Adaptação Obra Literária_foto-romance

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É possível ser “fiel” ao texto literário?

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apresentação foto-romance

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É possível ser “fiel” ao texto

literário?

Sobre tradução intersemiótica.

Adaptação de obras literárias

Tradução intersemiótica

Júlio Plaza - Considera a passagem de outros sistemas de

signos (música, cinema, etc) para signos verbais.

Tradução como Retextualização. A tradução intersemiótica criaria um original sobre o

passado, cria um novo original.

O autor nega, implicitamente, critérios como o de

fidelidade, para o tratamento das traduções.

Teoria da adaptação

Robert Stam. “Beyond Fidelity: the dialogics of adaptation”.

Crítica especializada aponta como infidelidade, traição, violação para descrever adaptações que, segundo eles, não alcançam seu objetivo de ser “fiel” ao texto de partida.

“Infidelidade” ao texto literário.

“ Mudança de uma mídia unimodal, unicamente verbal como um romance, a qual tem “somente palavras para jogar com”, para uma mídia multimodal como um filme, que pode jogar não somente com palavras (escritas e faladas), mas também com performance teatral, música, efeitos especiais e imagens fotográficas em movimento explica a improbalidade – e eu sugeriria, até a indesejabilidade – de fidelidade literal.” Robert Stam

É necessário a adaptação não como subordinada à obra de

partida, mas sim entendê-la como uma nova obra,

produto de outro ato criativo, com suas

próprias especificidades. Entender o processo de adaptação como uma forma de

prática intertextual - todas as faces de texto são, na

verdade, intersecções de outras faces textuais.

Assim, a intertextualidade ajuda a transcender os limites do

conceito de fidelidade.

Adaptações devem ser encaradas não como cópias, mas como

hipertextos, derivados de um texto de partida – ou vários.

A João Guimarães Rosa,1969

Maureen Bisiliat

Grande Sertão Veredas

Travessia / limiar

“O real não está na saída nem na chagada: ele se dispõe

para a gente é no meio da travessia”.

Propõe uma organização da iconografia do sertão

brasileiro – sertão roseano.

Fotografia PB

“Tudo começou em 1963, quando ganhei de um amigo um exemplar de

Grande sertão:Veredas, de Guimarães Rosa - não sem a observação de que

talvez não conseguisse compreender a linguagem especialíssima do autor.

Não só compreendi como mergulhei nas águas daquele mar de palavras - o

sertão não viraria mar? -, inspirada e instigada a investigar a relação direta

de Rosa com os gerais de Minas Gerais.

Assim, durante os anos 60 viajei por essas terras seguindo um roteiro

sugerido pelo autor, iniciando pelas raízes - Curvelo, Cordisburgo,

Andrequicé -, subindo pelo tronco da árvore, expandindo pelos galhos, até

chegar em Januária, no norte de Minas. Desloquei-me para lá e, ao voltar de

cada viagem, ia visitar o escritor, então chefe do Serviço de Demarcação de

Fronteiras do Itamaraty. Levava, a cada encontro, um calhamaço de

fotografias captadas nas terras do autor de Sagarana e, atrás de cada uma,

ele anotava detalhes - nome, idade, solteiro, casado ou viúvo, lugar de

encontro, como e quando etc. -, recebendo através das imagens mensagens

dos gerais. No final de nossas reuniões, ele sempre me acompanhava até o

elevador e me desejava uma boa próxima viagem, dizendo estar certo de

que eu, como irlandesa, iria compreender os eflúvios poéticos dos gerais,

devido à semelhança entre aquela região e a Irlanda ("Irlandesa Cigana" foi,

aliás, como ele me apelidou, teria ele entrevisto alguma ancestralidade

cigana nos meus cabelos longos, roupas amplas, sandálias no pé?)”

Boiada em Curvelo, MG

Retrato de Manuel Nardi, inspirador do conto "Manuelzão e Miguilim", de Guimarães Rosa, Andrequicé,

Andrequicé, MG. 1966

Habitantes dos campos perto de Lassance. MG,

1963-1967

O chão de Graciliano

Tiago Santana

O livro de “arte-reportagem”

Audálio Dantas e Tiago Santana.

Região de nascimento e criação literária de Graciliano Ramos

Sertão de Alagoas e Pernambuco - 2002,2003

O evento marcou a passagem dos 110 anos de nascimento de Graciliano e

os 70 anos da publicação de seu primeiro romance, 'Caetés'.

Ensaio centrado na figura do homem, tendo a paisagem como pano de

fundo.

“A tentativa de registrar o universo de Graciliano hoje foi um grande

desafio, que era traduzir em imagens o que o

escritor representou em palavras”. Aproximação xilogravura

“Tento fazer uma fotografia que não é muito

explícita, que contém um mistério, deixa

inquieto e faz refletir”.

“Minha fotografia só tem sentido porque é

fotografia de gente”.

Canudos 100 anos

Evandro Teixeira

Fotojornalismo

Irajuba/BA

Infância /memórias

Canudos 100 anos (1997)

Euclices Da Cunha_Os Sertões_

Viagens / 4 anos

Narrar em imagens uma história atualizada.

“Refiz a trajetória de Conselheiro, conversei com seus

herdeiros, registrei lado a lado a antiga e a nova

Canudos”

“Canudos é sinônimo de luta, de resistência, de

mudança, de esperança. É a história do país, vivida e

contada por gente simples, cuja força parece vir da

agrura da terra, da beleza rude do sertão”.

“Sou um homem manejando uma câmera. Quando

bem operada, é um fósforo aceso na escuridão.

Ilumina fatos nem sempre compreensíveis.

Oferece lampejos, revela dores do impasse do

mundo. E desperta nos homens o desejo de

destruir esse impasse”.

Exercício:

O fotógrafo/Manoel de Barros

[1 ponto/NP1]

Multiplicidade

“Quem me dera fosse possível uma obra concebida fora

do self, uma obra que nos permitisse sair da perspectiva

limitada do eu individual, não só para entrar em outros

eus semelhantes ao nosso, mas para fazer falar aquilo

que não tem palavra, o pássaro que pousa no beiral,

a árvore na primavera, a árvore no outono, a pedra, o

cimento, o plástico...” (Italo Calvino, in Seis propostas para

o próximo milênio)

Imagem, imagem, imagem...

O fotográfico no foto-romance

Míriam Manini

Foto-Romance

Fotonovela.

Foto - romance incorpora da fotonovela, sequências

fotográficas, HQ, as técnicas / encadeamento

narrativo, possibilidades discursivas.

Roteirização é basicamente cinematográfica.

Duane Michels

• Influência do surrealismo

• Fotografia conceitual.

• Não pretende retratar a realidade, mas sonhos e pequenas ficções.

• Subverte a noção de tempo associada à fotografia.

• Foto e texto. Interferência escrita na história.

• Trabalhos ricos em termos narrativos e concisos.

• Cenários e continuidades / marcadores espaciais e temporais.

“As coisas são esquisitas”

Movimento de câmera na profundidade de uma única

imagem.

Estrutura compartimentada. Espiral onde os

“andares” de imagens fazem parte do todo.

Percurso cinematográfico - lógica “boneca russa.”

Itinerário do olhar é circular.

2 a 9 – única imagem decomposta em 7 zooms.

Não conta uma história, de fato, mas decompõe

fotograficamente um tema, uma passagem, como

uma frase solta no ar.

“Não estava satisfeito com a imagem individual, não

conseguia submetê-la a uma descoberta adicional. Na sequência, a soma de imagens indica o que não pode

ser dito por uma única fotografia."

A oportunidade do encontro

[escrever um conto visualmente]

Marcadores espaciais/ temporais

Droit de Regards_1985

“Droit de Regards foi realizado cena por cena. Havia um

quadro geral, mas verdadeiramente geral demais. Assim,

desde que uma sequencia fosse conhecida, era construída

e depois montada. Isso permitia ter mais em conta os

dados fotográficos, e tirar partido do que realmente tinha

ocorrido”

[Benoit Peeters e Marie-Françoise Plissart]

Reafirma o poder que a imagem tem de narrar e fabular.

Multiplicidade de leituras e interpretações.

Principal estruturação: voyerismo.

Montagem, disposição das imagens – encadeamento.

Movimento cinematográfico tanto de composição quanto de montagem;

tanto em panorâmica e closes quanto em pequenos “movimentos de

câmera” que provoca em nosso olhar.

Olhar desliza entre fotografias , portas que emolduram portas, espelhos

que se refletem infinitamente.

Extracampo. “Quando percebido numa sequência, toma outra dimensão ,

pode parecer animado e, em certa medida, infinito: ao lado desta cadeira há

uma porta que vai para a rua que dá para o mundo...”

O movimento, no foto-romance, é dado pela combinação de

extracampos e não só pelo encadeamento de fotografias que o

comportam.