Agenda Do Reino

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a          genda do reino  o que a igreja não deveria negligenciarem tempos de grandes mudanças

milton paulo

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Anda, quero te dizer nenhum segredo

Falo nesse chão da nossa casa

Vem que ta na hora de arrumar...

Vamos precisar de todo mundo

Um mais um é sempre mais que doisPra melhor juntar as nossas forças

É só repartir melhor o pão

Recriar o paraíso agora...

Beto Guedes

“O sal da Terra”.

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INTRODUÇÃO

A Ecclesia do cristianismo primitivo passa muito longe do que é hoje chamado

“igreja” – tanto no campo Romano como no Protestante. Aliás, parece-me que os

segundos seguem a passos largos os mesmos erros dos primeiros, tentando formar um

“sacro império evangélico”.

Tempos confusos e transitórios, onde o fazer e o ter precedem o ser nas

comunidades e as propostas mais diversas surgem para a vida da igreja, prometendo

crescimento e poder.

Como que repetindo a história, muitos continuam atendendo aos acenos de

Constantino e acabam corrompendo e comprometendo o que Jesus tencionou ao

pronunciar pela primeira vez “Igreja”.

Neste contexto, a proposta deste trabalho é propor uma agenda. Atrevo-me a

propor uma agenda para a igreja. Ou em outras palavras, o que deveria estar em nossa

pauta como cidadãos do reino? O que não poderíamos negligenciar de maneira alguma?

Creio que ao lado de alguns, partilho da mesma inquietação de Emil Brunner:

“Enquanto muitos teólogos e líderes da Igreja são hábeis para acalmar suas

consciências, outros estão dolorosamente cientes da diferença entre a comunidade cristã

do período apostólico e nossas próprias ‘igrejas’, e não podem escapar à impressão que,

talvez possa haver algo errado com o que nós chamamos Igreja”.1 

Que o Senhor nos abençoe nesta peregrinação a sermos Igreja de acordo com Seus

valores, metas e propostas.

1BRUNNER, Emil. O equívoco sobre a Igreja. Editora Novo Século. São Paulo. 2000

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Quais os aspectos que não podemos negligenciar.

Ou, qual seria a agenda do Reino?

1.  Resgatar a proclamação do Evangelho da Graça 

Não fazemos isso hoje. O Evangelho que pregamos está baseado no mérito humano.

Favor condicionado a fidelidade. Mas, fato é, que nós não trocamos nada com Deus.

Infelizmente, nossa mensagem é alicerçada no mérito. No toma lá dá cá. É uma

campanha aqui, uma corrente acolá...

As pessoas condicionam a ação de Deus em suas atitudes. Folheiam a Bíblia,

descontextualizam o texto e, cobram de Deus o que de Ele nunca prometeu.

O Evangelho que pregamos hoje não infunde um desejo e um anseio de santidade. A

Graça deve nos constranger a santidade, ou seja: ela não exige sacrifício antes, mas espera

sacrifícios depois.

Uma vida comprometida com a Graça é uma vida comprometida com o Reino,

comprometida com aquilo que o Pai tem se comprometido.

2.  Dar atenção a apologética bíblica

Cristianismo não é compreensível, é mistério. Não cabe o racionalismo no

cristianismo. Cristianismo propõe uma reação ao deísmo, ao racionalismo, mas também a

ortodoxia. (igreja sem emoção, sem paixão).

O mundo espera uma igreja inteligente. Uma igreja que possa dialogar. Há muito

tempo a igreja fechou-se em seu gueto, ergueu muros e acomodou-se ao simplismo de

respostas. Porém... Não existe teologia sem discussão com a cultura da época. Não serve

para o mundo nossa “teologia da descrença”, nossa “teologia da ignorância”

Em muitos momentos importantes não temos uma igreja que dialoga e argumenta a

luz da Bíblia. Quando vemos isso acontecer – em raros momentos – ou ficamos em cima

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do muro, ou como no caso da atual situação no Oriente Médio polarizamos de um dos

lados – no exemplo citado, do lado dos EUA.

Precisamos aprender a ler a Bíblia atualizada com os vários setores da ciência (não só a

filosofia e a sociologia).

Temos que saber explicar o que cremos e porque cremos. Nossa fé não pode ser

embasada no simplismo de nossas respostas. É muito pouco uma vida de obediência cega

sem raízes profundas no coração.

3.  Olhar a espiritualidade em termos processuais e de peregrinação

A conversão é NO MOMENTO, mas acontece num processo.Quando alguém atende a

um apelo em determinado momento da vida, aquilo já vem sendo trabalhado há muito

tempo. Em alguns casos, anos a fio. Geralmente – não que isso não possa acontecer – a

conversão de alguém se dá com o ouvir as Boas Novas, várias e várias vezes. E quando

alguém se converte não é um “cristão acabado”.

Exigimos dos convertidos atitudes de pessoas maduras na fé. Quando elas chegam à

nossas comunidades e se convertem ali, logo a integramos num processo de “discipulado,

com um ou dois encontros na semana, “preparamos” o candidato ao batismo, e a partir

dali exigimos um comportamento padrão e exemplar. Padrão de acordo com nossas

convicções teológicas e exemplares do ponto de vista do nosso regimento interno.

Respeitar o processo. Em nossa sociedade instantânea desejamos respostas rápidas e

profundas. Isso é impossível. Quando nos convertemos iniciamos um processo de uma

longa obediência na mesma direção.2 

Precisamos compreender que este mundo não é amigo da graça, e neste contexto,

quando alguém assume um compromisso ao lado de Jesus ela não é recebida por uma

grande multidão de amigos festejando e parabenizando-a. Muito pelo contrário, há um

acumulo de desaprovação e indiferença que chega a ser espantosa.

2Uma longa obediência na mesma direção – discipulado numa sociedade instantânea, é o título de um dos

livros de Eugene Peterson. Nesta obra Eugene trabalha com profundidade a questão da pressa moderna e

urbana que nos destrói e a necessidade do discipulado.

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Isso – entre outras coisas – torna o processo doloroso e demorado. Assim, nossos

auditórios são cada vez menos homogêneos.

Somos pessoas, todos nós, no Caminho.

4.  A Igreja deve olhar com muita atenção a vida em comunidade

Um fenômeno antigo ganhou força em nossa sociedade pós-moderna: “O Movimento

dos Sem Igreja”! Pessoas que eu classificaria como feridas ou oportunas que (que

independentemente da situação precisam ser confrontadas e ajudadas), se “cansaram” da

instituição igreja, e quando abandonaram a instituição largaram tudo, inclusive a Eclésia

do Senhor.

Particularmente creio que uma não vive sem a outra, porém, a instituição deve estar

em serviço às pessoas, agindo como agentes facilitadores do Reino.

Assim, a igreja não é uma alternativa para a sociedade, mas uma sociedade

alternativa.

Prioritariamente a igreja é uma manifestação clara da presença de Deus no mundo e

dos sinais do seu reino. Somos agentes do reino! Ou, deveríamos de fato ser.

Hoje, como igreja, não sabemos o que é viver em sociedade. Precisamos olhar com

mais critério para as famílias (agendas, atividades...).3 

Que tipo de família a igreja está gerando?

5.  A Igreja tem de promover a revolução do leigo

Proponho uma revolução na leitura dos dons espirituais, vinculados as vocações

pessoais, não a estrutura da igreja. Não se trata aqui em inventar atividades e cargos para

as pessoas, mas de identificar e discernir dons e ministérios nas pessoas. Ser sensíveis ao

mover do Espírito e conscientes de as pessoas não “trabalham para o meu ministério”,

3Lembro-me claramente de uma das palestras de Fernando Moura no Intervinhas de Brasília – “Ou a igreja

se relaciona, ou faz coisas”. Durante muito tempo de minha vida fui vítima e vitimei pessoas por não

compreender isso.

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mas que no sacerdócio de cada cristão todos nós temos o nosso ministério. Pessoas são

chamadas ao trabalho. Todas as pessoas, não algumas...

Vocação e Sacerdócio são coisas distintas e têm a ver com toda a comunidade cristã.

6.  Promover uma solidariedade engajada

Sair do seu quintal e envolver-se mais. Aprender a participar com as boas iniciativas

que já existem. Geralmente, queremos o “nosso, do nosso jeito”, não participamos do que

 já está acontecendo.

Recentemente incentivei um de meus alunos a iniciar um trabalho numa comunidade

carente de sua cidade. Ele fez um ótimo projeto, estruturamos detalhes, ele apresentou a

seu pastor que também gostou e o incentivou. O segundo passo foi encontrar voluntários

para o trabalho. Entre os que se apresentaram havia um rapaz que queria saber “para que

igreja iria as pessoas que se convertessem?”. Isso não é visão do reino. Mas uma atitude

bairrista e denominacionalista. 

Nossas Igrejas deveriam ser seleiros de voluntariedade; agindo e colaborando naquilo

que o Senhor está fazendo. Nas palavras de Dallas Willard: sendo conspiradores ao lado

de Deus.4 

De uma vez por todas, precisamos entender que solidariedade não é estratégia

evangelística. Creio que a recomendação do Rei aos seus súditos é “faça o bem, não

importa a quem”.

7.  A Igreja deve dar uma atenção especial à Ética.

Ética que extrapola o comportamentalismo. Mais que “o pode ou não pode”.

Hoje, nossas igrejas alimentam a hipocrisia ou a culpa! Explico: há um hiato com o que

é ensinado e o que é vivido; muitas pessoas participam de nossas comunidades, ouvem,

4WILLARD, Dallas. A Conspiração Divina. Editora Mundo Cristão. São Paulo. 2000.

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concordam e, acabam fazendo o que bem entendem. Assim, tornam-se hipócritas crendo

uma coisa e vivendo outra; ou, se consomem na culpa.

Porém, mais que comportamentalismo, como Igreja, o que temos a dizer sobre:

divórcio, homossexualismo, sexualidade na juventude? Assuntos que na grande maioria

das vezes fica no silêncio de nossos armários até que um “incêndio” ocorra aqui ou acolá...

8.  A igreja tem de desenvolver uma pastoral compassiva

Ser mais inclusiva. Acolher os fracos.

Temos portas cerradas e muros altos. Exigimos um certo comportamento, para que as

pessoas integrem nossos rebanhos. Primeiro a mudança, a ”transformação”.

Com tal atitude, excluímos o fraco. Creio que precisamos de rebanho mais aberto,

porém com um centro administrativo mais criterioso. Um cuidado maior no treinamento e

preparo dos líderes nos possibilitaria um rebanho mais aberto. Com certeza teríamos

muito mais trabalho, mas...

Finalmente...

Sei que esta proposta está muito longe de uma palavra final e conclusiva do assunto,

mas espero que pelo menos algumas portas de diálogos possam ser abertas em nossas

comunidades e, mudanças significativas se concretizarem.

Cristianismo é mais que saber, é fazer.

EXISTÊNCIA X ESCÊNCIA

(uma razão para viver ou para morrer)

Cristianismo como algo que dê significado para a vida. Só morremos por algo que seja

fundamental, do contrário é só reflexão.

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Cristianismo é para ser um sentido de vida. Música, doutrina, e tudo o mais é

secundário.

Que o Senhor nos ajude a compreender o que Ele mesmo sempre desejou para nossa

vida como cidadãos no Reino.

Amém.

BIBLIOGRFIA:

WILLARD, Dallas. A conspiração divina. Editora Mundo Cristão. São Paulo. 2000

BRUNNER, Emil. O equívoco sobre a Igreja. Editora Novo Século. São Paulo. 2000

PETERSON, Eugene. Uma longa obediência na mesma direção – discipulado numa

sociedade instantânea. Cultura Cristã. São Paulo. 2005.

WATTS, Rikk. Jesus o modelo pastoral. Habacuc. Rio de Janeiro. 2004.

GOUVEIA, Ricardo Quadros. Kierkergaard. Anotações da palestra ministrada em 20/4/05.

Faculdade Latino Americana de Teologia Integral.