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APTA desenvolve aquaponia ulizando lambaris e sistema já pode ser adotado por pequenos agricultores Aquaponia com resultado MEIO AMBIENTE Pesquisadores desenvolvem microorganismo capaz de degradar borracha ARQUITETURA Os 100 anos de Vilanova Argas INOVAÇÃO Empreendedores buscam parceria com a Nasa painel Ano XVIII nº 244 julho/ 2015 AEAARP Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto

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APTA desenvolve aquaponia utilizando lambaris e sistema já pode ser adotado por pequenos agricultores

Aquaponia com resultado

Meio AMbientePesquisadores desenvolvem

microorganismo capaz de degradar borracha

ArquiteturAOs 100 anos de

Vilanova Artigas

inovAçãoEmpreendedores buscam

parceria com a Nasa

painelAno XVIII nº 244 julho/ 2015

A E A A R P

Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto

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REFLEXÕES DE JULHO

Os seis primeiros meses deste ano foram de grandes dificuldades para todos os brasileiros. Passamos por momentos de grande turbulência econômica que preci-sam nos deixar aprendizados importantes. As pessoas vêm poupando os recursos naturais, como a água, e apagando mais as luzes em ambientes que não estão sendo usados, economizando energia.

São atitudes que colaboram para a preservação do meio no qual vivemos. Porém, apenas são sistematicamente adotadas para preservar outro recurso, caríssimo para homens e mulheres: o dinheiro. É justo, mas nos obriga à reflexão.

Na Grécia antiga, os filósofos já estudavam a interação entre os seres e o ambiente, base da ecologia. Nos anos de 1700 surgiram as primeiras teorias científicas que resul-taram nos conceitos de ecologia, preservação do meio ambiente e sustentabilidade.

Durante o ano de 2014, no auge da seca, os organismos reguladores brasileiros alertaram para a possibilidade de escassez de água até em regiões onde as pesso-as pensavam que esse recurso exista em abundância, como é a nossa, apesar dos reiterados alertas.

Mesmo tendo conhecimento sobre o rebaixamento do Aquífero Guarani e da cada vez mais iminente necessidade de encontrar formas alternativas de abastecimento de água, muita gente ainda deixa a torneira ligada em momentos triviais, como durante a higiene íntima ou cuidados com a casa.

O comportamento tem mudado, mas apenas em razão do aumento da tarifa de água, anunciado recentemente pela Prefeitura Municipal, e as escaladas de aumento da energia elétrica, que vêm acontecendo desde o início do ano. E, então, as atitudes há muito sugeridas por especialistas e autoridades são finalmente adotadas, menos pela consciência e mais por quanto essa despesa pesa no bolso.

Eng. civil Carlos Eduardo AlencastrePresidente

Eng. civil Carlos Eduardo Alencastre

Editorial

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Expediente

A s s o c i A ç ã ode engenhAriA ArquiteturA e AgronomiA de ribeirão Preto

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ÍndiceESPECIAL 05Aquaponia com lambaris

EvEnto 096ª Semana de Arquitetura

MEIo AMbIEntE 10Um microorganismo contra a borracha dos pneus

EnErgIA 12bioenergia e sustentabilidade

ArqUItEtUrA 14100 anos de vilanova Artigas

CUrSo 17AEAArP promove curso de poda dia 15 de agosto

tECnoLogIA 18Investimento em inovação

gEStão 20A governança das águas

SAúdE 22dados alarmantes: medidas

ArtIgo 23o risco das pragas que vêm de fora

CrEA-SP 24Comentários aos Artigos 71 e 75

InovAção 25Estações robotizadas em áreas com risco de deslizamento

notAS E CUrSoS 26

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AEAARP

EspEcial

AquaponiaSistema desenvolvido na APTA será inicialmente introduzido

na agricultura familiar e poderá atender à demanda por alimentos e peixes usando menos recursos naturais

siva de lambari com a hidroponia. As plantas não têm contato com o solo e são cultivadas em água e/ou substrato, dentro de estufas. Neste ambiente, há diminuição na ocorrência de pragas e doenças e proteção de intempéries cli-máticas e ataques de aves. Os resulta-dos são plantas com melhor qualidade e redução de até 80% no uso de agrotóxi-cos. Em alguns casos, o controle quími-co é totalmente dispensado.

O sistema utiliza os resíduos da pro-dução do lambari para o cultivo hidro-

A Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) desenvolveu um sistema de produção com a integração de lambari e hortaliças, uma alterna-tiva sustentável de produção integra-da. A aquaponia, como é conhecida, é pesquisada no mundo todo, sobretudo utilizando a tilápia como espécie de pei-xe principal. Na APTA, os pesquisadores iniciaram o projeto com o uso de lam-bari. Com o sistema, segundo eles, os produtores podem ter duas fontes de renda em um mesmo espaço e reduzir

com lambaris

o consumo de água. Segundo a APTA, em comparação

com sistemas tradicionais de piscicultu-ra, na aquaponia há redução de até 95% da quantidade de água necessária para a produção de peixes. Também há eco-nomia de água na produção de horta-liças quando comparada com o cultivo tradicional, em canteiros de terra. Nes-te sistema, não há perdas de água por infiltração no solo.

O novo conceito de produção agrupa todas as vantagens da produção inten-

O sistema completo, lambaris no tanque e hortaliças na bandeja

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Revista Painel

pônico. Com isso, é possível cultivar pei-xes e plantas gastando até 95% menos de água. “Na aquaponia não há neces-sidade de renovação de água, pois as plantas capturam esse excesso de nu-trientes. A perda de água dentro de um sistema aquapônico em condições nor-mais se dá unicamente por evaporação e transpiração das plantas. A intensida-de da perda varia conforme o microcli-ma onde o cultivo está instalado”, expli-ca o zootecnista Fernando André Salles, pesquisador da APTA.

A ideia dos pesquisadores é introdu-zir o sistema em São Paulo pelo fato de ser um estado bastante populoso e com crescente demanda por alimentos e água. A tecnologia já é utilizada em países como Estados Unidos, Canadá e Austrália.

“A agricultura é uma atividade ex-tremamente dependente de água para conseguir adequada produtividade de alimentos, o que acaba competindo com recursos hídricos para a população urbana. Qualquer técnica que consiga

reduzir a quantidade de água na produ-ção de alimentos é extremamente bem--vinda”, afirma Salles.

O uso de lambari para o sistema tam-bém responde à demanda comercial, uma vez que 70% da produção nacional de lambari abastecem o mercado pau-lista. O peixe é usado, principalmente, como isca viva na pesca esportiva.

A principal diferença entre o uso do lambari e outros peixes é o tempo ne-cessário para atingir tamanho comer-cial. O lambari precisa de três a quatro meses, enquanto espécies como a ti-lápia, precisam de oito meses. “Os re-sultados em termos de produção é que podemos ter maior número de ciclos ao longo do ano”, afirma o pesquisador da APTA, o zootecnista Fábio Sussel. So-ma-se a isso a redução do tempo de cul-tivo das hortaliças, facilitação da mão de obra e reaproveitamento dos nutrientes presentes na solução aquosa.

Comparativamente, o custo de fer-tilizante para produzir mil plantas está estimado entre R$ 30,00 a R$ 40,00,

segundo a APTA. Já o custo total de pro-dução por planta na hidroponia varia de R$ 0,20 a R$ 0,40. Para o consumidor, a vantagem está no maior tempo de con-servação das folhosas e facilidade na higienização, pois não há contato com o solo.

Segundo Sussel, os pesquisadores da APTA estão, em princípio, propondo a produção aquapônica em módulo fa-miliar, ou seja, em compartimentos de 1m³ onde se trabalha com 600 litros de água e é possível produzir 400 lambaris e três ciclos de hortaliças em três me-ses. Esse modelo representaria uma opção prática, moderna e sustentável de produzir alimentos de qualidade no próprio quintal. “No entanto, em sistemas comerciais de aquaponia, o lambari é mais rentável quando com-parado com outras espécies, por ter valor agregado por unidade, já que é comercializado como isca viva para a pesca esportiva, não havendo perdas e nem custos com abate e processamen-to”, explica.

Como funcionaNo sistema aquapônico, é possível

produzir qualquer hortaliça de fruta ou folhosas, além de outras espécies de plantas de valor econômico, como es-tévia e plantas aromáticas e medicinais. “Não há restrição quanto às espécies de peixes, desde que sejam adaptadas a condições de confinamento, como as trutas e as tilápias”, diz Salles. Ele expli-ca que a proteína presente na ração é metabolizada para formação do tecido muscular do peixe. Porém, parte é ex-cretada diretamente pelas brânquias dos animais na forma de amônia ou é perdida por meio das fezes. A amônia,

Tanque com lambaris

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mesmo em baixas concentrações, é tó-xica para o peixe.

“No sistema de produção aquapôni-ca, a amônia presente na água passa por um filtro biológico onde ocorre a ni-trificação, transformando-a em nitritos e, subsequentemente, em nitratos, este último produto, de baixa toxicidade para os peixes, é prontamente absorvi-do pelas plantas na produção hidropô-nica”, explica.

Além dos nitratos, a mineralização dos dejetos dos peixes fornece às plan-tas boa parte dos elementos necessá-rios ao crescimento, como o fósforo, cálcio e ferro, entre outros. Com isso, não há a necessidade do uso intensivo de fertilizantes químicos. A tecnologia poderá ser utilizada por pequenos, mé-dios e grandes produtores.

Os pesquisadores da APTA trabalham em conjunto com técnicos de extensão da Coordenadoria de Assistência Técni-

ca Integral (CATI) para fomentar e divul-gar os resultados das pesquisas, que de-vem começar a ser disponibilizados em dois anos. “Estamos em fase embrioná-ria do trabalho científico, que, no futu-ro, servirá para apoiar tecnicamente o sistema para que o produtor o utilize com racionalidade e sustentabilidade”, afirma Salles.

Os lambarisEstima-se que a produção nacional de

lambari totalize 120 milhões de unida-des, por ano. São Paulo é o maior pro-dutor, com 80 milhões por ano, seguido de Mato Grosso, Minas Gerais, Goiás e Paraná. Praticamente 100% da produ-ção são destinados ao mercado de isca viva para pesca esportiva, atividade que vem crescendo nos últimos anos.

“Apesar de historicamente os rios de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul terem fama de piscosos, o grande mer-

cado de pesca esportiva hoje se encon-tra em São Paulo, especialmente para pesca de corvina e tucunaré”, explica Sussel.

De acordo com o pesquisador, o pro-dutor de lambari recebe, na proprie-dade, cerca de R$ 0,17 pela unidade de peixe e tem custo de produção de R$ 0,06. O intermediário revende para as pousadas por R$ 0,25 a R$ 0,30 e as pousadas revendem para o pescador esportivo por R$ 0,50 a unidade.

“Há cinco anos a lambaricultura se profissionalizou. Mesmo com aumento expressivo da produção ano a ano, nun-ca foi possível atender à demanda, já que a pesca esportiva cresce em maior velocidade. É comum faltar lambaris nas pousadas em feriados prolonga-dos. Neste ano, por conta da estiagem, a produção será menor e certamente faltará lambari para a pesca esportiva”, afirma Sussel.

Pesquisas que mudam o campo

O engenheiro agrônomo José Ro-berto Scarpellini, diretor do Polo Centro Leste da APTA/IAC, apresen-tou à revista Painel os resultados das últimas pesquisas desenvolvidas:

Leite biofortificado: A pesquisa, rea-lizada em conjunto com a Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA/USP) e Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP/USP), experi-mentou aumentar a quantidade de se-lênio e de vitamina E na ração animal. O resultado foi um leite enriquecido naturalmente com o dobro desses com-postos. Esse leite foi consumido por 90 estudantes, da primeira à terceira série do ensino infantil, do Centro de Aten-ção Integrada à Criança e ao Adolescen-te Professora Stela Stefanni Bacci, em

Casa Branca (SP), e por 130 idosos, de 78 anos, moradores da Casa do Vovô, em Ribeirão Preto. Os testes comprovaram que o leite biofortifi-cado aumenta em 160% os níveis de selênio e em 33% os de vitamina E nas crianças. Nos idosos, foi possível reduzir em 16% o mau colesterol. Mesmo apresentando mudanças no lipidograma (redução de gordura no sangue), os exames bioquímicos, a composição corporal, a pressão cardíaca e as atividades funcionais mantiveram-se normais.

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Mudas pré-brotadas: O sistema, inédito, altera o conceito de plantar cana-de-açúcar. No lugar dos colmos, usados como sementes, entram as de Mudas Pré-Brotadas (MPB). Até a che-gada desta tecnologia do IAC, era usa-do o sistema convencional, adotado desde a chegada das primeiras canas ao Brasil, por volta de 1530. O sistema é uma tecnologia de multiplicação que contribui para a produção rápida de mudas e traz grande salto na qualida-de fitossanitária, vigor e uniformidade de plantio. Outro grande benefício está na redução do número de mudas que vão a campo. Para o plantio de um hectare de cana, o consumo de mudas cai de 18 a 20 toneladas, no plantio convencional, para duas toneladas no MPB. “Esse valor significa que 18 to-neladas que seriam enterradas como mudas vão para a indústria produzir etanol e açúcar, gerando ganhos”, ex-plica o pesquisador do IAC e engenhei-ro agrônomo, Mauro Alexandre Xavier. A tecnologia é desenvolvida pelo IAC desde 2009.

Híbrido de milho: O IAC 8046 é um híbrido de milho convencional; isto é, não-transgênico, com potencial pro-dutivo de nove a dez toneladas por hectare de grãos. Este potencial pode ser superado se a lavoura for condu-zida com bom tratamento. Segundo o pesquisador do IAC, Eduardo Sawa-zaki, a produtividade alcançada por essa cultivar está acima da média dos

resultados obtidos no Brasil e é consi-derada elevada mesmo quando com-parada com a dos milhos transgênicos, que atingem de 10 a 12 toneladas por hectare. O novo híbrido de milho é di-recionado para propriedades com baixa e média tecnologia. Tem baixo custo de implantação da lavoura. Vinte quilos de sementes são suficientes para o plantio de um hectare. Cada saca deverá custar cerca de R$ 130,00. O IAC 8046 está em fase de produção de sementes.

Milho de pipoca: Novo híbrido de mi-lho pipoca IAC vem suprir lacuna no mer-cado e pode ser plantado em São Paulo e no Mato Grosso. Grande parte da pipoca produzida no Brasil é importada, não re-comendado para o cultivo nas condições de clima paulistas. De acordo com pes-quisadores da APTA, ao serem plantados no estado de São Paulo, os milhos exó-ticos apresentam elevada podridão do grão, além de baixa produção. Por isso, o milho para pipoca está sendo cultivado na safrinha no Mato Grosso, onde cho-ve bem na fase vegetativa da cultura e é seco na fase pós-maturação, condicio-nando alta qualidade da pipoca.

Algodão cáqui: A IAC FC1 e IAC FC2 diferenciam-se pela maior produtividade e melhor qualidade de fibra para cultivo nas condições do estado. As cultivares coloridas são resistentes a doenças e ne-matoides, que ocorrem na região centro--sul do Brasil, dispensando o uso de ne-maticidas. Com essas características, os

novos materiais do IAC abrem a possi-bilidade de cultivo de algodão colorido nesta região com altas chances de su-cesso. As cultivares atualmente dispo-níveis foram desenvolvidas pela Embra-pa para as condições do Nordeste. Por isso, são suscetíveis às doenças que ata-cam o algodoeiro em campos paulistas. A produtividade da IAC FC1 e IAC FC2 é de cerca de 2.800 quilos por hectare, o que representa, na média, 38,5% a mais que o material usado como testemu-nha nos experimentos, que é cultivado atualmente no Nordeste.

Algodão vermelho: A planta vermelha IAC PV1 é a primeira cultivar com esse perfil, obtida e registrada no Brasil. Com fibra branca, sua principal característica é a resistência à praga chamada bicudo e também à praga trips. “A resistência ao bicudo ocorre pelo mecanismo de não--preferência, isto é, se na mesma área coexistirem plantas verdes, que são as demais cultivares, e plantas vermelhas, a praga atacará preferencialmente as verdes”, explica o pesquisador do IAC e engenheiro agrônomo, Milton Geraldo Fuzatto. Ele esclarece que o cultivo com essa finalidade requer o estabelecimen-to de sistema de produção com arranjos que intercalem plantas verdes e verme-lhas. Estas devem ser a maioria na área plantada. A IAC PV1 é resistente também a doenças e nematoides, perfil que a tor-na adequada para produção de algodão orgânico, sistema que não admite o uso de pesticidas sintéticos convencionais.

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AEAARP

As inscrições podem ser feitas no site www.aeaarp.org.br

EvEnto

A 6ª Semana de Arquitetura da AEA-ARP, que acontecerá de 17 a 19 de agos-to, terá palestras com os arquitetos Mi-chel Habib e Cesar Shundi Iwamizu. Na abertura, Paula Martucci vai falar sobre a administração de carreiras em um am-biente de crise econômica.

Michel é graduado pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), bioarquiteto formado pelo Instituto TIBA (Tecnologia Intuitiva e Bioarqui-

tetura) e membro da rede Terra Brasil de pesquisa cientifica em construção com terra. Em sua palestra, vai expor um trabalho de bioarquitetura com o conceito do projeto responsável, que abordará as fases de concepção de uma residência unifamiliar pautada na bioarquitetura. Segundo Michel, o pro-jeto que será apresentado mostrará a implantação de “sistemas ecologica-mente corretos, culturalmente ricos e

socialmente justos”.O arquiteto Cesar, graduado pela USP,

é docente da Escola da Cidade, uma faculdade de arquitetura que mantém parcerias com institutos e museus do país. O escritório de arquitetura do qual é diretor é responsável por projetos do SESC Franca, SESC Ribeirão Preto, Casa da Caramuru e Estação de Mairinque. Na palestra, ele vai mostrar os concei-tos dos projetos nos quais atuou.

Dia 17 | segunda-feira

19h Recepção aos participantes e convidados Entrega de material e crachás

19h15 Solenidade de abertura com apresentação do Coral Som Geométrico.

19h30 Palestra institucional do CAU

19h45 Expectativas de carreira e mercado em tempos de crise Paula Martucci, especialista em gestão de pessoas Ribeirão Preto-SP

Dia 18 | terça-feira

19h30 Filme sobre a vida do Arquiteto João Figueiras Lima (Lelé)

19h50 Projeto Responsável Michel Habib, arquiteto São Paulo-SP

Dia 19 | quarta-feira

19h30 Projetos Recentes Cesar Shundi Iwamizu, arquiteto São Paulo-SP

Programação

Arquitetura6ª Semana de

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Revista Painel

MEio aMbiEntE

contra a borrachaUm grupo de São Carlos está desvendando uma forma de degradar os pneus, que podem resistir a até 1.000 anos

Um microorganismo

Espécies adequadas para a floresta urbana

Em 1830, o americano Charles Goo-dyear, confirmou que a borracha, cozi-da a altas temperaturas com enxofre, mantinha suas condições de elasticida-de no frio ou no calor. Foi assim que surgiu o processo de vulcanização – modificação da borracha natural atri-buindo maior força, elasticidade e re-sistência a temperaturas altas e baixas – que possibilitou a criação dos pneus. E, desde sua adoção, no final daquele século, nenhum pneu produzido foi to-talmente absorvido pela natureza. Um grupo de pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP está desenvolvendo um microorga-nismo geneticamente modificado que

dos pneus

DestinaçãoA destinação de pneus inservíveis ainda é um dos grandes de-

safios da humanidade. A borracha tem componentes altamente poluidores e várias iniciativas são adotadas para minimizar o im-pacto ao meio ambiente e à sociedade. Além disso, o descarte inadequado também transforma os pneus em criadouros de mos-quitos da dengue.

A Associação Brasileira da Indústria Pneumática mantém o pro-jeto Reciclanip, de destinação dos pneus inservíveis. Eles osten-tam números importantes: no primeiro trimestre deste ano foram coletadas e destinadas mais de 114,5 mil toneladas de pneus in-servíveis no país.

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AEAARP

será capaz de acelerar a degradação da borracha, em particular do pneu, que poderá ser reutilizada para novas fina-lidades.

Com isso, será possível a criação de biorreatores capazes de diminuir o tempo de degradação natural da bor-racha, que varia entre 500 e 1000 anos. No Brasil, estima-se que 17 milhões de pneus são descartados anualmente, o que representa 70% do descarte to-tal de borracha no país. A quantidade descartada supera a capacidade de re-ciclagem, reutilização e de armazena-mento apropriado do material.

“Pensamos em uma forma de degra-dá-lo mais rápido. Existem várias ma-neiras de reciclá-lo, mas isso representa uma parcela muito pequena do total da produção de pneu. Além disso, os méto-dos atuais de reciclagem apresentam um gasto energético elevado”, pondera Laís Ribovski, estudante de doutorado do Grupo de Nanomedicina e Nanotoxicolo-

gia (GNano) do IFSC e membro do grupo. A proposta é unir enzimas capazes

de quebrar ligações químicas e super--expressá-las (aumentar sua função) em um microrganismo, permitindo que elas interajam com o polímero do pneu, quebrando as ligações da borracha e originando novas moléculas químicas, ou polímeros, que poderão ser utiliza-dos para outros fins. Após a montagem do circuito genético, os pesquisadores planejam testar os organismos em bior-reatores para otimizar o processo.

BactériasA pesquisadora Laís Brazaca, outra alu-

na de doutorado do GNano e que tam-bém integra a equipe, diz que as bacté-rias das quais são retiradas as enzimas, que são inseridas em um terceiro micror-ganismo, têm capacidade de degradar a borracha. Mas, cada uma faz isso de maneira diferente. Além disso, apenas pequenas quantidades das enzimas são

produzidas, daí a necessidade de unir e superexpressar essas moléculas.

A equipe está na fase final de elabo-ração do circuito para que possa iniciar sua montagem e em seguida os testes efetivos no polímero. As enzimas trata-das já são reportadas individualmente na literatura quanto a sua eficiência na degradação do látex. Assim, o gru-po almeja otimizar os resultados que, de acordo com Laís, têm apresentado boas perspectivas.

A equipe é formada por pesquisado-res dos seguintes grupos: Nanomedi-cina e Nanotoxicologia (GNano), Biofí-sica Molecular “Sérgio Mascarenhas”, Cristalografia (Laboratórios de Química Medicinal e Computacional, e de Cris-talografia e Biologia Estrutural), Física Computacional (Laboratório de Neuro-biofísica) e do Centro de Pesquisas em Óptica e Fotônica (CEPOF).

Fonte: Agência USP

HistóriaAté Charles Goodyear desenvolver o processo de vulcanização, em 1830, a borracha era uma

massa grudenta. Depois disso, em 1845, os irmãos Michelin patentearam o pneu para automó-vel. Em 1847, o inglês Robert Thompson colocou uma câmara cheia de ar dentro dos pneus de borracha maciça. A utilização dos pneus em larga escala, no mundo, começou em 1888. No Brasil a indústria instalou-se em 1939.

Fonte: Associação Brasileira da Indústria Pneumática

André Michelin Charles Goodyear Robert Thompson

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Revista Painel

EnErgia

sustentabilidadeFapesp lança relatório mundial sobre

bioenergia e sustentabilidade

bioenergia e

Um estudo produzido por 137 espe-cialistas de 24 países ao longo de dois anos revelou diversas questões relacio-nadas à produção e uso de bioenergia e sustentabilidade em todo o mundo. Com mais de duas mil referências e estudos, o levantamento Bioenergy &

Sustainability: bridging the gaps apre-senta análise abrangente de tecnolo-gias e práticas atuais da bioenergia, que inclui produção, sistemas e merca-dos e o potencial de maior adoção da bioenergia, além dos impactos dessa implantação.

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AEAARP

O atalho para baixar o relatório está disponível no site da AEAARP.

www.aeaarp.org.br

A iniciativa foi da Fundação de Am-paro à Pesquisa do Estado de São Pau-lo (Fapesp) em conjunto com o Comitê Científico para Problemas do Ambiente (Scope, na sigla em inglês), agência in-tergovernamental ligada à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

O valor da bioenergia como alter-nativa energética para a redução dos impactos da queima de combustíveis fósseis foi uma das constatações do estudo. Outra observação é a possibi-lidade de aumentar a segurança ener-gética e a mitigação das mudanças cli-máticas através do uso de tecnologias avançadas de conversão de biomassa, que também contribuiriam para com-pensar impactos ambientais negativos causados pelo desmatamento e degra-dação de florestas.

“Em 2014, 19% de toda a energia usada no Brasil veio da cana-de-açúcar. Isso mostra o quanto é viável reduzir

a dependência de petróleo como fonte de energia, não apenas aqui, mas tam-bém em outros países que precisam diminuir sua dependência em relação ao petróleo por razões econômicas, políticas e ambientais”, explica Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor cientí-fico da Fapesp.

Outra conclusão é que sistemas de produção de bioenergia que adotam práticas sustentáveis podem compen-sar emissões de gases de efeito estu-fa resultantes de mudanças no uso da terra ou perda da biodiversidade. Essas tecnologias e procedimentos incluem a combinação de diferentes matérias--primas e outras práticas de gerencia-mento do solo adaptadas a condições locais.

Quanto à questão da terra, a conclu-são dos autores é que existem áreas suficientes no mundo para ampliação do cultivo de biomassa e que o uso dessas áreas não representa ameaça para a segurança alimentar e a biodi-versidade. E confirmam evidências de que a adoção de tecnologias para me-lhoria do solo, a integração de cadeias produtivas e o uso de subprodutos da bioenergia em áreas rurais pobres po-dem melhorar o desempenho da eco-nomia, aumentar a qualidade dos ali-mentos e criar empregos.

Participação industrialO estudo foi lançado durante o Fes-

tival Internacional de Biotecnologia (Biofest), organizado pela Federação e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp e Ciesp). A proposta da apresentação na Fiesp foi a de abrir para o setor industrial a discussão so-bre como o conhecimento científico e

tecnológico voltado para a expansão da produção e do uso da bioenergia pode oferecer contribuições ao desen-volvimento industrial e à bioeconomia.

Os debates se concentraram no po-tencial do Brasil e nas políticas brasi-leiras para a bioeconomia; tecnologias; parcerias inovadoras; integração de políticas para a agricultura, silvicultura, indústria e educação; e políticas para a expansão da bioenergia definidas com base no conhecimento científico, entre outros assuntos. “Há grande poten-cial a ser desenvolvido, passando pela logística de produção, biorrefinarias, tecnologias de conversão, comércio internacional de combustíveis, certi-ficação, além dos aspectos sociais, de governança e dos esforços de financia-mento”, comenta Glaucia Mendes Sou-za, membro da coordenação do Progra-ma Fapesp de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN).

Para Celso Lafer, presidente da Fa-pesp, a elaboração do relatório com-bina com o avanço do conhecimento e sua aplicação na esfera das políti-cas públicas. “Esperamos agora que a Fiesp, ao ter acesso a esse conheci-mento, possa colocá-lo em prática, em benefício de São Paulo e do Brasil”.

Assista ao vídeo em que Glaucia Mendes Souza, membro da co-ordenação do Programa Fapesp de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN), apresenta os princi-pais tópicos do relatório.

www.aeaarp.org.br

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Revista Painel

Arquiteto João Batista Vilanova Artigas

arquitEtura

vilanova ArtigasA trajetória de um dos arquitetos brasileiros

mais importantes do século XX

100 anos de

2015 marca os 100 anos de nasci-mento de João Batista Vilanova Arti-gas, arquiteto que nasceu no Paraná e tornou-se um dos principais nomes da arquitetura da capital paulista. Em co-memoração ao seu centenário foi lan-çado o site www.vilanovaartigas.com e o documentário Vilanova Artigas – O arquiteto e a luz, produzido por sua fi-lha Rosa Artigas e escrito e dirigido pela neta Laura Artigas, que mostram a traje-tória do arquiteto.

Veja um trecho do documentário no site da AEAARP.

www.aeaarp.org.br

Em 23 de junho de 1915, nasceu em Curitiba (PR) Vilanova Artigas, primeiro filho de Alda Vilanova Artigas e Brasílio Artigas. O arquiteto iniciou a carreira técnica em 1932, quando cursou o pri-meiro ano de Engenharia Civil na Escola de Engenharia do Paraná. E foi no final deste ano que deu início a sua ligação com a arquitetura, pois pediu trans-ferência para a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, para estu-dar Engenharia e Arquitetura. “Entrei em engenharia para depois descambar para a arquitetura”, diz Artigas no docu-mentário.

InfluênciasNo ano seguinte, o arquiteto fundou

a construtora Marone & Artigas em so-

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AEAARP

Planta baixa da FAU-USP, em São Paulo-SP

ciedade com seu colega da Politécnica, Duilio Marone, no centro da cidade de São Paulo (SP), e começou a trabalhar no escritório técnico do Departamen-to de Obras Públicas (DOP) da prefei-tura de São Paulo. Já em 1939, Artigas conheceu o arquiteto Jacob Ruchti, com quem estudou a obra de Frank Lloyd Wright, cujo o estilo arquitetô-nico seria mantido em vários de seus projetos.

Essa influência contagiou arquitetos de várias gerações e um deles foi Joel Pereira, ganhador do Prêmio Profissio-nais do Ano AEAARP 2014. “Quando eu era estudante, tive o privilégio de conhecer o Edifício Louveira, ícone da arquitetura paulista, situado à Praça Vilaboim em São Paulo, dos arquitetos João Batista Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi. O que chama a atenção, além de outros aspectos inerentes ao perío-do modernista, é o desenho e a cor da fachada, definida pela modulação das esquadrias de veneziana de madeira. São referências que utilizo até hoje na concepção dos meus trabalhos”.

Artigas iniciou a carreira docente em 1940, na Escola Politécnica. E no ano seguinte tornou-se membro do CREA como representante das escolas de engenharia. Em 1943, foi eleito o pri-meiro-secretário do recém-inaugurado Departamento de São Paulo do Institu-to de Arquitetos do Brasil (IAB). No ano seguinte, Artigas foi inspirado pelo mo-vimento dos arquitetos pela separação da profissão da engenharia e desman-chou a sociedade com Marone, mon-tando seu próprio escritório. Dois anos depois, ele ganhou um novo sócio: o

arquiteto Carlos Cascaldi.Em 1946, conquistou bolsa para es-

tudos de Arquitetura Moderna nos Instituto de Tecnologia de Massachu-setts (MIT, sigla em inglês), nos Estados Unidos, pela Fundação John Simon Gu-ggenheim. Quatro anos depois, ingres-sou no Conselho de Redação da Revista Fundamentos, ao lado de Aparício To-relli, Astrogildo Pereira, Clóvis Graciano,

Graciliano Ramos, Mário Schenberg, Oscar Niemeyer, Samuel Pessoa, entre outros. Nesta revista, escreveu artigos importantes como Le Corbusier e o Im-perialismo, que denunciava o sistema Modulor de Le Corbusier; Caminhos da Arquitetura Moderna, no qual procura-va argumentos para combater o realis-mo socialista que era a linha proposta pelos comunistas para a arte.

Corte transversal da FAU-USP, em São Paulo-SP

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Revista Painel

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, em São Paulo-SP

Estadio do Morumbi, em São Paulo-SP

FAU-USPCom o início da carreira de docente

na Politécnica, Artigas foi um dos pro-fessores responsáveis pela fundação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU--USP), que inicialmente funcionava no mesmo edifício da Politécnica. É dele o projeto de reforma curricular, reformu-lando o perfil do profissional formado pela instituição. Artigas defendia novas práticas para os arquitetos: desenho in-dustrial e programação visual.

Além disso, ele e Cascaldi foram os responsáveis pelo projeto da nova sede da FAU, trabalho finalizado em 1961. A inauguração aconteceu oito anos de-pois, com a realização de um vestibular.

Veja a lista dos projetos elaborados por Artigas no site da AEAARP.

www.aeaarp.org.br

Criar projetos humanistas foi uma das marcas do arquiteto. No prédio da FAU, por exemplo, Artigas explorou o concreto aparente, a simplicidade das linhas e in-tegração de espaços, com uso de grandes vãos apoiados por pilares. Os projetos com essas características resultavam em obras mais econômicas e funcionais.

Por causa de uma viagem à União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, em 1953, como atividade de militância pelo Partido Comunista do Brasil (PCB), Artigas foi demitido da FAU-USP. Dois anos depois, o arquiteto volta a dar

aulas na faculdade, graças ao apoio de alunos e do grêmio estudantil.

Acusado em vários processos de mili-tância pelo PCB, o arquiteto se refugiou em Montevidéu (Uruguai) em 1964 e, neste mesmo ano, foi detido por ordem do comandante do Inquérito Policial Militar instaurado na USP, junto com os professores Mário Schenberg e Flores-tan Fernandes. Seu afastamento da USP durou até a década de 1980.

Em 1965, terminou a sociedade com Carlos Caslcadi. Em 1969, começou uma terceira sociedade, agora com a arqui-teta Marlene Yurgel. Neste período, o escritório perdeu a característica de ateliê, aumentou o número de funcio-nários e passou a ter gestão profissio-nal. A sociedade durou 10 anos.

Artigas morreu em São Paulo-SP, em 1985, mesmo ano em que recebeu pos-tumamente o Prêmio Auguste Perret outorgado aos arquitetos que desenvol-vem pesquisas de tecnologia aplicada à arquitetura. Seu estilo é característico da chamada escola paulista ou escola brutalista de São Paulo e foi esse estilo que deu uma nova cara para edifícios importantes da capital paulista.

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O engenheiro agrônomo José Walter Figueiredo vai ministrar curso de Arbo-rização urbana / poda na AEAARP no dia

15 de agosto, a partir das 8h. No período da manhã ele vai falar sobre os critérios aplicados para avaliação da arborização

urbana conforme o programa Município Verde Azul, do Governo do Estado de São Paulo. Ele também vai falar sobre a legislação pertinente ao assunto.

No curso, também serão abordadas as seguintes questões: plano de arboriza-ção, piloto de floresta urbana, proposta de gestão da poda, com sugestões para a reutilização dos resíduos.

O investimento no curso é de R$ 100, com 40% de desconto para associados da AEAARP. As inscrições devem ser feitas no site www.aeaarp.org.br.

curso de poda dia 15 de agostoAEAArP promove

curso

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Revista Painel

tEcnologia

InvestimentoCentros de pesquisa lançam projetos para tirar do papel

ideias inovadoras de empreendedores brasileiros

em inovação

foi obter linhas de crédito ou outras fontes de financiamento. Em seguida, aparece a carga tributária, com 20% das citações, e a incerteza sobre o futuro do país, com 17%.

Muitas vezes, as empresas não tem capital próprio para investir, por isso li-nhas de financiamento de longo prazo e com juros baixos podem ser uma boa alternativa. Para atender a essa gran-de demanda de inovadores, foi criado o Movimento pela Inovação que tem como objetivo encurtar o caminho en-tre esses empreendedores e os centros de pesquisas e instituições de fomento ao conhecimento, visando à geração de emprego e renda.

Pesquisa realizada na região de São Car-los (SP) revela que 61% dos empreende-dores e pesquisadores entrevistados pre-tendem investir em inovação até o final de 2015, mesmo com a crise econômica que o país enfrenta. Outros 20% respon-deram que pretendem investir apenas em 2016 e outros 15% nos próximos três anos. Só 3% não pretendem apostar em inovação tão cedo, segundo levantamen-to realizado pela Desenvolve SP – Agência de Desenvolvimento Paulista.

Outro dado apontado na pesquisa foi em relação às principais dificuldades encontradas para investir em inovação. Cada entrevistado apontou três proble-mas. A dificuldade mais citada, por 26%,

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A iniciativa conta com apoio de diver-sas instituições do campo da inovação e da pesquisa como Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fa-pesp), Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Núcleo de Inovação Tecnológica do Centro Paula Souza, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Iniciativa da Confederação Na-cional da Indústria (CNI), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e SP Ventures.

No que diz respeito aos investimentos em inovação, a pesquisa revela também que a maior parte dos entrevistados, 49%, deseja investir para ganhar novos mercados, enquanto aumentar o fatura-mento responde por 22% e aumentar a rentabilidade e a competitividade repre-sentam 15% e 13%, respectivamente.

O primeiro encontro do Movimen-to pela Inovação, realizado no Parque Tecnológico de São Carlos, teve 55 em-presários atendidos. Destes, 14 tive-ram propostas que já se encontram em análise para obtenção de financiamen-tos junto a Desenvolve SP, oito foram encaminhadas ao Centro Paula Souza para avaliação do grau de inovação do projeto, três com alto potencial inova-dor enviadas para análise do Fundo de Investimento em Participações (FIP) e outras duas para avaliação da Fapesp. Eduardo Saggiorato, superintendente

Veja no endereço de internet da AEAARP como elaborar um

projeto de inovação e solicitar o financiamento para um projeto.

www.aeaarp.org.br

Parceria com a NasaNa cidade de Araraquara (SP), a

agência espacial americana Nasa co-meçou a recrutar empreendedores brasileiros que queiram ser parceiros no compartilhamento de tecnologia com os Estados Unidos. Os projetos e softwares patenteados pela agência poderão ser usados em parceria com empreendedores brasileiros para de-senvolver alguma ideia relacionada às áreas: mecânica, aeronáutica, comuni-cação, medicina e biotecnologia, meio ambiente, eletroeletrônicos, óptica, sensores e tecnologia de informação.

O objetivo é tirar do papel as novas tecnologias que poderão ser comer-cializadas e difundidas pelo mundo. A Quimatec, empresa desenvolvedora de produtos químicos para a indústria sucroalcooleira, de Araraquara, por exemplo, criou um novo tipo de biodie-sel e está negociando parceria com a Nasa, que tem um grande laboratório de desenvolvimento de tecnologias de combustíveis.

Outros empreendedores que quei-ram iniciar o compartilhamento de tecnologia com a agência americana pode fazer o cadastro no endereço de internet www.nasa.gov, mas é preciso ter fluência no idioma inglês.

de Negócios da Desenvolve SP explica que o objetivo do movimento agora é percorrer todos os parques tecnológi-cos do estado.

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Revista Painel

gEstão

Começou a funcionar, na forma de rede digital interna, o primeiro Obser-vatório das Águas do país. Coordenado

das águasA governança

Organização não-governamental lança rede de monitoramento da gestão das águas e planeja o

lançamento do Índice de Boa Governança da Água

pelo WWF-Brasil, a iniciativa tem como objetivos principais fortalecer o Sis-tema Nacional de Gerenciamento de

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AEAARP

Recursos Hídricos (SINGREH), respon-sável por arbitrar conflitos e promover a cobrança pelo uso da água, monitorar a governança em todo o território na-cional e garantir que a água seja tema estratégico na agenda social e política brasileira.

Significa verificar questões como a aplicação das leis referentes ao setor, o repasse adequado de recursos finan-ceiros destinados à gestão das águas, as discussões na sociedade e nos comitês de bacias, a implementação dos planos definidos pelos comitês de bacias e a eficiência de seus objetivos.

O Observatório conta com a participa-ção de mais de 40 instituições parceiras do WWF-Brasil de norte a sul do país, desde universidades, secretarias esta-duais de Meio Ambiente, comitês de bacias hidrográficas, instituições priva-das, organizações não-governamentais e órgãos gestores.

Para o analista de conservação do WWF-Brasil, Angelo Lima, a melhoria da gestão dos recursos hídricos pode miti-gar, por exemplo, os impactos de uma crise de escassez. “A água possui valor estratégico para a sustentabilidade so-cial, econômica e ambiental, portanto sua gestão não pode ser descuidada. Temos que estar atentos sempre para garantir água de qualidade e em quanti-dade agora e para as futuras gerações”.

Pedro Jacobi, coordenador do Grupo de Estudos Meio Ambiente e Sociedade do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP), con-sidera a proposta do Observatório das

Águas uma nova forma de cooperação científica. “É uma iniciativa que agrega atores diversificados e tem por motiva-ção responder aos desafios contempo-râneos da governança da água sob as perspectivas interdisciplinar e interse-torial”.

Para Jacobi, o grande desafio é o de produzir propostas de ações aplicáveis e efetivas. “A pretensão é criar uma base informacional e de conhecimento que permita aumentar as capacidades e possibilidades de intervenção ade-quada nos casos de crises ou desastres, contribuindo para a redução das vulne-rabilidades e para a prevenção de riscos e crises de abastecimento de água”.

Os participantes trabalham na cons-trução do primeiro diagnóstico: um relatório que deve ser divulgado até outubro sobre a situação da gestão de recursos hídricos no Brasil, dos comitês de bacias e do SINGREH.

As informações resultantes do moni-toramento, de estudos, notícias e dados relacionados à gestão das águas futura-mente serão disponibilizadas em uma página na internet. O grupo pretende também adotar o Índice de Boa Gover-nança da Água, nos moldes do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). O indicador seria responsável por monito-rar uma série de áreas do setor hídrico: a qualidade e efetividade das leis e da regulação, a atuação dos governos e a articulação da Política Nacional de Re-cursos Hídricos com as políticas estadu-ais e municipais relacionadas.

Fonte: WWF-Brasil revis

tapa

inel

ANUNCIE NA

PAINEL

16 | [email protected]

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Revista Painel

Desde alguns anos, as empresas e associações de classe têm se deparado com reajustes anuais nos contratos com as operadoras de planos de saúde na casa de dois dígitos, e temerosamente em um crescente assustador. As pro-postas de atualizações oferecidas pelas operadoras ultrapassam em muito os ín-dices inflacionários, e na última década a inflação médica ficou, em média, sete pontos acima da inflação geral.

Em 2015, o gasto do país com saúde deve chegar a 10% do PIB, números que superam aos do Reino Unido, Austrália e Coreia do Sul e perdendo para a Vene-zuela, Sérvia e Líbano.

A inflação da saúde em 2015 está pre-vista em 18%.

Empresas de grande porte, como montadoras de automóveis, já gastam 15% de sua folha com saúde. Algumas empresas, inclusive, tiveram redução de sua margem já que a situação econômi-ca do país não permitiu o repasse.

O que provoca isso? O que faz a conta subir tanto?

Primeiramente, a busca por uma vida mais longa e com melhor qualidade, e a sua relação com as últimas novidades em remédios, equipamentos e trata-mentos.

No caso do Brasil, temos um fator agravante que é, sem dúvida, o direcio-namento da nossa medicina privada para um excesso de procedimentos, exames mais complexos e o uso, sempre que pos-sível, de materiais de alto custo, muitas vezes sem a sua real necessidade.

Como exemplo, temos os stents uti-lizados em cirurgia cardíaca, que pos-suem a modalidade stent farmacológico, indicado principalmente em pacientes diabéticos e naqueles já submetidos a tratamentos cardiovasculares prévios. Estatisticamente, 25% desses pacientes são diabéticos e, no entanto, 80% dos stents utilizados no sistema suplemen-tar são farmacológicos. Os médicos do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, reavaliaram as indicações cirúrgicas de 1.500 usuários da Bradesco Saúde que seriam submetidos a procedimentos operatórios na coluna vertebral e con-cluíram que 2/3 deles não precisariam da operação.

Empresas de consultoria e especia-listas na área sugerem quatro medidas para tentar reverter esse processo:

1- Mensurar e divulgar os resultados dos tratamentos, através de informações dos hospitais relacionadas à taxa de mor-talidade, infecção complicações e rein-

ternação de pacientes.2- Mudar o modelo de remuneração

dos hospitais, promovendo pagamentos fixos por diagnóstico.

3- Pagar mais aos médicos, promoven-do um aumento do tempo de consulta e consequente diminuição dos pedidos de exames.

4- Reverter a cultura do superespecia-lista e evitar consultas desnecessárias e caras com esse profissionais.

E nós, o que podemos fazer?Enquanto governos, operadoras e hos-

pitais tentam reduzir esses custos em ní-vel macro, nós da AEAARP, com o nosso contrato com a Unimed temos somente a possibilidade de atuar em nível micro, e como? Com medidas de utilização in-teligente e necessária para que a saúde dos usuários seja mantida em padrões superiores, com o menor custo.

É por isso que o grupo gestor do con-trato AEAARP x Unimed está se disponi-bilizando para as orientações necessá-rias, tanto na utilização curativa, como, principalmente, para a preventiva, que é, efetivamente, onde conseguiremos atuar.

José Eduardo Moretti CRM 35.797

Auditoria Médica

saúdE

medidasdados alarmantes:

Dr.José Eduardo Moretti

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AEAARP

artigo

que vêm de forao risco das pragas

Claudio Spadotto*

Membro do Conselho Científico para Agricultura Sustentável (CCAS),

gerente geral da Embrapa Gestão Territorial

As pragas (insetos, fungos, bactérias, plantas invasoras etc.) das lavouras costu-mam tirar o sono dos agricultores e seu controle custa caro. Entre perder grande parte da sua produção ou lançar mão de métodos de controle, a escolha já está feita. No Brasil, o mercado de defensivos agrícolas – o método mais utilizado para o controle – movimentou 13 bilhões de dólares em 2014.

Se não bastassem as pragas que já te-mos, existe o risco das que vêm de fora. A disseminação de pragas pelo mundo é favorecida pelo crescimento do comér-cio internacional. O aumento do trânsito de pessoas e mercadorias leva, cada vez mais, à chegada e a dispersão de pragas, mesmo que não intencional.

Aqui tratamos das pragas quaren-tenárias, que não estão presentes no território nacional, mas apresentam alto potencial de entrada com possíveis danos aos cultivos. Essas pragas podem gerar grandes perdas nas culturas agrí-colas, como no exemplo recente da la-garta Helicoverpa armigera, que causou

prejuízos estimados em mais de R$ 10 bilhões e nem sequer foi possível deter-minar com exatidão a forma como en-trou no país. Outros exemplos são: vas-soura-de-bruxa do cacaueiro, bicudo do algodoeiro, ferrugem asiática da soja.

O estabelecimento de uma praga qua-rentenária em uma região pode compro-meter a safra e a comercialização de pro-dutos agropecuários, implica o aumento dos custos de produção e na adoção de medidas fitossanitárias, que prejudicam diretamente o produtor rural e têm efei-tos negativos em toda a cadeia produtiva.

As pragas quarentenárias podem en-trar no Brasil vindas de países vizinhos, pelas nossas fronteiras. A vigilância sanitária no território brasileiro é um enorme desafio imposto pela grande extensão e diversidade de condições das fronteiras. Essas pragas podem vir de países distantes e entrar através dos portos e aeroportos. Podem também aqui chegar trazidas por massas de ar ou por meios ativos de locomoção.

O conhecimento dos possíveis danos das pragas quarentenárias e a identifica-ção das áreas agrícolas ameaçadas, assim como a caracterização das possíveis vias de ingresso e rotas de dispersão, são fun-damentais para orientar o planejamento e a execução da vigilância fitossanitária. A proximidade das vias de ingresso e a concentração geográfica de algumas cul-turas agrícolas facilitam a proliferação de pragas exóticas e potencializam os danos.

Para apoiar a prevenção e o contin-genciamento de pragas quarentenárias, a Embrapa vem conduzindo trabalhos em base territorial para subsidiar a de-

finição de estratégias de defesa vegetal no Brasil.

Foram identificadas regiões em que ocorre grande produção de culturas agrícolas hospedeiras próximas a inter-seções de rodovias, ferrovias ou hidro-vias na fronteira com países vizinhos e com ausência de postos de vigilância agropecuária. Em outras regiões, é no-tada a deficiência do número de postos de controle em função da extensão da fronteira. Há ainda regiões longe da faixa de fronteira, mas com porto ou aeroporto próximo, sem postos de vi-gilância federal. Já foram identificados 364 pontos de acesso terrestre (inter-seção da fronteira territorial brasileira com rodovias, ferrovias e hidrovias) de pragas, e próximo à fronteira localizou--se 26 pontos de acesso portuário, 105 aeródromos públicos e 414 aeródromos privados.

Considerando a importância das pragas quarentenárias, a proeminência da agri-cultura brasileira no cenário mundial e a relevância desse setor para a economia do país, a Embrapa Gestão Territorial e o Conselho Científico de Agricultura Susten-tável estão direcionando esforços conju-gados no sentido de ampliar e aprofundar o trabalho de inteligência territorial para caraterização de vias de ingresso e prio-rização de locais para a implantação ou intensificação da vigilância fitossanitária e para identificação de áreas de contingen-ciamento de pragas quarentenárias.

Não estamos falando em zerar os ris-cos, mas sim de analisá-los e comunicá--los, para que possam ser devidamente gerenciados.

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Revista Painel

71 e 75, da lei nº 5.194/66Comentários aos artigos

A lei que rege o exercício profissional estabelece, dentre outras coisas, as pe-nalidades aplicáveis em razão da atuação de engenheiros e agrônomos. Para esta finalidade, deve ser analisado em conjunto com o Código de Ética Profissional. São cinco as modalidades de penas, sendo a mais branda a advertência reservada e a mais severa o cancelamento definitivo do registro. Veja a seguir o que diz o Artigo 71:

Art. 71 - As penalidades aplicáveis por infração da presente Lei são as seguintes, de acordo com a gravidade da falta:

a) advertência reservada; b) censura pública;c) multa; d) suspensão temporária do exercício profissional; e) cancelamento definitivo do registro. Parágrafo único - As penalidades para

cada grupo profissional serão impostas pe-las respectivas Câmaras Especializadas ou, na falta destas, pelos Conselhos Regionais.

Na advertência reservada o profissional é advertido por alguma infração cometida, chamando-se sua atenção reservadamen-te, sem que outras pessoas tomem conhe-cimento. Na censura pública a punição é levada ao conhecimento geral identifican-do o objetivo, o nome do censurado e o motivo da aplicação.

Art. 52 do Anexo da Resolução nº 1004 do CONFEA, de 27 de junho de 2003:

Art. 52. Aos profissionais que deixarem de cumprir disposições do Código de Ética Profissional serão aplicadas as penalidade previstas em lei.

§ 1º A advertência reservada será ano-tada nos assentamentos do profissional e terá caráter confidencial.

§ 2º A censura pública, anotada nos assentamentos do profissional, será efeti-vada por meio de edital afixado no quadro de avisos nas inspetorias, na sede do Crea onde estiver inscrito o profissional, divulga-ção em publicação do Crea ou em jornal de circulação na jurisdição, ou no diário oficial do estado ou outro meio, economicamente aceitável, que amplie as possibilidades de conhecimento da sociedade.

Já a multa é a simples sanção pecuni-ária imposta ao profissional infrator. Na suspensão temporária do exercício da profissão, o profissional tem seu regis-tro suspenso por tempo determinado, ficando nesse período desabilitado para exercer a profissão. Por fim, o cancela-mento definitivo do registro será efetu-ado em caso de má conduta pública e escândalos praticados pelo profissional ou sua condenação definitiva por crime considerado infamante.

Na esfera do CREA-SP, a competência para aplicação dessas penalidades é das câmaras especializadas de cada modali-dade, mediante processo administrativo específico, assegurada ampla defesa ao profissional interessado.

crEa-sp

CancelamentoO Artigo 75 trata da penalidade mais

grave aplicada ao profissional. Observa-se que o cancelamento definitivo do registro só ocorrerá em duas situações: em caso de má conduta pública e escândalos praticados pelo profissional ou em caso de condenação transitada em julgado por crime considerado infamante. Veja a íntegra do artigo:

Art. 75 - O cancelamento do registro será efetuado por má conduta pública e escândalos praticados pelo profissional ou sua condenação definitiva por crime considerado infamante.

Entende-se como má conduta pública e escândalos aqueles atos praticados com repercussão negativa perante a sociedade, denigrindo assim a profissão.

Considera-se crime infamante aquele que, devido aos meios empregados e às circunstâncias em que se realizou, ocasiona no meio social uma reprovabilidade maior manifestada sobre o autor do crime, princi-palmente levando-se em conta os motivos que levaram o agente a praticá-lo. Sendo assim, entende-se por crime infamante qualquer crime contrário a honra, dignida-de ou má fama de quem o pratica.

O cancelamento do registro não isenta o profissional das responsabilidades, obrigações pecuniárias e faltas cometidas no exercício da profissão anteriormente à aplicação da penalidade.

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AEAARP

Nove cidades vão receber o equipamento ainda este ano e Campos do Jordão já tem o sistema instalado desde 2014

Estações robotizadas em áreas com inovação

O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Nacionais (Ce-maden) está instalando Estações Totais Robotizadas (ETRs) em cidades que têm morros e encostas com riscos de desli-zamentos. As ETRs são aparelhos com sensores geotécnicos que emitem sinais a laser – que são refletidos em prismas instalados ao longo da encosta monito-rada – capazes de medir, até mesmo, pequenas movimentações de terra.

As cidades de Nova Friburgo, Petró-polis, Teresópolis e Angra dos Reis (RJ), Mauá e Santos (SP), Blumenau (SC), Re-cife (PE) e Salvador (BA) receberão, até agosto, o conjunto de equipamentos que inclui uma ETR acompanhada por 100 prismas, 15 plataformas de coleta de dados que dispõem de um pluviôme-tro automático e seis sensores de umi-dade do solo. A cidade paulista Campos do Jordão foi o primeiro município a ter

risco de deslizamentoa instalação desse equipamento, no ano passado.

A novidade das estações robotizadas é a instalação em áreas urbanas. Até então, o Brasil usava os sensores geo-técnicos somente em grandes obras da engenharia civil, como construção de hidrelétricas e de áreas de mineração, para garantir a segurança dos trabalha-dores, além de evitar grandes impactos ambientais.

Fonte: Instituto de Engenharia

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Revista Painel

notas E cursos

Estudo detalha-do sobre a ener-gia eólica no Bra-sil está disponível para download. O estudo “Desafios e Oportunidades

para a energia eólica no Brasil: recomen-dações para políticas públicas” identificou os fatores que em pouco tempo fizeram da energia eólica um destaque no cenário energético brasileiro e internacional. De-senvolvido em parceria com a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica) e elaborado pela LCA Consultores, o estudo levantou os principais desafios que o setor enfrenta, apontando soluções para que essa fonte de energia alcance participação ainda maior na matriz elétrica brasileira. O atalho para ler a íntegra do documento está no site da AEAARP.

Fonte: WWF

Darlene Ketlin Duque Rodrigues Estudante | Arquitetura

Murillo Guioto Moroti Estudante | Engenharia Civil

Tiago Minto Gomes Estudante | Engenharia Civil

Vilma Blossey Ferreira Arquitetura

Fernando José Thomazella Engenharia Civil

Fábio de Souza Lima Rossi Engenharia de Controle de Automação

Luiz dos Santos Técnico em Eletrônica

novos associados

Energia Eólica

A Universidade de São Paulo (USP), campus de São Carlos, inaugurou o cluster computacional Euler do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CeMEAI) – um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs) apoiados pela Fapesp.

Adquirido ao custo de R$ 4,5 milhões, o sistema computacional para processa-mento científico de alto desempenho é o mais rápido instalado em universida-des no estado de São Paulo, de acordo com os coordenadores do projeto.

Batizado em homenagem ao ma-temático e físico suíço Leonhard Paul Euler (1707-1783) – que contribuiu para o avanço científico em diversas áreas, como a teoria dos números, análise ma-temática aplicada e mecânica de fluidos –, o sistema computacional é composto

47 trilhões de operações matemáticas por segundo

por 104 computadores ligados em rede de alta velocidade, que são dotados de dois processadores com 20 núcleos de processamento cada computador.

Enquanto um laptop comum é capaz de realizar 10 bilhões de operações matemáticas básicas (como adição, subtração, multiplicação e divisão) por segundo – chamadas de FLOPs, da sigla em inglês de Floating Point Operations per Second –, o supercomputador é capaz de fazer 47 trilhões de FLOPs.

“Antes demorávamos 150 dias para fazer uma simulação aerodinâmica. Hoje, com o supercomputador, conse-guimos fazê-las em 20 dias”, comparou Carlo Junqueira-Junior, doutorando no IEA/CTA.

Fonte: USP

O programa de Pós-Graduação em Engenharia Mineral (PPGEMin) da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) inicia, em 17 de agosto, o processo seletivo para ingresso de alunos de mes-trado e doutorado. As inscrições vão até 11 de setembro. Os interessados poderão inscrever-se em uma das cinco áreas do Programa: Lavras de minas, Tratamento de minérios, Pesquisa mineral, Economia mineral e caracterização de matérias--primas minerais, Meio Ambiente, segu-rança e higiene ocupacional e Óleo e gás. Os candidatos a mestrado deverão ser graduados em qualquer área – exceto em casos de licenciatura curta. Os candidatos a

Pós-Graduação em Engenharia Mineral

doutorado, com título de mestrado obtido fora da USP, terão a sua documentação previamente analisada pela Comissão de Pós-Graduação da Poli. As provas de seleção serão realizadas em duas fases. Na primeira, de caráter eliminatório, os candidatos deverão comprovar proficiência em conhecimentos de engenharia mineral e inglês e, na segunda, serão avaliados pro-jetos de pesquisa e feita análise curricular com arguição. Os documentos necessários à inscrição e outras informações podem ser obtidos na página do Programa disponível no site pmi.poli.usp.br. O número do edital é 01/2015.

Fonte: Agência Fapesp

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