Agricultura familiar e artesanato fortalecem a vida no campo

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Agricultura familiar e artesanato fortalecem a vida no campo Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Ano 7 • nº 1092 Agosto/2013 Major Isidoro Além do cultivo da terra e da criação de pequenos animais as filhas de agricultores e agricultoras familiares fazem artesanato com crochê e apresentam diversos trabalhos como blusas, jogo de cama e mesa, acessórios para cozinha, entre outros produtos. Márcia Maria dos Santos, 31, mãe de três filhos, que traz o amendoim plantado no quintal de casa em consórcio com o milho, o feijão e outras leguminosas e Jussara Tenório da Silva, 34, casada, mãe de quatro filhos vivem na comunidade Puxinanã em Major Isidoro- AL. “Faz onze anos que aprendi a fazer crochê com Márcia. Iniciei com o pano de prato e tive muitas dificuldades. Costumava perguntar ao meu esposo se estava bonito e ele dizia que estava feio, mas eu não acreditava e continuei trabalhando. Hoje apresento esses produtos e ele me ajuda na combinação das cores”, disse Jussara Tenório. os trabalhos desenvolvidos com variados tipos de ponto são utilizados pelas famílias e comercializados. “Fazemos crochê com ponto pé de galinha, ponto xis, passamos fita em toalha de banho, fazemos porta-fósforo com CD e trabalhos com garrafa pet, enfim são muitos trabalhos. Tudo que fazemos, vendemos porta-a-porta e oferecemos as pessoas nas lojas. Ando sempre com minha bolsa e o que consigo obter com a venda dos produtos ajuda a família”, disse Jussara Tenório. “Trocamos as informações e aprendemos uma com a outra”, destacou Jussara Tenório. Segundo as agricultoras artesãs o trabalho é uma terapia e ajuda na auto-estima, por isso, compartilham o conhecimento para a construção de blusas, passadeiras, capas para batedeira, botijão, bolsa, pano de prato, toalha de banho, fazemos bonecas etc. Para Marcia dos Santos os desafios são diversos desde a compra do material à comercializa- -ção, mas o sonho de desenvolver o que gosta e que sabe fazer, contribui para a realização dessa atividade associada a agricultura familiar. “Fico contente quando faço crochê e a procura é grande. Minhas colegas de sala de aula compram. Ando sempre com minha bolsa e onde chego, ofereço meus produtos”, explicou Márcia dos Santos. Superação Em janeiro de 2013 elas formaram o grupo com nove mulheres. Diariamente se encontravam na cidade de Major Isidoro-AL para trabalharem

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Agricultura familiar e artesanato

fortalecem a vida no campo

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 7 • nº 1092

Agosto/2013

Major Isidoro

Além do cultivo da terra e da criação de pequenos animais as filhas de agricultores e agricultoras familiares fazem artesanato com crochê e apresentam diversos trabalhos como blusas, jogo de cama e mesa, acessórios para cozinha, entre outros produtos.

Márcia Maria dos Santos, 31, mãe de três filhos, que traz o amendoim plantado no quintal de casa em consórcio com o milho, o feijão e outras leguminosas e Jussara Tenório da Silva, 34, casada, mãe de quatro filhos vivem na comunidade Puxinanã em Major Isidoro-AL.

“Faz onze anos que aprendi a fazer crochê com Márcia. Iniciei com o pano de prato e tive muitas dificuldades. Costumava perguntar ao meu esposo se estava bonito e ele dizia que estava feio, mas eu não acreditava e continuei trabalhando. Hoje apresento esses produtos e ele me ajuda na combinação das cores”, disse Jussara Tenório.

os trabalhos desenvolvidos com variados tipos de ponto são utilizados pelas famílias e comercializados. “Fazemos crochê com ponto pé de galinha, ponto xis, passamos fita em toalha de banho, fazemos porta-fósforo com CD e trabalhos com garrafa pet, enfim são muitos trabalhos. Tudo que fazemos, vendemos porta-a-porta e oferecemos as pessoas nas lojas. Ando sempre com minha bolsa e o que consigo obter com a venda dos produtos ajuda a família”, disse Jussara Tenório.

“Trocamos as informações e aprendemos uma com a outra”, destacou Jussara Tenório.

Segundo as agricultoras artesãs o trabalho é uma terapia e ajuda na auto-estima, por isso, compartilham o conhecimento para a construção de blusas, passadeiras, capas para batedeira, botijão, bolsa, pano de prato, toalha de banho, fazemos bonecas etc.

Para Marcia dos Santos os desafios são diversos desde a compra do material à comercializa-

-ção, mas o sonho de desenvolver o que gosta e que sabe fazer, contribui para a realização dessa atividade associada a agricultura familiar. “Fico contente quando faço crochê e a procura é grande. Minhas colegas de sala de aula compram. Ando sempre com minha bolsa e onde chego, ofereço meus produtos”, explicou Márcia dos Santos.

Superação

Em janeiro de 2013 elas formaram o grupo com nove mulheres. Diariamente se encontravam na cidade de Major Isidoro-AL para trabalharem

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Alagoas

Realização Apoio

com crochê.

Para compra da matéria-prima cada participante

contribuiu com R$ 50,00 (cinquenta reais), mas o grupo

não teve condição de pagar o aluguel e a energia do espaço

onde trabalhava. Esse fato contribuiu para o rompimento

do grupo e o trabalho individual.

“A gente não tinha dinheiro para continuar

trabalhando na cidade, mas continuamos trabalhando em

casa, assim como outras artesãs da comunidade”,

ressaltou Márcia dos Santos.

Os preços dos produtos variam de R$ 30,00 (trinta

Águas (P1+2) da Articulação Semiárido brasileiro

(ASA), financiado pelo MDS.

Apoio da família

Jussara Tenório apresenta os pais como

exemplo de resistência no campo. “Cresci

trabalhando com meus pais na roça e eles continuam

plantando feijão, milho, macaxeira, caxixi, melancia,

abóbora, fava e criam pequenos animais. Se eles não

desistem de trabalhar por que eu vou desistir?”,

concluiu.

reais) a R$ 70,00 (setenta reais), mas as agricultoras alegam que os valores cobrados não cobrem o

investimento da matéria-prima e a mão-de-obra. Porém, Jussara confia que novas oportunidades

surgirão e acredita no sonho: “A gente espera encontrar mais fregueses e que nossos sonhos não

acabem, porque com o pouco que vendemos, conseguimos uma renda e ajuda nas despesas de casa”,

destacou Márcia dos Santos.

Elas participaram de cursos de pintura e de aplique em sandálias e almejam novos cursos e

oportunidades para desenvolverem o conhecimento. “Se tivéssemos a oportunidade de aprender tricô

e conseguíssemos uma máquina de costura isso ajudaria muito. Nós sabemos costurar, mas estamos

sempre pedindo a quem tem máquina para fazermos nossos trabalhos”, falou Jussara Tenório.

No quintal de casa

No quintal de casa as agricultoras mantêm a criação de pequenos animais e plantam

leguminosas para alimentação da família e forragem. “Quando receber minha cisterna vou poder

plantar hortaliças no quintal de minha casa, porque temos dificuldade de conseguir água para produzir

e para os animais”, explicou Márcia dos Santos.

Na residência da agricultora está sendo implementada a cisterna do Programa Uma Terra e Duas