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AJES - FACULDADE DO VALE DO JURUENA BACHARELADO EM PSICOLOGIA JÉSSICA CAROLINE GORGES CARACTERIZAÇÃO DAS CLÍNICAS-ESCOLAS DE ATENDIMENTO PSICOLÓGICO: Uma Revisão de Literatura Juína - MT 2018

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AJES - FACULDADE DO VALE DO JURUENA

BACHARELADO EM PSICOLOGIA

JÉSSICA CAROLINE GORGES

CARACTERIZAÇÃO DAS CLÍNICAS-ESCOLAS DE ATENDIMENTO

PSICOLÓGICO: Uma Revisão de Literatura

Juína - MT

2018

AJES - FACULDADE DO VALE DO JURUENA

BACHARELADO EM PSICOLOGIA

JÉSSICA CAROLINE GORGES

CARACTERIZAÇÃO DAS CLÍNICAS-ESCOLAS DE ATENDIMENTO

PSICOLÓGICO: Uma Revisão de Literatura

Monografia apresentada ao Curso de Bacharelado em Psicologia da AJES – Faculdade do Vale do Juruena, como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Psicologia, sob a orientação da Profa. Ma. Amanda Graziele Aguiar Videira.

Juína - MT

2018

AJES - FACULDADE DO VALE DO JURUENA

BACHARELADO EM PSICOLOGIA

GORGES, Jéssica Caroline. Caracterização das clínicas-escolas de atendimento

psicológico: Uma Revisão de Literatura. Monografia (Trabalho de Conclusão de

Curso) – AJES - Faculdade do Vale do Juruena, Juína-MT, 2018.

Data da defesa:

Membros Componentes Da Banca Examinadora:

Presidente e Orientador: Profa. Ma. Amanda G. Aguiar Videira

ISE/AJES

Membro Titular: Larissa Assunção Santos

ISE/AJES

Membro Titular: Albérico Cony Cavalcante

ISE/AJES

Local: AJES - Faculdade do Vale do Juruena

AJES - Unidade Sede, Juína-MT

DECLARAÇÃO DO AUTOR

Eu, Jéssica Caroline Gorges, portadora da Cédula de Identidade- RG

n°2395699-2 SSP/MT, e inscrita no Cadastro de Pessoas físicas do Ministério da

Fazenda – CPF sob nº 048.558.561-85, DECLARO e AUTORIZO, para fins de

pesquisa acadêmica, didática ou técnico-científica, que este Trabalho de Conclusão

de Curso, intitulado Caracterização das clínicas-escolas de atendimento psicológico:

uma revisão de literatura pode ser parcialmente utilizada, desde que se faça

referência à fonte e ao autor.

Autorizo ainda a sua publicação pela AJES, ou por quem dela receber a

delegação, desde que também seja feita à fonte a ao autor.

Juína, 23 de novembro de 2018.

___________________________________________________________________

Jéssica Caroline Gorges

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho especialmente a minha família. A

minha mãe Olair, ao meu Pai Alberto e ao meu irmão

Matheus que sempre me ajudaram e me apoiaram em todas

as etapas da minha vida, principalmente no término deste

trabalho.

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus, pela saúde e força para superar todas as

dificuldades durante esse período de graduação de muita luta e esforço para que

assim, pudesse concluir esse sonho.

A toda a minha família que são meu alicerce, meu porto seguro, meu refúgio

em todos os momentos de angústia e aflição.

A minha mãe Olair, mulher guerreira, que desde o início dessa caminhada

esteve sempre junto a mim, me apoiando e incentivando para que esse sonho se

concretizasse.

Ao meu Pai Alberto, homem de honestidade ímpar, que mesmo distante

também se fez presente nesta jornada com seu incentivo e apoio nos momentos de

desânimo, confiando cegamente em minha capacidade.

Aos meus Avós Dirce e Gilberto, que sempre vibraram com cada etapa

vencida, demonstrando sempre preocupação e interesse os meus estudos e

superando a saudade por estar longe.

Ao meu irmão Matheus, pelo apoio e companheirismo.

A minha orientadora prof.ª Ma. Amanda Graziele Aguiar Videira, pelo

acolhimento, ensinamentos, suporte e incentivo desde o início quando abraçou

minhas ideias e proposta para este trabalho, no qual se disponibilizou a auxiliar e

contribuir com seu conhecimento, muitas vezes minimizando a ansiedade. Em tão

pouco tempo, já és muito especial!

Aos meus colegas de turmas (que foram vários) mas, em especial minhas as

minhas amigas Benaya, Karoliny e Kassiane que pude em vários momentos

compartilhar medos e receios diante os trabalhos, apresentações e estágios, na qual

estiveram sempre me acalmando e dando suporte.

A minha amiga Grasiele Alves, que apesar das diferenças e a distância,

sempre me deu o total apoio com suas palavras de conforto e motivação para que

eu pudesse chegar até aqui.

À todos os envolvidos, minha eterna Gratidão!

“O principal objetivo da Terapia Psicológica não é transportar o

paciente para um impossível estado de felicidade, mas sim ajudá-lo

a adquirir firmeza e paciência diante do sofrimento. A vida acontece

no equilíbrio entre a alegria e a dor. Quem não se arrisca para além

da realidade jamais encontrará a verdade” (C. G. Jung).

RESUMO

O objetivo deste e trabalho é apresentar as características das clínicas-escolas de atendimento psicologico quanto aos trabalhos realizados dentro das Instituições de Ensino Superior para a formação profissional dos psicólogos. Realizou-se uma revisão de literatura através de base de dados eletrônicas: Scielo e Pepsic. As clínicas-escolas de psicologia foram criadas através da Lei 4.119 que dispõe sobre a formação do futuro profissinal psicólogo e oferece para a comunidade serviços gratuitos ou com baixo custo. Os serviços psicológicos em IES pode contribuir para a elaboração e execução de programas para a prevenção e aumento da qualidade de vida da população que recebe por esses serviços, matendo-se, sempre atualizada e acompahando de forma ativa e efetiva o curso de graduação em psicologia. Nesta pesquisa, pode-se observar o quanto as clínicas-escolas são importantes não só para a formação de psicólogos mas, também para as intituições que ofertam serviços de atendimento psicológico para população carente.

Palavras-chave: psicologia; clínica-escola; formação acadêmica.

ABSTRACT

The objective of this work is to present the characteristics of the clinic-schools of psychological care regarding the work carried out within the Higher Education Institutions for the professional training of psychologists. A review of literature was made through the following electronic databases: Scielo and Pepsic. Psychology clinic-schools were created through Law 4.119 which provides for the training of the future professional psychologist and offers the community free or low cost services. The psychological services in HEI can contribute to elaboration and execution of programs for prevention and increase of population’s life quality, that receives for these services, being always updated and following in an active and effective way the undergraduate course in psychology. In this research, it can be observed how clinic-schools are important not only for the training of psychologists but also for the institutions that offer psychological services for the needy population.

Keywords: Psychology; School Clinic; Academic Formation.

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ANPEPP Associação Nacional de Pesquisas e Pós-Graduação em Psicologia

BVS – Psi Biblioteca Virtual em Saúde – Psicologia

IES Instituto de Ensino Superior

TDAH Transtorno de Déficit de Atenção Hiperatividade

TCC Terapia Cognitivo Comportamental

USP-SP Universidade de São Paulo

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................. Erro! Indicador não definido.

1 JUSTIFICATIVA ....................................................................................................... 8

2 OBJETIVOS ............................................................................................................. 9

2.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................... 9

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................. 9

3 METODOLOGIA .................................................................................................... 10

3.1 TIPO DE ESTUDO .............................................................................................. 10

3.2 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO ........................................................ 10

4 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 11

4.1 CLÍNICAS-ESCOLAS DE PSICOLOGIA ............................................................. 11

4.2 SERVIÇOS OFERECIDOS PELAS CLÍNICAS-ESCOLAS DE PSICOLOGIA .... 13

4.2.1 Triagem ............................................................................................................ 14

4.2.2 Psicodiagnóstico .............................................................................................. 15

4.2.3 Intervenção Psicológica.................................................................................... 15

4.2.4 Supervisão Clínica ........................................................................................... 16

4.3 CARACTERIZAÇÃO DOS SERVIÇOS PRESTADOS POR DIFERENTES

REGIÕES: CLIENTELA E QUEIXAS. ....................................................................... 17

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 23

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 24

6

INTRODUÇÃO

As clínicas-escolas de atendimento psicológico desempenham um importante

papel na formação acadêmica do psicólogo. No Brasil, essa prática foi efetivada a

partir da regulamentação do curso de Psicologia em 1958 pela Faculdade de

Filosofia, Ciências e Letras da USP-SP, embora o mesmo só viesse ser autorizado

oficialmente em 27 de agosto de 1962 através da Lei 4.119 (RUBIANO, 2005 apud

AMARAL, et al. 2011).

Nessa época, o principal objetivo dos serviços das clínicas-escolas eram

atender as necessidades para formação dos futuros profissionais Psicólogos.

Independentemente do momento histórico, caracterizar centros de formação e

serviços de clínicas-escolas encarregadas pela prestação de atendimento

psicológico e qualificação de profissionais possibilita tanto a identificação das

características do ensino prestado durante o treinamento de acadêmicos-estagiários,

como também, a efetividade do próprio atendimento oferecido à comunidade

(CUNHA & BENETTI, 2008).

Nos dias atuais, as clínicas-escolas oferecem aos acadêmicos o exercício de

seu conhecimento em forma de prática e procuram atender à comunidade de

maneira gratuita, ou com atendimento de baixo custo (PORTO, et al. 2014). Os

trabalhos realizados com atendimento psicológico têm demonstrado uma

necessidade em conhecer os aspectos e a amplitude de sua clientela atendida,

avaliar as intervenções psicológicas oferecidas e propor novas estratégiasque

possam produzir informações sobre as condições e tratamentos de saúde mental

das comunidades, dada a relevância desse serviço (CUNHA & BENETTI, 2008).

Com isso, é necessário que as clínicas-escolas se mantenham atualizadas e

façam um acompanhamento ativo e eficiente para os cursos de graduação em

Psicologia. Pois, elas não podem estar distantes das relevantes transformações

sociais, econômicas e políticas nas quais passam a sociedade. Sendo que as

mesmas também necessitam estar abertas para inovações teóricas, metodológicas e

cientificas que possam aprimorar e qualificar de maneira positiva o trabalho

profissional (PORTO, et al. 2014).

Além das clínicas-escolas ofertarem benefício para a comunidade, deve-se

considerar também, que a caracterização tanto da população, quanto dos serviços

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psicológicos em IES pode auxiliar na elaboração e execução de programas de

prevenção e aumento da qualidade de vida da população que recebe estes serviços

(WIELEWICKI, 2011).

Alguns estudos apontam que há uma necessidade de serem repensadas as

práticas oferecidas à clientela das clínicas-escola de atendimento psicológico

brasileira, para que estas sejam adequadas as reais necessidades da população,

indo ao encontro das demandas sociais, políticas e culturais presentes em nosso

dia-a-dia (CUNHA & BENETTI, 2008).

Desta forma, o presente trabalho objetivou descrever através de uma revisão

de literatura as principais características das clínicas-escolas brasileiras de

atendimento psicológico em IES públicas (universidades federais ou estaduais) e/ou

privadas (faculdades e universidades particulares) através de publicações sobre este

assunto. O mesmo foi estruturado através de divisões realizadas em forma de

capítulos que compreendem os seguintes pontos: Justificativa, Objetivos,

Metodologia, Revisão de Literatura e Considerações Finais.

8

1 JUSTIFICATIVA

Atribuída à importância das clínicas-escolas tanto para a formação acadêmica

em Psicologia, quanto para a comunidade que recebe os serviços, notou-se uma

escassez de estudos que retratem o cenário nacional quanto à caracterização dos

serviços prestados a sociedade. Desta forma, a escolha do tema “caracterização das

clínicas-escolas de Psicologia” surgiu através do interesse pela melhor compreensão

de como é realizado o funcionamento das clínicas-escolas em IES no Brasil, assim

como de saber quais são os serviços oferecidos por essas instituições. Pois, esta é

uma prática para a formação do futuro profissional do psicólogo (AMARAL, et al.

2011).

9

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Caracterizar o funcionamento das clínicas-escolas de atendimento psicológico

através de uma Revisão de Literatura.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Caracterizar o funcionamento dos serviços de clínicas-escolas de psicologia

no Brasil quanto:

• À clientela;

• Às principais demandas;

• Às abordagens psicoterápicas utilizadas pelos estagiários e

supervisores;

10

3 METODOLOGIA

3.1 TIPO DE ESTUDO

O presente estudo possui como método de pesquisa a Revisão de Literatura

que tem por finalidade organizar, integrar e avaliar de forma crítica estudos que

sejam relevantes ao tema da pesquisa (KOLLER, et al. 2014).

Para tanto, as buscas foram realizadas nas bases de dados indexadas na

Biblioteca Virtual em Saúde - Psicologia (BVS-Psi), assim como no Google

Acadêmico. As palavras-chave utilizadas foram: serviços de psicologia aplicada,

clínica-escola de psicologia e características das clínicas-escolas de psicologia.

3.2 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO

Critérios de inclusão:

• Estudos publicados na íntegra sem delimitação de tempo (data de

publicação);

• Cenário das IES brasileiras;

• Idioma português (brasileiro).

Critérios de exclusão:

• Materiais que não foram publicados em manuais científicos;

• Materiais que não se adequam ao tema proposto na pesquisa.

.

11

4 REVISÃO DE LITERATURA

4.1 CLÍNICAS-ESCOLAS DE PSICOLOGIA

Os serviços de clínicas-escolas de atendimentos psicológicos são obrigatórios

de acordo com a Lei nº 4.119, que dispõe os cursos de formação profissional e

regulamenta a profissão de psicólogos no Brasil (BORSA, et al. 2012). As clínicas-

escolas brasileiras de atendimento psicológico foram constituídas e organizadas

segundo as necessidades e possibilidades dos encarregados pela educação e

formação do futuro profissional psicólogo, e não, basicamente, pelas necessidades

da população a ser atendida (CAMPEZATTO & NUNES, 2006).

Tais serviços possuem um papel de extrema importância para o campo de

experiência, treinamento e qualificação profissional nos aspectos teóricos, técnicos e

éticos (OLIVEIRA, et al. 2013). Sendo assim, as clínicas-escola oferecem a

comunidade serviços gratuitos ou com baixo custo. Geralmente, o seu corpo clínico

conta com uma equipe administrativa, uma equipe de supervisores e uma equipe de

estagiários diariamente (BORSA, et al. 2012).

Em 2004, quando houve o 12º Encontro de Clínicas-escolas do Estado de

São Paulo, a terminologia “clínica-escola” foi substituída por serviço-escola que teve

como intuito incluir uma grande diversidade de uso ao modo de intervenção do

psicólogo, entretanto, a primeira terminologia ainda é empregada (MELO-SILVA, et

al. 2005 apud AMARAL, et al. 2011).

Os serviços-escolas hoje têm duas finalidades: a primeira é o treinamento de

alunos através da aplicação dos conhecimentos teóricos que são desenvolvidos em

sala de aula; e a segunda é a oferta de atendimento psicológico à população menos

favorecida ou de baixa renda (HERZBERG, 1999 apud AMARAL, et al.

2011).Juntamente a isso, as clínicas-escolas de Psicologia se constituem como

oferta de estágio curricular supervisionado que compõem o curso de Graduação em

Psicologia (MARCOS, 2010).

Pesquisas realizadas sobre as clínicas-escolas brasileiras durante as décadas

de 1980 e 1990 identificaram que existem uma elevada taxa de fuga dos

atendimentos, mostrando que os atendimentos oferecidos são ineficientes e que são

pouquíssimos os casos que recebem atendimento e alcançam os objetivos que são

12

propostos pelas instituições (ANCONA-LOPEZ, 1983; SILVARES, 1996 apud

CAMPEZATTO & NUNES, 2006).

Freitas (2000), evidenciou que as clínicas-escolas e os atendimentos

realizados geralmente são baseados em modelos divergentes da realidade, estando

distanciadas da realidade cultural, assim como das demandas da maioria da

população. Ainda de acordo com o autor, as clínicas-escolas trabalham de maneira

contrária da sua realidade, encontrando-se muitas vezes, distantes da cultura de

determinada população como também de suas demandas.

Dentro desse contexto, é considerável observar também uma variedade de

demandas para os serviços psicológicos dentro de instituições de ensino que

favorecem as ações e intervenções de enfoque multi e interdisciplinar (FREITAS,

2000). Cabe ressaltar que tais clínicas possuem um campo fértil, porém, pouco

explorado por produção de conhecimentos (MARAVIESKI & SERRALTA, 2009). O

que reafirma a necessidade de explorar essa temática.

Outro fator que chama a atenção no contexto das clínicas-escolas é alto

índice de abandono do atendimento psicoterápico. Tais índices podem estar

associados a uma linguagem tecnicista que pode impedir o entendimento entre os

psicólogos e o tipo de cliente a ser atendido. Qualquer “erro” que venha a ser

cometido pelos estagiários e supervisores perante as reais necessidades do cliente

pode fazer com que as clínicas-escolas corram o risco de não atenderem

adequadamente, ou até não oferecerem ao acadêmico-estagiário uma visão mais

adequada sobre o papel do psicólogo (CUNHA & BENETTI, 2008).

Neste caso, é preciso ampliar a escuta psicológica, principalmente em locais

que funcionam diretamente com estagiários graduandos, voltando-se primeiramente

para as realidades dos usuários destes locais. Portanto, estudar, questionar e

conhecer sua clientela é uma forma importante introduzir neste espaço

investigações voltadas para a clínica psicológica (CUNHA & BENETTI, 2008).

A prática em clínicas-escolas tem revelado que durante o intervalo de tempo

entre a inscrição na clínica e o atendimento propriamente dito, o cliente/paciente

pode percorrer uma longa e demorada trajetória. Mas, ao ser atendido, o usuário

demonstra que tanto a queixa apresentada quanto sua motivação já são distintas e

13

diversas das que originalmente o incentivaram à busca pelo serviço (HERZBERG &

CHAMMAS, 2008).

Assim, como as escolas de ensino fundamental e médio, a clínica também

fica geralmente submetida a um calendário letivo, disponibilizado pelas instituições

que é, ao tempo necessário para a formação do acadêmico-estagiário na

aprendizagem de suas diversas modalidades. Com a impossibilidade de suprir a

grande demanda e as crescentes dificuldades financeiras e de locomoção nas

cidades grandes, compõem-se alguns fatores que implicam a ampliação dos tipos de

atendimento e à otimização de recursos disponíveis com base na reflexão sobre a

organização institucional (HERZBERG & CHAMMAS, 2008).

As clínicas-escolas ainda são consideradas como um campo primordial de

ações que visam à prevenção, promoção e intervenção a favor da saúde psíquica de

uma parte da população brasileira que tem no decorrer o tempo de sua existência

(MACEDO, et al. 2010). Sua rotina é considerada como complexa pois, envolve

diversos segmentos e atividades de diferentes formas e maneiras interdependentes

(PERFEITO & MELO, 2003).

As clínicas-escolas de Psicologia têm procurado buscar caminhos singulares

para sua construção de rotinas adequadas a cada instituição e também, para a

procura de soluções adequadas sobre os desafios que lhes são impostos a fim de

cumprir seu objetivo. A sua estruturação em serviços de atendimento, pode

proporcionar reflexões, discussões e servir como exemplo para outras iniciativas

(PERFEITO & MELO, 2003).

Autores como Silvares (1996), e Levandowski (1998), realizaram revisões de

acordo com as produções desta natureza, e puderam constatar que a maioria das

universidades brasileiras não tem desenvolvido estudos sobre este tema.

4.2 SERVIÇOS OFERECIDOS PELAS CLÍNICAS-ESCOLAS DE PSICOLOGIA

Atualmente, as clínicas-escolas de psicologia oferecem a comunidade os

serviços de acolhimento, triagem, psicodiagnósticos e intervenções psicológicas com

diferentes abordagens que, são geralmente ofertadas pelas instituições

correspondentes ou até mesmo, podendo ser escolhida pelo próprio acadêmico

14

estagiário. Todos esses serviços são supervisionados semanalmente, de acordo

com a instituição. E, durante as supervisões, são relatados os casos que estão em

avaliação psicoterapêutica, tendo como objetivo o supervisor fornecer ao estagiário

todos os seus conhecimentos técnicos, científicos e teóricos necessário para o

respectivo aprendizado do estagiário e para um bom aperfeiçoamento sobre o caso

(BORSA, et al. 2012).

4.2.1 Triagem

A triagem é entendida, muitas vezes, como a “porta de entrada” para o

encaminhamento ou a procura dos clientes às modalidades de atendimento

psicológico, tornando, assim, uma importante tarefa em clínicas-escolas, dada por

sua função de escuta inicial, avaliação e encaminhamento. Alguns estudos,

identificam que o uso da triagem como atendimento clínico inicial (espaço de

intervenção), com diferentes abordagens teóricas, que pode ser realizado com um

ou mais encontros (HERZBERG & CHAMMAS, 2008).

As triagens têm se tornado um método de intervenção com uma ampla base

para discussões no grupo de trabalho de Atendimento Psicológico nas Clínicas-

Escola da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia

(ANPEPP). A experiência em triagens de entrevista única indica com frequência que

o cliente/paciente não tem ideia e/ou noção do que pode ser um atendimento

psicológico e não chega, necessariamente, com a expectativa de que este possa

ser, ainda, realizado em longo prazo (HERZBERG & CHAMMAS, 2008).

Através do processo de triagem pode-se promover a conscientização do

paciente, como também da família em relação as suas dificuldades encontradas.

Sendo considerada para o psicólogo um processo de conhecimento de quem

procura por atendimento e que busca, além dos sintomas manifestos, saber quais

são os sofrimentos e onde estão localizadas suas causas. A triagem pode ainda, ser

inserida no processo de psicodiagnóstico que tem início, meio e fim, com

durabilidade de uma ou mais sessões (PERFEITO & MELO, 2003).

A triagem tem dentro dos seus objetivos a coleta de dados, levantamento de

hipóteses diagnósticas, para que assim, o profissional consiga verificar qual será o

tipo de atendimento mais adequado para o paciente, podendo encaminha-lo para um

15

tratamento mais adequado possível (HERZBERG & CHAMMAS, 2009 apud

CERIONI & HERZBERG, 2016).

A triagem deve ser entendida e praticada como algo que seja mais além do

que um momento de conclusão e fechamento ou seja, ela deve ser mais do que uma

mera coleta de dados sistematizados para auxiliar na construção de um possível

encaminhamento. Sendo entendida como um processo com espaço privilegiado

para reflexões, com sentido de permissão para avaliar junto ao indivíduo as

possibilidades de um atendimento psicoterapêutico (SALINAS & SANTOS, 2000).

4.2.2 Psicodiagnóstico

O psicodiagnóstico é considerado como um processo cientifico, limitado no

seu tempo, que utiliza técnicas e testes psicológicos (input), ao nível individual ou

não, para atender problemas à luz de pressupostos teóricos, identificar e avaliar

aspectos específicos, para classificar o caso e prever seu curso possível,

comunicando os resultados (output), na base dos quais são propostas as soluções,

caso a situação permita (CUNHA, 2000 p. 26).

De acordo com Cunha (2000), o psicodiagnóstico se caracteriza como um

processo científico, pois, deve partir de um levantamento prévio de hipóteses que só

serão confirmadas ou não, através dos passos predeterminados e com objetivos

precisos. Podendo ter um ou vários objetivos, que podem nortear o elenco de

hipóteses previamente formuladas, e delimitar a finalidade da avaliação.

4.2.3 Intervenção Psicológica

A intervenção psicológica é considerada como uma das formas de atuação do

psicólogo, que visa alterar comportamentos, pensamentos e emoções, de maneira a

proporcionar uma melhor saúde e qualidade de vida aos pacientes. Devendo ser

estruturada de acordo com a demanda que é observada pela realização da

avaliação psicológica, como também pelo referencial teórico utilizado pelo mediador.

Podendo ser aplicada em diferentes contextos e modalidades como hospitais,

16

escolas, empresas, clínicas e até mesmo em instituições esportivas (SILVA &

ENUMO, 2016).

Através da intervenção psicológica o indivíduo, consegue ter um maior

conhecimento de si próprio, por meio das reflexões, para que este consiga atingir de

maneira satisfatória o bem-estar emocional e uma melhor qualidade de vida.

Permitindo que o indivíduo minimize o seu sofrimento, tristeza e angustia,

fortalecendo assim, sua autoestima e autoconfiança (RIBEIRO, 2017).

Encontra-se associada também a intervenção psicologia a questão da relação

terapêutica entre paciente-psicólogo, que facilita e promove, de uma maneira geral,

a mudança o bem-estar e a segurança em todo o processo terapêutico (LEAL,

PIMENTA, & MARQUES, 2012 apud RIBEIRO, 2017).

Dentro da intervenção psicologia existem algumas variáveis que podem

influenciar na dinâmica da intervenção terapêutica, como: idade, gênero, etnia,

personalidade, influencia (socioculturais, institucionais e familiares), entre outras

(MARQUES, 2012 apud RIBEIRO, 2017).

4.2.4 Supervisão Clínica

A supervisão clínica implica em uma demanda de saber sobre a teoria,

diagnóstico e principalmente sobre a eficácia do atendimento clínico. A supervisão

pode provocar também uma variada produção de saber sobre aquilo que é escutado

no atendimento clínico. As supervisões realizadas em universidades se estabelecem

através de uma exigência curricular que responde a demanda de cada instituição

pelas diretrizes que são propostas pelo Ministério da Educação (MARCOS, 2010).

Entretanto, a supervisão é considerada como um desafio, pois, é através dela

que o supervisor e o supervisionado devem manter uma relação formal e

colaborativa, tendo como objetivo o desenvolvimento, ensino e aprendizagem da

prática clínica (ROTH & PILLING, 2008; BARLETTA, et al. 2011). Vale ressaltar que,

a supervisão não é uma terapia, mas sim, um método de desenvolvimento de

habilidades e reflexão sobre os aspectos pessoais do indivíduo (BARLETTA, et al.

2011).

17

4.3 CARACTERIZAÇÃO DOS SERVIÇOS PRESTADOS POR DIFERENTES

REGIÕES: CLIENTELA E QUEIXAS.

Por mais que as clínicas-escolas ofereçam atendimento psicológico gratuito

ou semi gratuito, aproximam-se as práticas em saúde com as verdadeiras

necessidades da população. Dessa maneira, as características da clientela são

relevantes para a instrumentalização das equipes que atuam em clínicas-escolas,

ajudando-as a montar estratégias para que possa minimizar a evasão dos

atendimentos oferecidos (MACEDO, et al. 2010).

Macedo, et al. (2010), ressaltam ainda que o conhecimento do perfil da

clientela que utiliza os serviços oferecidos nas clínicas-escolas de atendimento

psicológico, possibilita que seus gestores e supervisores possam preparar e

organizar os sistemas de funcionamento do local e, também aperfeiçoar os diversos

treinamentos clínicos dos estagiários, conforme as demandas de cada clientela a ser

atendida.

Como mencionado nos capítulos anteriores, estudos acerca do público infantil

das clínicas-escolas tem maior proeminência nas publicações científicas. Sendo

assim, observou-se que as queixas mais frequentes em relação às crianças com até

5 anos de idade foram as relacionadas ao comportamento agressivo. Já entre 6 a 9

anos foram comportamentos agressivos, oposição e ansiedade/agitação/irritação,

dificuldades escolares como também de aprendizagem, falta de atenção e

desinteresse. Para a idade de 10 a 12 anos, as dificuldades em relação à escola

ainda se mantiveram, mas, os comportamentos agressivos foram verificados como

uma das principais queixas em todas essas idades (WIELEWICKI, 2011).

Na pesquisa realizada pela escritora Ancona-Lopez (1983), sobre o

funcionamento das clínicas-escolas, pode-se chegar a uma conclusão, de que as

Clínicas-escolas funcionam de forma bastante contraditória, na medida em que se

dispõem a oferecer serviços psicológicos a população, na qual a maioria da clientela

é encaminhada ou permanecem a período de longo prazo nas listas de espera por

atendimento. Em sua pesquisa, foi constatado que (54,1%) da clientela abandonou

os atendimentos, e que apenas (4,6%) cumpriram os objetivos propostos pelas

instituições, com alta. Tornando isso, um passo inicial para investigação e

levantamento das características sociodemográficas da população que procura

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pelos serviços, considerando-as como parte essencial para a busca de resultados e

diagnósticos institucionais. Sendo, também o objetivo de proporcionar condições que

favoreçam a formação de seus estagiários e desenvolver pesquisas para auxiliar na

qualidade da formação destes, refletindo na qualidade dos atendimentos oferecidos

(CAMPEZATTO & NUNES, 2006).

Enéas et al. (2000), realizaram um levantamento sobre os atendimentos

realizados no período entre 1997 e 1998 em uma universidade particular paulistana

com o uso da psicoterapia breve em adultos. Foram analisados 448 prontuários, 215

de 1997 e 233 de 1998. Nas suas pesquisas, as mulheres predominaram, sendo a

grande maioria jovem, solteira e com nível superior incompleto. As queixas mais

encontradas foram: dificuldades diversas de relacionamento, perdas (luto) e

ansiedade (AMARAL, et al. 2011).

O estudo de Romaro e Capitão (2003), caracterizou de maneira

sociodemográfica a população que procurou por atendimento psicológico, na clínica-

escola de uma universidade paulista no período de cinco anos. O levantamento

deles indicaram 590 pacientes foram atendidas sendo, que 341 eram mulheres,

jovens e solteiras. As queixas mais frequentes foram: relacionamento, dificuldade

escolar, lidar com perdas e ansiedade (AMARAL, et al. 2011).

O estudo realizado por Macedo, et al. (2010), com adolescentes que

procuraram por atendimento psicológico em uma clínica-escola localizada na

Faculdade de Psicologia, da região metropolitana de uma capital brasileira, através

das fichas de triagem preenchida por estagiários durante a primeira entrevista. Foi

constatado, que não houve uma prevalência entre os sexos. A população do sexo

feminino apresentou (51,1%) e a população do sexo masculino (48,9%)

considerando assim, uma diferença não significativa.

Ainda no estudo de Macedo, et al. (2010), os motivos de busca de

atendimento psicológico por adolescentes do sexo feminino apontaram que

(28,46%) relataram como queixa os problemas afetivos, os quais interferem a

conflitos sociais, familiares, choros frequentes, timidez, sintomas depressivos. Os

adolescentes de sexo masculino não apresentaram uma taxa significativa dos

motivos de busca, mas, elegeram como queixa, os problemas afetivos, não

demonstrando uma oposição entre as demais queixas.

19

Os índices de (10,76%) e (10,52%) corresponderam também a problemas de

conduta e ansiedade. Considerando que, são definidos como problemas de conduta:

comportamentos cruéis, brigas, mentiras, vícios e agressividade. Em relação à

ansiedade são apresentadas queixas como: medos, obsessões, pânico e

nervosismo. Foi constatado ainda dentro desta pesquisa, que as queixas

relacionadas a problemas educacionais, problemas de conduta e problemas de

déficit de atenção hiperatividade atingiram uma taxa prevalente dentre os demais

motivos mencionados em adolescente do sexo masculino, correspondendo a

(42,34%) das queixas relatadas no primeiro momento do atendimento (MACEDO, et

al. 2010).

No estudo realizado por Vivian, et al. (2013), destacou como objetivo

caracterizar o perfil de crianças e adolescentes atendidos no serviço-escola da

região metropolitana de Porto Alegre/RS, no ano 2008 a 2012. Na pesquisa, as

autoras buscaram averiguar os motivos da busca por atendimento psicológico, quem

encaminhou pra tratamento, em qual abordagem foi atendido, prevalência entre sexo

e faixa etária. A pesquisa foi realizada através de uma análise documental descritiva

sobre os prontuários dos pacientes. Participaram desta pesquisa 194 pacientes,

sendo 106 crianças com até 9 anos, 88 entre 10 a 18 anos. Entre 2008 a 2012 foram

atendidos nesta clínica-escola 423 pacientes, sendo 194 crianças e adolescentes,

que corresponde a (45,9%) de toda a população.

Com isso, foi possível analisar que em relação aos atendimentos há

predominância do sexo masculino com (63,9%). Em relação à escolaridade, a

maioria ainda tinha o ensino fundamental incompleto (75,8%). Quanto a faixa etária,

as crianças entre 5 a 9 anos tiveram um percentual bem significante em relação as

outras idades, correspondendo a (45,9%). Sendo, (31,4%) para crianças de 10 a 14

anos, (13,9%) entre 15 e 18 anos e, (8,8%) para crianças com até 4 anos de idade

(VIVIAN, et al. 2013).

Quanto a forma de encaminhamento, notou-se nesta pesquisa que a maioria

buscou por atendimento de forma espontânea (40,2%). Iniciativa está dada na

maioria das vezes, pelos pais ou responsáveis legais. Observou-se que (21,6%)

foram encaminhados por profissionais da saúde como fisioterapeutas,

fonoaudiólogos e dentistas. E (21,1%) encaminhados por profissionais que

trabalham diretamente com saúde mental como: neurologistas, pediatras, psicólogos

20

e psiquiatras (VIVIAN, et al. 2013). A queixa principal que mais se destacou foi a de

transtorno de aprendizagem, com um percentual de (19,6%), seguido de TDAH com

(18%), depressão com (15,5%), ansiedade com (13,4%) e problemas psicossociais e

ambientais com (11,9%), as demais queixas tiveram menos de (10%) de incidência

(VIVIAN, et al. 2013).

Romaro & Capitão (2003), assinalou de maneira sociodemográfica a

população que procurou por atendimento psicológico na clínica-escola da

Universidade São Francisco em São Paulo. Os dados foram extraídos das triagens e

análise dos prontuários, caracterizando-se como uma pesquisa descritiva e de

cunho documental. Sendo considerada as variáveis gêneros, idade, escolaridade e

adesão ao tratamento no período de janeiro de 1995 a dezembro de 2000.

Analisaram-se também as queixas apresentadas, classificando-as em

categorias: imaturidade e atraso do desenvolvimento; dificuldades escolares;

comportamento agressivo; ansiedade/insegurança; problemas de conduta; queixas

sematoformes; problemas metabólicos e neurológicos; dificuldades em lidar com

perdas; dificuldades nos relacionamentos interpessoais; dificuldade de controle dos

impulsos; dificuldades nas relações familiares; comportamento

confuso/bizarro/regressivo; depressão/tristeza; distúrbio de

sono/alimentação/esfíncteres; perfeccionismo/mania de limpeza (ROMARO &

CAPITÃO, 2003).

Na pesquisa, os autores puderam observar que na busca por atendimento, as

pacientes do gênero feminino, foram as que mais predominaram com 341 triagens,

ao equivale a (57,8%) dos casos. Mas, de acordo com a faixa etária, na infância e

início de adolescência quem mais se predominou na procura por atendimento foi o

gênero masculino. Das 590 triagens analisadas, (42%) pertencia à faixa etária de 0 a

14 anos; (7,5%) de 15 a 19 anos e (50,5%) estavam acima dos 20 anos de idade

(ROMARO & CAPITÃO, 2003).

Entre 0 e 14 anos foi atendido 248 pacientes, sendo (65,3%) do gênero

masculino e (34,7%) do gênero feminino. Na faixa etária entre 15 a 19 anos foram

44 pacientes atendidos, com um predomínio de (63,6%) para o gênero feminino. Já

na população de 20 anos ou mais se totalizou em 298 casos de atendimentos, com

um predomínio também no gênero feminino com (76,2%). Na procura por

21

atendimento psicológico a partir dos 50 anos de idade, apresentou apenas (9%) da

população adulta e, apenas 2 pacientes acima de 70 anos procuraram pelos

serviços (ROMARO & CAPITÃO, 2003).

De um total de 590 casos triados, (67,5%) chegaram a concluir o processo

psicoterápico e (32,5%) desistiram. O índice de adesão entre 0 e 14 anos foi de

(72%); entre 15 e 19 anos (57%) e, acima de 20 anos foi de (64%), subindo o índice

para (100%) nas idades acima de 60 anos. Com relação às queixas, 248 crianças

apresentaram, um total de, 1.229 queixas, que correspondem em média 4,95

queixas para cada criança. Já os 44 adolescentes apresentaram um total de 102

queixas, sendo, em média 2,3 queixas por adolescentes (ROMARO & CAPITÃO,

2003).

As queixas mais frequentes para a população infantil foi as dificuldades

escolares com (19%); dificuldades no relacionamento interpessoal com (12,4%);

comportamento agressivo com (10,6%); dificuldades nas relações familiares com

(10,3%) e, distúrbios relacionados a sono, alimentação ou controle dos esfíncteres

com (9,5%). No grupo de adolescente foram: dificuldades no relacionamento

interpessoal com (25,4%); dificuldades nas relações familiares com (22,5%);

dificuldades escolares com (9,8%); distúrbios relacionados ao sono, alimentação ou

controle esfíncteres e as dificuldades em lidar com perdas com (8,8%) (ROMARO &

CAPITÃO, 2003).

4.4 ABORDAGENS TEÓRICAS EMPREGADAS NAS CLÍNICAS ESCOLAS

Existe uma variedade nas abordagens teóricas que são utilizadas como

modalidades terapêuticas oferecidas aos clientes das clínicas-escolas brasileiras. Na

pesquisa, realizada por Vivian, et al. (2013), na clínica-escola da região

metropolitana de Porto Alegre/RS, a abordagem psicanalítica foi aquela que obteve

o maior número de atendimentos, através da psicoterapia psicodinâmica breve com

um percentual de (53,4%), seguindo depois para TCC (Terapia Cognitivo

Comportamental) com 45% e o psicodiagnóstico responsável por (1,6%) dos

atendimentos (VIVIAN, et al. 2013).

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A abordagem oferecida pela Universidade de São Francisco localizado em

São Paulo, é a Psicoterapia Breve para crianças, adolescentes e adultos, realizadas

pelos alunos do 5º ano do Curso de Psicologia, sob supervisão, como a única forma

de atendimento disponível até o momento (ROMARO & CAPITÃO, 2003). Os demais

estudos não relataram qual as abordagens utilizadas nos serviços-escolas de

Psicologia.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através do exposto, pôde-se considerar que as clínicas-escolas são de suma

importância para o aprendizado e desenvolvimento do futuro profissional psicólogo,

pois, é através desses locais que o acadêmico-estagiário coloca em prática tudo

aquilo que ele aprendeu teoricamente em sala de aula. Considera-se ainda, que os

trabalhos realizados dentro das clínicas-escolas de atendimento psicológico têm

demonstrado certa necessidade em conhecer sua clientela através do levantamento

de dados, para que se possa avaliar de maneira cuidadosa seus métodos de

trabalho e intervenções psicológicas oferecidas para a comunidade.

Diante dos artigos analisados, observou-se que há uma prevalência das

clientelas infantis, jovens e adultas, principalmente do sexo feminino com queixas de

dificuldades diversas de relacionamento, dificuldades em lidar com perdas (luto),

dificuldade escolar, ansiedade e comportamento agressivo.

Pode-se observar também que os trabalhos de pesquisas obtiveram sua

maior prevalência na região Sul do Brasil sendo, mais especificamente no Estado do

Rio Grande Sul na região metropolitana da capital Porto Alegre.

Por fim, sugere-se a realização de futuros estudos que abordem sobre este

tema, proporcionando uma variável de informações e conhecimento tanto para os

alunos do curso de Psicologia como também para a comunidade que utiliza desses

serviços de atendimento psicológico, acerca de suas características de

funcionamento e demandas.

Desta forma, os serviços poderão ser analisados de maneira consistente e

será possível visualizar pontos que precisem de reavaliação por parte da área da

Psicologia, para que a boa formação do psicólogo seja assegurada.

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REFERÊNCIAS

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