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Acção Formação AGENTE DE INSEMINAÇÃO: UM TÉCNICO AO SERVIÇO DO MELHORAMENTO O desenvolvimento de qualquer actividade económica tem por base uma constante aposta na melhoria dos sistemas de produção e dos processos produtivos, procurando, entre outros, ganhos de eficiência e de produtividade. A produção de leite não é excepção. Ao longo dos tempos, e em função dos objectivos, os produtores procuraram seleccionar os melhores exemplares, com o intuito de incrementar o seu número e assim, obter animais mais eficientes e mais produtivos. Estamos perante uma Selecção, dita artificial, que resulta da actuação do produtor com o intuito de aumentar a frequência (no efectivo) de determinadas características, nomeadamente, através do acasalamento dos indivíduos com desempenho superior ou daqueles que têm habilidade para produzir filhos com desempenho superior. Tudo para que a cada geração, tenhamos animais superiores à geração que a antecedeu. Seleccionar pressupõe escolher e para tal há que definir quais os traços ou características que pretendemos e de que forma o faremos. Torna-se então necessário definir os chamados Critérios de Selecção. Consideremos 2 critérios: os de selecção genotípica (ou genética) e os de selecção fenotípica. Na selecção genotípica a escolha (dos animais) é feita com base nos seus valores genéticos aditivos, através de processos que nos permitem estimar (predizer) esses mesmos valores. De forma simples, as características que um determinado animal consegue transmitir aos seus descentes. Ao conjunto desses procedimentos chamamos “avaliação genética”. Já na selecção fenotípica os animais são escolhidos com base fenótipo, ou seja, nas características observáveis, como a morfologia ou o desenvolvimento. Esta pode ser: Fenotípica Fisiológica: Quando são utilizados os valores das produções ou das manifestações fisiológicas dos animais, tais como: a produção de leite, de ovos ou de carne. Tenhamos presente as acções de contraste. Fenotípica Morfológica: Quando se baseia nas características exteriores ou morfológicas dos animais, tais como, a pelagem, a conformação ou os padrões de raça. Tenhamos presente a classificação morfológica dos animais.

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Acção Formação

AGENTE DE INSEMINAÇÃO:

UM TÉCNICO AO SERVIÇO DO MELHORAMENTO

O desenvolvimento de qualquer actividade económica tem por base uma constante aposta na melhoria dos sistemas de produção e dos processos produtivos, procurando, entre outros, ganhos de eficiência e de produtividade.

A produção de leite não é excepção. Ao longo dos tempos, e em função dos objectivos, os produtores procuraram seleccionar os melhores exemplares, com o intuito de incrementar o seu número e assim, obter animais mais eficientes e mais produtivos.

Estamos perante uma Selecção, dita artificial, que resulta da actuação do produtor com o intuito de aumentar a frequência (no efectivo) de determinadas características, nomeadamente, através do acasalamento dos indivíduos com desempenho superior ou daqueles que têm habilidade para produzir filhos com desempenho superior. Tudo para que a cada geração, tenhamos animais superiores à geração que a antecedeu.

Seleccionar pressupõe escolher e para tal há que definir quais os traços ou características que pretendemos e de que forma o faremos. Torna-se então necessário definir os chamados Critérios de Selecção.

Consideremos 2 critérios: os de selecção genotípica (ou genética) e os de selecção fenotípica.

Na selecção genotípica a escolha (dos animais) é feita com base nos seus valores genéticos aditivos, através de processos que nos permitem estimar (predizer) esses mesmos valores. De forma simples, as características que um determinado animal consegue transmitir aos seus descentes. Ao conjunto desses procedimentos chamamos “avaliação genética”.

Já na selecção fenotípica os animais são escolhidos com base fenótipo, ou seja, nas características observáveis, como a morfologia ou o desenvolvimento. Esta pode ser:

Fenotípica Fisiológica: Quando são utilizados os valores das produções ou das manifestações fisiológicas dos animais, tais como: a produção de leite, de ovos ou de carne. Tenhamos presente as acções de contraste.

Fenotípica Morfológica: Quando se baseia nas características exteriores ou morfológicas dos animais, tais como, a pelagem, a conformação ou os padrões de raça. Tenhamos presente a classificação morfológica dos animais.

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2. CONTRIBUTO IMPORTANTE

No processo de Melhoramento Animal, procuramos evidenciar as características que desejamos para o nosso efectivo e simultaneamente corrigir aquelas que são indesejáveis. Mormente, quando destas resulta uma maior ou menor rendibilidade da actividade. Quanto mais informação conseguirmos recolher, mais bem-sucedidos seremos nessa tarefa.

Neste processo de selecção o Agente de Inseminação desempenha um papel fundamental. Para além do domínio da técnica da inseminação artificial, deve possuir um conjunto de conhecimentos que lhe permitam auxiliar o produtor nesse processo. Deve pois assumir um papel activo de aconselhamento e sensibilização dos produtores.

Nesta medida importa que os Agentes de Inseminação tenham presente alguns conceitos e/ou técnicas utilizadas na Avaliação dos efectivos. Nomeadamente, no que diz respeito à Classificação Morfológica dos animais.

Classificação Morfológica: Noção Geral

Estrutura e Capacidade

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3. ALGUNS TRAÇOS OU CARACTERISTICAS MORFOLÓGICAS

A WHFF - World Holstein Friesian Federation, organismo responsável pela harmonização dos procedimentos da reprodução da raça Holstein e particularmente na harmonização da avaliação linear, definiu um conjunto de traços ou características que são objecto de avaliação. São designadas por características padrão e são utilizadas pela generalidade dos 44 países associados. São:

1. Estatura 10. Mobilidade (Locomoção) 2. Largura do Peito 11. Inserção Úbere Anterior 3. Profundidade Corporal 12. Colocação Tetos Anteriores 4. Angularidade 13. Comprimento dos Tetos 5. Ângulo da Garupa 14. Profundidade do Úbere 6. Largura da Garupa 15. Altura do Úbere Posterior 7. Pernas vistas detrás 16. Ligamento Suspensor 8. Aprumos das Pernas 17. Colocação Tetos Posteriores 9. Ângulo do Pé 18. Condição Corporal

Em Portugal, a APCRF – Associação Portuguesa dos Criadores Raça Frísia, avalia adicionalmente mais cinco características: Terço Anterior, Força Lombo, Textura do Úbere, Largura Úbere Posterior e Qualidade Óssea. 1. Estatura Ponto referência: Medida da parte superior da coluna vertebral entre os quadris e o piso.

Baixa Média Alta

Nota 1 2 3 4 5 6 7 8 9

cm: 130 133 136 139 142 145 148 151 154

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2. Largura do Peito Ponto referência: Medido a partir da superfície interna entre a parte superior das pernas dianteiras.

3. Profundidade Corporal Ponto de referência: Distância entre o topo da coluna vertebral e na parte inferior do barril à última costela ponto mais profundo. Independente de estatura

Pouco Profundo Intermédio Profundo

Nota 1 2 3 4 5 6 7 8 9

Estreito Intermédio Largo

Nota 1 2 3 4 5 6 7 8 9

cm: 13 15 17 19 21 23 25 27 29

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4. Angulosidade Ponto de referência: O ângulo e arqueamento das costelas.

Pouca Angulosidade Angulosidade Intermédia Muito Angulosa

Nota 1 2 3 4 5 6 7 8 9

5. Ângulo da garupa Ponto de referência: Ângulo feito pela inclinação da garupa. Desnível entre Íleos e Esquions.

Ísquiones Altos De Nível Lig. Inclinação - Intermédio Inclinados - Ísquiones Baixos

Nota 1 2 3 4 5 6 7 8 9

cm: +4 +2 0 -2 -4 -6 -8 -10 -12

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6. Largura da garupa Ponto de referência: A distância entre os dois pontos mais salientes dos esquions.

Estreita Intermédia Larga

Nota 1 2 3 4 5 6 7 8 9

cm: 10 12 14 16 18 20 22 24 26

7. Membros posteriores vistos detrás Ponto de referência: Direcção dos pés quando vistos detrás.

Fechadas Intermédios - Lig Fechados Paralelas

Nota 1 2 3 4 5 6 7 8 9

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8. Membro posteriores vistas de lado Ponto de referência: Ângulo medido na parte da frente do curvilhão

Pernas Rectas Intermédio Pernas Curvas

Nota 1 2 3 4 5 6 7 8 9

G

160º

147º

134º

9. Ângulo do pé Ponto de referência: Ângulo medido entre a base do pé e a vista lateral da frente do mesmo.

Ângulo Pequeno Ângulo Intermédio Ângulo Grande

Nota 1 2 3 4 5 6 7 8 9

G 15º

45º

65º

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10. Locomoção ou Mobilidade Ponto de referência: Dinâmica das pernas e pés, no tamanho e direcção da passada.

Passo curto e severa abdução Passo curto e ligeira abdução Passo longo e sem abdução

Nota 1 2 3 4 5 6 7 8 9

Abdução: Desvio lateral dos membros posteriores na direcção dos anteriores quando caminha.

11. Inserção do úbere anterior Ponto de referência: Força da inserção do úbere anterior à parede abdominal.

Fraco e Solto Intermédio Forte e Unido

Nota 1 2 3 4 5 6 7 8 9

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12. Colocação dos tetos anteriores Ponto de referência: A colocação dos tetos anteriores vê-se por trás, vendo o centro dos quartos

Fora Quarto No Meio Quarto Dentro Quarto

Nota 1 2 3 4 5 6 7 8 9

13. Comprimento dos tetos Ponto de referência: Comprimento do teto da frente.

Curto Intermédio Comprido

Nota 1 2 3 4 5 6 7 8 9

cm: 1 2 3 4 5 6 7 8 9

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14. Profundidade do úbere Ponto de referência: A distância entre a parte mais baixa da base do úbere e o curvilhão.

Profundo Intermédio Pouco Profundo

Nota 1 2 3 4 5 6 7 8 9

cm: -3 0 3 6 9 12 15 18 21

15. Altura do úbere posterior Ponto de referência: A distância entre a parte inferior da vulva e o tecido que segrega leite.

Muito Baixo Intermédio Alto

Nota 1 2 3 4 5 6 7 8 9

cm: 35 33 31 29 27 25 23 21 19

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16. Ligamento suspensor Ponto de referência: Profundidade da fenda, medida na base do úbere

Sem Ligamento Intermédio Ligamento Forte

Nota 1 2 3 4 5 6 7 8 9

cm: 1 0,5 0 -1 -2 -3 -4 -5 -6

17. Colocação dos tetos posteriores Ponto de referência: Posição do teto posterior no centro do quarto.

1 5 9

Fora Quarto Ponto Médio Dentro Quarto

Nota 1 2 3 4 5 6 7 8 9

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18. Condição Corporal Ponto de referência: O lombo é a principal área de observar para a pontuação 1 a 6, enquanto a raiz da cauda é importante com a pontuação mais elevada, de 7 a 9.

Magra Intermédia Muito Gorda

Nota 1 2 3 4 5 6 7 8 9

A classificação da condição corporal (CCC - escala de 1 a 5) é um método subjectivo de avaliar a energia armazenada nas reservas corporais das vacas leiteiras, em qualquer fase do seu ciclo de produção, baseada numa escala de 1 a 5 pontos, em que 1 corresponde a um animal emaciado (demasiado magro) e o 5 a um obeso. A Avaliação da Condição Corporal é de grande importância no que respeita ao sucesso da

inseminação. Este é pois um dos aspectos que o agente de inseminação deve avaliar no

momento, aconselhando o produtor.

Os animais com baixa condição corporal apresentam taxas mais altas de insucesso, obrigando

à realização de mais inseminações, o que conduz a um inevitável aumento dos dias em aberto

e consequentemente a perdas para o produtor.

Sendo opção do produtor a realização da inseminação, devem os produtores ser aconselhados

a consultarem o veterinário assistente da exploração para que sejam tomadas as necessárias

medidas correctivas.

Condição corporal recomendada para cada fase produtiva

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Sistema de índice de condição corporal