Agr1beja 2ºciclo solidariedade_ daniel mateus

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E.B.I Santa Maria - Beja

2011-2012

Concurso literário “Eu conto”

Daniel Mateus – 6.º C

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Solidariedade

Era uma vez uma rapariga chamada Manuela que era amiga de todas as pessoas,

incluindo as que a desprezavam. Se a sua beleza era muita, maior era a sua bondade.

Esta parecia não ter limites, pois a jovem rapariga fazia o bem por onde passava.

Tinha nascido assim! Tudo o que possuía, partilhava com todos. Se tivesse um naco de

pão e visse alguém com fome, deixava de comer para alimentar o próximo. Se visse

alguém com frio, tirava o casaco e tapava os ombros dos pobres e sem-abrigos com ele.

Se encontrasse algum mendigo na rua a implorar por uma esmola, ela não hesitava e

dava-lhe o que tivesse na carteira. Ajudava velhotes nas passadeiras e carregava-lhes os

tão pesados sacos de compras, levava as crianças à escola quando os pais não podiam.

Todos confiavam nela e na sua boa vontade.

Mas Manuela não se preocupava apenas com os humanos. Também era amiga da

Natureza. Protegia os animais abandonados e alimentava-os. Era amiga do ambiente:

limpava as ruas, reciclava os resíduos, andava muito a pé para não poluir o ar e adorava

ensinar as pequenas crianças a seguir o seu exemplo!

Manuela organizava a vida em volta de alguns princípios básicos: paz, caridade,

humildade e amor ao próximo. Tinha sido ensinada assim e desejava cumprir essa

missão ao longo de toda a sua vida. Preferia dar do que receber. Assim se sentia feliz e

realizada. Já em criança, perdia tardes à procura de passarinhos caídos dos seus ninhos;

tratava-os com ajuda do irmão e devolvia-os às suas mães. Ajudava os pais na lida da

casa. Partilhava o lanche com amiguinhos e vizinhos. Abdicava dos seus brinquedos

para instituições de caridade.

Vivia com o irmão mais novo, numa humilde casinha, mas onde não faltava nada. O seu

irmão, Miguel, também era uma pessoa afável e simpática; aprovava todos os gestos de

bondade da irmã e seguia-lhe os passos, pois também não deixava passar uma ocasião

de ajudar o próximo. Era um santo em pessoa: partia lenha para os vizinhos mais

necessitados durante o Inverno, fazia pequenos arranjos gratuitamente nos carros e

bicicletas dos habitantes do seu bairro, colaborava na limpeza das ruas da cidade…

Até ao dia em que sofreu um terrível acidente de viação que o deixou paraplégico. A

situação foi difícil e passaram longos meses até que a vida, lá em casa, retomasse o seu

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rumo. Manuela sofria em silêncio mas nada dizia nem mostrava ao irmão. No seu rosto,

havia sorrisos, compreensão, paciência e amor.

Ajudava o seu querido irmão em tudo, cozinhava, engomava-lhe a roupa, deitava-o…

sem nunca queixar-se de estar cansada ou presa àquela casa e ao Miguel.

Certo dia, apareceu uma bruxa por aquelas paragens, muito mal intencionada. De onde

vinha, ninguém sabia! Não gostava de ver as pessoas felizes, sentia-se profundamente

incomodada com a partilha, a entreajuda, o amor ao próximo. Não percebia o porquê de

tanto esforço inútil. Pois era muito mais engraçado passar rasteiras às pessoas na rua,

furar os pneus dos automóveis, roubar as esmolas aos pobres, partir vidros de casas e

lojas, roubar os lanches às criancinhas no recreio da escola, tirar-lhes os berlindes;

derramar os baldes do lixo no meio da rua, apedrejar os cães abandonados… Que prazer

ver o rosto desesperado de todos! Ora, não entendia as atitudes de Manuela quando

ajudava o irmão. Desejava vê-la abandoná-lo!

Mas Manuela era uma mulher inteligente além de bondosa e pressentia tudo o que podia

prejudicar o seu adorado irmão. Apesar da sua vontade extrema de aceitar e perdoar

tudo e todos, custava-lhe imaginar que alguém desejasse mal ao Miguel, que tanto tinha

ajudado os outros antes do acidente. Então, a rapariga manteve-se atenta às ações da

imprevisível bruxa.

Esta tentou por várias vezes lançar um feitiço à alegre Manuela. Mas a rapariga fazia de

tudo para proteger o seu irmão, portanto nem que a bruxa se mascarasse, se pintasse,

descobria sempre quem era aquela terrível bruxa chamada Verruga no Santo Nariz.

Um dia, havendo falta de alimento em casa, Manuela viu-se obrigada a sair para ir às

compras. Avisou o irmão da sua intenção, pegou no cesto, na sua lista de compras,

vestiu o casaco e lá foi ela.

A bruxa, logo que soube desta ausência, pretendia esconder-se dentro de casa para,

enquanto a Manuela estivesse nas compras, poder fazer mal ao pobre e indefeso Miguel.

Mas a malvada bruxa adiantou-se e, estava Manuela a sair de casa, a bruxa a chegar;

encontraram-se e a Manuela, sem hesitações, deu-lhe uma lição de moral apelando à sua

consciência, falou calmamente com ela apresentando-lhe os valores que a orientavam;

finalmente, aconteceu o que não era de esperar; conseguiu convencer a bruxa Verruga

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no Santo Nariz e esta acabou por perceber que ser má não valia a pena, pois não

ganhava nada com isso, apenas inimigos.

A partir desse momento, a bruxa mudou a sua maneira de encarar a vida cinzenta que

tivera até àquele momento; passou a ser boa e foi batizada de novo; deram-lhe o nome

de Margarida Santa.

Cuidava do Miguel enquanto a Manuela ia às compras. Ajudava na lida da casa:

limpava, arrumava, lavava, mudava camas, cuidava do jardim, alimentava os animais,

cuidava da horta… e divertia-se imenso na companhia dos seus novos amigos.

Arrependida da sua antiga vida, devolveu o dinheiro aos pobres, substituía todos os

vidros partidos da cidade, trocava os pneus dos automobilistas em apuros, ajudava as

pessoas a levantar-se quando tropeçavam na rua, fazia voluntariado em várias

instituições de solidariedade social onde tinha oportunidade de distribuir bens de

primeira necessidade aos mais carenciados, onde fazia animações muito divertidas em

lares de terceira idade. Até acompanhava as crianças das escolas e infantários nas suas

visitas de estudo. Enfim, com todas estas boas ações, foi ganhando a confiança da

população e, por onde passava, todos a aclamavam: “Margarida Santa! Margarida

Santa!”. E era comum ver, à noitinha, uma sombra no céu, em cima de uma vassoura, a

proteger a cidade.

Não tendo domicílio fixo, Manuela e Miguel convidaram-na a viver com eles, lá em

casa. Surpreendida mas encantada com tal ideia, a bruxa boa aceitou a sugestão e assim

formaram uma nova família, ajudando-se uns aos outros. A bruxa, por sua vez, passou a

ajudar na rua todos os que precisavam de auxílio.

Em honra da bondade da bruxinha Margarida Santa, de Manuela e de Miguel, que tanto

contribuíam para o bem-estar dos habitantes da cidade, foi edificada uma estátua dos

três na praça principal onde se podiam ler as seguintes palavras: “Eternos amigos e

benfeitores, para vós esta nossa homenagem”.

A isto se chama solidariedade!

Daniel Mateus, n.º 8, 6.º C - 2011/2012