ADSORÇÃO DE CORANTES E ÍONS VANÁDIO (V) EM...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE - FURG ESCOLA DE QUÍMICA E ALIMENTOS - EQA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA TECNOLÓGICA E AMBIENTAL – PPGQTA
LABORATÓRIO DE OPERAÇÕES UNITÁRIAS - LOU
ADSORÇÃO DE CORANTES E ÍONS VANÁDIO (V) EM
SOLUÇÃO AQUOSA UTILIZANDO FILMES DE
QUITOSANA
TESE DE DOUTORADO
Tito Roberto Sant’Anna Cadaval Junior
Rio Grande - RS, Brasil
2014
ii
ADSORÇÃO DE CORANTES E ÍONS VANÁIDO EM SOLUÇÃO AQUOSA UTILIZANDO FILMES DE
QUITOSANA
por
Tito Roberto Sant’Anna Cadaval Junior
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Química Tecnológica e Ambiental, Linha de Pesquisa Adsorção Utilizando Biossorventes: Equilíbrio, Termodinâmica e Cinética, da Universidade Federal do Rio Grande (FURG, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de DOUTOR EM QUÍMICA.
Orientador: Luiz Antonio de Almeida Pinto
Rio Grande, RS, Brasil
2014
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AGRADECIMENTOS
A Deus
Por me guiar e proteger quando necessário.
A minha mãe Iara
Que me criou e deu exemplo de caráter e valores.
Ao meu padrasto Jorge
Por me mostrar como pensar e agir frente a dificuldades e pelo apoio nas horas
difíceis.
A Geylla, mulher e companheira
Sempre ao meu lado passando tranquilidade e segurança.
A minha Avó Orites
Carinhosa e protetora.
Aos amigos Guilherme e Alison
Que foram fundamentais nesta caminhada, disponibilizando tempo e atenção
permanente para que o trabalho fosse realizado.
Ao Professor Orientador Luiz Antonio de Almeida Pinto
Agradeço ao professor pela oportunidade e pela dedicação e entusiasmo com que me
orientou. Passando energia e confiança nos momentos mais difíceis
Aos colegas do Laboratório de Operações Unitárias e ao técnico Jaques Rizzi
Pela ajuda,receptividade e aprendizado. Tudo isso foi fundamental na realização deste
trabalho
Aos Professores do Programa de Pós-Graduação
Pelos conhecimentos e aprendizados passados.
À Universidade Federal do Rio Grande e a CAPES
Pela Formação Profissional e bolsa de estudos.
v
RESUMO
Tese de Doutorado Programa de Pós-Graduação em Química Tecnológica e Ambiental – PPGQTA
Universidade Federal do Rio Grande - FURG
ADSORÇÃO DE CORANTES E ÍONS VANÁDO EM SOLUÇÃO AQUOSA UTILIZANDO FILMES DE
QUITOSANA
AUTOR: TITO ROBERTO SANT’ANNA CADAVAL JUNIOR
ORIENTADOR: LUIZ ANTONIO DE ALMEIDA PINTO Rio Grande, 26 de Outubro de 2014
Neste trabalho, foram obtidos filmes de quitosana e utilizados para a adsorção de íons de vanádio, dos corantes alimentícios tartrazina e amaranto, e do corante têxtil reativo preto 5, em soluções aquosas. As quitosanas produzidas de resíduos de camarão foram de média massa molar (120 a 150 kDa) com graus de desacetilação de 85% e 95%. Os filmes das quitosanas foram obtidos pela técnica casting, e foram caracterizados de acordo com as propriedades mecânicas, apresentando alongamentos de aproximadamente 11% e tensões de ruptura de 25 a 30 MPa. Primeiramente foi realizado o estudo para a adsorção de íons de vanádio, utilizando um delineamento experimental fatorial para a otimização do processo, obtenção das isotermas de equilíbrio, análise termodinâmica, avaliação da cinética de adsorção, interação adsorvente-adsorbato e ciclos de regeneração do adsorvente. Nesta etapa foi observado um aumento da capacidade de reuso dos filmes de quitosana, a qual foi atribuído a presença de parte dos íons de vanádio que não foram removidos durante a regeneração, passando a fazer parte da estrutura polimérica. Paralelamente, foram realizados estudos da adsorção dos corantes tartrazina e amaranto por filmes puros de quitosana, através das isotermas de equilíbrio, análises termodinâmica e cinética. Os estudos relativos à adsorção destes corantes alimentícios mostraram uma redução da capacidade de adsorção e degradação durante a regeneração de filmes puros de quitosana. Tendo em vista o aumento da capacidade de regeneração dos filmes na presença de íons de vanádio, foram realizados estudos utilizando filmes de quitosana modificados com vanádio para a adsorção do corante reativo preto 5, com o objetivo de aumentar o número de ciclos de reuso na remoção deste corante têxtil. A presença do vanádio na estrutura possibilitou um aumento dos ciclos de regeneração na adsorção do corante reativo preto 5, o qual não foi possível sem a presença do mesmo. Após cinco ciclos de adsorção/dessorção os filmes com vanádio perderam aproximadamente 20% da capacidade de adsorção. Posteriormente, foram elaborados filmes de quitosana modificados com terra ativada visando um aumento na capacidade de adsorção, devido a mescla destes dois adsorventes na adsorção do corante reativo preto 5. Neste caso, foi observado que não ouve aumento da capacidade de adsorção.
Palavras-chave: adsorção; filme de quitosana; vanádio; corantes; regeneração.
vi
ABSTRACT
Doctoral’s Thesis Programa de Pós-Graduação em Química Tecnológica e Ambiental – PPGQTA
Universidade Federal do Rio Grande - FURG DYES AND VANADIUM (V) ADSORPTION FROM AQUEOUS SOLUTION USING CHITOSAN FILMS
AUTHOR: TITO ROBERTO SANT’ANNA CADAVAL JUNIOR ADVISOR: LUIZ ANTONIO DE ALMEIDA PINTO
October 26th, 2014, Rio Grande, RS, Brazil.
In this work, chitosan films were obtained and were used for adsorption of vanadium (V), of food dyes (tartrazine and amaranth) and of the textile dye reactive black n° 5 in aqueous solutions. Chitosan were produced from shrimp wastes and were of average molecular weight (120 to 150 kDa) with deacetylation degree of 85% and 95%. The chitosan films were obtained by casting technique and were characterized according to the mechanical properties, which showed elongations about 11% and tensile strength of 25 to 30 MPa. First, the study was carried out for adsorption of vanadium (V) by an experimental factorial design to optimization of the process, obtaining the equilibrium isotherms, thermodynamic analysis, evaluating the adsorption kinetics, interactions adsorbent-adsorbate and the adsorbent regeneration cycles. On this step, it was observed an increase in the capability to reuse of the chitosan films which was attributed to the presence of vanadium (V), which were not removed in the regeneration and became part of the polymer structure. In parallel, adsorption studies were performed for the food dyes tartrazine and amaranth by pure chitosan films, through equilibrium isotherms, thermodynamic and kinetic analyses. Studies on the adsorption of these food dyes showed a reduction in the adsorption capacity and degradation during regeneration of the pure chitosan films. Considering the increased regenerative capacity of the films in the presence of vanadium (V), studies were performed using modified chitosan films with vanadium (V) in the adsorption of the dye reactive black 5, with the aim of increasing the number of reuse cycles in the removal of the textile dye. The presence of vanadium (V) in the structure led to an increase of the regeneration cycles of adsorption of the dye reactive black 5, which has not been possible without the presence of the vanadium. After five cycles of adsorption / desorption, the films with vanadium (V) lost approximately 20% of the adsorption capacity. Afterwards, the chitosan films were modified with activated earth in order to increase the adsorption capacity, through the blend of these two adsorbents in the adsorption of dye reactive black 5. In this case, it was not observed the increase in the adsorption capacity. Keywords: adsorption; chitosan film; dyes; regeneration; vanadium (V).
vii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Isotermas características de adsorção. ........................................................ 07
Figura 2: Estruturas: (a) quitina; (b) quitosana. ........................................................... 14
Figura 3: Fluxograma representativo de extração da quitina ....................................... 16
Figura 4: Reação de produção de quitosana a partir da quitina .................................. 17
Figura 5: Reação de purificação da quitosana ............................................................ 17
Figura 6: Fluxograma representativo de obtenção da quitosana ................................. 18
Figura 7: Diagrama tridimensional de cores. ............................................................... 21
Figura 8: Especiação de vanádio em função do pH e da concentração. ..................... 24
Figura 9: Estrutura octaédrica do complexo [V(O)2(OH2)4]+. ........................................ 25
Figura 10: Aplicações do vanádio comercialmente. .................................................... 26
Figura 11: Estrutura molecular do corante amaranto. ................................................. 30
Figura 12: Estrutura molecular do corante tartrazina. .................................................. 31
Figura 13: Estrutura molecular do corante têxtil reativo preto 5. ................................. 34
Figura 14: Espectros de FT-IR: (a) filme de quitosana 85%GD; (b) filme de quitosana
95%GD. ...................................................................................................................... 50
Figura 15: Gráficos de Paretos para o percentual de remoção (a) e a capacidade de
adsorção (b) de vanádio por filmes de quitosana. ...................................................... 52
Figura 16: Superfície de resposta para o percentual de remoção (a) e capacidade e
adsorção (b) do vanádio por filme de quitosana.. ........................................................ 54
Figura 17: Dados experimentais de equilíbrio para adsorção do vanádio por filmes de
quitosana. ................................................................................................................... 56
Figura 18: Termodinâmica para adsorção do vanádio por filmes de quitosana.. ........ 58
Figura 19: Comportamento cinético para adsorção do vanádio por filmes de quitosana.
. .................................................................................................................................. 58
Figura 20: Gráfico de Weber e Morris para adsorção do vanádio por filmes de
quitosana. ................................................................................................................... 60
Figura 21: Espectros de FT-IR do filme de quitosana após a adsorção do vanádio. ... 62
viii
Figura 22: Imagens de MEV: (a) filme de quitosana, (b) filme de quitosana após
adsorção de vanádio, e (c) mapeamento do vanádio na superfície do filme. .............. 63
Figura 23: Espectro de EDX dos filmes de quitosana após a adsorção de vanádio. ... 64
Figura 24: Análises termogravimétricas dos filmes de quitosana: (a) antes, e (b) após a
adsorção dos íons de vanádio... ................................................................................. 65
Figura 25: Dados de equilíbrio para adsorção do corante amaranto por filmes de
quitosana. ................................................................................................................... 66
Figura 26: Dados experimentais de equilíbrio para adsorção do vanádio por filmes de
quitosana. ................................................................................................................... 66
Figura 27: Dados cinéticos para adsorção do corante amaranto por filmes de
quitosana.. .................................................................................................................. 69
Figura 28: Dados cinéticos para adsorção do corante tartrazina por filmes de
quitosana... ................................................................................................................. 70
Figura 29: Imagens de MEV: filme de quitosana: (a) antes do processo de adsorção,
(b) adsorvido com o corante amaranto, (c) adsorvido com o corante tartrazina.. ........ 72
Figura 30: Dados de equilíbrio para adsorção do corante reativo preto 5 por filmes de
quitosana. ................................................................................................................... 73
Figura 31: Dados cinéticos para adsorção do corante reativo preto 5 por filmes de
quitosana. ................................................................................................................... 75
Figura 32: Espectro de infravermelho do filme de quitosana após a adsorção do
corante reativo preto 5. ............................................................................................... 77
Figura 33: Efeito dos pHs (4,0, 6,0 e 8,0) na adsorção do corante reativo preto 5 para
filmes modificados de quitosana. ................................................................................ 79
Figura 34: Dados de equilíbrio para adsorção do corante reativo preto 5 por filmes
modificados de quitosana com vanádio. ..................................................................... 80
Figura 35: Dados cinéticos para adsorção do corante reativo preto 5 por filmes
modificados de quitosana com vanádio. ..................................................................... 83
Figura 36: Espectros de FT-IR: (a) filme modificado de quitosana com vanádio, (b)
filme modificado de quitosana com vanádio após adsorção do corante reativo preto 5.85
Figura 37: Espectro de EDX do filme modificado de quitosana com vanádio após a
adsorção do corante reativo preto 5.. .......................................................................... 86
ix
Figura 38: Espectro de EDX do filme modificado de quitosana com vanádio após a
dessorção do corante reativo preto 5... ....................................................................... 87
Figura 39: Gráfico dos percentuais de remoção dos ciclos de reuso
(adsorção/dessorção) dos filmes modificados de quitosana com vanádio.... .............. 88
Figura 40: Espectros de FT-IR do filme modificado de quitosana com terra ativada.... 90
Figura 41: Imagens de MEV: (a) filme modificado de quitosana com terra ativada, (b)
mapeamento do silício na superfície do filme..... ......................................................... 90
Figura 42: Capacidade de adsorção dos filmes modificados de quitosana com terra
ativada (relação em massa de quitosana:terra ativada de 5:1) em função do pH...... . 92
Figura 43: Capacidade de adsorção dos filmes modificados de quitosana com terra
ativada (relação em massa de quitosana:terra ativada de 2,5:1) em função do pH......92
x
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Níveis e fatores utilizados no delineamento experimental fatorial da adsorção
de vanádio por filme de quitosana .............................................................................. 42
Tabela 2: Composição elementar da quitosana obtida de resíduos de camarão. ........ 48
Tabela 3: Características do filme de quitosana .......................................................... 48
Tabela 4: Matriz do delineamento experimental fatorial utilizada para as respostas
percentual de remoção e capacidade de adsorção de vanádio por filme de
quitosana...... .............................................................................................................. 51
Tabela 5: Parâmetros das isotermas de adsorção de vanádio por filme de
quitosana...... .............................................................................................................. 56
Tabela 6: Parâmetros termodinâmicos para a adsorção de vanádio em filmes de
quitosana .................................................................................................................... 57
Tabela 7: Parâmetros de ajuste dos modelos cinéticos para adsorção do vanádio por
filmes de quitosana ..................................................................................................... 59
Tabela 8: Parâmetros de Weber-Morris para a primeira e a segunda porção
lineares...... ................................................................................................................. 60
Tabela 9: Parâmetros das isotermas de adsorção dos corantes amaranto e tartrazina
por filme de quitosana ................................................................................................. 67
Tabela 10: Parâmetros termodinâmicos para a adsorção do corantes amaranto e
tartrazina em filmes de quitosana ............................................................................... 68
Tabela 11: Parâmetros de ajuste dos modelos cinéticos para adsorção dos corantes
amaranto e tartrazina por filmes de quitosana ............................................................ 71
Tabela 12: Parâmetros das isotermas de adsorção do corante reativo preto 5 por filme
de quitosana. .............................................................................................................. 74
Tabela 13: Parâmetros termodinâmicos para a adsorção dos corantes amaranto e
tartrazina em filmes de quitosana ............................................................................... 75
Tabela 14: Parâmetros de ajuste dos modelos cinéticos para adsorção do corante
reativo preto 5 por filmes de quitosana.. ..................................................................... 76
Tabela 15: Características dos filmes puro e modificado de quitosana com vanádio
. .................................................................................................................................. 78
xi
Tabela 16: Parâmetros das isotermas de adsorção do corante reativo preto 5 por filme
modificados de quitosana com vanádio.. .................................................................... 81
Tabela 17: Parâmetros termodinâmicos para a adsorção do corante reativo preto 5 em
filmes de quitosana modificados com vanádio.. .......................................................... 82
Tabela 18: Parâmetros de ajuste dos modelos cinéticos para adsorção do corante
reativo preto 5 por filmes modificados de quitosana com vanádio... ............................ 84
Tabela 19: Resultados da dessorção do corante reativo preto 5 dos filmes modificados
de quitosana com vanádio.... ...................................................................................... 87
Tabela 20: Características dos filmes modificados de quitosana com terra ativada... . 89
xii
LISTA DE SÍMBOLOS
A Extensão da cobertura da superfície do
adsorvente
(g mg-1)
B Taxa inicial de adsorção (mg g-1 min-1)
Ce Concentração de equilíbrio na solução (mg L-1)
C0 Concentração inicial de adsorbato (mg L-1)
Ct Concentração de adsorbato no tempo (mg L-1)
k1 Coeficiente cinético de pseudo-primeira
ordem
(min-1)
k2 Coeficiente cinético de pseudo-segunda
ordem
g (mg-1 min-1)
kD Constante de equilíbrio termodinâmico (L mg-1).
kF Constante de Freundlich ((mg g-1) (L mg-1)1/n )
kL Constante de Langmuir (L mg-1)
m Massa de adsorbato (g)
M Massa de quitosana seca (g)
N Número de pontos (adimensional)
P Número de parâmetros (adimensional)
q1 Capacidade de adsorção obtida pelo modelo
cinético de pseudo-primeira ordem
(mg g-1)
q2 Capacidade de adsorção obtida pelo modelo
cinético de pseudo-segunda ordem
(mg g-1)
qe Capacidade de adsorção no equilíbrio (mg g-1)
qe,obs Valor observado da capacidade de adsorção (mg g-1)
qe,pred Valor predito da capacidade de adsorção (mg g-1)
qt Valor da capacidade de adsorção no tempo (mg g-1)
R Constante universal dos gases (8.314 J mol−1 K−1)
RL Fator de separação ou fator de equilíbrio (adimensional)
T Tempo (min)
T Temperatura (K)
V Volume de solução (L)
ΔG Energia livre de Gibbs (kJ mol-1)
xiii
ΔH Entalpia de adsorção (kJ mol-1)
ΔS Entropia de adsorção (kJ mol-1 K-1)
xiv
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS .................................................................................................... IV
LISTA DE TABELAS .................................................................................................... IX
LISTA DE SÍMBOLOS ................................................................................................. XI
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 1
2. OBJETIVOS .............................................................................................................. 3
2.1 Objetivo Geral ......................................................................................................... 3
2.2 Objetivos Específicos .............................................................................................. 3
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................................... 5
3.1 Adsorção ................................................................................................................ 5
3.1.1 Isotermas de adsorção ......................................................................................... 6
3.1.1.1Isoterma de Henry ............................................................................................. 8
3.1.1.2 Isoterma de Langmuir ....................................................................................... 8
3.1.1.3 Isoterma de Freundlich ..................................................................................... 9
3.1.1.4 BET ................................................................................................................... 9
3.1.2Termodinâmica de adsorção ............................................................................... 10
3.1.3 Cinética de adsorção ......................................................................................... 11
3.1.3.1 Modelo de pseudo-primeira ordem .................................................................. 11
3.1.3.2 Modelo de pseudo-segunda ordem ................................................................. 12
3.1.3.3 Modelo de Elovich ........................................................................................... 12
3.1.4 Modelo de Weber-Morris .................................................................................... 13
3.2 Quitosana ............................................................................................................. 13
3.2.1 Aspectos químicos da quitosana ........................................................................ 12
3.2.2 Fontes de obtenção da quitosana ...................................................................... 15
3.2.3 Processo de produção da quitosana .................................................................. 15
3.2.4 Propriedades e aplicações da quitosana ............................................................ 18
3.2.5 Adsorção de contaminantes por quitosana ........................................................ 19
3.3 Filmes de quitosana .............................................................................................. 20
3.3.1Obtenção de filme de quitosana pela técnica casting .......................................... 20
3.3.2 Caracterização dos filmes de quitosana ............................................................. 20
3.3.2.1 Espessura ....................................................................................................... 20
3.3.2.2 Cor .................................................................................................................. 21
3.3.2.3 Propriedades mecânicas ................................................................................. 21
3.4 Vanádio ................................................................................................................ 22
3.4.1 Descobrimento do vanádio ................................................................................ 22
xv
3.4.2 Oferta mundial de vanádio ................................................................................. 22
3.4.3 Propriedades químicas do vanádio .................................................................... 23
3.4.4 Aplicações do vanádio ....................................................................................... 25
3.4.5 Toxicidade do Vanádio ....................................................................................... 26
3.5 Corantes sintéticos ............................................................................................... 27
3.5.1 Disponibilidade e utilizações .............................................................................. 27
3.5.2 Propriedades químicas dos corantes sintéticos.................................................. 27
3.5.3 Toxicidade dos corantes sintéticos..................................................................... 28
3.5.4 Corantes alimentícios......................................................................................... 29
3.5.5 Corante amaranto .............................................................................................. 30
3.5.6 Corante tartrazina .............................................................................................. 31
3.5.7 Corantes Têxteis ................................................................................................ 32
3.5.8 Corante reativo preto n° 5 .................................................................................. 33
4. MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................ 35
4.1 Obtenção da quitosana ......................................................................................... 35
4.1.1 Extração da quitina ............................................................................................ 35
4.1.1.1 Pré-tratamento dos resíduos ........................................................................... 35
4.1.1.2 Desmineralização ........................................................................................... 35
4.1.1.3 Desproteinização ............................................................................................ 35
4.1.1.4 Desodorização ................................................................................................ 36
4.1.1.5 Secagem de quitina ........................................................................................ 36
4.1.2 Desacetilação da quitina .................................................................................... 36
4.1.3 Purificação da quitosana .................................................................................... 36
4.1.4 Secagem da quitosana ...................................................................................... 36
4.2 Caracterização da quitosana ................................................................................ 37
4.2.1 Composição elementar ...................................................................................... 37
4.2.2 Massa molar da quitosana ................................................................................. 37
4.2.3 Grau de desacetilação da quitosana .................................................................. 37
4.3 Obtenção dos filmes de quitosana ........................................................................ 38
4.3.1 Produção dos filmes puros de quitosana............................................................ 38
4.3.2 Produção dos filmes modificados de quitosana com vanádio ............................. 39
4.3.3 Produção dos filmes modificados de quitosana com terra ativada ..................... 39
4.4 Caracterização dos filmes de quitosana ................................................................ 39
4.4.1 Propriedades mecânicas .................................................................................... 39
4.4.2 Cor dos filmes de quitosana ............................................................................... 40
4.4.3 Espessura dos filmes de quitosana .................................................................... 40
4.4.4 Espectroscopia na região do infravermelho (FT-IR) ........................................... 40
xvi
4.4.5 Microscopia eletrônica de varredura (MEV) dos filmes de quitosana ................. 40
4.4.6 Espectroscopia dispersiva de raios X (EDX) ..................................................... 41
4.4.7 Análise termogravimétrica dos filmes de quitosana ............................................ 41
4.5 Experimentos de adsorção ................................................................................... 41
4.5.1 Experimentos de adsorção de vanádio por filmes de quitosana ......................... 41
4.5.2 Experimentos de adsorção dos corantes amaranto e tartrazina por filmes de
quitosana .................................................................................................................... 42
4.5.3 Experimentos de adsorção do corante reativo preto 5 por filmes de quitosana .. 43
4.5.4 Experimentos de adsorção do corante reativo preto 5 por filmes modificados de
quitosana com vanádio ............................................................................................... 44
4.5.5 Experimentos de adsorção do corante reativo preto 5 por filmes modificados de
quitosana com terra ativada ........................................................................................ 44
4.6 Tratamento dos dados de adsorção ...................................................................... 44
4.6.1 Delineamento Experimental ............................................................................... 44
4.6.2 Análise das isotermas de equilíbrio .................................................................... 45
4.6.3 Estimação dos parâmetros termodinâmicos ....................................................... 45
4.6.4 Análise cinética de adsorção .............................................................................. 45
4.6.5 Análise do mecanismo de adsorção através do método gráfico de Weber-Morris
................................................................................................................................... 45
4.6.6 Análise de regressão ......................................................................................... 46
4.7 Dessorção e reuso dos filmes ............................................................................... 46
4.7.1 Dessorção e reuso do filme de quitosana na adsorção de vanádio .................... 46
4.7.2 Dessorção e reuso do filme de quitosana na adsorção dos corantes amaranto e
tartrazina ..................................................................................................................... 46
4.7.3 Dessorção e reuso dos filmes de quitosana puros e modificados com vanádio na
adsorção do corante reativo preto 5 ............................................................................ 46
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................. 48
5.1 Caracterização da quitosana ................................................................................ 48
5.1.1 Composição elementar, grau de desacetilação e massa molar .......................... 48
5.2 Caracterização dos filmes de quitosana ................................................................ 48
5.2.1 Propriedades mecânicas, cor e espessura ......................................................... 48
5.2.2 Análise de infravermelho dos filmes de quitosana puros .................................... 49
5.3 Resultados dos experimentos de adsorção de vanádio por filmes de quitosana ... 51
5.3.1 Delineamento experimental fatorial para a adsorção de vanádio por filmes de
quitosana .................................................................................................................... 51
5.3.2 Isotermas de adsorção de vanádio por filmes de quitosana ............................... 55
5.3.3 Termodinâmica de adsorção de vanádio por filmes de quitosana ...................... 57
xvii
5.3.4 Cinética de adsorção de vanádio por filmes de quitosana .................................. 58
5.3.5 Análise de infravermelho dos filmes de quitosana após a adsorção de vanádio
................................................................................................................................... 61
5.3.6 Microscopia eletrônica de varredura .................................................................. 62
5.3.7 Espectroscopia dispersiva de raios X (EDX) ..................................................... 63
5.3.8 Análise termogravimétrica dos filmes de quitosana adsorvidos com vanádio ..... 64
5.3.9 Dessorção e reuso do filme de quitosana na adsorção de vanádio .................... 65
5.4 Resultados dos experimentos de adsorção dos corantes amaranto e tartrazina por
filmes de quitosana ..................................................................................................... 65
5.4.1 Isotermas de adsorção dos corantes amaranto e tartrazina por filmes de
quitosana .................................................................................................................... 65
5.4.2 Termodinâmica de adsorção dos corantes amaranto e tartrazina por filmes de
quitosana .................................................................................................................... 68
5.4.3 Cinética de adsorção dos corantes amaranto e tartrazina por filmes de quitosana
................................................................................................................................... 69
5.4.4 Microscopia eletrônica de varredura .................................................................. 71
5.5 Resultados dos experimentos de adsorção do corante reativo preto 5 por filmes de
quitosana .................................................................................................................... 72
5.5.1 Isotermas de adsorção do corante reativo preto 5 por filmes de quitosana ........ 72
5.5.2 Termodinâmica de adsorção do corante reativo preto 5 por filmes de quitosana
................................................................................................................................... 74
5.5.3 Cinética de adsorção do corante reativo preto 5 por filmes de quitosana .......... 75
5.5.4 Análise de infravermelho dos filmes de quitosana após a adsorção do corante
reativo preto 5 ............................................................................................................. 77
5.5.5 Dessorção e reuso do adsorvente...................................................................... 77
5.6 Resultados dos experimentos de adsorção do corante reativo preto 5 por filmes
modificados de quitosana com vanádio ...................................................................... 78
5.6.1 Propriedades mecânicas, cor e espessura dos filmes modificados com vanádio ...
................................................................................................................................... 78
5.6.2 Comportamento da adsorção do corante reativo preto 5 por filmes modificados
de quitosana com vanádio em função do pH .............................................................. 78
5.6.3 Isotermas de adsorção do corante reativo preto 5 por filmes modificados de
quitosana com vanádio ............................................................................................... 80
5.6.4 Termodinâmica de adsorção do corante reativo preto 5 por filmes modificados de
quitosana com vanádio ............................................................................................... 81
5.6.5 Cinética de adsorção do corante reativo preto 5 por filmes modificados de
quitosana com vanádio ............................................................................................... 82
xviii
5.6.6 Análise de infravermelho dos filmes modificados de quitosana com vanádio antes
e após a adsorção do corante reativo preto 5 ............................................................. 84
5.6.7 Espectroscopia dispersiva de raios X (EDX) dos filmes modificados de quitosana
com vanádio ............................................................................................................... 85
5.6.8 Dessorção e Reuso dos filmes modificados de quitosana com vanádio ............. 87
5.7 Resultados dos experimentos de adsorção do corante reativo preto 5 por filmes
modificados de quitosana com terra ativada ............................................................... 88
5.7.1 Propriedades mecânicas, cor e espessura dos filmes modificados com terra ativa
................................................................................................................................... 88
5.7.2 Análise de infravermelho dos filmes modificados de quitosana com terra ativada
................................................................................................................................... 89
5.7.3 Microscopia eletrônica de varredura dos filmes modificados de quitosana com
terra ativada ................................................................................................................ 90
5.7.4 Comportamento da adsorção do corante reativo preto 5 por filmes modificados
de quitosana com terra ativada em função do pH ....................................................... 91
6.CONCLUSÃO .......................................................................................................... 93
7.SUGESTÕES .......................................................................................................... 96
8 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 97
9.APÊNDICE ............................................................................................................ 108
1
1. INTRODUÇÃO
Os processos de produção de bens de consumo em escala industrial geram,
inevitavelmente, uma série de efluentes líquidos com os mais diversos tipos de
contaminantes. Atividades como mineração, siderurgia, galvanoplastia, indústrias de
petróleo e carvão, entre outras, são responsáveis pela geração de efluentes contendo
elevadas concentrações de compostos inorgânicos altamente tóxicos. Metais como
cádmio, cobre,chumbo, mercúrio, níquel, cromo, arsênio e zinco são alguns exemplos
dos elementos presentes nos efluentes destas indústrias e que podem causar danos
ao meio ambiente e a saúde humana (GUIBAL, 2004; ALBADARIN et al., 2012).
Paralelamente, as indústrias têxteis, de cosméticos, farmacêuticas e de
alimentos são responsáveis pela geração de efluentes com elevada concentração de
contaminantes orgânicos, dentre os quais se destacam os corantes sintéticos (GUPTA
e SUHAS, 2009). Estes corantes são caracterizados por uma baixa taxa de fixação
durante o processo, com isso, uma considerável parcela é descartada como efluente
líquido. A presença dessas moléculas nos corpos receptores altera a cor da água,
reduz a solubilidade do oxigênio e interfere no metabolismo fotossintético de plantas
aquáticas. Além disso, podem causar sérios riscos à saúde humana, sendo tóxicos,
carcinogênicos e mutagênicos (CRINI e BADOT, 2008).
Os tratamentos de efluentes, contendo tanto metais quanto corantes, são
extremamente complicados, devido à suas altas solubilidades em meios aquosos. Os
métodos mais comuns para a remoção destes compostos de efluentes líquidos são:
sedimentação, filtração, oxidação, coagulação/floculação, coagulação eletroquímica e
tratamento biológico. Estas tecnologias são geralmente ineficazes, caras, e/ou de
difícil operação e controle. Neste contexto, a adsorção se apresenta como uma
alternativa para o tratamento desses efluentes (GARCIA-REYES e RANGEL-
MENDEZ, 2010; ALBADARIN et al., 2012), pois é uma operação de fácil implantação e
controle além de apresentar alta eficiência de remoção. Sua aplicação se torna
economicamente viável, principalmente quando são utilizados adsorventes de fontes
renováveis (GUIBAL, 2004).
Comercialmente o adsorvente mais utilizado é o carvão ativado, contudo,
diversas alternativas de adsorventes têm sido estudadas, com objetivo de aumentar a
capacidade de adsorção e diminuir o custo do processo, como por exemplo: cascas de
banana, caroços de azeitona, cascas de arroz, septiolita, bentonita, cinzas de cascas
de arroz, cinzas de algodão, cascas de coco, penas de galinha, serragem, quitina,
quitosana, pó de bambu e lignina (KANAMADI et al., 2006). Dentre estes, a quitosana
2
se destaca devido a sua versatilidade, elevada capacidade de adsorção, cinética
rápida, disponibilidade e custo benefício (GUIBAL, 2004; WAN NGAH et al., 2011).
A quitosana é um aminopolissacarídeo biodegradável, hidrofílico e não tóxico
obtido a partir da desacetilação alcalina da quitina. Quimicamente é constituída por
monômeros de D-glucosamina e N-acetilglucosamina (GUIBAL, 2004; WAN NGAH et
al., 2011). Esse biopolímero possui a vantagem relativa ao custo benefício quando
comparada com o carvão ativado, além de ser obtida de fontes naturais renováveis.
Muitos estudos mostram a aplicabilidade deste biopolímero para a remoção de
corantes e metais tais como, cobre (OSIFO et al., 2008), chumbo, níquel (FUTALAN et
al., 2011), arsênio (SANTOS et al., 2011), zinco, mercúrio (BENAVENTE et al., 2012),
platina (WANG et al., 2011) e cromo (AYDIN e AKSOY, 2009; CADAVAL JR et al,
2013), reativo vermelho 222 (FENG-CHIN et al., 2009), laranja ácido10, laranja ácido
12, vermelho ácido 18 e vermelho ácido 73 (CHEUNG et al., 2009), azul ácido 9 e
amarelo 3 (DOTTO e PINTO, 2011a).
Contudo, quando a quitosana é utilizada na forma de pó são necessárias
operações como centrifugação ou filtração para a separação das fases após a
adsorção, e o processo de dessorção e reaproveitamento torna-se mais difícil (DOTTO
et al., 2013). Assim surge a necessidade do desenvolvimento de materiais à base de
quitosana que mantenham suas características adsortivas, mas facilite a separação
das fases após a adsorção bem com possibilitem a regeneração do biopolímero
adsorvente para que o mesmo possa ser reutilizado. Neste contexto, a utilização de
filmes à base de quitosana torna-se uma forma interessante de remoção de
contaminantes de soluções aquosas. As principais vantagens de sua utilização são os
bons valores de tensão de ruptura, alongamento e inchamento (TAO et al.,
2009;BATISTA et al., 2011; MOURA et al, 2011; VIEIRA et al., 2011), aplicabilidade
em uma larga faixa de pH (FAJARDO et al.,2012) e regeneração. Dotto et al (2013)
relataram o uso de filmes de quitosana para a adsorção de corantes alimentícios de
soluções aquosas. Este contexto mostra a importância de se verificar o potencial de
utilização de filmes de quitosana na remoção de íons metálicos e corantes sintéticos,
bem como estabelecer condições de processo adequadas para este fim. Além disso,
torna-se necessário a realização de estudos a respeito de possíveis modificações nos
filmes de quitosana, que possibilitem um maior número de ciclos de uso (regeneração)
mantendo capacidade de adsorção similar ao dos filmes de quitosana puro.
3
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
O objetivo deste trabalho foi a utilização de filmes do biopolímero quitosana
para a remoção de íons de vanádio e dos corantes alimentícios amaranto e tartrazina,
de soluções aquosas, bem como modificar os filmes a fim de realizar um estudo
comparativo na adsorção do corante têxtil reativo preto 5 antes e após as
modificações.
2.2 Objetivos Específicos
Obter a quitosana a partir de resíduos de camarão e caracterizar;
Produzir e caracterizar filmes de quitosana com grau de desacetilação (GD) de
85%;
Otimizar o processo de adsorção de íons de vanádio por filmes de quitosana
(GD 85%) em relação ao pH e a dosagem de adsorvente através da
metodologia de superfícies de resposta;
Obter experimentalmente as isotermas, ajustar os modelos e determinar os
parâmetros termodinâmicos da adsorção de íons de vanádio e dos corantes
alimentícios amaranto e tartrazina por filmes de quitosana (GD 85%), em
diferentes temperaturas;
Obter experimentalmente as curvas cinéticas da adsorção de íons de vanádio e
dos corantes alimentícios por filme de quitosana (GD 85%) em diferentes taxas
de agitação, e verificar o ajuste dos modelos cinéticos;
Verificar as possíveis interações dos íons de vanádio e dos corantes
alimentícios amaranto e tartrazina com o filme de quitosana (GD 85%);
Produzir e caracterizar filmes de quitosana (GD 95%) modificados com íons de
vanádio;
Produzir e caracterizar filmes de quitosana (GD 85%) modificados com terra
ativada e avaliar a capacidade de adsorção dos mesmos;
Realizar um estudo comparativo dos filmes (GD 95%) modificados e puros na
adsorção do corante têxtil reativo preto 5.
4
Verificar diferentes eluentes para o processo de dessorção do corante têxtil
reativo preto 5;
Avaliar a capacidade e os ciclos de reuso de ambos os filmes (GD 95%
modificados e não modificados) na adsorção do corante têxtil reativo preto 5.
5
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Esta revisão bibliográfica aborda os seguintes temas: (i) generalidades sobre a
operação unitária de adsorção apresentando alguns conceitos e métodos de
quantificação; (ii) apresentação do biopolímero quitosana; (iii) apresentação dos
contaminantes vanádio, corante amaranto, corante tartrazina e corante reativo preto 5
utilizados neste trabalho.
3.1 Adsorção
Adsorção é o fenômeno no qual ocorre a adesão espontânea de moléculas
presentes em um fluido (adsorbato) a uma superfície sólida (o adsorvente). O grau de
adsorção depende das condições termodinâmicas, da superfície do adsorvente e das
interações entre adsorvente e adsorbato (MYERS, 2004). Isso se dá devido à
existência de forças não balanceadas na superfície do sólido, que causam a atração
das moléculas presentes no fluido em contato com o adsorvente sólido por um tempo
determinado (RUTHVEN, 1984).
Os fenômenos adsortivos classificam-se quanto às forças responsáveis, em
dois tipos: adsorção química e adsorção física. A adsorção química, ou quimissorção,
é assim denominada porque neste processo ocorre efetiva troca de elétrons entre o
sólido e a molécula adsorvida, ocasionando as seguintes características: formação de
uma única camada sobre a superfície sólida, irreversibilidade e liberação de uma
quantidade de energia considerável (da ordem de uma reação química). A adsorção
física é um fenômeno reversível, onde se observa normalmente a deposição de mais
de uma camada de adsorbato sobre a superfície adsorvente. As forças atuantes na
adsorção física são idênticas às forças de coesão que operam em estados líquido,
sólido e gasoso. As energias liberadas são relativamente baixas e atingem
rapidamente o equilíbrio (RUTHVEN, 1984; SUZUKI, 1990).
Em relação à remoção de íons metálicos e corantes sintéticos de meios
líquidos, a adsorção aparece como um método alternativo, devido a sua facilidade de
operação e eficiência em relação aos métodos convencionais, que são de alto custo
ou tecnicamente complicados (WAN NGAH et al., 2011). Além disso, é um método
versátil que possui ampla faixa de aplicação e uma boa relação custo/benefício,
principalmente quando são utilizados adsorventes provenientes de resíduos
industriais. Usualmente, os processos de adsorção em sistemas descontínuos são
estudados no que diz respeito a suas condições de equilíbrio, cinética, termodinâmica
6
e mecanismos envolvidos, além da verificação dos fatores que afetam o processo
(CRINI e BADOT, 2008).
Para uma melhor compreensão de um processo que utilize a operação de
adsorção, devem ser elaborados estudos com objetivo de elucidar os fatores
relevantes no sistema, tais como parâmetros de capacidade de adsorção e parâmetros
físico-químicos. Neste contexto, autores vêm desenvolvendo trabalhos para a
adsorção íons metálicos e corantes sintéticos através de planejamentos experimentais
fatoriais (AYDIN e AKSOY, 2009; DOTTO e PINTO, 2011b), modelos de isotermas e
cinéticos (FUTALAN et al.,2010, DOTTO e PINTO, 2011a) e modelos termodinâmicos
(KANNAMBA et al., 2010), buscando explicações mais detalhadas sobre os processos
adsortivos e de que forma eles podem ser aplicados. A distribuição do adsorbato entre
as fases do sólido e do líquido é obtida pela variação da concentração inicial do
adsorbato, Co, mantendo-se o volume de solução, V, e massa de adsorvente, m
constantes. A concentração residual do adsorbato em solução é usada para calcular a
capacidade de adsorção pelo balanço de massa (GUIBAL, 2004) utilizando-se a
Equação 1.
Vm
CCq f0
(1)
sendo, C0 e Cf as concentrações inicial e final do adsorbato, respectivamente, V o
volume de solução e m a massa de adsorvente.
O percentual de remoção (R) pode ser determinado pela Equação 2
100C
)C-(C=R
0
f0× (2)
3.1.1 Isotermas de adsorção
O estudo do equilíbrio em processos de adsorção fornece informações
importantes para avaliar a afinidade ou capacidade de adsorção de um adsorvente
pelo adsorbato, sendo este um dos critérios mais importantes na seleção de um
adsorvente satisfatório. Nos processos de adsorção, o equilíbrio é estabelecido
quando as concentrações do adsorbato na fase líquida e na fase sólida não se alteram
com o passar do tempo. Esse comportamento pode ser estudado através de modelos
matemáticos denominados de isotermas de adsorção (RUTHVEN, 1984).
7
As isotermas de adsorção são curvas que relacionam a capacidade de
adsorção, q (massa adsorvida/massa adsorvente) versus a concentração residual do
adsorbato em solução no equilíbrio Ce, sob determinadas condições experimentais.
A capacidade de adsorção no equilíbrio (qe) pode ser determinada pela Equação3:
m
)CV(Cq e0
e
(3)
sendo, C0 a concentração inicial de soluto na fase líquida (mg L-1), Ce a concentração
de soluto no equilíbrio (mg L-1), V o volume de solução (L) e m a massa de adsorvente
(g). Ruthven (1984) apresentam cinco tipos característicos de isotermas de adsorção,
como mostrado na Figura 1.
Figura 1: Isotermas características de adsorção.
Fonte: Ruthven (1984)
8
As isotermas do tipo I apresentam um platô convexo, o qual está associado à
formação de uma camada monomolecular a adsorventes não porosos ou
microporosos, nos quais os tamanhos dos poros não são muito maiores que o
diâmetro molecular do adsorbato. Os tipos II e III descrevem a adsorção em
multicamadas geralmente em adsorventes com poros de tamanhos heterogêneos.
Isotermas do tipo IV são relativas à adsorção em duas camadas ou que ocorram nas
paredes de poros muito mais largas do que o diâmetro molecular do adsorbato. As
curvas do tipo V descrevem comportamento similar ao tipo IV, considerando
interações fortes e/ou fracas entre o adsorvente e o adsorbato (RUTHVEN, 1984;
BLÁZQUEZ et al., 2010).
Existem vários modelos disponíveis de isotermas para analisar os dados
experimentais e para descrever o equilíbrio de adsorção, onde as mais utilizadas são
as isotermas de Henry, Langmuir, Freundlich, BET, Toth, Temkin, Redlich-Peterson,
Sips, Frumkin, Harkins-Jura, Halsey, Henderson e Dubinin-Radushkevich (CRINI e
BADOT, 2008). A seguir são apresentadas as isotermas mais usuais na remoção de
íons metálicos e corantes sintéticos por quitosana em meio aquoso.
3.1.1.1 Isoterma de Henry
A isoterma de Henry é utilizada quando a superfície do adsorvente pode ser
considerada uniforme e a solução diluída, para que as moléculas encontrem-se quase
sem efeito de interação com as moléculas vizinhas. A relação entre a quantidade de
adsorbato na fase fluida e a quantidade de adsorbato na fase sólida é linear, com uma
constante de proporcionalidade chamada de constante de equilíbrio de Henry (KH) e
pode ser representada pela Equação 4 (RUTHVEN, 1984):
eHe CKq
(4)
sendo, qe a capacidade de adsorção no equilíbrio (mg g-1), e Ce a concentração da
fase líquida no equilíbrio (mg L-1).
3.1.1.2 Isoterma de Langmuir
O modelo de isoterma de Langmuir foi proposto em 1918 para a adsorção de
gases em superfícies metálicas. Este modelo assume que um adsorvente possui sítios
específicos, homogêneos e energeticamente idênticos de adsorção, e prevê o
9
recobrimento da monocamada na superfície externa do adsorvente. Dessa forma,
quando uma molécula atinge determinado sítio nenhuma adsorção adicional pode
ocorrer naquele local. Tendo o adsorvente uma capacidade finita de adsorver
determinada substância, a saturação da monocamada (com Ce→∞) pode ser
representada pela Equação 5 (RUTHVEN, 1984; ZHANG et al., 2010):
eL
eLm
eCk1
Ckqq
(5)
sendo, qm a máxima capacidade de adsorção na monocamada (mg g-1), kL a
constante de Langmuir (L mg-1), e qe e Ce a capacidade de adsorção (mg g-1) e a
concentração de equilíbrio (mg L-1), respectivamente.
Outra característica essencial do modelo de isoterma de Langmuir pode ser
expressa pelo fator de separação ou fator de equilíbrio (RL) de acordo com Equação 6.
(
(6)
Valores de RL>1 indicam que o processo é desfavorável, RL=1 indicam uma
isoterma linear, 0<RL<1 indicam que o processo é favorável e RL=0 indica que o
processo é irreversível (ANADURAI et al., 2008).
3.1.1.3 Isoterma de Freundlich
A isoterma de Freundlich é uma equação empírica utilizada para sistemas
heterogêneos, onde a heterogeneidade é caracterizada pelo fator 1/n (Equação 7)
(RUTHVEN, 1984; ZHANG et al., 2010):
1/n
eFe Ckq (7)
sendo, kF a constante de Freundlich ((mg g-1)(L mg-1)1/n) e 1/n o fator de
heterogeneidade.
3.1.1.4 Isoterma de BET
eL
LCk1
1R
10
A isoterma de B.E.T. (Brunauer, Emmett e Teller) assume que as forças
envolvidas em processos de adsorção são físicas. O modelo de BET é uma extensão
da teoria de Langmuir para sistemas de adsorção em multicamadas (RUTHVEN, 1984;
EBADI et al., 2009; PICCIN et al., 2012),e pode ser representado pela Equação (8).
e1e2e2
e1BETe
CKCK1CK1
CKqq
(8)
sendo, qBET a capacidade de adsorção da monocamada (mg g-1), K1 e K2 são as
constantes de BET (L mg-1).
3.1.2 Termodinâmica de adsorção
A termodinâmica de adsorção é determinada usando os coeficientes de
equilíbrio termodinâmicos, obtidos em diferentes temperaturas e concentrações, com o
objetivo de verificar a intensidade energética do processo de adsorção (RUTHVEN,
1984; DOTTO et al., 2012). As características de adsorção de um material podem ser
expressas em parâmetros termodinâmicos como a variação da energia livre de Gibbs
(ΔG°), variação de entalpia de adsorção (ΔH°) e variação da entropia de adsorção
(ΔS°). Estes valores indicam se o processo é espontâneo e, endotérmico ou
exotérmico e oferecem informações sobre o ordenamento do sistema (ELWAKEEL,
2009). De acordo com a termodinâmica, ΔG0 pode ser calculado pela Equação 9:
)Dw
0 Kln(ρ RT -=ΔG
(9)
sendo, ρw a massa específica da água (g L-1), T a temperatura (K) e R a constante
universal dos gases (8,314 J mol-1 K-1) e KD a constante de equilíbrio termodinâmico.
Geralmente seu valor é obtido a partir dos parâmetros da isoterma de melhor ajuste
(MILONJIC, 2007; CARDOSO et al., 2011; DOTTO et al., 2012) ou através de
métodos gráficos (PICCIN et al., 2011).
De acordo com a termodinâmica, a variação da energia livre de Gibbs
corresponde a diferença entre a entalpia de adsorção (ΔH°) e o produto da variação de
entropia de adsorção (ΔS°) pela temperatura do processo. Desta maneira, aplicando
este conceito à Equação 9, os parâmetros termodinâmicos ΔH° e ΔS° podem ser
determinados através do gráfico de Van’t Hoff’s, ajustando os dados à Equação 10 e
11
obtendo-se um coeficiente angular ΔH/RT e uma intercepção ΔS/R (ELWAKEEL,
2009):
(10)
sendo, R a constante universal dos gases (8,31x10-3 kJ mol-1K-1) e T a temperatura
(K).
3.1.3 Cinética de adsorção
O estudo cinético é de fundamental importância em um processo de adsorção.
A cinética controla a eficiência do processo, fornece informações sobre a velocidade
em que as reações acontecem, e sobre os fatores que influenciam a taxa de adsorção
(CRINI e BADOT, 2008). A capacidade de adsorção (qt) pode ser determinada pela
Equação11:
m
)CV(Cq t0
t
(11)
sendo, Ct a concentração de soluto em solução em função do tempo (mg L-1).
Em relação à adsorção de íons metálicos e corantes sintéticos por quitosana,
os modelos cinéticos mais utilizados são os chamados modelos de adsorção-reação.
Neste grupo de modelos estão os modelos de pseudo-primeira ordem, pseudo-
segunda ordem e o modelo de Elovich (QIU et al., 2009).
3.1.3.1 Modelo de pseudo-primeira ordem
Foi proposto por Lagergrem em 1898, baseado na lei de resfriamento de
Newton. Este modelo assume que a adsorção ocorre como consequência de um
gradiente de concentração entre a superfície do adsorvente e a solução, e pode ser
expresso de acordo com a Equação 12 (RUTHVEN, 1984):
(12)
)q(qkdt
dqte1
t
R
ΔS
RT
ΔH ln k D
12
sendo, qt e qe as capacidades de adsorção no instante “t” e no equilíbrio
respectivamente (mg g-1), e k1 a constante cinética de pseudo-primeira ordem (min-1).
Resolvendo a Equação 9 por variáveis separáveis, considerando qt=0 em t=0 e
qt= qt em t=t, e rearranjando, a cinética de pseudo-primeira ordem pode ser
representada pela Equação 13 (SKODRAS et al., 2008):
t))exp(-k(1qq 11t
(13)
sendo q1 o valor da capacidade de adsorção (mg g-1) obtido através do modelo de
pseudo-primeira ordem.
3.1.3.2 Modelo de pseudo-segunda ordem
O modelo cinético de pseudo-segunda ordem acopla na mesma equação os
efeitos interno e externo de transferência de massa, e geralmente é adequado em
processos de quimissorção (SKODRAS et al., 2008). Este modelo pode ser expresso
de acordo com a Equação 14 (RUTHVEN, 1984):
(14)
sendo, k2 a constante cinética de pseudo-segunda ordem (g mg-1min-1).
Resolvendo a Equação 14 por variáveis separáveis, considerando qt=0 em t=0
e qt= qt em t=t, e rearranjando, a cinética de pseudo-segunda ordem pode ser
representada pela Equação 15 (SKODRAS et al., 2008):
(15)
sendo, q2 o valor da capacidade de adsorção (mg g-1) obtido através do modelo de
pseudo-segunda ordem.
3.1.3.3 Modelo de Elovich
Quando os processos de adsorção envolvem quimissorção em superfície
sólida, e a velocidade de adsorção decresce com o tempo devido à cobertura da
2
te2
t )q(qkdt
dq
)(t/q)q(1/k
tq
2
2
22
t
13
camada superficial, o modelo de Elovich é um dos mais usados, e é representado na
Equação 16 (RUTHVEN, 1984; WU et al., 2009):
(16)
sendo, (a) a velocidade inicial devido (dq/dt) = a, quando qt=0 (mg g-1min-1), e b a
constante de dessorção do modelo de Elovich (g mg-1) que indica a extensão da
cobertura da superfície (WU et al., 2009).
3.1.4 Modelo de Weber-Morris
A elucidação dos mecanismos que ocorrem no fenômeno de adsorção é de
fundamental relevância, para verificar de que maneira ocorrem as interações entre o
adsorvente e o adsorbato (CRINI e BADOT, 2008). De uma maneira geral os
mecanismos envolvidos na adsorção de um determinado adsorbato por um adsorvente
são: transferência de massa externa, difusão intrapartícula e reação química
(RUTHVEN, 1984).
Para identificar estes mecanismos de transferência de massa, geralmente é
utilizada a teoria de Weber e Morris, (1963). Segundo estes autores, construindo um
gráfico da capacidade de adsorção em função da raiz quadrada do tempo é possível a
identificação de diferentes porções lineares, sendo que cada uma delas representa um
mecanismo distinto de transferência de massa.
A primeira porção linear pode ser atribuída ao mecanismo de transferência de
massa externo, e a segunda é relativa à difusão intrapartícula. O modelo de Weber e
Morris está apresentado na Equação 17:
iC+tk=q 1/2
dit (17)
3.2 Quitosana
3.2.1 Aspectos químicos da quitosana
A quitosana, (-(1-4)-D-glicosamina) é um polímero formado a partir da
desacetilação parcial da quitina, -(1-4)-N-acetil-D-glicosamina, que é o segundo
biopolímero mais abundante no planeta, perdendo apenas para a celulose. Ela possui
abt)ln(1a
1q t
14
alta massa molar e, é uma poliamina na qual os grupos amino estão disponíveis para
reações químicas e formação de sais com ácidos. Os grupos hidroxila C-6 (primário) e
C-3 (secundário) também podem ser utilizados na preparação de derivados. A única
diferença presente entre a quitosana e a quitina é a substituição do grupo acetamino
na posição 2 (RINAUDO et al., 2006). A Figura 2((a), (b)) apresenta as estruturas da
quitina e da quitosana.
Uma das principais características da quitosana é o seu grau de desacetilação.
Na quitina esse valor está abaixo de 50% (dependendo da origem do polímero),
enquanto a quitosana possui valores que podem ir de no mínimo 70% e podendo
chegar a 95%. A quitosana é solúvel em meio aquoso ácido devido à protonação do –
NH2 funcional no C-2 das repetidas unidades de D-glucosamina. Ela é o único
biopolímero pseudonatural catiônico e por isso possui diversas aplicações devido a
este caráter. Sendo solúvel em soluções aquosas, é largamente usado em diferentes
formas tais como géis, filmes, fibras entre outros (RINAUDO, 2006; PILLAL et al.,
2009).
Figura 2: Estruturas: (a) quitina; (b) quitosana.
(a)
(b)
Fonte: Guibal(2004).
15
Do ponto de vista reacional, a quitosana torna-se mais atrativa em relação à
quitina devido à existência dos grupamentos amina livres, que propiciam modificação
química na estrutura polimérica original. Além disso, pode-se afirmar que este
grupamento é o responsável pela maioria das propriedades e aplicações da quitosana
(RINAUDO, 2006).
3.2.2 Fontes de obtenção da quitosana
A quitosana disponível para o processo industrial é geralmente obtida a partir
da desacetilação da quitina (JAYAKUMAR et al., 2010). Atualmente, os crustáceos são
os maiores produtores de quitina. A síntese anual deste polissacarídeo, em água doce
e ecossistemas marinhos são estimados em aproximadamente 0,6 a 1600 bilhões de
toneladas, respectivamente. As melhores fontes de quitina são oriundas do camarão,
caranguejo, lagosta, krill (29,9 milhões de toneladas/ano), ostras (1,4 milhões
toneladas/ano) e lula (0,7 milhões toneladas/ano). Entretanto, cálculos recentemente
publicados dos recursos de quitina são baseados em aproximações e dados não
completos que necessitam de futuras verificações (PILLAI et al., 2009).
O conteúdo de quitina em crustáceos varia normalmente de 2% a 12% (base
úmida) da massa de corpo inteiro. Os conteúdos de quitina, proteína, minerais e
carotenóides variam amplamente dependendo das condições de descasque durante o
processamento, como também da espécie, a parte do organismo, estado de nutrição e
fase do ciclo reprodutivo. Quanto maior a idade, mais calcificado o exoesqueleto se
torna, e menor é o conteúdo de quitina. A fração mineral do exoesqueleto é constituída
principalmente de fosfato e carbonato de cálcio. O conteúdo de Na, K, Mg e Sr não
ultrapassa 1% e Mn, Fe, Cu, Zn e Ba estão presentes em traços (RINAUDO, 2006).
3.2.3 Processo de produção da quitosana
Normalmente a extração da quitina consiste na desmineralização,
desproteinização, e remoção de pigmentos (etapa também de desodorização)
(RINAUDO, 2006; PRASHANTH e THARANATHAN, 2007; WESKA et al., 2007;
MOURA et al., 2011), como apresentado na Figura 3.
16
Figura 3: Fluxograma representativo de extração da quitina
Fonte: Moura (2008).
A quitina pode ser convertida em quitosana por meios enzimáticos ou por
desacetilação alcalina, sendo este último método o mais utilizado (Figura 4). Durante o
curso da desacetilação, parte das ligações N-acetil do polímero são rompidas com a
formação de unidades de D-glucosamina que contém um grupo amina livre,
aumentando a solubilidade o polímero em meios aquosos (PRASHANTH e
THARANATHAN, 2007).
Após a desacetilação, o polímero já é considerado quitosana, e geralmente
passa por um processo de purificação para diminuir o conteúdo de cinzas e
consequentemente concentrar a quitosana (Figura 5) (WESKA et al., 2007).
A última etapa da obtenção é a secagem. Esta operação é muito importante,
pois deve garantir a umidade comercial do produto (abaixo de 10%, base úmida) sem
causar alterações no material. Atualmente a quitosana é seca em bandeja (BATISTA
et al., 2007) e secadores spray (SRINIVASA et al., 2004). Recentemente foi
demonstrado que o secador de leito de jorro é uma alternativa para a secagem de
quitosana, produzindo um pó fino uniforme e de alta qualidade (DOTTO et al., 2011).
17
Figura 4: Reação de produção de quitosana a partir da quitina.
Figura 5: Reação de purificação da quitosana.
O
O
H
HO
OH
O
NH2
+ HAcH2O
O
O
H
HO
OH
O
N H
H
H
Ac-
+ NaOH
O
O
H
HO
OH
O
NH2
+ NaAc + H2O
18
Figura 6: Fluxograma representativo de obtenção da quitosana
Fonte: Moura (2008).
3.2.4 Propriedades e aplicações da quitosana
A quitosana e seus derivados possuem ilimitadas áreas de aplicações, como
por exemplo, na agricultura, medicina, biotecnologia, engenharia, odontologia, bebidas
e alimentos, farmacêuticos entre outros. Suas aplicações estão relacionadas com
propriedades como grau de desacetilação, massa molar, viscosidade,
biodegradabilidade, bioatividade e outras (RINAUDO, 2006; PRASHANTH e
THARANATHAN, 2007; PILLAI et al., 2009). As propriedades da quitosana que a torna
um eficiente material adsorvente, tanto para íons metálicos quanto para moléculas
orgânicas como corantes sintéticos, são suas propriedades intrínsecas
(biodegradabilidade, capacidade de formação de filmes, bioadesividade,
polifuncionalidade, hidrofilicidade) e, principalmente, seu caráter policatiônico em meio
ácido e sua capacidade de formar complexos, ligações de hidrogênio e interações de
Van der Walls com as moléculas dos adsorbatos (GUIBAL, 2004).
19
O caráter policatiônico da quitosana em meio ácido é consequência da sua
característica de base fraca, desta forma, seus amino grupos são facilmente
protonados. Além disso, os grupamentos hidroxila dos carbonos 3 e 6 também podem
ser protonados (CRINI e BADOT, 2008). A protonação destes grupamentos faz com
que ocorra sua interação eletrostática com os íons carregados negativamente (ânions)
(GUIBAL et al., 2004). Por outro lado, em meio alcalino, geralmente prevalecem
interações intermoleculares de ligações de hidrogênio, quelações e forças de Van der
Walls devido à redução do número de grupamentos amina protonados
(SAKKAYAWONG et al., 2007).
3.2.5 Adsorção de contaminantes por quitosana
Diversos tipos de contaminantes podem ser adsorvidos por quitosana, tais
como metais (Au, Pt , Ag, Cu, Ni,Cd) e corantes (amarelo tartrazina, vermelho 40,
amarelo crepúsculo e vermelho congo). Os adsorbatos catiônicos podem ser
adsorvidos por quelação, pelos grupamentos amina e hidroxilas em soluções neutras
ou básicas. No caso dos ânions, a adsorção ocorre devido a forças eletrostáticas
geradas pelos grupamentos amina e hidroxilas protonados em solução ácida (GUIBAL
et al., 2004; CRINI e BADOT, 2008). Muitos estudos mostram a versatilidade do
biopolímeros quitosana na operação de adsorção. Essa versatilidade permite que este
polímero seja utilizado de diferentes formas (solúvel em água, forma sólida, forma de
gel, fibras, etc.) (MUZZARELLI, 2012). Estas interações dos compostos iônicos com
quitosana podem ser usadas para a descontaminação de efluentes, na recuperação
de metais preciosos, e também no desenvolvimento de novos materiais a serem
aplicados na área da medicina, agricultura e eletrônica (GUIBAL, 2004; WAN NGAH et
al., 2011).
Efluentes líquidos contendo contaminantes em baixas concentrações (menores
que 1 g L-1) são difíceis de serem tratados, e para estes casos a adsorção passa a ser
uma técnica promissora. O adsorvente mais utilizado atualmente para este fim é o
carvão ativado que possui um alto custo de operação (EL-SHAFEY et al., 2002).
Assim, tem ocorrido uma busca por novas técnicas para o tratamento adequado de
soluções diluídas focadas na pesquisa e desenvolvimento de novos adsorventes, de
menor custo e abundantes na natureza (LOW et al., 2000). A quitosana possui um
grande potencial no processo de adsorção (WAN NGAH et al., 2011, CRINI e BADOT,
2008).
As características que mais afetam as propriedades de adsorção da quitosana
são o grau de desacetilação, a cristalinidade, e em menor extensão a massa molar. O
20
grau de desacetilação controla a fração de grupamentos amina que estarão
disponíveis para interagir com os adsorbatos. Os grupamentos amina na quitosana
são muito mais reativos que os grupamentos acetil na quitina. Os pares de elétrons
livres do nitrogênio existente nos grupamentos amina e hidroxila são os responsáveis
pela adsorção dos cátions (GUIBAL 2004). A protonação destes grupamentos em
solução ácida são responsáveis pela atração eletrostática das moléculas aniônicas.
(DOTTO e PINTO, 2011; CADAVAL JR. et al., 2013).
3.3 Filmes de quitosana
3.3.1 Obtenção de filme de quitosana pela técnica casting
A técnica casting é forma mais utilizada na produção de filmes biodegradáveis,
que consiste de uma solução disposta sobre um suporte de área conhecida e deixada
em repouso até que haja evaporação do solvente, ocorrendo à formação do filme.
Primeiramente, há a solubilização da macromolécula em um solvente (água, etanol,
solução de ácido acético, entre outros), ao qual podem ser incorporados diversos
aditivos (plastificantes, agentes reticulantes, etc). Logo a solução formadora de filme é
vertida em um suporte e levada a estufa para evaporação do solvente (DENAVI et al.,
2009).
Para aplicação em processos de adsorção, é necessário que os filmes
produzidos apresentem principalmente boas propriedades mecânicas, para evitar que
estes se deteriorem durante sua aplicação (DOTTO e PINTO, 2011).
3.3.2 Caracterização dos filmes de quitosana
Os métodos utilizados para avaliação das propriedades dos filmes
biopoliméricos são adaptados dos métodos tradicionais aplicados aos materiais
sintéticos. As propriedades dos filmes estão relacionadas com as interações entre as
moléculas dos componentes que formam a matriz polimérica. O uso de filmes para
uma determinada aplicação vai depender de propriedades mecânicas, permeabilidade
ao vapor de água, propriedades térmicas, ópticas e de superfície (SARANTÓPOULOS
et al., 2002).
3.3.2.1 Espessura
21
A fim de conferir uniformidade ao filme, o controle da espessura é de
fundamental importância. Esse controle garante adequada repetitividade das medidas
das propriedades dos filmes, como mecânicas, barreira a gases e ao vapor de água
(SOBRAL et al., 2005).
3.3.2.2 Cor
A cor de um filme pode ser avaliada tanto por transmitância como por
absorbância, dependendo do tipo de material e entre os vários tipos de equipamentos.
A cor é mensurada a partir de um diagrama tridimensional de cores (L*-a*-b*) (Figura
7), sendo que L* indica luminosidade, a* cromaticidade tendendo do verde (-) até
vermelho (+) e b* a cromaticidade que varia do azul (-) até amarelo (+).
Figura 7: Diagrama tridimensional de cores.
Fonte: Silva et al. (2007)
Quando a luz incidente atravessa o material com um mínimo de absorção ou
reflexão o material é denominado de transparente. Um material é dito opaco quando
absorve e/ou reflete toda luz que incide sobre ele, sem que ocorra transmissão de luz
(VICENTINI et al, 2000). Entre os vários tipos de equipamento para avaliar a
transparência pode ser utilizado um espectrofotômetro (BOURTOOM e CHINNAN,
2008).
3.3.2.3 Propriedades mecânicas
As propriedades mecânicas dos filmes de quitosana podem ser caracterizadas
pelo seu comportamento de resposta a aplicação de uma carga. As propriedades
mecânicas de embalagens são uma das mais estudadas, pois estão relacionadas
diretamente com a sua aplicação. Essas propriedades determinam a resposta às
influências mecânicas externas, estando associadas à capacidade de desenvolver
22
deformações reversíveis e irreversíveis e de apresentar resistência à fratura
(GONTARD et al, 1994)
As principais propriedades mecânicas dos filmes biopoliméricos são a
resistência à tração e o alongamento na ruptura. A resistência à tração é a resistência
oferecida pelo material no ponto da ruptura. O alongamento é a relação percentual
entre o alongamento do corpo de prova no teste e seu comprimento inicial (VAN DE
VELDE e KIEKENS 2002).
Os ensaios podem ser feitos em um texturômetro e envolve a separação, a
uma velocidade constante, das garras que prendem as extremidades do corpo-de-
prova para se obter a tensão máxima suportada para uma dada deformação, e ainda,
a força aplicada requerida para que o corpo-de-prova se deforme até a ruptura
(SARANTÓPOULOS et al., 2002)..
3.4 Vanádio
3.4.1 Descobrimento do vanádio
O primeiro relato do descobrimento do vanádio ocorreu em 1801 no México,
onde Manuel Del Rio declarou ter descoberto um novo metal. Quatro anos depois, na
França, Hippolyte Victor Collet-Descotils convenceu Del Rio que o metal que ele havia
descoberto era na verdade um cromato básico de chumbo. Em 1830, na Suécia, Nils
Gabriel Sefström descreveu um novo metal que havia isolado de um minério advindo
de minas próximas à Taberg, e batizou-ode vanádio em honra a deusa nórdica da
beleza: Vanadis. Em 1831,Friedrich Woehler concluiu que este metal se tratava do
mesmo elemento descoberto, em 1801 no México. Em 1867, o vanádio foi obtido de
uma forma pura por Henry Enfield Roscoe, mediante a redução do tricloreto de
vanádio (VCl3) (RIBEIRO, 2005).
3.4.2 Oferta mundial de vanádio
O vanádio é o19º elemento mais abundante em massa na crosta terrestre e, é
o quinto elemento de transição mais abundante. Contudo, encontra-se concentrado
em poucos depósitos. Possui uma concentração média de 150 g ton-1, similar à
concentração do zinco e mais abundante que o cobre ou níquel (LEE, 2006).
23
O vanádio pode estar presente em cerca de sessenta tipos de minerais. Dentre
eles podem ser citados a carnotita, roscoelita, calsonita, e patronita. Dos recursos
mundiais de vanádio recuperáveis, 46% estão associados a depósitos de
diferenciação magmática máfica/ultramáfica, existentes no Complexo de Bushveld, na
África do Sul, que contempla as maiores reservas mundiais de ferro vanádio, e 39%
estão contidos em fosforitos e folhelhos fosfáticos, sendo a maior parte localizada nos
Estados Unidos, em ambiente marinho. Aproximadamente 9% são relacionados ao
petróleo cru, à areias com alcatrão, notadamente na região do Caribe. Outras
quantidades significativas são obtidas como coproduto de depósitos de arenitos
uraníferos, principalmente nos EUA, e de calcários e dolomitos associados a urânio,
presentes na Austrália, ambos relacionados a gênese continental (DNPM, 2012).
A produção mundial de minério/concentrado de vanádio atingiu, em 2012, um
total de 62,4 mil t. As reservas brasileiras de minério contendo vanádio somaram 166
mil toneladas de metal contido, sendo que o estado da Bahia contempla as principais
reservas, as quais apresentam natureza primária magmática, titanífera (DNPM, 2012).
A partir de 1980, os resíduos de processamento de óleo mineral adquiriram
importância por se tratar de uma nova fonte secundária de vanádio. Muitos tipos de
petróleo bruto podem conter de 10 ppm (Oriente Médio) a 1400 ppm (Venezuela)
(RIBEIRO, 2005). Os processos para produzir o metal puro incluem a redução do
cálcio, a decomposição térmica, extração por solvente e o refino eletrolítico (YE,
2005).
3.4.3 Propriedades químicas do vanádio
O vanádio é um metal de transição do bloco “d” que possui configuração
eletrônica [Ar] 3d3 4s2 e seu estado de oxidação pode variar de -1 até +5, sendo o
último o estado mais estável. Algumas destas formas podem ser observadas na Figura
8 a qual apresenta a especiação dos íons de vanádio em solução aquosa em função
do pH e da concentração de vanádio total em g L-1 (FAN et al., 2013).
O elemento vanádio apresenta dois isótopos, 50V (0,24%) e 51V (99,76%), e é
um metal de cor prateada com elevado ponto de fusão. Em estado puro é
moderadamente mole e dúctil, mas quantidades traço de impurezas o torna duro e
quebradiços. É extremamente resistente à corrosão devido à formação de uma
película superficial de óxido. À temperatura ambiente, ele não reage com o ar, água ou
ácidos, exceto o HF, com o qual forma complexos (LEE, 2006). No seu estado de
oxidação +5, forma uma série de oxocomplexos, sendo o mais simples o
24
[V(O)2(OH2)4]+, formado em meio ácido quando o óxido de vanádio V2O5 dissolve-se
em água apresentando uma geometria octaédrica conforme Figura 9.
Figura 8: Especiação de vanádio em função do pH e da concentração.
Fonte: Fan et al. (2013)
Figura 9: Estrutura octaédrica do complexo [V(O)2(OH2)4]+.
Fonte: Lee (2006)
25
3.4.4 Aplicações do vanádio
Aproximadamente 80% do vanádio produzido é empregado como ferro vanádio
ou como aditivo em aço, e disponibilizado para comercialização em diversas formas
tais como folhas metálicas, grânulos, pó,barras, varas e torneados conforme ilustrado
na Figura 10 (RIBEIRO, 2005). Quando adicionado ao aço em porcentagens que
variam de 0,1 a 5%, o vanádio tem dois efeitos: refina os grãos da matriz de aço e
combina-se com o carbono presente para formar carbetos. Desta forma, o aço
contendo vanádio é especialmente forte, duro e possui uma melhor resistência ao
choque e alta resistência à corrosão. Assim, aços contendo vanádio são também
muito utilizados na fabricação de ferramentas de melhor qualidade por serem mais
resistentes (YE, 2005).
Alguns compostos de vanádio são usados como importantes catalisadores, em
processos de contato para fabricação de ácido sulfúrico, como catalisador de oxidação
na síntese de anidridos maléico e ftálico, na produção de poliamidas como o nylon, e
na oxidação de substâncias orgânicas como o etanol a acetaldeído, açúcar a ácido
oxálico e antraceno a antraquinona (BHATNAGAR et al, 2008). Somente o papel do
vanádio como catalisador no processo de produção de ácido sulfúrico já demonstraria
a enorme importância dele para a economia e a indústria química, pois o ácido
sulfúrico é ainda uma das mais importantes substâncias químicas, sendo matéria
prima fundamental em uma série de processos da indústria mundial (Guzmán et al,
2002). Ligas de vanádio com metais não ferrosos, como o alumínio, o titânio e o cobre
também são amplamente utilizadas na indústria de energia atômica, construção de
aeronaves e tecnologia espacial (Ribeiro, 2005).
Figura 10: Aplicações do vanádio comercialmente.
Fonte: Ribeiro (2005).
26
3.4.5 Toxicidade do Vanádio
A Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC) classifica o pentóxido
de vanádio (V2O5) como material carcinógeno humano. O vanádio tem um papel
importante no metabolismo dos hormônios epinefrina, norepinefrina e dopamina
(CETESB, 2014). Por esta razão, os níveis de vanádio no organismo humano estão
diretamente correlacionados às condições irregulares das funções cerebrais, como por
exemplo, no caso de psicoses. O vanádio é neurotóxico e nefrotóxico, assim,níveis
elevados de vanádio no sistema circulatório podem acarretar desordem bipolar e
estados de depressão (GUMMOW, 2011).
Casos de intoxicação aguda e crônica foram descritos em trabalhadores da
produção e uso industrial de vanádio, geralmente devido à exposição ao pentóxido de
vanádio. Alterações de hemogramas, perda de peso, problemas cardiovasculares, dor
de cabeça, palpitações, sudorese e fraqueza generalizada são alguns dos sintomas de
intoxicação por vanádio. Além disso, danos renais podem ocorrer imediatamente após
o início da exposição e os efeitos são irreversíveis (ANVISA, 2014).
Devido aos danos comprovados em nível do material genético das células
somáticas em seres humanos, as mulheres grávidas não podem ser expostas ao
produto, pois existe o risco de uma ação mutagênica em seres humanos (ANVISA,
2014).
Os níveis naturais na água doce estão entre 0,2 e 100 μg L-1 e entre 0,2 e 29
μg L-1 na água salgada, dependendo da localização geográfica. Existe relato de teor
acima de 70 μg L-1 na água doce por lixiviação de lava vulcânica e depósito de urânio.
A concentração na água potável geralmente é menor que 10 μg L-1 (CETESB, 2014).
3.5 Corantes sintéticos
3.5.1 Disponibilidade e utilizações
Mais de 700 mil toneladas de dez mil tipos de corantes e pigmentos são
produzidos no mundo, sendo o Brasil responsável por 2,6% da demanda mundial. Os
corantes sintéticos são utilizados em diversos setores produtivos tais como as
indústrias de cosméticos, alimentícias, farmacêuticas, têxteis entre outras (CUNICO et
al., 2009).
3.5.2 Propriedades químicas dos corantes sintéticos
27
Quimicamente, os corantes sintéticos são constituídos por três componentes
principais: (i) os cromóforos, os quais são responsáveis por conferir a cor; (ii) os
auxocromos, responsáveis por intensificar a cor e pela interação com o produto a ser
colorido; e (iii) os solubilizantes, que auxiliam na solubilização do corante no solvente
(SALLEH et al., 2011). Devido a grande diversidade de estruturas dos corantes
sintéticos, sua classificação torna-se difícil. Geralmente, estes podem ser classificados
em relação a sua aplicação (ácidos, básicos, dispersos, diretos, reativos e solventes),
solubilidade (solúveis e insolúveis), classe química (trifenilmetanos, azóicos,
antraquinonas, nitro, xantenos e outras) e estrutura química (aniônicos,catiônicos e
não iônicos) (GUPTA e SUHAS, 2009).
Os principais grupamentos funcionais dos corantes sintéticos são os seguintes:
a) Grupos crômicos (responsáveis pela cor):
b) Grupos auxocromos (intensificam as cores e proporcionam qualidade
tintorial)
- Amino: -NH2
- Amino substituídos: -NHR ou -NR2
- Hidroxílicos: -OH
- Carboxilicos: -COOH
c) Grupos solubilizantes:
- Grupos sulfônicos (corantes ácidos)
- Aminas quaternárias (corantes catiônicos)
Aproximadamente 65% das formulações comerciais possuem a presença de
corantes azóicos, devido a fatores como sua diversidade e baixo custo.O grupamento
funcional azo, -N=N-, é considerado o grupamento cromóforo. A intensidade da sua
absorção e também as tonalidades da cor variam de acordo com os demais elétrons
28
que estão conjugados com este grupo (NIGAN et al, 1996). O sistema conjugado mais
importante, certamente é formado por dois núcleos aromáticos: Ar-N=N-Ar´. Estes
compostos apresentam coloração bastante intensa. Embora os corantes azo possuam
uma vasta aplicação, sua principal utilização se dá na coloração de produtos têxteis e
alimentícios (GUPTA e SUHAS, 2009).
3.5.3 Toxicidade dos corantes sintéticos
A maioria dos corantes comercialmente usados é resistente à biodegradação, à
fotodegradação e à ação de agentes oxidantes, sendo considerados uma das classes
de contaminantes mais perigosas e difíceis de tratar contida em seus efluentes (WAN
NGAH et al., 2011). Os efluentes contendo corantes são caracterizados por altos
índices de alcalinidade, demanda química de oxigênio (DQO), demanda bioquímica de
oxigênio (DBO), sólidos totais e possuem concentrações de corante menores que 1 g
L-1 (SRINIVASAN e VIRARAGHAVAN, 2010). A estrutura complexa e aromática faz
com que os corantes sejam moléculas recalcitrantes e muito estáveis, dificultando sua
degradação e remoção dos efluentes (GUPTA e SUHAS, 2009). Outros problemas
causados comumente pelos corantes são a redução significantemente da atividade
fotossintética pela redução da penetração da luz solar, sua toxicidade as formas da
vida aquáticas devido à presença de metais substituintes e cloreto, além de alguns
serem carcinogênicos e mutagênicos (LIN et al., 1995; SHIH et al.,1996)
O uso excessivo de corantes e o gerenciamento inadequado dos efluentes
contendo este tipo de poluente, fez com que diversos governos da Ásia e Europa
estabelecessem restrições para o descarte de corantes (MAHMOODI et al., 2010). No
Brasil, a Resolução 357/2005 do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente)
estabelece as condições e padrões para a qualidade da água e para o lançamento de
efluentes. Esta legislação não relata limites quantitativos para o despejo de corantes,
entretanto, versa que a quantidade de corante contida no efluente não pode alterar a
cor da água do corpo receptor (CONAMA, 2005). Devido à série de efeitos diretos e
indiretos ao ambiente causados pelo descarte de efluentes coloridos, os órgãos
ambientais forçaram as indústrias a possuírem um tratamento específico para este tipo
de poluente (MAHMOODI et al., 2010).
3.5.4 Corantes alimentícios
29
Adicionar corantes em alimentos para torná-los mais atrativos é uma prática
antiga. Muitas substâncias de origem animal, vegetal ou mineral utilizadas como
condimentos já tinham o objetivo de colorir os alimentos. Com a descoberta dos
corantes sintéticos nos séculos XVIII e XIX e a constatação da influência da cor na
aceitabilidade dos produtos, o interesse pelo uso de corantes aumentou enormemente,
inclusive na tentativa de mascarar alimentos de má qualidade (PRADO e GODOY,
2003). Desde então, nos Estados Unidos e Europa incontáveis corantes foram
desenvolvidos e lançados no mercado sem qualquer controle, monitoramento ou
análise de risco (SARATALE et al., 2011). Atualmente, o emprego de corantes é um
assunto polêmico na indústria de alimentos, já que seu uso em muitos alimentos
justifica-se apenas por questões de hábitos alimentares e, estes podem causar uma
série de complicações à saúde humana e ao meio ambiente (FDA, 2012).
Os corantes alimentícios são uma classe de aditivos com ou sem valor
nutritivo, definidos como substância que confere, intensifica ou restaurar a cor de
produtos cujo tom original foi afetado ou destruído durante o processamento industrial,
uniformiza a cor de produtos com matérias-primas de origens diversas e confere cor a
alimentos incolores com o objetivo de melhorar seu aspecto e sua aceitação junto ao
consumidor (PRADO e GODOY, 2003). Estes corantes são subdivididos em três
grupos: os corantes naturais à base de plantas ou animais, o corante caramelo obtido
a partir de açúcares pelo aquecimento em temperatura superior ao seu ponto de
fusão, e os corantes sintéticos que são obtidos por via petroquímica ou do alcatrão do
carvão mineral. Os corantes artificiais são, geralmente, mais propensos a efeitos
colaterais no organismo devido a sua origem sintética (PRADO e GODOY, 2003).
Segundo legislação brasileira atual, com base nas resoluções n° 382 a 388, de
09 de agosto de 1999, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, apenas onze
corantes artificiais são permitidos para alimentos e bebidas no Brasil, sendo eles:
amarelo crepúsculo, amarelo tartrazina, azul brilhante, azul de indigotina, azul patente
V, verde rápido, vermelho azorrubina, vermelho amaranto, vermelho de eritrosina,
vermelho 40 e vermelho ponceau 4R (ANVISA, 2014).
3.5.5 Corante amaranto
O corante amaranto é um corante azode cor vermelho escuro a púrpura usado
como corante alimentício e para colorir cosméticos. Seu nome foi tirado do grão de
amaranto, uma planta que distingue-se pela sua cor vermelha e sementes comestíveis
ricas em proteínas. Desde 1976 é proibido nos Estados Unidos pela Food and Drug
Administration (FDA), pois é tido como uma substância suspeita de ser carcinógeno.
30
Usualmente é comercializado como um sal trissódico. É comercializado na forma de
pó solúvel em água e termicamente se decompõe à aproximadamente 120 °C sem
fundir-se. Sua solução aquosa tem absorção máxima à aproximadamente 520 nm seu
índice de cor é 16185 e sua massa molar é de 604gmol-1 (RÊGO et al, 2013). Como
todos os corantes azóicos, o amaranto foi, durante a metade do século XX, obtido a
partir do alcatrão da hulha. Atualmente é sintetizado a partir de derivados do petróleo.
O uso de amarano como corante alimentício ainda é legal em alguns países como o
Brasil e o Reino Unido. A estrutura molecular do corante amaranto é apresentada na
Figura 11.
Figura 11: Estrutura molecular do corante amaranto.
Fonte: Rêgo et al. (2013)
3.5.6 Corante tartrazina
A tartrazina, é um pigmento sintético, que assim como o amaranto, pertence ao
grupo funcional dos azo-compostos. Possui cor amarelo-limão quando utilizado como
corante alimentar. É derivada do creosoto mineral, e possui elevada solubilidade em
água. Sua absorção máxima em solução aquosa ocorre em torno de 425 nm. Seu
índice de cor é 19140 e sua massa molar é de 534,4 g mol-1 (DOTTO et al. 2012). Seu
uso mais freqüente se dá em condimentos (bala, goma de mascar, gelatina), como
também em cosméticos e medicamentos.
Nos Estados Unidos e no Reino Unido, a tartrazina é muito utilizada em sua cor
amarela, mas também é usada em combinação com os corantes azul brilhante e verde
rápido para produzir vários tons de verde. O uso da tartrazina é banido na Noruega, e
31
já foi banido na Áustria e Alemanha, antes do Conselho Diretivo da Comunidade
Europeia 94/36/EC ter revogado o seu banimento. No Brasil, a tartrazina tem o seu
uso restrito e regulado pela ANVISA, que estabelece normas para sua aplicação em
medicamentos, os quais devem possuir mensagem alertando sobre possíveis reações
alérgicas em pessoas sensíveis à tartrazina, como a asma, bronquite e urticária.
Entretanto, os estudos sobre os efeitos alérgicos da tartrazina ainda não são
conclusivos, portanto optou-se por não individualizá-la dos demais ingredientes nos
rótulos de alimentos (como ocorre com o glúten e a fenilalanina), mas apenas registrá-
lo junto com os demais ingredientes.A estrutura molecular do corante tartrazina é
apresentada na Figura 12.
Figura 12: Estrutura molecular do corante tartrazina.
Fonte: Dotto et al. (2012)
3.5.7Corantes Têxteis
Até a metade do século XIX, todos os corantes têxteis eram provenientes de
fontes naturais tais como raízes, flores e frutos. Com surgimento de novas fibras
têxteis, tornou-se necessário o desenvolvimento de estruturas moleculares que
possibilitassem a coloração adequada dessas novas formas de tecidos (GUARATINI e
ZANONI, 2000). Atualmente, praticamente todos os corantes utilizados pela indústria
têxtil são sintéticos à base de combinações aromáticas, providas de vários grupos
funcionais (BHATNAGAR, 2005).
As indústrias têxteis consomem grandes volumes de água e substâncias
químicas para fixar os corantes às fibras (ROBINSON, 2001; ARMAGAN et al, 2004).
Estima-se que são consumidos de 30 a 60 dm3 de água por quilograma de tecido
tingido (SIVARAJ, 2001). O processo de tingimento é o responsável pelo
32
beneficiamento do tecido e pela aceitação comercial dos produtos têxteis. Além da
padronização e beleza da cor, o corante após ser fixado à fibra, deve ser resistente a
condições ambientais, que desencadeiam o desbotamento, como: sol, suor, água, luz,
agentes oxidantes, entre outros (GUARATINI, 2000; NIGAM, 2000). A tecnologia do
tingimento consiste de etapas escolhidas de acordo com a natureza da fibra têxtil,
características estruturais, classificação, disponibilidade do corante, propriedades de
fixação, entre outras. A forma de fixação da molécula do corante à fibra é geralmente
realizada em solução aquosa e pode envolver interações do tipo iônicas, ligações de
hidrogênio, van der Waals e covalentes (GUARATINI, 2000).
Devido à presença de moléculas do corante que não se fixam à fibra durante o
processo de tingimento, os efluentes têxteis são altamente coloridos. (KUNZ, 2002;
ALLEN, 2003). Por isso, recebem atenção especial, pois geram grande quantidade de
efluentes de difícil tratamento (KUNZ, 2002). Além de serem altamente coloridos, os
efluentes têxteis caracterizam-se por apresentarem grande quantidade de sólidos
suspensos, elevada demanda química de oxigênio, sais inorgânicos, surfactantes,
detergentes e em alguns casos metais pesados, como cobre, cromo e níquel (AL-
DEGS, 2000).
Ainda não existe um método geral para a descoloração de efluentes aquosos
da indústria têxtil. A maior parte das indústrias realiza processos de oxidação biológica
(lodo ativado) que não é efetivo na remoção da cor de muitos tipos de efluentes, mas é
usado principalmente para reduzir a matéria orgânica. Existem muitos métodos para
remoção de corantes que incluem coagulação, floculação, oxidação,fotodegradação,
membrana filtrante, degradação biológica aeróbia e anaeróbia, mas todos esses
métodos possuem limitações e nenhum deles é completamente satisfatório na
remoção da cor de efluentes têxteis. Outros processos de eliminação dos
contaminantes de efluentes contendo corantes, como a adsorção, encontram maior
aplicação industrial, pois associa baixo custo a elevadas taxas de remoção (AL-DEGS,
2000).
3.5.8 Corante reativo preto n° 5
Os corantes reativos são assim denominados em função da sua capacidade de
formar ligações covalentes entre a molécula do corante e a fibra (AL-DEGS, 2000; AL-
GHOUTI, 2003), proporcionando bom tingimento, solidez e estabilidade química
apresentando assim maior estabilidade na cor em comparação a outros corantes que
estabelecem ligações mais fracas com a fibra (AL-DEGS, 2000; GUARATINI, 2000).
Normalmente são utilizados para tingir fibras celulósicas, no entanto fibras proteicas e
33
poliamidas também contêm grupamentos capazes de reagir com a molécula do
corante. Os grupos reativos dos corantes, normalmente clorotriazinila e
sulfatoetilsulfonila, reagem com o substrato celulósico através da substituição do grupo
nucleofílico pelo grupo hidroxila ionizado da fibra celulósica (Al-DEGS, 2000). Todos
os corantes reativos requerem condições reacionais alcalinas (pH = 11) no processo
de tingimento (KARCHER, 2001). Sendo assim, as condições alcalinas do banho de
tingimento, competem com o substrato celulósico, resultando em uma alta
porcentagem de corante hidrolisado que não se fixa à fibra. Estima-se que 10 a 50 %
do corante inicial são descartados, originando um efluente altamente colorido (AL-
DEGS, 2000). Um exemplo de reação entre uma fibra celulósica e um corante
contendo como grupo reativo a sulfatoetilsulfona, pode ser observado nas reações a
seguir (GUARATINI, 2000):
Em termos de geração de efluentes, os corantes reativos são considerados a classe
que apresenta o maior grau de periculosidade, pois não são facilmente degradados
por processos biológicos convencionais (FU, 2002; KUSVURAM, 2005).
Dentre os corantes reativos, o remazol preto B ou reativo preto 5, é um dos
mais utilizados em indústrias têxteis além de ser um dos mais tóxicos. É um corante
orgânico, solúvel em água, diazo sulfonado e que apresenta fórmula molecular
Na4O19S6C26H21N5. Sua massa molar é de 991,83 g mol-1, possui máxima absorção em
596 nm e índice de cor de 20505. (DÁVILA-JIMÉNEZ, 2005). Sua estrutura molecular
está representada na Figura 13.
34
Figura 13: Estrutura molecular do corante têxtil reativo preto 5.
Fonte: Dávila-Jiménez (2005)
35
4. MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Obtenção da quitosana
4.1.1 Extração da quitina
Os resíduos de camarão (Penaeus brasiliensis) utilizados para a extração da
quitina foram obtidos de uma indústria pesqueira da cidade do Rio Grande/RS, e
armazenados em um freezer (-18°C) até seu processamento.
4.1.1.1Pré-tratamento dos resíduos
Os resíduos passaram por um pré-tratamento feito com lavagem em água
corrente tendo como objetivo a separação do material grosseiro, entre eles material
vegetal, porções de tecido e outros materiais que eventualmente possam acompanhar
os resíduos (SOARES et al., 2003; WESKA et al., 2007).
4.1.1.2 Desmineralização
Após a lavagem, 7 kg de resíduos foram desmineralizados com 14 L de ácido
clorídrico 2,5% (v/v) sob agitação em temperatura ambiente, por um período de 2 h.
Em seguida, foram feitas lavagens com água totalizando oito lavagens, atingindo
assim pH neutro. Esta etapa teve por objetivo reduzir o teor de cinzas da matéria-
prima (SOARES et al., 2003).
4.1.1.3 Desproteinização
Esta etapa consistiu em reduzir o teor de proteínas. Ao produto intermediário
proveniente da desmineralização foi adicionado 21 L de solução de hidróxido de sódio
5% (p/v), agitando-se por um período de 2 h. Em seguida foi realizada a lavagem
deste material com água, até pH neutro, o que experimentalmente se consegue com
oito lavagens (SOARES et al., 2003).
36
4.1.1.4 Desodorização
A desodorização foi realizada adicionando-se 35 L de solução de hipoclorito de
sódio/água 0,36% (v/v) e agitando-se durante 3 h. Foram realizadas seis lavagens
com água até pH neutro (SOARES et al., 2003).
4.1.1.5 Secagem de quitina
A quitina foi então desidratada em secador de bandejas a uma temperatura de
80ºC por 4 h (BATISTA et al., 2007).
4.1.2 Desacetilação da quitina
As quitosanas foram obtidas com graus de desacetilação de 85% e 95%. A
reação de desacetilação da quitina foi realizada em escala de bancada, utilizando
solução alcalina concentrada (42,1%, p/v) à 130±2ºC, mantida sob agitação mecânica
constante (50 rpm) em um reator batelada de 3,5 L com manta térmica, e o tempo de
reação foi de 90 min para quitosana com 85% e de 240 min para a quitosana com 95%
de desacetilação (MOURA et. al., 2011).
4.1.3 Purificação da quitosana
A quitosana obtida da reação de desacetilação foi purificada na forma neutra
após a dissolução em ácido acético. A solução foi então centrifugada (SIGMA 6-15,
D37520, Alemanha) à 6600×g por 30 min para retirada do material não dissolvido. A
precipitação total da quitosana ocorreu por adição de hidróxido de sódio até pH 12,5,
sendo após neutralizada até pH 7,0. A suspensão de quitosana resultante foi
centrifugada para a separação do sobrenadante (WESKA et al., 2007).
4.1.4 Secagem da quitosana
A pasta de quitosana purificada foi seca em leito de jorro. Foi utilizado um
secador de geometria cônica, e as condições de operação foram temperatura de
entrada do ar de secagem de 90°C, a concentração de pasta de 4% e a taxa de
alimentação de 0,18 kgpasta/kginerte h (DOTTO et al., 2011).
37
4.2 Caracterização da quitosana
4.2.1 Composição elementar da quitosana
A composição elementar das quitosanas obtidas foi determinada a partir da
análise de energia dispersiva de raios X (EDX). O equipamento foi constituído de um
microscópio eletrônico de varredura acoplado a um microanalisador (JEOL, JSM-5800,
Japão) (MOGHADDAM et al., 2010).
4.2.2 Massa molar da quitosana
As massas molares das quitosanas foram determinadas através do método
viscosimétrico (viscosímetro capilar CANNON-FENSKE, GMBH - D65719, SCHOTT
GERÄTE, Alemanha). Primeiramente foi determinada a viscosidade reduzida
utilizando a equação de Huggins, após, esta foi convertida em massa molar por meio
da equação de Mark-Houwink-Sakurada (Equação 18) (ZHANG e NEAU, 2001):
αK.(MM)η (18)
sendo, η a viscosidade intrínseca (mL g-1), MM a massa molar (Da), K=1,81x10-3 mL g-
1e = 0,93 (ZHANG e NEAU, 2001).
4.2.3 Grau de desacetilação da quitosana
A determinação do grau de desacetilação das quitosanas foi realizada pelo
método de titulação potenciométrica linear, utilizando-se uma solução de NaOH 0,1
mol L-1 como titulante. Primeiramente, dissolveu-se 0,25 g de quitosana em 20 mL de
HCl 0,1 mol L-1, e avolumando-se até 100 mL com água destilada. O pH das soluções
foi ajustado (MARTE MB-10 – Brasil) em aproximadamente 2,0 com solução inicial de
titulação. Em seguida, procedeu-se a titulação até a solução de quitosana alcançar o
pH de aproximadamente 6,0. Um valor de f(x) correspondente ao volume de NaOH
utilizado foi calculado pela Equação 19 (JIANG et al., 2003; MOURA et al., 2011):
OHH
N
VVxf
B
.0
(19)
38
sendo, Vo o volume de solução de quitosana (mL), V o volume de NaOH utilizado na
titulação (mL), NB a concentração molar do NaOH (mol L-1), [H+] a concentração de H+
(mol L-1), e [OH-] a concentração de OH- (mol L-1).
A curva de titulação linear foi obtida graficando-se f(x) em função do volume
correspondente de NaOH. O volume de NaOH ao fim da titulação, Ve, foi calculado
extrapolando a curva de titulação linear em função do volume de NaOH adicionado. O
grau de desacetilação da amostra de quitosana foi então calculado pela Equação 20:
100Ø+/204)161Ø-W / (Ø =%GD )( (20)
onde:
Ø = (NAVA – NB Ve) / 1000 (21)
sendo, NA a concentração de HCl (mol L-1), VA o volume de HCl (mL), NB a
concentração de NaOH (mol L-1),Ve o volume de NaOH ao fim da titulação (mL), W a
massa de quitosana (g), 161 corresponde a massa molar da unidade de quitosana em
mg mol-1 e 204 corresponde a massa molar da unidade de quitina em mg mol-1(JIANG
et. al., 2003).
4.3 Obtenção dos filmes de quitosana
4.3.1 Produção dos filmes puros de quitosana
As amostras de quitosana em pó (com graus de desacetilação de 85 e 95%)
foram utilizadas para produzir filmes distintos, segundo a técnica casting, como se
segue. Uma massa de 1,5 g de quitosana foi dissolvida em solução de ácido acético
0,1 mol L-1, sob agitação constante (300 rpm) à temperatura ambiente (25 ± 1°C)
durante 24 h. Em seguida, a solução formadora de filme foi filtrada sob vácuo (400
mmHg). Um volume adequado (50 mL) da solução formadora de filme foi vertida em
uma placa em plexiglas. Os filmes foram então obtidos por evaporação do solvente em
uma estufa com circulação de ar a 40ºC durante 24 h. Logo após, os filmes foram
removidos das placas e colocados em dessecador à temperatura ambiente por 48 h
antes da caracterização.
39
4.3.2 Produção dos filmes modificados de quitosana com vanádio
Primeiramente foram produzidos os filmes puros (com grau de desacetilação
de 95%) conforme descrito no item 4.3.1. Para a modificação do filme com vanádio, o
filme de quitosana foi cortado em tiras de área igual a 1 cm2. Posteriormente, 2g
destes filmes foram adicionados a uma solução de vanádio de 100 mg L-1, e o pH da
solução ajustado 6,0. Estas condições de adsorção do íon vanádio por filmes de
quitosana foram utilizadas segundo valores obtidos em trabalho desenvolvido pelo
nosso grupo de pesquisa. Após o excesso de vanádio presente na superfície do filme
foi removido com solução de cloreto de amônio 0,01 mol L-1, e os filmes colocados em
um dessecador por 48 h antes da caracterização.
4.3.3 Produção dos filmes modificados de quitosana com terra ativada
A quitosana em pó (com grau de desacetilação de 85%) foi utilizada para
produzir filmes, segundo a técnica casting, como se segue. Uma massa total de 1,5 g
de quitosana com foi dissolvida em solução de ácido acético 0,1 mol L-1, sob agitação
constante (300 rpm) à temperatura ambiente (25 ± 1°C) durante 24 h. Em seguida, a
solução formadora de filme foi filtrada sob vácuo (400 mmHg). Foram adicionadas à
solução de quitosana porções de terra ativada, em relações de massa de 2,5:1 e 5:1
(quitosana:terra). Um volume adequado (50 mL) da solução formadora de filme com
terra ativada foi vertida em uma placa em plexiglas. Os filmes foram então obtidos por
evaporação do solvente em uma estufa com circulação de ar a 40ºC durante 24 h.
Logo, os filmes foram removidos das placas e colocados em dessecador à
temperatura ambiente por 48 h antes da caracterização.
4.4 Caracterização dos filmes de quitosana
4.4.1 Propriedades mecânicas
As propriedades mecânicas de resistência a tração e alongamento dos filmes
foram determinadas utilizando um texturômetro (Stable Microsystems SMD, TA.XP2i,
Reino Unido) de acordo com o método padrão D00882-00 (ASTM, 2000), com célula
de carga de 50 N. Amostras retangulares dos filmes biopoliméricos foram cortadas,
com 100 mm de comprimento e 25 mm de largura. Para execução dos ensaios,
40
adotou-se uma distância inicial entre as garras de 50 mm e uma velocidade de 50 mm
min.-1.
4.4.2 Cor dos filmes de quitosana
A cor dos filmes de quitosana foi estabelecida pelo sistema Minolta (Minolta
Corporation, CR-300, Japão). A cor foi determinada a partir de um diagrama
tridimensional de cores (L*-a*-b*) (Figura 7), sendo que L* indica luminosidade, a*
cromaticidade tendendo do verde (-) até vermelho (+) e b* a cromaticidade que varia
do azul (-) até amarelo (+). Para avaliar o ângulo Hue (Hab) foi utilizada a Equação 22.
*a
*btanH 1
ab
(22)
O ângulo Hue é o valor em graus correspondente ao diagrama tridimensional
de cores: 0º (vermelho), 90º (amarelo), 180º (verde) e 270º (azul).
4.4.3 Espessura dos filmes de quitosana
Os filmes foram caracterizados em relação à sua espessura, com a utilização
de um paquímetro digital (Mitutoya Corp, MDC-25S, Japão). A espessura média dos
filmes foi calculada a partir de dez medidas aleatórias na amostra, de acordo com
Ferreira et al (2009).
4.4.4 Espectroscopia na região do infravermelho (FT-IR)
Para identificar os grupamentos funcionais presentes nos filmes de quitosana,
foi utilizada análise de infravermelho com transformada de Fourier (FT-IR). As
amostras foram submetidas à determinação espectroscópica na região do
infravermelho (450-4500 cm-1) (PRESTIGE 21, 210045, Japão) usando a técnica de
refletância atenuada total (ATR-FTIR).
4.4.5 Microscopia eletrônica de varredura (MEV) dos filmes de quitosana
41
As análises texturais dos filmes foram verificadas através de microscopia
eletrônica de varredura (MEV), utilizando um microscópio eletrônico (JEOL, JSM 6060,
Japão). As amostras foram metalizadas com ouro. Foram utilizadas acelerações de
voltagem de 5 e 15 kV e faixas de magnificação variando de 30 a 10.000 vezes.
4.4.6 Espectroscopia dispersiva de raios X (EDX)
As análises de composição elementar da superfície dos filmes de quitosana
após a adsorção foram realizadas através da técnica semi-quantitativa de EDX. As
amostras foram metalizadas a vácuo, utilizando ouro, e colocadas em um microscópio
eletrônico acoplado com a análise de EDX (JEOL, JSM 5800, Japão). Foi utilizada a
aceleração de voltagem de 12,0 kV, com faixa de magnificação variando entre 150 em
10000 vezes.
4.4.7 Análise termogravimétrica dos filmes de quitosana
As curvas termogravimétricas (TG) dos filmes de quitosana foram obtidas em
uma termobalança (Shimadzu, TGA-60, Japão) com fluxo de nitrogênio 50 mL min-1 e
uma taxa de aquecimento de 10ºC min-1. As amostras foram colocadas em cadinhos
de alumínio e aquecidas na faixa de temperatura de 35 a 550ºC.
4.5 Experimentos de adsorção
4.5.1 Experimentos de adsorção de vanádio por filmes de quitosana
Inicialmente foi preparada uma solução estoque de vanádio (1,0 g L−1)
utilizando NH4VO3 (99,0% de pureza) obtido da Merck (Alemanha), e todos os
experimentos foram realizados a partir da diluição desta solução. Os pHs foram
ajustados utilizando soluções tampão de fosfato dissódico/ácido cítrico 0,1 mol L−1, e
monitorado utilizando um pHmetro (Mars, MB10, Brasil). Em todos os experimentos os
filmes de quitosana com GD de 85% foram divididos em porções (1 cm x 1 cm). Os
estudos de adsorção foram realizados em duas etapas: primeiramente, foi feito um
delineamento experimental fatorial completo 32 (MYERS e MONTGOMERY, 2002)
com o objetivo de verificar os efeitos dos fatores pH e dosagem de filme, bem como
otimizar o processo de adsorção, considerando como respostas o percentual de
remoção e a capacidade de adsorção de vanádio pelo filme de quitosana. A Tabela 1
42
mostra os fatores de estudo e seus respectivos níveis de variação, os quais foram
determinados a partir de testes preliminares e da literatura. A concentração inicial de
vanádio foi de 200 mg L–1. Os frascos foram agitados a 100 rpm e 333K usando um
agitador termostatizado do tipo Wagner (Fanem, 315 SE, Brasil) até o equilíbrio.
Tabela 1: Níveis e fatores utilizados no delineamento experimental fatorial da adsorção
de vanádio por filme de quitosana (*).
Fatores Níveis
-1 0 +1
pH 4 6 8
Dosagem de filme 100 300 500
(*) Apenas para a adsorção de vanádio por filmes puros de quitosana;
Posteriormente, foram realizados estudos de equilíbrio e cinética de adsorção,
onde foram fixados o pH e a dosagem de filme (de acordo com o delineamento
experimental). Para os experimentos de equilíbrio, as concentrações iniciais de
vanádio variaram de 25 a 400 mg L–1. Os frascos foram agitados a 100 rpm (Fanem,
315 SE, Brasil) sob diferentes temperaturas (293, 313 e 333 K) até o equilíbrio. Os
ensaios cinéticos de adsorção foram realizados em batelada em um Jar Test (Nova
ética, 218 MBD, Brasil) à temperatura de 298 K e taxas de agitação de 100, 200, 300 e
400 rpm. Foram retiradas alíquotas durante um intervalo de 0 a 180 min. As
concentrações de vanádio remanescentes foram determinadas por espectrometria de
absorção atômica de chama (GBC Avanta, 932AA, Austrália).Os experimentos foram
realizados em triplicata (n=3).
4.5.2 Experimentos de adsorção dos corantes amaranto e tartrazina por
filmes de quitosana
Primeiramente, foram preparadas soluções estoque de ambos os corantes (1,0
g L–1) e o pH ajustando em 2,0, pois estudos anteriores mostraram ser este o pH mais
adequado). Os pHs foram ajustados utilizando soluções tampão de fosfato
dissódico/ácido cítrico 0,1 mol L−1, e monitorado utilizando um pHmetro (Mars, MB10,
Brazil). Todos os experimentos foram realizados a partir da diluição destas soluções
estoque. Os experimentos de equilíbrio foram realizados em diferentes temperaturas
(298, 308, 318 e 328 K) utilizando um agitador termostatizado do tipo Wagner (Fanem,
315 SE, Brasil) até o equilíbrio sob agitação de 100 rpm. A concentração dos filmes
43
puros de quitosana foi de 100 mg L-1, e os filmes foram utilizados em porções de 1 cm
x 1 cm e grau de desacetilação de 85%. As concentrações iniciais dos corantes
variaram de 50 a 300 mg L–1. Após ser atingido o equilíbrio as concentrações de
corantes remanescentes nas soluções foram analisadas. Os experimentos cinéticos
foram realizados em batelada em um Jar Test (Nova Ética, 218 MBD, Brasil), sob
diferentes taxas de agitação (50, 150, 250 e 350 rpm) e temperatura de 289K, com
uma concentração de filme de 100 mg L-1 e concentração inicial dos corantes de 200
mg L–1. Alíquotas foram retiradas em um intervalo de 120 min. Para os experimentos
cinéticos e de equilíbrio, as concentrações remanescentes dos corantes foram
determinadas utilizando um espectrômetro na região do visível (Quimis, Q108 DRM,
Brasil). Todos os experimentos foram realizados em triplicata (n=3) e as capacidades
de adsorção (qe) e (qt) foram determinados pelas Equações 3 e 11 respectivamente.
4.5.3 Experimentos de adsorção do corante reativo preto 5 por filmes de
quitosana
Primeiramente, foram preparadas soluções estoque do corante têxtil reativo
preto 5 (1,0 g L–1) e o pH ajustando em 4,0, pois estudos anteriores mostraram ser
este o pH mais adequado). O pH foi ajustados utilizando soluções tampão de fosfato
dissódico/ácido cítrico 0,1 mol L−1, e monitorado utilizando um pHmetro (Mars, MB10,
Brasil). Todos os experimentos foram realizados a partir da diluição destas soluções
estoque. Os experimentos de equilíbrio foram realizados em diferentes temperaturas
(298, 308, 318 e 328 K) utilizando um agitador termostatizado do tipo Wagner (Fanem,
315 SE, Brasil) até o equilíbrio sob agitação de 100 rpm. A concentração dos filmes
puros de quitosana foi de 500 mg L-1, sendo que os filmes utilizados (1 cm x 1 cm)
foram produzidos de quitosana com grau de desacetilação de 95%. As concentrações
iniciais dos corantes variaram de 50 a 500 mg L–1. Após ser atingido o equilíbrio as
concentrações de corantes remanescentes nas soluções foram analisadas. Os
experimentos cinéticos foram realizados em batelada em um Jar Test (Nova Ética, 218
MBD, Brasil), sob diferentes taxas de agitação (50, 100, 200 e 300 rpm) e temperatura
de 289K, com uma concentração de filme de 500 mg L-1 e concentração inicial dos
corantes de 100 mg L–1. Alíquotas foram retiradas em um intervalo de 180 min. Para
os experimentos cinéticos e de equilíbrio, as concentrações remanescentes foram
determinadas utilizando um espectrômetro na região do visível (Quimis, Q108 DRM,
Brasil). Todos os experimentos foram realizados em triplicata (n=3), e as capacidades
de adsorção (qe) e (qt) foram determinados pelas Equações 3 e 11 respectivamente.
44
4.5.4 Experimentos de adsorção do corante reativo preto 5 por filmes
modificados de quitosana com vanádio
Os experimentos de adsorção do corante reativo preto 5 por filmes modificados
de quitosana com vanádio foram realizados da mesma forma que o experimento 4.5.3,
a fim de comparar as possíveis alterações do processo devido as modificações
realizadas no filme.
4.5.5 Experimentos de adsorção do corante reativo preto 5 por filmes
modificados de quitosana com terra ativada
Nos experimentos de adsorção do corante reativo preto 5 por filmes de
modificados quitosana com terra ativada (Tonsil Supreme 110FF), foi avaliado o efeito
do pH (2 a 8) na operação para diferentes proporções de quitosana:terra. Os
experimentos foram realizados em batelada em um Jar Test (Nova Ética, 218 MBD,
Brasil), sob taxas de agitação 100 rpm e temperatura de 289K, com uma concentração
de filme de 500 mg L-1 e concentração inicial dos corantes de 100 mg L–1. As
concentrações remanescentes foram determinadas utilizando um espectrômetro na
região do visível (Quimis, Q108 DRM, Brasil). Todos os experimentos foram realizados
em triplicata (n=3), e as capacidades de adsorção (qe) foram determinados pela
Equação 3.
4.6 Tratamento dos dados de adsorção
4.6.1 Delineamento Experimental
O percentual de remoção R(%) e a capacidade de adsorção de vanádio (q) por
filme de quitosana foram representados como função das variáveis independentes de
acordo com as Equações 23 e 24, respectivamente:
ji
n
1i
n
1ij
ij
2
ij
n
1i
n
1j
iji
n
1i
i xxbxbxbaR(%) ∑∑∑∑∑
(23)
ji
n
1i
n
1ij
ij
2
ij
n
1i
n
1j
iji
n
1i
i xxbxbxbaq ∑∑∑∑∑
(24)
45
sendo, “a”, bi, bii, bij os coeficientes das equações , e x representa os fatores de estudo
(pH e concentração de filme) em suas formas codificadas (MYERS e MONTGOMERY,
2002).
O nível de significância utilizado foi 95% (p<0,05). Os resultados do
planejamento experimental foram analisados com auxílio do software Statistic 7.0
(Statsoft, EUA).
4.6.2 Análise das isotermas de equilíbrio
Os dados experimentais de equilíbrio foram avaliados através do ajuste com
três modelos de isotermas. Para a adsorção de vanádio por filmes puros de quitosana
foram utilizados os modelos de Freundlich (Equação 7) e de BET (Equação 8). Para a
adsorção dos corantes por filmes puros e filmes modificados de quitosana foram os
modelos de Langmuir (Equação 5) e de Freundlich (Equação 7).
4.6.3 Estimação dos parâmetros termodinâmicos
Os valores da variação da energia livre de Gibbs foram estimados de acordo
com a Equação 9. Os parâmetros termodinâmicos ΔH° e ΔS° foram determinados
através do gráfico de Van’t Hoff’s, ajustando os dados à Equação 10 e obtendo-se um
coeficiente angular ΔH/RT e uma intercepção ΔS/R (ELWAKEEL, 2009).
4.6.4 Análise cinética de adsorção
As cinéticas de adsorção do vanádio e dos corantes por filmes puros e filmes
modificados de quitosana foram analisadas com base nos modelos de pseudo-
primeira ordem (Equação 13), pseudo-segunda (Equação 15) e Elovich (Equação 16),
conforme apresentados no Capítulo 3: Revisão Bibliográfica.
4.6.5 Análise do mecanismo de adsorção através do método gráfico de
Weber-Morris
Para identificar estes mecanismos de transferência de massa para a adsorção
de vanádio por filme de quitosana foi utilizada a teoria de Weber e Morris, (1963)
apresentado pela Equação 17.
46
4.6.6 Análise de regressão
Os coeficientes dos modelos estatísticos, de isotermas, cinéticos e
transferência de massa foram estimados por regressão não linear com auxílio do
software Statistic7.0 (Statsoft, EUA). Foi utilizada a função objetiva Quasi-Newton, e
os ajustes dos modelos aos dados experimentais foram avaliados mediante os
coeficientes de correlação (R2) e o erro médio relativo (EMR) (Equação 25):
n
1exp t,
pret,expt,
q
n
100EMR
(
(25)
sendo, qt,exp e qt,pre os valores experimentais e teóricos da capacidade de adsorção.
4.7 Dessorção e reuso dos filmes
4.7.1 Dessorção e reuso do filme de quitosana na adsorção de vanádio
Com o objetivo de verificar o reuso dos filmes de quitosana foram realizados
ciclos de adsorção e dessorção utilizando 100 mL de eluente em uma massa de 50 mg
de filme na presença do vanádio adsorvido. Uma solução de NH4Cl (0,01 molL-1) foi
utilizada como eluente. Após 24 h as concentrações finais de vanádio presente nas
soluções foram determinadas.
4.7.2 Dessorção e reuso do filme de quitosana na adsorção dos corantes
amaranto e tartrazina
Estudos de dessorção para os corantes amaranto e tartrazina adsorvidos por
filmes de quitosana realizados por Rêgo et al (2013) demonstraram que o eluente mais
adequado dentre os estudados foi o NaOH, em concentração de 0,5mol L-1. Foram
realizados dois ciclos, sendo que após o segundo reuso as características mecânicas
do filme não se mantiveram, ocorrendo quebras na estrutura e degradação do filme.
4.7.3 Dessorção e reuso dos filmes de quitosana puros e modificados
com vanádio na adsorção do corante reativo preto 5
47
Para o estudo da dessorção foram realizados quatro diferentes tratamentos
com a utilização de dois eluentes (NaOH e NH4Cl) a duas concentração cada (0,001 e
0,01 mol L-1). Os filmes e quitosana puro e modificado com vanádio, após serem
utilizados como adsorventes, foram submersos nas diferentes soluções eluentes. Após
24 h as concentrações finais de corante presente nas soluções foram determinadas.
48
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Caracterização da quitosana
5.1.1 Composição elementar, grau de desacetilação e massa molar
A Tabela 2 apresenta a composição elementar, o grau de desacetilação e a
massa molar da quitosana obtida nos diferentes tempos de reação (90 e 240 min).
Tabela 2: Composição elementar da quitosana obtida de resíduos de camarão.
Tempo de
reação (min)
Grau de
desacetilação (%)*
Massa molar
(kDa)* %C* %N* %O*
90 85,0±1,3 150±5 56,1±0,3 31,5±2,0 12,4±0,5
240 95,0±0,7 120±2 48,1±0,3 37,8±1,0 14,2±1,1
*média ± desvio padrão (n=3)
Os valores do grau de desacetilação e da massa molar obtidos neste trabalho
(Tabela 2) foram semelhantes os obtidos no estudo cinético da reação de
desacetilação realizado por Moura et al. (2011).
5.2 Caracterização dos filmes de quitosana
5.2.1 Propriedades mecânicas, cor e espessura
Os filmes de quitosana puros foram caracterizados de acordo com as
propriedades mecânicas (alongamento e tensão de ruptura), cor e espessura. Os
resultados estão demonstrados na Tabela 3.
49
Tabela 3: Características do filme de quitosana.
Características Valor*
Propriedades mecânicas
Grau de desacetilação (GD)
85,3±1,1 94,9±1,8
Tensão de ruptura (MPa)
30,1±2,1 25,1±4,9
Alongamento (%) 11,5±1,8 10,5±3,5
Parâmetro de cor
L 86,97±1,02 87,86±1,02 a 0,37±0,04 0,40±0,04 b 22,40±0,07 23,40±0,07
Hab(°) 89,05±0,50 88,85±0,10
Espessura (µm) 60±6 61±1
*média ± desvio padrão (n=3)
5.2.2 Análise de infravermelho dos filmes de quitosana puros
Foram analisados espectros de infravermelho dos filmes de quitosana com graus
de desacetilação de 85% (Figura 14(a)) e 95% (Figura 14(b)), a fim de identificar os
grupamentos funcionais do biopolímero. Os espectros mostraram os grupos funcionais
característicos da molécula de quitosana, onde entre 3350 e 3150 cm-1 (de forte
intensidade) estão às bandas relativas aos estiramentos das ligações N-H e O-H. Em
1400 cm-1 foi observado a deformação angular das ligações C-O-H juntamente com a
H-C-H (de média intensidade). Na região de 1550 cm-1 (de forte intensidade (a) e
média intensidade (b)) foram identificados os estiramentos C-N relativos às ligações
existentes na amida. Já em 1075 cm-1 os estiramentos C-N (de forte intensidade (a) e
média intensidade (b)) estão relacionados com os grupamentos pertencentes à amina.
50
Figura 14: Espectros de FT-IR: (a) filme de quitosana 85%GD; (b) filme de quitosana
95%GD.
51
5.3 Resultados dos experimentos de adsorção de vanádio por
filmes de quitosana
5.3.1 Delineamento experimental fatorial para a adsorção de vanádio por
filmes de quitosana
Os resultados do delineamento experimental fatorial para as respostas
(percentual de remoção e capacidade de adsorção de vanádio por filmes de
quitosana) estão apresentados na Tabela 4. A partir dos resultados, foi realizada uma
análise de variância para verificar as significâncias do pH e da concentração de filme e
suas interações no percentual de remoção e na capacidade de adsorção. Os gráficos
de Pareto para o percentual de remoção e capacidade de adsorção do vanádio estão
apresentados na Figura 15 ((a), (b)), onde estão demonstradas as interações lineares
e quadráticas entre os fatores em estudo. Nestas figuras pode-se observar que todos
os efeitos principais, tanto lineares quanto quadráticos, foram significativos para o
percentual de remoção e para a capacidade de adsorção ao nível de 95% de
confiança (p<0,05).
Tabela 4: Matriz do delineamento experimental fatorial utilizada para as respostas
percentual de remoção e capacidade de adsorção de vanádio por filme de quitosana.
Experimento
(nº)
pH
(forma codificada)
Concentração de
filme (mg L-1)
(forma codificada)
R (%)* q (mg g-1)*
1 4 (-1) 100 (-1) 23,4±0,4 233,6±0,2
2 4 (-1) 300 ( 0 ) 33,3±0,3 110,9±0,1
3 4 (-1) 500 (+1) 38,9±0,1 77,9±0,2
4 6 ( 0 ) 100 (-1) 25,1±0,1 251,4±0,3
5 6 ( 0 ) 300 ( 0 ) 50,3±0,2 167,2±0,7
6 6 ( 0 ) 500 (+1) 39,9±0,6 79,9±0,3
7 8 (+1) 100 (-1) 18,0±0,2 180,1±0,5
8 8 (+1) 300 ( 0 ) 19,7±0,3 65,8±0,1
9 8 (+1) 500 (+1) 20,0±0,2 40,0±0,6
*média ± desvio padrão (n=3); R: percentual de remoção; q: capacidade de adsorção.
52
Figura 15: Gráficos de Paretos para o percentual de remoção (a) e a capacidade de
adsorção (b) de vanádio por filmes de quitosana.
.
6,843461
8,85343
-12,6074
25,62484
41,21074
p=,05
Efeitos padronizados
1Lby2L
(2)m(L)
(1)pH(L)
m(Q)
pH(Q)
(a).
47,30321
-242,427
-329,031
401,3718
-1123,5
p=,05
Efeitos padronizados
1Lby2L
m(Q)
(1)pH(L)
pH(Q)
(2)m(L)
(b)
53
As Equações 26 e 27 apresentam os modelos estatísticos para o percentual de
remoção e a capacidade de adsorção do vanádio, em função do pH (x1) e da
concentração de filme (x2).
2x1,8x+9,8x-15,7x-1,9x+2,8x-44,8=R 1
2
2
2
121 (26)
2xx0,4+x1,29+x2,48-x9,77-x8,22-9,146q = 1
2
2
2
121 (27)
A fim de verificar se os modelos estatísticos são preditivos e significativos
foram realizados análises de variância e teste de Fischer dos mesmos. Os altos
valores de coeficientes de determinação (R2=0,97 e 0,98 respectivamente) mostram
que os modelos (Equação 26 e 27) foram significativos. Os valores dos F calculados
(Fcalc=13,3 e 95,2) foram maiores que o valor tabelado (FTab=3,11), demonstrando que
os modelos foram preditivos. Também foram verificados que a distribuição dos
resíduos foi aleatória em torno do zero. Assim, os modelos estatísticos foram utilizados
para gerar superfícies de resposta (Figuras 16 (a), (b)), para representar o percentual
de remoção (R%) e a capacidade de adsorção (q) de vanádio por filmes de quitosana
em função das variáveis independentes.
As Figuras 16(a) e 16(b) mostram que o percentual de remoção de vanádio
(R%) e a capacidade de adsorção (q) apresentaram um comportamento parabólico em
relação ao pH, sendo seus valores máximos obtidos em pH 6. Este comportamento
pode ser explicado devido as características do filme de quitosana e dos íons de
vanádio sob diferentes valores de pH. Na região ácida (pH 4 e 6) os aminogrupos do
filme de quitosana encontram-se protonados, mas na região alcalina (pH 8), ocorre
uma redução da existência destas cargas positivas. Além disso, as formas de íons de
vanádio existentes em solução aquosa dependem da sua concentração e do pH do
meio. Os íons de vanádio em soluções com valores de pH de 4, 6 e 8 estão
predominantemente nas formas HV10O285−,V10O28
6– e V4O124–, respectivamente. Assim,
o V10O286– é adsorvido em maior quantidade devido às interações eletrostáticas mais
intensas com o adsorvente protonado.
54
Figura 16: Superfície de resposta para o percentual de remoção (a), e capacidade de
adsorção (b) do vanádio por filme de quitosana.
(a)
(b)
55
A Figura 16 (a) mostra que um aumento na concentração de filme (de 100 para
300 mg L-1) leva a um forte aumento no percentual de vanádio removido. Isso se deve
ao fato de que um aumento na quantidade de filme eleva também o número de sítios
ativos capazes de adsorverem o vanádio em solução. Contudo, quando a dosagem de
filme é elevada para 500 mg L-1 uma pequena variação no percentual de remoção foi
identificado. Aydin e Aksoy (2009) encontraram resultados similares na adsorção de
cromo por quitosana. A Figura 16(b) mostra que a capacidade de adsorção aumenta
quando a concentração de filme é reduzida. Esse comportamento pode ser justificado
devido ao fato da capacidade de adsorção ser inversamente proporcional à quantidade
de adsorvente.
Na faixa de trabalho considerada, as condições mais adequadas para a
adsorção de vanádio por filme de quitosana foram determinadas por um ponto de
máximo das curvas de superfícies de resposta. Essas condições foram em pH 6 e
concentrações de filme de 300 mg L-1 e 100 mg L-1, respectivamente,para o percentual
de remoção (R=50,3%) e para a capacidade de adsorção (q=251 mg g-1). Guzmán et
al. (2002) obtiveram valor de 390,9 mg g-1 para a capacidade de adsorção de vanádio
por quitosana em pó em pH de 5,2. Bhatnagar et al (2008) encontraram um valor de
capacidade de 27,0 mg g-1, na adsorção de vanádio presente em efluentes industriais.
5.3.2 Isotermas de adsorção de vanádio por filmes de quitosana
As isotermas de equilíbrio foram obtidas à 293, 313 e 333K, e as curvas
ajustadas com os modelos de isotermas de Freundlich e Brunauer−Emmett−Teller
(BET). Os parâmetros de equilíbrio foram determinados por regressão não linear,
utilizando o software (Statsoft, USA). O coeficiente de determinação (R2) e o erro
médio relativo foram utilizados para determinar o modelo que apresentou melhor
ajuste. A Figura 17 apresenta as isotermas de equilíbrio em todas as temperaturas
para a adsorção de vanádio por filme de quitosana.
A Tabela 5 apresenta os parâmetros das isotermas e a qualidade do ajuste
para a adsorção de vanádio por filme de quitosana, em todas as temperaturas
estudadas.
56
Figura 17: Isotermas experimentais de equilíbrio para adsorção do vanádio por filmes
de quitosana.
Os valores do coeficiente de determinação (R2> 0,98) e do erro médio relativo
(EMR <10%), apresentados na Tabela 5, demonstram que o modelo de isoterma de
BET foi o que apresentou o melhor ajuste aos dados experimentais de equilíbrio.
Deste modo o modelo de isoterma de BET pode ser utilizado para representar os
dados experimentais de equilíbrio da adsorção do vanádio por filme de quitosana.
Tabela 5: Parâmetros das isotermas de adsorção de vanádio por filme de quitosana.
Model 293 K 313 K 333 K
Freundlich
kF (mg g-1
)(L mg-1
)-1/n 0,031 1,401 0,549
n 0,592 0,939 0,833
R2 0,939 0,900 0,914
EMR (%) 13,73 13,30 14,29
BET
K1 (L mg-1) 0,013 0,032 0,033
K2x103 (L mg-1) 2,97 3,12 3,15
qBET (mg g-1) 90,13 90,90 102,25
R2 0,985 0,982 0,981
EMR (%) 8,32 8,21 9,01
57
5.3.3 Termodinâmica de adsorção de vanádio por filmes de
quitosana
O comportamento termodinâmico da adsorção de vanádio por filme de
quitosana foi mensurado através das variações da entalpia, entropia e energia livre de
Gibbs. A Tabela 6 apresenta os valores destes parâmetros para o processo de
adsorção. Os valores da variação da energia livre de Gibbs foram estimados de
acordo com a Equação 9.
O valor de KD foi estimado pela inclinação inicial da parte linear da curva qe Vs
Ce. Foi verificado que o processo foi espontâneo para todas as temperaturas
estudadas.
A variação de entalpia (ΔH0) (kJ mol-1) e variação de entropia (ΔS0) (kJ mol−1
K−1) foram determinados pelo método gráfico de Van’t Hoff de acordo com a Equação
10. O valor positivo de ΔH0 mostrou que o processo ocorre endotermicamente, e o
valor positivo de ΔS0 mostra que ocorreu um aumento da entropia na interface sólido
líquido após a adsorção.
Tabela 6: Parâmetros termodinâmicos para a adsorção de vanádio em filmes de
quitosana.
Temperatura (K) ΔG0 (kJ mol-1)* ΔH0 (kJ mol-1)* ΔS0 (kJ mol-1 K-1)*
293 -16,44±0,01
9,02±0,10 0,09±0,01 313 -18,45±0,01
333 -20,07±0,02
*média ± desvio padrão (n=3)
58
Figura 18: Termodinâmica para adsorção do vanádio por filmes de quitosana.
5.3.4 Cinética de adsorção de vanádio por filmes de quitosana
A cinética de adsorção foi estudada na melhor condição do planejamento
experimental utilizando temperatura de 298 K. Para analisar o efeito da taxa de
agitação na cinética de adsorção, foram plotados os dados de capacidade de
adsorção em função do tempo. A Figura 19 mostra a capacidade de adsorção do
vanádio em função do tempo, em todas as taxas de agitação.
Figura 19: Curvas cinéticas para adsorção do vanádio por filmes de quitosana.
59
A adsorção foi favorecida pelo aumento da taxa de agitação. Aos 180 min,
pode se verificar que um aumento na taxa de agitação de 100 para 400 rpm causou
um aumento de cerca de 60% na capacidade de adsorção. Comportamento similar foi
obtido por Dotto e Pinto (2011) na adsorção de corantes por quitosana em pó. Eles
verificaram que a capacidade de adsorção do corante azul brilhante dobrou quando a
taxa de agitação foi aumentada de 15 para 400 rpm.
Na Figura 19 foram ajustados aos modelos de pseudo-primeira ordem e
pseudo-segunda ordem, e os resultados estão apresentados na Tabela 7, a qual
mostra que em todas as taxas de agitação o modelo de pseudo-segunda ordem foi o
mais adequado para representar os dados experimentais cinéticos (R2>0,99 e
EMR<2,00). O modelo de pseudo-segunda ordem também foi adequado para a
adsorção de Cr (VI) em resina modificada de quitosana (HU et al., 2011). Em relação
aos parâmetros do modelo de pseudo-segunda ordem, pode ser dito que os valores de
k2 aumentaram em função do aumento da taxa de agitação (Tabela 7). Isto sugere que
em altas taxas de agitação, o processo foi mais rápido.
O valor máximo para a capacidade de adsorção (q2) foi de 76,9 mg g-1.
Comparando este valor com a literatura (GUZMÁN et al., 2002; GUIBAL et al., 2004),
pode-se afirmar que os filmes de quitosana possuem uma boa capacidade de
adsorção para o vanádio.
Tabela 7: Parâmetros de ajuste dos modelos cinéticos para adsorção do vanádio por
filmes de quitosana.
Modelo cinético Taxa de agitação (rpm)
100 200 300 400
Pseudo-primeira ordem
q1 (mg g-1) 51,0 54,0 67,4 72,3
k1 (min-1) 0,0393 0,0468 0,0503 0,0576
R2 0,981 0,982 0,974 0,975
EMR (%) 2,5 2,9 3,8 3,5
Pseudo-segunda ordem
q2 (mg g-1) 59,2 61,8 69,2 76,9
k2 (g mg-1 min-1) 0,0008 0,0010 0,0011 0,0012
R2 0,996 0,995 0,999 0,992
EMR (%) 1,5 1,4 0,8 1,7
60
A Figura 20 apresenta o gráfico de Weber-Morris para a adsorção de vanádio
por filmes de quitosana em diferentes taxas de agitação.
Figura 20: Gráfico de Weber e Morris para adsorção do vanádio por filmes de
quitosana.
Na Figura 20 podem ser observadas duas porções lineares distintas, as quais
representam, respectivamente, a transferência externa de massa e a difusão
intrapartícula (WEBER e MORRIS, 1963). Isso mostra que estas duas etapas de
transferência de massa ocorreram durante a adsorção de vanádio nos filmes de
quitosana.
A Tabela 8 apresentam os valores de kd1 e C1 (relativos à primeira porção linear
da Figura 20), e os valores de kd2 e C2 (relativos à segunda porção linear da Figura
20). Para todos os ajustes, os valores dos coeficientes de determinação (R2) foram
maiores que 0,98 e os erros médios relativos (EMR) menores que 5,0%.
Tabela 8: Parâmetros de Weber-Morris para a primeira e a segunda porção lineares.
RPM kd1
(mg g-1 min-0,5)
C1
(mg g-1)
kd2
(mg g-1 min0,5)
C2
(mg g-1)
100 5,27 3,72 1,47 35,87
200 5,63 5,58 1,52 38,74
300 6,15 6,48 1,52 40,37
400 6,68 7,09 1,51 45,40
61
Na Tabela 8 pode-se observar que todos os valores de kd1 foram superiores
aos valores de kd2, indicando que a primeira etapa do processo ocorreu mais
rapidamente. Além disso, os valores de C1 e C2, diferentes de zero, confirmam o efeito
na resistência externa à transferência de massa.
Em relação à taxa de agitação, foi observado que o aumento desta causou um
incremento nos valores de kd1 que é o parâmetro relacionado com a transferência
externa de massa. Esse comportamento se deve ao aumento da turbulência do
sistema em altas taxas de agitação, que levou a uma redução da resistência externa a
transferência de massa (RUTHVEN, 1984). Já os valores de kd2, os quais estão
relacionados com a difusão intrapartícula, foram muito pouco afetados, uma vez que o
mecanismo difusivo interno de transferência de massa independe da taxa de agitação.
5.3.5 Análise de infravermelho dos filmes de quitosana após a adsorção
de vanádio
As possíveis interações dos íons de vanádio com os filmes de quitosana foram
avaliadas através da técnica de infravermelho por refletância atenuada (ATR-FTIR). A
Figura 21 mostra as bandas características do filme de quitosana já mencionadas na
caracterização do filme puro, bem como alterações ocorridas nas bandas relativas aos
grupamentos amina e hidroxila além do surgimento de novas bandas relativas ao
estiramento assimétrico em 930 cm-1 (de média intensidade) do grupamento V=O.
Bandas relativas ao estiramento V-O podem ser observadas entre 450 e 600 cm-1 (de
média intensidade) no espectro. Essas alterações nas bandas características do filme
de quitosana puro mostram as interações dos íons de vanádio com os sítios ativos dos
filmes de quitosana.
62
Figura 21: Espectros de FT-IR do filme de quitosana após a adsorção do vanádio.
5.3.6 Microscopia eletrônica de varredura
Com o objetivo de identificar as alterações texturais do filme de quitosana após
a adsorção dos íons de vanádio, foram realizadas imagens utilizando um microscópio
eletrônico de varredura. As imagens dos filmes antes e após a adsorção estão
apresentadas na Figura 22, onde é possível identificar que houve um recobrimento da
superfície do filme e uma redução da rugosidade da mesma (Figura 22(b)). Além
disso, através de um mapeamento da superfície do filme (Figura 22(c)), com o objetivo
de identificar o elemento vanádio foi possível visualizar que o mesmo encontra-se
homogeneamente distribuído sobre o filme de quitosana.
63
Figura 22: Imagens de MEV: (a) filme de quitosana, (b) filme de quitosana após
adsorção de vanádio, e (c) mapeamento do vanádio na superfície do filme.
5.3.7 Espectroscopia dispersiva de raios X (EDX)
As análises de composição elementar da superfície dos filmes de quitosana
após a adsorção foram realizadas através da técnica semi-quantitativa de EDX. A
Figura 23 apresenta o espectro de EDX do filme de quitosana após a adsorção de
vanádio.
64
Figura 23: Espectro de EDX dos filmes de quitosana após a adsorção de vanádio.
Na Figura 23 podem ser identificados os principais elementos presentes na
superfície do filme de quitosana após a adsorção (carbono, nitrogênio, oxigênio e
vanádio).
5.3.8 Análise termogravimétrica dos filmes de quitosana adsorvidos com
vanádio
A Figura 24 mostra as curvas das análises termogravimétricas (TG) dos filmes
de quitosana antes e após a adsorção dos íons de vanádio. Em ambos os casos, os
filmes de quitosana apresentaram três etapas distintas de perda de massa. A primeira
etapa, abaixo de 110°C, pode ser atribuida a evaporação das moléculas de água
adsorvidas ao polímero. Posteriormente, ocorreu uma etapa entre 110 e 260°C que
pode ser atribuída a oxidação térmica dos grupamentos amina e hidroxila. A última
etapa de degradação, ocorrida na faixa de 260 a 500°C, se deve a decomposição do
esqueleto de hidrocarbonetos restante. Entretanto, após o processo de adsorção
(Figura 24(b)) a elevada quantidade de massa remanescente está relacionada com o
vanádio adsorvido, tendo em vista que a temperatura de fusão do mesmo encontra-se
por volta de 1910°C.
65
Figura 24: Análises termogravimétricas dos filmes de quitosana: (a) antes, e (b) após a
adsorção dos íons de vanádio.
5.3.9 Dessorção e reuso do filme de quitosana na adsorção de vanádio
Foram realizados ciclos de adsorção e dessorção utilizando 100 mL de eluente
em uma massa de 50 mg de filme na presença do vanádio adsorvido. Uma solução de
NH4Cl (0,01 mol L-1) foi utilizada como eluente. Após 24 h as concentrações finais de
vanádio presente nas soluções foram determinadas. Foram realizados cinco ciclos de
reuso e a capacidade do filme de quitosana se manteve a mesma durante os ciclos.
5.4 Resultados dos experimentos de adsorção dos corantes
amaranto e tartrazina por filmes de quitosana
5.4.1 Isotermas de adsorção dos corantes amaranto e tartrazina por filmes
de quitosana
As isotermas de equilíbrio para a adsorção dos corantes amaranto e tartrazina
por filmes de quitosana foram realizada à 298, 308, 318 e 328 K. As curvas de
equilíbrio estão apresentadas nas Figuras 25 e 26.
66
Figura 25: Isotermas de equilíbrio para adsorção do corante amaranto por filmes de
quitosana.
Figura 26: Isotermas de equilíbrio para adsorção do corante tartrazina por filmes de
quitosana
67
Para ambos os corantes, pode ser observado nestas figuras que as isotermas
de adsorção apresentaram um aumento inicial da capacidade de adsorção, seguida
por um comportamento convexo. A parte inicial indica uma grande afinidade entre o
adsorvente e os corantes, e a forma convexa sugere a formação de uma monocamada
de corante na superfície do filme. Além disso, é possível verificar que a capacidade de
adsorção para ambos os corantes aumenta com a redução da temperatura, sendo as
maiores capacidades observadas a 298 K. Esse comportamento pode ser atribuído a
um aumento da solubilidade do corante com a elevação da temperatura. Assim as
forças de interação entre os corantes e o solvente se tornam mais intensas que
aquelas entre os corantes e o adsorvente. Comportamento similar foi observado por
Dotto et al. (2012), na adsorção do corante azul ácido 9 por Spirulina platensis.
Os modelos de isotermas de Langmuir e Freundlich foram utilizados a fim de
obter informações a respeito do equilíbrio destes processos. Os parâmetros das
isotermas pra a adsorção dos corantes amaranto e tartrazina estão mostradas na
Tabela 9. Para ambos os corantes, o elevado valor do coeficiente de determinação
(R2>0,99) e o baixo valor do erro médio relativo (EMR<2,50) mostraram que o modelo
de Langmuir foi o mais adequado para ajustar os dados de equilíbrio. As máximas
capacidades de adsorção, obtidas à 298 K, foram de 494,13 mg g-1 e 480,00 mg g-1
para os corantes amaranto e tartrazina, respectivamente. Os valores dos parâmetros
qm e kL aumentaram com a redução da temperatura (Tabela 9). Isso mostra que a
adsorção foi favorecida pela redução da temperatura.
Tabela 9: Parâmetros das isotermas de adsorção dos corantes amaranto e tartrazina
por filme de quitosana.
Temperature (K) Amaranto Tartrazina
298 308 318 328 298 308 318 328
Freundlich
kF (mg g–1) (mgL–1) –1/ nF 171,99 152,30 65,23 56,77 140,85 129,59 110,55 52,34
nF 5,28 5,01 3,90 3,78 4,66 4,61 5,42 3,18
R2 0,993 0,995 0,987 0,987 0,998 0,998 0,997 0,989
EMR (%) 2,93 1,97 4,15 3,51 1,18 1,20 1,58 3,61
Langmuir
qm (mgg–1) 494,13 465,75 297,23 273,47 480,00 453,40 351,42 324,55
kL (L mg–1) 0,0720 0,0661 0,0313 0,0285 0,0499 0,0475 0,0457 0,0197
R2 0,997 0,998 0,994 0,995 0,999 0,999 0,998 0,998
EMR (%) 1,39 1,87 2,48 2,32 1,03 1,19 1,37 1,42
68
5.4.2 Termodinâmica de adsorção dos corantes amaranto e tartrazina por
filmes de quitosana
A avaliação termodinâmica dos processos de adsorção dos corantes amaranto
e tartrazina por filmes de quitosana foi feita através do cálculo da energia livre de
Gibbs, da variação de entalpia e da variação de entropia, sendo estes parâmetros
mostrados na Tabela 10. Os valores negativos de ΔG0 indicam que a adsorção de
ambos os corantes foi um processo espontâneo e favorável, em todas as temperaturas
estudadas. De acordo com o valor de variação de entalpia (ΔH0), a adsorção foi um
processo exotérmico, e devido à magnitude do valor, pode-se concluir que a interação
adsorvente adsorbato ocorreu por interação eletrostática entre os grupos sulfonados
dos corantes, carregados negativamente, e os grupamentos amina protonadas do
filme de quitosana.
O valor negativo da variação de entropia ΔS0 indica que ocorreu uma redução
da desordem na interface sólido-solução durante a adsorção. Comportamento
termodinâmico similar foi observado por Dotto et al. (2013), na adsorção do corante
vermelho ácido 18 em filmes de quitosana.
Tabela 10: Parâmetros termodinâmicos para a adsorção dos corantes amaranto e
tartrazina em filmes de quitosana.
Corante Temperatura (K) ΔG0 (kJ mol–1)* ΔH0 (kJ mol–1)* ΔS0×103 (kJ mol–
1K–1)*
Amaranto
298 -34,7±0,2
-46,7±0,7 -39,0±1,0 308 -35,4±0,1
318 -33,4±0,1
328 -34,0±0,1
Tartrazina
298 -33,4±0,1
-34,1±0,5 -1,2±0,2 308 -34,2±0,2
318 -34,7±0,1
328 -33,1±0,1
*média ± desvio padrão (n=3)
69
5.4.3 Cinética de adsorção dos corantes amaranto e tartrazina por filmes
de quitosana
As cinéticas de adsorção dos corantes amaranto e tartrazina por filmes de
quitosana foram estudada através das curvas de adsorção em função do tempo em
diferentes taxas de adsorção (50, 150, 250 e 350 rpm) conforme mostram as Figura 27
e 28.
Figura 27: Curvas cinéticas para adsorção do corante amaranto por filmes de
quitosana.
70
Figura 28: Curvas cinéticas para adsorção do corante tartrazina por filmes de
quitosana.
Uma cinética lenta foi observada para o corante amaranto, sendo 90% de sua
saturação atingida com 120 min (Figura 27). Por outro lado, a adsorção do corante
tartrazina apresentou um comportamento cinético mais rápido, chegando a 95% da
sua saturação em apenas 20 min (Figura 28). Isto pode ter ocorrido devido ao fato das
moléculas do corante amaranto serem mais volumosas que as moléculas do corante
tartrazina, tornando a sua difusão molecular mais lenta, resultando em uma menor
taxa de adsorção. Além disso, o corante amaranto possui um maior número de anéis
aromáticos, levando a um maior impedimento histérico. Com relação à taxa de
agitação, foi verificado que um aumento da mesma levou a um aumento na taxa de
adsorção do corante amaranto. Para o corante tartrazina, a variação na taxa de
agitação causou um pequeno efeito.
Na cinética de adsorção dos corantes, os modelos de pseudo-primeira ordem,
pseudo-segunda ordem e Elovich foram avaliados. Os parâmetros cinéticos dos
modelos estão apresentados na Tabela 11. Os elevados valores dos coeficientes de
determinação (R2>0.99) e os baixos valores de erros médios relativos
71
(EMR<8,00%),mostram que o modelo de Elovich foi o mais adequado para
representar a cinética de adsorção do corante amaranto por filmes de quitosana. O
parâmetro “b” da equação de Elovich (Tabela11) aumentou com a elevação da taxa de
agitação, mostrando que a adsorção ocorreu mais rapidamente à 350 rpm. Para a
adsorção do corante tartrazina, o modelo de pseudo-primeira ordem mostrou-se mais
adequado (R2>0,99 and EMR<2,10%), confirmando a rápida cinética de adsorção
desse corante. Para esse caso, o pequeno efeito da taxa de agitação pode ser
confirmado pelo pequeno valor de k1.
Tabela 11: Parâmetros de ajuste dos modelos cinéticos para adsorção dos corantes
amaranto e tartrazina por filmes de quitosana.
Taxa de agitação
(rpm)
Amaranto Tartrazina
50 150 250 350 50 150 250 350
Pseudo-primeira ordem
q1 (mg g–1) 288,26 280,37 307,90 343,50 408,92 423,00 437,37 443,42
k1 (min–1) 0,0149 0,0198 0,0237 0,0293 0,2037 0,1979 0,1905 0,1913
R2 0,991 0,986 0,987 0,985 0,999 0,999 0,999 0,999
EMR (%) 11,19 12,19 9,87 7,71 1,91 0,56 1,97 2,03
Pseudo-segunda ordem
q2 (mg g–1) 257,78 250,89 336,76 406,94 440,84 457,28 474,19 480,01
k2×103 (g mg–1min–1) 0,114 0,148 0,095 0,086 0,720 0,660 0,661 0,600
R2 0,940 0,923 0,977 0,989 0,987 0,989 0,991 0,990
EMR (%) 14,35 9,69 6,34 6,93 3,75 0,65 3,19 3,33
Elovich
a (g mg–1) 0,0067 0,0079 0,0078 0.,0077 0,0172 0,0162 0,0151 0,0150
b (mg g-1min–1) 5,13 7,22 10,10 15,07 1328,92 1164,08 980,65 1030,06
R2 0,996 0,994 0,999 0,998 0,913 0,920 0,927 0,922
EMR (%) 7,41 7,74 3,87 4,78 10,02 9,55 9,52 9,75
5.4.4 Microscopia eletrônica de varredura
As imagens de microscopia eletrônica de varredura dos filmes de quitosana
antes e após a adsorção dos corantes amaranto e tartrazina estão mostradas na
Figura 29. O filme de quitosana antes da adsorção apresenta uma superfície rugosa e
homogênea, com cavidades e protuberâncias (Figura 29(a)).Contudo, após a
72
adsorção, estas características texturais foram alteradas em ambos os casos (Figuras
29(b),(c)). Isso pode ser explicado devido ao efeito do inchamento do filme, o qual
pode ter causado pelo influxo das soluções de corantes nas estruturas dos filmes.
Além disso, ocorreu a acomodação de moléculas de corantes na superfície do
adsorvente, em virtude da existência de sítios ativos.
Figura 29: Imagens de MEV: filme de quitosana: (a) antes do processo de adsorção, (b) adsorvido com o corante amaranto, (c) adsorvido com o corante tartrazina.
5.5 Resultados dos experimentos de adsorção do corante
reativo preto 5 por filmes de quitosana
5.5.1 Isotermas de adsorção do corante reativo preto 5 por filmes de
quitosana
As curvas de equilíbrio para a adsorção do corante reativo preto 5 por filmes
de quitosana foram obtidos em pH 4,0 a 298, 308, 318 e 328 K, a fim de verificar o
efeito da temperatura. Estas curvas são apresentadas na Figura 30.
73
Figura 30: Isotermas de equilíbrio para adsorção do corante reativo preto 5 por filmes
de quitosana.
Pode ser observado na Figura 30 que as isotermas foram caracterizadas como
tipo I. Isto mostra que o filme possui sítios de adsorção de fácil acesso e que ocorreu a
saturação em sua monocamada. Curvas semelhantes foram encontrados por Dotto et
al. (2013), na adsorção dos corantes alimentícios ácido vermelho 18 e FD & C azul 2
em filmes de quitosana. Além disso, na figura pode-se observar que a capacidade de
adsorção foi favorecida pela diminuição da temperatura, sendo o valor máximo de
589,5 mg g–1 obtidos à 298 K. Isto ocorreu porque o aumento da temperatura acarreta
um aumento na solubilidade dos corantes, assim, as forças de interação entre corante
e solvente tornam-se mais forte do que entre corante e adsorvente.
Os parâmetros de equilíbrio para a adsorção do corante reativo preto 5 por
filmes de quitosana, utilizando os modelos de Langmuir (Equação 5) e Freundlich
(Equação 7) estão apresentados na Tabela 12.
Os altos valores do coeficiente de determinação (R2>0,98) e os baixos valores
do erro médio relativo (EMR<2,00%) (Tabela 12) mostram que o modelo de Langmuir
foi o mais adequado para representar a adsorção do corante reativo preto 5 por filmes
de quitosana. Os valores de kL aumentaram com a diminuição da temperatura, que
74
mostra que a afinidade adsorvente-corante foi máxima a 298 K. A mesma tendência foi
encontrada para qm, a capacidade de adsorção foi favorecida a 298 K.
Tabela 12: Parâmetros das isotermas de adsorção do corante reativo preto 5 por filme
de quitosana.
T (K) Langmuir
kL(L mg–1) qm(mg g–1) R2 EMR (%)
298 0,14 589,5 0,986 1,57
308 0,12 574,3 0,985 1,93
318 0,11 451,1 0,996 0,25
328 0,10 305,3 0,995 0,36
T (K) Freundlich
kF(mg g–1)(mg L–1)–1/nF
nF R2 EMR (%)
298 171,1 4,1 0,916 3,93
308 121,9 3,4 0,952 3,53
318 116,2 4,1 0,903 7,61
328 97,6 4,9 0,900 8,27
5.5.2 Termodinâmica de adsorção do corante reativo preto 5 por filmes de
quitosana
A avaliação termodinâmica dos processos de adsorção do corante reativo preto
5 por filmes de quitosana foi feita através do cálculo da energia livre de Gibbs, da
variação de entalpia e da variação de entropia, sendo estes parâmetros mostrados na
Tabela 13. Os valore negativos de ΔG0 indicam que a adsorção é um processo
espontâneo e favorável em todas as temperaturas estudadas. De acordo com o valor
negativo de variação de entalpia (ΔH0), a adsorção foi um processo exotérmico, e
devido à magnitude do valor, pode-se concluir que a interação adsorvente-adsorbato
ocorreu por interação eletrostática entre os grupos sulfonados dos corantes,
carregados negativamente, e os grupamentos amina protonadas do filme de
quitosana.
Os valores de KD (Tabela 13) aumentaram com a diminuição da temperatura,
confirmando que a adsorção do corante reativo preto 5 por filme de quitosana foi
favorecida a 298 K. O valor de ΔS0 foi positivo,indicando que ocorreu um aumento da
desordem na interface adsorvente-adsorbato durante a adsorção.
75
Tabela 13: Parâmetros termodinâmicos para a adsorção do reativo preto 5.
Temperatura (K) ΔG0 (kJ mol-1)* ΔH0 (kJ mol-1)* ΔS0 (kJ mol-1 K-1)*
298 -28,03 ± 0,02
-27,05 ± 0,95 0,0040 ± 0,0002 308 -28,49 ± 0,02
318 -28.54 ± 0,01
328 -28,11 ± 0,01
*média ± desvio padrão (n=3)
5.5.3 Cinética de adsorção do corante reativo preto 5 por filmes de
quitosana
As curvas cinéticas para os adsorventes do corante reativo preto 5 foram
obtidos em pH 4,0 e à temperatura de 298 K.Também foi verificado o efeito da
variação da taxa de agitação (50, 100, 200 e 300 rpm) no processo. As curvas
cinéticas são apresentadas na Figura 31.
Figura 31: Curvas cinéticas para adsorção do corante reativo preto 5 por filmes de
quitosana.
76
A taxa de adsorção do corante reativo preto 5 aumentou com o aumento da
velocidade de agitação no intervalo de tempo considerado. De acordo com Dotto e
Pinto (2011), isto ocorre, pois o aumento da taxa de agitação conduz a um aumento da
dissipação de energia e da turbulência na zona de mistura. Como consequência,
ocorre uma diminuição da resistência da camada limite.
Os modelos cinéticos de pseudo-primeira ordem (Equação 13), pseudo-
segunda ordem (Equação 15) e de Elovich (Equação 16) foram ajustados aos dados
experimentais, e esses resultados são apresentados na Tabela 14.
Com base nos valores de coeficiente de determinação (R2>0,99) e erro médio
relativo (EMR<6,00%), pode-se concluir que o modelo de Elovich foi o mais apropriado
para representar a cinética de adsorção do corante reativo preto 5 por filme de
quitosana. Os valores da constante "a" na Tabela 13 foram aumentando com o
aumento da velocidade de agitação, o que confirma que a adsorção foi mais rápida a
300 rpm.
Tabela 14:Parâmetros de ajuste dos modelos cinéticos para adsorção do corante
reativo preto 5 por filmes de quitosana.
Taxa de agitação
50 rpm 100 rpm 200 rpm 300 rpm
Pseudo-primeira ordem
q1 (mg g–1) 82,2 122,0 139,6 144,1
k1 (min–1) 0,013 0,014 0,015 0,019
R2 0,990 0,983 0,978 0,976
EMR (%) 8,74 8,15 17,82 12,06
Pseudo-segunda ordem
q2 (mg g–1) 94,4 133,8 156,7 161,2
k2 (g mg–1 min–1) 0,00007 0,00009 0,00010 0,00015
R2 0,987 0,909 0,969 0,971
EMR (%) 8,39 15,62 12,61 6,30
Elovich
a (mg g–1 min–1) 0,01678 0,01782 0,01824 0,01938
b (g mg–1) 1,47 2,04 3,21 4,19
R2 0,999 0,999 0,999 0,999
EMR (%) 5,21 5,00 4,34 4,15
77
5.5.4 Análise de infravermelho dos filmes de quitosana após a adsorção
do corante reativo preto 5
A Figura 32 mostra o espectro de infravermelho do filme de quitosana após a
adsorção do corante reativo preto 5. Após o processo de adsorção houve um
estreitamento das bandas relativas aos estiramentos das ligações N-H e O-H em 3400
cm-1 (de forte intensidade) quando comparado com o espectro do filme de quitosana
pura. As bandas relativas à ligação C-N que no espectro do filme puro estavam
localizadas por volta de 1550 cm-1 e 1075 cm-1 sofreram deslocamentos, sendo as
mesmas localizadas após a adsorção do corante reativo preto 5 nas regiões de 1650
cm-1 e 1050 cm-1 (de média e fraca intensidades respectivamente). Isso indica que
ocorreram interações do corante com os sítios ativos dos filmes de quitosana.
Figura 32: Espectro de infravermelho do filme de quitosana após a adsorção do
corante reativo preto 5.
5.5.5 Dessorção e reuso do adsorvente
Para a dessorção e o reuso dos filmes de quitosana após a adsorção do
corante reativo preto 5, quatro eluentes que foram testados (NaCl, EDTA, NaOH e
78
NH4OH nas diferentes concentrações), o mais adequado foi o NH4OH 0,05 mol L-1,
sendo que, todo o corante foi removido dentro de 6 h. Este resultado confirma o
mecanismo de interação eletrostática, uma vez que esta interação foi corrompida com
a solução de NH4OH. Além disso, os filmes de quitosana foram facilmente separados
da fase líquida por um gradeamento. O filme pôde ser reutilizado por até duas vezes,
porém este apresentou uma diminuição na capacidade de adsorção de até 20%.
5.6 Resultados dos experimentos de adsorção do corante
reativo preto 5 por filmes modificados de quitosana com
vanádio
5.6.1 Propriedades mecânicas, cor e espessura dos filmes modificados
com vanádio
Os filmes modificados de quitosana com vanádio foram caracterizados de
acordo com as propriedades mecânicas (alongamento e tensão de ruptura) e a
espessura. Os resultados estão demonstrados na Tabela 15 e foram comparados com
os valores obtidos para o filme puro.
Tabela 15: Características dos filmes puro e modificado de quitosana com vanádio.
Características
Valor*
Filme puro Filme modificado
com vanádio
Propriedades
mecânicas
Tensão de ruptura
(MPa) 25,1±1,9a 29,1±2,0b
Alongamento (%) 10,5±3,5a 8,9±4,2a
Espessura (µm) 61±1a 63 ± 4a
*média ± erro padrão (n=3). Letras diferentes na mesma linha apresentam diferença significativa (p<0,05).
Pode-se observar na Tabela 15 que os valores de espessura dos filmes após
a modificação não apresentaram diferenças significativas ao nível de 95% (p≤0,05),
em todas as amostras. O valor de tensão de ruptura aumentou aproximadamente 16%
após a modificação com vanádio, indicando que houve alteração nas propriedades
físico-químicas dos filmes produzidos. Já o alongamento não apresentou diferença
significativa (p>0,05) com a modificação.
79
5.6.2 Comportamento da adsorção do corante reativo preto 5 por filmes
modificados de quitosana com vanádio em função do pH
Os filmes modificados de quitosana, foram utilizados para tratar o corante têxtil
reativo preto 5, a fim de avaliar a capacidade de adsorção em diferentes condições de
pH (4,0, 6,0 e 8,0). A Figura 33 apresenta os valores da capacidade de adsorção e o
percentual de remoção dos filmes modificados de quitosana em diferentes nos
diferentes pHs.
Figura 33: Efeito dos pHs (4,0, 6,0 e 8,0) na adsorção do corante reativo preto 5 para
filmes modificados de quitosana.
Na Figura 33, pode-se observar que a adsorção do corante reativo preto 5 foi
favorecido pela redução do pH de 8,0 para 4,0. Isto ocorreu devido aos íons H+
presentes na solução aumentarem a protonação dos grupos amina da quitosana
(NH2), os quais são convertidos em NH3+. Estes grupos amina protonados são os
responsáveis pela interação com o corante aniônico. Chatterjee et al. (2009), na
adsorção do corante reativo preto 5 em filme modificado de quitosana, observou que a
capacidade de adsorção aumentou de 220 para 360 mg g-1, quando o pH foi diminuído
de 8,0 para 4,0.
80
Assim, as condições mais adequadas para a adsorção do corante reativo preto
5 foi em pH 4,0 para os filmes modificados de quitosana com vanádio. Nessa
condição, o filme apresentou capacidade de adsorção de cerca de 360 mg g-1 e
porcentagens de remoção próximo de 95%. Deste modo, para a continuidade do
trabalho, foi utilizada a condições mais adequada de pH.
5.6.3 Isotermas de adsorção do corante reativo preto 5 por filmes
modificados de quitosana com vanádio
As curvas de equilíbrio de adsorção em diferentes temperaturas 298, 308,
318 e 328 K foram realizadas a fim de verificar o efeito da temperatura na capacidade
de adsorção dos filmes modificados com vanádio. A Figura 34 apresenta o
comportamento gráfico das curvas de equilíbrio a diferentes temperaturas.
Figura 34: Isotermas de equilíbrio para adsorção do corante reativo preto 5 por filmes
modificados de quitosana com vanádio.
Observa-se que para o filme modificado de quitosana a isoterma foi
caracterizada como tipo I. Isto implica que o os filmes modificados têm os sítios de
adsorção com energias de adsorção homogêneas e por isso possibilitam formação da
81
monocamada de adsorção. Além disso, na Figura 34, mostra que a capacidade de
adsorção aumentou com a diminuição da temperatura, sendo os valores máximos
foram obtidos a 298 K. Os parâmetros de equilíbrio para a adsorção do corante reativo
preto 5 por filmes modificados de quitosana com vanádio foram calculados utilizando
os modelos de Langmuir e Freundlich, e estão apresentados na Tabela 16.
Tabela 16: Parâmetros das isotermas de adsorção do corante reativo preto 5 por filme
modificados de quitosana com vanádio.
T (K) Langmuir
kL(L mg–1) qm(mg g–1) R2 EMR (%)
298 1,92 521,8 0,998 4,09
308 0,91 499,8 0,981 3,34
318 0,96 397,4 0,986 4,43
328 1,90 259,9 0,999 1,7
T (K) Freundlich
kF(mg g–1)(mg L–1)–1/nF
nF R2 EMR (%)
298 273,10 7,5 0,988 6,31
308 222,74 6,1 0,971 5,24
318 201,76 7,0 0,951 10,3
328 188,47 12,9 0,975 4,93
Pode-se observar na Tabela 16 que os altos valores do coeficiente de
determinação (R2>0,98) e os baixos valores do erro médio relativo (EMR<5,00%),
mostram que o modelo de Langmuir foi o mais adequado para representar a adsorção
do corante reativo preto 5 por filmes modificados de quitosana com vanádio. Os
valores de kL aumentaram com a diminuição da temperatura, que mostra que a
afinidade adsorvente-adsorbato foi máxima à 298 K. A mesma tendência foi
encontrada para qm, a capacidade de adsorção foi favorecida 298 K.
5.6.4 Termodinâmica de adsorção do corante reativo preto 5 por filmes
modificados´de quitosana com vanádio
A constante de equilíbrio termodinâmico (KD), a energia livre de Gibbs (ΔG°),
variação de entalpia (ΔH°) e variação de entropia (ΔS°) foram determinados, e os
resultados estão apresentados na Tabela 17.
82
Tabela 17: Parâmetros termodinâmicos para a adsorção do corante reativo preto 5 em
filmes de quitosana modificados com vanádio.
Temperatura (K)
298 308 318 328
KD (L g–1) 273,10 ± 1,03 222,74 ± 0,98 201,76 ± 1,50 188,47 ±
1,09
ΔG0 (kJ mol–1) -31,00 ± 0,02 -31,52 ± 0,02 -32,28 ± 0,01 -33,11 ± 0,02
ΔH0 (kJ mol–1) -9,91 ± 1.35
ΔS0 (kJ mol–1 K–1) 0,0705 ± 0,01
Os valores de KD (Tabela 17)aumentaram com a diminuição da temperatura,
confirmando que a adsorção do corante reativo preto 5 por filmes modificados de
quitosana com vanádio foi favorecida a 298 K. Os valores negativos e elevados de
ΔG° indicam que a adsorção foi um processo espontâneo e energeticamente
favorável. Os valores negativos de ΔH° indicam um processo exotérmico. Além disso,
a magnitude do ΔH° é consistente com adsorção física devido as interações
eletrostáticas. O valor de ΔS° foi positivo, sugerindo o aumento da aleatoriedade na
interface sólido/solução devido às interações existentes entre adsorvente e adsorbato.
5.6.5 Cinética de adsorção do corante reativo preto 5 por filmes
modificados de quitosana com vanádio
As curvas cinéticas para a adsorção do corante reativo preto 5 por filmes
modificados de quitosana com vanádio foram obtidas em pH 4,0 e à temperatura de
298 K, e foi analisado o efeito da taxa de agitação (50, 100, 200 e 300 rpm). As curvas
estão apresentadas na Figura 35.
83
Figura 35: Curvas cinéticas para adsorção do corante reativo preto 5 por filmes
modificados de quitosana com vanádio.
A taxa de adsorção do corante reativo preto 5 por filmes modificados de
quitosana com vanádio aumentaram com o aumento da velocidade de agitação, no
intervalo de tempo considerado. Isto ocorreu porque o aumento da taxa de agitação
leva a um aumento da dissipação de energia e da turbulência na zona de mistura.
Como consequência, uma diminuição da espessura do filme ocorre, e a resistência da
camada limite é menor.
Os modelos cinéticos de pseudo-primeira ordem, pseudo-segunda ordem e de
Elovich foram ajustados aos dados experimentais, e esses resultados são
apresentados na Tabela 18.
Pode-se observar na Tabela 18 que o modelo de pseudo-primeira ordem foi o
mais apropriado para representar a cinética de adsorção do corante reativo preto 5 por
filmes modificados de quitosana com vanádio,e os valores de k1, que por sua vez,
aumentaram com o aumento da agitação, mostrando que a adsorção foi mais rápida
em altas agitações, e os valores de q1 apresentaram o mesmo comportamento,
mostrando que no tempo considerado, a agitação favoreceu a taxa de adsorção.
84
Tabela 18: Parâmetros de ajuste dos modelos cinéticos para adsorção do corante
reativo preto 5 por filmes modificados de quitosana com vanádio.
Taxa de agitação
50 rpm 100 rpm 200 rpm 300 rpm
Pseudo-primeira ordem
q1 (mg g–1) 174,6 262,8 263,6 321,3
k1 (min–1) 0,008 0,010 0,011 0,013
R2 0,995 0,996 0,994 0,995
EMR (%) 3,74 3,05 4.,28 3,93
Pseudo-segunda ordem
q2 (mg g–1) 166,6 236,97 256,62 289,42
k2 (g mg–1 min–1) 0,00009 0,00005 0,00007 0,00005
R2 0,947 0,944 0,945 0,814
EMR (%) 6,31 6,01 7,43 6,70
Elovich
a (mg g–1 min–1) 0,0101 0,0061 0,0071 0,0062
b (g mg-1) 1,87 2,25 3,37 4,84
R2 0,992 0,994 0,990 0,989
EMR (%) 6,33 6,57 8,39 8,64
5.6.6 Análise de infravermelho dos filmes modificados de quitosana com
vanádio antes e após a adsorção do corante reativo preto 5
A Figura 36 mostra os espectros de infravermelho dos filmes modificados de
quitosana com vanádio antes (Figura 36(a)) e após (Figura 36(b)) a adsorção do
corante reativo preto 5. Após o processo de adsorção houve um estreitamento das
bandas relativas aos estiramentos das ligações N-H e O-H (de forte intensidade) em
3400 cm-1, quando comparado com o espectro do filme modificado antes da adsorção.
As bandas relativas a ligação C-N que no espectro do filme modificado antes da
adsorção estavam localizadas por volta de 1550 cm-1e 1075 cm-1 (de forte e média
intensidades respectivamente), sofreram uma sobreposição, sendo as mesmas
localizadas nas regiões de 1650 cm-1e 1100 cm-1 após a adsorção do corante reativo
preto 5. Isso mostra a interação do corante com os sítios ativos dos filmes modificados
de quitosana.
85
Figura 36: Espectros de FT-IR: (a) filme modificado de quitosana com vanádio, (b)
filme modificado de quitosana com vanádio após adsorção do corante reativo preto 5.
86
5.6.7 Espectroscopia dispersiva de raios X (EDX) dos filmes modificados
de quitosana com vanádio
As análises de composição elementar da superfície dos filmes modificados de
quitosana com vanádio após a adsorção foram realizadas através da técnica de EDX.
A Figura 37 apresenta o espectro de EDX do filme modificado de quitosana
com vanádio após a adsorção do corante. É possível notar o elemento enxofre
proveniente dos grupos sulfonados do corante, mostrando sua presença na superfície
do filme, bem como do vanádio presente para modificar o filme.
Figura 37: Espectro de EDX do filme modificado de quitosana com vanádio após a
adsorção do corante reativo preto 5.
A Figura 38 apresenta o espectro de EDX do filme modificado de quitosana
com vanádio após a dessorção do corante. É possível observar que após o processo
de dessorção os íons de vanádio se mantiveram presentes na estrutura do filme.
87
Figura 38: Espectro de EDX do filme modificado de quitosana com vanádio após a
dessorção do corante reativo preto 5.
5.6.8 Dessorção e Reuso dos filmes modificados de quitosana com
vanádio
Para a dessorção do corante reativo preto 5 dos filmes modificados de
quitosana com vanádio, dois eluentes foram testados (NaOH e NH4OH em diferentes
concentrações). A Tabela 19 apresenta os percentuais de dessorção obtidos em cada
um dos tratamentos realizados.
Tabela 19: Resultados da dessorção do corante reativo preto 5 dos filmes modificados
de quitosana com vanádio.
Eluentes Concentração (mol L-1) Dessorção (%)
NaOH 0,001 71,7 ± 2,4
0,01 92,1 ± 1,6
NH4OH 0,001 89,5 ± 1,2
0,01 95,9 ± 1,4
Observa-se na Tabela 19 que o eluente mais adequado para a dessorção do
foi o NH4OH 0,01 mol L-1. Este resultado confirma o mecanismo de interação
eletrostática, uma vez que esta interação foi corrompida com a solução de NH4OH,
uma vez que o aumento da concentração do eluente aumenta a quantidade deste no
meio, o que facilita ainda mais a dessorção.
88
Após definir o eluente apropriado foram realizados cinco ciclos de
adsorção/dessorção, para avaliar se o mesmo poderia ser reutilizado. A Figura 39
apresenta os percentuais de remoção de adsorção/dessorção em cada ciclo de reuso.
Figura 39: Gráfico dos percentuais de remoção dos ciclos de reuso
(adsorção/dessorção) dos filmes modificados de quitosana com vanádio.
Pode-se observar na Figura 39 que o filme de quitosana modificado com
vanádio apresentou um bom desempenho quanto a sua reutilização, pois após cinco
ciclos de adsorção/dessorção estes perderam aproximadamente 20% da sua
capacidade de adsorção.
5.7 Adsorção do corante reativo preto 5 por filmes modificados
de quitosana com terra ativada
5.7.1 Propriedades mecânicas, cor e espessura dos filmes modificados
com terra ativa
Os filmes modificados de quitosana com terra ativada foram caracterizados de
acordo com as propriedades mecânicas (alongamento e tensão de ruptura) e a
espessura. Os resultados estão demonstrados na Tabela 20.
89
Tabela 20: Características dos filmes modificados de quitosana com terra ativada.
Características
Valor*
Filme modificado
com terra ativada
(proporção 2,5:1)
Filme modificado
com terra ativada
(proporção 5:1)
Propriedades
mecânicas
Tensão de ruptura
(MPa)
29,1±3,1a 28,8±2,1a
Alongamento (%) 7,5±0,5a 7,1±0,2a
Espessura (µm) 61±3a 61 ± 5a
*média ± desvio padrão (n=3). Letras iguais na mesma linha não apresentam diferença significativa (p>0,05).
Pode-se observar na Tabela 20, que os valores das espessuras e propriedades
mecânicas (tensões de ruptura e alongamentos) dos filmes modificados não
apresentaram diferenças significativas ao nível de 95% (p>0,05).
5.7.2 Análise de infravermelho dos filmes modificados de quitosana com
terra ativada
A Figura 40 mostra os espectros de infravermelho do filme modificados de
quitosana com terra ativada na proporção de 5:1. É possível verificar que o espectro
apresentou os estiramentos característicos dos filmes puros de quitosana, mostrando
que após as modificações, os grupamentos funcionais responsáveis pela adsorção se
mantiveram inalterados. Isto pode justificar uma maior capacidade de adsorção em
baixos pH devido a protonação dos grupos amina e hidroxila, mesmo após a
modificação com terra ativada.
90
Figura 40: Espectros de FT-IR do filme modificado de quitosana com terra ativada
5.7.3 Microscopia eletrônica de varredura dos filmes modificados de
quitosana com terra ativada
As imagens de microscopia eletrônica de varredura dos filmes modificados de
quitosana com terra ativada na proporção de 5:1 podem ser visualizadas na Figuras
41.
Figura 41: Imagens de MEV: (a) filme modificado de quitosana com
terra ativada, (b) mapeamento do silício na superfície do filme.
91
Na Figura 41(a) é possível verificar que o filme possui superfície com muitas
rugosidades. Através de um mapeamento da superfície do filme, com o objetivo de
identificar o elemento silício originário da terra ativada (Figura 41(b)), foi possível
visualizar que o mesmo encontra-se homogeneamente distribuído sobre o filme de
quitosana. A superfície do filme se mostrou rugosa e estriada.
5.7.4 Comportamento da adsorção do corante reativo preto 5 por filmes
modificados de quitosana com terra ativada em função do pH
Os filmes modificados de quitosana com terra ativada, foram utilizados para
tratar o corante têxtil reativo preto 5, e avaliar a capacidade de adsorção em diferentes
condições de pH (2,0 – 8,0). As Figuras42 e 43 apresentam os valores da capacidade
de adsorção do corante reativo preto 5 por filmes modificados de quitosana com terra
ativada nas proporções de 5,0: e 2,5:1 respectivamente, em diferentes pH.
Nas Figuras 42 e 43, pode-se observar que a adsorção do corante reativo
preto 5 foi favorecido pela redução do pH de 8,0 para 2,0. Isto ocorreu, devido aos
íons H+ presentes na solução, o que facilitam a protonação dos grupos amino da
quitosana (NH2). Estes grupos amino protonados são os responsáveis pela interação
com o corante aniônico. Chatterjee et al. (2009), na adsorção do corante reativo preto
5 em filme modificado de quitosana, observou que a capacidade de adsorção
aumentou de 220 para 360 mg g-1, quando o pH foi diminuído de 8,0 para 4,0.
Assim, as condições mais adequadas para a adsorção de reativo preto 5 foram
em pH 2,0 para os filmes modificados de quitosana com terra ativada. Nessa
condição, as capacidades de adsorção dos filmes de quitosana modificada com terra
ativada na maior e menor relações foram de 188 mg g-1 e 175 mg g-1, respectivamente.
Isso indica que os filmes modificados são capazes de remover contaminantes como o
corante reativo preto 5 de soluções aquosas, e que a capacidade do adsorvente é
influenciada pelo pH, mostrando que os filmes mantiveram as propriedades da
quitosana de possuir sítios capazes de protonar, potencializando a adsorção de ânions
como o corante estudado.
92
Figura 42: Capacidade de adsorção dos filmes modificados de quitosana com terra
ativada(relação em massa de quitosana:terra ativada de 5:1) em função do pH.
Figura 43: Capacidade de adsorção dos filmes modificados de quitosana com terra
ativada (relação em massa de quitosana:terra ativada de 2,5:1) em função do pH.
93
6. CONCLUSÃO
Este trabalho visou à utilização de filmes do biopolímero quitosana para a
remoção de íons de vanádio e dos corantes alimentícios amaranto e tartrazina, de
soluções aquosas. Também foi realizada modificações dos filmes de quitosana a fim
de realizar um estudo comparativo na adsorção do corante têxtil reativo preto 5 antes
e após as modificações.
As amostras de quitosana obtidas de resíduos de camarão foram de média
massa molar (na faixa de 120 a 150 kDa). Os filmes obtidos das quitosanas com 85%
e 95% de GD foram caracterizados de acordo com as propriedades mecânicas, onde
os alongamentos foram de aproximadamente 11% e as tensões de ruptura foram de
30 e 25 MPa, respectivamente. Para ambos os filme, as espessuras se mostraram
similares com valores próximos de 60 µm, e quanto as propriedades óticas, os filmes
apresentaram elevada luminosidade com um ângulo Hab ao redor de 89,0°. Os
espectros de infravermelho com transformada de Fourier dos filmes mostraram os
grupos funcionais característicos da molécula de quitosana.
No estudo da adsorção de íons de vanádio por filmes de quitosana, o
percentual de remoção de vanádio (R%) e a capacidade de adsorção (q) mostraram
um comportamento parabólico em relação ao pH, sendo seus valores máximos obtidos
em pH 6, utilizando concentrações de filme de 300 mg L-1 e 100 mg L-1,
respectivamente, para o percentual de remoção (R=50,3%) e para a capacidade de
adsorção (q=251 mg g-1). O modelo de BET foi o mais adequado para representar as
isotermas de equilíbrio de adsorção. A capacidade de adsorção foi favorecida pelo
aumento da temperatura alcançando um valor máximo de 102,25 mg g-1 à 333 K. Os
valores de ΔG, ΔH e ΔS mostraram que a adsorção de vanádio por filmes de
quitosana foi um processo espontâneo, favorável, endotérmico e que a desordem na
interface sólido-líquido aumentou durante o processo. O modelo de pseudo-segunda
ordem foi o mais adequado para representar os dados experimentais cinéticos da
adsorção do vanádio por filmes de quitosana. O estudo do gráfico de Weber e Morris
mostrou que a adsorção ocorreu por transferência de massa externa e difusão
intrapartícula, e que o aumento na taxa de agitação causou uma diminuição no efeito
externo. A análise das interações dos espectros de infravermelho mostrou a presença
de vanádio no filme de quitosana, e sua preferência pela região da amina e pela
hidroxilas protonadas em meio ácido. As imagens dos filmes antes e após a adsorção
identificaram que houve um recobrimento da superfície do filme e uma redução da
rugosidade da mesma. Através de um mapeamento da superfície do filme, foi possível
94
visualizar que o vanádio encontra-se homogeneamente distribuído sobre o filme de
quitosana após a adsorção. O espectro de EDX do filme de quitosana após a adsorção
apresentou bandas relativas ao vanádio. As curvas das análises termogravimétricas
dos filmes de quitosana antes e após a adsorção apresentaram três etapas distintas
de perda de massa, entretanto, o filme após o processo de adsorção apresentou
massa remanescente a qual foi atribuida ao vanádio adsorvido. Foram realizados
cinco ciclos de reuso utilizando-se NH4Cl (0,01 mol L-1) como eluente, e a capacidade
do filme de quitosana se manteve a mesma durante os ciclos.
No estudo da adsorção dos corantes alimentícios amaranto e tartrazina por
filme de quitosana (85%GD), para ambos os corantes, o modelo de Langmuir foi o
mais adequado para ajustar os dados de equilíbrio. A capacidade de adsorção foi
favorecida pela redução da temperatura, tendo seus valores máximos de 494 mg g-1 e
480 mg g-1 à 298 K para os corantes amaranto e tartrazina, respectivamente. Os
valores de ΔG, ΔH e ΔS mostraram que a adsorção dos corantes por filmes de
quitosana foram processos espontâneo, favoráveis, exotérmicos e que a desordem na
interface sólido-líquido diminuiu durante o processo. O modelo de Elovich foi o mais
adequado para representar a cinética de adsorção do corante amaranto por filmes de
quitosana, e o modelo de pseudo-primeira ordem apresentou melhor ajuste para o
corante tartrazina. As imagens de microscopia eletrônica de varredura dos filmes de
quitosana mostraram que os filmes antes da adsorção dos corantes apresentaram
superfícies rugosas e homogêneas, com cavidades e protuberâncias. Após a
adsorção, estas características texturais foram alteradas em ambos os corantes.
A adsorção do corante têxtil reativo preto 5 por filmes de quitosana (95%GD)
foi favorecida pela diminuição da temperatura, sendo o valor máximo de 589,5 mg g–1
obtidos à 298 K. O modelo de Langmuir foi o mais adequado para representar a
adsorção, e os valores de ΔG, ΔH e ΔS mostraram que a adsorção foi espontânea,
favorável, exotérmica, e que a desordem na interface sólido-líquido aumentou durante
o processo. A taxa de adsorção aumentou com o aumento da velocidade de agitação
no intervalo de tempo considerado. O modelo de Elovich foi o mais apropriado para
representar a cinética de adsorção do corante reativo preto 5 por filme de quitosana. O
espectro de infravermelho mostrou que, após o processo de adsorção, houveram
alterações das bandas relativas aos estiramentos dos grupamentos característicos do
biopolímero de quitosana. Isso indica que ocorreram interações do corante com os
sítios ativos dos filmes de quitosana. O eluente mais adequado para a regeneração do
adsorvente foi o NH4OH 0,05 mol L-1, sendo que, todo o corante foi removido dentro de
6 h. O filme pôde ser reutilizado por até duas vezes, porém este apresentou uma
diminuição na capacidade de adsorção de até 20%.
95
No estudo da adsorção do corante têxtil reativo preto 5 por filmes modificados
de quitosana (95%D) por íons de vanádio, os filmes modificados foram obtidos e
caracterizados, apresentando propriedades mecânicas, espessuras e os espectros de
infravermelho semelhantes aos filmes puros de quitosana. A condição mais adequada
para a adsorção do corante foi em pH 4,0. A capacidade de adsorção aumentou com a
diminuição da temperatura, sendo o valor máximo de 521,8 mg g–1obtido à 298 K. O
modelo de Langmuir foi o mais adequado para representar a adsorção do corante
reativo preto 5 por filmes modificados de quitosana com vanádio. Os valores negativos
e elevados de ΔG° indicaram que a adsorção foi um processo espontâneo e
energeticamente favorável. O valor negativo de ΔH° e positivo de ΔS° indicaram um
processo exotérmico e sugerem o aumento da aleatoriedade na interface
sólido/solução, devido às interações existentes entre adsorvente e adsorbato. A taxa
de adsorção do corante reativo preto 5 por filmes de quitosana modificados com
vanádio aumentaram com o aumento da velocidade de agitação, e o modelo de
pseudo-primeira ordem foi o mais apropriado para representar a cinética de adsorção.
Após o processo de adsorção houveram alterações das bandas relativas aos
estiramentos das ligações características do biopolímero, mostrando a interação do
corante com os sítios ativos dos filmes. No espectro de EDX dos filmes modificados
após a adsorção do corante foi possível notar apresenta do elemento enxofre,
proveniente dos grupos sulfonados do corante, mostrando sua presença na superfície
do filme, bem como do vanádio presente para modificar o filme. O eluente mais
adequado para a dessorção do foi o NH4OH 0,01 mol L-1. Foram realizados cinco
ciclos de adsorção/dessorção. Os filmes modificados de quitosana com vanádio
apresentaram bom desempenho quanto a sua reutilização, pois após cinco ciclos de
adsorção/dessorção estes perderam em torno de 20% da capacidade de adsorção.
Para adsorção do corante reativo preto 5 por filmes modificados de quitosana
com terra ativada, os valores de espessura, tensão de ruptura e alongamento dos
filmes modificados não apresentaram diferença significativa (p>0,05) nas diferentes
proporções de terra ativada (5:1 e 2,5:1). O espectro de infravermelho do filme
modificado apresentou os estiramentos característicos dos filmes de quitosana puro,
mostrando que após as modificações, os grupamentos funcionais responsáveis pela
adsorção se mantiveram inalterados. Através de um mapeamento da superfície do
filme, foi possível visualizar que o silício, originário da terra ativada, encontra-se
homogeneamente distribuído sobre o filme de quitosana. A adsorção do corante
reativo preto 5 foi favorecido pela redução do pH de 8,0 para 2,0. Na condição de pH
2, as capacidades de adsorção dos filmes de quitosana modificada com terra ativada
na maior e menor relações foram de 188,4 mg g-1 e 175 mg g-1 respectivamente.
96
7. SUGESTÕES
Para a continuidade do trabalho são sugeridas outras análises que possibilitem a
identificação das alterações geradas pela presença dos íons de vanádio na estrutura
polimérica dos filmes de quitosana, as quais foram responsáveis pelo aumento da
capacidade de reutilização. Também é possível o estudo da utilização de diferentes
íons metálicos na modificação dos filmes a fim de reutiliza-los com elementos mais
baratos e menos tóxicos que o vanádio. Além disso, pode ser avaliada a utilização de
terra ativada e outros adsorventes como terra diatomácia em proporções diferentes
das utilizadas nesse trabalho ou realizar alterações no procedimento de produção dos
filmes a fim de aumentar a capacidade de adsorção dos mesmos e minimizando os
custos de produção. No que tange ao tipo de adsorbato, torna-se interessante a
utilização de efluentes reais provenientes de industrias de bens de consumo, com o
objetivo de testar a seletividade e efetividade dos filmes de quitosana como
adsorvente em um processo real.
97
8. REFERÊNCIAS
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108
9. APÊNDICES
APÊNDICE 1: PRODUÇÃO BIBLIOGRÁFICA VINCULADA A TESE
1) TRABALHOS DESENVOLVIDOS SOBRE A TESE
A) ARTIGOS COMPLETOS PUBLICADOS EM PERIÓDICOS
CADAVAL, TITO R. S.; DOTTO, GUILHERME L. ; PINTO, LUIZ A. A. . Equilibrium
Isotherms, Thermodynamics and Kinetic Studies for the Adsorption of Food Azo Dyes
onto Chitosan Films. Chemical Engineering Communications (Print), v. 1, p.
140624085658006, 2014.
B) ARTIGOS COMPLETOS SUBMETIDO EM PERIÓDICOS
CADAVAL, TITO R. S.; DOTTO, GUILHERME L. ; SEUS E.; MIRLEAN N.; PINTO,
LUIZ A. A. . Vanadium removal from aqueous solutions by adsorption onto chitosan
films. Polymer Bulletin, POBU-D-14-00076.
C) ARTIGOS COMPLETOS PUBLICADOS EM CONGRESSOS
CADAVAL, T.R.S. ; CADAVAL, T.R.S. ; GNOATTO, G. A. D. ; OLIVEIRA, F. E. ;
DOTTO, G. L. ; VIEIRA, M. L. ; PINTO, L.A.A. . Influência do pH na adsorção de íons
de vanádio utilizando filmes de quitosana. In: 12 Congresso Brasileiro de Polímeros,
2013, Florianópolis. 12 Congresso Brasileiro de Polímeros, 2013.
CADAVAL, T.R.S. ; DOTTO, G. L. ; PINTO, L.A.A. . Adsorção de Cr (VI) por
Quitosana: Efeito dos Fatores de Processo. In: XIX Congresso Brasileiro de
Engenharia Química-COBEQ, 2012, Búzios-RJ. Anais do XIX COBEQ, 2012.
CADAVAL, T.R.S. ; CAMARA, A. S. ; DOTTO, G. L. ; PINTO, L.A.A. . Use of Highly
Deacetylated Chitosan for the Removal Cr (VI) from Aqueous Solutions by Adsorption:
Thermodynamic Parameters. In: VI Iberoamerican Chitin Symposium / XII International
Conference on Chitin and Chitosan, 2012, Fortaleza-CE. Anais do VI SIAQ / XII ICCC,
2012.
109
D) RESUMOS PUBLICADOS EM ANAIS DE CONGRESSOS OLIVEIRA, F. E. ; GNOATTO, G. A. D. ; CADAVAL, T.R.S. ; DOTTO, G. L. ; PINTO,
L.A.A. . Efeito da dosagem de filme de quitosana na adsorção de íons de vanádio. In:
12 Mostra Universitária, 2013, Rio Grande. 12 Mostra Universitária, 2013.
SALGADO, H. ; ARAUJO, E. ; OLIVEIRA, Q. ; CADAVAL, T.R.S. ; CADAVAL, T.R.S. ;
DOTTO, G. L. ; PINTO, L.A.A. . Utilização de pó e filmes de quitosana como
adsorventes para a remoção de cromo VI de soluções aquosas. In: 12 Mostra de
Produção Universitária, 2013, Rio Grande. 12 Mostra de Produção Universitária, 2013.
CADAVAL, T.R.S. ; DOTTO, G. L. ; OLIVEIRA, F. E. ; GNOATTO, G. A. D. ; PINTO, L.A.A. . Cinética da adsorção de vanádio em solução aquosa utilizando filme de quitosana. In: XXXVI Congresso Brasileiro de Sistemas Particulados, 2013, Maceió. XXXVI Congresso Brasileiro de Sistemas Particulados, 2013.
OLIVEIRA, Q. ; CADAVAL, T.R.S.; PINTO, LUIZ ANTONIO DE ALMEIDA .
Acompanhamento da reação de desacetilação de quitosana utilizando espectroscopia
de infravermelho.. In: 11ª Mostra da Produção Universitária (MPU), 2012, Rio Grande.
Anais da 11ª Mostra da Produção Universitária., 2012. v. 1. p. 1-1.
2) TRABALHOS RELACIONADOS A TESE
A) ARTIGOS COMPLETOS PUBLICADOS EM PERIÓDICOS
DOTTO, G.L.; CADAVAL, T.R.S.; PINTO, L.A.A. Use of Spirulina platensis micro and
nanoparticles for the removal synthetic dyes from aqueous solutions by biosorption.
Process Biochemistry, 47, 1335-1343 (2012).
DOTTO, G.L.; CADAVAL, T.R.S.; PINTO, L.A.A. Preparation of bionanoparticles
derived from Spirulina platensis and its application for Cr (VI) removal from aqueous
solutions. Journal of Industrial and Engineering Chemistry, proof., (2012)
http://dx.doi.org/10.1016/j.jiec.2012.05.005.
RÊGO, T. V.; CADAVAL JR., T. R. S.; DOTTO, G. L.; PINTO, L. A. A. Statistical
optimization, interaction analysis and desorption studies for the azo dyes adsorption
onto chitosan films. Journal Colloid Interface Science, 411 (2013) 27–33.
110
DOTTO,G. L.;MOURA, J. M.; CADAVAL,T. R. S.; PINTO,L. A. A. Application of
chitosan films for the removal of food dyes from aqueous solutions by adsorption.
Chemical Engineering Journal, 214 (2013)8–16.
CADAVAL Jr., T. R. S.; CAMARA, A. S.; DOTTO, G. L.; PINTO, L. A. A. Adsorption of
Cr (VI) by chitosan with different deacetylation degrees. Desalination and Water
Treatment, 51 (2013) 7690–7699.
DOTTO, G.L. ; GONÇALVES, J.O. ; CADAVAL, T.R.S. ; PINTO, L.A.A. . Biosorption of
phenol onto bionanoparticles from Spirulina sp. LEB 18. Journal of Colloid and
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ESQUERDO, V.M. ; CADAVAL, T.R.S. ; DOTTO, G.L. ; PINTO, L.A.A. . Chitosan
scaffold as an alternative adsorbent for the removal of hazardous food dyes from
aqueous solutions. Journal of Colloid and Interface Science (Print) v. 424, p. 7-15,
2014.
B) TRABALHOS COMPLETOS PUBLICADOS EM ANAIS DE CONGRESSOS
NEVES, T. M. ; ROSA, E. R. ; CADAVAL, T.R.S. ; DOTTO, G. L. ; MORTOLA, V. B. ;
PINTO, L.A.A. . Utilização de Quitosana de Diferentes Graus de Desacetilação para a
Remoção de Cromo de Soluções Aquosas. In: XIX Congresso Brasileiro de
Engenharia Química-COBEQ, 2012, Búzios-RJ. Anais do XIX COBEQ, 2012.
DOTTO, G.L.; GONÇALVES, J.O. ; CADAVAL JR., T.R.S. ; PINTO, L.A.A. .
Biossorção de Fenol utilizando nanopartículas de Spirulina sp. LEB 18: Aplicação do
modelo de Weber e Morris. In: Congresso Brasileiro de Sistemas Particulados, 2013,
Maceió. XXXVI Congresso Brasileiro de Sistemas Particulados, 2013. p. 113-133.
C) RESUMOS PUBLICADOS EM ANAIS DE CONGRESSOS
DOTTO, G. L.; CADAVAL, T.R.S. ; PINTO, L.A.A. . Remoção de cromo hexavalente
utilizando quitosana a partir de rejeito de camarão. In: Colóquio Anual de Engenharia
Química 2011, 2011, Rio de Janeiro. Anais do Colóquio Anual de Engenharia Química
2011.
111
APÊNDICE 2: FOTOS DA QUITOSANA EM PÓ (a), FILME (b)
(a)
(b)
112
APÊNDICE 3: EXPERIMENTO DE ADSORÇÃO EM TESTE DE JARRO
113
APÊNDICE 4: CURVAS DE CALIBRAÇÃO DOS CORANTES
114