Águas Guariroba instala hidrômetro europeu à ‘prova de fraudes’ e de leitura mais rápida

1
Evasão Grandes consumidores Jefferson Ravedutti Terça-feira, 10 de janeiro de 2012 o Estado B1 [email protected] www.oestadoms.com.br Mais multas Agetran tem mais 191 radares para instalar Página B2 Bola de Ouro da Fifa Neymar ganha prêmio por gol mais bonito Página B6 Universidade Federal tem 1,38 mil vagas para transferências Águas Guariroba instala hidrômetro europeu à ‘prova de fraudes’ e de leitura mais rápida Em 2011 foram 847, incluídas as destinadas a portadores de diploma Jefferson Ravedutti Saul Schramm Rafael Bueno A empresa Águas Guari- roba está instalando hidrô- metros digitais em imóveis onde há consumo superior a 50 mil litros de água por mês (50 metros cúbicos). No Parque dos Poderes já foram instalados 150 aparelhos e a meta é atingir cerca de 1,2 mil clientes enquadrados nesta linha de consumo. A leitura do consumo é feita por um funcionário que passa de mo- tocicleta, a 40 km/hora. Segundo o supervisor da área de hidrômetros da em- presa, Júlio César Ramires, um aparelho coletor identifica cada hidrômetro por meio de radiofrequência –num raio de até 100 metros–, fazendo o registro da conta automati- camente. O projeto piloto teve início há dois meses na Capital, e é comum em países europeus. “Este hidrômetro é o mais mo- derno que existe no mercado atualmente”, afirma. Além de maior durabilidade, o aparelho digital possibilita economia com o tempo da leitura. Neri Kaspary Por conta da evasão e da sobra de vagas no começo do ano passado, a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) está oferecendo 1.389 vagas para transferência de estudantes de outras institui- ções, tanto públicas quanto privadas. O número equivale a quase 35% das 4.165 vagas oferecidas pela instituição para ingresso neste ano e que estão sendo disputadas atu- almente pelos candidatos que realizaram as provas do Enem no ano passado. Além disso, o número é bem superior ao do ano passado, quando havia 847, mas incluindo as vagas oferecidas para portadores de diploma, que desta vez serão abertas em edital separado. As inscrições começam no sábado, dia 14, e acabam em 30 de janeiro, mediante paga- mento da taxa de R$ 100. O curso de graduação escolhido deve ser correspondente ao que o candidato estiver ma- triculado. Além disso, o curso de origem precisa estar auto- rizado e reconhecido pelo Mi- nistério da Educação e Cultura (MEC), o pretendente não pode estar em vias de jubilação e precisa ter integralizado todas as disciplinas previstas para os dois primeiros semestres da instituição de origem. Das 1.389 vagas disponí- veis, 780 (quase 57%) estão abertas em 37 cursos no campus de Campo Grande. Porém, nos mais disputados, como são os casos de Me- dicina, Engenharia Civil e Direito, por exemplo, não existe disponibilidade. Isto não significa, contudo, que não existam vagas nos cha- mados “cursos de elite”. Em Engenharia Elétrica estão sendo oferecidas oito vagas e em Farmácia, 41. Medicina Veterinária, outro curso que está com nota de corte alta na atual disputa do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), há espaço para 13 “novatos”. Mas é nos cursos de bachare- lado e licenciatura que mais sobra espaço, como pode ser constatado no site da Copeve, onde também devem ser feitas as inscrições. Instituição oferece vagas também em nove cidades do interior do Estado Além de Campo Grande, há oferta de vagas em Aquidauana (61), Corumbá (148), Três La- goas (168), Paranaíba (20), Cha- padão do Sul (65), Nova Andra- dina (21), Bonito (7), Naviraí (71) e em Ponta Porã, cidade que tem capacidade para receber 48 pretendentes. O resultado da disputa será divulgado somente no dia 13 de fevereiro, quando a maior parte das instituições particulares de ensino já tiver retomado as aulas. Caso haja maior número de pretendentes que a quanti- dade de vagas oferecidas, será considerada a soma da carga horária das disciplinas cur- sadas com aprovação e aqueles que tiverem as melhores notas terão preferência. Conforme o edital disponível no site da UFMS, todas as vagas são para ingresso no primeiro semestre deste ano. Para cursos com ingresso no segundo semestre será lançado novo edital. No Parque dos Poderes, por exemplo, o funcionário levava de três a quatro horas para fazer a leitura da conta. “Hoje, de 30 a 40 minutos; é o tempo que leva para percorrer a rota de moto”, explica Júlio. Porém, o aparelho não será disponi- bilizado a clientes com con- sumo inferior ao estipulado no projeto. Isso por causa do alto custo. Enquanto um hidrômetro convencional têm custo de R$ 137, o digital custa R$ 650. Os clientes que estão recebendo os novos aparelhos não arcam com o valor, que fica a cargo da própria empresa. O apa- relho digital evita fraudes, vá- rios testes foram feitos neste sentido e até agora ninguém conseguiu burlá-lo, garante o supervisor. Campo-grandense consome, em média, 150 litros de água por dia O supervisor da área de hi- drômetros, Júlio César, orienta a população para se cons- cientizar do consumo racional da água, principalmente ao tomar banho. “Mais de 50% do consumo total de água em uma residência é gasto no banheiro”, alertou. Em geral o campo-grandense consome 150 litros de água por dia, abaixo da média nacional. De acordo com a OMS (Orga- nização Mundial de Saúde), o brasileiro consome a média de 187 litros de água/dia. Algumas iniciativas podem reduzir o consumo mensal, como, por exemplo, fechar bem as torneiras e reutilizar água para diversas utilidades. Não se deve também jogar/poluir fontes de água, como rios e lagos. Equipamento digital permitirá leitura dos dados de consumo a distância Número de vagas disponíveis na UFMS representa mais de um terço do número oferecido atualmente no Sisu Em termos de legislação voltada para as questões urbanas, Campo Grande possui um arsenal jurídico invejável. São diversas leis, decretos e resoluções, elaborados pelo Executivo ou pelo Legislativo, que constituem um imenso conjunto fundamental para o trato das questões urbanas, em geral, e de preservação do patrimônio cultural, em particular, além de diversos Conselhos democráticos. No caso da legislação municipal de proteção ao patrimônio histórico de Campo Grande, matéria que tem sido muito debatida pela sociedade e amplamente divulgada pela imprensa, a municipalidade conseguiu regulamentar a Lei nº 3.525, de 16/6/1998 que dispõe sobre a Proteção do Patrimônio Histórico, Paisagístico e Cultural, depois o prefeito André Puccinelli baixou o Decreto nº 8.085, de 27/9/2000. No teor e na prática, agora temos Livro Tombo para proceder aos Atos de Tombamento e a Funcesp fica encarregada da proteção e fiscalização, dos laudos, dos levantamentos e outros meios. Entretanto, o Prefeito sancionou a Lei nº 3.810, de 6/11/2000, que criou o Conselho Municipal de Proteção ao Patrimônio Histórico de Campo Grande, órgão encarregado da Política Municipal de Proteção ao Patrimônio da cidade, que deve assessorar o Executivo e também o Legislativo. Ocorre que o Conselho, até hoje, não existe na prática, pois lhe falta o Regulamento, que ainda não foi publicado e, portanto, o mesmo não pode funcionar. Informações coletadas dizem que o Conselho Municipal de Cultura não concorda com a criação desse outro Conselho, o de Proteção ao Patrimônio Histórico. Entretanto, acredito que enquanto lei municipal já publicada ela deve ser cumprida e só pode ser questionada na justiça. Enquanto isso perde a cidade, pois, as demolições e descaracterizações do patrimônio continuam a todo vapor. Esperamos que não demore dois anos para sua regulamentação como ocorreu com a Lei nº 3.525 que, decorridos anos de funcionamento do Fundac apenas 11 imóveis foram tombados, a metade nos primeiros 18 meses de vigência da lei e a outra metade, de 2000 para cá, praticamente um a cada dois anos. Na falta de uma política municipal e tendo em vista a urgência e a gravidade do problema, para receberem os benefícios, os imóveis devem estar incorporados ao patrimônio histórico de Campo Grande, ou seja, tombados pela Fundac. Assim, temos um grande começo de discussão de uma política de incentivos voltados para a preservação do patrimônio histórico e artístico de nossa capital. Digo que é o começo pois ainda faltam muitos instrumentos legais para que possamos respirar aliviados. Por exemplo, já passou da hora de termos política de incentivos, que poderia se estender ao ISS fixo ou mensal, quando o imóvel tiver usos comerciais e de serviços, alugados para terceiros e até para o ICMS estadual, em parceria com o governo do Estado; ou ainda, incentivos às empresas que quiserem investir, livremente, em preservação dos imóveis históricos. Vejam que a discussão de incentivos é ampla e necessária e não se restringe ao Município e ao Estado, mas a toda a sociedade. A falta de uma lei de incentivos tem contribuído para que a cidade perca uma média de dez imóveis de valor arquitetônico por ano pelas demolições e, em nome da modernidade, uma contínua descaracterização de fachadas e interiores. É imprescindível que a Câmara de Vereadores, o Conselho Municipal de Cultura e os setores organizados estejam juntos nessa hora, pedindo a regulamentação do Conselho já criado e, também, a construção democrática de um conjunto de benefícios fiscais e tributários para aqueles que preservarem seus imóveis. A história de nossa cidade se constrói no dia a dia mas, com descaracterizações e demolições, nossa cidade vai, com o tempo, ficando sem sua cara, tendo a sua memória apagada, deletada. Para não ficarmos apenas na retórica e vermos um lado da moeda, o que poderia acontecer, prá valer, é a implantação do Plano Municipal de Cultura, que examine a questão como um todo e, em particular, a arquitetura. Mas afinal, a quem cabe a construção dessa norma? A quem devemos procurar para opinar sobre o assunto? Apenas para ilustrar a discussão, a Lei de Incentivo de São Paulo, conhecida como Lei Mendonça, por diversas vezes aperfeiçoada, é um dos mais importantes instrumentos de preservação da memória da maior cidade do país. Quem sabe não seria bom darmos uma pequena olhada e vermos o que ela tem de bom para a nossa realidade? Aqui, a Lei da Cidade Limpa, não possui incentivos para os proprietários diretamente ligados ao processo, ou seja, falta discutir ainda muita coisa. Até semana que vem. Faltam incentivos para preservar o patrimônio Ângelo Marcos Arruda Ângelo Marcos Arruda Arquiteto e urbanista, professor da UFMS

Transcript of Águas Guariroba instala hidrômetro europeu à ‘prova de fraudes’ e de leitura mais rápida

Page 1: Águas Guariroba instala hidrômetro europeu à ‘prova de fraudes’ e de leitura mais rápida

Evasão

Grandes consumidores

Je

ffers

on R

aved

utti

Terça-feira, 10 de janeiro de 2012

o Estado B1

[email protected]

Mais multasAgetran tem mais 191 radares para instalar Página B2

Bola de Ouro da Fifa Neymar ganha prêmio por gol mais bonito Página B6

Universidade Federal tem 1,38mil vagas para transferências

Águas Guariroba instala hidrômetro europeuà ‘prova de fraudes’ e de leitura mais rápida

Em 2011 foram 847, incluídas as destinadas a portadores de diplomaJefferson Ravedutti

Saul SchrammRafael Bueno

A empresa Águas Guari-roba está instalando hidrô-metros digitais em imóveis onde há consumo superior a 50 mil litros de água por mês (50 metros cúbicos). No Parque dos Poderes já foram instalados 150 aparelhos e a meta é atingir cerca de 1,2 mil clientes enquadrados nesta linha de consumo. A leitura do consumo é feita por um funcionário que passa de mo-tocicleta, a 40 km/hora.

Segundo o supervisor da área de hidrômetros da em-presa, Júlio César Ramires, um aparelho coletor identifica cada hidrômetro por meio de radiofrequência –num raio de até 100 metros–, fazendo o registro da conta automati-camente.

O projeto piloto teve início há dois meses na Capital, e é comum em países europeus. “Este hidrômetro é o mais mo-derno que existe no mercado atualmente”, afirma. Além de maior durabilidade, o aparelho digital possibilita economia com o tempo da leitura.

Neri Kaspary

Por conta da evasão e da sobra de vagas no começo do ano passado, a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) está oferecendo 1.389 vagas para transferência de estudantes de outras institui-ções, tanto públicas quanto privadas. O número equivale a quase 35% das 4.165 vagas oferecidas pela instituição para ingresso neste ano e que estão sendo disputadas atu-almente pelos candidatos que realizaram as provas do Enem no ano passado. Além disso, o número é bem superior ao do ano passado, quando havia 847, mas incluindo as vagas oferecidas para portadores de diploma, que desta vez serão abertas em edital separado.

As inscrições começam no sábado, dia 14, e acabam em 30 de janeiro, mediante paga-mento da taxa de R$ 100. O curso de graduação escolhido deve ser correspondente ao que o candidato estiver ma-triculado. Além disso, o curso de origem precisa estar auto-rizado e reconhecido pelo Mi-nistério da Educação e Cultura (MEC), o pretendente não pode estar em vias de jubilação e precisa ter integralizado todas as disciplinas previstas para os dois primeiros semestres da instituição de origem.

Das 1.389 vagas disponí-veis, 780 (quase 57%) estão abertas em 37 cursos no campus de Campo Grande. Porém, nos mais disputados, como são os casos de Me-dicina, Engenharia Civil e

Direito, por exemplo, não existe disponibilidade. Isto não significa, contudo, que não existam vagas nos cha-mados “cursos de elite”. Em Engenharia Elétrica estão sendo oferecidas oito vagas e em Farmácia, 41. Medicina Veterinária, outro curso que está com nota de corte alta na atual disputa do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), há espaço para 13 “novatos”. Mas é nos cursos de bachare-lado e licenciatura que mais sobra espaço, como pode ser constatado no site da Copeve,

onde também devem ser feitas as inscrições.

Instituição oferece vagas também em nove cidades do interior do Estado

Além de Campo Grande, há oferta de vagas em Aquidauana (61), Corumbá (148), Três La-goas (168), Paranaíba (20), Cha-padão do Sul (65), Nova Andra-dina (21), Bonito (7), Naviraí (71) e em Ponta Porã, cidade que tem capacidade para receber 48 pretendentes. O resultado da disputa será divulgado somente no dia 13 de fevereiro, quando

a maior parte das instituições particulares de ensino já tiver retomado as aulas.

Caso haja maior número de pretendentes que a quanti-dade de vagas oferecidas, será considerada a soma da carga horária das disciplinas cur-sadas com aprovação e aqueles que tiverem as melhores notas terão preferência. Conforme o edital disponível no site da UFMS, todas as vagas são para ingresso no primeiro semestre deste ano. Para cursos com ingresso no segundo semestre será lançado novo edital.

No Parque dos Poderes, por exemplo, o funcionário levava de três a quatro horas para fazer a leitura da conta. “Hoje, de 30 a 40 minutos; é o tempo que leva para percorrer a rota de moto”, explica Júlio. Porém, o aparelho não será disponi-bilizado a clientes com con-

sumo inferior ao estipulado no projeto. Isso por causa do alto custo.

Enquanto um hidrômetro convencional têm custo de R$ 137, o digital custa R$ 650. Os clientes que estão recebendo os novos aparelhos não arcam com o valor, que fica a cargo

da própria empresa. O apa-relho digital evita fraudes, vá-rios testes foram feitos neste sentido e até agora ninguém conseguiu burlá-lo, garante o supervisor.

Campo-grandense consome, em média, 150 litros de água por dia

O supervisor da área de hi-drômetros, Júlio César, orienta a população para se cons-cientizar do consumo racional da água, principalmente ao tomar banho. “Mais de 50% do consumo total de água em uma residência é gasto no banheiro”, alertou.

Em geral o campo-grandense consome 150 litros de água por dia, abaixo da média nacional. De acordo com a OMS (Orga-nização Mundial de Saúde), o brasileiro consome a média de 187 litros de água/dia.

Algumas iniciativas podem reduzir o consumo mensal, como, por exemplo, fechar bem as torneiras e reutilizar água para diversas utilidades. Não se deve também jogar/poluir fontes de água, como rios e lagos.

Equipamento digital permitirá leitura dos dados de consumo a distância

Número de vagas disponíveis na UFMS representa mais de um terço do número oferecido atualmente no Sisu

Em termos de legislação voltada para as questões urbanas, Campo Grande possui um arsenal jurídico invejável. São diversas leis, decretos e resoluções, elaborados pelo Executivo ou pelo Legislativo, que constituem um imenso conjunto fundamental para o trato das questões urbanas, em geral, e de preservação do patrimônio cultural, em particular, além de diversos Conselhos democráticos.

No caso da legislação municipal de proteção ao patrimônio histórico de Campo Grande, matéria que tem sido muito debatida pela sociedade e amplamente divulgada pela imprensa, a municipalidade conseguiu regulamentar a Lei nº 3.525, de 16/6/1998 que dispõe sobre a Proteção do Patrimônio Histórico, Paisagístico e Cultural, depois o prefeito André Puccinelli baixou o Decreto nº 8.085, de 27/9/2000.

No teor e na prática, agora temos Livro Tombo para proceder aos Atos de Tombamento e a Funcesp fica encarregada da proteção e fiscalização, dos laudos, dos levantamentos e outros meios. Entretanto, o Prefeito sancionou a Lei nº 3.810, de 6/11/2000, que criou o Conselho Municipal de Proteção ao Patrimônio Histórico de Campo Grande, órgão encarregado da Política Municipal de Proteção ao Patrimônio da cidade, que deve assessorar o Executivo e também o Legislativo.

Ocorre que o Conselho, até hoje, não existe na prática, pois lhe falta o Regulamento, que ainda não foi publicado e, portanto, o mesmo não pode funcionar. Informações coletadas dizem que o Conselho Municipal de Cultura não concorda com a criação desse outro Conselho, o de Proteção ao Patrimônio Histórico. Entretanto, acredito que enquanto lei municipal já publicada ela deve ser cumprida e só pode ser questionada na justiça.

Enquanto isso perde a cidade, pois, as demolições e descaracterizações do patrimônio continuam a todo vapor. Esperamos que não demore dois anos para sua regulamentação como ocorreu com a Lei nº 3.525 que, decorridos anos de funcionamento do Fundac apenas 11 imóveis foram tombados, a metade nos primeiros 18 meses de vigência da lei e a outra metade, de 2000 para cá, praticamente um a cada dois anos.

Na falta de uma política municipal e tendo em vista a urgência e a gravidade do problema, para receberem os benefícios, os imóveis devem estar incorporados ao patrimônio histórico de Campo Grande, ou seja, tombados pela Fundac. Assim, temos um grande começo de discussão de uma política de incentivos voltados para a preservação do patrimônio histórico e artístico de nossa capital. Digo que é o começo pois ainda faltam muitos instrumentos legais para que possamos respirar aliviados.

Por exemplo, já passou da hora de termos política de incentivos, que poderia se estender ao ISS fixo ou mensal, quando o imóvel tiver usos comerciais e de serviços, alugados para terceiros e até para o ICMS estadual, em parceria com o governo do Estado; ou ainda, incentivos às empresas que quiserem investir, livremente, em preservação dos imóveis históricos. Vejam que a discussão de incentivos é ampla e necessária e não se restringe ao Município e ao Estado, mas a toda a sociedade.

A falta de uma lei de incentivos tem contribuído para que a cidade perca uma média de dez imóveis de valor arquitetônico por ano pelas demolições e, em nome da modernidade, uma contínua descaracterização de fachadas e interiores. É imprescindível que a Câmara de Vereadores, o Conselho Municipal de Cultura e os setores organizados estejam juntos nessa hora, pedindo a regulamentação do Conselho já criado e, também, a construção democrática de um conjunto de benefícios fiscais e tributários para aqueles que preservarem seus imóveis.

A história de nossa cidade se constrói no dia a dia mas, com descaracterizações e demolições, nossa cidade vai, com o tempo, ficando sem sua cara, tendo a sua memória apagada, deletada. Para não ficarmos apenas na retórica e vermos um lado da moeda, o que poderia acontecer, prá valer, é a implantação do Plano Municipal de Cultura, que examine a questão como um todo e, em particular, a arquitetura.

Mas afinal, a quem cabe a construção dessa norma? A quem devemos procurar para opinar sobre o assunto? Apenas para ilustrar a discussão, a Lei de Incentivo de São Paulo, conhecida como Lei Mendonça, por diversas vezes aperfeiçoada, é um dos mais importantes instrumentos de preservação da memória da maior cidade do país. Quem sabe não seria bom darmos uma pequena olhada e vermos o que ela tem de bom para a nossa realidade? Aqui, a Lei da Cidade Limpa, não possui incentivos para os proprietários diretamente ligados ao processo, ou seja, falta discutir ainda muita coisa. Até semana que vem.

Faltam incentivos para preservar o patrimônio

Ângelo Marcos Arruda

Ângelo Marcos Arruda

Arquiteto e urbanista, professor da UFMS