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Ser Adolescente Desafios e riscos Serviço de Psicologia e Orientação 1 de Março

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Ser Adolescente

Desafios e riscos

Serviço de Psicologia e Orientação

1 de Março

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Conteúdos a

desenvolver

1. Conceito de Adolescência2. Especificidades da Adolescência

2.1 Aspetos Fisiológicos

2.2 Aspetos Psicológicos (Cognitivo e Emocional)

2.2.1 Desenvolvimento da autoestima

3. Aspetos Sociais3.1 A família na adolescência

3.2 Grupo de Pares na adolescência

4. Comportamentos de risco

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“EU, Adolescente…Em meu entender a adolescência é uma altura da vida muito bonita mas

também das mais difíceis. Tenho muitos mais problemas agora na escola do que quando era mais novo.

Esta é a iniciação ao tempo de adulto: começamos a guardar as nossas economias, a contá-las. É uma das grandes complicações que eu tenho.De manhã, quando acordo, só penso: para que é que a escola nos tira da

cama?...; mas não há nada a fazer, tenho que me levantar e ir para lá! Depois é escolher a roupa que é sempre outra complicação; se a camisa não liga com as calças, se o blusão não liga com a camisa, enfim, uma confusão… e tudo para

ficar o mais bonito possível. É uma fase c0mpletamente maluca. Com o penteado é a mesma coisa: fica-se imenso tempo a ver se a «pala» está bem

feita, se se está muito bem penteadinho, enfim, é uma onda de grande vaidade. Uma das coisas que me atrai mais é a música, principalmente a música rock

(quase tanto como o futebol). Esta é uma época da vida em que se vive a música!

Mas será que, na roupa, no penteado, na escolha da música, estamos realmente a ser nós próprios ou é-se uma pessoa completamente diferente querendo

apenas, que os outros gostem de nós? Não devia ser assim, mas há casos em que uma pessoa gosta de outra, não pela maneira como ela é, mas só pela

maneira como se veste, como se penteia, como se apresenta. Eu, normalmente, tento ser EU e nada mais, mas, por vezes, sinto que faço coisas para agradar aos

outros, coisas que por mim só nunca faria. A adolescência é uma idade de conflitos mas penso que para mim, e até agora,

foi a melhor altura de toda a minha vida”.

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AdolescênciaA adolescência tem início com a puberdade, quando o indivíduo atinge a maturidade sexual e a capacidade de reprodução (Papalia, Olds & Feldman, 2001; Sampaio, 1993) e termina com a formação de valores e da identidade (Sampaio, 1993).

É difícil estabelecer a idade cronológica para esta faixa, devido à grande variabilidade do desenvolvimento humano, no entanto, o intervalo mais frequentemente utilizado situa-se entre os 12 e 21 anos (Sampaio, 1991).

Com início na puberdade, a adolescência começa com uma série de mudanças fisiológicas, cognitivas, emocionais e sociais.

Fase crucial para o desenvolvimento da autoestima e do auto-conceito. É uma fase caraterizada pelo aumento das responsabilidades sociais e familiares.

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Período de grande aprendizagem das normas, conceitos sociais e morais, mesmo que às vezes sejam contrariados e violados no sentido da experimentação dos limites.

Também é uma fase de acentuadas mudanças biológicas e hormonais, que proporcionam, muitas vezes dúvidas, inquietações e mudanças de comportamento em relação aos pares sociais (amigos) e família.

O adolescente requer um difícil equilíbrio entre os diversos aspetos da maturação, o que nem sempre é atingido. A maturação neuroendócrina em geral, avança de forma coordenada, porém nem sempre o mesmo ocorre com o desenvolvimento social e emocional (Serfaty, Andrade, Massautis & Foglia, 1995).

Adolescência

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Caraterísticas da adolescência:

i. Maior capacidade de reconhecer alternativas nas escolhas e encontrar soluções através deste reconhecimento;

ii. Tendência em questionar as principais figuras de autoridade;iii. Aquisição de independência dos pais e família;iv. Desenvolvimento do sistema de valores e aquisição de identidade

própria;v. Estabelecimento de relações afetivas com outros indivíduos da mesma

idade;vi.Tendência para o egocentrismo nos interesses e objetivos;vii.Preparação para a carreira profissional.

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Especificidades

da adolescência2. 1 Aspetos Fisiológicos2.2 Aspetos Psicológicos

2.2.1 Cognitivo2.2.2 Emocional

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Aspetos FisiológicosRaparigas Rapazes

Caraterísticas sexuais primárias:

Orgãos sexuais

Ovários;Trompas de falópio;Útero;Vagina;Início da Menstruação.

Testículos;Pénis;Escroto;Vesículas seminais;Glândula Prostática; Produção de espermatozóides.

Caraterísticas sexuais secundárias:Sinais fisiológicos de

maturação

Seios; Aumento da largura e profundidade da pélvis.

Pêlo facial;Alargamento dos ombros.

Surto de crescimento;Desenvolvimento dos pêlos púbicos e axilares;

Mudança na voz;Mudança na pele (acne);Crescimento muscular.

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Aspeto FisiológicoDe uma forma geral, os rapazes parecem estimar uma maturação precoce. Adolescentes com este tipo de maturação revelam-se normalmente mais equilibrados e tranquilos, mais afáveis, populares e propensos a serem líderes, são menos impulsivos, preocupam-se mais em serem estimados, sendo também mais cautelosos e limitados por regras e rotinas.

Relativamente aos rapazes cujo desenvolvimento é tardio, o quadro não é tão positivo, pois sentem-se mais inadequados, rejeitados e dominados: são mais dependentes, agressivos e inseguros, têm pior opinião sobre si e revoltam-se mais contra os pais (Berger & Thompson, 1997; Papalia, Olds & Feldman, 2001).

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Aspeto FisiológicoAs raparigas tendem a não apreciar o amadurecimento precoce. Adolescentes com este tipo de desenvolvimento tendem a ser menos sociáveis, menos expressivas e menos equilibradas; sendo normalmente mais introvertidas e tímidas, assim como mais vulneráveis à perturbação psicológica (Jones, 1958; Livson & Peskin, 1980; Ruble & Brooks-Gunn, 1982).

A maior parte dos adolescentes preocupam-se muito com a aparência física, comparando-se constantemente com os demais. Mas muitos adolescentes não gostam do seu aspeto, uma vez que o desenvolvimento pode ser assimétrico.

Os efeitos da maturação (precoce ou tardia) têm maior probabilidade de ser negativos quando há uma diferença significativa em relação aos pares; quando as mudanças não são vistas como vantajosas e quando eventos stressantes ocorrem em simultâneo (Petersen, 1993; Simmons et al, 1983).

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Aspeto PsicológicoDo ponto de vista cognitivo, o adolescente atinge o último estádio definido por Piaget, o das operações formais. Nesta altura o adolescente adquire uma nova capacidade para manipular a informação, pois torna-se capaz de pensar de forma abstrata.

Também nesta fase, o adolescente é muito egocêntrico e tem necessidade de estar constantemente em “cena como ator principal”. É como se aquilo que pensa, por ser tão importante para si mesmo, também tivesse de o ser para os outros.

O sentimento que se origina desse egocentrismo leva-o a acreditar que é imune aos riscos que atingem os outros. As condutas de experimentação envolvendo risco advêm assim, habitualmente, de um sentimento de invulnerabilidade.

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Aspeto PsicológicoA adolescência termina com a formação da identidade. Perante as transformações a que é sujeito, o adolescente vê-se confrontado com a necessidade de procurar e estabelecer a sua identidade, necessidade de entender o seu papel no mundo e de ter consciência da sua singularidade.

A identidade do adolescente deve ser conseguida face aos seus pais de quem se afasta, e em relação à sociedade, de quem se aproxima (Luzes, 1980). Para a formação da personalidade e identidade do adolescente, primeiramente ele tem que se encontrar consigo mesmo, com as mudanças a que está sujeito. A relação com os pais e com os amigos é um contributo fundamental para fomentar a identidade.

Os sintomas de uma crise surgem no momento em que o adolescente se confronta com uma série de experiências que exigem uma escolha e um empenho, como a escolha de um parceiro para partilhar a intimidade, uma escolha profissional, escolha de uma definição psicossocial de si mesmo (Marcelli & Braconnier, 2005).

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Estritamente relacionado com a cognição encontra-se a emoção. A capacidade de pensar de forma abstrata também tem implicações emocionais.

As emoções desenvolvem-se com a idade, em harmonia com o desenvolvimento geral. No entanto, as emoções podem, por vezes, estar carregadas de uma violência e primitismo que exija controlo e interpretações especiais.

As emoções têm um papel fundamental na formação da personalidade do adolescente. Os sentimentos comandam as ações do sujeito, influenciando a função psicológica (processos mentais e morais de perceção, julgamento, avaliação e decisão), mas também a fisiológica.

Aspeto Emocional

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Desenvolvimento Emocional (10-16 anos) Gesell. Ilg & Ames

(1978)

Idade Estado Emocional10

anosCalmo e despreocupado

11 anos

Hipersensível e opinoso

12 anos

Comunicativo e equilibrado

13 anos

Retraído e interiorizado

14 anos

Expansivo e exuberante

15 anos

Inquieto e apático

16 anos

Amigável e bem ajustado

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O Desenvolvimento da autoestimaAutoestima é uma orientação positiva ou negativa em direção a si, uma avaliação global do seu próprio valor.

“Sentimento positivo ou negativo, relativamente permanente, sobre si próprio, que pode tornar-se mais ou menos positivo ou negativo à medida que os sujeitos se confrontam e interpretam os sucessos e os falhanços das suas vidas quotidianas” (Osborne, 1996;p.22).

A autoestima baseia-se no quanto a pessoa sente-se adequada nos domínios que são para ela importantes. Nos adolescentes foram identificados oito domínios: 1) competência académica; 2) competência atlética; 3) igualdade com os pares; 4) aparência física; 5) conduta comportamental; 6) atração romântica; 7) amizade próxima; 8) competência no trabalho.

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O Desenvolvimento da autoestimaEstá relacionada com a interação social positiva. Desenvolve-se dentro do contexto social que envolve família, pares e professores.

A existência de um baixo suporte emocional por parte da família está relacionado com uma baixa autoestima e auto-conceito académico.

A família enquanto contexto relacional, assume particular importância na formação do auto-conceito e autoestima, uma vez que é no seu seio, mais concretamente nas interações que se estabelece, que o jovem vai construindo as primeiras representações em relação a si próprio (Harter, 1998;1999;Lewis, 1990).

Pais dos adolescentes com elevada autoestima preocupam-se e dão atenção aos filhos, estruturam o mundo dos filhos ao longo de linhas que acreditam ser apropriadas e permitem uma relativa liberdade dentro das estruturas que estabelecem (Coopersmith, 1981).

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3. Aspetos Sociais

3.1 A família na adolescência

3.2 O adolescente e o grupo

de pares

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O adolescente e a Família

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“Queridos Pais, Não sei se algum dia vos darei a conhecer esta carta, neste momento, preciso

de conversar convosco, e comigo, como sinto que todos nós nunca temos coragem de o fazer. Talvez a culpa seja minha que me fecho em copas… mas também vocês só me questionam quando eu estou prestes a desfazer-me em lágrimas. Será que é tão difícil, assim perceber quando devem falar comigo?...No outro dia sentia-me uma vencedora: achava que podia enfrentar o mundo sem qualquer ajuda. Hoje sinto-me de rastos: sou tão estúpida quando penso

assim! Realmente sou pouco inteligente mas adorava ter a vossa inteligência e a vossa capacidade de trabalho. Já sei que ides dizer que não é assim, que me

ides demonstrar que sempre consegui fazer o que queria, etc… mas eu conheço-me bem e aos meus próprios limites. Burra não sou, realmente, mas falta-me bastante para ser inteligente. Feia, sou: estas horrendas borbulhas

não me deixam em paz. Já sei que tenho que esperar que desapareçam…já sei que se as espremer nunca mais vou ficar com a cara direita! Mas bolas! Agora é que precisava de estar bonitinha. Ninguém me liga! Só me procuram para tirar dúvidas, para me pedir os meus cadernos. Será que ninguém se lembra

que eu também tenho coração?... E vocês, pais, por que é que não dizem nada? Eu já sou grande mas ainda preciso de carinho.

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Preciso que me digam que acreditam em mim, que gostam de mim, que me digam como é que eu hei-de fazer. Está bem, já sei que muitas vezes sou arisca e que vos digo que não gosto dessas coisas. Que vos

digo que não preciso que me digam o que devo fazer. Mas não percebem que isso é só balela?Às vezes também estou com os azeites, já sei! Vá, não vamos começar com os sermões; o que mais detesto é

que me estejam sempre a atirar à cara os erros do passado. Vocês também fazem sempre tudo bem? Claro! Já me esquecia que são uns super-heróis! Desculpem, foi o meu mau génio. Não era nada isto que vos queria dizer. Queria pedir-vos que não pensem que já não gosto de vós só porque gosto de outras pessoas e porque, por vezes, me sinto melhor fora de casa. Sei lá onde é que me sinto bem…às vezes, em

lado nenhum! Dai-me espaço…mas não me fecheis a porta…Quantas vezes estou na cama à espera de vos sentir entrar…bom, já agora, só mais uma coisinha: batam sempre antes de entrar! Que confusão na

minha cabeça…nem sei se era isto que queria escrever. Gosto muito de vós, mas às vezes, apetece-me fugir.

Beijos da vossa filha”.

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O adolescente e a famíliaNesta fase, tanto os filhos como os pais deparam-se com mudanças na organização da estrutura familiar. Para os filhos significa a procura da autonomia, aventurar-se fora da matriz familiar, sem no entanto cortar abruptamente com os laços familiares e o suporte que eles lhe fornecem.

Para os pais significa um abrandamento progressivo do controlo exercido sobre os filhos e o aumento correlativo da flexibilidade das normas familiares face à sua crescente independência.

Indepedência e autonomia, não como forma de rutura ou isolamento em relação à família mas antes como auto-responsabilização e afirmação de si, inclusive no seu seio.

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O adolescente e a famíliaA aquisição da identidade consiste na integração de todas as identificações numa única identificação, ou seja, na determinação de um papel e lugar no mundo (definição do self).

A procura de autonomia implica a transformação de renegociação das relações familiares, processo que em muitas situações pode ser origem de conflitos entre o adolescente e os pais (Honess, Charman, Zania, Cicognani, Xerri, Jackson & Bosna, 1997).

O processo de individualização do adolescente em relação à família de origem, revela-se muitas vezes através da contestação constante.

No que se refere à adolescência, a importância e influência da família surge muitas vezes como contraponto à influência e importância assumida pelo grupo de pares.

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O adolescente

e a família

A firmeza que consideramos ser importante no caminho para a autonomia, implica que os pais não se possam demitir da sua autoridade parental, tendo que aprender a regulá-la.

O grau de autonomia concedida deverá oscilar, em função das situações e dos temas nela envolvidos, entre um limiar máximo que impeça a colisão da autoridade parental com a dignidade do adolescente, com a sua necessidade de afirmação, autoestima e confiança pessoal.

A díficil

regulação de

poder/autoridade

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O ADOLESCENTE E A FAMÍLIA

A díficil regulação de

poder/autoridade

É importante que o exercício de autoridade e a firmeza de convicções não sejam confundidos com o excesso de controlo ou repressão.

COMO ?

Banir da relação (pai/ mãe – filho) “é assim porque eu mando” ou “que sabes tu da vida para não aceitares o que te digo”.

Substituir por “é assim, porque cheguei à conclusão que era a melhor hipótese; diz-me quais são os teus argumentos para achares que há melhor solução e podemos analisar as alternativas”.

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O ADOLESCENTE E A FAMÍLIA

Estilos Educativos Parentais

Estilo Parental – conjunto de atitudes dos pais em relação à criança/jovem o qual define o clima emocional em que as práticas parentais se expressam (Darling & Steinberg, 1993).

Práticas Parentais – diz respeito aos comportamentos socializadores, como disciplina, apoio e comportamentos interativos pais-criança (Olveira & Cols., 2002).

QUE ESTILOS PARENTAIS EXISTEM?

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O ADOLESCENTE E A FAMÍLIA

Estilos Educativos Parentais

Baumrind – Estilos educativos parentais:

Autorizado (authoritative) – incentivam o diálogo, compartilhando com a criança o raciocínio por detrás da forma como eles agem, exercem firme controlo nos pontos de divergência sem restringir o adolescente.

Autoritário (authoritarian) – modelam, controlam e avaliam o comportamento de acordo com regras de conduta estabelecidas e normalmente absolutas.

Permissivo (permissive) – tentam se comportar de modo não punitivo e recetivo diante os desejos e ações da criança.

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ESTILOS PARENTAIS: IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO ADOLESCENTE E JUVENIL

Autoritário Autorizado Permissivo Poucas

competências sociais;

Obediência e conformidade;

Planificação externamente imposta;

Baixa autoestima; Trabalho com

recompensa a curto prazo;

Boas competências sociais;

Autonomia e responsabilidade;

Boa planificação do futuro e capacidade de auto-direção;

Empatia e conduta pró-social;

Alta autoestima; Trabalho com

recompensa a longo prazo.

Poucas habilidades sociais;

Nula planificação e trabalho;

Baixa autoestima; Stress Psicológico; Problemas de

conduta.

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O ADOLESCENTE E A FAMÍLIA

Estilos Educativos Parentais

Os adolescentes beneficiam em serem educados segundo o modelo autorizado. Este modelo torna mais fácil o processo de autonomização, permite melhores resultados escolares, e uma autoestima e saúde mental mais estável e positiva e uma maior flexibilidade.

Pais cujo estilo educacional predominante é com autoridade têm expectativas mais adequadas ao desenvolvimento do adolescente e encorajam-no a desenvolver as suas próprias opiniões, colocando-o assim em melhores posições para uma real autonomia.

Os adolescentes alvo de modelos parentais desligados, inconsistentes e ativa ou passivamente hostis estão no máximo de risco para problemas escolares, comportamentos problemáticos, consumo de álcool e outras drogas, delinquência e funcionamento psicológico global mais precário.

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O ADOLESCENTE E A FAMÍLIA

Estilos Educativos Parentais

É importante que os pais concordem entre si no estilo educacional que pretendem para o seu filho. O que os pais fazem é importante, mas também é importante o modo como o fazem.

Para educar é necessária uma tolerância firme que permite ir de encontro às necessidades reais do adolescente.

A falta de limites não permite respeitar o outro como pessoa e dificulta o crescimento.

O papel da família nesta etapa é o “de estar atentos, de mobilizar sem dirigir, de apoiar nos fracassos e incentivar nos êxitos, em suma, estar com eles e respeitar cada vez mais a sua individualização” (Sampaio, 1994).

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DE QUE MODO É QUE A FAMÍLIA PODE SER UM FATOR PROTETOR PARA O

DESENVOLVIMENTO DO ADOLESCENTE?

Promovendo a autoestima;

Abolindo o discurso negativista;

Permitindo que os sentimentos se expressem para permitir dar espaço a que o adolescente descubra qual é o tipo de adulto que gosta para si.

O ADOLESCENTE E A FAMÍLIA

Estilos Educativos Parentais

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O adolescent

e e a família

No entanto o facto do grupo de pares assumir maior relevância não significa, necessariamente, que a importância assumida pela família desapareça e que o seu papel passe a ser desempenhado pelo grupo de pares.

Os Pais exercem um papel preponderante nos planos educacionais a longo prazo, enquanto que o grupo de pares influenciam, principalmente, os comportamentos quotidianos na escola (Dornbusch & Brown, 1999).

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O adolescente e o grupo de

pares

O grupo de pares é outro dos contextos relevantes no evoluir do adolescente. Este proporciona parte da segurança e ligação emocional de que o adolescente necessita.

O adolescente necessita de um suporte securizante no exterior da família e é isso que o grupo lhe pode fornecer.

Para o adolescente é importante um contexto relacional onde se possa afirmar e que o possa confirmar sem jogos de hierarquias.

É nos pares que os adolescentes procuram apoio e compreensão, afeto, simpatia e orientação moral. É uma fase para experimentação e estabelecimento de relações intímas, assim como um contexto para fomentar a autonomia (Papalia, Olds & Feldman, 2001).

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O adolescente e o grupo de

pares

O grupo funciona também como um elemento de socialização.

Permite a competição, a solidariedade, mas igualmente a definição de limites e normas na relação com os parceiros, com a isenção e não interferência hierárquica que afamília impõe.

A quantidade e a qualidade das interações entre iguais favorece o desenvolvimento de competências afetivas, sociais, cognitivas e intelectuais, bem como a aquisição de papéis, normas e valores sociais.

Os adolescentes que têm amigos intímos tendencialmente desenvolvem uma opinião favorável acerca de si, obtém sucesso escolar, assim como menor probabilidade de serem hostis, ansiosos ou deprimidos (Papalia, Olds & Felman, 2001).

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O adolescente e o grupo de pares

Conduz à aceitação do compromisso social e, através da experimentação de pontos de vista alternativos, permite o treino e aquisição de conceitos como juízo moral, capacidade de tomada de decisão e de comunicação.

O grupo de pares funciona como modelos na aquisição de novas formas de comportamento e que uma vez estabelecido o reportório de competências sociais permite a regulação de comportamentos grupais aceitáveis e normativos.

No grupo, o adolescente tem ainda possibilidades de experimentar e desenvolver as suas capacidades de liderança, testando até os papéis desempenhados e o posicionamento ocupado na fratria.

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O adolescente

e o grupo de pares

Principais funções do grupo de pares na adolescência:

1) Facilitar a separação em relação à família, permitindo aprender a pensar e experimentar com segurança valores não necessariamente presentes ou aceitáveis nesta;

2) Favorecer a aquisição de um certo grau de conformismo face às normas e a distinção entre limites pessoais e sociais ou convencionais;

3) Permitir o desenvolvimento de um auto-conceito positivo.

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O adolescente e o grupo de pares

A família pode encarar o grupo de pares como um aliado no processo de crescimento dos filhos ou como um terceiro indesejável.

A desconfiança em relação ao grupo de pares nunca é resolvida através da repressão. É importante que os pais tomem consciência do valor positivo do grupo no desenvolvimento do adolescente, para melhor regularem a sua autoridade.

Contudo, o temor perante a influência do grupo dificilmente será anulado; a família sente essa influência e os comportamentos do adolescente demonstram-na.

No entanto, as investigações também mostram que na maioria das vezes a pressão do grupo não contraria os valores parentais, pelo contrário reflete-os embora não os duplique.

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4. Comportamento

s de risco

4.1 Álcool: o inimigo número um4.2 Tabaco4.3 Outras drogas4.4 Depressão e suícidio

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Álcool: o inimigo número um

4. Comportamen

tos de risco

Pedro, durante o tempo de aulas costuma beber álcool apenas às sextas e sábados à noite nos bares da capital, durante o tempo de férias, fá-lo diariamente, nas praias do Algarve. Para ele, férias no Algarve, onde os pais têm uma casa, é sinónimo de acordar pelas 4 horas da tarde, chegar à praia um pouco depois, jantar pelas 10 horas e partir então para a noite, regressando a casa já com o Sol erguido. Contou que às vezes até nem lhe apetece muito beber, mas fá-lo para se sentir mais solto e curtir melhor a noite. Acha também que por ser muito tímido, o álcool o desinibe. De início nem gostava do sabor mas, com o passar do tempo e o poder de persuasão dos amigos, habituou-se. Nesses tempos, quando pedia um sumo, os amigos apelidavam-no de betinho. Uma das razões que o levou a querer experimentar o álcool foi a vontade de querer ser aceite no grupo. Atualmente diz que bebe porque lhe apetece e dá gozo.

Page 39: adolescencia

4. Comportamen

tos de risco

Álcool: o inimigo número um

Porque é que um adolescente começa a

consumir álcool?Sinal de emancipação, desejo de reconhecimento de uma mudança de estatuto, necessidade de ser aceite pelo grupo ou, então, uma tentativa de quebrar regras.

Tudo se torna mais enigmático se pensarmos que a maioria dos adolescentes nem aprecia o sabor do álcool quando o experimenta pela primeira vez.

Muitas das condutas de risco na adolescência não são mais do que condutas de experimentação. Estão na linha da descoberta, da avaliação das capacidades e deverão ser entendidas como tal.

Page 40: adolescencia

4. Comportamen

tos de risco

Álcool: o inimigo número um

O Pedro, que acabou de fazer 18 anos, ainda não tem carta de condução, mas a maioria dos amigos, já tem. Há cerca de dois anos, sempre que saía à noite, os pais iam-no buscar, fosse a que horas fosse. Todos se riam dele! Um belo dia disse aos pais que se continuassem a ir buscá-lo, preferia nem sair. Passou por outras fases, nomeadamente a do regresso a casa de táxi. Atualmente vem de boleia. Incomoda-o o facto de a mãe não conseguir adormecer até ao seu regresso, mas, mesmo assim, prefere este esquema. Já estas férias apanhou um grande susto. Um dos amigos que lhe costuma dar boleia teve um acidente grave. O carro onde ia com a namorada despistou-se por excesso de velocidade. Tinha um nível de alcoolémia três vezes superior ao permitido. Foi por mero acaso que o Pedro não esteve envolvido neste acidente. Quando o amigo se ofereceu para o levar a casa, acabara de aceitar o convite de outro. O que mais o preocupava, quando recordou o episódio, era o facto de, apesar de ter notado que o amigo não estava em condições de conduzir, não ter tentado impedir que o fizesse. Incomodava-o também ter a certeza de que, caso não tivesse aceite outra boleia, nunca teria tido a coragem de recusar esta oferta. «É sempre o meu velho problema de não saber dizer que não».

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4. Comportamento

s de riscoÁlcool: o inimigo

número um

Os acidentes são a principal causa de morte nos adolescentes, e são mais frequentes após o consumo de álcool.

É urgente que nos empenhemos mais na prevenção dos acidentes na adolescência. Este esforço terá de passar, forçosamente, pela prevenção do consumo de álcool.

Os jovens são mais sensíveis às consequências a curto prazo do consumo de álcool, as quais estão relacionadas, essencialmente, com a interferência do álcool na capacidade de autocontrolo e de perceção da realidade.

As consequências a longo prazo, tais como, a cirrose hepática ou as hemorragias digestivas, são por eles encaradas como um problema excessivamente longínquo ou que só vai acontecer aos outros.

Page 42: adolescencia

4. Comportamento

s de risco

Álcool: o inimigo número um

Algumas das medidas de prevenção poderiam incluir: i) desmistificar determinadas ideias muito implantadas na camada mais jovem tais como: que só é possível alguém divertir-se bebendo, ou que se é adulto pelo facto de se beber álcool; ii) retardar o início do consumo de bebidas álcoolicas; iii) desenvolver ações junto dos bares e discotecas mais em voga no sentido de incluírem nas suas listas bebidas que constituam alternativas apetecíveis ao álcool.

A vivência do risco e a confrontação com a necessidade de fazer opções (tomar a decisão de ir/não ir, beber/não beber) faz parte integrante do processo de desenvolvimento do adolescente e é essencial para a construção da sua autonomia.

Page 43: adolescencia

4. Comportament

os de risco

Álcool: o inimigo número um

O adolescente saudável carateriza-se por ter um comportamento flexível que evolui ao longo do tempo, demonstra criatividade nas suas opções e possui, pelo menos, um ou dois amigos intímos.

São considerados sinais de preocupação, a diminuição do rendimento escolar, o isolamento, as dificuldades nas relações interpessoais, os comportamentos violentos ou desviantes, ou sintomas funcionais que não são mais do que a expressão de um mal-estar.

Page 44: adolescencia

4. Comportament

os de riscoTabaco

A necessidade de afirmação com a entrada no mundo dos adultos e a vontade de ser aceite pelo grupo são algumas das razões que levam o adolescente a experimentar o tabaco.

Experimentar um cigarro de quando em vez não será problemático. Problemático sim será quando não se consegue parar.

De um modo geral, o próprio adolescente percebe o mal que o tabaco lhe está a fazer. Por vezes, refere diminuição na sua capacidade física, outras vezes dores de cabeça ou sensação de que não consegue respirar fundo.

Page 45: adolescencia

4. Comportamen

tos de risco

Tabaco

Os adolescentes que já experimentaram tabaco, bem como os consumidores regulares, afirmam-se como menos felizes e referem com mais frequência sintomas de mal-estar físico e psicológico, uma alimentação menos saudável e um maior desagrado com a imagem do corpo, apresentando também mais vezes comportamentos de dieta.

Os adolescentes consumidores regulares de tabaco podem também apresentar mais frequentemente envolvimento com experimentação e consumo de álcool e drogas ilícitas e envolvimento em lutas e situações de violência na escola.

Page 46: adolescencia

4. Comportament

os de risco

Outras drogas

Um adolescente não começa a consumir drogas ilícitas de um dia para o outro. Começa habitualmente por consumos tolerados pela sociedade.

Parece haver uma associação entre o consumo de álcool ou drogas e comportamentos sexuais de risco.

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4. Comportament

os de riscoOutras drogas

Como saber se estamos perante um adolescente que precisa de

ajuda?

i. Em primeiro lugar interessa-nos perceber qual é a perceção do adolescente face aos consumos, nomeadamente face ao álcool e ao tabaco;

ii. Quais são os ambientes em que o adolescente se move;

iii. Caraterísticas do grupo de pares e se nesse grupo há consumos;

iv. Perceber quais são os fatores, ao nível pessoal e familiar, que o podem eventualmente proteger de consumir;

v. É igualmente útil perceber quais as razões que o jovem aponta para beber ou consumir e qual o padrão de consumo.

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4.

Comportamentos de risco

Outras drogas

De um maior conhecimento dos contextos em que os consumos ocorrem, advém da conclusão de que programas de prevenção baseados apenas num aumento do nível de informação, por exemplo dos perigos dos consumos, não serão bem-sucedidos.

É importante conhecer o contexto familiar, reforçar a grande influência que os pais continuam a ter nesta idade e é necessário desenvolver e treinar técnicas de como resistir à pressão do grupo.

A intervenção deveria basear-se preferencialmente na promoção dos fatores protetores (comunicação, modelos de estilos parentais, escola, projetos de futuro) e não apenas na diminuição dos fatores associados ao risco.

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4.Comportamen

tos de risco

Depressão e suicídio

Situações que são favorecedoras do surgimento

de uma depressão:

i. Perda ou separação de alguém que constitui uma figura de referência para o adolescente;

ii. Separação dos pais;iii. Conflitos familiares;iv. Incapacidade de corresponder às

expectativas demasiado elevadas dos pais, professores ou da própria sociedade;

v. Problemas na socialização;vi.Baixa autoestima;vii.Doença do próprio ou de alguém

importante para o adolescente;viii.Alcoolismo ou consumo de drogas.

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4.Comportament

os de riscoDepressão e

suicídio

Poderão ser sintomas de depressão:

i. Sensação prolongada de cansaço constante e inexplicado;

ii. Sensação de insucesso, de que não se vale nada, que não se é apreciado nem valorizado;

iii. Falta de perspetivas em relação ao futuro;iv. Dificuldade em adormecer ou então

acordar durante a noite e ter dificuldade em voltar a conciliar o sono;

v. Dores com as mais diversas localizações e muitas vezes com um caráter rotativo;

vi. Perda de apetite com consequente perda de peso ou, pelo contrário, grande voracidade alimentar com dificuldade em se controlar;

vii.Quebra no rendimento escolar;viii.Dificuldade de concentração;ix. Comportamento agressivo e violento com

passagens ao ato frequentes.

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4.Comportament

os de riscoDepressão e suicídio

Estes sintomas isoladamente ou se circunscritos a um curto período de tempo, poderão não corresponder a depressão.

No entanto, se houver associação destes sintomas e manutenção a longo prazo, a probabilidade de estarmos perante uma depressão é elevada.

A prevenção do suicídio passa pela deteção precoce destas situações por parte dos pais, educadores e profissionais de saúde e encaminhamento para um serviço especializado.

Page 52: adolescencia

Bibliografia

Alarcão, M. (2006). (Des)Equílibrios Familiares. Coimbra. Quarteto.

Fonseca, H. (2012). Compreender os adolescentes. Lisboa.Editorial Presença.

Mendes, S. (2008). Sinto-me triste, quero morrer: Adolescência, Depressão e Suicídio. Braga. Universidade Católica Portuguesa. Monografia de lincenciatura em Psicologia não publicada.

Relvas, A. P. (2006). Ciclo Vital da família: perspetiva sistémica.Porto. Edições Afrontamento.

Sampaio, D. (1993). Vozes e ruídos: diálogos com adolescentes (8ª edição). Lisboa:Editorial Caminho.

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OBRIGADA PELA ATENÇÃO!

Ana Alpuim.