Agrupamento Escolas de Vagos edição abril 2013

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Nesta 7ª edição da Semana da Lei- tura, centrada na temática do MAR, o Plano Nacional de Leitura, lançou- -nos o desafio de promover a leitura articulando-a com as várias áreas disciplinares. Entre 8 e 15 de março, a biblioteca da escola sede solicitou a colaboração de vários professores dos diversos graus de ensino para mostrar a relevância histórica e cultural do mar na constru- ção da identidade do povo português, ajudando a (re)descobrir a pluralidade de dimensões do mundo. Para concretizar esta iniciativa, re- corremos às atividades que permitiram valorizar a nossa identidade e promo- ver a preservação da nossa memória. O mar esteve sempre presente na diáspora do povo português. Tendo presente esta realidade, desencadeámos um processo de aglu- tinação das várias áreas do saber, recorrendo a convidados, partilhando experiências e integrando aportes de diferentes realidades. Tendo presente este princípio, foram realizadas as atividades: 8 de março: - Variações sobre oito poemas da «Mensagem» de Fernando Pessoa – 8ºD ao som do rap; - Serão Poético – Fernando Pessoa – 12º ano 12 de março: «Canção do Mar», por Cristiana Con- de (9ºD) e coreografia por Ana Vítor Gonçalves (7ºF) 13 de março: «O Homem do Leme» e música da «Pequena Sereia», ao saxofone, por Leonardo Moço (11ºB) 14 de março: «Retalhos da vida de um pescador» - Sr. João da Murtosa Ao longo da semana: - Exposição de peixes - Exposição sobre Luís Vaz de Ca- mões - Exposição sobre os grandes nave- gadores portugueses - Distribuição de marcadores con- templando extratos de obras literárias portuguesas alusivas ao mar e biogra- fias de autores espanhóis. No âmbito da Semana da Leitura, foi promovido o Concurso «Eu Escrevo» que resultou num trabalho coletivo do Jardim de Infância do Areão. Este trabalho consistiu na recolha de provérbios e lengalengas relacionados com o mar, recontados através de desenhos, colagens, pinturas e outros materiais. Este trabalho candidatou-se ao concurso, que tem uma abrangência nacional, representando assim o nosso agrupamento de forma muito criativa. Professoras Teresa Rodrigues e Fátima Carreira Retalhos da vida de um pescador João da Murtosa Na quinta-feira da Semana da Lei- tura, tivemos o prazer de receber na nossa escola o Sr. João da Murtosa. Muitos de nós tínhamos ouvido falar dele, mas não o conhecíamos. Então, lançámos-lhe o desafio de vir conver- sar connosco sobre «Retalhos da vida de um pescador» e o Sr. João aceitou com muito agrado. De entre os alunos que conversaram com ele, estavam duas netas e um bisneto, que se mostraram orgulhosos pela vinda do avô e recita- ram excertos de poesia com a temática do mar, como o «Mar Português» da Mensagem de Fernando Pessoa: «Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal! Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Quantos filhos em vão rezaram! Quantas noivas ficaram por casar Para que fosses nosso, ó mar! Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quere passar além do Bojador Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu.» Divulgamos aqui alguns fragmentos da conversa. Sr. João da Murtosa, de seu verda- deiro nome João Carlos da Silva, veio da Murtosa até à Praia da Vagueira, de bicicleta, aos 18 anos de idade. Gostou do local e aí ficou até aos dias de hoje. À pergunta «qual foi o seu maior medo em alto mar», o Sr. João respondeu que «ainda agora tem medo» e não é só do mar, é também da vida. Segundo ele, todos os dias enfrentamos obstáculos. «Temos de enfrentar a vida, ter cora- gem para enfrentar qualquer obstáculo que nos apareça.» Começou a faina da pesca com 25 anos. No entanto, até aí, trabalhou no moliço, nos saleiros e nas bateiras. Por duas vezes, o barco onde seguia com outros pescadores afundou. Mas a luta pela sobrevivência foi grande e conseguiram salvar-se, com a ajuda de outros barcos que por aí passavam. Quando um pescador é obrigado a en- frentar um obstáculo, neste caso um naufrágio, ele enfrenta-o sem medo. O Sr. João tem medo de enfrentar a vida, mas numa «aflição», ganha coragem para se salvar. Porque não queria que «os filhos pas- sassem fome», o Sr. decidiu trabalhar por conta própria e deitou muitas ve- zes lágrimas de sofrimento. Primeiro, pescou na ria e depois passou a pescar no mar. Na altura, o material de que dispunha não era o melhor – a bateira era pequena e os pescadores puxavam a rede com uma corda amarrada à cin- tura. Mais tarde, foram introduzidos os bois que ajudavam os pescadores a puxar a rede com o peixe até à praia. Mas, apesar da técnica ter melhorado, o barco afundou várias vezes e os pes- cadores viram a morte à frente. Nunca desistiram, a coragem falou sempre mais alto, conseguindo ultrapassar o medo. Dirigindo-se aos alunos, o Sr. João terminou, aconselhando-os « a não terem medo, mas sim a enfrentarem a vida». Obrigada, Sr. João da Murtosa, pela lição de vida que nos deu. Professora Fátima Carreira Semana da Leitura 2013 Trabalho realizado pelas crianças do Jardim de Infância do Areão

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Notícias do Agrupamento de Escolas de vagos

Transcript of Agrupamento Escolas de Vagos edição abril 2013

Nesta 7ª edição da Semana da Lei-tura, centrada na temática do MAR, o Plano Nacional de Leitura, lançou--nos o desafio de promover a leitura articulando-a com as várias áreas disciplinares.

Entre 8 e 15 de março, a biblioteca da escola sede solicitou a colaboração de vários professores dos diversos graus de ensino para mostrar a relevância histórica e cultural do mar na constru-ção da identidade do povo português, ajudando a (re)descobrir a pluralidade de dimensões do mundo.

Para concretizar esta iniciativa, re-corremos às atividades que permitiram valorizar a nossa identidade e promo-ver a preservação da nossa memória. O mar esteve sempre presente na diáspora do povo português.

Tendo presente esta realidade, desencadeámos um processo de aglu-tinação das várias áreas do saber, recorrendo a convidados, partilhando experiências e integrando aportes de diferentes realidades.

Tendo presente este princípio, foram realizadas as atividades:

8 de março:- Variações sobre oito poemas da

«Mensagem» de Fernando Pessoa – 8ºD ao som do rap;

- Serão Poético – Fernando Pessoa – 12º ano

12 de março:

«Canção do Mar», por Cristiana Con-de (9ºD) e coreografia por Ana Vítor Gonçalves (7ºF)

13 de março:«O Homem do Leme» e música da

«Pequena Sereia», ao saxofone, por Leonardo Moço (11ºB)

14 de março:«Retalhos da vida de um pescador»

- Sr. João da Murtosa Ao longo da semana:- Exposição de peixes- Exposição sobre Luís Vaz de Ca-

mões- Exposição sobre os grandes nave-

gadores portugueses- Distribuição de marcadores con-

templando extratos de obras literárias portuguesas alusivas ao mar e biogra-fias de autores espanhóis.

No âmbito da Semana da Leitura, foi promovido o Concurso «Eu Escrevo» que resultou num trabalho coletivo do Jardim de Infância do Areão. Este trabalho consistiu na recolha de provérbios e lengalengas relacionados com o mar, recontados através de desenhos, colagens, pinturas e outros materiais. Este trabalho candidatou-se ao concurso, que tem uma abrangência nacional, representando assim o nosso agrupamento de forma muito criativa.

Professoras Teresa Rodrigues e Fátima Carreira

Retalhos da vida de um pescadorJoão da Murtosa

Na quinta-feira da Semana da Lei-tura, tivemos o prazer de receber na nossa escola o Sr. João da Murtosa. Muitos de nós tínhamos ouvido falar dele, mas não o conhecíamos. Então, lançámos-lhe o desafio de vir conver-sar connosco sobre «Retalhos da vida de um pescador» e o Sr. João aceitou com muito agrado. De entre os alunos que conversaram com ele, estavam duas netas e um bisneto, que se mostraram orgulhosos pela vinda do avô e recita-ram excertos de poesia com a temática do mar, como o «Mar Português» da Mensagem de Fernando Pessoa:

«Ó mar salgado, quanto do teu salSão lágrimas de Portugal!Por te cruzarmos, quantas mães

choraram,Quantos filhos em vão rezaram!

Quantas noivas ficaram por casarPara que fosses nosso, ó mar!Valeu a pena? Tudo vale a penaSe a alma não é pequena.

Quem quere passar além do BojadorTem que passar além da dor.Deus ao mar o perigo e o abismo deu,

Mas nele é que espelhou o céu.»Divulgamos aqui alguns fragmentos

da conversa. Sr. João da Murtosa, de seu verda-

deiro nome João Carlos da Silva, veio da Murtosa até à Praia da Vagueira, de bicicleta, aos 18 anos de idade. Gostou do local e aí ficou até aos dias de hoje.

À pergunta «qual foi o seu maior medo em alto mar», o Sr. João respondeu que «ainda agora tem medo» e não é só do mar, é também da vida. Segundo ele, todos os dias enfrentamos obstáculos. «Temos de enfrentar a vida, ter cora-gem para enfrentar qualquer obstáculo que nos apareça.»

Começou a faina da pesca com 25 anos. No entanto, até aí, trabalhou no moliço, nos saleiros e nas bateiras. Por duas vezes, o barco onde seguia com outros pescadores afundou. Mas a luta pela sobrevivência foi grande e conseguiram salvar-se, com a ajuda de outros barcos que por aí passavam. Quando um pescador é obrigado a en-frentar um obstáculo, neste caso um naufrágio, ele enfrenta-o sem medo. O Sr. João tem medo de enfrentar a vida, mas numa «aflição», ganha coragem

para se salvar.Porque não queria que «os filhos pas-

sassem fome», o Sr. decidiu trabalhar por conta própria e deitou muitas ve-zes lágrimas de sofrimento. Primeiro, pescou na ria e depois passou a pescar no mar. Na altura, o material de que dispunha não era o melhor – a bateira era pequena e os pescadores puxavam a rede com uma corda amarrada à cin-tura. Mais tarde, foram introduzidos os bois que ajudavam os pescadores a puxar a rede com o peixe até à praia. Mas, apesar da técnica ter melhorado, o barco afundou várias vezes e os pes-cadores viram a morte à frente. Nunca desistiram, a coragem falou sempre mais alto, conseguindo ultrapassar o medo.

Dirigindo-se aos alunos, o Sr. João terminou, aconselhando-os « a não terem medo, mas sim a enfrentarem a vida».

Obrigada, Sr. João da Murtosa, pela lição de vida que nos deu.

Professora Fátima Carreira

Semana da Leitura 2013

Trabalho realizado pelas crianças do Jardim de Infância do Areão

Visita de Estudo ao PortoNo passado dia 19 de fevereiro, as

turmas A, B e C do 11ºano partiram em viagem em direção à Invicta, acompanha-das pelas professoras Maria do Carmo Carvalho, Angelina Oliveira, Teresa Rodrigues e Isabel Ruivo. Esta visita de estudo realizou-se no âmbito das disciplinas de Português e de História A (no caso do 11ºC).

Na parte da manhã, os alunos assisti-ram à peça Frei Luís de Sousa, de Al-meida Garrett, apresentada pelo grupo de teatro Arte D’Encantar.

À tarde, após uma pausa para almoço no Mar Shopping, os alunos visitaram o Museu Romântico da Quinta da Maciei-rinha. Este museu é uma fiel reprodução de uma habitação burguesa do século XIX. A quinta pertencia a António Ferreira Pinto Basto, em 1849, quando recebeu o rei exilado Carlos Alberto do Piemonte e da Sardenha, de 14 de maio a 28 de julho.

Pedro de Barros 11ºCFotos: Prof. Isabel Ruivo; Pedro de

Barros 11ºC

O Coelho passou das marcas

O Coelho passou das marcas,Só manda cartas,Contas para pagar,Água,Luz e GásE então,Como estás?

O financiamentoEstá a acabar e O desemprego a aumentar,Daqui a pouco estão – me a calar.As verdades não se dizem,Lei de CavacoQue só fuma tabaco,Toda a hora ,Todo o diaCom a sua Maria.

10mil não chegam paraCalar o Portas,O Jardim já lá vaiA fugir para o Hawai.

RTP privatizada e O governo não diz nada,Vai – nos meter numa alhada.A gasolina que não pára de subir,Andar a pé está na moda,Que ao carro já falta uma roda.

O Rebelo e a Judite,Aos domingos à noite,E até acabar a gala,Ninguém os cala!

Cassandra, Sónia, Érica, Joana, Inês, Diana e Ji – 8ºE

Uma nuvem de névoa caía sobre a floresta abalada pelos perfumes da madrugada. Os primeiros e pequenos raios de sol acariciavam o rosto de Oriana (a fada daquela floresta) que voava alegre no ar, cantando cantigas da terra e do mar. A lua encontrava-se com o sol, já prestes a dormir, enquanto ele despia o seu pijama rosado e vestia a sua camisola amarela e brilhante.

Tudo estava calmo até que se ouviu um grito entre o denso e verdejante bosque. Oriana voou o máximo e o mais rápido possível até aquele barulho de aflição. Quando chegara ao local já o coelho tinha endoidecido, fazendo malabarismo com pedras negras e andando ao pé-coxinho. O coelho era branco como a neve que, nos invernos mais frios, caía sobre a floresta. Tinha dois dentes brilhantes, grandes e re-sistentes, que só os roedores têm, e duas orelhas. E numa delas apresentava um arranhão.

Oriana interveio: – Desculpa, porque me chamaste? – Perdi-me na floresta! – desper-

tou o coelhinho da sua loucura. – Tudo começou há três dias. Eu estava a

recolher cenouras e, entretanto, ouvi o forte e agudo som de uma águia, pássaro de Júpiter, na minha direção e comecei a fugir dando grandes saltos! Ela ainda me desferiu um corte na orelha mas, nesse preciso momento, tropecei numa raiz de uma árvore e rebolei monte adentro. Estava perdido no meio das silvas. Agora estou deses-perado no meio do nada.

Oriana, com pena daquela pobre criatura, ofereceu-se para o ajudar a encontrar o caminho para casa. Anda-ram, andaram, andaram e, à noite ser-rada, Oriana e o coelho estavam junto da porta da sua toca onde o esperava a sua mãe, que correu para ele como tresloucada.

A caminho do seu tronco, Oriana refletiu sobre si mesma e pensou, mais uma vez, que a paga pelo seu trabalho era mesmo os sorrisos de alegria que ela tanto via.

Pedro Feitais, 5º E – Escola Dr. João

Rocha (pai)(Texto elaborado numa prova de

avaliação de conhecimentos)

A Oriana e o coelho perdido

Bem Vindo ao Desenho Digital

Os alunos do curso profissional Técni-co Desenho Digital 3D, da escola sede do Agrupamento de Escolas de Vagos, realizaram um site no início da semana passada, nas aulas técnicas, a partir da linguagem HTML5, que consiste em realizar um portal na área de desenho digital 3D e 2D, considerando uma ajuda para alunos e profissionais da área. Este site está disponível em:

www.grupodd3d.wix.com/dd3d

Ação de formação no IPAMSerão Poético - 12º ano

«Fernando Pessoa, ele e alguns dos outros»

No último dia de aulas do segundo período, a turma de receção deslocou-se ao IPAM para assistir à formação: Aten-dimento - a arte de encantar.No dia 15 de março, o IPAM e IPRC cel-ebraram o Dia In-ternacional do Con-sumidor com uma formação sobre AT-ENDIMENTO. A sessão destinou-se a todos os vendedores de produtos e serviços, profissionais da área e futuros profis-sionais do atendimento em geral.Os alunos estiveram das 14:00 às 17:00 atentos às palavras da Dra. Judite Manso. Aprenderam técnicas que po-

dem transformar um comportamento intuitivo num comportamento profis-sional e confirmaram a importância que um atendimento de qualidade tem na relação com os clientes, pois um bom atendimento condiciona a decisão de compra dos consumidores.

No dia 8 de março, a abrir a «Semana da Leitura», os alunos de português do 12º ano realizaram um serão poético, onde disseram e cantaram, com alma e coração, a poesia de Fernando Pes-soa e alguns dos seus heterónimos. O momento foi especialmente preparado para ser partilhado com as suas famílias e professores.

A atividade foi um sucesso pois obteve a adesão de quase todos os encarrega-dos de educação, que compareceram e partilharam as palavras, os gestos e o sentimento – já sabido de todos, mas aqui novamente confirmado – de que esta escola é muito mais do que um sítio que se frequenta para obter um diploma.

No final, os alunos ofereceram aos pais uma dedicatória personalizada e à escola uma tela que retrata o poeta homena-

geado, desenhada com as assinaturas de todos. O serão prolongou-se num mo-mento de convívio, pontuado pela alegria e adoçado pelos mimos que os alunos do curso de restauração prepararam para artistas e convidados.

Professora Cristina Oliveira