Agosto 2007 IN FORMATIVO N°...

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O Projeto Wazaka´yé é fruto de um convênio entre o Conselho Indígena de Roraima (CIR) e o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) visando estudar e apoiar as atividades da agricultura tradicional. O estudo e a avaliação dos sistemas agrícolas tradicionais procura entender como eles se integram à realidade socioeconômica, perante as novas demandas e necessidades atuais. A partir destas informações, será possível buscar mecanismos que possam ajudar a fortalecer a agricultura e economia das comunidades tradicionais, ao mesmo tempo em que se garante a qualidade do meio ambiente. O solo das capoeiras Após alguns anos de cultivo, as roças são deixadas em descanso para que o solo recupere a fertilidade. Um estudo da equipe do projeto Wazaka´yé está estudando como o solo das capoeiras recupera a fertilidade ao longo dos anos. Esse estudo se iniciou em maio, com uma coleta de solo na Ilha do Porco em Mutamba, na Ilha da Onça e da Tipóia em Araçá e na Ilha Grande em Guariba. Para entender a variação da fertilidade do solo nas diferentes estações climáticas (inverno e verão), o estudo irá continuar com mais 2 coletas nas mesmas áreas: uma coleta em agosto (final da estação das chuvas) e outra em dezembro (estação seca). Agradecemos a todas as pessoas que estão nos auxiliando nesse trabalho, em especial os tuxauas e os alunos e técnicos de Surumu (tuxaua José Carlos, Marcelo, Geronildo e Tonyelison). Agosto 2007 INFORMATIVO N° 4 A imagem ao lado e a imagem acima mostram alguns dos locais onde foi coletado o solo para estudo das capoeiras

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O Projeto Wazaka´yé é fruto de um convênio entre o Conselho Indígena de Roraima (CIR) e o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) visando estudar e apoiar as atividades da agricultura tradicional. O estudo e a avaliação dos sistemas agrícolas tradicionais procura entender como eles se integram à realidade socioeconômica, perante as novas demandas e necessidades atuais. A partir destas informações, será possível buscar mecanismos que possam ajudar a fortalecer a agricultura e economia das comunidades tradicionais, ao mesmo tempo em que se garante a qualidade do meio ambiente.

O solo das capoeiras

Após alguns anos de cultivo, as roças são deixadas em descanso para que o solo recupere a fertilidade. Um estudo da equipe do projeto Wazaka´yé está estudando como o solo das capoeiras recupera a fertilidade ao longo dos anos. Esse estudo se iniciou em maio, com uma coleta de solo na Ilha do Porco em Mutamba, na Ilha da Onça e da Tipóia em Araçá e na Ilha Grande em Guariba. Para entender a variação da fertilidade do solo nas diferentes estações climáticas (inverno e verão), o estudo irá continuar com mais 2 coletas nas mesmas áreas: uma coleta em agosto (final da estação das chuvas) e outra em dezembro (estação seca).

Agradecemos a todas as pessoas que estão nos auxiliando nesse trabalho, em especial os tuxauas e os alunos e técnicos de Surumu (tuxaua José Carlos, Marcelo, Geronildo e Tonyelison).

Agosto 2007

INFORMATIVO N° 4

A imagem ao lado e a imagem acima mostram alguns dos locais onde foi coletado o solo para estudo das capoeiras

Nossas plantas - Wa pauribe, Uurînîkon Ye´kariye - II Feira de Ciências da T.I. Araçá (14 e 15/11/2007)

Para um bom aproveitamento do ensino escolar, é necessária a interação entre os conhecimentos escolares e os conhecimentos tradicionais. A Feira de Ciências é uma oportunidade para estimular e mostrar trabalhos desenvolvidos nas disciplinas escolares com o tema das plantas locais. No dia 17 de julho houve uma reunião dos professores da escola com a equipe do projeto Wazaka´yé, onde foi escolhido o tema ‘Nossas Plantas’ para a Feira de Ciências. Foram selecionadas 5 espécies de plantas: macaxeira, acerola, pimenta, abacate e pau-rainha. Cada uma dessas plantas será trabalhada por uma ou duas turmas através de atividades de ciências, arte, história, etc.

A equipe do projeto Wazaka´yé irá apoiar as atividades de várias maneiras, com material didático (livros e cartilhas a respeito das plantas), registro fotográfico de algumas atividades e auxílio na organização da Feira. Os professores e alunos podem também formular outras demandas.

A Feira de Ciências será uma oportunidade para todos aprenderem sobre as plantas. O viveiro e a área de plantio da comunidade de Araçá são como “laboratórios vivos”, e podem ser aproveitados de várias maneiras.

O solo dos quintais

É possível que o quintal esteja melhorando o solo ao longo dos anos, por vários motivos:

- as folhas das árvores caem no chão, se decompõem e se transformam em adubo. - as folhas que são varridas e o mato que é roçado são amontoados e queimados, gerando as cinzas, que também são um tipo de adubo. - os animais nos quintais também contribuem para aumentar a fertilidade do solo, através de suas fezes e urina. - as cascas, bagaços e ossos também se decompõem e se transformam em adubo. No projeto, iremos verificar se o solo do quintal está melhor que o solo do lavrado. Para isso, foram feitas coletas de solo em quintais de diferentes idades nas 5 comunidades da T.I. Araçá. Assim, será possível estudar o solo em quintais de diferentes idades, e observar a variação da fertilidade ao longo dos anos. O solo coletado será levado para o laboratório em Manaus para análise de fertilidade, e mostraremos os resultados em breve!

Essas imagens mostram a coleta de solos para estudo da fertilidade dos quintais. A coleta foi feita no quintal e no lavrado, com o objetivo de comparar um com o outro.

Plantio no lavrado

O viveiro é o primeiro passo para o plantio. O levantamento realizado nos quintais mostrou que em todas as comunidades da T.I. Araçá, as pessoas têm interesse em plantar mais frutíferas, para o consumo ou para vender. Em várias oportunidades, a equipe do projeto Wazaka´yé foi informada que as comunidades têm interesse em plantar e manejar espécies para produção de madeira, principalmente o pau-rainha. Há poucos estudos e experiências de plantio de árvores madeireiras no lavrado, por isso precisamos tentar, experimentar. Algumas experiências estão sendo realizadas na área cercada em volta do viveiro, inclusive para testar novas espécies e novas maneiras de plantar. A área é como um “laboratório vivo”, onde será possível observar quais são as espécies que se desenvolvem melhor no lavrado. Na área em frente ao viveiro e no bananal plantado pelo Sr. Ari, as plantas foram plantadas em carreiras de maneira misturada, de modo que em uma mesma área haverá produção de frutos e de madeira.

Foram plantadas mudas de árvores, de frutíferas, de macaxeira, de feijão e de plantas adubadoras. Essas plantas adubadoras são também conhecidas como “adubo-verde” (ver maiores explicações no quadro amarelo). Foram plantadas 2 carreiras de pau-rainha com mudas produzidas no próprio viveiro de Araçá. As outras mudas foram doadas pelo Horto Municipal de Boa Vista ou trazidas de diversos locais de Boa Vista. As espécies plantadas para produção de madeira foram: pau-rainha, freijó, cedro-doce, mogno e copaíba. As espécies plantadas para produção de frutos foram: murici, abacate, laranja, jaca, ingá, jatobá e mamão. As espécies plantadas como “adubo-verde” foram: feijão-de-porco, feijão-guandú, gliricídia, mucuna-preta e ingá. Na área plantada com bananeiras pelo S. Ari, foram também plantadas diversas espécies. A equipe do projeto Wazaka´yé, junto com alguns membros da comunidade, irá realizar algumas observações sobre o crescimento e eventuais problemas. Contamos com o auxilio de toda a comunidade e estamos a disposição para maiores informações e sugestões.

O QUE É “ADUBO VERDE”?

Todos sabem o que é “adubo”: é algo utilizado para enriquecer o solo. Os adubos enriquecem o solo porque possuem grande quantidade de nutrientes. Nutrientes são elementos que precisam estar presentes no solo para que as plantas se alimentem e cresçam bonitas e saudáveis.

Os adubos mais comuns são: estrume, cinza, adubo químico (também chamado de NPK) e paú. Porém, há algumas plantas que também podem servir como adubo. Essas plantas são conhecidas como “adubo verde”, pois são um adubo “vivo”. Trata-se de plantas que possuem grande quantidade de nutrientes em suas folhas, principalmente um nutriente chamado “Nitrogênio”, aquele que ajuda a dar a cor bem verde às folhas. Quando essas plantas são roçadas, as folhas se decompõem e liberam grande quantidade de nutrientes no solo! Todos os feijões e plantas que produzem vagem são adubos verdes, por exemplo: feijão-de-porco, feijão-guandú, feijão comum, mucuna e muitas outras!

Participantes do INPA: Leovone, Robert, Katell, Rachel, Sonia, Enzo. Técnicos e alunos participantes: José Carlos, Marcelo, Geronildo, Toniellyson. Agradecimento especial aos Tuxauas Avelino, José Carlos, Adenilson, Maridete e Carlos e aos membros das comunidades que participam e auxiliam nas atividades do projeto e no preparo da alimentação. Para maiores informações: entrar em contato com os tuxauas ou com o INPA de Boa Vista. Endereço do INPA: Rua Coronel Pinto, n. 315 – Centro – Boa Vista, RR. Telefone: (95) 3623-9433