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Adriana dos Santos Lima
Construcao e Validacao de Instrumento para
Aferir a Satisfacao do Estudante com a
Universidade
Niteroi - RJ, Brasil
13 de dezembro de 2017
Universidade Federal Fluminense
Adriana dos Santos Lima
Construcao e Validacao deInstrumento para Aferir a Satisfacao
do Estudante com a Universidade
Trabalho de Conclusao de Curso
Monografia apresentada para obtencao do grau de Bacharel emEstatıstica pela Universidade Federal Fluminense.
Orientador: Prof. Hugo Henrique Kegler dos Santos
Niteroi - RJ, Brasil
13 de dezembro de 2017
Universidade Federal Fluminense
Adriana dos Santos Lima
Construcao e Validacao de Instrumento para
Aferir a Satisfacao do Estudante com a
Universidade
Monografia de Projeto Final de Graduacao sob o tıtulo “Cons-
trucao e Validacao de Instrumento para Aferir a Satisfacao
do Estudante com a Universidade”, defendida por Adriana dos
Santos Lima e aprovada em 13 de dezembro de 2017, na cidade
de Niteroi, no Estado do Rio de Janeiro, pela banca examina-
dora constituıda pelos professores:
Prof. Dr. Hugo Henrique Kegler dos SantosDepartamento de Estatıstica – UFF
Prof. Dr. Licınio Esmeraldo da SilvaDepartamento de Estatıstica – UFF
Profa. Dra. Ludmilla da Silva Viana JacobsonDepartamento de Estatıstica – UFF
Niteroi, 13 de dezembro de 2017
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca do Instituto de Matemática e Estatística da UFF
L732 Lima, Adriana dos Santos Construção e validação de instrumento para aferir a satisfação doestudo com a universidade / Adriana dos Santos Lima. – Niterói,RJ: [s.n.], 2017.
79 f.
Orientador: Prof. Dr. Hugo Henrique Kegler TCC ( Graduação de Bacharelado em Estatística) – Universidade Federal Fluminense, 2017.
1.Psicometria . 2. Estudante universitário . I. Título.
CDD 370.0182
Resumo
Universidades de qualidade sao a base para o desenvolvimento da sociedade, e um dosaspectos pelo qual pode-se avaliar a qualidade do servico prestado pelas universidades,consiste em aferir o grau de satisfacao que os estudantes apresentam quanto a sua ex-periencia academica e social nos domınios da universidade. Ate o presente momento, noentanto, nao se tem conhecimento, no Brasil, de um teste psicometrico que meca o nıvelde satisfacao do estudante com a universidade. O proposito deste estudo e desenvolvere validar um instrumento de medida da satisfacao do estudante com a universidade aqual esta regularmente matriculado, e testar suas qualidades psicometricas. Descrevendodesde o levantamento das dimensoes relacionadas a satisfacao do estudante, passandopela validacao dos juızes e por sua aplicacao em grupo focal, a aplicacao em uma amostrade estudantes universitarios, ate a analise dos resultados do instrumento preliminar. Aamostra compos-se de 386 estudantes universitarios de 17 estados brasileitos. Na analiseda confiabilidade, o alfa de Cronbach (α = 0, 83) evidenciou elevada consistencia internado instrumento. A analise fatorial dos resultados sugeriu a presenca de cinco fatores, dosquais o relativo as condicoes de trabalho e o que contem os principais preditores da sa-tisfacao do estudante. Este instrumento representa uma ferramenta util para a otimizacaoda satisfacao do estudante de graduacao que esta regularmente matriculado em cursos pre-senciais do sistema de ensino superior brasileiro, abrangendo tanto universidades publicasquanto privadas.
Palavras-chaves: psicometria; validade; confiabilidade; satisfacao do estudante; estudanteuniversitario.
Sumario
Lista de Figuras
Lista de Tabelas
1 Introducao p. 10
1.1 O Problema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 11
1.2 Delimitacao do Problema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 11
1.3 Finalidade do Estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 12
1.4 Justificativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 12
1.5 Estrutura do TCC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 12
2 Objetivos p. 13
2.1 Objetivo Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 13
2.2 Objetivos Especıficos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 13
3 Metodologia p. 14
3.1 Polo Teorico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 15
3.1.1 Sistema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 16
3.1.2 Propriedade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 16
3.1.3 Dimensionalidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 17
3.1.4 Definicao dos Construtos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 18
3.1.4.1 Definicao Constitutiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 18
3.1.4.2 Definicao Operacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 18
3.1.5 Operacionalizacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 19
3.1.5.1 Fonte dos Itens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 19
3.1.5.2 Regra para a Construcao dos Itens . . . . . . . . . . . p. 19
3.1.5.3 Quantidade de Itens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 21
3.1.5.4 Tipo de Itens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 21
3.1.6 Analise Teorica dos Itens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 22
3.1.6.1 Analise Semantica dos Itens . . . . . . . . . . . . . . . p. 22
3.1.6.2 Analise dos Juızes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 23
3.2 Polo Experimental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 25
3.3 Polo Analıtico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 26
3.3.1 Analise Fatorial Exploratoria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 28
3.3.1.1 Construcao da Matriz de Correlacao . . . . . . . . . . p. 31
3.3.1.2 Teste de Esfericidade de Bartlett . . . . . . . . . . . . p. 32
3.3.1.3 Medida de Adequacao da Amostra de Kaiser-Meyer-
Olkin (KMO) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 34
3.3.1.4 Determinacao do Metodo de Analise Fatorial . . . . . p. 35
3.3.1.5 Determinacao do Numero de Fatores . . . . . . . . . . p. 36
3.3.1.6 Rotacao dos Fatores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 37
3.3.2 Analise Empırica dos Itens via TCT . . . . . . . . . . . . . . . p. 39
3.3.3 Consistencia Interna . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 40
4 Resultados p. 43
4.1 Procedimentos para a Criacao e Aplicacao do Questionario . . . . . . . p. 43
4.2 Analise dos Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 47
5 Conclusao p. 54
Referencias p. 56
Apendice A -- Respostas da Entrevista p. 58
Apendice B -- Tabela de Dupla Entrada (Itens x Dimensoes) p. 62
Apendice C -- Tabela da Definicao Constitutiva p. 63
Apendice D -- Lista dos Itens p. 64
Apendice E -- Questionario Aplicado p. 66
Apendice F -- Questionario Final p. 74
Lista de Figuras
1 Orgonograma para a Elaboracao de Instrumento de Medida Psicometrico. p. 15
2 Esboco das Tabelas Entregues aos Juızes. . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 24
3 Regiao Crıtica da Distribuicao Qui-Quadrado com p(1−p)2
Graus de Li-
berdade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 33
4 Grafico de Declive. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 37
5 Grafico de Declive dos Fatores. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 48
6 Distribuicao dos Itens do Questionario de Acordo com suas Dimensoes
Teoricas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 51
7 Distribuicao dos Itens do Questionario de Acordo com suas Dimensoes
Empıricas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 51
8 Indice de Dificuldade do Item. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 52
9 Poder Discriminativo do Item. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 53
Lista de Tabelas
1 Pontos de Corte Recomendavel para os Valores de KMO. . . . . . . . . p. 34
2 Instrucao para Atribuir os Scores. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 46
3 Comunalidades e Variancia Especıfica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 49
4 Cargas Fatoriais da Matriz Rotacionada via Metodo Varimax. . . . . . p. 50
10
1 Introducao
A universidade desempenha um papel primordial na sociedade em termos da con-
tribuicao social, atraves da pesquisa desenvolvida, ensino, extensao e, ate mesmo, na
economia, ao movimentar bilhoes de dolares por ano. Da importancia da academia bra-
sileira, destaca-se a criacao de ideias, tecnologias e lıderes que irao moldar o Brasil. A
magnitude da boa formacao academica vai alem de um mero reconhecimento perante o
mundo, e esta intimamente ligada ao crescimento economico e as polıticas de relacoes
exteriores, alem da inovacao tecnologica alcancada por meio das pesquisas.
As principais missoes da universidade sao produzir novos conhecimentos e aplica-
los a realidade social brasileira, e formar profissionais conscientes que saibam aplicar tal
conhecimento adquirido, exercendo, portanto, tanto uma funcao social quanto polıtica.
Sendo assim, universidades de qualidade sao a base para o desenvolvimento da sociedade.
A qualidade da universidade pode ser vista por dois diferentes angulos: pela pers-
pectiva da universidade, onde focaliza-se principalmente nos processos administrativos
e nos servicos de rotina prestados aos estudantes, como, por exemplo, o servico de ali-
mentacao; pela perspectiva do estudante, onde enfatiza-se a questao academica, como:
equipamentos, bibliotecas e os docentes.(Browne et al. [1])
No contexto universitario, predominam duas vertentes de estudantes: os que almejam
o mercado de trabalho, e os que pretendem contribuir para a area academica, isto e,
desenvolver pesquisas. Sendo tais linhas igualmente importantes para o movimento da
sociedade, a universidade necessita abranger ambos os campos. Segundo Browne et al.
[1], os “clientes”das universidades mudam constantemente, e por este motivo, para se
oferecer servicos que vao de encontro com os requisitos e expectativas do estudante, a
universidade deve constantemente desenvolver um estudo aprofundado sobre o seu grupo
de enfoque.
Um dos aspectos pelo qual pode-se avaliar a qualidade do servico prestado pelas
universidades, consiste em aferir o grau de satisfacao que os estudantes apresentam quanto
1.1 O Problema 11
a sua experiencia academica e social nos domınios da universidade. Tal satisfacao deve
se dar em todas as esferas da assistencia, desde o convıvio social e academico ate a
infraestrutura que a universidade dispoe. Alem disso, pode ser entendida como uma
associacao da expectativa a priori do estudante com o servico que e de fato prestado, isto
e, ele torna-se satisfeito a partir do momento em que suas expectativas sao concretizadas.
A satisfacao pode ser mensurada atraves de um simples item, na qual pergunta-se
diretamente o quao satisfeito o estudante esta, ou atraves de um instrumento com uma
pluralidade de itens. No entanto, quando mensurada atraves de multiplos itens, sera uma
medida mais precisa e objetiva da satisfacao geral do estudante, alem de indicar com
quais aspectos da assistencia o estudante esta satisfeito ou insatisfeito. (Elliott & Schin
[2]) Sendo assim, para utilizar a satisfacao do estudante como fonte de informacao para a
tomada de decisoes estrategicas com o objetivo de aprimorar a qualidade da assistencia
dada pela universidade, e necessario mensurara-la atraves de um instrumento multi-item.
A preparacao de um instrumento de captacao dessa satisfacao exige metodologia apro-
priada a mensuracao de caracterısticas nao observaveis e se concretiza atraves de um
questionario cujos itens procuram revelar a intensidade com que tal construto (no caso,
a satisfacao) se apresenta em cada estudante.
1.1 O Problema
A questao a ser definida, porem, reduz-se a escolha do metodo a ser utilizado para
determinar tal nıvel de satisfacao. Afinal, como mensurar uma caracterıstica que nao
pode ser medida diretamente? Para isto, com base na literatura, recorre-se aos testes
psicometricos, mais especificamente, neste caso, a psicometria. Esta foi desenvolvida para
captar caracterısticas abstratas e simbolicas, e transforma-las em uma medida objetiva.
1.2 Delimitacao do Problema
Os testes psicometricos inicialmente foram desenvolvidos com objetivo de mensurar
medidas psicologicas. Um exemplo de teste psicometrico objetivo bastante renomado e o
Teste de QI, desenvolvido essencialmente para mensurar a inteligencia de um indivıduo.
No entanto, a psicometria, nos dias atuais, e utilizada em diversas areas do conhecimento.
Isto em razao de que e constatado que a metodologia empregada na criacao de um ins-
trumento de medida psicometrico e capaz de medir diversas outras caracterısticas nao
1.3 Finalidade do Estudo 12
mensuraveis diretamente. Sendo util para mensurar qualquer objeto que nao tenha uma
medida direta. Sendo assim, a teoria na qual os testes psicometricos sao embasados pode
ser facilmente adaptada para a criacao de um instrumento de medida que capte o nıvel
de satisfacao de estudantes universitarios.
1.3 Finalidade do Estudo
A presente monografia busca suprir a lacuna existente quanto aos instrumentos de
mensuracao da satisfacao dos estudantes da graducao no Brasil, com sustentacao nas
normas psicometricas de construcao, de confiabilidade e de validade de instrumentos.
1.4 Justificativa
O objetivo final e gerir, e melhorar, a qualidade das universidades brasileiras. Saber
os fatores que influenciam a satisfacao dos estudantes e o primeiro passo para aprimora-la,
com isso, a criacao de um instrumento que mensure o nıvel de satisfacao dos universitarios
e de extrema importancia para que, alem de verificar se os estudantes estao recebendo
uma assistencia digna e adequada, seu resultado possa ser utilizado para uma posterior
criacao de polıticas publicas que beneficiem tal segmento da populacao.
1.5 Estrutura do TCC
Neste primeiro capitulo introdutorio apresentam-se as informacoes basicas para a fun-
damentacao do projeto proposto. Seguindo para o Capıtulo 2 estao expostos os objetivos
a serem alcancados. O Capıtulo 3 foi escrito com a finalidade de expor todo o passo-a-
passo para a adequada criacao de um teste psicometrico. Nos Resultados (Capıtulo 4) sao
abordados os passos e acoes tomados para a criacao do instrumento de medida proposto
neste estudo, alem da validacao e retencao dos itens importantes para o questionario. Por
fim, o Capıtulo 5 segue com as conclusoes do estudo realizado.
13
2 Objetivos
2.1 Objetivo Geral
Desenvolver e validar, segundo as normas psicometricas, um instrumento de medida
capaz de captar o nıvel de satisfacao de estudantes que estao cursando a graduacao com a
universidade, incluindo a pertinente contextualizacao tanto para usuarios da rede publica
de ensino quanto para rede privada.
2.2 Objetivos Especıficos
• Identificar as dimensoes e facetas do construto “satisfacao dos estudantes com a
universidade”;
• Utilizar a teoria psicometrica para a elaboracao do instrumento;
• Propor um instrumento final.
14
3 Metodologia
Em 1999, Pasquali [3] resumiu toda a teoria para a criacao de um teste psicometrico
em seu livro entitulado Instrumentos psicologicos: manual pratico de elaboracao, e a
fundamentacao teorica da presente monografia foi baseada em tal texto, no que se diz
respeito a organizacao das etapas de construcao de um teste psicometrico. Alem disto, as
Secoes 3.1 e 3.2 foram fundamentadas integralmente em tal obra. Enquanto a Secao 3.3
teve por base teorica uma serie de fontes distintas.
Segundo Pasquali [3] a construcao de um teste psicometrico pode ser subdividida
em tres grandes polos: o polo teorico (Secao 3.1), o polo empırico (Secao 3.2) e o polo
analıtico (Secao 3.3). O polo teorico enfoca a teoria sobre o construto para o qual se quer
criar um instrumento de medida, alem dos itens (topicos) que necessitam ser tratados
para que se desenvolva um instrumento capaz de mensurar tal construto de forma geral e
satisfatoria. O polo empırico (ou experimental) determina o planejamento da aplicacao do
instrumento criado em uma amostra piloto, e a devida coleta valida de informacao para
que se possa avaliar a qualidade psicometrica do instrumento. Por fim, o polo analıtico
define os procedimentos estatısticos que devem ser efetuados nos dados coletados para
validar o instrumento proposto.
A Figura 1 explicita cada um dos tres polos e detalha os metodos e os passos que
devem ser tomados em cada um deles, bem como o produto que decorre da solucao de
cada passo. O instrumento final e alcancado apos a finalizacao de todos os passos.
3.1 Polo Teorico 15
Fonte: Adaptado de: Instrumentos psicologicos: manual pratico de elaboracao. (Pasquali [3])
Figura 1: Orgonograma para a Elaboracao de Instrumento de Medida Psicometrico.
3.1 Polo Teorico
Nesta primeira parte da elaboracao do instrumento deve ser realizada uma pesquisa
aprofundada sobre o tema proposto a fim de, ao final da pesquisa, ter consciencia de todas
as vertentes que o seu objeto pode tomar. No caso de o tema proposto ja ter sido alvo
de estudos anteriores, compartilhando do mesmo objetivo, deve-se buscar reter todas as
informacoes pertinentes disponıveis. Agrega-se a este conhecimento adquirido atraves da
pesquisa, toda a carga teorica e pratica vivenciada pelo pesquisador e/ou por especialistas
na area de interesse. Os procedimentos teoricos variam conforme as informacoes cientıficas
disponıveis.
A deficiencia de informacoes solidas disponıveis, no entanto, nao deve ser usada como
justificativa para omitir toda a especulacao teorica sobre o construto. Neste tipo de
situacao deve-se, obrigatoriamente, buscar toda a evidencia empırica sobre o construto e,
3.1 Polo Teorico 16
a partir disto, chegar a uma teoria sobre o mesmo.
A construcao dos itens torna-se coerente e adequada quando uma base teorica bem
consolidada e, quando possıvel, completa e estabelecida. Em outras palavras, uma base
teorica solida torna viavel a definicao das caracterısticas que irao constituir os tracos
latentes.
3.1.1 Sistema
O primeiro passo para a criacao de um teste psicometrico e a escolha do sistema (ou
objeto) que se pretende medir, ou seja, fixar o universo de interesse. E esta escolha e
feita com base, exclusivamente, no interesse direto do investigador. No entanto, o objeto
em si nao e uma caracterıstica diretamente mensuravel, e deve ser medido a partir de
suas propriedades. Em outras palavras, o sistema pode ser definido como um objeto
hipotetico que somente pode ser avaliado a partir de seus atributos (ou propriedades ou
tracos latentes).
Tal objeto pode ser considerado em varios nıveis dependendo, tao somente, do inte-
resse do pesquisador. Pode-se falar de sistemas universais e sistemas locais. Um sistema
universal e, por exemplo, o nıvel de satisfacao e os subsistemas locais sao os varios sub-
sistemas de interesse. Assim, o nıvel de satisfacao de estudantes pode ser considerado
um subsistema do nıvel de satisfacao geral, ou mesmo, o nıvel de satisfacao de estudantes
universitarios pode ser considerado um sistema quando ele for o interesse direto.
Enfim, a questao a ser resolvida neste primeiro passo delimita-se a escolha, por parte
do pesquisador, do tema para o qual deseja construir um instrumento de medida.
3.1.2 Propriedade
Um sistema e constituıdo por varios aspectos que o caracteriza, e tais caracterısticas
sao denominadas propriedades. Sendo, entao, um sistema constituıdo por diversas pro-
priedades e de suma importancia estabelecer qual ou quais propriedades do sistema serao
definidas como objetos de interesse. Este passo consiste na delimitacao do sistema esco-
lhido em aspectos especıficos os quais se deseja estudar.
Assim, ao definir como sistema de interesse o nıvel de satisfacao de estudantes, pode-
se escolher estudar diversas vertentes deste mesmo tema. Temos como exemplo: o nıvel
de satisfacao de estudantes com o ensino medio profissionalizante, o nıvel de satisfacao
3.1 Polo Teorico 17
de estudantes com o curso de lıngua estrangeira, o nıvel de satisfacao de estudantes com
a universidade, entre outros. Cabe ao pesquisador escolher em qual aspecto esta mais
interessado.
A escolha dos aspectos do sistema de estudo baseia-se, novamente, no interesse do
pesquisador. Neste passo, contudo, a ajuda de livros ındices e de peritos no tema e de
significante importancia com vista a selecionar os atributos que melhor retratem o objeto
de interesse.
3.1.3 Dimensionalidade
Este passo resulta na distincao dos fatores que compoem o construto (atributo). Por
exemplo: Se o sistema de estudo e o nıvel de satisfacao de estudantes, e a propriedade
deste sistema que o pesquisador esta interessado em estudar e o nıvel de satisfacao de
estudantes com a universidade. Pergunta-se: E o nıvel de satisfacao um construto unico
ou deve-se distinguir nele componentes diferentes? A resposta para tal pergunta deve ser
baseada, obviamente, na teoria de tal construto e/ou sobre os dados empıricos disponıveis.
Caso o atributo apresente dois ou mais fatores, nao deve-se ignorar este fato na hora
de elaborar o instrumento de medida, tendo este que contar com itens que captem adequa-
damente todas as dimensoes existentes. Obviamente o pesquisador pode optar por medir
somente uma das dimensoes, porem, neste caso, o atributo de interesse seria redefinido
para a dimensao escolhida.
Voltando ao exemplo anterior, ao qual escolheu-se como atributo de interesse o nıvel
de satisfacao de estudantes com a universidade, caso fosse escolhido entender o nıvel de
satisfacao somente como a satisfacao do estudante universitario com a qualidade do ensino,
o atributo de interesse deveria ser redefinido como o nıvel de satisfacao de estudantes com
a qualidade de ensino da universidade. Porem, tomando a decisao de querer estudar
somente o nıvel de satisfacao de estudantes com a qualidade de ensino da universidade,
nao se faz desnecessario expor toda a teoria do nıvel de satisfacao de estudantes com a
universidade, e em seguida, justificar o estudo de apenas um aspecto dela. Evidentemente,
o interesse especıfico do pesquisador por tal aspecto escolhido pode ser, e sera, justificativa
suficiente para sustentar a escolha.
No entanto, caso o atributo escolhido nao disponha, na literatura, de uma teoria
consolidada fica por conta do psicometrista reunir todo o dado empırico disponıvel. E
a partir disto construir uma teoria para o construto, a qual ira guiar a construcao do
3.1 Polo Teorico 18
instrumento de medida. Os dados coletados atraves do instrumento criado ira decidir se
a teoria formulada tem alguma consistencia.
A definicao da propriedade e dimensionalidade sao os pontos crıticos para a elaboracao
de um instrumento de medida. Isto pois estes dois passos definem e estruturam os cons-
trutos, com base na teoria firmada.
3.1.4 Definicao dos Construtos
Apos a definicao das propriedades do sistema pertinentes para o estudo e de suas
dimensoes, o proximo passo e a definicao dos construtos. Esta definicao consiste na
conceituacao clara e precisa dos fatores para os quais se quer construir o instrumento.
Esta definicao e feita baseada na literatura, nos peritos e/ou na experiencia propria. O
resultado deste passo sao as definicoes constitutivas e as definicoes operacionais de tais
construtos.
3.1.4.1 Definicao Constitutiva
Tendo as dimensoes ja bem delineadas, a definicao constitutiva busca delimitar e des-
crever os construtos de interesse. Isto e, para cada dimensao estabelecida a partir da
revisao bibliografica deve-se definir conceitualmente o que este fator deveria medir em
termos de outros conceitos. Supondo que o atributo de interesse seja a satisfacao de
estudantes com a universidade, que este construto e multidimensional, e que uma das
dimensoes e denominada na literatura como “Qualidade de Ensino”, uma definicao cons-
titutiva para tal fator e “percepcao do estudante quanto ao metodo de ensino empregado”.
Esta etapa e essencial para criar um bom instrumento de medida , pois e a partir dela
que pode-se verificar se o instrumento proposto esta cobrindo grande parte da extensao
conceitual do construto.
3.1.4.2 Definicao Operacional
Este passo pode ser considerado a transicao da fase estritamente teorica da criacao
do instrumento para operacionalizacao dos itens. A definicao operacional e definir como
cada dimensao pode ser expressa em forma de acao. Voltando ao exemplo anterior, uma
definicao operacional para tal dimensao seria pedir para que o respondente dissesse se
acredita que seus professores utilizam o metodo de didatico adequado.
3.1 Polo Teorico 19
3.1.5 Operacionalizacao
3.1.5.1 Fonte dos Itens
Tendo em vista que todos os passos realizados anteriormente foram adequadamente
resolvidos, esta etapa se destina a buscar inspiracao para dar o pontape inicial na cons-
trucao concreta do instrumento. Pode-se buscar informacoes em duas fontes de itens
distintas, sao elas: a entrevista, e outros testes que medem o mesmo construto. A entre-
vista consiste em selecionar alguns indivıduos da populacao alvo do instrumento e pedir
para opinarem em que tipo de comportamento tal construto se manifesta. Por exemplo:
se o instrumento de medida tem por objetivo mensurar o nıvel de satisfacao de estudantes
com a universidade, pode-se questionar os indivıduos selecionados (representantes da po-
pulacao) sobre “O que voce entende por satisfacao com a universidade?”. A outra fonte
de informacao, se baseia na pesquisa de outros instrumentos que medem o mesmo cons-
truto. A partir disto, comeca-se a ter alguma nocao sobre quais itens seriam interessantes
colocar no instrumento que se esta desenvolvendo.
3.1.5.2 Regra para a Construcao dos Itens
Dado que nesta altura ja se tem as fontes que baseiam a construcao de itens, e preciso
agora definir algumas regras para a elaboracao adequada de tais itens. Estas regras, no
entanto, podem ou nao ser aplicadas, a depender do tipo de traco latente a ser medido.
Ao todo, existem 10 regras para a construcao de cada item individualmente e duas
regras para o conjunto de itens que medem um mesmo construto. Sao elas:
1. O criterio comportamental diz que o item deve expressar um comportamento, ins-
truindo o sujeito a realizar a acao de forma clara e precisa. O item deve ser formulado
de modo que nao expresse um comportamento abstrato. Em um teste de aptidao,
por exemplo, um item que obedece o criterio comportamental e quando pede-se para
“reproduzir um texto”, ou “marcar a resposta correta”, ao passo que pedir ao sujeito
que somente “compreenda o texto” nao obedece tal criterio, visto que compreender
e algo abstrato.
2. O criterio da objetividade (ou desejabilidade, ou preferencia) e utilizado somente em
testes de aptidao e testes de personalidade. No primeiro caso, o item deve permitir
uma resposta certa ou errada, deixando a cargo do respondente mostrar se sabe a
resposta certa ou nao. Ja nos testes de personalidade, o item deve cobrir os diversos
3.1 Polo Teorico 20
tipos de comportamento perante a uma situacao, deixando livre ao respondente a
escolha sobre qual das opcoes mais corresponde a sua preferencia.
3. O criterio da simplicidade diz que um item deve expressar uma unica ideia. Itens que
introduzem varias ideias e conceitos geralmente confundem o respondente, e por isso
devem ser evitados. Outro artificio que nao e apropriado utilizar, e a elaboracao de
itens que apresentem explicacoes de termos ou que oferecem razoes ou justificativas.
4. O criterio da clareza diz que o item deve ser formulado de tal forma que possa ser
facilmente entendido ate mesmo pelo extrato mais baixo da populacao alvo. Ide-
almente deve-se usar frases curtas, com expressoes simples e inequıvocas. Deve-se,
ainda, evitar o uso de frases negativas, pois estas tendem a confundir o respon-
dente. Consequentemente, e preferıvel afirmar a negatividade do que negar uma
afirmacao. Por exemplo, e melhor dizer “detesto o atendimento oferecido” do que
“nao gosto do atendimento oferecido”. Deve-se, ainda, levar em conta o linguajar
tıpico da populacao alvo na elaboracao dos itens, porem nao e recomendado o uso
de gırias. Isto pois, alem delas nao serem entendidas por toda a populacao, as gırias
podem ofender o extrato mais alto, assim, fazendo o instrumento perder a “validade
aparente” (item 10).
5. O criterio da relevancia diz que a frase deve ser consistente com o atributo definido,
e com as outras frases que medem o mesmo traco latente. Ou seja, o criterio diz
respeito a pertinencia que o item proposto tem para com o construto – representado
pela carga fatorial na analise fatorial – e a correspondencia de tal item com o traco
– representada pela covariancia entre o item e o fator (traco).
6. O criterio da precisao diz que “o item deve possuir uma posicao definida no contınuo
do atributo e ser distinto dos demais itens que cobrem o mesmo contınuo.”
7. O criterio da variedade diz que e preciso variar a linguagem nas questoes. Pois usar
o mesmo termo em todos os itens, alem de confundir, provoca cansaco e saturacao
no respondente. No caso do uso de escala de preferencias e importante formular
metade dos itens em termos favoraveis e metade em termos desfavoraveis.
8. O criterio da modalidade diz que nao deve-se utilizar expressoes extremadas na
formulacao do item, tais como: excelente, pessimo, etc. Tais expressoes podem, e
devem, ser utilizadas na escala de resposta, medindo assim a intensidade da reacao
do sujeito. Se o proprio item ja vem apresentado de forma extremada, cria-se um
vies na resposta.
3.1 Polo Teorico 21
9. O criterio da tipicidade diz que a as frases devem ser formadas com expressoes
condizentes com o atributo.
10. O criterio da credibilidade diz que a formulacao do item deve ser feita de modo que
nao pareca “ridıculo, despropositado e infantil”. Se a formulacao do item nao estiver
feita de forma adequada, isso contribuira para uma atitude desfavoravel para com
o teste, assim aumentando os vieses da resposta.
11. O criterio da amplitude diz que o instrumento deve conter itens que cubram toda
a extensao de magnitude deste construto. Isto e, os itens devem ser formulados de
modo que consigam captar a diferenca de nıveis de magnitude do traco latente. Por
exemplo, um instrumento que tenha por objetivo medir o nıvel de satisfacao deve
ser capaz de distinguir os sujeitos entre muito satisfeito, satisfeito, pouco satisfeito,
etc.
12. O criterio do equilıbrio e empregado somente para os testes de aptidao e para os
testes de atitudes. Onde, para os testes de aptidao, e demandado que o conjunto de
itens seja composto por itens de baixa, media, e alta complexidade. Ja nos testes de
atitude, os itens devem ser divididos entre fracos, moderados e extremos. Sendo que
a maior quantidade de itens deve ser de dificuldade mediana. Pois acredita-se que
a populacao tenha suas habilidades distribuıdas de forma que se assemelha a curva
normal. Na qual a grande maioria dos sujeitos apresentam habilidade mediana, e
poucos apresentam habilidades ou muito elevadas ou muito baixas.
3.1.5.3 Quantidade de Itens
Para garantir, no instrumento final, a cobertura de, pelo menos, grande parte da
extensao semantica do construto e requerido um numero razoavel de itens. Este numero,
no entanto, e arbitrario. Construtos muito simples dificilmente necessitam de um grande
numero de itens, sendo suficiente apenas uma meia duzia ou menos deles. Porem, em
sua grande maioria, um construto necessita de cerca de 20 itens para ser adequadamente
representado. Isto se da pelo fato de os tracos latentes terem uma grande gama de aspectos
a se considerar.
3.1.5.4 Tipo de Itens
Existem inumeros formatos de resposta possıveis, e e de inteira responsabilidade do
pesquisador decidir qual tipo de item melhor se adequa ao que o seu instrumento se propoe
3.1 Polo Teorico 22
a medir. Os tipos mais comuns sao:
• Escolha forcada: na qual dois itens sao apresentados simultaneamente e o respon-
dente deve escolher aquele que melhor representa o seu pensamento sobre o tema.
• Multipla escolha: na qual sao apresentadas ao indivıduo diversas alternativas sendo
que somente uma e certa, e o sujeito deve escolher a alternativa elaborada de forma
correta.
• Escala de Likert: na qual cada item segue uma escala de pontos que expressam a
intensidade com que o indivıduo esta de acordo com a afirmacao feita. Estas escalas
variam de 3 a mais de 10 pontos, porem as mais utilizadas sao as escalas de 5 e 7
pontos.
3.1.6 Analise Teorica dos Itens
Esta etapa e responsavel por verificar a validade teorica do instrumento proposto.
Esta validade, no entanto, nada tem a ver com a validacao empırica do instrumento que
sera realizada posteriormente. A avaliacao da validade neste passo e feita de forma teorica,
onde e requerido simplesmente que obtenham-se outras opinioes sobre o que foi feito ate
o presente momento.
Apos os itens formulados e importante verificar se eles realmente estao medindo o
construto de interesse, alem, obviamente, de verificar se esta inteligıvel para todos os
extratos da populacao.
Os indivıduos escolhidos para participar de tal etapa nao sao, ainda, uma amostra
representativa da populacao. E sao escolhidos de forma nao aleatoria de acordo com
o que e mais conveniente para o pesquisador. Dois grupos distintos de indivıduos sao
selecionados, um para a analise semantica dos itens, e outro para a analise de concordancia
dos itens.
3.1.6.1 Analise Semantica dos Itens
O objetivo da analise semantica dos itens e verificar se os itens estao formulados de
forma que possa ser compreendido por todos os membros da populacao alvo. Nesta etapa
deve-se atentar a duas caracterısticas distintas: a compreensao pelo extrato mais baixo, e
a validade aparente para o extrato mais sofisticado. No contexto onde o instrumento sera
3.1 Polo Teorico 23
aplicado a uma populacao com sujeitos do ensino fundamental ate universitarios, o extrato
mais baixo sera composto pelos sujeitos do ensino fundamental e o mais sofisticado pelos
universitarios. Ja no situacao em que a pesquisa tera a sua populacao alvo composta
somente por universitarios, compora o extrato mais baixo os alunos ingressantes e o
extrato mais alto os alunos concluintes.
Ha diversas tecnicas eficientes para realizar tal analise. Entretanto, uma tecnica em
especial tem sido vastamente utilizada por apresentar grande eficiencia na avaliacao da
compreensao semantica. Esta tecnica consiste na checagem dos itens com pequenos grupos
de indivıduos, numa situacao de brainstorm. Onde reune-se, em um primeiro momento,
um grupo de 3 ou 4 pessoas do extrato mais baixo da populacao, e apresenta os itens um
por um. A cada item apresentado e pedido para os sujeitos que os reproduza/responda. Se
nao houve problemas na reproducao do item, entao o item e corretamente compreendido.
Porem, caso haja alguma divergencia, ou pergunta por parte dos entrevistados, ou ate
mesmo se o pesquisador perceber que o item esta sendo entendido de forma diferente a
“pretendida”, entao tem-se indıcios que a formulacao nao e a mais adequada possıvel.
Nesta situacao e recomendado que se reformule a questao. Tal processo deve ser repetido
com outros grupos ate o momento que o pesquisador achar necessario para reter o numero
de questoes desejadas. Um item que nao apresenta dificuldade de compreensao em uma
ou duas sessoes pode ser considerado adequado. Ja aquele que apos, ao maximo de, 5
sessoes ainda e mal compreendido, merece ser descartado. Apos as diversas sessoes com
o extrato mais baixo, e com base nestas a selecao dos itens retidos para o instrumento,
e importante pelo menos uma checagem dos itens com os sujeitos do extrato mais alto
da populacao. Esta checagem e feita com o objetivo de certificar-se de que os itens nao
foram formulados com linguajar demasiadamente primitivo, assim garantindo a validade
aparente do instrumento.
3.1.6.2 Analise dos Juızes
A analise dos juızes tem por objetivo verificar a adequacao dos itens para medir
os tracos latentes. Os sujeitos escolhidos para compor um grupo de juızes devem ser
peritos na area do construto, pois a sua funcao consiste em averiguar se os itens estao se
referindo ao traco em questao. Um pequeno grupo de meia duzia de juızes ja e suficiente
para realizar tal tarefa.
A analise e feita a partir de uma tabela de dupla entrada, onde nas linhas aloca–se
os itens, e nas colunas, as dimensoes. Alem disto, tambem e disponibilizada aos juızes
3.1 Polo Teorico 24
uma tabela contendo as definicoes constitutivas das dimensoes . Em alguns casos, e
necessaria a entrega de uma terceira tabela, esta elencando os itens, ja que estes podem
ser demasiadamente grandes para serem expressos na tabela de dupla entrada. A tarefa
dos juızes e identificar a qual dimensao eles consideram que cada item pertence, marcando
com um X a tabela de dupla entrada. A Figura 2 apresenta um esboco generico das tabelas
que devem ser oferecidas aos juızes.
(a) Tabela de Dupla Entrada (Itens x Di-mensoes)
(b) Tabela da Definicao Constitutiva
(c) Lista dos Itens
Fonte: Adaptado de: Instrumentos psicologicos: manual pratico de elaboracao. (Pasquali [3])
Figura 2: Esboco das Tabelas Entregues aos Juızes.
Contudo, quando duas ou mais dimensoes estao correlacionadas, pode ocorrer de um
item referir-se a mais de um fator simultaneamente. Neste caso, uma opcao e instruir aos
juızes que assinalem a dimensao que eles consideram ser mais representada a partir de tal
item.
Para avaliar a pertinencia ou nao de um item para a dimensao a qual ele teoricamente
se refere, e requerido uma concordancia de mınima entre os juızes, que devera ser definida
pelo pesquisador de acordo com o seu conhecimento acerca do construto em questao.
Usualmente faz-se a escolha de uma concordancia de 80%.
3.2 Polo Experimental 25
3.2 Polo Experimental
O polo experimental engloba tanto o desenho da pesquisa, quanto a efetiva coleta
dos dados. O tipo de amostragem a se utilizar e de escolha do pesquisador, porem a
decisao tomada necessita de um embasamento teorico. Em outras palavras, dentre todos
os metodos de amostragem disponıveis e de responsabilidade do pesquisador detectar qual
se adequa melhor ao seu problema.
A definicao do plano amostral deve ser bastante minuciosa, ao ponto de determinar,
ainda, o perfil dos indivıduos que farao parte da amostra piloto. Isto e, definir as carac-
terısticas do indivıduo que o torna apto para a participacao no experimento. Por exemplo,
se o objeto de interesse em questao e o nıvel de satisfacao de estudantes universitarios,
a caracterıstica utilizada para segregar os sujeitos aptos para a amostra seria que tais
repondentes estivessem regularmente matriculados em cursos de graduacao em uma Ins-
tituicao de Ensino Superior. Assim sendo, um estudante que faz curso de pos-graduacao
nao seria aceitavel para a pesquisa, pois esta nao foi elaborada para este publico.
O tamanho da amostra pode ser delineado de diferentes maneiras. Uma das alter-
nativas e dispor de 10 pessoas para cada item. Por exemplo, para um instrumento com
25 itens seriam necessarios que 250 indivıduos o respondessem. No entanto, esse modo
de pensar esta ligado, principalmente, a testes onde nao se e utilizada abordagem psi-
cometrica, ou seja, quando o instrumento e criado a partir da escolha de itens baseado
no que o pesquisador considera que meca, de alguma forma, o construto. O mais usual
nos testes psicometricos e determinar um mınimo de 100 sujeitos para cada fator previa-
mente determinado. A tıtulo de exemplo, digamos que o construto de interesse apresente
3 dimensoes (fatores), neste caso a amostra demandaria a obtencao de 300 indivıduos
respondentes. E importante salientar, ainda, que para a posterior analise fatorial e reco-
mendado que o tamanho da amostra seja igual ou superior a 200. Ainda assim a opcao
de considerar entre 5 a 10 sujeitos por item e valida.
Apos fixar qual o metodo amostral sera empregado e o tamanho da amostra, o passo
seguinte e determinar como sera feito. Nesta etapa deve-se averiguar todos os tramites
legais para dar continuidade a pesquisa. Isto e, conseguir permissao do Conselho de
Etica para aplicar o instrumento proposto, verificar a disponibilidade e interesse dos
respondentes e/ou seus superiores em caso de pesquisa com funcionarios de empresas,
determinar onde seria aplicado o questionario, entre outros.
A ultima etapa deste polo e a aplicacao do instrumento criado. Caso tenha sido optado
3.3 Polo Analıtico 26
realizar a coleta de dados com a mediacao de um entrevistador, e de suma importancia que
haja uma capacitacao previa destes. Pois o entrevistador deve ser imparcial, utilizando
de adequada entonacao, para que nao se crie vieses nas respostas dos entrevistados.
3.3 Polo Analıtico
O polo analıtico e responsavel pelas analises estatısticas utilizadas para a devida
validacao empırica do instrumento proposto. O primeiro passo desta etapa e verificar
a dimensionalidade do instrumento, lancando mao da analise fatorial. Esta analise vai
definir quantas dimensoes (fatores) o instrumento criado esta, de fato, medindo. O instru-
mento foi idealizado pra medir as diferentes dimensoes teoricas estabelecidas a partir da
teoria sobre o construto de interesse. Porem nao se pode somente supor que o teste esta
medindo os fatores teoricos, e fundamental que se verifique empıricamente tal hipotese.
Sendo assim, a tecnica da analise fatorial condiz a demonstracao da validade do instru-
mento. (Pasquali [3])
Existem duas abordagens quanto a analise fatorial: a analise fatorial exploratoria e a
analise fatorial confirmatoria. A primeira tem por objetivo encontrar os fatores que expli-
cam as variaveis originais, e e utilizada quando nao se tem uma ideia previa de quantos
fatores o instrumento em questao esta medindo. Ja a analise fatorial confirmatoria e utili-
zada quando se tem uma teoria sobre a dimensionalidade do construto, e busca confirmar
ou negar tal estrutura hipotetica. (Dillon & Goldstein [4]) No entanto e recomendado,
mesmo em casos onde se dispoe de um modelo teorico, que seja realizada a analise fatorial
exploratoria, a fim de ter uma nocao previa se a quantidade de fatores teoricos e coerente
com os dados amostrais coletados. (Mingoti [5])
Num primeiro momento e intuitivo pensar que pelo fato do instrumento ter sido criado
a partir de dimensoes teoricas, seja necessario fazer uso da analise fatorial confirmatoria.
Porem esta intuicao nao condiz com a realidade. A intencao, neste momento, nao e aferir
se a teoria e ou nao satisfeita. A finalidade deste passo e somente verificar como as
variaveis estao se relacionando. Para isso faz-se uso da analise fatorial exploratoria, que
tem seus passos devidamente definidos na Subsecao 3.3.1. Nesta abordagem de validacao
tambem pode-se verificar a existencia de variaveis nao apropriadas, isto e, que nao se
relacionam com nenhum fator. Caso haja variaveis deste tipo, e importante que estas
sejam excluıdas e que se realize novamente a analise fatorial exploratoria para o novo
conjunto de variaveis.
3.3 Polo Analıtico 27
Apos a definicao do numero de fatores e a retencao de somente as variaveis que se
mostraram pertinentes no decorrer dos processos da analise fatorial, e necessario que se
prossiga com a analise empırica dos itens. Tal analise e executada com o proposito de
averiguar as outras caracterısticas que os itens devem apresentar dentro de um mesmo
construto. (Pasquali [3]) Ha na literatura duas maneiras distintas para o tratamento da
analise empırica dos itens. Uma abordagem denominada a Teoria Classica dos Testes
(TCT) , e outra, mais recente, denominada Teoria da Resposta ao Item (TRI). (Sartes
& Souza-Formigoni [6]) Ambas compartilham de um mesmo objetivo, o de julgar da
pertinencia dos itens. (Primi [7]) O presente estudo ira se ater a apresentacao da analise
dos itens via teoria classica dos testes, especificada na Subsecao 3.3.2
O proximo passo e a verificacao da precisao (confiabilidade) do instrumento. A confia-
bilidade diz respeito a capacidade do teste de fornecer medidas que se aproximam do score
verdadeiro do indivıduo . Isto e, um instrumento e confiavel quando seu erro aleatorio de
medida tende a zero. (Pasquali [3])
A confiabilidade de um teste pode ser mensurada de diversas maneiras. A precisao
teste-reteste consiste na aplicacao do instrumento em dois momentos distintos e, a partir
dos dados coletados, verificar a correlacao entre as distribuicoes de scores obtidos nestas
duas ocasioes. A precisao de formas alternativas baseia-se na correlacao da distribuicao
de scores de duas formas paralelas de um mesmo teste, que sao aplicados em sucessao
imediata. A precisao da consistencia interna (Secao 3.3.3) visa verificar a homogeneidade
da amostra de itens do teste. De todo modo, a utilizacao da tecnica de teste-reteste
e da tecnica de formas alternativas tem por pressuposto que o traco latente ao qual o
teste se dispoe a medir se mantem constante em ocasioes diferentes, o que e satisfeito em
testes de aptidao e de personalidade. (Pasquali [3]) Por consequencia, um teste criado
com o objetivo de medir, por exemplo, o nıvel de satisfacao de pacientes nao padeceria
da utilizacao destes dois testes, pois a satisfacao nao e uma medida constante. Uma vez
que atendimentos realizados em ocasioes diferentes tendem a conceber nıveis de satisfacao
distintos.
O ultimo passo e a padronizacao e a normatizacao do instrumento criado. A padro-
nizacao consiste na determinacao dos meios adequados para a aplicacao do teste. Ja a
normatizacao baseia-se em estabelecer um padrao de referencia para que se possa interpre-
tar adequadamente o resultado obtido pelo indivıduo. (Pawlowski, Trentini & Bandeira
[8])
As analises da presente monografia foram realizadas com o software estatıstico R [9].
3.3 Polo Analıtico 28
3.3.1 Analise Fatorial Exploratoria
A Analise Fatorial (AF) denota uma classe de metodos estatısticos que devem ser
utilizados para a reducao e o resumo dos dados. (Malhotra [10]) Tal tecnica tem por
objetivo analisar um conjunto de variaveis e, a partir disto, construir uma escala de
medida para os fatores (dimensoes) que de alguma forma controlam as variaveis originais.
“Estes fatores permitem identificar as relacoes estruturais entre as variaveis que de alguma
outra forma passariam despercebidas no conjunto vasto de variaveis originais.” (Maroco
[11])
O modelo de analise fatorial relaciona linearmente as variaveis e os fatores comuns, que
a princıpio sao desconhecidos. (Mingoti [5]) Considerando p variaveis originais resumidas
a partir de m fatores, e x1, x2, . . . , xp tais p variaveis, o modelo fatorial pode ser escrito
da forma:
x1 = µ1 + λ11f1 + λ12f2 + . . .+ λ1mfm + η1
x2 = µ2 + λ21f1 + λ22f2 + . . .+ λ2mfm + η2
...
xp = µp + λp1f1 + λp2f2 + . . .+ λpmfm + ηp
, (3.1)
onde µi (i = 1, 2, . . . , p) representam a media da variavel xi correspondente, fj (j =
1, 2, . . . ,m) representam os fatores comuns, ηi (i = 1, 2, . . . , p) representam os fatores
especıficos (erros aleatorios) e λij representa o peso da variavel i no fator j.
Por conveniencia pode-se optar por padronizar as variaveis por zi = xi−µi√σii
. Com isso,
o modelo fatorial pode ser escrito de forma generica como:
zi = λi1f1 + λi2f2 + . . .+ λimfm + ηi i = 1, 2, . . . , p, (3.2)
onde, zi representa a i-esima variavel padronizada, fj (j = 1, 2, . . . ,m) representam os
fatores comuns, ηi representa o fator especıfico (erro aleatorio) da i-esima variavel e λij
representa o peso da variavel i no fator j.
Note, no entanto, que o λij sera diferente, a depender da escolha pelo uso ou nao da
padronizacao. Tal modelo pode ser escrito em termos matriciais como:
z = Λf + η, (3.3)
3.3 Polo Analıtico 29
onde:
z =
z1
z2
...
zp
p×1
e o vetor das p variaveis padronizadas,
Λ =
λ11 λ12 . . . λ1m
λ21 λ22 . . . λ2m
......
. . ....
λp1 λp2 . . . λpm
p×m
e a matriz dos pesos fatoriais,
f =
f1
f2
...
fm
m×1
e o vetor dos fatores comuns,
η =
η1
η2
...
ηp
p×1
e o vetor dos fatores especıficos.
O modelo anterior (Equacao 3.3) segue algumas premissas, sao elas:
1. Os fatores comuns (fj) sao independentes e igualmente distribuıdos tais que
E[f ] = 0, e V[f ] = I.Sendo,
I =
1 0 . . . 0
0 1 . . . 0...
.... . .
...
0 0 . . . 1
m×m
;
2. Os fatores especıficos (ηi) sao independentes e igualmente distribuıdos com
E[η] = 0 e V[η] = Ψ.
Sendo,
Ψ =
Ψ1 0 . . . 0
0 Ψ2 . . . 0...
.... . .
...
0 0 . . . Ψp
p×p
;
3.3 Polo Analıtico 30
3. fj e ηi sao independentes. Ou seja, Cov[η, f ] = 0p×m.
O que implica que todos os fatores comuns tem media zero, sao nao correlacionados
entre si, e tem variancia igual a um. Tambem pode-se dizer que os fatores especıficos
tem media zero e sao nao correlacionados, alem de nao ter, necessariamente, a mesma
variancia. (Mingoti [5]) Ademais, se a condicao 3 e satisfeita, chama-se o modelo fatorial
de ortogonal. Caso fj e ηi estejam correlacionadas, o modelo fatorial diz-se oblıquo.
(Maroco [11]) Vale salientar que o modelo ortogonal so deve ser utilizado quando as
variaveis originais sao correlacionadas entre si. (Mingoti [5])
No modelo fatorial ortogonal pode-se escrever a variancia da i-esima variavel padro-
nizada como a soma da variancia de zi explicada pelos fatores comuns com a variancia de
zi unica desta variavel. Como pode-se averiguar na demonstracao abaixo.
V[zi] = V[λi1f1 + λi2f2 + . . .+ λimfm + ηi]
= V[λi1f1] + V[λi2f2] + . . .+ V[λimfm] + V[ηi]
= λ2i1V[f1] + λ2
i2V[f2] + . . .+ λ2imV[fm] + V[ηi]
= λ2i1 + λ2
i2 + . . .+ λ2im + Ψi
=m∑j=1
λ2ij + Ψi
Entao, a variancia de zi pode ser reescrita como:
V[zi] = h2i + Ψi, (3.4)
onde h2i =
m∑j=1
λ2ij .
Percebe-se, entao, que a variabilidade de zi pode ser subdividida em duas partes.
A primeira, denotada por h2i , e chamada de comunalidade, e indica a quantidade de
variancia que a i-esima variavel compartilha com todas as outras variaveis. (Malhotra
[10]) Ou seja, e a variabilidade de zi explicada pelos m fatores incluıdos no modelo de
analise fatorial. (Mingoti [5]) Ja a segunda parte, denotada por Ψi, e a variabilidade de
zi que esta associada somente ao fator especıfico.
A analise fatorial pode ser decomposta em seis diferentes fases sequenciais, sao elas:
a formulacao do problema, a construcao da matriz de correlacao, a determinacao do
3.3 Polo Analıtico 31
metodo de analise fatorial que sera utilizado, a determinacao do numero de fatores e, por
fim, o rotacionamento dos fatores. Ao final de todas estas etapas serao retidas somente as
variaveis que tiverem cargas fatoriais expressivas ( > |0, 3|) (Pasquali [3]) em pelo menos
um fator. E, em seguida, devera ser implementado outro ajuste do modelo fatorial sem a
presenca das variaveis excluıdas.
3.3.1.1 Construcao da Matriz de Correlacao
Os procedimentos envoltos no processo da analise fatorial sao baseados na matriz
de variancia e covariancia, porem com a escolha de se utilizar as variaveis padronizadas
pode-se utilizar a matriz de correlacao entre as variaveis. A AF, neste estudo, utilizara a
matriz de correlacao observada em seus calculos para estimar as relacoes entre os fatores
e as variaveis, e os fatores comuns. Para o adequado uso da modelagem via AF e exigido
que haja correlacao suficientemente significativa entre as variaveis. (Maroco [11])
Para calcular o coeficiente de correlacao amostral deverar-se utilizar metodos diferen-
tes, a depender das caracterısticas das variaveis envolvidas no procedimento de analise
fatorial. O coeficiente de correlacao de Pearson deve ser utilizado quando as variaveis sao
quantitativas, sendo estas contınuas ou discretas, e supoe que as variaveis tem distribuicao
normal bivariada. Ja a correlacao de Spearman e indicada para dados categoricos ordinais,
e nao utiliza de pressuposto para a distribuicao dos dados. (Filho & Junior [12]); Lira [13];
Bauer [14]) Alternativamente, tem-se a famılia de correlacoes especiais, que englobam as
correlacoes: biserial, poliserial, tetacorica, e policorica. Estas, no entanto, pressupoem
que as variaveis sao funcoes de normais latentes. A correlacao biserial e utilizada quando
uma variavel e contınua e a outra e dicotomica, ja a correlacao poliserial e recomendada
quando pretende-se medir a associacao entre uma variavel contınua e uma categorica or-
dinal. Ja as correlacoes tetacorica e policorica sao indicadas, respectivamente, quando se
tem duas variaveis binarias e duas variaveis ordinais. (Bistaffa [15]) A escolha da matriz
de correlacao correta e de suma importancia para um adequado ajuste do modelo, onde
uma ma escolha do metodo de estimacao da correlacao afetara fortemente toda a analise.
A matriz Π das correlacoes (ou variancia-covariancia) populacionais pode ser mode-
lada por:
3.3 Polo Analıtico 32
Π = V[z]
= V[Λf + η]
= V[Λf ] + V[η]− Cov[Λf , η]
= ΛV[f ]ΛT + V[η]− ΛCov[f , η]
Considerando as premissas do modelo, as relacoes estruturais entre as variaveis origi-
nais pode ser calculada a partir da expressao
Π = ΛΛT + Ψ, (3.5)
e esta e chamada equacao da AF.
E necessario, entao, encontrar Λ e Ψ que satisfacam tal afirmacao (Equacao 3.5).
Porem antes de iniciar a estimacao dos pesos dos fatores comuns e da variancia dos
fatores especıficos, e preciso verificar se existe correlacao suficientemente grande entre as
variaveis originais. (Maroco [11])
Para testar, de maneira formal, a conveniencia da utilizacao do modelo fatorial pode-
se aplicar o Teste de Esfericidade de Bartlett (Subsecao 3.3.1.2) e/ou pode ser utilizada
a medida de adequacao da amostra de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) (Subsecao 3.3.1.3).
(Maroco [11])
3.3.1.2 Teste de Esfericidade de Bartlett
O Teste de Esfericidade de Bartlett (Maroco [11]) e um teste de hipotese que verifica
se Π e significativamente diferente de Ip×p. As hipoteses do teste sao:
{H0 : Π = IH1 : Π 6= I
.
Sob H0, a estatıstica de teste e:
X2 = −(n− 2− 2p+ 5
6
)log|R| ∼ χ2
(p(1−p)/2), (3.6)
onde n e o tamanho da amostra, p e a quantidade de variaveis, e |R| e o determinante da
3.3 Polo Analıtico 33
matriz de correlacoes amostrais.
A matriz de correlacoes amostrais R e um estimador para a matriz Π de correlacoes
populacionais, e e calculada da seguinte forma:
R =
1 rx1x2 . . . rx1xp
rx2x1 1 . . . rx2xp
......
. . ....
rxpx1 rxpx2 . . . 1
p×p
, (3.7)
sendo rxixw o coeficiente de correlacao amostral escolhido.
Para o presente estudo foi optado pela utilizacao do coeficiente de correlacao de Spe-
arman descrito por Bauer[14], que e dado por:
rxixw = 1−
n∑k=1
d2i
n(n2 − 1), (3.8)
onde di = (xi − yi) e a diferenca entre as ordenacoes, e n e o numero de pares de or-
denacoes.
Sendo α o nıvel de significancia definido pelo pesquisador. A Regiao Crıtica e dada
por RC = {X2 ≥ χ2(1−α;p(1−p)/2)}, e tal regiao pode ser vista graficamente na Figura 3.
Fonte: Elaborado pela autora
Figura 3: Regiao Crıtica da Distribuicao Qui-Quadrado com p(1−p)2
Graus de Liberdade.
Rejeita-se H0 quando x2obs ∈ RC , ou seja, quando o valor da estatıstica de teste
observada esta dentro da regiao crıtica. Rejeitar a hipotese nula significa que existe
evidencia estatıstica para acreditar que a matriz de correlacao populacional e diferente da
matriz identidade Ip×p. E isto indica que a analise fatorial e adequada para tal conjunto
de variaveis.
No software R, o Teste de Esferacidade de Bartlett e formecido pela funcao cortest.bartlett(·)
3.3 Polo Analıtico 34
no pacote psych [16].
3.3.1.3 Medida de Adequacao da Amostra de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO)
A medida de adequacao da amostra de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO), descrito por Ma-
roco [11], e uma medida de homogeneidade das variaveis que compara as correlacoes
simples com as correlacoes parciais observadas entre as variaveis. “A correlacao parcial
entre duas variaveis e a correlacao que existe entre estas duas variaveis depois de se ter
eliminado a influencia de outras variaveis que tambem se apresentam correlacionadas com
as primeiras.” (Maroco [11])
O KMO e expresso atraves da equacao:
KMO =
p−1∑i=1
p∑w=i+1
r2xixw
p−1∑i=1
p∑w=i+1
r2xixw
+
p−1∑i=1
p∑w=i+1
r2xixw|xk
, (3.9)
onde rxixw e a correlacao amostral escolhida entre as variaveis xi e xw, e rxixw|xk e a
correlacao parcial de xi e xw, controlando o efeito de xk (k = 1, 2, . . . , p, k 6= i, k 6= w)
sobre as duas primeiras variaveis.
O KMO pode assumir valores de zero a um, sendo que quanto mais proximo de 1(um)
mais adequada e a utilizacao da analise fatorial. A Tabela 1 indica os pontos de corte
para a avaliacao do uso da AF.
Tabela 1: Pontos de Corte Recomendavel para os Valores de KMO.
Valor da KMO Recomendacao relativa a AF
(0, 9− 1] Excelente
(0, 8− 0, 9] Boa
(0, 7− 0, 8] Media
(0, 6− 0, 7] Medıocre
(0, 5− 0, 6] Mau, mas aceitavel
≤ 0, 5 InaceitavelFonte: Adaptado de: Analise Estatıstica com Utilizacao do SPSS. (Maroco [11])
O KMO pode ser calculado pela funcao KMO(·), fornecida pelo pacote psych [16].
3.3 Polo Analıtico 35
3.3.1.4 Determinacao do Metodo de Analise Fatorial
Uma vez constatada que e adequada a utilizacao da analise fatorial, o passo seguinte
e a determinacao do metodo apropriado para analisar os dados. A literatura dispoe de
uma gama consideravel de metodos para a estimacao das matrizes Λ e Ψ, dentre eles:
metodo dos componentes principais, metodo dos fatores principais, metodo da maxima
verossimilhanca, metodo iterativo dos fatores principais, metodo dos fatores canonicos,
metodo dos mınimos quadrados ponderados. (Mingoti [5]; Maroco [11]; Ferreira [17])
No presente estudo foi optado por fazer uso do metodo das componentes principais.
Tal metodo e comumente utilizado por nao carecer de suposicoes acerca da distribuicao
de probabilidade do vetor z. (Mingoti [5]) Este metodo e recomendado “quando a preo-
cupacao maior for determinar o numero mınimo de fatores que respondem pela maxima
variancia nos dados para utilizacao em analises multivariadas subsequentes”. (Malhotra
[10])
Segundo Mingoti [5], no metodo das componentes principais para cada autovalor λj
(j = 1, 2, . . . ,m) retido, encontra-se o autovetor normalizado ej correspondente, onde
ej = (ej1 ej2 ej3 . . . ejp)′.
Este metodo baseia-se na aplicacao do Teorema de Decomposicao Espectral a matriz
de correlacoes amostrais R, demonstracao a qual sera omitida. Com isso, a matriz de
pesos fatoriais Λ sera estimada por
Λ =
[√λ1e1
√λ2e2 . . .
√λmem
], (3.10)
e a matriz de variancia Ψ sera estimada atraves de
Ψ = diag(R− ΛΛT
), (3.11)
onde a funcao diag(.) denota a retencao de somente os elementos da diagonal da matriz.
Isto implica que a matriz estimada Ψ tem a diagonal principal igual aos elementos da
diagonal principal da matriz(R− ΛΛT
).
Levando em consideracao tal forma de estimacao, a matriz de correlacao amostral
estara sendo aproximada por
R ≈ ΛΛT + Ψ, (3.12)
3.3 Polo Analıtico 36
e a matriz de residual sera dada por
MRES = R−(
ΛΛT + Ψ). (3.13)
Quando o metodo das componentes principais e empregado, a proporcao da variancia
explicada pelo fator fj reduz-se a λip
, que representa a quantidade da variabilidade de zi
(i = 1, 2, . . . , p) que e explicada pelo fator. Alem disso, com a utilizacao de tal metodo de
estimacao, os elementos diagonais da matriz R sao reproduzidos exatamente pela matriz(ΛΛT + Ψ
).
3.3.1.5 Determinacao do Numero de Fatores
Na abordagem utilizando a determinacao com base nos autovalores, opta-se por reter
somente os fatores com autovalores superiores a um. “Um autovalor representa a quanti-
dade da variancia associada ao fator”. (Malhotra [10]) De acordo com Dillon & Goldstein
[4], matematicamente, o autovalor, na analise fatorial, pode ser expresso como a soma do
quadrado das cargas fatoriais no fator em questao, isto e:
λj =
p∑i=1
λ2ij. (3.14)
A escolha de manter somente os fatores com autovalores maiores que um, se da pelo
fato de que um fator com autovalor menor que um nao e melhor do que uma variavel (zi)
isolada. Isto pois apos a padronizacao cada variavel tem variancia igual a um. (Malhotra
[10])
Na determinacao com base em um grafico de declive (scree plot), a forma do grafico
e utilizada para estipular o numero de fatores. O grafico e feito de forma que no eixo das
abscissas apresentam-se os numeros dos fatores e no eixo das ordenadas os autovalores.
Os fatores sao numerados de forma decrescente em relacao ao autovalor, de maneira que
λ1 > λ2 > . . . > λm. A partir de um certo numero de fatores o decaimento gradual se
torna pequeno, e o numero de fatores que antecede tal decaimento e que deve ser escolhido.
A Figura 4 exemplifica um grafico de decline, e para esta situacao o numero de fatores
retidos a partir desta abordagem e de 6 fatores.
3.3 Polo Analıtico 37
Fonte: Elaborado pela autora
Figura 4: Grafico de Declive.
Quando se opta pela determinacao com base na porcentagem da variancia, o numero
de fatores extraıdos sera de forma que a porcentagem acumulada da variancia extraıda
pelos fatores atinja um nıvel satisfatorio. (Malhotra [10]) Onde a proporcao da variancia
explicada por um fator j, segundo Mingoti [5], e dada por:
PV TEfj =
p∑i=1
λ2ij
p. (3.15)
Deve-se entao selecionar os fatores que apresentam maiores proporcoes da variancia
explicada por tal factor. O consenso indica que os fatores extraıdos devem responder por,
no mınimo, 60% da variancia. (Malhotra [10])
3.3.1.6 Rotacao dos Fatores
O produto da estimacao das cargas fatoriais nem sempre e interpretavel, devido a
aparicao de pesos fatoriais estimados (λij) de grandeza numerica significativa em mais de
um fator. O recurso de rotacao ortogonal surge na tentativa de se obter cargas fatorias
interpretaveis. Em casos onde a estimativa sem rotacao e facilmente interpretada, nao se
recomenda a utilizacao da rotacao ortogonal.
Considerando o modelo ortogonal (Equacao 3.3) e a matriz de correlacao teorica
(Equacao 3.5). Seja Λ uma estimativa da matriz de pesos fatoriais obtida atraves de
3.3 Polo Analıtico 38
qualquer metodo de estimacao, e T uma matriz ortogonal qualquer, entao
Λ∗ = ΛT (3.16)
e a matriz que contem os pesos fatoriais tranformados a partir da rotacao ortogonal.
Sabendo que uma matriz ortogonal e tal que TT T = T TT = Im×m, nota-se que Λ∗
tambem e uma solucao para a equacao da AF (Equacao 3.5), pois:
Π = Λ∗Λ∗T + Ψ
=(
ΛT)(
ΛT)T
+ Ψ
= ΛTT T ΛT + Ψ
= ΛΛT + Ψ
Analogamente pode-se mostrar que a rotacao ortogonal nao altera a aproximacao da
matriz de correlacao amostral. Observa-se, entao, que a solucao do modelo fatorial nao e
unica, pois sempre e possıvel encontrar outra solucao Λ∗ atraves de uma escolha diferente
para a matriz ortogonal T . Basta agora determinar a matriz ortogonal atraves de metodos
apropriados.
Aqui sera apresentado o Metodo Varimax para a determinacao da matriz ortogonal,
pois, segundo Mingoti [5], este e um dos metodos mais utilizados na pratica por produzir
solucoes mais simples comparado a outros metodos.
Tal metodo tem como objetivo principal encontrar um grupo de variaveis (zi) alta-
mente correlacionadas com o fator, e outro grupo que tenha correlacao nao significativa
com o fator. “Para cada fator fixo, a solucao e obtida a partir da maximizacao da variacao
dos quadrados das cargas fatoriais originais das colunas da matriz Λ”(Mingoti [5])
Consiste, entao, em encontrar uma matriz ortogonal T , tal que:
V =1
p
m∑j=1
p∑i=1
(λ∗ij
hi
)4
− 1
p
p∑i=1
(λ∗ij
hi
)22 , (3.17)
onde λ∗ij e o coeficiente da i-esima variavel no j-esimo fator apos a rotacao, hi e a raiz
3.3 Polo Analıtico 39
quadrada da comunalidade da i-esima variavel.
O modelo de analise fatorial aplicando o metodo de componentes principais com
rotacao varimax, utilizando a correlacao de Spearman, foi ajustado por meio de uma
modificacao na funcao FA(·) do pacote MVar.pt [18].
3.3.2 Analise Empırica dos Itens via TCT
Muitas das vezes o instrumento proposto tem uma quantidade de itens maior que
a necessaria. Assim sendo, a analise empırica dos itens pela teoria classica dos testes
busca avaliar a pertinencia de tais itens. (Sartes & Souza-Formigoni [6]) Para isto sao
calculadas, para cada item, o ındice de dificuldade (ou a distribuicao de respostas nos
itens, para as variaveis politomicas) e seu o poder discriminativo.
As variaveis qualitativas dicotomicas sao aquelas que admitem somente dois valo-
res como, por exemplo, dizer se uma afirmacao esta certa ou errada. Ou, ate mesmo,
questoes de multipla escolha. As variaveis qualitativas politonicas nominais sao aquelas
que contemplam mais de duas possibilidades, porem nao existe uma criterio ou hierarquia
que permita a sua ordenacao. Como exemplo pode-se tomar a variavel “cor”, que pode
assumir as alternativas “amarelo”, “rosa”, “verde”, entre outras. As variaveis qualitati-
vas politomicas ordinais tambem abrangem mais de duas possibilidades de resposta, mas
neste caso a variavel adquire valores que podem ser ordenados. Por exemplo, a escala
de Likert de 5 pontos variando do “discordo”ao “concordo”. Aqui irar-se-a descrever os
procedimentos de analise empırica via TCT para o caso de variaveis politomicas ordinais.
O ındice de dificuldade (ID) representa a “probabilidade de acerto”do item, e pode
ser calculado de duas diferentes maneiras. A primeira e determinar o ID a partir da
proporcao de resposta a uma categoria de escolha, isto e,
IDj =k
nj = 1, 2, . . . , r (3.18)
onde j e a categoria escolhida do item, r e o numero de categorias do item, k e o numero
de indivıduos que responderam a categoria j naquele item, e n e o tamanho da amostra.
A segunda alternativa de calculo do ID e optar pela media das respostas de todos os
3.3 Polo Analıtico 40
indivıduos. Algebricamente pode ser expressa seguinte maneira:
IDi =
n∑k=1
xik
(r − 1)× ni = 1, 2, . . . , p (3.19)
onde xik (xik = 0, 1, . . . , r − 1) e a resposta do k-esimo indivıduo ao i-esimo item, r e o
numero de categorias do item, p e a quantidade de itens, e n e o tamanho da amostra.
O ID varia entre 0 e 1. Sendo que seu valor sera igual a 1 se todos os indivıduos
responderam afirmativamente, e sera igual a 0 se nenhum indivıduo respondeu afirmativa-
mente. “Um item com ID igual a 1 ou 0 nao traz informacao alguma, pois nao permitira
uma separacao dos sujeitos. (. . .) Sao considerados bons itens aqueles que possuem ID′s
entre 0, 3 e 0, 7, ou seja perto de 0, 5.”(Primi [7])
Deve-se atentar, ainda, para o fato do ındice de dificuldade ser influenciado pelo
numero de respostas omitidas. Sendo assim, se um item apresenta muitos valores faltantes
(missings) a interpretacao nao sera feita de forma correta.
O poder discriminativo tem por objetivo diferenciar os indivıduos que tiveram alta
pontuacao total no teste dos indivıduos que tiveram baixa pontuacao total. Para fazer
esta segregacao opta-se por determinar o grupo com alta pontuacao os 27% que tiveram
os escores mais altos, e o grupo com baixa pontuacao os 27% que tiveram os escores mais
baixos. O calculo deste coeficiente e dado por:
PD = IDalta − IDbaixa, (3.20)
onde IDalta e ındice de dificuldade dos indivıduos que obtiveram uma pontuacao elevada
no escore total do teste, e IDbaixa e o ındice de dificuldade dos indivıduos que obtiveram
uma pontuacao baixa no escore total do teste.
O poder discriminativo pode assumir valores de −1 a 1. Sendo que, um item e
considerado mais discriminativo quanto maior for o seu valor.
3.3.3 Consistencia Interna
De acordo com Maroco & Garcia-Marques [19], consistencia interna e responsavel por
avaliar a consistencia com que o conjunto de itens estima o construto em questao. A
vantagem de lancar mao da consistencia interna como uma estimativa da confiabilidade
3.3 Polo Analıtico 41
do instrumento e que este procedimento nao requer mais de um processo de aplicacao.
Inicialmente foi proposto por C. Spearman (1910) e W. Brown (1910) que, tendo
o instrumento varios itens, este poderia ser dividido em duas partes equivalentes. Tal
metodo, denominado split-half, diz que existe consistencia interna se ha elevada correlacao
entre as medidas fornecidas pelas duas metades. Isto e, as duas metades do teste medem
o mesmo construto se estas estao altamente correlacionadas.
Porem alguns problemas foram detectados nesta forma de calculo, sao eles: “ se as
variancias das duas metades forem muito diferentes, a estimativa da confiabilidade do teste
na sua totalidade corre o risco de ser erronea”(Maroco & Garcia-Marques [19]); para alem
disto, os calculos da consistencia, neste caso, sao diretamente afetados pela escolha da
forma de divisao, nao sendo garantido que as diferentes formas de divisao resultem em
uma mesma medida de confiabilidade.
Por esta razao, posteriormente, foram propostas algumas formas alternativas de calculo,
porem com a limitacao de serem empregadas somente para dados dicotomicos. Em 1951
L. J. Cronbach propos um metodo de calculo sem tais limites no padrao de classificacao
dos itens. Tal metodo ficou conhecido como o ındice alfa de cronbach, e hoje e a medida
de consistencia usada por excelencia. O ındice α pode ser interpretado como o “coeficiente
medio de todas as estimativas de consistencia interna que se obteriam se todas as divisoes
possıveis fossem feitas”.(Maroco & Garcia-Marques [19]) A formula do α de Cronbach e
dada por:
α =p
p− 1×
1−
p∑i=1
S2i
S2T
, (3.21)
onde p e o numero de itens, S2i =
∑nk=1(yik−yi)2
n−1e a variancia do i-esimo item, e S2
T =∑nk=1(Tk−T )2
n−1e a variancia dos resultados totais do teste.
Tal ındice varia de 0 a 1, sendo um teste dito com confiabilidade apropriada quando
o α e pelo menos 0, 7.
“Os utilizadores deste metodo tem-no sugerido como conservador especialmente para
os casos em que os itens da escala sao heterogeneos, sao dicotomicos ou definem estruturas
multi-factoriais: o alfa de Cronbach fornece uma sub-estimativa da verdadeira fiabilidade
da medida.”(Maroco & Garcia-Marques [19])
3.3 Polo Analıtico 42
Tal problema de subestimacao pode ser contornado, promovendo a homogeneidade da
correlacoes inter-itens, a partir da estandartizacao dos itens antes de calcular o ındice. Ou
pode-se optar por trabalhar diretamente com os coeficientes de correlacao. Este ultimo e
conhecido como α de Cronbach estandardizado, e e dado por:
α′ =p× r
1 + (p− 1)× r, (3.22)
onde p e o numero de itens, e r e a media dos p×(p−1)2
coeficientes de correlacao inter-itens
nao redundantes.
Note, no entanto, que α′, que deveria assumir valores de 0 a 1, pode ser inferior a
zero. Isto acontece quando a correlacao media inter-itens e negativa. O caso em que o
α de Cronbach estandardizado assume valores negativos indica problemas na codificacao
dos pontos dos itens, que deve ser solucionado a partir da inversao de alguns dos pontos
de forma que se certifique que a totalidade dos itens estejam codificados em uma mesma
direcao conceitual.
No software R, o alfa de cronbach pode ser calculado atraves da funcao alpha(·) do
pacote psych [16].
43
4 Resultados
4.1 Procedimentos para a Criacao e Aplicacao do
Questionario
A primeira etapa e fundamentada na revisao bibliografica acerca do atributo. A
satisfacao do estudante universitario tem sido conceituada como um fenomeno multidi-
mensional (Browne et al.[1]; Betz [20]), pois o estudante pode estar insatisfeito com alguns
aspectos da assistencia e, simultaneamente, satisfeito com outros, alem de ser dependente
dos objetivos individuais de cada estudante. Para a presente monografia decidiu-se tomar
como base principal o estudo realizado por Ellen L. Betz et al. [20] , onde se estabeleceu
que a satisfacao do estudante com a universidade engloba seis diferentes dimensoes, sendo
elas: normas e procedimentos, condicoes de trabalho, compensacao, qualidade do ensino,
vida social e reconhecimento.
A dimensao intitulada Normas e Procedimentos inclui questoes referentes as polıticas
e procedimentos que afetam as atividades e o progresso dos estudantes, isto e, a opor-
tunidade dada aos estudantes de influenciar as decisoes que afetam o bem-estar destes,
os motivos que levam as escolhas das classes e o uso do tempo livre. Ja a dimensao
Condicoes de Trabalho abrange questoes sobre o ambiente fısico de convıvio dos estudan-
tes, assim como sua agradabilidade e limpeza. Alem da adequabilidade da area de estudo
do campus, a qualidade da comida, a limpeza e o conforto do local de residencia dos es-
tudantes. A Compensacao e definida em termos da quantidade de esforco requerido para
uma boa vida academica, e o efeito deste esforco dado as demandas da universidade no
cumprimento das outras necessidades e objetivos do estudante. A dimensao que trata da
Qualidade do Ensino foca na percepcao do estudante sobre a qualidade do ensino como
um todo. Desde o metodo de ensino ate a competencia e a prestatividade da faculdade
e seus funcionarios, alem da adequabilidade do currıculo. Englobando entao fatores as-
sociados as muitas condicoes academicas relacionadas ao desenvolvimento intelectual e
vocacional individual. A Vida Social e responsavel por captar questoes sobre a oportu-
4.1 Procedimentos para a Criacao e Aplicacao do Questionario 44
nidade de “interacao humana”dada pela faculdade. Isto e, a oportunidade de conhecer
pessoas interessantes (fazer amigos e/ou marcar encontros) e a oferta de atividades soci-
ais informais. Por fim, a dimensao denominada Recohecimento compreende as atitudes e
condutas da faculdade e dos outros estudantes indicando o acolhimento dos estudantes
como indivıduos dignos.
A teoria diz que o formulario deve ser embasado no levantando de itens que aparecem
constantemente em outros questionarios que medem o mesmo construto e/ou em entre-
vistas com indivıduos da populacao alvo. Como, ate o presente momento, nao se tem
conhecimento de um teste psicometrico para este campo, foi optado pela realizacao de en-
trevistas. Estas foram realizadas por meio eletronico, atraves de aplicativo de mensagem
instantanea, onde foram enviadas duas perguntas aos respondentes, sendo elas: “O que
voce entende por satisfacao com a universidade?” e “O que te faz/faria satisfeito com a
sua instituicao de ensino?”.
Foram obtidas respostas de 15 estudantes de oito universidades distintas, onde 53, 8%
eram provenientes de universidades publicas. As respostas, na ıntegra, encontram-se
no APENDICE A, onde algumas foram editadas por motivos de clareza e/ou ortografia.
Foram listadas as questoes consideradas relevantes com base nas respostas e nas dimensoes
teoricas pre-definidas, e buscou-se elencar itens que captassem todas as seis dimensoes,
elegendo-se um total de 34 itens.
A analise de conteudo do teste foi efetuada por meio do julgamento da pertinencia
dos itens para o construto estudado, sendo realizadas entrevistas com sete professores
universitarios de diferentes areas do conhecimento: estatıstica, matematica, historia e
nutricao. A estes juızes foi entregue tres tabelas: uma tabela de dupla entrada com a
numeracao dos itens nas linhas e as dimensoes nas colunas (APENDICE B), uma tabela
com a definicao de cada um das seis dimensoes (APENDICE C), e outra tabela com
os itens elencados (APENDICE D). Uma concordancia mınima de 70% dos especialistas
foi o criterio adotado para retencao do item, com excecao de algumas perguntas, que
por serem consideradas teoricamente pertinentes, nao foram descartadas. Tais questoes
se identificaram moderadamente com duas dimensoes que coincidiam com as dimensoes
teoricas as quais as perguntas estavam diretamente relacionadas, optando-se, assim, pela
sua retencao. Com a utilizacao do criterio de selecao definido, foram eliminadas tres
perguntas (Itens 17, 24 e 26 do APENDICE D).
O questionario passou por uma reformulacao, onde algumas perguntas tiveram de ser
modificadas para que se alcancasse uma padronizacao, alem da reorganizacao quanto a
4.1 Procedimentos para a Criacao e Aplicacao do Questionario 45
ordem as quais tais questoes seriam apresentadas. Em seguida, o instrumento passou pela
analise semantica dos itens, que foi encaminhada a fim de verificar se os itens estavam
formulados de forma que possa ser perfeitamente compreendido por todos os extratos
da populacao alvo. Para tal verificacao utilizou-se tres grupos focais: o primeiro era
composto por tres estudantes do segundo semestre; o segundo, por tres estudantes do
primeiro semestre e um do segundo semestre; o terceiro, por tres estudantes que estavam
cursando ultimo semestre. Na primeira aplicacao constatou-se a necessidade de proceder
com algumas pequenas alteracoes na formulacao de tres questoes. Apos tais correcoes,
seguiu-se com a aplicacao no segundo grupo focal, onde todos os itens aparentaram ser
inteligıveis, isto e, nao se notou ma interpretacao de nenhum dos itens propostos. Com
isso, procedeu-se para a verificacao da validade aparente do questionario com a aplicacao
no terceiro grupo. Chegou-se assim a sua versao preliminar1(APENDICE E).
Os primeiros itens do questionario foram elaborados de forma a captar a perfil dos
estudantes. Na segunda parte do questionario os itens devem ser respondidos por meio da
juncao de uma escala de Likert com quatro pontos, que transita do “discordo totalmente”
ao “concordo totalmente”, adicionadas as opcoes “Nao possui (...)”e “Nao tenho conheci-
mento, pois nao utilizo”. Tais alternativas foram acrescentadas com o intuito de abranger
todas as possibilidades de resposta. Ja o terceiro bloco de itens percorre a escala de Likert
de cinco pontos dos extremos “discordo” ao “concordo”, onde o respondente deve escolher
de 1 a 5, de acordo com a intensidade de sua concordancia com a questao exposta.
Vale ressaltar que o questionario proposto foi desenvolvido para ser autoaplicavel,
nao gerando assim a necessidade de disponibilizacao de pessoal para a coleta dos dados.
O questionario foi criado em plataforma digital e divulgado por meio de redes sociais e
aplicativo de mensagem instantanea, sendo disponibilizado para acesso entre os dias 10 e
25 de outubro de 2017.
Pela formulacao de algumas questoes, foi importante recodificar a pontuacao de alguns
itens apos a coleta dos dados, pois alguns dos itens propostos foram formulados de forma
que, ao concordar, o estudante demonstre satisfacao com a assistencia prestada, enquanto
em outros, a concordancia revela que o estudante esta insatisfeito. Optou-se por numerar
os itens de 0 a 4, onde 0 indica que o sujeito nao esta satisfeito com o servico exposto no
item em questao, e 4 indica que o indivıduo esta satisfeito. A Tabela 2 exibe a metodologia
de atribuicao de score para cada item do questionario.
1O link de acesso para o questionario e: https://goo.gl/forms/fy3uheBKjrEdjeOq1
4.1 Procedimentos para a Criacao e Aplicacao do Questionario 46
Tabela 2: Instrucao para Atribuir os Scores.
Numeracao dos Itens Resposta Original Score Atribuıdo
14, 16, 17, 1 018, 19, 20, 2 121, 25, 26, 3 227, 28, 29, 4 3
30 5 4
15, 22, 23, 24
1 42 33 24 15 0
10, 11, 12, 13
Discordo Totalmente 1Discordo Parcialmente 2Concordo Parcialmente 3Concordo Totalmente 4Nao possui 0Nao tenho conhecimento,
NApois nao utilizoFonte: Elaborado pela autora.
Devido a recomendacao de considerar as respostas dada a categoria “Nao tenho co-
nhecimento, pois nao utilizo”como valor faltante, houve a necessidade de realizar uma
padronizacao no score total do indivıduo. Ao fazer a soma simples dos scores, os in-
divıduos que responderem a categoria “Nao tenho conhecimento, pois nao utilizo”podem
obter um score menor do que aqueles indivıduos que responderem as categorias pontuadas
para tal questao, e assim, um score total menor nao indica, necessariamente, uma menor
satisfacao destes estudantes. Desta forma, o score total padronizado do i-esimo indivıduo
sera dado pela formula:
scorei =
p∑j=1
sij
4 ∗ (p− na), (4.1)
onde sij e o score da j-esima questao, p e o numero de itens do questionario, e na e o
numero de perguntas que foram consideradas NA para este indivıduo.
Sendo assim, o score do sujeito pode variar de 0 a 1, onde um alto score total padro-
nizado indica que o indivıduo esta satisfeito com a universidade.
4.2 Analise dos Resultados 47
4.2 Analise dos Resultados
De um total 389 indivıduos que responderam o questionario, tres foram excluıdos do
estudo: 2 por estarem cursando a pos graduacao, e 1 por responder inadequadamente a
uma das perguntas abertas.
Dos 386 questionarios validos, 69, 9% dos indivıduos se identificavam como sendo
mulher, e 29% como homem. Em media, os estudantes tinham 23 anos e estavam regular-
mente matriculados na universidade a seis perıodos. Foram coletados dados de estudantes
de 86 cursos de graduacao de 65 universidades distintas, localizadas em 17 estados brasilei-
ros. Vale ressaltar, porem, que os respondentes estavam concentrados em tres instituicoes,
a saber: UFF (28, 2%), UFRGS (23, 6%), UFRJ (18, 1%). Consequentemente, ha uma
maior concentracao de respostas oriundas dos estados do Rio de Janeiro (52, 1%) e do
Rio Grande do Sul (26, 4%), alem de um alto percentual de estudantes da rede publica de
ensino (86, 5%). Tais universitarios sao majoritariamente brancos, correspondendo a 64%
do total de respondentes (seguido pela cor parda 25, 6%, e preta 9, 6%), e nao possuem
emprego e/ou estagio (54, 7%).
Para analisar empıricamente a relevancia dos itens propostos para o questionario,
seguiu-se com a analise fatorial. Como ja mencionado, a amostra apresentou 386 casos,
sugerindo, assim, que o criterio mınimo de observacoes foi respeitado (> 200). Alem
disto, a proporcao do numero de casos por variavel, 386 casos/21 variaveis, apresenta
valor acima do mınimo recomendado.
Inicialmente foi realizado os procedimentos de analise fatorial no conjunto de dados
completo (Itens 10 ao 30 do questionario), onde as observacoes que receberam NA tiveram
seu score alterado para 99. Utilizando a correlacao de Spearman, o estudo da pertinencia
da utilizacao da analise fatorial (KMO = 0, 82; Teste de Esferacidade de Bartlett com
p− valor < 0, 01) sinalizou a adequacao amostral de tal conjunto de dados. Em seguida,
foi realizado o Teste de Shapiro-Wilk para a verificacao da hipotese de distribuicao de
normalidade multivariada dos dados, a qual se rejeitou (p− valor < 0, 01). Com isso, foi
selecionado o metodo de componentes principais (PCA) para identificar a existencia de
dimensoes latentes. Na tentativa de se obter melhor interpretacao dos dados, a analise
fatorial foi seguida de rotacao ortogonal via metodo Varimax. Pelo criterio de Kaiser
(autovalor > 1) selecionou-se seis fatores, explicando 60, 9% da variancia total.
Todavia, os resultados do ajuste do modelo fatorial nao foram satisfatorios, acusando
baixa comunalidade para seis variaveis (Itens 10, 11, 14, 15, 29 e 30 do questionario).
4.2 Analise dos Resultados 48
Acredita-se que tal ajuste esteja sendo influenciado pelas quatro primeiras variaveis, que
apresentam NA em sua versao original. Pela importancia teorica de tais questoes, optou-se
por retira-las da analise fatorial, porem mantendo-as no questionario.
Apos, estimou-se um novo modelo fatorial, agora com 17 variaveis, onde os criterios
do tamanho amostral mınimo e da proporcao mınima do numero de casos por variavel
continuaram sendo satisfeitos.
Este novo conjunto de variaveis foi submetido a analise da pertinencia da utilizacao
do modelo fatorial por meio do teste de adequacao Kaiser-Meyer-Olkin (KMO = 0, 81)
e pelo Teste de Esferacidade de Bartlett (p − valor < 0, 01), onde ambos apontaram a
validade da utilizacao da analise fatorial para os dados. O Teste de Shapiro-Wilk rejeitou a
hipotese de distribuicao de normalidade multivariada dos dados (p− valor < 0, 01). Com
isso, o metodo de estimacao escolhido foi o metodo de componentes principais (PCA),
seguido da rotacao Varimax. Destaca-se a utilizacao da correlacao de Spearman para a
realizacao das analises.
A Figura 5 mostra o grafico de declive associado aos dados.
Fonte: Elaborado pela autora.
Figura 5: Grafico de Declive dos Fatores.
Utilizando como criterio para retencao dos fatores os autovalores maiores que um,
juntamente com a proporcao da variancia explicada pelo modelo fatorial e o grafico de
declive, concluiu-se que e necessario a extracao de cinco fatores. Em uma perspectiva mais
conservadora, seria aconselhavel extrair quatro fatores, pois o quinto fator nao apresenta
autovalor maior que um, mesmo que bem proximo (λ5 = 0, 999). Para o proposito deste
4.2 Analise dos Resultados 49
estudo, optou-se por conserva-la, e a solucao de cinco fatores foi a escolhida, explicando
63, 3% da variancia total.
Apos a analise, verificou-se a existencia de duas variaveis que apresentaram comunali-
dade abaixo da considerada aceitavel (< 0, 5). Inicialmente, o item 14, que questionava se
“a universidade da oportunidade dos alunos participarem da tomada se decisoes atraves
de votos e/ou assembleias”, foi removido por apresentar a menor comunalidade, e todo o
processo para uma nova analise fatorial foi realizado, onde, novamente, extraiu-se cinco
fatores. Apesar disso, o item 30, que indagava se “a universidade reconhece os bons alu-
nos, lhes dando premios por sua boa performance academica”, ainda apresentou baixa
comunalidade e tambem foi excluıdo. Portanto, mais uma vez realizou-se todo o pro-
cesso da analise fatorial, desde a avaliacao da adequacao amostral a escolha do metodo
de estimacao. Foi executada a PCA via rotacao Varimax, com a retencao de 5 fatores.
A Tabela 3 apresenta as comunalidades e variancias especıficas para as 15 variaveis
envolvidas, onde nota-se que as comunalidades sao expressivas em todos os casos, chegando
assim ao modelo final.
Tabela 3: Comunalidades e Variancia Especıfica.
Item Comunalidade Variancia unica
15 0,672 0,32816 0,777 0,22317 0,669 0,33118 0,667 0,33319 0,695 0,30520 0,674 0,32621 0,579 0,42122 0,596 0,40423 0,764 0,23624 0,814 0,18625 0,733 0,26726 0,729 0,27127 0,685 0,31528 0,569 0,43129 0,617 0,383
Fonte: Elaborado pela autora.
A Tabela 4 exibe as cargas fatoriais para o modelo rotacionado. A partir desta,
observou-se que alguns itens apresentaram cargas significativas (> |0, 3|) em mais de um
fator, para estes casos foi estabelecido que o item se deslocaria para o fator que tivesse a
carga fatorial mais relevante.
4.2 Analise dos Resultados 50
Tabela 4: Cargas Fatoriais da Matriz Rotacionada via Metodo Varimax.
Item Fator 1 Fator 2 Fator 3 Fator 4 Fator 5
16 -0,859 0,141 -0,031 0,094 0,09817 -0,783 0,025 0,197 0,089 0,09120 -0,652 0,122 0,294 0,361 -0,13327 -0,732 -0,029 0,216 0,314 0,05722 -0,117 0,751 -0,039 -0,046 0,12523 0,004 0,857 0,037 0,164 -0,03224 -0,063 0,893 0,02 0,114 0,00818 -0,215 -0,113 0,744 0,178 -0,15119 -0,218 0,033 0,766 0,134 -0,20528 -0,061 0,063 0,648 0,15 0,34429 -0,054 0,049 0,609 0,003 0,49021 -0,276 0,162 0,239 0,647 0,03025 -0,117 0,091 0,092 0,831 0,11526 -0,211 0,014 0,099 0,809 0,14315 -0,098 0,066 -0,045 0,211 0,782
Fonte: Elaborado pela autora.
A distribuicao dos itens dentro de cada fator, mostrou-se da seguinte forma: o primeiro
fator reteve itens relativos a infraestrutura; no segundo fator constam itens acerca do
esforco e tempo demandado pelas atividades academicas; o terceiro fator abrangeu itens
relacionados a questoes extra-curriculares e de relacionamento inter-pessoal; o quarto fator
reuniu questoes referentes ao ensino; o quinto fator descreve as questoes burocraticas.
A disposicao dos itens nao se alterou significativamente. O Fator 1 (4 itens; α′= 0, 83)
agupou itens da dimensao original condicoes de trabalho, explicando 17, 16% da variancia.
O Fator 2 (3 itens; α′
= 0, 80) explicou 14, 60% da variancia, e representa a dimensao
teorica compensacao. O Fator 3 (4 itens; α′= 0, 70) uniu questoes das dimensoes originais
qualidade de ensino, reconhecimento e vida social, tendo explicado 14, 56% da variancia.
Sugeriu-se que o terceiro fator fosse denominado Extracurricular e Vida Social. Ja o
Fator 4 (3 itens; α′
= 0, 76) reuniu os itens da dimensao conceitual qualidade de ensino,
com excecao do item 18 que migrou para o terceiro fator, explicando, assim, 14, 45% da
variancia. Por fim, o Fator 5 (7, 50% da variancia explicada) reteve somente um item,
representante da dimensao normas e procedimentos.
As Figuras 6 e 7 apresentam, respectivamente, as distribuicoes dos itens do ques-
tionario de acordo com as dimensoes teoricas e empıricas a qual estao relacionados, onde
q10 a q30 representam as questoes do instrumento de medida criado.
4.2 Analise dos Resultados 51
Fonte: Elaborado pela autora.
Figura 6: Distribuicao dos Itens do Questionario de Acordo com suas Dimensoes Teoricas.
Fonte: Elaborado pela autora.
Figura 7: Distribuicao dos Itens do Questionario de Acordo com suas DimensoesEmpıricas.
4.2 Analise dos Resultados 52
Logo apos, seguiu-se com a verificacao da adequacao dos itens por meio da perspectiva
da teoria classica dos testes, onde calculou-se o ındice de dificuldade e o poder discrimi-
nativo de cada item. A Figura 8 exibe o ındice de dificuldade (utilizando a Equacao 3.19)
para cada item retido anteriormente.
Fonte: Elaborado pela autora.
Figura 8: Indice de Dificuldade do Item.
A rigor, os itens 10, 11, 12, 14, 18 e 24 deveriam ser excluıdos por apresentarem o
seu ındice de dificuldade fora do intervalo [0, 3; 0, 7], porem tal criterio de selecao sera
desconsiderado por nao haver indıcios de sua aplicabilidade no contexto do presente es-
tudo. Ja que um ındice de dificuldade pequeno no item 12, por exemplo, significa que os
estudantes estao, em geral, insatisfeitos com a moradia oferecida pela universidade. Tal
constatacao e um indıcio de que o servico deve ser melhorado, e nao deve, portanto, ser
eliminada do questionario. Por consequencia, o criterio do poder discriminativo tambem
nao sera utilizado, ja que este utiliza o ındice de dificuldade do item em seu calculo.
A jus de exemplificacao, a Figura 9 apresenta o poder discriminativo dos itens, onde
verifica-se que, considerando valores acima de 0, 5 como proximos de um, somente o item
20 seria retido.
4.2 Analise dos Resultados 53
Fonte: Elaborado pela autora.
Figura 9: Poder Discriminativo do Item.
Com o instrumento final (APENDICE F) foi obtido a medida de consistencia interna
geral por meio do coeficiente alfa de Cronbach, que apontou um ındice de confiabilidade
apropriado (α = 0, 83).
Alem das duas variaveis eliminadas, sentiu-se a necessidade de alterar a forma de
resposta do item 5, que perguntava, “Ha quantos semestres voce esta regularmente ma-
triculado? (excluindo os semestres que houve trancamento de matrıcula)”, optando por
deixar a resposta aberta para que o respondente digite o numero de semestres.
54
5 Conclusao
Considerando a amostra utilizada no presente estudo, pode-se afirmar que o ins-
trumento proposto apresenta os requisitos necessarios em teor de consistencia interna e
validade fatorial para avaliar o nıvel de satisfacao de estudantes com a universidade.
As dimensoes alcancam altos nıveis de consistencia interna individualmente, assim
como no intrumento como um todo. No entanto, ressalta-se a necessidade da criacao
de novos itens, principalmente para a dimensao normas e procedimentos, que conta com
somente um item, alem da dimensao teorica reconhecimento que, apos a analise fatorial,
nao foi contemplada com nenhuma questao formulada.
Alguns pontos importantes tem de ser destacados. O primeiro e que a simples traducao
e adaptacao das dimensoes teoricas pode nao ser o suficiente para captar a satisfacao dos
estudantes com a universidade no contexto brasileiro. Uma pluralidade de aspectos nao
tratados tem o poder influenciar a satisfacao dos estudantes universitarios brasileiros,
como, por exemplo, as bolsas de assistencia estudantil, que sao fundamentais para a
permanencia de alguns estudantes em seus cursos de graduacao. Outro ponto, e que a
utilizacao da Teoria Classica dos Testes como meio de decisao para a retencao de itens
parece nao ser apropriado, pois o ındice de dificuldade como criterio de adequacao do
item e melhor fundamentado para situacoes em que as questoes admitem respostas cer-
tas e erradas, ou ate mesmo em itens com a resposta em escala de Likert em um outro
contexto. Por exemplo: no caso em que se deseja medir o nıvel de depressao e os itens
estao formulados com resposta em escala de Likert, no cenario em que grande parte dos
respondentes recebem um alto score em uma determinada questao indica que talvez esta
nao seja uma caracterıstica “exclusiva”da depressao, e entao esta deve ser eliminada do
questionario. No entanto, nao pode-se dizer o mesmo para questoes referentes ao nıvel
de satisfacao de estudantes, ja que na situacao em que a grande maioria dos estudantes
recebem um baixo score em determinada questao so indica que os estudantes estao insa-
tisfeitos com tal servico prestado pelas universidades. Recomenda-se, entao, a realizacao
deste mesmo estudo porem utilizando a otica da Teoria da Resposta ao Item, no intuito
5 Conclusao 55
de verificar se tal tecnica se ajustaria melhor as caracterısticas dos dados envolvidos na
analise.
A analise dos resultados obtidos identificou a necessidade da continuidade do desen-
volvimento deste estudo, indicando que novas perguntas devem ser inseridas a fim de que
toda a extensao dos atributos seja captada, alem da possıvel redefinicao das dimensoes
teoricas. Este trabalho pode ser considerado a etapa inicial de um instrumento que deve
ser continuamente aprimorado. Ainda e importante ressaltar que este estudo padece de
uma limitacao pela metodologia amostral utilizada, uma vez que a amostra coletada repre-
senta predominantemente estudantes universitarios da rede publica de ensino das regioes
sul e sudeste. Torna-se, ainda, pertinente um estudo comparativo entre as caracterısticas
socioculturais dos estudantes das redes publica e privada de ensino, para a verificacao de
fatores influentes na formacao da satisfacao do estudante com a universidade.
56
Referencias
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[3] PASQUALI, L. Instrumentos psicologicos: manual pratico de elaboracao. 1. ed. [S.l.:s.n.], 1999.
[4] DILLON, W. R.; GOLDSTEIN, M. Multivariate Analysis: Methods and Applications.[S.l.: s.n.], 1984.
[5] MINGOTI, S. A. Analise de Dados atraves de Metodos de Estatıstica Multivariada,uma abordagem aplicada. [S.l.: s.n.], 2007.
[6] SARTES, L. M. A.; SOUZA-FORMIGONI, M. L. O. de. Avancos na psicometria: Dateoria classica dos testes a teoria de resposta ao item. Psicologia: Reflexao e Crıtica,v. 26, n. 2, p. 241–250, 2006.
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[8] PAWLOWSKI, J.; TRENTINI, C. M.; BANDEIRA, D. R. Discutindo procedimentospsicometricos a partir da analise de um instrumento de avaliacao neuropsicologica breve.Psico-USF, v. 17, n. 2, p. 211–219, 2007.
[9] R Core Team. R: A Language and Environment for Statistical Computing. Vienna,Austria, 2015. Disponıvel em: <https://www.R-project.org/>.
[10] MALHOTRA, N. K. Pesquisa de Marketing uma Orientacao Aplicada. 4. ed. [S.l.:s.n.].
[11] MAROCO, J. Analise Estatıstica com a Utilizacao do SPSS. 2. ed. [S.l.: s.n.].
[12] FILHO, D. B. F.; JuNIOR, J. A. da S. Desvendando os misterios do coeficiente decorrelacao de pearson. Revista Polıtica Hoje, v. 18, n. 1, 2009.
[13] LIRA, S. A. Analise de correlacao: abordagem teorica e de construcao dos coeficientescom aplicacoes. Universidade Federeal do Parana, 2004.
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Referencias 57
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[18] REVELLE, W. psych: Procedures for Psychological, Psychometric, and Perso-nality Research. Evanston, Illinois, 2017. R package version 1.7.8. Disponıvel em:<https://CRAN.R-project.org/package=psych>.
[19] MAROCO, J.; GARCIA-MARQUES, T. Qual a fiabilidade do alfa de cronbach?questoes antigas e solucoes modernas? Laboratorio de Psicologia, v. 4, n. 1, p. 65–90,2006.
[20] BETZ, E. L. et al. The Measurement and Analysis of College Student Satisfaction.[S.l.].
58
APENDICE A -- Respostas da Entrevista
Foram enviadas aos entrevistados duas perguntas, sendo elas:
� O que voce entende por satisfacao com a universidade?
� O que te faz/faria satisfeito com a sua instituicao de ensino?
A seguir apresenta-se as respostas dadas por tais estudantes:
1) Contabeis, Anhanguera de Taubate
� Se estou satisfeita com os servicos que a faculdade me oferece, como por exemplo:
com a secretaria, com as aulas, com a estrutura da faculdade.
� Eu ficaria mais satisfeita se a secretaria da faculdade resolvesse os problemas dos
alunos com mais agilidade.
2) Estatıstica, UFF
� Satisfacao com a faculdade e se sentir a vontade no lugar e motivado para se desen-
volver como estudante.
� Acredito que uma boa infraestrutura e um bom ambiente academico sao topicos
essenciais pra um estudante estar satisfeito com sua faculdade.
3) Processos gerenciais, Faculdade Cenecista de Itaboraı ou Osorio
� Quando a universidade atende a tudo que preciso, tanto no ensino quanto na secre-
taria.
� Que dessem vıdeo aulas de verdade, porque ficar lendo slide sozinha e uma chatice.
4) Bacharelado em Ciencia e Tecnologia, UFVJM
� Onde todos os desejos estao sendo atingidos. Boa estrutura, bons professores, trans-
parencia da administracao, preocupacao com melhorias, etc.
Apendice A -- Respostas da Entrevista 59
� O que me faria satisfeito com a minha instituicao seria o fato de professores mais in-
teressados com a aprendizagem, em vez de professores que simplesmente soltam a materia
e espera que os alunos se virem.
5) Engenharia Mecanica, Universidade Geraldo di biase (Ugb)
� Pra mim, satisfacao com a universidade e estar satisfeito com o ensino que ela te
proporciona e com os professores. Tendo tambem uma estrutura fısica que suporte as
necessidades dos alunos.
� Seria se a instituicao tivesse turmas menores para que se tornasse mais facil o am-
biente de estudo e que a instituicao tivesse uma boa biblioteca.
6) Estatıstica, UFF
� Ensino de qualidade e estrutura adequada.
� Atividades extras fora do contexto academico; maior investimento para participacao
de congressos.
7) Estatıstica, UFF
� O que eu entendo por satisfacao e como o aluno ve a sua universidade, ou seja, se
ele acredita que a instituicao faz tudo o que pode para que os alunos consigam ter um
bom ensino e estarem prontos para uma vida fora das salas de aula.
� O que me faria satisfeita com a UFF e uma melhor infraestrutura e um maior espaco
para os alunos estudarem (salas de estudo).
8) Engenharia de Producao, UNIVERSO
� Entendo por satisfacao com a universidade, quando temos ensino de qualidade,
professores que sejam comprometidos em ensinar, a faculdade comprometida com o bem
estar dos alunos, uma secretaria eficiente.
� Estaria satisfeito com salas e laboratorios adaptados para cada area de ensino, e com
o comprometimento da faculdade em garantir oportunidades de estagio.
9) Engenharia de Producao, UNIVERSO
� O quao a universidade ira ou esta ajudando no meu crescimento.
� Aulas praticas, simulando situacoes que poderao ocorrer no trabalho.
10) Engenharia de Producao, UNIVERSO
� Custo-benefıcio, infraestrutura adequada, comprometimento dos professores e ges-
tores, profissionais qualificados, etc.
Apendice A -- Respostas da Entrevista 60
� Me faria satisfeito se a mesma cumprisse com o “produto” que me apresentaram as-
sim que entrei na faculdade. Uma universidade com infraestrutura boa e com ensino claro
e objetivo atraves de professores qualificados, onde atraves do conhecimento adquirido me
faria um profissional excelente (eficaz e eficiente).
11) Engenharia de Producao, UNIVERSO
� Quando a universidade atende as minhas expectativas, estabelece um bom relacio-
namento e condicoes eficazes de aprendizado.
� Uma boa infra estrutura, aulas praticas em laboratorios, investimento em pesquisas.
12) Historia, UFF
� Eu acho que o que leva uma pessoa a estar satisfeita com a universidade e a forma
como os professores atuam nesta instituicao: passando conteudo, sendo solıcitos, incenti-
vando os alunos na pesquisa e a seguir em frente. Tambem a instituicao fornecer meio de
alunos que nao tem condicoes financeiras de se manter nesta instituicao sendo pela bolsa
do PIBID ou PIBIC ou outros tipos de bolsas, alojamento, bandejao, biblioteca.
� Uma coisa que me faria satisfeita coma instituicao e que fossem mais divulgadas
as palestras e eventos, porque as vezes as palestras e eventos de pesquisa ficam muito
restritos a um grupo seleto. Por exemplo: tem uma professora que esta fazendo tarde
de pesquisa no meu curso, mas ela esta publicando nao no grupo aberto de historia mas
sim em um grupo de uma disciplina dela, isso, entao, fica restrito a um grupo seleto de
pessoas. Tambem acho que a instituicao poderia fazer alguma divulgacao sobre os cursos
e as bolsas nas escolas publicas, incentivando-os a buscar o ensino superior.
13) Geografia, UFRJ
� A satisfacao com a universidade se da a partir de quando a instituicao de ensino
lhe proporciona uma formacao de qualidade, na qual voce entende que o tempo gasto ali,
estara sendo util. Assim como sentir que a instituicao valoriza voce como aluno e nao
apenas a cobranca.
� Saber que estou em uma instituicao de ensino bem qualificada, onde a mesma me
proporciona utilizar de recursos necessarios pra minha graduacao (laboratorios, trabalho
de campo, etc.). Tambem estaria mais satisfeito se a universidade fosse mais pratica e
menos teorica. Onde pudessemos saber empregar o conhecimento adquirido durante o
curso.
14) Relacoes internacionais, ESTACIO
� Eu entendo por satisfacao com a universidade quando ela garante um bom ambiente
Apendice A -- Respostas da Entrevista 61
academico, com refrigeracao, carteiras em bom estado de conservacao e bons professores.
� E o que me faz satisfeito com a instituicao em si, e em relacao ao meu coordenador
de curso, que e bem atencioso com meus problemas relacionado a grade. Consigo resolver
tudo pelo whatsapp, sem a necessidade de ir ate o campus. Mas em relacao ao que
me deixaria satisfeito mesmo com a instituicao de ensino em si, e se eles facilitassem os
processos mais serios que as vezes temos que resolver com a universidade. Problema nos
boletos, reprovacao em uma materia que voce foi aprovado ou ate mesmo na parte de
trancamento de curso. E sempre preciso abrir requerimento, esperar, depois ir ate la.
Enfim, poderia ser menos burocratico.
15) Estatıstica, UFF
� Satisfacao com a infraestrutura dos campis (banheiros, elevador, bandejao, onibus),
com a disponibilidade de horarios (nosso curso tem o problema de nao ter noturno, por
exemplo), como as aulas sao ministradas e a disponibilidade dos professores.
� Melhor valorizacao dos profissionais da universidade (diminuiria as greves.. ficar sem
bandejao por meses fez muita gente trancar o perıodo), melhora nos campis (o gragoata
e excelente, mas o valonguinho bem caıdo, ainda mais onde estudavamos), aulas com
horarios que facam sentido (colocar amostragem a tarde sendo que o pessoal ja pode
estagiar nao e vantajoso para os alunos, por exemplo), os professores estarem disponıveis
fora de aula (isso eu acho que a estatıstica esta bem. Todos sao muito dispostos a ajudar).
Fazer parcerias com empresas (nao sei se tem, as particulares tipo PUC tem bastante).
62
APENDICE B -- Tabela de Dupla Entrada
(Itens x Dimensoes)
Dimensoes
Itens Normas CondicoesCompensacao
QualidadeReconhecimentoe de de Vida
Procedimentos Trabalho Ensino Social101112131415161718192021222324252627282930 - - - - - - - - - - - - - - - - - -31323334
63
APENDICE C -- Tabela da Definicao
Constitutiva
Fatores Definicao
Normas e Procedimentos inclui questoes referentes as polıticas e procedimentosque afetam as atividades e o progresso dos estudantes,isto e, a oportunidade dada aos estudantes de influenciaras decisoes que afetam o bem-estar destes, os motivosque levam as escolhas das classes e o uso do tempo livre.
Condicoes de Trabalho abrange questoes sobre o ambiente fısico de convıvio dosestudantes, assim como sua agradabilidade e limpeza.Alem da adequabilidade da area de estudo do campus,a qualidade da comida, a limpeza e o conforto do localde residencia dos estudantes.
Compensacao definida em termos da quantidade de esforco requeridopara uma boa vida academica, e o efeito deste esforcodado as demandas da universidade no cumprimento dasoutras necessidades e objetivos do estudante.
Qualidade do Ensino foca na percepcao do estudante sobre a qualidade doensino como um todo. Desde o metodo de ensino atea competencia e a prestatividade da faculdade e seusfuncionarios, alem da adequabilidade do currıculo. En-globando entao fatores associados as muitas condicoesacademicas relacionadas ao desenvolvimento intelectuale vocacional individual.
Vida Social responsavel por captar questoes sobre a oportunidadede “interacao humana”dada pela faculdade. Isto e, aoportunidade de conhecer pessoas interessantes (fazeramigos e/ou marcar encontros) e a oferta de atividadessociais informais.
Recohecimento compreende as atitudes e condutas da faculdade e dosoutros estudantes indicando o acolhimento dos estudan-tes como indivıduos dignos.
64
APENDICE D -- Lista dos Itens
Numeracao dos Itens Itens
10 A universidade me da a oportunidade de participar datomada de decisoes atraves de votos e/ou assembleias.
11 Ha muita burocracia para que se consiga resolver “pro-blemas”na secretaria e/ou reitoria.
12 A universidade conta com a infraestrutura (predios, ba-nheiros, carteiras, ar condicionado, elevador, entre ou-tros) em bom estado de conservacao.
13 As areas de convivencia da universidade sao adequadase limpas.
14 A universidade dispoe de projetos para o desenvolvi-mento intelectual dos alunos (como projetos de iniciacaocientıfica, palestras, eventos academicos, entre outros).
15 A universidade reconhece os bons alunos lhes dandooportunidades de crescimento intelectual.
16 A universidade dispoe de todos os equipamentos ne-cessarios para a realizacao das disciplinas.
17 A distribuicao de horarios das disciplinas afeta a minhaescolha de quais cursar.
18 A grade curricular do meu curso e adequada.
19 O tempo demandado pelas atividades academicas meimpede de realizar cursos extracurriculares para com-plementar a minha formacao.
20 Para conseguir boas notas tenho que me empenhar maisdo que considero mentalmente saudavel.
21 A quantidade de tarefas da universidade (trabalhos, se-minarios, entre outros) atrapalha a minha pessoal e/ouprofissional.
22 Os professores usam metodo de ensino adequado.
Apendice D -- Lista dos Itens 65
Numeracao dos Itens Itens
23 Os professores se mostram dispostos a ensinar.
24 A equipe de atendimento (secretario(a), gestor(a), entreoutros) se mostra disposta a ajudar.
25 Os equipamentos disponibilizados para a realizacao dasatividades das disciplinas estavam em bom estado.
26 A universidade da base necessaria para a insercao nomercado de trabalho.
27 A universidade facilita com que eu conheca pessoas in-teressantes.
28 A universidade disponibiliza meios (financeiros ou nao)para que se realize eventos informais para a integracaodos alunos.
29 A universidade reconhece os bons alunos, premiando es-tes com mencoes honrosas.
30 Estou satisfeito(a) com a universidade em que estudo.
31 A universidade disponibiliza para o meu curso salas deestudo adequadas.
32 A biblioteca tem a maioria dos livros que preciso para aminha formacao academica.
33 A moradia universitaria e confortavel e limpa.
34 O Restaurante Universitario oferece comida de boa qua-lidade.
66
APENDICE E -- Questionario Aplicado
Nıvel de Satisfacao dos Estudantescom a Universidade 1
Caro estudante,
Esta pesquisa e voltada para estudantes de graduacao presencial que estao regularmente
matriculados. Voce esta sendo convidado a participar de uma pesquisa que tem como ob-
jetivo avaliar a satisfacao do estudante com a universidade. Sua participacao contribuira
para que seja possıvel avaliar a qualidade da assistencia oferecida a partir do seu nıvel de
satisfacao. Agradecemos a sua contribuicao.
1. Qual a Universidade voce frequenta? *
Ex.: UFF
2. Esta universidade pertence a qual Unidade da Federacao? *
� Acre
� Alagoas
� Amapa
� Amazonas
� Bahia
� Ceara
� Distrito Federal
� Espırito Santo
� Goias
� Maranhao
1Questionario adaptado da versao online
Apendice E -- Questionario Aplicado 67
� Mato Grosso
� Mato Grosso do Sul
� Minas Gerais
� Para
� Paraıba
� Parana
� Pernambuco
� Piauı
� Rio de Janeiro
� Rio Grande do Norte
� Rio Grande do Sul
� Rondonia
� Roraima
� Santa Catarina
� Sao Paulo
� Sergipe
� Tocantins
3. Que tipo de universidade voce frequenta? *
� Publica
� Privada, sem bolsa
� Privada, com bolsa parcial
� Privada, com bolsa integral
4. Qual o seu curso? *
Ex.: Matematica
5. Ha quantos semestres voce esta regularmente matriculado? (excluindo os semestres
que houve trancamento de matrıcula) *
� 1
� 2
� 3
� 4
� 5
Apendice E -- Questionario Aplicado 68
� 6
� 7
� 8
� 9
� 10
� 11
� 12
� 13
� 14
� 15 ou mais
6. Voce possui um emprego ou estagio? *
� Nao
� Sim
7. Qual a sua idade? *
Ex.: 21
8. Com qual genero voce se identifica? *
� Mulher
� Homem
� Outro:
9. Qual a sua raca/cor? *
� Branca
� Preta
� Parda
� Amarela
� Indıgena
Apendice E -- Questionario Aplicado 69
Nos itens a seguir, marque a opcao ”Nao tenho conhecimento, pois nao utilizo”somente
no caso de nao ter conhecimento sobre o topico exposto.
10. A universidade disponibiliza para o meu curso salas de estudo adequadas. *
� Discordo Totalmente
� Discordo Parcialmente
� Concordo Parcialmente
� Concordo Totalmente
� Nao possui sala de estudo
� Nao tenho conhecimento, pois nao utilizo
11. A biblioteca tem a maioria dos livros que preciso para a minha formacao academica.*
� Discordo Totalmente
� Discordo Parcialmente
� Concordo Parcialmente
� Concordo Totalmente
� Nao possui biblioteca
� Nao tenho conhecimento, pois nao utilizo
12. A moradia universitaria e confortavel e limpa. *
� Discordo Totalmente
� Discordo Parcialmente
� Concordo Parcialmente
� Concordo Totalmente
� Nao possui Moradia Estudantil
� Nao tenho conhecimento, pois nao utilizo
13. O Restaurante Universitario oferece comida de boa qualidade. *
� Discordo Totalmente
� Discordo Parcialmente
� Concordo Parcialmente
� Concordo Totalmente
� Nao possui Restaurante Universitario
� Nao tenho conhecimento, pois nao utilizo
Apendice E -- Questionario Aplicado 70
Nas questoes a seguir, escolha a intensidade com que voce concorda com os itens
expostos. A escala varia de 1 a 5, sendo que quanto maior o numero, maior a
concordancia com a afirmacao feita.
14. A universidade da a oportunidade dos alunos participarem da tomada de decisoes
atraves de votos e/ou assembleias. *
15. Ha muita burocracia para que se consiga resolver “problemas” na secretaria e/ou
reitoria.*
16. A universidade conta com a infraestrutura (predios, banheiros, carteiras, ar condi-
cionado, elevador, entre outros) em bom estado de conservacao. *
17. As areas de convivencia da universidade sao adequadas e limpas. *
18. A universidade dispoe de projetos para o desenvolvimento intelectual dos alunos
(como projetos de iniciacao cientıfica, palestras, eventos academicos, entre outros).*
Apendice E -- Questionario Aplicado 71
19. A universidade reconhece os bons alunos, lhes dando oportunidades de participacao
em projetos ( iniciacao cientıfica, iniciacao a docencia, extensao, entre outros). *
20. A universidade dispoe de todos os equipamentos necessarios para a realizacao das
disciplinas. *
21. A grade curricular do meu curso e adequada. *
22. O tempo demandado pelas atividades academicas me impede de realizar cursos
extracurriculares para complementar a formacao. *
23. Para conseguir boas notas, tenho que me empenhar mais do que considero mental-
mente saudavel. *
24. A quantidade de tarefas da universidade (trabalhos, seminarios, entre outros) atra-
palha a vida pessoal e/ou profissional. *
Apendice E -- Questionario Aplicado 72
25. Os professores usam metodos de ensino adequado. *
26. Os professores se mostram dispostos a ensinar. *
27. Os equipamentos disponibilizados para a realizacao das atividades das disciplinas
estavam em bom estado. *
28. A universidade facilita com que conheca pessoas interessantes. *
29. A universidade disponibiliza meios (financeiros ou nao) para que se realize eventos
informais para a integracao dos alunos, tais como: encontro de estudantes, caloura-
das, entre outros. *
30. A universidade reconhece os bons alunos, lhes dando premios por sua boa perfor-
mance academica. *
Apendice E -- Questionario Aplicado 73
31. Estou satisfeito(a) com a universidade em que estudo. *
32. Opiniao e Sugestoes
74
APENDICE F -- Questionario Final
Nıvel de Satisfacao dos Estudantescom a Universidade
Caro estudante,
Esta pesquisa e voltada para estudantes de graduacao presencial que estao regularmente
matriculados. Voce esta sendo convidado a participar de uma pesquisa que tem como ob-
jetivo avaliar a satisfacao do estudante com a universidade. Sua participacao contribuira
para que seja possıvel avaliar a qualidade da assistencia oferecida a partir do seu nıvel de
satisfacao. Agradecemos a sua contribuicao.
1. Qual a Universidade voce frequenta? *
Ex.: UFF
2. Esta universidade pertence a qual Unidade da Federacao? *
� Acre
� Alagoas
� Amapa
� Amazonas
� Bahia
� Ceara
� Distrito Federal
� Espırito Santo
� Goias
� Maranhao
� Mato Grosso
� Mato Grosso do Sul
Apendice F -- Questionario Final 75
� Minas Gerais
� Para
� Paraıba
� Parana
� Pernambuco
� Piauı
� Rio de Janeiro
� Rio Grande do Norte
� Rio Grande do Sul
� Rondonia
� Roraima
� Santa Catarina
� Sao Paulo
� Sergipe
� Tocantins
3. Que tipo de universidade voce frequenta? *
� Publica
� Privada, sem bolsa
� Privada, com bolsa parcial
� Privada, com bolsa integral
4. Qual o seu curso? *
Ex.: Matematica
5. Ha quantos semestres voce esta regularmente matriculado? (excluindo os semestres
que houve trancamento de matrıcula) *
6. Voce possui um emprego ou estagio? *
� Nao
� Sim
Apendice F -- Questionario Final 76
7. Qual a sua idade? *
Ex.: 21
8. Com qual genero voce se identifica? *
� Mulher
� Homem
� Outro:
9. Qual a sua raca/cor? *
� Branca
� Preta
� Parda
� Amarela
� Indıgena
Nos itens a seguir, marque a opcao ”Nao tenho conhecimento, pois nao utilizo”somente
no caso de nao ter conhecimento sobre o topico exposto.
10. A universidade disponibiliza para o meu curso salas de estudo adequadas. *
� Discordo Totalmente
� Discordo Parcialmente
� Concordo Parcialmente
� Concordo Totalmente
� Nao possui sala de estudo
� Nao tenho conhecimento, pois nao utilizo
11. A biblioteca tem a maioria dos livros que preciso para a minha formacao academica.*
� Discordo Totalmente
� Discordo Parcialmente
� Concordo Parcialmente
� Concordo Totalmente
� Nao possui biblioteca
� Nao tenho conhecimento, pois nao utilizo
Apendice F -- Questionario Final 77
12. A moradia universitaria e confortavel e limpa. *
� Discordo Totalmente
� Discordo Parcialmente
� Concordo Parcialmente
� Concordo Totalmente
� Nao possui Moradia Estudantil
� Nao tenho conhecimento, pois nao utilizo
13. O Restaurante Universitario oferece comida de boa qualidade. *
� Discordo Totalmente
� Discordo Parcialmente
� Concordo Parcialmente
� Concordo Totalmente
� Nao possui Restaurante Universitario
� Nao tenho conhecimento, pois nao utilizo
Nas questoes a seguir, escolha a intensidade com que voce concorda com os itens
expostos. A escala varia de 1 a 5, sendo que quanto maior o numero, maior a
concordancia com a afirmacao feita.
14. Ha muita burocracia para que se consiga resolver “problemas” na secretaria e/ou
reitoria.*
15. A universidade conta com a infraestrutura (predios, banheiros, carteiras, ar condi-
cionado, elevador, entre outros) em bom estado de conservacao. *
Apendice F -- Questionario Final 78
16. As areas de convivencia da universidade sao adequadas e limpas. *
17. A universidade dispoe de projetos para o desenvolvimento intelectual dos alunos
(como projetos de iniciacao cientıfica, palestras, eventos academicos, entre outros).*
18. A universidade reconhece os bons alunos, lhes dando oportunidades de participacao
em projetos ( iniciacao cientıfica, iniciacao a docencia, extensao, entre outros). *
19. A universidade dispoe de todos os equipamentos necessarios para a realizacao das
disciplinas. *
20. A grade curricular do meu curso e adequada. *
21. O tempo demandado pelas atividades academicas me impede de realizar cursos
extracurriculares para complementar a formacao. *
Apendice F -- Questionario Final 79
22. Para conseguir boas notas, tenho que me empenhar mais do que considero mental-
mente saudavel. *
23. A quantidade de tarefas da universidade (trabalhos, seminarios, entre outros) atra-
palha a vida pessoal e/ou profissional. *
24. Os professores usam metodos de ensino adequado. *
25. Os professores se mostram dispostos a ensinar. *
26. Os equipamentos disponibilizados para a realizacao das atividades das disciplinas
estavam em bom estado. *
27. A universidade facilita com que conheca pessoas interessantes. *
Apendice F -- Questionario Final 80
28. A universidade disponibiliza meios (financeiros ou nao) para que se realize eventos
informais para a integracao dos alunos, tais como: encontro de estudantes, caloura-
das, entre outros. *
29. Estou satisfeito(a) com a universidade em que estudo. *
30. Opiniao e Sugestoes