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1 Agradecimentos Ao meu orientador, Professor Doutor Nuno Miguel de Resende Jorge Mendes pelo apoio durante toda o processo de investigação, pela disponibilidade e pelos conhecimentos transmitidos durante o meu percurso académico. A todos os docentes de História da Arte que lecionam e lecionaram na Faculdade de Letras da Universidade do Porto e que, contribuíram para o meu desenvolvimento académico. Ao Professor Doutor Eduardo Pires de Oliveira, do Arquivo Distrital de Braga, pela sua paciência, pelo interesse que demonstrou pelo meu trabalho e pela partilha de material para este estudo. Ao Luís Soveral Varella pelas informações dadas sobre a bibliografia do bispo D. Martim Afonso Mexia Tovar e de sua família, de Campo Maior. Á Dr.ª Fernanda Barbosa, do Tesouro-Museu da Sé de Braga pelas fotos e informações fornecidas acerca do arcebispo D. Luís de Sousa. À Dr.ª Maria do Céu Dez-Réis Grilo, do Museu de Évora, pela paciência e pelas informações bibliográficas sobre o arcebispo D. Frei Luís da Silva Teles. Ao Dr. José Godinho, da Diocese de Évora, pela disponibilidade de material sobre D. Frei Luís da Silva Teles. Aos meus pais, que desde sempre me apoiaram incondicionalmente, na minha vida pessoal e académica, nos bons e nos maus momentos; por todas as aventuras que passamos, pela companhia na recolha de fotografias para este trabalho e, principalmente, pela amizade. Ao meu irmão Tiago, por se ter mostrado presente com a sua boa disposição nos momentos mais difíceis e pela companhia. Por fim, a todos os heraldistas portugueses e estrangeiros que proporcionaram o meu interesse por esta área e pelos seus contributos deixados sobre a heráldica, que engrandeceram este trabalho.

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Agradecimentos

Ao meu orientador, Professor Doutor Nuno Miguel de Resende Jorge Mendes pelo

apoio durante toda o processo de investigação, pela disponibilidade e pelos

conhecimentos transmitidos durante o meu percurso académico.

A todos os docentes de História da Arte que lecionam e lecionaram na Faculdade

de Letras da Universidade do Porto e que, contribuíram para o meu desenvolvimento

académico.

Ao Professor Doutor Eduardo Pires de Oliveira, do Arquivo Distrital de Braga, pela

sua paciência, pelo interesse que demonstrou pelo meu trabalho e pela partilha de

material para este estudo.

Ao Luís Soveral Varella pelas informações dadas sobre a bibliografia do bispo D.

Martim Afonso Mexia Tovar e de sua família, de Campo Maior.

Á Dr.ª Fernanda Barbosa, do Tesouro-Museu da Sé de Braga pelas fotos e

informações fornecidas acerca do arcebispo D. Luís de Sousa.

À Dr.ª Maria do Céu Dez-Réis Grilo, do Museu de Évora, pela paciência e pelas

informações bibliográficas sobre o arcebispo D. Frei Luís da Silva Teles.

Ao Dr. José Godinho, da Diocese de Évora, pela disponibilidade de material sobre

D. Frei Luís da Silva Teles.

Aos meus pais, que desde sempre me apoiaram incondicionalmente, na minha

vida pessoal e académica, nos bons e nos maus momentos; por todas as aventuras que

passamos, pela companhia na recolha de fotografias para este trabalho e, principalmente,

pela amizade. Ao meu irmão Tiago, por se ter mostrado presente com a sua boa

disposição nos momentos mais difíceis e pela companhia.

Por fim, a todos os heraldistas portugueses e estrangeiros que proporcionaram o

meu interesse por esta área e pelos seus contributos deixados sobre a heráldica, que

engrandeceram este trabalho.

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Lista de Abreviaturas

ADB – Arquivo Distrital de Braga

AMDL – Arquivo-Museu Diocesano de Lamego

BNP – Biblioteca Nacional de Portugal

BNPD – Biblioteca Nacional de Portugal Digital

BPMP – Biblioteca Pública Municipal do Porto

BPMVNG – Biblioteca Pública Municipal de Vila Nova de Gaia

ME – Museu de Évora

MFTPJ – Museu Francisco Tavares Proença Júnior

ML – Museu de Lamego

TMSB – Tesouro-Museu da Sé de Braga

U.C. – Universidade de Coimbra

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Resumo

O presente trabalho tem como objetivo principal o estudo da função social das

armas eclesiásticas dos bispos de Lamego na arte, nos séculos XVI a XVII, dentro e fora

dos limites desta diocese.

No contexto da criação da heráldica em Portugal, que por diversas razões tem

vindo a ser descartada pelos historiadores, a heráldica eclesiástica surge como uma

importante vertente daquele campo. No contexto da heráldica, originária nos escudos

dos cavaleiros, desenvolveu o ramo da heráldica eclesiástica com regras e elementos

externos em certos aspetos diversos dos usados pela nobreza.

A nossa reflexão centra-se nas armas de doze bispos de Lamego – dentro da

cronologia anteriormente referida – e na sua importância e colocação em objetos

artísticos ou edifícios, relacionando-os com o meio artístico em que se enquadram, fora e

dentro da área desta diocese. Essencialmente tentámos perceber quais os motivos que

levaram estes prelados à disposição dos seus escudos de armas em obras que,

aparentemente, seriam para engrandecer a igreja.

Área Disciplinar:

História / História da Arte / Heráldica.

Palavras-chave:

Heráldica Eclesiástica / Iconografia / Lamego / Episcopado / Igreja.

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Abstract

This work has as main objective the study of the social function of ecclesiastical

arms of bishops of Lamego in art in the sixteenth and seventeenth centuries, inside and

outside the limits of this diocese.

In the context of the creation of heraldry in Portugal, which for various reasons

has been dismissed by historians, ecclesiastical heraldry appears as an important aspect

of this discipline. In the context of heraldry, originating from the shells of knights,

ecclesiastical heraldry evolved with different rules and external elements used by the

nobility.

Our reflection focuses on the arms of twelve bishops of Lamego - within the

timeline mentioned above - and its importance in pieces of art or buildings , linking them

with the artistic environment in which they fall , outside and within the area this diocese .

Essentially we tried to understand the motives that led these prelates provide their

shields of arms in works that apparently would be to enlarge the church.

Research areas:

History / Art History / Heraldry.

Keywords:

Ecclesiastical Heraldry / Iconography / Lamego / Bishops / Church.

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Nota Prévia

Para uma melhor compreensão e leitura mais coerente do nosso trabalho, todas

as referências bibliográficas, citações e comentários ao longo do texto, foram remetidas

para nota de rodapé.

Todas as referências e citações respeitam a norma portuguesa NP405. As

referências bibliográficas em nota de rodapé, quando repetidas, foram abreviadas a partir

da segunda referência, tendo em conta a mesma norma científica.

O trabalho foi impresso em papel, correspondendo ao texto da dissertação

resultante da nossa investigação, composto por uma ficha prosopográfica, uma ficha de

inventário e imagens que a completam. Uma parte das fotografias colocadas é da nossa

autoria, estando identificadas como tal. Cada imagem se encontra devidamente

identificadas, contendo a sua fonte documental, quando necessária. A dissertação

contém um índice inicial para melhor compreensão do leitor.

Seguindo as normas atribuídas pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto,

o nosso trabalho foi redigido de acordo com o novo Acordo Ortográfico, excepto as

citações colocadas no texto, onde mantivemos a grafia original.

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Índice

Agradecimentos………………....................................................................................................1

Resumo…………………………………………………………………………………………………………………………...3

Abstract………………………………………………………………………………...............................................4

Nota Prévia……………………………………………………………………………............................................5

Introdução……………………………………………………………………………............................................8

Heráldica Eclesiástica e estudos artísticos: um Estado da Arte…………………………………….12 Parte I – Heráldica Eclesiástica…………..………………………………………………………………………….22

1.1. Panorama Geral da Heráldica Eclesiástica em Portugal……………………....................23

1.2. A Heráldica ao Serviço da Dignidade Episcopal…………………………………….................26

Parte II – Estudo da armaria dos bispos de Lamego.………………………................................33

2. A Diocese de Lamego nos séculos XVI a XVII………………………..…………………………..……….34

- Contextualização histórica da Diocese……………………………………………………………………..34

2.1. D. Agostinho Ribeiro…………………………………………………….........................................36

2.1.1. As armas do bispo no seu retrato como reitor da Universidade de

Coimbra……………………………………………………………...........................................36

2.2. D. Manuel de Noronha…………………………………………………........................................37

2.2.1. As armas do bispo nas grades da capela de São João Batista, da Sé de

Lamego…………………………………………………………………………………………………….37

2.2.2. O escudo de armas do bispo na fachada da capela de Nossa Senhora dos

Meninos……………………………………………………………………………….......................40

2.3. D. Manuel de Meneses………………………………………………………………..........................44

2.3.1. As armas do bispo no seu retrato como reitor da Universidade de

Coimbra…………………………………………………………………………………………………….44

2.4. D. Simão de Sá Pereira……………………………………………………………………………………….46

2.5. D. António Teles de Meneses……………………………………………………………………………..48

2.5.1 As armas do bispo na Igreja do convento das Chagas…………........................48

2.6. D. Martim Afonso de Melo…………………………………………..........................................52

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2.7. D. Martim Afonso Mexia de Tovar………………………………………………………………………52

2.7.1 As armas do bispo na capela da Nossa Senhora da Piedade, em Campo

Maior..............................................................................................................52

2.8. D. João de Lencastre………………………..…………………………….......................................55

2.9. D. João Coutinho…………………………………………………………………………………………………56

2.9.1 As insígnias do arcebispo na paramentaria………………………….…………………….56

2.10. D. Miguel de Portugal……………………………………………………………………….................58

2.10.1. As armas do bispo na cruz de assento da Sé de Lamego……………………………58

2.11. D. Luís de Sousa…………………………………………………………………………………………….....61

2.11.1. As armas do arcebispo na fachada da igreja de S. Vítor…………………….........61

2.11.2. As armas do arcebispo no órgão positivo do coro da Nossa Senhora da

Conceição da capela de S. Geraldo………………………………................................65

2.12. D. Frei Luís da Silva Teles…………………………………………………………………………………..66

2.12.1. As armas do bispo na escrivaninha do Paço Episcopal de Évora……….………..66

2.12.2. As armas do bispo numa tábua de Francisco Henriques…………………….………68

Conclusão……………………………………………………………………………............................................72

Bibliografia…………………………………………………………………………………………………………………….74

Apêndice………………………………………………………………………………………………………………………..83

- Ficha prosopográfica…………………………………………………………………………………………………….84

- Apêndice Iconográfico………………………………………………………………………………………………..113

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Introdução

Verificamos que o tema agora em estudo tem vindo a ser ignorado pelos

Historiadores da Arte, em Portugal, sendo os estudos existentes discordantes sobre a

avaliação da importância da heráldica eclesiástica e dos elementos que a

verdadeiramente compõem. Motivo causado, talvez, pela falta de instrução sobre a

heráldica portuguesa e pelo desinteresse nesta área. Por outro lado é de mencionar que a

heráldica continua ainda a ser tabuna historiografia. No que se refere a estudos

realizados sobre esta matéria nos referidos contextos disciplinares regista-se a existência

de uma minoria ligada sobretudo à Heráldica em geral e menos aos aspetos artísticos que

a compõem, consoante a época em que são produzidas.

O trabalho que aqui apresentamos enquadra o tema da heráldica eclesiástica no

âmbito da produção artística dos séculos XVI a XVII. Entre as várias hipóteses de estudo,

optámos pela análise de alguns exemplares heráldicos de doze prelados de Lamego,

inscritos na referida cronologia, tendo em conta o local da sua colocação. As razões

primordiais desta nossa escolha justificam-se, por um lado, pelo gosto pessoal já há muito

manifestado, desenvolvido na unidade curricular de História da Arte e da Cultura

Moderna I, que integrou o plano de estudos do 2º Ano da Licenciatura de História da Arte,

como uma breve experiência de investigação do tema. Por outro lado, para pugnarmos

pelo reconhecimento e destaque que a heráldica eclesiástica pode alcançar no seio da

História da Arte.

O objeto do nosso estudo pretende ser, assim, um aprofundar da função social da

heráldica eclesiástica na arte. Para tal damos especial atenção ao estudo funcional de

alguns exemplares heráldicos, tendo em conta o seu enquadramento histórico e artístico,

assim como a importância do local para onde foram produzidos.

Na realização da nossa dissertação, partimos, primeiramente, da recolha de

bibliografia que consideramos importante para o nosso estudo. Numa primeira fase, a do

Estado da Arte, procurámos aceder a uma referências gerais sobre heráldica portuguesa e

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além-fronteiras e estudos sobre História da Arte dos séculos XVI e XVII, nomeadamente

nos períodos do Renascimento, Maneirismo e Barroco.

Para uma primeira aproximação ao tema, esta bibliografia inicial serviu para

ponderarmos sobre o nosso objeto de estudo e para nos familiarizarmos com alguns

aspetos relacionados com a cronologia. No respeitante à bibliografia escolhida existente

sobre a heráldica optámos, primeiro, por uma abordagem geral do tema focando, com

mais interesse, no ramo eclesiástico, delimitando assim o nosso campo de estudo.

Numa segunda abordagem, procurámos direcionar a nossa pesquisa para uma

bibliografia específica sobre o tema da heráldica eclesiástica. Essencialmente preferimos

reunir bibliografias portuguesas, algo que se tornou por vezes difícil, visto existirem

escassas obras sobre este tema, em Portugal. Após a nossa pesquisa, sobre o que já tinha

sido tratado na heráldica eclesiástica e os seus desenvolvimentos e, com um pensamento

mais autónomo sobre o assunto a tratar, escolhemos o estudo das armas dos bispos de

Lamego referentes ao período mencionado no título da nossa dissertação.

Inicialmente começámos por procurar bibliografias sobre o Bispado de Lamego, a

fim de aprofundarmos a questão a tratar e o território a tratar. Depois de decidirmos

quais os prelados – já nomeados na primeira parte da introdução – a incluir no nosso

estudo, começamos por analisar a biografia de cada um, a fim de podermos realizar um

inventário sobre as obras mandadas executar durante os seus episcopados. Este ponto da

nossa pesquisa foi fulcral, pois podemos assim reconhecer as armas respeitantes a cada

um dos prelados e a dispersão geográfica da sua heráldica. No que respeita às obras e

objetos mandados executar por estes prelados, foi necessária uma pesquisa mais

profunda. Reunimos, assim, essencialmente bibliografias específicas para cada exemplar

mandado fundar ou realizar por estes bispos. O que muitas vezes se revelou complexo

devido à escassez de informação bibliográfica e documental.

A bibliografia encontrada foi, sem dúvida, esclarecedora em algumas questões

levantadas durante a nossa investigação. Porém, fomos confrontados com a míngua de

bibliografia respeitante às armas dos prelados e da sua função social nas obras por nós

nomeadas para este estudo. Para a nossa pesquisa optámos por contactar os museus das

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dioceses por onde passaram estes prelados, nomeadamente os de Évora, Braga, Algarve,

Leiria e Castelo Branco, a fim de podermos registar informações sobre arte patrocinada

pelos antístites. Esta parte da nossa investigação revelou-se essencial para o

conhecimento de obras de arte cruciais para o desenvolvimento desta dissertação.

Quanto aos recursos e canais usados no levantamento de bibliografia e

documentação respeitante ao nosso estudo utilizámos os catálogos de duas bibliotecas

locais, a saber: a Biblioteca Municipal do Porto1 e da Faculdade de Letras da Universidade

do Porto2; porém, em dado momento fomos forçados a alargar o nosso campo de

pesquisa a nível regional e incluímos a biblioteca e o arquivo de Braga.

Uma das ferramentas por nós mais usada foi sem dúvida a Internet. Algumas das

bibliografias essenciais para o nosso trabalho podem encontrar-se em formato digital,

quer em bases electrónicas como a da Biblioteca Nacional de Portugal e em sítios, como o

Archive3 ou o Dialnet4. As dissertações de mestrado e teses de doutoramento por nós

utilizadas nesta pesquisa obtivemo-las também em formato digital, por pesquisas

efetuadas na página e base do Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal5.

Algumas das imagens do nosso trabalho foram obtidas nos sítios MatrizPix6 e

MatrizNet7, quando respeitantes a peças de ourivesaria e pintura; as imagens referentes

a arquiteturas foram obtidas no sítio da SIPA – Sistema de Informação para o Património

Arquitetónico8. Para outros casos podemos adquirir, com o nosso trabalho de campo,

1 Biblioteca Nacional de Portugal. Lisboa: [s.e.]. [ Consult. 20 Jan. 2014]. Disponível em WWW: <URL:

http://www.bnportugal.pt/>. 2 Biblioteca da Faculdade de Letras. Porto: Universidade do Porto. [ Consult. 20 Jan. 2014]. Dsiponível em

WWW: <URL: http://sdi.letras.up.pt/>. 3 Internet Archive: Digital Library. [Em linha]. San Francisco: [s.e.]. [Consult. 20 Jan. 2014]. Dsiponível em

WWW: <URL: https://archive.org/>. 4 Dialnet. [ Em linha]. La Rioja: Universidade de la Rioja. [Consult. 20 Jan. 2014]. Disponível em WWW: <URL:

http://dialnet.unirioja.es/>. 5 Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal. [Em linha]. Portugal: [s.e.]. [Consult. 20 Jan. 2014].

Disponivel em WWW: <URL: http://www.rcaap.pt/>. 6 MatrizPix. [Em linha ]. Portugal: Instituto dos Museus e da Conservação. [Consult. 20 Jan. 2014]. Disponível

em WWW: <URL: http://www.matrizpix.dgpc.pt/matrizpix/home.aspx>. 7 MatrizNet. [Em linha]. Portugal: Instituto dos Museus e da Conservação. [Consult. 20 Jan. 2014].

Disponível em WWW:<URL: http://www.matriznet.dgpc.pt/matriznet/home.aspx>. 8 Sistema de Informação para o Património Arquitetónico. [ Em linha]. Sacavém: [s.e.]. [Consult. 20 Jan.

2014]. Disponível em WWW:<URL: http://www.monumentos.pt/>.

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algumas fotografias, sendo as restantes de autores devidamente referenciados nas

legendas e que gentilmente no-las cederam para este trabalho.

Tendo em conta o objeto de estudo, dividimos a nossa dissertação em duas partes.

A primeira parte, referente à heráldica eclesiástica, compõem-se de dois capítulos: o

primeiro que diz respeito ao panorama geral da heráldica eclesiástica em Portugal, onde

abordamos um pouco da sua história, desde a Idade Média até ao século XVII, explicando

as mudanças sucessivas do escudo e as diferentes perspetivas teóricas de alguns

heraldistas portugueses. No segundo começamos por mencionar as regras estabelecidas

e reformadas para o uso de armas por parte do clero, indicando as cronologias das

mudanças e os Pontífices que as introduziram. Propomo-nos a explicar alguns dos

distintivos que eram usados pelo bispo nas armas eclesiásticas, nomeadamente: a cruz, o

galero e a coroa, tendo em conta a sua origem e utilidade.

Com esta primeira parte podemos partir para a análise propriamente dita da

função social das armas de cada bispo – tendo em conta o local ou objeto para onde

foram executadas ou onde foram implantadas.

De acordo o levantamento por nós previamente efetuado cabem em média duas

peças heráldicas a cada um dos bispos. Porém, é de referir que em alguns casos isso não

só se conhece um exemplar ou até mesmo nenhum como nos casos dos bispos D. João de

Lencastre e D. Martim Afonso de Melo, cuja parte da sua vida eclesiástica se desconhece,

assim como as suas armas.

Para cada um dos prelados atribuímos sempre uma nota introdutória referindo

alguns trajetos importantes da sua vida eclesiástica, assim como sobre as dioceses onde

ocuparam a cátedra. Não esquecendo a história da arte, tentamos referir sempre o local

ou objeto onde as armas eram esculpidas, mencionado o seu construtor ou artífice –

sempre que possível –, a sua importância artística, tendo em conta a época da sua

execução e a sua utilidade. Seguidamente expusemos a análise propriamente dita do

escudo, aludindo a sua constituição familiar e eclesiástica e a forma do seu escudo.

Por fim, justificamos, assim, a implantação das armas de cada um destes prelados

em retábulos, peças de ourivesaria, mobiliário ou património integrado, em fachadas de

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igrejas ou pinturas, procurando transmitir a funcionalidade destas armas nos locais para

onde foram executadas.

A nossa dissertação é ainda constituída por um apêndice e um anexo. No primeiro

apresentamos as fichas prosopográficas, onde sistematizamos aspetos importantes sobre

a biografia de cada um dos prelados, nomeadamente, a sua família, referência

cronológica e cargos ocupados. No segundo aduzimos material iconográfico relevante

para a contextualização das armas e elementos heráldicos elencados e devidamente

analisados nas fichas prosopográficas.

Heráldica Eclesiástica e estudos artísticos: um Estado da Arte

Pretendemos evidenciar e discutir, com este Estado da Arte, as principais

tendências de investigação e problemáticas que se verificaram em diferentes áreas do

nosso estudo. Focar-se-á, com especial interesse, todas as publicações que direcionam o

seu estudo e investigação aos bispos que aqui iremos patentear. Duma introspeção

precedente compreendeu-se que não deveríamos incluir algumas obras já anteriormente

comentadas em outras dissertações de mestrado, numa tentativa de evitar repetições

sobre o que já foi tratado. Assim sendo, demos ênfase a publicações mais recentes.

A Heráldica tem vindo a ser tratada não só em Portugal mas, especialmente, em

países como a França e Inglaterra como a arte da nobreza. Uma das primeiras e mais

antigas publicações inglesas, The symbolisms of Heraldry or A Treatise on the meaning

sand derivations of Armorial bearings9, analisa o simbolismo das figuras e elementos que

fazem parte de um escudo de armas. Porém, dado que a nossa dissertação remete para o

estudo da heráldica eclesiástica, entendemos atenção especial a um dos capítulos desta

obra que incide sobre os aspetos iconográficos dos elementos prelatícios, como a mitra, o

báculo e os chapéus episcopais. Esta obra assume-se como um tratado de armaria,

9WADE, W. Cecil – The symbolisms of Heraldry or A Treatise on the meanings and derivations of

Armorial bearings. London: George Redway, 1898.

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indicando as suas origens e as diferentes formas do seu escudo, passando pelos esmaltes

e o significado das cores.

No caso francês, Michel Pastoureau deixa-nos um conjunto expressivo de obras

sobre heráldica, onde se destacam as intituladas Figures de l’héraldique10 e Traité

D’Héraldique11. A primeira obra que aqui distinguimos, remete-nos para a discussão da

importância das figuras heráldicas e dos significados das peças num escudo de armas.

Já com várias edições publicadas, chega-nos uma das obras mais importantes da

heráldica francesa, o Traité D’Héraldique várias vezes reeditado. Trata diferentes

matérias: após uma breve introdução sobre o tratado, temos o primeiro livro que trata da

evolução das armas desde as suas origens até aos tempos modernos (séculos XVI – XX). O

segundo livro refere os elementos que compõem um brasão, ou seja, as cores, os bordos,

as figuras e os seus ornamentos exteriores. O terceiro livro remete-nos para um lado

crítico dos estudos heráldicos e da sua articulação com a Arqueologia e com a História

Medieval e época Moderna. Finalmente, o quarto livro, possui uma vasta bibliografia de

documentos e obras já publicadas sobre a heráldica assim como imagens, traduzindo uma

investigação de quinze anos deste objeto.

No caso português – aquele que nos conduziu a realizar este projeto –, a maior

parte das obras que abordam a heráldica foram apenas editadas já em pleno século XX, à

exceção de uma pequena minoria. Uma das obras mais utilizada para estudos sobre a

heráldica portuguesa, será certamente o Armorial Lusitano12 de Afonso Zúquete que nos

auxiliou no estudo da heráldica das famílias dos prelados de Lamego. Podemos dizer que

este livro terá seguido claramente a estruturação do Livro do Armeiro-mor 13 .

Alfabeticamente ordenado, cada apelido destaca-se através de um texto sobre a origem

do seu nome, apresentado lateralmente o brasão, com os seus elementos constituintes.

10

PASTOUREAU, Michel – Figures de l’héraldique. Paris: Découvertes Gallimard, 1996. 11

PASTOUREAU, Michel – Traité D’Héraldique. 4ª Edição. Paris: Picard éditeur, 2003. 12

ZÚQUETE, Afonso Eduardo Martins – Armorial Lusitano: genealogia e heráldica. Lisboa: Editorial Enciclopédia, 1961. 13

CRÓ, João do – Livro do armeiro-mor [Manuscrito]. [1509]. Acessível no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Lisboa, Portugal.

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Num estudo recente sobre a heráldica autárquica em Portugal, ressalta a parte

introdutória ao tema onde se refere a armaria enquanto realização plástica. A arte e a

heráldica autárquica em Portugal14, trouxe uma nova forma de olhar para a heráldica

enquanto arte, tomando-a como um design visual e conceptual. Não muito diferente

desta ideia de heráldica enquanto manifestação artística, surge-nos a obra de Eduardo

Duarte, da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, que tem como título A

heráldica portuguesa na Arte e na Sociedade15. A sua linha de pensamento não difere

muito daquilo que é citado por Paulo Morais Alexandre, ao indicar que a heráldica

“conheceu um alto grau de abstração conceptual e formal”16, assinalando-a ainda como a

taquigrafia da História e nobre Ciência17.

Tal como verificamos na heráldica da nobreza, também na eclesiástica tivemos de

recorrer a obras estrangeiras, de modo a completar os nossos estudos. Assim sendo, ao

longo da nossa investigação surgiu-nos, A Treatiseon Ecclesiastical Heraldry18, datado de

1894.

Numa primeira parte, no capítulo inicial, o autor revela-nos um pouco das origens

da heráldica nomeadamente, nos escudos militares passando, mais tarde, a ornamento

pessoal ou de família nobre. Segue-se a explicação sobre o significado de alguns símbolos

exteriores, usados no escudo de armas de cada representante da igreja – elmos, mitra,

espadas, galero. Por ordem hierárquica da igreja, o autor apresenta-nos nos restantes

capítulos, a simbologia e os elementos que fazem parte do escudo pertencente a cada

membro da igreja nomeadamente, abades e abadessas, bispos, arcebispos, cardeais e

papas. De modo a completar o seu trabalho, o autor presenteia-nos, ainda, com alguns

exemplos de escudos ligados à nobreza e à igreja. É de referir ainda que, ao longo da obra

podemos analisar alguns exemplos de imagens pedras-de-armas de nobres ingleses, país

onde se centrou a análise do autor.

14

ALEXANDRE, Paulo Morais – A arte e a heráldica autárquica em Portugal. Lisboa: Centro Lusíada de Estudos Genealógicos e Heráldicos, Universidade Lusíada, 2006, pp. 109-128.

15 DUARTE, Eduardo – A heráldica portuguesa na Arte e na Sociedade. Lisboa: Revista da Faculdade de

Belas Artes, Arte e Sociedade, 2011. 16

DUARTE, Eduardo – A heráldica portuguesa na Arte e na Sociedade, p. 37. 17

ALEXANDRE, Paulo Morais – A arte e a heráldica autárquica em Portugal, p. 109. 18

WOODWARD, John - A treatise on ecclesiastical heraldry. London: W. & A. K. Johnston, 1894.

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15

Paralelamente, algumas dissertações de mestrado recentes vêm abrir portas para

novos estudos sobre a heráldica eclesiástica. Foi o caso da publicação de Marta Santos,

Heráldica eclesiástica-Brasões de Armas de Bispos-Condes19. A investigadora dividiu o seu

estudo em dois capítulos: o primeiro refere os vários períodos da heráldica eclesiástica,

tendo em conta a semiologia, as formas e as peças que compõem o escudo. Num

segundo capítulo, já referido anteriormente, sobre os bispos-condes, a autora explora as

diferentes representações heráldicas dos bispos escolhidos, não desprezando aquilo que

os torna únicos no seu procedimento plástico. Devemos destacar ainda o conjunto de

referências bibliográficas constantes desta dissertação conferiu uma inestimável ajuda ao

nosso estudo.

Regressando ao panorama bibliográfico estrangeiro, em 2012 foi reeditado o livro

de Bruno Heim, Cotumes et droit Héraldiques de l’église20, obra que logo considerámos

pertinente para nosso estudo. A partir desta edição entendemos, com mais precisão, o

emprego das armas eclesiásticas, assim como a sua divisão e a sua importância. O autor

faz, ainda, uma avaliação às peças mais importantes usadas na heráldica eclesiástica,

assim como a aquisição das marcas de dignidade – casos que podemos comparar com as

armas dos bispos analisados nesta dissertação.

Não menos importante surge-nos a simbologia que, dentro do estudo da história

da arte se revela uma mais-valia metodológica para avaliar do significado da iconografia

heráldica. Quem estuda pinturas ou escultura tem obrigatoriamente de manusear e

aplicar leituras iconográficas de modo a atribuir e esclarecer sentido ou sentidos dos

elementos que se articulam na composição. Não quer dizer que tudo tenha uma definição

possível, pois existe mais do que um significado para cada elemento – em História da Arte

atribui-se um significado a um certo elemento de acordo com a sua matéria, cor, forma e

posição, tendo em conta a época de execução e o conhecimento do seu autor ou autores.

19

SANTOS, Marta Manuel Gomes dos – Heráldica eclesiástica-Brasões de Armas de Bispos-Condes. Dissertação de Mestrado em História da Arte, Património e Turismo Cultural, apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra sob a orientação de Lurdes Craveiro, em 2010. Texto policopiado.

20 HEIM, Bruno Bernard – Costumes et droit Héraldiques de l’église. Paris: Bibliothéque Beanchesne,

2012. ISBN: 978-2-7010-1995-6.

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16

Em Heráldica esta abordagem difere uma vez que a maior parte dos símbolos

atribuídos nos escudos não possuem mesmo sentido que os elementos noutros contextos

artísticos. É neste sentido que a simbologia deve ser aplicada, tendo sempre em conta a

matéria que se estuda.

No campo da análise da simbologia e, concretamente em contexto nacional,

surgem algumas edições, que convém salientar, sendo a mais antiga que conhecemos a

de Manuel Artur Norton, intitulada de Acerca da simbologia e datada de 197821. Aqui o

autor apresenta-nos não apenas uma pequena introdução sobre o que é a simbologia

quer na heráldica e até na própria arte; como também, organiza-se por conceitos, temas

e categorias – ex.º: anfíbios, aves, crustáceos, insetos, mamíferos, moluscos, peixes,

répteis, bestiário fantástico, plantas, flora, imaginária, corpo humano, agricultura, cores,

escudo, figuras geométricas, guerra, material, música, peles e terra. Todos estes

conceitos/imagens se encontram ordenados e acrescidos do seu significado simbólico.

Um pouco mais tarde, e em contexto internacional, Jean Chevalier trouxe uma

obra também dedicada à interpretação da simbologia. Encontra-se organizada

alfabeticamente, de modo a facilitar a consulta, intitulando-se Dicionário dos Símbolos

(…)22. Entre o ano de 1995 e 2001, uma outra obra foi editada sobre o mesmo assunto: da

autoria de Georges Romey, psicoterapeuta que redigiu o Dictionnaire de la symbolique: le

vocabulaire fondamental des rêves23. Dividido em quatro volumes e por ordem alfabética,

este livro tem em conta vários elementos simbólicos como a cor, os minerais, os metais,

os vegetais, os animais (no primeiro volume); personagens, partes do corpo, formas e

volumes, astros (no segundo volume); números e tempos, objetos, lugares notáveis (para

o terceiro volume); elementos da natureza, estados emocionais, movimentos, perceções

e sons (no quarto e último volume).

21

NORTON, Manuel Artur – Acerca da simbologia. Braga: [s.n.], 1978. 22

CHEVALIER, Jean – Dicionário dos símbolos: mitos, sonhos, costumes, gestos, formas, figuras, cores, números. Lisboa: Teorema, 1994.

23 ROMEY, Georges – Dictionnaire de la symbolique: le vocabulaire fondamental des rêves. 4 vols. Paris:

Albin Michel, 1995-2001.

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17

Na entrada para o século XXI, Frédéric Portal apresenta-nos A Simbologia das

cores24que, revela o significado de cada cor mediante o seu tempo e o seu uso; dando o

parecer da sua linguagem quer seja ela divina, sagrada ou profana.

De forma a realizar uma melhor investigação sobre dispersão geográfica das

representações heráldicas dos bispos, tivemos em conta determinadas obras de

inventário de diferentes cidades e distritos de Portugal. Assim, é de referir o Inventário

Artístico de Portugal, editado pela Academia Nacional de Belas-Artes, tendo em conta os

volumes que nos interessaram dizem respeito aos distritos de Coimbra25 e de Leiria26 e às

cidades de Évora27 e Porto28. Importantes para a nossa dissertação, pela sistematização

da informação constante dos levantamentos artísticos, estas obras trouxeram um

conhecimento mais abrangente de peças de ourivesaria com as armas dos bispos e

arcebispos em questão, ou mesmo escudos de armas implantados em fachadas de igrejas

onde foram benfeitores.

Numa tentativa de compreender melhor as modas e tendências artísticas das

épocas do Renascimento, Maneirismo e Barroco –épocas a que se reporta o nosso estudo

– sugerimos a inserção nesta investigação de obras gerais de alguns historiadores de arte

nacional, como Vítor Serrão29 que especificamente têm estudado o referidos períodos da

arte nacional.

No que respeita à história eclesiástica são ainda escassas as obras que tratem

sobre a diocese de Lamego. Destacamos duas edições importantes para o estudo

histórico desta unidade administrativa e da ação dos seus prelados na cronologia

24

PORTAL, Frédéric – A simbologia das cores: as cores simbólicas na antiguidade, na Idade Média e nos tempos modernos. [trad.] Daniel Gouveia. Lisboa: Huguin, 2001.

25 CORREIA, Virgílio – Inventário Artístico de Portugal. Distrito de Coimbra. Lisboa: Academia Nacional

de Belas-Artes, 1952. 26

SEQUEIRA, Gustavo de Matos – Inventário Artístico de Portugal. Distrito de Leiria. Lisboa: Academia Nacional de Belas-Artes, 1955.

27 ESPANCA, Túlio – Inventário Artístico de Portugal. Cidade de Évora. Évora. Lisboa: Academia

Nacional de Belas-Artes, 1966. 28

QUARESMA, Maria Clementina de Carvalho – Inventário Artístico de Portugal. Cidade do Porto. Lisboa: Academia Nacional de Belas-Artes, 1995.

29 SERRÃO, Vítor – História da Arte em Portugal. O Renascimento e o Maneirismo. Lisboa: Presença,

2002. ISBN: 972-23-2924-3; SERRÃO, Vítor – História da Arte em Portugal. O Barroco. Lisboa: Presença, 2003. ISBN: 972-23-2017-9.

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18

abordada: a História eclesiástica da cidade e bispado de Lamego30e História do bispado e

cidade de Lamego31.

A primeira obra apresenta biografias dos bispos lamecenses até ao século XIX,

indicando informações sobre o seu local de nascimento e morte assim como outros

elementos biográficos.

A segunda obra, da autoria do padre M. Gonçalves da Costa, divide-se por épocas

históricas como o Renascimento e o Barroco, cujos volumes nos foram essenciais à

pesquisa. Os do nosso interesse serão assim os do período pré-tridentino, onde

encontramos os episcopados de D. Frei Agostinho Ribeiro e D. Manuel de Meneses; e no

período do domínio filipino, referindo-se a episcopados de D. António Teles de Meneses e

D. Manuel de Noronha.

O autor, porém, decidiu atribuir a D. Miguel de Portugal, bispo de Lamego no

século XVI, um capítulo específico, provavelmente devido à sua importância enquanto

embaixador de Portugal em Roma, durante a Restauração da independência de Portugal.

No volume V, do período Barroco, analisa os episcopados de D. Luís de Sousa e D. Frei

Luís da Silva.

Mais recentemente, em 2006, surgiu uma nova obra, não exclusivamente sobre os

prelados lamecenses, mas sobre os episcopados da época Moderna, intitulado Bispos e

Portugal e do Império desde 1495 até 177732. Apesar de tratar-se de obra com carácter

mais abrangente, assinalam-se os nomes de alguns dos bispos de Lamego já referidos,

indicando sistematicamente o ato da posse dos bispados e as cronologias dos

episcopados, como o caso de D. António Teles de Meneses.

Para o estudo das representações heráldicas dos bispos da cátedra lamecense,

que aqui irão ser analisadas, podemos começar por salientar a obra de F. J. Laranjo,

30

AZEVEDO, Joaquim D. – História eclesiástica da cidade e bispado de Lamego. Porto: Typographia do Jornal do Porto, 1877.

31 COSTA, M. Gonçalves da – História do bispado e cidade de Lamego. Vols. IV e V. Lamego: [s.n.],

1984-1986. 32

PAIVA, José Pedro – Os bispos de Portugal e do Império: 1495-1777. Coimbra: Imprensa da Universidade, 2006.

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Escudos de Armas dos bispos de Lamego33, que nos serviu de base ao levantamento de

emblemas heráldicos dos prelados daquela diocese. Seguindo uma cronologia exata, o

autor optou por clarificar certos aspetos da vida de cada bispo que tomaram posse da

cátedra de Lamego. Por outro lado, o autor faz uma breve leitura heráldica dos escudos

que reconheceu. No final do livro, em anexo, encontramos os escudos de armas de cada

bispo de Lamego e, na mesma obra, por ordem cronológica, o nome dos prelados e suas

representações heráldicas.

Mais recentemente um artigo publicado na revista do Centro de História da

Sociedade e da Cultura analisada a vida e obra de D. Frei Luís da Silva34. O autor do artigo,

e já atrás citado, José Pedro Paiva, refere o papel de D. Luís da Silva enquanto bispo de

Lamego e arcebispo de Évora, aludindo a outras das suas nomeações e cargos do mesmo,

como Deão da Capela-real e bispo da Guarda. Este tipo de estudo individual, pela sua

raridade no contexto da historiografia portuguesa foi-nos particularmente útil, como

elemento de apoio à elaboração das prosopografias em anexo.

No mesmo ano foi divulgada a obra de Eduardo Pires de Oliveira, sobre a Igreja de

São Vítor35, em Braga, investigação importante para o nosso estudo, pois assinala que

esta igreja fora refundada pelo bispo D. Luís de Sousa, durante o seu arcebispado. Numa

das ilustrações publicadas pelo autor, podemos observar a fachada desta igreja em cujo

frontão contêm as armas do arcebispo fundador.

Escrito por Teresa Vale, surge-nos o diário de D. Luís de Sousa36, editado enquanto

embaixador português, em Roma. Para além de sumariar o relato do quotidiano do bispo,

redigido pelo próprio prelado durante a viagem de Lisboa para Roma e a sua permanência

nesse país, a autora relata-nos de igual modo um pouco da sua vida como prelado e a sua

missão diplomática.

33

LARANJO, F. J. Cordeiro – Escudos de Armas dos Bispos de Lamego: (1492-1976). Viseu: Junta Distrital, 1977.

34 PAIVA, José Pedro – D. Fr. Luís da Silva e a gestão dos bens de uma mitra. O caso da diocese de

Lamego (1677-85). Coimbra: Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, 2001, Vol. II, pp. 243-255. 35

OLIVEIRA, Eduardo Pires de – A Freguesia de São Vítor (Braga). Braga: Junta de Freguesia de São Vítor, 2001, pp. 129-142.

36 VALE, Teresa Leonor Magalhães do – Diário de um Embaixador português em Roma (1676-1678).

Lisboa: Livros Horizonte, 2006.

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20

Em 2007, Celso Mangucci elaborou um artigo para a revista Cenáculo Boletim em

linha do Museu de Évora37sobre os retábulos produzidos pelo artista Francisco Machado,

a mando do arcebispo de Évora, D. Frei Luís da Silva. Apesar do arcebispo não ter sido o

primeiro a patrocinar as obras de Francisco Machado, o autor apresenta-nos este prelado

como sendo o homem de grandes fortunas e o remédio de todas as suas necessidades38.

O autor prende-nos neste artigo ao afirmar com clareza, no título, tratar-se da oficina de

retábulos do arcebispo de Évora. Ao longo deste trabalho de investigação

compreendemos como D. Luís da Silva entendia como tais retábulos enquanto locais de

afirmação que demonstravam a magnificência do arcebispo, da sua força moral e do seu

zelo católico39. Outro dos artistas mencionado é o virtuoso pintor barroco Bento Coelho

da Silveira que, terá elaborado algumas obras, em Évora a mando do prelado.

Realizado para a Revista científica da Escola Superior de Educação da Guarda40,

outro artigo biográfico, desta vez sobre o bispo de Lamego D. Miguel de Portugal. O autor

Eurico Gomes Dias dá-nos a conhecer com este artigo, um pouco daquilo que foram as

negociações diplomáticas com a Igreja, em Roma, de modo a restaurar a independência

de Portugal.

A figura que aqui se destaca é sem dúvida a do diplomata D. Miguel, escolhido por

D. João IV para representar o seu país em Roma e nessa condição, convencer o Papa e a

Cúria Pontifícia da reconquista autonómica de Portugal. Algo que não terá acontecido,

visto que o Papa de então, Urbano VIII, nunca o chegou a receber, cedendo às pressões

pró-castelhanas.

Em relação à biografia de D. Agostinho Ribeiro foi publicado em 2009 pelo Museu

de Angra do Heroísmo (na sequência da celebração dos 475 anos da Diocese de Angra)41,

uma pequena obra sobre os prelados que serviram aquela diocese. Tendo sido o primeiro

37 MANGUCCI, Celso – Francisco Machado e a oficina dos retábulos do arcebispo de Évora. Évora:

Cenáculo. Boletim online do Museu de Évora, nº2, 2007 pp. 2-17. 38

Ibidem, p. 3. 39

Ibidem, p. 10. 40

DIAS, Eurico Gomes – A intervenção de D. Miguel de Portugal, bispo de Lamego, no arranque da diplomacia portuguesa na Restauração. Guarda: Revista Científica da Escola Superior de Educação da Guarda, nº7, 2008, pp. 9-48.

41 BRUNO, Jorge A. Paulus – Retratos dos Bispos de Angra. 475 Anos da Diocese de Angra. Angra do

Heroísmo: Museu de Angra do Heroísmo, 2009, pp. 5-12.

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21

bispo de Angra D. Agostinho Ribeiro é evidenciado nesta obra através de uma biografia

sucinta e de um retrato, presentemente depositado no Museu de Angra.

No ano transato, em 2013, foi divulgado um trabalho de vários autores sobre a

catedral de Lamego e a sua história entre os séculos XII e XX42 focando aspetos como os

da sua construção, intervenções na longa duração e respetivos mecenas que intervieram

no espaço eclesial, nos quais estão referidos alguns dos bispos de Lamego, aqui em

estudo. Nesta publicação, podemos verificar que são vários os parágrafos que dizem

respeito às fundações de capelas identificadas com as respetivas armas dos bispos, como

é o caso de D. Manuel de Noronha e as suas armas no portão da Capela de São João

Batista que mandou edificar.

42

SARAIVA, Anísio Miguel de Sousa (coord.) – Espaço, Poder e Memória: A Catedral de Lamego, sécs. XII a XX. Lisboa: Centro de Estudos de História Religiosa, 2013.

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22

Parte I – Heráldica Eclesiástica

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23

1.1. Panorama Geral da Heráldica Eclesiástica em Portugal

Até há pouco tempo a Heráldica era considerada como uma disciplina pouco séria

no complemento do estudo da História, ao contrário do que se vinha a passar no além-

fronteiras – em países como, a Espanha e a Inglaterra – onde era encarada como parte do

conhecimento sobre o estatuto e função da nobreza. Em Portugal, só no início do século

XX cresceu o interesse pelo estudo e conhecimento da heráldica, ao mesmo tempo que

erem criados os emblemas autárquicos, com as suas próprias caraterísticas. Em finais da

década de 1920 e início de 193030, os historiadores entenderam a utilidade da armaria,

nos variadíssimos campos de investigação, do sociológico ao jurídico e do artístico ao

político43.

Nos anos de 1940 deram-se início às investigações das origens da heráldica

portuguesa, nomeadamente em tempos medievais, por parte do Marquês de São Payo e

de António Machado de Faria de Pina Cabral44.

Constatou-se que à semelhança do estrangeiro, inicialmente a heráldica começou

por ser usada por monarcas, nobres e cavaleiros mas a prática de usar escudos de armas

foi rapidamente difundida por outras camadas sociais, nomeadamente o clero. Começou

por ser usado no século XIII mas ainda com o propósito de identificação pessoal. Em

Portugal, verifica-se que os primeiros eclesiásticos usavam armas de fé45. Contudo mais

tarde, ainda na Idade Média, começaram a ser usadas as armas de família como

ostentação heráldica46.

De acordo com alguns autores para que o estudo da heráldica eclesiástica seja

possível, é fundamental que se conheça as suas leis aos quais o clero se tem de submeter.

Objetos como as coroas e os chapéus dos prelados foram colocados nos escudos dos

eclesiásticos de forma a realçar a sua dignidade. Bruno Heim menciona em Cotumes et

43 ABRANTES, Marquês de – Introdução ao estudo da heráldica. Lisboa: Instituto de Cultura e Línguas

Portuguesas, 1992, p. 13. 44

A identificação do autor do Livro do Armeiro-Mor foi levada a cabo por este investigador. Ibidem, p. 15.

45 NORTON, Manuel Artur – A heráldica em Portugal: raízes, simbologia e expressões histórico-culturais.

Dissertação de Doutoramento em História orientada pelo Professor Doutor António Dias Farinha, apresentada à Universidade do Minho, 2002, p. 697.

46Ibidem, 697.

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24

droit Héraldiques de l’église47que a igreja ignorava o escudo de armas e tomava apenas as

peças de dignidade eclesiástica como elementos das normas heráldicas. Contudo, o

mesmo declara que, em alguns casos, membros de ordens ou congregações religiosas

usavam peças heráldicas das suas respetivas organizações, assim como os bispos e

arcebispos que combinavam as suas armas familiares com a ordem religiosa a que

pertenciam.

Assim, para o estudo da heráldica eclesiástica é do entender de alguns autores

que se deve ter em conta mais os elementos que determinam a dignidade e função do

indivíduo ou ordem na igreja, do que propriamente o seu escudo pessoal. Algo, porém,

que não é partilhado por os investigadores. Miguel Metelo Seixas48 concluiu que não se

deve rejeitar as armas pessoais para o estudo da heráldica eclesiástica, visto que estas

têm um propósito não só o da sua identificação pessoal enquanto membro da aristocracia

mas, também, por outro lado conduz à explicação da sua dignidade e funções

eclesiásticas49.

Por outro lado, Manuel Norton refere que na heráldica eclesiástica existem três

perspetivas diferentes para que esta possa ser estudada. Para isso é preciso ter em conta

a dimensão espiritual, a sua conotação simbólica e o condicionalismo heráldico50. No que

respeita à dimensão espiritual há a entender que as armas de fé51 são o símbolo do seu

utilizador e os atributos simbólico-divinos são ligados à sua entrega a Deus52. A conotação

simbólica está ligada à sua dignidade: se for um bispo, as suas armas apresentam-se com

o chapéu prelatício e com as borlas de cor verde, pro exemplo53. Por outro lado, estes

47

HEIM, Bruno Bernard – Cotumes et droit Héraldiques de l’église, p. 23. 48

SEIXAS, Miguel Metelo – “A Heráldica Eclesiástica na Porcelana Chinesa de Importação Portuguesa” in SANTOS, A. Varela – Portugal na Porcelana da China: 500 anos de comércio. Lisboa: Arte mágica, 2007, vol. II.

49Ibidem, pp. 415-417.

50 NORTON, Manuel Artur – A heráldica em Portugal: raízes, simbologia e expressões histórico-culturais,

pp. 700-714. 51

O uso da palavra “escudo de armas” ia contra as regras da igreja por ter sido, nas suas origens, um artefacto de guerra.

52Ibidem, p. 700.

53Ibidem, p. 702.

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25

bispos estavam condicionados no uso de alguns elementos heráldicos que não estivessem

diretamente ligados com Igreja, como as coroas nobiliárquicas e os elmos54.

A heráldica foi dividida cronologicamente segundo vários autores que

sistematizaram a sua análise através dos períodos da História da Portugal: começando na

medieval época que o Marquês de Abrantes55 subdivide em três fases. O primeiro período

vai do século XII aquando a formação da heráldica com o reconhecimento de Portugal

como reino independente. Para um melhor conhecimento desta periodização, saliente-se

a sigilografia como veículo de análise para uma melhor perceção do caso heráldico56.

Em meados do século XII, o clero constituía um total de 54 exemplares de selos;

não podemos ainda dizer que se trata de fragmentos da heráldica eclesiástica, visto que

na sua maioria, estes selos apresentavam elementos figurativos com a imagem de um

santo. Verifica-se que apesar de ainda não nos encontrarmos no período pleno da

heráldica eclesiástica, existe uma tentativa de a fazer surgir aos poucos.

Na segunda fase dentro do período medieval, por volta de 1248 e durante o

reinado de D. Afonso III, aponta-se a existência de 195 selos eclesiásticos, dos quais 49

apresentam elementos heráldicos. É ainda interessante verificar que 15 destes selos

pertenceram a bispos ostentando escudos simples sem elementos externos mas, com

figuras iconográficas no interior do escudo57.

A última fase do período medieval é compreendida entre o ano de 1385 e o

reinado de D. Manuel I, quando surgem os primeiros ornatos exteriores e timbres,

conferindo, assim a dignidade e título nobiliárquico nas armas. De um conjunto de 122

selos, 17 são já considerados selos heráldicos, entres os quais se destacam 19 selos de

bispos e 18 de arcebispos, com ornatos exteriores58. É ainda no século XV que começam a

surgir os primeiros chapéus eclesiásticos em Portugal, um século depois de ter sido

54

Ibidem, p. 705. 55

ABRANTES, Marquês de – Introdução ao estudo da heráldica, p. 21-29. 56

SANTOS, Marta Manuel Gomes dos – Heráldica eclesiástica-Brasões de Armas de Bispos-Condes Apud SAMEIRO, Pedro Sá Alves – L’héraldique éclésiastique au Portugal. Helsinquia: The Finish National Committee for Genealogy and Heraldry, 1986, p. 469.

57Ibidem, p. 469.

58Ibidem, p. 471.

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26

estabelecido em Itália. A presença de ornamentos exteriores afirma-se assim com o uso

de elementos que atribuem o título prelatício de um indivíduo na igreja.

Com o avançar dos séculos verificamos que a heráldica eclesiástica se vem a

desenvolver sucessivamente através da adoção de novos ornamentos exteriores, tal

como aconteceu com a adoção de elmos e coroas por parte da heráldica nobiliárquica e

de família. A heráldica dos eclesiásticos adotou novas formas ou, pelo menos, assumiu-as

com a maior flexibilidade e preponderância, originando novos caminhos e etapas para a

história da arte de armorejar no contexto clerical59.

Durante o reinado de D. Manuel I a heráldica tende a perder a sua liberdade de

escolha pelos elementos que ostentava, a partir do golpe que foi a total centralização

orgânica e jurídica da Corporação dos Reis d’Armas60.

Na época do Barroco em Portugal verifica-se a influência das cortes estrangeiras

nas alterações realizadas ao nível da exibição de armas, tal como se tinha passado

anteriormente no reinado de D. Afonso III. No reinado de D. João V nota-se a influência

italiana com a introdução da forma do escudo conhecida como testa di cavallo, adotada

no reino. O bordo do escudo deixa de ter a forma oval para se cobrir de decoração

exaustiva com floreados e volutas, tão próprias da época. Por outro lado, a presença de

artistas estrangeiros terá sido também importante para a mudança e desenvolvimento da

armaria portuguesa mais complexa. Como podemos verificar, a heráldica acompanhou

toda a miríade de influências políticas, económicas, culturais, sociológicas e artísticas que

se verificaram ao longo dos tempos61.

1.2. A Heráldica ao Serviço da Dignidade Episcopal

Como podemos verificar pela análise da bibliografia atrás referida não existe, nem

existiu, no tempo português, nenhuma autoridade reguladora da heráldica na igreja, que

59

SANTOS, Marta Manuel Gomes dos – Heráldica eclesiástica-Brasões de Armas de Bispos-Condes, p. 23.

60 ABRANTES, Marquês de – Introdução ao estudo da heráldica, p. 57.

61 SANTOS, Marta Manuel Gomes dos – Heráldica eclesiástica-Brasões de Armas de Bispos-Condes, p.

25.

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27

pudesse atribuir escudos de armas às organizações religiosas e aos membros eclesiásticos.

Bispos, arcebispos, abades e ordens religiosas utilizavam as armas de família 62

juntamente com os elementos eclesiásticos atribuídos que distinguiam a sua dignidade. O

principal veículo para a heráldica eclesiástica começou com os selos, no início da Idade

Média com a envolvência do clero na administração secular. Cedo a igreja utilizou o selo

para validar a sua documentação. Os selos começaram por ter a forma oval com figuras

de santos ou o seu próprio retrato, de forma a poderem ser diferenciados do resto dos

membros do clero63.

Fora da esfera militar os clérigos substituíram grande parte dos elementos

heráldicos constituintes das armas de sua família, por objetos usados durante o seu

exercício canónico. A composição do escudo manteve-se, no entanto, através de peças

como elmo e o manto foram banidos – pela sua ligação à nobreza – e substituídos pelo

chapéu eclesiástico, – com as respetivas cores e número de borlas, consoante a dignidade

– pela mitra e pela cruz.

Para o uso da heráldica por parte do clero foram estabelecidas e reformadas

algumas regras pelos Pontífices: o Papa Símaco (498-514) introduziu a primeira coroa

como símbolo papal; para além dos cardeais e dos próprios papas, Leão IX (1049-1054)

aprovou o uso da Mitra pelos bispos que, mais tarde, com Alexandre II (1061-1073) foi

estendida esta regulamentação aos abades.Com Inocêncio III (1198-1216) os eclesiásticos

que fossem destinados cargo de arcebispos teriam de receber o palium primeiro64. No

primeiro Concílio de Lyon, em 1245, Inocêncio IV (1243-1254) consentiu que os cardeais

usassem o chapéu prelatício ou galero com cordões65 de cor roxa66.

62

O uso das armas de família apenas nos indica a ascendência dos eclesiásticos e o facto de estes pertencerem à aristocracia. Pois, na teoria, nenhum destes membros da igreja foi combatente, logo não seria necessário reconhecê-los no campo de batalha.

63 SARAIVA, Anísio Miguel de Sousa; MORUJÃO, Maria do Rosário Barbosa – “Sigilografia heráldica

eclesiástica medieval portuguesa no Archivo Histórico Nacional de Espanha” in SEIXAS, Miguel Metelo de; ROSA, Maria de Lurdes (coord.) – Estudos de Heráldica Medieval. Lisboa: Instituto de Estudos Medievais (FCSH-UNL) / Centro Lusíada de Estudos Genealógicos e Heráldicos (ULL) / Caminhos Romanos, Lisboa, 2012, pp. 96-97.

64 GARCIA, Fernando del Arco y– Heráldica Eclesiástica. Espanha: Revista Emblemata, 2012, vol. 18, p.

143. 65

Ainda não tinha sido regularizado o número de borlas que distinguia as diferentes dignidades do clero.

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28

Bonifácio VIII (1249-1303) introduziu a segunda coroa nos distintivos papais

enquanto Benedito XI introduziu a terceira, finalizando assim a imagem da mitra papal

que usada quase até aos dias de hoje67. No que respeita o uso da mitra Clemente IV

(1265-1268) restringiu o seu uso e colocação nos escudos de armas dos abades e dos

bispos. Com a mitra papal completa João XXII (1316-1334) usou-a pela primeira vez

juntamente com as chaves papais em aspas. No século XVI, durante o pontificado de Leão

X (1513-1521) as dignidades eclesiásticas foram consideradas como uma classe distinta da

aristocracia e, como tal, foram proibidas o uso de coroas e armas que estivessem

diretamente ligadas com a nobreza familiar68.

Inocêncio X (1644-1655) proibiu o uso de coroas nos timbres dos escudos de

armas dos eclesiásticos, podendo levar à excomunhão aquele que desrespeitasse essa

regra. Durante o reinado de Pio VI (1775-1779) foram atribuídos o número de borlas

respeitantes a cada dignidade eclesiástica; sendo, mais tarde, legalizado o uso das borlas

e dos cordões69 com Gregório XVI (1831-1846), apesar de já há muito tempo serem

usadas pelos membros da igreja70. Benedito XV (1914-1922) consentiu no uso das

insígnias eclesiásticas com o escudo de armas de família, sendo mais tarde abolido pelo

papa Pio XII (1939-1958).

Para que um bispo pudesse assumir o uso de armas eclesiásticas teria de primeiro,

claro está, ser nomeado para esse cargo. Não que fosse necessário o uso de armas,

porém era usual, em Portugal, a combinação das armas de família com as armas

eclesiásticas. Todas as peças heráldicas, à exceção das que respeitam as armas de família,

são emblemas que indicam a dignidade de um oficial da igreja. Deste modo, iremos

referir alguns destes distintivos referentes à dignidade de bispo, externos ao escudo – a

cruz, o chapéu eclesiástico e a coroa.

Comecemos por referir a cruz prelatícia ou latina, símbolo da competência

pastoral de um bispo, abadessa ou cardeal, adotada primeiramente por arcebispos e

66

Ibidem, p. 143. 67

Ibidem, p. 144. 68

ARCO Y GARCIA, Fernando del – Heráldica Eclesiástica, p. 144. 69

Legalizado através do Decreto da Sagrada Congregação de Cerimónias. Ibidem, p. 144. 70

Ibidem, p. 144.

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patriarcas no século XIV. A cruz que normalmente é apresentada pelos bispos é a cruz que

antecede o Papa na procissão, sendo bastante semelhante à cruz usada nas cerimónias

litúrgicas. A cruz que surge representada nas armas clericais simboliza a hierarquia papal.

A mesma cruz era anteriormente usada no século V com um só braço transversal e

reportada como cruz latina. É curioso como os bispos desde sempre tiveram esta cruz

como elemento heráldico, mesmo não sendo antevisto o seu uso pelos prelados.

Contudo, esta é reconhecida no seio da Igreja Romana Católica como um símbolo

heráldico de direito dos bispos; um arcebispo não faria uso desta cruz, a menos que,

previamente, tivesse ocupado o lugar prelatício71 .A cruz processional usada pelos

prelados apresentava-se desprovida de decorações, com um só braço transversal; este

facto levou os arcebispos e patriarcas a adotarem a cruz de dois braços para se

diferenciarem da cruz processional.

No paquife da armaria, o elmo e a coroa usados pelos cavaleiros e nobres foram

substituídos, na Idade Média, pela mitra. O uso da mitra pelos bispos, de acordo com

Bruno Heim, deriva do camelaucum também chamado de “gorro” frígio72 originado por

volta do século X e utilizado exclusivamente pelos papas. Desde Leão IX que a mitra é

usada como distintivo episcopal73, enquanto com Alexandro II ela é estendida ao uso dos

abades74. Durante o seu pontificado Clemente IV impôs que, durante os Concílios, os

abades fossem obrigados a usar a mitra de cor branca ou guarnecida de ouro75. O uso da

mitra pelos prelados na heráldica, com o tempo, caiu em desuso dando lugar, no século

XIV, ao chapéu eclesiástico ou galero.

Tal como as coroas na nobreza, os chapéus eclesiásticos, ou galeros, serviam de

proteção ou enfeite para a cabeça, a parte mais nobre da anatomia humana. Os primeiros

chapéus eclesiásticos surgem de cor vermelha ou escarlate, conferidos pelo Papa

Inocêncio IV (1243-1254) aos cardeais, com o intuito de os distinguir de outros membros

71

SANTOS, Marta Manuel Gomes dos – Heráldica eclesiástica-Brasões de Armas de Bispos, p. 39. 72

HEIM, Bruno Bernard – Cotumes et droit Héraldiques de l’église, p. 69. 73

Ibidem, p. 70. 74

Ibidem, p. 70. 75

Ibidem, p. 71.

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da igreja76. O chapéu vermelho lembra aos cardeais o dever de defender a Igreja, mesmo

com o seu próprio sangue, sendo para eles uma espécie de advertência77. Quanto à sua

forma, o chapéu era igual ao usado pelos peregrinos de aba larga e plana, com cada lado

da borda perfurado por dois cordões e unidos nas suas extremidades por um anel de

deslizamento78.

O chapéu foi colocado nas armas dos prelados sobre o escudo, acima da cruz.

Inicialmente o número de cordas ou borlas não foi definido ou era inexistente, sendo

colocadas três ou seis borlas de cada lado. Apenas em 1832 com a Sagrada Congregação

Cerimonial se padronizou o número de borlas, tendo sido fixado para o cardeal quinze

borlas de cada lado do chapéu eclesiástico79. O mesmo se passou mais tarde com os

patriarcas, arcebispos e bispos.

Para os bispos e arcebispos foi atribuída a cor verde, uma inovação da heráldica

eclesiástica espanhola levada para o resto da Europa. Em Portugal, os chapéus dos

prelados eram no seu interior de negro e forradas a verde80, com as borlas da mesma

cor81. Por vezes o esmalte adotado no chapéu heráldico não era equivalente ao

originalmente usado pelos prelados, o que não constituía problema visto a armaria não

representar literalmente os verdadeiros esmaltes dos objetos das peças heráldicas –

embora a heráldica almeje a reprodução fiel do verdadeiro realismo destes objetos82.

A heráldica introduziu elementos simbólicos que distinguem graus na nobreza

laica, algo que o clero veio também a adotar. O uso dos chapéus eclesiásticos indicam a

distinção de hierarquias na igreja e, embora as cores e o número de borlas usados na

heráldica não sejam claramente os corretos devemos admitir que estes nos oferecem os

benefícios desejados para a diferenciação das dignidades da igreja.

76

Ibidem, p. 79. 77

Ibidem, p. 79. 78

Ibidem, p. 79. 79

HEIM, Bruno Bernard – Cotumes et droit Héraldiques de l’église, p. 80. 80

NORTON, Manuel Artur – A heráldica em Portugal: raízes, simbologia e expressões histórico-culturais, p. 699.

81 HEIM, Bruno Bernard – Cotumes et droit Héraldiques de l’église, p. 80.

82Ibidem, p. 81.

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Provenientes de famílias nobres, os prelados mantinham, por vezes, grandes

títulos nobiliárquicos, adquiridos por sangue e, ou, obtidos ainda antes de se dedicarem à

carreira eclesiástica. Apesar de muitos renunciarem esses títulos, a Igreja não proibia o

titular de continuar a usufruir dos emblemas nas suas armas, como ornamentos

exteriores. O mesmo se permitia em caso de serem Condes ou Barões83. No entanto, o

uso de emblemas como a coroa, que nomeassem a nobreza hereditária não podia ser

usado por membros do clero. Contudo, pela sua organização, o clero tem uma hierarquia

especial, como já podemos constatar, e os seus próprios símbolos heráldicos – o chapéu

eclesiásticos e os cordões com um respetivo número de borlas que, atribui a dignidade ao

bispo84.

Uma das coroas mais usadas pelos prelados terá sido sem dúvida a coroa de

Conde e de Grandes do Reino – ou seja, os que ocuparam lugares no reino português de

maior importância, como governadores do reino. Apresenta-se em forma de diadema

com pedraria, de dezasseis hastes salientes, terminando cada um em uma pérola grossa e

todas eguaes85.

Segundo as regras heráldicas, o bispo podia desenhar as suas próprias armas,

mediante a sua vontade, podendo misturar elementos relacionados com a sua prática

religiosa, de família ou devoção pessoal86. Porém, a forma como as armas eclesiásticas

são montadas denunciam erros de regulamentação heráldicos, resultando num

agrupamento de elementos esteticamente colocados sem harmonia e de leitura difícil.

Em Portugal, conhecem-se poucos casos de escudos elaborados sem recorrer às armas de

família, excetuando o caso das ordens eclesiásticas que construíam os escudos com os

símbolos referentes à sua ordem religiosa. Contudo, os mesmos não deixam de sofrer

alterações consoante a época em que são realizadas.

83 Aquando a ocupação da cadeira prelatícia de Coimbra era atribuído aos prelados o título de Conde

de Arganil e de Coja. SILVA, Ana Margarida Dias da; BANDEIRA, Ana Maria; MENDES, Marta Gama - Mitra Episcopal de Coimbra: descrição arquivística e inventário do fundo documental. Coimbra: Boletim do Arquivo da Universidade de Coimbra, Vol. XXIII e XXIV, 2007, p. 115-166.

84 HEIM, Bruno Bernard – Cotumes et droit Héraldiques de l’église, p. 91.

85 RIBEIRO, J. A. Corrêa Leite – Tratado de Armaria. Technica e regras do brasão d’armas. Lisboa:

Empreza da Historia de Portugal, 1907, p. 126. 86

D. Manuel de Noronha, bispo de Lamego, juntou ao seu escudo de família uma estrela, símbolo da sua devoção à Virgem Maria.

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Por outro lado, não podemos deixar de mencionar o bordo do escudo, apesar de

ser irrelevante na maior parte das vezes, pela forma simples que apresenta. De acordo

com Michel Pastoureau, les armoiries se composent de deux éléments: des figures et del

couleurs, que prennent place dans unécu delimite par un pèrimètre dont la forme est indifférente87.

Na Idade Média, com o surgimento da heráldica, os bordos do escudo apresentavam-se

com uma forma de ponta em ogiva, de cores e metais primários e elementos repetidos

como o leão. À medida que avançamos na cronologia o bordo do escudo modifica-se,

assim como os suportes onde eram colocados, – igrejas, túmulos, objetos do quotidiano –

de acordo com a estética dos movimentos artísticos e dos cenários social, económico ou

político.

87

“Os armoriais compõem-se em dois elementos: as figuras e as cores, que ocupam um escudo delimitado por um perímetro cuja forma é indiferente”. PASTOUREAU, Michel – Figures de l’héraldique, p. 44.

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Parte II – Estudo da armaria dos bispos de Lamego

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2. A Diocese de Lamego nos séculos XVI a XVII

No presente ponto iremos contextualizar e sistematizar algumas informações, de

caráter geral, sobre a diocese no período dos episcopados que nos propusemos estudar,

abordando questões como a extensão, população e número de paróquias, distritos

eclesiásticos e principais dignidades eclesiásticas.

Apesar de haver números divergentes88 quanto ao movimento demográfico em

Lamego na 1ª metade do século XVI sabe-se que esta diocese compreendia um total de

14 vilas, 47 concelhos e 5 honras89.

Lugar da cátedra o termo de Lamego encontrava-se limitado pelo rio Douro e

pelas vilas de Sande, Armamar, S. Martinho de Mouros, Britiande e Maqueija90.No

tocante à cidade em 1527 a população desta concentrava-se no perímetro em torno do

castelo (burgo) e no Couto episcopal da da Sé. Assim, à época referida, contavam-se 1411

moradores, estando 58 dentro dos muros do castelo e 105 nos arrabaldes da Sé e, ainda

309 nos bairros da Seara. No mesmo ano, contabilizavam-se 25580 moradores dentro e

fora de Lamego, com 2360 nos bairros da do burgo. Como refere Anísio Saraiva, no século

XVI, Lamego revelava ser uma cidade numerosa em termos populacionais, tendo Viseu ou

Guarda menor número de fogos e habitantes91 - o que testemunha a importância da

cidade em contexto regional e nacional.

Em pleno século XVII, regista-se uma queda demográfica registando-se, na urbe,

800 moradores no ano de 1621 e cerca de 1000 entre os anos de 1625 e 166892.

O número de paróquias da diocese de Lamego foi variando entre os séculos XVI e

XVII. Na cidade registam-se, assim, as paróquias da Sé e de Almacave e fora dela, no

88

COSTA, Manuel Gonçalves da – História do bispado e cidade de Lamego. Renascimento. Lamego:[s.e.], Vol. III, 1982, p. 355.

89Ibidem, p. 355.

90Ibidem, p. 355.

91 SARAIVA, Anísio Miguel de Sousa (coord.) – Espaço, Poder e Memória: A Catedral de Lamego, sécs.

XII a XX. Lisboa: Centro de Estudos de História Religiosa, 2013, p. 107. 92

Provavelmente devido ao frio que fustigava a cidade no inverno. Ibidem, p. 357.

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termo ou aro, 2993nomeadamente em torno dos rios e ribeiras de Balsemão, Varosa e

Douro. Para melhor administração do poder espiritual e temporal, em vésperas das

Reformas tridentinas assinalamos, para o século XVI, 4 distritos eclesiásticos para além da

cidade (com duas paróquias: Sé Almacave):Douro, Serra, Entre Douro e Távora e Riba

Côa94.

Lamego era uma cidade conhecida pelas suas casas ricas, pelos nobres e fidalgos,

a principal do reino.

Edifícios e palácios que muito a aformoseiam, sendo os melhores o Paço

Episcopal; a Santa Igreja Cathedral; o convento de Santa Cruz dos Conegos

seculares de S. João Evangelista, que chamamos Eloios; o dos Capuchos, maior do

que costumam ser as casas d’estes Padres; o dos Gracianos; o das Freiras da

Chagas; o Recolhimento da Regueira […]; a Collegiada de Almacave; a Capella da

Senhora dos Remédios […]95.´

A eleição dos prelados fez-se em Lamego, ao longo da Idade Média, como em todo

a cristandade: indicados pelo Sumo Pontífice, nem sempre naturais do próprio território

diocesano, assumiam a cátedra indivíduos de várias proveniências96.

A partir do reinado de D. Manuel I, os bispos passariam a ser escolhidos pelos

próprios monarcas97 que, por sua vez, eram candidatos apoiados por pessoas com boa

influência junto daqueles que tomavam decisões nesta matéria, isto é, possuir valimentos

93

As paróquias são as seguintes: Arneirós, Bigorne, Pretarouca, Maqueija, Penude, Cepões, Britiande, Belães, Várzea, Mós, Lalim, Lazarim, Meijinhos e Melcões nas regiões das Ribas de Balsemão e de Varosa; Avões, Ferreiros, Penajóia, Samodães, Cambres, Sande, Figueira, Valdigem, Parada do Bispo, na região de Ribeira do Douro; Tarouca, Mondim, Dálvares, Gouviães, Ucanha e Várzea da Serra na região de Tarouca. Cf. COSTA, Manuel Gonçalves da – História do bispado e cidade de Lamego. Renascimento, pp. 441-467, 485-578.

94 AZEVEDO, Joaquim D. – História eclesiástica da cidade e bispado de Lamego. Porto: Typographia do

Jornal do Porto, 1877. 95

Ibidem, p. 11. 96

Cf. Resende, Nuno - «A Diocese de Lamego no contexto do património religioso e cultural português». Douro - Estudos & Documentos. n.º 22 (2007). p. 145-184.

97 SARAIVA, Anísio Miguel de Sousa (coord.) – Espaço, Poder e Memória: A Catedral de Lamego, sécs.

XII a XX, p. 81.

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bem distribuídos e variados98. Contudo, era o papa que confirmava os eleitos pelo

soberano.

Com o domínio filipino o mecanismo de eleição dos bispos era bastante informal

não havia registo de normas ou costumes99.

Os bispos regiam no espiritual, mas também no temporal a sua diocese,

deslocando-se, alguns em longos períodos de visitação, utilizando para o efeito lugares de

pousa, alguns temporários, outros efetivos, como a sua Câmara de Trevões, situada

sensivelmente a meio caminho entre os limites oriental e ocidental do território da sua

jurisdição.

Em Lamego, o Cabido outrossim definia outra das balanças do poder eclesiástico.

Cabia-lhe a administração de parte da fábrica da Sé, nomeadamente os espaços anexos

(claustro e presidência), parte da nave e coros. A sua ação era repartida por uma

hierarquia e organização distribuída por vários cargos e dignidades, nomeadamente o

Deão, o Chantre, o Arcediago de Valdigem, o Arcediago de Côa, o Mestre-escola,

Arciprestes, Tesoureiro, doze Cónegos, seis meios Cónegos, Capelães, Tercenários,

ministros e outros serventes100 . Em algumas destas dignidades, ainda que foram

investidos alguns do bispos do nosso estudo – ainda que em cabidos externos a Lamego.

2.1. D. Agostinho Ribeiro

2.1.1. As armas do bispo no seu retrato como reitor da Universidade de Coimbra

Cónego secular da Congregação de São João Evangelista101 entre outros outros

cargos que exerceu, desde cedo D. Agostinho Ribeiro102 tomou o caminho da devoção

como destino. Com a morte prematura de seus pais e, sendo o mais velho de vários

irmãos, ainda que de poucos anos, os dirigia mais com o exemplo, que com o império,

98

SARAIVA, Anísio Miguel de Sousa (coord.) – Espaço, Poder e Memória: A Catedral de Lamego, sécs. XII a XX, p. 89.

99Ibidem, p. 82.

100 AZEVEDO, Joaquim D. – História eclesiástica da cidade e bispado de Lamego, p. 11.

101 No mosteiro de S. Jorge de Recião, na diocese de Lamego. LARANJO, F. J. Cordeiro – Escudos de

Armas dos Bispos de Lamego: (1492-1976), p. 117. 102

Ver biografia do bispo D. Agostinho Ribeiro no Ficha Prosopográfica, p.84.

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excedendo aos outros no juízo e prudência103, como assinala encomiasticamente um dos

seus biógrafos. Foi-lhe conferido, pelo arcebispo de Braga D. Martinho de Portugal, o

cargo de pároco da ilha do Corvo, nos Açores, missão sacerdotal que levou a cabo com

plena seriedade e empenhamento104.

Preocupado com a atitude da população, no que dizia respeito à instrução

religiosa, D. Agostinho Ribeiro mostrou interesse junto do rei D. João III em continuar a

proteger aquela paróquia. Constatando da sua preocupação, o monarca propôs ao

arcebispo de Braga a nomeação de D. Agostinho Ribeiro a Bispo de Angra105 - o primeiro,

dando, assim, expressão humana à criação de uma diocese no arquipélago.

Continuando como bispo daquela novel diocese, Agostinho Ribeiro regressou a

Lisboa, de onde foi encaminhado para Coimbra como reitor da Universidade, em 1538.

Dois anos depois, em 1540, foi transferido para a diocese de Lamego106, ocupando esta

cátedra cumulativamente com o cargo de Inquisidor, apoiado por D. Manuel de Almada,

pois se viu consumido com a velhice107. Em 1549, obteve a licença para se recolher ao

mosteiro de S. João Evangelista de Xabregas, em Lisboa, deixando a Sé vaga. Faleceu em

1554, com 71 anos de idade, naquele mosteiro108.

O retrato que iremos avaliar expõe-se na Sala de Exame Privado ou Sala dos

Reitores, na Universidade de Coimbra109. O retrato pode aqui desempenhar várias

funções, perpetuando a memória física do retratado, ou sendo forma de agradecimento a

103

AZEVEDO, Joaquim D. – História eclesiástica da cidade e bispado de Lamego, p. 73. 104

BRUNO, Jorge A. Paulus – Retratos dos Bispos de Angra. 475 Anos da Diocese de Angra, p. 13. 105

Foi-lhe conferido o título de primeiro bispo de Angra, com o sobrenome de “O Salvador”, pelo Papa Paulo III, a 3 de Novembro de 1534, com a bula Aequumreputamus. Ibidem, p. 13.

106Nomeado Bispo de Lamego, veio para esta cidade no ano de 1541 montado em uma mula que o Rei

lhe deu e D. Agostinho Ribeiro vendeu e deu o preço aos pobres, como tinha feito a outra que recebeu para vir de Lisboa a Coimbra, quando com a Universidade se veio estabelecer em Coimbra, o que fez dizer ao Rei, que quantas mulas vendesse D. Agostinho, outras tantas lhe havia de dar; que os pobres corriam por conta do Bispo D. Agostinho, e este Prelado corria por conta do Rei. AZEVEDO, Joaquim D. – História eclesiástica da cidade e bispado de Lamego, p. 74.

107Ibidem, p. 75.

108 Como podemos averiguar nada existe sobre este mosteiro ou a sepultura de D. Agostinho Ribeiro,

como resultado da destruição do espaço onde estaria tumulado, com a extinção das Ordens Religiosas Masculinas em Portugal, em 1834, com o Decreto da extinção das ordens religiosas, assinado por D. Pedro IV. BARATA, Paulo J. S. – Roubos, extravios e descaminhos nas livrarias conventuais portuguesas após a extinção das ordens religiosas: um quadro impressivo. Lisboa: Lusitania Sacra, 2ª Série, 2004, p. 321.

109 Ver Figura 1, no Apêndice Iconográfico, p. 114.

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uma personalidade. Como assinalada Leon Battista Albertia pintura permite tornar

presentes os ausentes e mesmo fazer com que pareçam estar vivos aqueles que há muito

já morreram110. Isto é, o retrato principalmente dá-nos a conhecer o rosto de um ser

humano, de uma pessoa que pode ter vivido há centenas ou milhares de anos, impedindo-

o assim de se fazer esquecer, preservando e valorizando a sua imagem e memória111.

O retrato de D. Agostinho Ribeiro surge posicionado como o quadro nº2 da Sala

dos Reitores. O bispo apresenta-se a ¾ com o olhar fixo no observador, de corpo inteiro e

de pé, com a mão direita sobre a mesa que se encontra por detrás e a mão esquerda

sobre o abdómen, posição repetida na maior parte dos retratos, de resto tipificados. As

vestes ostentadas pelo bispo, são as mesmas que as de D. Manuel de Meneses e D. João

Coutinho, bispos que mereceram o nosso estudo, nesta dissertação. Por cima do retrato

surge o nome do reitor que pertence a esta pintura, assim como o ano da tomada de

posse da reitoria da universidade.

No canto superior direito encontrámos as armas do reitor D. Agostinho Ribeiro. De

acordo com F. J. Cordeiro Laranjo, o escudo apresentado neste retrato foi o mesmo usado

pela família do bispo112, não trazendo nada de novo, ao contrário do que podemos

observar noutros casos desta dissertação. Assim o escudo apresenta-se esquartelado: o

primeiro e o quarto, de ouro, três palas de vermelho; o segundo e o terceiro, de negro, três

faixas veiradas de prata e vermelho (Vasconcelos)113. O bordo do escudo é, de acordo

com as regras heráldicas, peninsular; no paquife o chapéu de prelado de cor verde, com

as respetivas borlas que lhe conferem a dignidade eclesiástica.

As armas que aqui se apresentam identificam a figura no retrato, louvando-o e

engrandecendo-o, a favor da dignidade episcopal e da honorificência do seu cargo como

Reitor. Durante a análise do emblema, não encontramos quaisquer erros heráldicos, nem

110

ALBERTI, Leon Battista – El Tratado de Pintura y los três libros que sobre el mismo arte escribó […]Lisboa: Alcalá, 2005, p. 89.

111 SILVA, Maria Manuela Ribeiro Conde da – Inventariação de Retratos Pictóricos dos Bispos do Porto.

Dissertação para obtenção do grau de Mestre em História da Arte Portuguesa, orientada pelo Professor Doutor Manuel Joaquim Moreira da Rocha, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 2011.

112 Ver Figura 2, na Ficha prosopográfica, p. 85.

113 LARANJO, F. J. Cordeiro – Escudos de Armas dos Bispos de Lamego […], p. 118.

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mesmo nos retratos de D. Manuel de Meneses e D. João Coutinho. Algo que não acontece

na maioria das obras de arte projetadas com insígnias prelatícias.

2.2. D. Manuel de Noronha

2.2.1. As armas do bispo nas grades da capela de São João Batista, da Sé de

Lamego

Sem dúvida o principal mentor artístico e encomendante da Lamego no século XVI,

na esteira de alguns antecessores, deve-se a este bispo grande parte dos grandes

empreendimentos e benfeitorias arquitetónicas e urbanísticas desta cidade.

Encaminhado desde cedo para a carreira eclesiástica, D. Manuel de Noronha114 ascendeu

a cargos de grande importância no reino português e em Roma, onde terá permanecido

como camarista-mor do papa Leão X, função que lhe foi atribuída com apenas 12 anos115.

Pelo que pudemos apurar e, contrariamente ao que se veio a passar com os restantes

bispos do nosso estudo (exceto com D. Agostinho Ribeiro), D. Manuel de Noronha não

teve nenhum nível de formação académica116. Em todo o caso, o facto de ter estado ao

serviço do Papa conferiu-lhe o estatuto necessário a singrar no estado de eclesiástico117.

Do tempo que ficou em Roma foi-lhe concebido pelo Papa Leão X o título de

representante da Santa Sé em Portugal, para além de outros benefícios. Marcou a

presença no seu tempo ao introduzir a cultura renascentista em Lamego na arquitetura

civil. Fundou o Colégio de S. Nicolau o qual durante muito tempo como seminário

destinado a desenvolver a cultura do clero, segundo o que as diretrizes tridentinas

114

Ver biografia do bispo D. Manuel de Noronha na Ficha prosopográfica, p. 86. 115

AZEVEDO, Joaquim D. – História eclesiástica da cidade e bispado de Lamego, p. 75. 116

SARAIVA, Anísio Miguel de Sousa (coord.) – Espaço, Poder e Memória: A Catedral de Lamego, sécs. XII a XX, p. 95.

117 Pelo que pudemos apurar, após o Concílio de Trento era exigido aos novos clericais formação

académica ao nível da licenciatura ou doutoramento, nas áreas de Cânones ou Teologia:” Além disto terá capacidade tal, que possa satisfazer às obrigações, para que é destinado; pelo que convém, que tenha estado em alguma Unversidade , obtido o grau de mestre, Doutor, ou Licenciado na sagrada Theologia, e em Direito Canonico; ou que por testemunho público de alguma Academia seja declarado capaz de instruir os outros”. REYCEND, João Baptista – O Sacrosanto, e ecuménico Concilio de Trento em Latim e Portuguez. Lisboa: Oficina Patriarca de Francisco Luiz Ameno, Tomo II, 1781, p. 121.

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impunham118. E na catedral mandou D. Manuel edificar várias capelas, como as de São

Nicolau, Santo António e São João Batista, todas viradas ao claustro da catedral, espaços

que aqui propomos abordar.

A capela de São João Batista foi edificada entre as datas de 1557 e 1563, tendo

participado na obra os pedreiros João do Rego e Duarte Coelho119 às ordens de D. Manuel

de Noronha.120. O seu interior demonstra uma extraordinária riqueza, composta por

diferentes intervenções artísticas. De cobertura em abóbada estrelada com uma pedra-

de-armas que a remata e as paredes revestidas com painéis de azulejo figurativos, a

capela é dedicada ao Precursor de Cristo.

Pouco se sabe sobre esta capela, hoje inexistente, podendo apenas ser comprada

à vizinha capela de São Nicolau, a nível de trabalho de azulejaria e talvez da talha dourada,

edificada já nos episcopados seguintes. No entanto, o nosso estudo centra-se no

gradeamento121 armoriado que protege a capela de São Nicolau – espaço central entre as

capelas de São João Baptista e Santo António.

Apesar de já ter perdido a maior parte da policromia inicial, nota-se a existência de

pequenos fragmentos de dourado que cobrem o ferro e o banco do friso superior. O friso,

dividido em três secções, é guarnecido com querubins e decoração vegetalista. No

remate, representa-se uma pequena arquitetura, lembrando os templos clássicos, que

alberga o escudo de armas do bispo D. Manuel de Noronha. Esta pequena arquitetura é

suportada por dois atlantes finalizada com um frontão com uma inscrição no meio. De

cada lado desta epígrafe podemos ver o sol e a lua e o acabamento, numa figura humana

esculpida que nos parece ser S. Brás. Podemos ainda observar neste gradeamento, duas

118

PINTO, Lucinda De Jesus Barros – O Santuário de Nossa Senhora dos Remédios em Lamego. Contributo para o estudo da sua construção 1750-1905/69. Dissertação de Mestrado em História da Arte, orientado pelo Professor Doutor Joaquim Jaime B. Ferreira Alves apresentado na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, em 1997, p. 14.

119 Deste artista sabemos que permaneceu em alguns países como Itália, onde estudou sistemas de

fortificação. Por ordem de D. João III, Duarte Coelho juntamente com João de Castilho examinou as fortalezas das praças de África, a fim de poderem ser reconstruidas ou arranjadas. VITERBO, Sousa – Dicionário e documental dos architectos, engenheiros e construtores portugueses ou a serviço de Portugal. Lisboa: Imprensa Nacional Vol. 1, 1899-1904, p. 215.

120 SARAIVA, Anísio Miguel de Sousa (coord.) – Espaço, Poder e Memória: A Catedral de Lamego, sécs.

XII a XX, p. 131. 121

Ver Figura 2, no Apêndice Iconográfico, p. 115.

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figuras míticas que guardam a arquitetura que sustenta o escudo de armas e duas outras

figuras humanas assentes em pedestais, cuja sua identificação nos foi impossível de

desvendar.

Retomemos às armas do bispo, presentes na entrada do pequeno templo. O

escudo aqui presente exibe as armas dos Câmara122, nome de família do lado paterno. O

apelido de Noronha que o bispo faz questão de usar, provém da família de D. Joana de

Castelo Branco, sua mãe; porém, esse apelido não faz parte das armas do bispo. Assim, o

escudo apresenta-se com um bordo de formas curvilíneas de negro, com uma torre de

prata, assente num monte de verde, sustida por dois lobos rampantes de ouro123. No

timbre o chapéu de prelado em perfil – que, provavelmente terá recebido policromia – e

sobe o escudo uma cruz124. Do interior do chapéu caem longas cordas com as respetivas

borlas, atribuindo a dignidade eclesiástica de bispo, a D. Manuel de Noronha.

No que respeita às borlas presentes, para que representassem a honra de bispo

teria de apresentar três ordens. Porém, estas armas ostentam um número de borlas

superior, com uma ordem de quatro. Assim sendo, estaríamos aqui a atribuir a honra de

arcebispo a D. Manuel de Noronha, dignidade que não alcançou.

No chão da capela de São Nicolau encontra-se a sua sepultura, coberta por lápide

armoriada (com as armas atrás descritas) e com a seguinte inscrição:

AQUI. IAS. DOM. MANOEL. DE. NORONHA. BISPO. QVE. FOI. DE. LAMEGO. FILHO.

DE. SIMÃO. GLZ. DA. CAMARA. CAPITÃO. DA. ILHA DA MADEIRA. E DE DONA

IOANNA. VALENTE. SVA MOLHER. FALECEO AOS XXIII DIAS DO MES. DE.

SETEMBRO. DE 1569. ANNOS.

122

No dia 4 de Julho de 1460, D. Afonso V, atribui a João Gonçalves Zarco – avô de Simão Gonçalves da Câmara, pai de D. Manuel de Noronha, o apelido Câmara de Lobos (nome dado por João Gonçalves Zarco a uma localidade do Funchal, donde era governador). Porém, na geração que se seguiu, o apelido foi alterado ficando apenas o nome Câmara. ZÚQUETE, Afonso Eduardo Martins – Armorial Lusitano: genealogia e heráldica, pp. 129-130.

123Ibidem, p. 130.

124 Neste caso, as armas apresentam uma cruz, porém, D. Manuel de Noronha, terá adotado uma

outra simbologia, uma estrela atributo da devoção a Maria.

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Contudo, a presença das armas de D. Manuel de Noronha nas grades da capela de

São João Batista, vieram confirmar o bispo fundador deste monumento e do local da sua

sepultura125. Verificamos assim existir empatia de D. Manuel com esta devoção visto ter

escolhido este espaço para tumular-se126.

2.2.2. O escudo de armas do bispo na fachada da capela de Nossa Senhora

dos Meninos

Provavelmente mandada erguer por D. Manuel de Noronha, entre 1551 e 1569 na

freguesia do Bairro do Ponte, a capela de Nossa Senhora dos Meninos127 passou por

várias cronologias de construção e remodelação, desde o século XVI ao XIX, sendo

considerada localmente a mais preciosa joia dos moradores do Bairro da Ponte128. O local

escolhido para a sua implantação terá sido outrora um pequeno terreiro, junto ao rio

Balsemão, sobre uma escarpa de rochas aguçadas129; posteriormente, em tempos mais

recentes, este largo foi modificado, dando o sítio origem a um pequeno jardim.

Segundo uma antiga tradição foi trazida uma imagem da padroeira para a capela-

mor, ainda no século XVI por D. Manuel de Noronha, proveniente da Sé de Lamego onde

antes era aclamada de Nossa Senhora do Amparo. O título conferido a Nossa Senhora

como “dos Meninos” estava ligado aos muitos milagres concedidos aos mais pequenos e

inocentes130. No geral, a capela foi totalmente remodelada no século XVII restando

poucas lembranças do século anterior. Como exemplo de construção seiscentista temos a

fachada principal do templo e a capela-mor131.

125

Ver Figura 3, no Apêndice Iconográfico, p. 115. 126

Sobre a relação de D. Manuel com o culto Nicolino, ver o artigo de Resende, Nuno - São Teotónio: patrono da diocese e da cidade de Viseu Viseu: Diocese de Viseu/C.M.Viseu, 2013. - São Nicolau, bispo de Mira. 978-989-98269-0-8

127 Ver Figura 4, no Apêndice Iconográfico, p. 116.

128 LARANJO, J. Cordeiro – Capela de Nª S.ª dos Meninos. Lamego: Câmara Municipal de Lamego, 1990,

p. 3. 129

LARANJO, J. Cordeiro – Capela de Nª S.ª dos Meninos, p. 10 Apud MARIA, Frei Agostinho de Santa – Santiuário Mariano (…). Lisboa: Oficina de Antonio Pedrozo Galrao, 1711, tomo III, p. 206.

130Ibidem, p. 205.

131LARANJO, J. Cordeiro – Capela de Nª S.ª dos Meninos, p. 15.

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A fachada deste templo traduz-se numa expressiva construção maneirista onde se

eleva a pedra-de-armas do bispo D. Manuel de Noronha. A fachada é composta por um

portal de volta perfeita assente em pilastras, sucedido por uma arquitrave que, por sua

vez, é rematada por pináculos. No portal arquitravado podemos ler uma inscrição

dedicada à Virgem Maria:

LOUVADO.SEJA.O.SANTISIMO.SACRAMENT.º.E.A.IMACVLADA.CÕSEISAO.DA.VIRGE.SNRA.NOSA132.

Ladeada por pináculos encontramos na fachada a pedra-de-armas do bispo D.

Manuel de Noronha133 com o chapéu de prelado e no meio uma estrela símbolo da

devoção mariana134. Contrariamente à capela de São Nicolau, D. Manuel de Noronha

poderá ter apenas conhecido o projecto exterior da capela de Nossa Senhora dos

Meninos, partindo desta vida sem a ver completa, uma vez que sua morte ocorreu em

1569. Apesar de tudo as obras foram continuadas sem que se documentem outras

intervenções mandadas executar, diretamente, por bispos desta diocese. De tal modo

que, como pudemos apurar, não subsiste em parte alguma da ermida outro emblema que

não a do bispo fundador (ou refundador), D. Manuel de Noronha.

2.2.3. Armas na torre sineira da catedral de Lamego

Na torre sineira da catedral de Lamego exibem-se, outrossim, as armas de D.

Manuel de Noronha. Correspondem, em termos heráldicos, às representações anteriores

e devem assinalar intervenções do bispo na estrutura do campanário, que podem

corresponder à construção do remate e cobertura dos vãos que albergam os sinos, ainda

existente.

132

Ibidem, p. 14. 133

Ver a leitura heráldica do escudo no texto anterior, referente à capela de São João Batista. 134

É do nosso conhecimento que existe no Museu de Lamego, uma pedra-de-armas do bispo que, para além da estrela tem ainda uma legenda referindo: ESTA.É.BOA.GVIA.

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2.2.4. Armas depositadas no Museu de Lamego

Dentro do expressivo conjunto de emblemas heráldicos de D. Manuel de

Noronha no termo da cidade de Lamego, conta-se a estrutura tradicionalmente associada

a um chafariz erguido no Rossio. Nela se exibem as armas do bispo empreendedor que

com este registo acrescenta a ideia de um prelado ativo e determinado em deixar a sua

marca no urbanismo do couto de Lamego, espaço de intervenção, por excelência, dos

antístites135.

2.3. D. Manuel de Meneses 2.3.1. As armas do bispo no seu retrato como reitor da Universidade de

Coimbra

O bispo D. Manuel de Meneses136 é um dos vários prelados do reino de Portugal

que pouco ou nada deixou em termos de representações heráldicas. Reduzida a sua

atividade conhecida enquanto bispo de Lamego e Coimbra, deixou apenas uma pintura

com o seu retrato como reitor da Universidade de Coimbra. Tal é sublinhado pelo

investigador Pedro Dias: não se deteta uma única peça encomendada por D. Manuel de

Meneses, ao contrário de outros bispos137.Certamente devido à campanha de Alcácer

Quibir, terá levado consigo parte dos seus pertences, desde alcatifas, tapetes, tapeçarias,

móveis, baixelas e joias e como morreu no decurso batalha, os seus bens ter-se-ão

perdido na fatídica viagem.

Assim, resta-nos apenas o retrato de D. Manuel de Meneses, enquanto reitor da

Universidade de Coimbra. Antes de ter sido nomeado bispo de Lamego, foi o quinto reitor

da Universidade de Coimbra, assim como 4º Conde de Arganil, por inerência do daquele

135

A este respeito, ver o artigo de RESENDE, Nuno - «É esta Cidade situada a forma de uma lua crescente»: a implantação dos edifícios religiosos e a expansão urbana de Lamego entre os séculos XVI e XVIII. BRAGA, Alexandra, et al., 1.ªs conferências Museu de Lamego/CITCEM, Lamego: Museu de Lamego, 2013.

136 Ver biografia do bispo D. Manuel de Meneses na Ficha prosopográfica, p. 89.

137 DIAS, Pedro - O inventário dos Bens Móveis do Bispo de Coimbra D. Manuel de Meneses feito em

1578. Coimbra: Arquivo Coimbrão. Boletim da Biblioteca Municipal, vol. 35, 2002, p. 360.

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cargo eclesiástico. Antes, porém, terá ocupado o cargo de Prior da freguesia de Santa

Maria Madalena, em Montemor-o-Velho e Deão da Capela Real138.

Foi nomeado Inquisidor Geral e sucessor do Cardeal D. Henrique, cargo que nunca

chegou a ocupar por ter falecido nos campos de África. Ocupou a cadeira prelatícia de

Lamego entre 1570 e 1573, passando depois por Coimbra, onde, como atrás referimos foi

bispo-conde desta cidade.

O retrato do bispo D. Manuel de Meneses139encontra-se na Galeria dos reitores ou

Sala de Exame Privado, na Universidade de Coimbra, tendo sido ordenada a construção

esta sala por D. Nuno da Silva Teles que alberga todos os retratos dos reitores desta

Universidade, à exceção do de Joaquim Coelho de Carvalho, pelo seu mau contributo

como reitor, em 1919.

No que refere à descrição do retrato do bispo, este apresenta-se de corpo inteiro,

de pé e posicionado a ¾, à maneirados retratos flamengos. O fundo apresenta-se de cor

mais escura salientando a figura do reitor que surge com vestes talares da época, de cor

preta e branca140. Por detrás da figura, apresenta-se uma mesa semelhante às que

integram a composição dos outros retratos. Enquanto a mão direita do reitor assenta na

mesa, a mão esquerda apoia-se junto ao abdómen141, provavelmente em sinal de honra

ou juramento efetuado pelo reitor. Por cima do retrato é referido o nome do reitor

presente no retrato, assim como o ano e mês da tomada de posse.

No canto superior direito do retrato estão presentes as armas do bispo D. Manuel

de Meneses. Segundo a leitura de F. J. Cordeiro Laranjo o seu escudo apresenta-se

partido: no primeiro, de ouro, banda de azul carregada de duas cruzes floridas do campo e

vazias da banda, e está acompanhada de duas águias de vermelho, armadas de negro

(Almada); no segundo, está representada a família Menezes (de Cantanhede)142. É

interessante compreender como D. Manuel de Meneses usou as armas de duas famílias,

138

AZEVEDO, Joaquim D. – História eclesiástica da cidade e bispado de Lamego, p. 77. 139

Ver Figura 5, no Apêndice Iconográfico, p. 117. 140

A cor branca é representativa de todas as áreas de conhecimento. Todos os reitores à exceção de alguns, são representados com as mesma vestes.

141 Todos os retratos presentes na Sala de Exame Privado, à exceção de alguns reitores, apresentam-se

com o mesmo gesto. 142

LARANJO, F. J. Cordeiro – Escudos de Armas dos Bispos de Lamego: (1492-1976), p. 120.

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formando o seu próprio escudo. De acordo com Anselmo Braamcamp, D. Manuel de

Meneses usou as armas do 1º Conde de Cantanhede, o seu tio materno143.

O bordo do escudo é simples e apresenta a forma peninsular. No remate do

escudo vemos presente o galero de cor verde, símbolo da dignidade bispal e as respetivas

borlas, contando 6 de cada lado do escudo. As armas constantes do retrato144 provam o

facto de este descender de famílias da nobreza e, de igual modo identificam a pessoa

presente neste quadro e a sua dignidade prelatícia.

2.4. D. Simão de Sá Pereira

D. Simão de Sá Pereira145 ocupou os cargos de bispo de Lamego e do Porto, tendo-

lhe sido negada a cátedra Coimbrense, talvez por ser natural daquela cidade, filho de […]

pessoas da principal nobreza de Coimbra146. Sempre muito doente esteve à frente da

diocese de Lamego entre 1575 e 1579. Rapidamente pediu a transferência para a diocese

do Porto, onde se revelou proficiente, principalmente às ordens de Filipe II.

Nos dois anos que se manteve à frente da diocese do Porto – entre 1580 e 1581,

data da sua morte – reconheceu D. Filipe II como Rei de Portugal147, tendo assim aceitado

a agregação de Portugal à monarquia dual. Porém, ainda antes desse acontecimento, não

sabíamos ao certo o partido tomado por D. Simão de Sá Pereira. Por um lado, durante os

conflitos entre os castelhanos e o Prior do Crato, o prelado terá fugido para Tui em busca

de proteção, onde permaneceu algum tempo; por outro, declarou D. António como

sendo inimigo universal dos reinos de Portugal148. No seu regresso a Portugal, D. Simão de

143

FREIRE, Anselmo Braamcamp – Brasões da Sala de Sintra. Lisboa: Imprensa Nacional Casa da Moeda, Vol. III, p. 425.

144 Não só D. Manuel de Meneses foi retratado com as suas armas, assim como todos os restantes

reitores da Universidade do Porto, até ao final do século XIX. 145

Ver biografia do bispo D. Simão de Sá Pereira na Ficha prosopográfica, p. 100. 146

CUNHA, D. Rodrigo da – Catálogo e História dos Bispos do Porto. Porto: João Rodrigues, Volume II, 1623, p. 326.

147 Tal ato, terá ficado em registo no Livro da Câmara, provavelmente logo após a Batalha de Alcântara.

SILVA, Francisco Ribeiro da – O Bispo do Porto, o Prior do Crato e o General. Porto: Revista “O Tripeiro”, 7ª Série, Ano XI, nº10, 1992, p. 291.

148Ibidem, p. 291.

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Sá Pereira viu o paço tomado pelo exército do general Sancho de Ávila que, rapidamente

espalhou a infelicidade pelos habitantes da cidade149.

O facto de ter recorrido ao bispo de Tui em busca de proteção demonstrou a

hostilidade ao Prior do Crato150. Nesse sentido D. Simão não se opôs à ideia de ter o

exército espanhol presente uma vez que este se apresentava como fator de libertação do

usurpador que no caso e, na sua ótica, era o Prior do Crato151. Apesar de se sentir

incomodado com a presença do general castelhano no paço episcopal e, depois de ter

informado Filipe II de Espanha dos desaforos provocados pelo seu exército na população

do Porto, D. Simão de Sá Pereira não podia, mesmo assim, deixar de concordar com

Sancho de Ávila: D. António era o inimigo a abater152.

Já doente foi chamado às cortes de Tomar, onde acabou por falecer, em 1581. O

seu corpo foi transladado para a Sé do Porto, tendo sido tumulado na capela de S. Vicente.

Atualmente, nada subsiste nesta capela que lembre o bispo, nem mesmo o seu escudo de

armas. É provável que os seus restos mortais se encontrem debaixo de um enorme

estrado de madeira, que é comum em tantas igrejas de Portugal, tapando as religiosas e

magníficas lajes de granito, ou de mármore…153 Por ter estado tão ocupado com os

problemas dinásticos do pós-guerra de Alcácer Quibir, D. Simão de Sá Pereira viu-se

desprovido das suas funções como bispo. Que haja memória, não podemos apontar

nenhuma obra mandada fundar por D. Simão de Sá Pereira.

No que respeita às suas armas, o bispo escreveu várias cartas sendo muitas delas

dirigidas a Filipe II. É do nosso conhecimento que todas essas cartas eram acompanhadas

por um selo do prelado, estando atualmente no Arquivo de Simancas, em Espanha, todas

as epístolas enviadas pelo bispo ao rei. Contudo, não nos foi possível apresentar nesta

investigação, uma cópia do selo de D. Simão de Sá Pereira. Porém, segundo a leitura de F.

J. Cordeiro Laranjo, através de Mons. J. Augusto Pereira, o escudo de armas apresentava-

se esquartelado: o primeiro e o quarto, enxaquetados de prata e azul, de cinco peças em

149

SILVA, Francisco Ribeiro da – O Bispo do Porto, o Prior do Crato e o General, p. 294. 150

Ibidem, p. 291. 151

Ibidem, p. 292. 152

Ibidem, p. 295. 153

LARANJO, F. J. Cordeiro – Escudos de Armas dos Bispos de Lamego: (1492-1976), p. 121.

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faixa e seis em pala (Sás154); o segundo e o terceiro, de vermelho, cruz florida de prata,

aberta do campo (Pereiras155)156.

Apesar das armas do bispo de apresentarem em selo, podemos afirmar que, tal

como acontece com a maior parte da sigilografia em geral, elas serviriam sem dúvida para

autenticar uma carta ou documento; ou seja, neste caso, autenticavam a missiva enviada

por D. Simão de Sá Pereira ao monarca Filipe II. Não que seja uma novidade para os

historiadores, mas é interessante perceber o quanto um selo heráldico influência no

reconhecimento de um documento, entre as formas e composição que ostenta - podendo

esse ser datado através da leitura esfragística.

2.5. D. António Teles de Meneses

2.5.1 As armas do bispo na Igreja do convento das Chagas

Ao contrário do que se passou com a maioria dos bispos apresentados nesta

dissertação, D. António Teles de Meneses157 apenas teve Lamego como único episcopado.

Porém, terá tido alcança a mesma magnificência e empreendedorismo que os restantes,

ao tutelar, naquela cidade, um grande convento dedicado à Ordem de Santa Clara.

Fundado em 1588, o convento das Chagas tornou-se o primeiro exemplar feminino da

Ordem dos Frades Menores, em Lamego. Esta casa foi mandada edificar em honra das

cinco chagas de Cristo, tendo o bispo escolhido sete irmãs religiosas provenientes do

convento de Santa Clara de Monchique, do Porto, para o habitarem primeiramente.

Assim, foi escolhido o lugar de implantação da capela de S. Sebastião, junto ao

Largo do Tablado, no termo do burgo e fora dos limites do couto episcopal. Por

autorização de Sisto V, em 1589, foram transferidas as ditas irmãs do convento do Porto,

para o novo mosteiro das Chagas constituindo, assim, a primeira comunidade sob a regra

154

Ver Figura 1, na Ficha prosopográfica, p. 92. 155

Ver Figura 2, na Ficha prosopográfica, p. 93. 156

SILVA, Francisco Ribeiro da – O Bispo do Porto, o Prior do Crato e o General, p. 121 Apud FERREIRA, Mons. J. Augusto – Memórias Archeológico-Históricas da Cidade do Porto. Braga: Livraria Cruz e C.A. Lda, Vol. II, 1923, p. 55.

157Ver biografia do bispo D. António Teles de Meneses na Ficha prosopográfica, p.93.

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de Santa Clara, em clausura, na área de Lamego. A 11 de Maio do referido ano deu-se a

tomada de posse das mesmas religiosas, tendo como cargo de primeira abadessa do

mosteiro uma das irmãs do próprio bispo D. António Teles de Meneses, D. Joana da

Conceição158. No ano de 1793, por ordem da Rainha Dona Maria I, o convento uniu-se à

comunidade religiosa de Barrô. Após a extinção das ordens religiosas, em 1834, e na

sequência da morte da última abadessa, em 1902, o convento foi encerrado já com a

maior parte da sua estrutura arquitetónica bastante arruinada.

É precisamente neste local, fundado pelo bispo D. António Teles de Meneses que

encontramos todo o seu espólio heráldico; nomeadamente no portal sudeste da fachada

da igreja159, no cruzeiro da capela-mor revestido a talha, e na sua sepultura. Sendo estas

as únicas representações heráldicas deixadas pelo bispo, iremos abordar de uma forma

geral a sua função social e simbólica da heráldica na arquitetura deste mesmo convento.

A seguinte inscrição encontra-se no portal da igreja:

Do Antonio Tellez de Meneses bpo de Lamego erigio edificou e dotou este mosteiro

da ordem de S. Clara em louvor das cinco Chagas. Anno MDLXXXVIII160

Logo abaixo da mesma inscrição podemos observar colocado o escudo do bispo D.

António Teles de Meneses, esculpido em granito161. O mesmo escudo que repete-se, com

outros formulários decorativos, também no interior e que será o alvo da nossa

investigação.

Comecemos por identificar as famílias representadas no escudo do bispo que,

desta forma, o formam. Verifica-se que este é esquartelado, sendo o primeiro e o quarto

quartéis de prata com um leão de púrpura (pertencente aos Silvas); e o segundo e

158

Apesar de em várias obras estar referenciado o nome de Joana da Conceição, existe uma crónica que menciona o nome Theodora da Conceição e não Joanna. SOLEDADE, Frei Fernando de – História Seraphica. Tomo IV. 568. 1721, p. 313.

159 Ver Figura 6, no Apêndice Iconográfico, p. 118.

160 “D. António Teles de Meneses bispo de Lamego erigiu, edificou e dotou este mosteiro da ordem de S.

Clara em louvor das cinco Chagas. Ano 1588”. Traduzido da inscrição no portal da igreja do mosteiro da Chagas.

161 Ver Figura 1, na Ficha prosopográfica, p. 94.

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terceiro quartéis de ouro liso (pertencente aos Meneses). Segundo A. Braamcamp Freire,

os Tellez não têm armas próprias […]. Para ter armas, precisam de se encontrar ligados

aos apelidos Meneses ou Silva, resultando desta união os Tellez de Meneses, Tellez da

Silva, Tello de Meneses, Tello da Sila e Silva Tellez162.

Por outro lado, os elementos externos revelam a hierarquia do seu título

eclesiástico. Tendo sido atribuído a D. António Teles de Meneses a dignidade episcopal, o

escudo é encimado por um capello ou galero, de cor verde, com dois cordões pendentes,

com as correspondentes 6 borlas da mesma cor, relativas aos bispos. No que respeita à

simbologia que encontramos no brasão, ela traduz de algum modo factos históricos que

nos ajudam na leitura do escudo.

O leão, símbolo da força, da bravura e da nobreza é-nos apresentado como uma

figura heráldica natural, de rampante, de perfil e em pé. As patas dianteiras levantadas e

as traseiras afastadas, estando a da direita levantada, em pose de ataque163. O galero, por

sua vez, é usado na heráldica eclesiástica desde o século XIV, porém só a 21 de Fevereiro

de 1905 é que terá sido regularizado pelo Papa Pio X164. As cordas que saem do interior

do chapéu acabam em borlas que caiem sobre o peito. Tendo vindo a substituir a mitra, o

galero teve como origem os chapéus dos peregrinos.

O Barroco trouxe para a heráldica as formas mais estranhas nos escudos tornando,

por vezes, difícil o desenho de peças no seu interior. De modo a seguir as linhas artísticas

da época, os escudos apresentam-se, assim, com curvas ondulantes, simétricas e

assimétricas, associando elementos não heráldicos à sua estrutura. Do ponto de vista

decorativo, estes demonstram ser exemplares cuja produção é claramente condicionada

pelos gostos estéticos da época.

Analisemos assim as armas do bispo mediante o local onde foram assentes.

Comecemos pelo interior da igreja, precisamente no arco cruzeiro, forma arquitetónica

que separa a nave da capela-mor ou do coro. Aqui as armas165 do bispo sobressaem na

162

FREIRE, A. Braamcamp – Armaria Portuguesa. Lisboa: Cata d’Armas, Editores e Livreiros, 1989, p. 28. 163

RIBEIRO, J. A. Corrêa Leite – Tratado de Armaria. Technica e regras do brasão d’armas, p. 77. 164

ARCO Y GARCIA, Fernando del – Heráldica Eclesiástica, p. 145. 165

Ver Figura 2, na Ficha prosopográfica, p. 94.

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parede entre o arco e a abóbada [...] com o brasão das Cinco Chagas, sob baldaquino, e

na parte inferior o escudo de D. António Teles de Meneses166.

Poderíamos entender o bordo do escudo, como sendo peninsular se não fossem

as formas sinuosas que se apresentam. Claramente classificamos este escudo como

barroquista, não só pela forma do escudo como, também, pela sua envolvência

decorativa a talha. No exemplar que remata o cruzeiro, os leões tomam posições

diferentes daquilo que encontramos no portal, ocupando a segunda e terceira partição.

Algo que acontecia frequentemente com as armas dos Teles de Meneses167.

Um pouco por todo o território português podemos verificar que são muitas as

armas que se encontram colocadas no arco cruzeiro. A maneira como as insígnias do

bispo são projetadas, demonstram a sua dignidade e urbanidade, como fundador desta

igreja; e pela sua importância como bispo de Lamego e inquisidor do reino.

Todavia, podemos encontrar a mesma figura emblemática quer no portal da igreja

das Chagas, quer no túmulo do bispo em questão. No portal, as armas do bispo

posicionam-se por cima da porta mas, mesmo assim, fora do frontão ao contrário de

outros casos estando colocadas dentro do frontão e em grande destaque. Destacamos

aqui o bordo ovalado diferenciando-se do escudo do arco cruzeiro. No nosso entender, a

razão desta colocação das armas poderia ter vários significados: por um lado, as armas no

portal, podem ter sido executadas posteriormente à edificação da igreja e de toda a sua

decoração, tendo vindo a ser colocada em tempos mais recentes – algo que não podemos

aclarar com toda a certeza, por falta de documentos.

Por outro lado, a figura de D. António Teles de Meneses sobressai através de

todos os seus contributos para o engrandecimento da diocese de Lamego, edificando,

entre outros edifícios, o convento das Chagas e o Convento de S. João Pesqueira. Assim, a

pedra-de-armas que se apresenta no portal da igreja das Chagas poderá ter pertencido a

166

SILVA, José Sidónio Meneses da – O Mosteiro das Chagas de Lamego. Vivências, espaços e espólio litúrgico. 1588-1906. Vol. I. Dissertação de Mestrado em História da Arte em Portugal, apresentada à Faculdade de Letras da Universidade do Porto, orientado pelo Professor Doutor Fausto Sanches Martins, em 1998.

167 LARANJO, F. J. Cordeiro – Escudos de Armas dos Bispos de Lamego: (1492-1976), p. 26.

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52

um outro ponto do convento ou da igreja. Ou, porventura, a um outro edifício ou

arquitetura de caráter público.

2.6. D. Martim Afonso de Melo

Inquisidor em Évora e membro do Conselho Geral do Santo Ofício e do Conselho

de Sua Majestade, D. Martim Afonso de Melo 168 foi nomeado bispo de Lamego

circa1599/1600, tendo morrido em 1613 ainda durante o seu episcopado. Para além de

detalhes familiares e exercícios de profissão, sabemos que este bispo quis acudir no

temporal e espiritual a todo o território da diocese169visitando-o. Contudo, não nos foi

possível encontrar nenhum exemplar das suas armas. Sabemos, apenas, da existência de

um selo numa provisão de confirmação dos Estatutos da Confraria e Irmandade de Nossa

Senhora de Cepões, de 10 de Abril de 1604, por indicação de por F. J. Cordeiro Laranjo –

selo cuja existência, hoje, não podemos averiguar170.

Aludem às armas da família Melo171, sendo costume usar um escudo de ”vermelho,

seis besantes de prata, entre uma dobre cruz e bordadura de ouro”172. Presumimos que

esta terá sido a leitura feita pelo autor ao selo anteriormente mencionado.

2.7. D. Martim Afonso Mexia de Tovar

2.7.1. As armas do bispo na capela da Nossa Senhora da Piedade, em

Campo Maior

168

Ver biografia do bispo D. Martim Afonso de Melo na Ficha prosopográfica, p. 95. 169

FONSECA, João Mendes da – Memória Chronológica dos Excelentíssimos Prelados (…) desta cidade de Lamego (…). Lisboa: 1739, p. 101-102.

170 Documento facultado a este autor por um antigo bispo da diocese de Lamego. Desconhecemos de

momento onde este mesmo documento se encontrará. LARANJO, F. J. Cordeiro – Escudos de Armas dos Bispos de Lamego: (1492-1976), p. 122.

171 Ver Figura 1, na Ficha prosopográfica, p. 96.

172Ibidem, p. 123.

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53

Para além dos vários cargos políticos e eclesiásticos que este bispo173 ocupou,

sabemos ter mandado executar várias obras na diocese de Lamego. Natural de Campo

Maior ocupou as cátedras de Leiria, Lamego e Coimbra, tendo ainda ocupado cargos de

subida importância, como o de Chantre na Colegiada de Guimarães, desembargador da

Mesa da Consciência, secretário de Estado de Portugal em Castela, ministro e Embaixador

em Roma e Governador do Reino de Portugal. Enquanto diplomata ao serviço de Portugal

e ministro em Roma, teve como principal função defender das calúnias o sagrado tribunal

do Santo Ofício174.

De regresso a Portugal, esteve presente na cerimónia da transladação da Rainha

Santa Isabel, em Coimbra. Em 1605, aceitou o cargo de bispo de Leiria, tendo mandado

executar várias obras desta catedral: encomendou as pinturas do retábulo-mor a Simão

Rodrigues, mandou Amaro do Vales dourar a capela do Santíssimo, assim como ordenou

a execução das esculturas do retábulo-mor e as grades do Batistério e as capelas de São

Bento e de São José175.

Em 1614, foi confirmado no bispado de Lamego, em vez do de Elvas. Durante os

seus cinco anos de episcopado nesta diocese fundou o convento de frades Carmelitas

Descalços, para ter mais obreiros que pregassem o Evangelho176. Deixou a Sé vaga após

ter sido promovido a bispo de Coimbra e, mais tarde, a governador do reino de Portugal,

com a ausência do rei Filipe.

Regressemos a Campo Maior, Portalegre, terra que o viu nascer e onde foi

sepultado177. As armas que aqui apresentamos a estudo estão presentes na capela de

Nossa Senhora da Piedade, na parede do lado do Evangelho, no interior da Igreja da

Nossa Senhora da Expetação. O escudo apresenta-se no preciso local onde o bispo D.

Martim Afonso Mexia Tovar partilha a sua sepultura com a sua família: escudo

esquartelado: no 1º e 3º com torres atravessadas por uma espada em campo de ouro, no

173

Ver biografia do bispo D. Martim Afonso Mexia e Tovar na Ficha prosopográfica, p. 97. 174

AZEVEDO, Joaquim D. – História eclesiástica da cidade e bispado de Lamego, p. 81. 175

MELO, Maria Luísa de Albuquerque – 450 datas para a história da diocese de Leiria. Leiria: Órgão Oficial da Diocese, Ano III, Nº8, 1995, p. 105.

176 AZEVEDO, Joaquim D. – História eclesiástica da cidade e bispado de Lamego, p. 82.

177 Faleceu em Lisboa, enquanto ocupava o cargo de governador do Estado. O seu corpo foi trasladado

para Campo Maior, onde viria a ser sepultado junto do jazigo da sua família.

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2º e 4º com três faixas de azul178. Nessa parede é visível uma lápide funerária179 em

mármore branca e azul, com as armas do bispo na placa superior, como se de uma

arquitetura se tratasse, rematada por uma cruz.

As armas apresentam um elmo no timbre, provavelmente provenientes de sua

família. No remate estão presentes o galero e as respetivas borlas (6 de cada lado)

símbolo da sua dignidade eclesiástica. Podemos afirmar que esta pedra-de-armas é um

misto entre as armas de família do bispo, devido ao elmo que apresenta e as armas do

bispo. Facto que vem confirmar o seu local de enterro, assim como o de sua família. Na

placa inferior finalizada por uma borla, podemos ler a seguinte inscrição:

AQUI.IAZ.O.ILVSTRISIMO.SENHOR.DOM.MARTIM.AFONÇO.MEXIA.BISPO

.DE.COIMBRA.CONDE.DE.ARGANIL.E.NATURAL.DESTA.VILA.QVE.FALEC

EU.A.30.DE.AGOSTO.DE.1623.SENDO.GOVERNADOR.DESTE.REINO.ESTA

.CAPELA.HE.SVA.E.DOS.PESVIDORES.DOS.2.MORGADOS.QVE.O.DITO.SE

NHOR.DEIXOU.A.SEVS.SOBRINHOS.COM.IAZIGO.PARA.ELLES.E.PARA.SE

VS.SVSSOSSORES.COM.O.BRIGAÇÃO.DE.MISSAS.COTIDIANAS.POR.SVA.A

LMA.E.DE.SEVS.PAIS.

Podemos determinar a existência de um manuscrito presente na Biblioteca

Nacional de Portugal, patrocinado pela bispo, intitulado de “Breve discurso contra a

herética perfídia do judaísmo […]” 180 , onde vemos representadas as suas armas

eclesiásticas181. Através deste exemplar, podemos obter a leitura precisa182 do escudo,

tomando conhecimento da composição da pedra-de-armas existente na capela. Assim,

teríamos a mesma tradução que o da capela com o chapéu de prelado no paquife e as

borlas, com a ordem 3x6 – total de 12 –, número correspondente à dignidade de D.

178

LARANJO, F. J. Cordeiro – Escudos de Armas dos Bispos de Lamego: (1492-1976), p. 123. 179

Ver Figura 7, no Apêndice Iconográfico, p. 119. 180

MATOS, Vicente da Costa – Breve discurso contra a herética perfídia do judaísmo […]. Lisboa: Pedro Craesbeeck Impressor do Rei, 1623.

181 Ver Figura 8, no Apêndice Iconográfico, p. 120.

182 Segundo F. J. Cordeiro Laranjo, não se consegue obter uma interpretação precisa da pedra-de-

armas. LARANJO, F. J. Cordeiro – Escudos de Armas dos Bispos de Lamego: (1492-1976), p. 123.

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Martim Afonso Mexia e Tovar. Nesta representação um novo elemento é introduzido a

coroa, símbolo de conde e de grande personalidade do reino, cargos ocupados pelo bispo.

D. Martim Afonso Mexia ocupou os cargos de Conde Arganil e senhor de Coja183, assim

como o já referido cargo de governador do reino de Portugal.

Pelo que pudemos apurar nesta investigação, não existe qualquer emblema

heráldico em honra do bispo D. Martim Afonso Mexia, em qualquer das obras conhecidas

que mandou executar, à exceção da sua lápide tumular. Contudo, poderíamos considerar

as armas no manuscrito184, Breve discurso contra a herética perfídia do judaísmo, de

Vicente da Costa Mattos como uma distinção deixada pelo bispo, visto ter sido ele o seu

patrocinador.

2.8. D. João de Lencastre

Ao invés dos prelados da diocese de Lamego a que já aludimos, D. João de

Lencastre185 teve um período curto de governo episcopal. Facto que se terá devido às

graves moléstias186padecidas durante o episcopado lamecense. De resto, pouco se sabe

sobre biografia deste bispo e do seu serviço enquanto eclesiástico. Consta que terá

exercido o cargo de capelão-mor durante o reinado filipino, assim como está atestada a

sua presença nas cortes de Lisboa, aquando da aclamação de Filipe III ao trono187. Por se

encontrar muito doente, D. João de Lencastre refugiou-se no antigo Colégio dos

Jerónimos, em Coimbra, onde veio a falecer, deixando por completar os seus quatro anos

183

Estes dois cargos estão relacionados com o seu bispado em Coimbra. Em 1082 foi doada à Sé de Coimbra os castelos de Arganil e Coja, pelo conde D. Henrique e sua mulher D. Teresa, passando assim a ser atribuído aos bispos o título senhores de Coja. Quanto ao título de Conde de Arganil, esse passou a ser atribuído aos bispos de Coimbra, a partir do reinado de D. Afonso V. SILVA, Ana Margarida Dias da; BANDEIRA, Ana Maria; MENDES, Marta Gama - Mitra Episcopal de Coimbra: descrição arquivística e inventário do fundo documental. Coimbra: Boletim do Arquivo da Universidade de Coimbra, Vol. XXIII e XXIV, 2007, p. 115-166.

184 MATTOS, Vicente da Costa – Breve discurso contra a herética perfídia do judaísmo […]. Lisboa:

Pedro Craesbeeck Impressor del rey, 1623. 185

Ver biografia do bispo D. João de Lencastre na Ficha prosopográfica, p. 99. 186

AZEVEDO, Joaquim D. – História eclesiástica da cidade e bispado de Lamego, p. 83. 187

Ibidem, p. 83.

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de episcopado lamecense. Nenhum escudo de armas, deste bispo, chegou até nós sendo

impossível avaliar quaisquer insígnias, por falta de informação.

2.9. D. João Coutinho

2.9.1. As insígnias do arcebispo na paramentaria

As armas do bispo188 a desenvolver no presente tema reportam-se ao universo das

artes decorativas em Portugal, através da riqueza da ornamentação da estética barroca.

Para se compreender a função das armas na capa de asperges189 que aqui apresentamos

a estudo, devemos ter em consideração a sua principal utilidade e a importância da arte

dos têxteis litúrgicos.

No que respeita à sua função sabe-se que a capa de asperges – ou pluvial190 -

deveria abrigar o sacerdote no exterior da Igreja quando eram realizadas procissões.

Porém, não só eram usadas no exterior, como também no interior das igrejas para as

bênçãos191 durante a liturgia. A este aspeto associa-se o espaço sagrado para o qual são

concebidos os pluviais, tendo em conta todo o seu volume e aparato. Para além da

música sacra, do incenso, das orações e da integração no espaço arquitetónico da igreja,

o sacerdote apresenta-se neste ritual cristão, envergando tal indumentária como

elemento de uma manifestação quase teatral.

Neste sentido, a função dos paramentos ricamente bordados não é meramente

decorativa mas, em primeiro lugar, é de reforço do mecanismo de atração dos sentidos

dos crentes192. O Barroco, no contexto litúrgico católico, trouxe consigo um sentimento

de decoração quase exaustivo; é neste contexto que surge a arte dos bordados na

paramentaria.

188Ver biografia do bispo D. João Coutinho na Ficha prosopográfica, p. 100.

189 Ver Figura 9 e 10, no Apêndice Iconográfico, p. 121-122.

190 Do latim Pluvia, que significa Chuva. BLUTEAU, Padre D. Rafael – Vocabulario Portuguez E Latino,

áulico, anatómico, architectonico, bellico, botanico, brasilico, comico, critico, chimico, dogmatico, … Lisboa: Coimbra: Collegio das Artes da Companhia de Jesu, 1712-1728, vol. 6, p. 554.

191Ibidem, p. 554.

192 ALVES, Natália Marinho Ferreira – Nótula para o estudo da paramentaria bracarense no século XVIII.

Porto: Revista da Faculdade de Letras: História, II série, vol. 8, 1991, p. 308.

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Não podemos precisar o local onde a capa de asperges do arcebispo D. João

Coutinho terá sido executada193 . Porém é geralmente considerado que seria nos

conventos que este tipo de trabalho artístico era manufaturado. Como tal, podemos

assinalar uma forte possibilidade de este tipo de trabalho ter sido realizado por homens

em oficinas monásticas especializadas neste tipo de trabalho194.

Neste caso, a capa de asperges realça as formas decorativas muito usadas no

século XVII, em Portugal. Um manto de cetim vermelho, bordado a fio de seda e ouro,

com um forro, também de vermelho e lantejoulas embutidas. Este tipo de decoração

complexa demonstra esplêndidas formas de arabescos e arranjos florais em imitação de

copos de barro, bordados a seda policromada, com tons de azul, amarelo e branco195.

Todo este trabalho é finalizado com as armas do bispo, também estas lavradas a fio de

ouro e seda, colocadas nos cantos inferiores da dianteira da capa.

O escudo apresenta as insígnias dos Coutinhos, contendo um único campo em

ouro, com cinco estrelas vermelhas196 (apesar da policromia estar muito esbatida) sendo

encimado pelo galero do arcebispo, apresentando um tom dourado (em vez do habitual

verde), com as borlas de cor verde em esquema de 2x10 determinando assim a dignidade

eclesiástica de D. João Coutinho. Não era muito comum nestes tempos e em tempo

algum acrescente-se, encontrar as insígnias de uma figura da igreja realizadas neste tipo

de vestes litúrgicas.

Comparativamente a outras peças de paramentaria, nomeadamente pluviais,

pudemos apurar que são poucos os casos como a capa de asperges de D. João Coutinho,

gravada com as suas armas.

Na base destas armas está o apelido Coutinho que, o arcebispo recebeu do lado

materno. Em primeiro lugar, há que perceber a razão de apenas ostentar as armas dos

Coutinhos e não a dos Câmaras, apelido do seu pai Rui Gonçalves. Ora, este facto poderá

193

É do nosso conhecimento que esta peça pertence à Mitra de Évora, diocese do arcebispo no século XVII, estando hoje presente no Museu de Évora. ESPANCA, Túlio – Inventário Artístico de Portugal. Cidade de Évora. Évora. Lisboa: Academia Nacional de Belas-Artes, 1966, p. 52.

194 Tal como refere Natália Marinho Ferreira Alves em, Natália Marinho Ferreira – Nótula para o

estudo da paramentaria bracarense no século XVIII […], p. 308. 195

ESPANCA, Túlio – Inventário Artístico de Portugal. Cidade de Évora […], p. 52. 196

LARANJO, F. J. Cordeiro – Escudos de Armas dos Bispos de Lamego: (1492-1976), p. 125.

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estar ligado aos antepassados de D. Joana Blaesvelt – mãe de D. João Coutinho – cujo

título nobiliárquico era o dos Condes de Marialva, atribuído por D. Afonso V, em 1440197.

Porém, do lado paterno, os Câmara, provêm de João Gonçalves Zarco, antigo navegador

português e povoador do arquipélago da Madeira198. Deve assim presumir-se que o

apelido Coutinho teria nesta época uma maior projeção social decorrente da antiguidade

e da origem do mesmo. Dado que D. João Coutinho recebeu o apelido da mãe poderá ter

sido este o motivo para o uso das armas dos Coutinhos.

2.10. D. Miguel de Portugal

2.10.1. As armas do bispo na cruz de assento da Sé de Lamego

No que respeita à diplomacia portuguesa do século XVII, D. Miguel de Portugal199

foi um dos prelados que mais se destacou, sendo bispo de Lamego. Descendente dos

Duques de Bragança, foi-lhe atribuído um lugar no Santo Ofício de Coimbra como

deputado, assim como o de Inquisidor em Évora. Nomeado bispo de Lamego ainda

durante o domínio filipino200, ocupou aquela cadeira prelatícia entre os anos de 1636 e

1643 e, na sequência da Restauração, em 1640, logo se apresentou em Lisboa a pedido

de D. João IV, sob pretexto de visita ad Sacra Limina201exercendo o papel de embaixador

extraordinário em Roma.

Para que se compreenda a ida do nosso bispo a Roma, é fundamental recuarmos

até 1580, data do início da dinastia espanhola, em Portugal. Após a Batalha de Alcântara,

o rei Filipe II de Espanha (depois Filipe I de Portugal), jurou nas cortes de Tomar respeitar

as leis, costumes e posturas de Portugal, nomeadamente a manutenção da língua

197

FREIRE, Anselmo Braamcamp – Brasões da Sala de Sintra, p. 49-59. 198

ZÚQUETE, Afonso Eduardo Martins – Armorial Lusitano: genealogia e heráldica, p. 129-130. 199

Ver biografia do bispo D. Miguel de Portugal na Ficha prosopográfica, p. 102. 200

SARAIVA, Anísio Miguel de Sousa (coord.) – Espaço, Poder e Memória: A Catedral de Lamego, sécs. XII a XX, p. 91.

201 BORGES, A. Antunes – Provisão dos Bispados e Concílio Nacional no Reinado de D. João IV. Lisboa:

Lusitania Sacra: Revista do Centro de Estudos de História Religiosa, 1957, Tomo II, pp. 111-219.

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portuguesa como a única língua oficial de todas as chancelarias202. De um modo geral, o

domínio espanhol foi bem aceite pela nobreza portuguesa muito devido à influência de

Espanha na Europa e, também, no mundo.

Esta aceitação veio a deteriorar-se nos reinados de Filipe II203e, principalmente, no

reinado de Filipe III que, optou por não respeitar o juramento feito pelos seus

antecessores e por ele mesmo, nas cortes de Tomar. A nobreza e a burguesia viram

perdidos os seus negócios e possessões. No caso desta última classe, verifica-se como

facilmente as frotas portuguesas eram atacadas pelos holandeses e ingleses, assim como

por piratas, sem que houvesse uma intervenção ou proteção do lado castelhano. A

população estava revoltada com a subida de impostos e a subida do preço do trigo,

aumentando a tensão popular e propiciando o início de motins e manifestações.

A Restauração de 1 de Dezembro de 1640 restabeleceu o governo de Portugal

aclamando D. João IV como rei de Portugal. De maneira a ser reconhecida a

independência portuguesa, D. João IV determinou o envio de missões diplomáticas às

principais Cortes europeias204, com o intuito de conseguir apoio financeiro e militar. Uma

dessas missões diplomáticas foi a de D. Miguel de Portugal que, em 1641, partiu como

embaixador para a Santa Sé, a fim de recuperar uma antiga tradição dos nossos

soberanos, prestando obediência ao Papa, em Roma.

Apesar da tentativa de assassinato do bispo, por parte de Castela, D. Miguel de

Portugal permaneceu em Roma na esperança de poder ser ouvido pelo Papa. Com a

recusa deste em recebê-lo, o bispo de Lamego retornou a Portugal, ficando em Lisboa

onde ocupou o cargo de conselheiro do Estado e, mais tarde, o de Arcebispo de Lisboa,

lugar que nunca chegou a ocupar, tendo falecido no mesmo ano da sua nomeação.

202

DIAS, Eurico Gomes – A intervenção de D. Miguel de Portugal, bispo de Lamego, no arranque da diplomacia portuguesa na Restauração, p.9.

203Ibidem, p. 10.

204DIAS, Eurico Gomes – A intervenção de D. Miguel de Portugal, bispo de Lamego, no arranque da

diplomacia portuguesa na Restauração, p. 10.

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Em toda a sua vida enquanto bispo de Lamego, dedicou grande parte do seu

tempo à embaixada205e como tal deixou poucas obras, sendo uma delas, porém de

grande importância: uma cruz de assento206 que mandou realizar para uso privado.

Produzida no século XVII, esta magnífica obra feita em bronze dourado e prata fundida

apresenta uma cruz em forma de tau, de haste e braços lisos, de secção retangular, com

escultura de vulto de Cristo e inserção de tabela com inscrição, no topo da haste207.

Objeto valioso, este trabalho de ourivesaria apresenta uma decoração austera, própria de

seiscentos, dando maior importância ao trabalho da cruz e da figura de Cristo do que o

resto do conjunto, que é ainda sublimada pelo contraste cromático em relação à cruz,

contribuindo para o sentido de equilíbrio208.

Na base retangular desta cruz posicionam-se as armas209 do bispo D. Miguel de

Portugal. O escudo apresenta-se lavrado sem policromia, de bordo ovalado e com um

floreado barroco decorativo em torno da bordadura, atribuindo uma melhor conceção às

armas, tal como era caraterístico na heráldica desta época. Na bordadura do escudo

podemos ler a seguinte inscrição:

+ D.MICAELIS.DE.PORTUGAL.EPISCOPI.LAMACENSIS210

Por norma, mesmo sem policromia, são atribuídas às peças esculpidas formas que

identifiquem esmaltes referentes a cada família. Não podemos deixar de observar que

existem alguns erros nas armas de D. Miguel de Portugal referente à posição dos

esmaltes e à sua representação.

205

Com o domínio filipino, Portugal começou a perder a nível económico principalmente no interior do reino. Deste modo, as dioceses começaram a perder alguma da sua importância a termos económicos e culturais, tal como aconteceu em Lamego. SARAIVA, Anísio Miguel de Sousa (coord.) – Espaço, Poder e Memória: A Catedral de Lamego, sécs. XII a XX, p. 136.

206 Ver Figura 11, no Apêndice Iconográfico, p. 123.

207 RESENDE, Nuno – O Compasso da Terra. A arte enquanto caminho para Deus. Lamego: Diocese de

Lamego, Vol. 1, 2006, p. 202. 208

Ibidem, p. 202. 209

Ver Figura 12, no Apêndice Iconográfico, p. 123. 210

Ibidem, p. 202.

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Segundo a leitura de F. J. Cordeiro Laranjo, as armas da família de D. Miguel de

Portugal, descendente da Casa de Bragança e dos Condes de Vimioso, apresentar-se-iam

da seguinte maneira: de prata, aspa de vermelho, carregada de cinco escudetes das

armas do reino, diferenciadas por um filete negro sobreposto em barra, e de quatro cruzes

floridas de prata, vazias de vermelho, alternando com os escudetes211. Nas armas desta

peça aspa apresenta-se de prata em vez de vermelho e o fundo do escudo apresenta-se

de azul em vez de vermelho. O chapéu prelatício de perfil possui o esmalte púrpura em

vez de verde, com o número de borlas pendentes referentes a um arcebispo em vez de

bispo.

É certo que no final da sua vida foi nomeado arcebispo de Lisboa; no entanto, é da

nossa opinião que antes desse cargo esta peça já seria usada por D. Miguel de Portugal

enquanto bispo de Lamego, tendo sido usada como devoção privada. Mas se assim for o

número de borlas estará igualmente incorreto, atribuindo a D. Miguel de Portugal a

dignidade errada em que estava então empossado. Cabe-nos focar, ainda, a coroa no

timbre do escudo referente ao título de conde usado na sua família212.

2.11. D. Luís de Sousa

2.11.1. As armas do arcebispo na fachada da igreja de S. Vítor

Nascido no seio de uma família aristocrática, D. Luís de Sousa213 rapidamente se

revelou uma das figuras diplomáticas mais importantes do século XVII português. Desde

cedo e, ao longo de toda a sua vida, teve como objetivo a carreira eclesiástica, primeiro

como bispo de Lamego e, mais tarde, como arcebispo de Braga. No entanto, foi como na

função como embaixador extraordinário do rei D. Pedro II, em Roma, que recebeu mais

destaque. Enquanto bispo de Lamego terá reedificado os paços episcopais e, como lhe

211

LARANJO, F. J. Cordeiro – Escudos de Armas dos Bispos de Lamego: (1492-1976), p. 126. 212

RIBEIRO, J. A. Corrêa Leite – Tratado de Armaria. Technica e regras do brasão d’armas, p. 126. 213

Ver biografia do bispo D. Luís de Sousa na Ficha prosopográfica, p. 104.

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impunham os preceitos pastorais de um antístite tridentino, visitado o território

diocesano214.

Em 1674, aquando uma deslocação a Lisboa, onde já tinha estado anos antes

como deputado da Mesa da Consciência e Ordens, com a finalidade de participar nas

Cortes onde iria ser declarada D. Isabel Luísa, filha regente de D. Pedro, como herdeira do

trono, é-lhe atribuída a nomeação como embaixador extraordinário de Portugal em Roma,

a D. Luís de Sousa, com o objetivo de reativar os tribunais do Santo Ofício, há muito

suspensos. D. Luís de Sousa, porém, só a 18 de Setembro de 1675 partiria para Roma.

Durante os cinco anos que permaneceu em Roma, o embaixador terá ficado

alojado no então Palácio Poli215. Segundo relatos do seu próprio diário216, não só de

objetivos de negócios da corte se fez esta viagem; mas, também, de conhecimentos sobre

a nova corrente artística e cultural do último quartel do século XVII. É em Roma que nasce

o Barroco – tal como tinha acontecido com a maior parte dos movimentos artísticos – nas

artes plásticas.

Sendo este um estilo correspondente aos anseios propagandísticos da Reforma

Católica, o Barroco não tardou em disseminar-se por toda a Europa católica. Os seus

efeitos teatrais, assim como a complexidade do espaço na arquitetura, deslumbraram o

embaixador e prelado D. Luís de Sousa que, de certo modo, na chegada a Lisboa, terá

trazido consigo todos os apontamentos necessários para que firmar o gosto e

magnificência daquele estilo.

A sumptuosidade daquele estilo viria a ser implementada mais tarde na edificação

de umas das igrejas mais imponentes de Braga, totalmente reerguida por iniciativa de D.

Luís de Sousa. Após a chegada a Lisboa, em 1682, o arcebispo217 D. Luís de Sousa

encaminhou-se para Braga para iniciar assim as suas funções na arquidiocese. A ele se

214AZEVEDO, Joaquim D. – História eclesiástica da cidade e bispado de Lamego, p. 87.

215 VALE, Teresa Leonor M. do – Palácio Poli: residência de um embaixador de Portugal na Roma

barroca. Porto: Revista da Faculdade de Letras de Ciências e Técnicas do Património, I série, vol. IV, 2005, pp. 155-168.

216 Ver transcrição em: VALE, Teresa Leonor Magalhães do – Diário de um Embaixador português em

Roma (1676-1678), 2006. 217

O cargo de arcebispo ter-lhe-á sido atribuído durante a sua missão em Roma. Decorria então o ano de 1677, quando o Papa Inocêncio XI, pela bula Romani Pontificis, invetiu D. Luís de Sousa como arcebispo de Braga. AZEVEDO, Joaquim D. – História eclesiástica da cidade e bispado de Lamego, p. 88.

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deve, portanto, a refundação da igreja de S. Vítor, onde viria a aplicar as suas armas, quer

no seu interior, quer na fachada do edifício.

A igreja de S. Vítor218 foi mandada levantar por D. Luís de Sousa, tomando o lugar

de um antigo templo ali implantado. A ele se deve a ideia da arquitetura, da decoração a

azulejo e o retábulo-mor da igreja. Projetando a igreja como da sua responsabilidade no

urbanismo bracarense, a mesma devia impor-se na paisagem com imponência. É deveras

interessante o local onde esta igreja foi edificada, no alto de uma pequena elevação

artificialmente alterada […] visível de vários os lados, inclusive das muralhas da cidade219.

Algo que nos remete para a tipologia de igreja-santuário.

Por outro lado, é interessante e pertinente o facto de esta se encontrar

sensivelmente no centro do percurso a porta da cidade e o santuário do Bom Jesus. Para

a o projeto e construção do edifício o arcebispo nada quis com os artistas da cidade tendo

escolhido, entre outros, Michel de l’École220, um conhecido engenheiro militar francês. É

ainda no Porto que D. Luís de Sousa encontrou o entalhador Domingos Lopes, que irá

executar o retábulo-mor.

Desde o início que o projeto de L’École, de certo modo, já se traduz numa

linguagem mais barroca. É certo que o seu exterior não é mais do que uma fachada ainda

muito austera, executada em granito escuro sem qualquer tipo de decoração. Porém, já

se vê nota novidade estética como a introdução de floreados nas cartelas e o óculo. É no

meio de toda esta grandiosidade exterior que o arcebispo D. Luís de Sousa introduz no

frontão da fachada da igreja de S. Vítor, a sua pedra-de-armas221.

De acordo com a leitura de F. J. Cordeiro o escudo de armas de D. Luís de Sousa

apresenta-se esquartelado: o primeiro e o quarto, de prata, cinco escudetes de azul, em

cruz, carregados cada um de cinco besantes do campo, bordadura de vermelho carregada

de oito castelos de ouro e por diferença, filete negro sobreposto em barra, o segundo e o

218

Ver Figura 13, no Apêndice Iconográfico, p. 124. 219

OLIVEIRA, Eduardo Pires de – A Freguesia de São Vítor (Braga). Braga: Junta de Freguesia de São Vítor, 2001, p. 132.

220 Poucos estudos existem sobre a obra de Michel l’École, porém veja-se: MOREIRA, Rafael –

Dicionário de Arte Barroca em Portugal. Lisboa: Presença, 1989, p. 259-260. 221

Ver Figura 14, no Apêndice Iconográfico, p. 125.

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terceiro de vermelho, caderna de crescentes de prata222, da família dos Sousa de

Arronches.

É interessante perceber que apesar de todo o rigor heráldico existente nesta

pedra-de-armas, por exemplo no timbre, onde podemos encontrar a simbologia referente

à carreira eclesiástica do arcebispo, deparamo-nos com alguns erros. Na data da

edificação da igreja, D. Luís de Sousa já se encontrava no cargo de arcebispo de Braga.

Porém, se numerarmos as borlas presentes nas armas do prelado, podemos perceber que

apenas são seis, em três ordens (1, 2, 3), quando no caso dos arcebispos contam-se

sempre dez borlas em quatro ordens. No que respeita a ordem das borlas, no caso do

arcebispo, conta-se sempre quatro e não três223, como vemos neste exemplo. Deste

modo, teríamos de indicar que estaríamos perante as armas de um bispo e não de um

arcebispo.

O seu posicionamento no frontão da fachada pode-se dizer que é estratégico. O

facto de esta igreja ter sido construída em grande parte por iniciativa de D. Luís de Sousa

e, de igual forma, pela sua fama como embaixador extraordinário em Roma, fez do

prelado uma das personalidades de então, mais destacadas da época. No nosso entender

as armas que aqui apresentamos em estudo, servem para salientar essa mesma

importância, não só pela sua decoração barroca, através dos floreados em torno do

escudo mas, essencialmente pela sua dimensão.

Ao confrontarmos estas armas com outras enunciadas na nossa dissertação

podemos observar que, mais nenhuma teve o destaque dado às armas de D. Luís de

Sousa, na fachada da igreja de S. Vítor. A sua dimensão de certa forma traduz a sua

grandeza enquanto arcebispo de Braga, entre outros cargos que foi tendo ao longo da sua

vida. Do nosso ponto de vista, o facto de ter nascido no seio de uma família aristocrática e,

ao mesmo tempo, por ter chegado a embaixador do rei D. Pedro II em Roma, contribuiu

para elevar o seu nome ao nível mais alto do clero. Também podemos observar as

222

LARANJO, F. J. Cordeiro – Escudos de Armas dos Bispos de Lamego: (1492-1976), pp. 126-127. 223

RIBEIRO, J. A. Corrêa Leite – Tratado de Armaria. Technica e regras do brasão d’armas, p. 128.

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mesmas armas mas, desta vez gravadas em talha, no interior da igreja quer no cruzeiro224

da capela-mor225, quer ainda no retábulo-mor226.

2.11.2. As armas do arcebispo no órgão positivo do coro da Nossa Senhora

da Conceição da capela de S. Geraldo

Uma das peças de maior importância já alguma vez encomendadas pelo arcebispo

foi de facto este magnífico órgão positivo227, com o intuito de o integrar na capela de S.

Geraldo228, na Sé de Braga. Desconhece-se ao certo o nome do seu artífice, mas sabe-se

que foi um trabalho realizado por autores portugueses, tendo como base a linguagem

artística oriental. Executado na segunda metade do século XVII, este órgão apresenta

uma pintura acharoada, com traços de desenhos e policromia de influência ultramarina.

As figuras presentes são de facto europeias, porém com um carácter oriental. Toda a

superfície da caixa paralelepipédica é decorada por ornamentos vegetalistas, dourados e

contornados a negro.

A peça era para ser vista na sua totalidade, e daí encontrarmos a mesma

decoração em torno do órgão. Neste órgão as armas229 do arcebispo D. Luís de Sousa são

colocadas em lugar de destaque, desenhadas e policromadas no cimo da caixa superior

em forma de maceira. Tal como acontece com a pedra-de-armas no frontão da fachada

da igreja de S. Vítor aqui, as armas de D. Luís de Sousa recebem um lugar de destaque.

Da mesma maneira que as dimensões do escudo continuam a ser extravagantes,

por forma a mostrar a grandeza do arcebispo, o mesmo floreado barroco é apresentado

224

As armas de D. Luís de Sousa talhadas no cruzeiro foram realizadas entre o ano de 1905 e de 1906, na oficina bracarense do artista Sousa Braga. COSTA, Luís – Igreja de S. Vítor. Elementos para a História deste templo. Braga: Edição da Paróquia de S. Vítor, 1979.

225 Ver Figura 15, no Apêndice Iconográfico, p. 126.

226 Ver Figura 3, na Ficha prosopográfica, p. 106.

227 Ver Figura 16, no Apêndice Iconográfico, p. 127.

228 Presume-se realmente que este tenha sido o seu destino. Contudo, alguns estudiosos, assim como

conservador do museu do tesouro da sé de Braga, ainda põem em causa se esse terá sido realmente o local para onde terá sido encomendado ou antes capela privativa do Paço Arquiepiscopal.

229 Ver Figura 4, na Ficha prosopográfica, p. 107.

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nas armas deste órgão. Desta vez, porém, porém, o desenho é conseguido através de

policromia dourada e verde230. No fundo esta forma de enquadrar as suas armas de

família e eclesiásticas nas peças e edifícios que encomendava, serviam alguma maneira

para estabelecer uma relação de proximidade do sentimento pela sua obra, quase como

se fosse a sua própria assinatura por meio de símbolos heráldicos.

2.12. D. Frei Luís da Silva Teles

2.12.1. As armas do bispo na escrivaninha do Paço Episcopal de Évora

D. Luís da Silva Teles231 enveredou desde cedo pela carreira eclesiástica, tendo

integrado a ordem dos Frades Trinitários. Foi em 1664 eleito pelo Capítulo Provincial

Reitor do Colégio de Coimbra e, mais tarde, ascendeu na ordem religiosa da Santíssima

Trindade, a que pertencia232. Foi nomeado Capelão Mor e Deão da Capela Real e, mais

tarde, Deputado da Junta dos três Estados; em 1671, foi apresentado por D. Pedro II

como, Bispo de Ticiopoli. Tomou posse do bispado de Lamego no ano de 1677, onde

permaneceu durante oito anos, para mais tarde abdicar e tomar a cadeira prelatícia da

Guarda. Em 1691, com a morte do Papa Alexandre VIII e a eleição de Inocêncio XII, foi

nomeado Arcebispo de Évora tendo fundado em Estremoz a casa dos Congregados do

Oratório.

Mostrou-se sempre misericordioso pelos mais pobres, reservando sempre uma

parte da colheita do seu celeiro para os mais necessitados. Durante toda a sua vida

renunciou a luxos reduzindo os adornos nos paços episcopais e, das diversas vezes que

visitava as Dioceses, repartia esmolas pelos pobres, dava instruções e castigos, quando

necessários. Todos os domingos e, nas festa solenes, repartia esmolas aos estudantes

230

A cor verde que cobre o galero e as borlas é usada para distinguir o arcebispo e o bispo dos outros cargos eclesiásticos. RIBEIRO, J. A. Corrêa Leite – Tratado de Armaria. Technica e regras do brasão d’armas, p. 128.

231 Ver biografia do bispo D. Luís da Silva Teles na Ficha prosopográfica, p. 108.

232 SAO JOSÉ, Jerónimo de - Historia chronologica da esclarecida ordem da SS.Trindade, redempçao de

cativos, da provincia de Portugal […] Lisboa: Off. De Simão Thaddeo Ferreira, 1789-1794, Vol. II, p. 290.

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mais pobres. Para os mais necessitados, nunca as portas do seu Palácio estiveram

fechadas; mas sempre patentes para o socorro233. Na diocese de Lamego para além das

obras que mandou efetuar no paço episcopal, D. Frei Luís da Silva Teles ordenou a

execução da capela do Santíssimo Sacramento, na Sé de Lamego. Nesta mesma cidade

mandou imprimir as Constituições Sinodais, assistidas por D. Miguel de Portugal, em 1639.

Em Évora mandou fazer as portas da catedral com madeiras oriundas do Brasil,

assim como outros trabalhos no interior da igreja. Na mesma cidade fundou o Colégio dos

Meninos do Coro e a Casa da Congregação do Oratório, de Estremoz. Mandou executar

obras nas igrejas de Santo Antão, São João de Montemor e São Sebastião e nos conventos

de Santa Mónica e São José, entre muitos outros234. Morreu em Évora no ano de 1703,

aos setenta e seis anos de idade, tendo sido tumulado na capela-mor da Sé de Évora. Na

História Genealógica da Casa Real, D. António Caetano de Sousa refere a epígrafe gravada

na sua sepultura:

sepultura do Senhor Dom Frey Luiz da Sylva Telles, religioso da Santissima

Trindade, de ilustre família dos Sylvas Telles, Mestre em Theologia, Bispo, e Deão da

Capella Real, da Junta dos Tres Estados, Bispo de Lamego, e da Guarda, Arcebispo de

Évora, insigne no Pulpito, magnifico bemfeitor das Santas Igrejas, singular esmoler para as

Religioens, admirável na caridade para os pobres, e perfeito exemplar de Prelados.

Faleceo em Evora com ditosa morte, aos 13 de Janeiro de 1703, aos setenta e seis da sua

idade; viverá para sempre a memoria das suas virtudes235.

A escrivaninha236 adquirida por D. Frei Luís da Silva Teles foi executada entre 1690

e 1700, durante o seu arcebispado em Évora. Segundo consta no inventário do Museu de

Évora, este móvel foi executado por um ourives de Lisboa, conforme podemos verificar

nas marcas deixadas pelo mesmo e, pela fiscalização realizada a cabo pelo ensaiador

233

Ibidem, p. 291. 234

SAO JOSÉ, Jerónimo de - Historia chronologica da esclarecida ordem da SS.Trindade, redempçao de cativos, da provincia de Portugal […], p. 291.

235 SOUSA, António Caetano de – História Genealógica da Casa Real Portuguesa […]. Lisboa: Oficina de

Joseph António da Sylva, 1735-1749, tomo IX, p. 205-206. 236

Ver Figura 17, no Apêndice Iconográfico, p. 128.

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municipal237. Conforme refere Túlio Espanca este conjunto foi adquirido, juntamente com

outras peças, para a Casa da Relação da Arquidiocese de Évora. O mesmo expõe a

reconstrução da sala do tribunal, então ocupada pelo arcebispo,

marcado por um dossel sob o qual se sentava o arcebispo, rodeado pelas

cadeiras forradas de couro dos quatro secretários. No lado oposto, um longo bufete,

certamente de madeira exótica, estava guarnecido com gavetas de ambos os lados

para se guardarem os documentos. O dossel, a mesa e as cadeiras estavam cobertas e

decoradas com tecidos de damasco e seda roxos – cor associada à dignidade do arcebispo

-, e as três escrivaninhas de prata, colocadas sobre o bufete, sublinhavam a solenidade do

próprio ato da escrita, nas determinações emanadas da autoridade arquiepiscopal238.

A escrivaninha era composta por um tabuleiro, dois tinteiros, um areeiro239 e um

porta-penas de bases circulares e uma campainha, todos marcados com as armas do

arcebispo. Os tinteiros e o areeiro apresentam a forma de uma urna, ao paço que o porta-

penas ostenta quatro orifícios para a colocação das penas usadas na escrita. A campainha

ornamentada de forma diferente é dividida em quatro tramos com motivos geométricos,

como se de uma cúpula se tratasse. Cada chanfro é finalizado com volutas enroladas no

interior, como suporte da campainha240. Todo o conjunto foi trabalhado ao modo

maneirista com pouca ou quase nenhuma ornamentação, salientando-se as linhas

curvas241.

As armas242 de D. Frei Luís da Silva Teles apresentam-se em todas as peças da

escrivaninha, esquartelado: o primeiro e o quarto de ouro liso, que é de Meneses; e o

segundo e o terceiro de prata, leão de púrpura, armado e linguado de azul, que é de

237

GARCIA, Isabel Penha (co-autor) – Inventário do Museu de Évora: coleção de ourivesaria. Lisboa: Instituto Português de Museus, 1993, p. 278.

238 ESPANCA, Túlio – Memória da Vida e Morte do 10.º Arcebispo de Évora, D. Frei Luís da Silva Teles.

Évora: Revista “A Cidade de Évora”, n.ºs 69-70, 1986-1987, p. 137-138. 239

O areeiro continha areia de modo a ser utilizada para poder absorver o excesso de tinta. GARCIA, Isabel Penha (coautor) – Inventário do Museu de Évora: coleção de ourivesaria, p. 278.

240 GARCIA, Isabel Penha (coautor) – Inventário do Museu de Évora: coleção de ourivesaria, p. 278.

241 SERRÃO, Vítor – História da Arte em Portugal. O Renascimento e o Maneirismo, p. 270.

242 Ver Figura 1, na Ficha prosopográfica, p. 108.

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Silva243. O bordo oval apresenta-se envolvido numa cartela barroca que, por sua vez, é

rematado por uma coroa de cinco florões de trevo e uma cruz prelatícia ou latina. No

paquife destacamos o chapéu eclesiástico com as respetivas borlas referentes à sua

dignidade. As borlas presentes nesta peça não correspondem ao ano do seu arcebispado,

mas sim ao de bispo; porém, a data de execução desta peça, remete aos anos de que

ocupou o arcebispado de Évora. Por outro lado, não nos é possível indicar quais as cores

refentes a cada parte do escudo, visto não apresentar representações do traçado inciso

correspondente aos esmaltes e metais usados.

Podemos verificar noutras peças desta dissertação que, são vários os erros

relativos à dignidade eclesiástica dos bispos, sendo-lhes atribuído um número de borlas

que não correspondem à data nem ao cargo assumido por estes. Não sabemos ao certo a

razão de tais erros, porém é bastante provável que nesta época e em épocas anteriores,

não existissem normas muito precisas quanto à significação de borlas244.

O período vivido por D. Frei Luís da Silva Teles ficou marcado pelas inúmeras obras

que mandou executar e continuar, em todas as mitras que ocupou, onde podemos

identificar o seu escudo de armas: a Capela de São Lenho245, na Sé de Évora, onde foi

sepultado; uma pedra-de-armas no Museu de Lamego246, proveniente da Igreja da

Misericórdia da mesma cidade; painel de azulejos247, na Igreja de Santo Antão, em Évora;

painel de azulejos, no Museu de Évora, pertencente ao Paço Arquiepiscopal; retábulo da

capela-mor de Santo Antão248, em Évora.

Por quase toda a cidade de Évora encontramos o seu escudo de armas

identificando desta forma todas as obras que mandou executar. Contudo a colocação do

seu escudo de armas não terá sido uma

243

LARANJO, F. J. Cordeiro – Escudos de Armas dos Bispos de Lamego: (1492-1976), p. 127-128. 244

GARCIA, Isabel Penha (co-autor) – Inventário do Museu de Évora: coleção de ourivesaria, p. 278. 245

Ver Figura 18, no Apêndice Iconográfico, p. 128. 246

Ver Figura 3, na Ficha prosopográfica, p. 108. 247

Ver Figura 19, no Apêndice Iconográfico, p. 129. 248

Ver Figura 5, na Ficha prosopográfica, p. 109.

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fórmula de ostentação pública mas, sim, a demonstração do destino das

rendas da arquidiocese, utilizadas em benefício da dignidade episcopal e do

engrandecimento da igreja, do qual Frei Luís se reclamava, apenas, um humilde

servidor249.

2.12.2. As armas do bispo numa tábua de Francisco Henriques

No Museu Francisco Tavares Proença Júnior, em Castelo Branco, encontra-se

exposta uma pintura representando Santo António250 datada de 1500 a 1550, com o

escudo de armas de D. Frei Luís da Silva Teles. Presume-se que esta tábua de madeira de

castanho pintada a óleo, tenha sido executada provavelmente por Francisco Henriques,

quando este residiu em Évora251. O santo é representado com o hábito franciscano, com

as mãos sustentando um livro vermelho, onde assenta o Menino, envergando uma cruz.

No fundo é colocado um pano de honra que é propositadamente alterado de forma a

enquadrar a figura do santo e uma coluna em mármore com base ornamentada e

dourada.

O escudo de armas que se apresenta no canto inferior direito do quadro é datado

do século XVII e pelo seu desenho parece assinalar o episcopado de D. Frei Luís da Silva

Teles. Não se sabe porque terão sido pintadas as suas armas na tábua de Francisco

Henriques, porém Reinaldo dos Santos admite a possibilidade deste painel ter sido levado

de Évora para Castelo Branco, ainda no século XVII252. O escudo de armas presente

apresenta algumas diferenças relativamente ao anteriormente examinado. No que refere

ao bordo do escudo este apresenta-se com forma peninsular circundado por uma cartela

barroca. No remate a mesma coroa referida nas armas da escrivaninha e a cruz prelatícia.

249

MANGUCCI, Celso – A Escrivaninha do Arcebispo. http://www.museudevora.imc-ip.pt/. 04-04-2014 11:21.

250 Ver Figura 20, no Apêndice Iconográfico, p. 130.

251 SANTOS, Reinaldo dos – Uma nova tábua de Francisco Henriques. Lisboa: Boletim da Academia

Nacional de Belas-Artes, vol. VII, 1940, p. 14. 252

GOUVEIA, António Camões (coord.) – Francisco Henriques: um pintor em Évora no tempo de D. Manuel I. Lisboa: CNCDP, 1997, p. 163.

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O chapéu eclesiástico ostenta a cor verde, cor símbolo de bispo e arcebispo. Contudo as

borlas figuradas sugerem a dignidade episcopal, provavelmente por ser ainda

desconhecido as normas usadas na heráldica eclesiástica, no que diz respeito às borlas.

Sabe-se que esta pintura terá estado no Paço Episcopal de Castelo Branco, depois

de ter vindo de Évora. Desconhece-se, ainda, o motivo da transferência desta tábua para

Castelo Branco, visto não haver ligações de D. Frei Luís da Silva Teles com esta diocese.

No que respeita o escudo de armas do bispo, ignora-se a sua colocação numa pintura

realizada noutra época. Poderá tratar-se de uma aquisição de natureza privada, sinal de

posse, talvez, e não de representação pessoal da sua dignidade eclesiástica.

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Conclusão

Ao longo desta dissertação expusemos os principais momentos da investigação

heráldica eclesiástica em Portugal, referindo os factos históricos e obras que

influenciaram este processo. Dedicamos, assim, uma parte do nosso trabalho académico

à história da heráldica eclesiástica e à sua evolução ao longo do tempo, o que nos auxiliou

de modo a poder contextualizar casos particulares, que foram a análise sobre a heráldica

episcopal de alguns bispos de Lamego, nos séculos XVI e XVII, em cuja temática e

cronologias e inscreve o nosso trabalho.

Assim, foi elaborado um capítulo sobre as regras estabelecidas para o uso da

heráldica pelo clero, onde abordamos as principais normas heráldicas interpostas pelos

Santos Padres, desde as suas origens, até ao século XX. Para melhor compreensão de

alguns dos elementos heráldicos usados pelos prelados, foi indispensável conhecer o

significado e as origens das peças externas ao escudo, nomeadamente a cruz, o chapéu

eclesiástico e a coroa.

Todo este processo inicial de compreensão do universo da heráldica dos prelados

levou-nos ao capítulo seguinte, onde abordamos a função ou funções das armas dos

bispos expostos em retratos, peças de ourivesaria, paramentaria ou na arquitetura.

Tentamos, sempre que possível, enquadrar as armas dos bispos na arte referindo a

história de cada peça ou edifício de modo a perceber a ligação de cada prelado com a

obra de arte. Deste modo, foi-nos possível compreender a posição destas armas e a razão

da sua colocação e exposição: manifestação de poder temporal, quando na arquitetura e

urbanismo, marca de posse e assinatura patronal, no caso de objetos.

Ainda que nos tenham surgido algumas dificuldades, sobretudo devido à falta de

informação e documentação, conseguimos um estudo bastante completo sobre a função

das armas destes prelados, no que respeita a sua importância nestas peças e construções

arquitetónicas, às questões relacionadas com a sua utilização e posição, ao seu

desenvolvimento estético e ao seu propósito de engrandecimento da igreja. Algo que não

podemos comprovar em todos os casos.

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Saliente-se, porém, que nos casos de D. João de Lencastre e de D. Martim Afonso

de Melo não nos foi possível apresentar elementos de armaria. De facto são poucas as

obras que referem os seus nomes, por falta de documentação. No caso de D. Martim

Afonso de Melo, foi-nos possível obter uma leitura do seu escudo – presente em selo –

visto ser o mesmo usado pela família de seu nome. Já em D. João de Lencastre não nos foi

exequível apresentar uma imagem ou leitura do escudo de armas.

Persistem ainda muitas questões sobre a função da heráldica eclesiástica na arte

pois, uma vez que não existem estudos de base e de conjunto sobre a dispersão heráldica

nos episcopados portugueses. E tais representações, ou emblemas, constituem nos

campos da História e da História da Arte, elementos pertinentes para o conhecimento da

cultura de uma época e do papel das elites na sua

Com base nos resultados obtidos, reconhecemos que este é um assunto que

merece ser mais explorado e investigado. Percebemos ao longo da nossa investigação

que estudos como este seriam não só necessários como esclarecedores, no que respeita o

uso da heráldica pelo clero e da sua implantação estratégica em edifícios ou peças de arte

religiosa.

Finalmente, é do nosso entendimento que investigações futuras neste campo

deveriam incluir, não só uma observação e análise atenta dos escudos de armas de bispos,

como também outros membros do clero ou, até mesmo, das comunidades eclesiásticas,

tendo como pano de fundo a sua implantação e localização nos espaços por onde se

moviam as figuras que os envergavam.

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Bibliografia citada e consultada

ABRANTES, Marquês de – Introdução ao estudo da heráldica. Lisboa: Instituto de Cultura e

Línguas Portuguesas, 1992. ISBN: 972-566-166-4.

ALBERTI, Leon Battista – El Tratado de Pintura y los três libros que sobre el mismo arte escribó […]

Lisboa: Alcalá, 2005.

ALEXANDRE, Paulo Morais – A arte e a heráldica autárquica em Portugal. Lisboa: Centro Lusíada

de Estudos Genealógicos e Heráldicos, Universidade Lusíada, 2006, pp. 109-128.

ALMEIDA, Fortunato de – História da Igreja em Portugal. Porto: Portucalense Editorial, 1967-

1971.

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83

Apêndice

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84

Fichas prosopográficas:

D. Agostinho Ribeiro

Datas biográficas N.= Lisboa, 1483

M.= Lisboa, 27 de Março, de 1554

Ascendência Filho de Martim Ribeiro, escrivão da Casa

da Índia e de D. Maria de Carvalho.

Episcopado em Lamego 1540-1549

Outros episcopados Angra (1535-1538)

Dignidades eclesiásticas Pároco da Ilha do Corvo; Cónego da

congregação de S. João Evangelista, no

convento de Recião, em Lamego;

Pregador da Capela Real; Provedor do

Hospital de Lisboa; Reitor da

Universidade de Lisboa; Reitor da

Universidade de Coimbra.

Bibliografia AZEVEDO, Joaquim D. – História

eclesiástica da cidade e bispado de

Lamego. Porto: Typographia do Jornal do

Porto, 1877, p. 73-75.

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bispado e cidade de Lamego. Lamego:

[s.e.], vol. III, 1982, p. 26-30.

MORAIS, Francisco – Reitores da

Universidade de Coimbra. Coimbra:

[s.e.], 1951, p. 5-6.

Fonte iconográfica - Retrato de D. Agostinho Ribeiro, com o

escudo de armas de família e o chapéu

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eclesiástico com 12 borlas. Sala dos

Exames Privados, Universidade de

Coimbra. Quadro nº2 (c. 1537-1541);

- Selo de chapa de D. Agostinho Ribeiro.

Arquivo do Museu Grão Vasco. Docs.

Avulsos, Correspondência, nº 80 (1544).

Reproduções

Fig. 1 – Armas de D. Agostinho Ribeiro. Escudo

esquartelado: o primeiro e o quarto, de ouro, três

palas de vermelho; o segundo e o terceiro, de

negro, três faixas veiradas de prata e vermelho

(Vasconcelos)253

.Chapéu eclesiástico e 12 borlas.

Óleo s/tela. Sala dos Exames Privados.

Universidade de Coimbra. MORAIS, Francisco –

Reitores da Universidade de Coimbra. Coimbra:

[s.e.], 1951.

Fig. 2 – Escudo de armas da família Ribeiro.

Escudo esquartelado: o primeiro e o quarto, de

ouro, três palas de vermelho; o segundo e o

terceiro, de negro, três faixas veiradas de prata e

vermelho254

. GAIO, João Ribeiro – Copias às

armas da nobreza de Portugal [Manuscrito]. [15--

?]. Acessível na Biblioteca Digital da Universidade

de Coimbra, Coimbra, Portugal.

253

LARANJO, F. J. Cordeiro – Escudos de Armas dos Bispos de Lamego: (1492-1976). Viseu: Junta Distrital, 1977, p. 118.

254Ibidem, p. 118.

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D. Manuel de Noronha

Datas biográficas N.= Funchal ?

M.= Lisboa, 1590

Ascendência Filho de Simão Gonçalves da Câmara, 3º

Capitão da ilha Terceira e de D. Joana de

Castelo-Branco.

Neto (pelo lado paterno) de João

Gonçalves da Câmara (dito da Câmara de

Lobos), 2º Capitão da Ilha Terceira; e de

D. Mecia de Noronha.

Neto (pelo lado materno) de D. Gonçalo

de Castelo-Branco, Governador de

Lisboa, Senhor de Vila Nova de Portimão.

Descendente de João Gonçalves Zarco,

cavaleiro e criado Infante D. Henrique, 1º

Capitão da Ilha Terceira.

Episcopado em Lamego 1551-1569

Outros episcopados

Dignidades eclesiásticas Capelão de el-rei; Camarista-mor do

Papa Leão X.

Bibliografia AZEVEDO, Joaquim D. – História

eclesiástica da cidade e bispado de

Lamego. Porto: Typographia do Jornal do

Porto, 1877, p. 75-76.

COSTA, M. Gonçalves da – História do

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Azevedo Meirelles e Domingos de Araújo

Affonso, Tomo VIII, 1939, p. 81

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Catedral de Lamego, sécs. XII a XX.

Lisboa: Centro de Estudos de História

Religiosa, 2013, p. 95.

Fonte iconográfica - Grades da capela de São João Batista,

com o escudo de família e os elementos

eclesiásticos externos. Sé de Lamego (c.

1524);

- Pedra-de-armas com o escudo de

família e os elementos eclesiásticos

externos. Antiga fonte, presente no

Museu de Lamego (1551-1569);

- Pedra-de-armas presente na torre

sineira da catedral de Lamego (1551-

1569);

- Pedra-de-armas no cunhal exterior da

capela, do lado nascente da capela do

Espírito Santo, Lamego (1551-1569);

- Pedra-de-armas na fachada da capela

de Nossa Senhora dos Meninos do Bairro

da Ponte, Lamego. (1551-1569).

- Sepultura na capela de São João

Batista, com o escudo de família e os

elementos eclesiásticos externos. Sé de

Lamego (c. 1569).

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88

Reproduções

Fig. 1 – Armas de D. Manuel de Noronha. Escudo

de negro, com uma torre de prata, assente num

monte de verde, sustida por dois lobos

rampantes de ouro255

.Chapéu eclesiástico e 20

borlas. Ferro. Grades da capela de São João

Batista, sé de Lamego. Lamego. Foto: Nuno

Resende.

Fig. 2 – Pedra-de-armas de D. Manuel de

Noronha. Escudo de negro, com uma torre de

prata, assente num monte de verde, sustida por

dois lobos rampantes de ouro256

. Chapéu

eclesiástico e 20 borlas. Granito. Túmulo. Capela

de São João Batista, sé de Lamego. Lamego.

LABFOTO-Lamego.

Fig. 3 – Pedra-de-armas de D. Manuel de

Noronha. Escudo de negro, com uma torre de

prata, assente num monte de verde, sustida por

dois lobos rampantes de ouro257

. Chapéu

eclesiástico e 12 borlas. Granito. Fachada da

capela de Nossa Senhora dos Meninos, do Bairro

255

ZÚQUETE, Afonso Eduardo Martins – Armorial Lusitano: genealogia e heráldica. Lisboa: Editorial Enciclopédia, 1961, p. 130.

256Ibidem, p. 130.

257Ibidem, p. 130.

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89

da Ponte. Lamego. Foto: Nuno Resende.

Fig. 4 – Pedra-de-armas de D. Manuel de

Noronha. Escudo de negro, com uma torre de

prata, assente num monte de verde, sustida por

dois lobos rampantes de ouro258

. Chapéu

eclesiástico e 12 borlas. Granito. Fonte. Museu

de Lamego. Foto: Sara Santos.

Fig. 5 – Escudo de armas da família Câmara.

Escudo de negro, com uma torre de prata,

assente num monte de verde, sustida por dois

lobos rampantes de ouro259

. GAIO, João Ribeiro –

Copias às armas da nobreza de Portugal

[Manuscrito]. [15--?]. Acessível na Biblioteca

Digital da Universidade de Coimbra, Coimbra,

Portugal.

D. Manuel de Meneses

Datas biográficas N.=?

M.= Batalha de Alcácer-Quibir, em 1578

Ascendência Filho de António de Almada, Capitão-

mor de Lisboa e de D. Maria de Meneses.

258

ZÚQUETE, Afonso Eduardo Martins – Armorial Lusitano: genealogia e heráldica, p. 130. 259

Ibidem, p. 130.

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90

Episcopado em Lamego 1551-1569

Outros episcopados Coimbra (1575-1578)

Dignidades eclesiásticas Prior da igreja de Santa Maria de

Madalena, em Montemor-o-Velho;

Reitor da Universidade de Coimbra, Deão

da Capela Real, Inquisidor.

Bibliografia AZEVEDO, Joaquim D. – História

eclesiástica da cidade e bispado de

Lamego. Porto: Typographia do Jornal do

Porto, 1877, p. 77-78.

COSTA, M. Gonçalves da – História do

bispado e cidade de Lamego. Lamego:

[s.e.], vol. III, 1982, p. 43-44.

MORAIS, Francisco – Reitores da

Universidade de Coimbra. Coimbra:

[s.e.], 1951, p. 10-12.

Fonte iconográfica - Retrato de D. Manuel de Meneses, com

o escudo de armas de família e o chapéu

eclesiástico com 12 borlas. Sala dos

Exames Privados, Universidade de

Coimbra. Quadro nº6 (c. 1557-1560).

Reproduções

Fig. 1 – Armas de D. Manuel de Meneses. Escudo

partido: no primeiro, de ouro, banda de azul

carregada de duas cruzes floridas do campo e

vazias da banda, e esta acompanhada de duas

águias de vermelho, armadas de negro (Almada);

no segundo, está representada a família Menezes

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91

(de Cantanhede)260

.Chapéu eclesiástico e 12

borlas. Óleo s/tela. Sala dos Exames Privados.

Universidade de Coimbra. MORAIS, Francisco –

Reitores da Universidade de Coimbra. Coimbra:

[s.e.], 1951.

Fig. 2 – Armas da família Almada. Escudo de

ouro, banda de azul carregada de duas cruzes

floridas do campo e vazias da banda, e esta

acompanhada de duas águias de vermelho,

armadas de negro. GAIO, João Ribeiro – Copias

às armas da nobreza de Portugal [Manuscrito].

[15--?]. Acessível na Biblioteca Digital da

Universidade de Coimbra, Coimbra, Portugal.

Fig. 3 – Armas da família Meneses. Escudo de

ouro. GAIO, João Ribeiro – Copias às armas da

nobreza de Portugal [Manuscrito]. [15--?].

Acessível na Biblioteca Digital da Universidade de

Coimbra, Coimbra, Portugal.

D. Simão de Sá Pereira

Datas biográficas N.= Coimbra?

M.= Tomar, 1581

Ascendência Filho de Ruy Pereira de Sá Sotomayor de

Miranda e de Brites Mendes de Castelo

260

LARANJO, F. J. Cordeiro – Escudos de Armas dos Bispos de Lamego: (1492-1976), p. 120.

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92

Branco.

Neto (pelo lado paterno) de João

Rodrigues de Sá, dos Sás de Condeixa e

de Filipa Pereira.

Neto (pelo lado materno) de Gaspar Dias

Vellez Castelo Branco e de D. Ana ou Irla

Mendes Caldeira.

Descendente dos Sás de Condeixa.

Episcopado em Lamego 1575-1579

Outros episcopados Porto (1579-1581)

Dignidades eclesiásticas Inquisidor

Bibliografia AZEVEDO, Joaquim D. – História

eclesiástica da cidade e bispado de

Lamego. Porto: Typographia do Jornal do

Porto, 1877, p. 78.

COSTA, M. Gonçalves da – História do

bispado e cidade de Lamego. Lamego:

[s.e.], vol. III, 1982, p.45-46.

GAYO, Felgueiras – Nobiliário de Famílias

de Portugal. Braga: Agostinho de

Azevedo Meirelles e Domingos de Araújo

Affonso, Tomo XXVI, 1939, p. 120

Fonte iconográfica - Selo Branco de D. Simão de Sá Pereira,

presente em Cabido, 2ª Remessa, 31, f.

23 v.

Reproduções

Fig.1 –Escudo de armas da família Sá. Escudo

enxaquetado de prata e azul, de cinco peças em

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93

faixa e seis em pala261

.GAIO, João Ribeiro –

Copias às armas da nobreza de Portugal

[Manuscrito]. [15--?]. Acessível na Biblioteca

Digital da Universidade de Coimbra, Coimbra,

Portugal.

Fig. 2 – Escudo de armas da família Pereira.

Escudo de vermelho, cruz florida de prata, aberta

do campo262

.GAIO, João Ribeiro – Copias às

armas da nobreza de Portugal [Manuscrito]. [15--

?]. Acessível na Biblioteca Digital da Universidade

de Coimbra, Coimbra, Portugal.

D. António Teles de Meneses

Datas biográficas N.= Lisboa, 1526

M.= ? 22 de Julho, de 1598

Ascendência Filho de Brás Teles de Meneses, camareiro-mor, guarda-mor, alcaide-mor de Moura e capitão de ginetes do Infante D. Luís; filho de D. Catarina de Brito. Neto (pelo lado paterno) de Ruy Teles de Meneses, 5º Senhor de Unhão, Veador da rainha D. Catarina; e de D. Guiomar de Noronha. Neto (pelo lado materno) de Ruy Mendes de Brito e de D. Margarida Nogueira. Descendente dos Condes de Unhão e Alcaides-mores de Moura.

Episcopado em Lamego 1579-1598

261

LARANJO, F. J. Cordeiro – Escudos de Armas dos Bispos de Lamego: (1492-1976), p. 121. 262

Ibidem, p. 121.

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94

Outros episcopados

Dignidades eclesiásticas Inquisidor; abade titular da igreja de

Freigil, em Lamego (?).

Bibliografia AZEVEDO, Joaquim D. – História

eclesiástica da cidade e bispado de

Lamego. Porto: Typographia do Jornal do

Porto, 1877, p. 78-79.

COSTA, M. Gonçalves da – História do

bispado e cidade de Lamego. Lamego:

[s.e.], vol. III, 1982, p. 47-58.

GAYO, Felgueiras – Nobiliário de Famílias

de Portugal. Braga: Agostinho de

Azevedo Meirelles e Domingos de Araújo

Affonso, Tomo XXVII, 1939, p. 19.

Fonte iconográfica - Pedra-de-armas de no portal da Igreja

das Chagas, Lamego (1588);

- Armas de no arco cruzeiro da Igreja das

Chagas, Lamego (1588);

- Pedra-de-armas no túmulo, na capela-

mor da Igreja das Chagas, Lamego

(1598).

Reproduções

Fig. 1 – Pedra-de-armas de D. António Teles de

Meneses. Escudo esquartelado, sendo o primeiro

e o quarto quartéis de prata com um leão de

púrpura (pertencente aos Silvas); e o segundo e

terceiro quartéis de ouro liso (pertencente aos

Meneses). Chapéu eclesiástico e 12 borlas.

Granito. Portal da Igreja das Chagas. Lamego.

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95

Foto: Sara Santos.

Fig. 2 – Armas de D. António Teles de Meneses.

Escudo esquartelado, sendo o primeiro e o

quarto quartéis de prata com um leão de

púrpura (pertencente aos Silvas); e o segundo e

terceiro quartéis de ouro liso (pertencente aos

Meneses). Chapéu eclesiástico e 12 borlas. Talha

policromada. Arco cruzeiro. Igreja das Chagas.

Lamego. SIPA FOTO.00524456.

Fig. 3 – Escudo de armas da família Meneses.

Escudo de armas de ouro liso. GAIO, João Ribeiro

– Copias às armas da nobreza de Portugal

[Manuscrito]. [15--?]. Acessível na Biblioteca

Digital da Universidade de Coimbra, Coimbra,

Portugal.

Fig. 4 – Escudo de armas da família Silva de

Portugal. De prata com um leão de púrpura.

GAIO, João Ribeiro – Copias às armas da nobreza

de Portugal [Manuscrito]. [15--?]. Acessível na

Biblioteca Digital da Universidade de Coimbra,

Coimbra, Portugal.

D. Martim Afonso de Melo

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Datas biográficas N.= Serpa ?

M.= Lamego 16 de Outubro, de 1613

Ascendência Filho de Pedro de Melo e de D. Luísa Pereira. Neto (pelo lado paterno) de Diogo de Melo e de D. Lucrécia de Melo. Neto (pelo lado materno) de Roque Pereira (dito, da Costa Barreto) e da sua segunda mulher, D. Guiomar Pereira. Descendente dos Condes de Marialva.

Episcopado em Lamego 1599-1613

Outros episcopados

Dignidades eclesiásticas

Inquisidor; Inquisidor do Conselho Geral

do Santo Ofício, Cónego em Évora.

Bibliografia AZEVEDO, Joaquim D. – História eclesiástica da cidade e bispado de Lamego. Porto: Typographia do Jornal do Porto, 1877, p. 80-81.

COSTA, M. Gonçalves da – História do bispado e cidade de Lamego. Lamego: [s.e.], vol. III, 1982, p. 58-64.

GAYO, Felgueiras – Nobiliário de Famílias de Portugal. Braga: Agostinho de Azevedo Meirelles e Domingos de Araújo Affonso, Tomo XVIII, 1939, p. 139

Fonte iconográfica - Selo de armas em provisão de

confirmação dos Estatutos da Confraria e

Irmandade de Nossa Senhora de Cepões.

Paço Episcopal de Lamego (10 de Abril

de 1604).

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97

Reproduções

Fig. 1 - Escudo de armas da família Melo. Escudo

de vermelho, seis besantes de prata, entre uma

dobre cruz e bordadura de ouro263

.GAIO, João

Ribeiro – Copias às armas da nobreza de Portugal

[Manuscrito]. [15--?]. Acessível na Biblioteca

Digital da Universidade de Coimbra, Coimbra,

Portugal.

D. Martim Afonso Mexia de Tovar

Datas biográficas N.= Campo Maior?

M.= Lisboa, 30 de Agosto, em 1623

Ascendência Filho de Martim Afonso Fouto e de Maria Lourenço. Neto (pelo lado paterno) de D. Isabel Fz do Campo Mexia e de Martim Afonso de Melo. Descendente de Fidalgos da Casa Real.

Episcopado em Lamego 1615-1619

Outros episcopados Leiria (1604-1615); Coimbra (1619-1623).

Dignidades eclesiásticas Chantre na colegiada de Guimarães;

Desembargador da Mesa da Consciência;

Prelado de Tomar; Secretário de Estado

de Portugal em Castela; Embaixador em

Roma.

263

LARANJO, F. J. Cordeiro – Escudos de Armas dos Bispos de Lamego: (1492-1976), p. 123.

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98

Bibliografia AZEVEDO, Joaquim D. – História

eclesiástica da cidade e bispado de

Lamego. Porto: Typographia do Jornal do

Porto, 1877, p. 81-82.

COSTA, M. Gonçalves da – História do

bispado e cidade de Lamego. Lamego:

[s.e.], vol. III, 1982, p. 64-70.

GAYO, Felgueiras – Nobiliário de Famílias

de Portugal. Braga: Agostinho de

Azevedo Meirelles e Domingos de Araújo

Affonso, Tomo XX, 1939, p. 126

Fonte iconográfica - Pedra-de-armas em lápide funerária, na

capela de Nossa Senhora da Piedade.

Igreja da Expectação, em Campo Maior.

Portalegre. (c. 1623);

- Armas em manuscrito:” Breve discurso

contra a herética perfídia do judaísmo

[…]“264. Biblioteca Nacional de Portugal

(1623).

Reproduções

Fig. 1 – Pedra-de-armas de D. Martim Afonso

Mexia de Tovar. Escudo esquartelado: no 1º e 3º

com torres atravessadas por uma espada em

campo de ouro, no 2º e 4º com três faixas de

azul. Chapéu eclesiástico e 12 borlas. Mármore.

Lápide funerária. Capela de Nossa Senhora da

Piedade. Igreja de Nossa Senhora da Expectação,

em Campo Maior. Portalegre. Foto: Jorge

264

MATOS, Vicente da Costa – Breve discurso contra a herética perfídia do judaísmo […]. Lisboa: Pedro Craesbeeck Impressor do Rei, 1623.

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99

Moleirinho.

Fig. 2 – Armas de D. Martim Afonso Mexia de

Tovar. Escudo esquartelado: no 1º e 3º com

torres atravessadas por uma espada em campo

de ouro, no 2º e 4º com três faixas de azul.

Chapéu eclesiástico e 12 borlas. Manuscrito.

Breve discurso contra a herética perfídia do

judaísmo […]265

. Biblioteca Nacional de Portugal.

Fig. 3 – Armas da família Mexia. Escudo com três

faixas de azul, em campo de ouro. GAIO, João

Ribeiro – Copias às armas da nobreza de Portugal

[Manuscrito]. [15--?]. Acessível na Biblioteca

Digital da Universidade de Coimbra, Coimbra,

Portugal.

D. João de Lencastre

Datas biográficas N.=Lisboa, 1580

M.= Coimbra, 13 de Janeiro, de 1626

Ascendência Filho de D. Dinis de Lencastre, comendador da ordem de Cristo, da Casa dos Condes de Lemos; e de D. Isabel Henriques. Neto (pelo lado paterno) de D. Afono de Lencastre, comendador-mor da ordem

265

MATOS, Vicente da Costa – Breve discurso contra a herética perfídia do judaísmo […].

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100

de cristo e alcaide-mor de Óbidos; e neto de D. Joana ou Jerónima. Neto (pelo lado materno) de D. Franco Coutinho, Conde de Redondo. Descendente dos Duques de Bragança.

Episcopado em Lamego 1622-1626

Outros episcopados

Dignidades eclesiásticas Esmoler-mor e Capelão-mor dos Reis

Filipe II e III de Portugal.

Bibliografia AZEVEDO, Joaquim D. – História

eclesiástica da cidade e bispado de

Lamego. Porto: Typographia do Jornal do

Porto, 1877, p. 82-83.

COSTA, M. Gonçalves da – História do

bispado e cidade de Lamego. Lamego:

[s.e.], vol. III, 1982, p. 70-74.

GAYO, Felgueiras – Nobiliário de Famílias

de Portugal. Braga: Agostinho de

Azevedo Meirelles e Domingos de Araújo

Affonso, Tomo XVII, 1939, p. 92

Fonte iconográfica Não identificada

Reproduções

D. João Coutinho

Datas biográficas N.=?

M.= Elvas, 12 de Setembro, de 1643

Ascendência Filho de Ruy Gonçalves da Câmara, 5º Capitão donatário da Ilha de S. Miguel, 1º Conde de Vila Franca; filho de D.

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101

Joana Coutinho. Neto (pelo lado paterno) de Manuel da Câmara e de D. Joana de Melo. Neto (pelo lado materno) de D. Francisco Coutinho, 3º Conde de Redondo e Vice-rei da Índia; e de D. Maria de Gusmão.

Episcopado em Lamego 1627-1635

Outros episcopados Algarve (1618-1627); Arcebispado em

Évora (1636-1643).

Dignidades eclesiásticas Deputado da Mesa da Consciência,

Reitor da Universidade de Coimbra,

Presidente do Concelho de Portugal.

Bibliografia AZEVEDO, Joaquim D. – História

eclesiástica da cidade e bispado de

Lamego. Porto: Typographia do Jornal do

Porto, 1877, p. 83-84.

COSTA, M. Gonçalves da – História do

bispado e cidade de Lamego. Lamego:

[s.e.], vol. III, 1982, p. 74-78.

GAYO, Felgueiras – Nobiliário de Famílias

de Portugal. Braga: Agostinho de

Azevedo Meirelles e Domingos de Araújo

Affonso, Tomo VIII, 1939, p. 83.

Fonte iconográfica - Retrato de D. João Coutinho, com o

escudo de armas de família e o chapéu

eclesiástico com 12 borlas. Sala dos

Exames Privados, Universidade de

Coimbra. Quadro nº16 (1611-1618);

- Armas em capa de asperges usada pelo

bispo. Museu de Évora (1633-1666).

- Armas no teto da capela do Solar dos

Condes de Portalegre, em Évora (séc.

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102

XVII).

Reproduções

Fig. 1 – Armas de D. João Coutinho. Escudo com

campo em ouro, com cinco estrelas vermelhas.

Chapéu eclesiástico e 20 borlas. Seda. Museu de

Évora. Foto: Mª do Céu Grilo.

Fig. 2 – Armas da família Coutinho. Escudo com

campo em ouro, com cinco estrelas vermelhas.

GAIO, João Ribeiro – Copias às armas da nobreza

de Portugal [Manuscrito]. [15--?]. Acessível na

Biblioteca Digital da Universidade de Coimbra,

Coimbra, Portugal.

D. Miguel de Portugal

Datas biográficas N.=Évora, 1596

M.= Lisboa, 3 de Janeiro, de 1644

Ascendência Filho de D. Luís de Portugal, 3º Conde de Vimioso e da Condessa D. Joana de Mendonça. Neto (pelo lado paterno) de D. Afonso de Portugal, Conde de Vimioso e de D. Luisa de Gusmão. Neto (pelo lado materno) de Francisco de Gusmão, Fidalgo Castelhano e de Madama Joana Blasvet. Descendente dos Condes de Viomioso.

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103

Episcopado em Lamego 1636-1644

Outros episcopados Arcebispado em Lisboa (1644)

Dignidades eclesiásticas

Deputado do Santo Ofício; Inquisidor;

Cónego magistral de Évora Embaixador

extraordinário em Roma; Conselheiro de

Estado.

Bibliografia AZEVEDO, Joaquim D. – História

eclesiástica da cidade e bispado de

Lamego. Porto: Typographia do Jornal do

Porto, 1877, p. 84-85.

BORGES, A. Antunes – Provisão dos

Bispados e Concílio Nacional no Reinado

de D. João IV. Lisboa: Lusitania Sacra:

Revista do Centro de Estudos de História

Religiosa, 1957, Tomo II, pp. 111-219;

COSTA, M. Gonçalves da – História do

bispado e cidade de Lamego. Lamego:

[s.e.], vol. III, 1982, p. 79-104.

DIAS, Eurico Gomes – A intervenção de

D. Miguel de Portugal, bispo de Lamego,

no arranque da diplomacia portuguesa

na Restauração. Guarda: Revista

Científica da Escola Superior de Educação

da Guarda, 2008, nº7, pp. 9-48;

GAYO, Felgueiras – Nobiliário de Famílias

de Portugal. Braga: Agostinho de

Azevedo Meirelles e Domingos de Araújo

Affonso, Tomo XXIV, 1939, p. 172.

SARAIVA, Anísio Miguel de Sousa

(coord.) – Espaço, Poder e Memória: A

Catedral de Lamego, sécs. XII a XX.

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104

Lisboa: Centro de Estudos de História

Religiosa, 2013.

Fonte iconográfica - Armas na base de uma cruz de assento

no Arquivo-Museu Diocesano de Lamego

(1636-1642).

Reproduções

Fig. 1 – Armas de D. Miguel de Portugal na base

da cruz de assento. Escudo de prata, aspa de

vermelho, carregada de cinco escudetes das

armas do reino, diferenciadas por um filete negro

sobreposto em barra, e de quatro cruzes floridas

de prata, vazias de vermelho, alternando com os

escudetes266

. Chapéu eclesiástico e 20 borlas.

Bronze dourado, prata fundida, cinzelada e

gravada. Arquivo-Museu Diocesano de Lamego.

Foto: Nuno Resende.

D. Luís de Sousa

Datas biográficas N.= Sesimbra, 14 de Maio, de 1637

M.= Braga, 29 de Abril, de 1690

Ascendência Filho de D. António de Sousa, Senhor de Calhariz e de D. Leonor de Mello. Neto (pelo lado paterno) de D. Francisco de Sousa, Senhor da Casa de Calhariz em Azeitão e D. Violante Henriques. Neto (pelo lado materno) de D. Francisco de Faria Coelho e D. Violante de Melo. Descendente dos Sousas do Calhariz.

Episcopado em Lamego 1670-1677

266

LARANJO, F. J. Cordeiro – Escudos de Armas dos Bispos de Lamego: (1492-1976), p. 126.

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105

Outros episcopados Arcebispado em Braga (1677-1690)

Dignidades eclesiásticas Deputado da Mesa da Consciência;

Chantre de Coimbra; Deputado do Santo

Ofício; Semilher da Cortina; Conselheiro

de Estado; Provedor da Misericórdia;

Embaixador extraordinário, em Roma.

Bibliografia AZEVEDO, Joaquim D. – História

eclesiástica da cidade e bispado de

Lamego. Porto: Typographia do Jornal do

Porto, 1877, p.87-90.

COSTA, M. Gonçalves da – História do

bispado e cidade de Lamego. Lamego:

[s.e.], vol. III, 1982, p.105-118.

GAYO, Felgueiras – Nobiliário de Famílias

de Portugal. Braga: Agostinho de

Azevedo Meirelles e Domingos de Araújo

Affonso, Tomo Sousas, 1941, p. 61.

VALE, Teresa Leonor Magalhães do –

Diário de um Embaixador português em

Roma (1676-1678). Lisboa: Livros

Horizonte, 2006;

VALE, Teresa Leonor M. do – Palácio Poli:

residência de um embaixador de

Portugal na Roma barroca. Porto: Revista

da Faculdade de Letras de Ciências e

Técnicas do Património, I série, vol. IV,

2005, pp. 155-168.

Fonte iconográfica - Pedra-de-armas no frontão da fachada

da Igreja de S. Vítor, em Braga (1677-

1690);

- Armas do retábulo-mor da Igreja de S.

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106

Vítor, em Braga (1677-1690);

- Armas no arco cruzeiro da Igreja de S.

Vítor, em Braga (1677-1690);

- Armas num cálice de prata dourada, no

Museu Alberto Sampaio, em Guimarães

(1626-1700);

- Armas num órgão do bispo, no

Tesouro-Museu da Sé de Braga (séc.

XVII).

Reproduções

Fig. 1 – Pedra-de-armas de D. Luís de Sousa.

Escudo esquartelado: o primeiro e o quarto, de

prata, cinco escudetes de azul, em cruz,

carregados cada um de cinco besantes do campo,

bordadura de vermelho carregada de oito

castelos de ouro e por diferença, filete negro

sobreposto em barra, o segundo e o terceiro de

vermelho, caderna de crescentes de prata267

.

Chapéu eclesiástico e 12 borlas. Granito. Frontão

da Igreja de S. Vítor, em Braga. Foto: Sara Santos.

Fig. 2 – Armas de D. Luís de Sousa. Escudo

esquartelado: o primeiro e o quarto, de prata,

cinco escudetes de azul, em cruz,

carregados cada um de cinco besantes do campo,

bordadura de vermelho carregada de oito

castelos de ouro e por diferença, filete negro

267

LARANJO, F. J. Cordeiro – Escudos de Armas dos Bispos de Lamego: (1492-1976), pp. 126-127.

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sobreposto em barra, o segundo e o terceiro de

vermelho, caderna de crescentes de prata268

.

Chapéu eclesiástico e 12 borlas. Granito. Arco

cruzeiro da Igreja de S. Vítor, em Braga. Foto:

Sara Santos.

Fig. 3 – Armas de D. Luís de Sousa. Escudo

esquartelado: o primeiro e o quarto, de prata,

cinco escudetes de azul, em cruz,

carregados cada um de cinco besantes do campo,

bordadura de vermelho carregada de oito

castelos de ouro e por diferença, filete negro

sobreposto em barra, o segundo e o terceiro de

vermelho, caderna de crescentes de prata269

.

Chapéu eclesiástico e 12 borlas. Granito.

Retábulo-mor da Igreja de S. Vítor, em Braga.

Foto: Sara Santos.

Fig. 4 – Armas de D. Luís de Sousa. Escudo

esquartelado: o primeiro e o quarto, de prata,

cinco escudetes de azul, em cruz, carregados

cada um de cinco besantes do campo, bordadura

de vermelho carregada de oito castelos de ouro e

por diferença, filete negro sobreposto em barra,

o segundo e o terceiro de vermelho, caderna de

crescentes de prata270

. Chapéu eclesiástico e 12

borlas. Madeira policromada. Tesouro-Museu da

268

LARANJO, F. J. Cordeiro – Escudos de Armas dos Bispos de Lamego: (1492-1976), pp. 126-127. 269

Ibidem, pp. 126-127. 270

LARANJO, F. J. Cordeiro – Escudos de Armas dos Bispos de Lamego: (1492-1976), pp. 126-127.

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Sé de Braga. Foto: Manuel Correia.

Fig. 5 – Armas dos Sousas de Arronches. SEIXAS,

Miguel Metelo; ROSA, Maria de Lurdes – Estudos

da Heráldica Medieval. Lisboa: IEM e CLEIGH,

[s.d], p. 411.

D. Luís da Silva Teles

Datas biográficas N.= Lisboa, 27 de Outubro de 1626

M.= Évora, 13 de Janeiro, de1703

Ascendência Filho de Francisco da Silva Teles e de Margarida de Noronha. Neto (pelo lado paterno) de Luís da Silva, comendador de Ceia, na ordem de Cristo, veador da Fazenda e do conselho de Estado; neto de D, Mariana de Lencastre, 5ª neta de D. João I.

Episcopado em Lamego 1677-1685

Outros episcopados Ticiópolis (1671); Guarda (1685-1691);

Arcebispado em Évora (1691-1703).

Dignidades eclesiásticas Reitor do Colégio de Coimbra; Deão da

Capela Real; Deputado da Junta dos 3

Estados.

Bibliografia

AZEVEDO, Joaquim D. – História

eclesiástica da cidade e bispado de

Lamego. Porto: Typographia do Jornal do

Porto, 1877, p. 90-91.

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109

COSTA, M. Gonçalves da – História do

bispado e cidade de Lamego. Lamego:

[s.e.], vol. III, 1982, p. 118-124.

ESPANCA, Túlio – Memória da Vida e

Morte do 10.º Arcebispo de Évora, D.

Frei Luís da Silva Teles. Évora: Revista “A

Cidade de Évora”, 1986-1987, n.ºs 69-70.

Fonte iconográfica - Armas nas constituições sinodais do

bispado de Lamego presente no Arquivo

Diocesano de Lamego (1683);

- Pedra-de-armas presente no Museu de

Lamego (1677-1685);

- Armas no retábulo-mor da Igreja de

Santo Antão, em Évora (1699);

- Armas numa escrivaninha do bispo,

presente no Museu de Évora (1690-

1700);

- Armas no retábulo na Nossa Senhora

do Anjo, na Sé de Évora (1701);

- Armas num painel de azulejos, no

Museu de Évora (1692-1702);

- Armas no teto da capela de S. Lenho,

na Sé de Évora (1691-1703);

- Armas num painel de azulejos no

batistério da Igreja de Santo Antão, em

Évora (1691-1703);

- Armas numa tábua de Francisco

Henriques presente no Museu Francisco

Tavares Proença Júnior, em Castelo

Branco (1691-1703).

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Reproduções

Fig. 1 – Armas de D. Luís da Silva Teles numa

escrivaninha. Escudo esquartelado: o primeiro e

o quarto de ouro liso, que é de Meneses; e o

segundo e o terceiro de prata, leão de púrpura,

armado e linguado de azul, que é de Silva271

.

Chapéu eclesiástico e 12 borlas. Prata gravada e

cinzelada. Museu de Évora. MANGUCCI, Celso –

A Escrivaninha do Arcebispo.

http://www.museudevora.imc-ip.pt/. 04-04-2014

11:21.

Fig. 2 – Armas de D. Luís da Silva Teles no teto

da capela de S. Lenho. Escudo esquartelado: o

primeiro e o quarto de ouro liso, que é de

Meneses; e o segundo e o terceiro de prata, leão

de púrpura, armado e linguado de azul, que é de

Silva272

. Chapéu eclesiástico e 12 borlas. Estuque

e policromia. Sé de Évora. SIPA FOTO.00159131.

Fig. 3 – Pedra-de-armas de D. Luís da Silva Teles.

Escudo esquartelado: o primeiro e o quarto de

ouro liso, que é de Meneses; e o segundo e o

271

LARANJO, F. J. Cordeiro – Escudos de Armas dos Bispos de Lamego: (1492-1976), p. 127-128. 272

Ibidem, p. 127-128.

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terceiro de prata, leão de púrpura, armado e

linguado de azul, que é de Silva273

. Chapéu

eclesiástico e 12 borlas. Granito. Museu de

Évora. Foto: Sara Santos.

Fig. 4 – Armas de D. Luís da Silva Teles. Escudo

esquartelado: o primeiro e o quarto de ouro liso,

que é de Meneses; e o segundo e o terceiro de

prata, leão de púrpura, armado e linguado de

azul, que é de Silva274

. Chapéu eclesiástico e 12

borlas. Barro vidrado. Igreja de Santo Antão, em

Évora. Foto: Daniel Giebels.

Fig. 5 – Armas de D. Luís da Silva Teles.

Escudoesquartelado: o primeiro e o quarto de

ouro liso, que é de Meneses; e o segundo e o

terceiro de prata, leão de púrpura, armado e

linguado de azul, que é de Silva275

. Chapéu

eclesiástico e 12 borlas. Talha dourada. Retábulo-

mor da Igreja de Santo Antão. Évora. Foto: Daniel

Giebels.

Fig. 6 – Armas de D. Luís da Silva Teles. Escudo

esquartelado: o primeiro e o quarto de ouro liso,

que é de Meneses; e o segundo e o terceiro de

prata, leão de púrpura, armado e linguado de

azul, que é de Silva276

. Chapéu eclesiástico e 12

borlas. Madeira de castanho e óleo. Museu

273

LARANJO, F. J. Cordeiro – Escudos de Armas dos Bispos de Lamego: (1492-1976), p. 127-128. 274

Ibidem, p. 127-128. 275

Ibidem, p. 127-128. 276

LARANJO, F. J. Cordeiro – Escudos de Armas dos Bispos de Lamego: (1492-1976), p. 127-128.

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Francisco Tavares Proença Júnior. Autor: DDF

Fig. 7 – Armas da família Meneses. Escudo de

armas de ouro liso. GAIO, João Ribeiro – Copias

às armas da nobreza de Portugal [Manuscrito].

[15--?]. Acessível na Biblioteca Digital da

Universidade de Coimbra, Coimbra, Portugal.

Fig. 8 – Armas da família Silva de Portugal. De

prata, leão de púrpura. GAIO, João Ribeiro –

Copias às armas da nobreza de Portugal

[Manuscrito]. [15--?]. Acessível na Biblioteca

Digital da Universidade de Coimbra, Coimbra,

Portugal.

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Apêndice iconográfico

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Fig. 1 – Retrato de D. Agostinho Ribeiro (c. 1537-1541). Óleo s/tela. Sala dos Exames Privados. Universidade de Coimbra. MORAIS, Francisco – Reitores da Universidade de Coimbra. Coimbra: [s.e.], 1951.

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Fig. 2 – Grades da capela de São João Batista com as armas de D. Manuel de Noronha. (c. 1524). Ferro. Grades da capela de São João Batista, Sé de Lamego. Lamego. Foto: Nuno Resende.

Fig. 3 – Sepultura de D. Manuel de Noronha. (c. 1569). Granito. Capela de São João Batista, sé de Lamego. Lamego. LABFOTO-Lamego.

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116

Fig. 4 – Fachada da capela de Nossa Senhora dos Meninos. (1551-1569).Granito. Bairro da Ponte. Lamego. Foto: Nuno Resende.

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117

Fig. 5 – Retrato de D. Manuel de Meneses. (c. 1557-1560).Óleo s/tela. Sala dos Exames Privados. Universidade de Coimbra. MORAIS, Francisco – Reitores da Universidade de Coimbra. Coimbra: [s.e.], 1951.

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Fig. 6 –Portal da Igreja das Chagas, do antigo convento da Ordem dos Frades Menores. 1588. Granito. Lamego. Foto: Sara Santos.

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Fig. 7 - Lápide funerária de D. Martim Afonso Mexia de Tovar na Capela de Nossa Senhora da Piedade. Mármore. Séc. XVI. Igreja da Nossa Senhora da Expectação. Campo Maior, Portalegre. Foto: Jorge

Moleirinho.

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Fig. 8 - Armas eclesiásticas do bispo D. Martim Afonso Mexia de Tovar. 1623. Manuscrito. BNP. MATTOS, Vicente da Costa - Breve discurso contra a herética perfídia do judaísmo: : continuada nos presentes apostatas de nossa Sancta Fe, com o qué convem a expulsão […]. Lisboa: Pedro Craesbeeck, 1623.

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Fig. 9 - Capa de asperges: face. 1633-1666. Seda. ME. Foto: Mª do Céu Grilo.

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Fig. 10 - Capa de asperges: verso. 1633-1666. Seda. ME. Foto: Mª do Céu Grilo.

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Fig. 11 - Cruz de assento. 1636-1642. Bronze dourado, prata fundida, cinzelada e gravada. AMDL. RESENDE, Nuno – O Compasso da Terra. A arte enquanto caminho para Deus. Lamego: Diocese de Lamego, 2006, Vol.

1, p. 202.

Fig. 12 - Armas de D. Miguel de Portugal na base da cruz de assento. 1636-1642. Bronze dourado, prata fundida, cinzelada e gravada. Arquivo-Museu Diocesano de Lamego. Foto: Nuno Resende.

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Fig. 13 -. Fachada da Igreja de S. Vítor. 1686. Granito. Braga. Foto: Sara Santos.

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Fig. 14 - Armas do arcebispo D. Luís de Sousa, no frontão. Granito. Frontão da Igreja de S. Vítor, em Braga. Foto: Sara Santos.

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Fig. 15 - Oficina bracarense do artista Sousa Braga. Armas do arcebispo D. Luís de Sousa, no arco cruzeiro. 1905-1906. Igreja de S. Vítor. Braga. Foto: Sara Santos.

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Fig. 16 - Órgão positivo do coro da Nossa Senhora da Conceição da Capela de S. Gerlado. 1685. Madeira policromada. TMSB. Braga. Foto: Manuel Correia.

Fig. 17 - M.D.O., OURIVES DE LISBOA. Escrivaninha de D. Frei Luís da Silva Teles. 1690-1700. Prata gravada e cinzelada. ME. MANGUCCI, Celso – A Escrivaninha do Arcebispo. http://www.museudevora.imc-ip.pt/. 04-

04-2014 11:21.

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Fig. 18 - Armas de D. Frei Luís da Silva Teles, no teto da Capela de S. Lenho. Estuque e policromia. Sé de Évora. SIPA FOTO.00159131.

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Fig. 19 - Interior do batistério: painel de azulejos com as armas do arcebispo D. Frei Luís da Silva Teles. Painel de Azulejos. Barro vidrado. Igreja de Santo Antão, em Évora. Foto: Daniel Giebels.

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Fig. 20 - Santo António, atribuído a Francisco Henriques. C. 1500-1550. Madeira de castanho e óleo. MFTPJ. Autor: DDF.