“AGRICULTURA URBANA: Um estudo de caso nas comunidades Chico Mendes e Jardim Janaina”

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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS AGRICULTURA URBANA: Um estudo de caso nas comunidades Chico Mendes e Jardim Janaina . Acadêmica: Letícia Silva Melo Florianópolis, junho de 2010.

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Trabalho de Conclusão de Curso - Letícia Silva Melo, 2012, CCA/UFSC

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

AGRICULTURA URBANA: Um estudo de caso nas

comunidades Chico Mendes e Jardim Janaina

.

Acadêmica: Letícia Silva Melo

Florianópolis, junho de 2010.

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AGRADECIMENTOS

A minha família por todo o apoio dado

Aos meus amigos pela amizade construída e preservada

Ao meu filho pelo sopro de vida que me deu para terminar esta jornada.

Te amo!!!

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SUMÁRIO 1. Delimitação do tema

2. Objetivo geral

2.1. Objetivo especifico

3. Formulação do problema

4. Hipótese

5. Justificação

6. Revisão bibliográfica

6.1. Agricultura urbana

6.2. Contexto da agroecologia

6.2.1. Prática agroecológicas

6.2.2. Adubação orgânica e Cobertura morta

6.2.3. Defensivos naturais e Controle de pragas

6.2.4. Rotação de culturas e Manejo do solo

6.2.5. Reciclagem do resíduo orgânico ( compostagem)

7. Histórico do CEPAGRO

7.1. Histórico Biguaçu

7.2. Histórico Chico Mendes

8. Metodologia

9. Resultados e Discussões

10. Considerações Finais

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LISTA DE ABREVIATURAS

AU – Agricultura Urbana

ASA – Ação Social Arquidiocesana

ASSJE – Ação Social da Igreja São João Evangelista

AS-PTA – Alternativa Assessoria e Serviços a projetos em Agricultura

CESE

CEASA

CEPAGRO – Centro de estudo e Promoção da Agricultura de Grupo

FAO – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura

HC – Horta Comunitária

IFPRI – International Food Policy Research Institute

MEC – Ministério da Educação

NEAD - Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural

ONG – Organização Não Governamental

REDE – Rede de Intercâmbio de Tecnologias Alternativas

SEAG-ES- Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aqüicultura e Pesca do

Espírito Santo

SESAN- Secretaria de Segurança Alimentar e Nutricional.

UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Principais adubos orgânicos e seus eleitos químicos e biológicos

Figura 2: Horta Comunitária locada na Igreja São João Evangelista

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Estratégias para o controle de pragas e suas praticas adotadas na agroecologia.

Tabela 2: Cidade de origem, grau de escolaridade e profissão das entrevistadas.

Tabela 3: Renda familiar em reais (RF) dos entrevistados, RF per capita e número de

integrantes da família.

Tabela 4: Mudas plantadas na Horta comunitária Jardim Janaina

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RESUMO

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1. Delimitação do Tema

Atualmente a Educação Ambiental é uma peça chave para o desenvolvimento,

formação e conscientização das pessoas, quanto à degradação do Meio Ambiente. No

entanto, para muitas delas ainda é um assunto desconhecido.

Na sociedade em que vivem, bilhões de pessoas, grande parte dos recursos naturais

é explorado, e a maioria dos espaços onde a civilização ocupa sofre intensa

modificação. Alem das intervenções no ambiente ocorrem vários distúrbios na

sociedade, tais como: desigualdade social, falta de emprego, problemas no sistema de

saúde, nas relações de convivência e a violência como um todo.

A agricultura moderna utiliza indiscriminadamente os recursos naturais. Alem de

gerar muitos resíduos e degradar os espaços ocupados, exclui famílias criando riscos à

saúde.

Diante deste contexto de degradação, na década de 80 surge o conceito de

sustentabilidade. Ele passou a ser utilizado e indica novas propostas nas áreas de

economia, social e ambiental, objetivando a busca de outra forma de desenvolvimento.

É nesse contexto que a Agricultura Urbana (AU) se encaixa, incentivada como

forma de combater a insegurança alimentar e nutricional que atinge as comunidades

carentes, contribuindo para a conservação da biodiversidade e a melhoria da qualidade

de vida urbana.

A criação de Horta Comunitária (HC) é uma iniciativa, que busca o

desenvolvimento de comunidade de baixa renda, levando esta a uma melhor inclusão

social e efetivação do exercício da cidadania, através de atividades que tenham como

objetivo a promoção da saúde, ações educativas voltadas a aspectos ambientais e

sociais.

Na AU vários princípios da Agroecológia são utilizados, buscando manter a

agricultura como uma atividade menos impactante ao meio ambiente, com melhores

contribuições às populações, proporcionando um ambiente saudável, tendo como

resultado alimentos de boa qualidade, equilíbrio das famílias e das relações de

cidadania.

Neste sentido, este trabalho visa identificar práticas de AU. O estágio será

executado através do Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo

(CEPAGRO), a ser realizado na cidade de Florianópolis no bairro Monte Cristo, na

comunidade Chico Mendes e no município de Biguaçu, no bairro Jardim Janaina.

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Tendo este como objetivo, o gerenciamento comunitário dos resíduos orgânicos de

forma articulada em instituições de ensino, entidades comunitárias, iniciativa privada e

poder público. Para a coleta dos resíduos e transformação deste em composto orgânico a

serem utilizados em hortas escolares, quintais e espaços comunitários.

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2. Objetivo Geral

Acompanhar o andamento dos Projetos de Agricultura Urbana nas comunidades

Jardim Janaina e Chico Mendes.

2.1. Objetivo Específico

•Visitar, implantar e acompanhar os projetos de AU.

•Desenvolver práticas de AU a partir dos princípios da agroecologia

•Avaliar o desenvolvimento dos projetos e seus participantes.

3. Formulação do Problema

Muitas famílias saem do meio rural em busca de melhores condições de vida,

entretanto, nem todas as pessoas conseguem ter uma vida melhor do que a que tinham

no meio rural. A falta de emprego aliado à falta de especialização para o trabalho

dificulta a possibilidade de se ter uma vida melhor. Nesse contesto grande parte dos

moradores que formam as comunidades de periferia das cidades, são de origem rural,

devido à falta de recursos financeiros, baixa escolaridade aliados a falta de medidas

publicas com sistema de esgoto adequado, assistência a saúde e moradia, muitas dessas

pessoas vivem em condições de miséria, vivendo de doações e sem nenhuma noção de

higiene o que eleva a agravar os problemas fitossanitários da comunidade.

Por conta disso foi feito contado com as lideranças locais, quando foi feita a

exposição do projeto. Na apresentação foi deixado claro a sua viabilidade social e

econômica, com um provável bom resultado as comunidades envolvidas.

4. Hipótese

A educação ambiental e alimentar se inserem nos temas transversais de Meio

Ambiente e de Saúde. A horta e a coleta do resido orgânico para produção de composto

oferece vastas possibilidades de se desenvolver educação ambiental e alimentar, numa

perspectiva ampla e contextualizada, por se tratar de uma ferramenta capaz de agregar

diversos campos do conhecimento.

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5. Justificação

Com o crescente êxodo rural, onde famílias inteiras mudan- se para as cidades em

busca de uma melhor condição de vida, segurança alimentar e educação. O nível de

qualidade de vida das comunidades urbanas vem baixando cada vez mais, gerando nos

grandes centros urbanos uma maior demanda na busca de empregos e moradia.

Nem sempre quem se muda para as grandes cidades consegue estabelecer uma vida

melhor do que a que tinha no campo, o que leva estas pessoas a morarem nas periferias

das cidades e quase sempre em precárias condições de vida. Devido à falta de

capacitação muitos vivem de empregos informais e sem nenhuma segurança alimentar.

Na busca por alternativas para este problema, a AU dentro das comunidades busca

melhorar a qualidade de vida das famílias. “Neste ponto a agricultura urbana,

desenvolvida de forma planejada, promove diversas melhorias nas estruturas sociais de

uma região, pois favorece o dialogo e a integração familiar, assim como estimula o

trabalho comunitário e coletivo, além de ser um trabalho recreativo e útil” (SIAL &

YURJEVIC, 1993) citado por Abreu (2004, p.11).

A partir dos princípios agroecológicos tenta-se fornecer e garantir um meio

ambiente equilibrado com educação ambiental, segurança alimentar e geração de renda.

Sendo assim este projeto buscou resgatar as heranças rurais e possibilitar uma melhor

alimentação para as famílias, vista que muitos vieram de áreas rurais. O cultivo em HC,

quintais, escolas e a coleta de resíduos orgânicos, visam melhorar as condições de

higiene e saúde da comunidade.

Porem a oportunidade de praticar um bem social ecológico, ajudar, tecer amizades, e

adquirir conhecimentos são fundamentais para o bom desenvolvimento do trabalho.

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6. Revisão Bibliográfica

6.1. Agricultura Urbana

De acordo com UN-HABITAT (2007), em 1976, um terço da população mundial

vivia em cidades, Trinta anos depois, metade da população do mundo vive em centros

urbanos e até 2050 espera-se que chegue a 60% da população mundial, totalizando seis

bilhões de pessoas. Especialmente em países em desenvolvimento ocorre um

crescimento desordenado, com até 50% da população vivendo em situações precárias de

habitação, saneamento, saúde e serviços. (UN-HABITAT, 2007) citado por (VIEIRA,

2009).

Segundo autor Van Veenhuizen (2006) ressaltado por (VIEIRA, 2009) afirmam que

40% da população da Cidade do México e um terço da de São Paulo vivem abaixo da

linha da pobreza. A América Latina é considerada a região mais urbanizada dos países

em desenvolvimento, com mais de 75% da população vivendo em cidades, número que

segundo previsões deve subir para 81%, em 2020. Nessa região, com exceção do Brasil,

o padrão de urbanização de vários países consiste em apenas uma grande cidade,

concentrar grande proporção da população urbana.

Um dos maiores desafios que a humanidade tem enfrentado é o crescimento

populacional e o aumento da urbanização. Em 1998, a Organização das Nações Unidas

para a Alimentação e Agricultura (FAO) sinalizava que a população da época já

ultrapassava mais de seis bilhões divididas igualmente entre as cidades e as áreas rurais,

com a expectativa de que por volta de 2005 as áreas urbanas ultrapassassem as áreas

rurais em termos populacionais (FAO-SOFA, 1998). Outro estudo indica que em 2015,

26 cidades no mundo deverão ter uma população de 10 milhões ou mais de pessoas.

Para alimentar uma cidade deste porte - Tokyo, São Paulo, Cidade do México – pelo

menos 6000 toneladas de alimentos serão necessárias por dia (UN, 2004). (CRIBB &

CRIBB, 2009).

Em países em desenvolvimento, a capacidade dos governos em administrar este

crescimento urbano, tem sido muito difícil (Drescher, Jacobi e Amend 2000) ressaltado

por (CRIBB & CRIBB, 2009). Encontrar meios de fornecer alimentos, moradia e

serviços básicos aos habitantes de uma cidade é desafio para as autoridades de muitas

cidades do mundo. Segundo os autores citados acima, a segurança alimentar nos

grandes centros depende de vários fatores, dentre os quais, destacam-se:

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· disponibilidade de alimentos - (nas áreas urbanas e rurais) referente à produção,

comercialização e distribuição de alimentos, infra-estrutura, disponibilidade de

combustível;

· acesso a alimentos - depende do poder aquisitivo das famílias, produção de

subsistência, vínculos campo-cidade, etc.;

· qualidade do alimento - depende da conservação do alimento, da qualidade da

produção, do abuso de pesticidas durante as etapas produtivas, da qualidade da água

utilizada na produção, como se apresentam as condições sanitárias nos mercados.

O rápido crescimento populacional nas cidades é causado não só pela migração da

população rural para os centros urbanos, mas também pelo seu crescimento nas próprias

cidades. Desemprego, baixa qualidade dos serviços básicos e a falta de alimentos são

algumas conseqüências desse crescimento, alem da elevada densidade populacional e a

carência de planejamento urbano. (CRIBB & CRIBB, 2009).

Para uma correta compreensão de agricultura urbana devem-se levar em consideração

as várias atividades familiares, para obter segurança alimentar e para gerar renda. A

produção alimentar individual e comunitária nas cidades vai ao encontro de

necessidades adicionais da população urbana, tais como desenvolvimento urbano

sustentável, geração de emprego e renda, proteção ambiental, entre outros aspectos

(IFPRI 1998, Smit, 1994). (CRIBB & CRIBB, 2009).

O conceito de agricultura urbana começou a ser estudado e experimentado no Brasil

recentemente, com resultados bastante interessantes, mas ainda isolados. Já em outros

países, a pesquisa agropecuária desenvolvida nas cidades é bastante adiantada, a

exemplo de Cuba conforme o Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural. .

(NEAD, 2003)

A agricultura urbana e peri urbana se desenvolvem dentro dos limites ou ao redor

das cidades de todo o mundo, incluindo atividades agrícolas propriamente ditas, mas

também atividades pecuárias e florestais e serviços ambientais associados (FAO,1999).

Conforme a localização surge as denominações agricultura, intra-urbana e peri

urbana. A agricultura intra-urbana é praticada no interior das cidades aproveitando

espaços vazios como terraços, pátios residências ou áreas subutilizadas como as

margens de rios ou rodovias, espaços impróprios para construção civil (próximos a

aeroportos, embaixo de redes elétricas), além de áreas públicas ou privadas com

potencial para serem cultivadas. De maneira geral, a agricultura intra-urbana é de menor

escala e orientada para a subsistência. (FAO, 2007).

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Já agricultura peri-urbana é praticada nos arredores ou periferias das cidades. As

dinâmicas destes locais – urbanização crescente, migração de populações rurais e

urbanas e aumento do preço da terra fazem com que este tipo de sistema de produção

esteja em constante transformação, com tendências a uma escala menor e uso mais

intensivo. Em diversos países como Cuba, Argentina, Líbano e Vietnam os

empreendimentos agrícolas localizados nas bordas das cidades são, de maneira geral,

maiores que aqueles situados dentro dos centros urbanos e tendem a ser mais orientado

para o mercado. (FAO, 2007).

A agricultura urbana pode ser realizada em pequenas áreas dentro de uma cidade,

tais como jardins, terrenos baldios e escolas ou no seu entorno (Peri- urbana), sendo esta

destinada à produção de cultivos para o consumo próprio ou para a venda em pequena

escala (ROESE, 2003).

Um do aspecto em que a agricultura urbana difere da rural é o ambiente. “A

agricultura urbana pode ser realizada em qualquer ambiente urbano ou periurbano,

podendo ser praticada diretamente no solo, em canteiros suspensos, em vasos, ou onde a

criatividade sugerir” (ROESE, 2003). Segundo Jacob & Amend (2007, p.2) o sistema

agrícola urbano é uma combinação de muitas atividades diferentes: a horticultuta, a

produção de alimentos básicos, a coleta, a caça e inclusive a silvicultura.

As hortaliças constituem um grupo de alimentos ricos em substâncias nutritivas

variadas, podendo contribuir para amenizar o desequilíbrio nutricional (CARDOSO,

1997) citado por FRAXE e outros 2005. Desta forma o cultivo de hortaliças em um

espaço coletivo é uma alternativa promissora para elevar a segurança alimentar, pois,

visa o aumento na oferta de alimentos de elevado valor nutritivo, melhoria nas

condições de vida de grupos sociais em situação de insegurança alimentar e estimulo

para a produção de hortaliças para o consumo e comercialização, através de técnicas de

produção de alimentos por meio de processos educativos e agroecológicos (FRAXE e

outros 2005).

Segundo a Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SESAN, 2007),

a AU é multifuncional, pois, tem como objetivo abranger a produção, a transformação, a

comercialização e a prestação de serviços para a geração de produtos agrícolas e

pecuários, de forma a aproveitar os recursos locais, tais como, solo, água, resíduos,

mão-de-obra e saberes.

Até recentemente acreditava-se que a agricultura em geral e a produção de

alimentos que abastecia as populações urbanas só eram realizadas na zona rural. Mas a

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agricultura urbana, mesmo sendo uma prática antiga, só agora tem despertado o

interesse de pesquisadores, governos locais, ONGs e movimentos sociais. Hoje, tem-se

detectado o fenômeno de um número crescente de moradores urbanos que se dedicam às

atividades agrícolas, especialmente nos países menos desenvolvidos (WEITZMAN,

2007)

Assim conforme Monteiro; Mendonça, (2007). Uma das principais contribuições

sociais da agricultura urbana é em relação à segurança alimentar das populações de

baixa renda que vivem nas grandes áreas urbanas. Uma característica que se manifesta

de forma repetitiva em meio a essas famílias se deve à combinação de dois fatores

interdependentes: a dificuldade de acesso aos alimentos em razão dos baixos níveis de

renda familiar e a tendência à homogeneização dos hábitos alimentares, em que

prevalece a baixa qualidade nutricional das dietas, em geral carentes de vitaminas e sais

minerais.

Segundo a Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca

do Estado do Espírito Santo (SEAG-ES) a olericultura é uma atividade agroeconômica

altamente intensiva em seus mais variados aspectos, em contraste com outras atividades

agrícolas extensivas. (SEAG-ES, 2007). Os produtos advindos da área da horticultura

são responsáveis por uma renda per capita que somente perde para o setor das grandes

culturas (FILGUEIRA, 2000).

Na produção de hortaliças, o horticultor enfrenta problemas que contribuem para a

baixa produtividade, dentre esses, as pragas e doenças (GALLO et al, 2002). Para

MAKISHIMA (1993), as pragas que causam danos às hortaliças são: lagarta

(Oryzophagus oryzae), pulgão (Metopolophium dirhodum), ácaros (Polyphagotarso

nemus), entre outros.

Segundo Dias (2000), a agricultura urbana proporciona a saúde como um todo.

Tendo em vista que a saúde está diretamente ligada as condições ambientais, e em

comunidades de baixa renda, o nível de doenças se intensificam. Devido a baixa

qualidade dos alimentos consumidos e a exposição constante a agentes externos, pois,

parte dos quintais domésticos e terrenos ociosos tornam-se depósitos para lixos e

entulhos. A utilização dessas áreas para o plantio e outras formas de produção leva a

melhoria do ambiente local e assim diminuindo a proliferação de vetores de doenças,

como ratos e insetos. Ressaltado por (MACHADO E MACHADO 2002).

Sendo assim, conforme os autores mencionam a implantação e desenvolvimento de

Hortas Comunitárias (HC) propicia a promoção da saúde da população onde ela está

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inserida, através de ações educativas, trabalhar aspectos ambientais, sociais e

educativos, criar vínculos afetivos e solidários entre os participantes e a comunidade

local, promover a segurança alimentar e agregar valores a renda das famílias através da

produção de alimentos sadios (GALLO, SPAVOREK & MARTINS, 2004).

Hortas urbanas e comunitárias são hortas instaladas nas comunidades, nas quais os

próprios moradores trabalham em coletividade produzindo hortaliças, as quais podem

ser utilizadas para consumo próprio e o excedente comercializado (ROSA, 1995).

Conforme Philippi (1999) citado por FRAXE (2005) ressalta que a educação e a

conscientização são fundamentais a qualquer programa que se queira conduzir e para

que ele se sustente e se enraíze na sociedade. A busca da cidadania ambiental faz parte

de uma dinâmica participativa e solidária, que pode transformar profundamente os

lugares e as comunidades em que se implanta.

A recreação proporciona a oportunidade de realização de atividades ao ar livre, em

contato com a natureza, podendo ser desenvolvidas atividades como o plantio e a

manutenção, o que desenvolve também o espírito de equipe (ARRUDA, 2006). A

educação ambiental serve de apoio e alternativa para as atividades da rede formal de

ensino (VASCONCELLOS, 2006).

Segundo Stapp et al. (1969) definiram educação ambiental como um processo que

deve objetivar a formação de cidadãos, cujos conhecimentos acerca do ambiente

biofísico e seus problemas associados possam alertá-los e habilitá-los a resolver seus

problemas.

Para Mellowes (1972) a educação ambiental seria o processo no qual deveria

ocorrer um desenvolvimento progressivo de um senso de preocupação com o meio

ambiente, baseado em um completo e sensível entendimento das relações do homem

com o ambiente a sua volta.

A problemática ambiental é uma das principais preocupações da sociedade

moderna, desencadeando, por isso, uma serie de iniciativas no sentido de reverter á

situação atual de vida na terra. Uma dessas iniciativas e a Educação Ambiental que as

instituições de educação básica estão procurando implementar, na busca da formação de

cidadãos conscientes e comprometidos com as principais preocupações da sociedade

(SERRANO, 2003).

Para o Ministério da Educação (MEC), para que um programa de Educação

Ambiental seja efetivo deve promover o desenvolvimento de conhecimentos, de atitudes

e habilidades necessárias á preservação e melhoria da qualidade ambiental (MEC,

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2008). Há experiências positivas no que se tem chamado de Cidadania Ambiental, e

esse é um dos interesses que se quer obter com a implantação das HC, e assim difundir

técnicas agroecológicas e cidadania (MEDEIROS e outros 2005).

6.2. Contexto da Agroecologia

Surge na América Latina o movimento denominado de Agroecologia, que procura

atender as necessidades de preservação ambiental e de promoção sócio-econômica.

Destacando-se no movimento o chileno Miguel Altieri que populariza a disciplina.

Seu trabalho ligou a valorização da produção familiar camponesa como o movimento

ambientalista na América Latina. (KHATOUNIAN, 2001)

Na agroecologia tem-se como principio otimizar e aperfeiçoar o uso da luz sol dos

nutrientes do solo e a chuva, de acordo com PAULUS(2001), SOUZA (2003), citado

por CONTI (2009).

Buscando-se trabalhar a conservação do solo, não utilizando a aração e gradagem

sucessivas, plantas invasoras são trabalhadas com ervas e culturas, insetos são

controlados, pois se trabalha com o principio de não destruir seus predadores nativos e o

seu habitat. Defende-se a não utilização de agrotóxicos e sim, buscas-se manter as

plantas fortalecidas e assim não suscetíveis ao ataque de patogênos, a não utilização de

adubos solúveis.

Para que a planta receba uma nutrição adequada e se desenvolva bem tanto

fisiologicamente quanto metabolicamente, é necessário que o solo seja fértil e

biologicamente ativo, com muita matéria orgânica, com diversidade de vegetais, insetos

e microorganismos. Quanto maior for à concentração de matéria orgânica no solo, mais

vida terá este e mais equilibrada será a planta que nele se desenvolvera.

6.2.1. Práticas Agroecológicas

Conforme os autores Khatounian (2001), Altieri (2002) e Howard (2007), existem

diversas práticas Agroecológica que podem ser adotadas, tais como as citadas abaixo.

6.2.2. Adubação orgânica e Cobertura morta (Palha)

Principais adubos orgânicos e seus eleitos químicos e biológicos:

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Figura 1: Khataunian 2001

A palhada de cereais tem efeito biológico, associado à decomposição da

biomassa, material celulósico, no extremo oposto, o esterco liquido de suínos composto

de material de conteúdo celular, apresenta efeito químico.

A figura mostra três classes de adubos orgânicos celulósicos ou de efeito lento e

duradouro (palhada de cereais e esterco de ruminantes), conteúdo celular, com efeito,

mais rápido (palhada leguminosas, esterco de aves e suíno) e intermediário (composto e

vermicomposto).

Os materiais com baixo teor de celulose e elevado teor de substâncias amiláceas e

protéicas produzem um rápido efeito sobre as plantas. É o caso dos estercos e urina de

animais, essa rapidez deve-se, sobretudo a ação de microorganismos que liberam em

pouco tempo a maior parte dos nutrientes disponíveis em especial o nitrogênio.

Adubos ricos em celulose como a palhada os efeitos químicos demoram mais a se

revelar, embora os benefícios físicos sejam evidentes, devido à ação como cobertura. Se

incorporada a palhada tem excelente efeito físico, entretanto este é acompanhado pela

imobilização do nitrogênio do solo, de modo que se recomenda a utilização da palhada

como cobertura morta, e assim auxiliando na ativação biológica da mesofauna. A

atividade de pequenos animais como artrópodes e anelídeos melhora o arejamento do

solo e criam-se condições para uma vida microbiana ativa e equilibrada.

6.2.3 – Defensivos Naturais e Controle de Pragas

Os fertilizantes sintéticos substituem a simbiose entre plantas e as bactérias

fixadoras N, dominam os agroecosistemas, não trabalham com eles, os fungicidas e

inseticidas substituem os mecanismos naturais que são expressivos pelos predadores e

parasitas.

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O uso de métodos diretos e não químicos de controle de pragas é adotado na

agroecologia, ou seja, praticas culturais, mecânicas, físicas e biológicas, conforme

descrito na tabela abaixo.

Tabela 1: Estratégias para o controle de pragas e suas praticas adotadas na agroecologia.

Estrategia Práticas

Controle mecânico e físico

espantalhos, efeitos sonoros,

ensacamento de frutos e vagens,

destruição de ninhos de formigas,

catação manual, remoção de plantas

infestadas, poda seletiva, aplicação de

materiais (cinza, fumaça, sal, água com

sabão, etc

Práticas culturais

consórcio, sobresemeadura, mudança da

época de plantio, rotação de cultura,

capina seletiva, uso de vaciedades

resistentes, manejo do uso de

fertilizantes, água, tecnicas de preparo do

solo e decultivo.

Controle biológico

manejo da diversidade das plantas

cultivadsa, uso de animais (ganso, pato,

galinha)

Uso de inseticida

uso de inseticidas a base de vegetais,

uso de plantas ou partes de plantas como

repelentes ou atrativos.

Fonte: Altieri, 2002. Adaptado

6.2.4 – Rotação de Culturas e Manejo do Solo

O manejo do solo em agricultura orgânica é orientado para a ativação e a

alimentação dessa fração viva. O solo é um organismo vivo, e necessita de alimentação

e proteção, sendo a alimentação feita pela biomassa e oxigênio, para nutrição de

microorganismos e da mesofauna. A proteção é importante, pois é ela que fornece a

manutenção da umidade, da temperatura e da porosidade adequada ao desenvolvimento

dos organismos do solo, a proteção do solo atua na incidência direta do sol, e chuva.

Uma vez que no solo se apliquem tratos químicos (adubação química) e

mecanismos (aração e gradagem) ele se tornará um corpo mineral, perdendo assim sua

atividade biológica, o solo vai se mineralizando restando apenas no seu interior raízes

das culturas e os organismos que são associados às pragas e doenças.

Neste contexto observa-se a queda no rendimento das culturas e a baixa

resposta a adubação mineral, doses cada vez maiores de agroquímicos vão se tornando

necessárias.

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De maneira oposta, a Agricultura Orgânica tem seu manejo orientado para estimular

a atividade biológica do solo, incluindo a mesofauna e os microorganismos. Através do

fornecimento da biomassa, da proteção do solo (palhada) e da aplicação de produtos

naturais rico em nutrientes, que são solubilizados pelos organismos presentes na biota

do solo, como plantas superiores, fungos, bactérias e liquens.

A Rotação de Culturas consiste na prática de não repeti uma mesma cultura em

uma mesma área ano após ano. O plantio de uma mesma cultura repetidas vezes no

mesmo local leva a menor eficiência na utilização dos nutrientes do solo,

empobrecimento da fertilidade deste acarretando uma menor produtividade e aumento

na incidência de pragas e doenças.

O rodízio de áreas é uma prática em que, deve-se estabelecer o plano de rotação

mais adequado para a situação de cada área, observando quais as espécies se adaptam

melhor ao solo e clima da área em que será plantado. As culturas podem ser de uma

mesma família de acordo com suas necessidades nutritivas e resistência às pragas e

doenças. Em uma horta caseira, por exemplo, a rotação de culturas deve contemplar

uma variedade de diferentes famílias e diversas espécies, sendo que estas fazem uma

utilização dos nutrientes do solo de forma diferenciada e apresentam diferentes

problemas fitossanitários, o que evita uma sucessão de desequilíbrios ecológicos e o

conseqüente ataque de pragas e doenças.

6.2.5. Reciclagem de resíduos orgânicos (compostagem)

O destino do lixo urbano é um problema atual na sociedade. Por isso soluções

adequadas e comprometidas com questões ambientais, econômicas e sociais, são

fundamentais para a solução deste problema. Sendo os resíduos urbanos caracterizados

como:

Resíduos domiciliares: aqueles gerados nas residências, constituídos por restos de

alimentos, materiais potencialmente recicláveis, além de lixo sanitário e tóxico.

Resíduos comerciais: provenientes das atividades comerciais e de serviços, tais como

supermercados, bancos, lojas, bares e restaurantes.

Resíduos públicos: originados dos serviços de limpeza pública urbana, tais como

varrição de vias, praias, córregos e restos de podas de árvores e de feiras livres.

Page 21: “AGRICULTURA URBANA: Um estudo de caso nas comunidades Chico Mendes e Jardim Janaina”

21

Entulho: resíduos da construção civil, como materiais de demolição e restos de obras.

Contém materiais inertes1 e também resíduos tóxicos, como tintas e solventes.

E as alternativas de tratamento e deposição do lixo urbano geralmente são

apresentadas da seguinte forma:

Aterro comum, vazadouro ou lixão: é a forma de disposição mais prejudicial ao

ambiente e ao homem, na qual os resíduos são dispostos a céu aberto, diretamente sobre

o solo e sem nenhum tipo de tratamento ou controle sanitário/ambiental.

Aterro controlado: a disposição é feita sem tratamento, como nos lixões, mas os

resíduos são posteriormente cobertos com material inerte ou terra, para evitar a presença

de vetores de doenças.

Aterro sanitário: é o processo de disposição de resíduos no solo com fundamentos em

critérios de engenharia e normas operacionais específicas. É realizada a

impermeabilização do solo, sistemas especiais fazem a drenagem do chorume e a

captação do gás liberado; os resíduos são devidamente compactados e posteriormente

cobertos, permitindo um confinamento seguro em termos de proteção e de controle da

poluição ambiental.

Nessa problemática atual, uma alternativa para suprir a demanda do resíduo orgânico

é através do método de compostagem. A compostagem é um processo de oxidação

biológica, portando com presença de oxigênio, através do qual, microrganismos

decompõem os constituintes dos materiais orgânicos do lixo em material estável e

utilizável na preparação de húmus, libertando dióxido de carbono, vapor de água e calor

suficiente para que a temperatura no interior da leira alcance 70 °C (por isso o termo

termofílica). Esse processo orgânico de reciclagem a matéria orgânica “é toda

substancia morta que provenha de plantas, animais microorganismos ou excreções” é

decomposta e retorna para o solo na forma de adubo.

7. Histórico do CEPAGRO em Agricultura Urbana

O CEPAGRO “Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo” é uma

organização não-governamental fundada em 1990 e caracteriza-se por ser uma ONG

que trabalha em rede e possuem forte ligação com organizações de base, com

instituições de pesquisa e extensão, instituições governamentais e não governamentais.

Atuam na área da agricultura familiar e desenvolvimento sustentável no Estado de Santa

Page 22: “AGRICULTURA URBANA: Um estudo de caso nas comunidades Chico Mendes e Jardim Janaina”

22

Catarina. Sua cede está localizada no centro de Ciências Agrárias, da Universidade

Federal de Santa Catarina (UFSC).

Desde 2005, o CEPAGRO vem se envolvendo com AU e, atualmente, desenvolve

trabalhos em quatro localidades nas cidades de Florianópolis e Itajaí. Na capital, as

atividades concentram-se no Sul da Ilha e no Bairro Monte Cristo (no continente). Em

Itajaí, as atuações são realizadas em duas comunidades: Portal I e São Vicente. As

atividades em AU visam apoiar e assessorar grupos organizados em parcerias com

entidades civis ou com o poder público para a produção de alimentos orgânicos em

hortas comunitárias, em quintais domiciliares, em escolas e creches.

Em 2007 o município de Biguaçu se engajou ao CEPAGRO, com o intuito de

construir uma horta comunitária, no bairro Jardim Janaina, periferia do município.

Esses projetos são apoiados financeiramente por organizações internacionais de

cooperação que apostam nessas metodologias de trabalho e na melhoria da qualidade de

vida dos moradores das periferias em todo o mundo. O CEPAGRO também compõe

uma articulação nacional de entidades com atuação em AU, com parcerias com ONGs

de Belo Horizonte (REDE) e Rio de Janeiro (AS-PTA). Os objetivos desta articulação

são a troca de experiências entre as entidades, intercâmbio de técnicos e agricultores

urbanos e ainda a construção coletiva de projetos em AU que fortaleçam as iniciativas

locais.

7.1. Histórico Biguaçu

Este trabalho conta com a participação da Ação Social da Igreja São João

Evangelista, (ASSJE), no município de Biguaçu que fica há 25 km de Florianópolis. A

atuação fica sediada na periferia do município, no bairro Jardim Janaina com o grupo

Vida Nova. Em dezembro de 2007, foram realizados encontros na comunidade,

acompanhados pela ASSJE, sendo discutidas três questões: o que temos o que

sonhamos e o que podemos fazer.

Através dos encontros, as famílias tiveram a oportunidade de sugerir os cursos a

serem desenvolvidos na comunidade. Assim, as famílias que participaram dos

encontros, assumiram a formação de um grupo, com encontros quinzenais, tendo como

proposta inicial oportunizar um espaço de formação e de troca de experiências. O grupo

Vida Nova na localidade do Jardim Janaina, iniciou suas atividades em março de 2008.

Page 23: “AGRICULTURA URBANA: Um estudo de caso nas comunidades Chico Mendes e Jardim Janaina”

23

Os encontros que eram quinzenais passaram a ser semanais, envolvendo famílias

cadastradas na ação social da comunidade.

Em 2008, a ASSJE realizou palestras sobre auto-estima, higiene e fizeram oficinas

de trabalho manuais. O grupo iniciou com aulas de culinária. Seguiram com trabalhos

manuais, e com a Assistência da Ação Social Arquidiocesana, (ASA) chegaram à idéia

de organizar uma horta comunitária.

O projeto surgiu dos próprios participantes, tendo em vista que muitos vieram de

áreas rurais, alem da necessidade de uma melhor alimentação pelas famílias. Em 2009,

com o auxilio da comunidade e representantes da igreja, foi cedido um espaço no

terreno da própria capela para a construção da horta, foram realizadas visitas aos

quintais e a instalação da horta comunitária no terreno de 4x8 metros disponibilizado

pela igreja. A ASA ainda disponibilizou a verba para a compra de matérias, como pás,

enxadas, mudas, sementes e o material para a montagem do sistema de irrigação.

A metodologia inicial utilizada foi a de visitas aos quintais e casas dos participantes

do grupo. Foi realizado um intercâmbio para que o grupo conhecesse a horta

comunitária do portal, em Itajaí. No retorno, teve inicio a horta, com encontros

semanais e através de mutirões, adotando a metodologia de aprender fazendo.

7.2. Histórico Chico Mendes

O trabalho do CEPAGRO, no bairro Monte Cristo, teve início em 2006 com uma

proposta de ação apresentada na Rede de Entidades Articuladas do bairro Monte Cristo.

Naquele momento a Casa Chico Mendes (ONG que trabalha com crianças, jovens e

famílias) mostrou interesse através do Grupo Tecendo Vidas (grupo de mulheres).

As atividades começaram com o resgate das heranças rurais das mulheres e os

resultados do processo de êxodo rural que elas passaram. Em seguida foram feitas

visitas às experiências de AU nos quintais domésticos e de instituições. A partir daquele

momento foram sugeridas oficinas temáticas de qualificação das práticas, sendo

realizadas oficinas de canteiros suspensos, de aproveitamento de pequenos espaços para

plantio e de compostagem dos resíduos orgânicos domésticos para produção de

composto (adubo). Nessas atividades foi marcante a participação das Frentes

Temporárias de Trabalho (grupo de moradores do bairro que são contratados

temporariamente para trabalharem na limpeza da comunidade e receber capacitações em

temas ambientais).

Page 24: “AGRICULTURA URBANA: Um estudo de caso nas comunidades Chico Mendes e Jardim Janaina”

24

Com as visitas aos quintais ficou clara a falta de espaço ou condições não ideais

para o plantio nas residências, além do reconhecimento e valorização de experiências de

AU em instituições de ensino como a Creche Chico Mendes.

No final do ano de 2006 constituiu-se um grupo comunitário (Grupo Tecendo

Vidas e Frente Temporária de Trabalho). Uma das iniciativas desse grupo comunitário

foi constituir uma horta de uso comum. Pela ausência de espaços públicos livres e

próprios ao uso agrícola, foi feito uma parceria com a Escola Estadual América Dutra

Machado. A escola possui uma das poucas áreas livres e com uma estrutura mínima

para cultivos. Assim, consolida-se na comunidade, um espaço público de livre acesso às

famílias interessadas em praticarem agricultura.

Atualmente, os esforços do trabalho no bairro Monte Cristo estão direcionados

para a reciclagem dos resíduos orgânicos domésticos, através da técnica de

compostagem. Essa proposta faz parte de uma parceria entre CEPAGRO, Escola

Estadual América Dutra Machado, Creche Chico Mendes e Creche Conjunto

Habitacional Chico Mendes. Cada família recebe um baldinho “os baldinho foram

doados pelo Big, proveniente do descarte da padaria, mediante a apresentação de um

oficio oficializando o pedido” sendo esses de 2 e 5 litros conforme a necessidade, para

recolher e destinar seus resíduos orgânicos para 15 pontos de entrega voluntária (PEVs)

localizados em cada instituição de ensino mencionadas anteriormente e em residencias.

Os resíduos são compostados no espaço da horta da Escola.

Essa iniciativa de gestão local dos resíduos orgânicos visa melhorar as condições

de higiene e saúde da comunidade. Muitos sacos de lixos domésticos contendo restos

orgânicos eram alvo de cachorros e ratos, denegrindo a imagem do bairro e favorecendo

a proliferação de doenças como a leptospirose (muito constatada pelo Centro de Saúde

local). Outro objetivo é dinamizar a AU pela produção local de adubo orgânico,

incentivando e facilitando o cultivo de alimentos pelas famílias nos espaços domésticos

ou públicos. Atualmente o projeto “A Revolução dos Baldinhos” tem a participação de

95 famílias com baldinhos 4 entidades da comunidade, sendo coletado e reciclados 10

toneladas de resíduos orgânicos por mês.

Page 25: “AGRICULTURA URBANA: Um estudo de caso nas comunidades Chico Mendes e Jardim Janaina”

25

8. Metodologia

Jardim Janaina

A metodologia de extensão implantada no trabalho consistiu em visitas semanais,

sendo estas de caráter técnico, educativo e participativo. Atividades como oficinas

(coleta e preparo de açaí, compostagem), montagem do sistema de irrigação, construção

de canteiros, plantio de mudas, conversas de grupos, além de consultas a literaturas,

artigos e projetos da área foram realizados no decorrer do estágio, no período de 03 de

março a 03 de junho do ano de 2010.

Na comunidade do bairro Jardim Janaina, localizada no município de Biguaçu, as

visitas foram realizadas nas terças-feiras no período vespertino, sendo estas

acompanhadas pelo supervisor do estágio Marcos José de Abreu, entretanto em alguns

dias as visitas foram realizadas apenas pela estagiaria. Os encontros semanais tinham

inicio às 14h00min e termino às 17h00.

Primeiramente, os encontros eram realizados no salão paroquial da igreja SJE. Após

um mês, foram realizados na casa de Dona Natalia, seguindo para a casa da Márcia,

sendo estas duas mulheres participantes do projeto que cederam seus quintais para a

construção de hortas. Nesse período, foram realizadas as práticas de AU, demonstradas

no cronograma abaixo.

Cronograma de atividades realizadas no período de estágio na comunidade Jardim

Janaina

Mês

Março

Atividades Desenvolvidas na Horta Comunitária da Igreja São João

Evangelista.

09/03/2010 Primeiro dia de estágio ocorreu uma apresentação dos participantes do

projeto de forma expositiva, com o objetivo de conhecê-los e assim

possibilitar uma melhor dinâmica de trabalho.

16/03/2010 Revitalização da horta e dos antigos canteiros: em forma de mutirão,

trabalhou se com o grupo de mulheres e, assim, concluído o trabalho de

revolvimento do solo para elevação dos canteiros e revitalização da horta

em forma de mandala.

23/03/2010 Coleta do adubo (esterco de gado) na própria comunidade. Foram

coletados 30 kg de esterco. A palha sobreposta nos canteiros foi adquirida

Page 26: “AGRICULTURA URBANA: Um estudo de caso nas comunidades Chico Mendes e Jardim Janaina”

26

no CEASA de Florianópolis. O esterco foi incorporado ao solo e os

canteiros cobertos com cobertura morta.

30/03/2010 Plantio de mudas de espécies diversificadas como alface, beterraba,

couve, pimentão, cebolinha, salsinha, alho porró cidreira, menta entre

outras.

Mês

Abril

Atividade Desenvolvida na Horta Comunitária no Quintal da Dona

Natalia

06/04/2010 Visita ao local, e coleta do esterco de gado para os canteiros, foram

coletados 8 sacos de 5 quilos.

13/04/2010 Revitalização da horta em mandala e dos canteiros.

20/04/2010 Preparo dos canteiros para plantio, nos canteiros foi incorporado o

esterco e estes cobertos com palhada, em seguida foram plantadas as

mudas de olericolas como tomate, pimenta, entre outras. Deu se inicio ao

processo de instalação do sistema de irrigação.

29/04/2010 Finalizada a implantação do sistema de irrigação. A água utilizada na

irrigação vem de uma caixa d’água de 5.000 litros que armazena água da

chuva, para a montagem do sistema foram utilizados 60m de fita

santeno, 6 registros de 3/4 e 17m de cano.

Mês

Maio

Atividade Desenvolvida na Horta Comunitária no Quintal da Dona

Natalia

04/05/2010 Oficina do Açaí: foram coletados 5 cachos palmito Jussara para a

extração do açaí na localidade de Santo Amaro, após a coleta fez se a

debulha e a despolpa no salão paroquial da igreja SJE em Biguaçu.

Antes de se iniciar a despolpa os frutos foram selecionados e lavados, os

frutos que se encontravam ainda verdes, foram separados para a

produção de mudas.

Após a higienização dos frutos este foram imersos em água morna por

aproximadamente 20 minutos, para que a polpa se solta da semente, com

o auxilio de um escorredor os frutos foram colocados na despolpadeira

elétrica.

Realizada a despolpa o açaí foi preparado de diversas formas com

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27

banana e mel, com mel e limão, laranja e mel, e assim provado por todos

os participantes da oficina. Neste dia uma participante a Karol do projeto

“A Revolução dos Baldinhos” se envolveu na atividade.

25/05/2010 Manutenção da horta, plantio de mudas. Nesse dia foi realizada as

entrevista conforme questionários em anexo com oito participantes do

grupo “Vida Nova”.

Chico Mendes

O trabalho na Chico Mendes tem sido, de, coletar resíduo orgânico nos Pontos de

Entrega Voluntária (PEV´s), duas vezes na semana, às terças e sextas feiras, pela

manhã, com inicio às 08h00min e termino às 14h00min, após a devolução das

bombonas aos PEVs. No outros dias, é realizada a conscientização das famílias, através

de visitas e conversas com as famílias, busca-se esclarecer duvidas,(como o que se deve

ou não colocar nos baldinhos), além da importância da reciclagem do resíduo orgânico...

Atualmente, existem 15 PEV´s, sendo que onze são casas de famílias e os restantes, são

instituições: Casa Chico Mendes, creche Chico Mendes, Creche Conjunto Habitacional

Chico Mendes e Escola América Dutra Machado.

O trajeto da coleta é feito a pé, o carrinho é puxado manualmente, as bombonas que

se encontram nos PEVs a onde as famílias depositam os resíduos orgânicos são de 30,

50 e 60 litros, os baldinhos pertencentes às famílias são de 2 e 5 litros.

A rota de coleta foi realizada na companhia dos atores locais, Karol e Rose Helena e

dois bolsista. O projeto atualmente é apoiado pela empresa Eletrosul, mediante o

pagamento das bolsas salário. Atuando como agentes comunitárias e participantes do

projeto, recebem uma bolsa de 450,00 Reais. No começo do semestre dois jovens se

engajaram no projeto recebendo uma bolsa de 200,00 Reais.

Lene e Karol estamos botando nomes nos baldes e fazendo cadastro das famílias.

Encontramos uma bombona para o lado de fora de uma casa, era de uma família que se mudou

e a deixou. 9:00 h saímos entregando baldinhos e Débora, de uma das famílias, fez companhia.

Nós três plantaramos algumas mudas no conjunto habitacional Chico Mendes. Entregamos

baldinhos para a família do Valdinei e para a da Dona Fátima. 10:00h Fomos na creche doar

algumas mudas para as professoras. Doamos um balde dos de margarina para a cozinheira

Claudete e a cozinheira Maria também pediu um para ela. Plantamos mais algumas mudas na

escola e arrumamos as armadilhas de fitas de vídeo para afastar passarinhos. Doamos algumas

mudas para o projeto Ambial e combinamos de fazer uma horta amanhâ, junto com a coleta. A

professora do Ambial pediu novas mudas para sua horta. Essas mudas que estamos utilizando

foram doadas pelo CEPAGRO, mas, futuramente pretendemos produzi-las nós mesmos para

comercializar na comunidade. 12:00 h Entregamos baldinho e mudas para a família da

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Marquinha e da Janete “Neca”.13:20 h Karol foi na família Kelen que comunicou que está se

mudando, mas, vai continuar com o baldinho, se comprometendo a continuar separando e

depositando no PEV mais próximo. No final, Karol ainda aproveitou para comprar alguns

DVD’s.

Um dia de coleta nas palavras de Karol.

Todo resíduo coletado, é levado até a escola América Dutra Machado, onde fica o

pátio de compostagem termofílica. Nesse processo é possível misturando os resíduos

com camadas de serragem e cobri-los com palha, evitando o ataque de animais como

pássaros, moscas e ratos. Esta mistura é feita em leiras “denominam-se leiras as pilhas

onde são depositados os materiais a serem tratados pela compostagem” estreitas e

estáticas sobre o solo, para aumentar a aeração.

Uma leira estática é utilizada por um mês “durante um mês os resíduos orgânicos

provenientes da coleta são depositados na mesma leira”, passado este tempo de

montagem da leira esta ficara estática de três a seis meses, apenas revolvendo-a de 15

em 15 dias para aerar e acelerar o processo de degradação. No final desse período o

material encontra-se estável. A cada mês inicia-se uma nova leira, com isso todo mês

uma nova carga de composto está pronta.

O composto pronto retorna às famílias e instituições participantes, para utilização

nos quintais urbanos, produzindo flores, folhagens, plantas medicinais e alimentos.

No final do processo de compostagem, as bombonas são lavadas e devolvidas para

os PEV´s, repetindo-se o trajeto da coleta a pé.

Quinzenalmente, são coletadas doações de serragem no sul da ilha e palha no CEASA,

com auxílio do pick-up do CEPAGRO.

Tanto nos dias de coleta como nas demais manhãs que ficam disponíveis para

eventuais atividades e oficinas de agricultura urbana, o ambiente de trabalho é repleto

de trocas de ensinamentos entre todos os envolvidos.

Além das práticas descritas acima, que teve o acompanhamento semanal, outras

atividades foram desenvolvidas no decorrer do estágio, como reuniões com os

participantes, famílias e entidades pertencentes à comunidade e convidados, visita às

residências dos moradores da comunidade, aplicação de questionários com 8

participantes do projeto, alem da busca por matérias em outras fontes como

bibliografias, trabalhos e projetos da área e relatórios de atividades.

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Cronograma das atividades realizadas no período de estágio na comunidade Chico

Mendes.

Mês

Março

Atividade Desenvolvida no Pátio de Compostagem e Comunidade

Chico Mendes

9/03/2010 Inicio das atividades, apresentação do grupo e projeto Karol, Maicom,

Lene e Goiano e o pátio de compostagem.

12/03/2010 Coleta, virada das bombonas e conscientização

15/03/2010 Primeira reunião do semestre com as famílias, entidades participantes e

convidados. Nesta reunião foi apresentado o andamento do projeto e

realizada a entrega das camisetas.

16/03/2010 Coleta, virada das bombonas e conscientização das famílias. Foi iniciada

uma nova leira.

23, 26 e

30/03/2010

Coleta, virada das bombonas e conscientização

Mês

Abril

Atividade Desenvolvida no Pátio de Compostagem e Comunidade

Chico Mendes

6, 9 e

13/04/2010

Coleta, virada das bombonas e conscientização das famílias

16/04/2010 Coleta, virada das bombonas e conscientização das famílias. Foi iniciada

uma nova leira.

20, 23, 27,

30/04/2010

Coleta, virada das bombonas e conscientização das famílias e

distribuição de mudas de alface , beterraba, tomate salsinha e cebolinha.

Mês

Maio

Atividade Desenvolvida no Pátio de Compostagem e Comunidade

Chico Mendes

4 e

11/05/2010

Coleta, virada das bombonas e conscientização das famílias, no dia 4 de

maio foi levado adubo para duas famílias.

18/05/2010 Fixada a primeira placa do PEV Ponto de entrega voluntário

19/05/2010 Coleta, virada das bombonas e montagem de uma nova leira

21/05/2010 Coleta, virada das bombonas e conscientização das famílias. Reportagem

do Diário Catarinense com entrevista de seus participantes. Reportagem

em anexo.

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31/05/2010 Foi realizado um mutirão onde nesse foi construído quatro canteiros de

0,70x2m, um canteiro de 2,5x3m, um canteiro em formato meia lua e

uma horta mandala com 3m de diâmetro. A construção dos canteiros tem

por objetivo a produção de mudas.

Realizada a entrevista com oito membros do projeto para o estudo sócio

econômico.

9. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Jardim Janaina

Foram entrevistadas oito participantes do grupo Vida Nova de um total de 15

membros, desses a idade variava dos 25 aos 66 anos, sendo a grande maioria oriunda do

meio rural pertencente ao estado de Santa Catarina, com grau de escolaridade variando

do fundamental ao segundo grau incompleto, com isso ressaltando o despreparo para

trabalhos de melhor remuneração, tornando se trabalhadoras informais, entre esses

trabalhos foi constatado o de domestica, manicure e donas de casa. Conforme descrito

na tabela abaixo.

Tabela 2: Cidade de origem, grau de escolaridade e profissão das entrevistadas.

Entrevistadas Idade Cidade de Origem Escolaridade Profissão

1 30 Tijucas 2°grau completo Manicure

2 42 Braço do Norte Ensino fundamental completo Dona de casa

3 66 Bom Retiro Ensino fundamental completo Doméstica

4 39 Campo Belo do Sul 2°grau incompleto Dona de casa

5 65 Campos Novos Ensino fundamental incompleto Pencionista

6 43 Bom Retiro Ensino médio incompleto Doméstica

7 27 Biguaçu Ensino fundamental completo Dona de casa

8 25 Três Riachos Ensino fundamental completo Dona de casa

Metade das entrevistadas 50% não possuem renda, são donas de casa e a renda

familiar provem unicamente do marido, variando de 1 salário mínimo a R$ 800,00, os

outros 50% são trabalhadoras informais, que auxilia na renda familiar de 1 salários

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31

mínimos, podendo alcançar ate R$ 1.600,00. Confirmando que de maneira geral, o grau

de escolaridade determina o tipo de atividade profissional que as pessoas podem

praticar.

Tabela 3: Renda familiar em reais (RF) dos entrevistados, RF per capita e número de

integrantes da família.

Entrevistadas Renda

familiar

Renda per

capita

N° de integrantes da

família

1 1.600,00 400,00 4

2 800,00 266,00 3

3 510,00 255,00 2

4 510,00 510,00 1

5 510,00 170,00 3

6 1.000,00 333,00 3

7 510,00 102,00 5

8 510,00 127,50 4

A maioria dos entrevistados, 5 dos 8 pesquisados (ou 62,5%), apresentam uma renda

familiar igual a R$ 510,00 mensais e apenas 3 dos 8 (ou 37,5%) apresentam uma renda

de R$ 800,00 a R$ 1.600,00. Estes números por si só não dizem muito sobre o padrão

de vida ou consumo dessas famílias, tendo em vista que a renda familiar sem considerar

o número de integrantes da família, isto é, o número de pessoas que dependem desta

renda, não é suficiente para medir o verdadeiro poder aquisitivo destas famílias.

Conforme demonstrado na tabela 2, 62,5% das entrevistadas é de famílias de

agricultores que produziam para venda e subsistência da propriedade sendo a única

fonte de renda a agricultura, tendo como culturas produzidas, batata, arroz irrigado,

fumo e grãos, alem da criação de animais, vaca de leite, suínos e galinha poedeira.

O restante totalizando 37,5% equivalente 3 das entrevistada não são de família de

agricultores. No entanto, 75 % das entrevistadas já praticavam AU, sendo aquelas que

deixaram a agricultura em busca de melhores condições de vida nas cidades, trouxe

consigo o gosto pela terra e o prazer de se cultivar, plantando em casa em espaços

disponíveis, cultivando olericolas, temperos e plantas medicinais. Apenas 25% do grupo

entrevistado veio a praticar AU a partir do projeto Horta Comunitária, citado

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32

anteriormente no histórico da comunidade, sendo que 75% dos participantes do projeto

que é coordenado pela ASA “Ação Social Arquidiocesana” o conheceram através do

convite de amigos e vizinho que já participavam, 25% das entrevistadas participavam de

outros projetos sociais administrados pela ASA manifestaram o interesse quando a

proposta de se construir uma horta comunitária foi proposta, participando então de toda

a formação.

A Ação Social Arquidiocesana, ASA é um projeto social da Igreja São João

Evangelista (ISJE) e através dela são realizados trabalhos sociais com a comunidade,

sendo esta coordenada por uma agente comunitária e uma assistente social da prefeitura

de Biguaçu.

Com a prática da AU a produção de alimentos livres de agrotóxicos torna-se viável

no auxilio a uma alimentação saudável. Apesar de não ser única fonte alimentar, tendo

ainda que se comprar para suprir a demanda consumida pelas famílias. Entretanto

segundo as entrevistadas a prática da AU lhes proporcionou benefícios para com a

saúde, pelo trabalho físico praticado na horta, o consumo de alimento saudáveis,

envolvimento comunitário, formação de amizade e o bem estar consigo mesma por

praticar algo saudável e produtivo.

Ressaltando que todas as entrevistadas acreditam que se pode obter renda, diminuir

custos, incrementando a renda familiar e aumentar a segurança alimentar e nutricional

de suas famílias a partir dos alimentos produzidos pela horta.

Entretanto dificuldades foram apontadas pelo grupo, a falta de insumos (muda,

sementes e esterco) agregados a falta de participantes e a falta de reconhecimento por

parte da comunidade e seus moradores. Todavia o principal problema para se garantir a

estabilidade do sistema é o espaço físico, pois as duas áreas disponíveis para horta é

insuficiente para suprir a demanda do grupo Vida Nova e de seus familiares.

Andamento da Horta

A horta antes do inicio do mês de março estava composta por um canteiro de

plantas medicinais no qual contem melissa, hortelã, guaco, mil folhas, arruda, capim

limão, cavalinha entre outras. E uma horta mandala com diferentes espécies já no final

de seu ciclo como, couve, brócolis, abóbora, milho, feijão.

No período do estágio foi dada continuidade a metodologia implantada desde o inicio

do projeto, seguindo a linha metodológica da agroecologia. Sendo assim para a

reestruturação dos canteiros foi realizado o revolvimento do solo (o solo da horta na

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ISJE é oriundo de aterros) de forma manual sem revolvimento intenso, apenas com o

objetivo de elevar os canteiros deixando esses com 1 m de largura, dois metros de

distancia e com 15 a 20 cm de altura, conforme recomendado por bibliografias, e assim

se ter uma melhor produção. Além da construção de canteiros retangulares para suprir

uma maior demanda de produção, foi construído canteiros agroecológicos de produção,

em formato de mandala e meia lua. A grande maioria das hortaliças necessita de preparo

especial do terreno para a confecção de canteiros que podem servir como sementeira,

para transplante de mudas e plantio/semeadura direta. Conforme pode ser visualizado

na figura abaixo.

Figura 2: Horta Comunitária locada na Igreja São João Evangelista

Na parcela não foi realizada a análise do solo. Anteriormente foi utilizado nos

canteiros composto orgânico, adquirido através do pátio de compostagem do CEASA.

Durante o estágio teve se a disponibilidade do esterco de gado adquirido através de

doação sendo usado como principal fonte de matéria orgânica para incorporação ao

solo.

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34

As plantas necessitam, além de carbono, hidrogênio e oxigênio, constituintes

essenciais retirados do ar e da água, dos microelementos (nitrogênio, fósforo, potássio,

cálcio, magnésio e enxofre exigidos em maior quantidade) e macroelementos

((manganês, zinco, cobre ferro, molibdênio, boro e cloro exigidos em quantidades

reduzidas). As quantidades desses elementos disponíveis para as plantas no solo, quase

sempre é insuficiente, daí a necessidade de se completar com adubação orgânica.

O esterco rico em material fibroso provinda da alimentação de volumosos,

principalmente gramíneas, se apresentava em estado semi curtido, pois seus

componentes não estavam totalmente degradados (com matéria orgânica em estado

original). Porem com parcelas do material já se apresentando decompostas, entretanto o

esterco nesta forma não apresenta prejuízo para as plantas, estas características do

esterco favoreceram a melhora das condições do solo, sendo que é matéria orgânica de

lenta degradação e estimuladora da vida no solo. Os adubos orgânicos, além de serem

fontes de macro e microelementos, facilitam a absorção da água e conservam a unidade

do solo, garantindo melhor ambiente para o desenvolvimento das raízes e para a vida do

solo.

Figura 3: Horta comunitária Jardim Janaina locada na ISJE, montagem dos canteiros.

Page 35: “AGRICULTURA URBANA: Um estudo de caso nas comunidades Chico Mendes e Jardim Janaina”

35

Figura 4: Horta comunitária Jardim Janaina locada na ISJE, horta mandala com

cobertura morta.

Os canteiros foram cobertos com cobertura morta, esta prática consiste na colocação

de palhada seca de 5 a 10 cm, com o intuito de se favorecendo a microbiota do solo,

evita a formação de crostas, preservar a umidade e equilibrar a temperatura do solo,

evitando que este fique exposto aos raios solares. Segundo o autor Khantounian (2001)

a palhada tem efeito biológico associado a decomposição da biomassa com efeito lento

e duradouro. Se incorporada a palhada tem excelente efeito físico, acompanhado da

imobilização do nitrogênio do solo auxiliando na ativação biológica da mesofauna.

As mudas plantadas (neste período somente mudas foram plantadas) adquiridas em

Paulo Lopes, na propriedade de Dana Albertina, produtora de mudas orgânicas, foram

compradas por um custo de R$ 20,00 a bandeja de isopor com 72 mudas de espécies

diversificadas, conforme informado na tabela abaixo.

Page 36: “AGRICULTURA URBANA: Um estudo de caso nas comunidades Chico Mendes e Jardim Janaina”

36

Tabela 4: Mudas plantadas na Horta comunitária

Cebolinha Allium fistolosum Menta Mentha villosa

Salsinha Petrosolium sativum Cavalinha Equisetum

Couve Brassica sylvestris Cidreira Melissa officinalis

Beterraba Beta vulgaris. Alecrim Rosmarinus officinalis

Alface Lactuca sativa Arruda Ruta graveoles

Cenoura Daucus carota Alho-porró Allium porrum

Pimentão Capisicum annuum Mostarda Brassica juncea

Berinjela Solanum melongena Tomate Solanum lycopersicum

Foi realizado o transplante de mudas mediante a abertura de “covas” entre as palhas,

essas eram preenchidas com esterco e em seguida plantada a muda, desta forma buscou

se disponibilizar melhor os nutrientes para as plantas.

Na segunda área disponível para horta, locada no quintal da casa de uma das

integrantes do grupo, Dona Natalia (cedeu seu quintal para que o grupo tivesse uma área

maior para plantio), foi adotada a mesma metodologia descrita acima, reestruturação e

elevação dos canteiros, utilização de adubo orgânico (esterco de cavalo), cobertura

morta para preservar a estrutura do solo e o transplante de mudas de maior interesse.

Nessa área foi implantado um sistema de irrigação, onde água utilizada é captada da

chuva, para isso foi construído uma cisterna com uma caixa d’água de 5.000 litros, a

água é conduzida ate essa cisterna por um cano fixado ao telhado (Calha).

Figura 5: Calha para captação d’água da chuva.

Page 37: “AGRICULTURA URBANA: Um estudo de caso nas comunidades Chico Mendes e Jardim Janaina”

37

Figura 6: Caixa d’água para o armazenamento da água captada.

Para a irrigação foi utilizado a microaspersão com sistema santeno ideal para hortaliças

folhosa. Podendo ser visualizado na figura 5 logo abaixo.

Sendo uma forma pratica e econômica de se irrigar, pois consiste em uma mangueira

plástica, perfurada com raios laser e resistente a exposição ao sol. A mangueira foi

conectada a uma mangueira e esta a saída de água da caixa d’água, produzindo uma

neblina fina de irrigação.

O cultivo de hortaliças com insuficiência de água de boa qualidade para irrigação não

é viável pra produção, tendo em vista que a maioria das hortaliças tem na maior parte de

sua composição água. A qualidade da água é muito importante, a freqüência, o tipo de

irrigação e a quantidade de água a se aplicar dependem da espécie cultivada, do tipo de

solo, do clima, das praticas culturais e da fase de desenvolvimento das plantas.

Para hortaliças folhosas é recomendada a rega diária, durante todo o ciclo das

plantas, para hortaliças com frutos, à medida que as plantas vão crescendo a irrigação

pode ser feita de três em três dias.

Page 38: “AGRICULTURA URBANA: Um estudo de caso nas comunidades Chico Mendes e Jardim Janaina”

38

Figura 7: Horta Comunitária locada no quintal da Dona Natália, com microaspersão por

sistema santeno.

Page 39: “AGRICULTURA URBANA: Um estudo de caso nas comunidades Chico Mendes e Jardim Janaina”

39

Viabilidade

Nesse grupo estudado onde a maior parcela é assalariada torna se visível a necessidade

de um aumento a renda familiar, mesmo sendo através da produção de alimentos para

enriquecer a segurança alimentar da família. Entretanto como já mencionado a produção

é insuficiente para suprir a demanda de consumo de todas as famílias do grupo.

A falta de espaço destinado à horta é insuficiente, tendo em vista que atualmente

tense duas área para horta. Entretanto ao final deste ano a área de horta locada no pátio

Igreja São João Evangelista terá de ser desocupado, pois a ISJE solicitou a área ocupada

para uso próprio.

Este fator ressalta, que os objetivos propostos para produção para consumo e venda

do excedente da horta, esta se tornando uma proposta de baixa viabilidade e

sustentabilidade. Sabendo que no geral, são necessários de 6 a 10 m² de horta para cada

pessoa. Outro problema observado no decorrer do estágio é a falta de autonomia do

grupo na tomada de decisões, sendo essas decisões tomadas normalmente por uma

pessoa.

Mas apesar dos problemas citados acima o grupo, e esforçado e gosta de trabalhar

com a horta, se este problema do espaço for solucionado, acredito que o objetivo de

consumo e venda dos produtos da horta será facilmente alcançado.

Chico Mendes

Foram entrevistados 8 participantes do projeto todos do sexo feminino, com a idade

variando dos 20 aos 50 anos, sendo que 5 ( ou 62,5%) das entrevistadas são

trabalhadoras informais, desde costureira, domesticas a agentes comunitárias.

As outras 3 (ou 37,5%) são donas de casa, sendo nesses casos as renda da família

proveniente unicamente do marido e não passando de um salário mínimo.

No caso em que as entrevistadas trabalham a renda da família é de R$ 400,00

chegando a R$ 1.020,00 o equivalente a dois salários. Sendo a media da renda per capita

de R$ 191,50, tendo em vista que as famílias são constituídas na maior porcentagem

acima de 4 pessoas.

Page 40: “AGRICULTURA URBANA: Um estudo de caso nas comunidades Chico Mendes e Jardim Janaina”

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Tabela 5: Renda familiar em reais (RF) dos entrevistados, RF per capita e número de

integrantes da família.

Entrevistadas Renda

Familiar

Renda per

capita

Nº integrantes

da Família

1 R$400,00 R$200,00 2

2 R$510,00 R$130,00 4

3 R$520,00 R$86,60 6

4 R$520,00 R$57,70 9

5 R$600,00 R$120,00 5

6 R$800,00 R$200,00 4

7 R$820,00 R$410,00 2

8 R$1040,00 R$346,00 3

Confirmando na comunidade que a baixa escolaridade esta vinculada com a baixa

remuneração. Sendo que o grau de escolaridade determina o tipo de atividade que as

pessoas podem exercer.

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

nº entrevistados

2º grau completo

2º grau imcompleto

ensino medio incompleto

ensino fundamental

completo

Figura 8: Grau de escolaridade dos entrevistados segundo quatro classificações.

Desempregados e subempregados predominam no quadro ocupacional desta

população. A maioria não tem carteira assinada. Nesse complexo de comunidades,

situadas na periferia urbana de Florianópolis, não existem indústrias, nem atividades

agrícolas, exceto pequenos comércios.

Page 41: “AGRICULTURA URBANA: Um estudo de caso nas comunidades Chico Mendes e Jardim Janaina”

41

As sobras do CEASA constituem a maior, quando não a única fonte de alimentação

para muitas pessoas e famílias que também necessitam e buscam por cestas básicas.

Muitos sobrevivem do Bolsa Família e do Agente Jovem. Há vários obstáculos para

conseguirem a inclusão e participação em cursos e programas de requalificação

profissional como a falta de documentação adequada, dificuldade de transportes e

também o preconceito.

As atividades começaram com o resgate das heranças rurais das mulheres e os

resultados do processo de êxodo rural que elas passaram. Partindo dessa problemática

foi constatado que 5 ( ou 62,5% ) das entrevistadas de um total de 8 são provenientes

da zona rural, de cidade como Caçador, Chapecó, Riqueza, Rio Grande (RS) e Quedas

de Iguaçu (PR). Das 8 entrevistadas, 3 (ou 37,5%) são da cidade e não tiveram contato

com a agricultura. Através do questionário aplicado, pode ser constatado que as causas

da migração do campo para as cidades foram, problemas familiares como a morte do pai

onde a família não conseguiu administrar a propriedade, sendo necessária a venda,

busca por melhores oportunidades de emprego e melhor condição de vida.

Quando perguntado como foi seu primeiro contato com a AU na comunidade, as 8

entrevistadas, 50% delas foi através de projetos como a Frente Temporária de Trabalho

“grupo de moradores do bairro que são contratados temporariamente para

trabalharem na limpeza da comunidade e capacitações em temas ambientais” e com o

projeto Revolução dos Baldinhos já mencionados anteriormente. Os outros 50% das

entrevistadas, já plantavam em casa, flores, chás, salsinha, cebolinha e outros. Os

motivos que as levaram a participar e praticar AU varia de cultural, por gostar de ter

contato com a terra e querer produtos livres de agrotóxicos.

A vantagem obtida com a prática de AU pelas entrevistadas foi de segurança

alimentar, benefícios com a saúde pelo trabalho praticado, alem dos benefícios pelo

consumo de alimentos saudáveis e fim do problema com roedores. Entretanto algumas

dificuldades foram levantadas como, encontradas, a falta de participantes, cada vez mais

tense famílias interessadas em reciclar o seu resido orgânico, entretanto a falta de

interesse por parte da comunidade em trabalhar na coleta do resíduo e compostagem, a

falta de insumos como mudas, sementes e área própria para plantio foram outras

dificuldades apontadas pelas participantes da entrevista.

Page 42: “AGRICULTURA URBANA: Um estudo de caso nas comunidades Chico Mendes e Jardim Janaina”

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Andamento do Pátio de Compostagem

No início de estágio o pátio de compostagem na escola Américo Dutra Machado

estava composto por 6 leiras, onde duas eram novas, uma havia acabado de ser fechada

e colocada em descanso e outra iniciada no dia 16 de março, sendo que a metodologia

de trabalho é trabalhar em uma leira durante um mês.

Figura 9: Pátio de compostagem

Page 43: “AGRICULTURA URBANA: Um estudo de caso nas comunidades Chico Mendes e Jardim Janaina”

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O pátio atualmente esta composto por seis leiras em descanso e uma leiras em

atividade de deposição, quatro canteiros de 1x 6m que pertencem ao projeto da escada

“Ambial”, onde algumas crianças no período em que não estão em aula participam de

atividades vinculadas a Educação Ambiental essas ministradas pela professora Ana

educadora e coordenadoras do projeto sediado na Escola América Dutra Machado.

Além de quatro canteiros 0,70x2m, um canteiro de 2,5x3m e uma horta em mandala que

foram construídos recentemente pelos participantes e voluntários do projeto “Revolução

dos Baldinhos”. Os canteiros foram construídos com o objetivo de produzir às mudas

que são doadas a comunidade, além do plantio para o consumo.

A produção de mudas tem como propósito a distribuição destas para as famílias

participantes do projeto, incentivando que elas plantem em suas casas, em áreas

disponíveis mesmo quando essas são limitadas e em vasos e recipientes que possam a

vir comportar uma planta. E assim minimizar custos que o projeto tem com a compra de

mudas, sendo que a bandeja de isopor com 72 mudas sai por um custo de R$ 20,00.

Figura 10: Canteiro da casa da Dona Eli.

Como havia sido falado anteriormente o projeto tem como um dos seus objetivos,

ajudar no controle dos roedores, evitando que os resíduos venham a parar nas ruas.

Page 44: “AGRICULTURA URBANA: Um estudo de caso nas comunidades Chico Mendes e Jardim Janaina”

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Formação dos canteiros

Como metodologia aplicada segundo a agroecologia os canteiros foram elevamos os

uma altura de 20 cm do solo, nestes canteiros foi incorporado o composto orgânico semi

curtido com o intuito de melhorar as condições estruturais ativando a microbiologia do

solo.

Segundo Albert Howard a base de um solo fértil de uma agricultura prospera é o

húmos, nos locais em que as perdas de húmos são equilibradas com a devolução dos

resíduos do solo, os sistemas de agricultura são estáveis e não há perda de fertilidade. A

utilização da cobertura morta vem enriquece este processo de preparo do solo.

Pois são resíduos de plantas que entram em senescência, “fase do desenvolvimento

da planta, que se estende da maturidade plena até a morte e é caracterizada por

acumulação de produtos metabólicos, aumento do regime respiratório e perda de peso

da substância seca, especialmente nas folhas e frutos” tendo translocado para as

sementes a maior parte dos nutrientes, sendo bons reservatórios de potássio (Khatounian

2001)

E assim para se economizar composto deve-se evitar o revolvimento do solo e

utilizar ao maximo a cobertura morta pois, a velocidade de degradação dos compostos

dobra a cada 9º C de temperatura. A cobertura com palhada reduzir em 4º a 5º C de

temperatura do canteiro.

Figura 11: Canteiro em forma de mandala.

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45

Figura 12: Área dos canteiros

Figura 13: canteiro meia lua e ao fundo quatro canteiros de 0,70x2m cobertos com

palhada.

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A Coleta dos Resíduos

A coleta dos resíduos é realizada fazendo chuva ou sol. Sempre acompanhada de

muita animação e companheirismo. A partir das 08h00min os participantes do projeto se

encontram na casa da Karol, membro do projeto desde Agosto de 2009, começando

como família e tornando-se membro ativo do projeto.

O grupo é composto pela Karol (27), Lene (35), Maicom (20) e Goiano (20), sendo

que as duas mulheres recebem uma bolsa de R$ 400,00 e os rapazes bolsas de R$

200,00. Atualmente o grupo acolheu mais um integrante o Peter um garoto de 14 anos

que se interessou pelo projeto e começou a participar das atividades.

A coleta das bombonas começa na Creche Conjunto Habitacional Chico Mendes o

primeiro PEV da rota realizada, e pelo projeto não ter uma sede própria e nessa creche

onde se guarda o carrinho utilizado na coleta.

Andando pelo bairro passa-se pelos PEV’s coletando as bombonas e no caminho

despejando os baldinhos das famílias nas bombonas. Feita a coleta as bombonas são

levadas para o pátio de compostagem locado na Escola América Dutra Machado onde é

realizada a virada das bombonas.

São coletadas mensalmente aproximadamente 5 toneladas de resíduo orgânico.

Podendo ser visualizado na tabela 6 abaixo. Conforme mostrado o volume do resíduo

orgânico, esta aumentando, isso devido ao crescente número de famílias, que estão se

engajando ao projeto. Atualmente o pátio de compostagem não esta comportando a

demanda do resíduo, devido à falta de espaço tense a necessidade de se encontra outro

local para se implantar um pátio de compostagem.

Volume de resíduo recolhido por coleta

Data Qtd (L)

Data Qtd (L)

04/set 700

22/dez 500 11/set 700

23/dez 550

15/set 800

24/dez 600 18/set 800

25/dez 1000

22/set 600

19/jan 700 25/set 700

22/jan 660

29/set 500

26/jan 550 02/out 500

29/jan 600

05/out 700

02/fev 850 09/out 650

05/fev 750

13/out 500

09/fev 950 16/out 500

12/fev 550

20/out 800

16/fev 630

Page 47: “AGRICULTURA URBANA: Um estudo de caso nas comunidades Chico Mendes e Jardim Janaina”

47

23/out 550

19/fev 800 27/out 760

23/fev 1065

30/out 650

18/mar 300 03/nov 700

25/mar 1050

06/nov 780

30/mar 850 17/nov 980

01/abr 500

20/nov 640

06/abr 760 24/nov 680

09/abr 800

27/nov 980

13/abr 980 01/dez 1000

16/abr 1080

04/dez 1000

20/abr 860 08/dez 950

04/mai 800

11/dez 700

07/mai 600 14/dez 785

11/mai 1200

18/dez 600

14/mai 1000 19/dez 500

18/mai 900

20/dez 500

25/mai 1500 21/dez 500

28/mai 900

46.550 Total

750.806 Media

Tabela 6: Volume de resíduo coletado, de setembro de 2009 a maio de 2010.

Pode se estimar a quantidade de resíduo produzido por família, sabendo se que, uma

pessoa produz aproximadamente 300g/dia de resíduo, sendo que na comunidade a

maioria das famílias é composta de quatro pessoas. Tendo em vista que na entrevistas

foi coletado o dado de que a media do numero de pessoas por família é de 4.375.

Sendo que uma família produz por dia 1.200kg de resíduo, e o projeto consta

atualmente com 95 famílias, é depositado na bombonas por dia 114.000 kg de resíduo.

Conforme os dados da tabela acima de setembro de 2009 a maio de 2010 foram viradas

911bombonas.

Um dos problemas encontrados no momento da virada são as infrações, são a

presença de resíduos que não são compostados, como sacolas plásticas, panos,

embalagens de isopor entre outros, o que atrasa mais ainda o trabalho, pois se perde

tempo em se coletar esses resíduos.

Page 48: “AGRICULTURA URBANA: Um estudo de caso nas comunidades Chico Mendes e Jardim Janaina”

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Figura 14: Virada da bombona, Letícia e Peter

Figura 15: Infrações

A Compostagem

A compostagem é trabalhada da seguinte maneira, as leiras são feitas conforme a

metodologia do autor Howard (2007). A partir do preparo da cama “onde será

depositado o resíduo orgânico coletado” esta é composta primeiramente com a

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colocação de galhos no solo fazendo o formato da leira e entorno é levantada uma

parede com palha. O resíduo é depositado em cima e um pouco de inoculante que é o

próprio composto que já esta pronto e que fornece todos os microorganismos, bactérias

termófilicas e fungos que realizam o processo de degradação dos resíduos de uma leira

termófilica.

O material é revolvido para que se incorpore com o inoculante, após esse processo é

sobreposta a serragem, sendo essencial a adição dessa para ajudar na proporção de C: N,

“consideram como ideal para a compostagem uma relação C/N entre 25/1 e 30/1, mas

valores situados na faixa entre 20/1 e 40/1 também produzem bons resultados. De

acordo com Howard (2007) a proporção ideal do método é de 33 partes de carbono

para uma de nitrogênio”, a aeração da pilha e a manutenção de umidade adequada.

Com a adição da serragem a proporção C: N fica num nível adaptado para o inicio dos

processos de degradação dos compostos em nutrientes absorvíveis pelas plantas. Por

fim a leira e coberta com palhada, pois esta ajuda a evitar a perda de calor e umidade da

pilha de compostagem, alem de manter afastados os animais.

Cada vez que abrimos a leira para colocar material novo devemos verificar se a pilha

esta aquecendo. Conforme a deposição de resíduos na pilha ocorre o aumento de altura

da leira, essa não ultrapassando1, 30 m para facilitar o manejo.

O material em repouso gerado pela pilha de compostagem após um ano é o composto

orgânico um material rico em nutrientes, livre de microorganismos e nocivos, parecido

com terra escura.

A escolha de um local adequado é colocar uma primeira camada de material seco

(galhos e folhas) a partir de 1,5x1, 5m de área, para absorver os líquidos em excesso.

A = camada seca baixa atividade biológica devido à rápida perda de umidade.

B = camada quente intensa atividade biológica, bactérias termofilicas, combinação ideal

de energia, umidade, O² e nutrientes.

C = camada fria central baixa atividade biológica devido à falta de O².

A principal função de virada da pilha é expor todo o material á posição B.

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Figura 16: Preparo da área para a montagem da leira.

Figura 17: Montagem da cama, leira de compostagem

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Figura 18: Leira em funcionamento. A principal função de virada da pilha é

expor todo o material á posição B.

Segundo o autor Khantouriam (2001) a deposição dos resíduos vegetais ocorre na

natureza. Na fase inicial de uma leira de composto, as bactérias presentes trabalham a

temperatura ambiente, quando a temperatura no interior começa a se elevar, as

populações bacterianas vão se alterando, tornando-se dominantes, bactérias tolerantes a

temperaturas elevadas, ditas termófilicas (bactérias aeróbicas termófilicas têm como

características alta capacidade de degradação da biomassa).

Sendo assim o revolvimento do resíduo para que se ocorra a mistura das camadas

internas da leira, é de extrema importância para a manutenção e funcionamento. Nessa

conjuntura após um mês de utilização da leira não se deposita mais nada de resíduos e

quinzenalmente é realizada a virada para expor todo o material ao centro da leira, onde

fica a camada quente alcançando de 60º a 70º de temperatura e com intensa atividade

bacteriana.

O churumi é o liquido rico em nutrientes, que é liberado da leira, se não coletado vem

a ser um contaminante do solo. O destino adequado faz dele um biofertilizante rico em

nutrientes que pode ser disponibilizado as plantas. Entretanto no pátio de compostagem

esse não tem o seu descarte correto, pois não é feita a coleta do churumi.

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Acarretando ao pátio problemas de funcionamento devido ao solo encharcado,

agravado pelo excesso de chuva, possível contaminação do solo, alem do desperdício

de nutrientes.

Devolução das bombonas

Finalizado o processo da compostagem as bombonas são lavadas de devolvidas aos

PEVs, sendo que nesse trajeto e realizada a doação de mudas, a entrega do adubo e

conscientização da comunidade, para com o descarte adequado do resíduo orgânico. O

trajeto e realizado pela Karol e Lene tendo sido acompanhado no período do estágio.

Atuações na comunidade

Alem das famílias e realizado um trabalho junto as entidades, na creche Chico Mendes

que possui desde 2006 um projeto de horta escolar que trabalha temas como segurança

alimentar e educação ambiental, são parceiras em atividades para com as crianças, pais

e profissionais. Buscando através de oficinas de compostagem, construção de hortas,

obterem a produção de alimentos saudáveis, propiciando uma melhor alimentação.

Viabilidade

Atualmente vem sendo pleiteado junto à prefeitura uma nova área na comunidade para

pátio de compostagem. Esta nova área tem por objetivo aumentar o volume de resíduo

coletado, tendo capacidade para suportar 10 leiras, área para lavagem das bombonas, e

um depósito para guardar ferramentas. Podendo ser visualizada esta área em anexo 3.

Entretanto apesar de todas as dificuldades da comunidade como falta de saneamento

básico adequado, assistência saúde precária devido a demora nos atendimentos e a

violência na região, as participantes, as famílias cadastradas e a comunidade apóiam o

projeto e visualizam a viabilidade dele.

Contatando que quando esse teve inicio era composto por cinco famílias e atualmente

tense noventa e cinco famílias atuantes na coleta de resíduo orgânico.

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10. CONSIDERAÇÕES FINAIS

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11. Referências Bibliográficas

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d3 março de 2010.

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ANEXOS

Anexo 1: Questionários aplicados a 8 participantes do grupo

Questionário 1 ° Agricultura Urbana

Data:

Idade:

Sexo: ( ) M ( ) F

1. Trabalhador ( profissão):

2. Aposentado:

3. Dona de Casa:

4. Grau de escolaridade:

( ) 1° à 4° serie

( ) 5° à 8° serie

( ) 1° à 3° ano ginásio

( ) superior

( ) sem escolaridade

5. Estado civil: ( ) casado ( ) solteiro ( ) separado

6. Possui filhos ( Quantos?)_____

7. Quantas pessoas residem na casa? _______

8. Renda familiar R$_________

9. Casa própria ( ) Alugada ( )

10. Quantos anos residem no bairro?_____

11. Existe sistema de esgoto? ( ) sim ( ) não

12. Água tratada: ( ) sim ( ) não

13. Existe coleta de lixo no bairro? ( ) sim ( ) não

14. Faz se coleta seletiva no bairro? ( ) sim ( ) não

15. O participante tem origem rural?

( ) sim De onde? ________________

( ) não

16. Como foi seu primeiro contato com a agricultura?

17. Quais eram as culturas agrícolas e criação de animais praticada?

18. Porque deixou sua cidade de origem?

19. Qual era sua principal fonte de renda?

Questionário 2 ° Agricultura Urbana

Data:

Idade:

Sexo: ( ) M ( ) F

1. Trabalhador ( profissão):

2. Aposentado:

3. Dona de Casa:

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4. Grau de escolaridade:

( ) 1° à 4° serie

( ) 5° à 8° serie

( ) 1° à 3° ano ginásio

( ) superior

( ) sem escolaridade

5. Estado civil: ( ) casado ( ) solteiro ( ) separado

6. Possui filhos ( Quantos?)_____

7. Quantas pessoas residem na casa? _______

8. Renda familiar R$_________

9. Casa própria ( ) Alugada ( )

10. Quantos anos residem no bairro?_____

11. Existe sistema de esgoto? ( ) sim ( ) não

12. Água tratada: ( ) sim ( ) não

13. Existe coleta de lixo no bairro? ( ) sim ( ) não

14. Faz se coleta seletiva no bairro? ( ) sim ( ) não

15. O participante tem origem rural?

( ) sim De onde? ________________

( ) não

16. Como foi seu contato com a agricultura depois que começou a morar na

comunidade?

17. Quais são as culturas agrícolas e criação de animais praticada?

18. Atualmente qual sua principal fonte de renda?

19. Que motivos o levaram a praticar agricultura em casa (quintais) na área urbana

( ) cultural, por gostar de mexer na terra e ou por praticar no passado.

( ) por querer consumir produtos produzidos por si.

( ) necessidade econômica ( segurança alimentar)

( ) por querer produtos limpos livres de agrotóxicos

( ) para consumo próprio e venda do excedente.

20. Como conheceu o projeto “Horta Comunitária”? (Biguaçu)

( ) através de vizinhos e amigos

( ) participou da concepção do projeto

( ) a própria horta lhe chamou a atenção e foi se informar

( ) participantes do projeto o convidaram

( ) participava de outros projetos

21. Como conheceu o projeto “Revolução dos Baldinhos”? ( Chico Mendes)

( ) através de vizinhos e amigos

( ) participou da concepção do projeto

( ) a própria horta lhe chamou a atenção e foi se informar

( ) participantes do projeto o convidaram

( ) participava de outros projetos

22. Quais foram às motivações iniciais que o levaram a participar do projeto de AU?

23. Tem horta ou criação em casa? ( ) sim ( ) não

24. Qual o tamanho da área disponível no terreno? ______m²

25. Esta área é própria para a produção e plantio? ( ) sim ( ) não

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26. O que planta ou cria em casa:

( ) Frutíferas.

Quais?_____________________________________________________________

___________________________________________________________________

( ) Medicinais.

Quais?_____________________________________________________________

___________________________________________________________________

( ) Olericolas.

Quais?_____________________________________________________________

___________________________________________________________________

( ) Criações.

Quais?_____________________________________________________________

___________________________________________________________________

( ) Ornamentais.

Quais?_____________________________________________________________

___________________________________________________________________

27. Quais as vantagens que o Sr/Sra. obteve ao praticar Agricultura Urbana?

( ) segurança alimentar

( ) geração de renda

( ) envolvimento comunitário

( ) benefícios com a saúde pelo trabalho físico praticado com a horta e com o

descarte adequado dos resíduos orgânicos.

( ) benefícios pelo consumo de alimentos saudáveis.

28. Quais as principais dificuldades encontradas?

( ) falta de participantes

( ) tempo insuficiente para o trabalho

( ) falha no recurso financeiro para compra de materiais

( ) falta de reconhecimento e apoio de órgãos públicos

( ) falta de reconhecimento e apoio da comunidade e moradores.

( ) falta de insumos

29. Você acha que pode obter renda, diminuir custos, e aumentar a segurança alimentar

a partir dos alimentos produzidos na horta? ( ) sim ( ) não

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Anexo 2: Reportagem realizado com o projeto “Revolução dos Baldinhos” publicada

dia 24 de maio de 2010.

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Anexo 3: Foto da nova área para pátio de compostagem

Mapa aproximado do terreno possível e onde foi proposto o novo pátio com horta

Mapa com as dimensões do terreno para pátio e horta

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