África o Começo de Tudo

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8/19/2019 África o Começo de Tudo http://slidepdf.com/reader/full/africa-o-comeco-de-tudo 1/7 ÁFRICA O COMEÇO DE TUDO  A história brasileira está intrinsecamente ligada à África, e é o ponto de partida para que comecemos a discutir acerca das influências que a cultura desse continente presente em nosso cotidiano. Para isso devemos atentar o surgimento dos primeiros aglomerados populacionais. ! regime de águas e a vast"ssima e#tens$o do rio %ilo, bem como de seus afluentes, propiciaram o surgimento das primeiras civili&a'(es no continente.) *+!P-, //01 234. %um primeiro momento, temos o inicio das rela'(es dos povos africanos com árabes, o que possibilitou a difus$o e assimila'$o da cultura tanto de um como do outro. As rela'(es entre árabes e africanos através do 5ar 6ermelho e do oceano 7ndico datam de muitos séculos. 5as é com o advento do islamismo que os árabes, efetivamente, come'am a se estabelecer na África.) *+!P-, //01 4. 8sso possibilitava uma maior dinami&a'$o na troca feita por esses povos. A partir do momento em que a nova religi$o se espalhou pelo resto do continente, muitas ve&es através da for'a, até que a resistência por parte da popula'$o enfraqueceu a tomada de poder mul'umana na África. 9 de conhecimento de todos que a escravid$o n$o foi e#ercida somente pelos europeus, era costume das tribos africanas escravi&ar os povos inimigos conquistados durantes as guerras, porém o modo de escravid$o tinha grandes diferen'as. m algumas sociedades, escravos tinham direito a constituir fam"lia e a participar das rendas das terras de seus senhores.) *+!P-, //01 :24. Além disso, ele poderia ter uma ascens$o social, mesmo sem receber nenhum salário pelo seu trabalho, só depois com a invas$o mul'umana e com os europeus onde o escravo era tratado como uma simples mercadoria. ! massacre reali&ado pelos portugueses iniciou o tráfico de escravos, como forma de suprir a demanda por m$o de obra em suas col;nias fora da África. Apesar da resistência dos povos nativos, a tecnologia mar"tima e de amamento possibilitou aos lusitanos o controle de regi(es importantes no litoral. ! mercado de escravos acabou se tornando atrativo até mesmo para os africanos, que possu"am escravos e acabam negociando com os coloni&adores. Ai, consolidando<se essa atividade como um comércio puro e simples, os chefes locais vendiam e os europeus compravam a

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ÁFRICA O COMEÇO DE TUDO

 A história brasileira está intrinsecamente ligada à África, e é o ponto de

partida para que comecemos a discutir acerca das influências que a cultura desse

continente presente em nosso cotidiano. Para isso devemos atentar o surgimento

dos primeiros aglomerados populacionais. ! regime de águas e a vast"ssima

e#tens$o do rio %ilo, bem como de seus afluentes, propiciaram o surgimento das

primeiras civili&a'(es no continente.) *+!P-, //01 234.

%um primeiro momento, temos o inicio das rela'(es dos povos africanos com

árabes, o que possibilitou a difus$o e assimila'$o da cultura tanto de um como do

outro. As rela'(es entre árabes e africanos através do 5ar 6ermelho e do oceano7ndico datam de muitos séculos. 5as é com o advento do islamismo que os árabes,

efetivamente, come'am a se estabelecer na África.) *+!P-, //01 4. 8sso

possibilitava uma maior dinami&a'$o na troca feita por esses povos. A partir do

momento em que a nova religi$o se espalhou pelo resto do continente, muitas ve&es

através da for'a, até que a resistência por parte da popula'$o enfraqueceu a

tomada de poder mul'umana na África.

9 de conhecimento de todos que a escravid$o n$o foi e#ercida somente pelos

europeus, era costume das tribos africanas escravi&ar os povos inimigos

conquistados durantes as guerras, porém o modo de escravid$o tinha grandes

diferen'as. m algumas sociedades, escravos tinham direito a constituir fam"lia e a

participar das rendas das terras de seus senhores.) *+!P-, //01 :24. Além disso,

ele poderia ter uma ascens$o social, mesmo sem receber nenhum salário pelo seu

trabalho, só depois com a invas$o mul'umana e com os europeus onde o escravo

era tratado como uma simples mercadoria.

! massacre reali&ado pelos portugueses iniciou o tráfico de escravos, como

forma de suprir a demanda por m$o de obra em suas col;nias fora da África. Apesar 

da resistência dos povos nativos, a tecnologia mar"tima e de amamento possibilitou

aos lusitanos o controle de regi(es importantes no litoral. ! mercado de escravos

acabou se tornando atrativo até mesmo para os africanos, que possu"am escravos e

acabam negociando com os coloni&adores. Ai, consolidando<se essa atividade como

um comércio puro e simples, os chefes locais vendiam e os europeus compravam a

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mercadoria humana. Até mesmo cidad$os comuns se beneficiavam, vendendo

prisioneiros de guerra como escravos. *+!P-, //01 :4.

=udo isso elevou os europeus ao patamar de maior usuário de m$o de obraescrava do mundo, algo que até ho>e é motivo de grande vergonha.

O TRÁFICO DE NEGROS PARA O BRASIL E A AFRIMAÇÃO DA CULTURA

AFRO-BRASILEIRA.

 A partir da chegada dos europeus, principalmente de portugueses, ao litoral

africano o processo de escravi&a'$o da popula'$o come'ou a se intensificar, uma

que a necessidade por bra'os fortes para o cultivo das culturas presentes nas

col;nias era grande, come'ou ent$o a cria'$o de rotas de trafico de escravos.

?ertamente muitos cativos vieram para o @rasil através daquele trecho da costa

africana compreendido entre os atuais -enegal e -erra +eoa, ent$o conhecido

como ?osta da uiné.) *+!P-, //01 B34.

?om o inicio da produ'$o de a'Ccar no @rasil, no ano de 2DB, as primeiras

naus carregando escravos advindos da África desembarcam no litoral brasileiro,

especificamente em -$o 6icente. Ai deu<se o principio de mais de três séculos deescravi&a'$o e tráfico de cativos africanos.

! grupo étnico que mais sofreu com o comércio foram os bantos, que teveuma parcela enorme de cativos tra&idos para o @rasil, em sua maioria oriunda do?ongo. Além desses diversos outros grupos vieram para o @rasil, porém muitosregistros que especificavam a regi$o e a etnia dos escravos foram perdidas oue#traviadas.

Eos oeste<africano, o @rasil recebeu as primeiras concep'(es filosóficas edoutrinárias, bem como as práticas, que vieram a se tornar a espinha dorsal

da maioria dos cultos e religi(es populares praticadas no pa"s. 9 o caso dasvárias modalidades de candomblé, da mina maranhense, da encantariaama&;nica e da primitiva umbanda. *+!P-, //01 DB4.

sse processo de ê#odo for'ado dos africanos para o @rasil teve papel

fundamental para a constitui'$o da cultura brasileira, ela inicia<se primeiramente

dentro das sen&alas e toma conta de todo o pa"s em suas manifesta'(es culturais.

 A resistência também em solo brasileiro teve grande importFncia para o

processo, posteriormente, de e#tin'$o do tráfico e da aboli'$o da escravatura.

Produto e resultado de todo um processo histórico que teve como agentes seus

ancestrais do outro lado do AtlFntico, o @rasil afrodescendente é também agente de

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sua própria Gistória e de suas práticas culturais.) *+!P-, //01 :04. Apesar da

repress$o e#ercida pelos senhores, o que podemos observar é um grande nCmeros

de levantes reali&ados pelos escravos.

8sso passou a ter um cunho nacional, todos os movimentos assemelhavam<se

muito criando assim uma massa homogênea de pequenas revoltas com ob>etivos

idênticos. !s rebelados eram essencialmente negros e pobres, e, declaradamente

inspirados nos ideais da Hevolu'$o Irancesa.) *+!P-, //01 B/4. les tentavam a

conquista da liberdade e do poder, assim como os haitianos haviam conseguido, na

regi$o caribenha.

 A guerra teria funcionado em rela'$o ao @rasil, como uma tentativa bem<sucedida de embranquecimento da popula'$o1 os escravos seguiam como

combatentes em troca de alforria e acabavam di&imados. Assim, dois anos

após o término do conflito, a parcela branca do povo brasileiro havia

e#perimentado um crescimento de 3BJ, enquanto a popula'$o negra

diminu"ra em 3/J.

%os anos que antecederam a aboli'$o tivemos tentativas de e#term"nio de

negros, uma ve& que a press$o sobre o @rasil para acabar com a escravid$o era

muito grande. Kma das solu'(es foi enviar levas de escravos para combater as

tropas na uerra do Paraguai.

 A e#tin'$o do tráfico atlFntico, em pleno ?iclo do ?afé, veio colocar em #eque

o regime escravista. Ea" o incremento do comércio entre as diversas

prov"ncias, em dire'$o principalmente àquelas mais carentes de m$o de obra,

como as cafeicultoras.

! ouro vede), como o café era chamado sofreria muito com as bai#as que o

fim do tráfico trou#e, >á que era ele o produto oficial e o mais requisitado, a crescente

demanda pela m$o de obra escrava emperrou muito o crescimento da importa'$o

do café. le se tornou o local onde o escravo ficou marcado, em todos os sentidos e

foi nele que o africano viu a sua liberdade ser assegurada em lei.

=udo isso n$o gerou no restante da popula'$o a aceita'$o de negros nos

setores antes e#clusivamente de brancos, e outros levantes também conseguiram

um pequeno sucesso, como a Hevolta da ?hibata, liderada por Lo$o ?Fndido quevisava o fim dos castigos sofridos pelos negros na 5arinha brasileira. !nde sob sua

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lideran'a mais de mil homens dominaram parte da frota e amea'aram bombardear a

cidade do Hio de Laneiro. -egundo um >u"&o ho>e quase unFnime, a Hevolta da

?hibata se inscreve entre os movimentos em prol da afirma'$o da cidadania afro<

brasileira.) *+!P-, //01 B4. 5esmo tendo um sucesso de pequena dura'$o esse

cap"tulo trou#e um motivo para a luta pelos direitos, bem como a nega'$o pelos

castigos e pelo preconceito sofrido ainda naquele per"odo pós<aboli'$o.

QUILOMBO: O REFUGIO DOS NEGROS.

 As constantes fugas dos escravos acabaram acarretando na cria'$o de um

lugar onde eles poderiam se refugiar e come'ar de verdade a sua vida. -urge ai o

quilombo, A palavra tem origem nos termos MkilomboM *Nuimbundo4 e MochilomboM*Kmbundo4, estando presente também em outras l"nguas faladas ainda ho>e por 

diversos povos @antos que habitam a regi$o de Angola, na África !cidental . A

princ"pio organi&ados basicamente para defesa, em muitas ocasi(es, entretanto,

for'ados por necessidades vitais, quilombolas organi&avam e#pedi'(es de ataques

a vilas e povoados vi&inhos.) *+!P-, //01 304.

! mais organi&ado e conhecido quilombo brasileiro locali&ava<se na regi$o da

-erra da @arriga, especificamente em Palmares, com mais de : mil habitantes se

notabili&avam por sua estrutura'$o e por sua agricultura avan'ada, além do

manuseio de algumas matérias primas transformadas em artesanato. A e#periência

palmariana foi a maior e mais longa contesta'$o à ordem escravista em todo o

mundo e em todos os tempos.) *+!P-, //01 O24. -ob a lideran'a de umbi

diversas lutas foram travadas com os senhores, que viam no Nuilombos dos

Palmares um lugar de resistência. 9 considerado ainda ho>e como um modelo de

convivência em democracia, a sua organi&a'$o mesmo após a sa"da de umbi e

posteriormente, a sua morte. le se tornou a semente que fe& com que se tivesse

um sentimento maior pela liberdade e contra a opress$o e o racismo.

 A heran'a dei#ada por umbi é vista até os dias de ho>e, muitas das

comunidades quilombolas fora fundadas pouco depois de sua morte e se tornaram

locais onde se podia reviver a África no @rasil. ! que se viu ao logo do tempo foi o

esquecimento da história desses grupos, a falta de politicas pCblicas voltadas para

esse campo, bem como a demarca'$o das áreas quilombolas.

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spalhadas por muitos estados desde a época da escravid$o, somente após

2Q02, quando se come'ou a pro>etar o 5emorial umbi do Palmares, erguido

no s"tio histórico da -erra da @arriga, em Alagoas é que a história dessas

comunidades entrou na pauta dos movimentos negros. *+!P-, //01 O:4.

8sso muito se deve pelo fato da ?onstitui'$o Iederal de 2Q00, atentar para o

direito assegurado aos descendentes de escravos que ainda habitam essas regi(es.

 Além do fato de nos Cltimos anos uma maior valori&a'$o da cultura afro<brasileira

por parte dos órg$os responsáveis e da popula'$o em geral.

 A problemática da quest$o fundiária também afeta as comunidades

quilombolas, que sofrem com os abusos impostos pelos grandes latifundiários,

assim como do próprio governo Iederal, e#emplo claro disso foi a desapropria'$o

de uma área de mais 3/ RmS necessárias para a implanta'$o, pelo 5inistério da

 Aeronáutica, do ?entro de +an'amento de AlcFntara, o que desapropriou mais de

D// fam"lias, segundo relatório da 5iss$o Ea Helatoria %acional Eo Eireito à

5oradia Adequada e à =erra Krbana. ssas fam"lias tiveram que se deslocar de

forma compulsória para agrovilas, que nada se assemelham com as comunidades

em que viviam caracteri&ando<se assim um grande crime contra a Gistória desses

povos e a falta de comprometimento dos que governam.

A IMPORTÂNCIA DO PROCESSO DE ASSIMILAÇÃO DA CULTURA AFRICANA

PARA O BRASIL.

Lá é de conhecimento geral que o inicio da humanidade como conhecemos

ho>e se deu no continente africano, ent$o é quase incalculável a quantidade de

cultura que esse povo contém, mas claro, se lá é o inicio de tudo) ent$o muito do

que temos *humanidade4 de cultura vem dos costumes africanos antigos, diria quasetudo, pois a humanidade está em constante evolu'$o e n$o modifica'$o total dos

rumos, n$o é diferente com a cultura.

nt$o se o ser humano em geral >á deve muito a este continente, imagine um

pa"s que teve contato direto com seu povo, o que é o nosso caso *@rasil4, que se

deu através de navios negreiros que desembarcam em terras tupiniquins tra&endo

milhares e milhares de pessoas do continente africano de variados pa"ses para

servirem de m$o de obra nas lavouras de café pelo fato da local *ind"genas4 n$o

satisfa&er os grandes empresários do café.

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nt$o >á podemos até relacionar da onde boa parte de nossa cultura veio e

como chegou aqui, e com quem se misturou para chegar onde está, porque, por 

e#emplo, o candomblé é a mistura de cultos de vários pa"ses africanos que tinha

cada um o seu ori#á quando foram tra&idos para o @rasil, os escravos se >untavam

em apenas um só culto e adoravam ao con>unto de ori#ás cada um dando ênfase no

seu preferido) criando assim um nova religi$o que é @rasileira, mas com ra"&es

estrangeiras, mais especificamente do continente africano.

5as a doa'$o) de cultura por parte da África ao @rasil n$o para por a",

também podemos citar nas partes da mCsica e ritmos, que temos o samba, pagode,

a#é, arro#a, lambada. Nue s$o os denominados @rasileiros, mas como tudo tem sua

origem podemos di&er veementemente que os supracitados tem origem africana

ent$o mais certamente podemos denomina<los como Afro<@rasileiros.

=ambém n$o podemos dei#ar de citar e abordar a culinária afro<brasileira que

é bastante rica e como o nome >á entrega veio de muito do que nos foi dado pelos

africanos transportados para o brasil. %este tópico abordaremos os principais pratos

que s$o1 ?uscu& doce, pé<de<moleque, vatapá, acara>é. !bservando a lista como

seus respectivos ingredientes e formas de preparo, conseguimos assimilar que n$ose trata de algo que vem da elite @rasileira que na época era uropeia e sim de algo

que era feito com sobras ou até com o que era descartado.

CONCLUSÃO

 Após tudo que foi abordado, pode<se concluir que a cultura africana em geral a>udou

e muito a formar o que o @rasil é ho>e tanto no que se como beneficio e como

maleficio, isto por muitas ve&es é despre&ado ou ignorado, mas fa& parte do nosso

dia a dia, por e#emplo, da nossa comida, dan'a, cor, forma de se portar, sotaque da

l"ngua. 5uito desta vis$o é heran'a da vis$o eurocêntrica que também foi nos

concedida na época do @rasil ?ol;nia, que cabe a nós cientistas humanos

@rasileiros n$o repassa<las e até repreende<las mas sempre cita<las.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

http1TTfiles.dirppg.ct.utfpr.edu.brTppgteTrevistatecnologiaesociedadeTrev/Trev/Uartig

o2.pdf 

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