Actas IV Encuentro de La Hispanidad
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06 a 10 de junho de 2011
UFRR / LETRASDiferentes eixos temáticos dentro
Dos estudos hispânicos
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ANAIS / ACTAS DEL IV ENCUENTRO DE LA
HISPANIDAD:
TRANS-ACCIONES INTERCULTURALES
UFRR - BOA VISTA - RORAIMA - BRASIL
ISSN 2179-7382
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REITOR
Roberto Ramos
PRÓ-REITORA DE EXTENSÃOGeysa Pimentel
DIRETOR DO CENTRO DE LETRAS, COMUNICAÇÃO E ARTES - CCLAManoel Gomes dos Santos
COORDENADOR DO CURSO DE LETRAS - CCLParmenio Citó
COMISSAO ORGANIZADORATatiana da Silva Capaverde – professora do curso de Letras - CCL (PRESIDENTE)
Antonio Aparecido Giocondi - professor do curso de Letras - CCL Ancelma Barbosa Pereira - professora de espanhol e aluna de Pós-Graduação - UFRRClaudiane Soares da Silva - aluna do curso de Letras - UFRRFrancisca Pereira da Silva – professora de espanhol do NUCELEFrancisco Raimundo Sousa - professor do curso de Secretariado Executivo DSELeidejane Machado Sá – professora de espanholMara Gardeane Abreu Lima – professora de espanhol do NUCELEMaria Helena Valentim Duca Oyama - professora do curso de Letras - CCLMarlucia Silva de Araujo – professora substituta da UERR Naiara Costa de Mesquita - professora substituta do curso de Letras - CCLTomás Armando del Pozo Hernandéz - professor de espanhol do NUCELE
ARTE GRAFICA E DIAGRAMAÇÃO
Paulo AlvarengaTatiana da Silva Capaverde
PROMOÇÃOUFRR - Universidade Federal de RoraimaDados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP)
O conteúdo das produções publicadas nestes anais é de inteira responsabilidade de seus autores.
E56
IV Encuentro de la Hispanidad (4: 2011: Boa Vista)
Caderno de Resumos/Cuaderno de Resúmenes do IV
Encuentro de la Hispanidad da Universidade Federal de Roraima, 06 a
10 de Junho de 2011, Boa Vista, RR. - Boa Vista : EDUFRR, 2011.
225p.
1 – Resumos. 2- Hispanidade. 3- Universidade Federal de
Roraima. I – Título.
CDU – 001.891
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APRESENTAÇÃO
O Encuen t r o d e l a H i s pan i d ad celebra este ano sua quarta edição,
o que o consolida como um dos projetos em prol do desenvolvimento dos
estudos sobre a língua cervantina de maior prestígio da região norte do país.
O evento tradicionalmente tem sido um espaço interdisciplinar de debate e
intercambio de ideias, trabalhos e experiências entre grupos de profissionais,
pesquisadores e apaixonados em geral que tenham como objeto de interesse
e investigação a língua e a cultura hispânica.
A local ização do evento na região norte do Brasil , em um estado
fronteiriço caracterizado por sua constituição cultural híbrida, remete ao tema
proposto trans-acciones interculturales as mais diferentes ações possíveis de
contato cultural entre hispânicos e brasileiros. Além desta perspectiva
geográfica, que agrega especial relevância ao tema, deve-se ressaltar que os
cursos voltados à formação de um profissional de língua espanhola, portanto,
dedicado ao ensino de uma cultura ―outra‖, deve promover a interculturalidade
em suas perspectivas, abordagens e métodos, com o necessário
conhecimento do universo do ―outro‖ em diálogo com o universo do aluno.
As transações entre culturas que ocorrem em Roraima em seus
mais variados níveis serão apenas a motivação inicial para a discussão sobre
uma realidade que se repete nas diferentes regiões fronteiriças do Brasil.
Portanto, considerando esta interculturalidade latente entre Brasil e os
diferentes países hispânicos, reforçada cada vez mais por uma crescente
aproximação, dadas as atuais situações de contatos culturais criadas pela
globalização e a nova ordem mundial, a comissão organizadora acredita que,
através da publicação dos Anais da IV edição do Encuentro de la
Hispanidad, se estará promovendo trans-ações acadêmicas entrepesquisadores brasileiros e hispânicos que contribuirão para o efetivo
desenvolvimento dos estudos hispânicos da região norte.
Nos Anais foram publicados todos os trabalhos apresentados por
pelo menos um de seus autores nas modalidades de conferencia, mesa-
redonda e comunicação oral durante a realização do evento e enviados em
tempo hábil à Comissão. Os artigos estão ordenados por ordem alfabética do
primeiro autor.
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Anais / Actas del IV Encuentro de la Hispanidad - Trans-acciones InterculturalesUFRR / LETRAS, 06 a 10 de junho de 2011
________________________________________________________________ SUMÁRIO
ASPECTOS LITERÁRIOS EN CANCIONES DE PROTESTA: DOS REALIDADES
CON UN MISMO OBJETIVO .......................................................................................... 8
Ana Maria Alves de Souza (UERR) ................................................................................. 8
A CONSTRUÇÃO DAS IDENTIDADES DE ALUNOS EM UMA ESCOLA PÚBLICA DE
PACARAIMA EM CONTEXTO DE MOBILIDADE GEOGRÁFICA E LINGÜÍSTICA NA
FRONTEIRA BRASIL/VENEZUELA............................................................................. 17
Ancelma Barbosa Pereira (PG/UFRJ) ........................................................................... 17
AS POLÍTICAS CULTURAIS PARA OS POVOS INDÍGENAS NO ÂMBITO IBERO-
AMERICANO ................................................................................................................ 26
Anderson dos Santos Paiva (UFRR) ............................................................................. 26
CONTÍSTICA DE GUILLERMO MENESES NA VENEZUELA DOS ANOS 50 ............ 36
Antonio Aparecido Giocondi (UFRJ/ UFRR) .................................................................. 36
A ALTERNÂNCIA DE CÓDIGO NA FRONTEIRA PACARAIMA (BRASIL) E SANTA
ELENA (VENEZUELA) EM NARRATIVAS DE ALUNO DO ENSINO MÉDIO DE UMA
ESCOLA BRASILEIRA................................................................................................. 41
David Sena Lemos (UERR) – PG/UFRJ........................................................................ 41
FATORES DE INTERRUPÇÃO NA TRADUÇÃO DE TEXTOS TÉCNICOS DA ÁREA
AGRÍCOLA NO PAR LINGUÍSTICO PORTUGUÊS ESPANHOL ............................... 51
Duí Barroso Lima Farias (UFRR/UFRJ) ........................................................................ 51
PROPUESTA PARA ORIENTAR AL DOCENTE INTERCULTURAL BILINGÜE DE
EDUCACIÓN PRIMARÍA, SOBRE LAS DIFICULTADES DE APRENDIZAJE EN
LECTURA Y ESCRITURA, EN LA COMUNIDAD INDIGENA YEKUANA DE LA
ESMERALDA MUNICIPIO ALTO ORINOCO, ESTADO AMAZONAS - VENEZUELA 60
Elier Jesús García González (UPEL – IPM, Venezuela) ............................................... 60
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________________________________________________________________ DOM QUIXOTE E MACUNAÍMA: HERÓIS DE CARÁTER .......................................... 69
Graziela Ramos Paes (UEA) ......................................................................................... 69
MARIO VARGAS LLOSA EN LA LITERATURA HISPANO-AMERICANA DEL SIGLOXXI................................................................................................................................. 78
Iris Anita Fabián Ramírez (UERR) ................................................................................. 78
¿CONMEMORANDO EL NACIMIENTO DE LA HISPANIDAD?, POR LA SENDA DE
LAS LETRAS HISPANOAMERICANAS....................................................................... 82
Iris Anita Fabián Ramírez (UERR) ................................................................................. 82
NIEBLA: EL ABORDAJE DE LA MUERTE EN LA OBRA UNAMUNIANA ................. 89
Leidejane Machado Sá (ESAB) ..................................................................................... 89
LA NARRATIVA TRANSCULTURAL DE ISABEL ALLENDE EN LA ISLA BA JO EL
MAR .............................................................................................................................. 98
Profa. MSc. Liliam Ramos da Silva ............................................................................... 98
DIVERSIDADE LINGUÍSTICA EM RORAIMA ............................................................ 117
Luzileide Correa Lima (UFRJ-UFRR) .......................................................................... 117
LITERATURA DE CORDEL: CONSTRUCCIÓN Y APROPIACIÓN DE UNA
LITERATURA NO OFICIAL EN LA CIUDAD DE SÃO PAULO Y SANTIAGO DE
CHILE. ......................................................................................................................... 127
Marcia de Mello Saravia (Universidad de Santiago de Chile) ...................................... 127
EL PERSONAJE FEMENINO EN LA LITERATURA HISPANOAMERICANA A
PARTIR DE LA VISIÓN DE LA ESCRITORA LAURA ESQUIVEL ............................ 137
Maria Cícera de Souza (UERR) .................................................................................. 137
PROYECTO ALLENDE Y LA ENSEÑANZA DE ELE PARA DISCAPACITADOS
VISUALES EN EL COLUN/UFMA: UNA PROPUESTA HACIA LA INCLUSIÓN. ..... 144
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Marinez de Souza Tamburini BRITO (Colégio Universitário, UFMA) .......................... 144
TECNOLOGÍA Y TRADUCCIÓN: ASPECTOS PRESENTES EN LAS CLASES DE
LENGUA EXTRANJERA ............................................................................................ 150
Marlucia Silva de Araújo (FACINTER) ......................................................................... 150
GESTÃO E ALUNOS ESTRANGEIROS: DIFICULDADES NO USO DO IDIOMA
PORTUGUÊS NO CAMPUS DE PACARAIMA .......................................................... 157
Olendina Bonet de Queiroz (UFRJ) ............................................................................. 157
PROYECTO GUAMÁ BILINGUE ................................................................................ 166
Rita de Cássia Paiva (UFPA) ...................................................................................... 166
VARIEDADES LINGÜISTICAS DEL ESPAÑOL: ¿QUÉ ESPAÑOL ENSEÑAR?...... 174
Sandra Milena Palomino Ortiz (UFRR) ........................................................................ 174
A FICCIONALIZAÇÃO DO AUTOR COMO UM RECURSO METAFICCIONAL: O
CASO DE BORGES NA OBRA DE LUIS FERNANDO VERÍSSIMO ......................... 184
Profa Msc. Tatiana da Silva Capaverde (UFRR) ......................................................... 184
AS TIC EM AULAS DE E/LE NO BRASIL: BREVE PANORAMA SOBRE AS
REALIDADES NORTE E SUDESTE DO PAÍS ........................................................... 194
Prof. Wagner Barros Teixeira (Universidade Federal do Amazonas) .......................... 194
AÇÕES BRASILEIRAS NO CONTEXTO ECONÔMICO LATINO-AMERICANO....... 205
Walker Sales Silva Jacinto (MINTER UFRR/UEA) ...................................................... 205
UM OLHAR INQUIETO SOBRE O ENSINO –APRENDIZAGEM DE LÍNGUA
PORTUGUESA PARA ALUNOS VENEZUELANOS EM ESCOLAS BRASILEIRAS 214
Yhannely Yulimar Ortega Luque .................................................................................. 214
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ASPECTOS LITERÁRIOS EN CANCIONES DE PROTESTA: DOS REALIDADESCON UN MISMO OBJETIVO
Ana Maria Alves de Souza (UERR)[email protected]
Cleuzimar de Amorim Nascimento (UERR)[email protected] Prof.ª Orientadora Iris Anita Fabián Ramírez (UERR)
Este trabajo investiga el carácter literario y crítico social traído por dos canciones pertenecientes acontextos geográficos distintos, pero hechas para un mismo objetivo: se trata de la música brasileñaTropicália, de Caetano Veloso y de la canción chilena Las casitas del barrio alto, de Víctor Jara. En estesentido se realiza un análisis interpretativo-comparativo de las canciones para demostrar la concienciapolítica y social de estos textos, en que a pesar de su localización, en ambos se encuentran fuertescríticas delante de las injusticias de su tiempo. Por consiguiente, este artículo justifica la posibilidad de
existir literaturas cercanas en alejas realidades históricas.Palabras Clave: Canción de Protesta – Carácter literario – Comparación
Introducción
Las canciones que serán analizadas en el presente trabajo, Tropicália y Las
Casitas del Barrio Alto, hacen parte de grandes movimientos culturales de la década
de 60, respectivamente el Troplicalismo (Brasil) y La Nueva Canción Chilena (Chile). Elanálisis de estas canciones visa presentar una visión crítica que sus autores y
compositores traen implícitas en sus letras. Vale resaltar que los textos musicales
presentan características comunes, a pesar de que hacen parte de contextos
geográficos tan lejos, que también serán apuntados al largo de este trabajo con la
finalidad de demostrar la estrecha relación entre estas dos canciones, marcadas pela
consciencia política e social de sus autores.
La música y la criticidad
En principio, ―a canção/música é um objeto artístico cultural marcante em
nossa sociedade, quer como criação e manisfestação de grupos sociais, quer como
entretenimento, quer como produto da indústria cultural.‖ (AGUIAR, 1989, s.p.). Y es
justamente relacionada a cuestión de manifestación de grupos sociales que las
músicas electas para análisis están insertadas.
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Las músicas que servían como herramienta de crítica y denuncia de las
mácelas sociales, eran las que solemos llamar de canción de protesta, ―canções de
1960-70, [...] que se opunham à ideologia do governo [...]‖ . Eran un tipo de canción
―ligada a uma tradição de engajamento [...] segmento crítico e intelectualizado no
contexto da ditadura militar‖. (CONTIER, 1998; ZAN, 2001).
El contexto utilizado en estas canciones eran los aspectos de la sociedad
brasileña y chilena relacionados a la política, la cultura y el arte. En Brasil un ejemplo
de canciones organizadas como forma camuflada de crítica al gobierno dictatorial están
relacionadas al Tropicalismo o Tropicália. En Chile, con la creciente radicalización
política, los representantes de la Nueva Canción se aglutinarán alrededor de las
preocupaciones sociales que les movían a producir un tipo de arte diferenciado que, en
primero momento, priorizó la denuncia social y, después, la campaña y el Gobierno de
la Unidad Popular.
Breve contexto histórico de los movimientos Tropicalismo y Nueva Canción
Chilena
Con el propósito de criticar y suscitar reflexiones cotidianas, los músicos
brasileños y chilenos, en la década de 60, pasarán a ocuparse de la explanación de
las mazelas sociales a través de sus músicas, cargadas de un lenguaje llena de
metáforas, criticaban la dictadura militar y el consumismo americanizado.
En Brasil, en el año de 1968, surgió el movimiento Tropicália, por medio de
la unión de una série de artistas baianos, en el contexto del ―Festival da Música Popular
Brasileira‖ promovido pela Red Record, en São Paulo, y Globo, en el Rio de Janeiro.
Um momento crucial para la definición de la Tropicália fue este festival, en el cual
Caetano Veloso interpretó " Alegria, Alegria" y Gilberto Gil, al lado de los Mutantes
interpretó, "Domingo no Parque". Uno de los mayores ejemplos del movimiento
tropicalista fue una de las canciones de Caetano Veloso, denominada exatamente de
"Tropicália".
En el contexto chileno, en el año de 1969, ocurrió el 1° Festival de La Nueva
Canción Chilena - NCCh, realizado pela Pontificia Universidad Católica que reunió los
principales exponentes de la Nueva Canción en este país. Estuvieron presentes Victor
Jara, Quilapayún (acompañado de este cantor/compositor), Inti-Illimani entre otros.
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Como definición de mayor direccionamiento a la propuesta de NCCh, se
basa el fragmento de Víctor Jara, escrito por en 1966, en la presentación del primer
disco del grupo Quilapayún:
El canto es esencialmente humano, brota de la naturaleza compleja del hombrey cae en los demás como la luz del sol o la lluvia, como un grito a su conciencia.Cada canción es un ciclo que posee su propia atmósfera y sentido y nosotros,en cada caso, hemos querido respetarlos. Frente lo autóctono, buscamosrecrear la belleza y la fuerza vernacular y frente a nuestras composiciones, nossentimos libres en la forma musical y el contenido: por supuesto sin transgredir las normas rítmicas y musicales del canto popular. Nuestro repertorio va másallá de las fronteras de nuestro país, las fronteras de la música queconsideramos nuestra son otras. (GARCIA, 2001, s.p)
Las letras de las músicas de estos movimientos poseían un tono poético,
elaborando críticas sociales y abordando temas del cotidiano de una forma innovadora
y creativa. Los artistas demostraban una forma personal de ver la realidad, y en las
entrelíneas de estas canciones se pueden observar las críticas delante de las
situaciones presenciadas y vivenciadas en la época de la Dictadura y también con
relación a la gran influencia de los EUA sobre estos países.
En el caso de Brasil, la intervención de estos músicos en la escena cultural
del país fue más crítica do que política, o sea, el movimiento tropicalista no poseía
como objetivo principal utilizar la música como ―arma‖ de combate político a dictadura
militar que vigoraba en Brasil. Por ese motivo el movimiento fue menospreciado por
buena parte de la izquierda, aquellos que defendían las canciones de protesta.
Análisis de las canciones Tropicália y Las Casitas del Barrio Alto
La canción Tropicália hace parte del álbun Caetano Veloso, datado de 1968,
organizado en una época de intensas imposiciones gubernamentales, en las cuales
consistían en oprimir cualquier manifestación que se opusiese al Estado. Ella surgió
con la difusión del llamado Movimiento Tropicalista, al final de la década de sesenta, en
el cual ―sua intervenção na cena cultural do país foi, antes de tudo, uma crítica [...]‖ en
donde ―Caetano mostra uma contundente necessidade de liberdade de expressão,
para criar e criticar, porém via-se impedido pelas regras impostas pelo regime vigente.‖
(TORLEZI, 2008, s.p.). O sea, al componer Tropicália el cantor buscaba apuntar
implícitamente las fallas del gobierno en relación al tipo de política que conducía el país,
política esta que favorecía los que pertenecían a las clases privilegiadas, que
demostraban despreocupación por los infelices que vivían en la pobreza del Nordeste,
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y que reprimía con violencia los que estaban preocupados en denunciar la realidad
brasileña.
Fragmentos de la canción Tropicália:
Sobre a cabeça os aviõesSob os meus pés os caminhões Aponta contra os chapadõesMeu nariz
Eu organizo o movimentoEu oriento o carnavalEu inauguro o monumentoNo planalto central do país
Viva a Bossa, sa, saViva a Palhoça, ça, ça, ça, ça
Viva a Bossa, sa, saViva a Palhoça, ça, ça, ça, ça
O monumentoÉ de papel crepom e prataOs olhos verdes da mulata A cabeleira esconde Atrás da verde mataO luar do sertão
O monumento não tem porta A entrada é uma rua antigaEstreita e torta
E no joelho uma criança
Sorridente, feia e mortaEstende a mão
[...]No pátio interno há uma piscinaCom água azul de AmaralinaCoqueiro, brisa e fala nordestinaE faróis
Na mão direita tem uma roseira Autenticando eterna primaveraE no jardim os urubus passeiam A tarde inteira entre os girassóis
[...]
No pulso esquerdo o bang-bangEm suas veias correMuito pouco sangueMas seu coraçãoBalança um samba de tamborim
Emite acordes dissonantesPelos cinco mil alto-falantesSenhoras e senhoresEle põe os olhos grandesSobre mim
[...]
Caetano Veloso, al crear la canción Tropicália he procurado esconder su
ideología y su crítica detrás de metáforas, marcas constantes en su texto (TORLEZI,
2008, p.01).
Al princípio, hacese una análisis etiológica sobre el termo tropicália, cuya
asociación se puede hacer a palabra tropical, una forma climática de Brasil, definida en
el Diccionário de Lengua Portuguesa como ―[...] 4. diz-se do clima caracterizado por verão quente e chuvoso e inverno ameno e seco.‖ (SALIBA, 2003, p.745). En esta
definición, es posible percibir que yá existe una oposición explícita: verano lluvioso y
invierno seco. Literariamente, tropicália ya carga en si un concepto de oposición,
permitindo aludir que el contenido presente en la letra parte de este aspecto antagônico
entre sus vocablos.
Veloso revela inicialmente una crítica a la opresión popular sufrida en esta
época, cuando afirma ―Eu organizo o movimento, eu oriento o carnaval, eu inauguro omovimento, no planalto central do país‖. En este tr echo, él hace una referencia a
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Brasília, capital del Brasil, situada en el Planalto Central, y al carnaval, como sinónimo
de fiesta anárquica. La presencia del yo lírico marca la subjetividad activa en el proceso,
al mismo tiempo en que presenta su nacionalismo.
Analizando el primer refrán ―Viva a bossa, sa, sa,viva a palhoça, ça, ça, ça,
ça‖, la asociación fonética de las palabras ―palhoça‖ y ―palhaço‖ simbolizan el pueblo
brasileño, ―hecho de tonto‖ por el todo poderoso gobierno. La elección del termo
―palhoça‖ disfraza la crítica. E la relación entre las palabras ―bossa‖ y ―palhoça‖
corresponde a una característica marcante del movimiento Barroco, que trabaja con la
dualidad, simbolizando el rico y el pobre, el dominador y el dominado.
Además de esto, las metáforas utilizadas en la tercera estrofa ―o monumento
é de papel crepom e prata‖, se refieren al Palácio del Planalto, sede del gobierno
federal en Brasília, en donde el papel crepón y la plata, hacen referencia al cursi y al
sofisticado. La retomada al monumento continua en los versos ―O monumento não tem
porta, a entrada é uma rua antiga, estreita e torta‖, pues el pueblo no entra allá, no
puede protestar, una vez que el camino es tortuoso, de difícil acceso.
En seguida, en esta misma estrofa encuadran se las características del
romanticismo (3ª generación): ―E no joelho uma criança sorridente, feia e morta
estende a mão.‖ El termo rodilla es una metáfora que se refiere al Nordeste brasileño,
devido al facto de que en el mapa de Brasil, es exactamente en el Nordeste que temos
una forma parecida con una rodilla doblado (TORLEZI, 2008, p.01). En esta región
existe uno dos los mayores índices de mortalidad infantil, pues los niños pasan hambre,
son feos, maltratados, y extienden la mano, pidiendo ayuda, sonrientes, procurando ser
simpáticas, más son olvidadas por el gobierno. La poesía de los versos representa el
carácter social de estos.
En secuencia, los versos ―E no jardim os urubus passeiam/ A tarde inteira
entre os girassóis‖, se percibe que hay una referencia a los políticos (dictadura)representados pela metáfora ―urubus‖, así como también los jóvenes son
representados por los ―girassóis‖. Distarte, se encuentran aquí presentadas la relación
conturbada entre jóvenes revolucionarios, los universitarios de la llamada "linha dura" y
el gobierno dictatorial que estaba siempre a acechanza.
Esta relación continua representada en los versos de la 5ª estrofa ―No pulso
esquerdo o bang-bang […] Ele põe os olhos grandes sobre mim‖. Aquí están
representadas las fuerzas armadas (bang-bang, revólveres) que reprehendían los
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movimientos estudiantiles en contra el gobierno, la falta de sensibilidad (pouco sangue
nas veias), el desprecio de este gobierno que se divierte en el país del carnaval,
entretanto, no descuida de la persecución en contra aquellos contrarios a su ideología.
En otro ámbito, la canción Las casitas del barrio alto es el lado B del disco El
derecho de vivir en paz, publicado en 1971, en Chile. En esta canción Víctor Jara trae
más significado a su sentimiento delante del momento social, pues ésta es el
testimonio de mayor satiricidad y divulgada durante el gobierno de Allende (FORTES,
2004, p.05). A seguir, tenemos la canción:
Las casitas del barrio altocon rejas y antejardín,una preciosa entrada de autos
esperando un Peugeot.
Hay rosadas, verdecitas,blanquitas y celestitas,las casitas del barrio altotodas hechas con recipol.
Y las gentes de las casitasse sonríen y se visitan.Van juntitos al supermarkety todos tienen un televisor.
Hay dentistas, comerciantes,latifundistas y traficantes,abogados y rentistasy todos visten polycron.
Juegan bridge, toman martini-dryy los niños son rubiecitosy con otros rubiecitosvan juntitos al colegio hay!
Y el hijito de su papiluego va a la universidadcomenzando su problemática
y la intríngulis social.
Fuma pitillos en Austin mini, juega con bombas y con política,asesina generales,y es un gángster de la sedición.
Y las gentes de las casitasse sonríen y se visitan.Van juntitos al supermarket
y todos tienen un televisor.
Hay rosadas, verdecitas,blanquitas y celestitas,las casitas del barrio altotodas hechas con recipol.
En análisis a las tres estrofas iniciales de la canción, se puede encontrar
caracteres de que estas habitaciones pertenecen a moradores de poder adquisitivo
favorable, contestando de antemano el título de la canción ―¿Por qué ‗casitas del barrioalto‘?‖ o ―¿Por qué estas casitas son del barrio alto?‖. A l contestar: son casitas que
poseen protección debido a los bienes materiales, como por ejemplo, automóviles de la
marca ―peugeot‖ y ―televisores‖. Además, hay belleza evidenciada por sus jardines y
sus colores, que tienen duración permanente debido al material con lo que son hechas,
el ―resipol‖.
Esa descripción corresponde a vida lujosa que lleva la clase alta de la
población, donde las personas intentan vivir de apariencia, sonriendo y recibiendo atodos para demonstrar sus poses, preocupadas solamente con aquél mundo restricto a
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un grupo social. Y eso también es percibido con el termo ―rosada‖, el único color que no
está en el diminutivo, expresando que la mayoría de las habitaciones, aquellas cuyos
propietarios tienen recursos a más en relación a los otros de su mismo grupo, están de
color rosa. Con eso, la repetición de la segunda y tercera estrofas al final del texto
demuestra que, aun los lectores tengan idea de la situación, es necesario que atenten
para tal facto, de que no hay inquietudes para la burguesía vuelta a la población sufrida.
A partir de tales consideraciones, es factible decir que el:
sentido não existe em si mas é determinado pelas posições ideológicascolocadas em jogo pelo processo sócio-histórico em que as palavras sãoproduzidas. As palavras mudam de sentido segundo as posições daqueles queas empregam. Elas ―tiram‖ seu sentido dessas posições, isto é, em relação àsformações ideológicas nas quais essas posições se inscrevem. (ORLANDI,2009, p.42).
De esta manera, en la primera parte de la canción trae pensamientos de
denuncias cuanto a la situación burguesa. Todavía, la denuncia más explícita está en la
cuarta estrofa, cuando es mencionado ―traficantes‖ como profesión, afirmando que en
ella también se obtiene demasiados recursos, y que eso hace parte del contexto de
estos moradores del barrio alto. Y reafirmando este status, el ―polycron‖ es el tejido que
sólo estas personas tienen acceso y utilización por su valor alto, una vez que su
colocación en el cuerpo manifiesta que el individuo se encuentra bien sucedido, yatriunfado en su vida.
En sus estrofas siguientes, la música retrata el contexto en que la ideología
de grandiosidad es legitimada: la vida escolar. Primeramente, los estudiantes blancos
se mezclan solamente con otros de la misma raza, difundido la pre-ideología racista.
Después, con su entrada en la universidad es que se queda con mayor evidencia la
diferencia de poder, la localización del dominador y del dominado, o sea, la ―intríngulis
social‖.
A continuación, se afirma que la sétima estrofa es la que causó más impacto
en esta canción de protesta, pues informa como viven y como logran sus objetivos los
habitantes de las casitas del barrio alto. Siguiendo una cronología, cuando sale de la
universidad, el individuo ya está contaminado con actos peligrosos, desde el consumo
de sustancias alucinógenas hasta la ejecución de acciones favorables a él. En este
sentido, hay dos mundos, en que en el primero él consume drogas y cree que puede
hacer todo lo que desea, y en el otro sus condiciones financieras permiten realmente
que sus deseos sean concretizados. Por lo tanto, la metáfora mencionada de que ―es
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un gánster de la sedición‖ revela toda la astucia presente en sus actos que no trae
problemas y obtiene ventaja en todo, siempre manteniendo una postura de poderoso.
Con todo, Víctor Jara consiguió reunir en una canción su protesta con la
desigualdad social existente en Hispanoamericana. Su música satírica, empezando por
el título, ironiza explícita e implícitamente la condición miserable que está sometida la
población, que no tiene el lujo noble descripto en el texto. Resalta que la ironía se ve en
las expresiones (marcas de los productos) americanas escritas en minúsculos, pues la
América Latina intenta constantemente copiar las costumbres y características de los
EUA, hasta en los colores surtidas de las casas. Y luego, el uso del diminutivo es
justamente satirizando la ―vidita mediocre‖ de los poderosos, que andan ―juntitos‖, que
tienen ―hijitos rubiecitos‖, y que viven es sus ―casitas verdecitas, blanquitas y celestitas‖.
Así, con el análisis de la canción, es posible afirmar que ―nem tudo que o emissor diz
está explícito no seu discurso, podendo haver, por trás de suas palavras, sentidos que
o interlocutor pode apreender, visto estarem sugeridos, com grau variável de sutileza.
(MARTINS, 2008, p.265).
Consideraciones Finales
Conforme presentado hacia aquí, Tropicália y Las casitas del barrio alto
traen un concepto de oposición embasado en el estudio del medio social en que tales
textos fueran producidos, desvinculando el lector de un entendimiento rápido y
superficial, ya que el confronto de ideas solo es consolidado cuando se comprehende
la situación de su escritura. Por ello, se dice que el lenguaje de los referentes textos no
poseen un tono de objetividad de acuerdo con Martins, porque, según él, ―se a
linguagem é sempre produzida por um falante que sente a necessidade, a
conveniência, o desejo ou o prazer de dizer qualquer coisa, a linguagem é sempre
subjetiva‖. (2008, p.234). Así, los textos analizados cargan informaciones
fundamentadas en uno medio marcado por la represión de la libertad, que obligaba los
autores a exponer sus opiniones a través de un lenguaje alegórica subordinada a
ideología del autor.
Vale resaltar que en su mayoría las canciones traían los mensajes de forma
más implícita, pues en esta época (década de 60) se vivía un momento de gran
censura a los movimientos artísticos y culturales. Los cantantes y compositores de
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estos países sentían un deseo grande de mostrar al mundo sus angustias y
insatisfacciones con esta situación.
Hoy, el análisis histórico de estos contextos que envolvían los compositores,
en esta determinada época, se torna un proceso facilitador en la tarea de comprender y
interpretar tales canciones, que enriquecen la música popular de estos países. E el
más interesante de todo es saber el cuanto estas canciones compunjan un cuadro
crítico y complejo de estos Países, fundían el moderno a la cultura de masa, lo que
puede ser entendido como el objetivo mayor de los cantantes y compositores del
Movimiento Tropicália y Nueva Canción Chilena.
Referencia Bibliográfica
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A CONSTRUÇÃO DAS IDENTIDADES DE ALUNOS EM UMA ESCOLA PÚBLICA DEPACARAIMA EM CONTEXTO DE MOBILIDADE GEOGRÁFICA E LINGÜÍSTICA NA
FRONTEIRA BRASIL/VENEZUELA
Ancelma Barbosa Pereira (PG/UFRJ)[email protected]
Orientador: Dr. Pierre Guisan (UFRJ)[email protected]
Coorientadora: Profª Dra. Déborah Freitas (UFRR)[email protected]
No mundo transcultural em que vivemos hoje, questões sobre identidade e linguagem são de granderelevância nos estudos realizados em fronteira – definimos fronteira não apenas como espaçosgeográficos, mas, sobretudo como produtos da capacidade de representação do indivíduo. Assim, estetrabalho busca compreender, através de narrativas orais, como as diversas representações das línguas
portuguesa e espanhola interagem na construção identitária de alunos brasileiros no município dePacaraima/RR, em contexto de mobilidade geográfica e linguística na fronteira Brasil/Venezuela.
Palavras-chave: identidade; fronteira; linguagem
01 Introdução
No estado de Roraima a situação de contato linguístico é constante devido
ao estado fazer fronteira com a Venezuela e Guiana Inglesa, além de contar com a
presença de muitas línguas indígenas1. Esta pesquisa se desenvolve numa escola
pública do município de Pacaraima-RR, que tem por limite ao norte com Santa Elena
de Uairén (doravante Santa Elena), município da República da Venezuela e tem como
objetivo investigar, a partir de narrativas orais de alunos brasileiros do ensino médio,
como suas identidades são construídas em contexto de mobilidade geográfica e
lingüística e busca ainda compreender como as diversas representações das línguas,
português e espanhol, interagem na construção dessas identidades.
As perguntas que norteiam este trabalho giram em torno do eixo temático
linguagem e identidade, do questionamento sobre o papel da língua(gem) na
construção identitária do indivíduo e de sua comunidade. Partindo dessa perspectiva,
entendemos que estudo da língua tem muito a lucrar com abordagens que consideram
os falantes ativos não como nômades isolados, mas como participantes numa rede
socialmente definida de relacionamentos, que são reais pelo fato de os laços sociais
que os mantêm unidos serem concretos (RAJAGOPALAN, 2006).
Inicialmente faremos um breve contexto histórico da fronteira
Brasil/Venezuela e em seguida discorremos sobre concepções de língua(gem) e
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identidade. A complexidade para definir os conceitos de identidade e língua implica nas
divergências de fundo sobre o papel da linguagem na construção identitária. Neste
estudo tomaremos a noção de identidade embasado em Bauman (2005), Hall (2006) e
Woodward (2000), como processual, complexa, provisória e sempre em estado de fluxo.
02 Contexto de fronteira
O município de Pacaraima está localizado em uma área indígena
denominada Raposa Serra do Sol, isso gerou certa insegurança nos moradores que
viviam ali por causa de determinadas restrições. Destaca-se que a ameaça dademarcação dessa área2, hoje confirmada, aliada a demissão em 2004 de muitos
funcionários estaduais não concursados, provocou praticamente a extinção da venda
de casas, e consequentemente, o encarecimento do aluguel, motivando muitas famílias
brasileiras a optarem por moradias em Santa Elena. (BRAZ, 2004)
Atualmente, com a definição legal em relação à demarcação de terras
indígenas e a permanência do município, Pacaraima tem crescido em população, mas
muitas situações ainda se mantêm, como, o encarecimento de aluguéis e a falta de
fonte de renda financeira, assim a opção de brasileiros em residirem em Santa Elena
se dá por motivos profissionais e econômicos.
Apesar da distância de aproximadamente 15 km entre Pacaraima e Santa
Elena existe um fluxo muito grande entre as duas cidades e, em conseqüência, uma
convivência marcada por conflitos sócio-culturais e econômicos na fronteira. Por
exemplo, um dos jornais impressos de maior circulação no estado publicou uma
notícia3 sobre a iniciativa da Câmara de Produção e Comércio do Município de Gran
Sabana (VE) de desenvolver estratégias para melhorar o relacionamento entre os
turistas brasileiros e os militares venezuelanos, com o objetivo de fortalecer a
integração entre os dois municípios. Chama à atenção a declaração proferida pela
presidente da Câmara no antepenúltimo parágrafo da notícia: ―Queremos acabar com
esse estigma de que os venezuelanos sejam apenas pessoas más, que maltratam os
turistas ou que somente estão ali para cobrarem propinas .‖ Esta notícia é indício de
que a forma como um grupo vê o outro é conflituosa e complexa, principalmente, o
status de um povo com relação ao outro.
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O cenário educacional em Pacaraima é composto por alunos brasileiros,
filhos de brasileiros; venezuelanos, filhos de hispano-falantes; ou mesmo, filhos de
brasileiros e hispano-falantes, residentes em Santa Elena ou em Pacaraima. Segundo
depoimentos dos alunos, a opção por estudarem no município de Pacaraima se dá por
considerarem melhor o ensino das escolas brasileiras que das escolas venezuelanas.
Ante esse contexto e apoiada na concepção de Cavalcanti (1999) de que se numa
determinada comunidade são faladas mais de uma língua e/ou mais de uma variação
lingüística podemos considerá-la como um cenário sociolinguisticamente complexo:
assim, também definimos o cenário onde se desenvolve essa pesquisa.
03 Considerações teóricas
A língua por si só gera grandes discussões quanto à sua definição, já que é
freqüente ter-se em conta uma relatividade no que diz respeito ao seu conceito.
Atualmente, muitos estudiosos, principalmente na área da sociolingüística, têm
enfatizado a sua função enquanto elemento constitutivo da identidade de um indivíduo
e da sua comunidade. Além disso, segundo afirma Guisan (2009), há a necessidade de
averiguar os elementos que direcionam essas línguas na elaboração de mitos sobre os
quais se embasariam as identidades coletivas. Para o autor (op. cit., p. 18) ―(...) o Outro
preenche um papel essencial na definição da identidade do próprio sujeito (...) a língua
do outro terá uma função primordial na delimitação do domínio da língua já que é
considerada como elemento de identidade coletiva‖.
A discussão ao entorno da língua está além dos conflitos sobre a concepção
de língua como faculdade humana ou da sua diversidade nas realizações do mundo.
Trata-se principalmente do mito de uma língua unificada estabelecido pelos processos
políticos e ideológicos construídos a partir do surgimento das nações européias e, em
seguida, americanas. Esse mito de língua unificada contribui para a formação do
sentimento de identidade nacional questionado por Berenblum (2003) quanto à sua
essência de natureza humana onde ―nada há de natural na identidade nacional, ela se
constrói historicamente e adquire determinados sentidos ao longo das próprias histórias
das nações.‖ (op. cit., p.32)
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No que diz respeito aos processos de criação desse sentimento, ao contrário
do que se pensa hoje, os acontecimentos históricos apontam que a função identitária
das línguas nem sempre é o fator de coesão para as comunidades humanas, assim,
afirma Guisan (2007) que ―essas línguas sob o pretexto do seu valor como alicerce de
identidade, serviram muito mais para separar do que para unir: tais são os fatores
históricos, apesar de todos os belos discursos dos tempos modernos‖ (op. cit., p.83). A
diversidade lingüística que existia em pequenos povos, até a época do Renascimento,
não era motivo de conflitos e divisões, porém com a criação das línguas oficiais e,
consequentemente, da demarcação dos territórios onde essas línguas eram faladas
surgiram os Estados Nacionais e com eles a necessidade de caracterizar uma língua
unificada - embora essa não fosse a característica de um determinado povo, território
ou estado nacional – como instrumento de opressão na história do nacionalismo e do
colonialismo (BEEMBLUM, 2003)
O processo descrito por Berenblum (op cit.) da criação histórico-política do
sentimento de identidade nacional, assim como das línguas nacionais como símbolo de
nacionalidade no surgimento das nações européias e americanas, é um exemplo
histórico concreto que ajuda a compreender as ambiguidades que circulam a definição
de língua na formação de identidade enquanto dimensão ideológica. Segundo a autora,
apesar de que no período colonial algumas diferenças se destacam nos modelos
lusitanos e hispânicos ambos estados nacionais se assemelham ―na afirmação de uma
soberania territorial, e a ―nacionalização‖ e homogeneização da cultura, realizada
principalmente através da escola‖ (op. cit., p.77), resultando, em relação à questão das
línguas nacionais, em uma defesa constante de um purismo linguístico que se
manifesta ao longo da história da construção de ambas as nações.
Esta discussão sobre homogeneização e nacionalização também está bem
caracterizada na concepção de Cavalcanti (2007) a respeito da língua portuguesaenquanto língua histórica no Brasil, ao constatar que existe uma tensão entre os
interesses de uma nação homogênea e os interesses das sociedades minoritárias, que
convivem sobre o mesmo território ―O país mantém interna e externamente o mito de
nação monolíngüe, tornando, assim, invisíveis suas minorias lingüísticas e
socioculturais‖ (op. cit., p. 50). Neste contexto é que, segundo a autora, ―(...) se instala
o prestígio de determinada norma da língua portuguesa e o apagamento das línguas
nacionais minoritárias‖ (op. cit., 50).
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Cavalcanti (2007) nos remete a imagem de um caleidoscópio4 para ajudar a
compreender a impossibilidade de conceber a noção de língua de forma estática, assim
como, compreender o desmembramento entre as concepções de língua, nação e
território que segundo a autora são noções ―estabilizadas politicamente e de níveis
hierárquicos, num caso e num outro, totalidades que se mantêm como ‗grande
narrativa‘, justamente por conta de um arcabouço teórico anacrônico‖ ( op.cit. 61).
A partir do fenômeno da globalização, a sociedade se distancia do modelo
clássico e sociológico de um sistema bem delimitado. Esse é substituído por uma
perspectiva que se centra na forma como a vida social está ordenada ao longo do
tempo e do espaço, segundo Hall (2006). Assim, no que diz respeito à identidade, o autor
aborda essa questão a partir do argumento construído em torno das velhas identidades
que estabilizaram o mundo social, mas que estão em decadência, e o aparecimento de
novas identidades fragmentadas, em consequência da chamada ―crise de identidade‖
entendida como sendo parte de um processo mais amplo de mudança, que está
―deslocando as estruturas e processos centrais das sociedades modernas e abalando os
quadros de referência que davam aos indivíduos uma ancoragem estável no mundo
social‖ (op. cit., p. 1). Para Hall (op.cit.), o indivíduo pós-moderno, não mais compreendido
como um ser unificado, está cada vez mais fragmentado, constituído por identidades
estabelecidas através da negociação que se dá nas interações sociais. Bauman (2005)
também compartilha dessa perspectiva ao considerar que o mundo em nossa volta está
―repartido em fragmentos mal coordenados, enquanto as nossas existências individuais
são fragmentadas numa sucessão de episódios fragilmente conectados.‖ (op. cit., p.18)
esse momento vivido atualmente é denominado pelo autor como era ―líquido-moderna‖.
Para entender melhor o processo de construção da identidade, podemos
organizá-la dicotomicamente em duas perspectivas: a) essencialista, que vê o
deslocamento do indivíduo tanto de seu lugar no mundo social e cultural quanto de sipróprio, até então idealizado como ser integrado, como sendo uma perda para a
sociedade e consequentemente uma crise nas identidades; b) não essencialista,
perspectiva orientada por concepções da pós-modernidade, que relativiza a noção de
identidade fixa e de pessoa humana como sujeito totalmente centralizado.
Segundo Woodward (2000), as identidades são construídas por meio da
marcação da diferença, sendo esta veiculada tanto pelos sistemas simbólicos de
representação quanto por meio de forma de exclusão. Esta diferença simbólica e social
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é estabelecida através dos sistemas classificatórios que ―aplica um princípio de
diferença a uma população de uma forma tal que seja capaz de dividi-la em ao menos
dois grupos opostos‖ (op. cit., p. 40), ou seja, como afirma a autora, ―dão ordem à vida
social‖. Assim, a marcação da diferença distingue uma identidade da outra, na forma de
oposições, tornando-se componente indispensável nos sistemas de classificação.
04 Internalização e cancelamento da fronteira
O corpus incipiente da pesquisa é composto por narrativas orais de alunos
brasileiros com no mínimo três anos de residência no município de Santa Elena,
estudantes da 1º e 2º série do ensino médio em uma escola de Pacaraima e filhos de
pais brasileiros ou pelo menos pai ou mãe brasileira.
Identificação Sexo IdadeTempo de
residência noexterior
Nacionalidade dosinformantes
Nacionalidade dosresponsáveis.
Inf.1 F 16 05 anosBrasileira e
venezuelanaPai brasileiro e mãe
venezuelana
Inf.2 F 16 05 anos Brasileira Pais brasileiros
Inf.3 M 17 16 anos BrasileiroPadrasto venezuelano e
mãe brasileira
Inf.4 M 15 03 anos Brasileiro Pais brasileiros
Inf.5 F 16 03 anos BrasileiraPai brasileiro e madrasta
venezuelana
A análise que segue está concentrada em marcas linguísticas extraídas de
alguns fragmentos das narrativas dos informantes que foram selecionados e
organizados considerando a atitude polarizada de internalização e cancelamento da
fronteira.
(01) Inf.1: tem alguns que são assim ignorante mesmo... agente chega falando em português eles querem corrigir “não” aí eles falam assim (...) “Usted está en Venezuela tiene que hablar español ” aí agente pega e fica assim “sim
mas eu sou brasileira eu não sei falar em espanhol eu vou falar no português...
(02) Inf.3: (...) eu fui comprar arroz cheguei e fui falar assim “boa tarde tem arroz?... aí aí virou (o vendedor) pra mime falou assim “aRRoz”... aí eu falei assim “eu sou brasileira com muito orgulho e é arroz... tem?” (...)
Nos excertos (01) e (02) a estratégia que caracteriza a internalização da
fronteira é marcada pela produção e compreensão linguística dos personagens que
compõe as narrativas. Por exemplo, no excerto (01) a Inf.1 relata a exigência que
venezuelanos fazem para que os brasileiros falem em espanhol e a desaprovação do
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brasileiro frente a essa atitude. Essa postura é melhor visualizada em um episódio no
comércio de Santa Elena, vivido e narrado pela Inf.3 no excerto (02), onde a disputa
pela variante fonética da palavra arroz, ou seja mesma marca gráfica para diferentes
marcas acústicas, ilustra a vontade dos brasileiros e dos venezuelanos em ignorar a
compreensão entre ambos apenas para reafirmar a identidade de ser brasileiro e de
ser venezuelano. Essa situação se opõe em outro momento, nas narrativas dos alunos,
ao fato dos venezuelanos entenderem a língua portuguesa – ―não pode falar português...
mas já entende‖ – e dos brasileiros tentarem falar o espanhol quando estão em Santa
Elena – ―não falam... mas eles tentam falar... a maioria‖. Portanto, ressalta-se o papel da
língua como elemento de afirmação e construção da identidade numa perspectiva
arbitrária de internalização e cancelamento da fronteira.
(03) Inf.2: Só que aí tem que ver que a gente está no país alheio... A gente critica... Claro tudo bem... A gente vêque isso está errado... mas a gente está no país alheio...
(04) Inf.5: (inint.) Mas tem que ver também (inint.) por exemplo o meu pai tem vinte anos de Venezuela... Aí né... Ele já tem a identidade como residente daí... E tem um filho venezuelano ou seja ele já tem um pouco de direito na
Venezuela...
Nos excertos acima, o modo de situar-se localmente caracteriza-se como
outra estratégia de cancelamento e internalização da fronteira. No excerto (03), a Inf.2
expõe o não pertencimento ao ―país alheio‖ como um elemento complicador no julgamento da cobrança de propina a brasileiros. Neste sentido, o lugar onde o
brasileiro reside é o lugar do outro, onde não se tem o direito a reivindicações.
Contrariamente, no excerto (04), a Inf.5 reivindica o direito que o pai brasileiro tem ao
território venezuelano devido ao fato de viver ali há muito tempo e ter filhos
venezuelanos. Dessa relação podemos entender que há uma tendência em internalizar
a fronteira estabelecendo a diferença entre os venezuelanos e os brasileiros através do
(não) pertencimento ao chamado ―país alheio‖, mas, ao mesmo tempo, há outratendência, a de cancelamento dessa fronteira, que se caracteriza pela postura de
reivindicação do território ―alheio‖.
05 Para concluir
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Apesar desta pesquisa ainda estar em andamento, os dados até aqui
levantados permitem uma análise incipiente de que o indivíduo está localizado em uma
escala ponderada pelo peso discursivo que oscila entre a atitude polarizada de
internalização e cancelamento da fronteira, marcada por estratégias de produção e
compreensão linguística e pelo modo de situar-se localmente dos personagens
envolvidos nas narrativas orais, que revelam um sujeito na fronteira Brasil/Venezuela
composto por uma identidade flutuante, definida através da negociação que se dá nas
interações sociais a partir da convivência, muitas vezes conflituosa, entre brasileiros e
venezuelanos. Mas, é interessante ressaltar que nem todas as fronteiras são
necessariamente um cenário de internalização, e que pode ser o caso de ninguém
parecer se importar com a língua falada, tendo uma compreensão suficiente da outra.
Neste sentido, nos questionamos até que ponto a língua é elemento definidor de
identidade do indivíduo e de sua comunidade.
Notas
1 Yanomamis, Ingaricó, Macuxi, Patamona, Taurepang, Waimiri-Atroari, Wai-Wai e Wapixana.2 Homologação da demarcação contínua da Raposa Serra do Sol pelo Supremo Tribunal Federal emmarço de 2009.3 Notícia publicada no jornal “Folha de Boa Vista”, em 27 de maio de 2010. 4 A autora caracteriza caleidoscópios como “Sendo feito por diversos pedaços, cores formas ecombinações, é um jogo de impossibilidades fortuitas e, ao mesmo tempo, acondicionadas pelo contextoe pelos elementos, um jogo que se explica sempre fugazmente no exato momento em que o objeto écolocado na mira do olho e a mão o movimenta; depois, um instante depois, já é outra coisa. Nocaleidoscópio formam-se desenhos complexos a partir de movimentos de combinações” (op. cit. p. 61)
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AS POLÍTICAS CULTURAIS PARA OS POVOS INDÍGENAS NO ÂMBITO IBERO-AMERICANO
Anderson dos Santos Paiva (UFRR)[email protected]
O presente artigo faz uma análise sobre as proposições e perspectivas produzidas a partir daimplementação das políticas culturais direcionadas aos povos indígenas no chamado ―espaço culturalibero-americano‖ tomando por referência o Plano Nacional de Cultura (MinC/Governo do Brasil) e osdocumentos e resoluções da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura(Unesco), Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI), Organização dos Estados Americanos(OEA) e do Mercado Comum do Sul (Mercosul) que orientam as ações na área cultural. A pesquisaobjetivou oferecer um pequeno panorama de como estes instrumentos internacionais tem se configuradoem novas políticas culturais, concluindo que o entendimento da cultura como fator de desenvolvimentosustentável pode (re)configurar os processos dinâmicos de integração regional na era global.
Palavras-chave: Políticas Culturais, Sociedades Indígenas; Ibero-América.
Introdução
Em 2006 a Delegação da Guatemala na Organização dos Estados
Americanos (OEA) apresentou, na III Reunião Interamericana de Ministros e Máximas
Autoridades da Cultura ocorrida na cidade de Montreal (Canadá), o ―Documento
Conceitual sobre o Tema Ministerial a Cultura e o Papel dos Povos Indígenas‖ que,
dentre outras, coisas oferecia uma breve análise da ―influência dos povos indígenas na
formulação das políticas culturais‖. Trata-se de um documento simples e sintético que
não traz grandes contribuições ao debate, mas que, no final do texto, apresenta três
questões que fomentam discussões bem atuais sobre a construção das políticas
culturais para os povos indígenas (OEA, 2006, p.6):
O Estado valorizou a diversidade cultural como fator que contribuiu para aconsecução do bem-estar social, econômico e espiritual de seus habitantes?Qual foi a participação qualitativa e quantitativa dos povos indígenas naconstituição dos poderes do Estado?Quais as ações dos Estados nacionais que tiveram por objetivo a incorporaçãoda dimensão cultural na formulação e implementação das políticas públicas?
Não é objetivo nosso responder estas três questões neste breve paper , masapresentaremos aqui algumas contribuições sobre o tema da diversidade cultural e das
políticas para os povos indígenas presentes nos documentos internacionais produzidos
entre os anos que antecederam e sucederam esta publicação da OEA para uma
reflexão sobre os desdobramentos ocorridos no espaço cultural ibero-americano.
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O Espaço Cultural Ibero-Americano
O Espaço Cultural Ibero-Americano, enquanto espaço de confluências entre
as identidades, nacionalidades, expressões, produções e políticas culturais dos países
hispânicos e lusófonos, pode ser considerado como um sistema de diversidade e
também de identificação coletiva.
A criação deste ―espaço cultural comum‖ é fruto de um projeto
geoestratégico de integração dos países-membros da Organização dos Estados Ibero-
Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI) que buscam em seus
processos históricos e nas matrizes culturais compartilhadas os elementos necessários
a promoção da valorização da dimensão cultural como base fundamental em quedevem ser apoiadas as iniciativas regionais e a emergência de novas políticas públicas
frente os processos globais.
O principal documento definidor deste espaço e acervo comum de
experiências é a Carta Cultural Ibero-Americana, adotada no ano de 2006 por ocasião
da XVI Cimeira Ibero-Americana, realizada em Montevidéu (OEI, 2006, p. 7).
A Ibero-América é um espaço cultural dinâmico e singular; nele se reconheceuma notável profundidade histórica, uma pluralidade de origens e variadas
manifestações. A consolidação de um espaço ibero-americano que reconhece a multiplicidadede matizes comporta vozes que dialogam com outras culturas.É necessário fortalecer as estruturas regionais de cooperação com a finalidadede criar melhores condições para a inserção da Ibero-América no cenárioglobal.Neste âmbito, serão promovidas afirmações, idéias e valores consagrados napresente Carta Cultural, como diretrizes para a construção de um espaçocultural ibero-americano.
No documento fica claro o entendimento da Ibero-América como espaço
cultural natural que preza pelo reconhecimento do seu status não somente a nívelregional, mas também mundial. É deste modo, um espaço de disputa ante as exigência
da globalização e utiliza da cultura como cimento para alicerçar o bloco de países
divididos por um oceano nas negociações internacionais e na defesa dos interesses
culturais e desenvolvimentistas. Mas qual a contribuição deste ―espaço‖ para os povos
indígenas das américas?
A Carta Cultural Ibero-Americana (2006) establece que as comunidades
indígenas, assim como as comunidades afro-descendentes, as populações migrantes e
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as demais comunidades tradicionais são ―patrimônio fundamental para a humanidade‖
e que cabe aplicar as seguintes ações em seu favorecimento:
adotar medidas para fomentar o desenvolvimento dessas culturas e para
garantir sua proteção, preservação e transmissão;promover os elementos artístico-tradicionais dessas culturas, o conhecimentode seus valores, técnicas, usos e inovações e impedir sua apropriação indevidaem prejuízo das comunidades às quais pertencem;reconhecer as origens das manifestações culturais e o direito a decidir sobreseus conhecimentos, inovações e práticas;garantir as condições para que se torne efetivo o princípio de justaremuneração e uma distribuição eqüitativa dos benefícios da utilização de taisconhecimentos, inovações e práticas;reconhecer o valor e a diversidade do patrimônio cultural dos indígenas, afro-descendentes e populações migrantes, com o propósito de facilitar sua plenaparticipação em todos os níveis da vida cidadã;reconhecer a riqueza da contribuição das populações migrantes ao processo
da interculturalidade em nossos países; eadmitir a persistência do racismo, da discriminação racial, da xenofobia e dasformas conexas de intolerância em nossas sociedades e reafirmar anecessidade de combatê-los.
A Comunidade Ibero-Americana de Nações assume, portanto, um
compromisso de constituir um ―sistema cultural integrado‖ em favor da diversidade
interior de seus povos, na compreensão da indissociabilidade entre direitos humanos e
direitos culturais e, promovendo a cooperação e solidariedade entre os Estados para a
implementação de políticas públicas de valorização da diversidade das expressões
culturais.
A Unesco e a espaço da diversidade cultural
Muito embora outros organismos internacionais tenham tratado da
diversidade cultural como base de formulação de politicas para as minorias e
populações indígenas, a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e a
Cultura (UNESCO), já vinha trabalhando deste muito tempo no estabelecimento de um
conceito ampliado de cultura que fosse relacionado ao desenvolvimento endógeno e
favorecesse a democratização da vida social e as múltiplas contribuições dos povos:
O conceito de desenvolvimento endógeno, sem descartar o crescimentoeconômico como um imperativo necessário à emancipação da humanidade,impõe o homem como agente e beneficiário, justificativa e fim do crescimentoeconômico e remete à dimensão cultural do desenvolvimento, assim como ànoção de identidade cultural dos povos e nações. A cultura constitui, nessaperspectiva, dimensão central do desenvolvimento econômico, pois são os
valores significados numa cultura os determinantes das escolhas em relaçãoao progresso promovido pela ciência e sua aplicação tecnológica. Isto significa
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que o desenvolvimento econômico não se faz sem o desenvolvimento cultural,impondo-se, portanto, a exigência de uma ampliação do conceito de cultural(EVANGELISTA, 2003, p. 96).
Contudo, com a mercantilização dos produtos culturais e a imposição do
fator econômico sobre o cultural pela globalização, a diversidade das expressõesculturais das minorias e dos povos indígenas ficou vulnerável as indústrias culturais,
sendo necessária a tomada de medidas eficientes para sua proteção e promoção. É
neste período que surge a ideia de ―exceção cultural‖ que protegia os produtos culturais
da condição meramente comercial, pondo em risco os interesses dos Estados Unidos,
detentor de grandes lucros com seus produtos culturais no mercado internacional.
É nesse período que são produzidos pela Unesco alguns dos mais
importantes documentos para a constituição de políticas para os povos indígenas, a
dizer a Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural (2001), a Convenção sobre a
Proteção e Promoção da Diversidade das Expressões Culturais (2005) e a Declaração
das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas (2008).
A Convenção da Diversidade das Expressões Culturais foi aprovada na 33ª
reunião da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e a Cultura,
realizada em Paris, em outubro de 2005 e, mesmo sendo mais branda que a
Declaração da Diversidade Cultural, criada anos antes, foi motivo de muitos
tensionamentos que resultou, por fim, na adesão de 148 países e na recusa dos
Estados Unidos e Israel em assinar o documento. A resposta para isso talvez esteja no
próprio texto da convenção onde se estabeleceu que as atividades, bens e serviços
culturais possuem dupla natureza, tanto econômica quanto cultural, não devendo ser
tratados como se tivessem valor meramente comercial.
A contribuição efetiva da Convenção sobre a Proteção e a Promoção da
Diversidade das Expressões Culturais está não só na fuga da tendência à
homogeneização cultural da globalização, mas também no tratamento da diversidade
como parte primordial do desenvolvimento sustentável e integral da humanidade.
Logo no início do texto da Convenção fica claro um princípio de
interdependência entre cultura e sustentabilidade, preconizando que:
a diversidade cultural cria um mundo rico e variado que aumenta a gama depossibilidades e nutre as capacidades e valores humanos, constituindo, assim,um dos principais motores do desenvolvimento sustentável das comunidades,povos e nações (UNESCO, 2005, p.1).
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Já na primeira referência que se faz neste documento aos povos indígenas é
reconhecida a importância dos conhecimentos tradicionais como fonte de riqueza
material e imaterial e, em particular, dos sistemas de conhecimento das populações
indígenas e sua contribuição positiva para o desenvolvimento sustentável, assim como
a necessidade de assegurar sua adequada proteção e promoção (UNESCO, 2005, p.2).
As sociedades indígenas são, portanto, junto às demais minorias, os
maiores beneficiários da Convenção, e devem zelar por ela, tendo o direito garantido
de ―um ambiente propício à criação, produção, disseminação e usufruto de suas
expressões culturais‖. A Convenção visa assim humanizar a globalização possibilitando
o florescimento da diversidade criativa e a interação cultural sem pressões provocadas
pela sobreposição do fator econômico, de modo a construir políticas culturais baseadas
em uma ética global que promova a unidade na diversidade.
Um espaço para diversos organismos
O Espaço Cultural Ibero-Americano, como espaço regional de disputas
políticas, foi construído a partir da noção de pertencimento a uma herança cultural
comum e abarca os Estados e organismos internacionais com os mais variados
interesses que se inter-relacionam mediante acordos e programas de apoio e
cooperação mais diversos. No que diz respeito às políticas culturais para os povos
indígenas, postas em curso pelos governos dos países que integram a região, é
justamente a Convenção que tem oferecido uma unidade às proposições que são
formuladas.
O Mercado Comum do Sul (Mercosul), com seu Protocolo de Integração
Cultural dos Países do (Mercosul Cultural), é um exemplo de organismo que adotou a
Convenção da Diversidade Cultural como guia na construção de políticas públicas,
conforme visualizamos em seus objetivos de: Avançar na cooperação cultural no
âmbito do Mercosul; Estimular a difusão e implementação da Convenção sobre a
Proteção e Promoção da Diversidade das Expressões Culturais e; Impulsionar o
desenvolvimento de itinerários culturais como a Rota do Escravo, Universo Cultural
Guaraní e outros.
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O povo Guarani, citado entre nestes objetivos, seria eleito como elemento de
destaque na integração cultural do Mercosul, como comprova o documento resultante
da Reunião Sobre o Projeto de Valorização da Cultura Mbyá-Guaraní, onde foi previsto,
dentre outras ações, que os projetos a serem realizados nos países que contarem com
a presença destes indígenas possibilite ―a participação direta e ativa das comunidades
nos processos de identificação, reconhecimento e valorização da cultura dos povos
Guaraní‖ (MERCOSUL, 2007, p.2).
A Organização dos Estados Americanos (OEA), semelhante à Organização
dos Estados Ibero-Americanos (OEI) e a iniciativa do Mercosul Cultural, também
promulgou documentos, elegeu objetivos e planos de ação para o contribuir neste
debate das políticas culturais como a criação da Declaração Americana sobre os
Direitos dos Povos Indígenas (1997), que forneceu as bases para mais tarde ser criada
a Comissão Interamericana de Cultura (CIC), um órgão técnico-político com
representantes e autoridades da área de Cultura dos países integrantes da OEA para
fortalecimento de dialogo e intercâmbio de conhecimentos e experiências sobre a
temas e políticas culturais.
A proposta de criação do CIC surgiu durante a I Reunião Interamericana de
Ministros e Máximas Autoridades de Cultura, realizada em Cartagena das Indias
(Colômbia), em julho de 2002. No Plano de Ação de Cartagena das Indias fica
estabelecido que o CIC deveria ter por objetivo: ―La eliminación de las barreras que
enfrentan los grupos étnicos, religiosos y lingüísticos, particularmente los pueblos
indígenas, las personas de origen africano, y las personas de descendencia asiática
para participar en la vida cultural de nuestros países‖ (OEA, 2002, p. 8).
É assim que a partir de 2006 as linhas de ação da OEA deram maior
destaque ao tema da cultura indígena: Preservação e proteção do patrimônio cultural;
Identidade, diversidade e dignidade; Cultura e a criação do trabalho decente e a lutacontra a pobreza; Cultura e direitos dos povos indígenas e; Sistemas de informação
cultural (prioridade transversal).
Estes avanços, promovidos pela ampliação do enfoque dos organismos
internacionais sobre a importância da formulação de políticas culturais para os povos
indígenas, convergem para a Convenção da Proteção e Promoção da Diversidade das
Expressões Culturais da Unesco como o ponto central de onde se desdobram seus
programas, projetos e ações, sejam estas a nível nacional, regional ou internacional,
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produzindo resultados não somente no âmbito do espaço cultural comum aos países
ibero-americanos, mas também na América do Norte e no Caribe, devido os contínuos
fluxos migratórios e trocas culturais nas regiões fronteiriças.
O “Brasil Diverso” e suas políticas culturais no cenário ibero-americano
O Brasil ocupa hoje um lugar de grande destaque internacional nas
discussões sobre a temática da cultura e desempenhou um papel político central
durante a conferência das Nações Unidas que deu origem a Convenção sobre a
Proteção e Promoção da Diversidade das Expressões Culturais. Como integrante de
diversos órgãos internacionais como Unesco, OEI, OEA e Mercosul, o Brasil tem
direcionado muitas das políticas públicas para atender o estabelecido nos documentos
internacionais destes organismos do qual é signatário e tem conseguido avançar em
pontos importantes obtendo o recente reconhecimento pela Unesco de cinco iniciativas
implementadas para a proteção e promoção da diversidade das expressões culturais.
São duas iniciativas ministeriais: a série de Seminários Itinerantes e o Programa
Cultura Viva. As demais ações premiadas foram o projeto Vídeo nas Aldeias, o
Observatório da Diversidade Cultural e o Overmundo (website colaborativo).
A promoção de políticas culturais para os povos indígenas, considerando o
entendimento da cultura como parte do desenvolvimento sustentável, tem favorecido a
ampliação da divulgação dos conhecimentos e saberes indígenas, bem como tem
possibilitado o protagonismo destes na formulação destas mesmas políticas.
Entre os avanços produzidos no Brasil destacam-se o Plano Nacional de
Cultura, o Plano Setorial de Culturas Indígenas e o Programa Nacional do Patrimônio
Imaterial, instituído pelo decreto n°3.3551/2000 que também institui o Registro de Bens
Culturais de Natureza Imaterial como quatro Livros de Registro: dos Saberes, das
Celebrações, das Formas de Expressão e dos Lugares. Trata-se de numa iniciativa de
contribuir para a preservação da memória e transmissão de manifestações culturais, de
expressões artísticas e de conhecimentos tradicionais.
Como resultado que reflete a importância de ações nesta área está a Arte
Kusiwa dos índios Wajãpi (Amapá), proclamada Patrimônio Imaterial da Humanidade
pela Unesco, em 2003.
O Prêmio Culturas Indígenas, criado em 2006 pelo Ministério da Cultura,
através da Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural (SID/MinC), também é
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outra importante iniciativa que coaduna com o avanço à nível internacional do papel da
diversidade cultural nas políticas para os povos indígenas e tem o objetivo claro de
incentivar o protagonismo indígena na elaboração e realização de projetos para o
fortalecimento das suas expressões culturais.
Mas, para além destas iniciativas, o maior avanço tem sido traduzido no
Plano Setorial para as Culturas Indígenas (PSCI), integrante do Plano Nacional de
Cultura, sancionado pelo ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, em 2
de dezembro de 2010, que é o resultado do diálogo produzido com os diversos setores
da sociedade nos dois Seminários Nacionais de Políticas Públicas para as Culturas
Populares (2005 e 2006) e nas duas Conferências Nacionais de Cultura (2005 e 2010).
O PSCI estabelece uma política de Estado permeada pelas dimensões
simbólica, econômica e cidadã da cultura e promove o protagonismo com a
participação efetiva de representantes dos povos indígenas no Conselho Nacional de
Política Cultural (CNPC) e em um Colegiado Setorial específico, responsável, dentre
outras funções, pela discussão, elaboração e acompanhamento das ações do Plano
Setorial para as Culturas Indígenas.
São três os macroprogramas do PSCI: 1) Memória, Identidades e
Fortalecimento das Culturas Indígenas (Programa 1.1. Manutenção e Transmissão de
Saberes e Práticas Indígenas e Programa 1.2. Mapeamento, Registro e Difusão das
Culturas Indígenas); 2) Cultura, Sustentabilidade e Economia Criativa e 3) Gestão e
Participação Social (MINC, 2010, p.57-58).
Ao fazermos uma reflexão sobre os avanços produzidos na formulação das
políticas públicas de cultura para os povos indígenas no Brasil nota-se que os
processos participativos da sociedade, com respeito a sua composição cultural, têm
orientado as ações governamentais na medida em que as diretrizes traçadas pelos
segmentos nas Conferencias de Cultura, tornam-se medidas priorizadas pelo poder público.
Considerações finais
O entendimento da cultura como fator de desenvolvimento integrado e
sustentável, que foi promovido pela Unesco e incorporado aos instrumentos dos
diversos organismos internacionais, tem contribuído para a emergência de políticas
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públicas voltadas para o incentivo, valorização, manutenção, produção e divulgação
das práticas e expressões culturais dos povos indígenas. No âmbito ibero-americano a
incorporação da dimensão da diversidade cultural nas políticas implementadas pelos
Estados, já é parcialmente visível, contudo ainda se fazem necessárias iniciativas mais
firmes para que os avanços sejam notados na efetiva melhoria da qualidade de vida
dos povos indígenas. Desse modo, a plena cidadania cultural ainda é um desafio para
os Estados que compõem este espaço de dialogo e cooperação.
Embora tardio, o recente movimento pela valorização dos conhecimentos
indígenas tem obtido resultados na adoção de alguns princípios, valores e saberes
tradicionais nos currículos escolares e no incentivo a propagação das línguas indígenas
por alguns países ibero-americanos. Santuários religiosos têm recebido o título de
Patrimônio Cultural da Humanidade e algumas expressões culturais destes povos têm
sido reconhecidas como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. Essas
conquistas enriquecem o espaço cultural comum fundado no âmbito ibero-americano e
alimentam os processos dinâmicos de integração regional humanizando a globalização
e diluindo os possíveis riscos às culturas indígenas.
Referências
EVANGELISTA, Ely G. dos S. A Unesco e o mundo da cultura. Brasília: Unesco;Goiânia: Editora UFG, 2003.
MINISTÉRIO DA CULTURA DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.SECRETARIA DA IDENTIDADE E DIVERSIDADE CULTURAL (MINC/SID). PlanoSetorial das Culturas Indígenas. Brasília, 2010. Disponívelem:<http://www.cultura.gov.br/site/wp-content/uploads/2010/12/CI-DOWN.pdf >. Acessoem 10 abr. 2011.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E A CULTURA(UNESCO). Convenção sobre a Proteção e Promoção da Diversidade dasExpressões Culturais. Paris, 2005. Disponível em:<http://unesdoc.unesco.org/images/0015/001502/150224por.pdf >. Acesso em 09 abr.2011.
ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS IBERO-AMERICANOS PARA A EDUCAÇÃO, ACIÊNCIA E A CULTURA (OEI). Carta Cultural Ibero-Americana. Montevidéo, 2006.Disponível em: <http://www.segib.org/upload/File/Carta%20Cultural%20iberoamericana2.pdf >. Acesso em: 09 abr. 2011.
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REUNIÃO INTERAMERICANA DE MINISTROS E MÁXIMAS AUTORIDADES DECULTURA, 1ª. (OEA), 2002. Cartagena das Indias. Declaração e Plano de Ação deCartagena das Indias. Disponível em:<http://www.oas.org/udse/wesiteold/acc3cult-P.html>. Acesso em 10 abr. 2011.
REUNIÃO INTERAMERICANA DE MINISTROS E MÁXIMAS AUTORIDADES DECULTURA, 3ª. (OEA), 2006. Montreal. Documento Conceitual sobre o TemaMinisterial “A Cultura e o Papel dos Povos Indígenas”. Disponível em:<http://www.sedi.oas.org/dec/documentos/3min_cultura/4%20Guatemala%20PORT.DOC>. Acesso em 09 abr. 2011.
REUNIÃO SOBRE O PROJETO DE VALORIZAÇÃO DA CULTURA MBYÁ-GUARANÍ
(MERCOSUL), 2007, São Miguel das Missões. Documento da Reunião sobre o
Projeto de Valorização da Cultura Mbyá-Guaraní. Disponível em:
<http://www.cultura.gov.ar/archivos/programas_docs/cult_mbya.pdf >. Acesso em 10
abr. 2011.
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CONTÍSTICA DE GUILLERMO MENESES NA VENEZUELA DOS ANOS 50
Antonio Aparecido Giocondi (UFRJ/ UFRR)[email protected]
I. O CONTEXTO HISTÓRICO E POLÍTICO DA VENEZUELA
Para podermos entender melhor com se deu o processo narrativo literário
venezuelano se faz necessário conhecermos fatos históricos que marcaram a política
da Venezuela. Após longos anos de ditadura militar, Venezuela começa a se
transformar com a morte do então presidente Juan Vicente Gómez no ano de 1936.
Pode-se dizer que foi este ano que deu início o ponto de partida do projeto de
modernização dentro da história de Venezuela, conforme afirma Mariana LibertadSuárez, (2005:11): ―As mudanças atribuídas depois da morte do ditador, se destacam
no intercâmbio comercial e cultural. Isso sucede não apenas dentro da Venezuela, mas
sobre tudo com as nações mais modernas e desenvolvidas‖. A partir desse momento
surgem uma série de manifestações literárias onde se debate, uma vez mais, o tema
da identidade venezuelana. Suárez cita alguns nomes de escritores que com seus
escritos fizeram parte dessas manifestações, (2005:12): ―[...] Autores como Rómulo
Gallegos, Enrique Bernardo, Teresa de la Parra, dirigiram seus escritos a um processode redefinição do Eu-bem como individual, como coletivo ou nação.
Depois desse período tumultuado, Rómulo Betancourt foi proclamado
oficialmente como presidente eleito da República venezuelana para o período de 1959-
1964 e tinha como seu assessor o escritor venezuelano Rómulo Gallegos.
II. OPERFIL DE GUILLERMO MENESES NO CONTEXTOCULTURAL E LITERÁRIO
DA VENEZUELA.
Guillermo Meneses, nasceu em Caracas, Venezuela, no dia 15 de dezembro
de 1911 e morre em Porlamar em 29 de dezembro de 1978. Meneses ainda estudante
secundarista, em 1928, enfrenta o regime ditatorial do então presidente Juan Vicente
Gómez, que o envia como prisioneiro para um antigo Castelo de Puerto Cabello, em
San Felipe, onde permaneceu preso durante um ano. Mais tarde Meneses sita nos
contos e novelas esses momentos que viveu na prisão. Ele foi doutor em Ciências
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Políticas, prestou serviços junto ao Ministério de Relações Exteriores, foi jornalista,
romancista, novelista, contista. Em 1951 sua novela La Balandra Isabel llegó esta
tarde foi premiada no Festival Internacional de Cannes. Percebe-se na narrativa
meneseana, como nos contos ―Borrachera‖, ―Luna‖, ― Adolescência‖ e outros, um
primeiro Meneses, de acordo com Javier Lasarte, (1968: XIII):
―[...] A censura moral desse primeiro Meneses diante de certas formas eatitudes diminuídas no novo estilo de narrar- esse adolescente fanfarão, abreas portas a um outro tipo de relato e sobre tudo a um outro tipo depersonagens, os marginalizados sociais, os negros ou mestiços‖.
Para Lasarte, (1968: XIX): ― Os contos que publica Meneses a partir de 1946
mostram um rosto muito diferente ao dos anos trinta‖. Porém, ―El falso cuaderno de
Narciso Espejo‖ inova o estilo de novela de Meneses e abre as portas ao maiscomplexos de seus contos, ― La mano junto al muro‖, quando Meneses ganha o
concurso de contos promovido pelo jornal El Nacional. A respeito do conto, afirma
Lasarte, (1968: XXVII): ―[...] 'La manono junto a l muro', um bom exemplo de mudança
que deu a narrativa de Meneses em comparação a outros contos escritos por ele
anteriormente‖. No entanto, alguns críticos venezuelanos como Carlos Sandoval
discordam dessa mudança e critica a narrativa de Meneses ao dize r, ―[...]foi um
atrevimento seu ao abordar temas contrários aos valores morais e literários vigentes na
Venezuela, [...]‖(2005: X). Observa-se que a ênfase de Sandoval recaia apenas sobre
os aspectos temáticos, sem considerar os recursos literários utilizados por Meneses. O
próprio Meneses contesta essa crítica, ―[...] acredito que os que criticaram 'La mano
junto al muro', desde o ponto de vista da moral, não entenderam o meu
trabalho‖,( 1981: XIII).
Sabemos que nas décadas de 50 e mais especificamente na de 60 a
América Hispânica foi contemplada por uma série de escritores, como: Ernesto Sabato,
Alejo Carpentier, Miguel Angel Asturias, Carlos Fuentes, Octavio Paz, Jorge Luis
Borges, Mario Vargas Llosa, Julio Cortázar, Gabriel García Márquez e outros que
contribuíram com a narrativa do ―boom‖, como afirma Delprat, ao citar Octavio Paz,
(1996: 307): ‖[...] se a literatura russa havia coberto o cenário Ocidental na primeira
metade desse século,[refere-se ao século XX], agora é a nossa vez- esquecidos e
periféricos- acrescentar nossas forças imaginativas ao patrimônio mítico do Ocidente
no que restava ainda desse século‖.
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As duas grandes obras na década de 50 que marcaram uma nova narrativa
de Meneses como mencionamos anteriormente, foram: o romance El Falso Cuaderno
de Narciso Espejo‖, uma novela, e mais especificamente o conto, ―La Mano Junto Al
Muro‖, como afirma Fraçois Delprat, ( 1996: 278): ―A partir desse conto, o autor
caraquenho não só dá uma reviravolta na sua narrativa, como muda a história literária
da Venezuela‖. Em um outro momento Delprat acrescenta, (1996: 281): ―Depois de
Meneses- autor estritamente literário- nossos criadores maiores e menores começam a
escrever com outras perspectivas‖. A narrativa de Meneses, torna-se, portanto,
referência para outros escritores venezuelanos. Barrera, ao falar de Meneses não se
hesita em afirma, (1997: 112):
―Não tenho mais desculpa a não ser confessar a minha mudança de posiçãono sentido de aceitar os dois fatos que já não se admitem dúvidas, um, quetoda as homenagens prestadas a Meneses contista por 'La mano junto almuro', é na realidade muito mais que justa, dadas as dimensões assombrosasde um conto que bifurcou a história da narrativa venezuelana. Dois, queverdadeiramente devemos acreditar na palavra de José Balza, quandoalgumas vezes afirmou, 'que a nova literatura venezuelana tem início com aobra', La mano junto al muro‖.
Dessa maneira podemos afirmar que Meneses se converte em um dos
contistas mais importantes da narrativa venezuelana nas décadas de 50 e 60. Mas
para isso Meneses teve que despojar do seu preconceito de moralista para tratar detemas mais ousados e até um certo ponto pecaminosos e proibidos dentro da narrativa
venezuelana nesse período. Diante do exposto o nosso propósito é analisar
criticamente a contística de Guillermo Meneses. Com este fim, lemos os contos do
autor venezuelano e selecionamos ― La mano junto al muro‖, por inovar o tempo
narrativo, a ciclicidade e a abertura da obra antecipando Uberto Eco e Julio Cortázar.
Vejamos o que afirma Barrera a respeito do referido conto (1997: 125):
― Pode ser uma ousadia afirmar que um só conto seja suficiente para encontrar um lugar paradigmático na história da narrativa latino-americana, mas esseparece ser o caso de Meneses com 'La mano junto al muro'. Pode ler tantasvezes como se deseja e esse relato se resiste fortemente a preensão definitiva. Aceita cada leitura como se fosse a primeira e se sustenta sobre umaambiguidade que quase esbarra no doentio‖.
O contista venezuelano deixou para trás a narrativa linear, repetitiva,
―apegada a uma velha tradição latino-americana que repousava em mitificação cega
dos heróis nacionais com discurso repetitivo, adulador, buscador de retribuições e até
grupos de interesses‖. Para Luis Barrera Linares (1997: 14), Meneses passa a inserir
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nos seus textos uma narrativa que ―apela para recurso da ironia, da introdução do jogo
da narração, ainda que não encontremos aqui as falsas referências nem as
advertências sobre o caráter literário do narrador ...‖ (Delprat, 1996: 294). No entanto,
prossegue Delprat, 1996: 281). ―[...] o ingrediente dos intervalos penumbrosos e uma
alta dose de consciência de escrito, vindo de Julio Garmendia e Meneses, cruzam a
ficção venezuelana com toda naturalidade‖.O que permitirá nessa combinação o
desembocar no mais realismo fantástico. Sabe-se que uma nova proposta de narrativa
não nasce da noite para o dia, ―nenhum texto literário acabado, definitivo surge do
nada, como resultado de estudos milagrosos e descontextualizado‖ ( Barrera, 1997:
112). Meneses foi influenciado por outros escritores de prestígio, como: ―Oswaldo
Trejo, Salvador Garmendia, Carlos Noguera, Laura Antillano e outros mais‖ ( Barrera,
1997: 113). Tanto esses influenciaram nos seus escritos, quanto ele se predispôs a
propiciar uma nova escritura que desse vida à literatura venezuelana.
III ESTRATÉGIA DA NARRATIVA DE GUILLERMO MENESES.
A nova estratégia de Meneses, em ―La mano junto al muro‖, ao apresentar
um narrador, cria a incerteza, a dúvida: eram dois ou três marinheiros? Inclusive
lançando o próprio narrador como um dos possíveis suspeitos. Meneses leva o leitor a
iniciar o ato, voltar a ler e a questionar; deixar que o texto faça parte de sua vida para
tentar descobrir a onde a história poderia chegar. No entanto, a presença do real e do
imaginário é muito marcante, Catalina Gaspar de Márquez no seu texto ― Teoría y
Práctica del Cuento‖, na obra de Barrera ― Del Cuento y sus alrededores‖, chega a
comentar (1992: 503): ‖Literatura como ação construtora de mudanças, experiência
verbal que inventa a realidade na medida em que se constrói a si mesma e inventa o
fazer poético‖. Poder -se-ia dizer que essa afirmação é cabível no conto de Meneses,
porque existe um diálogo da própria obra consigo mesma quando a história não avança
entre ―muro‖, ―mano‖, ―castillo‖, ―camino de historia‖ e ―en el espejo‖. Também não
avança com o mundo, aqui representado pelo mar, que poderia ser a abertura para
novas perspectivas de vida; entretanto, o espaço em que a história se desenvolve em
uma fortaleza, que se situa entre o mar e a cidade, tornando-se muito limitado.
A narrativa cíclica dá a ideia de ser uma história infinita, enrolada em si
mesma e em um espaço limitado, em um ambiente fechado, a fortaleza. Como se fosse
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um círculo, apresenta um movimento constante de pessoas entrando e saindo, o que
indica também a narrativa cíclica. O narrador conta a história em um tempo muito
curto, como se a trama estivesse acontecendo em uma só noite e que essa noite fosse
interminável. A presença de um narrador dentro da narração. Tudo está em Meneses,
mas convertido em recurso para desenhar seus personagens, para tocar o fundo de
seus conflitos, ao lado de seu impulso estilístico, com frases breves e sarcásticas.
Como José Balza descreve dizendo, ―[...] Para 1950, em Venezuela, esse estilo
necessitava de uma maior popularidade como o temos hoje. Porque ao mesmo tempo-
como nunca havia ocorrido na narrativa de Venezuela, exceto no 'El cuento ficticio de
Julio Gar mendia‖,(1981: XI).
O mistério faz parte dessa narrativa do início ao fim. As dúvidas, as
incertezas, são situações marcantes nesse conto. A vida estava em jogo e ao mesmo
tempo era o próprio jogo. Esse é o grande enigma do conto e da própria narrativa de
Meneses. O que podemos afirmar até o presente momento é que a nossa pesquisa
está ainda em andamento.
BIBLIOGRAFIA
DELPRAT, François. Literatura y Cultura Venezolanas. La casa de Bello. Caracas,1996.
PACHECO, Carlos. Del Cuento y Sus Alrededores. Ávila Editores. Caracas, 1997.
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MENESES, Guillermo. La mano Junto al Munro y El Falso Cuaderno de Narcisio
Espejo. Monte Ávila Editores Latinoamericana. Caracas, 2005.SUÁREZ, Mariana Libertad. Criaturas que no Puede Ser . Monte Ávila EditoresLatinoamericana. Caracas, 2005.
GALEANO, Eduardo. As Veias Abertas da América Latina- Tradução, Sergio Faraco.Coleção L&PM POCKT, Vol. 900, 2010.
BALZA, José. Guillermo Meneses. Espejo y Disfraces. Colección y Prólogo. Biblioteca Ayacucho. Caracas, 1981.
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A ALTERNÂNCIA DE CÓDIGO NA FRONTEIRA PACARAIMA (BRASIL) E SANTAELENA (VENEZUELA) EM NARRATIVAS DE ALUNO DO ENSINO MÉDIO DE UMA
ESCOLA BRASILEIRA
David Sena Lemos (UERR) – PG/UFRJ
O fenômeno do multilinguismo no mundo, somado aos processos migratórios historicamente marcadosentre as fronteiras territoriais, fazem com que as línguas estejam em contato constante. O estudo dessetema vem sendo desenvolvido há muito e coloca em discussão inúmeros fatores relacionados ao contatolinguístico, entre eles, a alternância de código em comunidades bilingues, analisada internamente ou emcontextos fronteiriços. Considerando a questão do ensino em ambiente de fronteiras, este artigo visaanalisar as ocorrências de alternância de código em uma escola pública do município de Pacaraima,Roraima, a qual forma cidade-gêmea com Santa Elena de Uairém, sul da Venezuela. Embasado nosestudos de Appel & Muysken (1996), e com um corpus formado por narrativas orais e escritas de alunosdo ensino médio regular, analisa-se por que as línguas alternam; quais os tipos de alternância; e em queparte da sentença é possível que ocorra alternância linguística.
Unitermos: contato de línguas, bilinguismo, alternância de código, fronteira.
Palavras iniciais
Existem no mundo hoje mais de 6000 línguas (CRYSTAL: 2000) e esse
multilinguismo provoca intenso contato linguístico. Essa é a realidade de muitos países,
como o Brasil, que com sua formação histórica marcada por migrações de diferentespovos e línguas, e ainda onze de seus Estados formarem fronteiras com países sul-
americanos e hispanofalantes, estabelece-se constante prática multidiscursiva, tanto
internamente como em todas as regiões fronteiriças.
Muitos estudos sobre o contato de línguas e situações de ensino em
fronteiras vêm sendo desenvolvidos no Brasil, especialmente no sul do país (desde a
década 60 com o linguista José Pedro Rona e inúmeras dissertações e teses
acadêmicas sobre variados aspectos do contato linguístico). Quanto às fronteiras ao
norte, especificamente em Roraima, os estudos ainda são incipientes, estando em
desenvolvimento agora as primeiras pesquisas de pós-graduação1.
O presente estudo baseia-se em uma pesquisa-piloto, com a qual se
construiu dados em uma escola pública do ensino fundamental e médio, na cidade
brasileira de Pacaraima (RR). O corpus constitui-se de narrativas orais e escritas
construídas por alunos brasileiros e de outras nacionalidades, do ensino médio, em
interação em sala de aula, através de atividades didáticas. Objetiva-se analisar as
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ocorrências de alternância de código nas produções dos alunos, tentando identificar os
tipos de alternância, o porquê das ocorrências e quais as limitações possíveis.
Ambientando a pesquisa
Os municípios de Uiramutã, Amajari, Alto Alegre, Iracema e Pacaraima
compõem a fronteira roraimense com a Venezuela. Santa Elena de Uairén, Estado
Bolívar, na Venezuela, e Pacaraima, Brasil, caracterizam-se como cidades-gêmeas
fronteiriças. Lá se usa o português do lado brasileiro e o espanhol do lado venezuelano,
além de várias línguas indígenas, sobretudo do lado brasileiro, entre as quais se
destacam o Taurepang e o Makuxi.
O contato entre as comunidades linguísticas ocorre pelo processo migratório
que ali se configura – muitos brasileiros moram em Santa Elena e cidades próximas e
muitos venezuelanos vivem em Pacaraima e outros municípios de Roraima. Essa
mobilidade populacional ocorre, entre outros fatores, pela busca de emprego nos
países vizinhos, pelo comércio e turismo ecológico. Enfim, vê-se um ―complexo de
processos e forças de mudança, que, por conveniência, pode ser sintetizado sob o
termo ‗globalização‘‖ (HALL, 2006:67) que resulta em um intenso contato linguístico e
multicultural.
Há alunos venezuelanos – filhos de brasileiros e hispanofalantes – que
recebem o ensino formal em língua portuguesa em escolas brasileiras (em todos os
níveis), e alunos brasileiros (pais brasileiros e hispanofalantes) que estudam em Santa
Elena e em outras cidades venezuelanas, sendo que em Pacaraima estudam o
espanhol como língua estrangeira desde a 1ª série do nível fundamental. Estabelece-
se assim o contato entre a língua portuguesa e a espanhola na fronteira, tornandomuitos alunos bilingues. Resulta daí no discurso escolar casos de empréstimos
linguísticos, mais evidente no léxico (gírias, estrangeirismos, expressões idiomáticas,
etc.), alternância de código e ―las actitudes y quizás la valoración‖2 (APPEL &
MUYSKEN, 1996:14) de uma das variantes utilizadas. Pela natureza desse contato, há
uma propensão à intercessão multicultural e, conforme Couto (2009:49), a ocorrência
de ―algum tipo de convergência linguística‖.
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Reflexões teóricas
As intensas migrações de povos e suas respectivas línguas fazem surgir o
multilinguismo – convivência de duas ou mais línguas no mesmo espaço geográfico
(COUTO: 2009). Esse plurilinguismo coloca as línguas em contato constante (CALVET:
2009), haja vista que é difícil imaginar uma língua que exista de forma isolada.
Considerando que as línguas não têm vida independente dos indivíduos que as falam –
abordagem ecológica à evolução linguística3 – Couto afirma que ―o que entra em
contato diretamente não são as línguas, mas povos‖, pois ―O contato entre as línguas
se dá na mente dos indivíduos que entram em contato em determinado lugar‖. (COUTO,
2009:50).Resulta desse processo o bilinguismo, fenômeno comum nas fronteiras
brasileiras e, no caso da região Norte, em inúmeras áreas indígenas. Há uma extensa
literatura disponível que busca definir o que é bilinguismo e o falante bilingue, contudo
não contempla uma definição assaz rigorosa. Appel & Muysken (1996), por exemplo,
se reportam a autores como Bloomfield, para quem o bilingue deve possuir ‗um
domínio de duas ou mais línguas igual de um nativo‘ (1996:11); seria o bilinguismo
perfeito citado e questionado por Lyons (1987:210). Já Macnmara (apud APPEL &MUYSKEN, 1996) afirma que para que um indivíduo se caracterize como bilingue deve
possuir algumas habilidades em uma das quatro modalidades (falar, entender, escrever
e ler) da segunda língua, além das habilidades de sua primeira língua.
O que parece manifesto é que o foco de definição depende da área de
conhecimento que trata o fenômeno, como a Psicolinguística, a Linguística, a
Sociologia e a Sociolinguística, esta última interessante para a análise neste trabalho,
pois se refere à função que a linguagem desempenha para o bilíngue ou para asociedade bilíngue. Contudo a concepção que parece mais genérica é exposta pelo
clássico Weinreich (1967), para quem o bilinguismo seria a capacidade de usar duas
línguas alternadamente; já em posição mais moderada e atual tem-se em Salgado (In
SALGADO & SAVEDRA, 2009:143), a noção de que bilinguismo é ―condição humana
comum, possibilitando ao indivíduo operar, em algum nível, em mais de uma língua‖. E
para concluir, Savedra (op. cit. 2009:121) afirma que o ―bilinguismo é um fenômeno
relativo‖, assertiva que dá margem para uma especiação de definições.
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Outro fenômeno frequente em comunidades bilingues é a alternância de
código ou code-switching . Dentre as abordagens dos estudos desse fenômeno é
comum encontrar orientações discursivo-pragmático e sintático-gramatical. Em uma
acepção ampla, define-se o code-switching como o uso alternativo de duas ou mais
línguas por indivíduos bilingues na mesma situação de conversação. Discutir
alternância de código remete a outros termos teórico-metodológicos e formulação de
questões, como interferência ou transferência linguística e empréstimos. Por restrições
de espaço e objetivo deste trabalho não serão detalhados tais conceitos.
Para concluir, Appel & Muysken (1996) categorizam a alternância como:
intra-oracional (alternância de código dentro da mesma sentença), inter-oracional
(ocorrência entre sentenças) e de ―coletillas‖ (emblemática). Para explicar por que os
falantes alternam códigos, os autores utilizam o marco referencial de Roman Jakobson
(1962), que se baseia nas funções da linguagem, questão que será detalhado no
próximo tópico.
Analisando a alternância de código
A amostra analisada é o recorte de uma pesquisa-piloto encetada em umprograma de mestrado. O corpus é constituído de narrativas orais e escritas produzidas
por alunos do ensino médio de uma escola de Pacaraima, Roraima. Solicitou-se aos
informantes que produzissem narrativas de experiências em outros países. Para
análise neste trabalho selecionou-se os informantes abaixo:
Informante Nacionalidade Onde mora Idade Série Pai Mãe
01 VenezuelanoSanta Elena
(VE) 161º ano
EM Venezuelano Brasileira
02 BrasileiroPacaraima
(BR)18
3º anoEM
Brasileiro Brasileiro
A alternância linguística não é um fenômeno que se realiza de forma isolada,
ela é parte de um discurso bilingue. De acordo com concepções de contexto bilingue
(cf. APPEL & MUYSKEN, 1996; SALGADO & SAVEDRA, 2009), o ambiente desta
pesquisa não se configura como uma situação prototípica de práticas constantes
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desses discursos. Contudo, na escola ambiente da pesquisa, observa-se a ocorrência
de discurso bilingue porque lá convivem alunos dos dois países fronteiriços e outros
(alunos colombianos, bolivianos e peruanos).
O bilinguismo e o code-switching são fenômenos estudados a partir de
diferentes pontos de vista. Este estudo não aprofundará apenas um ponto de vista,
mas fará breves análises conforme ocorrência no corpus proposto.
Dentre os pontos de vista distintos adotados nos estudos do code-switching ,
discutem-se quais são os tipos de alternância. Appel & Muysken (1996:176) classificam
em alternância de ―coletillas‖, que ocorre quando surgem expressões exclamativas,
parênteses ou muletas (cacoetes) de outra língua envolvida. O tipo que altera a ordem
sintática é a alternância intra-oracional (code-mixing), ou seja, é a ocorrência no meio
de uma sentença. Com dados menos perceptíveis nos estudos apontados por Appel &
Muysken (1996) há o tipo inter-oracional, o qual se produz entre distintas orações, ou
seja, alterna-se o código entre uma sentença e outra no mesmo discurso.
As ―coletillas‖, segundo definição de Appel & Muysken (1996), ou alternância
emblemática, segundo Poplack (1980), citada por esses autores, caracteriza-se como o
emprego de exclamações, parênteses ou ―muletas‖ (cacoetes). Nos excertos (01) e
(02), abaixo, ao fazer um relato em língua portuguesa de suas experiências no Brasil, o
informante utiliza o marcador espanhol ―a veces‖ continuamente dentro das sentenças.
E ainda o conectivo ―entonces‖ também é um elemento muito recorrente em todo o
discurso.
(01) INF. 01: ...violência, não tem! É muito difícil você escutá uma briga lá...
lá em Santa Elena... mas aqui não... em Pacaraima. Boa Vista, a veces, de vez em
quando escuta... alguma violência. Entonce, é... é ruim morar aqui no Brasil porque lá
é melhor...
(02) INF. 01: Eu fico a veces em casa brincando... brincando de vídeo-game,
essas coisa, a veces estudo... que mais? Eu passo... a metade eu fico estudando, a
metade brincando, a vez... de manhã eu trabalho, de tarde vou pra escola, de noite...
A alternância intra-oracional ou intra-sentencial é a mais observada no
discurso do falante bilingue. Uma discussão teórico-metodológica que pode surgir gira
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em torno da confusão de quando se está diante de uma verdadeira alternância de
código ou de um empréstimo linguístico. Na sentença normalmente se alternam
substantivos, adjetivos, advérbios e formas verbais e seus respectivos complementos.
O excerto (03) demonstra essa alternância:
(03) INF. 01: O comércio é muy pegado así, uma avenida bem pegadinha,
lá em Santa Elena é mais separado, mas aberto, se... se encuentra más grande.
A alternância em destaque na narrativa escrita do informante 02 (04) pode
ser entendida como inter-oracional. Outra análise possível para este fragmento, em se
tratando de texto narrativo, é que a ocorrência da alternância serve para marcar a
polifonia textual, isto é, para marcar diferentes vozes na narrativa, o narrador e os
personagens, por exemplo. Tal tipo é notado no excerto que segue.
(04) INF. 02: ―Ficamos até umas ‗18:00h‘ dentro de uma sala, quando entrou
um sargento, que sentou e conversou enquanto os outros só sabiam chingar:
cabrón, baboso, traficantes de mierda, vão ser todos deportados!‖
Abordagem mais comum dos estudos de code-switching são de ordem
discursivo-pragmático, ou seja, a relação entre a forma linguística e a função no
discurso; e sintático-gramatical, que refere-se a relação sintática equivalente entre as
línguas em contato. Portanto os questionamentos referentes à questão por que os
falantes alternam código no mesmo discurso podem ser explicados a partir dos estudos
de Jakobson (apud APPEL & MUYSKEN, 1996), que analisa a alternância segundo as
seis funções da linguagem.
Brevemente, alude-se que a função Expressiva da alternância tem a
intenção de expressar uma identidade mista através do uso de duas línguas no mesmo
discurso. Há a função Diretiva ou Integrativa, a qual implica diretamente o ouvinte, ou
seja, refere-se ao contato com o interlocutor, no sentido de incluir o excluir um ouvinte
de alguma parte da conversação. A função Fática refere-se à mudança de tom da
conversação, de manter o canal aberto. Alterna-se o código também com a função
Metalinguística, ou seja, quando se pretende comentar direta ou indiretamente as
línguas envolvidas. Já os jogos de palavras e os trocadilhos usando outra língua na
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conversação, isto é, quando se alterna códigos com objetivos estéticos, tem-se, então,
a função Poética.
A função Referencial, por exemplo, é a mais comum porque se refere ao
tema da conversação, ou seja, determinado assunto é expresso de forma mais clara na
língua diferente da usada pelos sujeitos. Diz-se que é o tipo de alternância que se
realiza de forma mais consciente, pois o falante acredita que um nome ou tema será
expresso de forma mais precisa em outra língua implicada no discurso. O excerto (05)
mostra que, ao tratar do tema ―carpintaria‖ em português, o informante demonstra não
conhecer o equivalente na língua em uso, então se vê na necessidade de alternar com
espanhol. O mesmo ocorre com o ―petróleo‖.
(05) INF. 01: ...uhn hum, mas é um trabalho de... carpintería, não é um
trabalho pesado, não... pois é, de carpintería... só pra lixar alguna madera, pegar uma
máquina que lixa?
(06) INF. 01: Mas estos días ele vai ( ) porque ele não quer mais trabalhar
de carpintería, ele vai trabalhar de... como é o nome do:... pretóleo, petróleo,
ingeñiería de petroleo... é uma coisa de óleo...
A alternância não ocorre em qualquer ponto da oração. Os estudos de Appel
& Muysken (1996) comprovam que há duas restrições, classificadas por eles de
gramaticais particulares e universais. Esta última Poplack (apud APPEL & MUYSKEN,
1996) chama de restrição de equivalência, a qual se observa, sobretudo, na alternância
intra-oracional. Caracteriza-se pela linearidade existente entre as sentenças das
línguas envolvidas. Os excertos (07) e (08) de uma narrativa escrita evidenciam essa
característica, onde a sentença (a) é em língua portuguesa com alternância de
espanhol, e a sentença (b) representa a escrita equivalente em português para
demonstração da linearidade estrutural.
(07) INF. 02:
a. ─ Putz! la gasolina acabou!, continuou:
↨ ↨ (conv.)
b. ─ Putz! a gasolina acabou!, continuou:
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(08) INF. 02:
a. ─ No se preocupe, tienes 5 litros no porta mala.
↨ ↨ ↨ (conv.) ↨ (conv.)
b. ─ Não se preocupe, tem 5 litros no porta mala. (...)
De acordo com a teoria proposta as setas verticais indicam a justaposição
dos elementos estruturais entre as duas línguas, ou seja, o ponto onde os elementos
superficiais da língua em uso e a língua alternada se perfilam sem ferir as respectivas
regras gramaticais. Acredita-se que quando não há essa equivalência ficaria
impossibilitada a realização da alternância.
Enfim pode-se destacar que há outros estudos que ampliam essaspossibilidades de análise das restrições de equivalência e outros aspectos da
alternância de código. Os estudiosos desse assunto apontam uma série de outras
possibilidades teórico-metodológica de análise, conforme determinados contextos
comunicativos, graus de bilinguismo e semelhança e dessemelhança tipológica entre
as línguas envolvidas.
Palavras finais
A questão do porquê os falantes bilingues alternam o código pode ser
analisada considerando diversos objetivos, dentre eles, para marcar o pertencimento a
determinado grupo (necessidade de representar a identidade), de acordo com a
situação em que se produz a interação e, comumente, também de acordo com tema do
discurso entre falantes bilíngues.
Estudos já realizados comprovam que o multilinguismo no Brasil coloca aslínguas em contato tanto internamente como em regiões fronteiriças. A mobilidade de
povos em espaços próximos, como as fronteiras ―delimitadas‖ por uma rua ou um rio, e
as mais distantes, como o ambiente desse trabalho (15 quilômetros), facilitam a
convergência linguística, condicionando a comunicação sem muitos problemas entre as
comunidades envolvidas.
Mesmo com um corpus reduzido, contextualizado em ambiente escolar, este
trabalho evidenciou vários aspectos que são tratados nos estudos de línguas em
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contato. Além dos traços analisados, foi possível observar nesse ambiente multicultural
que a alternância intra-oracional destaca a questão lexical de uso cotidiano e
expressões idiomáticas – estruturas linguísticas procedentes da construção cultural de
uma comunidade de falantes – porque são fatos constantes da variedade linguística
usados por alunos e que podem contribuir para aprendizagem. A expressão ¡dale! , por
exemplo, comum entre os argentinos, e usada diariamente por venezuelanos na
alfândega e postos de controle de migração na fronteira, com o sentido de autorização,
já se percebe com frequência na fala de brasileiros no ambiente escolar do lado
brasileiro.
Cumpre ressaltar também que entre os alunos brasileiros a alternância de
espanhol em textos em língua portuguesa foi observada mais na modalidade escrita. Já
entre os venezuelanos a alternância foi percebida com mais freqüência nos textos orais.
Em relação as função da alternância, o destaque foi para a Referencial, pois é a que se
realiza de forma mais consciente pelo falante. Outro dado relevante é que o grau de
bilinguismo dos alunos venezuelanos, ao produzirem as narrativas orais, não lhes
permitiu destacar o sotaque espanhol ao falar em português.
NOTAS
1 Os primeiros trabalhos concluídos são de Evódia de Souza Braz, que em 2010, defende dissertação demestrado pela Unicamp intitulada ―Línguas e Identidades em Contexto de Fronteira Brasil / Venezuela‖;e ainda: AMORIM, J. S. El fenómeno portuñol practicado por comerciantes brasileños en el área defrontera Brasil – Venezuela: un estudio macro sociolingüístico. Norte Científico, Boa Vista, v.2, n.1, jan./dez. 2007.
2 Tradução minha: ―as atitudes e talvez a valorização‖ ( APPEL & MUYSKEN, 1996:14) 3 Couto (2009) parte dos conceitos de ecologia biológica, utilizando termos da biologia, como
ecossistema, diversidade de organismo, inter-relações com o meio ambiente e assim discorre sobre aEcolinguística, área que estuda as relações entre língua e meio ambiente.
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FATORES DE INTERRUPÇÃO NA TRADUÇÃO DE TEXTOS TÉCNICOS DA ÁREAAGRÍCOLA NO PAR LINGUÍSTICO PORTUGUÊS ESPANHOL1
Duí Barroso Lima Farias (UFRR/UFRJ)[email protected]
A questão que me proponho discutir neste trabalho como ponto de partida é
a análise das estratégias utilizadas no processo tradutório de textos técnicos da área
agrícola no par linguístico português espanhol. No tocante à tradução, entendemos que
vem sendo objeto de pesquisas e discussões, e ainda de críticas, ao longo dos séculos,
e nesse sentido o papel do tradutor está sempre em destaque. A tradução é uma
habilidade, um saber fazer, que consiste em saber percorrer o processo tradutório,
sendo capaz de resolver os problemas de tradução que se apresentam em cada caso.
Assim, o conjunto de decisões conscientes e cuidadosamente tomadas na resolução
de problemas é o que chamamos de estratégias (Alves; Magalhães; Pagano; 2000: 19),
que são utilizadas de diferentes maneiras por um tradutor experiente e por um
inexperiente no processo tradutório. Ao tentarmos refletir sobre os mecanismos da
tradução, estaremos lidando também com questões fundamentais sobre a natureza da
linguagem, pois traduzir implica ao mesmo tempo um processo de compreensão e um
processo de produção no âmbito da linguagem. Assim, na abordagem semiolinguística, na expectativa de contemplar a
dimensão psicossocial do ato de linguagem, Charaudeau (2001) propõe uma teoria do
discurso que leva em conta os diversos sujeitos que participam deste processo. Nessa
perspectiva, o sujeito passa a ser definido como um lugar de produção de significação
linguageira, contemplando os fenômenos que combinam o Dizer e o Fazer. O Dizer é
um lugar em que participam os seres da palavra (protagonistas) e no Fazer, implicado
pelo Dizer, encontram-se os seres associados (parceiros). A interação destes sujeitosse estabelece a partir de um contrato de comunicação, que legitima a construção de
sentido e que rege as expectativas mútuas dos sujeitos no ato de linguagem.
Os informantes desta pesquisa são três professores da área agrícola
(Engenheiros Agrônomos) e três alunos do curso de graduação em língua espanhola
(7ºperíodo), todos incluídos na categoria de tradutores inexperientes.
Para efeito da presente pesquisa, foi preciso escolher um texto que
apresentasse uma estrutura predominantemente descritiva e informativa, por acreditar
que esse modo de organização textual fosse mais familiar aos professores e aos
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alunos de graduação. A partir desse texto, foi feita a coleta de dados. Após o estudo de
algumas técnicas introspectivas, optei pela técnica do protocolo verbal. Na verdade, a
técnica escolhida é uma adaptação do protocolo verbal intitulada protocolo de pausa,
apresentada por Cavalcanti (1989: 147-158). Tal técnica consiste em solicitar aos
sujeitos para ler silenciosamente e verbalizar a cada vez que tivessem seu fluxo de
leitura interrompido, explicitando o motivo da interrupção e tentando buscar soluções
para compreender o texto.
Com os dados provenientes dessa técnica, tenho como objetivo analisar
quais são as estratégias utilizadas pelos informantes ao traduzir textos em espanhol,
bem como, os momentos em que são feitas as interrupções e a retomada ao texto. O
texto utilizado para a atividade de leitura e tradução foi retirado de um site específico da
área agrícola que tinha como tema ―Como armar tu própria huerta en casa‖. De
maneira didática e informativa, aborda passos para uma pessoa fazer a horta em sua
casa e as hortaliças que se adaptam a esse processo, bem como as associações de
outros legumes e verduras.
1 LINGUAGEM E SUJEITOS DA LINGUAGEM
Charaudeau (2001) considera o sujeito como o lugar de produção da
significação linguageira, é um lugar de produção/ interpretação da significação. De
acordo com o lugar que ele ocupa, são denominados como protagonistas (sujeito
enunciador e sujeito destinatário) e como parceiros (sujeitos comunicantes e
interpretantes).
Em relação ao discurso, Corrêa (1991) descreve como Charaudeau (1983)
as relações existentes entre os participantes de um ato de comunicação. Entende-se
então o ato de linguagem como o lugar de encontro imaginário entre o processo deprodução e interpretação da linguagem que enfoca quatro sujeitos: Sujeito
Comunicante – produz uma mensagem e uma imagem de um Sujeito Destinatário que
pode ser ou não a mesma que o Tu interpretante produz de si. Sujeito Interpretante –
recebe o discurso do locutor (do Sujeito Comunicante), o interpreta e manifesta sua
opinião sobre o que foi dito. Sujeito Enunciador – é a imagem que o Tu interpretante
faz sobre o sujeito comunicante, a partir do dizer produzido por este último.
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Para estabelecer as relações entre os sujeitos no ato da linguagem no
interior de uma situação de comunicação, o sujeito comunicante (EUc) fará o uso de
contratos e estratégias. (Charaudeau: 2008). A noção de contrato, central na teoria
discursiva, pressupõe que os indivíduos pertencentes a um mesmo corpo de práticas
sociais estejam suscetíveis de chegar a um acordo sobre as representações
linguageiras destas práticas. E após estabelecer um contrato, este sujeito utiliza
estratégias discursivas para organizar, perceber, persuadir o sujeito interpretante.
Assim, o EUc espera ser compreendido pelo TUi ao ao traçar estratégias em seu
processo de comunicação.
2 ABORDAGEM COMUNICATIVA E DISCURSIVA DA TRADUÇÃO
A abordagem comunicativa da tradução2 implica considerar o texto traduzido
como resultado de todo um processo discursivo que põe em jogo contratos e
estratégias. No momento da tradução, o tradutor participa de um contrato de
comunicação. Há um momento em que ele assume o papel de leitor, e em outo, o
papel de sujeito comunicante, e dentro deste processo transita por um espaço
imaginário, construído entre a ―sua‖ língua (língua materna) e a língua do outro
(segunda língua ou língua estrangeira). Assim, este tradutor assume a posição de
mediador entre duas línguas, duas culturas e duas situações de comunicação.
O artigo ―Uma abordagem discur siva da tradução‖3 apresenta uma
concepção pragmática da tradução a partir do processo de interpretação e produção do
texto em língua de partida (que passarei a chamar TLP) . Primeiramente, a autora
aborda que ao lermos um texto assumimos uma função dentro de um contrato
comunicativo.
Assim, qualquer um de nós ao ler um texto, assume imediatamente o papel desujeito interpretante, daí dizer que todo ato de linguagem, quer para a instânciade produção, quer para a instância de interpretação, é sobredeterminado por um contrato de comunicativo.
Assim sendo, passamos a criar expectativas correspondentes às relações
interpessoais que são interpretadas, ou seja, o reconhecimento entre o sujeito
interpretante e seus correspondentes determinam diferentes ―projetos de leitura‖ que o
farão recorrer a diferentes estratégias comunicativas. Por isso esta primeira fase é
chamada de interpretativa, pois a autora afirma ainda que ao contrário da crença dos
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aprendizes de língua estrangeira de que para se compreender um texto é necessário
traduzi-lo, cabe afirmar que para se traduzir um texto, é necessário, antes de mais
nada, compreendê-lo. A segunda fase deste processo é a produção do texto em língua
de chegada (que passarei a chamar TLC). Neste processo, o sujeito assume o papel
de mediador de um texto que será traduzido, onde o mesmo está ligado a dois
diferentes contratos: o momento da leitura e o da escrita, que após serem realizados,
tem-se como produto um texto interpretado e um novo texto produzido que tenha
sentido. Logo, ―os interpretantes do TLC esperam que este mantenha uma relação de
equivalência semântica, pragmática e sociocultural com TLP‖.
É importante salientar ainda, que dentro deste contrato tradutório, existe
ainda um contrato de fidelidade, onde existem ligações estabelecidas entre o autor e o
tradutor na produção deste texto. Côrrea4 (1991), em sua tese de doutorado, defende
que o tradutor atua não apenas como Sujeito Interpretante, mas também como sujeito
analisante, onde seu compromisso vai além da leitura, pois necessita também de
outros dados para relacionar e analisar o texto, a ativação de outros conhecimentos:
histórico, social, econômico, cultural.
Dentre as estratégias envolvidas na compreensão de textos, vimos também
que a leitura é uma atividade altamente complexa de produção de sentidos que se
realiza, evidentemente, com base nos elementos linguísticos presentes na superfície
textual e na sua forma de organização
Na abordagem interacionista, a compreensão de um texto é um processo
que se caracteriza pela atualização do conhecimento prévio, ou seja, o leitor usa como
recurso na leitura o que ele já sabe; o conhecimento adquirido ao longo de sua vida e
experiência. Na concepção de leitura interativa, há uma interação entre o leitor e o
texto, ou seja, o leitor age sobre o texto, a partir de seu conhecimento prévio, e o texto
age sobre o leitor, com informações que passam a integrar a bagagem deconhecimentos do leitor. Nessa perspectiva, o sentido de um texto é construído na
interação sujeito-texto, a leitura é uma atividade interativa de produção de sentidos.
Quando falamos em tradução, logo vem à mente a noção de passar um
texto de uma língua para outra. Assim, o tradutor é inicialmente o leitor do texto em
língua de partida, e quase ao mesmo tempo, o produtor de um texto em língua de
chegada. Assim, Côrrea (2006) propõe uma definição mais ampla que integra a
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diferença entre as línguas e o objetivo da tradução: ―traduzir é passar um texto de uma
língua para outra, procurando manter no TLC o mesmo sentido do TLP‖.
3 ESTRATÉGIAS DE TRADUÇÃO
Ao observarmos o processo de leitura, interpretação e produção de um texto,
sempre vem à mente algumas dúvidas e questionamentos que ao longo do processo
vamos respondendo com base em nosso conhecimento prévio, de mundo, linguístico e
cultural, e muitas vezes ainda temos que buscar tais respostas fora do texto, em outros
meios de pesquisa para que haja compreensão. De acordo com ALVES (2010: 19)
―Todas estas ações que realizamos, muitas delas de forma automática, semiconsciente,
enquanto que as outras a partir de decisões conscientes e cuidadosamente tomadas,
constituem forma de resolução de problemas que chamamos de estratégias.‖
Assim, através destas estratégias passamos a atualizar as competências
comunicativas e resolver os problemas encontrados no processo. Dentre os
conhecimentos envolvidos no ato tradutório PAGANO (2010:39) destaca que ―a
necessidade, por parte do tradutor, de buscar em fontes de consultas externas
informações que não possui é fato inquestionável no exercício da atividade tradutória‖,
pois por mais experiente que seja o tradutor, terá que contar com pesquisas, leituras
acerca de um determinado tema, dicionários monolíngues e bilíngues, outros textos,
que possuam termos e expressões que possam servir na produção do TLC.
Além disso, o tradutor também conta com estratégias de busca de
elementos internos que servem de apoio, como o conhecimento de mundo, as relações
que utilizamos o que sabemos e aprendemos em nossa vida ou em certa área. As
relações que fazemos com o que sabemos e as inferências são pontos cruciais no
apoio interno de que dispomos. Assim, ALVES (2010: 57) ressalta que:
―o conhecimento de mundo é a somatória de todos estes conhecimentos e
que podemos chamá-lo de pré-texto, ou seja, o ponto de onde partimos, com as
informações de que já dispomos para processar informações novas que recebemos‖.
O tradutor quando assume seu papel de interpretante, passa a atribuir
sentidos graças às pistas linguísticas, textuais, discursivas e situacionais que
confirmam ou não suas hipóteses. (cf. KLEIMAN, 1989,82). O processo tradutório é
algo complexo que está dentro de um contrato, que tem seus objetivos ―passar um
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texto numa língua para uma outra, procurando estabelecer, no texto de chegada, uma
relação de equivalência semântica, pragmática, sociocultural, e em alguns casos
também formal, com o texto de partida.‖ No processo tradutório existem as estratégias
de compreensão/ interpretação do texto de partida, de produção no texto de chegada e
estratégias tradutórias, aquelas que o tradutor utiliza ao encontrar dificuldades para
construir relações de equivalência de um TLP para um TLC.
4 A METODOLOGIA INTROSPECTIVA
Nesta pesquisa utilizamos a metodologia introspectiva através da técnica de
coleta de dados chamada protocolo verbal, a fim de identificarmos os problemas
tradutórios ocorridos e as estratégias que são utilizadas para solucioná-los, no
momento em que os informantes traduzem o texto. Conforme explicam Ericsson e
Simon (1987), a técnica de ―pensar alto‖ requer que o sujeito da pesquisa, antes de
oralizar o que lhe vem à mente, realize uma codificação verbal de cada informação
nova acessada durante a resolução de um problema. Durante as gravações é
solicitado ao informante que oralize o que está escrevendo, e assim, diga tudo que está
pensando e fazendo quando traduz, ou seja, dê conta de consultas, de relações e dos
fatores de interrupção de seu processo tradutório.
4.1 COLETA E ANÁLISE DOS DADOS
Como a pesquisa ainda está em andamento, a proposta aqui é analisar
trechos da atividade tradutória de dois informantes, tradutores inexperientes (o
professor, que é Engenheiro Agrônomo e o aluno do curso de Letras- Espanhol), a
partir dos dados coletados com o mesmo texto da área agrícola: ―Como armar su
própria huerta en casa.‖ Logo chamarei para o primeiro de Informante A e o segundo
de Informante B.
Informante A: ―Vamos fazer a tradução de um texto do espanhol para o
português que depois usarei em minhas aulas‖. Lê em espanhol e logo para na palavra
hogareña, mas diz que depois vai procurar no dicionário e continua a leitura. E após ler
e não encontrar no dicionário on line, passa a procura-la em outro dicionário. ―Mas está
um pouco difícil, encontrei eu achava que se tratava de orgânica, mas o texto se refere
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a horta em casa, hogareña se refere a lugar, então vou colocar caseira.‖ Mas adiante
diz: ―Para hacer de tus macetas, vou ao dicionário, vejo que é recipiente de barro e no
texto se refere a vasilha que você utiliza para fazer o cultivo de uma hortaliça, o
processo orgânico.”
Na frase ―colocar 2 o 2,5 cm de leca, o informante lê todo e fala o sentido:
― neste parágrafo fala a respeito de como preparar o ambiente para receber as mudas,
quando se depara com a palavra leca, traduz por algum material de pedra,
ladrilhos,pedaços de cerâmica e completar esse recipiente tá com terra fértil, a mistura,
com abono, pelo que eu entendo é uma palavra técnica, deve estar relacionado com
algum tipo de preparado para colocar ...‖ Neste sentido, deve dei xar preparado para
fazer o transplante da verdura.
Informante B: Vou realizar a atividade de tradução com o conhecimento que
tenho da língua, de acordo com o contexto, sem buscar muito as palavras no dicionário.
O inf. B lê e muda muito o código linguístico no par português e espanhol, e esta
característica aparece também na escrita, então começa a ler em espanhol e a
comentar, talvez por está constantemente transitando pelas línguas. Mas, ao se
deparar com palavras desconhecidas para a atividade e busca resolver aquele termo
que não foi compreendido. No trecho: ― ...el mundo de la huerta hogareña‖ – aqui ele
encontrou dificuldade e buscou resolver este problema a partir de uma busca externa,
no caso o dicionário, mas mesmo assim , retomou ao seu conhecimento interno e falou
que observando a parte morfológica da palavra dá para entender que é alguma coisa
do lar...Ao ler o significado relacionado à algo doméstico disse: então não estou
equivocado. Logo, ele retoma desde o início do parágrafo e traduz toda a oração para
dar seguimento à atividade. Mais adiante tem a frase para hacer de tus macetas, e ele
traduz por vaso sem buscar apoio externo.
―Apesar de o português e o espanhol serem línguas bem parecidas, não ficabom a tradução ao pé da letra, fica estr anho e ás vezes é preciso refazer...‖
―uma capa de 2 o 2,5cm de leca‖, aqui é um termo que no estoy bien certo
do significado, mas vou continuar para entender dentro do contexto...Assim ele retoma
a leitura e quando vai traduzir diz: ―yo creo que seja resíduos‖ e continua a tradução
sem confirmar, observa a palavra e o sentido no texto e explica com suas palavras
como é que prepara o vaso para plantar. O informante parece dispor de um
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conhecimento lexical amplo até mesmo dentro desta área específica e ao longo da
atividade, encontra poucos momentos na interrupção da tradução.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao verificar as estratégias utilizadas pelos informantes no momento em que
houve a interrupção na atividade tradutória por falta de compreensão na leitura foram
superadas quando retomavam ao texto e continuavam, ou então quando recorriam ao
conhecimento técnico ou externo para compreender o léxico em espanhol.
Com a realização da pesquisa, foi possível observar que o Informante A por
ser professor e engenheiro agrônomo se sentia familiarizado com o texto e até
explicava didaticamente além do que estava no texto. Este ao se deparar com algum
termo desconhecido, se não conseguisse entender no contexto, buscava subsídios
externos. Já o Informante B, aluno do curso de Letras- Espanhol, também se sentiu
familiarizado, mas com o léxico da língua, e quando encontrava algum problema,
tentava resolver dentro de um contexto ou fazendo analogias com a formação da
palavra e seu sentido. Ambos são tradutores inexperientes e ao fazerem a retomada ao
texto construíam um significado e sentido na atividade tradutória, utilizando assim de
estratégias para resolver os problemas que estavam à tona.
Notas
1 Temática de minha Dissertação de Mestrado na área de concentração: Estudos Linguísticos – LínguaEspanhola.Orientadora: Prof.ª. Drª. Ângela Maria Silva Côrrea- UFRJ.2 Cf. CORRÊA, Ângela M.S. (2003)- pág. 221 a 229.3 Cf. CORRÊA, Ângela M. S. (2007) – pág. 01 a 084 CORRÊA. 1991. Pág.38-47
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PROPUESTA PARA ORIENTAR AL DOCENTE INTERCULTURAL BILINGÜE DEEDUCACIÓN PRIMARÍA, SOBRE LAS DIFICULTADES DE APRENDIZAJE ENLECTURA Y ESCRITURA, EN LA COMUNIDAD INDIGENA YEKUANA DE LA
ESMERALDA MUNICIPIO ALTO ORINOCO, ESTADO AMAZONAS - VENEZUELA
Elier Jesús García González (UPEL – IPM, Venezuela)Frohenel Gabriela Cabello Blanco (E. B. P. Rafael C. Arriojas, Venezuela)
En Venezuela se dispone de datos estadísticos, pero en forma aislada, sin
embargo en un recorrido por las diferentes bibliotecas se nota que las causas
principales por las que esos niños habían sido llevados a las unidades
psicoeducativas eran: Dificultades escolares en general y problemas emocionales.
Aunque los datos aislados no representan la realidad nacional es un reflejo de algo
probable: Que la dislexia constituye posiblemente la dificultad de aprendizaje de mayor frecuencia en el País.
Dentro de lo que comprende el desarrollo de la enseñanza del lenguaje se
ubican la lectura y la escritura que son procesos complejos de alto compromiso
cognitivo y constituyen la base fundamental para la formación completa de la
personalidad.
La lectura es una de las habilidades básicas del hombre. Sin el dominio y sin
hábito de la lectura todo aprendizaje de la cultura se ve sustancialmentelimitado. La lectura constituye la puerta fundamental del saber y un medioenriquecedor para la recreación (Lampe, 2.009, p. 9).
El aprendizaje del lenguaje escrito es un proceso dinámico donde el niño
experimenta constantes desequilibrios en sus estructuras cognitivas y tiende a
superar estos desequilibrios en sus estructuras cognitivas con nuevas formas
explicativas. Existen innumerables definiciones sobre lectura y escritura y el hecho de
que tantos autores hayan investigado y escrito sobre las distintas maneras de abordar
supone la gran importancia de la misma y el que sea tan preocupante para el común yno se tomen las estrategias para motivar no solo la lectura superficial sino su
comprensión, hace que ésta no sea prioridad para el hombre. Sin embargo, es
evidente que en la necesidad de información y de enriquecimiento cultural,
profesional... no puede satisfacerse plenamente, sino es a través de la lectura.
La escritura se da a través de la enseñanza, se entiende ésta como la serie
de actos que realiza el docente con el propósito de crear condiciones que le den a los
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alumnos la posibilidad de aprender. Se relaciona con la acción educativa y se halla en
interdependencia con el aprendizaje.
―El aprendizaje es el conjunto de actividades realizadas por los alumnos,
sobre la base de sus capacidades y experiencias previas, con el objeto de lograr
ciertos resultados, es decir, modificaciones de conducta intelectual, psicomotriz y
afectivo-volitivo ―(Avolio, 2.005, p. 37).
En el proceso de enseñanza aprendizaje, docente y alumno cumplen
funciones diferenciadas e integradas. Mientras el segundo cumple papel fundamental
por ser el eje quien en forma dinámica y constante interactúa con las situaciones de
aprendizaje planteadas por el docente o por él mismo, cuando su madurez intelectual lo
hace posible.
La relación docente alumno y la comunicación entre ellos es esencial para
el proceso y depende de varios factores: Características de la personalidad, mayor o
menor grado de afinidad de uno hacia el otro, capacidad de expresar los sentimientos,
trabajo, conocerse ambos. También influye la percepción que se tenga sobre el otro y
la manera de participar en la relación. Todo esto implica que los elementos
mencionados deben estar íntimamente correlacionados para que la enseñanza se dé
en forma óptima. El docente debe propiciar .en el aula un clima placentero, donde
exista una excelente comunicación, donde el alumno tenga la oportunidad de
expresarse. La pasividad, la indiferencia, la falta de motivación, la rutina se opone a la
libre expresión y a la comunicación.
El problema de los niños que se le dificulta la lectura y escritura es que
generalmente fracasa en la mayoría de las maestras escolares, no puede
desenvolverse en un medio que le exige leer señales, advertencias, avisos,
instrucciones, cartas y se ve impedido de desarrollarse plenamente desde el punto de
vista intelectual, social y emocional. La semblanza anterior deja ver que el niño queingresa por primera vez en la escuela tiene la necesidad de una persona que le facilite
o ayude en su aprendizaje, el docente es llamado a ello. Este no sólo debe detectar al
niño con dificultad para aprender sino trabajar sobre la base de la prevención.
Sin embargo, al ser la prevención un componente de un sistema complejo
de atención al niño no debe dejársele solo al maestro de aula, sino que debe
involucrar al especialista, a la familia y a la comunidad. Cabe destacar que el docente
de preescolar y primer grado de Educación Primaria son las primeras personas que a
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través de su interpretación diaria u observación directa, evalúa la conducta de los
niños en actividades y situaciones relacionadas con el aprendizaje. De allí' la
necesidad de trabajar en conjunto con la finalidad de detectar cualquier anormalidad y
actuar en forma inmediata a manera de prevenir dificultades de aprendizaje futuras.
Sobre el concepto de Prevención, (Vargas 2.006 P.113). Expresa:
Prevenir es actuar anticipadamente antes de que el daño se produzca. Esadvertir lo que puede ocurrir, es tomar las precauciones de1 caso para evitar dificultades futuras... ver con anticipación significa, actuar a tiempo cuando sedetecte algún posible desajuste (p.
Tradicionalmente ha sido más común emplear el término prevención en
contexto médicos, psicológicos clínicos, en tránsito, seguridad laboral, fenómenos
naturales, seguridad entre otros. Esta situación ha producido la adopción de medidasde precaución en programas de atención materna infantil, en la protección de higiene
del trabajo, seguridad vial. No obstante de los avances apreciados no se han
producido los resultados esperados por lo que se considera necesario incrementar los
esfuerzos en la cobertura del área preventiva.
Si éste es el panorama general, qué decir del ámbito educativo para el cualeste concepto es tan actual, trascendente y renovador. Por lo general en elcontexto pedagógico la utilización y aplicación del concepto se circunscribía al
área denominada Educación Especial. Hoy, sin embargo se ha comenzado aproducir un cambio de enfoque donde se concibe la prevención como laadopción de medidas encaminadas a impedir que se produzcan deficienciasfísicas, mentales y sensoriales o impedir que las deficiencias cuando ya se hanproducido, tengan consecuencias físicas, psicológicas y sociales negativas (Bell, 2.006, p. 10).
El trabajo preventivo en las escuelas debe partir desde preescolar y primaria
y más que eso debe ser integración, está conformada por maestros, familia y
comunidad, exigen la atención oportuna de las necesidades educativas que los niños
presentan dentro del ámbito educativo general, de ésta manera se evitaría el ingreso a
escuelas especiales de alumnos que en realidad no son atribuidos a ella.
La atención integral a los alumnos ha de partir de un conocimiento profundo
de sus particularidades individuales y los de su entorno, que han de servir de base para
la elaboración de estrategias de intervención individual y colectiva, capaz de satisfacer
en cada momento las carencias educativas de todo alumno. Se resalta en éste trabajo
la prevención en grupos de riesgo, para reforzar en ellos con sus familias y entorno
social, todo un sistema de medidas que permita eliminar o atenuar oportunamente el
efecto de condiciones negativas desencadenante, así se realiza lo que se identifica
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como prevención primaria. La problemática de los niños con riesgo de presentar
dificultades para aprender hay que contrarrestarlo a través de 1a búsqueda de
alternativas en conjunto, docentes entes inherentes al proceso donde se analice la
situación y con el aporte que cada uno pueda aportar se logre disminuir en gran
medida este flagelo de las aulas.
La actividad preventiva debe ejercer su acción en grupos de riesgo para
evitar deficiencias futuras en el rendimiento estudiantil general, pero especialmente en
lengua y literatura por ser la asignatura donde primero se cristalizan las dificultades y
por ser materia fundamental para la comprensión de las otras áreas del aprendizaje
escolar. De lo antes expuesto cabe una pregunta de reflexión ¿estará el docente
capacitado y motivado a asumir esa responsabi1idad?
Astudillo (1989), citado por Carache (2.005) p.78, afirma:
―Hoy día la calidad de los docentes es uno de los problemas fundamentales
de la educación venezolana, la cual se ha acelerado en los últimos tiempos‖ (p. 40).
Como señala Vigotsky citado por Bell (2.006)," La forma de colaboración
entre el niño y el adulto es el elemento central del proceso educativo‖ p.53, lo que es
determinante en el caso de la atención de los niños con necesidades educativas
especiales, el papel del maestro para el éxito del proceso.
―El Estado Amazonas no escapa de la problemática general descrita, se
determinó que el problema se encuentra distribuido proporcionalmente en la gran
mayoría de las escuelas de 1a región y que los niños son detectados de manera
empírica y demasiado tarde‖ (Martínez, 2005, p. 7).
De acuerdo a este planteamiento, las dificultades de aprendizaje es un
problema mundial, regional, nacional y local, y es así como las escuelas del Municipio
Alto Orinoco, Estado Amazonas, muy especialmente las de la Comunidad indígena de
la Esmeralda Escuela Bolivariana ―Carlos Maldonado‖ están inmersas en ellas,mucho más porque se trata de pueblos indígenas distintos; no existen en esta entidad
centros de orientación psicopedagógicas adaptadas al lugar, ni públicos ni privados,
además no existen maestros especialistas ni licenciados en Educación Intercultural
bilingüe ni Especial, cuyos profesionales generalmente laboran en aulas integradas
adjuntas a algunas escuelas.
El problema del aprendizaje es un término general que describe problemas
del aprendizaje específicos. Un problema del aprendizaje puede causar que una
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persona tenga dificultades aprendiendo y usando ciertas destrezas sobre todo si el
idioma con se comunican nos el idioma materno. Las destrezas que son afectadas con
mayor frecuencia son: lectura, ortografía, escuchar, hablar, razonar, y matemática. Los
problemas de aprendizaje se hacen evidentes en los primeros años del periodo escolar
pues están directamente relacionados con materias a partir de las cuales se determina
el correcto rendimiento académico. Este concepto se aplica principalmente a niños en
edad escolar, antes del ingreso a primero de primaria, o durante los 7 primeros años de
vida. La dificultad específica en la lectura se denomina dislexia, en la escritura se
denomina disgrafía y en la aritmética se denomina discalculia.
Los problemas del aprendizaje varían entre personas. Una persona con
problemas de aprendizaje puede tener un tipo de problemas diferentes al de otra
persona. Los investigadores creen que los problemas del aprendizaje son causados por
diferencias en el funcionamiento del cerebro y la forma en la cual éste procesa
información Los niños con problemas del aprendizaje no son "tontos" o perezosos". De
hecho generalmente tienen un nivel de inteligencia promedio o superior al promedio, lo
que ocurre es que sus cerebros procesan la información de una manera diferente.
Acompañando a los problemas de aprendizaje, los niños presentan poca
memoria baja atención, poca organización impulsividad, tareas incompletas, y
comportamientos disruptivos. Todo esto ocasionado por una respuesta emocional que
está compitiendo con su aprendizaje. En el hogar tienden a no seguir instrucciones de
los padres, supuestamente por que se les olvida, sus actividades sociales por lo
general las realizan con niños menores.
Los profesores son las primeras personas en reportar que existen problemas
en el estudio, ante esto, los padres deben recurrir a la evaluación física del niño, para
así descartar posibles alteraciones a nivel visual, auditivo o neurológico y en el caso de
los padres indígenas muchas veces suelen catalogar a sus hijos como retardados por la dificultad de aprendizaje que presentan. Posteriormente los psicólogos y
psicopedagogos son los profesionales más idóneos para el tratamiento de problemas
de aprendizaje.
La teoría más común es que los problemas del aprendizaje están causados
por algún problema del sistema nervioso central que interfiere con la recepción,
procesamiento o comunicación de la información. Algunos niños con problemas del
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aprendizaje son también hiperactivos, se distraen con facilidad y tienen una capacidad
para prestar atención muy corta.
Los psiquiatras de niños y adolescentes nos aseguran que los problemas del
aprendizaje se pueden tratar, pero si no se detectan y se les da tratamiento adecuado a
edad temprana, sus efectos pueden ir aumentando y agravándose. Por ejemplo, un
niño que no aprende a sumar en la escuela primaria no podrá aprender álgebra en la
escuela secundaria. El niño, al esforzarse tanto por aprender, se frustra y desarrolla
problemas emocionales, como el de perder la confianza en sí mismo con tantos
fracasos. Algunos niños con problemas de aprendizaje se portan mal en la escuela
porque prefieren que los crean "malos" a que los crean "estúpidos".
Entre las causas de los problemas de aprendizaje se han detectado:
-Factores genéticos: como cromosomas recesivos, en disabilidades
específicas en lectura.
-Factores pre- y postnatales: Complicaciones durante el embarazo.
-Madres y padres mayores, tienen mayor probabilidad de tener un hijo
disléxico.
-Las disfunciones neurológicas han sido consideradas como causas
significativas de las inhabilidades para aprender.
Los problemas de aprendizaje pueden ser de dos tipos:
Compulsión o sobre atención: Los niños tienden a mantener su atención en
una sola cosa durante mucho tiempo, y no atienden a otros estímulos que son
importantes para el correcto desarrollo de una tarea.
Impulsiva distractibilidad o baja atención: Los niños centran su atención por
poco tiempo en una cosa y luego pasan rápidamente su atención a otra. Los problemas
de aprendizaje en los niños pueden en un futuro determinar el desarrollo de
desórdenes de conducta, de personalidad antisocial, o depresión en la edad adultaLos problemas del aprendizaje se caracterizan por una diferencia significante
en los logros del niño en ciertas áreas, en comparación a su inteligencia en general.
Los alumnos que tienen problemas de aprendizaje pueden exhibir una gran variedad de
características, incluyendo problemas con la comprensión, en lenguaje, escritura, o
habilidad para razonar. La hiperactividad, falta de atención, y problemas en la
coordinación y percepción pueden también ser asociados a esta dificultad, como
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también las dificultades preceptúales desniveladas, trastornos motores, y
comportamientos como la impulsividad, escasa tolerancia ante las frustraciones, etc.
-Los problemas del aprendizaje pueden ocurrir en las siguientes áreas
académicas:
-Lenguaje hablado: atrasos, trastornos, o discrepancias en el escuchar y
hablar.
-Lenguaje escrito: dificultades para leer, escribir, y en la ortografía.
-Aritmética: dificultad para ejecutar funciones aritméticas o en comprender
conceptos básicos.
-Razonamiento: dificultad para organizar e integrar los pensamientos.
-Habilidades para la organización: dificultad para organizar todas las facetas
del aprendizaje.
La labor de estas instituciones es muy importante por cuanto son un apoyo
a las Escuelas Básicas. Pero el problema está en que ese privilegio no lo tienen los
niños y docentes de la Comunidad Indígena Yekuana de la Esmeralda en el Municipio
Alto Orinoco del Estado Amazonas, donde no existe este recurso, 1os docentes
tienen que referir al niño a las instituciones públicas si las hubieren y por lo general no
son llevados por desconocimiento de los padres o representantes y por falta de
recursos económicos; quienes consideran que su hijo no está "loco", esto redunda
de una manera negativa en el alumno, el cual persiste con el problema y seguramente
formará parte de los repitientes o desertores del proceso educativo.
Existe también dentro de este panorama, otro asunto el cual es, que el
docente de Educación Primaria no tiene una preparación teórica acerca del área
"Dificultad de Aprendizaje" que le permita no solo detectarlo sino aplicar estrategias
que ayuden al niño a desarrollar habilidades tendentes a poner freno a esa situación.
Es necesario destacar que es obvio que hay casos simples que puedentratarse en el aula y que existen casos graves donde solo un especialista puede tratar.
Las características del problema planteado se resumen en:
-Existe un considerable número de alumnos con deficiencias en lectura y
escritura, lo que impide el rendimiento en otras áreas del aprendizaje escolar.
-Los alumnos que forman parte del grupo de riesgo no tienen la atención
especial del docente regular por desconocer los procesos que -intervienen en el
aprendizaje.
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-El alumno que presenta alguna dificultad es dejado de lado, rezagado del
grupo, lo cual lo convierte, seguramente en repitiente.
-Algunos maestros, quizás para evadir el problema culpan al colega que se
encargó del alumno al año inmediato anterior.
-Poco interés de los representantes y algunos docentes de estimular la
integración: maestro-fami1ia y comunidad porque se necesita mucho esfuerzo y
dedicación.
-Los padres o representantes no conocen los problemas que en lectura y-
escritura presentan sus representados. Los docentes afirman tener hasta dos años con
el mismo alumno y no conocen a sus padres, éstos en último caso atribuyen la
responsabilidad del fracaso de sus hijos a los maestros.
-La lectura y escritura es de tanta importancia que no se limita al ámbito
escolar porque superada la vida estudiantil, el éxito profesional y el disfrute de la vida
siguen estando profundamente vinculados a esta área de1 quehacer educativo. Quien
no posee esta destreza y hábito vivirá en la penumbra cultural. A todas estas
características se puede, a priori, dar algunas soluciones:
-En cuanto a la enseñanza del área Lengua y Literatura es necesario que el
docente tenga un cambio de actitud frente al lenguaje de sus alumnos. No se trata de
reprimirlos cuando se expresen en su dialecto coloquial dentro de la escuela, sino de
entender que no pueden expresarse de otra manera y aprovechar esa forma de
expresarse para llevarlos a adquirir el lenguaje académico del aprendizaje del niño y
así participar en actividades integradas que lo ayuden a desarrollar habilidades
necesarias que faciliten su vida escolar.
REFERENCIAS
Avolio, C. Cómo Educar Niños con Problemas de Aprendizaje. editorial Balpe.Caracas, 2.005
Bell, R. Propuesta para propiciar Lineamientos que permitan a los Docentes dePrimera Etapa Detectar Dificultades de Aprendizaje. Ciudad Bolívar, 2.006
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Carache S. Dificultades del Aprendizaje 1. Universidad Pedagógica ExperimentalLibertador. Caracas, 2.005
LAMPE A. El Método Diagnóstico-Prescriptivo en la Enseñanza de la Lectura. Edit.Universidad Pedagógica Experimental Libertador. Caracas, 2.009
MARTINEZ, P. Propuesta para propiciar Lineamientos que permitan a los Docentesde Primera Etapa Detectar Dificultades de Aprendizaje. Ciudad Bolívar, 2005
Vargas P. Propuesta para Mejorar la Evaluación en las Escuelas Básicas del EstadoMonagas. Maturín, 2.006
OCHOA, Y. Dificultades del Aprendizaje 1. Universidad Pedagógica ExperimentalLibertador. Caracas, 1987.
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DOM QUIXOTE E MACUNAÍMA: HERÓIS DE CARÁTER
Graziela Ramos Paes (UEA)[email protected]
Este artigo propõe um paralelo entre os personagens Dom Quixote e Macunaíma, destacando a ação deambos como heróis dentro das respectivas obras. Através desse ponto em comum, deseja-se recorrer àsabordagens do escritor espanhol Rafael Sánchez Ferlosio sobre os personagens de Caráter e ospersonagens de Destino, presentes em seu texto Caráter e Destino, e incutidas no romance de Javier Cercas, O ventre da baleia. Ferlosio, ao analisar a contraposição entre essas ordens, percebe que háuma diferença marcante entre ambas, e que, pensando no caso de Dom Quixote, encontramos opersonagem numa encruzilhada conflitiva entre a ordem do Caráter e a do Destino. Partindo dessa visão,torna-se possível perceber elementos comuns entre as narrativas de Andrade e Cervantes, além de umfato primordial: os personagens dessas obras possuem uma manifestação similar, por isso o queFerlosio atesta em sua reflexão sobre a conduta de Dom Quixote, também pode ser considerado emrelação à conduta de Macunaíma.
Palavras-chave: Caráter e Destino. Dom Quixote. Macunaíma.
Introdução
Para aqueles que já passaram pela experiência de ler Dom Quixote de La
Mancha e também Macunaíma, o herói sem nenhum caráter , é muito provável que na
leitura de um dos livros, o outro lhe tenha saltado à memória. Possivelmente o leitor,
depois de ter lido e também rido das peripécias singulares dos protagonistas, percebe
que há aspectos da narrativa cervantina e andradina que confluem. O que nos faz de
algum modo concluir que ―ao se realizar uma leitura comparativa entre Macunaíma eDom Quixote, alguns elementos nos permitem, de imediato, perceber a aproximação
entre as duas obras‖ (SILVA, 2008, p. 1).
Para além da composição do texto, que tem em comum a utilização de
elementos como a paródia e o maravilhoso, estamos diante de narrativas em que
heróis percorrem suas jornadas em busca de um objetivo. Esse é um elemento
fundamental para se refletir sobre a principal aproximação entre as narrativas: o modo
como esses heróis se manifestam nessa busca. Dom Quixote e Macunaíma sãopersonagens semelhantes, ao que compete ao fato de serem heróis épicos, como
alude Jorge Schwartz: ―Macunaíma é um romance épico. Romance em torno de um
herói épico que recorda imediatamente o Quixote cervantino‖ (SCHWARTZ, 2002, p.
29). Contudo, os personagens não possuem características exatamente iguais às do
herói épico. Esse é o motivo que nos permite pensá-los como personagens que
exemplificam as acepções de Caráter e Destino.
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Caráter e Destino
Em Caráter e Destino (2004), texto do escritor Rafael Sánchez Ferlosio, o
autor faz uma reflexão sobre duas grandes categorias de personagem: os personagens
de Caráter e os personagens de Destino. Esse texto, que constituiu o discurso de
conferência do escritor para o prêmio Cervantes de 2004, é uma leitura de Destino e
Caráter (1921), ensaio de Walter Benjamin.
Para melhor compreensão da leitura de Ferlosio, é imprescindível
recorreremos ao texto de Benjamin. Em Destino e Caráter (1921), encontramos uma
apreciação sobre o conceito de cada um desses termos. Para explicar a relação entre
os dois, o crítico alemão fala sobre o modo como são geralmente interpretados, por
meio de um conceito usual que implica ligações imediatas entre ambos. Essasuposição, que parece oriunda de um aforismo de Heráclito (―Caráter é Destino‖),
estabelece Caráter e Destino como duas esferas de relações causais (caráter como
causa do destino e destino como causa do caráter). No entanto, ao longo do texto,
vemos que o autor busca desvincular esses conceitos, eliminando a ligação deles por
relações meramente causais e estabelecendo um ponto de coincidência entre ambos.
Para explicar esse ponto, cita Nietzsche: ―Quando alguém tem carácter, há sempre
alguma sua vivência que se torna recorrente¹‖. Assim, Benjamin esclarece que ―quandoalguém tem carácter, o seu destino é, no essencial, constante. O que, por outro lado,
pode também significar: não tem destino‖ (BENJAMIN, 2011, p. 6).
Ferlosio considera essa sentença de Nietzsche decisiva para a
compreensão da ordem do Caráter. A partir dessa informação, podemos abstrair que a
esfera do Caráter é circular e por meio dela o acaso se faz recorrente, logo, não é mais
associado ao futuro. O campo do Destino, por sua vez, será direcional e conduzirá
sempre para uma meta específica. Portanto, uma das primeiras características que nos
permite identificar um personagem de Destino é sua busca, estabelecida através de um
argumento, i.e., um objetivo. Assim, esse personagem traça metas que propõe
alcançar ao longo de sua jornada. O personagem assim caracterizado é o herói , já que
na ordem do drama ou da tragédia, vive essa busca, que o leva à ação:
La palabra ―drama‖ quiere decir precisamente ―acción‖, y es la acción, la accióncon sentido, la proyección de intenciones y designios, los trabajosracionalmente dirigidos al logro de los fines, lo que constituye un ―argumento‖en el sentido fuerte, y no pertenece por lo tanto al orden del carácter, sino alorden del destino. (FERLOSIO, 2004, p. 3).
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Como dito anteriormente, o personagem de Destino se situa no drama ou na
tragédia. Oposto a ele, se encontrará o personagem de Caráter, vinculado à comédia.
Na ordem do Caráter, o personagem não possui planos e metas, pois vive somente o
presente, não tendo consciência de um passado nem aspirando a um futuro, já que
―não consta no ser de Caráter o que passou nem o que passará, razão pela qual ele
vive livre e conhece a felicidade‖ (CÁRCAMO, 2009, p.120). Em Caráter e Destino
(2004), Ferlosio cita alguns exemplos de personagens que carregam a centelha do
Caráter. Entre eles, estão Carlitos (de Charles Chaplin), os palhaços de circo, alguns
tipos de marionetes, desenhos em quadrinhos e, em um caso especial, Sancho Pança
e Dom Quixote. É neste último personagem que iremos nos concentrar neste trabalho,
a fim de pensar de que modo esse caso especial de Dom Quixote reflete em outros
personagens, como Macunaíma. Antes disso, vejamos como estão articuladas no
romance de Javier Cercas, em linhas gerais, as características antagônicas entre
personagens de Caráter e personagens de Destino:
Os personagens de caráter são os arquétipos, geralmente cômicos, de puramanifestação, que não nascem, não crescem nem morrem, mas sempre serepetem [...]. Os personagens de destino são os heróis épicos ou trágicos, deatuação plena, que nascem ou começam ou partem ou morrem ou acabam ouvoltam no decorrer de algum incidente em que seu destino se cumpre [...]. Ospersonagens de caráter vivenciam o calmo instante presente do tempo que
passa; os personagens de destino percorrem sem trégua o tenso trecho fugazexistente entre o ontem e o amanhã do tempo acumulado [...] (FERLOSIOapud CERCAS, 2006, p. 132 - 133).
Através das características supracitadas, pensemos em Dom Quixote. Dom
Quixote é um leitor assíduo de romances de cavalaria, e já em uma idade avançada,
resolve um dia se transformar em um cavaleiro andante e sair em busca de aventuras.
Trata-se de um arquétipo extremamente cômico, que ao longo dessas aventuras e
também desventuras luta contra moinhos de vento, leva surras de desconhecidos, se
envolve em confusões e, por sua obsessão pela leitura, chega a ser taxado de louco
pelas pessoas ao seu redor. Mas ainda assim é um herói, pois tem traçada uma meta,
que é sua busca por aventuras. Nas características citadas por Cercas, vemos que o
herói possui uma origem, mas na narrativa de Cervantes não encontramos história do
nascimento de Dom Quixote, apenas sua morte, ao cabo do livro. Essa morte é, ainda
assim, sem causa exata, justificada apenas como ―morte natural‖, sem um argumento
trágico como nas grandes narrativas épicas.
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Essa atuação plena ou ação de que Ferlosio fala como atitude que move o
herói, poderia ser identificada em Dom Quixote através de sua busca eufórica por
aventuras para sagrar-se como Cavaleiro Andante. Poderíamos perfeitamente dizer
que esse é o fato que o define como herói, já que todo herói deve ter uma busca. No
entanto, como bem lembra Juan José Saer, ―os objetivos do Cavaleiro Andante são
vagos ou irrealizáveis, mas também os acontecimentos são de condição incerta, pois
têm para o herói um sentido diferente em relação aos demais personagens .‖ (SAER,
2005, p. 1). Sendo assim, podemos concluir que Dom Quixote não possui um objetivo
exato, ou seja, o que entendemos como seu objetivo, sua meta, é apenas uma escusa,
suporte pretextual para impulsionar sua manifestação – feitio reconhecido por Ferlosio
como conduta típica do personagem de Caráter.
A encruzilhada conflitiva entre Caráter e Destino em Dom Quixote
Desde já vemos que Dom Quixote parece se encontrar numa
encruzilhada conflitiva entre a ordem do Caráter e a do Destino. Todavia, Ferlosio
observa que, no capítulo 2 da Primeira Parte do Quixote, o narrador descreve que o
aventureiro, imaginando o modo como suas histórias serão escritas, vai lendo ― la
narración futura de sus ‗famosos hechos‘, pero con el detalle peculiar de que lo que va
leyendo está contando lo que en ese mismo instante viene haciendo ‖ (FERLOSIO,
2008, p. 8). Em outras palavras: Dom Quixote vive aquele momento presente
imaginando seu futuro, mas de modo que até seu futuro se faz presente naquele exato
momento, por meio daquilo que ele narra. Por essa razão, Ferlosio afirma que:
[...] la sin par naturaleza de Don Quijote estaba en ser un personaje de carácter cuyo carácter consistía en querer ser un personaje de destino. Sus acciones,
en la narración que simultáneamente se les superpone, aparecentransfiguradas precisamente como destino. Pero en la misma medida em quetal transfiguración es producto de un empecinado esfuerzo del carácter, no setrata, en modo alguno, de una especie de hibridaje entre los dos órdenes. Elser personaje de destino es la obra de su carácter; por eso, lejos de disminuir su condición de personaje de carácter, la confirma y reduplica. (FERLOSIO,2004, p. 9)
Por meio desse pensamento é evidente que Dom Quixote é um exemplo de
personagem de Caráter. E outro aspecto que acentua ainda mais esse Caráter é aquilo
que Juan José Saer chama de ―a moral do fracasso‖:
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Essa moral do fracasso constitui o golpe de misericórdia que o "Quixote"desfecha nos valores da epopéia, relegando definitivamente o gênero aopassado. Aquilo que Adorno chama "ingenuidade épica", ou seja, a irrefletidainconsciência com que o herói da epopéia se lança ao mar dos acontecimentospara realizar um determinado objetivo, perde toda vigência a partir do "Quixote"[...]. Diferentemente do herói épico, que sempre espera um progresso como
resultado de suas aventuras e que, no desenrolar delas, vai ganhando terrenoem diversos planos, D. Quixote, ao final de cada uma das suas, se encontra nomesmo lugar, decepcionado e às vezes muito ferido, física e moralmente. Mas,mesmo quando antecipa vagamente seu fracasso, ele decide prosseguir suasaventuras. Essa é a moral do fracasso que "D. Quixote de la Mancha" inaugurae que está presente na quase totalidade da narrativa ocidental moderna (SAER,2003, p.1).
Saer fala sobre o fato de Dom Quixote (personagem que tenta ser um
cavaleiro medieval), ser diferente desses heróis da epopéia, por ter aventuras
malogradas mas ainda assim não desistir de querer tê-las. A moral da qual Saer fala
não diz respeito a considerações relacionadas ao que se conhece como exemplo de
obediência e bons costumes, mas é sim ligada ao modo de agir do indivíduo, pois ―é
preciso mostrar à moral que nunca são as qualidades que são moralmente importantes,
mas sim as ações‖ (BENJAMIN, 2011, p. 10). Assim, Dom Quixote inaugura um tipo de
moral que se encontrará presente frequentemente na narrativa moderna, e, por
conseguinte, estará também em Macunaíma.
A encruzilhada conflitiva entre Caráter e Destino em Macunaíma
Macunaíma, assim como o personagem de Cervantes, é um herói com
uma busca. Ele deseja recuperar sua Muiraquitã, amuleto que ganhou de Ci, A Mãe do
Mato, sua amada que, após a morte do filho dos dois, subiu ao céu e transformou-se
na estrela Beta do Centauro. Após descobrir que o amuleto se encontra nas mãos do
gigante Paiamã, Macunaíma parte com seus irmãos para São Paulo, atrás de seu
amuleto perdido. Sua aventura na cidade grande se inicia com suas frustradastentativas de reaver a Muiraquitã. Não obstante, o herói, como nas palavras de Saer
(2003) ―decepcionado e às vezes muito ferido, física e moralmente‖ não desiste de sua
procura pelo amuleto prodigioso. Depois que o encontra, o perde novamente, e
cansado dessa terra, ao cabo da narrativa decide ir brilhar no ―brilho inútil das estrelas‖
(ANDRADE, 2008, p. 208). Tal qual no Quixote, vemos em Macunaíma um desfecho
sem um argumento tradicionalmente trágico.
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Macunaíma não é um personagem de fácil compreensão. Por isso,
precisamos analisar mais de perto a construção e arquitetura da obra de Andrade.
Publicada pela primeira vez em 1928, tornou-se um dos marcos do Modernismo no
Brasil. O autor, através da paródia, lança mão de um símbolo do Romantismo brasileiro
– dado pela presença do índio como um herói literário – para criar um personagem que
não carrega semelhanças com o índio épico, na maioria das vezes, bravo, corajoso,
bonito e polido. Macunaíma, ao contrário disso, é por vezes preguiçoso, medroso, feio
e grosseiro, mas também é muito esperto, ardiloso e inocente. Além disso, Macunaíma
sofre metamorfoses constantes, exteriorizadas pela sua aparência – ora negro, ora
branco, ora índio.
Além de uma alusão a essa multiplicidade de raças que constituem a
formação da população do Brasil, a narrativa é construída por uma mescla de
elementos da tradição cultural brasileira, como o folclore, os mitos, lendas, hábitos e
costumes populares. Macunaíma, fruto dessa mescla, por ter todas essas
características, acaba por não ter nenhuma, já que nem em sua aparência física
consegue se definir. Mário de Andrade esclarece que se trata da ―falta de caráter no
duplo sentido de indivíduo sem caráter moral e sem característico‖ (ANDRADE, 2008, p.
228). É por isso que Macunaíma, sem característica física e caráter moral
completamente definidos, é alcunhado ―herói sem nenhum caráter‖ por seu criador. E
novamente voltamos a Benjamin: ―é preciso mostrar à moral que nunca são as
qualidades que são moralmente importantes, mas sim as ações‖ (BENJAMIN, 2011, p.
10).
Aos que interpretam a falta de um caráter como a completa ausência dele,
vemos que em Macunaíma não ocorre isso. Ronald de Carvalho assim bem percebeu
no herói: "E é justamente essa ausência de caráter que lhe dá um grande caráter
sobre-humano onde se refletem no tumulto de aparente indisciplina as energiaselementares" (CARVALHO apud PROENÇA, 1974, p. 9). Ou seja: o Caráter de
Macunaíma consiste em não ter caráter nenhum, pois sua manifestação pura dentro da
narrativa – sendo todos em um só – é aquilo que constitui seu Caráter. E o que
poderíamos conceber como energias elementares citadas por Ronald de Carvalho?
Arrisco tratar-se de todos os valores que fazem parte da cultura brasileira, que por sua
vez, caracterizam o povo brasileiro. Ou nas palavras do antropólogo Darcy Ribeiro:
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Ser Macunaíma, o herói de nossa gente, a meu juízo, só pode ser porque eleveste a carne que nos veste; porque é a carapuça que nos cabe, a nósbrasileiros. Falo, é claro, não de nós, do clube dos contemplados, mas dobrasileiro-massa, povão, desde sempre humilhado e ofendido, o que,aparentemente, é toda uma contradição. (RIBEIRO, 1996, p. 19).
Darcy Ribeiro, um dos maiores antropólogos do Brasil, percebe asemelhança que Macunaíma possui com o povo brasileiro. Mário de Andrade, um dos
primeiros escritores modernistas a buscar discorrer sobre essa real identidade
brasileira, mostra uma consciência avant la lettre sobre esse assunto.
Conclusão
Vimos que a concepção de Caráter e Destino nos ajuda a pensar de quemodo a manifestação de Dom Quixote e Macunaíma difere da conduta tradicional dos
heróis épicos. Esses personagens, ao serem lidos sob o foco proposto por Ferlosio,
vão se solidificando aos poucos e podem assim ser melhor compreendidos através da
ordem do Caráter ou da ordem do Destino.
Se o conceito de herói é ligado à moral da sociedade a que pertence,
podemos afirmar que a obra Macunaíma representa não só um choque com a tradição
do Romantismo, mas até mesmo com a tradição do Modernismo. Octávio Paz (1984)diz que a tradição moderna é expressão de nossa consciência histórica, e se
fundamenta na mudança, e não em um passado ou princípio imóvel. Por isso, ao
contrário de muitos de seus contemporâneos modernistas, Mário de Andrade faz uso
de elementos da tradição, como o mito, o folclore e as lendas brasileiras, para criar um
herói oposto ao herói tradicional. Por esses fatores, Andrade consegue reunir
elementos do passado com uma consciência histórica moderna, que reconhece que
esse passado é o único meio de se criar qualquer coisa nova. Como alude em seu 2°
Prefácio: ―Mas resta pros decididos como eu que a neblina da época está matando o
consolo dos museus. Entre a certeza decidida que eletrocuta a fé franca que se recusa
a julgar, nasci pra esta‖ (ANDRADE, 2008, p. 228).
Do mesmo modo que Mário de Andrade deu vida ao seu herói de caráter
Macunaíma, podemos ver uma semelhança com o modo que Miguel de Cervantes
pensou o seu herói de caráter Dom Quixote. Tal qual o aspecto da modernidade em
Andrade, em romper a tradição narrativa de seu próprio estilo de época, em Cervantes
vemos uma tradição moderna na criação de uma narrativa que rompia com o gênero
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épico, predominante no período, ao criar um herói problemático, totalmente diferente
dos outros heróis épicos. Maria Luiza de Castro da Silva desenvolve assim as
aproximações entre Andrade e Cervantes:
[...] ainda que estejam distantes historicamente, pertençam a esferasgeográficas e culturais completamente diversas e se tratem de temáticasdistintas, Mário de Andrade e Cervantes se aproximam por seremespectadores de épocas de transição que atestam a destituição de velhosvalores e a consequente proposição de novos. E, por isso mesmo, criam obrasconsideradas marcos fronteiriços, nos espaços em se inscrevem. Se DomQuixote serve de farol para a literatura mundial subsequente, Macunaíma é,por sua vez, no circuito literário brasileiro, um ponto de referência no que tangea propostas de rupturas e experimentações. (SILVA, 2008, p. 2).
Cervantes e Andrade viveram em épocas distintas, mas a consciência
histórica de cada um deles estava à frente de seu tempo. Por isso foram capazes de
criar personagens literários de verdadeiro Caráter.
Nota
¹ A citação de Nietzsche encontra-se em Para Além do Bem e do Mal , quarta seção(― Aforismos e interlúdios‖), aforismo 70.
Referências
ANDRADE, Mário de. Macunaíma, o herói sem nenhum caráter. Rio de Janeiro: Agir,2008.
ANDRADE, Mário de. Macunaíma, o herói sem nenhum caráter ; edição crítica. TelêPorto Ancona Lopes (Org.). Espanha: ALLCA XX, 1996.
BENJAMIN, Walter. Destino e Caráter , 2011. Disponível em:<http://www.lusosofia.net/textos/benjamim_walter_destino_e_caracter.pdf > Acesso em:
02 de maio de 2011.CÁRCAMO, Silvia. Destino e Caráter na literatura espanhola atual – do ensaio deRafael Sánchez Ferlosio à ficção de Javier Cercas. Revista Aletria, Belo Horizonte. V.17, p. 120, 2008.
CERCAS, Javier. O ventre da baleia. Tradução: Bernardo Ajzenberg. São Paulo:Francis, 2006.
FERLOSIO, Rafael Sánchez. Carácter y Destino. 2004. Disponível em:<http://www.almendron.com/politica/pdf/2005/spain/spain_2356.pdf >. Acesso em: 02 demaio de 2011.
7/14/2019 Actas IV Encuentro de La Hispanidad
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PAZ, Octavio. Os filhos do barro: do romantismo à vanguarda. Tradução: Olga Savary.Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.
PROENÇA, M. Calvacanti. O herói , in Roteiro de Macunaíma. 3ºed. Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 1974, p.8-10.
SAER, Juan José. A moral do fracasso, 2003. Disponível em:<http://www.revan.com.br/catalogo/0253g.htm> Acesso em: 05 de maio de 2011.
SCHWARTZ, Jorge (Org.). Da antropofagia a Brasília: Brasil 1920-1950 . Tradução:Gênese Andrade, Lucia Wataghin, Regina Salgado Campos. São Paulo: FAAP : Cosac& Naif, 2002.
SILVA, Maria Luiza de Castro da. Macunaíma e Quixote: a aproximação por contraste.Disponível em:<http://www.abralic.org.br/anais/cong2008/AnaisOnline/simposios/pdf/003/MARIALUIZ A_SILVA.pdf > Acesso em: 05 de maio de 2011.
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MARIO VARGAS LLOSA EN LA LITERATURA HISPANO-AMERICANA DEL SIGLOXXI
Iris Anita Fabián Ramírez (UERR)[email protected]
El objetivo del presente es hacer una reflexión sobre las Letras Hispanoamericanas Contemporáneas,para lo cual me formulo esta interrogante ¿Qué podemos decir de la Letras Hispanoamericanascontemporáneas?Dada la pregunta las respuestas serian múltiples, extensas e indeterminadas. Pero si al hablar de laLiteratura contemporánea, no se puede soslayar el destacar al galardonado con el Premio Nobel deLiteratura en lengua española (Castellano), Mario Vargas Llosa (2010) escritor laureado, por la Academia Sueca, como el máximo representante de las Letras. Quién, en Estocolmo, su discurso ―Elogiode la lectura y la ficción‖ lo dedicó al Perú, su país natal, a la Literatura y a la Libertad como Derechobásico del ser humano; en una parte de su discurso dice: ―La literatura crea una fraternidad dentro de ladiversidad humana y eclipsa las fronteras que erigen entre hombres y mujeres la ignorancia, lasideologías, las religiones, los idiomas y los prejuicios‖. Si escarbamos un poco descubriremos que ―elPerú como el Aleph de Borges‖ es un ―pequeño formato del mundo entero‖. ―¡Qué extraordinarioprivilegio el de un país que no tiene una identidad, porque las tiene todas!‖. El sueño del celta, en estaocasión, su obra premiada cuenta el periplo de Roger Casement, patriota de origen irlandés, quién escastigado por el coraje de denunciar los horrores del colonialismo en el Congo, el genocidio de lasComunidades nativas del Amazonas y la lucha por la independencia de Irlanda.
Palabras clave: Nobel, letras hispanoamericanas, lectura
Creación Literaria Hispanoamericana
Considero que la Literatura Contemporánea desde hace tiempo atrás, tiene
en Mario Vargas Llosa, uno de sus líderes; su producción literaria es tan vasta,
acompaña la historia de los países en los que el español (lengua Castellana) fue
trasplantado.
Sus obras son siempre actuales, tocantes a la realidad de los pueblos de
Hispanoamérica y del mundo, reflejan la idiosincrasia de estos, con una visión de
mundo muy amplia enfoca su temática sobre realidades sociales, políticas,
económicas, culturales. Por otro lado Mario Vargas Llosa, años atrás hizo también
parte de la Literatura del Boom Hispanoamericano , continua haciéndolo.
Es un escritor multifacético; lo cual refleja en su narrativa; dada esta riqueza
cultural y lingüística, digno representante del galardonado Nobel de Literatura 2010 fue
formado en Letras y Derecho, en su primera formación presentó su trabajo de Grado:
Tesis sobre las «Bases para una interpretación de Rubén Darío», presentada a su alma
mater, la Universidad Nacional Mayor de San Marcos (Lima, Perú), en 1958.
Con estudios de doctorado en universidades Complutense de Madrid-
España y Francia, crea su vasta producción literaria, calificada por sus críticos como
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una de las más fructíferas actualmente. Esta ya viene recorriendo un camino de más
de 60 años de trabajo, ejerciendo la docencia en universidades de prestigio de:
Europa, Norte Americana y Sud América, en muchas de ellas ha recibido Títulos
Honoríficos de la Academia.
Su producción literaria la inicia aún cuando estaba en la Escuela de
Enseñanza Media en el Perú, escribiendo cuentos y piezas de teatro, su primera pieza
de teatro fue La huída del Inca (1952) escrito en Piura, siendo su primer cuento ―La
ciudad y los perros‖
(1963) escrito en Lima, publicado en Barcelona; siguieron a estas muchas
narrativas, entre las que menciono:
La casa Verde (1966), Los cachorros (1967), La Conversación en la Catedral
(1969), Pantaléon y las visitadoras (1973).
La guerra del fin del mundo (1981), La señorita de Tacna (1981), La
historia de Mayta (1984), La chunga (1986), ¿Quién mató a Palomino Molero? (1986),
El hablador (1987). El pez en el agua (1993), Lituma en los Andes(1993), Ojos bonitos
cuadros feos ( 1996).
La fiesta del chivo (2000), El paraíso en la otra esquina (2003), Travesuras
de la niña mala (2006), Odiseo y Penélope(2007), El sueño del Celta (2010). Además
de estas tiene muchos ensayos, memorias, adaptaciones cinematográficas,
publicaciones para Periódicos, en diversos países del mundo.
Así pues, Mario Vargas Llosa no está solo, en la Literatura
Hispanoamericana en cada uno de estos países de lengua castellana, tenemos
cultivadores de las letras desde los más anónimos hasta los galardonados. Por eso
como decía Octavio Paz: ―El continente americano es fuente inagotable de inspiración
… en busca de la solución de sus problemas sociales usando la magia de las palabras‖
(FONDO EDITORIAL, 2009, p.69)Con base a esta referencia, al mismo tiempo, quiero destacar que en
nuestros países vecinos otros escritores también ya se hicieron merecedores del
mérito del Premio Nobel; cabe mencionar a los escritores: Gabriela Mistral (1945) y
Pablo Neruda (1971) ambos chilenos; Miguel Ángel Asturias (1967) guatemalteco;
Octavio Paz (1990) mejicano; Gabriel García Márquez (1982) colombiano. Todos
estos escritores con un denominador común su lengua, el Castellano (español).
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Tal como manifestaron en la misma Ceremonia de la Premiación del Nobel,
declararon su afición a la lectura desde su infancia, desarrollando su imaginación, su
espíritu creador, cruzando fronteras, en sus desplazamientos imaginarios y reales de
su peregrinar por el mundo.
Gracias a ellos nuestra La Literatura de Hispanoamericana es una fuente de
inspiración, de generaciones venideras, es una de las más leídas, traducidas a varios
idiomas, la lengua de Cervantes hablada por hispanoamericanos, latinoamericanos es
una de las más divulgadas.
Creciendo cada día más y más, venciendo, cruzando barreras, todo tipo de
prejuicios; en la eterna lucha, por un don muy valioso, expresada en esta producción
literaria: ¡la Libertad del ser humano!
El Sueño del Celta
En forma breve haré referencias a esta obra, no pretendo explayarme en
detalles más si destaco las partes que me parecen relevantes. Concuerdo con algunos
de sus críticos que apuntan en 'El sueño del Celta' como una narrativa, con temática
histórica, reflejada ya en otras obras del autor Vargas Llosa, tal como 'La guerra del fin
del mundo', escrita en Brasil en la que el héroe que se sacrifica en su esfuerzo por fun-
dar una comunidad religiosa.
En 'El sueño del celta' en su temática como dije anteriormente, hay el reflejo
de la dinámica del mundo ahora en otros contextos como esta, que nos muestra el
Continente Africano, el país de Irlanda, colonia de Inglaterra, y la Selva amazónica. En
un determinado momento, aparece la problemática histórico social. En este caso el
tema del poder político de los gobiernos dictatoriales, la violencia, que está presente en
esas ciudades, la ambición del ser humano, presenta, la dualidad entre el bien y el mal,
que deja siempre a los personajes insatisfechos. Otro tema, que destaca es de base
cristiana, del mártir, del individuo que está dispuesto a sacrificarse por un ideal, por fútil
que este sea. Son estos inmensos temas, de enorme alcance, como dicen sus críticos,
los que hacen de Vargas Llosa un escritor digno merecedor, desde hace mucho, del
Premio Nobel que le han otorgado.
Destaca el contexto tropical, la Selva, que ya fue abordada en algunas de
sus obras y en la que también otros escritores peruanos se inspiraron para escribir,
como Francisco Izquierdo, así Arturo Hernández la describe en 'Sangama': la selva
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―pródiga, que hace justicia que a la vez es implacable para quien no la conoce‖
(HERNANDEZ, 1995, p.57).
El argumento de esta obra se refiere al periplo del irlandés Roger Casement,
que durante estas travesías en contextos tropicales del Congo en continente Africano y
la Amazonia del continente Sudamericano conoce con muchos detalles la violencia que
se desata por la búsqueda del caucho, llamado en épocas pasadas de oro blanco, esta
era extraída en las regiones tropicales mencionadas por personajes inescrupulosos,
que con una ambición desmedida obligaban, a la gente nativa lugareña en esas
regiones, a la extracción del caucho y que luego era transportados en grandes navíos
hasta los centros de transformación europeos para la fabricación de diversos
productos, entre ellos las llantas de los carros y otros diversos productos en boga en
esa época.
'El sueño del Celta' relata también las condiciones infra humanas de los
nativos africanos y amazónicos, el personaje principal Roger Casement se ve
involucrado en la historia al ver de cerca este tipo de abusos, los cuales denuncia, pero
en lugar de ser escuchado es maltratado, sujeto a todo tipo de prejuicios finalmente
llevado a prisión para ser condenado. El autor en cada momento crea suspense y cierto
misterio.
A modo de conclusión
Sobre la Literatura Hispanoamericana contemporánea, tal vez puedo decir a
modo de conclusión que es dinámica, socio históricamente construida, situada y
multicultural. Caracterizada por su meta función y diversidad temática cada vez más
creativa.
Referencias
CASA DEL LIBRO. Biografia de Mario Vargas Llosa. Lima: Ed. San Marcos 2010
FONDO EDITORIAL, Premios Nobel de Literatura. Lima: Ed. San Marcos. 2009
HERNANDEZ, Arturo. Sangama. Lima : Mercurio, 1995
VARGAS LLOSA, Mario. El Sueño del Celta. Lima: Alfaguara, 2010.
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¿CONMEMORANDO EL NACIMIENTO DE LA HISPANIDAD?, POR LA SENDA DELAS LETRAS HISPANOAMERICANAS
Iris Anita Fabián Ramírez (UERR)
Esta ponencia tiene como objetivo relacionar la literatura con la historia en la memoria de Garcilaso dela Vega Inca (1539-1616), escritor y cronista peruano, del renacimiento hispánico. Su visión del imperiode los incas es fundamental en la historiografía colonial y en ella brinda una imagen armoniosa, real delmundo precolombino y de los primeros años de la conquista. Nació en el Cuzco era hijo de nobles tantopor su padre el conquistador español Sebastián Garcilaso de la Vega y Vargas y su madre la ñusta(princesa inca) Isabel Chimpu Ocllo, perteneciente a la corte cuzqueña. Escuchó tradiciones y relatos delos incas y asistió a las guerras civiles entre los conquistadores; resumió esa visión del fin de una era y elcomienzo de otra en una frase famosa: ―trocósenos el reinar en vasallaje‖. Escribió en España, a dondeviajó, en (1560) para reclamar el derecho a su nombre consiguiéndolo, a él agregó orgullosamente el deInca. Se estableció en Córdova y se dedicó a escribir. Se inició con la traducción del italiano los,Diálogos de amor de León Hebreo luego la Florida de Inca (1605), Los Comentarios Reales de los Incasy la Historia general del Perú.
Palabras Clave: Literatura hispanoamericana, historia, orígenes-conquista.
Introducción
El presente tiene como objetivo hacer alusión a los orígenes de la
Hispanidad en la Historia de las Letras Hispanoamericanas, en la memoria del Inca
Garcilaso de la Vega Chimpu Ocllo (1539-1616), escritor y cronista peruano, uno de
los notables prosistas del Renacimiento Hispánico. Su visión del Imperio de los Incases fundamental en la Historiografía Colonial; en ella expone una imagen armoniosa,
real del mundo Precolombino, de los primeros años de la Conquista de América por los
españoles, este es el inicio del mestizaje Hispano-Americano, de la heterogeneidad
cultural, lingüística de nuestra América, hoy multicultural.
Sus memorias personales
Garcilaso nació en el Cuzco (1539) era hijo de nobles, tanto por su padre elconquistador español Sebastián Garcilaso de la Vega y Vargas de Badajoz, de ilustres
familias y su madre la Ñusta (princesa inca) Isabel Chimpu Ocllo, (Nimbo en Quechua)
perteneciente a la Corte Cuzqueña bisnieta del Inca Tupac Yupanqui .
Él cuenta lo que vivió y escuchó en su niñez, las tradiciones y relatos de los
tiempos de esplendor de sus ancestros Incas, habla su lengua materna el quechua, y
el español (Castellano), la lengua de su padre; cuenta que asistió a las primeras
acciones de la Conquista del Perú y las guerras civiles entre los conquistadores; añosdespués, resumió esa visión del fin de una Era y el comienzo de otra muy distinta en
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una frase famosa: ― trocósenos el reinar en vasallaje‖ ( GARCILASO DE LA VEGA,
1986, p.10). Sin derecho a usar el nombre de su padre (llevaba el de Gómez Suarez de
Figueroa), hasta que, a la muerte de este, recibe su legado entonces decide viajar a
España para reclamar en la Corte del Rey sus derechos y los de su madre. En 1560,
cuando tenía 21 años llega a Montilla, Extremadura, ciudad natal paterna, de aquí, viajó
continuamente a Madrid, en busca de reconocimiento de sus derechos; consiguiendo
sólo el de la validez de su filiación, lo que le permitió cambiar su nombre por el de
Garcilaso de la Vega Inca. Entre sus antepasados ilustres españoles, se encontraban
el poeta Garcilaso de la Vega, Jorge Manrique y el Marqués de Santillana; todos estos
versados en letras castellanas.
Por un tiempo Garcilaso vivió en Montilla y luego pasó a vivir hasta su
muerte en Córdova (1589) donde se vinculó a los círculos de humanistas españoles y
se dedicó al estudio e investigación.
Su vida intelectual se inició con la traducción de: los Diálogos de amor de
León Hebreo, a partir del italiano, lengua que había aprendido en esa Región italiana,
en una situación de riesgo de vida, un viaje forzado, en su condición de pertenecer,
como soldado de las huestes del Rey; este pasaje de su vida demuestra, entre tantos
otros su aguda inteligencia y pensamiento claro. Luego escribió la Florida del Inca
(1605), Los Comentarios Reales de los Incas y la Historia General del Perú.
Comentarios reales de los Incas
Lo que se puede destacar es que, Garcilaso de la Vega Inca es el primer
escritor de América de origen mestizo, culto, hablante de quechua/ español.
En la primera parte de su narrativa, sobre el Imperio de los Incas enfoca,
con mucha precisión puntos tan importantes, de una Cultura que desde los albores de
su formación genealógica, para su época, era una de las más avanzadas de América.
Presenta en su obra primero una serie de leyendas y mitos, características del lenguaje
oral. De otro lado expone sobre la filosofía de vida, valores, organización social,
administrativa, política, educacional, cultural y religiosa de esta civilización milenaria de
sus ancestros, por parte de su madre.
Destaco, la importancia de esta obra, que es considerada, una crónica
literaria, dado que refleja el proceso histórico socio cultural, del Imperio de los Incas,
situado en un tiempo y espacio, que se desarrolló, en la parte central y occidental de la
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América de Sur, extendido desde lo que hoy comprende la parte Norte de Colombia,
Ecuador; por el Sur hasta el Rio Maule en Chile y la parte norte de Argentina, por el
Este ocupaba lo que hoy es Bolivia, la región de la Amazonia vecino con Brasil por el
Oeste con las Costas del gran Océano Pacífico.
Fue una de las grandes Culturas de la antigüedad de América del Sur. Lo
dicen sus monumentos, fortalezas, palacios que hasta hoy existen en el Cuzco y otras
ciudades del Perú milenario.
Esta obra maestra del Inca Garcilaso de la Vega, aparece en 1609 y
constituyen un legado tan valioso por dotar al Perú de una historia que reúne
principalmente, los aspectos de su devenir social y cultural. La obra está dividida en
dos partes, la primera consta de nueve libros y la segunda de ocho libros.
En la parte primera comienza relatando el descubrimiento del Nuevo
Mundo, la deducción del nombre Perú, la idolatría, manera de vivir antes de los Reyes
Incas, el origen de ellos, la vida del primer Inca, lo que hizo con sus vasallos y la
significación de los nombres reales. Contiene 26 capítulos.
Señalo, en forma breve las partes más relevantes, de estas historias orales,
crónicas que como ya se dijo, fueron vividas por él, relatadas por su madre, abuelos y
familiares, de este modo, algunas se refieren a la praxis, de una Filosofía de vida de
los Incas; que estaban resumidas en prácticas simples, objetivas, que al final tenían
grandes efectos, si eran llevadas a cabo. Según cuenta Garcilaso, redundaban en
beneficio de toda la comunidad, menciono uno de estos dichos: ―Ama Llulla, Ama
quella, Ama sua, que significa: ―No seas mentiroso, no seas ocioso, no seas ladrón‖
(GARCILASO, 1986, p.22); la infracción de una de estas normas llevaba a sanciones
severas, tal como pena de muerte; por eso la población indígena los cumplía fielmente,
para no infringirlos.
Por otro lado relata la forma de organización del Imperio Incaico: en unasociedad de clases, de estilo piramidal en la que, en el nivel más alto se encontraba el
Inca, descendiendo, estaban el sacerdote que ofrecía la adoración al dios Sol, ‗Inti‘, la
Luna, ‗Mama quilla‘, la tierra ‗Mama pacha‘ y otras fuerzas divinas de la naturaleza,
tenían una religión politeísta, mas no eran antropófagos, no ofrecían vidas humanas a
sus dioses.
Seguían en la escala piramidal, las diferentes clases sociales, tales como
los nobles de sangre y los nobles de privilegio; siendo los primeros parientes del Inca y
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los segundos, personas o grupos de personas que por algún mérito, por acciones
notables, alcanzaban ese nivel, tal es el caso de los generales del ejército del Inca.
Siguiendo en forma descendente, situados en un mismo nivel estaban: los
intelectuales, llamados ‗amautas‘ (profesores), los ‗haravicus‘ (poetas), los ‗curanderos‘
(médicos), los ‗arquitectos‘ (grandes constructores, que nos han dejado sus magistrales
fortalezas, templos, etc. ), los orfebres, grandes artistas de joyas trabajadas en forma
finísima, los geólogos y astrónomos, conocieron las estaciones del año, el reloj solar
llamado ‗intihuatana‘.
Continuaban en la escala el pueblo trabajador y fuera de la base se
encontraban los ‗mitimaes‘ que eran las personas, tomadas presas que no se rendían,
luego de ser capturados, por lo tanto eran los prisioneros de guerra. Los Incas
desarrollaron también el ‗quipus‘, que era la escritura, o forma de escritura, manejados
específicamente por los ‗quipucamayocs‘, en los que llevaban las estadísticas del
imperio.
Conocieron el uso de los metales eran grandes metalúrgicos, hasta ahora
vemos sus trabajos en oro, piedras preciosas, perlas del mar, todas trabajadas para el
Inca, la nobleza y las representaciones de sus dioses, como el Sol, la Luna entre otros.
Uno de los pasajes de esta crónica relata la descripción del Templo del Sol
‗El koricancha‘; describe la forma de su estructura, rectangular, el tipo de piedras
utilizadas, piedras talladas, de tamaños diversos que se encajan unas a otras con tal
precisión que no necesitan de ningún tipo de material entre una y otra, para fijarlas en
la construcción de las paredes, señala, también que la parte interior del templo todo
era recubierto de oro, paredes y techos, estando colocado ,al centro la imagen del dios
Sol, todo de oro, cuyos rayos reflejaban e iluminaban el recinto; el piso estaba cubierto
de alfombras, tejidas con lana de vicuña, una lana muy fina, tejidos hechos en los
telares por las ñustas, ‗vírgenes del sol ‘, llamadas así porque, no podían casarse ysolo debían ocuparse del cuidado de los templos.
Continuando con la descripción, ahora de la parte externa del ‗Koricancha‘
se refiere al jardín, muy cuidado, en el que las flores, plantas, mariposas y aves
ornamentales, también eran representadas por trabajos de orfebrería en oro, piedras
preciosas y perlas, así las hojas de las rosas eran de oro, las ramas de los árboles.
También, la mazorca de maíz que era la ‗comida sagrada‘ de ‗las ofrendas‘ para los
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Dioses también era representada por imágenes hechas de oro, de tal dimensión,
tamaño semejante de su realidad.
Estos templos tenían un sistema de cañerías por donde el agua cristalina
recorría y era utilizada en la presentación de las ceremonias de ofrenda a los dioses
especialmente al Sol llamado ‗Inti‘.
Actualmente el ‗Koricancha‘, templo descrito en los Comentarios Reales de
Garcilaso existe, aunque han pasado tantos siglos aún permanece, erguido en el lugar
de descripción de la pluma de Garcilaso, claro está, sin los adornos y revestimientos de
oro señalados por él; ―el oro fue uno de los metales nobles más codiciados por los
conquistadores‖ (GARCILASO DE LA VEGA, 1986, p.50 ).
Desarrollaron también la agricultura, tenían un sistema de repartición de
tierras e usos das aguas; las mejores tierras eran las tierras del Sol y de los dioses; las
tierras del Inca y su familia; las tierras del pueblo; que eran producidas con un sistema
de trabajo de colaboración, unos ayudaban a los otros, llamado así de ‗trabajo
comunal‘. Estos sistemas de trabajos tenían el nombre de: ‗la mita‘, ‗ la minka‘, ‗ el
ayni‘; la forma de división del trabajo Comunal eran para las tierras del sol y otros
dioses, las tierras del Inca, y las tierras del pueblo.
De acuerdo con Garcilaso de la Vega, otro Sistema importante creado y
utilizado por los incas era el sistema de comunicaciones que funcionaba mediante una
forma de postas muy rápidas.
…―en todo el territorio del Tawuantinsuyo, de Sur a Norte de Este a Oeste,existían, de pueblo en pueblo, los llamados ‗tambos‘ que eran como unospuestos de correos, a donde, llegaban los mensajeros del Imperio llevando lasnoticias, que para desplazarse lo hacían a pie, corriendo, o bien usando lasllamas o alpacas como bestias de carga, se desplazaban con la mayor velocidad que podían para llevar los mensajes especialmente si estos eran‗mensajes oficiales‘ en estos tambos existía hospedaje para descanso de losmensajeros, que pasaban las informaciones a otros, para que el viaje
continuase y así llegase el mensaje hasta su destino final (GARCILASO DE LAVEGA, 1986, p. 89)
No obstante en el Imperio Incaico dice Garcilaso (1986, p.95), a pesar de ser
un pueblo trabajador, también tenían sus momentos de descanso y diversión;
realizaban las celebraciones festivas, de la llamada ‗Fiesta del Inti Raymi‘, Fiesta del
sol, que hasta ahora es celebrada el 29 de Junio de cada año.
En el incanato existía el desarrollo del ‗arte‘ expuestos en su ‗música‘, ‗sus
letras‘, los músicos y poetas que alegraban sus fiestas, tanto de carácter religioso como
fiestas populares, creaban, tocaban instrumentos, creados por ellos, llamados
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la ‘antara‘, que es una especie de flauta y también crearon el ‗pincullo‘, un instrumento
particular, usaban el cuerno de las reses así como otros materiales para representar
sus canciones y músicas.
La segunda parte de los Comentarios Reales publicada en forma póstuma,
lleva el título de: Historia general del Perú (1617). Aquí se ocupa del descubrimiento y
los sucesos que desencadenaron las incursiones españolas en territorio Inca. Recoge
también las desvanecías que surgían entre los españoles y culmina con la ejecución
del príncipe del imperio, Atahualpa a manos de los conquistadores.
Los Comentarios Reales como ya se dijo fueron escritos con base en las
memorias personales, las evocaciones de infancia y los documentos testimoniales de
distintos autores. Pese a que el libro fue prohibido en principio por el Consejo de Indias
por considerarlo instigador y peligroso en manos de algunos nativos letrados.
De acuerdo con el historiador, dice:
Garcilaso Inca descendiente de sangre indígena y castellana, cuando estuvoen Perú, entre indios, se sintió castellano; cuando estuvo en España se sintióindio; cuando llegó a viejo y se percató que no era ni indio ni español, se sintiómestizo. Recién entonces se descubrió peruano. (DEL BUSTO 1986, p.62 )
Ahí, surge la identidad del glorioso Garcilaso Inca, mestizo quién escribe
sus Primeras Crónicas en España y si asoma, una tímida crítica esta es resignada y
débil. Pues la fuerza del conquistador era avasalladora, tal como se ve y se encuentran
en muchos casos de nuestra Historia del Perú y de toda Hispano-América, ya que este
territorio especialmente El Perú fue la Sede del Virreinato de España, el poderío
español estaba en Lima, por más de tres siglos.
Los Comentarios Reales cuyo valor histórico ha desmitificado el tiempo,
estructuran una literatura exótica que describe a un país aún misterioso y peculiar,
cuyos silenciosos pobladores portan todavía en sus rasgos físicos, morales yespirituales las huellas de una tradición milenaria. Tal como lo señala José María
Arguedas, un ―país de todas las sangres‖ (ARGUEDAS, 2001, p.70), caracterizado por
su gran heterogeneidad cultural.
Algunos críticos históricos y literarios no creyeron en sus narraciones por
considerarlas excesivamente utópicas, pero las investigaciones modernas confirmaron
la exactitud de sus informaciones en la mayoría de los hechos a excepción de los
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citados por el autor como leyendas y mitos. Destacan dentro de los Comentarios, las
descripciones y relatos acerca de la ‗ fastuosidad de sus antepasados ‘.
Símbolo de los principales movimientos de liberación del Virreinato del Perú,
la Corona española entendió que los Comentarios Reales despertaban la conciencia
histórica de los pueblos autóctonos de América, por lo que dictó su prohibición en 1782
en un intento de borrar la memoria de los Incas. No sabía que censuraba la obra de un
hombre orgulloso de su ascendencia inca / española, orgulloso de la Lengua
Castellana de Cervantes y la lengua quechua de los Incas.
Garcilaso falleció a la edad de 77 años, el día 23 en el mes de abril de 1616,
Su vida y obra fue el reflejo de una época colonial en la que convivían dos culturas
totalmente diferentes donde tal vez no pudo sentirse completamente identificado con
alguna de ellas, pero si tal vez se sintió mestizo.
Esta obra es importante por representar valores tanto por la parte lingüística,
literaria e histórica, así como valiosa para el universo, Andino, Hispano-americano,
puesto que se refiere al nacimiento, orígenes del Hispanismo en América y a partir de
uno de estos hitos la construcción de las senda de la letras hispánicas, que cada día es
mayor, por la pujanza de su pueblo y las luchas constantes en la búsqueda de su
libertad y actualmente dentro de un mundo globalizado, multicultural.
Referencias
ARGUEDAS, José María. Todas las Sangres. Lima: Peisa, 2001
GARCILASO DE LA VEGA, Inca. Comentarios Reales de los Incas. Lima: BibliotecaNacional del Perú, 1986
DEL BUSTO Duturburo, Juan Antonio. Historia General del Perú. Lima: San Marcos,1986
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NIEBLA: EL ABORDAJE DE LA MUERTE EN LA OBRA UNAMUNIANA
Leidejane Machado Sá (ESAB)[email protected]
Orient. Profa. Msc.Tatiana da Silva Capaverde (UFRR)[email protected]
Uno de los principales autores de la Generación del 98, Miguel de Unamuno escribe Niebla en 1907, unade sus novelas más célebres. El tema muerte es tratado de manera bastante osada, sorprendiendo alsalir del abordaje tradicional y, en general, con el movimiento que causa en la línea de razonamiento dellector, que ya no puede deducir el cierre de su narrativa. Unamuno parece dar los primeros pasos para laruptura de conveniencias que ya se anunciaba y que tendría reflejos no sólo en España sino también enHispanoamérica. Al tratar de la muerte y haciendo una analogía a la acción del creador y criatura,Unamuno pone en cuestión el poder que aquél tiene para interrumpir o no la vida de ésta y, de otro lado,también demuestra la posibilidad de que la criatura/personaje también interfiera en la acción de sucreador/autor. Unamuno causa en el lector una nueva sensación: la de que la ―confusión‖ propuesta ensu narrativa constituye un juego continuo, sorprendente y de fecundas sugerencias.
Palabras-clave: metaficción, muerte, autor-personaje
Introducción
Principal exponente de la Generación del 98, Miguel de Unamuno es
también el precursor del existencialismo en España. La Generación del 98 es el
nombre con el que se ha reunido tradicionalmente a un grupo de escritores, ensayistas
y poetas españoles que se vieron profundamente afectados por la crisis moral, política
y social acarreada en España por la derrota militar en la Guerra Hispano-Estadounidense y la consiguiente pérdida de Puerto Rico, Cuba y las Filipinas en 1898.
Todos los autores y grandes poetas englobados en esta generación nacen entre 1864
y 1876. Unamuno es nacido en Bilbao en 1864, escritor, poeta y filósofo español.
Muere en Salamanca, en 1936.
Niebla, de 1907, cuenta la historia de Augusto, un hombre soltero, huérfano
de padre y madre, que vive con sus empleados. Es un hombre de posesiones y que
parece no encontrar motivos concretos para su existencia. Necesita algo, necesitaamar, mismo sin saberlo. Este joven hombre conoce a Eugenia, también huérfana, que
vive con los tíos. Después de conocerla, Augusto descubre que es capaz de amar y se
siente vivo y, por eso, pasa a ver a otras mujeres como posibles objetos de su deseo.
Augusto vive un conflicto existencial y recurre a amigos y a las filosofías para encontrar
la respuesta para su desesperación ante el amor e incluso para su estado de
decepción ante el abandono de Eugenia, pues ésta lo abandona después de haber
conseguido de Augusto la seguridad financiera que necesitaba para vivir con Mauricio,
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el hombre con quien ya tenía una relación amorosa antes mismo de conocer a Augusto.
Todas esas especulaciones lo llevan a poner en cheque su propia existencia.
Discutiendo el tema muerte
Aunque se trate de un tema que posee muchos tabús, la muerte ha sido a
menudo tratada por diversos autores y en diversas épocas y tipos de narrativa. Autores
españoles, hispanoamericanos, brasileños y tantos otros dieron distintos abordajes al
tema, unos más directos y concretos que trataron de la muerte física, otros más sutiles
que la pusieron el matiz de abstracción, tratándola como elemento simbólico. Para este
análisis importa distinguir la muerte en su sentido literal de la muerte simbólica/ficticia,
sin dejar de aprovechar rasgos de aquélla para ilustrar y mejor comprender la discusión
de ésta. Sobre la muerte física, José Luiz de Souza Maranhão en O que é morte habla
del morir como antiguamente. Para el autor ya no se muere como antes, pues durante
muchos años se murió tradicionalmente, es decir, la muerte requería un ritual sagrado:
cuando uno nacía tenía que hacer su historia sin olvidarse de los demás que se
quedaría después de su muerte; era necesario prepararse y preparar a los otros,
dejando a los hijos las condiciones necesarias para proseguir, dejando muchas veces
un sucesor, etc.; cuando la viejez se acercaba, uno ya tenía que haberse preparado a
los tiempos difíciles; se lloraba la muerte, se respetaba el muerto, se guardaba el luto y
después la vida seguía. Hoy ocurre una inversión cuando el tema es la muerte: por
mucho tiempo el secreto del origen la vida fue preservado; ningún niño, por ejemplo,
sabía al cierto de dónde venían los otros niños y cómo nacían; hoy día eso no es más
secreto, pues cada vez más temprano ellos ya conocen sobre la concepción y el
nacimiento, mientras, a la vez, la muerte parece estar cada vez más oculta. Los bebés
no son más traídos por cigüeñas, pero los abuelos cuando mueren, fueron a hacer un
largo viaje para un jardín muy bello, es decir, a lo que antes se preparaba uno, hoy se
oculta, se huye de la muerte a través de la ciencia que intenta prolongar la vida.
Maranhão clasifica eso como la ―pornografía de la muerte‖. ¿Y por qué se oculta la
muerte? Porque la muerte se nos quita algo. Sin embargo, la ―pornografía de la muerte‖
nos causa gran excitación, y es por eso que Augusto, personaje central de Niebla, se
siente, al mismo tiempo, temeroso e inclinado a la muerte. Parece ser este el único
alivio a su dolor. Tal vez, si analizamos la muerte de Augusto bajo una perspectiva
física, el morir tradicionalmente para él fue bastante preservado, pues fue anunciado
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sobre el hecho de que debería morir muy pronto. Si pensamos, a la vez, bajo una
perspectiva simbólica/ficcional, esta muerte deja de ser tradicional justamente porque
no obedece a la secuencia natural de la vida: nadie es avisado de su fin; nadie es
avisado de que su vida nunca ha sido una vida real, sino una broma de alguien que
decide manipular sus actos y, por tanto, también tiene la autoridad de poner fin a
cualquier momento.
Maranhão (1978) dice que hay un fascino constante por la muerte, que es
satisfecho, hoy, a través de lo que muestran las películas de horror, por ejemplo. Sin
embargo, al salir de la zona ficcional, nos deparamos nuevamente con el miedo y la
prohibición de ese algo que nos molesta. Al decir que ―no se muere más como
antiguamente‖, el autor se refiere también al hecho de que en antaño era deshonroso
morir súbitamente, pues el hombre necesitaba prepararse para tal. Hoy, se habla cada
vez menos en la muerte y, pues, el morir de súbito es que es conveniente, o al menos
aceptable.
Saliendo un poco de la perspectiva física de la muerte, pasemos a verla un
poco a partir de una perspectiva simbólica/ficcional. Para Maurice Blanchot (1978), la
muerte es parte de la vida y una sólo existe exactamente porque se pasa lo mismo con
la otra. Según este autor, morir es tener acceso a la continuidad de un proceso, que es
la propia vida. Quien no muere, nunca nació, o nunca vivió, no tuvo existencia.
También Barthes (2004) trató de la muerte bajo una perspectiva aún más distinta a
través de la metaficción, en que discute el poder y el papel del autor en relación a su
propia creación, sus personajes.
El abordaje unamuniano
Estando la existencia de uno íntimamente relacionada a la vida y a la muerte,
al principio y al fin, el tema de la muerte gana bastante visibilidad en Niebla y puede
ser entendida de diversas maneras. Aquí se perciben al menos dos connotaciones: una
literal y asociada a la rutina de la vida y otra simbólica/ficcional, resultado de la trama
del autor y personaje, creador y creación.
En la obra constatamos algunas muertes físicas, o sea, estas literales.
Muere el padre y la madre de Augusto y también el padre de Eugenia, que es víctima
de un suicidio. Muere también el personaje de una historia contada por Víctor, don
Eloíno Rodríguez de Albuquerque y Álvarez de Castro y el hijo de don Avito, Apolodoro.
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La muerte del padre de Augusto es bastante citada por la madre, quien dice
que éste le llama porque ella le hace más falta a él que a Augusto. Su padre muere
cuando Augusto es todavía un joven y se depara con el misterio de la muerte. Los
recuerdos del padre son justamente aquellos que marcaron la imagen mortal: la sangre
y el vómito cadavérico. La madre, a la vez, parece irse poco a poco hasta que no
resiste a la falta de su marido. En la descripción de la muerte de su madre percibimos
el aspecto de oposición, de sentidos múltiplos que la muerte parece emitir.
Y vino la muerte, aquella muerte lenta, grave y dulce, indolorosa, que entró depuntillas y sin ruido, como un ave peregrina, y se la llevó a vuelo lento, en unatarde de otoño. Murió con su mano en la mano de su hijo, con sus ojos en losojos de él. Sintió Augusto que la mano se enfriaba, sintió que los ojos seinmovilizaban. Soltó la mano después de haber dejado en su frialdad un besocálido, y cerró los ojos. Se arrodilló junto al lecho y pasó sobre él la historia deaquellos años iguales. (UNAMUNO, 2008, p.88)
Los adjetivos ―lenta, grave y dulce‖ no son propiamente opuestos entre si,
sin embargo presentan matices de oposición, pues emiten sentimientos o sensaciones
opuestas ya que algo grave no parece despertar las mismas sensaciones de algo que
sea dulce, por ejemplo. La idea de ―lento‖ igualmente parece remitir a la idea de dolor,
de algo que se pasa muy despacio y por eso mismo se torna muy grave, muy pesado.
Así, se percibe la idea de mezcla de dolor y placer.
La muerte de don Eloíno Rodríguez de Albuquerque y Álvarez de Castro es
una muerte esperada e, incluso, programada. Maranhão (1987) habla del morir
súbitamente, y de cómo no tenía honra la muerte súbita, pues la muerte esperada es
que era considerada de honor. Para hablar de la muerte de don Eloíno Rodríguez de
Albuquerque y Álvarez de Castro, el texto narra su historia, desde el momento en que
éste está padeciendo de una afección cardíaca y que le anuncia la muerte, que le hace
buscar alguien que le cuide durante los últimos días de vida. Esa búsqueda lo lleva al
matrimonio y este ―prepararse a la muerte‖ incluso parece alargar los días, pues acabaviviendo unos días más que lo esperado. Don Eloíno buscaba un refugio, pues no
deseaba morir sin techo y sin alguien a su alrededor, o sea, le gustaría morir
tradicionalmente, como también discute Maranhão, sobre el morir tradicional y también
de la inversión de esta tradición.
Apolodoro, otro personaje que tiene su muerte citada, también es víctima de
un suicidio y su padre, don Avito, muestra en su discurso el dolor que siente él y su
mujer al recordar del hijo. Don Avito parece querer decir que la muerte ayuda a
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transformarnos o a humanizarnos cuando dice que su mujer nunca había sido tan
madre como en aquel momento de pérdida.
La obra parece venir presentando la muerte de manera paulatina. Las
muertes van apareciendo, en su perspectiva física, para después aparecer en su
perspectiva simbólica/ficcional. Al compartir con Víctor sus angustias, Augusto toca en
el tema de la comedia y del suicidio. Víctor le explica que la vida de uno es una
verdadera comedia y que mismo el dolor constituye una comedia que, a su vez, puede
llevar al deseo de muerte, como en la cita.
Es la comedia, Augusto, es la comedia que representamos ante nosotrosmismos, en lo que se llama el foro interno, en el tablado de la conciencia,haciendo a la vez de cómicos y de espectadores. Y en la escena del dolor
representamos el dolor y nos parece un desentono el que de repente nos entreganas de reír entonces. Y es cuando más ganas nos da de ello. ¡Comedia,comedia el dolor! ––¿Y si la comedia del dolor le lleva a uno a suicidarse? ––¡Comedia de suicidio! ––¡Es que se muere de veras! (UNAMUNO, 2008, p.249)
Aquí, una vez más, está presente la muerte como parte de la vida y, más, de
la vida como representación. Unamuno lanza mano de un recurso metaficcional,
resaltando que el hombre puede ubicarse en dos posiciones distintas: ora como actor y
ora como espectador de su propia existencia. Además, el contraste causado por laspalabras dolor y comedia, en que también reporta a lo ya dicho: la vida y la muerte sólo
existen porque se completan.
Respecto a nuestro personaje principal, es importante decir que la vida de
Augusto no parecía tener cualquier sentido hasta conocer a Eugenia. Augusto nunca
había amado a nadie, pero sentía una enorme necesidad de amar, tal vez a cualquiera
que fuera la persona. Ahí encontramos la idea de que su amor ha precedido al objeto
del deseo, es decir, él amaba a una voluntad de amar, él amaba mismo sin saberlo,
aunque no tuviera a quien amar o consciencia de tal gana. Es por eso, por tanto, que
después de despertar de este estado inerte ante el amor, Augusto pasa a ver a las
mujeres en general de una manera distinta; en cada una, hay algo que le llama la
atención, algo que antes no conseguía ver. Ese estado de Augusto ante la vida se
aproxima de una especie de mortificación, un estado de agonía, un estado de
supresión de la vida. Él no estaba muerto, tampoco vivo, sino que no tenía reacción
para la vida, por tanto estaba mortificado. Es en medio a sus angustias y conflictos que
Augusto decide suicidarse y, poco después, descubre que va a morir, cambiando de
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opinión, enseguida, en relación a su suicidio y dice querer vivir, dice querer la vida más
que nada. Tal vez esa proximidad con la muerte, que en un primer rato debe cumplir la
función de satisfacer a una curiosidad, pase, en un segundo momento, a generar
reflexiones de lo que es la muerte y cuáles son sus reales impactos para la historia del
hombre. Así como la muerte parece humanizar más al hombre, la condición de Augusto
en cuanto resultado de una creación de su autor y su proceso de humanización frente a
la muerte es bastante evidente: Augusto pasa a sentirse mucho más gente cuando
sabe que su fin había llegado y quiere cada vez más alejarse de su fin. Augusto es un
ser creado por la imaginación y no puede sufrir la misma muerte que sufre un ser
nacido, un ser común.
La muerte de la cual habla Augusto es física en un primer momento hasta
que se depare con el hecho de que él no es humano, sino una idea de su autor. Es
decir, el personaje entiende la muerte en el ámbito fisiológico, como cierre del ciclo de
la vida, hasta percibir que como su ―existencia‖ se debe a la imaginación de uno y, por
tanto, su ―inexistencia‖ también será producto de imaginación. A partir de ese momento
la muerte gana otra connotación que no la física y de la cual primero se ocupa la obra,
aunque la idea de muerte también parezca engendrar toda la narrativa, denunciando
los estados de ánimo de Augusto, que también tienen que ver con su condición dudosa
de ser humano o simplemente una idea.
Blanchot nos habla de del duplo flujo de la muerte, el positivo y el negativo.
El propio Augusto dice que ―un mismo caso es triste o alegre según nuestra disposición
innata‖ (UNAMUNO, 2008, p.66). Así es la muerte: si la pensamos como fin, como
destrucción o como pérdida, será triste y dolorosa; si, a la vez, la pensamos como
continuidad de la propia vida, o como solución para los males humanos mismos, será
alegre o, al menos, habrá la comprensión de que, haciendo parte del propio ciclo de la
vida, puede ser entendida como una extensión suya. Maurice Blanchot en O espaçoliterário (1987) habla del espacio de la muerte, mostrando que no hay como pensar en
la vida sin pensar en la muerte, del mismo modo que no se puede imaginar la muerte
desvinculada de la vida. En este análisis, a la idea de muerte también se agrega el
símbolo, pues de acuerdo con Blanchot, la muerte puede ocurrir fuera del momento de
la muerte propiamente dicha. Así, la muerte sería apenas otro lado que no nos es
revelado, constituyendo la propia vida. Aquí, todo ese discurso de Blanchot lo
entendemos como una construcción simbólica/ficcional, que se establece a partir de la
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idea de que Augusto descubre que su existencia tendrá un fin y luego que su existencia
es resultado de una broma, de los juegos de la capacidad creativa de su autor.
En fin, Augusto muere. Pero cuando ese hombre muere, aparentemente, en
su propio cuerpo y en extensión, muere para su mundo físico, en verdad que si es una
idea, puede renacer a cualquier momento y esta muerte puede no indicar un fin en si
mismo. La muerte de un personaje puede constituir la continuidad de su existencia
eterna. Según Blanchot, ―(...) ter acesso ao outro lado, seria, portanto, entrar na
liberdade do que é livre de limites‖ (BLANCHOT, 1987, p.131).
Si aquí el personaje es fruto de la imaginación de su creador y si su creador,
a su vez, sólo existe si existen sus personajes, como cogita Augusto en sus
cuestionamientos, entonces Augusto muere y a la vez debe morir también su creador.
De esta manera, no se trata de una muerte natural o física, sino una muerte
simbólica/ficcional. Augusto muere porque no tiene más vida y no tiene más lo que
vivir; su autor muere porque hablaba por boca de Augusto y de su vida y ya no tiene a
través de quien continuar hablando y por lo tanto, continuar viviendo.
En este punto, es importante hacer referencia a Barthes (2004) que, en su
texto A morte do autor, discute el proceso de la escrita como aniquilador de todas las
voces de una narrativa. Una vez que se escribe, ya no se tiene dominio del destino de
los personajes, ya no se puede saber quién dijo eso o aquello y quién tiene el control
para direccionar las acciones. Al escribir, el autor pierde su identidad y su destino es
tan incierto como de sus personajes, como demuestra la cita:
―(...) a escrita é destruição de toda a voz, de toda a origem. A escrita é esseneutro, esse compósito, esse obliquo para onde foge o nosso sujeito, o preto-e-branco aonde vem perder-se toda a identidade, a começar precisamente pelado corpo que escreve.‖ (BARTHES, 2004, p. 1)
Para Barthes, la muerte del autor ocurre en detrimento del surgimiento del
lector como actor fundamental para la construcción de la escrita. En Niebla, además, el
autor se introduce dentro de la obra como personaje tal cual las otras y por eso pone
mucho más en duda su poder de continuar comandando el destino de Augusto. El
recurso de la metaficción es usado para destacar mejor ese alejamiento del autor y de
su voz.
―Sem dúvida que foi sempre assim: desde o momento em que um fato écontado, para fins intransitivos, e não para agir diretamente sobre o real, quer
dizer, finalmente fora de qualquer função que não seja o próprio exercício do
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símbolo, produz-se este desfasamento, a voz perde a sua origem, o autor entrana sua própria morte, a escrita começa.‖ (BARTHES, 2004, p. 1)
Como señala Barthes, el autor prueba su propia muerte al iniciar la escrita y,
en esta narrativa, mientras más el autor se coloca como personaje, que dialoga con
Augusto, más se esfuma y se pierde su voz, porque cada vez más el lector detiene el
poder de construcción de los personajes, en especial, Augusto.
Consideraciones Finales
A partir de un análisis más general sobre la muerte, la física, se constata que
en Niebla la muerte gana mucho más connotaciones que las inicialmente pensadas.
Además de discutir la existencia de Augusto como fruto de la imaginación de Unamuno,
se discute también la propia existencia de Unamuno como autor de una narrativa que lo
apaga cada vez que él da vida a sus personajes.
Después de mostrar la muerte a partir de Blanchot, como recurso simbólico y
de la muerte del autor aclarada a partir de Barthes, vale resaltar todavía que durante
toda la obra se habla de la relación creación y creador; de la función que tiene cada
cosa y de la belleza particular de cada una. El texto habla de la necesidad de que el
hombre continúe cantando para mantener el sueño de Dios porque éste sería el
soñador de nuestra propia existencia: si Dios se despierta y para de soñarnos,entonces se esfuma toda nuestra existencia. En la obra de Unamuno, al final, la
relación del creador con su criatura es la misma de Dios y el hombre, presentada en su
propia narrativa: cuando Augusto pasa a buscar la comprensión a las cosas y quiere
consultar a su creador sobre la posibilidad del suicidio, éste para de soñarlo, pues se
despierta de su ficción. Desea, por otro lado, mostrar su autoridad de creador y, por
tanto, único capaz de dar continuidad a la vida de su personaje o de interrumpirla para
siempre.La muerte es, en efecto, un proceso natural, curioso e intrigante. No es
facultativa, a pesar de ser un derecho de cada ser vivo. La muerte, así como la vida, es
una parte de nuestra existencia, pues es con ella que damos un cierre a nuestra
historia, a nuestra narrativa. Por eso, si Augusto era fruto de la creación de Unamuno, o
sea, si no estaba en la misma condición que los humanos; si no era mortal, sino una
idea, entonces su muerte no se configura, igualmente, en los mismos moldes de una
muerte física, que mata y aniquila el cuerpo; Augusto muere en su esencia ficcional,
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muere en cuanto idea. Y muere su autor, porque también deja de serlo al iniciar su
ficción.
Bibliografía
ANDERSON IMBERT, Enrique. El Realismo Mágico y otros ensayos. Venezuela:Monte Aula, 1991.
BARTHES, Roland. A morte do autor . In: O Rumor da Língua. São Paulo: MartinsFontes, 2004.
BLANCHOT, Maurice. O espaço literário. Rio de Janeiro: Rocco, 1987.
CHEVALIER, Jean e GHEERBRANT, Alain. Dicionário de Símbolos. 6. ed. Rio de janeiro: José Olympio, 1992.
DURAND, Gilbert. A imaginação simbólica. França: edições 70, 1993.MARANHÃO, José Luiz de Souza. O que é morte. São Paulo: Brasiliense, 1978.
REIS, Carlos e LOPES, Ana Cristiana M. Dicionário de Teoria na Narrativa. SãoPaulo: Ática, 1988.
UNAMUNO, Miguel de. Niebla. Madrid: Alianza, 2008.
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LA NARRATIVA TRANSCULTURAL DE ISABEL ALLENDE EN LA ISLA BA JO ELMAR
Profa. MSc. Liliam Ramos da SilvaFacultad de Tecnología SENAC/RS
La problemática de la formación de identidades es tema recurriente en literaturas de países colonizadoscomo, por ejemplo, en América Latina, un continente que desde la llegada de los europeos busca unaafirmación identitaria. Tal hecho se hace muy complejo debido a las contribuciones culturales depersonas que inmigraron, sin olvidarse obviamente de los habitantes que aquí ya estaban y de aquellosque vinieron en contra su voluntad – los negros esclavos, razón de este trabajo. La presente reflexiónhará un análisis de la obra La isla bajo el mar (2009), de la escritora chilena Isabel Allende. El personajeprincipal, objecto de estudio de este trabajo, es la negra esclava Zarité Sedella, cuya madre, nacida enGuinea, no tuvo la oportunidad de verla crecer. Zarité fue creada en una casa de blancos por un esclavoque le enseñaba todo sobre África: la tradición, la cultura, el vudú. Zarité incorpora estos elementosafricanos y los vive en tierras americanas, volviéndose un personaje transculturado. El ideologema de latransculturación se configura como un concepto clave de las identidades americanas, pues presuponeque del contacto entre dos o más culturas siempre surgirá algo nuevo, en permanente transformación. Laidentidad latinoamericana debe ser reconocida por los encuentros culturales que en ella han ocurrido, enque diferentes pueblos han cambiado sustancialmente el resultado del embate que se ha constituido enun acontecimiento único en la historia de la humanidad.
Palabras-clave: Literatura negra. Nueva historia. Identidad. Transculturación.
1. Preliminares
La problemática cuestión de la formación de identidades es un tema
recurriente en las literaturas de países colonizados como, por ejemplo, Latinoamérica,
un continente que desde la época de la llegada de los europeos busca su afirmaciónidentitaria, hecho complejo debido a las diversas contribuciones culturales de
indivíduos que inmigraron, sin olvidarse, por supuesto, los habitantes que aquí ya
estaban y aquellos que fueron traídos en contra su voluntad.
Según algunos estudios sobre la cuestión hispanoafrodescendiente, el negro
en tierras hispánicas prácticamente no ha tenido relieve en los estudios identitarios.
Generalmente los escritores se preocupaban por estudiar los indígenas, ya que
algunos países exterminaron casi por completo los negros esclavos en la época de lasaboliciones (pues estos ya no tenían más serventía y los señores prefirieron pagar –
aunque poco – los inmigrantes europeos, incluso por el tema del blanqueamiento de la
población). Comparado al indígena, el negro de las primeras novelas aparecen
demostrando mucha fuerza pero poca inteligencia. De acuerdo con Gonçalves (2004),
por ejemplo, las primeras novelas antiesclavistas cubanas del siglo XIX no tenían la
preocupación de mostrar ningún tipo de rebeldía o resistencia; al revés, sugerían que
este esclavo no tenía el deseo de libertad y que aceptaba pasivamente su destino. Sepercibe, de cierto modo, la representación estereotipada del negro submiso a la
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estética blanco/occidental, que desea copiar esa cultura y ser igual a estos individuos y,
para ello, acepta la condición inferior que se le atribuyen. Aparece, muchas veces,
retratado como dócil, submiso, traquilo, resignado a su suerte.
A partir del siglo XX, con el surgimiento de las teorías postoccidentales, los
latinoamericanos comienzan a preocuparse por la cuestión de los negros en tierras
hispanas. El concepto de la negritud hace con que los negros comiencen a aceptar sus
raíces y tener orgullo de ellas, autoafirmándose perante un pensamiento ocidental que
siempre los ha rechazado.
En la obra La isla bajo el mar , de la escritora chilena Isabel Allende, el lector
se depara con personajes que viven en un mismo espacio de lugar/tiempo: la población
de la isla de Saint-Domingue (actual Haití), el levante de los esclavos que la llevó a
independizarse y la nueva vida en el sur de los Estados Unidos, que, aparentemente,
era un lugar donde todos convivían bien, todavía bajo el mando de Francia y luego de
su venta para la Nueva Inglaterra. Hay personajes negros submisos, pero también los
hay trangresores de un pensamiento que no estaban de acuerdo. Hay personajes
blancos a favor de la esclavitud, incluso de maltratar a los negros, pero también hay los
blancos que no están de acuerdo con la barbarie que fue el tiempo de domínio blanco,
así como hay negros que fueron esclavos y apoyaban la esclavitud, muchas veces
siendo mucho más autoritarios que los blancos. Por lo tanto, es una obra muy
interesante desde el punto de vista de la transculturación, que acepta que todas las
formas de cultura vivan juntas y que, de estas, se asomen otras nuevas, siempre en
constante cambio, generando costumbres nuevos en tierras americanas.
2. Nueva historia de la esclavitud y sus aportes para la (re)construcción de una
identidad americana
La historia de la novela latinoamericana, desde sus primeras formulaciones,
estuvo acompañada por aspiraciones renovadoras que se desarrollan en un plan
utópico, caracterizándose por el compromiso de diálogo con su tiempo y su sociedad.
―Um traço saliente nas literaturas latino-americanas é o cunho militante do escritor,
levando-o com frequência a participar da vida política e dos movimentos sociais, em
boa parte porque as condições do meio o empurram neste sentido‖ (CANDIDO, 2001,
p.264). La producción intelectual (en particular la literaria) se vuelve una forma de
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construcción de la nación. El escritor colombiano Gabriel García Márquez, en su
discurso de aceptación del Premio Nobel de Literatura, en 1982, observó que
estudiosos y analistas europeos y norteamericanos a menudo mencionan el
brillantismo y la originalidad de los escritores de Latinoamérica. Sin embargo, al mismo
tiempo, en el campo de la situación político-institucional, consideran que los latinos son
incapaces de engendrar nuevas formas de gobierno duraderas y apropiadas a sus
situaciones particulares, y desde ahí habría el aislamiento, la soledad de
Latinoamérica.
La historia de la cultura en Latinoamérica está profundamente marcada por
el cruce de los discursos ficcional e histórico desde sus orígenes. En ese camino, se
pone de relieve la existencia de una tradición de literatura vinculada a la historia, lo que
alcanza, en el siglo XX, una realización notable con la nombrada novela histórica. El
surgimiento de la novela histórica se inscribe en un contexto de fe historicista
diseminada por el pensamiento europeo del siglo XIX, vinculado a la producción
literaria romántica europea, más especificamente a las novelas de Walter Scott. Sin
embargo, la novela latinoamericana también estaba profundamente marcada por las
crónicas coloniales que se han convertido en las principales fuentes historiográficas
para estas novelas. La ―tradición‖ en hispanoamérica estaría en las crónicas de la
conquista, en que el indígena dejaba de ser una figura meramente decorativa y
adquiría proporciones de héroe. En ese momento, comenzaba no solamente la
construcción de una literatura, pero también de una historiografía: ―a produção literaria
inscreve-se culturalmente no processo de independência que se havia iniciado no
campo político, voltando-se para problemáticas de ordem essencialmente nacional‖
(GOULART, 2004, p.27).
En Latinoamérica, al identificarse con los indígenas, los escritores dejan de
tocar en la cuestión del negro, que, a pesar de constituirse en más grande parte de lapoblación en algunos países, no era digno de constar en obras consideradas
tradicionales. La ficción postoccidental viene para desmascarar el etnocentrismo
europeo y cuestionar el discurso histórico que nace en un tercer espacio donde el
narrador extrae de la historia los materiales para (re)pensar la tradición cultural, para
resgatar lo que se quedó marginalizado por los discursos de la Historia – en el caso del
presente trabajo, el negro en la literatura.
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La expresión nouvelle histoire (nova história) surge en Francia con Jacques
LeGoff, en 1978. De acuerdo al historiador inglés Peter Burke, fue una expresión
creada para relatar los ocurridos en los años de 1970 y 1980, período en el cual hubo
una reacción
(...) contra o ―paradigma‖ tradicional, aquele termo útil, embora impreciso, postoem circulação pelo historiador de ciência americano Thomas Kuhn. (...)Poderíamos também chamar este paradigma de a visão do senso comum dahistória, não para enaltecê-lo, mas para assinalar que ele tem sido comfrequência – com muita frequência – considerado a maneira de se fazer ahistória, ao invés de ser percebido como uma dentre as várias abordagenspossíveis do passado (BURKE, 1992, p.10)
Lo que aproxima, por lo tanto, la novela contemporánea y la Historia es que
en el espacio lacunar el novelista se preocupa en rellenar los vacíos alternando
discurso histórico y ficción. La construcción de una identidad latinoamericana, así como
su historiografía, termina por ocurrir en la novela histórica, en que los novelistas no
buscaban solamente conferir veracidad a la narrativa ficcional, sino también,
conscientes del poder de la imaginación, rellenar lacunas, establecer sentidos entre la
memória, el registro y los eventos. Los novelistas (re)construyeron, a través de la
imaginación (y con la ayuda de relatos orales míticos), la parte que fue perdida en el
relato de la história de Latinoamérica y Caribe.
Muchos escritores se interesaron por la historia de Haití, la primera colonia a
independizarse del país colonizador y única República Negra de las Américas. El
cubano Alejo Carpentier (1904 - 1980) ya había relatado la historia de la independencia
en su obra El reino de este mundo (1949), en que mezcla los hechos históricos a lo real
maravilloso, término que comienza a circular en las Américas a partir de esta
publicación. Isabel Allende, en La isla bajo el mar , también alude a los personajes que
fueron puestos de relieve en esta historia mítica: Toussaint Louverture, ―que había
nacido y vivido esclavo en una plantación en Bréda, se educó solo, abrazó con fervor lareligión cristiana y se ganó la estima de su amo, quen incluso le confió a su familia
cuando llegó el momento de huir‖ (ALLENDE, 2009, p.195). Era uno de los pocos
esclavos que sabía leer y escribir, por lo tanto se enteraba de las notícias de la isla y
también de Francia. Otro personaje importante en las luchas de independencia fue
Zamba Bouckman, el guerrero, ―aquel gigante con vozarrón de tempestad, el elegido
de Ogun-Feraille‖ (p. 195).
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No se puede dejar de hablar en Mackandal, la parte maravillosa de la
historia de la isla, pues según la tradición oral, Mackandal era un negro traído de África,
sabía leer y seguía la tradición musulmana, además de tener conocimientos en
medicina y plantas. Aprendió a usar las hierbas y raíces encontradas en América. No
se contentaba con la esclavitud, y sabía que iba a fugarse luego. Para eso, esperó la
ocasión propicia. Él fue el primer esclavo que incitó la libertad a los negros de Haití, y
su historia de persecución y su muerte forman parte de la cultura de la isla. Los relatos
cuentan que los blancos lo arrestaron pero los negros no creían que él iba a murir
(según La isla bajo el mar , 6 mil personas fueron muertas hasta la captura de
Mackandal).
En el momento de su ejecución hay dos versiones sobre lo ocurrido: la
versión oficial, de la Historia europea, en que ―blancos y mulatos vieron que Macandal
se soltó de las cadenas y saltó por encima de los troncos ardientes, pero los soldados
le cayeron encima, lo redujeron a golpes y lo condujeron de vuelta a la pira, donde
minutos más tarde se lo tragaron las llamas y el humo‖ (p. 68). Por otro lado, la versión
de los negros fue muy diferente pues, para ellos, ―Macandal se soltó de las cadenas,
saltó por encima de los troncos ardientes y cuando los soldados cayeron encima se
transformó en mosquito y salió volando a través de la humareda, dio una vuelta
completa a la plaza (...) y luego se perdió en el cielo‖ (p. 68). Se perciben dos versiones
de una misma historia que, al entender del pensamiento hegemónico, tal mito no sería
posible, pero la visión de los que creían hace con que esta historia pueda ser
verdadera, pues pasa a ser contada a todos los habitantes de la isla, que la creen, y a
través de la escritura también pasa a ser contada a todos los investigadores de la
historia.
El mito, de acuerdo con los estudios del investigador canadiense Gérard
Bouchard (2005), no debe ser evaluado en su relación a la verdad (conformidad con loreal), pero en su relación a la eficacidad , o sea, la capacidad de superar las
contradicciones. El investigador comenta también que la característica principal del
mito es la de no ser verificable, y lo define como una representación o un sistema de
representaciones puestas como verdaderas, cuya significación debe ser durable. Por
eso, el mito de Mackandal se renueva y sigue siendo una historia (re)contada a través
de los tiempos.
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Isabel Allende busca, en la historia de la isla de Saint-Domingue, contar los
hechos a través de la visión de la esclava Zarité, personaje ficcional, hija de uma negra
de Guinea que no llegó a conocer el bebé. Nacida en el continente americano y creada
en la casa de su ama, siempre buscó aprender a través de la observación. Luego, es
comprada por Toulouse Valmorain, descendiente de franceses que necesita alguien
para cuidar su casa ya que se casaría com una española que vivía en Cuba, en un
arreglo de famílias para que se siguiera sus tradiciones. Se percibe, asimismo, la
mezcla de culturas que pasan a convivir en una misma casa, en un mismo suelo, en un
mismo continente americano. Y que, de cierta forma, cada uno comienza a absorver un
poco de la cultura del otro, conformando, así, la cultura transculturada de las Américas
– un buen ejemplo es la relación de Zarité con Eugenia: esta consigue que Teté acepte
los dogmas de la religión católica (acepte pero no practique).
La primera parte de la novela va desde el año de 1770 – llegada de
Valmorain a Saint-Domingue, lugar donde ya estaba su padre - al año de 1793 –
cuando todos se establecen en los EE.UU., más especificamente en la ciudad de
Luisiana. La autora se utiliza de hechos históricos para contar la historia, en primera
persona, de Teté (apodo de Zarité, cuyo nombre muchos no sabían porque no les
importaba). Es interesante que antes de la llegada de los españoles, la isla ya se
llamaba Haití, nombre dado por los indígenas arahuacos que ahí vivían, y que fue
borrado por los españoles hasta que ocurriera la revolución de independencia de la
primera colonia de Américas.
La novela cuenta con varios personajes que no aceptan su condición de
esclavos o de prejuicio con relación a los pensamientos de la sociedad que imperan, y
que reaccionan en contra la esclavitud de varias formas: la negra esclava que quiere su
libertad pero se resigna a hacer lo que el amo le pide (Zarité); el esclavo que no acepta
su condición y se rebela en contra la situación de esclavitud y huye a las montañas,volviendo después para la guerra de independencia (Gambo – el capitain Liberté); el
esclavo que sabe leer, que enseña a otros esclavos como comportarse delante de la
sociedad europea/blanca (Zacharie); la mulata que se utiliza de sus artifícios de belleza
para sobrevivir, consiguiendo todo lo que quiere y teniendo una vida que las mujeres de
la sociedad envidian (Violette); la negra esclava que sabía todo de medicina e hierbas y
que era considerada la bruja, la hechicera, que podría huir si quisiera, pero no lo haría
porque decía que su misión era cuidar de su pueblo (Tante Rose); el mulato que pasó a
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ser jefe de capataces en la plantación y pasó a negar su origen, teniendo cada vez más
rabia de los esclavos y castigándoles por cualquier cosa (Prosper Cambray); la niña
negra que, por ser creada en la casa del amo – era su hija, fruto de un estupro – no
tiene consciencia de su origen, pensándose blanca y no aceptándose negra (Rosette).
Estos personajes reaccionan, a su manera, en contra los valores establecidos por una
sociedad que, al mismo tiempo, rechaza a los negros y mulatos pero también los
necesita, pues son los trabajadores de la tierra, son los responsables por el desarrollo
de la región, además de detentadores de la sabeduría popular.
Por otro lado, hay también los personajes blancos que se diferencian por su
manera de reaccionar frente a las situaciones que ocurrieron: Valmorain (que se
consideraba un señor justo en comparación a los otros plantadores de la isla, pues no
castigaba tanto sus esclavos como otros señores); el doctor Parmentier (que unía la
medicina tradicional a la magia de los orichas, que creía en la cura por medio de
hierbas e infusiones, vivia en una situación de concubinato con uma negra pero nadie
de la ciudad lo sabía, pues podría perder sus pacientes que no aceptarían tal
situación); Sancho García del Solar (el buen vivant, hidalgo español que solo quería
saber de fiestas y juegos, que se sensibilizaba a la cuestión de la esclavitud pero no
hacía nada para cambiar la situación); Hortense Guizot (la segunda esposa de
Valmorain, que vivía de apariencias en la sociedad y no le gustaba Teté pues sabía
que había sido amante de su marido) y, después, Maurice Valmorain (que fue creado
por Teté, mujer que consideraba su madre, y que comienza a cuestionar la esclavitud,
lo que deja a su padre muy enojado, pero no consigue más acercarse a su hijo ya que
este fue a estudiar en uma escuela para chicos muy lejos de su família, y donde
comenzó a tener las ideas abolicionistas).
Se apunta, por lo tanto, que el (re)contar de una historia necesita abarcar a
todos los tipos de personas que, se presupone, existieron en la época de la llegada deextranjeros a las Américas. Para Figueiredo (2009, p.87), basada en la obra del escritor
antillano Edouard Glissant,
Re-contar literariamente [a] história sobredeterminada pela escravidão é criar ficções que dêem conta de um certo ambiente, forçosamente imaginário,através da utilização de diferentes formas de arquivos, a fim de reconstituir amemória cultural do país.
Como ejemplo a esta afirmación, se puede aludir a la salida de los
habitantes de Saint-Lazaire a través de la ayuda de Gambo, el esclavo fugitivo, que
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vuelve para avisar a Zarité que el día siguiente habría un levante de esclavos y que
quemarían la plantación y matarían a todos los blancos. Como Teté consideraba a
Maurice como un hijo, quiso llevarlo, y para que no lo mataran, su padre también
debería huir. Gambo los lleva a todos por el camino más difícil pero más seguro, dónde
casi nadie entraba por miedo de no conseguir salir con vida. Ellos pasaron algunos días
y noches en los pantanos, sin nada que comer o beber, pasando por caminos donde
casi no se podía andar, conviviendo con mosquitos y otros insectos que los buscaban y
los picaban, Gambo llevando a Maurice porque su padre casi ya no tenía condiciones
ni de caminar solo. Gambo los abandona cuando Teté afirma que no irá con él, que su
destino es quedarse con Maurice y no siempre huyendo, quería su libertad, lo que
había negociado con Valmorain al salir de Saint-Lazaire.
Zarité deja a Valmorain y Maurice y va por la carretera a buscar ayuda
cargando a Rosette, todavía un bebé, en la espalda. Para conseguir seguir caminando,
ya que no tenía más fuerzas por la falta de comida y bebida, pide ayuda a su protectora
Erzuli: ―Erzuli, loa de la compasión, ayúdame‖ (p. 216). De pronto, esta divindad la
monta en su cuerpo y ella tiene fuerza para seguir. Son encontradas en el camino por
Étienne Relais, el soldado marido de Violette Boisier, que intentaba hablar con ella pero
percibió que estaba en trance: ―como militar francés, pragmático y ateo, a Relais le
repugnaban esas posesiones, que consideraba una prueba más de la condición
pr imitiva de los africanos‖ (p. 217). Cuando se despierta, Teté los lleva adonde
Valmorain y Maurice, que son rescatados.
Lo que pasa a seguir es algo que se parece haber pasado en muchas de las
historias que son contadas a través da la Historia (oficial) pero que pueden ser
contestadas:
(...) Toulose Valmorain recuperó la compostura. Las imágenes de esos tres
días empezaron a desdibujarse y la historia a cambiar en su mente. Cuandotuvo la oportunidad de explicar lo ocurrido, su versión no se parecía a la queRelais había oído de Teté: Gambo había desaparecido del cuadro, él habíaprevisto el ataque de los rebeldes y ante la imposibilidad de defender suplantación había huído para proteger a su hijo, llevándose a la esclava quehabía criado a Maurice y su niña. Era él, sólo él, quien los había salvado atodos. Relais no hizo comentarios ( ALLENDE, p.218).
La visión de aquellos que tienen el poder de contar la historia de la manera
que más le conviene, y que es creída por aquellos que las oye, es la que se propaga
por los tiempos. Sin embargo, el término ―nueva historia‖ abarca subversión y
renovación operantes en el domínio de las ciencias humanas y sociales, y los
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acontecimientos son, en general, apenas una ―nube‖ (LE GOFF, 1998, p.6) levantada
por los verdaderos acontecimientos. De acuerdo con Hanciau (2001), hasta el
surgimiento de esta nueva forma de rever los acontecimientos, la Historia se escribía a
partir del centro (de donde salía la verdad) en que la historia de la población
reverenciaba el poder monárquico o burgués y la historia religiosa se diluía en la de la
Iglesia y de los clérigos – ―o que escapava a esse olhar era ocultado, considerado
supérfluo, sobrevivência anacrônica, silêncio ou simples ruído sobre o qual se evitava
falar‖ (HANCIAU, 2001, p.11).
Se nota que el estudio linear de la Historia está sufriendo, hace muchos
años, un cambio en lo que dice respeto a la visión continuísta y totalizante que
predominaba en la cultura occidental, en que el estudio de la historia comprendía las
relaciones entre el Oriente y el ―resto‖, ignorando las interacciones entre los otros
continentes (Ásia, África y Américas), abriéndose espacios para otros relatos culturales
que no habían sido llevados en conta en el pasado colonial. Por eso, se afirma que los
negros esclavos fueron piezas clave en el desarrollo de la cultura americana, que
fueron decisivos en la sobrevivencia de algunas familias y tradiciones, y es importante
que esta historia sea (re)contada a las próximas generaciones.
3. La cultura haitiana
Haiti es una isla cuyos aportes principales son de los indígenas taïnos, los
africanos y los europeos, especificamente los franceses. La obra analisada tiene como
telón de fondo la historia de la independencia de la colonia. Alexis (1970) habla sobre la
conformación de la cultura haitiana, y las contribuciones africana y francesa relatadas
en la obra
o aporte africano representa a maior parte na constituição da cultura haitiana.Qualquer que seja o campo da atividade criadora do povo haitiano queconsiderarmos, encontraremos a marca indelével do negro. Quer se trate deliteratura oral, de nossas lendas, de nossos contos cantados ou doextraordinário romanceiro de Bouqui e de Malice, quer se trate da música ou dadança, quer se trate de artes plásticas ou de religião, é a filiação africana quese impõe ao espírito. Certamente que todas as obras têm a cor haitiana, elasnos pertencem, refletem a terra onde vivemos assim como nossa história épicae não poderiam ser superpostas às de tal ou tal outro povo negro, mas elastêm um ar de família indiscutivelmente negro.O Ocidente também nos marcou, e particularmente a França. Da mesma formaque nós não poderíamos esquecer a influência da Revolução francesa sobre aRevolução haitiana de 1804, não podemos esquecer que a França participoude uma maneira positiva na constituição de nossa cultura haitiana.
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A mediados del siglo XVIII, la colonia francesa de Saint-Domingue se había
vuelto muy próspera a través de la exploración de los esclavos negros, e incluso había
llevado el título de ―Perla de las Antillas‖. La independencia fue proclamada por
Dessalines, que otorgó el nombre de República Negra de Haití, recuperando el nombre
anterior a la llegada de los colonizadores. La revolución francesa, con sus ideales de
libertad, igualdad y fraternidad, influenció al levante de los negros y a la tomada de la
capital, lo que después fue perpasando a todas las ciudades del país. Teté, Valmorain
y el doctor Parmentier miraron desde lejos la independencia, pues ya habían salido de
la isla y solo sabían de los hechos que llegaban al sur de los EE.UU, con historias que
los dejaban impresionados por el coraje de los negros.
4. La transculturación y la cultura afrohispanodescendiente
Los novelistas, por su parte, demuestran que se puede trabajar
literariamente con conceptos pensados en nuestro própio lugar (y no más copiados de
Europa o de los grandes centros del pensamiento hegemónico). La grande lucha de los
críticos latinoamericanos por el reconocimiento de sus propuestas se expresa en la
creación de nuevos conceptos que circulan por las Américas: a partir de la
transculturación (Fernando Ortiz, 1940) – objeto de estudio de este trabajo - emergen
otros conceptos importante como el entre-lugar (Silviano Santiago, 1970) y criolización
(Patrick Chamoiseau, Raphäel Confiant y Jean Bernabe, 1980), demostrando que se
puede trabajar con conceptos pensados en la própia Latinoamérica, teorizados en
épocas distintas pero que poseen una característica en común: la resistencia a una
concepción de que solo es válido aquello que es copiado o se asemeja a un modelo
considerado superior.
El término transculturación es propuesto en 1940 por el cubano Fernando
Ortiz en el célebre libro Contrapunteo cubano del tabaco y del azúcar , donde, a lo largo
de la obra, construye un juego dialéctico entre el azúcar y el tabaco, contraponiendo los
productos como entidades abstractas: el blanco del azúcar y el marrón del tabaco, el
dulce y el amargo, el alimento y el veneno. El ideologema de la transculturación, en
nuestros estudios, se configura como concepto clave de las identidades americanas,
pues presupone que del contacto entre dos o más culturas siempre surgirá algo nuevo,
en permanente transformación:
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Entendemos que o vocábulo transculturação expressa melhor as diferentesfases do processo de transição de uma cultura para outra, porque esteprocesso não consiste somente em adquirir uma cultura diferente (...) oprocesso implica também, necessariamente, na perda, no desenraizamento deuma cultura anterior, o que se poderia chamar de desculturação parcial e, alémdo mais, significa a criação consequente de novos fenômenos culturais, que se
poderiam denominar neo-culturação. Enfim (...) em todo enlace de culturasocorre o mesmo que na cópula dos indivíduos: a criança sempre tem algo deseus progenitores, mas sempre tem algo diferente de cada um dos dois. Nasua totalidade, o processo é uma transculturação, e esse vocábulocompreende todas as fases de sua parábola (ORTIZ, 2001 (1940), p.18/19)
La idea de que las Américas, por estar en una situación de colonizadas,
siempre han intentado ‗copiar‘ elementos culturales europeos en la constituición de su
cultura e identidad fue refutada en el artículo ―Os deslocamentos conceituais da
transculturação‖, escrito por la investigadora Zilá Bernd (2003). Para la autora, aunque
cuando las colectividades tienen la tendencia de reproducir las matrices culturales delas metropoles, hay desvíos, transgresiones, desplazamientos, si no subversión total de
los modelos. La subversión de rituales artísticos y discursivos siempre ha estado
presente en la cultura del Nuevo Mundo desde los tiempos que los europeos
conquistaron el continente. La presente obra se configura como una narrativa
transcultural en varios momentos, y serán especificados dos elementos: la religión y la
medicina.
4.1 La transculturación en la religión
Se puede decir que Zarité tiene el conocimiento de la religión africana, y
desde niña participa de las ceremonias vodú. El esclavo que se encargó que
transmitirle la cultura africana, Honoré, siempre la hacía pensar en quien era. Sin
embargo, también tiene conocimiento de la religión cristiana, la cual fue obligada a
seguir por sus propietarios. Pero la niña ya tiene su opinión formada sobre la Virgen
María, por ejemplo:
Honoré siempre me hablaba de Guinea, de los loas, del vudú, y me advirtió quenunca acudiera a los dioses de los blancos, porque son nuestros enemigos. Meexplicó que en la lengua de sus padres vudú quiere decir espíritu divino. Mimuñeca representaba a Erzuli, loa del amor y de la maternidad. MadameDelphine me hacía rezarle a la Virgen María, una diosa que no baila, sólo llora,porque le mataron a su hijo y porque nunca conoció el gusto de estar con unhombre (p.54).
Ese pensamiento cambia con el paso del tiempo y tal vez por Zarité haber
pasado la mayor parte de su vida junto a los blancos. Cuando ya están viviendo en elsur de los Estados Unidos, se preocupa por su hija Rosette, que, después de conseguir
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su tan esperada libertad, no sabrá lo que hacer con ella, ya que su padre no admitía
que era su hija y a partir de aquel momento no se ocuparía más de ella pues no era
más su propiedad. Zarité busca el consuelo del padre Antoine pues tenía su papel que
le daba la libertad, y este hombre era considerado un santo en la ciudad. El padre
Antoine, a pesar de ser el representante de la iglesia, de la religión, es una persona
abierta a otras creencias, y acepta la convivencia harmoniosa de todas las religiones.
Teté lo acepta, acepta a sus ideas, incluso cuando recibe la libertad de Valmorain va a
ayudar al padre a cuidar de la gente necesitada porque le encanta a ese hombre de
corazón tan bondadoso. Sin embargo, a pesar de confiar en el padre, la percepción de
Teté sobre el cristianismo y especificamente sobre Jesús es la cuestión de la culpa,
pues siempre había oído que los negros eran así por su culpa, merecían ser esclavos,
que era un castigo de Dios la esclavitud. Teté lo va a visitar, pero siempre
desculpándose con su protetora Erzuli ―Erzuli loa amiga, perdóname, no pensaba
acercarme al Jesús de los blancos, pero la voz cariñosa del Père Antoine me desarmó‖
(p. 311):
Me da miedo el Dios de los blancos, Père Antoine. Es más cruel que Prosper Cambray.¿Quién?
El jefe de capataces de la plantación de Saint-Domingue. No soy servidora deJesús, mon père. Lo mío son los loas que acompañaron a mi madre desdeGuinea. Pertenezco a Erzuli.Sí, hija, conozco a tu Erzuli – sonrió el sacerdote -. Mi Dios es el mismo PapaBondye tuyo, pero con otro nombre. Tus loas son como mis santos. En elcorazón humano hay espacio para todas las divindades.El vudú estaba prohibido en Saint-Domingue, mom père. Aquí puedes seguir con tu vudú, hija mía, porque a nadie le importa, siempreque no haya escándalo. El domingo es el día de Dios, ven a misa por lamañana y por la tarde vas a la Plaza del Congo a bailar con tus loas. ¿Cuál esel problema? (ALLENDE, 2009, p.311-312).
Se percibe, en este diálogo, que el vudú es aceptado en esta ciudad – através de la percepción del padre – en este nuevo paradigma de sociedad, pero
―siempre que no haya escándalo‖. Además, no habría problema en seguir la religión
africana, desde que siempre esté siguiendo también la cristiana. O sea, nadie se
importaría desde que los negros cumplieran con sus obrigaciones cristianas y siguieran
obedeciendo a los blancos, que apenas toleraban la convivencia con las costumbres
africanas. Teté no conseguía entender por que la religión cristiana predicaba que la
recompensa a las personas buenas estaría en el cielo, ―donde todas las almas gozaban
de igual felicidad‖ (p. 336). Para el personaje, le parecía mejor que y más conveniente
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que la felicidad estuviera aquí en la Tierra, y que todos serían iguales aquí, en el
presente. ―No confiaba en la religión de los amos. El vudú que ella practicaba a su
manera también era fatalista, pero al menos podía experimentar el poder divino al ser
montada por los loas‖ (ALLENDE, p. 336).
Teté se sintió segura en buscar al padre ya que la catedral era el único sítio
en Nueva Orleans (aparte del mercado) donde gente blanca y de color, libres y
esclavos, se mezclaba. Pero algo raro pasaba: no había problema de colores, sino
problema de género, ya que los hombres deberían separarse de las mujeres y cada
uno se quedaba de un lado de la catedral. Tal división de puestos es muy interesante
porque hace recordar que la afirmación identitaria es, al mismo tiempo, un proceso
personal y colectivo, en que cada individuo se define con relación a un ―nosotros‖ que,
a su vez, se diferencia de los ―otros‖, y en este ejemplo ya no hay más diferencias de
colores de piel, sino de género.
En La isla bajo el mar , hay el rescate de la memoria colectiva de sujetos que
no tenían la escritura en su cultura (incluso porque no han tenido la oportunidad de leer
y escribir) y la autora (re)escribe una historia que había sido olvidada por el
monologismo de la Historia oficial. Al trasladar los límites del doble prejuicio – Zarité es
negra y, además, mujer – Allende da voz a un personaje silenciado porque no estaba
adecuado a la sociedad de la época. Sin embargo, esta mujer negra jamás dejó de
recordar sus tradiciones y su religión, lo que la hace un personaje transculturado y que
pasa eso a Maurice, el hijo del amo, blanco, que cuando va a la escuela comienza a
conocer las ideas libertarias y las acepta, pasando a luchar por el final de la esclavitud.
La participación de Teté en su vida fue fundamental para que él peleara con su padre y
aceptara que las personas son iguales, independentemente de su color de piel.
4.2 La transculturación en la medicina
El doctor Parmentier, médico de confianza de Valmorain, era una persona
que defendía la libertad de los negros, y, además, vivía con una negra, pero nadie lo
sabía porque él perdería sus pacientes. Cuando Eugenia, la esposa de Valmorain,
estuvo para tener su hijo (ya había embarazado varias veces pero sempre perdía los
hijos) él mandó que el doctor se trasladara para la plantación y la acompañara, ya que
no quería que este asunto se quedara en manos de Tante Rose, la curandera.
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Parmentier le decía a Valmorain que ―ella sabe más que yo de esta materia‖ (p. 89), lo
que Valmorain no aceptaba. El doctor terminó por ir a la plantación, así tendría tiempo
de descansar, leer sus libros y, principalmente, estar cerca de Tante Rose, una
persona que admiraba mucho, anotando los nuevos remedios que ella usaba en su
libro. ―A Tante Rose la consultaban de otras plantaciones y atendía por igual a esclavos
y animales, combatía infecciones, cosía heridas, aliviaba fiebres y accidentes, ayudaba
en partos e intentaba salvar la vida de los negros castigados‖ (p. 89). Ella tenía
permisión, por parte de Valmorain, de ayudar a esclavos de otras plantaciones,
teniendo la oportunidad de huir caso quisiera. Sin embargo, no lo hacía, pues se sentía
mucho más útil ayudando a su pueblo que huída en un quilombo. ―No sirve de nada
que yo sea libre y los demás sean esclavos‖ (p. 90), le decía a Teté, lo que demuestra
que muchos negros tenían compasión por los otros de su pueblo y desechaban su
libertad en favor de la unión de todos.
Para los blancos, Tante Rose era la hechicera de los negros, y muchos,
como Cambray, no arriesgaban acercarse de ella por miedo de que lo transformara en
zombi. Sin embargo, al doctor Parmentier le encantaban sus infusiones, sus hierbas, su
conocimiento de la naturaleza para la cura de enfermedades que la ciencia europea
todavía no sabía que existía. Esta mujer era una mambo, una sacerdotisa, desde muy
joven los loas la montaban y participaban de las fiestas de los vudús. Valmorain
desconfiaba de Tante Rose, la decía una ―charlatana que se valía de la ignorancia de
sus pacientes‖ (p. 92), pero Parmentier contestaba: ―lo importante son los resultados.
Ella acerta más con sus métodos que yo con los míos‖ (p. 92).
Los blancos aprovecharon la estadía de Parmentier para conversar sobre
asuntos ―racionales‖, y el doctor confesó a Valmorain que muchas veces había sentido
la tentación de tratar a un enfermo con los métodos de los brujos negros, y solamente
no lo hizo por su pragmatismo francés y el miedo al ridículo. Cuando tratan del tema deEugenia, Valmorain defende:
- ¡Hay una diferencia fundamental entre un africano y mi esposa, por muchoque esté desquiciada, doctor! No creerá que los negros son como nosotros,¿verdad? – lo interrumpió Valmorain.- Desde el punto de vista biológico, hay evidencia de que lo son.- Se ve que usted trata muy poco con ellos. Los negros tienen constitución paratrabajos pesados, sienten menos dolor y fatiga, su cerebro es limitado, nosaben discernir, son violentos, desordenados, perezosos, carecen de ambicióny sentimientos nobles.
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- Se podría decir lo mismo de un blanco embrutecido por la esclavitud,monsieur.- ¡Qué argumento tan absurdo! – sonrió el otro, desdeñoso - . Los negrosnecesitan mano firme. (p. 99)
Parmentier defendía que Tante Rose debería cuidar a Eugenia, que desdeque había llegado a la plantación de Saint-Lazare no conseguía vivir una vida normal.
Al saber de todas las historias fantásticas de la isla, protagonizada por los negros, no
se sentía segura en este lugar, y ponía la culpa de no tener hijos en las brujarías de los
negros.
Al discutir científicamente la ―raza‖, la ―especie‖ de los negros, Valmorain
comenta que
- (...) Acabo de leer en una revista científica que los negros pertenecen a otraespecie que la nuestra.- ¿Cómo explica el autor que dos especies diferentes tengan crías? – lepreguntó el médico.- Al cruzarse un potro con una burra se obtiene una mula, que no es lo uno ni lootro. De la mezcla de los blancos y negros nacen mulatos – dijo Valmorain.- Las mulas no pueden reproducirse, monsieur, los mulatos sí. Dígame, un hijosuyo con una esclava ¿sería humano? ¿Tendría un alma imortal?Irritado, Toulouse Valmorain le dio la espalda y se dirigió a la casa. Novolvieron a verse hasta la noche (p. 100).
El niño estaba listo para nacer, pero el doctor Parmentier estaba sentado en
su silla pues ―agarrar bebés no es cosa de hombres‖ (p. 106) y solo esperaba a quedoña Eugenia hiciera su parte. Lo que pasó es que ella no lo hizo, y, por este motivo, el
niño corría mucho peligro. Teté le avisó al doctor que Eugenia iba a parir un zombi y
que el ―Baron Samedi‖ estaba presente en la habitación y llevaría al niño. El doctor
sabía que esta entidad era representativa del Diablo de los católicos, y dijo ―¡Qué idea
tan grotesca! ¡No veo a ningún barón!‖ (p. 106), a lo que Teté le contestó: ―El barón no
se muestra ante quienes no lo respetan‖ (p.106). Luego comprendió que era verdad
pues Eugenia estaba muy agitada, y terminó por llamar a Tante Rose, lo que había sidoprohibido por Valmorain, que creía que una licencia de médico con un sello real valía
más que la experiencia.
Lo que pasó fue increíble desde el punto de vista del doctor Parmentier, que
solamente veía la parte que correspondía a Tante Rose, mientras Teté vía todo. Tante
Rose acendió un cigarro y lo agitó, saludó a los espíritus, hizo un altar con los objetos
que había traído en su bolsa, y negoció con el Baron. ―Discutían, se enojaban, se reían,
ella fumaba el cigarro y soplaba el humo, que él se tragaba a bocanadas‖ (p.108). Al
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final, hicieron un acuerdo y el Baron se fue, luego nació el niño. ―El doctor escribía
deprisa en su cuaderno‖ (p.108).
Al pasar por todas estas etapas, Teté percibe que sus loas estarán
presentes hasta el final de su vida, y aunque los blancos insistieran a que aceptara los
dioses católicos, ella seguiría creyendo en sus orichas, que además de la religión
también eran buscados en la medicina, pues, para los africanos, la vida y la salud
pertenecen a los loas, que orientan la vida desde el nacimiento hasta la muerte.
La representación de la transculturación en el continente americano: una nueva
forma de pensar
Tras reflexionar sobre teorías y tesis que emergen en el contexto de las
Américas, se constata que la Historia tradicional no puede ser considerada como la
única fuente de información de los hechos y, de esta manera, surgen las novelas
históricas para hacer una reflexión crítica sobre los temas abordados.
Para Bolaños, ―la historia oficial, consagrada por la razón totalizante, se ha
quebrado. Se abre paso la búsqueda de otra historia, desmistificada, desacralizada,
despojada de las aureolas nada sagradas del poder‖ (2002, p.18). Se identificó, por lo
tanto, el intento de la autora Isabel Allende en desconstruir la concepción de história
tradicional en su novela, en la medida en que (re)cuenta una otra historia, no
utilizándose apenas de la temática negra (el negro como objeto) sino retratando el
negro como agente activo en este nueva realidad. En este aspecto, se clasifica el
discurso empleado por la autora como rizomático, en la medida en que no cierra a
ninguna identidad excludente: se abren los discursos silenciados (mujer/negra). Al
aceptar la participación del otro y el respeto por su diferencia (relaciones de Teté -
padre Antoine / doctor Parmentier – Tante Rose), hay un privilegio de cambios
culturales entre europeos y africanos en un espacio en situación de encuentro o
confronto (Maurice Valmorain y las ideas abolicionistas / Prosper Cambray y la
esclavitud), demostrando la heterogeneidad de la cultura americana. La autora escribe
una obra en lengua española, pero se deja contaminar por el lenguaje popular africano
(loas, mambo, tignos, Erzuli, Ogun, Baron Samedi, etc.) y también, por Saint-Domingue
haber sido una colonia francesa, por la lengua francesa (père, château, créoles, grands
blancs, cocotte, etc.). El concepto de transculturación se aplica a través de un
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pensamiento orgánico, donde conllevan diferentes ideologías, creencias y valores, con
combinaciones imprevisibles, variables de una cultura a otra.
Para Laroche (2005), el continente americano, por todos aquellos que
vinieron desde el 1492, solo podría ser una tierra de maravillas, pues todos siempre le
exigieron que rellenara una expectativa: la transformación de sus destinos. Todos solo
podrían esperar que su suerte mejorara cuando llegaran al Nuevo Mundo. Las crónicas
de los descubridores españoles están llenas de descripciones de regiones
maravillosas, pero, infelizmente, no hay relatos de los pasajeros de los barcos
negreros. Sin embargo, sus cantos, por la nostalgia y por los sueños que traducen,
indican cuál sería su deseo más profundo, lo que se unía al deseo de sus verdugos, de
manera que verdugos y víctimas se encontraban – aunque de manera antagonista –
soñando con lo mismo.
La autora hace una relectura de la historia bajo el punto de vista de los
subalternos, valorizando la oralidad y la visión mítica de los hechos. Al revelar el saber
intuitivo presente en los mitos y en los rituales religiosos de las comunidades negras,
ella adopta la perspectiva de lo real maravilloso americano, salientando que los
discursos antes silenciados también contienen sabiduría, principalmente del
conocimiento de la vida cotidiana. Los negros se metamorfosean al incorporar los
espíritus de los ancestrales, transformándose en hechiceros capaces de utilizar plantas
para curar o matar, estando, muchas veces, la vida de los blancos en sus manos.
La novela La isla bajo el mar ejerce un papel conscientizador y crítico en que
el lector, delante de diversas posiciones, puede analizar, creer y asumir, a partir de las
diferencias, su propia postura en relación a los hechos históricos y a los mitos de la
comunidad africana. En este trabajo la identidad, un proceso que integra lo múltiple y lo
diverso, se conforma como componente imprescindible en la formación cultural de las
Américas, y sus literaturas, transculturadas, representativas de una nueva forma demirar al Nuevo Mundo.
Nota
1 Graduada e Mestre em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), especialista em ensino de
língua e literatura espanhola pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), docente e
coordenadora de estágios, escalas de serviço e trabalhos de conclusão de curso do Curso Superior de Tecnologia
em Hotelaria da Faculdade de Tecnologia Senac/RS. Contato: [email protected].
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2 Término utilizado por Walter Mignolo pues, para el autor, el término ―postcolonial‖ no se aplicaría en el continente
americano porque seguimos en situación de dependencia económica de los EE.UU., siendo, todavía, ‗colonizados‘
por este país (MIGNOLO, Walter. Histórias locais/ Projetos globais: colonialidade, saberes subalternos e
pensamento liminar. Tradução de Solange Ribeiro de Oliveira. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2003).
3 Los cambios ocurridos en la escritura y en la historia en estas dos décadas forman parte de una tendencia más
antigua, pues ya en el 1912 el estudioso norteamericano Jamer Harvey Robinson había publicado un libro con el
título ―A nova história‖ (ROBINSON, The New History, Nueva York, 1912), donde hizo la diferenciación entre Historia
(que incluía todos los rasgos y vestígios de todo lo que el hombre hizo y pensó desde su aparecimiento sobre la
Tierra) y la Nueva historia (que serían las descubiertas que están siendo hechas sobre la humanidad por los
antropólogos, economistas, psicólogos y sociólogos). Esta perspectiva interdisciplinar de relatar la historia
(priorizando las tendencias a los ocurridos) ya habría aparecido en documentos en el año de 1860, al haber la
descripción de la historia cultural de algunos pueblos (SILVA, 2005).
4 Las próximas referiencias a la obra analizada serán hechas solamente a través de las páginas para evitar la
repetición.
5 BOUCHARD, Gérard. Une définition du mythe (version modifieé et mise à jour en septembre 2005 – Doc. de
Recherche 1 – E – 13).
REFERENCIAL
Corpus
ALLENDE, Isabel. La isla bajo el mar . Buenos Aires: Sudamericana, 2010.
Teórico-crítica
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______ Verbete: Negro (contexto latino-americano). In: BERND, Zilá. Dicionário de Figuras e Mitos
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DIVERSIDADE LINGUÍSTICA EM RORAIMA
Luzileide Correa Lima (UFRJ-UFRR)1 Prof. Dr. Pierre François Georges Guisan (UFRJ)2
Prof. Dr. Elder José Lanes (UFRR)3
Roraima faz fronteira com dois países, existindo assim em seu território habitantes brasileiros eestrangeiros. Além do português, os brasileiros falam pelo menos 12 línguas indígenas, oriundas dasfamílias linguísticas Aruak, Karib e Yanomami, tendo contato também com o espanhol da Venezuela e ocrioulo da Guiana. Neste artigo, serão abordadas características linguísticas dessas últimas línguas, asquais os habitantes brasileiros do estado têm contato. Os conceitos de variação linguística, crioulo eextinção de línguas são abordados com a finalidade de melhor entender essas línguas. Brevementecontextualiza-se o estado e os países fronteiriços, demonstrando essa situação de diversidade linguística.
Palavras-chave: Estado de Roraima. Línguas. Multilinguismo.
Diversidade Linguística em Roraima
Roraima localiza-se no noroeste da Região Norte da República Federativa
do Brasil, faz fronteira com a República Bolivariana de Venezuela em seu norte e
noroeste, e a seu leste com a República Cooperativa da Guiana, e com dois estados
brasileiros ao oeste e sul, o Estado do Amazonas e ao sudeste o Estado do Pará. O
nome do estado de Roraima origina-se das palavras roro ou rora, que significa verde, eímã, que quer dizer serra, monte, na língua indígena macuxi, formando ―serra ou monte
verde‖, que reflete o tipo de paisagem natural encontrada na região. Para os índios
Pemon e Taurepang significa ―Mãe dos Ventos‖. Em sua área de 225.116,1 km²
habitam 395 mil habitantes atualmente, dentre brasileiros e estrangeiros. (SEPLAN-RR,
2009)
Roraima é um estado com população miscigenada e com diversas línguas
aqui sendo faladas. É possível encontrar no estado falantes de espanhol, comovenezuelanos, peruanos, colombianos, cubanos, e falantes de inglês, como é o caso
dos guianenses. Além dos estrangeiros, dentre os brasileiros, temos indígenas, que,
além de falarem a língua de sua etnia, em muitos casos, falam também o português. As
línguas indígenas de Roraima que pertencem a três famílias linguísticas: Aruak, Caribe
(Karib)4 e Yanomami. (op. cit.) A diversidade linguística no Estado de Roraima é
notória, constituindo-se num campo linguístico que merece consideração.
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República Bolivariana da Venezuela e sua variação de Espanhol
A Venezuela, oficialmente República Bolivariana da Venezuela (em
espanhol: República Bolivariana de Venezuela), faz fronteiras com a Guiana a leste,
com o Brasil ao sul e com a Colômbia a o oeste. Os países Trinidad e Tobago,
Granada, St. Lucia, Barbados, Curaçao, Bonaire, Aruba e São Vicente e Granadinas
estão ao norte, ao largo da costa venezuelana.
O rio Negro, no Brasil, se constituiu numa das províncias de mais antiga
ocupação europeia na Amazônia. Pela descrição de Curt Nimuendaju (1950), quatro
conglomerados indígenas aí podiam ser percebidos nos cruzamentos de europeus com
índias; os remanescentes de tribos de língua Aruak; as tribos de língua Tukano e o
quarto grupo de povos de línguas alófilas, todos de cultura muito rudimentar, logodominado culturalmente pelos Aruak e Tukano (RIBEIRO, 1996). No Pico da Neblina, o
mais alto ponto em altitude da Amazônia brasileira, fora os Andes, a cerca de 3 mil
metros de altura, se encontram os Yanomami que ocupam parte dos territórios
venezuelano e brasileiro espraiando-se ainda até as serras do Parima, na Venezuela, e
Pacaraima, no Brasil.
A este complexo e heterogêneo povoamento na Venezuela se somaram
ainda etnias negras procedentes da África e mais recentemente cerca de 2000colombianos e comunidades do Oriente Médio, principalmente libaneses. A este
conjunto se reúnem cerca de 600 mil estrangeiros residentes fazendo da capital
Caracas uma cidade bastante cosmopolita e do povo venezuelano, um conjunto rico de
matizes geográficas que incluem ao mesmo tempo sua condição sul-americana,
caribenha, amazônica, andina, atlântica e llanera.
A língua espanhola ou castelhana, disseminada por um domínio geográfico
de grande extensão e sujeita às circunstâncias da história de cada região, manifesta-se
por meio de diferentes variedades dialetais ou geoletais. Para Corder (1973), o
conceito de variedade linguística inclui línguas, dialetos, socioletos, registros, estilos e
outros tipos de variedades específicas, e encontra-se nos planos estabelecidos pelo
autor que afetam o ensino de línguas.
A variação linguística, conforme abordado por Moreno Fernández (2010),
consiste na alternância e multivocidade dos elementos que cumprem as funções,
respondem à mesma intenção comunicativa ou ocupam os mesmos espaços
linguísticos, em qualquer dos níveis que conformam a língua.
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De acordo com Moreno Fernández (2010), o espanhol falado nas Américas
não é uma variedade da língua espanhola, mas sim um conjunto de variedades
diferentes entre si e com uma personalidade bem marcada. A diversidade induz a
caracterizar as principais zonas dialetais americanas: o Caribe, México e América
Central, área andina (Colômbia, Equador, Peru e Bolívia), área austral (Argentina,
Paraguai e Uruguai) e Chile, segundo Moreno Fernández (2010).
O espanhol chegou à Venezuela com a conquista espanhola desde os
primeiros anos do século XVI. A maioria dos espanhóis eram originários das regiões de
Andalucía e de Extremadura trazendo consigo esse acento e modalidade. Outro grupo
chegou das Ilhas Canárias, muito distante da Península Ibérica, e, portanto se
caracterizava por importantes diferenças dialetais. A fala dessas regiões é a base do
espanhol falado na Venezuela.
A diversidade de línguas ameríndias, algumas extintas e outras em uso, tem
sido fator de relativa diferença no espanhol americano. Os itens lexicais de origem
indígena que se documentam no espanhol geral são numerosos, embora as línguas de
onde procedam tenham desaparecido. O linguista Omar González Ñáñez (2008), da
Universidad de los Andes, tem estudado as características linguísticas do espanhol em
contato com as línguas ameríndias da Venezuela, no campo fonético e fonológico,
morfossintático e léxico, além de contextualizar sociolinguisticamente essas influências.
O espanhol caribenho, onde se insere o espanhol da Venezuela, mostra
algumas características compartilhadas com o conjunto da América hispânica, como o
seseo, em sua maior parte realizado mediante o ―s‖ pré -dorsal, onde o ápice da língua
aponta até os incisivos inferiores. Adicione-se ainda o yeísmo, com uma pronúncia
palatal média, a mais generalizada por todo o mundo hispânico. Encontram-se também
outros traços característicos, mas não exclusivos, do Caribe: a aspiração faríngea de
jota ([´ka.ha] ‗caja‘]), a tendência de pronunciar como velares as nasais finais, como em´pãŋ ‗pan‘, ou o enfraquecimento de /d/ entre vogais (níu ‗nido‘; deo ‗dedo‘; lo ‗lodo‘;
maúro ‗maduro‘). (MORENO FERNÁNDEZ, 2010). (1996) explica que seseo é a
neutralização do fonema interdental /Ɵ/ pelo fonema /S/, e o yeísmo é, considerando
todas as possibilidades de variações regionais deste som, a neutralização do fonema
/ʎ/ pelo fonema /j/, / ɟ/, /ʒ/ ou / ʃ /.
Por outro lado, umas das características melhor percebidas das falas
caribenhas é o enfraquecimento das consoantes que aparecem em posição final de
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sílaba, depois do núcleo vocálico, e assim, essa característica alcança resultados
fônicos que não se encontram em outras variedades do espanhol americano. O
enfraquecimento final ou pós-nuclear alcança a todas as consoantes, com resultados
de trocas de articulação, assimilação e perdas. Por isso, fala-se de forma generalizada
em aspirações de ―s‖ ou perdas consonantais absolutas, predominantes, como em
Santo Domingo e Santiago de los Caballeros (República Dominicana) ou em Mérida
(Venezuela) e no Panamá. (op. cit.)
Nota-se no Caribe também a oposição entre /ɾ / e /l/ porque se manifesta de
formas diversas e porque algumas soluções predominam em umas ilhas e outras em
ilhas diferentes, contribuindo para marcar as distâncias interiores no Caribe. A
neutralização das diferenças entra as duas consoantes líquidas pode se resolver em
duas direções: com um intercâmbio de traços distintivos e produzindo resultados
fônicos diferentes. (op. cit.)
No primeiro caso, trata-se das trocas de /l/ por /ɾ / (rotacismo: píer ‗piel‘) ou
de /ɾ / por /l/ (landacismo: palte ‗parte‘; hablal ‗hablar‘), também conhecidos na Espanha.
No segundo caso existem três possíveis soluções: a assimilação ou geminação
([kob.´ba.ta] ‗corbata‘), a vocalização de /ɾ / em /i/ (veide ‗verde‘; pueita ‗puerta‘; cueipo
‗cuerpo‘) ou a mais estranha retroflexão, que consiste em dobrar a coroa da língua até
atrás da boca, produzindo um som que não é nem / ɾ / nem /l/, que fica na metade do
caminho entre os dois e que produz som parecido a uma /d/, mas articulada nos
alvéolos superiores. Por outro lado, encontra-se predomínio de algumas destas
soluções em áreas geográficas distintas. Em todo o Caribe, insular e costeiro, é
possível encontrar os fenômenos da aspiração e da assimilação, inclusive nos usos
cultos, como é o caso da Venezuela. (op. cit.)
No plano gramatical é característica do espanhol caribenho a tendência de
manter a ordem de palavras SVO (sujeito-verbo-objeto) em todo tipo de construções. Assim, nasce a antecipação do sujeito na estrutura interrogativa (¿qué tu dices?;
¿cómo tú llegaste?; ¿a quién tú viste?) ou a antecipação do sujeito ao infinitivo,
inclusive quando o sujeito do infinitivo não coincide com o do verbo principal: yo lo
entendí al tú decirme eso; él trabajó para yo poder descansar . No Caribe existem
algumas porcentagens muito altas de uso expresso do pronome pessoal sujeito, que
poderiam ser explicadas também por essa tendência de manter a ordem SVO. (op. cit.)
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Vaquero (1996) fala da frequência do queísmo, que consiste em não utilizar
a preposição exigida pela norma na construção de orações de relativo, como em me di
cuenta que no tenía amigos, ao invés de me di cuenta de que..., a tendência de elidir a
preposição a antes do complemento direto de pessoa, o uso do perfeito composto
associado a valores semânticos de ambiguidade e imprecisão assim como a
imperfeitos e o uso generalizado do tuteo e do sistema de tratamento com ustedes para
a segunda pessoa do plural, sistema compartilhado também com o espanhol andaluz e
canário. Expressa também tendência ao uso do pronome pessoal sujeito: ¿tú te quedas
o tú te vas? (MORENO FERNÁNDEZ, 2010).
A República Cooperativa da Guiana e seu crioulo continuum
A Guiana, oficialmente República Cooperativa da Guiana (ex-colônia
britânica), juntamente com o Suriname (ex-Guiana Holandesa) e Guiana Francesa (que
é parte integrante da França e da União Europeia), formam uma região geopolítica
própria, as Guianas. Ali encontram-se formadas sociedades multiétnicas e
multiculturais, com uma ampla variedade étnica, linguística e religiosa. Ameríndios de
vários grupos, afro-descendentes assimilados nas plantações e cidades, ―negros da
floresta‖, indianos de várias origens de religião hindu e muçulmana, indonésios
javaneses muçulmanos, chineses e ingleses são os principais grupos. A Guiana é um
dos Estados mais novos e menos povoados da América do Sul e se caracteriza por
uma composição etnocultural extremamente complexa e diversa, por idiomas distintos
dos demais países sul-americanos. (VISENTINI, 2008)
A língua inglesa é uma língua germânica ocidental que se desenvolveu na
Inglaterra durante a era anglo-saxã. A etimologia da palavra "English" é uma derivação
da palavra Englisc ou Engle do inglês arcaico do século XII, forma plural Angles ("dos,
relativos a, ou característico da Inglaterra"). Tornou-se língua internacionalmente usada
como resultado da influência militar, econômica, científica, política e cultural do Império
Britânico. (ETHNOLOGUE, 2001)
A língua é usada como segunda língua e como língua oficial em oito países
e em muitas organizações internacionais, como, por exemplo, é uma das línguas
oficiais da Organização das Nações Unidas (ONU). O linguista Crystal (2005) calcula
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que os falantes não-nativos de inglês já superam o número de falantes nativos em uma
proporção de 3-1. O inglês falado na Guiana, que é tido pelos linguísticas como crioulo
continuum. O conceito de língua crioula nasce no final do século XIX. Seu uso
antecede a sua definição. (HALL JR, 1966)5
Pode-se mencionar ainda o contínuo crioulo (ou crioulo continuum), cuja
língua standard (padrão) é o acroleto, as variedades intermediárias são o mesoletos, e
por fim, o crioulo o basiletos. A palavra acroleto significa ―que fica no topo‖ , em grego.
A língua crioula existe ao lado de uma língua base. Como o estudo de caso desse
trabalho, o crioulo guianense vem de base inglesa. Na Guiana há do inglês acroleto ao
crioulo basoleto, na questão fonética. No entanto, nas salas de aula, se ensina o inglês
acroleto, o inglês standard (padrão). Observa-se assim que a população guianense
convive com diversidade linguística, perceptível no contato com eles.
Roraima e as línguas indígenas
Atualmente, o Estado de Roraima possui povos indígenas que preservam,
em maior ou menor grau, sua cultura e língua, nominadas com o mesmo nome do seu
povo, a saber: Macuxi, Ye‘kuana ou Maiongong, Taurepang ou Pemóng, Patamona,Sapará, Wai-Wai, Waimiri-Atroarí, Ingaricó – todos da família linguística Caribe,
Yanomami – família Yanomami; Wapixana – família Aruak.
No campo da variação linguística, temos o método comparativo, que tem
sido aplicado às línguas indígenas brasileiras, permitindo classificá-las em famílias e
troncos. A figura a seguir apresenta a classificação das línguas indígenas brasileiras
em troncos e famílias feita pelo professor Aryon Rodrigues (2002), onde observa-se as
línguas indígenas faladas em Roraima: Makuxi, Ye‘kuana ou Maiongong, Taurepang ou
Pemóng, Patamona, Sapará, Wai-Wai, Waimiri-Atroarí, Ingarikó –da família linguística
Caribe; Yanomami, Sanumá e Yanomama – família Yanomámi; Wapixana – família
Aruak.
Figura 01: Classificação das línguas indígenas brasileiras em troncos e
famílias
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Fonte: Autoria do professor Aryon Rodrigues, In: Maia, 2006, p. 171.
As línguas indígenas fazem parte do que se nomeia de línguas minoritárias.
Em sua chegada à Inglaterra em 1930, Gandhi foi perguntado por um jornalista o que
ele pensava da civilização moderna. Sua famosa resposta: ―Que poderia ser uma boa
ideia‖. Menos bem conhecido, talvez, é sua observação (feita por seu biógrafo, Louis
Fisher, em 1946) que ―civilização é para ser julgada pelo seu tratamento das minorias‖.
(EDWARDS, 2007, p. 451)
Kymlicka (1995) argumentou que alguns grupos requerem atenção extra
para a continuação de sua cultura; estes são tipicamente coletividades que têm sofrido
nas mãos de vizinhos mais poderosos, ou rivais, ou colonizadores. Ele sugere que
grupos indígenas têm afirmação mais forte em sua atenção do que têm as populações
imigrantes. Para falantes de grupos minoritários assuntos de língua e cultura são
frequentemente mais imediatas.
Muito frequentemente, embora com o status de minoritária, as línguas
indígenas têm as vantagens da terra natal ou terra do coração, o que é negado às
minorias de imigrantes. É imprescindível pensar na manutenção das línguas tidas como
minoritárias.
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A manutenção implica uma continuidade do meio oral comum e isto, por sua
vez, focaliza a importância da transmissão da língua doméstica ininterrupta de uma
geração a outra. Se esta transmissão é sustentada, então a língua se mantém – no
mesmo nível – é assegurada; se esta transmissão falha ou cessa, então a língua se
torna vulnerável e sua manutenção ameaçada (FISHMAN, 1990). A acomodação com
línguas ―maiores‖ a cada vez mais recomendada por si mesma conduz para ênfase
sobre o bilinguismo como uma solução em longo prazo para as línguas menores ou
ameaçadas.
De acordo com o Atlas de Línguas do Mundo em Perigo de
Desaparecimento (UNESCO/WURM, 2001), quase metade das cerca de 6.000 línguas
faladas hoje no mundo estaria destinada à extinção num futuro próximo. Outro estudo,
o Ethnologue: Languages of the World , feito por Grimes em 2000, indica que 96% das
línguas são faladas por 4% da população mundial e que apenas 4% das línguas são
faladas por 96% da população mundial, ou seja, 96% das línguas têm um número
extremamente reduzido de falantes, estando, por isso, ameaçadas de extinção.
Rodrigues (1993) avalia que se falava no Brasil, em 1500, quase 1.300
línguas diferentes, havendo mais de 1.100 sido extintas desde então, restando no
Brasil, apenas cerca de 180 línguas, faladas por uma população de 350.000 pessoas à
época, sendo hoje de 700 a 800.000 pessoas. Estas línguas, conforme avalia
Franchetto (2004), seriam todas minoritárias em perigo de extinção. Ribeiro (1983)
calcula que o extermínio de indivíduos pertencentes a diversos grupos indígenas no
Brasil atingiu uma proporção de 73,4% entre 1900 e 1967. Embora várias sociedades
indígenas no Brasil atual apresentem índices populacionais crescentes, tal recuperação
demográfica não é garantia de que as línguas faladas por esses povos serão mantidas.
Notas
1 Secretária Executiva pela Universidade Federal de Roraima. Mestranda em Letras Neolatinas pelaUniversidade Federal do Rio de Janeiro e Universidade Federal de Roraima (Minter UFRJ-UFRR).
2 Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Orientador.
3 Professor da Universidade Federal de Roraima (UFRR). Co-orientador.
4 As duas formas de se escrever, Caribe e Karib, são aceitáveis segundo Rodrigues (2002).
5 Para Hall Jr (1966), pidgin é uma língua de contato, que surge quando povos falantes de línguasmutuamente ininteligíveis entram em contato estreito, ou seja, quando têm necessidade de secomunicarem uns com os outros, como ocorreu durante a exploração do mundo pelos europeus. O
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pidgin é uma língua que tem sua gramática drasticamente reduzida, quando a tem, considerando suaformação que dificilmente leva em conta a morfologia, a sintaxe, e possui léxico bastante restrito. Se ocontato do grupo misto formado por colonizadores e colonizados começa a se consolidar e o pidginpassa a ser língua materna das crianças da nova comunidade, tem-se o crioulo. Logo, a língua crioula éum pidgin que foi adquirido como língua nativa da comunidade. Crioulização não é uma categorialinguística, mas sim um fenômeno histórico. Pode ser de natureza etnográfica, cultural. O crioulo ocorre
de modo rápido, nasce entre duas línguas muito diferentes. No entanto, apresentam estruturassemelhantes mesmo sendo de origens-bases diferentes. Para a crioulística, o estudo da formação etransformação das gramáticas das línguas crioulas é imprescindível. São empregados os conceitos depidginização, crioulização e descrioulização, segundo um processo que ficou conhecido como ―o ciclovital pidgin-crioulo‖. Assim, pode-se distinguir crioulo de pidgin pelo fato de que crioulo possui falantesnativos e o pidgin não. (HALL JR, 1962; HYMES, 1971).
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LITERATURA DE CORDEL: CONSTRUCCIÓN Y APROPIACIÓN DE UNALITERATURA NO OFICIAL EN LA CIUDAD DE SÃO PAULO Y SANTIAGO DE
CHILE.
Marcia de Mello Saravia (Universidad de Santiago de Chile)
La Literatura de Cordel en América Latina, genuinamente clasificada como literatura popular, ha sidooriginalmente importada desde Europa, pero se potencializó y se desarrolló a partir de los requerimientospropios de la cultura latinoamericana, haciéndose presente bajo una nueva forma, principalmente en losmedios urbanos de algunas ciudades latinoamericanas. Dentro de esta línea de pensamiento seencuadra el presente artículo que abordará el tema de la Literatura de Cordel su producción yapropiación de sus pliegos en la ciudad de São Paulo a principios y mediados del siglo XX y en la ciudadde Santiago a fines del siglo XIX y las primeras décadas del siglo XX. La Literatura de Cordel urbanasantiaguina y paulista hace una estrecha ligación entre los poetas populares urbanos, el público y laprensa, donde estos tres elementos se complementan, haciendo que la clase popular y los poetasreivindicasen su derecho a participar de la vida urbana. Para ello, los poetas, a través de su conciencia
social, hicieron de los pliegos populares una forma de literatura periodística que buscaba informar a supúblico acerca de todos los temas fundamentales para la clase popular de la época.
Palabras-claves: Literatura, Cordel, urbana, Santiago, SãoPaulo.
Introducción
Cuando se habla de la Literatura de Cordel en Brasil y en Chile, tenemos la
sensación de estar hablando de una producción literaria propia de estas culturas,
inseparable de su mundo popular, de su gente, de su rutina y de sus gustos, de su
sincronía, de su forma de vivir, o sea, estamos hablando de una producción que nadie
osa a decir que no forma parte de la cultura popular brasileña y chilena. Sin embargo,
nos engañamos al afirmar tal hipótesis, ya que la Literatura de Cordel ya era común en
las viejas calles de Europa a partir del siglo XVI. De este modo, nos queda la pregunta:
¿Cómo explicamos entonces la asociación de la Literatura de Cordel con la cultura
popular brasileña y chilena, a tal punto que la ellas realmente se asemejaron a ambas
culturas?
Para contestar a esta pregunta, debemos comprender que la llegada de la
Literatura de Cordel a estos países, hizo que esta literatura, genuinamente popular, se
hibridara, se reelaborara y se adaptara a la cultura y a la realidad de Brasil y de Chile,
haciendo que los temas fuesen desarrollados por los propios poetas brasileños y
chilenos a partir de la ―identidad nacional‖. A partir de esta adaptación de Literatura de
Cordel a la cultura popular brasileña y chilena, Barbero define a este fenómeno como
una adaptación y reconocimiento que no es pasivo sino que transforma, ya que la
gente proyecta y recrea mirándose desde una literatura que lo rebaja y encumbra, que
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cataliza sus carencias y su búsqueda de nuevas señas de identidad. (Barbero, 2003, p.
183) Fue a través de esta búsqueda, que la Literatura de Cordel tuvo su escritura
adaptada a la cultura popular brasileña y chilena, donde los poetas nacionales, a partir
de los pliegos importados desde Europa, desarrollaron una nueva Literatura de Cordel
y esta tomó su propio rumbo y se independizó de los temas europeos, asumiendo una
característica nacional con valores de la propia cultura brasileña y chilena.
El desarrollo de la Literatura de Cordel en Brasil y en Chile
La Literatura de Cordel en Brasil llegó con los colonizadores europeos y se
asentó primero en el Nordeste brasileño, lugar donde se transformó popularmente en
un instrumento del pensamiento colectivo popular, y fue bautizada de ―folhetos de feira‖,
―abecês‖, y ―arrecifes‖, folletos producidos en la ciudad de Recife, pero Ariano
Suassuna, aficionado estudioso brasileño que recrió la Literatura de Cordel, prefería el
nombre de ―Romanceiro Popular Nordestino‖. En Chile, la Literatura de Cordel, más
conocida como ―Lira Popular‖ o ―Décimas‖, llegó a este país a través de los
colonizadores españoles y desapareció por completo en los años 30. Según el
investigador más importante de la Literatura de Cordel en Chile, Rodolfo Lenz, la
poesía popular chilena tuvo su origen en la poesía ―de arte mayor‖ que fue cultivada
por la sociedad cortesana de España del siglo XIV y llegó a Chile con los caballeros de
la conquista y siguió fomentada por los guerreros, los empleados del rey y los clérigos
que llegaron mediados del siglo XVII a Chile. (Lenz, 1894, p. 29). La Lira Popular en un
comienzo fue cortesana, académica y reservada a las celebraciones oficiales de la
colonia; después fue adaptada por los poetas del pueblo, que la empezaron a cultivar
en las fiestas campesinas, novenas o velorios. La Literatura de Cordel brasileña y
chilena presentan una singular similitud en su desarrollo inicial como producción
literaria popular y de sus temas, en ambos países fueron producidos versos populares
llamados de:
Versos a lo humano que se referían al amor, al matrimonio, a la política, a la
guerra, al patriotismo etc. Versos a lo divino que se referían a temas religiosos,
filosóficos y mitológicos. Versos históricos que se referían a los temas de la edad media.
Sin embargo, el escritor e investigador popular brasileño Suassuna, ve a tales
divisiones como meras clasificaciones, ya que para él lo más importante es la división y
clasificación de la Literatura de Cordel marcada por la diferencia geográfica entre el
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campo y la ciudad. Y según el mismo Suassuna ―el Cordel compone un cuadro
histórico-social, donde el contexto, a través de la tensión existente entre poetas y
medio ambiente, es responsable por las nuevas divisiones de dicho género‖. (Luyten,
1992, p.54) A partir de estas conclusiones, Luyten elabora una clasificación relacionada
con el poeta y su contexto:
Poetas-agricultores, son aquellos que habitan en áreas rurales y se dedican
parcialmente a actividades de la agricultura, dividen su tiempo entre la poesía y la
agricultura. Las sequías, diluvios, eclipses y otros fenómenos que afectaban las
cosechas estaban presentes en sus versos populares. Poetas-urbanos se centran en
las grandes ciudades urbanas y sus principales temas son sobre los problemas
urbanos y la adaptación de los inmigrantes campesinos o nordestinos en el medio
urbano. Hay una gran frecuencia de temas relacionados a las noticias internacionales,
a los campeonatos deportivos y a la política. Estos poetas también versean temas
publicitarios o de propaganda política, folletos eróticos al lado de romances sin
ambientación. (Luyten, 1992, p. 50)
La llegada de la Literatura de Cordel en São Paulo y Santiago de Chile a través de
la inmigración
Con el desarrollo económico y urbano de la ciudad de São Paulo en Brasil y
Santiago de Chile, ambas ciudades fueron importantes ciudades en la recepción de
inmigrantes campesinos y nordestinos principalmente en el siglo XX. La llegada de la
inmigración nordestina a São Paulo fue la principal responsable por el crecimiento
urbano de la ciudad a partir del siglo XX, según Paiva, la participación de los
inmigrantes nordestinos en la ciudad en 1950 era de 27,8%, en 1974 de 49%, en 1982
de 56% y en 1997 ya alcanzaba un total de 46% de la población paulista, y su
población que en 1800 era de 170.000 habitantes, en 1925 ya había cuatro millones.
(Paiva, 2000, p. 131) Los millares de nordestinos que llegaron a São Paulo a partir de
1925, deberían huir del grave problema de sequía que afectaba su región e ir en
búsqueda de trabajo y atender a los intereses económicos de los grupos agrarios e
industriales de la ciudad (Ferreira, 2001, p. 23-27). Sin embargo, lo que más dejó
marcado la presencia de los nordestinos en la ciudad de São Paulo, fue los varios
prejuicios que éstos tuvieron que enfrentar. Desde su inicio, la recepción a los
nordestinos en São Paulo siempre fue marcada por la discriminación y el prejuicio,
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estigmatizados como ―baianos‖ o ―cabeça chata‖. Esta población, que sería cada vez
más estigmatizada como grupo social, sufrió discriminación hacia sus formas de vida y
de cultura así mismo fue aislada de la cultura oficial.
La ciudad de Santiago de Chile tuvo su desarrollo muy posterior a la ciudad
de São Paulo y una forma de vida bastante menos agitada, la ciudad santiaguina a
fines del siglo XIX fue una gran protagonista en el mundo de la Lira Popular urbana. A
fines del siglo XIX, Santiago aún no contaba con electricidad, con grandes industrias y
tampoco con una gran población. La ciudad más bien seguía un estilo de vida bastante
provinciano y tranquilo, donde aún podía verse un estilo de vida campesino en la
mayoría de los sectores de la ciudad. Pero, a pesar de este proceso de modernización
tardía, en la segunda mitad del siglo XIX hubo profundos cambios económicos y
sociales al interior del país, haciendo que la capital santiaguina se transformase en un
gran atractivo económico y laboral para aquellos que habitaban en las regiones
campesinas de Chile y que estaban motivados por tener una mejor condición de vida.
Los inmigrantes que llegaron a la capital subsistieron en gran medida por empleos
informales y no calificados y se instalaron en habitaciones populares conocidos como
―cuartos redondos‖, ―ranchos‖ y sobretodo en los ―conventillos‖1 que muchas veces
eran desprovistos de servicios básicos y estaban en precarias condiciones materiales,
por lo que estas condiciones de vivienda, seguridad y salud eran deplorables. Los
campesinos que llegaron a la ciudad de Santiago, y que fueron apodados
peyorativamente de ―rotos‖, no fueron bien recibidos por la sociedad santiaguina,
principalmente por el intendente Benjamín Vicuña Mackenna, quien indicó que en
realidad en Santiago convivían dos ciudades: ―la propia, opulenta y cristiana‖ y la otra
ciudad ―bárbara‖ que invadía ―en la culta capital de Chile‖. (Garrido,1995, p.46)
Los grupos tradicionales de São Paulo y Santiago veían como surgía la
clase popular, como ésta se hacía una imagen inseparable de la ciudad y comocobraba su derecho a mejores condiciones sociales, transformándose en un grupo
social combativo, disconforme y capaz de expresar su rebeldía. La clase popular
reaccionaba en contra del sistema y de su patrón de diversas formas, desde su forma
individual de vivir en la ciudad hasta la lucha de muchos de sus integrantes que
intervenían en la vida política del país, anunciando la revolución social, proclamaban
huelgas y demostraban su organización de lucha. Tal como menciona Romero:
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―…de pronto, pareció que había mucho más gente, que se movía más, quegritaba más, que tenía más iniciativa; más gente que abandonaba la pasividady demostraba que estaba dispuesta a participar como fuera en la vida colectiva‖.(Romero, 1976, p. 319)
La inserción de la Literatura de Cordel en el medio urbano y su función
periodística
A partir de la inmigración campesina a Santiago y la inmigración nordestina a
São Paulo, la Literatura de Cordel se instauró en ambas ciudades junto a sus poetas
que provenían de estas regiones. Una vez ya instalados en la ciudad, los poetas
populares empezaron a hablar desde su propia experiencia en la ciudad y de su
dificultad económica y social en ella. Los primeros poetas que llegaron a la metrópolis
paulista formaron la primera generación de poetas populares y éstos buscaban retratar en sus folletines la nostalgia de su tierra y su adaptación en la ciudad. Pero no
solamente se preocupaban de su situación personal, los poetas también empezaron a
preocuparse por informar a la clase popular que vivía o pretendía vivir en la ciudad de
todo lo que sucedía en ellas. Fue de este modo, que la Literatura de Cordel buscó en la
ciudad más que ser apenas una producción literaria, sino ser un medio de
comunicación que debería informar y guiar la clase popular en su adaptación al medio
urbano. Así nacieron los folletines noticiosos, donde los poetas populares pudieron
apropiarse del género noticioso y se transformaron en importantes líderes de opinión
para la clase popular y al mismo tiempo dieron una nueva identidad para la Literatura
de Cordel santiaguina y paulista, tal como afirma Marcela Orellana ―los poetas
populares urbanos ya no pretendían ser la memoria de su comunidad oral, sino dar
cuenta de las noticias, y es esta nueva idea fue la que rigió su producción poética‖ .
(Orellana, 2005, p.74)
Los poetas paulistas y santiaguinos hicieron de los métodos de la escritura
periodística su técnica poética, dando a la vez, una función utilitaria a sus pliegues que
se volvieron los únicos medios de comunicación confiable para la clase popular. El
poeta santiaguino Adolfo Reyes también utilizó el género periodístico en sus pliegos
para informar a su público, es lo que podemos ver en su poema ―Gran Alarma‖ donde
él se dirige a su público como ―los mecánicos lectores‖, donde el poeta les informa
sobre la huelga.
La huelga de los mecánicos
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En la maestranza
Los mecánicos lectores
En huelga se han declarado
Aunque no del resultado
Les daré los pormenores
A dos mil trabajadores
Pues el número ya alcanza,
Los soldados sin tardanza
Estuvieron muy atentos,
Y veinticinco mas por ciento
Piden los de la Maestranza.
El género periodístico también estuvo muy presente en la Literatura de
Cordel de São Paulo, donde el poeta paulista Patativa de Assaré, en su poema
―Problemas da migração‖, identifica su público como ―lector‖ y le informa sobre la
situación de aquellos nordestinos que llegan a la ciudad de São Paulo.
Leitor, veja o grande azar
do nordestino emigrante
que anda atrás de melhorar
da sua terra distante
nos centros desconhecidos
depressa vê corrompidos
os seus filhos inocentes
na populosa cidade
de tanta imoralidadee costumes diferentes.
Los poetas populares auto se reconocían como poetas periodistas y a sus
pliegos como un medio noticioso propio de la clase, y a la diferencia de la prensa oficial,
los poetas populares salían a buscar a sus lectores en la calle (Barbero, 1987, p. 39),
los vendedores de pliegos, conocidos en Santiago como ―verseros‖ o también
―suplementeros‖, se instalaban generalmente en las ferias públicas, en los suburbios,
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en los ferrocarriles, en los ómnibus, o en el Mercado Central situado entre la calle del
Puente y la calle 21 de Mayo, y a orillas del Mapocho. En São Paulo se centraban en la
Praça da Republica, local donde más se reunían los nordestinos. Aunque sin una
educación formal, los poetas conseguían atraer a su público a través de su creatividad
teatral y persuasión, ellos declamaban cantaban o comentaban episodios de las
historia utilizando su voz, sus gestos, la sonrisa y las lágrimas, y cuando llegaba al
clímax de la historia, el poeta dejaba de narrar, diciendo a su público que quien
quisiese saber el fin, podrían comprar sus folletos.2
Los temas desarrollados por los poetas urbanos
La temática de la Literatura de Cordel de São Paulo y la Lira Popular de
Santiago estaba completamente instalada en los conflictos y tensiones de la integración
social de la clase popular en el medio urbano, muchos de los poetas populares
asumieron una postura de un líder que aconsejaba a la clase popular de cómo
sobrevivir en la ciudad. Pero no se trataba, en ningún caso, de un discurso
revolucionario o de transformaciones radicales, sino más bien adquiriera la posición de
un proto-discurso de lucha de clases, donde la mayor parte de las criticas estaban
orientadas hacía la gestión de los gobernantes, donde los poetas reivindicaban justicia
a las autoridades, apelando por la bondad del poder. Era común encontrar en los
pliegos paulistas y santiaguinos, versos que trataban de la tensión existente entre la
cultura popular y la cultura dominante. Tal conflicto fue muy abordado por las hojas
sueltas, por e jemplo, el pliego brasileño ―La diferencia del pobre para el rico‖, donde el
poeta Rodrigues, trata de la diferencia la vida del pobre y la del rico en la ciudad.
Aunque por un lado había poetas que se dedicaban a publicar temas relacionados con
los problemas sociales de la clase popular urbana, había otros que se dedicaron a
temas relacionados al deporte, principalmente al fútbol, y otros, principalmente la Lira
Popular santiaguina, donde sus poetas se dedicaban a escribir temas relacionados a
una tragedia, un asesinato atroz, un accidente, un fusilamiento de algún criminal y otros
asuntos sensacionales.
Distinto a los poetas populares campesinos y nordestitos de esta época, los
poetas populares urbanos eran personas instruidas que, para producir sus versos
populares, pesquisaban los periódicos, revistas, libros didácticos, antologías, romances
y enciclopedias. Y con la proliferación de los medios de comunicación, muchas
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informaciones también provenían de la radio. La consulta constante a diccionarios era
otra fuente de perfeccionamiento del lenguaje, favorecía y ampliaba las alternativas
para las rimas. Es lo que nos demuestra uno de los poetas más importantes de São
Paulo, Franklin Machado, que en su poema ―O doutor fez em cordel o que cordel fez
em doutor ‖, donde el poeta dice que la Literatura de Cordel ya no puede parar en el
tiempo y que la poesía paulista no debe ser del Nordeste, incluso que esta misma
también ha evolucionado, pero al fin de su poema, Franklin no deja de recordar la
importancia de los antiguos poetas nordestinos.
Conclusión
Vemos que la apropiación de la Literatura de Cordel en São Paulo y en
Santiago de Chile, tuvo un similar desarrollo, resultando en similares temáticas
desarrollas por los poetas populares que se encontraban relacionados con el medio
urbano. El primer punto de partida que iguala a ambas es que ellas poseían una lira
que constituía un corpus que obliga a pensar lo popular no como algo limitado al
pasado rural, sino como un sistema abierto y dialógico, relacionado con el proceso de
modernización y la propia complejidad de lo urbano. Sin embargo, la Literatura de
Cordel urbana paulista y santiaguina registró en sus pliegos la ambigüedad de la vida
urbana de estas ciudades, que por un lado prometían un mejor porvenir para la clase
popular, y por otro lado, les negaba el acceso a los beneficios económicos y sociales.
De este modo, la Literatura de Cordel en ambas ciudades reivindicaron el derecho a
estos espacios urbanos a través de sus folletines.
La lira paulista y santiaguina fue mucho más que un género literario, sino
una expresión de dichos espacios urbanos y funcionó, en ciertos aspectos, como un
―medio informativo‖ para los sectores populares, donde se instala una ―lucha popular‖ y
una elaboración propia de la condición de vida de la clase popular y su interacción
conflictiva con los sectores hegemónicos. De este modo, la lira urbana paulista y
santiaguina se insertó completamente en los conflictos y tensiones entre la clase
popular y la clase dominante y los movimientos populares en estas ciudades. Así, se
constatan estrechas relaciones entre la lira popular y la prensa de la época. Pero, por
otro lado, también se levanta una relación conflictiva con dicho campo, en la medida en
que su discurso poético se plantea en disputa.
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La voz crítica de los poetas populares se dirige contra la oligarquía que
maneja los marcos de participación política, la economía y la realidad social, muchas
veces identificados como ―los ricos‖. Tal discurso de constatación y denuncia se torna
más específico en algunos poetas al asumir la forma de una demanda por potenciar la
organización y conciencia de la clase popular, pero no se trata de un discurso
revolucionario o de transformaciones radicales, al contrario, toma más bien la posición
de un proto-discurso de lucha de clases. Pese al discurso partidista militante de
algunos poetas, la alternativa política generalmente era conceptualizada como la
necesidad de una forma de gobierno ―dentro del sistema‖ que acogiera las peticiones
de protección o mayor equidad social.
Por otra parte, se constata otra posición dentro de la Literatura de Cordel,
donde la voz poética intenta establecer distancia con sus pares sociales, el hablante no
se identifica con el ―pillo‖, el ―vago‖, el ―ocioso‖, la ―chusquisa‖ o el ―roto borracho‖, sino
se posiciona apelando a los principios valóricos que lo diferencian de ese ―bajo mundo‖.
Se aprecia, entonces, que las relaciones al interior de la clase o grupo social ―pobre‖,
lejos de ser armónicas, se dibujan en constante conflicto y aparecen muchas veces
como antagonistas, en abierta oposición a una visión y nostálgica de las clases
populares como fundamentalmente un mundo popular solidario.
De la misma forma, en cuanto al carácter social de la figura del lector, la lira
popular resulta una demostración de que la producción de textos genera no sólo
objetos sino también relaciones con ellos. Una de las consecuencias de este diálogo
resulta en la generación de nuevos versos, ya portadores de estas recepciones. Una
clara muestra de cómo la lectura interviene en la creación, son aquellos poemas en los
que se evidencia la conciencia de los poetas de ser leídos por su público. Pero lo más
importante como conclusión de esta investigación es que pudimos estar ante a un
género literario que fue capaz de crear un espacio discursivo que reposiciona lotradición en el nuevo escenario cultural, haciendo que los poetas, tanto paulistas como
santiaguinos, transitasen entre lo tradicional y lo moderno. Y los versos populares, más
que denunciar las miserables condiciones de vida de los grupos que representaban,
también buscaban expresar el alma del pueblo a través de su ingenuidad, humor,
sensibilidad y vitalidad literaria.
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Notas
1 Construcción más representativa de la clase popular a finales del siglo XIX destinada al arrendamientopor piezas o por secciones.
2
Cavalcanti Proença, Ivan: A Ideologia do Cordel . Rio de Janeiro: Editora Brasília, 1977.
Bibliografia
Cavalcanti Proença, Ivan: A Ideologia do Cordel. Rio de Janeiro: Editora Brasília,1977.
Garrido, Mabel: Del rancho al conventillo. El problema habitacional de los sectorespopulares en Santiago de Chile 1860-1920: una primera aproximación Tesis paraoptar el grado de licenciatura en Historia: PUC-Santiago 1995.
L. A. Ferreira, Ângela: Os “Indesejáveis” na cidade: As reprentacoes do Retirante
da Seca. Revista electrónica de Geografia y Ciencias Sociales. Migración yCambio Social. (Universidad de Barcelona), n° 94 (2001). 23-27
Lenz, Rodolfo: Sobre la poesía popular impresa. Una contribución al folkore chileno,Imp. Universitaria. Santiago, 1894. En: Anales de la Universidad de Chile. Vol. CXLIII.Rev. Folklore. T. VI. Santiago, 1919.
Luyten, Joseph M: A not ic ia na Literatura de Cordel. São Paulo: Ed. Estação daLiberdade, 1992.
Martín Barbero, Jesús: De los medios a las mediaciones. Comunicación, cultura y
hegemonía. 5ª Edición, 1ª Reimpresión. Bogotá: Editorial del Convenio Andrés Bello,2003.
Orellana, Marcela: Lira Popular. Pueblo, poesía y ciudad en Chile (1860-1976).Santiago: Ed. Universidad de Santiago, 2005.
PAIVA, Odair da Cruz: Caminhos cruzados. A migração para São Paulo e osdilemas da construção do Brasil moderno nos anos 1930/50 . Tese dedoutoramento. São Paulo: Departamento de História FFLCH –USP, 2000.
Romero, José Luis: Latinoaméric a: las c iud ades y las ideas . Argentina: Ed. SigloVeintiuno, 1976.
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EL PERSONAJE FEMENINO EN LA LITERATURA HISPANOAMERICANA APARTIR DE LA VISIÓN DE LA ESCRITORA LAURA ESQUIVEL
Maria Cícera de Souza (UERR)[email protected]
Maria Rita Lopes de Souza (UERR)[email protected]
Profa. Orientadora Iris Anita Fabián Ramírez (UERR)[email protected]
Este trabajo tiene como objetivo destacar las representaciones de la mujer en el ámbito social, político,histórico y cultural en la Literatura Hispanoamericana, tomando como referencia la obra literaria Comoagua para Chocolate (1989), de la escritora mexicana Laura Esquivel. El romance tiene como ambienteel México rural de finales de los años del siglo XIX y de inicios del siglo XX, inserida en el marco de laRevolución Mexicana. La literatura feminista comprometida con problemas de una sociedad a partir deuna historia real. Como toda obra feminista, se opone al patriarcado o régimen de autoridad familiar masculina es disfrazado delante de fuerzas como son: la autoridad que es encarnado por Mamá Elena yla rebeldía que es representada por Tita. El feminismo se ve reflejado en el rol que tiene la mujer en lasociedad, haciendo críticas hacia una sociedad marcada por costumbres y tradiciones históricas como lade conservar la soltería las hijas menores.
Palabras Clave: Literatura Hispanoamericana, mujer, personaje femenino
Introducción
En esta comunicación presentaremos a la mujer en la visón de la escritora
hispanoamericana Laura Esquivel utilizando para el analice su obra titulada ―Como
agua para chocolate‖. El objetivo principal de este artículo es llamar la atención para
una reflexión para la situación de la mujer del final del siglo XIX al inicio del siglo XXI.
Creemos ser muy interesante presentar la trayectoria de las conquistas
sociales de la mujer en la Literatura Hispanoamericana partiendo de una autoría
femenina, porque esta siente en la piel la lucha de la mujer para conquistar su espacio
y garantizar sus derechos en el mundo dominado por el poder masculino.
En esta perspectiva teórica de una voz femenina, jugamos ser fundamental
que tal reflexión sea echa a partir de la voz de una mujer, ya aprovechando sus textos
para mostrar un cambio en un contexto masculino y cultural centrado en la autoridad
paterna.
Ancoramos nuestro trabajo en la obra como Agua para Chocolate de
Esquivel porque en ella se puede identificar espacio de participación femenina a través
de la escrita en que la autora presenta el mundo exterior que rodea la mujer, bien como
revela sus anhelos, podemos afirmar que es una auto-representación. De esta forma,
más de lo que enfatizar la victimización de la mujer en los largos períodos de la historia
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de la sociedad hispanoamericana , nuestro trabajo prima por reconocer la resistencia
femenina a los preceptos sociales que es representada en el trama de Esquivel, a
través de Tita y Gertrudis.
Con el fin de tejer en las próximas líneas una breve exposición de esa visión
femenina de la situación de la mujer a lo largo del tiempo en que la sociedad fue
dominada por el poder patriarcal hasta la actualidad. Repartimos nuestra
comunicación en dos etapas distintas de la historia: La mujer al final del siglo XIX e
inicio del siglo XX y la mujer a lo largo del siglo XX e inicio del siglo XXI.
La mujer al final del siglo XIX e inicio del siglo XX
La obra de Laura Esquivel ―Como agua para chocolate‖ tiene como foco
principal el papel de la mujer en la Cultura Hispanoamericana , como ella era silenciada
por la tradición familiar de aquella época, que no le permitía participación en los
hechos sociales que eran de exclusividad masculina, incluso la representación de la
condición femenina de estos existe una distancia entre la vida real y la imagen de la
mujer presentada en la Literatura de autoría masculina que confronta lo real y lo
ficcional.
Cuanto a eso escuchemos lo que afirma Wolf:
… Se a mulher só existisse na ficção escrita pelos homens, poder -se-iaimagina-la como uma pessoa: muito versátil, heroica e mesquinha; admirável esórdida; infinitamente bela e medonha ao extremo; tão grande quanto o homeme até maior para alguns. Mas isso é a mulher na ficção. Na realidade, (...) elaera trancafiada, surrada e atirada pelo quarto. (WOLF, 1985, p. 56).
Estas observaciones apuntan para la importancia de buscarse una voz
femenina para la reconstitución de la historia de las mujeres, partiendo de sus propias
representaciones tanto del mundo exterior cuanto de si misma.
Se torna evidente que toda representación está inserida en un contexto
determinado, pues todas las personas están en cierta forma condicionadas a su medio,
a su período histórico y sus valores, mismo cuando toman posición contradictoria.
Esa delimitación espacial es bien clara en la obra de Laura Esquivel y se nos
presenta como un importante instrumento en el abordaje de la situación subalterna
femenina durante un largo período de tiempo, en la medida que nos ayuda a reconocer
el proceso de busca de una identidad en el ambiente exclusivamente masculino.
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Veamos como Esquivel presenta esa realidad con un breve análisis de los
personajes Tita y Gertrudis:
Tita, es la protagonista de la historia, desde pequeña fue criada por Nacha
una excelente cocinera. Hija de mamá Elena, hermana de Rosaura y Gertrudis. Ella
era muy sensible, romántica, sensual, sufrida, inocente, y muy sincera. Mujer
independiente, aunque sometida a las costumbres familiares. Por haber nacido última,
y por ser mujer, estaba condenada a permanecer soltera para cuidar de su madre.
Pedro Muzquiz acompanhado de su señor padre con la intención de pedir lamano de Tita. (…). Mamá Elena los recebió em la sala se comporto muyamable y les explicó la razón por la que Tita no se podía casar. (ESQUIVEL:1990, p. 18).
Tita decepcionada con la actitud de su mamá desfasaba los sentimientosamorosos que sentia por su primero y único amor (Pedro) y expresaba ese amor a los
otros a través de la comida que hacía en la cocina, como hizo en el día del
casamiento de Rosaura a través del bolo que los invitados al comieren empezaran a
tener un sentimiento nostálgico. Mira eso momento descrito por Esquivel:
Una inmensa nostalgia se adueñaba de todos los presentes en cuanto le dabael primero bocado al pastel. Inclusive Pedro, siempre tan propio, , hacía unesfuerzo tremendo para contener las lágrimas. Y mamá Elena que nin
cuando su murió había derramado una infeliz lágrima, llorabasilenciosamente. Y eso no fue todo, el llanto fue el primero síntoma de unaintoxicación rara que tenia algo que ver con una gran melancolía y frustraciónque presa de todos sus invitados y los hizo terminar en el patio, los curarles ybaños, añorando cada un el amor de su vida. (ESQUIVEL: 1990, p. 39).
Tita fue obligada aceptar la decisión de mamá Elena, al ofrecer Rosaura
para casarse con Pedro. Pero expresó todo su sentimiento a través del bolo que hizo
para el banquete, así todos que lo comerán, probaron también de los sentimientos de
Tita. Esa fue la forma de protestar las injusticias tradicional y patriarcal de la familia
con las hijas menores que eran obligadas a quedarse solteras para cuidar de su madreen la viejez.
Otra mujer de personalidad fuerte e que también no concordaba con la
autoridad de mamá Elena fue Gertrudis, su hija mayor. Ella quebró la tradición, cuando
comió la codornices con pétalas de rosas. Todos que comieran ese plato afrodisíaco
echo por Tita, empezarán a sentir un grande deseo sexual, y en Gertrudis fue más
fuerte, pues ella salió corriendo desnuda y fue raptada por un soldado en plena batalla,
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después, fue trabajar en un burdel, lo que hizo con que mamá Elena le considerase
como muerta por manchar el nombre de la familia.
Gertrudis trabajó poco tiempo en el bordel, pues luego se integró al ejército
como soldado en la Revolución Mexicana, con sus destaques en las batallas conquistó
un de los cargos más importante del ejército mexicano revolucionario, pasó a llamarse
Generala Gertrudis y vuelta al rancho comandando una tropa juntamente con su marido
general Juan Alejandrez, para mostrar a su mamá que tenía vencido en la vida. Pero
mamá Elena ya estaba muerta.
La historiografía de las mujeres echa en términos masculinos desconsideran
las actividades que las mujeres desempeñaran en los siglos pasados, pero Esquivel
propone una nueva visión de los acontecimientos, con una mirada desde la óptica
femenina y desde los valores que las mujeres determinan con un lenguaje
específicamente femenino.
A través de Gertrudis (la hermana de Tita) Esquivel habla dos parámetros
sociales que han establecido sobre la inclusión o exclusión de las mujeres dentro del
trama, esbozando el personaje como los casos excepcionales de mujeres notables
que ya aquella época transgreden reglas establecidas por un dominio de varones para
ser aceptadas y reconocidas como siendo tan capaces cuanto a ellos.
La mujer a lo largo del siglo XX e inicio del siglo XXI
Sin embargo, en el final del siglo XIX y a lo largo del siglo XX asistimos a la
entrada de la mujer en los varios ámbitos de la sociedad incluso en la Literatura, sobre
todo destacamos la segunda mitad del siglo XX, cuando en el mundo se está gastando
una serie de transformaciones social, económica e ideológicas, como por ejemplo la
incorporación de la mujer al ámbito público y los movimientos feministas en los años
sesenta con el intuito de crear una mayor conciencia ideológica a cerca del lugar que le
corresponde a la mujer en el mundo político, social y también en el plan estético. Como
ejemplo de esos cambios en la obra está Gertrudis:
Además de dos ladridos del Pulque se escuchaba el sonido provocado por galope de varios caballos. Todos los invitados ya estaban en casa. ¿Quiénpodría ser a estas horas? Tita dirigió rapidamente a la puerta... Hasta que seacercaron lo suficiente no pudo apreciar que quien venía al mando de la tropaera nada menos que su hermana Gertrudis. (ESQUIVEL: 1990, p. 154)
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Laura Esquivel enfoca a lo tema feminista por ser una tendencia de estilo de
la nueva narrativa que por tener estos trazos percibe la transformación social que
empezaba acontecer en la época, cuando algunas mujeres ya luchaban por sus
derechos individuales. Mismo el trama se pasando en inicio del siglo XX, esa obra es
reciente pues fue publicada por la primera vez en 1989, o sea en final de eso siglo.
No solamente en México, pero en todo el mundo se sabe que hay una
cultura machista y que esta define y reglamenta la conducta y las relaciones de los
sexos, pero en esta época en que se pasa el romance de Esquivel la mujer comenzaba
a participar activamente en la vida nacional buscando un cambio a los tradicionales
roles atribuidos a la mujer que eran: madre, ama de casa y cocinera.
Es notable que la autora reordena los espacios femeninos en que se
mueven para demonstrar como poco a poco las mujeres empezaban a incluir otros
roles en sus actividades, además de los tradicionales que les eran impuestos por la
sociedad dónde el patriarcado imperaba. Tita consigue poder sobre los demás a través
del paladar que es excitado por su comida. Gertrudis su hermana se uní a las fuerzas
revolucionarias villistas como generala.
La novela lleva sus personajes a ocupar lugares exclusivamente masculinos
para la época. Las heroínas de Esquivel reproducen una realidad concreta de la vida
femenina de este siglo, pues desde esta época ellas vienen alejándose de sus papeles
comunes y han ganado poder frente a los hombres que las rodean y no más aceptan la
cultura que concede privilegios a un sexo en detrimento del otro.
La obra Como agua para chocolate concede poder a las mujeres
produciendo un cambio e invirtiendo la jerarquía frente a la fuerza masculina. A Mamá
Elena quedó la responsabilidad de ordenar el rancho y criar sus hijas después de la
muerte de su marido:
Cuando los revolucionarios llegaron, encontraron la mamá Elena en la entradade la casa. Bajo las enaguas escondía su escopeta; a su lado estaban Rosálioe Guadalupe, su mirada se encontró con la del capitán que venía al mando yeste supo inmediatamente, por la dureza de esa mirada, que estaban entre unamujer de cuidado. (ESQUIVEL, 1990, p. 80).
En aquella época muchas mujeres como mamá Elena ya ocupaban el lugar
de jefe de familia, fuerte, decidida y con mucho coraje, mismo preservando las
costumbres tradicionales del poder patriarcal, era una mujer que estaba en el comando.
Hoy son muchas las que tienen que ser el jefe de la casa por muchos motivos.
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Tita supera las restricciones que su madre le había impuesto de tener algún
trato con Pedro, más allá de considerarlo el esposo de su hermana Rosaura. Gertrudis
traía en la sangre el don del mando así que en cuanto ingresó al ejército, rápidamente
empezó a escalar puestos en el poder hasta alcanzar el mejor.
Esta obra con una visión femenina retrata bien la mujer del siglo XX, que
dotadas de elementos masculinos lo cual les permite invadir espacios que les habían
sido vedados por ser puramente varoniles, pero sin alejarse de sus características
peculiares como la sensibilidad y la maestría en la cocina. Así Esquivel ataca los
códigos tradicionales parodiando las convenciones sociales. La revolución mexicana es
un marco perfecto para la contextualización de esta obra.
Sin embargo, con la rebeldía de Tita y Gertrudis contra su madre funciona
como metáfora de liberación, pues ya en esta época las mujeres buscaban deshacerse
del yugo que les era impuesto por el autoritarismo machista y patriarcal, muy bien
representado por Mamá Elena que no aceptaba objeciones a sus órdenes.
Consideraciones Finales
En el romance la autora demuestra que desde tiempos inmemoriales la
mujer pesaba las restricciones impuestas por su condición de mujer y ha intentado
cambiarla. (Pensemos en la costumbre de la hija menor, no poder casarse en la época
en que sucede el trama). Tita y Gertrudis luchaban por su libertad y representan las
mujeres que en el pasado lucharon y derribaron normas, que las mantenían lejas de
decisiones familiares y sociales.
Mamá Elena y Rosaura se conformaban con la orden dominante. Mismo
mamá Elena que era una figura castradora representante de una sociedad patriarcal
también era más una víctima de esta, pues a ella no fue permitido casarse con su
grande amor y la obligaron a casarse con otro hombre, pero esto no la controló y
transgredió las normas teniendo una hija con él, Gertrudis. Eso todo la hizo una
persona seca y dominadora.
En Rosaura tenemos a las mujeres que no perciben el dominio masculino y
no se sienten alejadas de la participación en la historia de la sociedad y aceptan
ocuparse del lugar que la orden patriarcal les impone como natural en la cultura. Es
sumisa, no lucha por sus derechos e intenta agradar a su madre y a su esposo. Sin
identidad busca repetir los gestos de su madre, pero no tiene la determinación que esta
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tenia. Ella baja a los preconceptos que sufre la mujer que los discursos masculinos
quieren hacer ama de casa, madre y nada más.
Esquivel muestra que cuando la mujer se apercibe de su capacidad de
participar en todos los ámbitos sociales es el primer paso para la quiebra de
paradigmas y estereotipos culturales contra ella. Su estilo innovador y provocador trae
a la escena experiencias de un grupo tradicionalmente excluido, a partir de una óptica
femenina, teniendo en un libro de recetas el hilo conductor de la historia con el objetivo
de deshacer los diversos mitos con relación a la identidad femenina.
Con las tres hijas de Mamá Elena, Esquivel consigue representar tres
respuestas diferentes a la represión femenina: Gertrudis se va de la casa y se liberta
de los yugos sociales quebrando todas las reglas de la época y se torna generala,
cargo típico de los varones. Tita intenta seguir los pasos de su hermana, mas, se siente
culpada y se queda dividida, pero al final del romance consigue libertarse y asume su
identidad. Rosaura acepta con sumisión los códigos sociales.
Referencia Bibliográfica
ESQUIVEL, Laura. Como Água para Chocolate. 5. ed. São Paulo: Martins Fonte, 1990.
ESQUIVEL, Laura. Como Água para chocolate. Traduzido por Elena Piatok de Matos.
Disponivel em www.LivrosGratis.net acesso em : 04.05.2011
WOLF, Virginia. Um teto todo seu. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.
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PROYECTO ALLENDE Y LA ENSEÑANZA DE ELE PARA DISCAPACITADOSVISUALES EN EL COLUN/UFMA: UNA PROPUESTA HACIA LA INCLUSIÓN.
Marinez de Souza Tamburini BRITO (Colégio Universitário, UFMA)[email protected]
Thiago Augusto dos Santos de JESUS (Colégio Universitário, UFMA)[email protected]
El Proyecto Allende es un curso de extensión del Colégio Universitário de la Universidade Federal doMaranhão, que tiene como filosofía de trabajo la inclusión de los alumnos con o sin discapacidad visual,insertados de modo crítico en su ambiente social, cultural y económico, capaces de explotar su propiopotencial y promover mudanzas para la reconstrucción de una sociedad justa e igualitaria. De esa forma,la construcción e implementación de ese proyecto en la escuela se justifican por el hecho de que no hayen la ciudad de São Luís un curso que atienda a los alumnos con limitación visual y tampoco materialesdidácticos en braille y tinta ampliado para el desarrollo de las destrezas lingüísticas en el aula. Para ello,fueron elaborados materiales didácticos en braille y en alto relieve como la ―bolsa lexical‖ o el álbumsensorial. Además de eso, son utilizados también textos literarios a fin de que los aprendientes puedantener sus destrezas lingüísticas evaluadas y desarrolladas. Basándose en el Marco común europeo dereferencia para las lenguas extranjeras, el Proyecto tiene grupos con los niveles A1, A2 y C1, y una vezal año todos los alumnos participan de un subproyecto titulado ―Paella con todos‖.
Palabras clave: Enseñanza; Inclusión; Aprendizaje
INTRODUCCIÓN
La adquisición de la lengua española para personas con discapacidad visual
es todavía una práctica reciente en nuestra sociedad, exigiendo registros y estudios
que posibiliten comprender mejor la dinámica de ese proceso. De esa forma, Brito
(2011) dice ―posibilitar, al discapacitado visual, el aceso al conocimiento de una lengua
extranjera, en particular el español, es darle el derecho de ejercer su ciudadanía en una
sociedad tan marcada por las diferencias‖. Así, se comprende la dimensión de los
obstáculos por los cuales estos sujetos viven, y se intenta buscar estrategias de
aprendizaje para que puedan tener acceso al idioma español.
En la actualidad, cuando se habla de aprendizaje, no se puede olvidar el
conductismo y cognoscitivismo, ya que ambos forman parte de la vida humana. El
primero enfatiza las condiciones externas que favorecen el aprendizaje, ya que lo
essencial es la respuesta para lograr el resultado. El segundo da énfasis al estudiante
con su campo vital, su estructura cognoscitiva y sus expectativas. En ese sentido, esas
corrientes reforzan las investigaciones relacionadas con las estrategias de aprendizaje,
pues sobre esa temática, Rebecca Oxford es una investigadora muy importante en ese
escenario. En ese sentido, la propuesta del Proyecto Allende es atender al
discapacitado visual de forma a alcanzar determinados objetivos de aprendizaje, con
sus recursos específicos y la Paella con Todos, pues la enseñanza de estrategias
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presupone enseñar a los estudiantes a ser estratégicos, teniendo en cuenta las
características de la tarea, las exigencias del entorno y las propias limitaciones y
recursos personales.
MATERIALES DIDÁCTICOS DESARROLLADOS EN EL PROYECTO ALLENDE
En la actualidad, hace falta pensar la elaboración de materiales didácticos en
la perspectiva de la diversidad, y de forma lúdica, principalmente para el alumno con
discapacidad visual. De esa forma, la enseñanza de una lengua extranjera, en
particular el español, pasa a ser objeto de placer para el aprendizaje del alumno. En la
concepción de Chaguri (2006, p.1), es a través de lo lúdico que el alumno puede
construir sus nuevos hallazgos, desarrollando y enriqueciendo su personalidad y
simbolizando un instrumento pedagógico que lleva al profesor la condición de
conductor, estimulador y evaluador del aprendizaje.
Uno de los recursos pedagógicos adaptados durante las clases de español
del Proyecto Allende fue el reloj Braille (figura 1), confeccionado con materiales de bajo
costo.
Figura 1 – Reloj Braille
Además del reloj Braille, se sintió la necesidad de trabajar los tiemposverbales de forma más lúdica y dinámica, elaborando así, el tablero de verbos (figura 2).
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Figura 2 – Tablero de verbos
Para trabajar la localización espacial se elaboró el álbum sensorial con goma
EVA y arena, facilitando la comprensión del alumno a través del tacto (figura 3).
Figura 3 – Álbum sensorial
En los primeros contactos de los alumnos con la geografía hispánica, fue
muy importante la elaboración del mapa en alto relieve con arroz, lija y cuerda, y con
los nombres de los países en Braille, posibilitando a ellos una discusión más abierta,
eficaz y segura sobre el tema. De esa forma, el Marco Referencial Común Europeo
dice que:
La eficacia depende de la motivación y de las características particulares de losalumnos, así como de la naturaleza de los recursos, tantos humanos comomateriales, que pueden entrar en juego. Siguiendo este principio fundamentalhasta sus últimas consecuencias, necesariamente se consigue una grandiversidad de objetivos y una mayor diversidad de métodos y materiales.(p.141)
Figura 4 – Mapa en alto relieve
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LA PAELLA CON TODOS
Pensando en una mejor forma de trabajar las destrezas lingüísticas del
cuerpo discente del Proyecto Allende, se elaboró un subproyecto titulado Paella con
Todos, que es celebrado una vez al año, siempre en el mes de junio, cuyo objetivo es
reunir todos los alumnos y estudiar un país de habla hispánica de forma más
profundizada, dramatizando el arte, el cine, el teatro, la música, la gastronomía, entre
otros temas.
En ese sentido, la idea del proyecto se apoya en el Marco común europeo
de referencia para las lenguas: aprendizaje, enseñanza, evaluación (2009), cuando
dice que el sujeito es capaz de descubrir, vivenciar y absorver de forma objetiva
elementos que lo lleve a utilizar una variedad de estrategias de forma a establecer contacto con personas de otras culturas. Así, se comprende que el alumno bucea en
otra cultura, buscando el respeto, el conocimiento y desarrollando sus destrezas
lingüísticas. Este año, se va a realizar la 5ª Paella con Todos, cuyo tema en estudio es
España. Se puede ver fotos del último evento, donde los alumnos investigaron
aspectos de la cultura argentina.
Figura 4 – Platos típicos de la Argentina (elaborados por los alumnos)
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Figura 5 – Dramatización de la gastronomía Argentina
Figura 6 – Dramatización de una cantante argentina
CONCLUSIÓN
Teniendo en cuenta las ideas planteadas en este trabajo, se percibe que los
materiales didácticos desarrollados en el Proyecto Allende, bien como la Paella con
Todos, son funcionales y significativos, pues delante de la importancia que la Lengua
Española asume en el escenario inclusivo, es un reto para alumnos y profesores la
búsqueda de materiales de instrucción claros, bien elaborados y agradables. En ese
sentido, partiendo de un contexto inclusivo, las ideas de Silva (2008) esclarecen que
―los niños ciegos o con baja visión son como otras cualesquieras. Este es el postulado
principal a ser comprendido por todos los educadores que trabajen con discapacitados
visuales‖ (p. 139). Así, con esa comprensión es posible tener un docente eficaz como
un verdadero mediador en la toma de decisiones.
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REFERENCIAS
BRITO, Marinez de Souza Tamburini. A abordagem do texto literário como principaltecnologia assistiva de baixo custo no processo ensino e aprendizagem dalíngua espanhola sob um enfoque inclusivo na Escola de Aplicação da
Universidade Federal do Maranhão/ Brasil. Dissertação (Mestrado em Ciências daEducação) – Universidad Autónoma de Asunción. Asunción/Paraguay, 2011.
CHAGURI, Jonathas de Paula. O uso de atividades lúdicas no processo deensino/aprendizagem de espanhol como língua estrangeira para aprendizesbrasileiros. Disponível em <http://www.unicamp.br/iel/site/alunos/publicacoes/textos/u00004.htm>. Acesso em 04/02/2009.
DROSDOV, Tatiana. Aprender una segunda lengua: metodología de la enseñanzay del aprendizaje. Madrid: Editorial Aedos, 2003
ESPAÑA. Ministerio de Educación, Cultura y Deporte. Secretaría General Técnica DelMECD. Marco común europeo de referencia para las lenguas: aprendizaje,enseñanza, evaluación. Madrid. 2002. 259p.
GRIFFIN, Kim. Linguística aplicada a la enseñanza del español como 2/L . Madrid: Arco/Libros, 2005.
LORENZO, Francisco. Motivación y segundas lenguas. 1ªed. Madrid: Arcos Libros,S.A, 2006.
OXFORD, Rebecca. Language Learning Strategies. Boston: Heinle & Heinle, 1990
SILVA, Daniele Gomes. O desenvolvimento da criança cega ou com visãosubnormal. Disponível em: <http://www.sboportal.org.br/sbo/doc/RBO/RBO-JUL-AGO-07-SITE.pdf. Oftalmologia/Olhos/ Deficiência Visual>. Acesso em 08/07/2009.
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TECNOLOGÍA Y TRADUCCIÓN: ASPECTOS PRESENTES EN LAS CLASES DELENGUA EXTRANJERA
Marlucia Silva de Araújo (FACINTER)[email protected]
La Tecnología está intrínsecamente presente en la sociedad actual, los recursos tecnológicos sonherramientas indispensables de nuestra sociedad, puesto que la tecnología está íntimamenterelacionada a toda evolución humana (Rapaport, 2008). En el ámbito educacional, específicamente en laenseñanza de lengua extranjera, la tecnología aparece como instrumento tan presente como era la tiza yla pizarra en contextos anteriores. De esta forma, partiendo del presupuesto teórico de que el proceso deenseñanza-aprendizaje es desarrollado por medio de la interacción, exposición a contextos reales,técnicas y abordajes motivadoras y significativas, la tecnología en las clases de lengua extranjeracontribuye para un aprendizaje significativo e integrador, pues ella permite que los métodos de acción delhombre sobre su ambiente sean perfeccionados (Rapaport, 2008). La propuesta de ese trabajo esreflexionar sobre la importancia de las nuevas tecnologías y de la traducción en el proceso deenseñanza-aprendizaje del español para brasileños, analizando algunos materiales y métodos utilizados,discutiendo primeramente sobre lengua y tecnología y sobre la interrelación de estas con la enseñanza
del español.Palabras-clave: Tecnología. Enseñanza. Lengua Extranjera.
Introducción
La enseñanza de lengua extranjera sufrió cambios a lo largo de la evolución
del sistema educacional para el atendimiento de las exigencias del mundo globalizado.
La Tecnología en este contexto es herramienta indispensable de nuestra sociedad. En
el ámbito de la educación ella gana cada vez más importancia, ya que los recursos
tecnológicos están presentes en distintos contextos educativos.
El proceso de enseñanza-aprendizaje del español como lengua extranjera
por brasileños es desarrollado por medio de la interacción en contextos reales de
comunicación, el aprendiz está sometido a contactos directos con informaciones y
conocimientos de distintos pueblos, culturas y formas de pensar y actuar sobre el
mundo. Para el aprendiz brasileño, la lengua materna es un recurso muy importante en
este proceso, pues le permite establecer comparaciones y funciona como soporte en el
aprendizaje de la lengua extranjera, claro que el profesor ejerce una función esencial
de acompañamiento y supervisión.
De esta forma tecnología y traducción están presentes en las clases de
lengua extranjera, con más o menos énfasis, dependiendo de distintos factores:
material didáctico elegido, disponibilidad de los recursos tecnológicos por la escuela,
propuesta de trabajo, etc. El objetivo de este trabajo es reflexionar sobre la importancia
de las nuevas tecnologías y del uso de la lengua materna en las clases de lengua
española como lengua extranjera, específicamente en el proceso de enseñanza-
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aprendizaje del español para brasileños. Primero será discutido sobre lengua y
tecnología y la interrelación de ellas con la enseñanza del español, después serán
analizados algunos materiales y métodos utilizados en este proceso.
Lengua y la formación de sujetos
Para el lingüista y filósofo suizo Saussure (1857-1913), ―estudiar la
organización de la lengua: estudiar el sistema lingüístico, investigando las relaciones
entre las unidades lingüísticas a través de sus oposiciones o contrastes, ignorando
totalmente los estudios de la lingüística histórica, o sea, la mutación del sistema a
través de los tiempos.‖ (PAIVA, 1996, p.1).
Siguiendo la concepción del estructuralista Saussure, de que la lengua es
una estructura cerrada e individual, son negligenciadas las relaciones semánticas y la
función social de la lengua, esta, así como su enseñanza se quedan en la mayoría de
las veces reducidas al estudio de la organización formal de lengua, o sea, gramática
normativa – un conjunto de reglas y ―fórmulas‖ que se pueden adquirir por medio de
técnicas de memorización. La propia lengua materna del sujeto envuelto en el proceso
de enseñanza-aprendizaje parece que no cumple ninguna función social, apenas
funciona sistemáticamente, como afirma Celada en relación a la lengua ―um conjunto
de coisas-a-saber que expressa um mundo semanticamente estabilizado‖. (CELADA,
2002, p.37).
La lengua no puede ser abordada como una estructura cerrada e
individual, puesto que ella dialoga con la complexidad de las relaciones humanas. Para
Paiva (1996), cuando se habla en enseñanza de lenguas extranjeras, los nombres más
recordados son Bloomfield y Fries, cuyos trabajos asociados a los principios
behavioristas, sirvieron de base al Método Audiolingual, donde aprender una lengua
extranjera pasa a ser sinónimo de adquirir dominio de la organización formal de esa
lengua.
Para Bakhtin, la naturaleza del lenguaje es dialógica, es instituida como una
acción de interacción, de acuerdo con Bergmann,
A Língua não serve a uma subjetividade individual, as palavras não são neutras(…). O discurso se constrói na interação com o outro, e essa interação interfereno próprio contexto (…) Bakhtin julgava que não era possível a análise dalíngua como um sistema abstrato e rejeitava a consciência individual da
enunciação (…) (BERGMANN, 2008, p. 36)
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Visto de esa manera, la lengua cumple una función social de integración del
sujeto en la sociedad, en la cual puede o no estar insertado. Es por medio de la lengua
que el sujeto tiene acceso a los conocimientos históricamente y culturalmente
acumulados en su sociedad, es por medio de ella que él puede actuar críticamente y
proponer cambios en su contexto social inmediato.
Una lengua extranjera, cumple una función social de permitir al aprendiz la
posibilidad de lectura de un mundo que ―le parece distinto‖; acceso a otros
conocimientos, culturas, formas de pensar y de actuar; permite la integración en el
mundo del trabajo, además de contribuir con los estudios de la lengua materna del
aprendiz.
Delante de esas consideraciones es pertinente destacar el papel del profesor,
el mediador entre el alumno y el/los conocimiento(s), con relación a la lengua extranjera,
es interesante destacar lo que dice los Parámetros Curriculares Nacionales para la
enseñanza de lengua extranjera,
ao ensinar uma língua estrangeira, é essencial uma compreensão teórica doque é a linguagem, tanto do ponto de vista dos conhecimentos necessáriospara usá-la quanto em relação ao uso que fazem desses conhecimentos paraconstruir significados no mundo social.‖ (PCN de língua estrangeira, 1998, p.27)
Si en el proceso de enseñanza-aprendizaje de una lengua extranjera es
esencial la comprensión teórica de lo que es lenguaje, es necesario también una
comprensión del papel de la lengua materna en este proceso, ya que la lengua
extranjera
(…) aumenta o conhecimento sobre linguagem que o aluno construiu sobre sualíngua materna, por meio de comparações com a língua estrangeira em váriosníveis e possibilita que o aluno, ao se envolver nos processos de construir significados nessa língua, se constitua em um ser discursivo no uso de umalíngua estrangeira. (PCN de língua estrangeira, 1998, p.55)
De esta manera, las lenguas – materna o extranjera – objetivan la formación
de sujetos capaces de interacción con el(los) ―otro(s)‖ y con su contexto. Por eso, el
abordaje de enseñanza, bien como su metodología están asociados a distintos
elementos, como conocimientos teóricos y prácticos, concepciones de lenguaje,
recursos utilizados, materiales didácticos, y, en este mundo globalizado no puede ser
negado el papel fundamental de las nuevas tecnologías en el proceso de construcción
del conocimiento por medio de las lenguas extranjeras.
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La tecnología y la enseñanza de lenguas
A tecnologia não é uma característica exclusiva dos tempos modernos, poistem como traço principal o aperfeiçoamento sistemático dos métodos de açãodo homem sobre a natureza. (…) a história da tecnologia está intimamente
ligada a toda evolução humana. (RAPAPORT, 2008, p.39)
Los primeros recursos tecnológicos para la enseñanza de lenguas fueron los
libros de gramática, de acuerdo con Kelly, en la época medieval, sólo el profesor tenía
la pose del libro (KELLY, 1969, p. 200 apud Paiva, 1996, p. 3). Para Paiva el concepto
de enseñanza de lenguas equivalía al de la oferta de descripciones lingüísticas, el
aprendizaje de una lengua significaba el aprendizaje de la sintaxis de esa lengua.
Una innovación tecnológica para la enseñanza de lenguas fue la
reproducción de sonido y video que permitía llevar a la clase material gravado conreproducción del habla de los hablantes nativos de la lengua extranjera estudiada, los
estudios gramaticales no eran los únicos como objeto de estudio, la tecnología de la
radio y de la televisión permitieron una visión de la lengua sob el enfoque de la oralidad.
Actualmente además de los recursos tecnológicos de la televisión, radio,
libro, tenemos la computadora, que por medio de la Internet permite al proceso de
enseñanza-aprendizaje de una lengua extranjera innúmeras posibilidades: cambio de
informaciones y conocimientos en tiempo real con diferentes países y personas;
abordaje de las habilidades de leer, escribir, oír y hablar en otro idioma; recursos
audiovisuales, entre innúmeras metodologías y recursos para el aprendizaje de una
lengua no apenas como una estructura individual de conceptos y reglas de una lengua
patrón, pero como una herramienta de construcción de sujeto y sus complexas
relaciones humanas. En este sentido, a partir de la evolución de la tecnologías, es
pertinente la relación teórica con Rapaport, cuando ella recuerda que ―(...) o termo
tecnológico se refere às diferentes estratégias que o homem desenvolveu para agir
sobre a natureza e seu ambiente‖ (RAPAPORT, 2008, p. 44).
Con relación a los recursos tecnológicos para la enseñanza de lengua
extranjera, es importante cabe resaltar que
―Havendo, na escola, acesso a revistas, jornais, livros, TV, vídeo, gravador,computador etc., típicos do mundo fora da sala de aula, tais recursos podemser usados na elaboração de tarefas pedagógicas, para deixar claro para oaluno a vinculação do que se faz em sala de aula com o mundo exterior (aspessoas estão no seu dia-a-dia envolvidas na construção social do significado;as possibilidades que existem fora da sala de aula de se continuar a aprender
Língua Estrangeira.‖ (PCN de língua estrangeira, 1998.)
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Tecnología y traducción en el libro de lengua extranjera analizado
El libro de lengua extranjera analizado fue Mucho: español para
brasileños, de Adda-Nari M. Alves & Angélica Mello, volumen único, destinado para la
enseñanza de lengua española para estudiantes brasileños de la Enseñanza Media. Es
pertinente citar algunas de las propuestas de trabajo de las autoras para la enseñanza
del español para brasileños, como
(...) a metodologia aqui proposta incorpora estratégias criativas e atividadesdinâmicas e variadas para auxiliar o ensino do professor e a aprendizagem doaluno (…) Mucho é uma tentativa de ensinar com novidades, humor e alegria(...). (ALVES, 2000, p. 496)
La propuesta de trabajo del libro, de acuerdo con las autoras visa a laeducación y a la comunicación, comprender, leer y obtener conocimientos gramaticales.
Un aspecto interesante es sobre la propuesta metodológica presentada en el libro, ―(...)
apresenta gramática com exercícios diversificados, (…) e se preocupa com a cultu ra e
com a linguagem espanhola e hispanoamericana, (…) leva o aluno a falar e evita a
metodologia monótona e chata.‖ (ALVES, 2000, p. 496)
La propuesta del libro Mucho presupone que la enseñanza de una lengua no
está centrada apenas en los aspectos gramaticales, el libro trae un abordaje sobrelenguaje como un acto diverso y mutable, ya que presenta no apenas la lengua
considerada patrón, como también el español ―de las Américas‖. Al observar los
contenidos y metodologías de trabajo presentes en el referido libro he percibido que los
estudiantes están expuestos a un idioma en su totalidad, son diferentes contextos y
posibilidades de significados, este libro puede ser considerado como una tecnología
que da soporte ―(...) à abordagem cognitiva de aprendizagem (…) pois os alunos têm
oportunidade de estar dispostos ao idioma em um contexto significativo e no qual
possam construir seu próprio conhecimento(…)‖(RAPAPORT, 2008, p. 133).
El libro analizado trae aún otro recurso tecnológico muy importante: un CD
de audio, que permite a los alumnos practicar la escucha, la oralidad y ―(…) a
reformulação de textos e o preenchimento de lacunas (que requer um processo mental
de construção e análise da língua).‖ (RAPAPORT, 2008, p. 133).
Como actividades propuestas son presentados e indicados sitios para
pesquisa de determinados asuntos, películas y otros libros. Son presentadas
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propuestas de actividades con el diccionario, para construcción y ampliación del léxico
en español.
Es un libro – una tecnología – importante para la enseñanza del español,
pues trabaja la lengua como un todo significativo, relacionando con la lengua materna y
con diferentes contextos de interacción/comunicación reales. Lo único punto a
considerar es la poca relación/utilización de la traducción, con pocas actividades con
este objetivo, tal vez debido a la proximidad lingüística entre el portugués y español.
Consideraciones Finales
Delante del estudio de la tecnología y de la traducción y su presencia en las
clases de lengua extranjera, más específicamente en el libro Mucho: español para
brasileños, y partiendo de los presupuestos teóricos estudiados, fue posible verificar
que la tecnología siempre estuve presente en la enseñanza de lenguas, y, que la
misma está directamente relacionada a la evolución humana. La enseñanza de lengua
extranjera en la sociedad actual, insertada en un contexto de globalización debe
usufructuar de los recursos tecnológicos – diferentes estrategias desarrolladas – para
tornar el aprendizaje significativo, real, capaz de construir sujetos conocedores de
diferentes aspectos culturales, políticos, sociales, etc., donde el aprendizaje de un
lenguaje tanto puede ser un acto psicolingüístico individual como un proceso social. La
interrelación lengua extranjera y tecnología, bien como traducción, está sintetizada en
las palabras de Rapaport ―(...) expor os alunos à interação social autêntica, não apenas
de conteúdo compreensível como em sala de aula e, sendo assim, eles terão de
praticar e (aprender) os mais variados tipos de comunicação que a convivência em
sociedade oferece‖.
Referencias
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CELADA, Maria Tereza. (2002) O espanhol para o brasileiro: uma línguasingularmente estrangeira. Campinas. Tese de doutorado do IEL/UNICAMP.
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RAPAPORT, Ruth. Comunicação e tecnologia no ensino de línguas: Curitiba, Ibpex,2008, p.166.
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GESTÃO E ALUNOS ESTRANGEIROS: DIFICULDADES NO USO DO IDIOMAPORTUGUÊS NO CAMPUS DE PACARAIMA
Olendina Bonet de Queiroz (UFRJ)[email protected] Prof . Dr. Devair Antônio Fiorotti (UERR)
O presente estudo realizado em Pacaraima, cidade brasileira fronteiriça com a Venezuela, buscaevidenciar as dificuldades no uso do idioma português encontradas por alunos venezuelanos divididosem quatro cursos: Turismo, Comércio Exterior, Letras e Ciências da Computação, oferecidos pelocampus da Universidade Estadual de Roraima (UERR), localizado nessa cidade. Para a pesquisa, foramnecessários um levantamento sobre o convênio firmado entre as universidades UERR e a UniversidadeNacional Experimental de Guayana – UNEG/VE, que permitiu a entrada desses alunos, e a aplicação deum questionário aos alunos e funcionários da UERR. Tratou-se de identificar, enumerar e classificar asdificuldades advindas da compreensão tanto do português quanto do Espanhol nessa situação decontato. Sugerem-se também soluções possíveis para tais dificuldades.
Palavras-chave: Gestão educacional; português para estrangeiro; alunos estrangeiros.
Introdução
O presente artigo tem como objetivo mostrar os resultados de uma pesquisa
monográfica acerca das dificuldades de comunicação diagnosticadas no ensino de
língua portuguesa para falantes venezuelanos a partir de um modelo de Gestão noCampus de Pacaraima. O escopo por ora apresentado consubstancia-se em revelar os
problemas existentes, bem como servir de base para desenvolver formas de ensino
diferenciadas para as questões ligadas ao aprendizado do aluno de português para
estrangeiros na Universidade Estadual de Roraima.
A implantação da Universidade Estadual de Roraima – UERR adota um
modelo de gestão com campi descentralizados, localizados em várias cidades do
interior do estado de Roraima. Uma dessas localidades é a cidade de Pacaraima, ao
norte do estado, na fronteira com a Venezuela. Ele é um convênio firmado com a
Universidade Nacional Experimental de Guayana - UNEG, instituição de ensino
superior venezuelana, que possibilitou o ingresso de alunos venezuelanos nos cursos
oferecidos pela UERR naquele campus.
Com o início das atividades do campus, no convívio entre alunos e
professores e no desenrolar das relações administrativas da universidade, observou-se
o surgimento de algumas dificuldades de comunicação devidas, em sua maior parte, a
pouca compreensão do português por parte dos alunos falantes de espanhol. O
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problema apresenta diversos aspectos, que compõem um contexto típico, em que se
faz necessária uma intervenção para minimizar e controlar as causas e,
consequentemente, buscar harmonizar os diferentes interesses dos envolvidos nesse
contexto.
1 – Constatando os problemas
Durante a observação e a análise do problema, foi constatado que as
dificuldades no campus ocorreram, principalmente, em duas situações: 1) dentro da
sala de aula e 2) fora da sala de aula. Na sala de aula, observaram-se também duas
áreas de dificuldade: 1) entre os colegas de turma, estrangeiros e brasileiros, e 2) entre
professor e aluno em relação à comunicação. As dificuldades fora da sala de aula
estavam relacionadas à administração do campus e funcionários responsáveis, tais
como no acesso aos processos administrativos da universidade (requerimentos,
solicitações, petições, atestados, convites etc.), acesso à biblioteca e aos bancos de
dados dos computadores configurados em português.
Algumas perguntas surgiram desse processo: Qual é o verdadeiro tamanho
do problema? Quais são e onde se localizam as maiores dificuldades? O que já foi feito
para resolver o problema? O que ainda pode ser feito para diminuir ou eliminá-lo?
A partir destes questionamentos, começou-se a estruturar um projeto de
pesquisa com o objetivo de diagnosticar e sugerir soluções para o referido problema.
Decidiu-se então, pela realização de uma pesquisa exploratória, utilizando como
métodos o levantamento de fontes secundárias e primárias; levantamento de
experiências. Essas informações foram organizadas e analisadas, elaborando-se uma
visão atualizada do problema e, ao mesmo tempo, permitindo o exame de diferentes
possibilidades de solução.
2 - Aspectos históricos
A Universidade Estadual de Roraima, doravante UERR, foi criada pela Lei
Complementar Nº 91, de 10 de novembro de 2005, é uma fundação pública de
competência do Estado, dotada de personalidade jurídica de direito privado, de
natureza e estrutura multicampi , com autonomia administrativa, financeira e didático-
científica nos termos da lei e de seu estatuto.
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Com vista a democratizar o ensino superior em Roraima, a interiorização das
atividades de ensino foi a principal característica da estruturação da universidade.
Nesse sentido, a UERR implantou campus nas cidades de Boa Vista, Alto Alegre,
Caracaraí, Pacaraima, Rorainópolis e São João da Baliza. Adicionalmente foram
implantados núcleos universitários em Bonfim, Caroebe, Iracema, Mucajaí, Normandia
e São Luiz do Anauá e salas descentralizadas nas vilas de Entre Rios, Nova Colina e
Surumu, objetivando atender à demanda de cursos fora das sedes.
Já a partir da implantação do campus em Pacaraima, a UERR firmou o
Convênio Marco de Cooperação Interinstitucional Universidade Estadual de Roraima
com a instituição de ensino venezuelana Universidade Nacional Experimental de
Guayana - UNEG, de 20 de junho de 2007. Isso possibilitou o intercâmbio de alunos e
professores entre as duas universidades, além da validação dos diplomas nos dois
países. O convênio tem a duração de quatro anos, expirando em agosto de 2011.
Faz-se aqui especial referência à cláusula Segunda, item ―d‖, do referido
convênio, que possibilita o:
Intercâmbio e mobilização de pesquisadores, pessoal docente e/ou estudantes-com a decidida intenção de suprimir os obstáculos acadêmicos, tanto formaiscomo materiais, de modo que se agilizem as atividades de cooperação entre osmembros de ambas as instituições. (Convênio UERR/UNEG, 2007, [s/p])
O intercâmbio entre as duas instituições foi aperfeiçoado em 2008, por meio
de um Convênio Específico de Cooperação Interinstitucional Universidade Estadual de
Roraima (República do Brasil) Universidade Nacional Experimental de Guayana
(República Bolivariana de Venezuela), de 15 de agosto de 2008.
Faz-se notar que a admissão do grupo de alunos estrangeiros não seguiu
nenhum dos procedimentos previstos nos convênios. Esse grupo foi admitido por meio
de um processo de avaliação curricular, conduzido pela instituição venezuelana.
As aulas foram iniciadas em agosto de 2006, com 80 alunos venezuelanos,
matriculados em quatro cursos: Comércio Exterior, Letras, Turismo e Ciência da
Computação. Estavam distribuídos 20 alunos em cada curso, correspondendo a 50%
das vagas disponíveis naquele período. A UNEG incentivou os venezuelanos com uma
bolsa de estudos de 200 bolívares, equivalentes, na época, a 75 reais, e forneceu um
ônibus para o traslado entre o campus e a cidade de Santa Elena de Uiarén, Venezuela.
As aulas são ministradas no idioma português. Todos os trabalhos
acadêmicos, avaliações, avisos, notas, documentos oficiais e correspondências
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também utilizam o português. É o idioma oficial do país e do campus. De acordo com a
coordenação do campus, no decorrer desse primeiro período, houve uma desistência
de 50% dos estrangeiros, tendo como principal motivo o impacto com o idioma.
Desde o início das atividades do campus, e conseqüente convívio entre
alunos, professores e funcionários da universidade, são notórias as dificuldades de
comunicação devidas, principalmente, à compreensão deficiente do português por
parte dos alunos venezuelanos. A premissa de que os alunos venezuelanos da zona de
fronteira são praticamente bilíngües revelou-se parcialmente falsa no contexto aqui
explicitado, sem contar que nem todos os alunos se originaram da área de fronteira.
Após três meses do início do primeiro período letivo (2º semestre de 2007) e
da constatação das dificuldades aqui mencionadas, a universidade ofertou um curso de
português destinado aos alunos venezuelanos, procurando, desta forma, amenizar as
persistentes dificuldades.
Diante dessa situação e no âmbito deste estudo, foram feitas as seguintes
perguntas: Qual a variedade e a natureza dessas dificuldades? Que medidas ou
atividades de gestão podem minimizá-las? Qualificamos estas perguntas como
questões ou problemas de gestão educacional; e a solução para estes problemas
seriam ações executivas, sendo uma das fontes de apoio para ações futuras os
subsídios fornecidos pelo presente estudo.
3. - Aspectos Teóricos
Os primeiros esboços investigativos indicaram a necessidade de examinar
uma documentação variada e, ao mesmo tempo, produzir informações, como a
pesquisa por meio de questionário. A procura pelas informações foi realizada dentro de
um marco teórico restrito, mas certos termos e conceitos podem ser interpretados de
diferentes maneiras, de acordo com vários autores consultados, sendo apropriado
alguns esclarecimentos quanto a sua definição e uso.
Duas expressões destacam-se no estudo, a partir do título: Gestão
Educacional e Alunos Estrangeiros.
Gracindo e Kenski (1998) entendem por ―Gestão de Sistemas Educacionais‖
o processo político-administrativo contextualizado e historicamente situado, através do
qual a prática social da educação é organizada, orientada e viabilizada. Já Luck (2001)
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diz que a expressão gestão educacional surge para representar um novo paradigma,
que busca estabelecer na instituição uma orientação transformadora, a partir da
dinamização de rede de relações que ocorrem, dialeticamente, no seu contexto interno
e externo. Adicionalmente, Carneiro (2009) declara que a gestão escolar ou
educacional pode ser entendida como o caminho, o modelo e as posturas envolvidas e
desenvolvidas para gerir o sistema escolar ou as escolas. Podemos presumir que, no
âmbito deste estudo, a gestão educacional seria a maneira que os responsáveis pelo
funcionamento do campus de Pacaraima tratam as questões relativas a esse
funcionamento, inclusive a utilização de métodos ou processos existentes ou
inovadores.
O caso do termo ―alunos estrangeiros‖, empregado acima, faz referência a
uma definição genérica que designa indivíduos não-lusófonos que estejam estudando
em escolas brasileiras, na forma da lei que regulamenta essa matéria. Porém, no limite
deste estudo, o termo refere-se particularmente aos estudantes venezuelanos
matriculados nos cursos do campus de Pacaraima. A condição da presença desses
alunos está apresentada na letra dos convênios firmados entre a Universidade
Estadual de Roraima – Brasil e a Universidade Nacional Experimental de Guyana –
Venezuela.
A noção de que os alunos venezuelanos da zona de fronteira são
praticamente bilíngües é feita devido ao uso indistinto e misturado dos dois idiomas em
situações de comunicação. Na verdade, trata-se de uma língua artificial, ou interlíngua,
popularmente conhecida como portunhol, que, nas interações necessárias ao
desempenho acadêmico, revelou-se insuficiente tanto na comunicação oral quanto na
produção escrita, principalmente em relação a essa última, já que é exigido do aluno
domínio da norma padrão da Língua Portuguesa.
De acordo com Ferreira (2002), o fato de haver muitas palavras iguais nosdois idiomas permite que os falantes de português e espanhol possam se comunicar
com relativa facilidade. Porém, a autora adverte que essa facilidade é relativa e, muitas
vezes, enganosa, pois, se por um lado, a comunicação é facilitada, por outro lado
existem as transferências negativas, que dificultam a aquisição do português. A autora
define o portunhol como ―a produção lingüística intermediária de um falante de
espanhol ou português ao aprender a outra língua, ou seja, uma interlíngua que muitas
vezes se estabiliza e não deixa o aprendiz progredir em direção à língua-alvo‖.
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A expressão ―português para estrangeiros‖ refere-se aos quatro níveis de
proficiência instituídos no exame para obtenção do Certificado de Proficiência em
Língua Portuguesa para Estrangeiros – CELPE-Bras. Desenvolvido pelo Ministério da
Educação (MEC) do Brasil, o exame é destinado a estrangeiros não lusófonos, maiores
de 16 anos, com escolaridade equivalente ao ensino fundamental brasileiro, que
queiram comprovar, para fins educacionais, profissionais ou outros, proficiência na
língua Portuguesa.
4 – Discutindo os Resultados
O presente estudo baseia-se principalmente no questionário que foi aplicado
a 18 alunos venezuelanos, de um total de 32, matriculados no Campus da UERR em
Pacaraima, quando da aplicação do questionário e realização de entrevistas.
Ao se examinar os dados obtidos, tratou-se de organizá-los por temas ou
assuntos que estivessem evidentes nas respostas da amostra. Constatou-se que a
maioria dos alunos venezuelanos não teve nenhuma capacitação em português
anterior ao seu ingresso na universidade brasileira, partindo do pressuposto de que os
moradores de Santa Elena de Uairem estão cotidianamente expostos ao idioma
português pela presença e pelo convívio com brasileiros na região de fronteira. Todos
os discentes ingressaram no campus por meio do convênio, sem nenhum tipo de teste
ou exame, apenas uma avaliação curricular feita pela universidade venezuelana. A
maioria não freqüentou aulas de português, mas declararam que estudam
espontaneamente o idioma. Alguns desconheciam se a universidade fazia alguma
exigência de proficiência ou oferecia algum curso de português para estrangeiros.
O relacionamento professor-aluno em sala de aula foi considerado bom pela
maioria, que também declarou entender bem os conteúdos das aulas e a linguagem
dos professores. Contudo, apenas um pouco mais da metade fala português nessas
interações. Em contraste, quase metade da amostra declarou ter dificuldades com o
idioma nas interações individuais com o professor durante as atividades de suporte
pedagógico.
As relações entre colegas apresentam várias complicações. Apesar de a
maioria declarar um bom relacionamento com os brasileiros, apenas um pouco mais da
metade fala português com os colegas em sala de aula. Os trabalhos em grupo eram
preferencialmente com compatriotas, tanto pelo idioma como pela distância entre as
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cidades. No tempo livre entre as aulas, a maioria declarou um contato pouco freqüente
com os colegas brasileiros, feito quase sempre em português.
No funcionamento do campus, com as diferentes demandas por
procedimentos e adequações, não surgiram muitas dificuldades com o idioma. Houve
uma maioria que declarou que a comunicação com a administração do campus era boa
ou ótima. A maioria dos alunos venezuelanos declarou que o idioma português falado e
escrito por eles era de regular a bom. As dificuldades que se tornaram evidentes são
de outra natureza.
Podemos mostrar que, por exemplo, 89% dos alunos entrevistados disseram
que não freqüentam nenhum curso de português antes de entrar na UERR, fato esse
que pode ter sido um agravante para o aprendizado em sala de aula. Ainda 73%
disseram estudar a língua espontaneamente, 27% afirmaram não estudar a língua.
O desconhecimento de alguns também foi visto como um agravante para a
aprendizagem, tendo em vista que, do total entrevistado, 56% disseram desconhecer o
curso de português para estrangeiros ofertado pela instituição, enquanto 44% disseram
que tinham ciência do curso ofertado.
Nos exemplos é possível observar as dificuldades dos alunos com o uso do
idioma português, apesar de eles terem estudado português para estrangeiros durante
três semestres. Os 32 alunos estrangeiros matriculados quando da aplicação do
questionário estavam em uma instituição brasileira , por isso era necessário que eles
se adequem ao uso do idioma formal. Percebeu-se principalmente que havia
dificuldades de alguns alunos na escrita, não escreviam nem em o português nem
espanhol que é sua língua materna. Entre os muitos exemplos existentes, temos a
palavra ―Accesivels‖, sendo a correta, de acor do com a variante padrão do português
seria ―acessíveis‖; e em espanhol, seria: ―accesibles‖. Os exemplos presentes no
questionário deixam bem claro ainda a necessidade de continuidade do ensino deLíngua Portuguesa na universidade, uma vez que as dificuldades dos alunos são
evidentes.
Dos 9 funcionários entrevistados do campus, 56% declararam que não
frequentaram nenhum curso de espanhol e, tampouco, falam ou escrevem o idioma.
Constatou-se que não há nenhum material ou treinamento específico para a recepção
e/ou interação com alunos estrangeiros.
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A motivação dos estrangeiros para freqüentar os cursos ofertados pela
UERR era variada, ressaltando-se a busca de conhecimento, o desejo de obter um
título universitário, a oportunidade de estudar no exterior.
Uma importante informação surgiu em resposta aos questionamentos sobre
o trabalho em grupo e como esses grupos eram formados. A resposta foi uma
preferência por compatriotas, mantendo-se uma divisão ou segregação, apoiada em
argumentos de cunho moral.
A vantagem da pesquisa ora apresentada é o conjunto de ferramentas de
análise de problemas e fixação de objetivos, possibilitando conhecer detalhadamente
cada causa e efeito dos distintos problemas que compõem o fenômeno. Os resultados
aferidos poderiam subsidiar o aperfeiçoamento do convênio de modo a melhorar a
participação de alunos estrangeiros nos cursos oferecidos no campus de Pacaraima.
5 - Considerações Finais
A visão geral evidenciada pela pesquisa ressalta as dificuldades que
qualquer ação pioneira encontra em sua implantação. Os alunos venezuelanos foram
mais ou menos incorporados nas salas de aula da universidade, sem nenhum preparo
ou capacitação no idioma português e sem nenhuma cobrança por proficiência na
língua.
Foi revelado, em conversas com alunos, professores e funcionários da
Instituição, que a noção da presença de estrangeiros na universidade não passou de
uma experiência com sucesso relativo uma vez que houve a grande incidência por
parte desses alunos. Como exemplo disso, não houve a admissão de novos alunos
estrangeiros nas subseqüentes ofertas de vagas. Enquanto que para muitos o
aprendizado de uma nova língua, bem como a inserção dessas pessoas na nossa
cultura foi extremamente significativa em termos de unificação dos dois países tanto
em aspectos lingüísticos como culturais.
Entre várias alternativas, o presente estudo sugeriu algumas providências
para melhor adequar o campus na recepção e inclusão de alunos venezuelanos. Em
primeiro lugar, o campus deveria continuar ofertando o curso de português para
estrangeiros de forma rotineira; em segundo, o departamento responsável pelo curso
de Letras poderia elaborar um projeto de curso de espanhol destinado a professores
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que fossem atuar na fronteira. Dependendo da carga horária, o curso poderia ser
incluído no currículo e, em terceiro lugar, a sugestão seria a adoção do padrão CELPE-
Bras de exame de proficiência em língua portuguesa. Esse certificado poderia ser pré-
requisito na documentação exigida para a matrícula de estrangeiros na universidade,
tendo como exemplo as várias universidades brasileiras, facilitando assim que os
alunos estrangeiros entrem realmente na universidade preparados em relação à Língua
Portuguesa..
Referências Bibliográficas
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_____________. Convênio Específico de Cooperação InterinstitucionalUniversidade Estadual de Roraima (República do Brasil)Universidade NacionalExperimental de Guayana (República Bolivariana de Venezuela). Pacaraima, 15 de
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PROYECTO GUAMÁ BILINGUE
Rita de Cássia Paiva (UFPA) Anna Margarida Mendes Leal (UFPA)
El proyecto Guamá Bilingüe surgió del deseo de integrar el barrio Guamá a la UFPA llevando alumnosen situación de riesgo social para estudiar dentro de la FALEM –Faculdade de Letras EstrangeirasModernas. Oriundos de dos escuelas del barrio, 30 alumnos, escogidos por la dirección de dichasescuelas –y aprobados por la coordinación del proyecto –, debieron cumplir los siguientes criterios: estar entre 15 y 18 años; matriculados y frecuentes en la enseñanza media y carentes en el ámbito social (noincluyendo el financiero). Enseñar español a este público adolescente específico se hizo posible usandoestrategias da lingüística cognitiva así como el uso de analogías para comprensión del nuevo códigolingüístico que se está sobreponiendo al su proprio. Los materiales son exclusivos, hechos por unadesigner que consiguió, en blanco y negro, un material interesante y que ha despertado la atención delos alumnos para el aprendizaje de español. La selección de los textos de dicho material se hizopartiendo de las pesquisas sobre la enseñanza, en Brasil, de español a hablantes de portugués. Amboslos idiomas, conforme investigación de Almeida Neto1 que afirma que ―entre las lenguas románicas, el portugués y el español son las que mantienen mayor afinidad entre sí‖ se construyen en una base del
85% de semejanza, lo que los hace, en gran medida, simple para aprenderse entre ellos. A partir de ahí,se propuso este proyecto que, usando una metodología diferenciada, permitió que la enseñanza deespañol sirviera como paño de fondo para la mejoría de las condiciones de vida y académicas de losalumnos partícipes del proyecto.
Palabras clave: Guamá Bilingüe, enseñanza media, situación de riesgo, analogías.
Introducción
Aunque se piense lo contrario, la tarea de enseñar español a estudiantes
brasileños es ardua. Es cierto que el aspecto fonético y fonológico entre los dos
idiomas mayormente los aleja que acerca y la musicalidad del español acaba por ser
una labor sin gloria para los alumnos brasileños de este idioma, sobretodo en la
enseñanza media.
Sin embargo, al basarnos en la similitud lingüística, ha sido posible formatear
una metodología de trabajo que, como herramienta para la enseñanza de idiomas,
utiliza análogos estructurales lo que permite un nuevo enfoque para la enseñanza de
español para alumnos brasileños, debido a la proximidad filológica –entre otras – de
ambos idiomas.
Para validar el uso de analogías, se consideró que los procesos mentales
para la adquisición de una lengua extranjera pasan también por el raciocinio analógico.
Méier 2 ilustra que:
La adquisición de otra lengua implica la instalación de un nuevo códigolingüístico, un nuevo sistema de codificación y decodificación, independientedel sistema utilizado hasta entonces. Podemos imaginar que esos dos sistemasse desarrollen o independientemente uno del otro, si la realidad cubierta por los
significados es diferente, o en superposición, si los significados soninterpretados sucesivamente en las dos lenguas.
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En el mismo ámbito, autores como Shank y Cleary3 enfatizan que, en la
adquisición de nuevos conocimientos, se hace necesario que determinados criterios
validen el conocimiento involucrado en el proceso enseñanza-aprendizaje que
extrapolan verificación y presuponen comprensión, verdad-veracidad y rectitud:
Respecto a los criterios de validación, lo que hace que la comunicación sepueda conseguir sola y por si: lo que se está diciendo es comprensible(inteligibilidad); que las afirmaciones que se hacen son ciertas (verdad); que loque se está diciendo encaja en el contexto y está justificado (veracidad) y quequien habla es sincero e no pretende engañar (rectitud). Criterios cuyo alcancees infinitamente más amplio que la verificación científica. Y, por lo tanto,resultan más adecuados para el tratamiento de los valores en educación.
Y, tratándose de valores en educación para un público de jóvenes en riesgo
social, diversos cuidados fueron tomados, desde la sumisión misma del proyecto
PAPIM4 a la ―Pro-rectoría de Ensino e Graduação‖ de la UFPA hasta la elección de
textos y montaje de los materiales.
Se consideró también, el punto de vista de Mondoñedo5
[...] el ejercicio normativo no es una praxis para conocer, buscar y comunicar laverdad, no es un ejercicio científico, sino una acción desarrollada para ocultar la heterogeneidad y la riqueza de la expresión verbal, una estrategia de lailusión con explícitas finalidades de control; en otras palabras, es uninstrumento ideológico.
y se decidió la elaboración de un material poco gramatical, aunque algo
doctrinario y sobre todo que pudiera abrirles la mente y permitirles una perspectiva
diferente de una vida de restricciones y estrecho porvenir a los alumnos seleccionados
para participar del proyecto.
Guamá Bilingüe en diez años
Para que se entienda el ámbito de las perspectivas de estos jóvenes, vale la
pena exhibir datos del In sti tut o de Co-Resp on sab ilid ade pela Educação para
alumnos oriundos de las escuelas públicas de Brasil
1. Alta tasa de fracaso y de abandono escolar.2. 13 años para cumplir el ciclo fundamental de 9 años.3. 17 años para cumplir el ciclo básico de 12 años.4. Sólo el 15% de los alumnos concluyen la enseñanza fundamental con edadcorrecta (14 años).5. Sólo el 40% de los jóvenes brasileños concluyen la secundaria.6. El 50% de los alumnos del 5º curso son analfabetos.7. Los alumnos concluyen el 9º curso con nivel de conocimientos del 5º curso.8. Los alumnos concluyen la secundaria con nivel de conocimientos del 9º
curso.9. El 70% de la población brasileña es analfabeta funcional.
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10. El 80% de la población brasileña no consigue calcular un porcentaje.
En el afán de aportar una alternativa diferente a jóvenes que se encuadran
en la mayoría de los 10 ítems arriba, se decidió organizar un proyecto que pudiera
llevar a estos jóvenes la oportunidad única de estudiar español dentro de una
Universidad Federal en un ambiente que les permitiera 'querer aprender'.
También se tomó en cuenta la necesidad de alejar a los alumnos de las
actividades callejeras cotidianas que están comprendidas desde cotilleos en las
esquinas a pequeños robos y porte de arma de fuego. Para la selección de los
participantes se contó con el inestimable apoyo de las directoras de los dos institutos
de donde salieron los alumnos. Éstos fueron elegidos en el período vespertino porque
los alumnos del matutino son jóvenes de ―familia‖ que no se quedan sueltos por la calley los del nocturno trabajan todo el día y no tienen tiempo para nada más, en opinión de
dichas directoras.
En el texto del proyecto está dicho que:
Este barrio es, reconocidamente, uno de los más violentos de esta capitaldebido a las desigualdades sociales y a los parcos recursos en él invertidos por los sectores públicos y privados para la mitigación de esta situación.Siendo la UFPA una institución pública con una fuerte inclinación social en sus
diversos cursos, está inserta en una relación de amensalismo con su entornoque le impide alcanzar su plenitud académica.Partiendo de esa premisa, creemos que la educación – como agentetransformador – puede iniciar un ciclo de cambios positivos que culminen enuna relación más productiva para ambos, a saber, UFPA y barrio del Guamá.
Para abarcar tamaño ámbito, fue necesario construir un material único con
un abordaje metodológico exclusivo que les permitiera a los alumnos no sólo el
aprendizaje de español sino también el acceso al conocimiento del mundo que les falta.
Todo proceso creativo fue pautado en el uso de vocablos con mucha proximidad alportugués, palabras transparentes y se evitó el uso de estructuras y vocabulario que
pudiera sugerir palabrotas o expresiones soeces en portugués.
Fue necesario un cuidado especial con el léxico y cada texto escrito
alternaba por unidad didáctica algo de la realidad de los alumnos –como alcoholismo,
violencia doméstica y acoso escolar – con informaciones culturales –como El Cid,
Joaquín Murieta y Mercedes Sosa. Cada una de las unidades tiene sólo cuatro páginas
y están comprendidas en un texto con diez preguntas de comprensión; una sección
para discusión visando a la fluidez lingüística y participación individual de cada alumno
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denominada ―Hablar por los codos‖; una sesión de gramática con ejercicios llamadas
―¡Atar cabos!‖ y ―Poniendo las manos en la masa‖ respectivamente; ―¡Fíjate‖! con un
complemento cultural o social y terminando con ―Recordar‖.
En las primeras clases, los alumnos tuvieron clases de fonética y prosodia
además de explicaciones sobre el proceso de pensar ‗analógicamente‘. En gran
medida esta explicación les está ayudando a comprender los textos en un ámbito
global. A partir de entonces, el material está siendo distribuido semanalmente con
enfoques que lleven a los alumnos a pensar en su futuro educativo y social como algo
posible, pues ‗si pueden aprender español, podrán aprender cualquier cosa‘.
El ―Proyecto Piloto‖, ocurrido el año de 2010, fueron seleccionados 30
alumnos –divididos en tres grupos – de dos escuelas públicas del barrio de Guamá, en
Belém, capital del estado de Pará.
Este año, el proyecto ha sido aprobado nuevamente bajo la égida Guamá
Bilingüe – año uno. Están teniendo clases 35 alumnos de las mismas escuelas en el
mismo modelo y con el mismo material del año pasado. Claro está que las profesoras
ya tienen más experiencia y están más seguras de su trabajo, lo que se refleja en los
alumnos, claro.
Materiales y método
Debido a restricciones presupuestarias, el material utilizado ha sido pensado
para ser de bajo costo y, ya que los materiales didácticos [libros] existentes en el
mercado no contemplarían totalmente la filosofía del proyecto que es, además de
enseñar español, discutir transformaciones y mejoría de condiciones de vida a través
del estudio a más de problemas sociales que pudieran estar ligado a las vivencias de
los alumnos, sin contar con el alto costo de libros en Brasil, se ha decidido por la
creación y montaje del material didáctico para el proyecto.
Así, contando con la experiencia y conocimiento de la autora Anna Leal que
ya es profesional de designer gráfico, se ha transferido a ella la responsabilidad por la
diagramación del material que sería desarrollado juntamente con la profesora
orientadora y autora Rita de Cássia y que, en términos de contenido programático,
tendría aun el apoyo a pesquisa, como equipo técnico, más dos alumnos. En el ámbito
de la metodología de enseñanza escogida, múltiples estudios ya afirmaron que el
proceso de descubierta científica es un proceso de insight analógico (diversos autores
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apud Lawson & Lawson ). De ahí, se partió de la premisa que, sobreponer
conocimientos a través del pensamiento analógico y análogos estructurales, léxicos y
semánticos interlinguales, conducen al aprendizaje significativo y al mejor manejo de
los contenidos aprendidos por los alumnos, y ha sido delineado el enfoque
metodológico para la creación del material.
De esa forma, de modo original, se ha creado una pequeña editorial para el
proyecto, en la cual la designer utilizó su computadora personal con los softwares
Indesign (diagramación), Photoshop (tratamiento de fotos) y Illustrator (imágenes
vetorizadas). Con creatividad y habilidad, el material fue hecho totalmente en negro y
blanco con un layout atractivo para los alumnos. La impresión y reproducción fueron
hechas en la CEHIA – Casa de Estudios Hispano-americanos – cátedra de la
PROINTER – Pró-reitoria de Relações Internacionais da cual la profesora es
coordinadora, siendo cedido a través do PAPIM el tonner y el papel para dichas
impresiones.
La idea de montar un libro a partir de ese material ha levado las autoras a
solicitar una carpeta para cada aluno a PAPIM de modo que ellos tuvieran realmente
un libro de español en el que estudiar. La designer optó por una tapa neutra – sin
iconografía que direccionase al idioma español – para que, cuando otros idiomas se
incorporasen al proyecto, el estándar fuera mantenido. Además de eso, al final de las
13 unidades, revisiones y ejercicios, se pretende solicitar o ISBN para que el material
pueda efectivamente ser publicado pela UFPA.
Todo el diseño del proyecto ha sido hecho a cuatro manos, a saber, las
autoras se reunieron para, a partir de la experiencia previa de la profesora, replicar un
proyecto suyo que ya ocurría en otro estado y adaptarlo a la realidad del Guamá. La
primera unidad, inclusive, trae dos textos de dos ex-alunas del proyecto aquel
incentivando los nuevos alumnos a estudiar. Los temas fueron definidos entreculturales en las unidades impares y morales en las pares, de forma que los alumnos
puedan aprender nuevas informaciones y discutir sobre sus realidades más allá de
permitirles el acceso al conocimiento de mundo que les falta. A cada semana, una
unidad es utilizada. Estas, a continuación, son ejemplos de algunas de las que han sido
desarrolladas y bajo cuáles temáticas:
1ª e 2ª Semanas: Bienvenida. Presentación del proyecto, metodología y
personal involucrado; clase de fonética y prosodia con la presentación del alfabeto
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español, además de explicaciones sobre el proceso de pensar ‗analógicamente‘. En
gran medida esta explicación les está ayudando a comprender los textos en un ámbito
global. Hubo también la exhibición del diseño animado Camino hacia Eldorado en
idioma Español sin subtítulos.
3ª/4ª Semana: ¿Qué estoy haciendo aquí? Discusión sobre El cambio a
través del esfuerzo y estudio con informe de dos alumnas oriundas de proyectos
sociales semejantes.
5ª Semana: Acoso escolar o bul ly ing . Discusión acerca de la violencia
escolar, causas, consecuencias y formas de evitarla.
6ª Semana: ¿Por qué hacer la diferencia? La historia de Joaquín Murrieta,
el Zorro, sirve como apoyo para que se comprenda la necesidad de ser responsables
por nuestras actitudes.
7ª Semana: Tener Clase. Esa unidad propone a discutir la ética en el
cotidiano así como cuestionar la corrupción y modos de evitarla.
8ª Semana: El Cid. El legendario héroe español es tema de la discusión
sobre la necesidad de luchar por nuestros ideales y lo que consideramos cierto y justo
a pesar de circunstancias adversas.
Las unidades subsecuentes ya están organizadas y algunas otras ya han
sido impartidas, como El repaso –que consistió de 12 páginas de ejercicios diversos
para estudiar en vacaciones – o El Alcoholismo Adolescente. No obstante, las autoras
pueden adaptar el material para cualquier eventualidad o modificaciones, como por
ejemplo el hecho de una huelga ocurrida durante la ejecución del proyecto y que será
explicada más a frente.
Cada una de las unidades ha sido diseñada para tener solo cuatro páginas y
están comprendidas en un texto con diez preguntas de comprensión; una sesión para
discusión visando a la fluidez lingüística y participación individual de cada alumnodenominada Hablar por los codos; una sesión de gramática con ejercicios llamada
¡Atar cabos! y Poniendo las manos en la masa respectivamente; ¡Fíjate! con un
complemento cultural o social y terminando con ―Recordar‖ que también trae algo de
gramática.
De acuerdo a eso, las autoras promovieron reuniones con las tres
alumnas/profesoras –que son becarias del PAPIM –y su entrenamiento pre-proyecto
para nivelar su conocimiento. Una de las profesoras es alumna del curso de
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letras/español del Campus de Castanhal y las otras dos son alumnas del curso de
letras/español de la FALEM – Faculdade de Línguas Estrangeiras Modernas.
A cada semana que una unidad didáctica es montada, son ofrecidas dos
tardes de entrenamiento a las becarias, para comprensión de los propósitos
subyacentes a las unidades para que promuevan acertadamente las discusiones en los
ámbitos de las vivencias de los alumnos, enfatizando los valores éticos y morales que
se espera que ellos alcancen y presenten cotidianamente. Ellas también son
entrenadas en las técnicas y estrategias de enseñanza en el intento de prevenir y evitar
situaciones de conflicto. Esto porque una cuestión siempre presente es su postura
frente a los alumnos, a fin de que siempre fuera mostrado bastante respeto por la
condición de los mismos, sin permitir, claro, que tuvieran un comportamiento no
condecente con el aula de clase.
Todo ello se da debido a que la selección de los alumnos de las dos
escuelas estaba direccionada justamente a aquellos alumnos-problema cuyas
potencialidades no eran explotadas y que presentaban problemas de relacionamiento
e/o disciplina. Tal situación ya estaba prevista y las profesoras, antes de asumieren los
grupos, estaban conscientes de esta peculiaridad pues hicieron parte de la visita a las
escuelas, conversas con las directoras y orientadoras así como la selección de los
alumnos. Inclusive, en una de las escuelas, fue dicho que este proyecto sería como ‗la
última chance‘ que determinados alumnos tendrían para no ir a la criminalidad. En otras
palabras, el Guamá Bilíngüe em 10 anos también funciona como educación
alternativa a la permanencia de los alumnos por las calles del barrio en actividades
otras que educación.
Cabe aquí una explicación. A FALEM cede al proyecto tres aulas equipadas
con los recursos necesarios los lunes, miércoles y viernes, de las 17:30 a las 18:30. El
horario de las clases fue sugerido por la dirección de las escuelas para ser luegodespués el término de las clases del turno vespertino pues, estudiar después de las
clases de la secundaria, les va a dar ―quehaceres‖ a estos alumnos ‗complicados‘.
Conclusión
Enseñar español a estudiantes brasileños a través de raciocinio analógico no
sólo es posible sino deseable. Además de hacer más fácil la labor del profesor, les
auxilia a los alumnos a buscar más informaciones por sí mismos y a alcanzar
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autonomía en el proceso de aprendizaje. Logros así son aún más significativos para un
público tan específico como adolescentes en riesgo social que empiezan a buscar en
una biblioteca materiales en español al revés de ‗distracciones‘ como la estafa.
Notas
1 ALMEIDA FILHO apud NETA, Nair Floresta Andrade. Aprender español es fácil porque hablo portugués: ventajas y desventajas de los brasileños para aprender español. Recife: Universidade Federalde Pernambuco/ Cuadernos Cervantes, 2004.
2 MEIER, Hari. Ensaios de filologia românica. Rio de Janeiro: Grifo, 1974. (Coleção Litera 4).
3 SCHANK, Roger; CLEARY, Chip. Engines for education. Hillsdale, New Jersey: Lawrence Erlbaum Associates, 1995.
4 Guamá Bilingüe en diez años es un proyecto auspiciado por la Universidade Federal do Pará – UFPA
que busca rescatar jóvenes en riesgo social con la enseñanza de español a través de analogías.
5 MONDOÑEDO, Miguel Rodríguez. Una ideología de la lengua: lo "correcto" y lo "incorrecto―.Universidad de Indiana, 2008.
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VARIEDADES LINGÜISTICAS DEL ESPAÑOL: ¿QUÉ ESPAÑOL ENSEÑAR?
Sandra Milena Palomino Ortiz (UFRR)[email protected]
Una de las preguntas que se hace el nuevo pr ofe de ELE, es ¿Debo enseñar el ―Español de España‖ óel ―Español de América‖? Aquí cabe una primera reflexión: ¿Será que existe una unidad lingüística enlos 19 países de Hispanoamérica? Este es el propósito de este trabajo, mostrar a través de ejemplosdidácticos que el español es una de las lenguas con mayor cantidad de variantes, normas regionales yde grupo. Por un lado, tenemos la diversidad cultural de todo el territorio americano, la influencia delenguas prehispánicas ó indígenas y el contacto con otras lenguas europeas o africanas. Por otro lado,tenemos la necesidad de una ―lengua neutra‖ basada en una estructura estable, con normasgramaticales y ortográficas, ya que debe servir de referencia frente a la variación dialectal y al lenguajepopular. En la práctica vemos que el ―español neutro‖ garantiza en gran medida la comunicación, perono siempre supone fluidez y efectividad comunicativa, por la diversidad del español en América y de losgrupos humanos que lo hablan. Por eso, el profe de ELE debe estar preparado para conocer que haytérminos en el español americano de uso tan frecuente en la vida cotidiana, que no pueden ser
ignorados, lo que le obliga a estar familiarizado con la realidad lingüística del español.Palabras Clave: Variedades Lingüísticas, Español de América, Español Neutro
A partir de ésta pregunta, es lógico que nos surja otro cuestionamiento:
¿Hay más de un español? A lo que podemos responder sin dudar: Sí lo hay. El español
se habla en diecinueve (19) territorios dentro de América, además de hablarse en
España, así como en pequeños enclaves de África y por todos los extranjeros que se
radican en un país con lengua materna diferente al español, los cuales con el tiempo
van formando una comunidad de habla hispana. Y a pesar de toda esa disgregación, latendencia es a crecer mundialmente, como fue mencionado en el X Encuentro Práctico
de Profesorado de ELE en España:
El español es múltiple gracias a la enorme extensión geográfica que abarca y alos cuatrocientos veinte millones de hablantes que tiene hoy, los queseguramente, llegarán a quinientos millones dentro de veinte años. Estaformidable realidad no le impide a nuestra lengua mantener una envidiableunidad que recorre todos los países en que se la tiene como lengua oficial ymaterna. Tal unidad puede parecer débil y propicia para el desacomodo,porque tanta gente en tantos lugares distintos y dispersos no es buen asientopara que algo – sea lo que fuere – se mantenga coherentemente firme y válidopara todos. (BARRETO, 2009, p.30)
Otra cuestión que a menudo ha abierto polémicas o incertidumbre es la
cuestión del nombre de la lengua: ¿español o castellano? Para Francisco Moreno, cada
territorio hispánico responde a una tradición que se mueve entre los términos español y
castellano, según las razones históricas y geográficas de cada área: en Castilla se
prefiere castellano porque siempre ha sido el nombre de la tierra; en Andalucía se
prefiere español porque se piensa que lo que allí se habla no suena como lo de
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Castilla; en México y Puerto Rico se prefiere español tal vez porque marca mejor la
distancia respecto al inglés; en Argentina se prefiere castellano porque se sabe que lo
que allí se habla no suena como el español de España. Las razones podrían
multiplicarse hasta casi el infinito. En el ámbito político, las constituciones
hispanoamericanas se inclinan hacia español , aunque, curiosamente, España haya
oficializado castellano. En el terreno de la lingüística suele usarse español y se reserva
castellano para una de sus manifestaciones geolingüísticas (la de Castilla) o históricas
(la medieval). En la comunicación internacional, son las voces español y lengua
española las que se han universalizado (Spanish, espa gnol, Spanisch). De todos
modos, se puede detectar que la comunidad hispano hablante empieza a sentir la
necesidad de un término más general y abarcador, que evite los conflictos de la pareja
mencionada. Tal vez por eso cada vez se oye más en los medios de comunicación la
expresión «lengua hispana».
Podríamos pensar que un viajero no tendría problemas al viajar por América
de habla hispana o por España misma, pero hay ciertos inconvenientes que pueden
llevar a situaciones de desacuerdo o incomprensión y originar problemas al viajero. Es
cierto que los millones de hablantes del español en América hispana, en particulares
circunstancias, se hallan desunidos lingüísticamente, pero es una desunión
momentánea y parcial, que no impide que se puedan comunicar, gracias a la buena
voluntad de los hablantes. Dada la grande extensión territorial es difícil concentrar los
mismos elementos léxicos en todos los países, por eso existe en la práctica, un
español general y españoles regionales. En otras palabras: Dentro de la unidad hay
diversidad.
Ante ese panorama, el conocimiento y la enseñanza de ese léxico
hispanoamericano se convierten en un desafío para el profesor de ELE, quien debe
responder a esas demandas y estar preparado para aclarar dudas en la clase y nolimitarse solamente a aprender el léxico peninsular:
Conocer y saber utilizar léxico hispanoamericano supone la ampliación delmundo de referencia de los alumnos y de los futuros profesores de ELE, eldesarrollo de la competencia sociolingüística, cultural y discursiva; el acceso alrico patrimonio literario, artístico y cultural en general de Hispanoamérica.Enseñar lengua española implica introducir al aprendiz en la cultura españolaen su más amplia y rica dimensión a través del léxico, que sabemos es el―componente lingüístico que mejor vincula el conocimiento del mundo y lacompetencia comunicativa del hablante‖ (REGUEIRO, 2009).
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Henríquez Ureña (apud Moreno Fernández, 2000) afirma que
provisionalmente podríamos arriesgarnos a distinguir en América varias áreas
generales, que podrían ser representadas por los usos lingüísticos de los territorios
más influyentes:
Español del Caribe: Representado por los usos de San Juan de Puerto Rico,
La Habana o Santo Domingo.
Español de México y Centroamérica: Representado por los usos de la ciudad
de México y otras ciudades y territorios significativos.
Español de los Andes: Representado por los usos de Bogotá, La Paz o Lima.
Español de la Plata y del Chaco: Buenos Aires, de Montevideo o de
Asunción.
Español de Chile: Representado por los usos de Santiago.
A estas cinco áreas se añaden tres más para el español de España:
Español Castellano: Representado por los usos de Madrid o Burgos.
Español de Andalucía: Usos de Sevilla, Málaga y Granada.
Español de Canarias: Las Palmas ó Santa Cruz de Tenerife.
Estas variedades de la lengua española exigen del profesor conocer y
explicar con claridad hasta qué punto llega la diversidad y la unidad de la lengua, así
como qué significado social y lingüístico tienen sus nombres. El profesor de español
como lengua segunda o extranjera debe tener una formación básica —y disponer de
una información adecuada— sobre la realidad dialectal de la lengua que enseña.
(Moreno, 2000).
La extensión geográfica, la diversidad cultural de todo el territorio
americano, más el influjo de las lenguas prehispánicas y aquí podemos hablar de
las consecuencias de estos contactos −en algunos casos, no interrumpidos hasta
nuestros días− están presentes también con diferentes grados de intensidad en lashablas actuales de la América española: el Arahuaco y el Caribe, lenguas localizadas
en las Antillas Mayores y Menores, Nordeste de Colombia y Venezuela, aportaron al
español numerosas voces autóctonas; también el náhuatl (México y América Central),
el chibcha (Panamá y gran parte de Colombia) y el mapuche (Chile) han contribuido a
enriquecer el vocabulario de sus respectivas zonas geográficas de influencia. Otras
lenguas indígenas se han conservado con gran vitalidad hasta nuestros días, y su
aportación al español asentado en sus territorios no se limita al vocabulario, sino que
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se han desarrollado además fenómenos de transferencia en los planos fonético-
fonológico y morfosintáctico: así ha ocurrido en el caso del quechua (Perú, Ecuador y
zonas de Bolivia, norte de Chile, noroeste de Argentina y sur de Colombia), el aimara
(áreas bolivianas y peruanas), el tupí-guaraní (Río de la Plata) y el maya (Yucatán, en
México, y territorios contiguos de América Central). -, y el contacto con otras lenguas
europeas y africanas suponen diferencias léxicas, pragmáticas y culturales que
pueden influir en la mutua comprensión. También la comunidad española peninsular
muestra una rica variedad dialectal, regional, local.
A continuación me permito citar algunos ejemplos de una excelente
recopilación elaborada por la Doctora en Filología María Luisa Regueiro (2009) que
muestra la riqueza lexical encontrada en los países de América y España, relacionada
a las variedades diatópicas o geográficas (relacionan al hablante con su origen
territorial como los dialectos, las hablas regionales y las hablas locales), variedades
diastráticas o niveles de lengua (modalidades que adopta una lengua entre los
hablantes de los distintos estratos sociales, culto, estándar ó vulgar) y variedades
diafásicas (modalidades de habla que elige el hablante según la situación
comunicativa): En España no hay llamas, pumas, anacondas, ocelotes, gauchos,
pampas, mariachis, mole, guacamole, tango,cuate, etc., son exotismos para los
europeos, claro que en nuestra sociedad globalizada se puede saber el significado.
Menos conocidos son los nombres de los animales americanos (yarará, carpincho,
congo), de plantas, frutas y verduras (achira, uchuva, achiote); de comidas y bebidas
típicas (arepa, tamal ); de bailes y canciones populares ( joropo, bambuco); de
instituciones políticas, administrativas, jurídicas, etc. (contralor , equivalente al tribunal
de cuentas); de costumbres populares (minga, el trabajo comunitario del campo en
favor de un pueblo o persona en los países andinos). Las diferencias se dan de modo
especial con los indigenismos ambientales, empleados en la vida cotidiana de ciertasregiones. En México, por ejemplo, una ferretería es una tlapalería; un niño
especialmente inquieto y molesto, será un escuincle; o un ayudante obsecuente
merecerá la denominación despectiva de achichincle, palabras todas ellas de origen
náhuatl. En la Amazonía colombiana un hablante local no dirá que ―ha visitado a un
cacique en su choza‖, sino que "ha visitado al curaca en su maloca". La resaca tendrá
muchas denominaciones regionales de las lenguas indígenas respectivas: será un
guayabo en Colombia, un chaqui en Bolivia, un chuchaqui en Ecuador; además de las
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denominaciones de origen hispánico de caña mala (Chile), ratón (Venezuela), una
cruda (México), goma (Centroamérica).
Hay términos en el español americano de uso tan frecuente en la vida
cotidiana, que el profesor de ELE no puede ignorarlos: el autobús es una guaga
(Antillas, Colombia), un camión en México, una chiva en Panamá, el colectivo de
Argentina, la góndola de Perú, o el micro o liebre de Chile. La acera es banqueta
(México), andén (Honduras y Colombia), vereda (Cono Sur), calzada (República
Dominicana). El l impiabotas es bolero, brillo, lustrador, embolador, lustrabotas, según
la región. La mujer rubia podrá recibir también los calificativos de güera en
México, mona en Colombia, gringa en Argentina, catira, catire en Venezuela,
Ecuador y Perú. Una unidad léxica americana puede tener el mismo valor
referencial, pero con diferente connotación por nivel de estilo, de uso: el adjetivo
angosto , de uso general por `estrecho´ en América, sólo se emplea en España en
contextos literarios; y lo mismo ocurre con el enfadarse que se prefiere en España
frente al enojarse del uso general americano. Otra situación es la de una misma
palabra que cuenta con una muy diferente frecuencia de uso: es más frecuente en
España patrocinar que auspic iar , general en América; follón que boch inche , pequeño
frente a chico ; tardar por demorarse . El hispanoamericano empleará con más
frecuencia l indo cuando el español usa bello, hermoso, majo o mono para referirse a
las personas; pero un uso adverbial característico de América del Sur como el
argentinismo ¡Es d e lin do ! se aplica a todo, personas, situaciones, objetos. El altavoz y
el portavoz se conocen en América, pero son mucho menos frecuentes que
altoparlante, parlante o vocero . Muchos peninsularismos son desconocidos en el
léxico americano: ultramarinos, estafeta, tahona, americana (saco ), disco (semáfo ro ),
esquirol (rompehuelgas ), pantano (embalse ), patata (papa ), albarán (bo le tín de
entrega ).La gran diversidad léxica del continente no permite hablar de un léxico
estándar americano. Sin embargo, una parte del léxico español es al menos conocido
como léxico pasivo en las dos orillas: por su mayor accesibilidad y productividad, es el
primer corpus que conviene trabajar en nuestras clases , los panhispanismos
conocidos en América y en España, como gandu l y perezoso , aunque cada país
añade sinónimos propios: flo jo (Argentina, Uruguay, Bolivia, Perú, Colombia,
Venezuela, Panamá, México y R. Dominicana); dejado (Perú y Ecuador); har agán
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(Perú, Ecuador, Colombia, Panamá, Nicaragua, Honduras, Salvador, Guatemala,
Dominicana); pargo (en Costa Rica). Hay también panamericanismos generales que
sólo desde que se inició la inmigración se oyen en España, como apurarse (`darse
prisa´), durmiente (traviesa de la vía), abalear , balear (`disparar´), l iv iano (`ligero de
peso, de ropa o de comida´), pararse (`ponerse de pie´), saco (`chaqueta´), ses ionar
(`celebrar una reunión´), chequera (`talonario´), plata (`dinero´), fósforos (`cerillos´),
ext inguidor (`extintor´), deceso (`fallecimiento´), canci l ler (`Ministro de Asuntos
Exteriores´), atorarse (`atragantarse´). Cuando un mismo término tiene en España y
en América distinta significación por desplazamiento semántico, puede darse el
infortunio comunicativo: ¿le provoca un t into ? dicen los colombianos cuando quieren
decir ¿le apetece un café? La comida en España es siempre la de mediodía, pero es la
cena en Colombia, Perú y Chile. Los bocadi l los son dulces en Colombia, nada que ver
con el suculento pan con queso o jamón con que meriendan los niños españoles.
Ofrecer un pit i l lo en España, en los tiempos de prohibición del tabaco puede ser de
agradecer; pero el colombiano o el venezolano entenderán que se ofrece una paj i ta
para sorber bebidas, el popote mexicano. Amarrar es término marinero que sólo se
emplea en España para referirse a `atar una embarcación¨, pero en América se
amarran paquetes, cordones de zapatos, moños – lazos, cintas- del regalo y hasta
perros. La al ianza de matr imon io es en gran parte de América una argol la , `aro
grueso de metal´, sin otra posible connotación. Cuando le decimos guapo a alguien en
América, el piropo no se ajusta a lo físico: equivale a `trabajador, eficiente´. Los
deliciosos chur ros españoles tienen el valor -si se quiere, metafórico- de `hombre o
mujer de muy buena presencia´. Para entendernos, George Clooney, Angelina Jolie o
Brad Pit son churros, que nada tiene que ver con la otra acepción española de churro,
`chapucería, cosa mal hecha´. Hablando de belleza, un niño guapo , un joven churro ,
pueden ser monos , monísimos en España; pero no necesariamente tendrán que ser `rubios´, significado de mono en Colombia; pero cuidado con emplear el mismo término
en Venezuela, porque el mono, la mona son las personas `amaneradas, afectadas´. En
México decir que alguien está endrogado no quiere decir que consuma drogas, sino
que tiene drogas, es decir, `deudas´.
En la oralidad y en todos los niveles comunicativos, la afectividad es
sumamente importante; de ahí el uso de los elementos de sufijación afectiva de
diminutivos y aumentativos. El aumentativo -azo se emplea con valor ponderativo
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y afectuoso, y superlativo: es un amigazo, por `gran amigo´ o `buen amigo´; venía
cansadazo, por `venía muy cansado´. Los sufijos diminutivos españoles -il lo, -ete, -
ín apenas se emplean como tales en América y forman derivados con noción distinta
del diminutivo: frutilla (`fresa´), conventillo (`casa de vecindad´). En su lugar, es de
suma vitalidad -ito : patroncito, ahorita, aurita, orita e incluso ahori t i ta (Méx.), repetido
para intensificar. Para este refuerzo, en Costa Rica, Antillas, Colombia y parte de
Ecuador, se añade –ico al primer -ito : chiquitico, y a los sustantivos en /t/: zapatico,
ratico. La dimensión pragmática del diminutivo americano determina que su
supresión en Colombia, México, Venezuela, Bolivia o Ecuador expresa indiferencia,
rechazo, distancia o enfriamiento de las relaciones. Sumamente ilustrativos son la
afirmación y el ejemplo siguiente:
―En Bogotá oímos las frases siguientes: Mamita, ¿quiere cafecito? ¿Conlechecita? Ahoritica se lo preparo. Esta frase no es afectada para un bogotano,sino lo normal. Si se dijese como en España: ¿Madre (mamá), quieres café?¿Con leche? Ahora mismo te lo preparo, esto se consideraría descortés o ―frío‖.(Haensch 2002: 57apud Regueiro 2009:36)
Pragmáticamente, tal vez por influencia indígena y por ciertas estructuras y
modos de vivir propios de la sociedad criolla, existen fenómenos que afectan al
lenguaje y al léxico y que no siempre es comprendido en España. Por ejemplo, la
minuciosidad, la prolijidad del relato (prol i j idad con el significado peninsular, no el
argentino de `limpio, aseado, de excelente aspecto´) y la redundancia expresiva en
ciertas regiones. Haensch atribuye esta característica, presente de modo muy notable
en el altiplano colombiano y en Paraguay mediante la inserción reiterada en el relato de
verbos declarativos (le comento qu e, mira que ), a la importancia que concede el
hispanoamericano a lo ritual, más que a lo funcional. Esto hace que se abunde en
perífrasis, circunloquios antes de abordar un tema, lo que pone a prueba la paciencia
peninsular. Son muchos los rodeos, muchas las matizaciones del tipo a lo mejor, quizás,
acaso, ¿quién sabe?, verá usted, aunque no tenga ninguna duda. Los saludos iníciales,
antes de una conversación formal, son el mejor ejemplo de esta forma que parece
inspirarse en el deseo de no parecer impositivo: Perdón, buenas tardes, ¿me permite?,
¿sería tan amable, por favorcito, de decirme dónde está la calle X...? Un venga,
hombre, explíquese, que no tenemos tanto tiempo, puede anular toda buena
disposición al diálogo.
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Hasta aquí el profesor de ELE tiene un gran número de ejemplos para ser
trabajados en clase, desde los niveles básicos se pueden introducir progresivamente
unidades léxicas del español de América, aprovechando el entusiasmo y curiosidad del
estudiante.
Consideraciones Finales:
Hasta entrado el siglo XX, todavía se creía que el español de América era
inferior a la norma culta que se hablaba en España, ésta estandarización realizada por
la Academia se había basado en el modelo lingüístico castellano:
En 1956 se creó la Asociación de Academias de la Lengua Española,uniéndose la RAE y sus correspondientes de América, en pie de igualdad, conla intención de abarcar todo el conjunto de la lengua española y de establecer una serie de españoles "nacionales" de cada país, basados en un fondo común
a todas esas normas nacionales, representado sobre todo por la lengua escritaculta (Izquierdo y Enguita 2010)
Actualmente se considera los usos lingüísticos cultos característicos de las
principales áreas de América y España. Esta es la razón por la que la política
lingüística que siguen las academias de la lengua se caracterice por ser panhispánica.
De esta forma, se derivan tres modelos de español que pueden ser utilizados para la
enseñanza:
1) el modelo castellano,2) el modelo del español de las principales áreas cultas de América (la
mexicana y centroamericana, la caribeña, la andina, la chilena y la rioplatense y del
Chaco) y España (la castellana, la andaluza y la canaria),
3) y el modelo de los usos panhispánicos. Estamos ante un modelo de
español general que recoge las unidades lingüísticas comunes a todas las variedades
del español. Este modelo huye de los rasgos locales y dispone de una fonética y una
gramática poco marcada regionalmente y de un léxico compuesto por las voces cultas
de mayor extensión panhispánica. El profesor a la hora de ejemplificar los rasgos de
este español general, puede utilizar para sus clases grabaciones de hablantes cultos y
enseñar aquellos usos cultos que sean generales (yeísmo, seseo, por ejemplo). Los
rasgos cultos que no sean generales hay que presentarlos y enseñarlos con una cierta
limitación (voseo, por ejemplo). En íntima conexión con esta línea de actuación
panhispánica es el momento de hacer alusión también a la creación de un nuevo
modelo de lengua, que está recibiendo distintas denominaciones entre los estudiosos:
español estándar , español globalizado, español internacional, español neutro,
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entre otras. Estamos ante una modalidad más neutra y universal, que ya está siendo
empleada por ciertos medios de comunicación y por algunas telenovelas, entre otros,
con la intención de que sus programas lleguen y sean comprendidos por todo el mundo
hispanohablante.
Para Ruiz (2009), el profesor de ELE debe enseñar una lengua culta,
independientemente del modelo de lengua por el que se haya optado, lo que le obliga a
estar familiarizado con la realidad lingüística del español. A la hora de acceder a
cualquier modelo de referencia hay que tener en cuenta, entre otros, el contexto de
enseñanza, el origen geolectal del profesor, el lugar del mundo hispánico en el que se
vaya a mover el estudiante, los materiales seleccionados para la enseñanza y las
necesidades funcionales de nuestros alumnos. Todos estos ingredientes deben ser
manejados de una manera coherente para conseguir una adecuación de los elementos
lingüísticos dentro del aula y el profesor de ELE cuenta con recursos como los
Diccionarios especializados para trabajar esas diferencias. Establecer un mapa de
españoles regionales es tarea compleja y quien lo haga deberá llegar a él luego de un
largo proceso de investigación seria y documentada. El estudiante de español formará
su cultura idiomática sobre la base de lo que es común a todos lo cohablantes de
español. Antes de conocer las variedades regionales, él debe primero conocer,
practicar y dominar la lengua general, sin la cual no podrá moverse con comodidad.
Consideramos que el español de América ha venido conquistando un
espacio merecido y dejando el estigma de las «desviaciones de la norma», grupo
constituido por las variedades latinoamericanas frente a la «verdadera» lengua,
normalizada (España). Y esto es un incentivo para continuar trabajando para que ese
llamado ―español neutro‖ sea una evolución de la lengua haciendo del español una
lengua única y plural. Sabiendo que la norma lingüística corresponde a razones
políticas y sociales, esto no puede ser un impedimento para que se respete lasvariedades lingüísticas de cada comunidad que adopta esta lengua y pueda expresarse
en su español ―neutro‖ y no verse obligada a expresarse en el español de Madrid.
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A FICCIONALIZAÇÃO DO AUTOR COMO UM RECURSO METAFICCIONAL: OCASO DE BORGES NA OBRA DE LUIS FERNANDO VERÍSSIMO
Profa Msc. Tatiana da Silva Capaverde (UFRR)[email protected]
Observa-se em diferentes obras a transformação de autores em personagens. Na maioria dos casos asobras possuem cunho biográfico ou autobiográfico, porém em outros os autores estão presentes naficção como veiculo de conteúdo crítico e teórico, já que por serem clássicos e consagrados, estãoadjetivados pela memória coletiva. A presença destes personagens autores estabelece um hiperlinkentre a trama e algumas imagens e/ou conceitos que lhes são associadas, funcionando como conector entre o dado e o implícito ao texto. O presente trabalho pretende mostra este fenômeno na crônicaintitulada Jorge e Benny , publicada no livro Banquetes com os deuses: cinema, literatura, música eoutras artes (2003) de Luis Fernando Veríssimo, que se utiliza da ficcionalizaçao do autor argentinoJorge Luis Borges como uma das formas utilizadas a fim de incorporar a dimensão metaficcional na obra.Serão analisadas a presença dos símbolos labirinto e morte como forma de representação da criação eda leitura da obra artística.
Palavras-chaves: Borges como personagem; Metaficção; Labirinto; Morte.
A Metaficcionalidade
O que ora chamaremos de metaficção é uma tendência da modernidade de
substituir as obras de arte pelo processo de sua própria produção. ―A metaficção existe
desde que a ficção veio ao mundo; podemos encontrá-la nos primeiros mitos (...) e nas
primeiras tragédias gregas. (BERNARDO, 2010, p. 39) O termo, no entanto, foicunhado, primeiramente, para designar os novos romances americanos do século XX,
obras que tinham a preocupação de superar o peso da tradição realista, opondo-se a
prerrogativa de que a linguagem teria condições de representar a realidade.
Por ser uma ficção que não esconde sua ficcionalidade (LONGE, 1992),
construindo com o leitor outro tipo de pacto que não o da ilusão, também desconstrói o
conceito tradicional de leitura. O contexto geral em que se insere a produção de textos
e obras metaficcionais latino-americana é o de uma grande crise que se instala nos
meios artísticos tradicionais no período pós-guerra, como explica Gustavo Bernardo.
O século XX viu retornarem com força as dúvidas políticas e epistemológicas,em função de decepções históricas e impasses científicos. Heisenbergformulou o seu ―principio da incerteza‖, postulando que a observação e adescrição de um fenômeno alteram o próprio fenômeno. Por isso, de acordocom Forrest-Thompson, ―não há outra realidade que não nossos própriossistemas de medir a realidade‖ (In Waugh, 1984, p. 60 – ―In fact there is noreality except our systems of measuring‖). Ora, junto com as dúvidas científicase as incertezas políticas, retorna com a mesma força a metaficção: pode-semesmo afirmar que a metaficção funda-se numa versão do principio
heisenberguiano da incerteza (Waugh, 1984, p. 3 – ―Metafiction rests on aversion of the Heisenbergian uncertainty principle‖). (BERNARDO, 2010, p.42)
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Arrigucci (1973) chama a atenção para o fato de que nesses períodos há
uma tomada de consciência da fragilidade humana e das construções sociais,
denotando que as artes plásticas e a literatura são mortais ―(...) não porque podem ser
destruídas junto com o resto da civilização, de fora para dentro; mas porque podem ser
destruídas também de dentro para fora. Elas próprias podem se destruir, como
decorrência paradoxal de seu processo de constituição‖ (ARRIGUCCI, 1973, p. 10).
Para o crítico,
(...) o desnudamento irônico dos procedimentos de construção da obra, cujopapel importante na evolução literária foi ressaltado pelos formalistas russos,se apresenta, aos olhos de hoje, como uma operação metalingüística decisivana configuração da literatura do nosso tempo. (ARRIGUCCI, 1973, p. 172-3)
A literatura remete o leitor ao seu próprio instrumento, a linguagem,desnudando ironicamente os procedimentos de construção da obra. Barthes (2003)
afirma no capitulo Literatura e Metalinguagem, que apenas recentemente a literatura e
entendida como linguagem, e, portanto, nunca refletia sobre si mesma, ―nunca se
dividia em objeto ao mesmo tempo olhante e olhado, em suma ela falava, mas não se
falava.‖ (BARTHES, p. 28, 2003) Uma busca por novos procedimentos liter ários
desmascara o próprio fazer artístico, questionando seus limites e levando-o a uma
extrema autocrítica. Através da construção da narrativa dentro da narrativa, é possível
conhecer o próprio jogo ficcional. Esta tendência tem continuidade no século XXI, em
que a concepção de obra como algo lúdico toma cada vez mais espaço. Os escritores
que se aventuram nessa busca de novos procedimentos e temas levam a obra e o
leitor a uma nova experiência estética e a um constante questionamento dos papéis e
funções.
Autor como personagens
A presença de autores consagrados no papel de personagens nas narrativas
latino-americanas é um recurso narrativo bastante explorado. Podemos citar exemplos
em que o próprio autor da obra aparece como personagem, que é o caso de Miguel
Unamuno, em Niebla e Jorge Luis Borges em seus contos Tlon, Uqbar, Orbis Tertius e
Borges y yo, para citar apenas os mais célebres da língua espanhola. Há os casos
também que o autor dá voz a outro autor como faz Ricardo Piglia nas obras La Cuidad
Ausente e Nombre Falso, através das quais interagimos com Macedonio Fernández e
Robert Arlt. Podemos também apontar que a cada época a presença de autores ―reais‖
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de forma ficcionalizada em obras narrativas é empregada para diferentes fins estéticos,
mas possuem como ponto em comum a metaficcionalidade que cria um labirinto de
leituras e identidades autorais e referenciais.
A problematização das categorias autor e personagem tem sido recorrente
nas narrativas latino-americanas da atualidade, uma vez que ha uma preocupação
presente na prática textual de discutir seus procedimentos e funcionamentos. Nesse
jogo, os personagens autores, de puro ente ficcional, passam a trazer para a narrativa
outros significados e conteúdos à trama, uma vez que possuem Historia que está além
da ficção.
A personagem do romance, por ser um ente ficcional, conforme a proposta
de Forster, acaba por representar de forma mais completa e coerente a complexidade
humana. Na busca pela verossimilhança, ―a personagem deve dar a impressão de que
vive, de que é como um ser vivo.‖ (CANDIDO, A. 2009, p.64) Porém, mesmo quando
se procura aproximar seres reais e fictícios, conforme Antonio Candido, nunca se deve
perder a premissa de que a personagem é um ser diferente e mais completo, e que é
esta justamente a razão de ser, a justificativa e o encanto da ficção. Em função disso
ele afirma que não é possível transplantar uma personagem da realidade, isto é,
aproveitar integralmente a sua realidade na ficção. Acrescenta ainda que o autor
quando cria personagens baseadas em pessoas reais, na verdade apresenta uma
interpretação dessa existência, pois se fosse exatamente a pessoa referida, deixaria o
texto de ser ficção para ser documento. ―Neste mundo fictício, diferente, as
personagens obedecem a uma lei própria. São mais nítidas, mais conscientes, tem
contornos definidos, - ao contrario do caos da vida – pois há nelas uma lógica pré-
estabelecida pelo autor (...)‖ (CANDIDO, A. 2009, p.67) E é o autor também que será
responsável pelo que Candido chama de ―convencionalização‖, e que Machado
denomina ―substancia da vida‖ isto é, ―o trabalho de selecionar os traços, dada aimpossibilidade de descrever a totalidade de uma existência‖ (CANDIDO, A. 2009,
p.75)
Dentro desta perspectiva, a ficcionalização do autor não pretende trazer para
o texto a matéria viva, mas sim, representá-lo. O autor, a partir de então, começa a ser
representado sem a aura de detentor da obra, mas como alguém que, assim como o
leitor, participa do processo de criação e jogos de sentido, que são explicitados na
narrativa. Sua presença nas obras desnuda os caminhos percorridos em busca da
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trama ou dos meandros teóricos e críticos que permeiam a criação literária. Dessa
forma, o autor se distancia da concepção de Foucault que o relaciona a propriedade e
a existência real, para que, em meio à ficção, seja veículo de reflexão sobre um fazer
literário que se compõe de vários fatores e participantes. Partindo da concepção de
morte do autor de Barthes, poderíamos dizer que quando o autor passa a posição de
personagem, ele renasce em sua representação, construindo na trama narrativa, em
conjunto com o leitor, os sentidos possíveis da obra, além se fazer com que o processo
criativo passe a ser tema.
Com base nos citados estudos sobre o autor e a personagem não mais
podemos ter como única expectativa que, quando temos no papel de personagem a
figura de um autor conhecido, a proposta seja a de tornar biográfico o texto,
aproximando ente ficcional e real ao máximo possível no interior de um texto. Muitas
obras possuem essa proposta, mas há aquelas que se alimentam da imagem fixada na
memória coletiva sobre a pessoa e o trabalho de um escritor famoso para, através de
uma interpretação alegórica do que simboliza esse autor, tematizar o fazer literário.
Pode-se observar que na maioria das obras das décadas de 60 a 80 que
apresenta um personagem caracterizado por um autor conhecido, a presença dessa
voz do escritor tem o intuito de aproximar o fazer literário da crítica, produzindo assim
um gênero fronteiriço entre ficção e ensaio. Em muitas delas, o autor, através da voz
do autor ficcional, expõe seu processo criativo, suas posições críticas, explorando sua
biblioteca. Nesse processo de auto-reflexividade, o personagem autor, entre citações e
proposições, funciona como um recurso estilístico que acrescenta ao texto uma
proposta ensaística, normalmente de grande densidade crítica, mesmo dentro de um
formato narrativo ficcional.
Já nas obras dos anos XXI, é possível encontrar obras que propõe uma
estética diferente daquelas exploradas nas décadas anteriores. Em algumas narrativasescritas a partir da década de 90, a presença do autor personagem funciona como
forma de acionar, através da memória do leitor, as idéias e conceitos de conhecimento
comum sobre determinado autor, criando assim um hipertexto no ato de leitura do
escrito. Esse processo acontece quando o autor introduz o personagem identificado
como um determinado autor clássico já adjetivado pelo imaginário coletivo, abrindo
assim, a partir de um nome, um universo semântico de domínio público. Esse
procedimento narrativo se aproxima ao que, nos textos eletrônicos, se chama de link,
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mecanismo que liga o hipotexto a um hipertexto. Entendendo como hipertexto ―un
conjunto formado por textos y ―documentos‖ (las llamadas lexias o scriptons) no
jerarquizados unidos entre ellos por enlaces (links o liens) que el lector puede activar y
que permiten un acceso rápido a cada uno de los elementos constitutivos de ese
conjunto‖ (AARSETH, E. 2006, p. 19). A partir dessa nova proposta, a intertextualidade
se dá a partir da leitura interativa, considerando fundamental o substrato da memória
coletiva para uma leitura mais rica do texto.
Encontramos historicamente uma ligação estreita entre memória e a tradição
oral da literatura, isto é, a transmissão de geração para geração de temas e imagens
representativas para a coletividade. Partindo dessa premissa, entenderemos memória
conforme afirma PAIXÂO (2011): ―a memória é entendida como retenção de um dado
conhecimento, mas também como activadora da imaginação e das capacidades de
interpretação, problematização e reinvenção, as quais actuam sobre o que é recordado
pelo sujeito.‖ Pêcheux afirma, dentro da perspectiva da análise do discurso, que ―a
memória discursiva seria aquilo que, face a um texto que surge como acontecimento a
ser lido, vem restabelecer os ‗implícitos‘ (quer dizer, mais tecnicamente, os pré-
construídos, elementos citados e relatados, discursos-transversos, etc.)...‖ (PECHEUX,
M. 1999, p. 52). A partir do entendimento dessa dinâmica textual e extratextual, em que
um acontecimento ou saber, para ser registrado, deve deixar o domínio da
insignificância e passar a ser reconstruído a partir de dados e reconstruções comuns
de uma comunidade social, a obra literária será entendida como objeto cultural. De
acordo com Davallon (1999), os objetos culturais podem ser uma síntese entre a
memória coletiva e a historia, pois transforma um elemento histórico em um elemento
vivo na memória coletiva. A partir desse entendimento e focalizando a questão no
âmbito literário, a manutenção da historia literária e de seus mitos necessita ser
constantemente alimentada e revisitada pelas literaturas contemporâneas a fim demanter viva a memória coletiva e a tradição.
Borges como Personagem
Como observa Beatriz Sarlo (2007), o nome de poucos escritores originou um
adjetivo que o identifica e também designa algo mais que sua própria obra. Na
literatura latino-americana podemos citar sem medo Machado de Assis (machadiano) e
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Jorge Luis Borges (borgeano). Nomes consagrados como clássicos que se
transformaram em arquétipos do imaginário narrativo e fazem parte do Museu Literário.
Borges anunciou este processo e muitos teóricos e críticos apontaram relações
intertextuais entre obras e seus precursores, mas o que se pretende agregar a este
caminho de análise é a superação das formas de citação, alusão, referencia, entre
outras que caracterizam a intertextualidade, para uma relação estabelecida por um link
entre texto e memória, isto é, a promoção de um diálogo interativo com a memória
literária coletiva. Dessa forma, o leitor é jogado pelo narrativa a presença de um
personagem que, independente do enredo que lhe é reservado pelo seu autor (novo
criador), traz consigo um campo semântico à historia, agregando conteúdo a matéria
narrada e multiplicando as possibilidades de leitura da obra.
Como exemplo desse processo, será observada a literaturização de Borges na
crônica Jorge e Benny , publicada no livro Banquetes com os deuses: cinema,
literatura, música e outras artes (2003) de Luis Fernando Veríssimo. O autor possui
outras obras em que Borges aparece como personagem, como a crônica Borgeanas,
também publicada em Banquetes com os deuses e o romance Borges e os
orangotangos eternos (2000) em que o personagem Borges, de sua biblioteca, ajuda
a desvendar o mistério de um assassinato, juntamente com seu tradutor.
Jorge Luis Borges (1899- 1986) foi o primeiro a perceber que poderia se
transformar em personagem. Ele mesmo se inclui em suas obras, caracterizados
apenas por Borges nos contos Tlon, Uqbar, Orbis, Tertius e Borges y yo. Desta forma
ele dissolve as fronteiras entre o real e o fictício e constrói uma representação de si
mesmo que posteriormente, somada a leitura de sua Biblioteca, comporá a figura
legendaria que fará parte da memória coletiva dos leitores latino-americanos. A
imagem auto-referencial que Borges constrói é a de um literato em busca do saber, o
homem dos livros, que mais tarde, se somará aos conceitos de biblioteca, labirinto,morte e cegueira, entre outros que ele explora. Podemos afirmar que, assim como é
certo que nem todos leram Borges, quase todos ouviram falar de Borges e possuem
uma imagem comum do que ele representou e sobre o que discutia.
A crônica Jorge e Benny narra o encontro pós-morte de Jorge Luis Borges e
Benny Goodman, clarinetista e músico de jazz. O narrador justifica o encontro dos dois
―na chegada‖ (VERISSIMO, 2003, p. 185) pela proximidade da data de morte dos dois
artistas. Neste encontro insólito, em que os dois procuravam saber por onde seguir, os
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dois mortos se apresentam: um como o rei do swing e o outro como aquele que
inventou o labirinto onde se encontram. Borges, frente às indagações de Goodman,
explica ―Escrevi vários livros não explicando exatamente isso. Minha idéia de morte era
esta: o último labirinto. Por alguma razão encontro você aqui. Tem certeza que não o
inventei também?‖ (VERISSIMO, 2003, p. 186)
A figura do labirinto explorada por Jorge Luis Borges é tematizada em sua obra
em diferentes textos. O mito do Minotauro, monstro aprisionado em um labirinto, morto
por Teseu que, com a ajuda do fio de Ariadne, consegue encontrar a saída, é por
Borges explorado como uma representação de busca pelo conhecimento. Segundo
Chevalier ―o labirinto – e sua associação com a caverna o mostra bem – deve, ao
mesmo tempo, permitir o acesso ao centro por uma espécie de viagem iniciatória, e
proibi-los aqueles que não são qualificados.‖ (CHEVALIER, J. 1999, p. 530) Em muitos
de seus textos a viagem iniciatória se dá na proposta de uma leitura de composição
sinuosa e de constante processo de avançar e retroceder, além de o ato de conquistar
o centro do labirinto, isto é, conseguir matar o minotauro, está relacionada a adesão do
leitor aos jogos de sentido e ao entendimento da obra como um labirinto a ser
percorrido. A morte, outro tema recorrente em Borges é associado ao labirinto, como
bem indica a personagem de Veríssimo, uma vez que essa busca de conhecimento
pode ser entendida dentro de uma perspectiva intimista de busca interior, tanto no
sentido psicológico quanto espiritual. Dentro dessa leitura, ―A ida e a volta no labirinto
seriam o símbolo da morte e da ressurreição espiritual‖ (CHEVALIER, J. 1999, p. 531)
e o processo de busca algo infinito. Assim,
o labirinto seria a combinação de dois motivos: o da aspiral e o da trança, eexprimiria uma vontade muito evidente de representar o infinito sob os doisaspectos de que ele se reveste na imaginação do homem: isto é, o infinitoeternamente em mutação da espiral, que, pelo menos teoricamente, pode ser
pensada como sem fim, e o infinito do eterno retorno figurado pela trança.‖(CHEVALIER, J. 1999, p. 532)
Na obra do escritor argentino, ―a realidade é sempre menos rica que a
imaginação e nunca coincide com as previsões. Sua concepção de labirintos, espelhos,
representa a multiplicidade de caminhos que se propõe ao homem‖. (JOZEF, 2005, p.
166). Para Borges, dentro desse caos, o homem está perdido como em um labirinto.
Ele recria o mundo por meio da multiplicação lingüística. O homem se torna imortal
através da escrita, da literatura, já que, como afirma Borges no texto O Imortal :
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Tudo, entre os mortais, tem o valor do irrecuperável e do inditoso. Entre osImortais, ao contrário, cada ato (e cada pensamento) é o eco de outros que nopassado o antecederam, sem princípio visível, ou o fiel presságio de outros queno futuro o repetirão até a vertigem. Não há coisa que não esteja como queperdida entre infatigáveis espelhos.‖ (BORGES, J.L., 1998, p. 603)
É somente na escritura que podemos lutar contra o caos que caracteriza nossomundo. Borges utiliza assim as figuras do labirinto, do eco, do espelho e da biblioteca
como ―portas-passagens‖ que levam o leitor a ―re-descobrir‖ a realidade em que vive.
Podemos ainda observar que a discussão sobre a natureza da criação literária
aparece na crônica comparada à criação de Deus, pois Borges afirma que ―Às vezes
penso que eu inventei tudo. Que a vida foi só uma coisa que eu imaginei. As estrelas, o
universo, eu mesmo. Tudo imaginação minha‖. (VERISSIMO, 2003, p. 186) As
imbricações entre o mundo ficcional criado por ele e o ―real‖ também são indicadascom o uso de metáforas de criação textual, como no trecho ―Nossa vidas seriam mais
suportáveis se as pudéssemos viver só depois da terceira revisão.‖ (VERISSIMO, 2003,
p.186) Esta aproximação entre criação e vida reforça o tom insólito da narrativa,
dialogando com os relatos fantásticos de Borges em que estas temáticas eram
recorrentes. O diálogo dos dois personagens a respeito do poder de criação de
labirintos e a natureza destes labirintos os levam, é evidente, a discussões labirínticas,
que encerram com a reafirmação da imaginação e da criação.
Considerações Finais
A partir do entendimento de que a crônica Jorge e Benny de Luis Fernando
Veríssimo é um objeto cultural que alimenta a memória coletiva dos leitores de América
Latina, dando nova vida a autores e obras consagradas, vemos nesse processo o que
Davallon (1999) chamou de síntese entre memória e historia, nesse caso, historia
literária. A presença de Borges como personagem abre uma janela para os implícitos
que será potencializada com a discussão presente sobre o labirinto e a morte. Na
análise dessa crônica é possível observar que a obra de Veríssimo utiliza a imagem de
Borges como veículo metaficcional e não biográfico. Em nenhum momento há a
preocupação com a representação fiel a pessoa Jorge Luis Borges, mas sim com a sua
interpretação, isto é, com a imagem de Borges do imaginário coletivo latino-americano.
É de conhecimento geral os afastamentos e imbricações entre morte e
labirinto propostos por Borges. Se esse era o tema da crônica de Luis Fernando
Veríssimo, a presença do personagem Borges no texto veio a funcionar como um link
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entre a trama de Veríssimo e os conceitos cunhados por Borges, entre o leitor do
século XXI e a obra de um autor clássico, entre a literatura latino-americana
contemporânea e sua tradição através de novos mecanismos metaficcionais sob
influência das ferramentas hipertextuais.
Borges, em seu texto A Imortalidade que trata da imortalidade pessoal e da
cósmica, afirma que não acredita na imortalidade pessoal, diferentemente de Miguel de
Unamuno, ele não quer continuar sendo eternamente Borges: ―espero que minha morte
seja total, espero morrer de corpo e alma.‖ (BORGES, J.L. 1999, p.1980) Borges
acreditava na imortalidade cósmica, já que ―a imortalidade está na memória dos outros
e na obra que deixamos.‖ (BORGES, J.L. 1999, p.206) Para ele, ―Cada um de nós é,
de algum modo, todos os homens que morreram antes. Não apenas os de nosso
sangue― (BORGES, J.L. 1999, p. 206) e ―Essa imortalidade se alcança pelas obras,
pela memória que se deixa nos outros. Essa memória pode ser ínfima.‖ (BORGES, J.L.
1999, p. 207) A partir de suas afirmações podemos dizer que sua proposição foi
assertiva, uma vez que sua imagem se mantém viva na memória coletiva, sendo
constantemente revisitadas, como é o exemplo dessa crônica de Luis Fernando
Veríssimo, imortalizando a Borges a cada nova geração.
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AS TIC EM AULAS DE E/LE NO BRASIL: BREVE PANORAMA SOBRE ASREALIDADES NORTE E SUDESTE DO PAÍS
Prof. Wagner Barros Teixeira (Universidade Federal do Amazonas)[email protected]
Neste trabalho proponho uma reflexão sobre algumas das principais dificuldades para o uso consciente eadequado das Tecnologias da Informação e da Comunicação no ensino de Espanhol como LínguaEstrangeira na realidade das salas de aulas de ensino de línguas das Regiões Norte e Sudeste do Brasil.Para tanto, construo uma arena de vozes com base no(s) discurso(s) teórico(s) e na experiência deinvestigadores que tratam dessa temática. Após a reunião dessas vozes, fica evidente que, na realidadedas Regiões brasileiras pesquisadas, o fator ‗tempo‘ é uma das principais dificuldades a ser superada notocante ao uso das TIC na prática em sala de aula, bem como à formação continuada docente.
Palavras-chave: Tecnologias da Informação e da Comunicação; Ensino de línguas; Tempo
Introdução
O processo de ensino-aprendizagem de uma língua está presente há
bastante tempo em questionamentos e estudos de pesquisadores, teóricos e docentes
envolvidos com essa temática. Durante o avanço desses estudos e pesquisas,
diferentes propostas de trabalho, com base em variadas correntes teóricas, visando,
em muitas das vezes, à aplicação em sala de aula, foram pensadas, desenvolvidas e
colocadas em prática, com vistas a vencer os diferentes percalços verificados no
tocante às distintas instâncias envolvidas no processo: os discentes, as instituições, ospesquisadores, entre outros. Neste trabalho, no entanto, o foco se restringe a algumas
daquelas enfrentadas por docentes, eternos pesquisadores, que lidamos com a
teorização, o ensino e a prática de um idioma, principalmente àquelas que tangem o
uso das Tecnologias da Informação e da Comunicação (doravante TIC) em sala de
aula.
Este artigo possui um amplo viés dialógico de investigação e pesquisa, na
acepção bakhtiniana do termo, porque está baseado em discursos teóricos e naspesquisas de pesquisadores e investigadores que abordam a temática em questão,
com foco nas vozes que formam o discurso de diferentes comunidades docentes
brasileiras, mais especificamente das Regiões Norte e Sudeste do país.
Como escopo teórico, em primeiro lugar, traço um breve panorama do
processo de ensino de línguas no Brasil, dando especial atenção às dificuldades
verificadas durante esse processo, em especial àquelas que tangem a prática docente
e o uso das TIC em sala de aula. A seguir, convido o leitor a uma rápida viagem pelahistória do uso das TIC em aulas de Língua Estrangeira (doravante LE), dando ênfase
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a uma prática amplamente realizada pelos docentes em seu trabalho diário de
formação, propondo um rápido estudo sobre a(s) concepção(ões) que se tem de
exposição em sala de aula.
Logo após, compartilhando minha experiência enquanto docente-
pesquisador, trago à tona as vozes de algumas de minhas investigações e de trabalhos
de outros pesquisadores, indo ao encontro do principal objetivo deste trabalho, o de
construir um panorama entre as realidades do uso das TIC em aulas no Norte e no
Sudeste brasileiros, mais especificamente nos Estados do Amazonas e do Rio de
Janeiro.
Ao final, no intuito de fomentar mais ainda esse diálogo, levanto alguns
questionamentos que considero pertinentes ao estudo realizado, a fim de encaminhar a
palavra a futuras vozes, oriundas de novas investigações sobre a temática em questão.
A Língua Estrangeira no panorama do processo de ensino brasileiro
No Brasil, o ensino de Línguas, em especial o caso do Espanhol como
Língua Estrangeira (doravante E/LE), está em evidência nos últimos tempos,
principalmente a partir da obrigatoriedade da oferta dessa língua neolatina no Ensino
Médio em todas as esferas de educação, por meio da lei 11.161/2005, o que,teoricamente, aumenta a ocorrência de cursos de graduação, e, por extensão, de pós-
graduação, a fim de se satisfazer a demanda de profissionais habilitados ao ensino
dessa língua, os quais cada vez mais necessitam de atualizarem seus estudos.
Em meio a esse panorama, encontram-se os postulados dos
PCN99 (BRASIL, 1999, p. 26), que sugerem que o ensino de LE deixe de objetivar
[...] apenas o conhecimento metalinguístico e o domínio consciente de regrasgramaticais [...]. Cede lugar, na perspectiva atual, a uma modalidade de cursoque tem como princípio geral levar o aluno a comunicar-se de maneira
adequada em diferentes situações da vida cotidiana.
Tal postura resgata o papel formador que a lei brasileira outorgou
ao Ensino Médio, o qual havia sido transferido tacitamente, durante décadas de ensino
pautado em abordagens tradicionais e estruturalistas, aos institutos especializados no
ensino de LE. Essas abordagens têm estado de tal forma arraigadas na formação
teórica dos docentes que perduram até os dias de hoje nas salas de aula brasileiras.
Entretanto, para que o processo de ensino-aprendizagem transcorra de
forma significativa, é necessário que haja mudança de atitude por parte dos docentes,
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os quais devem estar conscientes de seu papel no processo, bem como das
dificuldades que a ele são inerentes, como a de interrelação da LE com as demais
disciplinas do currículo escolar, que, na maioria das vezes, ainda se encontra pautado
nos padrões fragmentados, indo de encontro ao trabalho por áreas de conhecimento
(PCN99, BRASIL, 1999) e, principalmente, ao invés de basearem seu trabalho em
abordagens que, tradicionalmente, privilegiam o ensino puramente estrutural, faz-se
necessário que procurem aliar o ensino das habilidades linguísticas às competências
sociolinguística, discursiva e estratégica, que envolvem o processo de aquisição de
uma LE, a fim de amenizarem o efeito nocivo de anos de fossilização oriunda do
trabalho docente estático, mecânico e repetitivo, lançando mão, para esse fim, de todos
os recursos disponíveis, sejam teóricos, didáticos, tecnológicos e/ou midiáticos. Apesar
de tal evidência, além dos problemas acima mencionados, verificamos a partir dos
PCN98 que desde o Ensino Fundamental nem sempre ―[...] o ensino de Língua
Estrangeira [...] é visto como elemento importante na formação do aluno, como um
direito que lhe deve ser assegurado (BRASIL, 1998, p. 24)‖, posto que, de acordo com
as informações elencadas, com frequência a LE não consta da base comum dos
currículos elaborados pelas escolas, recebendo o rótulo de simples atividade extra,
sem caráter promocional, sendo também ministrada fora do horário regular ou até
mesmo fora da escola, por meio de convênios com instituições de ensino que
ministram cursos livres de idiomas, o que a coloca fora do contexto educacional escolar,
no qual está inserido o aluno.
Existem ainda casos extremos, nos quais, por falta de professor
qualificado ou outros motivos, a escola não oferece a LE em sua matriz curricular ou
não a oferece em algumas das séries, de forma sequencial, prejudicando a
continuidade do processo de ensino-aprendizagem.
Além dos problemas de cunho institucional verificados anteriormente,existem outros, no tocante às circunstâncias de ensino-aprendizagem da LE. Nesse
escopo, a partir das informações encontradas nos PCN98 , verificam-se várias
dificuldades, dentre elas, a falta de material didático adequado à demanda de cada
instituição de ensino, considerando seu corpo discente e sua comunidade escolar,
incluindo aqui recursos tecnológicos e midiáticos; a ocorrência de salas de aula lotadas,
ou seja, um ambiente com excesso de alunos, dificultando a concentração, a
orientação, o acompanhamento e, consequentemente, o desenvolvimento de todo o
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processo; o tempo reduzido dedicado ao ensino de LE no currículo; bem como
professores desestimulados, desatualizados e despreparados para o exercício de sua
profissão, uma vez que faltam políticas de melhoria salarial e investimento na formação
continuada do docente.
Em meio a tantos problemas e dificuldades verificados durante o processo
de ensino de LE em nosso país, baseados na legislação educacional vigente,
encontramos a orientação para um trabalho contínuo de construção de conhecimento e
de formação desde o Ensino Fundamental, posto que, a partir dessa etapa escolar,
[...] o aluno já aprendeu usos da linguagem com os quais pode não ter sefamiliarizado em casa [...], tendo também interiorizado sua naturezasociointeracional [...] e começado a construir conhecimento de naturezametalinguística nas aulas de língua materna. [...] Isso lhe possibilita pensar,
falar, ler e escrever sobre sua própria língua. Enfim, o aluno já sabe muitosobre sua língua materna e sobre como usá-la [...] (PCN98 , BRASIL, 1998, p.28).
Segundo tais orientações, considerando que o aluno do Ensino Fundamental
já tenha conhecimento suficiente sobre sua Língua Materna, a LE deveria estar
presente na formação do alunado desde cedo. No entanto, conforme Moita Lopes
(2001) afirma, isso nem sempre ocorre e a questão é mais crítica no contexto da escola
pública brasileira. O linguista em questão evidencia e desmistifica a assertiva popular
de que as classes menos abastadas, principal público dessas escolas, não possuem
aptidão para aprenderem uma LE, afirmando que não existe evidência linguística que
confirme tal assertiva. Trata-se apenas de ideologia, uma vez que o ensino brasileiro
está pautado nos interesses e necessidades da classe dominante, minoria que outorga
uma justificativa social para o ensino de LE na escola, com predominância do Inglês,
por influência neoimperialista norteamericana, posto que, quase que exclusivamente,
essa é a parcela da sociedade que, na maioria das situações das regiões do Brasil
poderá ter possibilidades de se comunicar em situações discursivas reais, dentro e fora
do país, excetuando os casos de comunidades bilíngues, limítrofes com países
hispano-falantes, ou em cidades com grande concentração turística.
Ensino de línguas e TIC: uma viagem no tempo
[...] el conjunto de avances tecnológicos que nos proporcionan la informática,las telecomunicaciones y las tecnologías audiovisuales, que comprenden losdesarrollos relacionados con los ordenadores, Internet, la telefonía, los ―mass
media‖, las aplicaciones multimedia y la realidad virtual. Estas tecnologías
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básicamente nos proporcionan información, herramientas para su proceso ycanales de comunicación (MARQUÉS, 2001, p. 261).
A relação entre as TIC e o processo de ensino-aprendizagem de línguas
existe de forma consistente há vários anos. Pode-se considerar que o uso
metodológico das TIC para fins educativos teve seu início na década de 40, época da
Segunda Grande Guerra Mundial, mais especificamente nos Estados Unidos, quando
foram feitas as primeiras referências específicas à tecnologia no processo de ensino-
aprendizagem de idiomas, em cursos elaborados para seu exército.
A primeira vez que as TIC, ou Novas Tecnologias, passaram a figurar em um
programa de formação universitário foi em 1946, por meio dos cursos de Educação
Audiovisual oferecidos pela universidade norteamericana de Indiana.
Na sequência cronológica, percebemos que, conforme avançavam as
descobertas e melhorias tecnológicas e midiáticas, a utilização das TIC nas salas de
aula de LE se tornava cada vez mais variada e frequente; assim sendo, na década de
40, com o advento dos métodos audiolinguais de ensino-aprendizagem de línguas, as
TIC mais recorrentes nas salas de aula passaram a ser o retroprojetor, o gravador, o
rádio-gravador e o toca-fitas, seguidas pelo televisor, o projetor de cinema e o vídeo, a
partir do advento dos métodos audiovisuais até a década de 60.
A partir da década de 70, foram incorporados ao processo novos recursos
tecnológicos como o computador, e, nos anos 80, com o desenvolvimento dessa
ferramenta, o uso de PC multimídia, CDs, vídeos interativos, CD-Rom, entre outros. O
desenvolvimento não parou; ao contrário, ampliou seus horizontes, e, a partir da
década de 90, com o advento e a concretização da Internet , foram incorporadas
variadas aplicações desses avanços como a própria web, a televisão a cabo ou via
satélite, o uso de DVD-Roms, DVDs, telas e quadros digitais interativos, PDAs, como
os computadores portáteis e palms entre muitos outros, o que vem ampliando o escopode recursos tecnológicos disponíveis aos professores, e potencializando seu papel
como motivadores e incentivadores no processo de ensino-aprendizagem.
A inclusão de todas essas e tantas outras TIC ao processo de ensino-
aprendizagem de línguas pode ser justificada pelas vantagens e benefícios que elas
trazem para as atividades humanas, incluindo aqueles especificamente educacionais,
dentre os quais destaco a facilitação do acesso à informação, por meio de canais de
comunicação mediatos e imediatos, a provisão de diferentes instrumentos para o
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armazenamento e processamento de variadas quantidades e fontes de dados, a
homogeneização de códigos empregados para o registro de informações, a
automatização de tarefas, a partir da programação das atividades, e a interatividade,
por meio de computadores, Internet , jogos e materiais multimídia.
Todos esses recursos funcionam como potencializadores cognitivos, pois
ativam e desenvolvem nossas capacidades mentais, permitindo que sejam buscadas e
desenvolvidas novas maneiras de se pensar a informação e a comunicação, e, por
analogia, o processo de ensino-aprendizagem de línguas.
Pelo exposto, percebe-se que as TIC acompanham o(s) avanço(s) no
processo de ensino-aprendizagem como um todo, desenvolvendo-se, modificando-se e
avançando conforme as necessidades impostas pelas mudanças teórico-metodológicas,
fato este que demanda uma constante atualização institucional, tecnológica e,
principalmente, docente. No entanto, percebe-se ainda que nem sempre essa
atualização ocorre, e isso por variados motivos, os quais atingem as múltiplas
instâncias relacionadas ao processo de ensino-aprendizagem. E o que mais me chama
a atenção é o fato de ainda ocorrerem muitas práticas metodológicas em sala de aula
consideradas já ultrapassadas, que usam recursos mínimos, em muitas das vezes
resumidos somente à exposição. A aula expositiva pode ser uma dessa práticas, pois
está presente na educação brasileira desde a época dos jesuítas, e estudos apontam
que é a mais utilizada por professores e preferida por estudantes dos níveis básico e
superior (LOPES, 1993, p. 36). Apesar das críticas e falhas comumente apontadas,
sempre esteve presente nas práticas pedagógicas e no processo de ensino-
aprendizagem. Segundo Gil (2009, p. 68), ―[...] em muitos cursos universitários, é
utilizada quase de forma exclusiva e são em grande número os professores que
identificam ensino com exposição.‖
Algumas das críticas feitas a essa prática estão baseadas na concepção deque o professor é visto como o centro do processo, a única voz atuante; e os alunos,
por sua vez, considerados agentes passivos, que recebem essa voz por meio de um
discurso monológico – se é que se pode pensar em discurso dessa forma – conforme
as palavras de Godoy (2003, p. 73) ―[...] um tempo de ensino ocupado inteiramente ou
principalmente pela exposição de um conferencista. Os estudantes podem ter a
oportunidade de perguntar ou de participar numa pequena discussão, mas em geral
não fazem mais que ouvir e tomar apontamentos.‖
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No entanto, apesar das críticas à exposição em sala de aula, existem vozes
teóricas que afirmam que essa prática pode ser bem sucedida, desde que
complementada pelo uso de recursos tecnológicos (GODOY, 2003, p. 76), dentre eles
a televisão, o radio-gravador e o projetor.
Vozes oriundas da investigação: breves relatos de experiência
A construção de uma pesquisa acadêmica ou científica
normalmente parte da observação e constatação de um problema, o que gera uma
inquietação e uma consequente motivação, levando-nos a tecer hipóteses, a fim de
tentar entender as causas desse problema e posteriormente apontar encaminhamentos
ou alternativas. A inquietação que levou à realização do trabalho de investigaçãono Estado do Amazonas é oriunda dos estudos acadêmicos de Graduação e
Especialização de um investigador peruano, residente há vários anos no Amazonas.
Segundo suas pesquisas (GALÁN, 2010), percebeu-se que muitos professores
utilizavam quase que exclusivamente o livro, o pincel, o quadro, e a voz, ou seja, a
exposição era a única forma de transmitir conhecimento, era a prática dominante no
processo de ensino-aprendizagem, o que fez com que esse investigador se
enveredasse a investigar essa temática. Dentre suas constatações, destaco duas: a) osacadêmicos e professores de Letras preferem aulas expositivas, com a predominância
do professor como personagem central em sala de aula; b) apesar de as instituições de
Ensino Superior disporem de recursos/TIC adequados como, por exemplo, projetores
de imagens, computadores, televisores, rádios-gravadores, aparelhos de DVD,
máquinas fotográficas, entre outros, e, ainda, acesso, embora com restrições, à
Internet ; todos disponíveis para o uso docente, a exposição ainda é a abordagem
teórico-metodológica mais utilizada para a formação de professores de E/LE no Estado
do Amazonas; e c) o principal motivo apontado para a predominância da aula
expositiva sem o uso dos recursos das TIC foi o fator tempo. Esse ponto é o fio que
une nossas vozes aqui, enquanto pesquisadores, na tessitura deste artigo. Dessa
forma, neste momento, chamo à arena a voz de minhas próprias investigações
(TEIXEIRA, 2010), realizadas no Estado do Rio de Janeiro. Naquele momento,
investigava se os professores que trabalham com o ensino de Língua Portuguesa
(doravante LP) e de E/LE tinham o costume de usar as TIC em suas aulas. Para tanto,
lancei mão de um questionário de investigação e de entrevistas coletadas por meio das
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técnicas de introspecção. Segundo Tavares (1993, p. 37), ―Introspecção é o termo
padrão usado em psicologia e em linguística aplicada para referir-se genericamente a
diferentes métodos de investigação de processos mentais.‖ Considerando que existem
diversos métodos introspectivos de pesquisa, defendidos por diferentes pesquisadores
como Faerch e Kasper (1983), Cohen (1987), Ericsson e Simon (1987), entre outros,
em meu trabalho, adotei uma classificação simples, utilizada por Corrêa e Neiva, em
artigo publicado no ano de 2000. Cabe aqui ressaltar que tanto o uso de questionários
quanto o uso de entrevistas configuram estratégias pertinentes à pesquisa descritiva,
de acordo com as considerações teóricas de Cervo e Bervian (1983).
Os informantes, colaboradores com minha pesquisa, eram dez professores
de LP e 10 professores de E/LE, todos residentes em cidades fluminenses, Graduados
em Letras, com Licenciatura Plena para o ensino da LP e/ou de E/LE.
Após as investigações, percebi que cerca da metade dos docentes que
trabalhavam com o ensino de E/LE e a maioria dos professores de LP não tinham o
costume de usar as TIC em suas aulas. Os motivos e justificativas variavam. Destaco
aqui os mais recorrentes: a) a falta de conhecimento sobre as TIC, e b) a falta de
tempo. O fator tempo pareceu-me ser o principal responsável pelas barreiras para o
uso das TIC, tanto nos trabalhos com LP como nos trabalhos com E/LE.
Outra constatação que a meu ver deve ser destacada é o fato de que a
grande maioria dos professores informantes afirmou trabalhar em mais de uma escola
e em mais de uma cidade, demandando, dessa forma, uma considerável parcela de
tempo para deslocamentos e adaptações às realidades das diferentes comunidades
escolares. Tempo precioso que poderia ser canalizado para outras atividades, pois sem
tempo, os docentes não tinham como participar de cursos ou eventos de formação,
incluindo aqueles que versam sobre a temática das TIC. Além disso, ficou claro que as
TIC, quando usadas, eram trabalhadas somente quando havia tempo sobrando noplanejamento didático ou no desenvolvimento das aulas.
Ficou claro, dessa forma, que a falta de tempo pode levar à falta de
formação e à consequente falta de informação docente de uma forma geral, abarcando
também a temática das TIC em sala de aula.
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Encaminhando a novas vozes
A partir da arena de vozes construída neste trabalho, percebo que o
ensino de línguas no Norte e no Sudeste do Brasil reflete uma realidade que se vê há
anos no país inteiro: um processo que ainda está pautado na preferência por modelos
ou abordagens teóricas bastante tradicionais. Segundo os estudos desenvolvidos, ficou
claro, ainda, que essa preferência não se esgota somente ao âmbito docente,
ampliando-se para os discentes, os quais esperam que essa seja a prática mais
recorrente para se aprender uma língua.
Em uma época em que a informação está disponível a apenas um clique, em
que as TIC se desenvolvem cada vez mais rápido, trazendo novas possibilidades e
potencializando os recursos didáticos em sala de aula, o que faz, então, com queprofessores e alunos tenham essa postura frente às práticas no processo de ensino-
aprendizagem de línguas? A resposta a esse questionamento pode levar a novas
investigações e constatações, com base na realidade dessas e de outras Regiões
brasileiras, a fim de compor um quadro mais completo sobre a temática. No entanto,
posso afirmar, com base nas informações que já coletadas e analisadas, que o fator
tempo é uma das grandes barreiras que devem ser transpostas pelos docentes para
que o uso das TIC possa se tornar uma constante nas salas de aula de línguas. E,como uma bola de neve, outros problemas são gerados como consequência da falta de
tempo, tangendo questões como a formação docente continuada, tão defendida e
difundida pelos meios de comunicação e pelas instâncias governamentais. No entanto,
não basta somente defender e divulgar. É necessário colocar em prática. Daí,
proponho outros questionamentos: será que as políticas de incentivo e apoio à
formação continuada docente realmente acontecem de forma efetiva e eficaz? O que
faz, então, com que cada vez mais docentes trabalhem em mais de uma escola, muitas
vezes em cidades diferentes? São inúmeras as variáveis que podem influenciar as
possíveis respostas a essas perguntas. Por isso, deixo o fio dessa tessitura para que
os leitores, futuros investigadores, possam contribuir com sua(s) voz(es) na formação
intermitente desse discurso, na certeza de que essa arena de vozes não se esgota aqui,
neste momento, neste artigo.
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AÇÕES BRASILEIRAS NO CONTEXTO ECONÔMICO LATINO-AMERICANO
Walker Sales Silva Jacinto (MINTER UFRR/UEA)1 [email protected]
A República Federativa do Brasil em suas políticas públicas econômicas internacionais vêm investindo jáhá algum tempo em projetos binacionais. Pode-se citar como exemplo a Hidroelétrica de Itaipú quefornece energia ao Brasil e Paraguai, sendo, ainda hoje a maior do mundo; A Rodovia Transoceânica,que integra o Brasil e o Peru, sendo uma estrada, ainda não finalizada, de 2,6 mil km ao longo dafloresta Amazônica e dos Andes, que ligará o Brasil ao Oceano Pacífico; Investimentos da PETROBRASna Bolívia e a importação do gás natural daquele país, via gasoduto. Importante analisar-se a efetivaintegração econômica buscada pelo Brasil para os países latino-americanos. Métodos: A partir depesquisas bibliográficas passou-se a análise do tema proposto. Resultados e Discussão: Discute-se asações brasileira de implementação integrativa econômica da América Latina. Conclusões: O Brasil temadotado efetivas ações integrativas, com investimentos nos países vizinhos, além da recente aprovaçãoem 2010, pelo Senado Brasileiro, da adesão da Venezuela ao Mercosul.
Palavras-chave: Integração Latino-americana, Mercosul, Relações Internacionais
Introdução
Durante a Guerra Fria, o mundo que estava polarizado em dois polos
(capitalismo – liderado pelos Estados Unidos da América; socialismo – liderado pela
então União das Repúblicas Socialistas Soviéticas), consistindo nas duas únicas
potências mundiais de grande magnitude.
As mudanças ocorridas no bloco socialista com as aberturas econômicas epolíticas que ficaram conhecidas como perestroica e o glasnost, culminaram com a
queda do Muro de Berlin, que foi o marco do fim da Guerra fria em 1989.
Segundo COSTA (1999), alguns fatores podem ser atribuídos ao fim do
sistema empregado na antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas:
O fim da experiência soviética e o conseqüente término do sistema dual deveu-se, também, a aspectos de natureza cultural, política, antropológica e social,mas, ressaltaremos, nesta abordagem, a questão econômica, em razão da
ênfase que o próprio marxismo atribui às relações econômicas. As soluçõessimples, propostas pelo que veio a se conceituar como socialismo real, paraquestões complexas mostraram-se inadequadas aos anseios humanos. A faltade caracterização do valor, a inexistência de uma teoria que explicitasse deforma insofismável a valorização dos bens econômicos, e, portanto, do preço,como instrumento de controle do processo econômico, conduziu a URSS auma crise econômica sem precedentes, facilitando o avanço das forçaseconômicas exógenas e políticas endógenas que derrubaram o regimesoviético. (COSTA, 1999, p.48)
O muro de Berlin dividia a Alemanha Ocidental e a Alemanha Oriental. Após
sua queda e o fim da Guerra Fria e sua bipolarização, o mundo então, passou por uma
etapa de multiplicidade de polos.
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A Alemanha unificada passa a liderar o bloco econômico e político da
Europa, tornando-se um centro gravitacional de produção daquela região.
Somando-se ao polo da Alemanha, temos outros dois grandes polos
liderados respectivamente pelo Japão e EUA. O primeiro devendo-se a sua rápida
recuperação pós II Guerra e grande expansão econômica experimenta. Quanto aos
EUA, por sua vitória estratégica e militar na II Grande Guerra Mundial.
Com a multipolarização ocorreu o surgimento de blocos econômicos União
Europeia, ALCA (Acordo de Livre Comércio das Américas),NAFTA (Acordo de Livre
Comércio da América do Norte), MERCOSUL (Mercado Comum do Sul), etc.
Subsequentemente aos blocos econômicos surgidos e a multipolarização o
mundo presencia a tendência à unipolarização, ou globalização.
Porém é preciso cautela ao analisar-se o discurso da globalização, pois o
mesmo não implica no fim dos blocos econômicos ou das características regionais,
podendo inclusive ser utilizado como estratégia de dominação, conforme adverte
COSTA (1999):
(...) o discurso da globalização, busca simplesmente dominar os mercados e asculturas, pela idéia do espaço único e não mais busca-se ligar diferentesespaços, como era o objetivo da mundialização, em busca da integração demercados e de culturas. O que se vê hoje é, portanto, uma ideologia, a
chamada globalização, revestida num único discurso. A atenção é toda dadaao espaço, como se a outra variável determinante no processo de avanço dacivilização, o tempo, perdesse todo seu sentido. Este fato ainda é umaresultante da concepção filosófica trazida ao pensamento dominante, pelaruptura da quebra do conceito de simultaneidade, provocada pela teoria darelatividade. Como a velocidade tem um limite o espaço é superior edelimitador do tempo. Para a dominação se exercer de forma plena basta odomínio do espaço, até mesmo o espaço da civilização como pretende odiscurso da globalização. Parecem esquecer que o tempo é a variável últimada desordem natural; esquecer a luta eterna do homem pelo controle do tempo.E é aí que a globalização falha e falhará (...). (COSTA, 1999, p.58)
Sobre a globalização ou unipolarização, PECEQUILO (2008), aborda a
transição do autoritarismo ocorrido na década de 90 e o hegemonia Estadudiniense
fortalecida com a vitória de seu ideal capitalista ao fim da Guerra Fria:
Em tal cenário de otimismo, a situação do Terceiro Mundo caminhava nosentido oposto, o do aumento da vulnerabilidade devido ao aprofundamentodas crises sociais e econômicas que emergiram nos anos 1980(...).Na América Latina, este processo foi conhecido como a ―Década perdida‖. Mesmo o Brasil, que desenvolvera sua agenda autônoma e consolidara suapotência não escaparia deste destino: hiperinflação, estagnação, instabilidade,pressões da comunidade internacional nos ―novos temas‖ meio ambiente,proliferação e direitos humanos. (...) alguns argumentavam que era precisoretomar o eixo bilateral-hemisférico, devido à supremacia dos EUA, aderindo o
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país aos padrões sócio, políticos e econômicos do pós-Guerra Fria, enquantoisso, outros sugeriam a correção de rumos da postura global-multilateral.No início dos anos 90, a primeira destas visões prevaleceu. Por trás destaação, a lógica era sustentada em dois pilares: o primeiro defendia que com ofim da bipolaridade o cenário tornara-se unipolar. Portanto, se o Brasildesejasse participar desta ―nova ordem‖ a proximidade com os EUA era
prioritária, o que nos leva ao segundo pilar, à avaliação de que as agendasprévias foram deficientes em promover este intercâmbio, levando aoisolamento (―autonomia pela exclusão‖)2 frente o Primeiro Mundo.(PECEQUILO, 2008, p.2).
Oportuno mencionar sobre a transição do autoritarismo para a democracia
(PECEQUILO, 2008, p.2) que, houve na década de 90 uma queda de regimes
autoritaristas na América do Sul, como de Agusto Pinochet no Chile3; Alberto Fujimori
no Peru4.
No que tange a questionamentos sobre a unipolarização mundial, o fato é
que, seja instrumento de dominação, ou não, a ideia de globalização ganha força face
os avanços tecnológicos no campo da comunicação e transporte, tornando mais
próximas as relações econômicas de diversos pontos do globo. Todavia não se pode
negar que os interesses regionais permanecem.
Para defender os interesses próprios e do MERCOSUL, o Brasil vêm
adotando a política externa de cooperação vertical (poder de barganha perante eixo
vertical e os EUA e horizontal (fortalecimento do MERCOSUL – estratégia decooperação)).
Nesse sentido, PECEQUILO (2008) expõe:
(...) o governo Lula e sua equipe de política externa, liderada por Celso Amorimà frente do Ministério das Relações Exteriores (MRE) e Samuel PinheiroGuimarães na Secretaria-Geral do MRE, tem focado a agenda brasileira nacombinação dos eixos horizontal e vertical. Inclusive, o poder de barganhafrente ao eixo vertical e aos EUA tem se mostrado crescente. (...).(PECEQUILO, 2008, p.1)
Dentre as citadas parcerias estratégicas acima citadas por PECEQUILO
(2008), temos diversas ações econômicas brasileiras para a integração latina-
americana com projetos bilaterais de fontes de produção de recursos.
Dentre estes projetos, cita-se: o Gasoduto da Bolívia, a hidroelétrica de
Itaipu (envolvendo Brasil e Paraguai), a construção da rodovia transoceânica no Perú
(visando escoamento da produção brasileira, principalmente da Região Norte, pelo
Oceânico Pacífico, fazendo-se a rota de transporte pela Citada Rodovia).
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Por fim, não se pode deixar de abordar o reflexo do direito ambiental
econômico nas relações de integração do Brasil com a América do Sul.
A Amazônia Continental se estende por oito países – Bolívia, Brasil,
Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela (conforme MENDES, 2001,
p.25) e deixa de ser questão local ou regional, para ser considerada questão mundial.
Ações Brasileiras, medo do subimperialismo brasileiro na América do Sul e o
entrevero envolvendo a PETROBRAS na Bolívia
O Brasil tem várias ações econômicas efetivas nos países vizinhos, como a
Hidroelétrica de Itaipú em Foz do Iguaçu no Paraná e no Paraguai; Acordos comerciais
com o tratado de Assunção (1991) possibilitando a presença de produtos brasileiros na
Argentina, Uruguai e Paraguai; exploração de minério de ferro, gás natural, na Bolívia;
aceite da Venezuela no MERCOSUL.
O Brasil naturalmente vêm ocupando posição de destaque nesse bloco
econômico, todavia, eventualmente surgem críticas ao expansionismo brasileiro, ao
que pode ser chamando subimperialmismo brasileiro no América do Sul.
Importante lembrar que o Brasil já teve seu discurso anti-imperialista com a
campanha ―o petróleo é nosso‖, e a Bolívia, teve seu momento nacionalista quando
proclamou ―o gás é nosso‖, referindo-se a presença da PETROBRAS em seu território.
Historicamente, corrobora com a desconfiança boliviana face ao
expansionismo brasileiro a questão do Acre, que já foi território boliviano5.
O Brasil, como grande exportador, mantendo sua política de cooperação nas
relações internacionais, manteve boas relações com a Bolívia, mesmo após o confisco
de maquinário da Empresa Pública Brasileira Petrobras.
Outros vizinhos também já manifestaram oposições às ações econômicas
brasileiras no passado. O Paraguai que tem milhares de ―brasiguaios‖ trabalhando e m
suas terras, na agricultura, principalmente, teme a invasão econômica, sendo que a
Construção da Hidroelétrica Binacional de Itaipu já enfrentou oposição da Argentina no
passado.
Sobre a questão expansionista brasileira, Albuquerque (2006) expõe:
(...)é inegável concluirmos que a expansão da economia brasileira (industrial ede infra-estruturas de transportes e energia), de fato, acaba por fortalecer opapel geopolítico do país na América do Sul, e com isto alimenta asdesconfianças entre nossos vizinhos acerca do que faremos com esse poder.Para que se concretize o sonho boliviariano (Simon Bolívar foi o libertador do
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jugo espanhol para diversos países sulamericanos) de integração regional,será necessário ainda gigantesco esforço diplomático envolvendo o Brasil eseus vizinhos, principalmente porque uma América fragmentada tem servidohistoricamente apenas aos interesses dos países desenvolvidos.(ALBUQUERQUE, 2006, p.2)
Apesar dos conflitos passados e da desconfiança inicial, o Brasil continua seposicionando pelo não conflito, pela paz social e cooperação entre os países da
América-latina, sendo esta uma norma constitucional:
Constituição Federal de 1988
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relaçõesinternacionais pelos seguintes princípios:(...)Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integraçãoeconômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando àformação de uma comunidade latino-americana de nações.
Oportuno observar que à partir do Governo Fernando Henrique Cardoso, a
expressão América Latina, passou a ser substituída pelo termo ―América do Sul‖ na
busca pelo espaço do Brasil no política e economia mundial, resultando nas suas
ações em conquistas como a integração do G-20, etc.
O Desenvolvimento Sustentável
O grande desafio do Brasil e dos países da América do Sul e garantir seudesenvolvimento, preservando as fontes de recursos naturais para as presentes e
futuras gerações.
Nesse Sentido a Constituição brasileira prevê:
Constituição da República Federativa do Brasil, de 05 de outubro de 1988:
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bemde uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se aoPoder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as
presentes e futuras gerações.
O surgimento da expressão ―desenvolvimento sustentável‖, nasceu de um
debate na década de 1960 que polarizou ―crescimento econômico‖ versus ―preservação
ambiental‖, aliados ao temor da ―explosão demográfica‖, da guerra nuclear e os testes
nucleares.
Em 1972, em Estocolmo, na Suécia, a discussão ambiental ganhou projeção
mundial. Mas apenas em 1987, perante Assembléia Geral da ONU, foi lido o relatório
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intitulado ―Nosso Futuro Comum‖, cujo relator foi Gro Harlem Brundtland, quando o
termo ―desenvolvimento sustentável‖ se consolidou.
CLEMENTE; GOMÉS; PALOMO; SUÁREZ-INCLÁN (2007) apontam 3 focos
de desenvolvimento sustentável:
¿Qué se entiende por Desarrollo Sostenible? Es la actividad económica ysocial que satisface las necesidades de la generación presente sin afectar lacapacidad de las generaciones futuras de satisfacer sus propias necesidades.Se debe lograr a tres niveles:Sostenibilidad Económica: crecimiento industrial, agrícola, pesquero, ganadero,turístico, remuneración de empleo, contribuciones a la comunidad, satisfacciónde las necesidades de los hogares.Sostenibilidad Ecológica: aire y agua limpios, conservación de recursos,preservación de la biodiversidad.Sostenibilidad Social: beneficio público, equidad social, participación,
mantenimiento de estado de bienestar.(destaque no texto original)(CLEMENTE; GOMÉS; PALOMO; SUÁREZ-INCLÁN, 2007, p.291)
Pode-se, ainda, vislumbrar cinco dimensões do Econdesenvolvimento,
segundo SACHS (1993): a) Sustentabilidade Social; b) Sustentabilidade Econômica; c)
Sustentabilidade Ecológica; d) Sustentabilidade Espacial; e) Sustentabilidade Cultural.
Importante notar que o desenvolvimento sustentável, deve incorpora todo
diálogo de integração econômica e social internacional.
Universidade de Integração Latino Americana
Além das ações econômicas já mencionadas, o Brasil deu um importante
passo para a integração Latino-Americana na área da educação e formação das
presentes e futuras gerações.
A Lei Federal Brasileira n.12.189 de 12 de janeiro de 2010, trata da criação
da Universidade Federal da Integração Latino-Americana – UNILA, e assim dispõe:
Art. 1o Fica criada a Universidade Federal da Integração Latino-Americana -UNILA, de natureza jurídica autárquica, vinculada ao Ministério da Educação,com sede e foro na cidade de Foz do Iguaçu, Estado do Paraná. Art. 2o A Unila terá como objetivo ministrar ensino superior, desenvolver pesquisa nas diversas áreas de conhecimento e promover a extensãouniversitária, tendo como missão institucional específica formar recursoshumanos aptos a contribuir com a integração latino-americana, com odesenvolvimento regional e com o intercâmbio cultural, científico e educacionalda América Latina, especialmente no Mercado Comum do Sul - MERCOSUL.§ 1o A Unila caracterizará sua atuação nas regiões de fronteira, com vocação
para o intercâmbio acadêmico e a cooperação solidária com países integrantesdo Mercosul e com os demais países da América Latina.
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§ 2o Os cursos ministrados na Unila serão, preferencialmente, em áreas deinteresse mútuo dos países da América Latina, sobretudo dos membros doMercosul, com ênfase em temas envolvendo exploração de recursos naturais ebiodiversidades transfronteiriças, estudos sociais e linguísticos regionais,relações internacionais e demais áreas consideradas estratégicas para odesenvolvimento e a integração regionais.
Art. 3o
A estrutura organizacional e a forma de funcionamento da Unila,observado o princípio constitucional da indissociabilidade entre ensino,pesquisa e extensão, serão definidas nos termos desta Lei, do estatuto daUnila e das demais normas pertinentes.
Louvável a iniciativa brasileira de capacitar membros da sociedade latino-
americana, promovendo a integração e cooperação solidária dos países do Mercosul,
bem como o desenvolvimento, intercâmbio cultural, científico.
Fica evidente a necessidade de formar entre nós da América do Sul
profissionais qualificados na exploração de recursos, biodiversidades transfronteiriças,
estudos sociais, linguísticos, dentre outras áreas estratégicas.
Conclusão
Com o fim da ―Guerra Fria‖ em 1989, o mundo passou por grandes
mudanças. Os dois polos econômico-políticos foram substituídos por uma
multiplicidade de polos, surgindo também a unicidade, o discurso da globalização.
Nesse contexto, após um período de estagnação ocorrido na década de 80,
o Brasil, através de ações econômico-produtivas efetivas, educação (Criação da
Universidade Federal da Integração Latino Americana – Lei 12.189/2010), vem se
firmando como integrador maior do Mercosul.
Além da política de cooperação e de efetivas ações econômicas e sociais de
integração, o Brasil em um grande diferencial no elemento humano em prol da
cooperação e união, pois o estrangeiro no Brasil é tratado como um igual. Difícil
apontar algum lugar no mundo com tamanha receptividade.
Neste ínterim, ressalva-se, que mesmo que esteja de passagem pelo Brasil
o estrangeiro que precisar, tem atendimento de saúde gratuitamente pelo SUS
(Sistema Único de Saúde) que tem caráter universal, assistencialista, não fazendo
distinção entre nacionais ou não nacionais.
Por fim, assim como a Alemanha despontou-se na liderança da União
Européia, o Brasil tende a se firmar como líder cosmopolita da América do Sul, com o
desafio de conquistar espaço e respeito na conjuntura econômico-social mundial para
si e para todos os seus vizinhos e aliados.
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Notas
1 Advogado, Procurador Jurídico da FEMACT – Fundação Estadual do Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia de
Roraima. Especialista em Ciências Jurídicas pela UCAM-RJ (Universidade Cândido Mendes); Especialista em
Direito Público pela Universidade Anhanguera-UNIDERP; Especialista em Direito Civil e Processual Civil pela
UGF-RJ (Universidade Gama Filho) Mestrando em Direito Ambiental pelo MINTER UFRR/UEA –
MestradoInterinstitucional em Direito Ambiental pela Universidade Federal de Roraima e Universidade Estadual do
Amazonas, endereço eletrônico: [email protected]
2 (VIGENANT E OLIVEIRA, p.15, 2003 apud PECEQUILO, 2009, p.2).3 Augusto José Ramón Pinochet Ugarte (Valparaíso, 25 de novembro de 1915 — Santiago, 10 de dezembro
de 2006) (...) Governou o Chile entre 1973 e 1990, com poderes de ditador (...)considerado o períodomais autoritário e violento da história chilena.Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/Augusto_Pinochet>. Acesso em 02.04.2011.
4 Alberto Kenya Fujimori Fujimori (...) A Fujimori se credita ter logrado restaurar a estabilidademacroeconômica do Peru e restaurar a paz e seguridade interna depois do colapso durante os últimosanos da presidência de Alan García, no final da década de 1980. (...)Em 2005, Fujimori mudou-se para o Chile na condição de exilado político, onde vivia desde então. Emsetembro de 2007, a justiça chilena atendeu pedido de extradição do ex-presidente feito pelo Peru,para ser levado a julgamento por corrupção, enriquecimento ilícito, evasão de divisas e genocídio, pelamorte de 25 peruanos durante manifestação contra seu governo (...).(...)Em Abril de 2009, foi condenado a 25 anos de prisão por violações dos direitos humanos enquantoesteve no poder, sentença confirmada pelo Supremo Tribunal peruano(...). Disponível em<http://pt.wikipedia.org/wiki/Alberto_Fujimori>. Acesso em 02.04.2011.
5 Após a ―revolução acreana‖, liderada por José Plácido de Castro e, 1902, o conflito foi pacificado com oTratado de Petrópolis, elaborado pelo então Ministro da Relações Exteriores Castelo Branco em 1903.No ano seguinte (1904), uma lei federal regulamentou o tratado e o Acre integrou oficialmente oterritório brasileiro.
Referências
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PECEQUILO, Cristina Soreanu. A política externa do Brasil no século XXI: os eixoscombinados de cooperação horizontal e vertical. Rev. bras. polít. int., Brasília, v. 51, n.2, Dec. 2008 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292008000200009&lng=en&nrm=iso>. Acesso em21.02.2011. doi: 10.1590/S0034-73292008000200009.
SACHS, Ignacy. Estratégias de transição para o século XXI: desenvolvimento emeio ambiente. Trad. Magda Lopes – São Paulo: Studio Nobel, Fundação doDesenvolvimento Administrativo (Cidade Aberto), 1993.
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UM OLHAR INQUIETO SOBRE O ENSINO –APRENDIZAGEM DE LÍNGUAPORTUGUESA PARA ALUNOS VENEZUELANOS EM ESCOLAS BRASILEIRAS
Yhannely Yulimar Ortega Luque1 Profª Msc Fátima S. Bussad2
Este estudo versa sobre a dinâmica do processo de ensino-aprendizagem em Língua Portuguesa, comfoco em alunos venezuelanos nas escolas brasileiras municipais e estaduais, no município de Pacaraima,em turmas regulares do Ensino Fundamental. A análise sobre o assunto procura discorrer sobre osprincípios básicos que interferem na qualidade do ensino de Língua Portuguesa e do processo educativotanto do ensino por parte dos professores, quanto da aprendizagem pelos alunos, considerando, ainda, acontribuição da família no acompanhamento da vida acadêmica. O presente estudo procurou verificar,sobretudo, o nível da comunicação entre falantes de Língua Portuguesa e os de Língua Espanhola nafronteira Brasil-Venezuela, inseridos no processo de educação escolar em interação bilíngue.
Palavras-chave: Língua Portuguesa, ensino-aprendizagem, bilinguismo
De ojos bien abierto
A tempos convivo com este olhar inquieto sobre os muitos paisanos3 que
diariamente atravessam a fronteira na expectativa de realizar o sonho de conhecer
―novos mundos‖, modus vivendus diferentes para ampliar conhecimentos e criar novas
possibilidades em busca de uma vida melhor. Passeio sempre a observar meus
paisanos circulando em ambiências brasileiras, seja na escola como no seu entorno e,
por muitas vezes, presenciei situações vexatórias no convívio cotidiano. O termo
veneca4 é provocativo e utilizado frequentemente por brasileiros para causar desconforto a venezuelanos, que repudiam esse tratamento gerando, algumas vezes,
grandes polêmicas.
O desejo dos meus paisanos em conhecer, aprender e usufruir de
conhecimentos da cultura brasileira é tão forte que procuram ignorar o tratamento que
recebem quando estão ―do lado de cá‖ da fronteira. Muito me orgulho desses pequenos
guerreiros que não temem ―atravessar fronteiras‖, seja a fronteira demarcada no mapa-
mundi, Brasil-Venezuela, sejam fronteiras psicológicas criadas pelo homem. Emnenhum momento presenciei essas crianças, jovens e adultos transformarem em
obstáculos essas atitudes pueris, mas, principalmente, fortemente humilhantes. Pelo
contrário, persistem em busca da realização de seus sonhos.
No rastro do raiar do sol pode-se ver os niñitos5 caminhando para a fronteira
brasileira todos os dias. No sol escaldante atravessam os muchachos1, que regressam
somente ao entardecer. A lua prateada clareia a fronteira para os joven6 como eu, que
vem em busca de novos conhecimentos na academia para ser um multiplicador nas
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escolas de meu país. Assim como Sísifo7 na sua incansável luta para rolar sua pedra,
esses guerreiros vêm e vão e vem em um ―rolar‖ contínuo de persistências alimentando
o círculo que leva e traz conhecimentos a compartilhar.
Tantas vezes vivi esta experiência e sofri com ela que decidi documentá-la
neste artigo, a partir da aplicação de questionários com abordagem qualitativa e
quantitativa a professores, alunos venezuelanos e pais, em cinco etapas: na primeira
foram organizados dados obtidos nos arquivos das escolas; na segunda, observação
do ambiente escolar; na terceira, aplicação do questionário e entrevistas; na quarta
etapa foram feitas visitas informais à casa dos pais dos alunos e a quinta etapa
resultou na conferência, tabulação e sistematização dos dados, a partir da visão da
família, do aluno e do professor, com o intuito de buscar respostas para as dificuldades
que existem na relação ensino-aprendizagem de Língua Portuguesa para alunos
venezuelanos em escolas brasileiras, mas no interdito, um outro desejo se revelou:
denunciar esta relação conflituosa nos corredores da academia e das escolas de
Ensino Fundamental, por onde circulei para cumprir disciplinas do meu curso de
graduação.
Sistematizei esta abordagem em visitas a teóricos como Haggerty,
Lennenberg, Jürgen Heye, Bloomfield e tantos outros para tratar das barreiras
existentes para o aprendizado de Língua Estrangeira, a posteriori denominada LE.
Estudei também teorias de áreas afins entremeando argumentações sobre bilinguismo
―coordenado‖, ―composto‖ e ―subordinado,‖ e o ciclo vital para crianças bilíngues
priorizando narrativas sobre aquisição de LM e LE.
Um olhar inquieto transforma-se em um olhar afetivo, após visitar teóricos
que con-versam sobre LM e LE como irmãs, subvertendo a prática da Língua
Portuguesa no contexto bilíngue na fronteira Brasil-Venezuela, que trata essas línguas
como grandes inimigas.
En vijilia
Algumas luas estive En vijilia8 em companhia de teóricos da educação para
fundamentar e justificar a minha inquietação. Travei muitas con-versas com alguns
cânones da literatura especializada que mostraram vários caminhos a seguir.
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―Si duermo, pierdo‖9. Persegui esta máxima venezuelana em toda vijilia. O
resultado de minhas incansáveis pesquisas se desdobra em preocupações advindas de
observações in loco, descritas no ―corpo‖ deste artigo.
Fronteiras des-cobertas no binômio ler-escrever em LE
Haggerty (citado por Elias, 1967, o. 43) afirma que na década de 90 os
alunos que frequentavam a escola eram muito diferentes daqueles que os professores
com grande experiência docente estavam acostumados a ter em sala de aula. O
professor precisa adaptar-se à realidade dos alunos, consciente de que não existe
aluno ideal, sendo, assim, responsável pela qualidade de ensino e aprendizagem dos
alunos para que sejam bem-sucedidos, tanto na sala de aula quanto na própria vida. O
grande desafio que propõe Haggerty (citado por Elias, 1967) é o professor reconhecer
a capacidade de cada um, respeitando seu ritmo no processo de aprendizagem.
Outro fato importante que interfere no processo ensino –aprendizagem é o
despreparo dos professores para atender alunos estrangeiros. A pesquisa de campo
comprova que existe um fake na relação professor-aluno. Na verdade esses problemas
fazem parte do binômio causa- consequência com origem na Instituição formadora.
Graduandos em Letras com habilitação em espanhol concluem o curso e não buscam
novas capacitações para assegurar um bom desempenho na disciplina língua
espanhol. o que se desdobra em sérias dificuldades de relacionamento no ambiente
escolar para os alunos venezuelanos, contrariando a prática profissional desses
professores que exige conhecimento bilíngue para a comunicação e efetivação do
processo ensino-aprendizagem.
Segurança no aprendizado de uma segunda língua é fundamental para se
ter sucesso, uma vez que uma das grandes dificuldades para aprender outra língua é a
confiança em si mesmo. Para se resolver a falta de autoconfiança, causada por
traumas durante a educação recebida em casa ou na escola, e pela radicalização do
conceito de certo e errado, é preciso urgentemente elevar a autoestima dos alunos
para se manter o status de experimentador e descobridor de uma LE. Há de se
reconhecer que dificuldades são comuns no processo de aprendizagem de LE; uma
delas é a insegurança no falar, dificultando o processo de comunicação interpares
devido às incertezas no uso de vocabulário, pronúncias e contextualização, uma vez
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que essas ocorrências resultam em discriminação, que leva a evitar a comunicação e
ao uso limitado de palavras, comprometendo o desempenho na aprendizagem de LE.
Precisão e elegância no falar se conquista ao longo da vida. É possível que
uma das estratégias para aprender com mais facilidade uma segunda língua seja ler e
escrever, mas a leitura sistemática em sala de aula não tem sido suficiente para que
alunos venezuelanos possam acompanhar em mesmo ritmo alunos brasileiros,
necessitando para isso de leituras extras, pois a maioria dos alunos estrangeiros
encontra-se em nível inferior nas diversas turmas.
A melhor idade para o aprendizado da LE
Não é de hoje que o homem procura compreender suas habilidades
cognitivas, principalmente no que se refere ao aprendizado e uso de línguas. Consta
que na Babilônia e no Antigo Egito já havia esta preocupação. Baseando-se nas
teorias das ciências da neurolinguística, da psicologia e da linguística, várias hipóteses
buscam explicar o desempenho cognitivo do ser humano e as diferenças entre crianças
e adultos.
Lennenberg afirma que há uma idade crítica que interfere no aprendizado
de línguas. Não se pode afirmar que esta idade está situada entre os 12 e 14 anos
porque há uma variação de acordo com o ambiente linguístico do aprendiz. Uma das
primeiras manifestações de limitação ao aprendizado de LE influenciando na pronúncia,
audível na puberdade, é a mudança de voz que a criança experimenta, quando ocorre
a lateralização do cérebro; com a importante diferença de que no cérebro de uma
criança os dois hemisférios estão mais interligados do que no cérebro de um adulto, o
que explica a facilidade da criança para o aprendizado de línguas em relação ao adulto.
Regresando11 no processo de observação para a construção deste artigo
pode-se perceber que o professor de língua portuguesa parece não ter conhecimento
suficiente para compreender esta fase promissora da criança quanto ao aprendizado
de LE, uma vez que não explora suficientemente este momento.
O adulto compreende a estrutura gramatical da LE e compara à de sua
Língua Materna, posteriormente descrita LM. Seus conceitos já formados possuem
estruturas neurais fixas associadas às formas da LM. Domina sua base funcional, mas
não possui esta mesma base funcional da LE, quando envolve conhecimentos
morfológicos, semânticos e linguísticos.
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O que faz é utilizar vocábulos da LE em contextos inadequados como a
palavra esquisito que em português significa não usual, incomum, invulgar,
impertinente, feio, desagradável, mau aspecto; e na língua espanhola traduz-se como
delicioso, saboroso, gostoso. No caso da palavra desarrollo que significa
desenvolvimento, o ―ruído‖ na comunicação ocorre porque foneticamente parte dos
venezuelanos pronunciam desarolho e não desarrollo, permuta o fonema ll para lh,
também ocorre a síncope rro e ro. Atinge a comunicação, porém a transcrição fonética
desta situação encontraria graves problemas, uma vez que /ro/ em língua espanhola
não existe, o seu referente é o fonema /jo/. Essa mistura na pronúncia resulta em
novos vocábulos ―inventados‖ que encontram somente na oralidade espaço para sua
existência.
O professor de língua portuguesa precisa conhecer os limites que a criança
possui, reconhecendo que tem a seu favor o fator biológico, que determina as diversas
fases de desenvolvimento cognitivo que favorecem o aprendizado para a criança. Para
se compreender o fenômeno da idade crítica é preciso reconhecer como ferramentas
necessárias fatores biológicos, fatores cognitivos, fatores de ordem afetiva, o ambiente
e o input 12 linguístico.
Teóricos afirmam que para se alcançar bons resultados no ensino da LE
com crianças de quatro ou cinco anos é necessário contar com a parceria de pais e
responsáveis pela sua educação atuando como atores, contando histórias e
estimulando a leitura para dinamizar e auxiliar na aquisição desses conhecimentos,
alcançando o aprendizado em vários idiomas. É importante não ultrapassar este
período para que não interfira no aprendizado da LE.
Considerações sobre bilinguismo
O bilinguismo é definido como a capacidade do indivíduo se identificar com
os grupos linguísticos em contato. Para ser considerado bilíngue é preciso
conhecimento efetivo no que se refere à LM e na língua em estudo.
Na década de 60, o pensamento de Weinreinch sobre a prática bilíngue nos
processos de ensino-aprendizagem é justificado mais tarde por outros estudiosos do
assunto, chegando a um ponto comum de que o papel do bilinguismo nos processos
educativos ainda não tem uma posição definida no que se refere à produção. Nesse
sentido, pode-se afirmar que as dificuldades inerentes ao assunto vão sendo
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superadas à medida que também vão sendo criadas novas metodologias, elaboradas
para a prática em sala de aula no aprendizado de uma nova língua.
Sabe-se que existe material didático adequado para os cursos de graduação
em Letras, com habilitação em espanhol, com complexidade suficiente para a formação
acadêmica do professor de português que irá exercer suas habilidades profissionais
com alunos estrangeiros; porém, o que se verifica é a não utilização dos
conhecimentos adquiridos em língua espanhola, na formação acadêmica, para
compreender, harmonizar, interagir e auxiliar o aluno em seu processo de
aprendizagem, resultando em um alargamento do hiato que já se forma nas séries
iniciais desses que procuram em escolas brasileiras qualidade para sua formação
profissional.
A realidade em sala de aula se configura em grande desajuste porque o
percentual de alunos brasileiros é superior aos de alunos venezuelanos, proporção
equivalente a trinta por cinco, variando a oito por salas de aula. Esta realidade vem
confirmar o descaso com a minoria de alunos estrangeiros.
No discurso de parcela dos professores é comum ―não estou nem aí‖, ―vou
dar aula em português. Não me importo se os venezuelanos vão aprender ou não‖.
Percebe-se que há um agravamento desta situação quando esses profissionais da
educação são pedagogos, pois o curso de Pedagogia não traça objetivos para o ensino
aprofundado da língua portuguesa, tampouco faz parte de sua grade curricular
habilitação em espanhol. Neste caso, as dificuldades para os alunos venezuelanos
aumentam consideravelmente.
O estudo em outro país sempre trará dificuldades para o aluno estrangeiro.
O primeiro grave problema é a diferença nos métodos de ensino. Sabe-se que para a
perfeita compreensão de uma LE é necessário que não só se fale a nova língua, mas é
preciso ―pensar‖ como ela. Se o professor ―pensa‖ somente em língua portuguesa,como compreender o universo dos alunos venezuelanos?
Os conceitos de bilinguismo relacionados à competência são de natureza
linguística. Bloomfield, 1933, sugere o controle de duas línguas para o indivíduo tornar-
se bilíngue, quando na verdade é necessário o controle da LM para facilitar o
aprendizado de uma segunda língua, e também conhecer as quatro habilidades: ouvir,
falar, ler e escrever.
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Os órgãos diretamente envolvidos na habilidade linguística do ser humano
são o cérebro, o aparelho auditivo e o aparelho articulatório – cordas vocais, cavidades
bucal e nasal, língua, lábios, dentes. Destes, o cérebro é o mais importante. Das quatro
habilidades, a primeira é ouvir. Assim o raciocínio irá escutar várias palavras
desconhecidas ou às vezes estranhas, mas o cérebro irá se adaptando para que o
aluno consiga se desenvolver. Portanto, aprenderá palavras diferentes e terá noção do
que os demais estiverem falando. O segundo passo é falar; automaticamente está
compreendendo o que os demais falam, deverá tentar pronunciar da mesma maneira
que tinha aprendido na primeira audição, assim será mais rápido falar ou se expressar
como os demais alunos. O terceiro passo é ler. Como o aluno já entende e fala é
possível que tenha mais facilidade para ler. Assim poderá desenvolver-se na língua
que está aprendendo. A quarta habilidade é a escritura. Com a noção de leitura, será
fácil escrever. Essas quatro habilidades podem ajudar o aluno a se tornar bilíngue. No
entanto, será de grande motivação para o aluno um input linguístico, uma metodologia
adequada e mais eficiente para que elabore os significados necessários no
entendimento da língua estudada.
Se o professor se dirigir ao aluno aprendiz de LE usando um linguajar
próprio, modificado tanto no plano estrutural como no vocabulário, certamente se
aproximaria do nível de compreensão da criança. Assim, línguas são aprendidas se
houver o ambiente apropriado, onde está inserido o professor como mais importante
elemento facilitador deste aprendizado, porque as crianças precisam de contato
humano para desenvolver suas habilidades linguísticas.
Existem diferentes tipos de bilíngue, mas não necessariamente são alunos
estudando no exterior, pode ocorrer dentro de casa, quando os pais são de diferentes
nacionalidades. Neste caso, o bilíngue passa por muitas dificuldades, chegando a ter
dúvidas da sua LM. Assim, quando experimenta uma situação de neutralidade encontradificuldade para decidir o que sabe sobre a LE e sobre a LM. O melhor caminho para o
bilíngue continua sendo a escola.
Aquisição da LM e LE
Aos quatro anos uma criança é capaz de expressar-se em sua LM, podendo
dominar estruturas sintáticas, regras morfológicas e o sistema de fonemas vocálicos e
consonantais, apesar de estar em processo de aquisição desses conhecimentos.
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Os behavioristas acreditavam que a língua era pensada de maneira diferente
em cada comunidade idiomática e adquirida através da imitação, do ensaio e erro. Na
visão de Noam Chomsky aquisição da LM é inata como as outras capacidades
biológicas humanas: visão, audição, o andar erguido e todas as outras; sendo que são
necessárias condições normais e favoráveis. O desenvolvimento dessas capacidades,
incluindo aquisição da linguagem, ocorre simultaneamente; com isso, todas as crianças
adquirem estrutura básica na mesma idade: domínio da língua a partir de elementos
mínimos, fonológico, morfológico e léxico, e combinam palavras de forma variada e
criativa para a formação de enunciado. Pode-se dizer que um indivíduo que adquire
sua LM recebe competência linguística e comunicativa, e também a capacidade de
aprender uma segunda língua.
Desta maneira as crianças têm menos dificuldades para aprender uma
segunda língua, mesmo em situação de bilinguismo ou quando sua família se insere
em outra comunidade idiomática. Especificamente na região fronteiriça Brasil-
Venezuela as crianças aprendem e exercitam com os pais um falar coloquial
mesclando português-espanhol, resultado de uma língua recheada de termos criados
para facilitar a comunicação no ambiente comercial da fronteira.
Análises de dados
Com base em todos os aspectos abordados até o presente momento, foram
analisados os questionários aplicados aos alunos e professores de Língua Portuguesa
no Ensino fundamental, bem como aos pais desses alunos, no município de Pacaraima,
a fim de comprovar dificuldades no processo de interlíngua em aprendizes
venezuelanos, com relação ao ensino-aprendizagem da LP em escolas brasileiras,
observando as variações que causam as maiores dificuldades nesse processo.
Discussão dos resultados
Os resultados obtidos foram bastante preocupantes. Pode-se notar que no
Ensino Fundamental existem grandes dificuldades para a compreensão da LP; porém,
muitas das dificuldades existentes no processo educativo, visíveis a qualquer
observador/pesquisador não foram confirmadas formalmente pelos professores,
tampouco pelos alunos. Nota-se uma metodologia insipiente, considerando que no
ensino de qualquer língua há uma enorme variedade de atividades, sobretudo lúdica:
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jogos, música, teatro, etc. que podem ser utilizadas como recursos no processo ensino-
aprendizagem, proporcionando uma aprendizagem prazerosa no cotidiano escolar.
Proficiência linguística independe de conhecimento armazenado, mas de
habilidade adquirida na prática, construída através de experiências concretas. O fato de
alguns professores da rede de ensino do município de Pacaraima não dominarem a
língua espanhola resulta em desinteresse para o aprendizado de LE em escolas
brasileiras. A visível desmotivação do aluno aprendiz pode ser explicada pela ausência
total da cultura estrangeira no processo ensino-aprendizagem. Outro motivo é a
frustração de não ter alcançado proficiência através do estudo formal ou insucesso no
sistema de avaliação. A falta de motivação está relacionada diretamente com a falta de
informação sobre a LE. A criança possui uma curiosidade nata pelo desconhecido, em
sintonia com tudo que a rodeia, inclusive a língua.
É urgente e necessário que os professores da rede de ensino estadual e
municipal tenham consciência de que é preciso dominar conhecimentos básicos de
Língua Espanhola, uma vez que prestam serviços profissionais em área de fronteira, a
fim de evitar barreiras na comunicação na relação diária professor-aluno.
Nesta relação algumas crianças encontram grandes dificuldades no falar. O
recurso que utilizam para a comunicação é ajuda dos colegas de classe, que passam a
seu interlocutor para a compreensão do discurso do professo e transmissão de
mensagens e questionamentos quanto ao conteúdo das aulas, tornando-se evidente as
dificuldades encontradas no processo de aquisição de conhecimentos. A realidade
desses alunos comprova que na família não há possibilidade de ajuda para os
problemas abordados. De certo, a escola não poderá contar com parceria das famílias
para um aprendizado qualificado porque a barreira na comunicação se estende a esses
lares. O contexto familiar revela condição econômica razoável para os padrões do
município; ou seja, não existe privacidade de necessidades básicas que possaminterferir no processo ensino-aprendizagem.
Essa pesquisa revelou uma rotina incansável desses alunos venezuelanos.
Parte deles estuda em escola venezuelana e brasileira ficando sem tempo para
alimentação adequada e para cumprir os horários escolares. Chegam sempre ―às
carreiras‖. O tempo do brincar f ica restrito a horários noturnos juntamente com as
tarefas de casa, prejudicadas pelo cansaço físico. Esta realidade traz grande déficit
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para o processo ensino-aprendizagem; o cérebro, cansado, não elabora ou
compreende conteúdos, contrariando as Leis de Diretrizes e Bases que alerta:
Organizar com a criança seu tempo livre, de tal sorte que o espaço familiar setransforme numa espécie de oficina de criatividade doméstica voltada para arealização de pequenos trabalhos. Aí, a criança vai descobrir que existe umainteligência prática13 (LDB, 2007. p 77).
De ojos bien cerrados
Com um olhar afetivo para o aprendizado de LE fui mantendo um noviazgo14
entre a Língua Portuguesa e a Língua Espanhola com a intención15 de registrar a
relação íntima que as duas línguas mantém entre si. Transformei um olhar inquieto em
olhar afetivo quando inseri palavras do léxico espanhol em uma narrativa de Língua
Portuguesa. Casamiento16 intencional para provar que tanto as línguas como os povos
da fronteira podem se relacionar entre si, sem causar estranhamentos, ruídos ou
adversidades nas relações fronteiriças.
Uma preocupação recorrente ocorre quanto ao Curso de Graduação em
Letras, mais indicado para professores de LE. Formado, o professor não utiliza os
conhecimentos em Língua Espanhola adquiridos na sua formação acadêmica para
compreender, interagir e auxiliar o aluno no seu processo de aprendizagem, resultando
em um alargamento do hiato que se forma nas séries iniciais desses alunos que vem
em busca de qualidade no ensino. Uma parcela de professores graduados em Letras
com habilitação em Língua Espanhola não estão preocupados em buscar um curso
complementar em ensino de idiomas para suprir suas dificuldades quanto à
compreensão para interagir com alunos estrangeiros em sala de aula, em escolas
brasileiras, na região de fronteira.
Ao elaborar a hipótese desta pesquisa tracei considerações a respeito do
processo ensino-aprendizagem de alunos venezuelanos em escolas brasileiras, nafronteira Brasil-Venezuela, afirmando que as interferências na qualidade de ensino
estavam na metodologia aplicada pelo professor. Porém, com o avanço das leituras
para fundamentações teóricas e as observações em sala de aula, percebi que a Língua
Portuguesa, aliada à metodologia são barreiras na relação professor-aluno.
Na verdade, cultivei o desejo de trazer à baila um alerta para os professores
de Língua Portuguesa na fronteira Brasil-Venezuela, que roubo de Haggerty, quando
diz que os professores tem que ensinar os alunos presentes em sala de aula e não os
7/14/2019 Actas IV Encuentro de La Hispanidad
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Anais / Actas del IV Encuentro de la Hispanidad - Trans-acciones InterculturalesUFRR / LETRAS, 06 a 10 de junho de 2011
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que desejariam ter. Recordo com ele as expressões perdidas dos venezuelanos
quando em visita às salas de aula. Quiçá esses professores um dia compreendam que
estrangeiro não é a pessoa de outro, mas pode ser um sentimento de exclusão, seja na
escola, na família, no trabalho ou nas relações afetivas. Quiçá possam se tornar
educadores, palavra bendita por Rubem Alves nos seus resgates humanistas para
conscientizar uma educação libertadora também ao modelo freiriano.
Certamente Haggerty não visitou a fronteira Brasil-Venezuela, mas no
interdito de sua mensagem está o sentimento xenofóbico que veio borrando a narrativa
desde as primeiras palavras. Uma mancha que precisamos limpar da sala de aula e de
seu entorno. O olhar inquieto que abriu as janelas para esta narrativa vem agora fechá-
la com um olhar afetivo, transformado no caminhar das primeiras às derradeiras
palavras, e pelas visitas aos teóricos que con-versam sobre LM e LE como irmãs,
subvertendo a prática de Língua Portuguesa no contexto bilíngue da fronteira Brasil-
Venezuela em escolas brasileiras, que trata essas línguas como grandes inimigas.
Notas
1 Graduada no Curso de Letras com habilitação em Espanhol na Universidade Estadual de Roraima
2 Mestre em Estudos de Literatura, PUC-Rio; professora de Literatura-UERR.3
Paisano significa toda pessoa que vive na Venezuela. Termo utilizado em relação íntima interpares.4 Veneca é um termo de conotação irônica utilizado na fronteira.5Niñitos são chamadas na Venezuela as crianças de aproximadamente 10 anos.
6 Muchachos na Venezuela são os jovens de até 18 anos.7Joven são pessoas de idade adulta.
8 Sísifo foi condenado a rolar por toda a eternidade uma grande pedra de mármore até o cume da
montanha.9
En vijilia significa estar em oração, estudando.10 Máxima do acervo oral venezuelano.11Tradução literal: regressando12 Estruturas internas da língua.13 Leis de Diretrizes e Bases, 2007. p.7714 Tradução não literal: namoro15 Tradução literal: intenção
7/14/2019 Actas IV Encuentro de La Hispanidad
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________________________________________________________________ 16Tradução literal: casamento
Referências bibliográficas
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RIBAS, Aglaé Terezinha Moro. Relação língua materna/língua estrangeira:historicidade e conceitualização de alternância de códigos linguísticos einterlíngua. Org. Edson José Gomes. Maringá: Eduem, 2006.
PAIVA, Maria da Graça Gomes. Os desafios do ensinar a ler e a escrever em línguaestrangeira. In: Ler e escrever.