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AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL E DEPENDÊNCIAS QUÍMICAS 9,0 CRIMINALIDADE: UMA PERSPECTIVA A PARTIR DO CONSUMO DE DROGAS AUTORA: Angela Caneva Bauer [email protected] ORIENTADRODA: PROFA.MA.Marina Silveira Lopes JUÍNA/2014

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AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL E DEPENDÊNCIAS

QUÍMICAS

9,0

CRIMINALIDADE: UMA PERSPECTIVA A PARTIR DO CONSUMO DE DROGAS

AUTORA: Angela Caneva Bauer [email protected] ORIENTADRODA: PROFA.MA.Marina Silveira Lopes

JUÍNA/2014

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AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA

CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO EM SAÚDE MENTAL E DEPENDÊNCIAS

QUÍMICAS

CRIMINALIDADE: UMA PERSPECTIVA A PARTIR DO CONSUMO DE DROGAS

AUTORA: Angela Caneva Bauer [email protected] ORIENTADRODA: PROFA. MA. Marina Silveira Lopes

“Monografia apresentada como cumprimento de requisito parcial para a conclusão do Curso de Pós Graduação em Saúde Mental e Dependência Química, da Faculdade de Ciências Contábeis e Administração do Vale do Juruena”.

JUÍNA/2014

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AGRADECIMENTOS

Quero expressar meus agrade i entos pri eira ente eus pe o do da

vida orage persist n ia e perseveran a que e propor ionou for as para ven er

mais esta etapa.

todos eus fa i iares a igos e o egas de tra a ho e de universidade pe o

onstante apoio e oopera o prestado nesta a inhada que direta ou

indireta ente ontri u ra para este tra a ho de on us o de urso.

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DEDICATÓRIA

irmã, Renat Angela Caneva pelo apoio e amor incondicional.

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RESUMO

Este estudo procura demonstrar a influência que as drogas exercem sobre a criminalidade e como afeta a saúde da população. Esta análise foi baseada em revisão bibliográfica, de literatura já publicada na internet, notícias de jornais e revistas e outras literaturas relacionadas ao tema, identificando os principais problemas causados em virtude da influência das drogas sobre a criminalidade. Inicialmente, foi elaborado um breve histórico sobre as drogas e apresentou-se os principais tipos de drogas, apresentando sua definição, classificação, efeitos e características clínicas. Em seguida foi realizada uma análise sobre o uso de drogas e a criminalidade na nossa sociedade, como forma de demonstrar a influência que as drogas exercem sobre a criminalidade e identificar qual a melhor política a ser adotada em relação às drogas. Atualmente o tráfico de drogas não está associado apenas aos moradores de favelas e morros, muitas vezes desprovidos de educação e cultura formal, mas tem também o envolvimento de muitos jovens de classe média, que vendem drogas para seus amigos e não admitem que isto seja errado. Contudo, o presente trabalho pretende demonstrar que o uso e o tráfico de drogas produzem um grave problema para a sociedade, tanto na sua relação com a criminalidade, quanto à saúde de seus usuários, tendo influências até mesmo na saúde pública do país. Conclui lembrando que a adoção de políticas que objetivem diminuir a criminalidade e amenizar os problemas causados pelo uso das drogas é imprescindível.

Palavras-chave: criminalidade, drogas, violência, saúde.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 06

CAPITULO I: UMA BREVE PERSPECTIVA SOBRE AS DROGAS ........................ 08

1.1 ÁLCOOL: A DROGA AVALIZADA PELA SOCIEDADE....................................... 09

1.2 A MACONHA: UMA ERVA DANINHA? ............................................................... 10

1.3 COCAÍNA E SEUS DERIVADOS ........................................................................ 12

1.3.1 Crack e o Seu Funcionamento ......................................................................... 13

1.4 OS EFEITOS DO ECSTASY ............................................................................... 14

1.5 O LSD, UMA DROGA ALUCINÓGENA............................................................... 15

CAPITULO II: UMA INTERFACE DA VIOLÊNCIA NA CRIMINALIDADE

COTIDIANA .............................................................................................................. 17

2.1 A INFLUENCIA DA CRIMINALIDADE NOS FATORES DE SAÚDE ................... 19

2.2 CRIMINALIDADE E DESIGUALDADE SOCIAL .................................................. 21

CAPITULO III: AS DROGAS E SUA RELAÇÃO COM A CRIMINALIDADE ........... 23

CONCLUSÃO ........................................................................................................... 30

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 31

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INTRODUÇÃO

A criminalidade cresce constantemente em nossa sociedade, alcançado

proporções quase que insustentáveis, tanto que se tornou raro encontrar uma

pessoa que não tenha sido vítima ou que não conheça alguém que tenha sofrido

com a violência.

O presente estudo consiste em um estudo exploratório, retrospectivo de

análise de literatura já publicada, identificando os principais problemas causados em

virtude da influência das drogas sobre a criminalidade. Crimes cometidos por

usuários de drogas é um fenômeno universal, que ocorre em diferentes culturas e

etnias, assim como em diferentes classes sociais e religiões.

O usuário de drogas na tentative de manter seu vício comete roubos, furtos,

se apropria de objetos de sua casa e da casa de parentes para trocar por drogas.

Em contrapartida, o traficante impedido de cobrar na justiça a dívida de droga, acaba

fazendo justiça com as próprias mãos, chegando a matar quem nao paga suas

dividas ou tenta engana-lo.

Diante esse fato é importante elaborarmos um breve histórico sobre as

drogas, apresentando sua definição, classificação e os principais tipos de drogas e

sobre o desenvolvimento da criminalidade, interligando aspectos relacionados a

violencia e as desigualdades sociais. Em seguida foi realizada uma análise sobre o

uso de drogas e a criminalidade na nossa sociedade, como forma de demonstrar a

influência que as drogas exercem sobre a criminalidade e identificar qual a melhor

política a ser adotada em relação às drogas.

Para isso, foi realizada uma busca em literaturas já publicadas sobre a

temática de drogas em forma de livros e em bases de dados Scielo e Lilacs,

uti izando o o estratégia de us a pesquisa no a po “todos os ndi es” e as

pa avras: “drogas i itas; ri ina idade; seguran a pu i a; efeito drogas, violência

ur ana” e e periódi os e sites virtuais que a ordasse a te áti a. De forma a

permitir uma reflexão a em torno da temática abordada, que desencadeou o

presente trabalho de revisão de literatura.

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Contudo, o presente trabalho pretende demonstrar que o uso e o tráfico de

drogas produzem um grave problema para a sociedade, tanto na sua relação com a

criminalidade, quanto à saúde de seus usuários, tendo influências até mesmo na

saúde pública do país.

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CAPÍTULO I

UMA BREVE PERSPECTIVA SOBRE AS DROGAS

Inicialmente o estudo pretende caracterizar os principais tipos de drogas

presentes e consumidas na sociedade. Foram consultados artigos sobre drogas e o

Guia Prático de Psiquiatria de Garcia e Lin (2005) que explicita os efeitos e as

caracteristicas de determinadas drogas, a fim de elaborarmos um breve histórico

sobre as drogas, apresentando sua definição, classificação. Selecionou-se o álcool,

a maconha, a cocaína, crack, Ácido Lisérgico Dietilamida (LSD) e ecstasy, por

serem identificadas como as frequentemente encontradas na sociedade Brasileira

atualmente.

rganiza o Mundia de a de M define droga o o qua quer

su st n ia não produzida pelo organismo que ao ser introduzida no organismo,

interfere sobre um ou mais de seus sistemas produzindo alterações em seu

funcionamento, afetando os processos da mente ou do corpo. De acordo com a Lei

nº 11.343, de 23 de agosto 2006 (Anexo 1), drogas são ainda substâncias ou

produtos capazes de causar dependência, abrangendo também produtos tóxicos

legais que são utilizados de forma excessiva, como o cigarro e o álcool.

São vários os fatores que levam uma pessoa a usar drogas, e muitas vezes a

tornar-se dependente, como: pressão de grupos de amigos, a curiosidade,

desestrutura familiar, o uso de drogas pelos próprios pais, necessidade de

integração social, busca de auto-estima, independência, entre outros.

Marquez e Cruz (2000) demonstram em seu estudo, a partir de levantamentos

epidemiológicos, que é na passagem da infância para a adolescência que

normalmente se inicia o uso das drogas, sendo as principais drogas consumidas o

álcool e o tabaco, podendo variar de acordo com o sexo.

As drogas que causam modificações no estado mental e que atuam sobre o

cérebro, alterando de alguma forma o psiquismo são definidas drogas psicotrópicas,

também conhecidas como substâncias psicoativas.

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As drogas psicotrópias dividem-se em três grupos: depressoras1, estimulantes

e perturbadoras. O Ministério da Justiça do Brasil classifica drogas depressoras

aquelas que fazem com que as atividades cerebrais fiquem lentas, reduzindo a

atenção, atividade motora, ansiedade, concentração, capacidade de memorização e

a capacidade intellectual. O álcool é uma substância lícita, mas seu consumo

frequente e prolongado pode levar ao vício e a doenças graves.

As drogas estimulantes aumentam a atividade cerebral, fazendo com que os

estímulos nervosos fiquem mais rápidos. Proporcionam um estado de alerta

exagerado, insonia e aceleração dos processos psíquicos, causando um estado de

euforia, São elas as anfetaminas2, cocaina, cafeína e tabaco. A cafeína e o tabaco

são estimulantes naturais legalizados. Cocaína e crack são consumidos por vias

intranasais, pela aspiração do pó ou da fumaça, ou de forma injetável e possuem

alto teor de dependência.

Por fim, as drogas perturbadoras ou alucinógenas frequentemente causam

delírios, alucinações e alteração na senso-percepção, produzindo uma série de

distorções qualitativas no funcionamento do cérebro. Uma terceira denominação

para esse tipo de droga é psicotomiméticos, devido ao fato de serem conhecidas

como psicoses as doenças mentais nas quais esses fenômenos ocorrem de modo

espontâneo. Entre eles estão a maconha, alucinógenos, LSD, ecstasy, mescalina e

anticolinérgicos. Essas substâncias são ilegais.

1.1. ÁLCOOL: A DROGA AVALIZADA PELA SOCIEDADE

u a droga depressora que atua no siste a nervoso entra podendo

causar dependência e mudança no comportamento. Seu consumo é antigo, sua

presença é relatada desde os primórdios da humanidade.

1 São drogas depressoras os barbitúricos, benzodiazepínicos, inalantes e opiáceos.

2 As anfetaminas podem ser utilizadas pela medicina como moderadores do apetite, mas também são

usadas sem o aval do médico.

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Apesar de ser uma substancia licita, pode causar dependência e graves

problemas de saúde, se seu consumo for em excesso. Suas consequências podem

também ser correlacionados a atos violentos e acidentes de transito.

O álcool é consumido por via oral através de bebidas comercialmente

disponíveis: cerveja, vinho, vodcas, cachaças, conhaques, whisky entre outros. Os

seus sintomas de intoxicação são correlacionados ao nível de álcool sanguíneo, que

podem cariar de um individuo a outro dependendo do grau de tolerância.

Seus efeitos podem ser divididos em dois períodos, no primeiro: euforia,

desinibição social e intensificação do comportamento, em outro período: depressão,

descontrole motor e emocional e sono. Podendo também em alguns casos chegar a

coma e morte.

Garcia e Lin (2005) postulam que suas características clinicas de intoxicação

incluem: dificuldade na articulação ou pronuncia de palavras (disartria); perda de

coordenação dos movimentos musculares voluntários (ataxia); incoordenação;

prejuízo da memoria ou atenção; amnesia; movimentos oculares oscilatórios,

rítmicos e repetitivos dos olhos (nistagmo); estupor ou coma; labilidade afetiva e

delirium ou alucinose também pode estar presente. Efeitos agudos do consumo do

álcool são sentidos em órgãos como o fígado, coração, vasos e estômago. Em

caso de suspensão do consumo, pode ocorrer também a síndrome da abstinência,

caracterizada por confusão mental, visões, ansiedade, tremores e convulsões.

1.2. A MACONHA: UMA ERVA DANINHA?

a onha é re onhe ida o o a droga i ita ais onsu ida no Mundo

inclusive no Brasil. Seu consumo também é antigo, chegou a ser utilizada pela

medicona por muitos anos, e ainda hoje é utilizada no tratamento de epilepsia e nos

efeitos colaterais do câncer. Os primeiros relatos dessa erva no Brasil datam do

século XVIII quando era usada para a produção de fibras chamadas de cânhamos

(MARQUES & CRUZ, 2000).

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a onha é u a istura de fo has e f ores verdes ou se as da p anta

anna is sativa. prin pio ativo da a onha é o ou tetrahidro ana ino e

geralmente são ingeridos através do fumo de folhas e flores trituradas da planta

Cannabis ou pelo fumo de resina processada, conhecida como haxixe. Pode ser

também consumida através de chá e misturadas na comida ou com outras drogas,

como o crack e a cocaína (GARCIA & LIN, 2005).

Ao inalar a fumaça da maconha, o THC vai diretamente para os pulmões e

minutos depois de inalado, o THC cai na corrente sanguínea, chegando até o

cérebro. Com o uso contínuo o pulmão pode ser seriamente afetado pela maconha,

pois o usuário pode apresentar problemas como bronquite e perda da capacidade

respiratória, em razão da contínua exposição à fumaça tóxica da droga, além de

estarem mais sujeitos a desenvolver o câncer de pulmão, por absorver uma

quantidade considerável de alcatrão (MARQUES & CRUZ, 2000).

Os efeitos do uso da maconha estão diretamente ligados a concentração de

THC na erva consumida, e a reação do organismo do consumidor à presença da

droga. Seus efeitos de intoxicação são de duração relativamente longa, podendo

durar de 6 a 8 horas dependendo da quantidade ingerida.

As características clinicas de intoxicação, de acordo com Garcia e Lin (2005),

incluem: euforia; despersonalização; desrealização; sensação de lentidão de tempo;

coordenação prejudicada; afeto débil ou inapropriado ou risadas; falta de motivação;

conjuntivas injetadas (vermelhidão nos olhos); aumento do apetite; boca seca;

taquicardia; distúrbios da percepção; psicose, incluindo alucinações visuais e

auditivas e delírios paranoides.

Outro efeito ressaltado por algumas literaturas é a diminuição da capacidade

reprodutiva do homem, causado pela diminuída produção de testosterona, que é o

hormônio responsável, entre outras coisas, pela produção de espermatozóides.

Destacar ainda que o seu uso ao longo tempo pode causar redução da capacidade

de aprendizado e memorização, falta de motivação para desempenhar as tarefas

simples do cotidiano.

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1.3. COCAÍNA E SEUS DERIVADOS

A cocaína atua no sistema nervoso central, modificando o pensamento e as

ações das pessoas. Tem como matéria prima a folha de um arbusto denominado

erytroxylon coca. A Erythroxylon coca é uma planta encontrada na América Central

e América do Sul. Essas folhas são utilizadas, pelo povo andino, para mascar ou

como componente de chás, com a função de aliviar os sintomas decorrentes das

grandes altitudes (MARQUES & CRUZ, 2000).

A cocaina é tipicamente aspirada em sua forma de pó, mas também alguns

usuários a diluem e injetam diretamente na corrente sanguínea, o que eleva o risco

de uma parada cardíaca fulminante, que é a chamada overdose. Pode ainda ser

convertida na sua forma de base livre (crack) e ser fumada.

Quando inalada pode causar comprometimento do olfato, rompimento do

septo nasal e complicações respiratórias, como bronquite, tosse persistente e

disfunções severas. Enquanto seu modo injetável pode provocar a contaminação por

doenças infecciosas, como hepatite e AIDS.

Um dos grandes problemas da cocaína é a adulteração do produto, como é

comercializada por peso, normalmente diversas substâncias são acrescidas ao

produto, como por exemplo, talco, água sanitária, soda cáustica, cimento, pó de

vidro, entre outros.

Segundo Garcia e Lin (2005) as características clinicas de intoxicação

incluem: humor eufórico, expansivo, irritável ou lábil; loquacidade excessiva;

ativação psicomotora incluindo movimentos estereotipados, como bruxismo ou o

lamber os lábios; ansiedade ou hipervigilância; ativação autonômica (taquicardia,

aumento da pressão arterial, dilatação da pupila, tremor); transpiração;

manifestações cardiovasculares; psicose incluindo delírios persecutórios ou de

grandeza e alucinações visuais, auditivas ou táteis; delirium e convulsões podem

ocorrer com a intoxicação. O uso frequente também provoca dores musculares,

náuseas, calafrios e perda de apetite e deixa o usuário pré-disposto a infartos.

Ao longo do tempo o usuário pode desenvolver tolerância à droga, isso faz

com que usem progressivamente doses mais altas buscando obter, de forma

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incessante e cada vez mais inconsequente, os mesmos efeitos agradáveis que

conseguia no início de seu uso. Dessa forma, usuário se torna cada vez mais

dependente, o que pode resultar em problemas sérios não só no que tange à sua

saúde, mas também em suas relações interpessoais, afastando-se da família e

amigos, e até mesmo comportamentos infracionais, como participação de furtos ou

assaltos para obter a droga.

É difícil suspender o uso da droga já que o indivíduo tende a se sentir

deprimido, irritadiço, e com insônia. Portanto, quando um usuário opta por parar, ele

deve ser auxiliado por tratamento medico.

1.3.1 CRACK E O SEU FUNCIONAMENTO

O crack é preparado a partir da extração de uma substância alcaloide da

planta Erythroxylon coca com bicarbonato de sódio e que possui formato de

pequenas pedras (MARQUES & CRUZ, 2000). Foi criado com a intenção de causar

uma alteração psicológica no usuário. Seu nome originou-se do barulho provocado

durante sua queima.

É consumida através da inalação da fumaça gerada na queima das pedras, é

fumada em cachimbos. Os usuários normalmente têm os lábios, a língua e a

garganta queimados. Seus efeitos são cinco vezes mais potentes que o da cocaína,

apesar de pouco tempo de duracão. Porém, por se tartar de uma droga

relativamente barata e mais acessível, o crack tem sido cada vez mais utilizado, e

não somente por pessoas de baixo poder aquisitivo, como era caracterizado

anteriormente, mas também por pessoas de todas as classes sociais e em diversas

cidades do país.

Seus sintomas são semelhantes aos da cocaína. Em seu uso contínuo, o

aumento considerável da pressão arterial pode causar ataque cardíaco ou derrame

cerebral e com o passar do tempo, causar cansaço intenso na pessoa, forte

depressão e desinteresse sexual. O organismo do usuário de crack também

desenvolve tolerância à substância, fazendo com que seja necessário o uso de

quantidades maiores da droga para se obter os mesmos efeitos.

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Apesar dos efeitos paranoicos durarem de horas a poucos dias o viciado em

crack acredita que o prazer provocado pela droga compensa qualquer coisa. Sendo

assim, em pouco tempo ele se torna extremamente dependende e faz de tudo para

obtê-la. Por isso, o envolvimento de seus usuarios com o crime é muito maior do que

em relação às outras drogas.

Para superar o vício não é necessária profissional, muita força de vontade e

apoio da família. Pois seu grau de reincidencia é muito alto, mesmo em pacientes

que ficam internados por muitos meses.

1.4. OS EFEITOS DO ECSTASY

O ecstasy é uma droga psicoativa, que foi produzida em 1914 por uma

indústria farmacêutica com o proposito de ser utilizado como supressor do apetite,

apesar de nunca fter sido utilizado para essa finalidade. Nos anos 60, passou a ser

utilizado por psicoterapeutas para elevar o ânimo de pacientes; e na década de 70

começou a ser consumido recreativamente principalmente por estudantes

universitários.

Seus efeitos psíquicos surgem vinte minutos após seu uso, e pode durar em

média oito horas, mas isso varia de acordo com o organismo. Conhecido também

o o “droga do a or” os usuários dessa droga desenvo ve sensa o de

intimidade e de proximidade com outras pessoas, aumento da comunicação,

aumento do estado de alerta, maior interesse sexual, euforia, despreocupação,

autoconfiança e perda da noção de espaço, sensação de bem-estar, grande

capacidade física e mental (GARCIA & LIN, 2005). É utilizado principalmente pelas

classes média e alta, devido ao seu alto custo.

Após o uso da droga ocorrem alguns efeitos indesejados, como aumento da

tensão muscular e da atividade motora, aumento da temperatura corporal,

enrijecimento e dores na musculatura dos membros inferiores e coluna lombar,

dores de cabeça, náuseas, perda do apetite, visão borrada, boca seca, insônia,

grande oscilação da pressão arterial, alucinações, agitação, ansiedade, crise de

pânico e episódios breves de psicose (GARCIA & LIN, 2005). O aumento no estado

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de alerta pode levar à hiperatividade e à fuga de ideias. Nos dias seguintes ao uso

da droga o usuário pode ficar deprimido, com dificuldade de concentração, ansioso e

fatigado.

Apesar do ecstasy ser um droga que não causa dependência facilmente como

muitas outras, o seu uso a longo prazo pode causar muitos prejuízos à saúde. Seu

usuário pode apresentar perturbações mentais e comportamentais, como dificuldade

de memória, tanto verbal como visual, dificuldade de tomar decisões, ataques de

pânico, depressão profunda, paranoias, alucinações, despersonalização,

impulsividade, perda do autocontrole e morte súbita por colapso cardiovascular.

Pode causar ainda, como postulam Garcia e Lin, (2005), lesão no fígado, podendo

evoluir para um quadro de hepatite fulminante, e necessitando de transplante de

fígado. No coração, a aceleração dos ritmos cardíacos e o aumento da pressão

arterial podem levar à ruptura de alguns vasos sanguíneos, causando

sangramentos.

O uso de ecstasy ligado à intensa atividade física, como dançar por várias

horas, pode causar aumento da temperatura corporal e consequente hemorragia

interna, o que pode levar à morte. O aumento da temperatura corporal tem alguns

sintomas como desorientação, parar de transpirar, vertigens, dores de cabeça,

fadiga, câimbras e desmaio.

1.5. O LSD: UMA DROGA ALUCINÓGENA

O LSD é uma droga alucinógena produzida em laboratório, que atua no

sistema nervoso, e por isto produz grandes alterações no cérebro, provocando

fenômenos psíquicos, como alucinações, delírios e ilusões. Adquiriu popularidade na

década de 60, quando não era vista como algo prejudicial à saúde, porém é

consumida ainda hoje em todo mundo por adolescentes e jovens que desejam ter

visões e sensações novas.

O consumo desta droga normalmente é por via oral, porém pode ser injetado

ou inalado. Apresenta-se em forma de barras, cápsulas, tiras de gelatinas e líquida,

micropontos sob formas de desenhos. Seus efeitos podem durar de oito a doze

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horas.

De acordo com Garcia e Lin (2005) suas características clínicas de

intoxicação são: ilusões e alucinações visuais e auditivas; sinestesia: a experiência

de perceber um estimulo sensorial de uma modalidade numa outra modalidade

(ouvir cores ou ver sons); consciência intensificada de estímulos sensoriais;

sentimentos de despersonalização ou desrealização; ideias de referencia; paranoia

ou medo de perder o controle; ansiedade ou labilidade afetiva; ativação autonômica

(dilatação pupilar, taquicardia, sudorese, febre); tremor; visão borrada; sintomas

gastrointestinais (cólicas, flatulência, diarreia); intensificação de sociabilidade com

aumento da fala, preocupações táteis e hipersexualidade.

Os efeitos do LSD dependem do ambiente, da qualidade da droga e da

personalidade da pessoa. É conhecido também com outros nomes como doce,

ácido, gota, papel e microponto.

Contudo, percebe-se que as drogas possuem uma forte influencia sobre o

individuo que vão desde mudanças físicas a comportamentais. Essas drogas

causam também dependência e para manter o vício, os usuarios acabam

cometendo crimes como furtos e roubos, que podem gerar violencia. Não o

bastante, o tráfico e o seu comandande também se envolve nessa situação de

violência, seja cobrando a dívida do usuário ou com a ilegalidade do proprio tráfico,

incrementando a criminalidade.

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CAPÍTULO II

UMA INTERFACE DA VIOLÊNCIA NA CRIMINALIDADE COTIDIANA

A criminalidade vem aumentando constantemente na sociedade de hoje, pois

o simples fato de ligar a televisão em um noticiário ou abrir um jornal, nos coloca

afrante de constantes exemplos de violência. Minayo (2005), descreve a

criminalidade como um fenômeno biopsicossocial complexo e dinâmico que

acompanha toda a história da humanidade e suas transformações, pois é

considerada um problema social desde o mito bíblico da disputa entre Caim e Abel,

que evidenciou condições de disputas de poder na sociedade humana, permeados

por sentimentos de ódio e vontade de aniquilamento de uns pelos outros.

O Ministério da Saúde do Brasil publicou pela Portaria MS/GM no 737 de

16/5/2001 um documento denominado Política Nacional de Redução da

Morbimortalidade por Acidentes e Violências pronunciando o conceito de violência

da seguinte forma: “consideram-se como violências, ações realizadas por indivíduos,

grupos, classes, nações que ocasionam danos físicos, emocionais e espirituais a si

próprios e aos outros” BR IL 2001 p. 7 . e e hante ao da rganiza o

Mundial de Saúde (2002,p.5) que pontuou violência como

o uso da força física ou do poder, real ou em ameaça, contra si próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade, que resulte ou tenha qualquer possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação.

Segundo Challub e Telles (2006) os principais atos de criminalidade no Brasil

no século passado eram referentes a atentados à ordem pública, vadiagem,

desordem e embriaguez. Predominavam os crimes contra pessoa, tais como

homicídio, tentativa de homicídio e lesão corporal e alguns casos de estupro e

atentado violento ao pudor.

Com o tempo, houve um declínio nos índices criminais durante o período pós-

guerra. Mas como ressaltaram Irion, Mietlicki e Bissigo (2003 apud CHALUB e

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TELLES, 2006) a partir da década de 80, houve um aumento da criminalidade

relacionada aos delitos envolvendo drogas e de delitos contra o patrimônio, tais

como tráfico e uso de drogas, roubo, seqüestro e homicídio. Os autores pontuam

que em 1985 grande parte das cidades brasileiras, principalmente as metrópoles, o

tráfico e o uso de drogas foram responsáveis por três vezes mais condenações que

há 20 anos e os crimes contra o patrimônio representaram 57% das condenações.

Mas que nos anos 90 esse aspect estendeu-se também às cidades do interior, em

especial as de fronteiras e as localizadas em rotas de tráfico.

Conforme Minayo (2005,p.20) predominam três correntes que visam explicar

a violência:

(1) De um lado, estão os que sustentam a idéia de que ela é resultante de necessidades biológicas. (2) De outro lado, há também autores que explicam-na a partir, exclusivamente, do arbítrio dos sujeitos, como se os resultados socialmente visíveis dependessem da soma dos comportamentos individuais, ou se a violência fosse resultante de doença mental ou estivesse vinculada a determinadas concepções morais e religiosas. (3) Em terceiro lugar, existem alguns que tratam o âmbito social como o ambiente dominante na produção e na vitimização da violência, onde tomam corpo e se transformam os fatores biológicos e emocionais.

Marín-León e colaboradores (2007b), acreditam que a violência compõe-se

de diversas formas, como por exemplo: exposição frequente de imagens e atos

violentos através de meios de comunicação ou presenciá-la nos relacionamentos

interpessoais; sentimentos de ameaça pela violência, que nos remete a sentimentos

de impotência; e sofrer a violência. Ou seja, o meio no qual a pessoa está inserida

desempenha grande influência sobre suas atitudes, de forma que a qualidade das

interações pessoais determinem o tipo de pessoa que irá se tornar.

Contudo, não há uma definição unaneme da violência e o que leva o ser

humano a praticá-la. Entretanto, foi possível perceber a importancia do

entrelaçamento dos aspectos biológicos, sociais, históricos e psicológicos na

construção de tipos de personalidade e subjetividades, inclusive as que se

consideram violentas. Mediante toda a diversidade de fatores que podem influenciar

a criminalidade atualmente, pretendemos a seguir realizar uma analise das

consequencias da mesma para os fatores de saúde e como ela pode estar ligada as

questões de classe social.

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2.1 A INFLUÊNCIA DA CRIMINALIDADE NOS FATORES DE SAÚDE

Os altos índices de violência, em nível mundial, levaram a Organização

Mundial de Saúde (2002) a considerá-la como um problema de saúde pública. Foi

visto que a violência afeta a saúde ao provocar lesões e traumas físicos, agravos

mentais e emocionais e diminui a qualidade de vida das pessoas e das

coletividades. O aumento da violência ampliou a percepção dos problemas sociais

existentes, sua discussão e o impacto que provocam na qualidade de vida e saúde

da população.

A Organização Mundial de Saúde (2002) pontua ainda através de um estudo

epidemiológico no contexto da atenção primária em saúde, em 14 países, os

diagnósticos psiquiátricos mais comuns foram depressão (10,4%), ansiedade (7,9%)

e transtornos do uso de substâncias psicoativas (2,7%). Sendo os transtornos de

ansiedade e depressão mais freqüentes em mulheres, enquanto os transtornos

devido ao uso de substâncias psicoativas mais freqüentes no sexo masculino.

Além dos agravos mentais e emocionais relacionados a violência, ela também

afeta a saúde ao provocar lesões e traumas físicos. Ribeiro e colaboradores (2009

apud SOUZA et al., 2011), destacaram em um artigo de revisão de literatura no

Brasil e em outros países que a violência estaria associada a pior saúde física,

suicídio, problemas de saúde mental, problemas de saúde reprodutiva, sintomas

somáticos e vários estados clínicos graves, seja como disparador ou como fator de

risco.

As consequências da violência no contexto da saúde enquadra-se no capitulo

XX - Causas Externas de morbidade e mortalidade, do sistema de Classificação

Internacional das Doenças (CID-10); tal categoria abrange uma longa lista de

eventos que podem ser resumidos como homicídios, suicídios, agressões e

acidentes em geral. Entretanto, esta classificação segundo Minayo e Deslantes

(1998,p.36) seria incapaz de dar conta da dimensão e complexidade da violência,

que as autoras des reve o “u fenô eno po iss i o de exp i a o

contraditória, mas permite trabalhar com indicadores capazes de informar e

subsidiar a ões po ti as e so iais”.

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Para Marín-León e colaboradores (2007a) sofrer uma violência, tanto quanto

presenciá-la pode ser associado a problemas psicológicos e sociais, surgimento da

síndrome de estresse pós-traumático; ansiedade, depressão, tristeza profunda e

comportamento de afastamento social. Os autores acreditam que o medo é o

mecanismo que associa tais desfechos negativos à percepção da falta de controle

interno.

Há ainda dentre as variadas formas de manifestação da violência, aquela

voltada especificamente a pessoas portadoras de sofrimento mental e outras

minorias sob forma de estigmatização. Neste caso a saúde mental pode ser

considerada um fator de risco para tornar o indivíduo vítima de violência. Apesar de

trabalhos informativos e de inclusão serem feitos neste ambito da saúde, ainda

existe um estigma relacionado à loucura.

Souza e colaboradores (2011) estudaram as relações entre violência e a

saúde mental, no qual detectaram que a exposição à violência estaria associada a

problemas de saúde mental em crianças e adolescentes, principalmente quando

adicionada com outras desvantagens sociais e familiares. Em alguns casos os

autores caracterizaram a violência como um preditor de transtornos mentais.

No que tange à problemática de gênero, Concha-Eastman e Malo (2007,

apud SOUZA et al., 2011) afirmam que violência contra mulheres grávidas, feitas por

seus parceiros violentos, afeta a saúde da mãe e do feto, fazendo com que as

crianças filhas de mães sujeitas a espancamentos possuem maior risco de virr a

sofrer abusos no futuro.

Dessa forma, cabe aos profissionais de saúde, a população juntamente com

representantes governamentais encontrar alguma resolutividade para ese constante

crescimento da violência, pois é nítido que a violência representa um forte impacto

na qualidade de vida e saúde da população, tanto direta quanto indiretamente.

Cabe ainda estabelecer um olhar que permeie os diversos fatores que podem estar

associados com a situação de violência, tal como a desigualdade social e o trafico

ilegal de drogas.

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2.2 CRIMINALIDADE E DESIGUALDADE SOCIAL

Em análise sobre a desigualdade de renda e a violência com a situação de

saúde no município do Rio de Janeiro, Souza e colaboradores (2011) constataram

que todos os indicadores de concentração de renda eram expressivamente

correlacionados, demostrando que quanto maior a desigualdade de renda pior é a

situação de saúde, sendo que a situação de saude é pior em bairros com maiores

registros de violências.

A análise evidenciou ainda que alta concentração residencial de pobreza

provoca desequilíbrios nas distribuições de renda. Apontou ainda que referente aos

indicadores de saúde, o indicador de homicídios foi mais correlacionado aos níveis

de desigualdade de renda, demonstrando que a questão da violência urbana esta

presente nessas localidades. Por fim os autores concluiram que o crescimento dos

homicídios nas favelas do Rio de Janeiro estariam também relacionados ao aumento

da criminalidade secundária à expansão do narcotráfico.

No estudo desenvolvido por Marín-León e colaboradores (2007b), as

condições sócio-econômicas desfavoráveis associaram-se à violência, pois de

acordo com o estudo as condições inadequadas de moradia, ausência ou a

escasses de escolaridade, desemprego e outras condições de desigualdades

associadas à pobreza podem contribir para a incidencia de que jovens cometam

crimes ou participem indiretamente deles. Segundo Lopes e colaboradores (2003,

apud SOUZA et al., 2001) as populações submetidas a níveis socioeconômicos

desfavoráveis estão mais sujeitas à desenvolverem transtornos mentais comuns.

A existência de fatores, tais como, processos acelerados de urbanização e

industrialização, acesso desigual à rede de saúde, condições inadequadas de

moradia, desigualdade na distribuição de renda, desemprego podem representar um

risco ainda maior na influencia a criminalidade. O alto nivel de consumismo presente

na sociedade atual junto a percepção de pobreza pode induzir as pessoas à

cometerem crimes.

Conte, Oliveira, Henn e Wolff (2007) também estabelecem uma relação entre

os processos de criminalização e a questão social em seus estudos. Acreditam que

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muitas vezes há visões reducionistas ligando drogas e crime, que não contemplam a

complexidade dessas relações, pois segundo os autores drogas e a criminalidade

podem estar ligada a ideais sociais de consumo, como parte de uma rede complexa

de fatores econômicos, políticos e subjetivos “ odis o”.

Em outro estudo realizado por Conte, Conte, Oliveira, Henn e Wolff (2005) foi

ressaltada a mudança do consumo capitalista que se impôs a um novo modo de

ivi iza o o u s ogan que se traduz e “gozar a qua quer usto” e u e

estar individual. Conte et al. (2005,p.127) postulam que esta nova visão de mundo

alterou as construções de identidade e que

essas modificações se expandem e se visualizam de forma ampla nas relações de trabalho, nos espaços urbanos, na relação com o corpo, no convívio social, nas formas de comunicação e nas configurações familiares, entre outros aspectos. Como conseqüência, surgem novas manifestações do sofrimento psíquico, incrementando às subjetividades novos tipos de excessos e desamparos, tais como: estresse, pânico, transtornos alimentares, depressão, violências e toxicomanias.

O consumo atualmente estaria ligado aos fluxos móveis da circulação da

mercadoria, ou seja, as pessoas se sentem bem ao adquirirem o que está na moda,

marcas e embalagens. Isso em um pais como o Brasil, onde tem uma das piores

distribuições de renda do mundo, seria considerado o fator que mais impulsiona a

criminalidade de acordo com os autores.

Contudo, o comercio de drogas em localidades de baixa estrutura e grandes

desiqualdades sociais constitue como um atrativo para jovens com mínimo de poder

aquisitivo. Assim como ressaltam Meireles e Gomes (2009) em seu estudo com

jovens envolvidos no trafico, Os jovens encontram no trafico uma oportunidade em

conseguir sustentar seu consumo. O tráfico de drogas torna-se uma atividade

humana na sociedade de consumo.

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CAPÍTULO III

AS DROGAS E SUA RELAÇÃO COM A CRIMINALIDADE

A partir da revisão de literatura realizada duas relações entre o uso de drogas

e criminalidade ficaram mais evidentes, são elas: a criminalidade ocasionadas pelo

uso de drogas (atos de violência, roubos, acidentes de trânsito) e a criminalidade

gerada pelo tráfico de drogas.

O uso de substâncias psicoativas exercem considerável alterações no

funcionamento mental das pessoas, muitos dos estudos analisados nesta revisão de

literatura pontuaram associação entre o uso de substâncias psicoativas e violência

doméstica, acidente de trânsito e crimes. O tema possui tamanha relevância devido

a magnitude de seus impactos sobre os indivíduos, suas famílias e a comunidade,

podendo gerar problemas de saúde física e mental, problemas legais, relações de

perdas de relacionamentos interpesoais ou econômicas, entre outros.

Em artigo publicado no Jusbrasil, Henrique (2013) pontua que o quadro da

crescente violência de trânsito, contra mulheres e crianças, e mesmo do aumento no

número de homicídios, revela cada vez mais que grande parte dos autores dos

crimes citados estavam sob o efeito de bebidas alcoólicas. Dados da Organização

Panamericana de Saúde (1993, apud MINAYO & DESLANDES, 1998) afirmam que

o álcool está associado à perpetração de 50% de todos os homicídios, mais de 30%

dos suicídios e tentativas de suicídio, e à grande maioria dos acidentes de trânsito.

Assim como os autores Chalub e Teles (2006) postularam que é alta

proporção de atos violentos quando álcool ou drogas estão presentes em

agressores ou em suas vítimas, ou em ambos. O que pode ocorrer também de

acordo com os autores é o envolvimento dos usuários com a violência através da

necessidade cada vez maior da substância, que podem fazer com que eles

cometam crimes como furtos e roubos para sustentar o seu vício, e quando não

conseguem pagar pelo que foi consumido acabam sendo até mortos na cobrança da

dívida.

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De acordo com Chalub e Teles (2006) a incidência de violência doméstica é

mais frequente em usuários de substâncias psicoativas na maioria das sociedades e

culturas, estando presente nos diferentes grupos econômicos. Consistentemente

pode-se observar o uso de álcool ou outras drogas em algum membro da família

antecedente a violência.

Ainda Segundo os mesmos autores, o uso de álcool e outras drogas pode ser

associado também ao aumento de acidentes de trânsito e de infrações penais. Os

autores citam que em Curitiba, Recife e Salvador, foi detectado positividade para

alcoolemia em 61,4% das vítimas não fatais, entre as vítimas fatais, a prevalência de

alcoolemia positiva foi de 52,9%.

Como foi discutido anteriormente neste estudo, um dos efeitos do abuso de

álcool é a intensificação comportamental, que associado a momentos de

agressividade podem itensificar um comportmento transgressor. Entretanto, apesar

do álcool ser apresentado pelos estudos análisados como principal substância

ligada às mudanças de comportamento provocadas por efeitos psicofarmacológicos

que têm como resultante a violência, esistem evidências também de que a cocaína e

seus derivados, os barbitúricos e as anfetaminas podem motivar atitudes,

comportamentos e ações violentas.

Minayo e Deslandes (1998) acreditam que apesar de todas as evidências

apontadas para a relação entre as drogas e a criminalidade, ainda há incerteza

quanto às explicações causais. Principalmente se a presença de álcool ou drogas

nos eventos violentos foi determinante para o comportamento das pessoas

envolvidas. Ou seja, as autoras questionam se as pessoas em estado de

abstinência teriam cometido as mesmas transgressões.

O que os estudos analisados indicam é que a presença de álcool ou drogas

afetam o comportamento das pessoas, e que é a alta proporção de atos violentos

quando o álcool ou as drogas estão presentes entre os agressores e vítimas, ou em

ambas as partes. Assim como salientam Chalub e Teles (2006) esiste um maior

risco de cometimento de delito nas pessoas com transtornos do uso de substâncias

que na população sem diagnóstico psiquiátrico, bem como este quadro poderia ser

agravado pela presença da esquizofrenia.

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Outra questão levantada por Minayo e Deslandes (1998) é o da "vítima

precipitante", na qual o álcool e as drogas podem ser a causa, resposta, ou

mediadores de comportamentos sociais violentos. Como o álcool altera a percepção

das interações sociais, pode acontecer de pessoa alcoolizada provocar

primeiramente seu agressor, aumentando os riscos de desentendimentos entre os

participantes nessa situação. Porém não há estudos suficientes que comprovem ou

investiguem essa posição.

As relações de gênero também podem se tornar mais complexas diante desta

perspectiva das influências ds drogas em atos violentos. Em uma pesquisa sobre o

assunto Collins & Messerschimdt (1993, apud MINAYO & DESLANDES, 1998)

concluíram que as mulheres vítimas de homicídios usavam menos drogas e álcool

do que os homens. E ainda que o uso de álcool pelo homem representa um

significativo fator de risco para a violência entre marido e mulher, mas o uso por

mulheres não foi verificado como um fator de risco nas relações de violência entre

parceiros. Por fim, os autores também verificaram baixas taxas de participação das

mulheres em roubo e em outros comportamentos infracionais e violentos, mesmo

quando sob influência de álcool e drogas.

Outra associações é a denominada de 'motivação econômica' por Minayo e

Deslandes (1998). O crime, neste caso, é visto como uma fonte de recursos para a

compra de drogas ou como aquisição de poder econômico. No Brasil, como

decrevenm as autoras, o crime organizado surgiu e se institucionalizou a partir da

década de 80, o que aumentou as estatísticas de homicídios e espalhou medo pela

população. Tornou-se um mercado de trabalho, principalmente para os jovens

pobres das periferias e favelas, qua não viam oportunidade de conseguir um

emprego formal. Foi então na ilegalidade e no facil acesso ao mercado das drogas

que “ us a sa iar seus sonhos de onsu o status e reconhecimento social

(MINAYO & DESLANDES, 1998, p. 39).

Assim ,como nos Estados Unidos que na década 20 e 30 recrutava homens

jovens, crianças e imigrantes que viviam nos bairros pobres para a Máfia, esse

grupo de risco também foi o preferido pelos narcotraficantes. Os jovens com pouco

poder aquisitivo e modores das favelas ou periferias urbanas, constituia-se como um

p blico ideal para o tráfico devido a sua vulnerabilidade social, principalmnete por já

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estar familiarizado com a violência e as demais relações presentes nesse contexto,

uma vez que cresceram norteados por elas. Contudo, é um grupo selecionado

dentro de um contexto em si violento, com promessas de ganhos fáceis e imediatos,

numa situação de escassez de opções do emprego formal.

A ausência de políticas públicas mais efetivas de combate a drogas, como

sugerem Meirelles e Gomez (2009), torna o mercado do tráfico de drogas uma

opção atraente para jovens empobrecidos, que acabam sendo usados na linha de

frente de um constante combate entre o crime organizado e o Estado.

Meirelles e Gomez (2009), apontam que atualmente jovens de classe média

também começaram a participar desse Mercado, ou seja, o tráfico de drogas não se

contitui como uma atividade realizada apenas por jovens em situação de

vulnerabilidade social, está presente em todas as classes socias e culturas

existentes. Os autores postulam que a Organização Internacional do Trabalho

através de estudos concluiram que a média de idade de jovens que entram para o

tráfico vem diminuindo constantemente, enquanto na década de noventa, a idade

média era entre 15 e 16 anos e, a partir do ano 2000, passou a se entre 12 e 13

anos. Esse número de adolescentes cada vez mais novos, foi esplicado pelos

autores como consequencia do fascínio que o clima de aventura e o porte de armas

podem causar em garotos que crescem em áreas de conflito armado.

Souza e colaboradores (2011) notam em sua pesquisa que o comércio de

drogas tem aumentado significantemente e com ele a violência se concretiza como a

melhor forma para resolver discrepâncias e expandir a participação no mercado. As

autoras Minayo e Deslandes (1998) descrevem que o vínculo mais consistente entre

violência e drogas se encontra no fenômeno do tráfico de drogas ilegais, que muitas

vezes está associado ao tráfico de armas.

Este tipo de ações gera comportamentos violentos entre vendedores e

compradores em uma ampla quantidade de pretextos e circunstâncias, tais como,

roubo de dinheiro ou da própria droga, disputas sobre sua qualidade ou quantidade,

desacordo de preço, disputa de territories, hierarquisação dos envolvidos, grupos de

extermínio, formação de gangs entre outros. O tráfico de drogas potencializa e torna

mais complexo o repertório das ações violentas.

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Além da variabilidade dos efeitos provocados por cada tipo de substância,

devemos considerar ainda os fatores sócio-culturais e de personalidade. Cabe

salientar que a violência tem mais chances de ser exercida em determinados locais

e situações específicas, sob condições específicas, assim como os fatores: peso

corporal, tipo de metabolismo influenciam na mudança de comportamento

produzindo respostas diferentes nos indivíduos. Minayo e Deslandes (1998)

sugerem que a violência quando ocorre sob o efeito de substâncias é

contextualizada, dependendo dos fatores ao qual ela está associada. Sendo assim,

os estudos sugerem que o uso de drogas desempenham um importante papel nos

contextos onde são usados, porém sua influência dependente de fatores individuais,

sociais e culturais. Para Chalub e Teles (2006) os efeitos provocados pelas drogas

também dependem do indivíduos e de fatores orgânicos, socioculturais e de

personalidade, pois pessoas com o mesmo grau de intoxicação têm respostas

emocionais diferentes e condutas diversas.

O crime organizado domina algumas localidades em nosso país. Muitas

vezes as áreas dominadas pelo tráfico de drogas que adota uma postura totalitária,

impondo pelo terror o seu poder. Existem áreas onde a circulação de pessoas é

restringida, como descreveram Souza e colaboradores (2011), essas áreas podem

ser fortemente controlada por traficantes que em algumas localidades impõem

barreiras ou até mesmo pedágio e toque de recolher, que muitas vezes traz

dificuldades cada vez maiores para a realização de ações governamentais, tais

como melhorias da infraestrutura urbana ou prestação dos serviços de sa de.

Minayo e Souza (1999) descrevem essa população como sendo privada de direitos

básicos e sem expectativas de cidadania.

Marin Leon Marín-León e colaboradores (2007a), postulam que o tráfico de

drogas representa um alto risco para a sociedade associada a ele, seja o risco de

morte violenta, à desestruturação da família, à dificuldade de vínculos de trabalho

estáveis, entre outros, que fogem às possibilidades de controle e deterioram a

qualidade de vida de qualquer família. A cidade do Rio de Janeiro, Segundo

Meirelles e Gomez (2009), lidera o ranking dos estados com maior número de

homicídios na população jovem entre 15 e 24 anos de idade desde 199, chegando

atingir em 2004 o índice de 102,8 mortes por cada 100 mil habitantes, estando o

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tráfico de drogas associado a 90% desses homicídios.

Contudo, assim como sugerem Minayo e Souza (1999), não podemos

generalizar uma relação de causalidade entre o uso de drogas e a criminalidade,

pois nem sempre a pobreza e o uso de substâncias ilegais vão ser isoladamente os

responsáveis por eventos de criminalidade ou violência. Através dos estudos

analisados foi possivel detectar que existe sim uma relação entre altas taxas de

violência e uso de drogas em determinados bairros pobres, porém não podemos

deixar de reconhecer a complexidade do contexto social, da dinâmica das

comunidades e das normas culturais historicamente construídas e dos fatores de

personalidade e individualidade. Os eventos uso de drogas não são suficientes

para se concluir sua articulação direta com a violência.

As autoras Minayo e Souza (1999), ressaltam ainda que as drogas podem ser

usadas tanto antes como depois dos eventos violentos, e que por muitas vezes elas

são utilizadas como desculpas para violência, para diminuir a responsabilidade

pessoal ou então para proporcionar um estado emocional que lhes facilite cometer

crimes. Há cada vez mais uma necessidade em analisar detalhadamente o que

realmente acontece quando há um evento violento e são usadas drogas, incluindo

nesse estudos o os motivos e intenções da violência, suas conseuquencias bem

como seus antecedentes.

Uma das soluções que encontramos na midia (MARKMAN, 2013; MELLO,

2014) para o tráfico de drogas ilegais seria legalizar o uso e a comercialização das

drogas consideradas ilícitas. Algumas pessoas acreditam que a legalização das

drogas poderia solucionar o problema da corrupção, a disputa por pontos de

comercialização de drogas, que gera violência, e tantas outras questões causadas

pela venda clandestina. Entretanto, há os que acreditam que o Brasil ainda não está

preparado para uma política de liberação das drogas, pois consideram que primeiro

deve se estruturar e reformar os órgãos policiais, tornando-os mais eficientes e

éticos. Caso contrário, a liberação das drogas provocaria ainda mais violência, pois

haveria uma migração dos criminosos para outros atos ilícitos tais como seqüestros,

roubos etc. Outros dizem ainda que, com a liberação, o consumo de droga

aumentaria muito, causando um grave problema de saúde pública, e o país não está

preparado para enfrentar esse tipo de situação.

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Como se pode concluir, é muito complexo o fenômeno da violência e sua

articulação com as drogas. Sua associação merece estudos mais detalhados e

amplos para que posssamos adquirir maiores conhecimentos e práticas que possam

contribuir para a saúde da população como qualidade de vida e prevenção da

violência.

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CONCLUSÃO

As drogas estão presentes na vida da sociedade ha milhares de anos, porem

sua criminalização tomou forca recentemente. No Brasil o uso de drogas e a

criminalidade é um dos mais graves problemas enfrentados atualmente. Há em

nossa sociedade muitos atrativos para que o jovens ingressem no mundo das

drogas, pois em um pais onde a desigualdade social é gritate, o comercio de drogas

se torna um atrativo como fonte de renda. Entretanto, devemos incentivar os jovens

a buscarem outras alternativas, outros valores senão o consumismo.

Visando não apenas o combate ao crime, mas também a prevenção e a

extinção dessas consequências, há de se implantar um programa de segurança

pública que contemple a repressão e a recuperação ao uso e tráfico de drogas e aos

crimes decorrentes, criar novas politicas de combate ao crime e ao comercio de

drogas. Trabalhar não apenas com investimento em policiais para combater o

crime, mas também com programas que levem informação a população,

principalmente crianças e jovens, com o intuito de afastá-los das drogas e da

criminalidade.

É imprescindível a reestruturação de servIços da rede pública de saúde com

programas de atendimento aos dependentes químicos, para que possamos

promover a sua recuperação e atender aos direitos de cidadania e integralidade das

pessoas. Vale ressaltar ainda a importância de investimentos em outras áreas,

como educação, cultura e lazer, economia e infra-estrutura nas regiões carentes,

como forma de amenizar a desigualdade social e de conscientizar a população para

o uso de drogas e violência.

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REFERÊNCIAS

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