos. Assim, a nossa consciência deveria nos possibilitar, diante da compra de um produto, refletir sobre a real necessidade do mesmo ou se é o produtor que está me instigando a comprá-lo.

Assista um canal da TV aberta, domingo, à noite, por exemplo. Quem, normalmente, está à frente da TV, no domingo à noite? A família. Então, observe que as propagandas são, em sua maioria, direcionadas à família. Há uma disputa, invisível, entre as lojas de ele-trodomésticos, por exemplo, para convencer a família a adquirir seus produtos.

As novelas, por sua vez, determinam também um modelo de vida, uma vez que, ao se ver determinados objetos ou coisas, que-remos tê-los por achar que são inovadores e estão na moda.

Diante do exposto, considerando que o papel primeiro da educação é formar ci-dadãos para a vida em sociedade, os alunos precisam ter condições de desenvolver estra-tégias para a apropriação crítica e criativa de todos os recursos técnicos à disposição desta sociedade. Assim, a função do professor, na perspectiva da Mídia e Educação, é fazer com que os alunos e as famílias reflitam de forma

GLoSSáRioAutodidaxia: É a capa-cidade que possui um indivíduo de aprender sozinho, sem apoio humano.Do latim medieval individuus (indivisível), que é formado de in + dividuus. O vocábulo dividuus vem de divi-dere (dividir).

diCAAcesse o site http://www.ime.usp.br/~vwsetzer e leia os textos de Vademar Setzer. Dentre várias discussões, ele ressalta que a televisão é uma tragédia para a huma-nidade.

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UAB/Unimontes - 2º Período

crítica sobre as influências dos meios de co-municação em nossas vidas.

A mídia possui algumas contribuições que nos ajudam no processo de emancipação em que estamos vivendo. A utilização dessas mídias ajuda as crianças a organizar e plane-jar o tempo, as tarefas, os testes; a preencher formulários e adquirir competências técnicas e teatrais. É perceptível que as crianças que têm muito contato, principalmente, com a te-levisão e, agora, com a Internet, desenvolvem algumas habilidades. Patrícia Grenfield (1998), em seu livro O Desenvolvimento do Raciocí-nio na Era Eletrônica, discute as contribuições dos meios eletrônicos no desenvolvimento do pensamento das crianças. Segundo ela, o vi-deogame, os programas televisivos, a Internet e o computador podem ajudar no desenvolvi-mento do raciocínio e do pensamento. Então, esses meios, podem contribuir para o nosso processo de aprendizagem.

Mas os meios também podem causar malefícios. Crianças que ficam diante da te-levisão sozinhas sem um adulto por perto, com visão crítica, acabam criando uma ideo-logia de mundo a partir das informações dos meios de comunicação. Isso é a alienação. As mídias também criam manias, dependência e isolamentos. Muitas vezes, as crianças se des-ligam da realidade física e socioafetiva. O pe-

rigo está no fato de essas crianças acabarem vivendo mais em um mundo virtual, como sa-las de bate-papo e MSN. Assim, acabam tendo mais amigos virtuais e poucos amigos presen-cias. Temos que lembrar sempre que somos homens e não máquinas. Portanto, necessita-mos de contatos físicos e sociais. Por isto, edu-camos em sociedade, sendo o nosso processo educacional, antes de tudo, social.

Hoje, quase todas as crianças e jovens brasileiros possuem Orkut, Facebook ou Twit-ter. Passam grande parte do seu tempo atua-lizando os seus perfis e álbuns de fotos e in-teragindo em comunidades virtuais ou com seus tweets. Se observarmos com atenção, veremos que elas têm várias pessoas cadas-tradas, mas será que aquelas pessoas também são suas amigas no presencial ou somente no virtual?

O problema no mundo virtual é que po-demos criar uma identidade. Podemos de-monstrar uma personalidade que não somos no momento presencial. Atrás da máquina tem um ser humano, mas o ser humano pode criar uma outra personalidade.

Existem comunidades virtuais 3D, como o Second Life, em que as pessoas criam uma segunda identidade e vivem no mundo vir-tual, onde é permitido ser o que quiser e até voar.

Observem como essas possibilidades têm contribuído para o aumento do número de cri-mes de pedofilia. As pessoas criam uma iden-tidade de crianças, da mesma idade, e acabam convencendo as outras. Daí, o crime acontece.

Então, como podemos ver, se as mídias trazem contribuições, junto, também, trazem problemas, dificuldades e até crimes. Temos que estar atentos a isso. Como educadores,

precisamos pensar em algumas questões:1 - Como a escola poderá contribuir para

que todas as nossas crianças se tornem usuá-rias criativas e críticas dessas novas ferramen-tas e não meras consumidoras compulsivas de representações novas de velhos clichês?

2 - Como podemos contribuir para que os nossos alunos, de fato, possam assistir à tele-visão, usar a Internet de uma forma criativa e

PARA SABER MAiSO Orkut (www.orkut.

com.br) e o Facebook (www.facebook.com.

br) são os maiores sites de relacionamento da

atualidade. O Twitter (www.twitter.com) é um microblog onde

o máximo de caracte-res aceito é 140. Nele podemos ter milhões

de seguidores e seguir milhões de pessoas.

Luciano Huck é o brasileiro com maior audiência no Twitter no momento. Possui

mais de 2 milhões de seguidores

Figura 1: Cena da comunidade virtual

3D Second Life, onde um grupo de avatares,

ou seja, identidades virtuais, apresentam

seus visuais exóticos. Fonte: Disponível em

http://colunas.g1.com.br/instanteposterior/2007/06.

Acesso em 25/08/2010.

diCAAcesse o site:

http://edutec.net/Noti-cias%20e%20Eventos/

Apoio/edsetze1.htm e leia a transcrição do

debate ocorrido no Pro-grama Opinião Pública,

da TV Cultura, em 28 de maio de 1999, entre Valdemar Setzer e Edu-

ardo Chaves. O assunto: o uso da informática na

educação.

GLoSSáRioCiberespaço: termo

idealizado por William Gibson, em 1984. Em

seu livro Neuromancer, descrevia como um es-paço virtual composto

por cada computador e usuário conectados em

uma rede mundial.

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Pedagogia - Tecnologia Aplicada à Educação

não ficar só absorvendo todas as mensagens, como “Tome Coca-Cola”, “Coca-Cola é o me-lhor refrigerante do mundo”?

3 - E mais: como pode a escola pública as-segurar a inclusão de todos na sociedade do conhecimento e não contribuir para a exclu-são de futuros ciber-analfabetos?

Hoje, na Internet, podemos fazer amigos, compras, vendas e estudos. Podemos fazer quase tudo que fazemos no espaço presen-cial. Para Pierre Levi, um filósofo francês, nesse espaço da Internet, onde estudamos, compra-mos, vendemos, conhecemos amigos, pessoas

e lugares, está sendo gestada uma nova cultura, uma nova manei-ra de ser e de estar. Está surgindo uma nova linguagem e um novo comportamento: a cibercultura. Hoje, existe uma nova linguagem na Internet e a estamos usando nos aparelhos de celulares, como a simplificação do cadê por “kd” e do você por “vc”. No Quadro 1, apresentamos alguns ideogramas muito utilizados na Internet.

QUADRO 1: Ações representadas por ideogramas na Internet

ideograma Representação

[]'s (Abraços)

:-**-: Beijo na boca

_m(o_o)m_ Espiando por cima do muro

#:-O Estou arrancando meus cabelos!

:@ Eu juro!

:-T Hmmm!

(:-* Muitos beijos!

:-O Ohhh!

|:-O Ohhhhhh!

;-) Piscadinha

:-" Tenho um segredo!

:-C Tô de queixo caído!

@-,--`- Uma rosa para você

Fonte: JÚNIOR, Alcino Franco de Moura. A insurgência de uma nova linguagem: novos paradigmas comunicacionais com a popularização da Internet. Montes Claros: Funorte, 2001.

E como ficamos nessa nova cultura? So-mos imigrantes digitais, então. Como temos analfabetos da língua, passamos também a ter os ciberanalfabetos, que são pessoas que não sabem utilizar essa nova linguagem da Internet. E como vão ficar essas pessoas no futuro, já que não sabem utilizar o computa-dor? Serão excluídas? Mais uma forma de ex-clusão em nossa sociedade?

Diante destas questões, temos que pen-sar no nosso papel de educadores, compro-metidos com a promoção do cidadão.

Douglas Kellner (s/d) chama a nossa atenção para o importante papel da educa-ção nesse processo de mudança. Ele defende a multialfabetização, ou seja, não podemos hoje ficar presos somente ao aprendizado da escrita da língua. Temos que aprender a ler o mundo, como diz Paulo Freire. Precisamos ler

as mensagens que estão por trás dos meios de comunicação, ler o que esta atrás de uma manchete, ler o que está na propaganda do jornal, o que está na propaganda de televi-são, ver um programa de televisão, uma no-vela ou um site na Internet. Então, ele diz que a educação precisa cultivar uma variedade de novos tipos de alfabetizações para tornar a educação relevante.

O grande risco está no fato de que fica-mos concentrados no trabalho em sala de aula em torno dos livros e jornais, mas es-quecemos que nossos alunos vão ter acesso a outras leituras, chamadas por Paulo Freire de leitura de mundo. Portanto, precisamos refle-tir o papel do professor nesse processo.

Segundo Kellner (s/d), as novas tecnolo-gias estão alterando todas as partes de nossa sociedade e cultura. Precisamos compreen-

▲Figura 2: Cartaz do início do século XX da Coca-Cola. Há mais de 100 anos no mercado, é um dos principais símbolos do consumismo.Fonte: Disponível em http://www.brasilcult.pro.br/ensaios/cola/coca_cola.htm. Acesso em 25/08/2010.

diCAAcesse o Canal no Youtube, pelo endereço www.youtube.com.br/tecnologiaseduc, e assista ao vídeo Mundo Coca-Cola – A constru-ção de um mito, divi-dido em nove partes, e conheça a história do mito Coca-Cola.

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UAB/Unimontes - 2º Período

dê-las e utilizá-las, tanto para entender quan-to para transformar os nossos mundos. As-sim, o objetivo deste autor é introduzir novas alfabetizações para dar força a indivíduos e grupos que tradicionalmente têm sido exclu-ídos. Deste modo, ele acredita que é possível reconstruir a educação, tornando-a capaz de reagir melhor frente aos desafios de uma so-ciedade democrática e multicultural.

Qual o nosso papel? É, de fato, preparar essas crianças, os nossos alunos para compre-ender e utilizar essas tecnologias para trans-formar o mundo, ou seja, para não serem manipulados ou para não continuarem a ser manipulados.

O que a Coca-Cola fez conosco? Criou uma necessidade, que era afetiva e política de um momento de crise e nos tornou depen-dentes desse produto. A tendência é que to-dos os produtos queiram fazer isso conosco.

Segundo Kellner (s/d), nada se fez ou se desenvolveu a respeito. Fala-se muito dessa educação mediática, mas nada de fato foi fei-to. Fazer a alfabetização crítica da mídia seria um projeto que estimularia a participação e o trabalho conjunto de pais, filhos e educado-res. Para superar este desafio, ele sugere que assistir a shows de televisão ou filmes juntos poderia promover discussões produtivas en-tre os assistentes, aguçando-lhes a percepção do que está por trás do texto mediático. Não é somente colocar o filme para as pessoas assistirem. É assistir a eles, com comentários e discussões, vendo as diferentes nuances apresentadas.

O professor não pode dizer que não as-siste a televisão. Ele precisa fazer isso, sim, a ela, pois tem que saber tudo o que se passa, em todos os canais de televisão, principal-mente aqueles a que seus alunos assistem com mais frequência. É preciso fazer esse tra-balho para, assim, contribuir para o aumento da criticidade desses alunos, evitando a mani-pulação da mídia.

Para Kellner (s/d), a alfabetização me-diática envolve o desenvolvimento de con-cepções interpretativas e críticas. Então, o que devemos fazer? Desenvolver essa inter-pretação e essa crítica, engajando-nos no levantamento de textos mediáticos e par-ticularmente desafiadores, que abarquem uma discussão cuidadosa de critérios críticos e especificamente morais, pedagógicos, po-líticos ou estéticos. Então, alfabetização me-diática, crítica, envolve a ocupação de uma posição acima da dicotomia de protetor ou censor. Não julgar não é dizer se está certo ou errado, mas possibilitar a reflexão do certo, e o porquê de se estar certo. Se está errado,

por que? Se está errado, do ponto de vista de quem? Se está certo, do ponto de vista de quem? Quem está por trás disso? Qual é o in-teresse nessa questão?

O que a televisão nos mostra hoje? A Lei do Gerson. Observe os programas como Big Brother Brasil. Observe as conversas. Apesar de sabermos que tudo é manipulado, as pes-soas aparentemente falam uma coisa, mas, por trás, tramam. A nossa vida é um Big Bro-ther. Em um determinado momento, temos uma postura. Em outros momentos, temos outra. A vida real é assim e o programa con-segue representar isso muito bem.

Kellner (s/d), chama também a atenção para a alfabetização, considerando a multi-mídia. Quando defende as múltiplas alfabeti-zações, chama a nossa atenção para a neces-sidade de sabermos ler a imagem, o som e a sua combinação, ou seja, a multimídia e suas subjacências.

Observe que o marketing da cerveja, ao produzir a propaganda, considerando as características do povo brasileiro, combina sons, imagens e movimentos. Imagens que mexem com os nossos sentimentos, interes-ses e necessidades, combinadas com o ritmo da música. Observe que a propaganda não diz verbalmente: beba Skol, ela é a melhor. Mas quando se chega a um bar, qual é a pri-meira cerveja que se pede? Por que é a Skol?

Porque é a cerveja que desce redondo. E quem definiu que a Skol é melhor que a Kai-ser, que a Skol é melhor que a Antártica e a Brahma? A mídia.

Preste atenção no que a mídia faz conos-co. Fique atento às mensagens que a propa-ganda transmite. Ela fala bem da Skol? Ela fala que a Skol é a melhor cerveja? Não. Como é o slogan? “Desce redondo”. Tudo que desce re-dondo é bom. Ela cria em nós, através do jogo de imagem, que coisas redondas são coisas boas e coisas quadradas são coisas ruins: má-quina de calcular, relógio, livros de química, ar-quivo, tudo é ruim. E o som? É alucinante. Bra-sileiro gosta de ritmo e isso vai criando a ideia, que acaba indo para o nosso subconsciente e internalizamos isso. Assim, a Skol passa a ser considerada a melhor cerveja.

Paulo Freire chama a nossa atenção para a leitura do mundo, para lermos o que está por trás. Será que de fato aquele é o melhor produto? Será que de fato precisamos dele? O que é mais importante: trabalhar para com-prar aquele produto ou trabalhar para pro-mover a emancipação de outras pessoas? O que é mais importante? São coisas em que devemos pensar. Então, temos dois grandes desafios: educar para a mídia, pois temos que

GLoSSáRiodicotomia: divisão de

um gênero em duas espécies que absorvem

o total.Subjacências: que está

por baixo, por trás

PARA SABER MAiSLei do Gerson é lei

de ganhar, de levar vantagem em tudo, não

importando as regras ou os meios. O que

importa é ganhar sem-pre. Surgiu com uma

propaganda, em 1976, quando o jogador de

futebol Gerson prota-gonizou um comercial

de cigarros. Nele, o jogador defendia a ideia de que levava vantagem em tudo.

Por isso, usava aqueles cigarros.

diCAAcesse o Canal de

Tecnologias Educacio-nais no Youtube (www.youtube.com.br/tecno-logiaseduc) e assista ao

vídeo Skol – yeah no. Verifique a simbologia utilizada do sim e não

e constate que para entender o comercial

citado é necessário ter conhecimentos prévios

apresentados pela mídia

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Pedagogia - Tecnologia Aplicada à Educação

ser educados, e educar nossos alunos parar utilizar os meios de comunicação.

Temos, devemos e podemos utilizar os meios de comunicação para educar. Você, prezado(a) acadêmico(a), percebe a contradi-ção? Educar para ver e educar utilizando, esse é o nosso desafio. Como é que eu vou con-

tribuir para o processo de hominização dos meus alunos, utilizando os meios de comu-nicação para ler e não para ser manipulado? Como proceder para que façam uma leitura interpretativa e crítica? Como podemos utili-zar isso e desenvolver esse senso crítico? Esse é o nosso desafio.

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Pedagogia - Tecnologia Aplicada à Educação

UNidAdE 3A linguagem da mídia

3.1 IntroduçãoNesta Unidade, vamos discutir as características da comunicação desenvolvida pela mídia,

principalmente pela televisão. Os meios de comunicação possuem uma linguagem poderosa e dinâmica, que facilita a interação com os usuários, aumentando seu poder de influência. Como somos todos, também, educados pela mídia, devemos, na escola, procurar compreender e incor-porar essas linguagens, seus códigos, suas possibilidades expressivas e possíveis manipulações. A partir deste estudo, esperamos desenvolver habilidades que o ajudem a compreender, critica-mente, o processo comunicacional da mídia, utilizando-a colaborativamente e resistindo, quan-do necessário. Assim sendo, os nossos objetivos nesta Unidade são:• identificar as características da comunicação através dos meios de comunicação, principal-

mente da televisão;• analisar a influência desses veículos sobre os modos de ser e comportar dos cidadãos; e• desenvolver estratégias pedagógicas para incluir a televisão e o vídeo em atividades curricu-

lares.Desta forma, o estudo encontraassim organizado:Unidade 3: A linguagem da mídia3.1 Introdução3.2 Educação para a mídia3.3 Educação pela mídia3.4 ReferênciasAssim, esperamos contribuir com sua formação e incentivá-lo(a) a aplicar o aprendido em

sua prática pedagógica.Bom estudo!

3.2 Educação para a mídiaComo assistimos no vídeo Mundo Coca-

-Cola, um produto norte- americano, um mo-delo americanizado de ser é imposto. Nada mais é que uma tentativa de uniformizar, de homogeneizar o pensamento de todas as pes-soas, de todos os continentes. Por isso, temos que ter muito cuidado com as marcas. Temos que ter cuidado com o que está por trás de uma grande campanha de publicidade, por exemplo.

Vocês viram através do desse filme que um produto hoje, para se impor, cria em nós uma falsa necessidade. Ele desperta em nós uma ne-cessidade de mudar nossa maneira de pensar, de ser e até de se comportar no mundo.

Quem é responsável por criar em nós esta falsa necessidade? A propaganda está a servi-ço desse trabalho, ou seja, a mídia. Os meios de comunicação se utilizam dela para trans-

mitir as mensagens, nos convencendo e per-suadindo.

Como você pode observar, a propagan-da não diz “beba Coca-Cola” ou “Coca-Cola é o melhor produto”. Ela utiliza uma linguagem, com imagens, sons e cenas para nos sensibilizar, criar em nós uma necessidade. Imagine trilhões de aparelhos de televisão em todas as casas do mundo inteiro assistindo a essas propagandas... O que tudo isto vai criando em nós...

Em se tratando de crianças e jovens, que ainda não têm opinião formada, qual tem sido o papel da escola diante desta situação?

Nesta Unidade, vamos refletir e discutir sobre a linguagem da televisão e os modos de aprender para que você, futuro professor, as-suma uma postura crítica diante dos elemen-tos educativos que a mídia pode oferecer.

ATiVidAdEPara compreender me-lhor os artifícios que os meios de comunicação utilizam para criar tudo isso em nossas vidas, sem que tenhamos consciência, acesse a sala virtual da disciplina e assista às propagan-das disponíveis lá.

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UAB/Unimontes - 2º Período

3.2.1 A linguagem da TV

A televisão é um meio de comunicação de massa muito poderoso. Para tudo que que-remos divulgar, informar e formar, utilizamos a televisão. Por quê? Porque a televisão, além de ter o poder de unir a imagem, o som e o mo-vimento, é um produto de fácil acesso. O rá-dio também é um produto acessível pelo seu poder aquisitivo, mas trabalha somente a au-dição. Apesar de toda a sua magia ao aguçar a imaginação dos seus ouvintes, vivemos em uma sociedade mediática. Estamos acostuma-dos e é muito mais fácil compreender a reali-dade a partir da união da imagem com o mo-vimento, e a televisão nos permite isso. Assim, para que a escola cumpra o seu papel de edu-car para a mídia, os futuros professores preci-sam refletir sobre as características da comu-nicação desenvolvida por ela, principalmente pela televisão, e desenvolver habilidades e ati-tudes para compreender melhor esse proces-so, resistindo, se for necessário, e utilizando-a também quando necessário, compreendendo a influência desses veículos sobre os modos de ser e comportar dos cidadãos.

Para atingirmos esses objetivos, precisa-mos identificar as características da lingua-gem da TV. Segundo Moran (2001), a imagem televisiva se sobrepõe à linguagem e à men-sagem, somando-as, sem, entretanto, separá--las. Isso facilita a interação com a audiência e aumenta seu poder de influência. O que a te-levisão deseja? Primeiro, como qualquer outro meio de comunicação, ela precisa de um pa-trocinador e esse quer audiência. Ele só patro-cina porque deseja vender seu produto. Assim, ele patrocina programas, que podem vender esses produtos. Desta forma, a televisão tem que aumentar a audiência, chamando a aten-ção para atrair patrocinadores.

Por que a televisão precisa sempre au-mentar sua audiência? Porque ela precisa ven-der o produto dos seus anunciantes. Então, ela precisa influenciar as pessoas para que essas comprem e consumam esse produto. Assim, o patrocinador continua patrocinando e a televi-são ganhando.

Para convencer as pessoas a adquirir e consumir os produtos dos patrocinadores, a televisão utiliza a técnica de superpor os dife-rentes tipos de linguagens, de diferentes ma-neiras. Assim, ela transmite sua mensagem de diferentes formas e em diferentes linguagens.

Por que Silvio Santos é considerado um grande comunicador? Porque ele dá a mesma informação de várias maneiras. E é isso que a televisão faz: utiliza várias linguagens para po-der nos convencer.

Todos são tocados pela comunicação te-levisiva. Essa comunicação é sensorial, mexe com nossos sentidos. Quantas vezes ao assis-tirmos a uma propaganda, por exemplo, a um comercial de uma churrascaria quase sentimos um gostinho, o cheiro de carne assada e uma consequente vontade de comer churrasco?

Assim, a linguagem televisiva mexe com os nossos sentidos, mexe com as nossas emo-ções. Quantas vezes, ao assistirmos a uma no-vela ou a um filme, não nos colocamos no lugar dos personagens? A linguagem televisiva nos ajuda a nos colocarmos do outro lado, no lugar do personagem. Ela mexe com a nossa razão. A imagem, o sentido e a emoção confundem a nossa razão e muitas vezes não sabemos mais quem somos, onde estamos, de onde viemos e para onde vamos. A nossa cabeça vira um ema-ranhado de coisas, uma confusão, porque a lin-guagem televisiva mexe ao mesmo tempo com os nossos sentidos, as nossas emoções e acaba influenciando a nossa razão.

A linguagem da televisão é poderosa e di-nâmica, como vimos na propaganda da Coca--Cola e da Skol. Ela consegue fazer um jogo de imagens, de sons, de ritmo, de movimen-to que nos envolvem. Assim, ela responde às sensibilidades das crianças, dos jovens e dos adultos. Todo este movimento acaba, de cer-ta forma, interferindo nas nossas atividades perceptivas, imaginativas e comportamentais. Muitas vezes, pensamos assim: se fulano pode, eu também posso. Acabamos perdendo a di-mensão da realidade e comprando aquele car-ro que fulano comprou, mas parcelado em até 80 vezes, ou seja, em mais de seis anos.

Na verdade, todos nós, jovens, crianças, adultos e idosos também somos educados pela mídia. Não só por ela, mas também pela escola, pela família e pela igreja. Todas estas instituições influenciam nossa educação. Mas, a mídia e os meios de comunicação, princi-palmente a televisão, influenciam muito mais, pois têm esse poder de atuar sobre os nossos sentidos, de interferir e de influenciar as nos-sas emoções e a nossa razão. Por isso, a escola pode e deve compreender e incorporar mais e melhor essas novas linguagens, desvendando seus códigos, suas possibilidades expressivas e possíveis manipulações.

Na Unidade II, discutimos as multialfabeti-zações, defendidas por Kellner (s/d). Segundo ele, é necessário aprendermos a ler diferentes textos, ler o que está escrito na linguagem do livro, mas também ler a notícia do telejornal, a novela, a propaganda, o site da Internet, o ou-tdoor, o jornal impresso ou o panfleto. Nesta

ATiVidAdEUm dos maiores ícones

da televisão brasileira é Sílvio Santos. Assista

a um programa dele e verifique como ele

transmite a mensagem às pessoas. Poste sua

conclusão no fórum de discussão.

ATiVidAdESelecione uma novela

que esteja no ar no momento. Analise as

cenas, os personagens e o cotidiano deles.

Agora, faça uma breve pesquisa: quem são os

telespectadores que acompanham esta

novela? Qual o sexo, idade, classe social e

profissão. O que você encontrou de inco-

mum? Poste sua análise no fórum de discussão.

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Pedagogia - Tecnologia Aplicada à Educação

perspectiva, precisamos, como futuros educa-dores, ensinar nossos alunos a ler criticamente os diferentes portadores de textos para com-preenderem e interpretarem a mensagem por trás da linguagem, que tem como objetivo a manipulação.

A TV sempre fala, evocando os nossos sentimentos e emoções que, muitas vezes, nem conhecemos. Observem como as nove-las, cada vez mais, estão relacionadas com fa-tos e situações da nossa vida cotidiana.

Se observarmos com cuidado, veremos que os problemas da novela são os mesmos que perpassam as nossas vidas: a nossa rela-ção com nossos irmãos, a relação com nossos esposos, com a nossa mãe, com nossos filhos, a amizade com os nossos amigos.

Então, para quem a televisão fala? Fala para os nossos sentimentos.

Por que as novelas da Globo costumam dar audiência?

Vamos começar pela novela “Malhação”, destinada aos adolescentes. A trama lá está relacionada a questões do dia a dia de uma es-cola, de uma academia, dos alunos da educa-ção básica. É aquela personagem que apaixo-na pelo namorado da outra. A outra que quer tomar o namorado da melhora amiga. O outro que tem inveja do amigo, etc.

A novela da seis é uma novela destinada a quem? Aos adolescentes e aos jovens. A no-vela das seis e das sete são voltadas para os jovens, para jovens senhoras, mães de família, que trabalham durante o dia e estão em casa nesse horário, preparando o jantar ou vendo televisão com os filhos. Por isso, são mais en-graçadas ou românticas.

E a novela das nove? O público já é mais maduro. A trama envolve histórias mais pro-fundas.

O que está por trás disso tudo? Primei-ra coisa: as ideias vêm embutidas numa rou-pagem sensorial, intuitiva e afetiva. O filme O Show do Truman, o Show da Vida mostrou muito bem isto: a mudança de cenário, a trilha sonora. Tudo que assistimos, como a músi-ca bonita, o cenário, a casa, a vela, a roupa, a praia, não são por acaso. Tudo tem uma inten-ção: nos convencer. Assim, conforme já dito, a televisão mexe com as nossas emoções, com as nossas fantasias, com os nossos desejos, com os nossos instintos, com as nossas dores, com as nossas angústias. A palavra, a ima-gem e a música vão se integrando dentro de um contexto comunicacional afetivo de forte impacto emocional, que facilita e predispõe a aceitar mais facilmente as mensagens. Na cena em que Trumam sumiu no cenário, o diretor, para chamar Trumam de volta, ordena:

- Muda a música! Abra o cenário! Faça que se torne dia!

Assim, podemos comparar a nossa vida ao Show de Trumam, porque a televisão nos manipula.

A concorrência das emissoras pela pre-ferência do público pelos seus programas vai estabelecer o índice de audiência. Quem é que mede esse índice? Existem alguns institutos, como o Ibope.

O que o Ibope faz? Realiza pesquisas de opinião em várias partes do Brasil para saber a que os telespectadores estão assistindo e se estão gostando do que estão vendo. Por exemplo, quem está assistindo ao Big Brother Brasil? Quem são os telespectadores do Big Brother? Qual o perfil: classe social, sexo, ida-de, profissão? Quais as implicações disso? O programa deve responder aos anseios e dese-jos desses telespectadores. Por quê? Porque dá Ibope.

Hoje em dia, quando chegamos em casa, qual a primeira coisa que fazemos? Ligamos a TV. E qual o canal que a maioria sintoniza? Rede Globo. Esta emissora, logicamente, quer que permaneçamos assim, como preferência nacional. Dessa forma, ela desenvolve estra-tégias e fórmulas de sedução mais aperfeiço-adas para prender a nossa intenção. Por isto, ela investe milhões em pesquisas para saber quem são os seus telespectadores. O que eles consomem? Do que eles gostam? Quais são os seus medos? Quais são as suas preocupações? Quais são as suas angústias? Tudo precisa es-tar tabulado para oferecer ao público o que eles querem. Para se ter uma ideia, as novelas não começam mais com um roteiro definido. A trama vai sendo criada pelos autores, de acor-do com as pesquisas de opinião. Se a vilã tiver com grande audiência, mais maldades virão aparecerão na nossa telinha.

E quais as estratégias que a televisão uti-liza para chamar e prender a nossa atenção? Uma delas é o ritmo alucinante das transmis-sões ao vivo.

Observe um telejornal, por exemplo, o Jornal Nacional, o de maior audiência da TV brasileira. A equipe responsável combina a imagem do estúdio, com imagens externas de outros repórteres, com entrevistas ao vivo no estúdio, ao vivo de Nova York, ao vivo do Rio de Janeiro, ao vivo de Paris. Mostra reporta-gens feitas no Afeganistão, outras no Paraguai, outras aqui em Janaúba, outras da Austrália. Tudo em uma mesma edição. O ritmo aluci-nante dessas transmissões combina imagens ao vivo, com imagens de arquivo, com trans-missões externas. Uma linguagem concreta, uma linguagem que fala direto com o teles-

diCAAssista ao filme O Show do Truman, o Show da Vida, estrelado por Jim Carrey, e observem a crítica que o filme faz à falta de limites do mundo do entreteni-mento para conquistar a audiência a qualquer custo.

PARA SABER MAiSA partir de agora, observem os jornais de forma diferente. Observe os artifícios existentes para prender nossa atenção. Observe a entonação de voz dos repórteres e dos apre-sentadores. Observe também, a linguagem direta. Parece que estão falando conosco, não é mesmo? Em outros programas, como o Domingão do Faustão, o apresentador fala a hora a todo momento para que saibamos que o programa é ao vivo mesmo e que está tudo sendo feito na hora para nos agradar.

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UAB/Unimontes - 2º Período

pectador, que vai até o seu coração, que o faz compreender as coisas. Uma plástica visível, ou seja, fazem com que o telespectador veja exatamente o que está acontecendo.

Então o que a televisão faz? Combina imagens estáticas e dinâmicas, imagens ao vivo e gravadas, imagens de captação imedia-ta, imagens referenciais, como imagens cria-das por um artista em um computador.

Tudo isto tem uma intenção que é nos ajudar a passar, com incrível facilidade, do real para o imaginário. A televisão cria esse ritmo alucinante, essa combinação de imagens e de movimento e os telespectadores acabam per-dendo a noção do que é real.

Com mais de 70 anos de existência, o Ibope é o instituto de pesquisas mais famoso do Brasil. Tanto que o termo Ibope se tornou sinônimo de audiência.ETIRA partir de ago-ra, observem os jornais de forma diferente. Observe os artifícios existentes para prender nossa atenção. Observe a entonação de voz dos repórteres e dos apresentadores. Observe também, a linguagem direta. Parece que es-tão falando conosco, não é mesmo? Em outros programas, como o Domingão do Faustão, o apresentador fala a hora a todo momento para que saibamos que o programa é ao vivo mesmo e que está tudo sendo feito na hora para nos agradar.

O canal de TV fechado TNT tinha em sua programação uma vinheta com o slogan “Acontece na vida, acontece nos filmes, acon-tece na TNT.” O que isso representa?

Acontece na vida, acontece nos filmes. Co-piamos o que acontece nos filmes. Acaba acon-tecendo na vida e, assim, um ciclo sem fim.

Assim, já não sabemos mais o que é filme ou o que é realidade. Quantas vezes aconte-cem fatos na vida cotidiana e associamos a no-velas? A novela que imita a vida ou a vida que imita a novela?

O que faz com que a televisão tenha esse poder de persuasão, de manipulação e de in-fluência nas nossas vidas? A capacidade de articulação. A TV articula as informações, o imaginário e o real. Ela tem a capacidade de convencer, de combinar linguagens totalmen-te diferentes: imagens, falas, música, escrita com uma narrativa fluida, com uma lógica pouco delimitada.

Os gêneros, os conteúdos, e os limites ét-nicos pouco precisos permitem um alto grau de ambiguidade de interferência do usuário. Quem determina o que vai acontecer ou quan-do vai acontecer são os produtores, que agem a partir do interesse dos consumidores. Quais as características das linguagens da televisão? Ela é sensorial, emocional e pouco racional, mas influenciando a nossa razão.

A televisão também é sensacionalista. Ela tem um grande componente sublimi-nar, isso é, passa muitas informações que não conseguimos captar conscientemente. O nosso olhar nunca consegue captar tudo, então, precisamos dos outros sentidos para percebê-los. O que seria essa mensagem su-bliminar? É uma mensagem que trabalha com vários de nossos órgãos. Vai um pouquinho na visão, um pouquinho na audição e, então, faz isso de forma que se transmita uma men-sagem e a gente não se dê conta de inter-pretá-la claramente. Apropriamo-nos dessa mensagem e a internalizamos sem perceber claramente.

Muitas vezes, a TV foca alguns aspectos que a gente chama de aspectos analógicos, que estão relacionados com o movimento que nos ajuda a entender a história apresen-tada. Mas como esse movimento é muito rá-pido, às vezes, não compreendemos algumas informações que passam despercebidas.

De onde vem a força da linguagem au-diovisual? De onde vem o poder de nos in-fluenciar, manipular e nos convencer? Então, é essa capacidade de poder criar essa falsa necessidade e de saber o que desejamos, que desperta em nós outros desejos. Através de quê? Através do fato de que vivemos em uma sociedade imagética. Quanto mais vimos a imagem, mais somos convencidos a respeito.

Também para prender a nossa atenção, a televisão precisa estar se atualizando. Ob-serve que todo ano há mudanças nas chama-das dos canais, das novelas e dos programas. Mudam o cenário, mudam a música. As tele-novelas ficam, no máximo, dez meses, por quê? As minisséries que duravam três meses agora duram uma semana, por quê? Porque o telespectador não consegue ficar muito tem-po assistindo à mesma coisa. Pesquisas de audiência mostraram que é cansativo e, por isso, a necessidade de estar sempre mudan-do, acompanhando novos desejos e novas necessidades. Então, a televisão parte para o concreto, do visível, do imediato e do próxi-mo para tocar os nossos sentidos. A TV mexe com o nosso corpo, com a nossa pele e, para isto, utiliza outro recurso que é o close-up, que é um enquadramento mais fechado da câmera.

A televisão também nos permite sentir, experimentar sensorialmente o outro, o mun-do e a nós mesmos. Observe a propaganda da Dove, disponível na sala virtual desta dis-ciplina. Qual a mensagem desta propaganda para as mulheres?

A Dove faz campanha pela real beleza. Mostra que não devemos nos submeter à di-tadura da beleza. Mostra que os artistas com

GLoSSáRioComunicação sen-

sório-sinestésica: uma comunicação de

mensagens que alcança todos por meio dos

sentidos e pela percep-ção do próprio corpo.

Contiguidade: pro-ximidade imediata,

contato, vizinhança.

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Pedagogia - Tecnologia Aplicada à Educação

seus corpos esculturais, que vemos na mídia, são meros frutos de maquiagem e compu-tação gráfica. Muitas vezes, queremos ter a pele, o cabelo e o corpo iguais aos artistas e modelos, mas não são reais. Gente real tem espinha mesmo. Gente real tem celulite mes-mo. É humano. É natural. É comum a todos.

Assim, a linguagem da TV e vídeo é sen-sorial e visual. Combina linguagem falada com linguagem musical e linguagem escrita. As linguagens se interagem. São superpos-tas, interligadas, somadas e não separadas. O que é isso? Ao mesmo tempo, veicula-se a imagem, o som, o texto e o movimento. Por isso, eles atingem todos os nossos sentidos, de todas as maneiras. Assim, a televisão e o vídeo conseguem seduzir, informar, divertir e nos projetar a outras realidades do imagi-nário, a outros tempos e a outros espaços. A televisão e o vídeo combinam a comunicação sensório-sinestésica com o audiovisual, a in-tuição com a lógica e a emoção com a razão.

A TV e o vídeo encontram fórmulas de co-municação com a maioria das pessoas, tanto as crianças quanto os adultos. O ritmo torna-se cada vez mais alucinante. Os clipes, por exem-plo, demonstram muito bem esta característi-ca. Veja o clipe de Michael Jackson, disponível em nossa sala virtual. Percebe-se como o ritmo torna cada vez mais alucinante a linguagem da TV. Une imagem, som e música para trans-mitir a mensagem. Assim, a lógica da narrativa não se baseia necessariamente na casualidade. Muitas vezes não tem sentido, não tem signifi-cado, mas a lógica é da contiguidade. Coloca--se um fragmento de imagem ou história ao lado da outra e vai juntando. No clipe de Mi-chael Jackson podemos observar isto. O cená-rio vai da África à China, à Rússia, aos Estados Unidos e à França. Foca no branco, depois no negro e vai combinando isso, transformando--se em um enredo, uma história. A retórica consegue encontrar fórmulas que se adaptam perfeitamente a nossa sensibilidade. Na TV e no vídeo usa-se uma linguagem concreta e real. Com esta superposição, não se consegue interpretá-la, pois são cenas curtas, com pou-ca informação por vez, com ritmo acelerado e contrastado, multiplicando os pontos de vista, os cenários, os personagens, os sons, as ima-gens, os ângulos e os efeitos. Atualmente, uma grande revelação nesse sentido é Lady Gaga. Depois de Michael Jackson, ela tem sido con-siderada como a responsável por uma nova revolução na linguagem audiovisual. Os seus clipes, geralmente com duração maior que o usual, têm uma história a ser contada. Ela afir-ma que faz as suas músicas para se encaixarem aos seus clipes e não o contrário.

Se prestarmos atenção, observaremos que os temas são pouco aprofundados e que a exploração maior vem do ângulo emo-cional, contraditório e inesperado. Qual é o perigo disso tudo? Olhamos as imagens e o movimento e não aprofundamos, não ques-tionamos, não discutimos o conteúdo.

Observe os telejornais e a tática utiliza-da. No Jornal Hoje, da Rede Globo, por exem-plo, as notícias apresentadas, geralmente, por dois jornalistas, no caso, Evaristo Costa e Sandra Annenberg, são dadas de forma bem espontânea, com direito a piadinhas entre eles. Algo próximo a uma conversa informal, mas muito bem articulada e formalizada. É uma tendência no meio. Mas as informações são transmitidas de forma rápida, superficial, dando-nos a ideia de que estamos sendo in-formados. Não nos permitem aprofundar e nos posicionar diante do que está sendo dis-cutido. Assim, cria-se a ideia de que fomos informados, forma a nossa opinião, mas não pensamos profundamente sobre o que esta-mos vendo e ouvindo.

▲Figura 3: Cena do clipe Black or White de Michael Jackson, considerado um dos maiores artistas pop da atualidade. O seu trabalho revolucionou a linguagem audiovisual. Fonte: Disponível em http://mp3passion.net/2007/02/01. Acesso em 25/08/2010.

Figura 4: Cena do clipe Paparazzi de Lady Gaga. Fonte: Disponível em http://entretenimento.r7.com/musica/noticias/lady-gaga-e-scouting-for--girls-lideram-paradas--de-sucessos-britanicas--com-seus-novos-tra-balhos-20100408.html. Acesso em 25/08/2010.

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UAB/Unimontes - 2º Período

A mídia, os meios de comunicação, através dos recursos tecnológicos, conseguem fazer um recorte nas informações, selecionam cenas que interessam e juntam com outras informa-ções. Qual cuidado devemos ter? Como as in-formações são passadas em doses compactas, organizadas na forma de um mosaico, de forma rápida, sintetizada e ilustrada, acabamos to-mando como verdade e formando opinião.

A ligação frágil entre esses segmentos permitem inúmeras conclusões que variam, conforme as diferenças individuais, aumentan-do a imprevisibilidade das respostas e a auto-nomia da compreensão. Quando a conexão entre as partes da mensagem não é trabalha-da satisfatoriamente, corre-se o risco de uma apreensão dogmática da mesma. O que seria isso? Cada um de nós recebe a informação e a interpreta de acordo com as nossas experiên-cias prévias, de acordo o conhecimento que a gente tem daquele assunto.

Selecione dois telejornais de duas emis-soras distintas e de sua preferência, perten-centes a grupos diferentes, por exemplo, Rede Globo (Família Marinho) e Rede Record (Edir Macedo). Observe as notícias que são transmi-tidas. Analise-as e verifique se foram aborda-das da mesma forma em ambas.

Hoje, as novas tecnologias, os canais por satélite, por cabo, além de possibilitar novos acessos à informação, estão melhorando a nossa interação, como exemplo, a televisão digital e os jogos interativos. Esses recursos possibilitam a navegação pelas imagens, ban-cos de dados da Internet, acesso à Rede pela televisão, dentre inúmeros serviços virtuais na tela. Assim, podemos comprar, nos comunicar e estudar. Qual a implicação disto? A possibi-lidade de escolha, participação e liberdade de canais e acesso que facilitam a relação do te-lespectador com os meios.

A televisão responde à sensibilidade dos jovens e se dirige mais à afetividade do que à razão. Os jovens leem o que podem visualizar, precisam ver para compreender, querem ver, querem pegar, querem sentir e interagir. Por isso, muitos jovens não gostam do livro im-presso, pois o consideram abstrato. Preferem ler vendo. Como a linguagem da televisão é mais sensório-visual do que racional, quais são as possibilidades dessa linguagem audio-visual? Ela desenvolve múltiplas atitudes per-ceptivas. Desenvolve a imaginação, atribui à afetividade um papel mediador primordial. A linguagem escrita desenvolve mais o rigor, a organização, a abstração e a análise lógica. A linguagem audiovisual trabalha mais a imagi-nação. A narrativa televisiva, principalmente a visual, não se baseia somente na lógica con-vencional, na coerência interna, na relação causa-efeito ou no princípio de não-contra-dição, mas, sim, numa lógica mais intuitiva e mais conectiva, ou seja, os meios audiovisuais procuram interagir. Observe como os progra-mas de televisão têm procurado interagir com os telespectadores.

Faça uma lista dos programas de televisão que afirmam ser interativos:• O que faz um programa ser interativo?• Qual é a diferença entre interação e inte-

ratividade? • O Big Brother Brasil é um programa intera-

tivo?A interatividade acontece quando passa-

mos da condição de emissor para receptor. É permitido a todos participarem e interferirem na mensagem, dando a ela um novo significa-do. Assim sendo, quando ligo e voto para tirar um participante da casa, estou de fato partici-pando ou estou referendando a escolha de al-guém, produtor ou patrocinador do programa, por exemplo?

Figura 5: Os apresentadores Evaristo Costa e

Sandra Annenberg durante apresentação

do Jornal Hoje, da Rede Globo.

Fonte: Disponível em http://paulinho-

desena.blogspot.com/2010_06_22_ar-

chive.html. Acesso em 25/08/2010.

ATiVidAdESelecione dois telejor-

nais de duas emissoras distintas e de sua pre-ferência, pertencentes

a grupos diferentes, por exemplo, Rede

Globo (Família Mari-nho) e Rede Record

(Edir Macedo). Observe as notícias que são

transmitidas. Analise--as e verifique se foram

abordadas da mesma forma em ambas. Poste sua análise no fórum de

discussão.

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Pedagogia - Tecnologia Aplicada à Educação

A linguagem audiovisual cria uma fal-sa ideia de interatividade, e isso é um perigo, pois todos nós queremos ser interativos e que tudo seja interativo. Queremos ser emissores e receptores ao mesmo tempo. Queremos parti-cipar, perguntar e receber as respostas. Assim sendo, a televisão desenvolve tecnologias para atender a nossas necessidades de interativida-de. A TV digital é uma delas.

A televisão tem criado a falsa ideia de interatividade para não perder a audiência. Um exemplo disso foi a décima edição do Big Bhother

Brasil, em 2010l. Para que os telespecta-

dores não se cansassem de assistir às mesmas tramas, que se repetiam programa após pro-grama, foi necessário criar artifícios para dar aos telespectadores a ideia de que estavam presentes participando. O telespectador ligava e cadastrava seu número. Depois, o apresenta-dor sorteava um número, ligava para a pessoa sorteada, ao vivo, e fazia uma pergunta sobre o que estava acontecendo no programa. Se a pessoa respondesse corretamente, ganhava o carro.

Esse sorteio deu uma falsa ideia de parti-cipação no programa, pois, na verdade, o teles-pectador, naquele momento, não decidia nada.

A seguir, outro exemplo de “falsa interatividade”:

BOX 1

MárciaA apresentadora Márcia Goldschmidt comanda o talk show que leva ao telespectador

emocionantes histórias de vida. Márcia mostra os dramas de pessoas comuns em busca de soluções para seus problemas. Paixões, traições, desencontros e muito mistério em um pro-grama diário e ao vivo.

Diante de uma platéia de aproximadamente 100 pessoas, Márcia entrevista convidados e leva profissionais como psicólogos e advogados para ajudar no desfecho de cada caso. Um programa dinâmico e ousado que, além de entretenimento, leva informação e orientação aos telespectadores.

Conflitos, dramas e muita emoção com Márcia Goldschmidt, na tela da Band!

GLoSSáRiointeração: Ação recí-proca e mútua. Para Berlo, citado por Primo (2000), na interação humana existe uma relação de interde-pendência, onde cada agente depende do outro, isto é, cada qual influência o outro.interatividade: a inte-ração deve vislumbrar a possibilidade de uma integração complexa, múltipla e dialógica entre sujeitos, conhe-cimento e tecnologia. Pelo fato das tecno-logias propiciarem o diálogo entre emissor e receptor, possibilitando que ambos interfi-ram na mensagem, a interatividade deve ser considerada como um processo que rompe com a linearidade e com a separação entre emissão e a recepção da informação, possibi-litando a participação, a intervenção de todos, a bidirecionalidade, a multiplicidade de conexões e a criação de novos significados.

PARA SABER MAiSEm programas como Big Brother Brasil, onde a votação popular é quem dita o roteiro, a edição das imagens pode enaltecer ou des-truir um participante. Reflita sobre essa situ-ação. Será que a edição do programa conduz a opinião popular de forma a direcionar a vo-tação para a conveniên-cia da emissora?destruir um participante. Reflita sobre essa situação. Será que a edição do programa conduz a opi-nião popular de forma a direcionar a votação para a conveniência da emissora?

◄ Figura 6: Pedro Bial, apresentador do Big Brother Brasil.Fonte: Disponível em http://www.tvaudiencia.net/2010/01/29/bbb-10--big-brother-brasil-10--supera-r-300-milhoes/. Acesso em 25/08/2010.

◄ Figura 7: Márcia Goldschmidt, apresentadora do Programa Márcia, da Band.Fonte: Disponível em www.band.com.br/marcia/sobre.asp?id=407 Acesso em 25/08/2010.

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UAB/Unimontes - 2º Período

O Programa Márcia, da Band, é um exemplo de programa que traz para o auditório ques-tões do cotidiano das famílias. Os telefonemas ao vivo dão ao telespectador a ideia de que está participando. Mas até que ponto pessoas reais estão participando? Um telespectador que está assistindo ao programa pode se identificar com a problemática em questão e passar a assistir o programa, porque o mesmo aborda questões relacionadas à sua vida cotidiana.

BOX 2

Programa do Gugu

A Record estreou no domingo, dia 30/08/09, às 20h, o Programa do Gugu. A atração é ao vivo, mesclando entretenimento, diversão, atrações musicais e reportagens especiais.

“O Gugu na Record é o mesmo de sempre, apresentando quadros que mexem com a es-perança e a imaginação do telespectador”, diz o apresentador.

Gugu continua realizando sonhos dos seus telespectadores. Pode ser uma casa reforma-da, uma viagem fantástica, um novo negócio, uma dívida quitada ou uma esperada passagem para reencontrar a família.

O cenário high tech tem um palco especial e um design dinâmico e mutável. São 120m² de telas de LEDs em movimento constante e controlado de acordo com cada quadro. No total, um espaço de 650m² para receber uma plateia de até 200 pessoas.

Para dar mais movimento à atração, Gugu não fica preso ao estúdio. Ele sai às ruas para ouvir seu público. O jornalismo também ganha um espaço importante no programa. A repór-ter Michelle Diehl - que trabalhou em Miami com uma lenda da televisão latina, Don Francis-co, que desde 1962 comanda o Sábado Gigante - foi contratada para trabalhar com exclusivi-dade para a atração.

O Programa do Gugu também é parceiro de outros programas da casa, em especial do departamento de jornalismo da emissora. Para isso, conta com uma equipe de plantão para repercutir e levar as notícias mais recentes do Brasil e do mundo para o público.

Fonte: Disponível em www.rederecord.com.br. Acesso em 25/08/10

Vejam os quadros deste programa. O que se pode concluir?

GLoSSáRioTalk show: gênero de

programa televisivo ou radiofônico em que

um grupo de pessoas discutem um tema

mediado por um mais apresentadores.

Figura 8: Gugu Liberato, apresentador do Programa do Gugu,

da Rede Record.Fonte: Disponível em

http://programas.redere-cord.com.br/programas/

programadogugu/pro-grama.asp. Acesso em

25/08/2010.

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Pedagogia - Tecnologia Aplicada à Educação

QUADRO 2 Quadros do Programa do Gugu

Quadro descrição

Se há tempos você quer voltar para a sua cidade natal e não tem condições, o Programa do Gugu tem a solução. Inscreva-se.

O Gugu sempre ajudou muita gente, construindo sonhos e realizando os mais diferentes desejos. Conte sua história.Inscreva-se.

Tenha tudo na cabeça porque o Gugu pode bater em sua porta, e cada resposta correta vale muitos prêmios, além de arriscar um prêmio de 250 mil reais. Inscreva-se.

O Corrida do Gugu traz para sua família uma brincadeira premiada que é garantia de diversão e muitas risadas. Escolha o destino, arrume as malas e garanta sua passagem.Inscreva-se.

De Volta ao Passado vai promover o reencontro do seu primeiro amor. Um namorado(a) de infân-cia, adolescência ou aquela pessoa que você foi apaixonado(a) e não teve a oportunidade de se declarar até hoje. Você gostaria de saber como essa pessoa está? Será que está casado(a), tem filhos, mora no mesmo local? Inscreva-se.

Fonte: Disponível em www.rederecord.com.br. Acesso em 25/08/2010.

A televisão estabelece uma conexão tão lógica para nós, que é capaz, muitas vezes, de de-monstrar, provar e comprovar as coisas, através das imagens que impressionam, e que acabam sendo verdadeiras. Uma situação isolada pode se transformar em uma situação padrão. Se aque-la família conseguiu a casa no Quadro Sonhar mais um Sonho, eu também posso.

3.3 Educação pela mídiaFalamos muito, até agora, sobre a importância da educação para a mídia. Para educarmos

para a mídia, podemos utilizá-la e a seus meios de comunicação para educar. Assim, como pro-fessores, temos que assistir à televisão, já que a maioria de nossos alunos é um telespectador assíduo, para podermos utilizá-la para educar.

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UAB/Unimontes - 2º Período

Na nossa cultura, assistir à televisão é perda de tempo. Ver televisão é uma atividade para quando não temos nada mais importante a fazer.

Desta mesma forma, também tem sido o uso do vídeo na escola. Tem sido utilizado para ta-par buraco. Geralmente, os professores não planejam a aula. Então, para resolverem esse proble-ma, passam um filme, que muitas vezes nem o professor sabe do que se trata e nada tem a ver com o que está ensinando. Isto acontece porque, na cabeça deste professor, a televisão e o vídeo são voltados para o exclusivo entretenimento. Assim, o professor utiliza este recurso para ocupar o tempo, perdendo uma ótima oportunidade de uso do vídeo para educar.

Para que o uso adequado do vídeo ocorra, o professor precisa planejar. Para ajudar os pro-fessores nesta tarefa, temos a nossa disposição diversos programas da TV Escola.

BOX 3

Sobre o TV Escola

TV Escola é o canal da educação. É a televisão pública do Ministério da Educação destina-da aos professores e educadores brasileiros, aos alunos e a todos interessados em aprender. A TV Escola não é um canal de divulgação de políticas públicas da educação. Ela é uma polí-tica pública em si, com o objetivo de subsidiar a escola e não de substituí-la. E, em hipótese alguma, substitui também o professor. A TV Escola não vai “dar aula”, ela é uma ferramenta pedagógica disponível ao professor: seja para complementar sua própria formação, seja para ser utilizada em suas práticas de ensino. Para todos que não são professores, a TV Escola é um canal para quem se interessa e se preocupa com a educação ou simplesmente quer aprender.

Os programas do canal TV Escola têm como objetivos:• contribuir para a formação, aperfeiçoamento e valorização dos professores; e• melhorar a qualidade do ensino na escola pública.

Figura 9: Revista com a Grade de Programação

do TV Escola. Com os horários dos

programas, o professor pode se planejar

para ter acesso aos conteúdos produzidos

pela TV e explorá-los na sala de aula.

Fonte: Disponível em http://tvescola.mec.gov.br. Acesso em 25/08/10.

diCAAcesse o site do TV

Escola pelo endereço http://tvescola.mec.

gov.br e conheça mais esse fantástico projeto

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Pedagogia - Tecnologia Aplicada à Educação

O conteúdo do TV Escola é o mesmo das disciplinas ensinadas nas escolas: conhecimento da Língua Portuguesa, da Matemática, das ciências da natureza: Física, Química e Biologia; das ciências humanas: História, Geografia, Sociologia e Filosofia. Esse conhecimento é detalhado e organizado pelas diretrizes curriculares da educação brasileira. Todos os assuntos relacionados com a escola e a educação também são objeto de interesse do canal: o ensino e a aprendiza-gem, a didática, a pedagogia, a realidade da educação brasileira e mundial, a gestão da escola, as melhores práticas da educação, dentro e fora da escola e do ensino formal. Todo o universo que envolve a educação é tema do TV Escola que deseja falar, pautar e discutir. É missão dele tornar o interesse do brasileiro em educação um interesse qualificado e pertinente, refletindo em uma consciência melhor do papel que queremos para a nossa educação.

O TV Escola é uma plataforma de comunicação baseada na televisão e distribuída também pela Internet. Na televisão, ela é distribuída por satélite aberto, analógico e digital, para todo o território nacional, atingindo de 15 a 20 milhões de antenas parabólicas. Além da distribuição por satélite aberto, a TV é distribuída pelas operações de satélite por assinatura.

A programação chega ao professor através de uma revista bimestral (FIG. 9), com uma grade de programação detalhada. Essa grade é organizada por mês, bloco temático, dia de transmissão, programa e duração. A programação é definida a partir dos currículos do Ensino Fundamental e Médio.

BOX 4

Programa Salto para o Futuro

Transmitido de segunda a sexta-feira pela TV Escola, o Salto para o Futuro tem como pro-posta a formação continuada de professores do ensino fundamental e médio. O programa também veicula séries de interesse para a educação infantil.

No ar desde 1991, o Salto para o Futuro é interativo e se tornou referência para professo-res e educadores de todo o país. O programa utiliza diferentes mídias - televisão, Internet, fax, telefone e material impresso - no debate de questões relacionadas à prática pedagógica e à pesquisa no campo da educação.

Orientadores educacionais coordenam os trabalhos em aproximadamente 600 tele-postos, distribuídos em todo o território brasileiro. Em momentos interativos, os professores reunidos nesses espaços podem ter um contato “ao vivo” com os debatedores dos temas em análise.

Embora o Salto para o Futuro seja especificamente produzido para o aperfeiçoamento de professores e educadores em exercício, em alguns municípios o programa também é utilizado como apoio aos cursos de formação de professores para as séries iniciais, ficando a critério de cada estado a avaliação e a certificação dos participantes.

O Salto para o Futuro é exibido das 19h às 20h, com reprise às 3h, 5h, 11h e 15h do dia seguinte.

Fonte: Disponível em http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12342%3A-salto-para-o-futuro&catid=299%3Atv-escola&Itemid=823. Acesso em 25/08/10.

3.3.1 Orientações para desenvolver um postura crítica e seletiva diante da TV

A integração das tecnologias da informação e da comunicação, principalmente da TV e do vídeo no processo ensino-aprendizagem, requer do professor uma nova postura, a de mediador. Ele deverá mediar a cultura televisiva, a cultura de seus alunos (com suas características especi-ficas) e as necessidades de desenvolvimento (cognitivas, sociais, políticas, emocionais) dos mes-mos, com o objetivo de desenvolver uma leitura crítica dessas tecnologias. Segundo Carneiro (2000), utilizar as TIC, principalmente a televisão e vídeo na educação, significa introduzir uma outra linguagem, outro modo de pensar e de perceber o mundo. Incorporar a televisão e vídeo à prática pedagógica implica uma nova postura do professor frente ao processo ensino-aprendiza-gem. Entretanto, não implica abandonar velhas metodologias ou recursos didáticos.

O professor pode ser o mediador entre a TV, os alunos e a sociedade. Pode influenciar a recepção e a percepção dos diferentes meios de comunicação. Através dos programas de TV a que seus alunos assistem, o professor pode abrir um debate, com o objetivo de discutir suas

GLoSSáRioVídeo: toda mensagem audiovisual registra-da em fita ou mídia digital, desde gravações de programas de TV e filmes, através de videocassetes, DVD e arquivo de dados a mensagens produzidas em câmeras de vídeos por amadores.

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UAB/Unimontes - 2º Período

intenções, consequências e implicações. Se incorporado ao currículo, pode, segundo Carneiro (2000), propiciar mais reflexão e criticidade para assistir à TV. A partir desta utilização crítica da TV na sala de aula, o professor pode fazer sugestões, incentivando a leitura crítica deste meio de comunicação. Assim, o processo de análise da TV e incorporação, como recurso didático, se complementam.

3.3.2 Uso pedagógico da televisão e do vídeo

A programação da TV e os vídeos podem contribuir para o processo ensino-aprendizagem, desde que sejam utilizados de forma adequada, dentro de um contexto e do planejamento. Os mesmos, se utilizados de forma adequada, podem estimular a cognição, as percepções visuais, auditivas, conceituais e contribuir para a construção do conhecimento.

Em relação à utilização da programação da TV, as telenovelas e telejornais, por exemplo, po-dem ser utilizados de várias maneiras:• organizar debates com temas extraídos da trama das telenovelas;• promover estudo sobre a ética, a moral dos personagens, contextualizando com as ques-

tões sociais, políticas, sociais e religiosas envolvidas nos fatos;• aprofundar os temas apresentados nas notícias dos telejornais; • estabelecer relações entre as notícias e o estudo dos conteúdos disciplinares;• estabelecer diferenças entre o conhecimento cientifico e o discurso dramatizado da TV; e• identificar os conceitos envolvidos nas informações, as simplificações, as contradições, as

distorções.Para tanto, o professor deve se preparar, observar, analisar e refletir sobre as necessidades

de seus alunos, seus objetivos educacionais, as funções que o programa desempenhará, como será abordado, quais as consequências e implicações desta utilização.

A partir desta reflexão e de posse dos dados a respeito da aula a ser ministrada (objetivos e conteúdo), cabe ao professor planejar esta utilização, levando em consideração, segundo Carnei-ro (2000):• informação de conteúdos: segundo Moran (1995), nesta função, a informação é apresenta-

da de forma direta e indireta. Na forma direta, o vídeo (programa) é produzido para um fim educativo. Na forma indireta, a informação é produzida para um fim. Entretanto, pode ser utilizado com um objetivo educativo;

• motivação: tem como objetivo motivar e incentivar os alunos para problematizar conteú-dos;

• ilustração: programas, filmes e vídeos (completos ou segmentados) podem ser utilizados para esclarecer, elucidar, ilustrar e comentar fatos, ideias e conceitos; e

• meios de expressão: trata-se de se expressar por meio da linguagem audiovisual, emitindo mensagens através desta linguagem.Para Carneiro (2000), desenvolver cada uma dessas funções depende da iniciativa e da par-

ticipação dos professores. Um programa de TV ou vídeo pode ser utilizado com mais de uma fun-ção. Para ela, o importante é que o professor adeque e crie modos de utilizar o vídeo na sala de aula.

O vídeo pode ser considerado como didático ou como complementar. O didático é todo aquele sistematizado e preparado para determinada área do programa. O complementar é aque-le que pode trazer alguma novidade ao que está sendo ensinado, mas cujo conteúdo não está, necessariamente, enquadrado e, ao mesmo tempo, estabelecer novas pontes entre o vídeo e as outras dinâmicas da aula e o planejamento pedagógico.

São tipos de vídeos:• de curta duração - aqueles com duração igual ou inferior a 30 minutos;• de média duração - aqueles com duração superior a 30 minutos e igual ou inferior a 60 mi-

nutos; e• de longa duração - aqueles que apresentam duração superior a 60 minutos.

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Pedagogia - Tecnologia Aplicada à Educação

QUADRO 3 Fatores que devem ser considerados para escolha do vídeo com função pedagógica

Fatores descrição

Adequação ao assunto O professor não deve empregar vídeos apenas porque estão dis-poníveis, nem planejar a aula em função deles. Deve ter sempre em mente a principal razão de sua utilização: auxiliar o aluno a aprender de modo mais fácil.

Adequação aos alunos O vídeo selecionado deve estar relacionado não só com o assunto da aula, mas também com o conhecimento anterior da turma. Além disso, deve ter boa apresentação e estar de acordo com o nível intelectual dos alunos. Ao planejar o uso do vídeo, o profes-sor considerará o tamanho da turma. Os locais onde será exibido deverão ser visíveis e/ou audíveis dos últimos lugares da sala ou local da aula.

Simplicidade O vídeo deverá ser particularmente adequado ao nível da turma; deve ser de fácil compreensão, dispensando, portanto, explica-ções mais complexas.

Precisão Existem professores que questionam todos os vídeos possíveis porque possuem defeitos de informação ou estéticos. Um vídeo será considerado preciso se todas as informações e dados nele contidos forem corretos e estiverem de acordo com as teorias e teses em vigência. Os vídeos que apresentem conceitos distorci-dos podem ser utilizados como objeto de estudo: descobri-los, junto com os alunos, e questioná-los.

Sedução Um bom vídeo seduz efetivamente a atenção da turma. Atingem por todos os sentidos e de todas as maneiras; pela imagem nítida e volume adequado ou, quando legendado, com letras grandes.

Oportuno O vídeo deve ter um objetivo determinado e o abuso de colocá-lo para resolver um problema inesperado, desvaloriza o seu uso. O aluno percebe que é mera “enrolação”.

Finalidade Didaticamente, torna-se ineficiente exibir um filme sem discuti--lo, sem relacioná-lo com o assunto da aula, sem voltar e mostrar alguns momentos mais importantes.

Fonte: estruturado pelos autores, a partir de Carneiro (2000) e Moran (1995)

O professor deve analisar as características do filme, levando em conta o tempo de duração do mesmo e o horário em que será apresentado. Um filme longo para alunos de um curso notur-no pode vir a ser um trabalho inútil.

A introdução do vídeo nas aulas deve ser coerente com a metodologia do professor. O ví-deo deve ser utilizado como um recurso didático para mediar o processo ensino-aprendizagem.

Moran (1995) afirma que se deve evitar o uso inadequado do vídeo em sala de aula, como:• vídeo tapa-buraco: colocá-lo quando há um problema inesperado, como ausência do pro-

fessor. Usar este expediente, eventualmente, pode ser útil, mas se for feito com freqüência, desvaloriza o uso do vídeo e associa, na cabeça do aluno, a não ter aula;

• vídeo-deslumbramento: o professor que acaba de descobrir o uso do vídeo costuma empol-gar-se e passa vídeo em todas as aulas, esquecendo outras dinâmicas mais pertinentes. O uso exagerado do vídeo diminui a sua eficácia e empobrece as aulas; e

• só vídeo: não é satisfatório didaticamente exibir o vídeo sem discuti-lo, sem integrá-lo com o assunto da aula, sem voltar e mostrar alguns momentos mais importantes.

Para planejar uma aula utilizando o vídeo, deve-se considerar:• objetivo da aula;• pertinência do vídeo com o tema a ser abordado;• elaboração de um roteiro prévio;• metodologia; e• avaliação.

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UAB/Unimontes - 2º Período

O professor deve ter claros os objetivos que pretende alcançar com a aula e selecionar o vídeo de acordo com seus objetivos. O vídeo selecionado deve estar de acordo com a faixa etária dos alunos e seus interesses. Após a seleção do vídeo, o professor deve assistir a ele e elaborar um roteiro para orientar seus alunos. Neste roteiro deve ter ficha técnica do vídeo (direção, rotei-ro, elenco, duração, gênero e ano de produção), a sinopse e algumas questões relacionadas ao objetivo da aula que devem ser observadas no vídeo. Entretanto, deve-se ter o cuidado para não interpretá-lo antes da exibição, não pré-julgar, permitindo, assim, que cada um possa estabelecer a sua leitura pessoal. Durante a exibição, as reações do grupo deverão ser observadas e registra-das pelo professor.

Após a exibição do vídeo, o professor deve promover um debate, abordando as questões propostas e estabelecendo relações com os objetivos da aula.

Escola :

FiCHA dE PLANEJAMENTo E AVALiAÇÃo dE FiLMES

Turma: Turno:

Data: Horário:

Local:

Tema da Aula:

Título do Filme: Nº da Fita:

Minutagem: Comentários:

____’ ____ “ a ____’ ____”

____’ ____ “ a ____’ ____”

____’ ____ “ a ____’ ____”

____’ ____ “ a ____’ ____”

Questões propostas (que deverão orientar a leitura do vídeo):

Avaliação da Aula:

Atividades Complementares:

Observações:

Figura 10: Ficha de planejamento e

avaliação de filmes.Fonte: Acervo dos

autores.

GLoSSáRioMinutação: controle

que o professor faz das pausas necessárias ao

assistir o filme para fazer comentários ou

dividir o vídeo em capítulos.

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Pedagogia - Tecnologia Aplicada à Educação

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ROTEIRO DO FILME

Data: 26/01/2010Horário: 9hProgramação: Filme: O Show de Truman - O Show da VidaObjetivos: refletir sobre a manipulação exercida pelos meios de comunicação de massa,

num contexto de indústria cultural.

Ficha Técnica:Direção: Peter WeirRoteiro: Andrew Niccol Elenco: Jim Carrey (Truman Burbank), Ed Harris (Christof ), Laura Linney (Meryl), Natascha

McElhone (Sylvia Garland), Paul Giamatti (Diretor da Sala de Controle)Duração: 103 min. Gênero: Drama Ano da Produção: 1998

Sinopse (© 1995 Interscope/Polygran – Brasil)O filme é uma crítica e também uma sátira da persuasiva manipulação da mídia. O ven-

dedor de seguros Truman Burbank (Jim Carrey) tem todos os momentos da sua vida captura-dos por câmeras escondidas. Tudo é televisionado para uma audiência gigantesca, sem que ele saiba. Seus amigos e sua família são atores que lhe sorriem agradavelmente. Tudo não pas-sa de uma farsa, incluindo a cidade onde vive e seu casamento com Meryl (Laura Linney). Aos 30 anos, Truman desconfia que há algo estranho em seu mundo, percebe que está preso num grande esquema que cerceia sua liberdade e tenta fugir. O filme teve 3 indicações ao Oscar e foi vencedor de 3 Globos de Ouro, incluindo o de melhor ator para Jim Carrey.

Roteiro:Comente as duas perspectivas abordadas no filme: a do mundo conhecido por Truman;e a dos telespectadores do grande show.Identifique: O papel de Sylvia na trama.Como Truman não aceita a realidade do seu mundo.

Fonte: Estruturado pelo autor.

ReferênciasBiografia de Lady Gaga. Disponível em http://mtv.uol.com.br/ladygaga/biografia. Acesso em 25/08/10.

CARNEIRO. Vânia Lúcia Quintão. Televisão/vídeo na comunicação educativa: concepções e funções. In:___. TV na escola e os Desafios de Hoje —Curso de Extensão —Módulo 2 —SEED/MEC e Unirede. Brasília: 2000.

DORNELES, C. M., BRAGA, V. L. S. e ZANON, A. M. A televisão e a sala de aula. Secretaria de Edu-cação de Mato Grosso do Sul. Disponível em www.sed.ms.gov.br. Acesso em 25/08/2010.

FERRÉS, Joan. Televisão e Educação. Trad. Beatriz Affonso Neves. - Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.

___________ Vídeo e Educação. Trad. Juan Acunã Llorens - Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.

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UAB/Unimontes - 2º Período

MORAN, J.M. o vídeo na sala de aula. Comunicação e Educação. São Paulo: n.2, jan./abr.1995, p. 30

MORAN, José Manoel. Novas Tecnologias e o reencantamento do mundo. In: Revista Tecnolo-gia Educacional. Rio de Janeiro, Vol. 23, n. 126, setembro-outubro 1995, p. 24-26.

MORAN, José Manuel. Linguagem da TV e do vídeo. In:___. TV na escola e os desafios de Hoje —Curso de Extensão —Módulo 1 —SEED/MEC e Unirede. Brasília: 2001

PRIMO. A. e CASSOL. M. B. F. Explorando o conceito de interatividade: definições e taxono-mias. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. <http://usr.psico.ufrgs.br/~primo/pb/pgie.htm> Disponível em 05/06/00

TORRES, Vladimir S. o uso de vídeo como recurso de apoio didático: exemplos de biologia. In: Revista Tecnologia Educacional. Rio de Janeiro, Vol. 26, n. 140, jan/Fev/Mar - 1998, p. 30 - 36.

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Pedagogia - Tecnologia Aplicada à Educação

UNidAdE 4TIC: novas linguagens

4.1 IntroduçãoA informática, como uma Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), desde o seu ad-

vento, tem contribuído para a melhoria da qualidade dos serviços em todas as áreas do conhe-cimento, proporcionando rapidez e precisão de dados na execução de seus serviços. Através da Internet, os usuários têm acesso às informações do mundo todo em tempo real. Desse modo, pode-se enviar, receber e armazenar informações de diferentes formas.

O desenvolvimento e a utilização da Internet acabaram produzindo, em seu espaço, o cibe-respaço, uma comunicação, a E-comunicação, com uma linguagem própria, repleta de termos típicos, compreendidos por todos os que frequentam e utilizam deste espaço.

A linguagem da Internet tem seus pressupostos que estão caminhando para um novo mo-delo de comunicação, mais acessível aos seus usuários, os internautas. Assim sendo, torna-se ne-cessário discutir sobre as características da linguagem das TIC, principalmente da Internet, apro-priando-se dela e desenvolvendo a habilidade de utilizá-la com efetividade, juntamente com as TIC disponíveis.

Objetivos:• Identificar as características da linguagem da E-comunicação e refletir sobre seu papel no

contexto social modificado pelas tecnologias.

Conteúdo: Unidade 4: TIC: novas linguagens4.1 Introdução4.2 Multimídia4.3 Hipertextos 4.4 E - comunicação4.5 E-comunicação: linguagem interativa e persuasiva4.6 Referências

Bom estudo!Os autores.

4.2 MultimídiaNa Unidade II, discutimos sobre a neces-

sidade das multialfabetizações, defendidas por Kellner (s/d) e a necessidade de desen-volver habilidades de leitura e de escrita de diferentes textos. Uma das grandes contri-buições das teorias sociointeracionistas é a valorização da interação que existe entre as linguagens, a constituição de conceitos e o desenvolvimento das capacidades cognitivas complexas (KUENZER, 2000). Não podemos resumir a alfabetização na leitura e na escrita somente ao texto tradicional e convencional, disponíveis nos livros e enciclopédias. Temos que ler os diferentes suportes de textos que

circulam em nossa sociedade letrada, como propagandas, panfletos, cartas e bilhetes para alcançarmos outros tipos de textos que têm aparecido com o avanço tecnológico. En-tre eles, podemos citar a multimídia, o hiper-texto e a hipermídia.

Essas novas linguagens são resultados das inúmeras modificações nas formas e pos-sibilidades de utilização, que são reflexos do avanço tecnológico, principalmente da utiliza-ção na comunicação das tecnologias da infor-mação e da comunicação.

As linguagens das TIC promovem altera-ções nas atividades linguístico-cognitivas de

GLoSSáRiodigital: oposto ao analógico. Sistema que utiliza a forma binária (diz-se aquela que usa combinação dos números binários 1 e 0 alternadamente), de modo a manipular informações sem a perda de qualidade da mesma.Ícones: em informáti-ca, significa pequeno símbolo gráfico.World Wide Web: rede de alcance mundial. Sis-tema de documentos em hipermídia que são interligados e executa-dos na Internet. Tecnologias digitais: tecnologias relativas ao computador.Menu: lista de escolhas apresentadas por um programa ou site para navegação.

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UAB/Unimontes - 2º Período

seus usuários, o que afeta diretamente o pro-cesso ensino-aprendizagem dentro e fora da escola.

Da mesma forma que a introdução da es-crita na sociedade conduziu a uma cultura le-trada, a introdução da escrita eletrônica está conduzindo a uma cultura eletrônica. Para defender esta tese, Marcushi (2005) chama a atenção para a quantidade de expressões sur-gidas nos últimos tempos com o prefixo “e-“, que nos leva a designar este fenômeno como “letramento digital”, cujas características me-recem ser melhor conhecidas.

O termo mídia pode ser utilizado em dife-rentes contextos e com significados próprios: podemos nos referir às mídias de armazena-mento (CD, DVD e pendrive), às mídias de co-municação (TV, rádio e jornal) ou mesmo às mí-dias de transmissão (fibra ótica, cabo de rede e ondas de rádio), dentre outras classificações.

Para não causarmos confusão, no contex-to deste nosso material, sempre que nos refe-rirmos às mídias, estaremos falando das mídias de representação, que são o som, a imagem, o vídeo, o texto, o desenho ou a animação.

Por multimídia entendemos todo recurso ou tecnologia que possibilita a utilização inte-grada de diferentes meios de representação e comunicação da informação, as mídias. Um produto multimídia utiliza pelo menos duas diferentes mídias de representação em um mesmo produto ou serviço.

Os recursos multimídias exploram a ri-queza de percepção dos sentidos humanos, principalmente a visão e a audição (PÁDUA, 2000). Os usuários têm acesso a fluxos cada vez maiores de informações, que combinam diferentes mídias, como a imagem, o som e a animação.

Hoje em dia, somos bombardeados com produtos e serviços cada vez mais sofisticados, graças à crescente integração de mídias que as tecnologias digitais nos permitem desenvol-ver. São eletrodomésticos, catálogos virtuais de produtos, jogos na Internet, serviços ofe-recidos na Internet, videogames, aparelhos eletrônicos e outros recursos mais, que enri-quecem nossa interação e facilitam o acesso às informações desejadas.

4.3 HipertextoO hipertexto é o termo que remete a um

texto em formato digital, ao qual se agregam outros conjuntos de informação na forma de blocos de textos, palavras, imagens ou sons, cujo acesso se dá através de referências espe-cíficas denominadas hiperlinks, ou simples-mente links.

Ouvimos falar constantemente em links. Escutamos frequentemente as frases “entre no site <tal> e clique no link <tal>”. Mas, o que sig-nifica links, afinal?

Link significa vínculo, ligação, conexão, nó. Os links ocorrem na forma de termos destaca-dos, no corpo do texto principal, ícones gráficos ou imagens e têm a função de interconectar os diversos conjuntos de informação, oferecendo acesso sob demanda às informações que esten-dem ou complementam o texto principal.

O conceito de ”linkar” ou de ”ligar” textos foi criado por Ted Nelson nos anos 1960 e teve como influência o pensador francês Roland Bar-thes, que concebeu em seu livro S/Z o conceito

Figura 11: O iPhone é o símbolo deste mundo

multimídia em que vivemos hoje. Nele,

temos a opção de utilizar todas as mídias,

áudio, vídeo, texto, animação e desenho.

Fonte: Disponível em http://g1.globo.com/

Noticias/Tecnologia/0,,MUL109

8105-6174,00-APPLE+BATE+RECORDE+DE+BILHAO+

DE+DOWNLOADS+DE+APLICATIVOS+PARA+IPH

ONE.html. Acesso em 25/08/10.

PARA SABER MAiSSerá que com a existên-cia dessas novas mídias, o livro está com os dias

contados? Reflita a respeito.

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de ”lexia”, que seria a ligação de textos com ou-tros textos.

Um texto composto por links é um texto composto por vários textos interconectados entre si. O sistema de hipertexto mais conheci-do atualmente é o World Wide Web. No entan-to, a Internet não é o único suporte onde este modelo de organização da informação e pro-dução textual se manifesta.

As tecnologias digitais trabalham com o hipertexto. O DVD, por exemplo, tem o Menu, em que o usuário pode optar por legendas, áudio, iniciar ou escolha de cena. A possibilida-de de escolha do menu do DVD é um hiper-texto, pois ele nos leva a outros lugares.

O livro tradicional nos remete a uma leitu-ra linear, em que seguimos as linhas e preci-samos seguir todo o procedimento pra chegar até o final. Entretanto, os textos das tecnolo-gias digitais são hipertextos que nos permi-tem ir a outros lugares.

Na verdade o nosso pensamento não é linear. Quantas vezes, quando estamos falan-do de uma coisa, lembramos de outras coisas, interrompemos nossa fala, nos reportamos ao nosso pensamento?

Podemos nos questionar, então, se esse livro tradicional está superado? Ele é também uma tecnolo-gia, só que agora existem outras, com diferentes formatos, como o CD, o DVD, a Internet. Assim sendo, torna-se importante o desenvolvimento de habilidades para utili-zarmos os textos das tecnologias digitais, os hipertextos.

Qual é a vantagem do hipertexto? Ele pos-sibilita a livre escolha do caminho a ser per-corrido pelo usuário, agregando-se recursos, como sons, imagens e animação, tornando a consulta mais fácil e atraente.

Entretanto, estas possibilidades podem oferecer um perigo. As tecnologias digitais, principalmente a multi-mídia que utiliza o hi-pertexto - a Internet, por exemplo, podem per-mitir que o usuário se perca no emaranhado de informações e entretenimento, ficando horas a fio, sem limites de horário, trazendo pre-juízos no rendimento escolar ou profissional.

Assim, é necessário fazermos a distin-ção entre a informação e o conhecimento. Ter acesso à informação não é garantia de conhe-cimento.

Assistir a jornais, acessar a Internet e ler revistas não é garantia de conhecimento.

O que é, então, o conhecimento? É a pos-sibilidade de processar a informação, recebê--la e estabelecer relação com os conhecimen-tos já possuídos.

Ao navegar de um texto para outro, muitas vezes o usuário tem acesso a diferentes infor-mações sem, entretanto, processá-las.

Quais são as características de um hiper-texto? • A simultaneidade de produção e circula-

ção. Essa estrutura é veloz e a amplitude supera de forma qualitativa e quantitativa o fenômeno da transmissão da informa-ção.

• Ausência de limites que nos permite ir a muitos lugares. O usuário não fica mais restrito a uma informação que está regis-trada no livro. O hipertexto é ilimitado, porém isso não corresponde a uma infini-dade de linguagens disponível na tela do computador, mas a uma construção de vá-rios significados para cada sentido que as contorna.

• A multilinearidade e fragmentação que nos permitem fazer várias leituras. O usu-ário decide a sequência em que a infor-mação vai ser apresentada e seu próprio esquema para escolher quais conteúdos serão apresentados.

• A interatividade é quando o usuário passa da condição de emissor para a condição de receptor e de receptor para emissor. A Wikipédia hoje é um exemplo disso, você pode editar o texto e inserir informações sobre o assunto. Entretanto, Marcuschi (2005) adverte que

o conhecimento que o hipertexto da Internet nos dá é muito fragmentado, pois oferece pos-sibilidades simultâneas de múltiplos graus de profundidade, já que não tem sequência, nem topicidade definida e, muitas vezes, liga textos não correlacionados. Assim, uma leitura pro-veitosa do hipertexto da Internet, que nos leva a apropriar a informação e construir o conheci-

◄ Figura 12: Charge ilustrando os perigos do vício na Internet.Fonte: HANN, Harley e STOUT, Rick. Dominando a Internet. São Paulo: Makron Books, 1999.

ATiVidAdEVamos realizar uma pesquisa na Internet em busca de informa-ções sobre o cantor de música popular brasileira João Gilberto. Responda: quais as es-tratégias que você uti-lizou? Qual o caminho que você percorreu? Quais os sites que você acessou? A que outras informações você teve acesso ao realizar esta tarefa? Poste suas respostas no fórum de discussão.

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mento, exige um grau de conhecimentos pré-vios e maior consciência quanto ao buscado, já que seus links nos convidam a ir para outros caminhos. Para exemplificar este processo: um aluno, ao acessar algum site da Internet para buscar alguma informação vai navegar por mui-tos sites antes de chegar ao que deseja.

Como vivenciamos muitas vezes, esta pro-

cura é uma construção penosa e cheia de cur-vas para pouco resultado. Uma coisa pode pu-xar outra e, no final, o perigo é esquecermos o que fomos procurar. Assim, esta procura pela informação exige conhecimentos de várias or-dens e uma capacidade significativa de relacio-nar e associar fatos, dados e informações.

4.4 E-Comunicação Na atual “Era da Informação”, a Internet é

uma espécie de protótipo de novas formas de comportamento comunicativo. Vamos conhe-cer alguns serviços que a Internet oferece, a E--comunicação, a comunicação via Internet:

E-mail: correio eletrônico. Serviço que permite compor, enviar e receber mensagens através de sistemas eletrônicos de comuni-cação. Importantíssimo meio de comunica-ção, utilizado para comunicar com diferentes pessoas, a qualquer hora do dia, com o custo praticamente zero, sendo apenas o do acesso à Internet.

Chat: bate-papo virtual. Espaço virtual para conversação síncrona, ou seja, em tempo real.

Fórum de discussão: é um espaço vir-tual destinado a promover debates e dis-cussões, através de mensagens publicadas, de forma assíncrona, abordando um mesmo tema. Também é chamado de ”comunidade” ou ”board”.

Lista de discussão: também denomi-nada grupo de discussão, é uma ferramenta gerenciável pela Internet, que permite a um grupo de pessoas a troca de mensagens via e-mail entre todos os membros do grupo. O processo de uso consiste no cadastramento da lista em um dos sites que oferecem o ser-viço gratuitamente, por exemplo, no Yahoo, e, após, o cadastramento de membros. Uma mensagem escrita por um membro e enviada para a lista replica automaticamente na caixa postal de cada um dos cadastrados.

Blog: site cuja estrutura permite a atuali-zação rápida, a partir de acréscimos dos cha-

mados artigos, ou ”posts”. Estes são, em geral, organizados de forma cronológica inversa, tendo como foco a temática proposta no blog, podendo ser escrito por um número variável de pessoas, de acordo com a política do blog. Muitos blogs fornecem comentários ou notí-cias sobre um assunto em particular. Outros funcionam mais como diários online. Um blog típico combina texto, imagens e links para ou-tros blogs, páginas da web e mídias relaciona-das a seu tema. A capacidade de leitores dei-xarem comentários de forma a interagir com o autor e outros leitores é uma parte importante de muitos blogs.

O Twitter tem sido a grande febre do mo-mento. Ele é considerado um microblog, onde o máximo de caracteres por postagem é de 140 caracteres

Comunidade virtual: é uma comunida-de que estabelece relações num espaço virtual através de meios de comunicação a distância. Caracteriza-se pela aglutinação de um grupo de indivíduos com interesses comuns que tro-cam experiências e informações no ambiente virtual. Um dos principais fatores que poten-cializam a criação de comunidades virtuais é a dispersão geográfica dos membros. O uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) minimiza as dificuldades relacionadas a tempo e espaço, promovendo o compartilha-mento de informações e a criação de conheci-mento coletivo.

O Orkut é uma rede social, criada em 24 de Janeiro de 2004, com o objetivo de ajudar seus membros a conhecer pessoas e manter relacionamentos.

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4.5 E-comunicação: linguagem interativa e persuasiva

Galli (2005) afirma que o processo evoluti-vo da comunicação, ao democratizar o saber e a informação, contribuiu para o avanço tecno-lógico. As Tecnologias da Informação e da Co-municação (TIC), ao transmitirem com grande capacidade as imagens, palavras e sons, intro-duzem um conceito de descentralização da in-formação e definem o poder da comunicação. Hoje, o poder de disseminar a informação não está mais nas mãos dos empresários da co-municação, os donos das emissoras, rádios ou jornais. Qualquer pessoa pode construir um site sobre qualquer assunto e disponibilizá-lo na Internet. Esta, ao vincular suas mensagens interativas e plásticas, abre possibilidades de comunicação completamente diferentes dos meios de comunicação tradicionais.

Segundo a autora, a Internet é uma ex-celente ferramenta para marketing, vendas e publicidade. As mensagens veiculadas em seus sites são destinadas a todo tipo de pú-

blico. Seus hipertextos, ao combinar imagens, vídeos, linguagem escrita, animações e possi-bilidade de navegar para outros sites com um simples toque no mouse, não se limitam ape-nas à comercialização dos produtos e serviços. Podem ser usados também para disseminar informações e ideologias.

Considerando que todo emissor, ao emi-tir sua mensagem, utilizando os recursos de natureza linguística, quer persuadir seus inter-locutores, um dos aspectos mais importantes a ser considerado na leitura das mensagens é que quem produz a mensagem está interessa-do, de alguma forma, em convencer os outros de algo. Isto também acontece na Internet. A todo momento os sites estão oferecendo algu-ma coisa aos usuários.

Observem, por exemplo, a FIG. 13, cujo site foi acessado em 2 de julho de 2010, às 10:21.

Agora, observem a FIG 14, cujo mesmo site foi acessado no mesmo dia, às 11:22.

Agora, observem a FIG 14, cujo mesmo site foi acessado no mesmo dia, às 11:22.

◄ Figura 14: Site Yahoo.com, acessado em 2 de julho de 2010, às 11:22.Fonte: Acervo dos autores.

◄ Figura 13: Site Yahoo.com, acessado em 2 de julho de 2010, às 10:21.Fonte: Acervo dos autores.

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As informações da página principal ficam constantemente mudando, aguçando a curiosida-de do usuário a todo momento. Para levar alguém a aceitar uma ideia dada, o emissor organiza a mensagem de forma que o receptor, usuário, a receba como verdadeira. Claro que alguns sites, para convencer seus usuários, utilizam destas estratégias com maior ou menor grau de persua-são. Entretanto, é importante considerar que as mensagens dos sites da Internet são dotadas de um poder persuasivo, que vão desde as cores e imagens até a linguagem utilizada pelo emissor.

ReferênciasGALLI, Fernanda Correa Silveira. Linguagem da Internet: um meio de comunicação global. In: MARCUSCHI, Luiz Antônio; XAVIER, Antonio Carlos. Hipertexto e gêneros digitais: novas for-mas de construção do sentido. 2 ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005. p 120- 134.

KUENZER, Acácia Zeneida. Educação, linguagens e tecnologias: as mudanças no mundo do tra-balho e as relações entre conhecimento e método. In: CANDAU, Vera Maria (org). Cultura, lin-guagem e subjetividade no ensinar e aprender. Rio de Janeiro: DP&A, 2000.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Gêneros textuais emergentes no contexto da tecnologia digital. In: MARCUSCHI, Luiz Antônio; XAVIER, Antonio Carlos. Hipertexto e gêneros digitais: novas for-mas de construção do sentido. 2 ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2005. p. 13 —67.

PÁDUA, Wilson de. Multimídia: conceitos e aplicações. Rio de Janeiro: LTC, 2000.

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UNidAdE 5O computador como recurso didático

5.1 IntroduçãoO mundo tem mudado muito nas últimas décadas, mas a educação continua essencialmen-

te inalterada: continuamos a confundir um amontoado de fatos com o conhecimento; muitos professores insistindo em permanecer em posição frontal diante de suas classes, transmitin-do seus poucos conhecimentos. Como alavancar a escola desta posição estática e ajudá-la a se transformar em um ambiente ”inteligente”, criado para a aprendizagem, um lugar rico em recur-sos, um lugar onde os alunos possam construir os seus conhecimentos segundo os estilos indivi-duais de aprendizagem que caracterizam cada um, com o uso cada vez menor do livro texto e do quadro-negro e o aumento do uso de novas tecnologias de comunicação e informação?

Na tentativa de resolver muitos destes problemas, muitos educadores têm enfatizado o uso dos recursos tecnológicos como uma das possibilidades para auxiliar os professores a superar es-ses obstáculos na sua prática pedagógica. Outros, espantados com o avanço da tecnologia no processo de ensino-aprendizagem, temem serem substituídos pela máquina e acabam produ-zindo um discurso para convencerem seus pares a rejeitarem tal auxílio.

Entre estes dois extremos, encontra-se uma gama enorme de opiniões, inquietudes, pontos de vista polêmicos, acertos e desacertos que têm caracterizado a discussão sobre o uso dos re-cursos tecnológicos na educação nestes últimos vinte anos.

Esta última Unidade tem a pretensão de constituir uma reflexão em torno do uso dos re-cursos tecnológicos no processo ensino-aprendizagem, especialmente do computador, numa sociedade em mudanças, suas posições definidoras, sua fundamentação teórica, desde os mais diferentes pontos de vista e, mais que isto, deixar bem definida a relação entre professor e tecno-logia, assunto tão discutido na educação atualmente.

Objetivos:Possibilitar aos futuros professores:

• condições de construir conhecimentos sobre o porquê e como integrar as tecnologias à prá-tica educativa;

• integrar as tecnologias à prática pedagógica, de modo criativo e inteligente, para desenvol-ver a autonomia e a competência dos estudantes e educadores, enquanto usuários e criado-res dessas tecnologias e não como meros receptores; e

• condições para que se tornem usuários críticos e criativos das tecnologias e não como me-ros consumidores das mesmas.

Conteúdo: Unidade 5: O computador como recurso didático5.1 Introdução5.2 O computador como recurso didático5.3 Referências

Bom estudo!Os autores.

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5.2 O computador como recurso didático

Na Unidade I da disciplina Didática II, estudou-se que a concepção defendida aqui é que o processo de ensino-aprendizagem é uma interação dialética entre o instrutivo e o educativo, que tem como propósito essencial contribuir para a formação integral da perso-nalidade do aluno, sendo organizada em uma estrutura e um funcionamento sistêmico, isto é, composta por elementos estreitamente inter-relacionados. Assim, instrutivo refere-se à transmissão de informações com o objetivo de ajudar o sujeito a, diante de uma situação problema, ser capaz de enfrentar e resolvê--la, buscando assim soluções para o mesmo. O educativo refere-se à formação de valores e sentimentos que identificam o homem como ser social, compreendendo o desenvolvimento de convicções, vontade e outros elementos da esfera volitiva e afetiva que, junto com a cog-nitiva, permitem falar de um processo de ensi-no-aprendizagem que tem por fim a formação multilateral da personalidade do homem.

Organizar e selecionar os componentes do processo de ensino aprendizagem requer do professor aprofundamento em cada uni-dade, devendo levar em conta os vínculos e os nexos com os outros componentes. Neste sentido, os componentes do processo ensino-

-aprendizagem podem ser assim identificados: • alunos - devem responder à pergunta:

”quem?”; • problema - elemento que é determinado

a partir da necessidade do aprendiz; • objetivo - deve responder à pergunta:

”para que ensinar?”; • conteúdo - deve responder à pergunta: ”o

que aprender?”; • método - deve responder à pergunta:

”como desenvolver o processo?”; recur-sos - devem responder à pergunta: ”com o quê?”; e

• avaliação - é o elemento regulador, sua realização oferece informação sobre a qualidade do processo de ensino-apren-dizagem, sobre a efetividade dos outros. A integração de todos os componentes

forma o sistema do processo de ensino-apren-dizagem.

Como a aprendizagem se concretiza? A partir de uma situação problema. O processo ensino-aprendizagem parte sempre de uma situação problema e, a partir dela, precisa-mos definir os nossos objetivos. Para que eu vou ensinar isso? Para que o meu aluno deve aprender isso? Deve estar claro aonde eu que-ro chegar.

Em seguida, devemos selecionar o con-teúdo. Temos uma situação-problema para ser resolvida. Já definimos onde devemos chegar. Agora, precisamos definir o que vamos usar para ensinar. Assim definimos o conteúdo.

A partir desta definição, vamos definir os métodos, quais são os procedimentos adota-dos para abordar o conteúdo, atingir os objeti-vos e resolver a situação-problema. Vamos tra-balhar com texto escrito? Vamos dar uma aula expositiva? Vamos passar um filme? Vamos fa-zer uma atividade no laboratório de informáti-ca? Quais são as estratégias que eu vou utilizar para que o aluno se aproprie da informação, construa um conhecimento e resolva o problema que ele precisa resolver? Precisamos ter em mente que uma única estratégia não é garantia de que o aluno vai se apropriar da in-formação e construir o conhecimento. Por isso, a necessidade de várias estratégias como aulas expositivas, estudo de texto, atividade prática e trabalho em grupo para que o aluno proces-se a informação e construa o conhecimento.

Depois de definidos os métodos, é preci-so definir os recursos didáticos. O que vamos

Figura 15: Relação entre diferentes

componentes do processo ensino-

aprendizagem.Fonte: FERNÁNDEZ. Fáti-

ma Addine, 1998. p.23.

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utilizar para desenvolver essas estratégias, abordar o conteúdo, atingir o objetivo e resol-ver o problema? Vamos usar datashow? O com-putador? O DVD? Apostila? Para selecionar os recursos didáticos mais adequados, temos que considerar o contexto em que estamos inseri-dos. Quais os recursos disponíveis na minha escola?

E, por fim, o que é avaliar? Será que o re-curso, o método, as estratégias e o conteúdo selecionado foram adequados? Será que atin-gimos o objetivo e resolvemos o problema? Assim, avaliar é verificar se, de fato, o processo ensino-aprendizagem se efetivou.

O que é ensinar, então? São estratégias desenvolvidas pelo professor para que seus alunos se apropriem da informação e construa o conhecimento. O professor tem que conhe-cer os seus alunos para selecionar as melhores estratégias que possam ajudar esses alunos a apropriar da informação e construir o conheci-mento.

E o que é aprender? São estratégias de-senvolvidas pelos alunos, a partir de seus es-tilos de aprendizagem, para apropriar-se da informação e construir o conhecimento. Para que o processo ensino-aprendizagem se efeti-ve, é necessário que o professor conheça seus alunos e dispare as estratégias necessárias, de acordo com os estilos de aprendizagem dos seus alunos.

Existem fatores que interferem no pro-cesso, que o dificulta. Entretanto, só podemos dizer que ensinamos quando nossos alunos aprenderam.

Na disciplina Didática II, discutiu-se tam-bém sobre as contribuições dos recursos didá-ticos para o processo ensino-aprendizagem. Conforme argumentação do ponto de vista fisiológico (vínculo entre a imagem e a palavra no desenvolvimento do pensamento huma-no); do ponto de vista psicológico (criação de motivação por meio da capacidade comuni-cativa e pedagógica); e do ponto de vista pe-dagógico (por meio do trabalho didático do professor).

Nesta disciplina estamos trabalhan-do com o componente do processo ensino-aprendizagem: os recursos didáticos. As tec-nologias são recursos didáticos.

O simples fato de colocar na escola o computador ou uma televisão não é garantia de que haverá aprendizagem. É necessário que o professor saiba utilizar adequadamente essas tecnologias para que elas possam con-tribuir na construção do conhecimento para que o processo possa acontecer. É este o cui-dado que precisamos ter. O que nos interessa no processo ensino-aprendizagem? Abordar como os recursos didáticos devem ser usados.

Não podemos perder de vista que os recursos são apenas um componente do processo. O sucesso do processo está na combinação de todos os componentes.

Por que é importante utilizar os recursos didáticos? O que são eles? Como se estudou na disciplina Didática II, os recursos didáticos são o canal, através do qual se transmitem as mensagens docentes. É o sustento material das mensagens no contexto da aula.

Como vamos transmitir na sala de aula o conhecimento socialmente acumulado, e como os alunos aprenderão? O que vamos uti-lizar para que eles se apropriem da informação e construam o conhecimento? Eu vou utilizar um canal e qual será esse canal? Este canal é o recurso didático.

Os recursos didáticos auxiliam o professor a abordar o conteúdo de uma forma mais cria-tiva para que ele possa atingir os seus objeti-vos.

O computador pode ser utilizado como um recurso didático. O seu objetivo na educa-ção, por exemplo, não é dar aula de informáti-ca. Usar o computador como recurso didático significa utilizá-lo para ensinar e ajudar o alu-no a aprender.

Segundo Valente (1998), existem duas ideias em relação ao uso do computador na educação:

1ª Ideia: o computador serve para facilitar o processo-ensino aprendizagem. Nesta pers-pectiva, usamos o computador da mesma for-ma que utilizamos outras tecnologias, como micro-ondas, a televisão, o DVD, para facilitar a nossa vida cotidiana; e

2 ª Ideia: o computador como recurso di-dático para promover a aprendizagem.

Para D’Ambrósio (1999, p.5), educação é ação. Um princípio básico é que toda ação in-teligente se realiza mediante estratégias que são definidas a partir de informações da rea-lidade. Portanto, a prática educativa, como ação, também estará ancorada em estratégias que permitem atingir as grandes metas da educação.

As estratégias, por sua vez, estão apoia-das em ferramentas, recursos que viabilizam sua realização. Mais do que nunca, os profes-sores estão recorrendo à tecnologia. Ao con-trário do senso comum de que informática facilita o processo de ensino-aprendizagem (1ª Ideia), o computador dificulta o processo, podendo enriquecer ambientes de aprendiza-gem, onde o aluno, interagindo com os obje-tos desse ambiente, tem chance de construir o seu conhecimento. O conhecimento não é passado para o aluno; ele não é mais instruído, ensinado. O aluno é construtor do seu próprio conhecimento. Assim, o paradigma instrucio-

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nista vai sendo substituído pelo paradigma construcionista, onde a ênfase está na apren-dizagem, na construção do conhecimento, ao invés de estar no ensino, na instrução.

Segundo Valente (1998), o computador tem sido usado na educação como máquina de ensinar, que consiste na informatização dos métodos de ensino tradicionais. O professor implementa no computador uma série de in-formações que devem ser passadas ao aluno, na forma de um tutorial, exercício e prática ou jogo. Desta forma, o computador não contri-bui para a construção do conhecimento, pois a informação não é processada, mas simples-mente memorizada.

A abordagem denominada por Papert (1994) de construcionismo permite que o aprendiz possa construir seu conhecimento através do computador. Segundo essa con-cepção, a construção do conhecimento só acontece quando o aluno constrói um objeto de seu interesse, um texto, um programa etc. Para Valente (1998), a diferença entre a teo-ria de Piaget e o construcionismo de Papert (1994) é que o conhecimento é construído através do computador, que é utilizado como uma ferramenta de aprendizagem.

Na noção de construcionismo de Papert (1994) existem duas ideias que contribuem para que esse tipo de construção do conheci-mento seja diferente do construtivismo de Pia-get. Primeiro, o aprendiz constrói alguma coi-sa, ou seja, é o aprendizado por meio do fazer, do ”colocar a mão na massa”. Segundo, o fato de o aprendiz estar construindo algo do seu interesse e para o qual ele está bastante moti-vado. O envolvimento afetivo torna a aprendi-zagem mais significativa (VALENTE, 1998, p.2).

Nessa perspectiva, Papert propõe a reali-zação do ciclo descrição - execução - reflexão - depuração - descrição, que é de extrema impor-tância na aquisição de novos conhecimentos.

Segundo Valente (1998), diante de uma si-

tuação problema, o aprendiz tem que utilizar toda sua estrutura cognitiva para descrever para o computador os passos para a resolu-ção do problema, utilizando uma linguagem de programação. A descrição da resolução do problema vai ser executada pelo computador. Essa execução fornece um feedback somente daquilo que foi solicitado à máquina. O apren-diz deverá refletir sobre o que foi produzido pelo computador; se os resultados não corres-ponderem ao desejado, o aprendiz tem que buscar novas informações para incorporá-las ao programa e repetir a operação.

Com a realização desse ciclo, o aprendiz tem a oportunidade de encontrar e corrigir seus próprios erros e o professor entender o que o aprendiz está fazendo e pensando. Portanto, o processo de achar e corrigir o erro constitui uma oportunidade única para o alu-no aprender sobre um determinado conceito envolvido na solução de um problema ou so-bre estratégias de resolução de problemas.

A realização do ciclo descrição-execução--reflexão-depuração-descrição não acontece simplesmente colocando o aprendiz diante do computador. A interação aluno-computador precisa ser mediada por um profissional-agen-te de aprendizagem, que tenha conhecimento do significado do processo de aprender por intermédio da construção de conhecimen-to, para que ele possa entender as ideias do aprendiz e como atuar no processo de cons-trução do conhecimento para intervir apro-priadamente na situação, de modo a auxiliá-lo nesse processo.

A utilização das tecnologias na educa-ção não deve estar associada a um modismo ou à necessidade de se estar atualizado com as inovações tecnológicas. Esses argumentos servem para maquiar a utilização do potencial pedagógico do computador na educação, pois não contribuem para o desenvolvimento in-telectual do aluno. Seu objetivo deve ser o de mediar a expressão do pensamento do apren-diz, favorecendo os aprendizados personaliza-dos e o aprendizado cooperativo em rede.

Uma sala de aula equipada com compu-tadores, TV, vídeo, aberta e livre ao diálogo, pode se transformar em uma oficina de traba-lho, a partir do momento em que os estudan-tes forem desafiados a buscar soluções para os problemas em colaboração entre os pares e com as facilidades disponíveis pelas tecno-logias. Isto pode fazer com que os estudantes ganhem mais confiança para criar livremente, sem medo de errar.

Assim, a sala de aula pode gerar uma grande equipe para produção e troca de ideias, um ambiente diferente do da sala de aula convencional, onde a fala e a projeção do

Figura 16: Ciclo descrição-execução-reflexão-depuração-

descrição.Fonte: PAPERT, S. A máqui-na das crianças: repensan-

do a escola na era da informática. Porto

Alegre: Artes Médicas, 1994.

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pensamento passam a ter papel fundamen-tal no processo de criação e na aplicação dos conteúdos adquiridos formalmente. A colabo-ração se torna visível e constante, vinda, natu-ralmente, do parceiro sentado junto, frente ao

computador, dos professores que seguem a criação na tela e até mesmo dos outros com-panheiros em volta que, apesar de estarem entretidos em suas criações, prestam atenção ao que acontece em volta.

ReferênciasCARVALHO, Mauro Giffoni. Piaget e Vygotsky: as contribuições do interacionismo. Dois Pontos. Belo Horizonte, n. 24, 1996, p 26 —27.

D’AMBRÖSIO, U. Educação para uma sociedade em transição. Campinas, SP: Papirus, 1999.

LUCENA, M. Teoria Histórico-Sócio-Cultural de Vygostky e sua aplicação na área de tecnologia educacional. In: Tecnologia Educacional. Ano XXVI —N° 141 vol. 26 Abr/Mai/Jun —1998. p. 49 —53.

MARTINS, O. B.; POLAK, Y. N. S. (org) Fundamentos e políticas de educação e seus reflexos na educação a distância. In: Curso de Formação em Educação a distância. UniRede. Brasília: s.e. s.d.

MORAES, Raquel de Almeida. informática na Educação. Rio de Janeiro: DP&A Editora, 2000.

PAPERT, S. A máquina das crianças: repensando a escola na era da informática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.

VALENTE, J. A. Porquê o computador na educação. In: Proinfo. Disponível em <http://www.proinfo.gov.br/testosie/prf_txtie9.htm> Acesso: 20/10/99.

VIEIRA, F. M. S.; ALMEIDA, K. T. C. L. de; FRANÇA, S. D. didática ii. Montes Claros: Editora Unimon-tes, 2010.

VYGOTSKY, L. S. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1982.

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ResumoUnidade i - Apresentou-se a nova sociedade, a da informação, a qual estamos vivendo. Fo-

ram discutidos os principais momentos históricos que contribuíram para culminar no atual de-senvolvimento tecnológico, além de melhor compreender os principais movimentos e momen-tos da nossa contemporaneidade, como o movimento surrealista e o pós 2ª Guerra Mundial. O novo papel da tecnologia foi discutido, com o fim das fronteiras e a proliferação da globalização.

Unidade ii - Nesta Unidade, foram discutidas as correlações entre mídia e educação. O uso da mídia foi apresentado com a finalidade de se compreender a melhor forma de seu uso e os reflexos na educação. A presença da mídia em nosso cotidiano leva à necessidade primordial de preparar esses indivíduos através da educação.

Unidade iii - As características da linguagem da mídia foram discutidas, principalmente as da televisão. Os meios de comunicação e sua influência foram um dos aspectos abordados. Como somos todos educados pela mídia, a escola tem importante papel no sentido de orientar essa influência.

Unidade iV - A informática foi abordada como uma Tecnologia da Informação e Comunica-ção (TIC). A melhoria na qualidade dos serviços, devido à sua contribuição em todas as áreas do conhecimento, proporcionam rapidez e precisão de dados na execução de seus serviços. Mos-trou-se que, através da Internet, um mundo se abre em tempo real. Diferentes formas no envio, recebimento e armazenamento das informações. A E-comunicação, com sua própria linguagem, foi outro aspecto abordado.

Unidade V - Nesta última Unidade, a educação e o atual contexto da nossa era foram discu-tidos. Mesmo com tantas mudanças, a educação permanece inalterada no sentido de confun-dirmos ainda um amontoado de fatos com conhecimento, e professores que ainda insistem em transmitir pouco desses conhecimentos. O novo papel da escola foi abordado, mostrando que a posição estática precisa ser deixada para trás e, em seu lugar, um ambiente “inteligente”, cria-do para a aprendizagem, rico em recurso, onde os alunos possam construir seus conhecimen-tos, segundo o estilo de cada um. O uso das novas tecnologias de informação e comunicação pelos professores, mesmo com a resistência de alguns que ainda acham que as TIC vieram para substituí-los, encontra uma gama enorme de opiniões, inquietudes, acertos e desacertos. Enfim, foi feita uma reflexão acerca do uso desses recursos tecnológicos no processo ensino-aprendiza-gem.

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Pedagogia - Tecnologia Aplicada à Educação

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Pedagogia - Tecnologia Aplicada à Educação

Atividades de Aprendizagem - AA1) A abordagem denominada por Papert de Construcionismo permite que o aprendiz possa construir seu conhecimento através do computador realizando o ciclo descrição-execução-refle-xão-depuração-descrição.Para caracterizar cada uma das etapas deste ciclo, numere a 2ª coluna de acordo com a 1ª.:

1) Descrição ( ) O aprendiz deverá refletir sobre o que foi produzido pelo computador.

2) Execução ( ) Diante de uma situação problema, o aprendiz tem que utilizar toda sua es-trutura cognitiva para descrever para o computador os passos para a resolução do problema.

3) Reflexão ( ) O aprendiz deverá refletir sobre o que foi produzido pelo computador. Se os resultados não corresponderem ao desejado, o aprendiz tem que buscar novas informações para incorporá-las ao programa e repetir a operação.

4) Depuração ( ) A descrição da resolução do problema vai ser executada pelo computador. Essa execução fornece um “feedback” somente daquilo que foi solicitado à má-quina.

2) Identifique no exemplo abaixo, as etapas do ciclo descrição-execução-reflexão-depuração--descrição.Os alunos da professora Sara pretendem apresentar a pesquisa sobre “clonagem”. Resolveram, então, fazer uma apresentação no computador para ser disponibilizada no projetor multimídia.

a) O computador executa o comando dado pelos alunos ________________b) Utilizando o programa “PowerPoint” os alunos descrevem para o computador os comandos para produzirem a apresentação____________________.c) Os alunos perguntam à professora como podem diminuir o tamanho da fon-te_____________________.d) Os alunos observam a apresentação e verificam que o tamanho da fonte ficou muito gran-de_______________________.e) A professora Sara ensina os alunos a selecionarem o texto e a diminuírem a fonte, os alunos seguem as orientações da professora e diminuem a fonte.___________________________.

3) Todos os itens abaixo se referem aos objetivos do uso do computador na educação, segundo uma concepção construtivista de aprendizagem, exceto:

a) ( ) mediar a construção do processo de conceituação dos alunosb) ( ) promover a aprendizagemc) ( ) facilitar o processo ensino-aprendizagemd) ( ) enriquecer ambientes de aprendizagem

4) O que é comunicação de massa?

5) Explique como é possível sermos universais e tribais no mundo contemporâneo:

6) Quem dita o chamado pensamento único da nossa era atual? Justifique sua resposta.

7) Quais são as características da televisão? Como explorá-las na sala de aula?

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UAB/Unimontes - 2º Período

8) Informação gera conhecimento? Como fica o conhecimento adquirido através do hipertexto da internet?

9) Explique o que seria o teletropismo de Berger.

10) Quais problemas uma pessoa pode vir a ter com o mundo virtual?

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