AJES – FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E … · evitar furtos ou desperdícios de recursos...

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0 AJES – FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÃO DO VALE DO JURUENA CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO: FINANÇAS, AUDITORIA E CONTROLADORIA APROVADA NOTA: 9,0 CONTROLE INTERNO NA COOPERATIVA DE CREDITO SICREDI UNIVALES: EXIGENCIAS LEGAIS DO BACEN E AS FERRAMENTAS PARA MALHORIAS NO SISTEMA. Autor: DAIANA BRAZ ZUKOWSKI [email protected] Orientador (a): WILSON ANTUNES DE AMORIM BRASNORTE – MT /2014

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AJES – FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÃO DO VALE DO JURUENA

CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO: FINANÇAS, AUDITORIA E CONTROLADORIA

APROVADA

NOTA: 9,0

CONTROLE INTERNO NA COOPERATIVA DE CREDITO SICREDI UNIVALES: EXIGENCIAS LEGAIS DO BACEN E AS FERRAMENTAS PARA MALHORIAS NO

SISTEMA.

Autor: DAIANA BRAZ ZUKOWSKI

[email protected]

Orientador (a): WILSON ANTUNES DE AMORIM

BRASNORTE – MT /2014

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AJES – FACULDADE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRAÇÃO DO VALE DO JURUENA

CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO: FINANÇAS, AUDITORIA E CONTROLADORIA

CONTROLE INTERNO NA COOPERATIVA DE CREDITO SICREDI UNIVALES: EXIGENCIAS LEGAIS DO BACEN E AS FERRAMENTAS PARA MALHORIAS NO

SISTEMA.

Autor: DAIANA BRAZ ZUKOWSKI

Orientador (a): WILSON ANTUNES DE AMORIM

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Programa de Pós Graduação em Finanças Controladoria e Finanças, do Instituto Superior de Educação da AJES.

BRASNORTE – MT /2014

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RESUMO

A cooperativa é respostas para geração de emprego e distribuição de renda,

possui forma avançada de organização e sociedade. Surgiram para atender

necessidades dos associados para prestação de serviços financeiros. Diante do

exposto torna-se necessário o interesse nas praticas de controles internos e

governança corporativa utilizadas em cooperativas. Existe preocupação quanto à

legislação do Banco Central, normas e resoluções apresentadas por órgãos de

apoio e controle. Através deste estudo, buscou-se identificar através de estudo de

caso a importância do controle interno para o Sistema de Crédito Cooperativo,

especificamente voltado para a Unidade de Atendimento de Brasnorte – MT.

Evidenciou-se com o estudo de caso, as medidas que podem ser adotadas para

reduzir riscos e custos operacionais, adoção de boas praticas de governança

corporativa que auxilia na integração entre associados, conselho de administração e

diretoria todos focados para geração de crescimento correto e ordenado da

cooperativa. O estudo de caso foi elaborado através de questionários buscando

identificar e demonstrar a importância dos controles internos para obtenção dos

objetivos da Cooperativa, a melhorar o desempenho e lucratividade, garantindo que

a mesma esteja de acordo com as leis que a regulamentam.

Palavras chaves: Cooperativismo, Controles Internos e Governança Corporativa.

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LISTA DE QUADROS E TABELAS

Quadro 1 – Diferenças entre cooperativismo e mercantilismo ..................................27

Tabela 1 – Idade dos Colaboradores ........................................................................53

Tabela 2 – Sexo dos Colaboradores .........................................................................54

Tabela 3 – Escolaridade ............................................................................................54

Tabela 4 – Tempo de Cooperativa ............................................................................55

Tabela 5 – 1) A cooperativa possui auditoria interna? ..............................................55

Tabela 6 – 2) Após a auditoria examinar e avaliar os controles internos, são feitas

recomendações objetivas para o seu aperfeiçoamento? ..........................................55

Tabela 7 – 3) A administração e a auditoria tomam decisões a partir dos relatórios

dos auditores internos?..............................................................................................56

Tabela 8 – 4) Existem manuais com definições de responsabilidades de cargos e

órgãos? ......................................................................................................................56

Tabela 9 – 5) Existem manuais com segregação de funções? .................................56

Tabela 10 – 6) Existem relatórios de gerenciamento dos riscos operacionais? .......57

Tabela 11 – 7) Há divulgação e acessibilidade dos manuais de controles internos a

todos os colaboradores? ...........................................................................................58

Tabela 12 – 8) A cooperativa dispõe de código de ética e conduta? ........................58

Tabela 13 – 9) Existem politicas de avaliação periódicas de oportunidades e

ameaças advindas do mundo externo a cooperativa? ..............................................59

Tabela 14 – 10) As responsabilidades dos gestores de área são formalizadas e é de

conhecimento de todos? ...........................................................................................59

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SUMÁRIO

1. INTRUDUÇAO.......................................................................................................05

1.1 Tema e problematica...............................................................................08

1.2 Objetivos .................................................................................................08

1.2.1 objetivo geral ................................................................................08

1.2.2 objetivo especifico .......................................................................09

1.3 Justificativas............................................................................................09

1.4 Metodologia da pesquisa........................................................................10

1.5 Limitação da pesquisa............................................................................11

1.6 Organização do trabalho .......................................................................11

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................12

2.1 HISTORICO DO COOPERATIVISMO .....................................................12

2.1.1 COOPERATIVISMO ........................................................................15

2.1.2 COOPERATIVISMO MODERNO .....................................................16

2.1.3 AS COOPERATIVAS MATO-GROSSENSES .................................18

2.1.4 COOPERATIVAS DE CRÉDITO .....................................................27

2.1.5 LEGISLAÇÃO COOPERATIVISTA .................................................28

2.2 CONTROLES INTERNOS ........................................................................32

2.2.1 Conceitos ........................................................................................33

2.2.2 Categorização .................................................................................37

2.2.3 Instrumento de controle interno: Auditoria Contábil ..................39

2.3 GOVERNANÇA CORPORATIVA ............................................................42

2.3.1 Governança corporativa: Conceitos ............................................43

2.3.2 Estrutura do conselho de administração .....................................45

2.3.3 Governança corporativa em cooperativa de crédito: Atuação do conselho de administração .........................................................47

2.3.4 Ética e práticas de governança corporativa ................................49

2.4 PROJETO DE GOVERNANÇA COOPERATIVA DO BACEM ................51

3. CONTROLES INTERNOS E GOVERNANÇA CORPORATIVA NA COOPERATIVA DE CRÉDITO DE BRASNORTE MT – UNIVALES .......................53

3.1 ESTUDO DE CASO E RESULTADOS DA PESQUISA...........................53

CONCLUSAO ...........................................................................................................60

4.1 RECOMENDAÇÕES ................................................................................62

6.REFERENCIAS ......................................................................................................63

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1 INTRODUÇÃO

Nas mais remotas civilizações os homens já buscavam se organizar em

grupos para atingir seus objetivos e necessidades, esses grupos que deram origem

as organizações.

Com o crescimento desordenado, após a Revolução Industrial, tudo ficou

mais complexo trazendo dificuldades para que os donos administrassem e

coordenassem todas as atividades, quais fossem elas: Segurança do grupo,

comercialização, produção, entre outras.

Para o cooperativismo de crédito não é diferente, pois o uso dos controles

internos são essenciais, visando minimizar riscos, trazendo mais segurança para

executar o trabalho, que é observado em detalhes, com periodicidade continua , com

ferramentas que proporcionam mais exatidão as informações. O agente de controles

internos deve analisar cada setor da cooperativa, para reduzir os riscos de fraudes e

ou erros. Acompanhando a rotina é possível corrigir em tempo hábil os desvios

detectados.

Existe a concorrência entre as cooperativas e bancos comerciais. É preciso

conquistar espeço em um mercado cada vez mais exigente e competitivo, tornando-

se uma instituição com credibilidade, segurança e solidez não é uma tarefa muito

fácil. Para isto a cooperativa precisa de organização, e os controles internos são

fundamentais para melhorar a qualidade dos serviços oferecidos, e um auxilio para

os dirigentes na sua tomada de decisão.

Para FRANCO & MARRA (1992) controles internos são qualquer tipo de

instrumento da organização utilizado para vigilância, fiscalização e verificação

administrativa, permitindo prever, observar, dirigir ou governar acontecimentos de

dentro da empresa que reflitam em seu patrimônio. Para a Cooperativa não é

suficiente apenas indicar o problema, é preciso resolvê-lo. Pois, por se tratar de uma

Cooperativa a ajuda mutua é muito importante. Sem a cooperação entre dirigentes,

cooperados, funcionários, supervisão e ou gerencia não existe controle. E ao

detectar um problema o Agente de Controles Internos juntamente com o responsável

pelo setor ajuda buscar a solução, primando pela transparência das operações e

pela segurança.

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Em 24 de setembro de 1998 a resolução 2.5554/98 do Banco Central do

Brasil apontou para a necessidade do gerenciamento de risco, com foco em risco

operacional, em todas as instituições financeiras. Uma das preocupações foi à

formação de cultura, direcionando atenção de gestores e funcionários para focos

potenciais de riscos e necessidades de controles. Em seguida o Conselho Monetário

Nacional permitiu a entrada de bancos internacionais no Brasil, HSBC por exemplo,

acirrando a concorrência, obrigando as instituições brasileiras a investir na qualidade

de seus produtos e serviços, incentivou a buscar novos parceiros para manterem-se

competitivos no mercado. Tudo isto exigiu dos bancos novas estratégias para

melhorar produtos e serviços, como também a eficiência dos controles internos, pois

com a concessão de crédito o risco é um fator preponderante para manter-se no

mercado.

De acordo com Taylor (apud CHIAVENATO, 1983, p.51-52), existem quatro

princípios da administração e um deles é o controle que consiste em “controlar o

trabalho para se certificar de que o mesmo está sendo executado de acordo com as

normas estabelecidas e segundo o plano previsto”. Tendo a cooperação entre

gerencia e trabalhadores espera-se uma ótima execução dos planos estabelecidos.

O controle ajuda a verificar se tudo esta de acordo com o plano adotado, se estão

seguindo as instruções e planos estabelecidos.

Os controles são estabelecidos para evitar desvios, isso significa, que erros

e procedimentos ilegais serão evitados, e se na ocorrência de algum deles sejam

detectados e corrigidos em curto prazo, pelos próprios funcionários como parte de

suas funções habituais. Espera-se com o um adequado controle nas vendas,

fabricação, tesouraria e outras áreas que os resultados sejam favoráveis e com os

menores desperdícios possíveis.

Os Controles Internos são criados pelas empresas e para elas. Com dever

de estarem em sintonia com as normas e leis vigentes. Deve-se dar atenção

também ao conjunto de normas, sistemas, rotinas e procedimentos que formam o

plano organizacional que tem o objetivo de proteger os ativos, produzindo dados

contábeis confiáveis e ajudar a administração na condução dos negócios da

empresa e/ou Cooperativa. Conforme DÁvila (2002, p. 16) pensando em auditoria,

reconheceu-se que “uma auditoria das demonstrações financeiras com sistemas de

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controles internos efetivos poderia ser efetuada de forma mais eficiente

direcionando-se a atenção para os controles internos.”

Os controles internos podem ser:

• Preventivos – tem por objetivo evitar desperdícios e irregularidades;

• Detectivos – objetivo de detectar erros;

• Corretivos – Com o próprio nome diz serve para corrigir um erro

existente.

Diante do exposto pode se dizer que controle interno é uma maneira de

fiscalizar as atividades de uma determinada empresa por ela mesma. Ele serve para

evitar furtos ou desperdícios de recursos humanos ou materiais, e com o objetivo de

proteger os recursos, assegurando a precisão e confiabilidade de registros

financeiros e contábeis promovendo a eficiência e eficácia nos negócios e dos

funcionários.

A governança corporativa é um outro ponto de importância. Uma ferramenta

de integração entre associados, dirigentes e demais setores de uma cooperativa,

tornou-se um alicerce para o desenvolvimento ordenado e seguro para as

cooperativas de crédito. Não esquecendo da utilização dos princípios cooperativista.

Por ser uma instituição financeira, as cooperativas devem cumprir as

exigências do BACEN – Banco Central do Brasil, implicando na obrigatoriedade de

fiscalização quanto a este cumprimento. E as técnicas que auxiliam esta fiscalização

é a auditoria interna e externa. Para atingir excelência tanto em crescimento quanto

em cumprimento às determinações do BACEN, as cooperativas precisam se

profissionalizar e se organizar. Para isso, entende-se que a implantação e utilização

da auditoria juntamente com os controles internos e a governança corporativa sejam

fundamentais.

Pretende-se ao longo deste estudo discutir sobre importância dos controles

internos, sua eficácia para a cooperativa de crédito de Brasnorte MT.

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1.1 TEMA E PROBLEMATICA

Pela publicação da Resolução 2.554/98 do BACEN, que determina o

gerenciamento de risco, em especial o risco operacional. As instituições passaram a

dar mais atenção em especial para os controles internos. Evitar erros por falhas

humanas é um dos propósitos deste controle, ajudar também a melhorar os níveis

de transparência e de segurança na organização.

O passo inicial da existência e funcionamento dos controles internos é que

os colaboradores, dirigentes e cooperados estejam dispostos a por em prática tais

controles. Um diferencial num mercado competitivo é oferecer produtos e serviços

de qualidade.

A utilização de governança corporativa auxilia a cooperativa para ter uma

gestão competente. Os princípios cooperativistas determinam que a cooperativa

deva agir de modo transparente, ter gestão democrática e preocupação com a

comunidade onde está inserida.

Os controles internos podem assegurar a manutenção e a melhoria de um

sistema de gestão econômico financeiro em busca da excelência em serviços e

resultado para a cooperativa.

Desta maneira tem-se como problema: Os Controles Internos da Sicredi

Univales – UA Brasnorte são eficazes? Qual a importância dos controles internos

para a Cooperativa?

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo geral

Com a intenção de desenvolver um estudo descritivo e exploratório na

cooperativa de crédito Univales de Brasnorte MT, o objetivo geral é verificar os

benefícios que os controles internos podem trazer para a cooperativa de acordo com

os normativos do BACEN.

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1.2.2 Objetivos específicos

Pensou-se de inicio descrever somente os controles internos praticados pela

cooperativa, mas ao praticar tal controle existem benefícios os quais serão expostos

neste estudo.

Portanto, os objetivos específicos deste trabalho são:

• Identificar quais os controles internos praticados pelo Sicredi Univales –

UA Brasnorte.

• Identificar os benefícios que os controles internos podem trazer para a

Cooperativa.

• Identificar mecanismos que geram informações de controles internos

para apoio e aperfeiçoamento do processo de gestão.

1.3 JUSTIFICATIVA

O crescente aumento da concorrência fez com que as instituições

financeiras investissem em qualidade dos seus produtos e serviços para manter-se

competitivas. Esta realidade tem exigido a adoção de estratégias inovadoras, não

apenas para posicionar seus produtos e serviços, mas em controles internos mais

eficiente.

O controle interno em uma cooperativa pode ajudar no atingimento dos

objetivos de desemprenho e lucratividade, evitando perdas e recursos. Pode ajudar

a garantir informações financeiras confiáveis. Manter a cooperativa no caminho

correto em conformidade com as leis e regulamentos, evitando danos a sua

reputação e outras consequências.

Com o grande numero de cooperativas novas, e na maioria dos casos o

crescimento destas cooperativas é expressivo, é possível encontrar um despreparo

por parte dos administradores e colaboradores. Com a utilização dos controles

internos juntamente com a governança corporativa, busca-se minimizar esta

ocorrência de erros e trabalha-se de uma forma mais transparente.

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1.4. METODOLOGIA DA PESQUISA

Para a metodologia da pesquisa leva-se em conta a finalidade, a natureza, o

objetivo, os procedimentos da coleta de dados a forma de coleta-los e os tipos de

abordagens.

Quanto a natureza é uma pesquisa qualitativa, pois os resultados podem

contribuir para mudanças de um grupo por exemplo e em maior profundidade a

entender o comportamento dos indivíduos como explicou Richardison (1999).

Quanto finalidade é aplicada, dirigida à solução de problemas específicos e

envolvem verdades de interesses locais.

Quanto ao objetivo classifica-se como exploratória ajudando o pesquisador a

ter maior conhecimento sobre tema, e ou problema de pesquisa.

A realização será em campo e para coleta de dados utilizou-se de artigos,

revistas, livros, monografias e outras publicações em sites de pesquisas, de

instituições, órgãos e cooperativa para formulação de conceitos e métodos de

controles internos. Neste sentido buscou-se analisar: material teórico sobre controles

internos em cooperativas de crédito, identificar a legislação relativa ao cooperativos

de crédito e pesquisar os controles internos como instrumento de apoio no processo

decisório para aperfeiçoamento de gestão.

Quanto aos procedimentos, classifica-se como estudo de caso, ou seja,

estudo dos controles internos da Cooperativa de Crédito Sicredi Univales UA de

Brasnorte – MT. Que é considerado o preferido pelos pesquisadores que desejam se

aprofundar em conhecimento de um caso em especifico.

Será aplicado um questionário semi-estruturado. Na primeira parte do

questionário foram levantadas questões para conhecer o perfil do colaborador e as

demais questões adaptadas do Projeto Governança Corporativa do BACEN, a

serem apresentado ao longo do estudo juntamente com os controles internos.

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1.5 LIMITAÇÃO DA PESQUISA

Este trabalho apresentou algumas restrições, principalmente quanto a falta

de biografia impressa na nossa cidade, por estar em horário de trabalho não foi

possível ir a outra cidade para ter acesso a uma biblioteca completa.

Quanto a limitação deste estudo, cabe ressaltar que o mesmo está dirigido

às cooperativas de crédito e para que possa ser utilizado em outras empresas , ou

mesmo em outras cooperativas, faz-se necessário realizar as devidas adaptações.

1.6 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

Divido em quatro capítulos. O primeiro introduz ao tema da pesquisa, suas

justificativas, objetivos, limitações para realização do estudo bem como a

metodologia utilizada para a realização do mesmo.

O segundo capitulo aborda os fundamentos teóricos, apresentando

conceitos de cooperativismo, surgimento, histórico, conceitos, categorias e a

auditoria como instrumento de controle interno.

O terceiro é apresentado o estudo de caso realizado na cooperativa de

crédito Univales de Brasnorte MT.

O quarto apresenta considerações finais e recomendações, seguido das

referencias.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Os fundamentos teóricos contidos no presente capitulo fundamentam os

objetivos desta monografia. Procuram-se definir através da percepção de alguns

autores, os conceitos e históricos do cooperativismo, controle internos e governança

cooperativa.

2.1 HISTÓRICO DO COOPERATIVISMO

A primeira cooperativa de credito brasileira foi constituída em 28 de

dezembro de 1902 em Nova Petrópolis – Rio Grande do Sul atual Sicredi Pioneira

RS.

A Criação da primeira Central de Caixas Rurais aconteceu em setembro de

1925 denominada União Popular do Rio Grande do Sul, chegando a 66cooperativas

até 1964. E em 1967 esta central passa a ser Cooperativa de Crédito Sul Rio-

Grandense, Atual Sicredi Metrópolis RS.

Com o passar dos anos surgiram novas cooperativas em diferentes estados

e em 5 de setembro de 1989 foi constituída a Cooperativa Central de Crédito Rural

de Mato Grosso – Cocecrer/MT, atual Central Sicredi MT. Em 10 de Julho de 1992,

por decisão de todas as cooperativas a Cocecrer /RS e suas filiadas passam a dotar

a marca Sicredi, como forma de unificação de identidade.

Em 16 de outubro, foi criado o primeiro banco cooperativo privado brasileiro,

o Banco Cooperativo Sicredi S.A, constituído pelas cooperativas filiadas a Central

Sicredi RS, autorizado a funcionar pelo Conselho Monetário Nacional (resolução

n°2.193/95). As operações do banco começam em 03 de junho de 1996. No fim do

ano, mais precisamente em 13 de dezembro as cooperativas do Paraná e do Rio

Grande do Sul unem-se para fortalecer o banco, passando a ser um banco

interestadual.

Em 1999 o Banco Cooperativo Sicredi é autorizado a realizar operações de

crédito rural, com encargos equiparados pelo Tesouro Nacional. Em 2001 o banco

começa a participar na BC CARD – Administradora de Cartões dos Bancos

Cooperativos Ltda. Em 2005 constituídas a Fundação Sicredi e a Administradora de

Consórcios Sicredi Ltda. Em 2006 a o banco adquire as quotas do Bancoob na BC

CARD mudando a razão social para Administradora de Cartões Sicredi Ltda.

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Ainda em 2000 é constituída a Confederação Sicredi que presta serviços ao

sistema e entidades conveniadas, criada também a Corretora de Seguros Sicredi

Ltda. Em 30 de novembro do mesmo ano é aprovada a resolução n° 2788/00 pelo

Conselho Monetário Nacional, permitindo aos bancos cooperativos a transformarem-

se em bancos múltiplos. Em 25 de junho, é aprovada a resolução n°3.106/03,

permitindo a livre admissão dos associados às cooperativas de crédito.

Em 2008 se dá aprovação do Projeto de Reestruturação Organizacional e de

Governança do Sicredi, que é o condutor para realizar os projetos apresentados

abaixo:

• Constituída em 10 de outubro de 2008 a Sicredi Participações S.A.

Garantindo a participação formal das cooperativas de crédito na

gestão corporativa, dando aos associados, à sociedade, aos grandes

fundos de investimentos, aos órgãos reguladores e demais

instituições tato em nível nacional ou internacional mais transparência

na estrutura de governança do Sicredi.

• Em 2009 foi concedido à Nova Petrópolis o título de Capital Nacional

do Cooperativismo.

• Em 2010 o Sicredi firmou parceria com o grupo Holandês RABOBANK

Rabo Financial Institutions Development – RD sistema de credito

cooperativo Holandês. Através do Sicredi investe nas atividades

econômicas dos associados e traz uma extensa bagagem de 160

anos de organização.

A Cooperativa Sicredi tem por objetivo estimular a formação poupança, e

através da mutualidade, prestar assistência financeira aos seus associados, além de

prestar serviços de instituição financeira. É liberada para praticar atividades e

operações compatíveis com a modalidade social a qual esta inserida, podendo obter

recursos financeiros de fontes externas como definido pelo artigo 3° do Estatuto

Social da Sicredi Univales.

A cooperativa será administrada por meio de conselho de administração

como designa o Artigo 23° composto por “um presidente, um vice-presidente, um

secretário e no mínimo de mais de três e no máximo dez conselhos vogais, com

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suplentes em número igual aos dos vogais titulares”, obedecendo o processo

eleitoral como disposto no RIS – Regimento Interno do Sicredi.

Com relação ao processo de auto gestão o Artigo 1° § 4° afirma que a

cooperativa poderá utilizar-se de medidas de “monitoramento, supervisão,

orientação administrativo-operacional e do co-gestão temporária, destinas a prevenir

e corrigir situações anormais que possam configurar infrações a normas legais,

regulamentares e internas do Sicredi” ou que ainda acarretem algum tipo de risco a

solidez da sociedade ou do Sicredi. Está autorizada a desempenhar as seguintes

funções ou ações como:

I. Conduzir processo de recrutamento e seleção dos recursos humanos

da mesma; capacitar ou formar membros para órgãos estatutários,

formar funcionários e demais colaboradores.

II. Supervisionar e auditar o funcionamento da Cooperativa. Podendo

examinar livros registro contábeis e outros papéis documentos

relacionados com sua atividade e encaminhar os relatórios que

decorrem da verificação quanto ao surgimento de motivos graves ou

urgentes. Manter tudo a disposição do Banco Central do Brasil.

III. Promover auditoria nas demonstrações financeiras da cooperativa, com

data base de 30 de junho e 31 de dezembro.

IV. Assegurar o cumprimento dos Controles Internos da Cooperativa.

V. Coordenar, com os poderes inerentes, a participação da Cooperativa e

demais filiadas no Serviço de Compensação de Cheques e outros

Papéis, utilizar linhas de liquidez, podendo determinar por decisão do

conselho de administração, e exclusão da Cooperativa se deixar de

cumprir qualquer das regras previstas no convenio especifico.

VI. Instituir e administrar o fundo garantidor de liquidez do Sicredi em

conjunto com o Banco Cooperativo Sicredi S.A.

VII. Acompanhar, diretamente, por profissional que desegnar – a quem a

Cooperativa deve conferir os necessários poderes gerenciais e

assegurar plenas condições de trabalho -, a administração desta,

temporariamente, quando o quadro de irregularidades ou a situação

econômico-financeira representar risco para a solidez da própria

Sociedade ou do Sicredi.

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2.1.1 COOPERATIVISMO

A necessidade de se viver em comunidade e o senso da coletividade fizeram

com que as pessoas evoluíssem e buscassem melhorar através da convivência a

sua qualidade de vida.

Existem registros de ações de cooperação na antiguidade. No Império

Romano a cooperação era conhecida pelo termo colégio, assim como no Império

Babilônico encontraram registro no código de Hamurabi que identificava a possível

existência associações cooperativas, conforme registra Oliveira N. (1979, p. 16), que

diz ainda que o exemplo mais remoto de associações mutuas cooperativas foi

encontrada na Palestina. Entre os Astecas que viviam no México, e os Incas no

Peru, também foram encontradas formas de cooperação.

Por intermédio dessa cooperação, o homem evoluiu e desenvolveu as mais

variadas formas de sociedade. Buscou o bem comum e o atendimento de

necessidades, através da luta por respeito e igualdade, e teve origem o

cooperativismo. Que é a união entre as pessoas com propósitos em comum e que

visam atender aos objetivos indicados em sua constituição. Segundo a Organização

das Cooperativas do Estado de Santa Catarina – Ocesc (2004, p. 6), o

cooperativismo deriva da palavra latina “Cooperari” formada por “cum”(com) e

“operari” (trabalhar), e significa agir simultaneamente ou coletivamente com outros

para um mesmo fim, ou seja, trabalhar em comum para resultado satisfatório de um

mesmo proposito. Buscar atenuar o individualismo através da cooperação, auxilio

mutuo e integração pessoal.

O cooperativismo para Gawlak e Turra (2001, p. 20) “é uma doutrina cultural

e socioeconômica fundamentada na liberdade humana e nos princípios

cooperativistas”. Tal doutrina busca desenvolver a capacidade intelectual das

pessoas de forma criativa, inteligente, justa e harmônica, visando a melhoria

contínua. A doutrina socioeconômica busca, pelo resultado econômico, o

desenvolvimento social, ou seja, a melhoria da qualidade de vida.

Outra definição do cooperativismo segundo Oliveira (1979, p.7):

[...] é uma doutrina social que visa à renovação social, através da cooperação. No sentido de doutrina, o cooperativismo tem por objetivo a correção do social pelo econômico através de associações de fim caracterizadoras da cooperativa: econômica e social.

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O cooperativismo tem por objetivo divulgar os princípios em que se baseia,

para atingir o desenvolvimento financeiro, econômico e social de todas as

cooperativas e de seus cooperados e desta forma, atingir esta melhoria de qualidade

de vida mencionada.

2.1.2 Cooperativismo moderno

Com passar dos anos, as formas rusticas de cooperação foram evoluindo e

através de novos adeptos, tornando-se organizadas. Fatores econômicos e sociais

também contribuíram para essa evolução. Logo, entende-se por cooperativismo

moderno o praticado a partir de 1844, ano em que o cooperativismo surgiu na

Inglaterra. Os percursores do cooperativismo moderno surgiram diante do regime

capitalista. O desemprego em massa, o caos social e econômico, dentre outros

problemas enfrentados na época, desencadearam a necessidade de mudanças. E

desta forma, 28 visionários tecelões ingleses constituíram a primeira associação

baseada no cooperativismo (OLIVEIRA N., 1979).

O cooperativismo segundo o BACEN (2007), surgiu em 1844, na cidade

inglesa de Rochdale, quando 28 tecelões fundaram uma cooperativa de consumo e

quatro anos depois, em 1848, surgiu na Alemanha, a primeira cooperativa de

crédito, criada por Friedrich Wilhelm Raiffeisen.

O cooperativismo evolui e esta conquistando cada vez mais o seu espaço no

mercado. Surge como uma nova forma de pensar o ser humano, o trabalho e o

desenvolvimento socioeconômico. Por sua forma igualitária, o cooperativismo é

geralmente aceito por governos e reconhecido como fórmula democrática para a

solução de problemas sociais e econômicos.

No Brasil, segundo a Organização das Cooperativas Brasileiras (2008), o

cooperativismo de crédito, teve inicio em 1902, pela iniciativa do padre suíço

Theodor Amstad em construir juntamente com a comunidade da cidade de Nova

Petrópolis no Rio Grande do Sul, a Cooperativa que existe ainda hoje com o nome

de Sicredi Pioneira. Atualmente, existem cooperativas em todos os Estados da

Federação, incluindo o Distrito Federal.

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Entre 1988 e 1989 surgiram no Mato Grosso, as primeiras Cooperativas de

Crédito. Na época, as cooperativas de produção estavam em decadência em todo

país, pois a economia brasileira passava por planos econômicos frustrantes, com um

total desequilíbrio: juros altíssimos acometiam as atividades no setor agrícola,

pecuário, industrial e extrativista. Por meio da Cooperjuína (cooperativa de produção

existente em Juína nas décadas de 80/90), o Sr. Dionísio Damiani, participava com

frequência de reuniões da OCEMAT (Organização das Cooperativas de Mato

Grosso). Partindo desse conhecimento, trouxe sugestão da criação de uma

cooperativa de crédito, que seria importante para desenvolvimento econômico de

toda a região. Poucas pessoas acreditaram, principalmente por desconhecimento da

rígida legislação fiscalizada pelo Banco Central, e pela falta de entendimento do

papel de uma cooperativa de produção e de uma cooperativa de crédito.

Com o passar dos anos, e com o desenvolvimento das cooperativas, muitas

foram as instituições criadas para dar suporte ao sistema cooperativista, como:

• Aliança Cooperativa Internacional (ACI), fundada em Londres no ano de 1895, é

uma associação formada pelos órgãos de representação do sistema

cooperativista de cada país membro da ACI. Atualmente, com 75 países filiados,

tem sua sede em Genebra, na Suíça.

• Aliança Cooperativa Internacional para as Américas (ACI-Américas), observa os

mesmos princípios da ACI Internacional com relação ao conhecimento do

cooperativismo como forma de promoção do desenvolvimento.

• Frente Parlamentar do Cooperativismo (Frencoop), grupo político, não ideológico,

reunido para defender os interesses dos Cooperativismo em todos os seus 13

ramos. Seu objetivo é trabalhar solidária e coordenadamente na defesa dos

interesses do Sistema Cooperativista, promovendo e divulgando suas ações,

representando-o no Congresso Nacional e em todas as áreas a nível de governo.

• Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) é o órgão máximo de

representação das cooperativas no país, criada em 1969, durante o IV

Congresso Brasileiro de Cooperativismo. É responsável pela promoção, fomento

e defesa do sistema cooperativista, em todas as instâncias políticas e

institucionais. É de sua responsabilidade também a preservação e o

aprimoramento desse sistema, o incentivo e a orientação das sociedades

cooperativas.

18

• Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop). Entidade com

personalidade jurídica de direito privado, criado nos términos da Medida

Provisória n.º 3.017, de 06 de abril de 1999, é integrante do Sistema

Cooperativista Nacional e presidido, na forma da lei, pelo Presidente do Sindicato

e Organização dos Cooperativas Brasileiras – OCB, sem prejuízo da fiscalização

da aplicação de seus recursos pelo profissional, a promoção social dos

empregados de cooperativas, cooperados e de seus familiares, e o

monitoramento das cooperativas em todo território nacional.

2.1.3 As cooperativas mato-grossenses

A ACI identifica as principais características de uma cooperativa que são de

acordo com NICÁCIO (1997):

uma associação autônoma de pessoas que se unem voluntariamente para satisfazer suas necessidades comuns, através de uma empresa de negócios da qual possuem a propriedade em conjunto e a controlam democraticamente, pelos seguintes princípios: 1) adesão voluntária e livre; 2) gestão democrática pelos membros; 3) participação econômica dos membros; 4) autonomia e independência; 5) educação, formação e informação; 6) Inter cooperação; 7) interesse pela comunidade.

Ao se constituir uma cooperativa o que se busca é melhorar a situação

econômica de determinando grupo de pessoas, buscando a resolução de problemas

atendendo necessidades comuns de forma que isoladamente não conseguiriam. A

cooperativa torna-se o meio pelo qual este grupo de indivíduos, através da

cooperação, atinjam seus objetivos e necessidades.

Constituída por no mínimo vinte cooperados com interesses comuns. Sua

organização é de forma democrática e participação livre e igualitária dos

cooperados, aos quais presta serviços, sem fins lucrativos, uma vez que as sobras

do exercício são distribuídas entre todos os sócios de acordo com seu capital

integralizado e proporcional a suas operações junto à Cooperativa (manual Sicredi).

Os princípios cooperativistas definidos pela ACI (Aliança Cooperativa

Internacional) são as linhas orientadoras através das quais as cooperativas levam à

prática os seus valores. São a base para o surgimento e o desenvolvimento de uma

19

cooperativa. Todo cooperado ao se associar deve tomar conhecimento da

importância destes princípios para si. Os princípios são sete de acordo com Gawlak

e Turra (2001):

ADESÃO LIVRE E VOLUNTÁRIA: Qualquer pessoa pode ingressar numa

cooperativa, desde que o faça de forma livre e espontânea, atenda aos requisitos

previstos no estatuto da entidade e adira aos princípios da doutrina cooperativista, é

o que dispõe o art. 29 da Lei 5.764/71. Um indivíduo jamais pode ser obrigado a

associar-se à cooperativa como meio de obter vantagens ou de assegurar direitos

que a lei garante a todos. Por outro lado, ninguém pode ser impedido de ingressar

numa cooperativa em virtude da não aceitação por parte dos associados, como

ocorre, por exemplo, nas sociedades limitadas.

Este princípio encontra respaldo constitucional no art. 5º, inciso XX da

Constituição Federal, que afirma que ninguém será obrigado a associar-se ou a

permanecer associado. Sua aplicação demonstra a “Affectio Societatis” que significa

confiança mútua e vontade de cooperação conjunta, a fim de obter determinados

benefícios. Em outras palavras, é a união dos sócios para que possa ser alcançado

o resultado desejado (TOMAZETTE, 2011).

Convém esclarecer, contudo, que não poderão ingressar no quadro das

cooperativas os agentes de comércio e empresários que operem no mesmo campo

econômico da sociedade. Este impedimento visa dificultar a utilização dos preceitos

cooperativos em matéria tributária como fachada para a sonegação de impostos.

GESTÃO DEMOCRÁTICA: A cooperativa deve ser administrada por todos

os cooperados através de representantes eleitos para conduzi-la, mas sobretudo,

através da Assembléia Geral, órgão máximo da organização cooperativa, a quem

cabe as decisões mais importantes da entidade, que são tomadas segundo o

princípio da gestão democrática, isto é, cada cooperado tem direito a um voto

independentemente da sua participação financeira (quota parte) na entidade. O

direito a voto é decorrente do simples ingresso na sociedade, sendo igual para

todos.

PARTICIPAÇÃO ECONÔMICA: Todos os associados participam na

constituição financeira da cooperativa através da integralização e subscrição de

suas quotas partes, bem como usufruem dos resultados obtidos ao final de cada

20

exercício, seja através da distribuição das sobras entre os cooperados, seja em

razão dos investimentos feitos com tais sobras em prol da empresa como um todo.

Na distribuição das sobras não tem relevância o valor da quota integralizada pelo

cooperado, mas a sua participação nas atividades da sociedade, proporcional às

operações que o associado realiza com a cooperativa.

A Lei 5.764/71, art. 28, inciso I, determina a criação, pelas cooperativas, de

um Fundo de Reserva destinado a reparar perdas e atender ao desenvolvimento das

atividades da entidade. Este Fundo deve ser constituído mediante o recolhimento de

10%, no mínimo, das sobras líquidas apuradas no exercício.

AUTONOMIA E INDEPENDÊNCIA: A cooperativa não pode vincular-se de

forma subordinada a nenhuma entidade ou pessoa estranha ao seu quadro de

cooperados. Pode firmar convênios, acordos e outros mecanismos para ampliar

suas atividades ou melhorar as condições dos serviços prestados aos seus

cooperados. Entretanto, estes recursos não podem resultar em desrespeito à

autonomia e ao controle democrático da entidade pelos sócios.

A Constituição Federal, art. 5º, inciso XVIII, determina que: “A criação de

associações e, na forma da lei, a de cooperativas independe de autorização, sendo

vedada a interferência estatal em seu funcionamento”. A autonomia assegurada às

cooperativas obriga inclusive o Estado a não intervir em suas atividades.

Esta garantia, entretanto, não se aplica às cooperativas de crédito, eis que, como

instituições financeiras, necessitam de autorização para funcionamento, concedida

pelo Banco Central, e estão submetidas a fiscalização, realizada por este Banco e

pelas Cooperativas Centrais.

EDUCAÇÃO, FORMAÇÃO E INFORMAÇÃO: Faz-se necessário que

aqueles que ingressam numa entidade cooperativa tenham clareza com relação à

doutrina cooperativista, bem como quanto ao funcionamento da entidade da qual

passam a fazer parte.

Este princípio é de fundamental importância, uma vez que o cooperativismo

constitui doutrina própria, com princípios específicos, formas de atuação definidas e

não pode ser confundido com outros tipos de associação comuns em qualquer

sociedade. É necessário que a cooperativa, assim como as federações,

confederações e demais entidades que congregam estas empresas peculiares,

21

invistam na educação de seus membros e da comunidade em geral, como forma de

esclarecimento a respeito do pensamento cooperativo e incentivo às novas

iniciativas de associação de indivíduos segundo o modelo proposto por esta

doutrina.

Para a maior efetivação deste princípio, a Lei 5.764/71, art. 28, inciso II,

determina às cooperativas, a obrigatoriedade da constituição de um Fundo de

Assistência Técnica, Educacional e Social, com o recolhimento de, no mínimo, 5%

das sobras líquidas do exercício.

INTERCOOPERAÇÃO: Este princípio foi adotado a partir de 1966, pela

Aliança Cooperativa Internacional, no Congresso de Viena. Preconiza que a união e

a cooperação sejam realizadas não apenas entre os membros de uma cooperativa,

mas também pelas cooperativas entre si, através de estruturas locais, regionais,

nacionais e até internacionais.

Esta intercooperação deve realizar-se tanto de forma horizontal, entre as

cooperativas de um mesmo nível de organização (singulares, centrais etc.), como de

forma vertical, entre as cooperativas singulares e as centrais, entre estas e as

organizações nacionais etc.

INTERESSE PELA COMUNIDADE: O principal objetivo de uma cooperativa

é a melhoria das condições de vida daqueles que nela ingressam. Não se admite

uma cooperativa voltada exclusivamente para o mercado, visando a obtenção de

lucros, aviltando os direitos dos cooperados. A história do cooperativismo demonstra

que a preocupação com a comunidade foi a fonte de onde brotou toda a construção

doutrinária desta forma de sociedade. A comunidade constitui, ao mesmo tempo, o

objetivo e o objeto de toda verdadeira cooperativa.

Um dos pontos mais relevantes do cooperativismo é o principio da adesão

livre e voluntária. Somente conhecendo seus direitos e seus deveres como

cooperados, é que o indivíduo poderá contribuir de forma participativa no

desenvolvimento da cooperativa.

Segundo Gawlak e Turra (2001, p. 56) são direitos dos associados:

• Votar em todas as assembleias realizadas pela cooperativa;

• Participar de todas as operações e serviços prestados;

22

• Solicitar esclarecimento ao conselho de administração fiscal;

• Receber as sobras na proporção das operações realizadas durante o

exercício;

• Oferecer sugestões;

• Participar dos comitês educativos ou comissões;

• Solicitar sua demissão do quadro social.

O ideal cooperativista não vai morrer pois que os garante são direitos citados

acima. Através dos deveres, que serão apresentados, são delegadas algumas

regras para facilitar a organização e a administração das cooperativas, mas é

através dos direitos que o princípio da adesão livre e voluntária se manifesta na

forma mais coerente.

Os deveres se configuram como uma das formas de motivação para que os

associados operem junto á cooperativa. Ser um cooperado exemplar pressupõem

que o mesmo zela pelo bom nome da cooperativa e cumpre com suas obrigações

em dia. Os deveres dos associados são, conforme Gawlak e Turra (2001, p. 57):

• Ser um cooperado exemplar;

• Operar com a cooperativa;

• Participar das assembleias, opinar e votar;

• Integralizar as cotas partes em dia;

• Respeitar as decisões tomadas coletivamente;

• Conhecer e cumprir as normas estatutárias e regulamentos;

• Saldar seus compromissos financeiros;

• Zelar pelo bom nome e patrimônio da cooperativa.

O principio da participação econômica dos sócios traz a obrigatoriedade que

os associados têm em integralizar o capital social, bem como, sua participação

diante das sobras e perdas do exercício. O valor do capital social está determinado

no estatuto social da cooperativa. Geralmente há um valor mínimo estipulado para

integralização, que é igual para todos. (GAWLAK: TURRA, 2001)

Nas cooperativas de crédito a subscrição de capital é muito comum, o que

proporciona um duplo beneficio aos associados. Primeiro porque na maioria das

cooperativas um dos critérios de rateio das sobras é o saldo do capital social

23

integralizado, e neste caso, quanto maior o saldo, maior a participação. Segundo

porque esses valores são trabalhados pela cooperativa e por terem custo zero,

acabam proporcionando empréstimos com taxas menores de juro. Quanto aos

critérios de rateio, estes são determinados na assembleia que aprova as contas do

exercício.

Quanto aos demais princípios, eles se relacionam de forma especial, uma

vez que os associados são os donos da cooperativa e desta forma, a controlam. E

para que a administração seja efetuada de forma correta, é fundamental que a

busca pela educação, formação e informação, ocorram de forma continuada. A troca

de experiências e as parcerias, além de fortalecerem o sistema, proporcionam a

comodidade para muitos associados. E o que proporciona o crescimento do sistema

se dá pela cooperação e integração entre as cooperativas.

Segundo a OCB/MT Sindicato e Organização das Cooperativas no Estado

de Mato Grosso (2008) são treze os ramos do cooperativismo:

Ramo Agropecuário: Regulamentado pelo MAPA - Ministério da Agricultura,

Pecuária e Abastecimento e pelo MDA - Ministério do Desenvolvimento Agrário, este

ramo foi por muitas décadas sinônimo de cooperativismo no país, tamanha sua

importância e sua força na economia. As cooperativas caracterizam-se pelos

serviços prestados aos associados, como recebimento ou comercialização da

produção conjunta, armazenamento e industrialização, além da assistência técnica,

educacional social. É o ramo de maior expressão econômica no cooperativismo,

com significativa participação na economia nacional, inclusive na balança comercial.

Em dezembro de 2008, contava 1.611 cooperativas e quase 1 milhão de associados.

As cooperativas agropecuárias geram em todo o país 134.579 postos de

trabalho, e somam em exportações diretas US$ 4 bilhões. No Mato Grosso totalizam

60 cooperativas agropecuárias com 9.050 cooperados e 2.627 postos de trabalho.

Ramo de Consumo: Inicialmente formado por cooperativas fechadas

(exclusivas, para atender funcionários de empresas), chegou a totalizar centenas em

meados do século XX. Porém, o inicio da incidência do Imposto sobre Operações

Relativas à Circulação de Mercadorias (ICM), a partir do Decreto-Lei 406/68, atingiu

duramente o ramo. Os preços deixaram de ser competitivos e a maioria das

cooperativas fechou as portas. As que resistiram tornaram-se abertas (atendem a

24

toda a comunidade). Hoje, o ramo busca fortalecimento e competitividade,

modernizando sua administração e investindo em capacitação e treinamento de

empregados.

Em dezembro de 2008, contava 138 cooperativas e 2,30 milhões de

associados. No Mato Grosso totalizam 2 cooperativas com 623 cooperados.

Ramo de Crédito: Um dos primeiros ramos a se organizar no país, atua no

crédito rural e urbano. Foi praticamente extinto pelo governo entre as décadas de

1960 e 1980. Nos anos de 1990 o ramo se reestruturou. As cooperativas de crédito

tem suas atividades regulamentadas pelo Banco Central do Brasil, tem como

objetivo facilitar o acesso ao mercado financeiro aos associados com melhores

condições que as instituições bancárias tradicionais, hoje o ramo está consolidado.

Possui três sistemas - Sicredi, Sicoob e Unicred e dois bancos cooperativos -

Bansicredi e Bancoob.

Em dezembro de 2008, contava 1.113 cooperativas e 3,20 milhões de

associados, gerando mais de 38.700 empregos diretos. No Mato Grosso totalizam

35 cooperativas com 147.595 cooperados e 1.470 colaboradores. São responsáveis

por mais de 18% do mercado financeiro.

Ramo Educacional: A primeira cooperativa educacional surgiu em 1982,

quando o primeiro grupo de pais se reuniu e decidiu formar uma escola. Com

atividades regulamentadas pelo Ministério da Educação o objetivo das cooperativas

educacionais é unir ensino de boa qualidade e preço justo. Assim , pais de alunos ou

professores formam e administram as escolas cooperativas, promovendo a

educação com base na democracia e na cooperação sem estimular a competição.

Em dezembro de 2008, contava 327 cooperativas e 57.330 mil associados.

No Mato Grosso totalizam 19 cooperativas com 2.022 cooperados e 203

colaboradores.

Ramo Especial: Fundamentado pela Lei 9.867/99, este ramo se constitui de

cooperativas formadas por pessoas em situação de desvantagem, como deficiência

física, psíquica, ex-condenados ou condenados a penas alternativas, dependentes

químicos e adolescentes a partir de 16 anos em situação familiar de risco,

econômico, social ou afetivo. As cooperativas atuam visando à inserção no mercado

de trabalho desses indivíduos, geração de renda e a conquista da sua cidadania. Em

25

algumas situações envolve um responsável familiar ou voluntário que assume as

responsabilidades societárias.

Em dezembro de 2008, contava 15 cooperativas e 531 associados.

Ramo da Infra-Estrutura: Formado, hoje, por cooperativas de eletrificação

rural, este ramo existe desde 1941 e atende principalmente a pequena e média

propriedade rural. Regulado pelo Ministério de Minas e Energia, as cooperativas

preenchem uma lacuna das concessionárias de energia nas regiões de baixo

consumo. Além da construção de redes, as cooperativas são responsáveis pela

produção, geração, manutenção, operação e distribuição da energia elétrica. O ramo

atendeu mais de 650 mil propriedades e construiu, mantém e opera 120 mil

quilômetros de redes de energia.

Em dezembro de 2008, contava 148 cooperativas e 623.430 mil

associados. No Mato Grosso funciona 01 cooperativa com 415 cooperados.

Ramo Habitacional: As cooperativas habitacionais têm como objetivo

viabilizar moradia aos associados. Seu diferencial é a construção de habitações a

preço justo, abaixo do mercado, pois não visam o lucro. Inseridas num contexto

social que aponta déficit nacional de mais de seis milhões de moradias, as

cooperativas habitacionais podem se constituir em todas as classes sociais. A

primeira cooperativa surgiu em 1951, mas o ramo caracterizou em 1992.

Em dezembro de 2008, contava 340 cooperativas e 78.900 mil

associados. No Mato Grosso funciona 01 cooperativa com 705 cooperados.

Ramo Mineral: Previsto na Constituição Federal de 1988, este ramo atua na

pesquisa, extração, lavra, industrialização, comércio, importação e exportação de

produtos minerais, sob regulação do Ministério de Minas e Energia. De grande

alcance social, está presente principalmente nas pequenas e médias jazidas que

não despertam interesse nas mineradoras.

Em dezembro de 2008, contava 53 cooperativas e 19.975 mil associados.

No Mato Grosso operam 06 cooperativas com 343 cooperados.

Ramo de Trabalho: Com proposta de regulação pelo Ministério do Trabalho

e Emprego, o ramo se caracteriza pela associação de profissionais de atividades

afins para a prestação de serviços através de suas cooperativas. Tem muito espaço

26

para se fortalecer, com o cenário de enxugamento de vagas no mercado formal de

trabalho. É uma opção contra a informalidade, mas ainda carece de legislação

regulamentadora.

Em dezembro de 2008, contava 1.746 cooperativas e 287.240 mil

associados. No Mato Grosso funcionam 14 cooperativas com 3.174 cooperados.

Ramo Produção: No Brasil, com a crise econômica e financeira, em grande

parte resultante da globalização, muitas empresas não conseguem sobreviver.

Com proposta de regulação pelo Ministério do Trabalho e Emprego, as cooperativas

deste ramo são dedicadas à produção de um ou mais tipos de bens e produtos,

sendo detentoras dos meios de produção.

Cada vez mais os empregados estão descobrindo as vantagens de constituir

o próprio negócio, deixando se ser assalariados e se transformarem em donos do

seu próprio empreendimento - a cooperativa.

Em dezembro de 2008, contava 215 cooperativas e 11.931 mil associados.

No Mato Grosso funcionam 03 cooperativas com 162 cooperados.

Ramo de Saúde: Com atividades regulamentadas pelo Ministério da Saúde,

as cooperativas médicas existem há três décadas. Reúne profissionais

especializados na promoção da saúde humana, como médicos, dentistas,

psicólogos e outros profissionais. Um dos maiores convênios de saúde do país é um

sistema cooperativo, o Sistema Unimed.

Em dezembro de 2008, contava 894 cooperativas e 215.700 mil associados,

geram em todo o pais mais de 47.100 empregos diretos. No Mato Grosso funcionam

15 cooperativas com 2.522 e empregam 953 pessoas.

Ramo de Transportes: Com atividades regulamentadas pelo Ministério dos

Transportes é composto por cooperativas de transporte de carga e passageiros -

táxis e vans, o mais novo dos ramos, foi criado em 2002. Nasceu forte e estruturado,

com uma frota de 5 mil veículos.

Em dezembro de 2008, contava 1.060 cooperativas e 90,7 mil

associados. No Mato Grosso funcionam 7 cooperativas com 291 cooperados.

Ramo de Turismo: Em processo de estruturação, foi criado em 2000,

durante Assembléia Geral Ordinária da OCB. Respaldado no enorme potencial

27

turístico brasileiro, visa à prestação de serviços turísticos, artísticos, de

entretenimento, esportes e hotelaria por profissionais dessas áreas.

Em dezembro de 2008, contava 22 cooperativas e 1.116 associados.

2.1.4 Cooperativas de crédito

As Cooperativas possuem diferenças consideráveis comparadas as

empresas mercantis. Cooperativas oferecem serviços bancários com taxas e tarifas

muito menores que os bancos comerciais. Proporcionam melhores rendimentos em

aplicações financeiras e menores taxas nas operações crédito. O atendimento

diferenciado aos associados é outro aspecto positivo (BACEN, 2007).

Diferenças da ideologia e a prática cooperativista enquanto forma de gestão

participativa e igualitária, comparativamente às formas agressivas do mercado

capitalista-mercantil. Veja abaixo as principais destas diferenças.

COOPERATIVISMO MERCANTILISMO É uma sociedade de pessoas É uma sociedade de capital

O objetivo é a prestação de serviços O objetivo é o lucro

O capital é dividido emcotas-partes O capital é dividido por ações

Controle democrático (um homem, um voto)

Controle acionário (cada ação é um voto)

Assembléia: “Quorum” baseado no número de associados

Assembléia: “Quorum” baseado no capital através do número de ações

Não é permitida a transferência de cotas-partes a terceiros

É permitida a transferência de ações a terceiros

Retorno proporcional ao valor das operações com a cooperativa

Dividendos proporcionais ao número e valor das ações nas bolsas de valores

Quadro 1 – Diferenças entre cooperativismo e mercantilismo Fonte: Site do Sicoob Cooesa [on line]

Com as informações apresentadas no quadro acima pode-se identificar as

principais particularidades da empresa cooperativa. Alguns aspectos merecem mais

atenção: o fato de que ser uma sociedade de pessoas, cada indivíduo detém o

direito a um voto, outro aspecto é que não se pode transferir as quotas partes a

terceiros, criando um vinculo maior entre associado e cooperativa. Já na empresa

mercantil uma pessoa pode votar várias vezes e as quotas podem ser transferidas.

28

Segundo Crúzio (2002, p. 14) a cooperativa de crédito “é formada por

poupadores ou tomadores de recursos financeiros, objetivando a obtenção de

crédito para seus associados a juros, prazos, entre outras coisas em condições

melhores do que as oferecidas pelo mercado”.

A prática de melhores taxas de remuneração dos valores aplicados na

cooperativa pelos poupadores e taxas de juros de empréstimos mais baixas para os

tomadores. Mas para que isso ocorra, é necessário o controle por parte dos

responsáveis da cooperativa, captando maior quantidade de recursos dos

cooperados e havendo a necessidade, buscar crédito junta ao mercado com taxas

reduzidas, e desta forma, pode ser repassada essas condições aos associados.

Aos gerentes e dirigentes cabe a conscientização dos associados de que é

vital que movimentem os recursos junto à cooperativa. Porque é através destas

operações que a cooperativa consegue cobrir seus custos e despesas.

O cooperativismo desperta o interesse em muitas pessoas, justamente por

ser um sistema de ajuda mútua. Geralmente uma pessoa entra em contato com o

meio cooperativista e manifesta interesse, busca conhecimento no assunto e passa

a difundir a idéia. E como isso ocorre no meio em que vivem, acabam constituindo

cooperativas ligadas à sua área de trabalho.

2.1.5 Legislação Cooperativista

Com legislação especifica o cooperativismo é como as instituições

financeiras, pois as cooperativas também estão sujeitas às leis e resoluções

instituídas pelo BACEN e pelo CMN. Muito importante o seu cumprimento, uma vez

que suas determinações acabam por auxiliar no processo de controle interno e da

governança corporativa.

Ao aplicar a legislação é preciso cautela, tomando como base a

Constituição, o Código Civil atual, e em seguida as demais leis e resoluções. A lei

que dispõe sobre as instituições monetárias, bancárias e creditícias e institui o CMN

é a Lei Federal Nº 4.595, de 31 de Dezembro de 1964. É de suma importância seu

entendimento, uma vez que foi a partir desta lei que instituíram as demais leis e

29

resoluções referentes ao cooperativismo. Segue abaixo as principais leis e

resoluções que atendem ao cooperativismo e cooperativas de crédito.

� Lei Nº 5.764, de 16 de Dezembro de 1971: Define a politica nacional de

cooperativismo, instituindo o regime jurídico das sociedades cooperativas. Ao

definir tal politica , traz a importância que o poder público poderá exercer junto

às cooperativas, através da prestação de subsídios técnicos e de estímulos

financeiros e crédito especial.

� Lei Nº 7.492, de 16 de Junho de 1986: Define os critérios contra o sistema

financeiro nacional, entre outra providencias. Lei do colarinho branco.

� Lei Nº 9.613, de 03 de Março de 1998: Dispõe sobre os crimes de “lavagem”

ou ocultação de bens, direitos e valores: prevenção da utilização do sistema

financeiro para os ilícitos previstos nesta lei.

� Resolução CMN Nº 3.442, de 28 de Fevereiro de 2007: Dispõe sobre a

constituição e o funcionamento de cooperativas de crédito.

� Resolução BACEN Nº 2.554 de 24 de Setembro de 1998: Dispõe sobre a

implantação e implementação de sistema de controles internos.

� Resolução BACEN Nº 2.645, de 22 de Setembro de 1999: Estabelece

condições para o exercício de cargo em órgãos estatutários de instituições

financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo BACEN.

� Resolução BACEN Nº 3.106, de 25 de Junho de 2003: Aprova o Regulamento

que disciplina a constituição e o funcionamento de cooperativas de crédito.

� Lei Complementar Nº 130, de 17 de Abril de 2009: Dispõe sobre o Sistema

Nacional de Crédito Cooperativo.

As cooperativas de acordo com a Lei Nº 5.764, de 16 de Dezembro de 1971,

no Art. 4 define-a como sociedades de pessoas e possuem forma e natureza

próprias, de natureza civil, não sujeitas a falência, constituídas para prestar serviços

aos associados. E se diferem das demais sociedades sob diversos aspectos. Dentre

eles estão a singularidade do voto, o retorno das sobras líquidas do exercício

proporcional as operações realizadas pelos associados e a inacessibilidade das

quotas-partes do capital à terceiros, estranhos á sociedade.

Paragrafo único do Art. 5 da mesma Lei, determina que as cooperativas são

proibidas de utilizar a expressão banco. E como apresenta a própria Lei, podem ser

classificadas em: Cooperativas Singulares, Cooperativas Centrais ou Federações de

30

Cooperativas, e Confederações de Cooperativas. Determina também que as

cooperativas singulares são constituídas por no mínimo vinte pessoas físicas, sendo

admitidas pessoas jurídicas desde que as mesmas tenham o mesmo objetivo ou

atividade econômica da pessoa física, ou ainda sem fins lucrativos. As singulares

caracterizam-se por prestação de serviços diretos aos associados.

No Art. 6º, determina que as federações de cooperativas são constituídas

por no mínimo três cooperativas singulares, que atuam como órgão de apoio,

fiscalização e controle, auxiliando suas filiadas em maior escala. Já as

confederações de cooperativas são constituídas por três federações de cooperativas

ou cooperativas centrais. Objetivando a orientar e coordenar as atividades das

filiadas quando esta necessidade ultrapassar a capacidade ou conveniência das

centrais e federações.

A Lei Nº 7.492, de 16 de Junho de 1986, também conhecida como Lei do

Colarinho Branco, define os crimes contra o sistema financeiro nacional. Nas

cooperativas de Crédito, como instituições financeiras que são, cabe aos dirigentes

o cumprimento da referida lei. O termo “Colarinho Branco” teve origem no fato de

que estes tipos de crimes são cometidos, de modo geral, por profissionais que usam

ternos, camisas e gravatas. Incluem crimes como lavagem de dinheiro, evasão de

impostos, apropriação indevida e fraude. Muitos destes crimes ocorrem por anos até

serem descobertos. Dos crimes passiveis de punição e que estão diretamente

ligados a cooperativa destaca-se a violação do sigilo de operações ou de serviços

oferecidos aos associados e a obtenção de financiamentos junto à cooperativa

mediante fraude.

Esta lei funciona como ferramenta de apoio ao combate de desvios de

recursos nas instituições. E nas cooperativas o sistema de controle interno

desempenha papel fundamental para o desenvolvimento de práticas que transmitam

transparência e credibilidade através de uma administração confiável e transparente.

As punições podem ser reclusão e multa, além da possibilidade de exposição

publica perante associados, familiares e comunidade, o que compromete não

somente a cooperativa mas todo o sistema. Por isso se tem maior atenção por parte

dos órgãos fiscalizadores.

31

A Lei Nº 9.613, de 03 da Março de 1998, dispõe sobre crimes de “lavagem”

ou ocultação de bens, direitos e valores. Lei esta que possui relevante papel junto as

cooperativas, não só pela necessidade de prevenção desta prática, mas pela

necessidade de controle das transações de valores. A atualização cadastral dos

associados é uma ferramenta de prevenção e controle importante, uma vez que

fornece informações para todos os setores internos da cooperativa. E através do

cadastro é efetuada a identificação do associado, são feitas avaliações de

concessão de crédito, contatos para venda de produtos, como cartão, seguro,

consórcio entre outras coisas.

A Resolução do CMN Nº 3.442, de 28 de fevereiro de 2007, dispõe sobre a

constituição, autorização de funcionamento, o funcionamento, as alterações

estatutárias e o cancelamento da autorização para funcionamento da cooperativa

crédito. No Art. 37 determina que a cooperativa singular de crédito não filiada à

cooperativa central de crédito pode contratar serviços dessa central, para

implementar sistemas de controles internos e à realização de auditoria interna

exigidas pelas disposições regulamentares em vigor.

A Resolução BACEN Nº 2.554, de 24 de Setembro de 1998 determina a

implantação e implementação de controles internos nas instituições que o BACEN

autoriza a funcionar. Os controles internos devem ser efetivos e consistentes com a

natureza, complexidade e riscos das operações realizadas. Englobando os sistemas

de informações financeiras, operacionais e gerenciais, e o cumprimento das normas

legais. Tal implementação é de responsabilidade da diretoria da cooperativa. É sua

função apresentar aos colaboradores, os conhecimentos acerca dos processos e

responsabilidades atribuídas aos diversos níveis da cooperativa frente aos controles

internos a serem adotados. É de extrema importância um acompanhamento

sistemático dos controles, isso deve ser feito para que possíveis problemas sejam

rapidamente resolvidos de forma a reduzir perdas.

A Resolução BACEN Nº 2.645, de 22 de Setembro de 1999, estabelece

condições para o exercício de cargos em órgãos estatutários de instituições

financeiras e demais instituições financeiras e demais instituições autorizadas a

funcionar pelo BACEN. Umas das exigências para exercer cargo é reputação ilibida,

outra residir no país, não ser impedido por lei, nem condenado por crimes contra o

sistema financeiro nacional, entre outras. Todas essas exigências para que uma

32

pessoa eleita possa transmitir credibilidade à imagem da cooperativa perante

associados, comunidade e mercado financeiro.

A Resolução BACEN Nº 3.106, de 25 Junho de 2003, aprova o regulamento

que disciplina a constituição e o funcionamento de cooperativa de crédito e

determina que as cooperativas de crédito singulares não filiadas às centrais devam

ter suas demonstrações financeiras relativas ao encerramento de exercício social,

inclusive notas explicativas exigidas pelas normas legais e regulamentares em vigor,

submetidas á auditoria independente.

Na faze de auditoria podem ser contratados auditores independentes

registrados na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ou contratados em centrais

de crédito. Com esta resolução o BACEN evidencia a preocupação em relação aos

controles internos e a importância da auditoria.

A Lei Complementar Nº 130, de 17 de Abril de 2009, dispõe sobre o Sistema

Nacional de Crédito Cooperativo, trazendo modificações importantes, dentre elas,

destaca-se a possibilidade de estender o mandato dos conselheiros fiscais para até

três anos, e que a prestação de contas do exercício pode ser efetuada até o quarto

mês do ano seguinte.

2.2 CONTROLES INTERNOS

Os vários causos de fraudes em grandes empresas fizeram com que os

controles internos passassem a receber maior atenção das organizações. E nas

cooperativas de crédito essa preocupação é imprescindível.

De acordo com Taylor (apud CHIAVENATO, 1983, p.51-52), descreve os 4

(quatro) princípios da administração, sendo um deles o princípio do controle,

consistindo em: Controlar o trabalho para se certificar de que o mesmo está sendo

executado de acordo com as normas estabelecidas e segundo o plano previsto. Por

sua importancia,serão apresentados conceitos, categorias e a auditoria contábil

como instrumentos que poderão permitir um melhor entendimento acerca dos

controles internos nas cooperativas de crédito.

33

2.2.1 Conceitos

“Controle”, vem do francês controle e significa o ato ou poder de controlar,

verificar, averiguar. Na França do século XVII, rolê era um registro oficial em que se

escreviam nomes, e contra-rolê um outro registro que efetuava o confronto com o

original e servia para verificação dos dados.

Controle Interno é um conjunto de recursos, métodos e processos adotados

pelas próprias empresas com vista a impedir o erro, a fraude e a ineficiência.

Almeida (2003, p.63) completa dizendo que o controle interno compreende um

sistema de informações de um plano organizacional e que todos os métodos e

medidas adotadas em uma entidade tem como o objetivo de proteger o seu

patrimônio e informar ao gestor sobre evidências de fraudes, corrupção e má

administração.

Para Attie (1992, p.201) controle interno é “uma série de procedimentos bem

definidos que, conjugados de forma adequada, asseguram a fluidez e a organização

necessárias para a obtenção de algo palpável”. Esta organização é pré-requisito

para uma boa imagem da cooperativa perante o novo associado.

Ao ingressar na cooperativa o sócio deposita total confiança nos

administradores e isto implica na prestação de serviços rápidos e de qualidade, que

podem ser realizados somente por uma instituição que aplica procedimentos de

controle bem definidos. Todos os métodos e procedimentos adotados internamente

por uma empresa são para proteger seus ativos, controlar a validade dos dados

fornecidos pela contabilidade, ampliar a eficácia e assegurar a boa aplicação das

instruções da direção.

Desta forma, fica evidente a necessidade de implantação dos controles

internos nas cooperativas de crédito. A transparência e o controle neste caso podem

diminuir os riscos de desvios monetários junto a cooperativas, auxiliando no melhor

emprego dos recursos e no desenvolvimento do sistema cooperativista. O controle

patrimonial é outro aspecto relevante.

Um sistema de Controle Interno é um conjunto de procedimentos

coordenados aplicados na organização para proteger seu patrimônio que se aplica

34

na eficiência operacional, cumprimento de normas, verificação da exatidão dos

dados e informações da empresa.

Almeida (2003, p.65) define os objetivos principais de controles internos:

proteger os bens e direitos das entidades; estimular a obediência às normas internas

da organização; motivar os empregados à eficiência operacional; e conferir a

qualidade e exatidão do fluxo de informações.

Cada empresa tem seus objetivos e metas a serem atingidos, cabendo a

cada uma montar, da melhor forma possível os seus controles internos. Devem

constar procedimentos, políticas e parâmetros de negociação, estratégias, estrutura

e metodologia de organização, conceitos e atribuição de responsabilidade,

procurando não deixar escapar nenhum detalhe do sistema de funcionamento e

comunicação interna da empresa.

O Sistema de Controle Interno exerce suas atribuições através da Auditoria

Interna e através do sistema de Informações Gerenciais.

A Auditoria Interna pode ser considerada o ápice da pirâmide do sistema de

controle interno, uma vez que a mesma supervisiona, normatiza, recomenda,

fiscaliza e avalia o grau de confiabilidade dos controles internos da entidade, sem se

confundir. Atua predominantemente nas áreas administrativas, financeiras, contábeis

e de controle da entidade. Realiza, também, estudos específicos em áreas de

interesse da administração, com o objetivo de identificar desvios de recursos, de

função, não aplicação de regras legais, entre outros.

As Normas de Auditoria Independente das Demonstrações Contábeis estão

descritas – Resolução CFC 1.203/2009 emitida pelo Conselho Federal de

Contabilidade aprovou a NBC-TA-200 que são os objetivos gerais do auditor

independente e a condução da auditoria em conformidade com normas de auditoria.

Entraram em vigor após 01 de Janeiro de 2010.

O sistema contábil e de controles internos compreende o plano de

organização e o conjunto integrado de método e procedimentos adotados pela

entidade na proteção do seu patrimônio, promoção da confiabilidade e tem

prestividade dos seus registros e demonstrações contábeis, e da sua eficácia

operacional. Esse procedimento tem a finalidade de conferir a precisão e

35

confiabilidade dos dados contábeis, promoverem a eficiência operacional e encorajar

a aderência às políticas administrativas prescritas.

Um diferencial das cooperativas de crédito é o fato de que todos os

associados são donos do negócio e isto implica que as informações contábeis

apresentadas tornam-se de interesse de todos de uma forma muito mais intensa. E

o principal motivo deste interesse é a curiosidade pelos resultados do período

informado. Como as sobras do exercício são distribuídas entre todos, fica evidente a

relevância da certeza por parte do setor contábil das informações divulgadas.

D’ávila e Oliveira (2002, p. 25), definem controle interno como:

[...] um processo executado pelo conselho de administração, gerência e outras pessoas de uma organização, desenhado para fornecer segurança razoável sobre o alcance de objetivos nas seguintes categorias: eficácia e eficiência operacional; mensuração de desempenho e divulgação financeira; proteção de ativos e cumprimento de leis e regulamentações.

O alcance de objetivos com referência a controles determinados necessita

de acompanhamento dos valores que vão sendo atingidos e seus desvios ou

diferenças em relação às metas fixadas. Estes resultados encontrados podem

caracterizar condições de eficiência e de eficácia. E Cruz (2007, p. 48), define “por

eficiência se entende o fazer bem determinada coisa, enquanto a eficácia consiste

em fazer a coisa certa diante do objetivo previsto”. O desempenho é classificado

como eficiente quando superar as metas estabelecidas e será eficaz quando o

cumprimento destas metas se der nos prazos estabelecidos. Eficiência não é

eficácia e os desempenhos devem atingir níveis de resultados eficazes e eficientes

para serem considerados apropriados.

Segundo Peters (2007, p. 39) o controle interno pode ser: preventivo,

detectivo e corretivo. Será preventivo quando seu objetivo for evitar desperdícios e

irregularidades. Detectivo quando procurar detectar erros e corretivo quando o erro

já foi identificado e o controle vem para corrigi-lo.

É necessário envolvimento e comprometimento de todos no conhecimento

procedimentos a serem praticados. Esse entendimento é o primeiro passo para a

prevenção de erros. O conhecimento dos procedimentos permite a identificação dos

erros cometidos. Somente sabendo o certo é possível identificar o errado. E após a

identificação dos erros, torna-se indispensável efetuar a correção dos mesmos.

36

É necessário um cuidado especial no momento de analisar os aspectos

fundamentais e estruturais do controle interno da cooperativa.

Preocupar-se em relacionar os tipos de riscos que a cooperativa poderá

correr, como: legal, de mercado, de crédito, de liquidez, de imagem e conjuntura,

procurando minimizá-los e eliminá-los. O controle interno deve ainda garantir a

eficácia dos resultados, não permitindo a possibilidade de falhas na realização e

execução das rotinas do trabalho estabelecidas, garantindo que os processos e

técnicas do sistema se desenvolvam exatamente como planejado, com eficiência,

eficácia e economia de recursos.

Atribuições de funcionários e setores internos da cooperativa devem ser

claramente definidas e delimitadas através de manuais internos da organização. Isto

serve para assegurar que os procedimentos de controle sejam executados, saber de

quem são as responsabilidades no não cumprimento das tarefas e, ainda, detectar

em que setores ocorreram falhas, erros e irregularidades. Tem que se ter o cuidado

na atribuição de funções para que uma mesma pessoa não segregue funções

incompatíveis, ou que ela mesma fiscalize seu trabalho, deixando que um setor faça

o controle de outro nas rotinas internas.

Não adianta implantar um excelente sistema de controle interno sem que

exista uma verificação do cumprimento do que foi determinado no sistema, revendo

modificações e a necessidade de novas normas, pois nem sempre o que está escrito

no papel pode ser integralmente colocado em prática, procurando detectar também

erros e falhas no manual do sistema de controle interno. O controle interno pode e

deve fornecer segurança para a gerência de que a empresa está progredindo no

sentido de cumprir seus objetivos.

O Controle Interno desenvolve suas funções através de modelos

simplificados de Auditoria até os mais sofisticados e complexos como a de

controladoria e se manifesta através de relatórios de controles, elaborado pelos

responsáveis pela coordenação do trabalho de Auditoria e que expressam opiniões

e recomendações aos gestores responsáveis pelas áreas auditadas.

37

2.2.2 Categorização

O controle interno deve ser aplicado e compreendido pelos colaboradores

para que as políticas do conselho de administração e da diretoria sejam

implementadas de maneira eficaz e eficiente. A prudência é importante. E torna-se

relevante citar que o sistema de controles internos deve ser completo, oportuno e

independente (LUNKES, 2007).

Completo para envolver o maior número de atividades e operações da

cooperativa.

Oportuno para reduzir e evitar riscos potenciais e independentes, pois a

função de avaliar a eficácia do sistema de controles internos deve estar separada da

formulação e execução do mesmo. A qualidade dos controles internos deve ser

avaliada de forma independente (LUNKES, 2007).

Os controles internos podem ser aplicados a todos os tipos de empresas. O

que pode variar são as funções dentro das categorias que ele abrange. E isso fica

evidenciado através das estratégias que a empresa adota.

De acordo com Lunkes (2007, p. 153) os controles internos podem ser

segregados em três grandes categorias:

� Organizacionais e estruturais: composto por fatores comportamentais,

treinamentos, segregar responsabilidades, estabelecer níveis de autorização,

controles físicos e auditorias independentes.

� Avaliação de riscos e sistema de informação: composto por registros

completo e preciso, base de dados segura, relatórios gerenciais oportunos e

fatores externos.

� Métodos e procedimentos: Composto por regulamentos, manuais e rotinas d

trabalho.

Para estruturar um sistema de controles internos é necessário que os

responsáveis possuam conhecimento acerca destas categorias apresentadas

(LUNKES, 2007).

Para Lunkes (2007, p. 154), a segregação de responsabilidades é

importante, e nas cooperativas de crédito esse aspecto é crucial. Por apresentar

poucos colaboradores (na maioria delas), é comum que um mesmo colaborador

38

faça, por exemplo, a liberação, pagamento e liquidação de contratos de empréstimos

e isso se torna um risco muito grande para a cooperativa.

Mesmo apresentando poucos colaboradores é importante que a cooperativa

apresente claramente os níveis hierárquicos de sua gestão. E a preocupação com

treinamentos e capacitação é fator indispensável para a motivação e

desenvolvimento da equipe. Os controles organizacionais e estruturais também

envolvem o controle físico. A utilização das senhas individuais e a restrição de

acesso por parte de alguns a determinados setores podem garantir a integridade dos

bens da cooperativa (LUNKES, 2007).

Os controles do sistema de informação e a avaliação dos riscos surgem da

necessidade de um controle mais amplo por parte dos administradores, com relação

as atividades desenvolvidas na cooperativa. O sistema de informação de qualidade

representa a base para a tomada de decisão. Para um sistema de informação ser

eficaz precisa apresentar informações úteis e detalhadas, distribuídas por setores e

de forma que permita a compreensão de seus dados pelos seus usuários.

Quanto à avaliação de riscos, Lunkes (2007, p. 156) identifica quatro riscos

iminentes, que são:

1. Riscos estratégicos: ocorrência como baixa de demanda do mercado por

produtos e serviços da cooperativa, falhas na reação ao movimento dos

concorrentes etc.

2. Riscos operacionais: aumento dos custos ou problemas na contabilidade,

causados por falhas em controles internos e na logística.

3. Riscos financeiros: endividamento elevado, reservas inadequadas para

controlar o aumento da taxa de juros, administração deficiente, dentre outros.

4. Riscos externos: crises vividas pelo setor, conjunturas políticas e econômicas,

atos terroristas e problemas de saúde pública.

Publicando em 24 de setembro de 1998 a Resolução 2.554/98 do BACEN.

Essa resolução apontou para a necessidade do gerenciamento de riscos, em

especial dos riscos operacionais, nas instituições financeiras. Nas cooperativas de

crédito são muitos os riscos. Risco este que podem ocorrer por falha humana, como

por exemplo, o mau uso dos sistemas operacionais, e até mesmo os riscos externos

apresentados anteriormente. Através da colaboração dos gestores e dos

39

colaboradores é possível diminuir esses riscos e a avaliação dos riscos torna-se

fundamental para auxiliar nessa redução.

Para Lunkes (2007, p. 158), “os controles de métodos e procedimentos são

os obtidos através das políticas e procedimentos da empresa. Devem ser adaptados

à estrutura organizacional, bem definidos e documentados através de regulamentos

ou manuais”. Estes regulamentos devem ser claros e completos, uma vez que o

objetivo é manter um padrão de procedimentos que poderão ser utilizados por

diversos usuários, inclusive por novos colaboradores da cooperativa.

2.2.3 Instrumento do controle interno: Auditoria Contábil

A redução do risco operacional tornou-se uma constante nas cooperativas

de crédito. Um dos pontos para alcançar tal finalidade é a integração entre os

diversos setores da cooperativa. Abordar a importância da auditoria como

instrumento do controle interno, é destacar que é responsabilidade de todos os

colaboradores e gestores o alcance deste objetivo.

Atualmente, os principais órgãos relacionados à auditoria contábil no Brasil

são a Comissão de Valores Mobiliários - CVM, o Instituto Brasileiro de Contadores -

IBRACON, o Instituto dos Auditores Internos do Brasil - AUDIBRA, o Conselho

Federal de Contabilidade - CFC e os Conselhos Regionais de Contabilidade - CRCs.

A definição de auditoria para Sá (1998, p. 25) é:

[...] tecnologia contábil aplicada ao sistemático exame dos registros, demonstrações e de quaisquer informes ou elementos de consideração contábil, visando a apresentar opiniões, conclusões, críticas e orientações sobre situações ou fenômenos patrimoniais da riqueza aziendal, pública ou privada, quer ocorridos, quer por ocorrer ou prospectados e diagnosticados.

A auditoria contábil está focada nos registros efetuados nas demonstrações

financeiras e destina-se ao exame e à avaliação de seus componentes,

considerando sua adequação, bem como a aplicação dos princípios fundamentais

de contabilidade. (DIAS 2006, p.31) A elaboração destas demonstrações remete aos

critérios que foram utilizados pelos usuários para a preparação das mesmas.

40

Havendo um controle interno eficiente, espera-se que haja uma redução nos riscos

de erros que poderão ser identificados através da auditoria contábil.

A auditoria contábil, através do auditor, vai trabalhar como uma parceira dos

colaboradores responsáveis pelo setor de controles internos. E é importante que os

controles internos sejam sólidos, uma vez que sem uma boa organização interna

não há como ter uma boa auditoria.

As cooperativas de crédito adotam dois tipos de auditoria relativos à forma

de intervenção, que são a auditoria interna e a auditoria externa ou independente. A

auditoria interna de acordo com Sá (1998, p. 41) ocorre quando a verificação dos

fatos é realizada por funcionários da própria empresa, constituindo um serviço, uma

seção ou um departamento. E a auditoria externa ou independente ocorre quando a

verificação dos fatos é levada à efeito por profissional liberal ou por associação de

profissionais liberais e, portanto, elementos estranhos à empresa.

De acordo com a AUDIBRA (2004) a auditoria interna compreende as ações

executadas pelos auditores voltados aos exames, análises, avaliações,

levantamentos e comprovações da eficácia, eficiência e economicidade da empresa

ou entidade. Compreende também, seus processos e sistemas operacionais,

financeiros, informatizados, gerenciais, contábeis, de controles internos, de gestão

ou correlatos, resultando na emissão de relatórios, encaminhamento de soluções,

pareceres, certificações ou outra forma de evidência de sua atividade.

Nas cooperativas de crédito geralmente são contratadas empresas de

auditoria para efetuarem tanto a auditoria interna quanto a externa. Isso ocorre

principalmente nas cooperativas de pequeno e médio porte filiadas às centrais de

cooperativas. O ideal seria a presença de uma equipe de auditoria dentro da

cooperativa, acompanhando o dia-a-dia e auxiliando os demais setores em suas

necessidades, mas muitas vezes, o alto custo deste processo acaba por limitar essa

implantação.

Os relatórios e pareceres emitidos pelos auditores são aguardados pelos

dirigentes e colaboradores das cooperativas de crédito. Essa expectativa é

compreensível uma vez que é através destas informações que se tem a

comprovação de que os processos foram executados de forma correta. É a

tranquilidade para os dirigentes que tem a responsabilidade pela administração e

41

para os colaboradores, responsáveis pela execução. É evidente que muitos pontos

são relatados como deficientes ou incorretos, mas isso faz parte e contribui para a

evolução dos processos e o desenvolvimento da equipe e da cooperativa.

Os controles internos é um dos primeiros itens analisados pela auditoria, fica

evidente sua importância. Por isso, é fundamental que os controles internos estejam

em conformidade com a realidade do que ocorre na cooperativa. Também é muito

importante o fornecimento das informações físicas, contábeis, financeiras e

operacionais da cooperativa ao auditor.

O BACEN (2003) define, a auditoria interna é definida como uma atividade

de assessoramento à administração, voltada para a avaliação e a adequação dos

sistemas de controle interno, em relação às atribuições e aos planos, metas,

objetivos e políticas definidas.

A diretoria apresenta planos e metas com o objetivo de atender às

expectativas dos associados e proporcionar um crescimento ordenado à

cooperativa. Por isso, à necessidade que essas metas sejam atingíveis e que as

políticas estejam bem claras perante os envolvidos em seu cumprimento. Os

controles internos surgem como meio de controle dos procedimentos ajudando

identificar onde estão ocorrendo falhas e/ou acertos. A auditoria externa também

exerce papel relevante nesta identificação. De acordo com Almeida (2008, p. 26), a

auditoria externa é aquela que examina as demonstrações contábeis de uma

empresa e emite sua opinião sobre estas, o que a tornou fundamental, vista como

uma medida de segurança, na opinião dos investidores, que passaram a exigir que

as demonstrações contábeis fossem examinadas por um profissional independente

da empresa e de reconhecida capacidade técnica. Para os associados das

cooperativas de crédito, as demonstrações contábeis se apresentam como o meio

mais rápido e eficiente de verificação da situação econômica e financeira das

cooperativas.

O objetivo fundamental dos trabalhos de auditoria independente consiste em

verificar se as demonstrações financeiras representam, adequadamente, a posição

patrimonial e financeira da instituição auditada numa determinada data. Verifica

ainda, os resultados das operações, as mutações do patrimônio líquido e com a

aprovação da Lei nº. 11.638/2007 as demonstrações do fluxo de caixa, para os

42

períodos semestrais ou anuais correspondentes, de acordo com os princípios de

contabilidade geralmente aceitos, aplicados com uniformidade em relação ao ano

anterior ou ao mesmo período do ano anterior.

Cada uma das demonstrações citadas têm objetivos definidos e cabe a

auditoria externa verificar se estes objetivos foram atingidos de forma correta. Como

visto anteriormente, a legislação exige a transparência das informações divulgadas e

o atendimento às suas determinações. A credibilidade da cooperativa de crédito

também pode ser verificada através de um parecer da auditoria externa atestando a

conformidade das demonstrações auditadas. E isso é importante para a imagem da

cooperativa perante seus sócios, comunidade e também para o profissional contábil

responsável pela sua elaboração.

Trabalhar com ética e de forma estritamente profissional deveria ser

essencial para qualquer profissional, e na auditoria independente, esses valores

ganham uma proporção muito maior, pois cabe ao auditor emitir um parecer que

apresente o que está de fato acontecendo na cooperativa e sendo apresentado

através das demonstrações auditadas (IBGC, 2003).

A governança corporativa pode trazer benefícios para as cooperativas de

crédito e quando a governança está aliada à auditoria, estes benefícios podem se

intensificar. Ao longo deste estudo será apresentada a relevância que a governança

corporativa pode trazer para as cooperativas de crédito.

2.3 GOVERNANÇA CORPORATIVA

As práticas de governança corporativa são fatores relevantes para o

desenvolvimento de uma imagem de credibilidade e confiança junto às empresas. E

isso é essencial para o crescimento no número de associações, e o consequente

aumento nos investimentos e operações de crédito por parte dos associados.

Pode-se destacar ainda, que a melhoria das práticas de governança pode

promover um aumento dos controles internos, fortalecendo os conselhos de

administração e fiscal e estimulando o desenvolvimento, tanto dos colaboradores

quanto do cooperativismo.

43

2.3.1 Governança Corporativa: Conceitos

A governança corporativa segundo Oliveira D. (2006, p. 16) é: o conjunto de

práticas administrativas para otimizar o desempenho das empresas - com seus

negócios, produtos e serviços - ao proteger, de maneira equitativa, todas as partes

interessadas - acionistas, clientes, fornecedores, credores, funcionários, governo -

facilitando o acesso ás informações básicas da empresa e melhorando o modelo de

gestão. Por isso despertou o interesse, em muitas organizações, para a adoção de

suas práticas. A possibilidade de redução dos riscos operacionais foi um dos

principais motivos para esta adoção.

Nas cooperativas de crédito a otimização do desempenho pode ser

verificada em seus negócios e em seus serviços. E estas informações são

acessadas principalmente pelos associados, colaboradores, pelo governo e pelos

órgãos de controle e apoio. Pode-se dizer que através destas informações é

possível analisar o desempenho da gestão e ir aperfeiçoando-o conforme julguem

necessário. Para Rodrigues e Mendes (2004), estabelecer sistemas eficientes de

governança corporativa deve ser prioridade para qualquer empresa que desejar

competir globalmente.

Para atingir eficiência o conselho deve ser o órgão responsável por delinear

estratégias, monitorar os resultados, definir o orçamento de capital e a estrutura de

financiamento. Em suma, o processo de geração e alavancagem de valor da

empresa.

As cooperativas de crédito estão inseridas num mercado muito competitivo e

o diferencial de quem permanece ou não neste mercado pode ser consequência das

práticas de governança adotadas pela instituição. E sendo o conselho responsável

por delinear as estratégias e diretrizes a serem adotadas, cabe a ele também efetuar

o acompanhamento e as possíveis alterações necessárias para se atingir os

objetivos traçados (RODRIGUES; MENDES, 2004)

Segundo o IBGC (2003), governança corporativa é um sistema que monitora

e dirige a sociedade envolve relacionamento entre acionistas, conselho de

administração, diretoria, conselho fiscal e auditoria independente. A integração entre

os envolvidos é fundamental para o dia-a-dia da cooperativa. Essa parceria

44

favorece o desenvolvimento da cooperativa, permiti que considerações sejam

efetuadas de maneira rápida e eficaz. Também auxilia para o aumento do valor da

cooperativa, facilita o acesso ao capital e contribui para a sua continuidade.

O IBGC (2003) descreve quatro princípios fundamentais que seriam as

linhas mestras para sua adequação às boas práticas:

Transparência (disclosure): comunicação interna e externa, particularmente quando espontânea franca e rápida, resultam um clima de confiança, tanto internamente, quanto nas relações da organização com terceiros. Equidade (fairness): tratamento justo e igualitário de todos os grupos de interessecomo colaboradores, clientes, fornecedores, credores. Prestação de contas (accountability): os agentes devem prestar contas de sua atuação e respondem integralmente por todos os atos que praticarem no exercício de seus mandatos. Responsabilidade Corporativa: é uma visão mais ampla da estratégia empresarial, contemplando todos os relacionamentos com a comunidade em que atua. Conselheiros e executivos devem zelar pela perenidade das organizações (visão de longo prazo, sustentabilidade) e, portanto, devem incorporar considerações de ordem social e ambiental na definição dos negócios e operações.

Qualquer empresa que busca trabalhar atendendo as exigências legais e

normativas deveria adotar estes princípios. E em relação às cooperativas de crédito

não deveria ser diferente, pois estes princípios englobam as atitudes que qualquer

associado almeja da administração de sua cooperativa de crédito.

O princípio da transparência está diretamente ligado à confiança. E esta

confiança poderia ser dividida em dois aspectos: confiança na gestão e confiança

nos gestores. Não basta os conselheiros trabalharem de forma transparente, é

preciso que as decisões tomadas também sejam claras, principalmente aquelas que

envolvem maior risco. Ter cuidado com o sigilo bancário para que este seja

respeitado.

A equidade é o princípio que mais deveria ser respeitado nas cooperativas

de crédito. É inadmissível que exista qualquer tipo de privilégios para com alguns

associados em detrimento de outros. Partindo do principio que todos os associados

têm o mesmo objetivo dentro da cooperativa, é justo que todos recebam o mesmo

tratamento e que este seja de qualidade.

A prestação de contas é outro princípio que remete à confiança e à

credibilidade dos dirigentes e conselheiros da cooperativa. A importância de

apresentar a prestação de contas corretamente também é relevante devido ao fato

45

de que os dirigentes e conselheiros respondem integralmente por todos os atos que

praticam no exercício de seus mandatos.

O princípio da responsabilidade corporativa contempla os relacionamentos

da cooperativa com a comunidade e a responsabilidade dos conselheiros e

dirigentes com a continuidade da cooperativa. Este princípio deveria ser empregado

paralelamente aos princípios cooperativistas que envolvem fatores, como a

preocupação com a comunidade e o meio ambiente.

2.3.2 Estrutura do conselho de administração

O conselho de administração deve estar em consonância com as melhores

práticas de governança corporativa, conhecendo suas funções, apresentando uma

estrutura apropriada, com pessoas engajadas e que permitam extrair o máximo de

cada conselheiro.

Compete ao conselho de administração, como representante dos

associados, fazer com que a cooperativa aproveite oportunidades e cumpra com

suas obrigações. Para que o conselho trabalhe de forma eficiente e eficaz é preciso

que conheça suas responsabilidades. Segundo Oliveira D. (2006, p.4), “o conselho

de administração é o órgão deliberativo e estruturado com as finalidades básicas de

proteger o patrimônio da empresa e de maximizar o retorno dos investimentos dos

acionistas”.

O conselho de administração também procura atender as necessidades dos

associados, mesmo a cooperativa não apresentando lucro e sim sobras, torna-se

relevante que os conselheiros desenvolvam seus trabalhos de forma que o resultado

seja sempre o melhor possível.

O conselho de administração define estratégias para a organização, elege

ou destitui o principal executivo, defini remuneração da diretoria, fiscaliza a gestão e

avalia a diretoria, escolhe a auditoria independente, e convoca assembléias de

proprietários. A definição do valor da remuneração do conselho de administração em

algumas cooperativas é decidida em assembléia, por todos os sócios através de

votação. Na maioria das cooperativas o conselho é eleito pelos associados em

46

assembléia e a diretoria executiva é formada e escolhida pelos conselheiros eleitos.

A assembléia geral é o órgão máximo das cooperativas de crédito e o conselho de

administração é o órgão central da governança corporativa.

Para Oliveira D. (2006, p.39):

[...] a estruturação organizacional é o processo de identificação, análise, ordenação e agrupamento das atividades e recursos das empresas, incluindo o estabelecimento dos níveis de alçada e de decisão, visando alcançar os objetivos estabelecidos pelos planejamentos da empresa.

Como nem sempre os conselheiros estão presentes acompanhando o dia-a-

dia das atividades da cooperativa, torna-se fundamental que sejam estabelecidos

níveis de decisão. Essa deliberação cria parâmetros de segurança, pois cabe aos

gerentes e demais colaboradores cumprirem essas determinações e respeitarem as

ordens recebidas.

O mesmo autor cita ainda que “os órgãos de apoio da governança

corporativa, normalmente, ficam ligados aos conselhos de administração. São

órgãos de apoio o conselho consultivo e os comitês”.

O conselho consultivo é geralmente formado por consultores visando o

aumento dos resultados da cooperativa, bem como, proporcionar maior atuação do

conselho de administração e da governança corporativa. Os comitês são as reuniões

estruturadas pelos dirigentes para emitir uma opinião a respeito de um assunto

previamente estabelecido. Nas cooperativas de crédito, o comitê mais utilizado é o

de crédito, utilizado para a deliberação quanto às operações de crédito para

associados.

Algumas definições a respeito do conselho fiscal são apresentadas por

Oliveira D. (2006, p.64):

[...] o conselho fiscal representa, no caso do Brasil, um importante órgão de sustentação para a otimizada atuação da governança corporativa, auxiliando - em alguns casos -, de forma otimizada, o Conselho de Administração e a Diretoria Executiva da empresa, além de, logicamente a Assembléia Geral. Nas cooperativas de crédito o papel do conselho fiscal é fundamental. Não só pelas conferências de caixa e análise de relatórios, mas principalmente pelas suas responsabilidades, que exigem conhecimentos técnicos e dedicação. De acordo com a Lei Nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971, o parecer do conselho fiscal é item que deve ser apresentado na assembléia geral da cooperativa. A eleição de membros para assumir o conselho fiscal também deve ser efetuada em assembléia.

47

O IBGC (2003) define conselho fiscal como sendo o órgão da governança

que tem como objetivo fiscalizar os atos da administração, opinar sobre

determinadas questões e dar informações aos sócios, interagindo diretamente com

os órgãos de auditoria. Deve ser visto como uma importante ferramenta que visa

agregar valor para a sociedade, agindo como um controle independente para os

associados.

A fiscalização pode inibir as ações de má fé junto às cooperativas. Tanto por

parte da administração quanto por parte dos colaboradores. Mas o conselho fiscal

vai além, é um apoio que o conselho de administração pode usufruir para melhorar

ainda mais sua gestão. Um conselho fiscal ativo traz a segurança que todo

associado deseja, pois é um órgão que detém o conhecimento para a análise que

muitos associados não possuem. Cabe ressaltar neste ponto a importância da

divulgação das informações da cooperativa de forma clara e transparente.

2.3.3 Governança corporativa em cooperativa de crédito: Atuação do conselho

de administração

O conselho de administração tem o direito de tomar decisões importantes

para a cooperativa, e por delegação, repassa aos gestores essa responsabilidade,

quando necessário. Cabe, no entanto ao conselho de administração a prestação de

contas e o acompanhamento sistemático das principais decisões que estão sendo

realizadas na cooperativa.

De acordo com Oliveira D. (2006, p. 88) “a prática tem demonstrado que

conselhos de administração bem estruturados, constituídos por conselheiros

competentes e cuja atuação seja adequada, representam o centro nervoso de

otimizadas governanças corporativas”. Sem suas deliberações a cooperativa não

pára, mas encontra muitas dificuldades para seguir. E quanto menor a cooperativa,

maior é a dependência destas deliberações. A responsabilidade é muito grande e há

esta necessidade de orientação por parte dos colaboradores.

Para Rodrigues e Mendes (2004, p.126) “cada vez mais há a compreensão

de que a culpa pelos problemas que ocorrem em uma companhia não é apenas do

48

diretor presidente. A responsabilidade também se deve debitar aos conselheiros,

que elegem os diretores”. Nas cooperativas é comum que as decisões sejam

tomadas em reuniões onde os conselheiros opinam e desta forma por maioria

tomem as decisões. Essa integração é fundamental para o crescimento da

cooperativa e para o bom ambiente de trabalho. A divisão das responsabilidades por

determinadas decisões também é algo que se deve levar em conta. É a ajuda mútua

onde todos ganham.

É importante que as responsabilidades do conselho de administração

estejam bem definidas e entendidas, e assim, evitar o surgimento de conflitos entre

os membros do conselho, garantindo desta forma, que a qualidade de atuação da

governança corporativa não seja comprometida.

O conselho de administração: está no centro das gestões da governança

corporativa. A sua saúde e eficácia é motivo de constantes melhoramentos. Há um

mínimo de obrigações que justifica a atuação do Conselho. São elas: seleção,

avaliação e remuneração da diretoria; aprovação da estratégia da empresa; e

assegurar comportamento legal e ético (LODI, 2000).

Nas cooperativas de crédito, a atuação do conselho vai além destas

obrigações. Como donos da instituição, muitos associados se interessam por

ingressarem no conselho por acreditarem que poderão efetuar um bom trabalho e

desta forma, proporcionar o crescimento da cooperativa. Cada cooperativa

determina em assembléia o valor da remuneração dos membros do conselho e em

muitas, este valor é pequeno perante a dedicação de seus conselheiros.

Lodi (2000, p.32), apresenta que os conselhos com melhores práticas de

governança corporativa, são aqueles que: a) monitoram o desempenho da empresa

e do executivo principal; b) orientam os gestores; c) atuam como agentes de

mudança.

É imprescindível que o conselho esteja atento às mudanças que ocorrem no

meio cooperativista, no mercado, no ambiente externo à cooperativa e também ao

que acontece no seu ambiente interno. A competitividade está cada vez mais

acirrada e para manter-se atualizada, muitas vezes tornam-se necessárias algumas

mudanças na cooperativa. A revisão das estratégias da cooperativa deve ser

efetuada com periodicidade (LODI, 2000).

49

Ao conselho de administração também cabe a função de zelar pelo

patrimônio da cooperativa e através de suas ações, agregarem valor à cooperativa.

Como representantes dos associados, o conselho deve atuar de maneira eficaz e

eficiente, buscando através de valores, ações e resultados, atender da melhor

maneira possível às necessidades e expectativas em torno de sua administração.

2.3.4 Ética e práticas de governança corporativa

A administração de recursos não é tarefa fácil, e muito mais complicada é a

administração dos recursos alheios. Aos administradores das cooperativas de

crédito cabe esta função e torna-se imprescindível a adoção de padrões morais e o

atendimento aos requisitos legais para este desempenho.

Ética se refere a um conjunto de regras e princípios que procuram classificar

a conduta humana como correta ou não. No sentido epistemológico, a palavra “ética”

vem do grego “ethos” que quer dizer morada, como nós nos sentimos em casa,

protegidos, onde todos conhecem as regras. A função do “ethos” passa a ser então

promover, além da proteção e segurança dos indivíduos, a busca, através da prática

virtuosa, da excelência moral.

Ética teoriza a respeito do comportamento moral das pessoas na

coletividade, tratando dos fundamentos e da natureza das nossas atitudes de forma

normativa, estabelecendo, de modo inequívoco, direitos e deveres que determinam

a conduta do indivíduo, e ainda, de acordo com as palavras de SINGER (Apud

GÓMEZ FULAO, 2005, p. 188) tem a função de “fomentar valores comuns aos

membros da sociedade”. Como estudo dos juízos de apreciação referentes à

conduta humana suscetível de classificação do ponto de vista do bem e do mal, seja

relativamente à determinada sociedade, seja de modo absoluto.

De acordo com a Associação Brasileira de Recursos Humanos do Rio de

Janeiro - ABRH-RJ (2008), a ética significa o conjunto de valores e da moral que

conduzem um indivíduo a tomar decisões, no que se refere principalmente às suas

relações com o mundo.

50

Não se pode estudar a ética de forma isolada, mas com foco no ambiente e

nas relações humanas ali existentes. A questão ética nas organizações passa pela

compreensão da sua cultura organizacional.

A honestidade e o comprometimento são alguns dos valores que se espera

dos membros de uma cooperativa de crédito, sejam eles colaboradores, associados

ou membros do conselho de administração. A ética nas cooperativas de crédito deve

ser vista como algo inerente aos seus princípios. Mas, nem sempre as pessoas

agem de forma a respeitar estes princípios e isso se torna um risco em potencial

para a cooperativa. Diante do exposto, fica clara a importância da existência de um

controle interno eficiente e da adoção das práticas de governança corporativa como

forma de diminuir esses possíveis riscos.

A cultura organizacional é o primeiro item a ser considerado quando da

implantação de um sistema de controles internos e na adoção de práticas de

governança corporativa.

Quando a cooperativa possui uma boa integração de sua equipe, quando os

padrões funcionam com eficácia, as mudanças necessárias para o melhor

desempenho da cooperativa são absorvidas e implantadas mais facilmente. E com

isso, todos ganham. Ganha a cooperativa com menos riscos, ganham os

colaboradores com um ambiente de trabalho mais seguro e atrativo e ganham os

conselheiros por terem seus esforços reconhecidos através das melhorias

encontradas (ABRH-RJ, 2008).

A criação de um código de ética é um mecanismo que traz muitos benefícios

para a cooperativa. Através dele fica evidente a posição que todos devem adotar

quanto à ética na cooperativa de crédito em que estão inseridos.

Os problemas éticos que podem ser encontrados na administração não são

exclusividades de determinado ramo de atividade. Por isso, é relevante que os

administradores de cooperativas se atentem para os riscos potenciais que as

cooperativas podem sofrer. Dentre eles pode-se citar o pagamento ou o recebimento

de gratificações para obtenção de privilégios, crimes “do colarinho branco”, e

assédio sexual no ambiente de trabalho.

Infelizmente algumas cooperativas têm sofrido prejuízos intangíveis ou até

mesmo concretos quando a sua imagem é abalada por algum ato ilícito por parte de

51

algum de seus membros. Não se sabe se alguns dirigentes ou colaboradores agem

eticamente apenas para salvaguardar sua imagem ou efetivamente por possuir suas

convicções pessoais e atender ao código de ética adotado pela cooperativa.

2.4 PROJETO GOVERNANÇA COOPERATIVA DO BACEN

O projeto diretrizes e mecanismos para fortalecimento da governança em

cooperativas de crédito no Brasil, conhecido como projeto governança cooperativa,

foi criado pelo BACEN e iniciou em agosto de 2006 e é um projeto estratégico

idealizado para contribuir com o crescimento sustentado do cooperativismo de

crédito no país. (BACEN, 2008).

Entende-se que o projeto governança cooperativa pode contribuir para a

construção de um sólido e adequado ambiente de governança, que considere as

especificidades das cooperativas de crédito na realidade econômica e no sistema

financeiro. O projeto não tem propósitos normativos nem de fiscalização, sendo a

indução de boas práticas o objetivo principal (BACEN, 2008).

O projeto surgiu com o propósito de que através de uma boa governança

corporativa possa se alcançar eficiência e solidez no sistema financeiro e no

segmento de cooperativas de crédito.

O projeto vai ao encontro do objetivo estratégico do BACEN de adequar os

processos de regulação e de fiscalização do sistema financeiro aos melhores

padrões e práticas adotados internacionalmente, uma vez que as boas práticas de

governança são recomendações dos organismos internacionais, amplamente

difundidas em instituições financeiras. As cooperativas de crédito estão sob a

proteção do BACEN, e, portanto, devem estar em sintonia com as melhores práticas

de governança (BACEN, 2008).

Segundo BACEN (2008) para a construção das diretrizes, ampla pesquisa

foi desenvolvida:

O primeiro passo foi dado entre agosto e novembro de 2006, quando foi

realizado estudo sobre as melhores práticas de governança corporativa no Brasil e

no mundo, buscando compreendê-las e adaptá-las à realidade das cooperativas de

52

crédito no Brasil. Na análise foram utilizados tanto modelos de governança de

cooperativas de outros países quanto de outros tipos de organizações, tais como

fundos de pensão e organizações sem fins lucrativos. Para tanto, a equipe do

projeto, servidores do Banco Central em todo o país, organizou-se em três grupos:

Melhores Práticas, Modelos Brasileiros e Modelos Internacionais.

Foi aplicado um questionário com os objetivos de provocar discussão sobre

o tema nas cooperativas, visando fazer com que seus dirigentes avaliassem e

começassem a repensar os mecanismos de governança; e obter diagnóstico sobre a

percepção desses dirigentes (conselheiros e executivos) e a prática atual de

governança nas cooperativas (BACEN, 2008).

De acordo com BACEN (2008), a pesquisa possibilitou o fundamento

necessário à definição das diretrizes para boas práticas de governança em

cooperativas de crédito no Brasil. Antes de sua divulgação, as diretrizes foram

submetidas à apreciação de dirigentes dos principais sistemas e parceiros no

projeto, sendo incorporadas diversas sugestões.

A partir das informações apresentadas na fundamentação teórica, tem-se no

próximo capítulo o estudo de caso através da aplicação de questionário semi-

estruturado acerca da governança corporativa e dos controles internos na

cooperativa de crédito Univales de Brasnorte MT.

53

3 CONTROLES INTERNOS E GOVERNANÇA CORPORATIVA NA

COOPERATIVA DE CRÉDITO DE BRASNORTE MT – UNIVALES

Este capitulo apresenta os resultados do estudo de caso, com suas devidas

análises qualitativas e quantitativas. Em primeiro lugar apesenta-se as

características da cooperativa em questão e por fim a descrição dos resultados

atribuídos pelos entrevistados, como forma de demostrar suas percepções acerca

dos sistemas de controles internos e das práticas de governança instituídos nas

cooperativas de crédito da qual fazem parte.

3.1 ESTUDO DE CASO E RESULTADOS DA PESQUISA

Foram entrevistados 11 colaboradores da Sicredi Univales unidade 02.

Formulário impresso com 14 questões fechadas, sendo as primeiras quatro para

identificar o perfil dos entrevistados como: Idade, sexo, escolaridade e tempo de

cooperativas. Com as outras questões pretendeu-se identificar a opinião dos

colaboradores a respeito dos controles internos desempenhado na cooperativa.

Tabela 1 Idade dos Colaboradores

Idade Quantidade de Respondentes %

Entre 15 e 20 anos 2 18,18

Entre 20 e 25 anos 3 27,28

Entre 25 e 30 anos 2 18,18

Entre 30 e 35 anos 2 18,18

Entre 35 e 40 anos 2 18,18

Entre 40 e 50 anos - -

A tabela 1 apresenta quantidade de colaboradores em relação a idade dos

mesmo. Tendo como resultado de duas pessoas entre os 15 e 20 anos, três

pessoas entre 20 e 25 anos que é a maior porcentagem 27,28% dos colaboradores,

54

duas pessoas entre os 25 e 30 anos, duas pessoas entre os 30 e 35 anos, duas

entre os 35 e 40 anos e nenhum colaborador entre os 40 e 50 anos.

Tabela 2 – Sexo dos Colaboradores

Sexo Quantidade de Respondentes %

Feminino 7 63,64

Masculino 4 36,37

A tabela 2 demonstra que a maior parte dos respondentes são do sexo

feminino, ou seja, 63,64% e os 36,37% restante são do sexo masculino.

Tabela 3 - Escolaridade

Escolaridade Quantidade de Respondentes %

Ensino Médio Completo 2 18,18

Superior Incompleto 3 27,28

Superior Completo 1 9,09

Pós-Graduado Incompleto 5 45,45

Pós-Graduado Completo - -

Mestrado Incompleto - -

Mestrado Completo - -

Doutorado Incompleto - -

Doutorado Completo - -

Quanto a escolaridade, 18,18% dos respondentes possuem o ensino médio

completo, 27,28% possuem o superior incompleto, 9,09% superior completo e por

fim 45,45% dos respondentes pós-graduação incompleta. Deixando clara a

necessidade e busca por conhecimento.

55

Tabela 4 - Tempo de Cooperativa

Tempo de Cooperativa Quantidade de Respondentes %

Tempo de Experiência 1 9,09

De 4 meses a 1 ano 3 27,28

De 1 a 3 anos 2 18,17

De 3 a 5 anos

De 5 a 7 anos 3 27,28

De 7 a 9 anos 1 9,09

De 9 a 11 anos

Acima de 11 anos 1 9,09

Ao questionar-se quanto tempo o respondente está na cooperativa, 9,09%

tempo de experiência, 27,28% estão de 4 meses a 1 ano, 18,17% de 1 a 3 anos,

27,28% de 5 a 7 anos, 9,09% de 7 a 9 anos e 9,09% acima de 11 anos.

As questões a seguir tratam dos princípios básicos de controles internos e

sua observação na Cooperativa de Crédito de Brasnorte.

Tabela 5 – 1) A cooperativa possui auditoria interna?

Descrição Quantidade de Respondentes %

Sim 11 100

Não - -

De acordo com a pesquisa 100% dos colaboradores afirmam que a

cooperativa possui auditoria interna. Atendendo a Resolução N° 2.887 de 1998.

Tabela 6 – 2) Após a auditoria examinar e avaliar os controles internos, são feitas recomendações objetivas para o seu aperfeiçoamento?

Descrição Quantidade de Respondentes %

Sim 11 100

Não - -

56

Na tabela 6, constata-se que 100% dos colaboradores afirmaram que a

auditoria interna, após avaliarem os controles internos, faz recomendações para

aperfeiçoamento do sistema.

Tabela 7 – 3) A administração e a auditoria tomam decisões a partir dos relatórios dos auditores internos?

Descrição Quantidade de Respondentes %

Sim 11 100

Não - -

Existe unanimidade quando se fala em relatórios baseados em auditoria

para nortear decisões.

Tabela 8 – 4) Existem manuais com definições de responsabilidades de cargos e órgãos?

Descrição Quantidade de Respondentes %

Sim 11 100

Não - -

A serem questionados sobre existência de manuais definições de

responsabilidades os respondentes foram unanimes quanto à existência. E mais

importante que a existência é a utilização dos mesmos. Os manuais internos

atualizados possibilitam práticas uniformes, normatização e eficiência dos atos e

previnem a ocorrência de erros e desperdícios.

Tabela 9 – 5) Existem manuais com segregação de funções?

Descrição Quantidade de Respondentes %

Sim 9 81,82

Não 2 18,18

A definição das responsabilidades de cada cargo, contemplando a

segregação de funções e os procedimentos operacionais são a base para uma

estrutura organizacional eficiente. E é fundamental que todos os envolvidos tenham

acesso a essas informações e que as mesmas sejam repassadas aos novos

colaboradores. Quando questionados das existências deste manuais, 81,82% dos

respondentes afirmam conhecer tais manuais, e somente 18,18% discordam da

pergunta.

57

Em conformidade com o que dispõe a Resolução CMN 2.554/98, no que

tange a segregação de funções, a área de Auditoria Interna encontra-se

independente desta estrutura, sendo responsável pela verificação das atividades

relacionadas ao risco operacional.

Os manuais estão disponíveis aos colaboradores através do Portal

Corporativo do Sicredi ou em diretório de rede especifico (FTP) que a cooperativa

tem acesso.

Tabela 10 – 6) Existem relatórios de gerenciamento dos riscos operacionais?

Descrição Quantidade de Respondentes %

Sim 10 90,91

Não 1 9,09

A respeito dos relatórios de gerenciamento de riscos operacionais 90,91%

dos respondentes concordam com a existência dos mesmos, apenas 1 colaborador

discordou da pergunta.

Anualmente, a Superintendência de Controles Internos, Compliance e Risco

Operacional do Banco Cooperativo Sicredi coordena o processo de elaboração,

divulgação e aprovação do relatório anual do risco operacional para as entidades

que compõem o Sistema Sicredi.

Os relatórios são formalmente submetidos para diretoria executiva das

instituições e ao conselho de administração, se houver necessidade eles manifestam

ações a serem implementadas para correção tempestiva das deficiências

apontadas.

O Conselho Monetário Nacional, através da ResoluçãoCMN 3.380/06,

conceitua risco operacional como “a possibilidade de ocorrência de perdas

resultantes de falha, deficiência ou inadequação de processos internos, pessoas e

sistemas, ou de eventos externos “, mesmo conceito este adotado no Sicredi.

58

Tabela 11 – 7) Há divulgação e acessibilidade dos manuais de controles internos a todos os colaboradores?

Descrição Quantidade de Respondentes %

Sim 10 90,91

Não 1 9,09

A tabela 11 apresenta resultado sobre a divulgação de acessibilidade dos

manuais de controles internos, 90,91% dos colaboradores afirmam ter acesso a tais

informações. Atendendo as exigências do BACEN a cooperativa elabora um

descritivo dos aspetos relevantes de controles internos assim como a elaboração de

relatório de controles internos da cooperativa, atendendo a resolução 2554/98 e

circular 3467/09 (BACEN).

No Sicredi, a superintendência de Controles Internos, Compliance e Riscos

Operacionais do Banco Cooperativo Sicredi, contribuem para espalhar a cultura de

riscos, melhorias constantes dos processos e procedimentos existentes,

assessorando as áreas na busca de um cenário de eficiência em suas operações,

produtos e serviços e com foco principal em: confiabilidade de informações

financeiras; obediência ás leis e regulamentos aplicáveis e eficácia e eficiência nas

operações.

Tabela 12 – 8) A cooperativa dispõe de código de ética e conduta?

Descrição Quantidade de Respondentes %

Sim 11 100

Não - -

Ao serem abordados sobre o código de ética e conduta, todos responderam

afirmativamente. O código de Conduta é o documento que alinha a conduta dos

colaboradores do Sicredi a partir de um mapa de valores, um conjunto de diretrizes,

um referencial de atuação moral e ética que norteia as ações e decisões nas mais

variadas situações.

59

Tabela 13 – 9) Existem politicas de avaliação periódicas de oportunidades e ameaças advindas do mundo externo a cooperativa?

Descrição Quantidade de Respondentes %

Sim 11 100

Não - -

Cem por cento dos respondentes confirmam que há avaliação periódica de

evidencias externas que representam ameaças ou oportunidades para a

cooperativa. Na estruturação de um sistema de controles internos os

administradores devem definir níveis de riscos operacionais, de informação e

conformidade que estão disposto assumir. A avalição de riscos é responsabilidade

da administração, pois a identificação e gerenciamento dos riscos internos e

externos é uma ação proativa, que permite evitar surpresas desagradáveis quanto à

gestão da entidade.

O documento está disponível para o acesso de todos os colaboradores, e se

aplica a toda Organização, considerando os processos executados pelas

Cooperativas Singulares, Cooperativas Centrais, Banco Cooperativo Sicredi S.A., e

demais empresas da Organização.

Tabela 14 – 10) As responsabilidades dos gestores de área são formalizadas e é de conhecimento de todos?

Descrição Quantidade de Respondentes %

Sim 9 81,82

Não 1 9,09

Não Responderam 1 9,09

De acordo com os princípios de controle interno a responsabilidade dos

gestores de áreas deve ser feita por escrito, devem ser formalizadas com a

finalidade de evitar conflitos e garantir a qualidade dos serviços. Constata-se que

81,82% dos entrevistados disseram que as responsabilidades são formalizadas,

ainda um colaborador disse não ser formalizado e outro não respondeu.

Lembrando que o não cumprimento do disposto na regulamentação é

passível de penalização numa eventual fiscalização.

60

CONCLUSÃO

Em resposta aos questionamentos iniciais deste trabalho monográfico e

através de estudos dos manuais dos aspectos relevantes de controles internos,

pode se concluir que tais controles são eficazes, podendo destacar as

responsabilidades da área de Controles Internos e Compliance da Central Sicredi

MT/PA/RO assegurando;

• A execução dos procedimentos da área de acordo com os padrões e

procedimentos estabelecidos de forma sistêmica pelo Sicredi.

• A existência e observância dos controles internos e Compliance.

• A observância de procedimentos para prevenção a lavagem de dinheiro,

procedimentos importantes de registros, documentação e comunicação ao

Concelho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) das operações que

caracterizem indícios de lavagem de dinheiro.

• Garantir aderência e cumprimento de leis, politicas internas e observância de

princípios éticos e normas de conduta.

• Atuar como facilitador nas inspeções dos órgãos reguladores de auditorias

externas, garantindo e acompanhando o cumprimento dos prazos e entregas

necessárias.

• Validar informações sobre a execução dos trabalhos de auditoria interna, no

âmbito estadual, garantindo a remessa de documentos e informações

obrigatórias ao Banco Central do Brasil.

• Garantir remessa de documentos e informações obrigatórias ao Banco

Central do Brasil.

• Assegurar a adequada implementação de segregação de funções, a fim de

evitar o conflito de interesses.

No que tange as recomendações previstas na Resolução, conclui-se que a

Sicredi Univales Unidade 02 (dois) possui elementos de controles internos

implantados de acordo com o texto legal. Existe, no entanto necessidade de

comunicar aos novos colaboradores tais procedimentos e sua importância.

61

Ao longo do estudo, muitas informações acerca do cooperativismo, dos

controles internos e da governança corporativa foram bastante trabalhados.

Acredita-se que diante do exposto, os órgãos de apoio e de controle intensificam a

criação de resoluções e normativos, bem como, a legislação se tornar cada vez mais

exigentes com as instituições, provocando mudanças na cultura organizacional, que

ao estar ocorrendo desde o presente tem evitado desta forma, alterações repentinas

e desgastantes junto às cooperativas, seus colaboradores e associados.

O sistema de controles internos e a governança corporativa trazem

benefícios para as cooperativas de crédito, especialmente por produzirem

ferramentas que auxiliam no gerenciamento e na tomada de decisões. E a garantia

que os controles sejam cada vez mais eficazes, se deve a existência de uma área

específica na cooperativa responsável pela verificação e cumprimento dos

procedimentos. Esta é uma forma de a cooperativa evitar a omissão de falhas e

diminuir os riscos por negligência ou por falta de conhecimento dos colaboradores

envolvidos nos processos.

Dentre os controles praticados pela Cooperativa já citados pode-se

mencionar ainda a: gerencia de tecnologia responsável em prover serviços de

tecnologia de informação para todo o sistema; área de contabilidade responsável

pela normatização e assessoria contábil e gerenciamento de outras informações

contábeis cabíveis; área de finanças; recursos humanos; área de captação e

deposito; ouvidoria que tem a finalidade de assegurar a estrita observância das

normas legais e regulamentares relativas aos direitos dos usuários dos produtos e

serviços oferecidos pela cooperativa a seus associados; entre outros. Tudo com

intuito de trazer comodidade e segurança aos associados e consequentemente à

cooperativa.

O cooperativismo de crédito é um exemplo de sociedade que deveria ser

adotada por todos, pois através de seus princípios demonstra um profundo respeito

para com as pessoas e o meio ambiente. Evidenciando que apesar das

desigualdades existentes e de o mundo estar cada vez mais individualista, que a

união pode fazer a diferença e que o mundo, através da cooperação, pode tornar-se

um lugar mais justo, humano e saudável para se viver.

62

4.1 RECOMENDAÇÕES

Sempre existe a possibilidade de melhora, tanto que para estudos futuros

seria interessante analisar tais pontos não somente de uma cooperativa em

especifico, mas em todas as unidades que a compõem.

Recomenda-se que o estudo de caso apresentado nesta monografia não

seja acolhido como sendo a opinião de todos os colaboradores das Cooperativa

Sicredi Univales, visto que o estudo fora feito apenas em uma das unidades e

expressa apenas a opinião dos respondentes.

63

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