Agronegócio em análise
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Agronegócio em AnáliseMarço de 2012
Regina Helena Couto Silva
Custos elevados, retração das exportações e concorrência entre as carnes provocam redução de margens dos frigorífi cos
O mercado mundial de carnes vem mudando de forma estrutural desde a crise de 2008, sendo percebido um efeito substituição entre as proteínas animais, em favor da carne de frango, cujos preços são mais acessíveis. Esse movimento ocorreu principalmente nos países desenvolvidos, ao passo que nos países emergentes, inclusive no Brasil, o incremento de consumo foi propiciado pela entrada no mercado consumidor da população de baixa renda, que passou a ter acesso a proteínas animais de preços inferiores, o que ampliou o mercado de carne avícola. Além disso, a Rússia que é um grande importador de carnes vem investindo na produção própria e reduzindo sua dependência externa.
Esses movimentos levaram o complexo carnes brasileiro a uma nova confi guração, com perda de importância da carne bovina na pauta exportadora e no ranking global e redirecionamento e diversifi cação de mercados de destino. Some-se a isso o câmbio apreciado e a elevação dos custos de produção com ração e animais de reposição, que estão provocando a compressão de margens dos frigorífi cos.
Todo este contexto deverá continuar ditando a dinâmica das exportações brasileiras, mais direcionada para a carne de frang o. De fato, as projeções do USDA1 para 2012 apontam para uma elevação de 5% do volume exportado pelo Brasil de carne avícola, 2,8% de carne suína e 3,7% de carne bovina. Com estes incrementos, as exportações de carne de frango serão recorde, ao passo que as exportações de carne suína seguirão no mesmo patamar dos últimos 10 anos e a carne bovina ainda não recuperará o nível exportado em 2007.
Nos últimos 10 anos, o consumo brasileiro de carnes cresceu a uma taxa média de 4% ao ano, com destaque para a carne de frango, chegando a uma expansão anual média de 6% , ao passo que a carne bovina cresceu apenas 2% anualmente no mesmo período. Enquanto a participação da carne avícola no consumo nacional passou de 39% para 49% entre 2000 e 2011, a de carne bovina caiu de 47% para 38%. Já a participação da carne suína fi cou estável em 13%. Isso é refl exo do incremento de renda da população e do efeito da mobilidade social – nos últimos 10 anos mais de 40 milhões de pessoas saíram das camadas mais pobres de renda e ingressaram na classe C.
1USDA – Sigla em inglês do Departamento de Agricultura dos EUA.
Fonte e (*) projeção: USDAElaboração: Bradesco
5.977 5.865
6.4456.417
6.969
7.1447.374
7.7507.885
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3.843
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BovinaSuínaAvícola
Consumo doméstico de carnes - em mil toneladas
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Consumo mundial de carne bovina por região- em mil toneladas
51.973
53.506
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57.676 55.834 55.649
44.634 46.001
50.066
56.692 58.895
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77.371
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85.163
90.629 94.048
93.778
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Carne BovinaCarne de FrangoCarne Suína
Consumo mundial de carnes - em mil
toneladas
Fonte e projeção: USDAElaboração: Bradesco
Ao mesmo tempo, no mercado mundial, a retração do consumo de carne bovina vem ocorrendo de forma mais acentuada na Europa e na América do Norte, em função da crise fi nanceira. Os EUA reduziram o volume importado2 em 13% entre 2008 e 2011, em razão da
queda do consumo doméstico. Além disso, também fi zeram um movimento de substituição de proteínas – a demanda de carne bovina caiu 10% desde 2008, ao passo que a demanda de carne de frango cresceu 1,3% no período.
2 Os EUA são o 4º maior importador de carnes e responde por 6% das importações globais de carnes. As importações abastecem 8% do consumo doméstico de carne bovina e 5% da carne suína. As importações norte-americanas de carne de frango são irrelevantes.
6.473 7.149 7.559 7.675
7.969 8.659 8.416 8.690
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12.074
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3.631
4.246 3.942
1.269
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1.082 1.312
2.247 2.726
2.878 2.489
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8.000
10.000
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Leste Asiático UE América do Norte América do Sul CEI Oriente Médio África
Fonte e (*) projeção: USDAElaboração: Bradesco
Consumo aparente de carnes nos EUA
Fonte e Projeção: USDA Elaboração: Bradesco
32.475
32.317
33.746
33.539
34.659
34.791
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34.200
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34.500
35.000
35.500
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13.43513.470
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12.737
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11.750
11.158
8.4548.396
8.684
8.8188.643
8.813
9.013
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Avicola
Bovina
Suína
Consumo de Carnes nos EUA
Fonte e projeção: USDAElaboração: Bradesco
2.2622.480
2.7402.958
1.638
2.715 2.963
3.418
2.114
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1.129
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1.9011.823
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Japão RússiaMéxico EUAUE - 27 Arábia Saudita
Importações de Carnes Avícola,
Bovina e Suína por países
Fonte e Projeção: USDA Elaboração: Bradesco
Paralelamente, a Rússia, que é o 2º maior importador e responde por 10% das importações globais, também vem reduzindo o volume importado de carnes. Mas diferentemente do que ocorreu nos EUA onde o consumo interno e por consequência as compras externas recuaram, na Rússia o consumo doméstico vem crescendo, a exemplo de outros emergentes, ou seja o país investiu na ampliação da produção doméstica, reduzindo sua dependência de importações de carnes. De fato, a participação da Rússia nas importações globais do complexo carnes caiu de 16% em 2008 para 9,9% em 2012. Nesse sentido, as importações de carne de frango que atendiam a 31% da demanda doméstica do país, passaram a responder por 11%, sendo a diferença complementada com produção própria. A dependência russa de carne bovina importada foi reduzida de 45% para 43%. No caso da carne suína
a dependência externa caiu de 38% para 26% entre 2008 e 2012.
Adicionalmente, o mercado brasileiro de carnes tem forte dependência da demanda russa, o que representa um risco, dado que 20% das nossas exportações de carnes tem como destino este mercado. Mas, de todo modo, essa concentração vem se reduzindo nos últimos anos, com a conquista de outros mercados, o que possibilitou um pouco mais de pulverização, aspecto bastante positivo para setores exportadores.
Prova disso, é que, em 2001 55% das exportações brasileiras de carne suína estavam concentradas na Rússia. No ano passado essa concentração se reduziu para 24,5%. Outros mercados como Hong Kong, Ucrânia, Angola, Cingapura, Uruguai e Venezuela ganharam participação, que passou de 22% para 54% no período.
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Exportações brasileiras de carne bovina por países de destino (soma 70% das exportações brasileiras de carne suína) 2001 - 2011 em toneladas
Fonte: Secex Elaboração: Bradesco
No caso da carne de frango o Brasil perdeu importantes mercados consumidores como a Europa, que respondia por 20% das exportações em 2001 e passou para 6% em 2011. A Rússia, que neste segmento não tinha forte concentração, também perdeu participação saindo de 7,7% para pouco menos de 2%. Houve maior pulverização dos mercados de destino, e dois países que ganharam relevância foram a China e a África do Sul que respondem cada um por 5%, antes uma participação de 1,5%.
A carne bovina também perdeu mercados relevantes como a Europa, que respondia por quase 40% das exportações em 2001, e passou para 9% em 2011. Os EUA também, que já responderam por 7% e caíram para 1,2% no período. Em sentido contrário, o risco se concentrou na Rússia, que passou de 0,4% para 21,7% no período entre 2001 e 2011. Apesar disso, essa participação na pauta exportadora do Brasil vem se reduzindo desde 2008, quando foi de 28,6%, visto que a Rússia vem reduzindo sua dependência externa como mostrado anteriormente.
Exportações brasileiras de carne suína por países de destino (soma 70% das exportações brasileiras de carne suína) 2001 - 2011 em toneladas
Fonte: Secex Elaboração: Bradesco
49.693 60.96873.908
122.132129.734151.964
377.078
313.840
403.572
267.562233.984
126.449
96
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28.08441.578
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Hong KongRússiaUcraniaArgentina
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461.909
334.068
237.631
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165.496188.556
35.616
130.724
51.149
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81.598
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322.226.829
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RússiaHong KongIrãEgitoEuropa
Em sentido contrário, como já comentado, o consumo de carne avícola vem crescendo globalmente. Na América do Norte e na União Europeia, que juntas respondem por 35% da demanda mundial de carne de frango, o consumo deste tipo de carne cresceu em média 1,5% ao ano nos últimos quatro anos. O forte
impulso, entretanto, veio dos países emergentes, que tiveram forte crescimento de renda, impulsionando a demanda de proteínas animais. Assim, no Leste Asiático, na América do Sul e o no Oriente Médio o consumo doméstico de carne de frango cresceu 5,5% em média nos últimos quatro anos.
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Consumo mundial de carne avícola por região- em mil toneladas
Fonte e projeção: USDA Elaboração: Bradesco
10.427 12.384
13.866
16.786
6.666 7.301
7.917
7.656
8.358 9.100
12.689
14.509 16.101
17.627 18.388
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13.504
1.947
4.289 4.398 2.959
5.464
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Leste Asiático UE América do Norte América do Sul CEI Oriente Médio África
Com isso, as exportações de carne avícola do Brasil foram benefi ciadas, tendo em vista que o Oriente Médio responde por 38% das exportações brasileiras de carne de frango e a Ásia por 26%. Esse cenário tem levado a uma dinâmica de exportações do complexo carnes no Brasil mais centrada na carne avícola em detrimento da carne bovina. Claramente, desde 2007 as exportações brasileiras de carne bovina caíram 40% em volume, ao passo que, no mesmo período, os embarques de carne avícola cresceram 16%.
Além da alteração na demanda global por carnes, outros fatores também explicam o baixo desempenho das exportações brasileiras de carne bovina nos últimos anos, como câmbio apreciado, custos elevados na compra de boi pronto para abate e consumo doméstico aquecido, que evidentemente são fatores que também tem direcionando a ação dos frigorífi cos para atender prioritariamente ao mercado interno, reduzindo os volumes exportados.
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1.5961.325
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3.300 3.465
82
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590 621761 730 707 582
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BovinaFrangoSuínos
Exportações Brasileiras do Complexo Carnes
Fonte e (*) Projeção: USDA Elaboração: Bradesco
em mil toneladas
3,8%
7,4% 12,0%
15,7%
20,2%
17,1%
14,7%14,9%
5,3%
6,2%
5,9%
15,1%
23,0%
23,9%22,6%
24,4%22,6%
19,4%
17,3%
13,9%
13,3%
29,3%
26,7%
28,4%
25,8%25,5%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
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*
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*
Bovina
Suína
Avícola
Coefi ciente de Exportações de Carnes - 1997 - 2012
Fonte e Projeção: USDA Elaboração: Bradesco
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Com essa configuração, o Brasil empatou com a Austrália na 2º posição de maior exportador global de carne bovina, com uma participação de 17% no ano passado. Ademais o Brasil se confirmou
como o maior exportador global de carne avícola, com participação de 36% e manteve a posição no ranking de exportação de carne suína, no 4º lugar, com 9%.
Exportações de Carne Bovina dos maiores exportadores
Fonte e projeção: USDA Elaboração: Bradesco488
872
1.845
2.189
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1.375
1.120 1.142
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1.250 1.316
1.407
354
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Brasil EUA Austrália Argentina
em mil toneladas
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2.416
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3.242 3.181 3.300 3.465
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2.520
2.170
2.361
2.678
3.069
2.966
3.039
718 762
635
783 992
1.100 1.120
550
1.150
1.750
2.350
2.950
3.550
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011* 2012*
Brasil
EUA
UE - 27
Exportações de Carne de Frango dos maiores
exportadores
Fonte e Projeção: USDA Elaboração: Bradesco
Esse cenário exportador se refletiu na produção doméstica. Os abates de bovinos recuaram 7% entre 2007 e 2011, voltando para o mesmo nível registrado em 2005. Em sentido contrário, os abates de frangos cresceram 20% no mesmo período, impulsionados tanto pelas exportações quanto pela demanda
doméstica. De todo modo, é importante ressaltar mais uma vez, que o consumo interno evitou retração mais acentuada da produção de carne bovina, pois ao passo que os volumes embarcados caíram 40% entre 2007 e 2011, os abates se retraíram em apenas 7% no mesmo período, sustentados pelo mercado interno.
Abates de Bovinos, Suinos e Aves - Em milhares de cabeças abatidas
Fonte: IBGEElaboração: Bradesco
em mil toneladas
16.734
22.943
21.723
31.788
34.180
14.885
16.998
31.509
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4.895.4965.227.151
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4.500.000
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jan/98m
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ai/07set/07jan/08m
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Bovino
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Em que pese a sustentação de consumo interno por todos os tipos de carnes e de demanda externa por carne de frango, os frigorífi cos estão enfrentando aperto de margens por conta da elevação de custos com ração e com reposição de animais e por outro lado, dificuldades de repasse aos preços finais, em função da substituição de consumo entre as proteínas.
Com efeito, os custos operacionais de produção de frangos e de suínos subiram 23% e 14% respectivamente
em 2011. Os preços do milho no mercado interno3 subiram 46% em 2011 em relação ao ano anterior, lembrando que o cereal, principal componente de custos de aves e suínos, responde por 70% dos custos operacionais. Já os preços recebidos pelos produtores de frango subiram em menor magnitude, alta de 12% na média de 2011 contra a média do ano anterior, enquanto que os preços do suíno fi caram estáveis na média anual. O resultado foi a piora das margens operacionais4 que chegaram a fi car negativas para o produtor de frango desde o fi nal do ano passado.
3Referência preço pago ao produtor no Paraná, fonte Deral.4O exercício de margem operacional leva em conta a média anual dos custos e a média anual de preços recebidos pelos produtores, refl etindo uma simulação de spread entre custos e preços e não se traduzindo efetivamente na margem recebida pelo produtor.
Margem Operacional da Produção de Frango
Fonte: Deral e Conab Elaboração: Bradesco
2,282,27 2,30 2,29 2,25
2,022,11
2,55
2,15
2,502,38
2,33
5,3%8,1%
17,4%
26,3%
0,6%
-18,5%
-6,2%
15,1%
3,3%
-25,0%
-15,0%
-5,0%
5,0%
15,0%
25,0%
35,0%
1,10
1,30
1,50
1,70
1,90
2,10
2,30
2,50
2,70
2,90
jan-10
fev-10
mar-10
abr-10
mai-10
jun-10
jul-10
ago-10
set-10
out-10
nov-10
dez-10
jan-11
fev-11
mar-11
abr-11
mai-11
jun-11
jul-11
ago-11
set-11
out-11
nov-11
dez-11
jan-12
fev-12
Custo TotalPreço ao ProdutorMargem Operacional
Margem Operacional da Produção de
Suíno
Fonte: Deral e Conab Elaboração: Bradesco
A retração mais acentuada das margens no segmento avícola é resultado da expansão do alojamento de pintos de corte durante todo ao ano de 2011, acima do potencial de demanda. Como o
ciclo entre o nascimento e o abate dos frangos é, em média, de 45 dias, o reflexo na queda de preços foi mais rápida e percebida desde dezembro do ano passado.
1,32
1,24
1,58
1,65
1,72
1,86 1,86
1,62
1,80
1,58 1,59
1,441,40
1,43
1,74
1,82
1,691,72
1,78 1,791,82
1,6520,3%
28,3%
11,9%
6,5%
-6,0%
6,5%
-1,9%
12,9%
-8,0%
-15,0%
-10,0%
-5,0%
0,0%
5,0%
10,0%
15,0%
20,0%
25,0%
30,0%
35,0%
1,10
1,20
1,30
1,40
1,50
1,60
1,70
1,80
1,90
2,00
jan-10
fev-10
mar-10
abr-10
mai-10
jun-10
jul-10
ago-10
set-10
out-10
nov-10
dez-10
jan-11
fev-11
mar-11
abr-11
mai-11
jun-11
jul-11
ago-11
set-11
out-11
nov-11
dez-11
jan-12
fev-12
Custo TotalPreço ao ProdutorMargem Operacional
8DEPECDEPEC
Agr
oneg
ócio
em
Aná
lise
417,7406,9
425,6
455,7
461,8
482,1
467,9
503,0
462,6
494,0
472,9
448,9
510,4500,8
517,8
499,4
473,3
526,8
513,0
536,0530,4
515,8
539,2
400,0
420,0
440,0
460,0
480,0
500,0
520,0
540,0
560,0
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
2009
2010
2011
Alojamento de pintos de corte - em milhões de cabeças
Fonte: Apinco Elaboração: Bradesco
11,95
10,91
11,96
7,05
10,47
12,22
22,28
19,95
16,83
12,92
18,96
14,97
12,71
16,26
11,52
12,67
10,44
16,33
14,14
24,94
22,20 21,31
15,20
14,14
23,78
20,30
23,07
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
jan/00 jan/01 jan/02 jan/03 jan/04 jan/05 jan/06 jan/07 jan/08 jan/09 jan/10 jan/11 jan/12 Dez/12
Preço pago ao produtor de milho - Paraná
Fonte: Deral Elaboração: Bradesco
Os custos na cadeia produtiva de carne bovina também estão elevados, pressionando as margens dos frigoríficos. Realmente, os preços dos bezerros subiram 8% em 2011, quando já estavam 53% acima da média histórica. E os preços do milho e soja também pressionam os custos da ração nos
confinamentos. Um exercício comparativo entre custos de compra de boi gordo e preço de venda de carne no atacado5 aponta que, durante todo o ano de 2011, as margens ficaram mais ajustadas, pois as cotações do boi subiram acima da carne no atacado.
74,4
90,788,7
79,5 80,4
110,4
103,0 103,7
97,1
67,1
79,0
74,072,0
75,5
79,9
95,0
89,692,9
94,5
60,00
70,00
80,00
90,00
100,00
110,00
fev/
08
abr/0
8
jun/
08
ago/
08
out/0
8
dez/
08
fev/
09
abr/0
9
jun/
09
ago/
09
out/0
9
dez/
09
fev/
10
abr/1
0
jun/
10
ago/
10
out/1
0
dez/
10
fev/
11
abr/1
1
jun/
11
ago/
11
out/1
1
dez/
11
fev/
12
Preço do Boi Gordo
Preço de carne no Atacado
Preços do Boi Gordo e Preços da Carne bovina no Atacado equivalente em carcaça
Fonte: CEPEA e IEAElaboração: Bradesco
5No exercício de margem operacional, consideramos o spread entre o preço de compra de boi gordo para abate e o preço de venda de carne no atacado, mas lembrando que entre outras receitas dos frigorífi cos estão a venda de couro, sebo e miúdos, com os quais os frigorífi cos se rentabilizam, mas que não entram neste cálculo de margem.
em R$ por arroba
9DEPECDEPEC
Agr
oneg
ócio
em
Aná
lise
314,9
379,5
359,7
394,5
383,2
372,2
341,9
370,1
366,4
408,5
474,0 493,2
551,7
751,6
615,9
592,2
722,8
667,5
773,7
711,0
743,7
712,2
250,0
350,0
450,0
550,0
650,0
750,0
850,0
fev/
01ab
r/01
jun/
01ag
o/01
out/0
1de
z/01
fev/
02ab
r/02
jun/
02ag
o/02
out/0
2de
z/02
fev/
03ab
r/03
jun/
03ag
o/03
out/0
3de
z/03
fev/
04ab
r/04
jun/
04ag
o/04
out/0
4de
z/04
fev/
05ab
r/05
jun/
05ag
o/05
out/0
5de
z/05
fev/
06ab
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jun/
06ag
o/06
out/0
6de
z/06
fev/
07ab
r/07
jun/
07ag
o/07
out/0
7de
z/07
fev/
08ab
r/08
jun/
08ag
o/08
out/0
8de
z/08
fev/
09ab
r/09
jun/
09ag
o/09
out/0
9de
z/09
fev/
10ab
r/10
jun/
10ag
o/10
out/1
0de
z/10
fev/
11ab
r/11
jun/
11ag
o/11
out/1
1de
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fev/
12
Preços do bezerro – Mato Grosso do Sul 2001 - 2012
Fonte: Cepea Esalq Elaboração: Bradesco
Para o restante do ano, acreditamos que os custos em todo o complexo carnes ainda deverão permanecer altos, em razão dos elevados preços do milho no mercado doméstico, pressionados pela quebra de safra na região Sul do País. Esperamos cotações deste ano pouco abaixo das médias registradas em 2011, quando subiram muito, mas acima da média histórica. Os custos na cadeia bovina também não deverão recuar, tanto nos confinamentos cujos custos são baseados nos grãos, como na pecuária extensiva, na qual o principal custo é o bezerro, e este deverá continuar caro, em função da rigidez na oferta.
De forma resumida, os frigorífi cos poderão contar com demanda doméstica aquecida, porém limitada pela própria concorrência entre as proteínas. O mercado externo deverá continuar mais favorável para a carne de frango, que tem como principal destino os países emergentes do Oriente Médio e da Ásia. Em sentido contrário as carnes suína e bovina, cujos destinos são muito concentrados na Rússia – 24,5% e 22% respectivamente, deverão continuar com limitação de expansão no mercado global, além do próprio risco de exportar para um país que constantemente impõe barreiras sanitárias e comerciais. Por fi m, para todos os tipos de carnes os custos deverão continuar levando a ajustes de margens.
Retrato do SetorRetrato do Setor
Carne bovina
Oferta• EUA, Brasil e União Europeia respondem por 51% da produção total;• Brasil, Austrália e EUA respondem por 53% das exportações mundiais;• O Brasil exporta 18% da sua produção, a Austrália 65% e os EUA 7%. A Argentina exporta 16% da sua
produção doméstica;• Brasil é o maior exportador mundial de carne bovina e de frango;• Brasil tem o maior rebanho comercial do mundo.
Demanda• EUA e União Europeia (juntos 36%), Brasil e China são os maiores consumidores mundiais, com 60% do
mercado;• A China importa 3% do seu consumo doméstico;• Os maiores importadores são EUA, Rússia e Japão, que juntos respondem por 42% das importações mundiais;• O Japão importa 49% do seu consumo interno, a Rússia 41% e os EUA 10%. • Os principais países de destino das exportações brasileiras de carne bovina in natura são: Rússia 27% e Irã
21%.
Mercado Externo• Os principais mercados de destino das exportações de carne bovina são: 21,7% Rússia, 17,2% Hong Kong,
12% Irã.
10DEPECDEPEC
Agr
oneg
ócio
em
Aná
lise
Octavio de Barros - Diretor de Pesquisas e Estudos EconômicosMarcelo Cirne de Toledo - Superintendente executivoEconomia Internacional: Fabiana D’Atri / Daniela Cunha de Lima /Igor Velecico / Thomas Henrique Schreurs Pires / Matheus Ribeiro Machado Economia Doméstica: Robson Rodrigues Pereira / Andréa Bastos Damico / Ellen Regina Steter / Myriã Bast / Priscila Pereira DeliberalliAnálise Setorial: Regina Helena Couto Silva / Priscila Pacheco Trigo / Rita de Cassia Milani Pesquisa Proprietária: Fernando Freitas / Ana Maria Bonomi Barufi / Leandro Câmara NegrãoEstagiários: Mirella P. Amaro Hirakawa / Gabriel Lyrio de Oliveira / Priscila Monteiro Ortega / Ricardo Romano / Thunay Mota Raia / Ana Beatriz Ract Pousada
Equipe Técnica
O DEPEC – BRADESCO não se responsabiliza por quaisquer atos/decisões tomadas com base nas informações disponibilizadas por suas publicações e projeções. Todos os dados ou opiniões dos informativos aqui presentes são rigorosamente apurados e elaborados por profi ssionais plenamente qualifi cados, mas não devem ser tomados, em nenhuma hipótese, como base, balizamento, guia ou norma para qualquer documento, avaliações, julgamentos ou tomadas de decisões, sejam de natureza formal ou informal. Desse modo, ressaltamos que todas as consequências ou responsabilidades pelo uso de quaisquer dados ou análises desta publicação são assumidas exclusivamente pelo usuário, eximindo o BRADESCO de todas as ações decorrentes do uso deste material. Lembramos ainda que o acesso a essas informações implica a total aceitação deste termo de responsabilidade e uso. A reprodução total ou parcial desta publicação é expressamente proibida, exceto com a autorização do Banco BRADESCO ou a citação por completo da fonte (nomes dos autores, da publicação e do Banco BRADESCO).
Carne avícola
Oferta• EUA, China e Brasil respondem por 55% da produção total;• Brasil e EUA respondem por 70% das exportações mundiais;• O Brasil exporta 26% da sua produção e os EUA 18%;
Demanda• China, EUA, União Europeia e Brasil são os maiores consumidores mundiais, com 58% do mercado;• Os maiores importadores são: Japão, UE, Arábia Saudita e Rússia, que juntos respondem por 1/3 das importações mundiais;• O Japão importa 38% do seu consumo interno e a Rússia 21%;• A China importa 3% do seu consumo interno.• Os principais países de destino das exportações brasileiras de carne avícola são: Oriente Médio 38% e Ásia 26%.
Mercado Externo• Os principais mercados de destino das exportações de carne avícola são: 16,8% Arábia Saudita, 12% Japão,
9% Hong Kong, 5,8% Emirados Árabes.
Carne suína
Oferta• China e União Europeia respondem por 71% da produção total;• EUA, UE e Canadá respondem por 78% das exportações mundiais;• A UE exporta 8% da sua produção e os EUA 20%;• O Canadá não é um grande produtor mundial (2%), porém exporta 63% da sua produção interna e portanto
se confi gura como o 3º maior exportador;• Brasil é o 4º exportador mundial e exporta 23% da sua produção.
Demanda• China e UE são os maiores consumidores mundiais, com 70% do mercado;• Os maiores importadores são Japão e Rússia, que juntos respondem por 37% das importações mundiais;• O Japão importa 46% do seu consumo interno e a Rússia 28%.• Os principais países de destino das exportações brasileiras de carne bovina são: Rússia 57% e China 12%.
Mercado Externo• Os principais mercados de destino das exportações de carne suína são: 25,2% Hong Kong, 24,5% Rússia,
12% Ucrania.