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Acompanhamento arqueológico da Remoção de entulhos e corte de vegetação no Castro de Cidadelhe Mesão Frio Relatório Final Março 2015

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Acompanhamento arqueológico da Remoção de entulhos e corte de vegetação no Castro de Cidadelhe Mesão Frio

Relatório Final

Março 2015

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Ficha Técnica

Promotor

Direção Regional de Cultura do Norte

Empreiteiro

Impulso decisivo

Execução dos trabalhos arqueológicos

Archeo'Estudos, Lda

Arqueólogo

Paulo André de Pinho Lemos

Fotografia

Paula Barreira Abranches

Paulo André de Pinho Lemos

Fotografia de espólio

Paulo André de Pinho Lemos

Cartografia

Paulo André de Pinho Lemos

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Índice

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................... 4

2. DESCRIÇÃO GEOGRÁFICA, ADMINISTRATIVA E GEOLÓGICA DO LOCAL.......................................................... 5

3. ENQUADRAMENTO HISTÓRICO ................................................................................................................ 10

4. METODOLOGIA ....................................................................................................................................... 19

5. ACOMPANHAMENTO ARQUEOLÓGICO ...................................................................................................... 20

6. ESPÓLIO RECOLHIDO ............................................................................................................................. 44

7. PRINCIPAIS RESULTADOS/CONCLUSÕES ................................................................................................. 55

8. MEDIDAS DE MINIMIZAÇÃO ...................................................................................................................... 57

9. BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................................................ 58

REGISTO GRÁFICO .................................................................................................................................... 63

FICHA DE SÍTIO/TRABALHO ARQUEOLÓGICO ............................................................................................... 65

SÍTIO ......................................................................................................................................................... 66

ESPÓLIO .................................................................................................................................................... 67

TRABALHO ARQUEOLÓGICO 2015 ................................................................................................................. 67

OFÍCIO: DIREÇÃO REGIONAL DE CULTURA DO NORTE ................................................................................. 69

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1. Introdução

O Castro de Cidadelhe está localizado em prédio rústico, propriedade do Estado desde 1993, com a

área total aproximada de 14 hectares, constitui bem de interesse patrimonial classificado como imóvel de

interesse público desde 1992 (pelo Decreto n.º 26-A/92, DR, I Série-B, n.º 126, de 1-06-1992) e está afeto à

Direção Regional de Cultura do Norte para efeitos de gestão.

Este sítio arqueológico apresenta, para além de outras estruturas, cinco possíveis cinturas de muralha,

uma das quais com cerca de 4 metros de largura e cerca de 5/6 metros de altura. Construídas em xisto, com

diferentes tipos de aparelho e estereotomia, exibindo em alguns troços deformações e pequenos derrubes.

Os elementos identificados foram alvo de ações técnicas consideradas essenciais e necessárias para

proceder ao correto e exaustivo registo desses vestígios, nomeadamente através do seu registo gráfico e

fotográfico. Foi igualmente efetuado um levantamento fotográfico dos momentos que suscitaram maior interesse

de registo.

Os trabalhos tiveram como proponente a Empresa Archeo’Estudos, Investigação Arqueológica, Lda. e

realizaram-se ao abrigo da legislação em vigor, nomeadamente da Lei nº 107/2001 de 8 de setembro (Lei do

Património Cultural) e do Decreto-Lei n.º 164/2014 de 4 de novembro.

Os trabalhos a que se reporta este relatório decorreram entre o dias 09 e 19 de dezembro de 2014.

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2. Descrição geográfica, administrativa e geológica do local

O Castro de Cidadelhe encontra-se localizado na freguesia de Cidadelhe, concelho de Mesão Frio,

distrito de Vila Real, apresentando como latitude 41º 10’ 42,85’’ N, de longitude 07º 50’ 39,50’’ O e a uma altura

máxima de 397 metros (Fig. 1 e 59).

Fig. 1– Implantação Castro de Cidadelhe. Fonte: Google Earth.

O município de Mesão Frio encontra-se representado na Carta Militar de Portugal, na folha 126 dos

Serviços Cartográficos do Exército (Fig. 2).

Fig. 2– Implantação Castro de Cidadelhe. Fonte: CMP folha n.º 126, IGEOE

Área delimitada do Castro de Cidadelhe

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Localizado no extremo su-sudoeste do distrito de Vila Real, na Região Norte (NUT II), no Douro (NUT

III) situa-se a cerca de 40 quilómetros desta cidade, na margem direita do rio Douro. A norte e a nordeste

encontra-se a serra do Marão e a sul encontram-se as serras de Montemuro e Leomil. É limitado a nordeste por

Peso da Régua (distrito de Vila Real), a leste por Lamego (distrito de Viseu), a leste e sul por Resende (distrito

de Viseu) e a oeste por Baião. Protegido a norte pela Serra do Marão onde se encontram os terrenos de maior

altitude, regista-se, à medida que avançamos para sul, uma acentuada diminuição altimétrica, atingindo cotas na

ordem dos 50 m, na área junto ao rio Douro.

Mesão Frio ocupa uma área de 26,9 km2, na qual se distribuíam, até 2013, sete freguesias,

concretamente Barqueiros, Cidadelhe, Oliveira, Mesão Frio (Santa Cristina), Mesão Frio (São Nicolau), Vila Jusã

e Vila Marim. A lei n.º 11-A/2013 extingue a freguesia de Mesão Frio (Santa Cristina), Mesão Frio (São Nicolau)

e Vila Jusã e agrega-as numa nova freguesia denominada Mesão Frio (Santo André), com sede em Mesão Frio

(São Nicolau).

O concelho de Mesão Frio está incluído na designada Região Demarcada do Douro, que se prolonga

pelo vale do rio Douro e seus afluentes, abrangendo uma superfície total de 250.000 hectares, situando-se entre

Barqueiros e Mazouco, na fronteira com Espanha. Esta área estende-se ao longo do rio Douro e seus principais

afluentes, ou seja, Varosa, Corgo, Távora, Torto e Pinhão, abarcando os municípios de Alfândega da Fé, Alijó,

Armamar, Carrazeda de Ansiães, Figueira de Castelo Rodrigo, Freixo de Espada à Cinta, Lamego, Mesão Frio,

Meda, Mirandela, Murça, Peso da Régua, Resende, Sabrosa, Santa Marta de Penaguião, São João da

Pesqueira, Tabuaço, Torre de Moncorvo, Vila Nova de Foz Coa, Vila Flor e Vila Real. Esta encontra-se dividida

em três sub-regiões, apresentando cada uma diferentes características geográficas, climáticas e sócio-

económicas: o Baixo Corgo (o qual abarca o concelho de Mesão Frio), o Cima Corgo e o Douro Superior.

Numa fase inicial, apenas tínhamos vinhedos nas duas primeiras sub-regiões reunidas numa região que

era designada de Alto Douro. Isto era devido à barreira natural do Cachão da Valeira, em São João da

Pesqueira, que impedia a navegação do rio Douro. Com a remoção desta barreira, a cultura da vinha prolongou-

se para o Douro Superior.

A sub-região do Baixo Corgo encontra-se ocupada, em cerca de um terço (32,4%), com a vinha,

estendendo-se desde a freguesia de Barqueiros (Mesão Frio), na margem norte, e a freguesia de Barrô

(Resende), na margem sul, até à afluência do rio Corgo e do Ribeiro de Temilobos com o rio Douro.

A sub-região do Cima Corgo estende-se para montante até ao Cachão da Valeira, de menor produção

de vinha, ainda que de melhor qualidade. Nesta região a vinha ocupa 22,1% da área.

A sub-região do Douro Superior prolonga-se de São João da Pesqueira, mais concretamente de

Cachão da Valeira, até à fronteira com Espanha. É a sub-região com uma maior área, apesar de apresentar uma

produção de vinho pouco extensa, ocupando a vinha apenas 9,2% da superfície.

A Região Demarcada do Douro engloba ainda a denominada região da Beira Douro, que abrange os

concelhos de Tarouca, Moimenta da Beira, Sernancelhe e Penedono e ainda parte dos concelhos de Lamego,

Armamar, Tabuaço e São João da Pesqueira. Corresponde a uma região que se encontra nos limites

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geográficos da Região Demarcada do Douro, apresentando solos graníticos e clima frio, contrariamente ao

Douro Vinhateiro que ostenta um clima mediterrânico e solos xistosos.

Na Região Demarcada do Douro verifica-se uma grande divisão da área ocupada com vinha, uma vez

que 85% das parcelas ostentam menos de meio hectare (Vicente, 2010:22).

No ano de 2001, concretamente a 14 de dezembro, uma pequena parte da Região Demarcada do

Douro, o Alto Douro Vinhateiro, foi classificada pela UNESCO, como Património Mundial da Humanidade na

categoria de Paisagem Cultural Evolutiva e Viva. Esta região integra o vale do rio Douro, dela fazendo parte

treze dos vinte e dois concelhos que compõem a região do Douro. Estes concelhos são Alijó, Armamar,

Carrazeda de Ansiães, Lamego, Mesão Frio, Peso da Régua, Sabrosa, Santa Marta de Penaguião, São João da

Pesqueira, Tabuaço, Torre de Moncorvo, Vila Nova de Foz Coa e Vila Real, situados ao longo das encostas do

rio Douro e seus afluentes Varosa, Corgo, Távora, Torto e Pinhão (Sousa, 2013:11-12).

O concelho de Mesão Frio, geograficamente, marca o início da Região Demarcada do Douro,

encontrando-se assim incluído numa área de “elevada identidade, associado ao vale do Douro, aos socalcos, às

quintas e aos vinhos do Porto e Douro. É sem dúvida uma paisagem única que, pelo seu valor, foi incluída na

lista do património mundial da UNESCO (d`Ábreu, et al, 2004:241).

No Alto Douro Vinhateiro, o clima encontra-se muito condicionado pelo relevo, designadamente pelas

formações montanhosas do Gerês-Larouco e Alvão-Marão, que formam um entrave natural à penetração das

massas de ar húmidas oceânicas. Nesta região a precipitação atinge valores na ordem dos 1000 mm por ano no

Baixo Corgo e de valores que descem até aos 400 mm em determinadas zonas do Douro Superior. O clima não

é, naturalmente, homogéneo, particularmente no que concerne à precipitação, sendo que entre outubro e março,

os meses mais húmidos, ocorre 70 a 75% do total anual (Aguiar, et al, 2000:33). Conquanto ao número de dias

de chuva por ano, algumas áreas do vale do Douro ostentam precipitação em menos de 50 dias, contribuindo

para que esta região seja uma das mais secas de Portugal (Ribeiro, 1987, in Ribeiro, 2009:152-3).

No que se refere à temperatura, esta varia, naturalmente, com a altitude, apresentando valores que

oscilam entre os 12-13ºC, nas áreas mais elevadas, e 16ºC nas áreas mais baixas, próximo ao rio Douro

(Aguiar, et al, 2000:35).

O relevo na região do Alto Douro Vinhateiro apresenta feições extremamente recortadas e encaixadas

pelos numerosos cursos de água e muito declivoso, onde mais de metade da área ostenta um declive superior a

40%, com planaltos apenas acima dos 400 metros (Aguiar, et al, 2000:35-36).

Os solos, de acordo com Ricardo Silva Vicente (2010:20), têm origem, essencialmente, na formação

geológica do Hispano ou Grauváquico Ante-Ordovício (Pc-cc). Podemos subdividir estes solos em dois grupos

distintos, nomeadamente, os antrossolos onde se regista uma intensa/profunda alteração dos solos, causada

pelo Homem; e os leptossolos, que foram pouco perturbados pelas ações humanas. Os primeiros correspondem

à maioria da superfície preenchida com vinhedo, ostentando um horizonte antrópico, sendo a sua possança

variável em função da espessura da surriba; os últimos correspondem aos solos que predominam nas zonas não

ocupadas com vinha, onde a rocha dura se acha a menos de 0.30 metros de profundidade.

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No que respeita às texturas dos solos, e ainda de acordo com o supracitado autor, os solos são

predominantemente franco-arenosos-finos e franco-limosos, ostentando alta pedregosidade à superfície e em

profundidade. Equivalem a solos com escassa matéria orgânica, pobres em azoto, em fósforo, em cálcio e em

magnésio, com pH ácida (Vicente, 2010:21).

No Alto Douro Vinhateiro a construção dos socalcos surgiu como forma de dominar os terrenos

declivosos, a insuficiência de solo e a escassez de água, possibilitando a instalação dos vinhedos. As áreas

socalcadas destinam-se unicamente à exploração vitícola, não possuindo bordadura, ostentando grandes

superfícies e um polimorfismo construtivo, testemunho dos diferentes períodos construtivos dos socalcos. Esta

diacronia encontra-se patente nos mortórios, nos socalcos pré e pós-filoxéricos, vinha ao alto e vinha de

patamares. Neste trecho de paisagem o povoamento é concentrado em núcleos de pequena a média dimensão,

com o casario das quintas a pontuar a paisagem (Jesus, 2004:19).

A área que compreende o atual concelho de Mesão Frio evidencia uma forte ocupação das encostas

com vinha, quer no vale do Douro, quer nos seus principais afluentes. “Os socalcos para a plantação da vinha

situam-se em encostas onde antes dominavam matos, são sustentados por muros de pedra extraídos da própria

encosta xistosa […]. O processo construtivo iniciava-se a partir das altitudes mais baixas da encosta para as

mais altas. Nas áreas mais inclinadas, apenas há espaço para uma fileira de videiras ao longo do socalco“

(d`Ábreu, et al, 2004:238).

Contudo temos encostas, ou parte de encosta, onde a paisagem de socalcos tradicionais (terraços pré

e pós-filoxéricos) está a ser alterada devido à insuficiência de mão de obra, sentida particularmente a partir de

1970, que levou a uma mecanização, com o intuito de rentabilizar a produção. Temos assim “vinhas novas em

patamares com taludes de terra que têm um desenvolvimento variável, conforme a inclinação do terreno,

podendo atingir alturas da ordem dos cinco metros. [Nas últimas décadas do século XX] começou a aplicar-se

um sistema completamente novo no Douro em que a vinha é plantada segundo as linhas de maior declive, a

chamada vinha ao alto. […]. O novo mosaico do Douro é assim composto por vinhas de diferentes tipos, a que

se acrescentam ainda as vinhas sem armação do terreno, dominantes no Douro Superior, com terrenos menos

inclinados. Atualmente os socalcos tradicionais são ainda dominantes, em termos de área, mas o padrão poderá

vir a ser alterado” (Idem, 2004:239).

De registar a existência de socalcos que se encontram presentemente votados ao abandono, tapados

por mato ou ocupados com o plantio de oliveira e uma ou outra cultura. Estes socalcos correspondem, na sua

quase totalidade, a “vestígios do ataque da filoxera do século passado, que levou à destruição da vinha existente

e ao consequente abandono da produção vitícola […]. Os socalcos abandonados nessa época e

consequentemente cobertos de mato têm a designação de mortórios (Idem, 2004:239).

O vale do Douro corresponde a “um sistema geomorfológico que atravessa a Região Norte no sentido

Este-Oeste, ao longo de 210 km, desde a fronteira com Espanha até próximo do limite Sul da Serra de Valongo.

Caracteriza-se por um entalhe profundo e contínuo, com vertentes escalonadas com vários patamares, a

diferentes altitudes. A parte superior dos vales dos seus afluentes tem formas suaves e os topos das vertentes

são aplanados. […] A topografia do Vale é afetada pela diversidade das formações metassedimentares, dobras,

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planos de xistosidade, fracturação e resistência das litologias. (Pereira, 2009:43-44). Nas áreas graníticas do

Vale do Douro, sobretudo no setor das serras, os vales são encaixados e estreitos (canhões fluviais) e, por

vezes, ao longo dos afluentes mais pequenos é possível observar perfis longitudinais com declives muito

elevados […]. Nas áreas de xisto, menos resistentes à erosão mecânica e química, principalmente nos xistos e

grauvaques do Grupo do Douro, os vales são mais abertos e os declives menos acentuados” (Pereira, 2004 in

Pereira, 2009:44).

A sub-região do Baixo Corgo pertence à parte da influência fitogeográfico subatlântico inserida no Alto

Douro Vinhateiro. De entre o estrato das espécies arbóreas, o carvalho roble, o sobreiro e o pinheiro bravo são

as principais componentes. De entre o sub-bosque temos como principais elementos arbustivo-arbóreo ou

arbustivos a torga, a urze branca, os tojos, os codeços, bem como o medronheiro, o lentisco, a gilbardeira, o

trovisco, o estevão, o folhado e o espargo bravo, alguns dos quais são elementos submediterrâneos (Ribeiro,

2000b:23).

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3. Enquadramento histórico

3.1. O vale do Douro

Desde a Pré-História que o vale do rio Douro se estabeleceu como um corredor de circulação de povos

e culturas, que aqui se estabeleceram. Os primeiros indícios da presença humana nesta região são percetíveis

nos vestígios encontrados no seu vale e afluentes, de que se destaca a arte paleolítica de ar livre descobertas

no Coa e Freixo de Espada à Cinta. O vale do Coa ostenta, além da arte paleolítica, exemplos de arte da pré-

história recente, especialmente da Idade do Ferro, que corresponde ao segundo grupo artístico mais importante

da região (Batista, et al, sd:138). Ainda representados nesta região temos registos dos séculos XVII-XX. Estas

gravuras mais recentes devem-se fundamentalmente aos moleiros e refletem os seus horizontes ideológico-

religiosos, tendo gravado essencialmente temas religiosos (Batista, et al, 2008:141).

A região entre os rios Tâmega e Corgo, nos finais do século I d. C. achava-se, na sua quase totalidade,

integrado no territorium de Tongobriga. De acordo com Lino Augusto Tavares Dias (1996:31-32) esta cidade

romana correspondia à capital de civitas, construída no final do século I, depois de Vespasiano, e meados do

século II e esta região, em pleno século II d. C., encontrava-se “plenamente integrada na economia do Império,

apoiada numa intensa circulação de produtos e de intercâmbios comerciais.”

Apesar de o território a norte do rio Douro se encontrar, a partir de Augusto, plenamente integrada no

Império Romano, não foi imediatamente organizada em civitates. De acordo com o supracitado autor (Dias,

1996:44) somente no “decorrer do século I e os progressos da romanização no tempo dos júlio-cláudio, foi

possível o reordenamento flaviano que introduziu nesta região aquele regime político-administrativo”.

Nesta região os romanos empreenderam uma ocupação do espaço que lhes era familiar, quer do ponto

de vista estrutural, quer económico-financeiro (Idem:44). Lino Augusto Tavares Dias regista uma presença

romana fortemente centralizada nas áreas de Alpendurada e Várzea do Douro, na convergência do rio Tâmega

com o rio Douro, bem como em Ancede, Santa Cruz do Douro, Santa Marinha do Zêzere, Loivos da Ribeira e

Gestaçô, todas correspondentes a villae. Assinala, igualmente, uma forte presença, com continuação do uso dos

terrenos, ao longo do vale do rio Douro, estendendo-se de Mesão Frio a Loivos da Ribeira, Loivos do Monte,

Ribeira de Carneiro, Padornelo, Amarante e Ladário (Idem:45).

O vale do Douro, na área em análise, foi atravessado por uma estrada, que segundo alguns autores,

e.g. Carlos Alberto Ferreira de Almeida (1968:177) e Lino Augusto Tavares Dias (1996:45), ostenta uma

cronologia romana. De acordo com o primeiro autor na “primeira parte da Idade Média nas ligações entre o norte

e o sul desta zona ocidental peninsular esta direção viária [de Riba Douro para Entre Douro e Minho] foi a mais

importante e seguida. (…) Os que desciam, vindos da zona de Castro Daire, preferiam Porto Antigo, Freixo e

daqui ao Marco de Canaveses. (…) Do alto de Padrões de Teixeira descia a ponte de Canaveses uma via

remotíssima (…) subia de Mesão Frio a Teixeira, aos Padrões e daí à Fonte do Mel, na serra da Aboboreira (…).

Seguia depois pela Venda da Giesta, a Soalhães e ao Marco de Canaveses” (Almeida, 1968:177).

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No que concerne aos períodos suevo e visigótico, as informações para a área em análise são

praticamente inexistentes, à exceção do paroquial suévico.

Conquanto à presença árabe sabemos da ocupação da região do Douro pelos exércitos islâmicos, que

aqui permaneceram aproximadamente século e meio. Temos esta confirmação, tal como nos refere Luís Miguel

Duarte (1996:63), pela “animação que se nota no período imediatamente posterior à Reconquista, associada à

permanência toponímica, [que] aponta para uma continuidade das populações cristãs”.

Durante a presença árabe a cidade de Lamego, que era sede de bispado, teve a presença de um

representante direto do califa, um vali, equivalendo assim a um valiado, isto até Afonso III ter, temporariamente,

posto fim à presença árabe em Lamego. Contudo, nos finais do século X, Almançor conquista esta região, aqui

tendo permanecido o domínio islâmico até ao ano de 1057, altura em que Fernando Magno reconquistou

definitivamente Lamego (Duarte, 1996:63-64).

De acordo com António Manuel de Carvalho Lima (2010-2011:84) o “último terço do século IX e todo o

século X, foi simbolicamente balizado entre dois momentos marcantes para a história desta região: a subida ao

trono de Afonso III das Astúrias, em 866, e a morte de Almansor, ocorrida em 1002”. A coroa asturiana herdou

uma série de pequenos lugares que se encontravam disseminados pelo vale do Douro, pelo que os seus

governantes se viram forçados a “recorrer – onde as houvesse – às antigas sedes das paróquias suevas,

certamente ainda vivas e muito mais do que simples centros de circunscrições de caráter religioso; ou então –

onde as não houvesse ou quando elas não preenchessem as funções pretendidas – à criação de novos centros

de poder, sem antecedentes enquanto tal” (Lima, 2010-2011:89). É assim que nesta região, “pela primeira vez

desde o século VI, temos provas da existência, (…) de um conjunto de poderes organizados, com capacidade

efetiva para administrar política, militar e judicialmente a região (Idem, 90).

Deste modo, na área correspondente ao vale do Douro, Afonso III criou uma fortaleza, em tudo

semelhante à erigida em Anegia. A fortaleza instaurada por este monarca corresponde, de acordo com António

Manuel de Carvalho Lima, à fortaleza de Aliovirio, localizada em Cidadelhe, Mesão Frio (Idem, 93).

Na Baixa Idade Média, o povoamento do vale do Douro aumenta, tendo-se aqui implantado algumas

comunidades religiosas, de entre as quais se destaca a Ordem de Cister, que se tornou um dos principais

dinamizadores da cultura da vinha e da produção do vinho na região do Alto Douro (Cabral, 2011:8). De entre os

mosteiros cistercienses de destacar Santa Maria de Salzedas, São Pedro das Águias e São João de Tarouca,

este último fundado no século XII, no vale do rio Varosa. Estabelecidos na margem sul do Douro, estes cenóbios

representaram um papel indispensável no crescimento agrícola da região, em concreto a difusão da viticultura (O

território Duriense, Bragança, Fundação Rei Afonso Henriques, 2008:100), instalando nas suas propriedades

unidades de exploração agrícola, denominadas quintãs, onde cultivaram essencialmente cereais, oliveiras e

vinha, sendo que ainda hoje podemos ver na paisagem duriense herdeiros desse ordenamento paisagístico, e.g.

a Quinta de Mosteirô (Cabral, 2011:8).

Na Idade Média, judeus e cristãos-novos desempenharam um papel fundamental na dinamização

económica do Douro, uma vez que estes se mostraram empenhados na produção vinícola, bem como no

desenvolvimento de vastas redes comerciais (Idem:101).

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Com o advento dos descobrimentos e das subsequentes prolongadas viagens marítimas surge a

procura de “vinhos fortes”, que aguentassem longos períodos de tempo, tal como aqueles que eram produzidos

na atual região do Douro (O território Duriense, Bragança, Fundação Rei Afonso Henriques, 2008:101).

O século XVI assiste ao alargamento da área destinada à cultura vinícola, abrangendo neste século a

região de Lamego, tendo continuado o seu alargamento no decorrer da centúria seguinte (Cabral, 2011:8).

No inicio do século XVIII temos a assinatura entre Portugal e Inglaterra do Tratado de Methuen

atestando a crescente importância do vinho produzido na região do Douro. Este acordo comercial concedeu

direitos preferenciais aos vinhos portugueses com a contrapartida de permitir a entrada livre dos tecidos

britânicos, no mercado português (Ferreira, 2012:144).

Por Alvará Régio de 10 de setembro de 1756, Sebastião José de Carvalho e Melo, futuro marquês do

Pombal, toma medidas regularizadoras da produção e comercialização do vinho produzido na região do Douro,

constituindo a Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro. Esta demarcação corresponde à

primeira denominação de origem controlada (DOC), incluindo a definição dos limites da região vinícola, a

elaboração de um cadastro das quintas, o controlo e classificação da produção e da qualidade do vinho (O

território Duriense, Bragança, Fundação Rei Afonso Henriques, 2008:102).

No ano seguinte, e até 1761, foram implantados diversos marcos de granito paralelepipédicos, nos

quais foi inscrita a palavra FEITORIA bem como a data da sua fixação, com o intuito de materializar no terreno

os limites da zona de vinhos da feitoria, que era substancialmente mais pequena e circunscrita à sub-região do

Baixo Corgo (Idem:103).

Com o término da presença no governo do marquês do Pombal, no ano de 1777, a Companhia Geral

da Agricultura das Vinhas do Alto Douro perdeu privilégios. Nos anos subsequentes, e fruto da conjuntura interna

e externa (guerras napoleónicas e guerra da independência dos Estados Unidos da América), assistimos a um

acréscimo na produção/ exportação dos vinhos produzidos nesta região (Cabral, 2011:10). Consequentemente,

nos anos de 1788 a 1793, empreenderam-se novas demarcações, que abarcaram as vinhas do Cima Corgo.

Facto igualmente importante a abertura do Cachão da Valeira, no ano de 1792, permitindo a navegação deste

ponto para montante do rio Douro, que fomentou a difusão da área de cultivo da vinha para o Douro Superior

(Idem, 2011:10-11).

No ano de 1834 o governo liberal procedeu à aplicação de algumas reformas na área em análise. Estas

remodelações consistiram concretamente na abolição do dízimo, na extinção das ordens religiosas e na permuta

dos bens das ordens religiosas para o domínio privado (Cabral, 2011:11). Todo este processo de liberalização

teve efeitos contrários aos desejados, tendo-se registado uma nova crise de superprodução.

Consequentemente, e como tentativa de contra ciclo, a Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto

Douro foi novamente instituída, decorria o ano de 1843.

Mas, mais uma vez, a sua ação revelou-se infrutuosa, pelo que lhe foram retirados todos os seus

poderes, corria o ano de 1852, altura em que Fontes Pereira de Melo a substituiu pela Comissão Reguladora da

Agricultura e Comércio dos Vinhos do Alto Douro (O território Duriense, Bragança, Fundação Rei Afonso

Henriques, 2008:104).

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Acompanhamento arqueológico da Remoção de entulhos e corte de vegetação no Castro de Cidadelhe Mesão Frio Relatório Final

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O final do século XIX, inícios do século XX corresponde a décadas de profunda crise, motivada,

principalmente, pelas pragas de míldio, oídio e filoxera, que destruíram grande parte das vinhas.

Assim, no ano de 1907, o ministro João de Franco criou a Comissão de Viticultura da Região do Douro,

que tinha como intuito a proteção e fiscalização da marca Porto. Passamos a ter um estado mais interventivo,

regulamentando a produção, a fiscalização e a comercialização do vinho do Douro. Esta política protecionista é

visível na demarcação, mais uma vez, da região produtora de vinho, agora prolongada até ao Douro Superior,

tendo como base os limites administrativos dos concelhos (Idem, 105).

Volvido um ano, já no governo do almirante Ferreira do Amaral, optou-se pela demarcação por

freguesias, tendo, consequentemente, diminuído a área demarcada, que se afigurou à que atualmente vigora

(Cabral, 2011:14).

Já no novo regime, assistimos à criação de entidades reguladoras do setor vinícola do Douro,

designadamente a Casa do Douro, corria o ano de 1932. No ano seguinte assistimos à fundação do Grémio dos

Exportadores do Vinho do Porto e ainda do Instituto do Vinho do Porto (Cabral, 2011:14 e Ferreira, 2012:144).

3.2. Mesão Frio

O povoamento da região que presentemente corresponde ao município de Mesão Frio é, seguramente,

anterior à presença Romana, como podemos constatar pela existência do povoado fortificado em Cidadelhe, da

Idade do Ferro.

Mesão Frio terá surgido no local onde mais tarde viria a ser edificada a Igreja de São Nicolau, pela

rainha D. Mafalda, mulher de D. Afonso Henriques.

Na origem desta terra esteve, presumivelmente, uma albergaria, uma de entre as muitas existentes nas

principais vias do Império Romano, que tinham como função primordial agasalhar os viandantes nos seus

itinerários, fornecer refeições, alojar animais e servir de estação de muda de cavalos, chamadas de “mansionis

frigidae” (Costa, 2009: 40).

Mesão Frio surge referido pela primeira vez no ano de 1093, quando o conde D. Henrique recebeu, do

rei D. Afonso VI, o Condado Portucalense. Anteriormente a esta data nada sabemos em concreto sobre estas

terras (Oliveira, 2000:60-61).

Meijon frio era a designação que por esta altura se atribuía a esta povoação. É ainda este nome que a

atual vila de Mesão Frio recebe quando o rei D. Afonso Henriques, no ano de 1151, lhe outorga o seu primeiro

Foral, sugerindo a sua importância (Idem, 2000:60). Este foral veio a ser confirmado em 1217, pelo monarca D.

Afonso II.

De acordo com o supra citado autor a origem toponímica de Mesão Frio sofreu variações na sua grafia,

podendo ser verificada nos documentos medievos. Bernardino Vieira de Oliveira (2000:61), após consulta no

Arquivo Nacional da Torre do Tombo, concretamente do Livro II, Doações de D. Afonso III, folha 28, menciona

uma doação feita em agosto de 1140 por D. Afonso a um Martinho Calvo, da Igreja de São Martinho de Meison

Frigido. Ainda no mesmo arquivo este autor cita a mesma doação, datada de 1145, realizada exatamente pelo

mesmo foreiro, natural de Meygion Frigido. Por fim, narra que no ano de 1180, “um certo Baldovino e mulher

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Acompanhamento arqueológico da Remoção de entulhos e corte de vegetação no Castro de Cidadelhe Mesão Frio Relatório Final

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fizeram doação a D. Fernando, bispo da Sé Portucalense, de duas leiras de vinhas em Meyson Frio (…).

Podemos assim constatar que em 40 anos Mesão Frio aparece referido em documentos com três grafias

diferentes.

Ainda segundo o autor supracitado (Idem, 2000:62), é o “Concellium de Mansionis Frigido que aparece

como possuidor de uma herdade em Vila Marim, que constava de casas, forno, vinhas e hortas, e da qual faz

venda a Afonso Pires e sua mulher. (…).”

É com a reforma instituída pelo foral Manuelino, datado de 27 de novembro de 1513, que a vila de

Mesão Frio atingiu o seu apogeu (Idem, 2000:62).

O concelho de Mesão Frio era composto, primeiramente, pelos territórios de Santa Cristina e São

Nicolau. No reinado de D. Manuel I o município albergava igualmente as terras de Cidadelhe e de Vila Marim.

Com o decreto datado de 6 de novembro de 1836, foi-lhe adicionado as povoações vizinhas de Barqueiros,

Oliveira e Vila Jusã, anteriormente pertencentes ao concelho de Penaguião (Costa, 2009: 40).

A freguesia de São Nicolau, área principal do centro urbano da vila de Mesão Frio, ostenta uma área

que ronda os 40 hectares. Segundo Carlos E. F. Costa (2009:41) era parte integrante da paróquia de Aliobrio,

que se achava sob administração eclesiástica do bispado de Braga. No ano de 1057, surge como São Nicolau

de Susano, sendo então parte integrante de Mesão Frio.

Ainda de acordo com o citado autor, em 1093 D. Henrique toma posse do condado Portucalense

recebendo a burgo de Meijon-frio, onde o núcleo populacional principal era, precisamente, São Nicolau, que

ostentava como termos os Casais de São Nicolau de Mesion Frigido de Susano e de São Nicolau de Mesion

Frigido de Jusano (Idem, 2009:41).

No ano de 1832, a 13 de agosto, Mouzinho da Silveira introduziu o decreto que eliminou definitivamente

as Cartas de Foral.

O município de Mesão Frio não ostenta uma grande riqueza e variedade patrimonial. De entre os bens

que integram o património cultural concelhio de destacar os Imóveis de Interesse Público (IIP), num total de

doze, de acordo com a base de dados da Direção Geral do Património Cultural (DGPC), e das bases de dados

do IHRU (Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana1) e no Plano Diretor Municipal de Mesão Frio. Deste

modo temos a referir, a nível municipal, os seguintes sítios alvo de proteção:

• As Arcas Tumulares Românicas (Dec. 34452 de 20 de março de 1945);

• Castro de Cidadelhe (Dec. 26ª/92, DR126, de 1 de junho de 1992);

• Hospital Misericórdia de Mesão Frio (Dec. 735/74, DG 297, de 21 de DEZ. 1974);

• Pelourinho de Mesão Frio (Dec. 23122, DG 231, de 11 de OUT. 1933);

• Marco Granítico n.º 5 (Dec. 35909, DG 236, de 17 de OUT. 1946);

• Marco Granítico n.º 6 (Dec. 35909, DG 236, de 17 de OUT. 1946);

• Marco Granítico n.º 7 (Dec. 35909, DG 236, de 17 de OUT. 1946);

1 Para esta instituição transitou a base de dados anteriormente afeta à extinta Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN).

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Acompanhamento arqueológico da Remoção de entulhos e corte de vegetação no Castro de Cidadelhe Mesão Frio Relatório Final

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• Marco Granítico n.º 8 (Dec. 35909, DG 236, de 17 de OUT. 1946);

• Marco Granítico n.º 9 (Dec. 35909, DG 236, de 17 de OUT. 1946);

• Marco Granítico n.º 10 (Dec. 35909, DG 236, de 17 de OUT. 1946);

• Casa da Quinta de Côtto (Portaria n.º 443/2006, DR, 2.ªsérie, nº 49, 09 MAR 2006);

• Casa e Quinta de Santana (Despacho de 23 de JUL. 2004 do presidente do IPPAR);

De acordo com as bases de dados mencionadas a freguesia de Cidadelhe patenteia os seguintes sítios:

• Capela de São Gonçalo. Arquitetura religiosa, vernácula. Século XVII/ XVIII;

• Casa da Quinta do Côtto. Arquitetura residencial, oitocentista. Século XIX/XX;

• Casa do Outeiro/Casa de Valadares. Arquitetura residencial, barroca. Século XVIII (conjetural);

• Casa do Terreiro/Casa do Taveira. Arquitetura residencial, barroca. Século XVIII;

• Castro de Cidadelhe. Povoado fortificado Proto-Histórico com ocupação romana e medieval. Proto-

história/Antiguidade /Idade Média;

• Igreja Paroquial de Cidadelhe/Igreja de São Vicente. Arquitetura religiosa, barroca e tardo-barroca.

Século XVIII;

• Paço de Cidadelhe e Quinta / Quinta do Paço. Arquitetura residencial, barroca. Século XVI (conjetural)/

XVIII;

• Ponte e Via Romana em Cidadelhe. Arquitetura de comunicações e transportes.

3.3. Antecedentes. O sítio arqueológico e os trabalhos realizados

Segundo António Manuel de Carvalho Lima (2010-2011:87) na área relativa ao vale do Douro o

monarca asturiano Afonso III instituiu a civitate de Aliovirio, nos primórdios do movimento de presúrias,

correspondendo a uma fortaleza, em tudo semelhante à erigida em Anegia. A fortaleza instaurada por este

monarca corresponde, de acordo com António Manuel de Carvalho Lima, à fortaleza de Aliovirio, localizada em

Cidadelhe, Mesão Frio (Idem:93).

De acordo com o citado autor esta fortaleza apresentava atributos favoráveis à sua implantação neste

local, designadamente a sua localização em zona de encosta voltada para o rio Douro; a excelente visibilidade

em direção a sul, controlando o rio Douro; ostentava um posicionamento facilmente defensável, a meia encosta,

dominando visualmente a área sem ser vista; era servida por um eixo viário importante, de tradição romana, bem

como por um importante porto fluvial (Idem, 93).

A importância estratégica de Aliovirio advém do seu porto fluvial – o portu de aliovirio (PMH, DC 25)

que, segundo António Manuel de Carvalho Lima, se localizaria nas imediações das Caldas de Moledo. Este

porto permitia um fácil acesso à margem sul do Douro e à zona de Lamego, como via fluvial, comprovando a

existência de uma importante via de origem romana, evidenciada pela presença de vestígios de época romana

no local onde se implantavam as termas (Lima, 2010-2011:88) e pelo achado de um miliário que, de acordo com

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Acompanhamento arqueológico da Remoção de entulhos e corte de vegetação no Castro de Cidadelhe Mesão Frio Relatório Final

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Rodríguez Colmenero et al, citados por LIMA (2010-2011:88), foi encontrado no lugar de Marco e entretanto

desaparecido. De acordo com o mesmo autor, Aliovirio assentava sobre um importante povoado castrejo (Castro

de Cidadelhe) denotando uma importância desde a época sueva, tendo inclusivamente procedido à cunhagem

de moeda própria, no século VI (Idem, 93).

Na opinião de A. de Almeida Fernandes (1997:75) em 1116 “os lugares de Seixido e Fontelas de Baixo,

partindo com Fontelas de Cima, Godim e Oliveira, tinham, como estes, «jacentia in Aloifrio … discurente ribulo

Sarmenia et flumine Doyro» [DMP, DC 45] do que se vê que o território de Aliovirio era cortado pelo pequeno rio

Sermanha (zona comum aos atuais concelhos de Peso da Régua e Mesão Frio).”

Ainda de acordo com o supracitado autor, o já aludido portu de aliovirio (PMH, DC 25), ainda que

equivalesse a uma das três passagens mais importantes do Douro português, não implicava que a povoação se

localizasse junto ao rio, tendo a passagem adquirido o nome de Aliovirio “por servir esta povoação ou o território

deste nome, que o Douro limitava” (Fernandes, 1997:75).

A. de Almeida Fernandes (1997:75) refere um documento datado de 970 no qual se lê “terras que jacent

usque in muro qui divident per villa de Civitatelia (…) usque Sarmenia” (PMH, DC 101). De acordo com este

autor o «muro» referido na passagem corresponde ao monte sobre Cidadelha, sendo que essas «terras»

limitavam por este monte e iam pelos montes até ao rio de Seromenha. O aludido autor faz assim corresponder

a antiga civitas Aliovirio, que ao decair originou, nas imediações, uma outra de menores dimensões,

designadamente uma civitaticula, que por sua vez originou o nome de Cidadelha (Cividadelha) (Fernandes,

1997:75).

Por sua vez, Armando Coelho Ferreira da Silva conclui, após a realização de escavações arqueológicas

levadas a cabo no Castro de Cidadelhe, nos anos de 1984-85, na acrópole do povoado, que é correta a ligação

do Castelo de Cidadelhe com Aliobriga deduzida do topónimo Aliobrio (Silva, 1986:274). Este identificou, sobre

os níveis castrejos e romanos, “uma torre quadrangular adequada aos momentos da Reconquista, a que se

reportam os textos, bem como as referências geográficas, em especial a que diz respeito ao rio Sarmenia

(Seromenha, SCE, folha 126) que envolve o povoado pelos lados N e E“ (Idem:274), que associa à realização no

ano de 911, concretamente a 28 de setembro, de uma “congregatio magna in locum predictum Aliobrio in

presentia D. Hordonii et collecti omnes episcopi comites et capitanei territorio galeciense” (PMH, DC 17).

Na opinião de Amílcar Guerra (1999:427) Aliobrio corresponde a um topónimo flexionalmente integrável

no temas em -o (Aliobrio). Esta situação fica a dever-se ao facto de este nome ser uma formação adjetiva, que

pressupõem a concordância com o nome comum masculino. É assim um derivado de nomes em –bris,

ocasionando um nome neutro ou masculino (castellum, uicus ou análogo). Ainda de acordo com o referido autor

“os eventuais paralelos para este nome de lugar registam-se fundamentalmente na onomástica pessoal, em

concreto no antropónimo Alius/Alia, grafado também com a líquida geminada, e sues derivados” (Guerra,

1999:430). E, tal como refere J. M. Abascal, “a maioria das atestações correspondem ao conhecido nomen

latino, idêntico a este apelativo de origem hispânico, seu homónimo” (GUERRA, 1999:430).

Da intervenção arqueológica levada a cabo no Castro de Cidadelhe por Armando Coelho Ferreira da

Silva, entre os anos de 1983 a 1985, o investigador descreve na sua dissertação de doutoramento – no capítulo

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Acompanhamento arqueológico da Remoção de entulhos e corte de vegetação no Castro de Cidadelhe Mesão Frio Relatório Final

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I, ponto 2.1. intitulado O Sistema Defensivo – as estruturas defensivas por ele aí observadas. Tal como

descrevemos no subcapítulo anterior o mencionado autor elenca cinco tipos fundamentais de muralhas (Silva,

1986: 32-33), referindo a presença de três destas tipologias no povoado fortificado de Cidadelhe. Deste modo

menciona a existência da segunda tipologia, onde confirma a sua existência nos “trechos mais antigos da

muralha exterior de Cidadelhe” (Silva, 1986:32). Refere ainda a presença da quarta tipologia, onde atesta que “a

reformulação da espessa muralha externa de xisto de Cidadelhe (Mesão Frio) com justaposição de muros e

expressivos trechos de paramentos com aparelho poligonal, em espinha poderá integrar-se morfológica e

cronologicamente neste grupo” (Idem, 1986:33). Finalmente, regista que a quinta tipologia “é testemunhada em

muralhas de xisto como a que circunda a acrópole de Cidadelhe” (Idem, 33).

Resultante da supracitada intervenção o mesmo investigador menciona ainda - no capítulo I, ponto 2.2.

intitulado O Ordenamento Urbano – a recolha de uma pedra ornamentada de xisto, ostentando uma gravura de

um S alongado, recolhido nas escavações encetadas no ano de 1983 no Castro de Cidadelhe (Idem, 1986:63),

sem contudo especificar mais dados conquanto à sua recolha/proveniência. Armando Coelho Ferreira da Silva

refere que quando as pedras ornamentais se acham relacionadas com a arquitetura doméstica correspondem

unicamente a formas simbólicas, sendo o motivo mais representado o tríscelo [uma das variantes da suástica e

consta de três linhas curvas, que, divergentes de um centro comum, se enroscam em espiral, formando roseta],

seguido dos entrançados, encadeados, cordados e labirínticos, encontrando-se esculpidas “debruando portas e

ornamentando rodapés (…) [testemunhando] o gosto decorativo da área meridional castreja desde a Fase IIIA

com repetição de uma temática comum às diferentes manifestações artísticas e à diversidade dos suportes”

(Idem, 63).

Procedente das escavações encetadas na acrópole do Castro de Cidadelhe, no ano de 1984, o autor

refere na sua dissertação de doutoramento – no capítulo II, ponto 2.2. intitulado Metalurgia, a recolha de um

objeto metálico, correspondente a ponta de lança de ferro, procedente do Quadrado E3 (02) (Idem, 180;206;400-

401;459). De acordo com a descrição constante no inventário corresponde a uma ponta de lança de folha de

secção losângica, com alvado corroído, ostentando 119 mm de comprimento máximo; 30 mm de largura máxima

com 9 mm de espessura máxima, achando-se atualmente depositada na Câmara Municipal de Mesão Frio

(Idem, 206). Ainda proveniente das escavações realizadas no Castro de Cidadelhe este autor refere, na sua

dissertação de doutoramento – no capítulo II, ponto 2.1. intitulado Cerâmica, a presença de dois objetos

cerâmicos, cronologicamente enquadráveis naquela que designou como Fase III, Tipo C, concretamente em

duas variantes – C1e e C1g. Apresentam como característica morfológica comum um perfil em S com fundo

raso. A primeira variante ostenta uma forma de perfil em S contínuo, equivalendo ao grupo mais numeroso e

vulgarizado da cerâmica deste período. A segunda variante expõe uma forma de bordo curto e colo estrangulado

(Idem, 128 e 418).

No ano de 2013, entre os meses de outubro e dezembro, foram realizados trabalhos arqueológicos no

Castro de Cidadelhe – Sondagens e acompanhamento arqueológico no âmbito da empreitada de Conservação e

Restauro da Muralha do Castro de Cidadelhe (Mesão Frio) – da responsabilidade do signatário do presente

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Acompanhamento arqueológico da Remoção de entulhos e corte de vegetação no Castro de Cidadelhe Mesão Frio Relatório Final

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relatório. Estes trabalhos tiveram como proponente a Empresa Archeo’Estudos, Investigação Arqueológica, Lda.

e apresentaram como principais resultados:

Na Sondagem 1 foram identificadas três momentos construtivos cujo intuito era reforçar a linha de

muralha funcionando, no seu conjunto, como um contraforte, com uma espessura superior a 1.30 m, composta

por três troços sobrepostos, com orientações diferentes, assentando diretamente numa unidade argilosa. Estes

troços eram formados por diversas unidades compostas exclusivamente de pedras, alternando com unidades

constituídas unicamente por terra.

Na Sondagem 2 ficou claro que a linha de muralha exterior ostenta três fases construtivas.

A Sondagem 3 revelou duas linhas de muralha. A primeira com orientação N-S, espessura de 2.90 m e

altura visível de 3.10 m. A segunda linha de muralha com orientação SO-NE, espessura de 3.70 m, foi edificada

de encosto à linha de muralha de orientação N-S.

A Sondagem 4 revelou uma linha de muralha, com orientação OSO-ENE, formada por dois troços de

muralha, com espessura mínima de 3.30 m.

Os trabalhos de prospeção permitiram identificar 33 troços de muros, percetíveis um pouco por toda a

área concernente ao povoado, tendo sido aventado a identificação de cinco possíveis linhas de muralha.

As duas primeiras linhas de muralha – Linha de Muralha A e Linha de Muralha B – localizam-se na

acrópole do povoado. A Linha de Muralha A corresponde a uma estrutura defensiva de forma circular, com

diâmetro de 23 m (O-E) e de 26 m (N-S). A Linha de Muralha B encontra-se localizada nas imediações da Linha

de Muralha A, equivalendo a uma estrutura defensiva de forma aparentemente elipsoidal, ostentando o eixo N-S

cerca de 54 m e o eixo O-E cerca de 27 m.

A terceira linha de muralha – Linha de Muralha C – corresponde à muralha exterior de Cidadelhe,

descrita por Armando Coelho Ferreira da Silva, ostentando uma forma circular no seu limite S-SO, achando-se

percetível numa extensão de 150 m. Os trabalhos de prospeção permitiram identificar a continuação desta linha

de muralha no sentido S-N, no seu lado E (numa extensão de 200 m) e Oeste (numa extensão de 225 m).

As duas últimas linhas de muralha identificadas – Linha de Muralha D e Linha de Muralha E encontram-

se localizadas a Sul da Linha de Muralha C, paralelamente à mesma. A Linha de Muralha D de forma retilínea,

com orientação O-E, sendo percetível numa extensão de 32 m, encontrando-se delimitada pela Linha de

Muralha C, a Norte e pela Linha de Muralha E, a Sul. Finalmente, a Linha de Muralha E demonstra forma

circular, achando-se percetível numa extensão de 150 m.

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Acompanhamento arqueológico da Remoção de entulhos e corte de vegetação no Castro de Cidadelhe Mesão Frio Relatório Final

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4. Metodologia

O Plano de Trabalhos aprovado pela DRCN contemplava uma série de medidas, designadamente:

1. Garantir, a priori, através de uma metodologia preventiva, a salvaguarda de informação arqueológica

relativa à área de incidência do Projeto Castro de Cidadelhe – Remoção de entulhos e corte vegetação;

2. Analisar previamente o subsolo a afetar, para que seja informado o projeto no sentido de garantir que a

sua implantação não danifique ou coloque em risco eventuais vestígios arqueológicos, contribuindo

para que a execução do mesmo respeite a integridade e complexidade dos vestígios arqueológicos e

salvaguarde eventuais vestígios que possam ocorrer;

3. A empreitada tem por objeto a remoção de entulhos existentes em área do Castro de Cidadelhe, o corte

de vegetação, com aplicação de herbicida na totalidade da área do imóvel e, ainda, o corte de árvores

existentes na área do Castro (eucaliptos, giestas e pinheiros em fim de vida).

De forma a garantir, a priori, a salvaguarda de toda a informação concernente ao sítio, foi realizado um

levantamento fotográfico exaustivo e detalhado da área de implantação do projeto e de toda a sua envolvente.

Para o conjunto dos diversos trabalhos realizados no âmbito do projeto foi adotado o acrónimo CID.14

[= Castro de Cidadelhe, Mesão Frio: Remoção de entulhos e corte de vegetação - Acompanhamento

arqueológico, 2014] código com que foram referenciados todos os registos.

O espólio arqueológico foi recolhido e ensacado por tipo (cerâmica, vidro, metal, osteológico ou outro),

e acompanhado de uma ficha identificativa do contexto arqueológico em que o mesmo surgiu (UE, etc.).

Posteriormente procedeu-se à lavagem, marcação e inventariação do espólio arqueológico recolhido.

Todo o espólio arqueológico recolhido foi objeto de um tratamento prévio e posterior acondicionamento. Os

materiais cerâmicos e líticos foram lavados, marcados, inventariados e acondicionados. No que se refere ainda

aos materiais cerâmicos, estes foram individualizados por tipo: cerâmica comum, material de construção. Os

fragmentos metálicos foram sumariamente limpos, inventariados e acondicionados. O acondicionamento foi feito

em saquetas plásticas com identificação do conteúdo, colocadas em contentores plásticos também identificados.

Os registos fotográficos foram efetuados em fotografia digital. Foi ainda realizado o registo fotográfico

do espólio arqueológico mais significativo, com recurso a equipamento digital de elevada qualidade, mesa de

fotografia de objetos e iluminação de estúdio apropriada.

Durante a execução do acompanhamento arqueológico foram observadas e registadas as estratigrafias

detetadas, recolhendo-se a totalidade dos materiais arqueológicos descobertos.

Todas as informações respeitantes à área em estudo, de que se destacam os registos fotográficos e os

desenhos, foram mantidos em reserva científica do arqueólogo responsável até à produção dos relatórios, e

serão posteriormente depositados em local a designar pela tutela.

A direção dos trabalhos de campo, o registo e enquadramento histórico-arqueológico dos vestígios

detetados, o tratamento do espólio arqueológico recolhido, bem como os trabalhos de acompanhamento

arqueológico e a elaboração do presente relatório, ficou a cargo dos signatários.

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Acompanhamento arqueológico da Remoção de entulhos e corte de vegetação no Castro de Cidadelhe Mesão Frio Relatório Final

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5. Acompanhamento arqueológico

O acompanhamento foi realizado de forma presencial e a tempo inteiro, tendo sido observadas e

registadas as estratigrafias detetadas, recolhendo-se o total dos materiais arqueológicos descobertos.

As ações de acompanhamento dos trabalhos de corte da vegetação arbórea, arbustiva, aplicação de

herbicida, bem como os trabalhos de remoção de entulhos existentes em área do povoado, visaram, através de

uma metodologia preventiva, a salvaguarda de informação arqueológica relativa à área do povoado,

designadamente a proteção das cinco possíveis Linhas de Muralha, bem como da totalidade dos 33 Troços de

Muros percetíveis um pouco por toda a área correspondente ao povoado de Cidadelhe, que haviam sido

identificados aquando dos trabalhos realizados em 2013 pelo subscritor deste relatório2.

Os trabalhos de acompanhamento arqueológico abarcaram três grandes ações:

5.1. Corte de árvores existentes na área do Castro de Cidadelhe;

5.2. Corte de vegetação e aplicação de herbicida, na totalidade da área do Castro de Cidadelhe;

5.3. Áreas/Ações que não foram alvo de trabalhos de acompanhamento arqueológico.

5.1. Corte de árvores existentes na área do Castro de Cidadelhe

Os trabalhos encetaram pelas ações de corte de árvores, que apenas visaram os eucaliptos, as giestas

e os pinheiros. O corte da vegetação arbórea foi realizado de forma manual, mediante o uso de maquinaria

adequada, designadamente motosserras, com o devido apoio de tratores agrícolas para o arrasto, carregamento

e transporte da madeira.

O corte da vegetação arbórea foi realizado na totalidade da área correspondente ao Castro de

Cidadelhe, numa superfície total aproximada de 14 hectares. Referir contudo que a mancha arbórea se

localizava em duas grandes áreas do povoado, concretamente no seu limite SO, junto ao antigo campo de

futebol e na quase totalidade do seu limite SE a NE. Na restante área o corte de árvores foi pontual.

No limite SO do povoado, junto ao antigo campo de futebol, a vegetação arbórea dominante era o

pinheiro bravo (Pinus pinaster), seguido do eucalipto (Eucalyptus), do sobreiro (Quercus suber) e do carvalho

(Quercus robur) (Fig. 3). Apenas se procedeu ao abate das espécies invasoras (pinheiro e eucalipto), tendo sido

mantida a totalidade das espécies arbóreas endémicas.

Nesta área, o trabalho de corte das árvores foi executado, exclusivamente, de forma manual, mediante

o uso de maquinaria adequada, designadamente motosserras, com o devido apoio de tratores agrícolas para o

arrasto, carregamento e transporte da madeira (Fig. 4). Daqui resultou uma intrusão mínima no terreno e uma não

afetação dos inúmeros troços de muros, percetíveis um pouco por todo o limite SO do castro, bem como das

linhas de muralha que nesta área se encontram edificados.

2 Sondagens e acompanhamento arqueológico no âmbito da empreitada de Conservação e Restauro da Muralha do Castro de Cidadelhe (Mesão Frio). Relatório Final. Policopiado.

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Acompanhamento arqueológico da Remoção de entulhos e corte de vegetação no Castro de Cidadelhe Mesão Frio Relatório Final

21

Fig. 3– Pormenor da vegetação e dos trabalhos de corte de árvores no limite SO do Castro de Cidadelhe.

Fig. 4– Pormenor dos trabalhos de corte de árvores no limite SO do Castro de Cidadelhe.

No limite SE a NE do Castro de Cidadelhe a vegetação arbórea dominante era o eucalipto (eucalyptus),

seguido do pinheiro bravo (Pinus pinaster), do sobreiro (Quercus suber), do carvalho (Quercus robur) e do

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Acompanhamento arqueológico da Remoção de entulhos e corte de vegetação no Castro de Cidadelhe Mesão Frio Relatório Final

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castanheiro (Castanea sativa) sendo, no entanto, estas três últimas espécies esporádicas. Tal como

supramencionado, apenas se procedeu ao abate das espécies invasoras (pinheiro e eucalipto), tendo sido

mantida a totalidade das espécies arbóreas endémicas.

As ações de corte das árvores foram, nesta área do povoado, realizada de forma manual, mediante o

uso de maquinaria adequada, designadamente motosserras, com o devido apoio de tratores agrícolas para o

arrasto, carregamento e transporte da madeira. Paralelamente, foram usados meios mecânicos mais intrusivos,

designadamente uma retroescavadora e uma giratória, que, para além de removerem a vegetação arbustiva,

também derrubaram/cortaram as espécies arbóreas aí existentes (somente os eucaliptos e os pinheiros de

pequeno porte) (Fig. 5).

Fig. 5– Pormenor dos trabalhos de remoção de árvores no limite SE a NE do Castro de Cidadelhe.

Daqui resultou uma intrusão maior no solo uma vez que a maquinaria usada provocou um leve

revolvimento do terreno, nunca superior a 0.30 metros. Contudo, de salientar a não afetação dos inúmeros

troços de muros, percetíveis um pouco por todo este limite SE a NE do castro, bem como das linhas de muralha

que nesta área se encontram edificados.

Na restante área do povoado de Cidadelhe o corte de árvores foi esporádico e/ou inexistente, uma vez

que a mesma se encontrava desprovida de vegetação arbórea, predominando antes uma densa e abundante

vegetação arbustiva.

Um exemplo de abate de uma espécie arbórea, fora das supramencionadas áreas, foi um pinheiro

bravo de médio porte existente na acrópole do povoado, no espaço delimitado pela Linha de Muralha A. Esta

ação visou a salvaguarda da referida estrutura defensiva, bem como de outras estruturas habitacionais

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Acompanhamento arqueológico da Remoção de entulhos e corte de vegetação no Castro de Cidadelhe Mesão Frio Relatório Final

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existentes na envolvente da mesma. O corte da árvore foi realizado mediante o uso de maquinaria adequada,

designadamente motosserra, tendo posteriormente sido removido manualmente (Fig. 6).

Fig. 6– Pormenor dos trabalhos de corte de vegetação arbórea na acrópole do Castro de Cidadelhe.

5.2. Corte de vegetação e aplicação de herbicida, na totalidade da área do Castro de Cidadelhe

Paralelamente aos trabalhos de corte da vegetação arbórea foram acompanhadas as ações de

desmatação e corte da vegetação arbustiva, realizados de forma manual, mediante o uso de maquinaria

adequada, designadamente moto-roçadoras. Simultaneamente, foram usados meios mais pesados,

concretamente um trator agrícola equipado com uma capinadeira de forma a permitir uma ripagem da

vegetação. A utilização destes meios mecânicos resultou numa intrusão mínima no terreno, não afetando os

inúmeros troços de muros percetíveis um pouco por todo o Castro de Cidadelhe, bem como a totalidade das

cinco linhas de muralha.

Os trabalhos consistiram no corte mecânico da abundante vegetação arbustiva que era composta,

maioritariamente, por fetos, giestas, silvas e tojo, tendo sido desenvolvidos na totalidade da área do Castro de

Cidadelhe, numa superfície a rondar os 14 hectares. Contudo, e para uma melhor explanação dos resultados

das ações de desmatação, os referidos trabalhos serão aqui apresentados por áreas de intervenção.

Primeiramente, foram acompanhados os trabalhos manuais de desmatação da vegetação arbustiva

existente ao longo da vedação do imóvel (Fig. 7). Estes trabalhos visavam o corte da vegetação de forma mais

cuidadosa, com o intuito de evitar danificar a referida vedação pelo uso dos meios mais pesados,

designadamente do trator agrícola equipado com uma capinadeira.

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Acompanhamento arqueológico da Remoção de entulhos e corte de vegetação no Castro de Cidadelhe Mesão Frio Relatório Final

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Seguidamente foram acompanhados os trabalhos de desmatação e corte da vegetação arbustiva

mediante o uso de meios mais pesados, concretamente o trator agrícola equipado com uma capinadeira. Referir

que este método de trabalho foi usado nas superfícies mais planas e nas áreas em que os muros, as linhas de

muralha e os múltiplos socalcos permitiam o seu acesso, o que equivale a dizer que o mesmo foi utilizado em

grande parte da superfície (Fig 8 a 16).

Foram igualmente acompanhados os trabalhos de desmatação e corte da vegetação arbustiva

mediante o uso de meios manuais. Estas ações foram realizadas nas áreas suscetíveis de destruição,

designadamente:

• acrópole do povoado de Cidadelhe;

• área correspondente às sondagens realizadas no âmbito da empreitada de Conservação e Restauro da

Muralha do Castro de Cidadelhe (Mesão Frio) em 2013;

• áreas correspondentes às 5 Linhas de Muralha e aos 33 Troços de Muros identificados no âmbito da

empreitada de Conservação e Restauro da Muralha do Castro de Cidadelhe (Mesão Frio) em 2013;

• área correspondente às sondagens realizadas por Armando Coelho Ferreira da Silva em 1983-85;

• e, finalmente, a área correspondente ao limite SE a Norte do povoado, onde a existência de socalcos

de pequenas dimensões impossibilitou o acesso de qualquer tipo de maquinaria.

A primeira área equivale à acrópole do povoado, onde as duas linhas de muralha identificadas no

âmbito da empreitada de Conservação e Restauro da Muralha do Castro de Cidadelhe (Mesão Frio) em 2013,

bem como as múltiplas estruturas ai existentes, impediram o uso do trator agrícola equipado com a capinadeira.

Deste modo, a totalidade dos trabalhos de corte/remoção de toda a vegetação arbustiva existente nesta área do

povoado foram realizados, exclusivamente, mediante o uso de meios manuais que permitiram manter a

integridade física de todas as estruturas presentes neste espaço (Figs. 17 a 20).

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Acompanhamento arqueológico da Remoção de entulhos e corte de vegetação no Castro de Cidadelhe Mesão Frio Relatório Final

25

Fig. 7– Pormenor dos trabalhos manuais de desmatação no limite Oeste do Castro de Cidadelhe.

Fig. 8– Pormenor dos trabalhos mecânicos de desmatação na área do campo de futebol.

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Acompanhamento arqueológico da Remoção de entulhos e corte de vegetação no Castro de Cidadelhe Mesão Frio Relatório Final

26

Fig. 9– Trabalhos mecânicos de desmatação na área interna da Linha de Muralha C, no seu limite oeste.

Fig. 10– Trabalhos mecânicos de desmatação nas imediações da Sondagem 2, realizada no âmbito da empreitada de

Conservação e Restauro da Muralha do Castro de Cidadelhe (Mesão Frio) em 2013.

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Acompanhamento arqueológico da Remoção de entulhos e corte de vegetação no Castro de Cidadelhe Mesão Frio Relatório Final

27

Fig. 11– Trabalhos mecânicos de desmatação nas imediações da sondagem realizada por Armando Coelho Ferreira da

Silva em 1983-85.

Fig. 12– Trabalhos mecânicos de desmatação nas imediações da Linha de Muralha E.

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28

Fig. 13– Trabalhos mecânicos de desmatação nos limites Oeste do Castro de Cidadelhe.

Fig. 14– Trabalhos mecânicos de desmatação no limite Norte do Castro de Cidadelhe.

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Fig. 15– Trabalhos mecânicos de desmatação na zona central do Castro de Cidadelhe.

Fig. 16– Trabalhos mecânicos de desmatação nos limites NO do Castro de Cidadelhe.

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30

Fig. 17– Pormenor dos trabalhos manuais de desmatação na acrópole do povoado de Cidadelhe,

no exterior NE da Linha de Muralha A.

Fig. 18– Pormenor dos trabalhos manuais de desmatação na acrópole do povoado de Cidadelhe,

no exterior SO da Linha de Muralha B.

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31

Fig. 19– Pormenor dos trabalhos manuais de desmatação na acrópole do povoado de Cidadelhe.

Fig. 20– Pormenor dos trabalhos manuais de desmatação na Linha de Muralha A.

A segunda área corresponde às Sondagens 1 a 3 realizadas no âmbito da empreitada de Conservação

e Restauro da Muralha do Castro de Cidadelhe (Mesão Frio) em 2013, onde apenas se usaram meios manuais

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Acompanhamento arqueológico da Remoção de entulhos e corte de vegetação no Castro de Cidadelhe Mesão Frio Relatório Final

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para a execução dos trabalhos de desmatação, que consistiram no corte/remoção da totalidade da vegetação

arbustiva existente nas referidas sondagens. Esta estratégia permitiu manter a integridade física da totalidade

dos troços de muralha que haviam sido alvo de sondagens de avaliação e de conservação/ restauro (Figs. 21 e 22).

Fig. 21– Trabalhos manuais de desmatação nas sondagens 1 e 3.

Fig. 22– Trabalhos manuais de desmatação na envolvente da sondagem 3.

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A terceira área correspondente às 5 Linhas de Muralha e aos 33 troços de muros identificados no

âmbito da empreitada de Conservação e Restauro da Muralha do Castro de Cidadelhe (Mesão Frio) em 2013.

Referir que apenas foram utilizados meios manuais para a execução dos trabalhos que consistiram no corte/

remoção da totalidade da vegetação arbustiva presente na superfície e nos interstícios das referidas estruturas.

Desta forma foi possível manter a integridade física da totalidade das mencionadas estruturas (Figs. 23 a 28).

Fig. 23– Trabalhos manuais de desmatação no limite Sul da Linha de Muralha C.

Fig. 24– Trabalhos manuais de desmatação no limite Sul da Linha de Muralha C e D.

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34

Fig. 25– Trabalhos manuais de desmatação no topo Sul da Linha de Muralha C.

Fig. 26– Trabalhos manuais na envolvência do Troço de Muro n.º 14 identificado no âmbito da empreitada de Conservação

e Restauro da Muralha do Castro de Cidadelhe (Mesão Frio) em 2013

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Fig. 27– Trabalhos manuais no lado NO do Troço de Muro n.º 1 identificado no âmbito da

empreitada de Conservação e Restauro da Muralha do Castro de Cidadelhe (Mesão Frio) em 2013.

Fig. 28– Trabalhos manuais no topo do Troço de Muro n.º 1 identificado no âmbito da

empreitada de Conservação e Restauro da Muralha do Castro de Cidadelhe (Mesão Frio) em 2013.

A quarta área equivale às sondagens realizadas por Armando Coelho Ferreira da Silva em 1983-85.

Nas superfícies correspondentes a estas sondagens apenas se usaram meios manuais para a execução dos

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trabalhos de desmatação, que consistiram no corte/remoção de toda a vegetação arbustiva existente na

totalidade da área das referidas sondagens, incluindo os respetivos cortes (Figs. 29 e 30).

Fig. 29– Trabalhos executados na sondagem realizada por Armando Coelho F. Silva na acrópole do povoado.

Fig. 30– Trabalhos de desmatação executados na sondagem realizada por Armando Coelho F. Silva,

no perímetro interno da Linha de Muralha C.

A quinta área corresponde ao limite SE a Norte do povoado, onde a existência de socalcos de

pequenas dimensões impossibilitou o acesso de qualquer tipo de maquinaria, obrigou a trabalhos manuais de

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Acompanhamento arqueológico da Remoção de entulhos e corte de vegetação no Castro de Cidadelhe Mesão Frio Relatório Final

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desmatação/ corte da vegetação arbustiva existente. Esta estratégia permitiu manter a integridade física da

quase totalidade dos múltiplos socalcos que caracterizam esta zona do povoado de Cidadelhe (Figs. 31 e 32).

Fig. 31– Trabalhos de desmatação no limite NE do povoado de Cidadelhe.

Fig. 32– Trabalhos de desmatação no limite Norte do povoado de Cidadelhe.

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5.3. Áreas/Ações que não foram alvo de trabalhos de acompanhamento arqueológico

Evisita ao terreno no dia 18 de dezembro de 2015, ficou determinado pela tutela a conclusão dos

trabalhos de acompanhamento arqueológico a 19 de dezembro de 2015.

Deste modo, não foram alvo de trabalhos de acompanhamento arqueológico as seguintes áreas/ ações:

• as plataformas inferiores localizadas a SO-SE da designada área do “campo de futebol”, já desmatada

antes do início do acompanhamento arqueológico, tendo igualmente sido removido/ disperso o entulho

aí existente (Figs. 33 a 42).

• área do “campo de futebol”, onde existia uma considerável quantidade de entulho variado, fruto de o

espaço ter sido usado durante anos (anteriores à colocação de vedação) como depósito; os trabalhos

de transporte do designado entulho para depósito na denominada “pedreira” existente no Castro; as

ações de tratamento da área do “campo de futebol”, com recurso a terras de empréstimo;

• a área correspondente ao limite Sul a SE do povoado, à exceção da envolvente à vedação;

• ações de aplicação de herbicida na totalidade da área do Castro de Cidadelhe.

Fig. 33– Pormenor da área localizada a SO da designada área do “campo de futebol.

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Fig. 34– Pormenor da área localizada a SO da designada área do “campo de futebol.

Fig. 35– Pormenor da área localizada a SO da designada área do “campo de futebol.

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Fig. 36– Pormenor da área localizada a Sul da designada área do “campo de futebol.

Fig. 37– Pormenor da área localizada a SO da designada área do “campo de futebol.

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Fig. 38– Pormenor da área localizada a Sul da designada área do “campo de futebol.

Fig. 39– Pormenor da área localizada a SE da designada área do “campo de futebol.

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Fig. 40– Pormenor da área localizada a SE da designada área do “campo de futebol.

Fig. 41– Pormenor da área localizada a SE da designada área do “campo de futebol.

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Fig. 42– Pormenor da área localizada a SE da designada área do “campo de futebol.

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6. Espólio recolhido

O espólio aqui referenciado corresponde a material de superfície recolhido após os trabalhos mecânicos

e/ou manuais de desmatação/corte da vegetação que, a espaços, revolveu a superfície (Fig. 43).

Fig. 43– Implantação das áreas de recolha de espólio no Castro de Cidadelhe.

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O espólio recolhido no decorrer dos trabalhos de acompanhamento arqueológico (Quadro 1), desenvolvidos

no Castro de Cidadelhe totalizou 64 objetos, com destaque quantitativo para os fragmentos cerâmicos,

representando 96,9% do espólio, repartidos entre cerâmica de construção (n=34) e olaria doméstica (n=28).

Quadro 1 – Distribuição do espólio cerâmico

De entre os primeiros referir que a totalidade dos mesmos corresponde a pequenos fragmentos de

cerâmica de construção (tegula e imbrex). Material muito fragmentado, por vezes até formalmente

incaracterístico, se bem que tenha sido conservado na sua totalidade. De entre a cerâmica de construção a mais

representativa é a tegulae, com trinta e três fragmentos, tendo sido somente identificado um diminuto fragmento

de imbrex. Este material foi identificado em seis das oito recolhas efetuadas (Figs 43 a 49).

Fig. 44– Fragmentos de tegulae, procedentes da Recolha 1.

Tegula Imbrex Tijolo Incaract. Bordos B./Asa Asas Fundos Panças Outros

Quant. Quant. Quant. Quant. Quant. % Quant. Quant. Quant. Quant. Quant. Quant. Quant. % Quant.

REC 1 3 0 0 0 3 33 0 0 0 0 6 0 6 67 9

REC 2 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 7 0 8 100 8

REC 3 3 1 0 0 4 50 0 0 0 0 4 0 4 50 8

REC 4 3 0 0 0 3 60 0 0 0 0 2 0 2 40 5

REC 5 12 0 0 0 12 100 0 0 0 0 0 0 0 0 12

REC6 1 0 0 0 1 33 0 0 0 0 2 0 2 67 3

REC 7 11 0 0 0 11 92 0 0 0 0 1 0 1 8 12

REC 8 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 5 0 5 100 5

TOTAIS 33 1 0 0 34 55 0 0 1 0 27 0 28 45 62

TotaisTotal TotalUE

Cerâmica construção Cerâmica doméstica

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Fig. 45– Fragmentos de tegulae e de imbrex, procedentes da Recolha 3.

Fig. 46– Fragmentos de tegulae, procedentes da Recolha 4.

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Fig. 47– Fragmento de tegula, procedente da Recolha 5.

Fig. 48– Fragmento de tegula, procedente da Recolha 5.

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Fig. 49– Fragmento de tegula, procedente da Recolha 6.

Fig. 50– Fragmentos de tegulae, procedentes da Recolha 7.

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Acompanhamento arqueológico da Remoção de entulhos e corte de vegetação no Castro de Cidadelhe Mesão Frio Relatório Final

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A olaria doméstica comum revelou-se no geral muito friável e fragmentada, tornando muito difícil a sua

reconstituição formal.

De entre a cerâmica de uso doméstico foram exumados um total de 28 fragmentos, repartidos de forma

muito desigual entre fragmentos de panças (n=27) e fragmentos de asas (n=1), não tendo sido identificados

quaisquer fragmentos correspondentes a bordos e a fundos. Igualmente de constatar a total ausência de

fragmentos com decoração.

Esta cerâmica de uso doméstico apresenta uma grande uniformidade cronológica enquadrando-se, na

sua quase totalidade, no que Armando Coelho designa por Fase IIA/Fase III. Entre os materiais romanos,

predominam as vasilhas de coloração alaranjada, por vezes com engobes laranjas ou avermelhados.

De um modo geral são peças de pasta grosseira, com inclusões de quartzo e micas, ostentando

maioritariamente uma coloração em tons de castanhos e rosados. Em algumas peças verifica-se uma enorme

presença de micas, na sua maioria moscovite (Figs. 50 a 54).

Fig. 51– Fragmentos de panças procedentes da Recolha 3.

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Acompanhamento arqueológico da Remoção de entulhos e corte de vegetação no Castro de Cidadelhe Mesão Frio Relatório Final

50

Fig. 52– Fragmentos de panças procedentes da Recolha 4.

Fig. 53– Fragmentos de panças procedentes da Recolha 6.

Page 51: Acompanhamento arqueológico da Remoção de entulhos e corte ...³rios de... · Mesão Frio ocupa uma área de 26,9 km 2, na qual se distribuíam, até 2013, sete freguesias, concretamente

Acompanhamento arqueológico da Remoção de entulhos e corte de vegetação no Castro de Cidadelhe Mesão Frio Relatório Final

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Fig. 54– Fragmento de pança procedente da Recolha 7.

Fig. 55– Fragmentos de panças procedentes da Recolha 8.

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Acompanhamento arqueológico da Remoção de entulhos e corte de vegetação no Castro de Cidadelhe Mesão Frio Relatório Final

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Os fragmentos de panças são os mais expressivos entre a olaria doméstica, ainda que, em grande

parte, sejam de diminutas a pequenas dimensões o que torna a identificação de tipologias e formas

extremamente difícil. O único fragmento de asa identificado (REC.2) equivale a uma asa de fita de um possível

jarro, de pasta fina, com inclusões de micas, ostentando uma coloração em tons de preto (Fig. 55).

Fig. 56– Fragmentos de panças procedentes da Recolha 1.

De entre os materiais cerâmicos foi recolhido um objeto que foi resultante de uma reutilização de outros

objetos. Referimo-nos a uma patela/peça de jogo de forma circular (REC.1), de pasta grosseira, com inclusões

de quartzo e micas, ostentando uma coloração em tons de castanho, que corresponde a um reaproveitamento

de um fragmento de uma peça cerâmica (Fig. 56).

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Acompanhamento arqueológico da Remoção de entulhos e corte de vegetação no Castro de Cidadelhe Mesão Frio Relatório Final

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Fig. 57– Fragmentos de panças e de asa procedentes da Recolha 2.

Finalmente, menção para a recolha de dois objetos não cerâmicos, concretamente um fragmento de mó

rotativa de granito (23 cm de diâmetro; 9.7 cm de espessura e 4150 gramas), correspondente a um dormente (Fig.

57) e de um fragmento de escória metálica (242.7 gramas) (Fig. 58), ambos provenientes da (REC.2).

Fig. 58– Fragmento de mó rotativa de granito procedente da Recolha 2.

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Acompanhamento arqueológico da Remoção de entulhos e corte de vegetação no Castro de Cidadelhe Mesão Frio Relatório Final

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Fig. 59– Fragmento de escória metálica procedente da Recolha 2.

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Acompanhamento arqueológico da Remoção de entulhos e corte de vegetação no Castro de Cidadelhe Mesão Frio Relatório Final

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7. Principais resultados/Conclusões

Os trabalhos a que se reporta este relatório, referente ao projeto Castro de Cidadelhe, Mesão Frio:

Remoção de entulhos e corte de vegetação - Acompanhamento arqueológico, decorreram entre os dia 9 e 19 de

dezembro de 2014. O projeto apresentava como propósitos garantir, a priori, através de uma metodologia

preventiva: a salvaguarda de informação arqueológica relativa à área de incidência do referido projeto; a análise

prévia do subsolo a afetar, para que a sua implantação não danifique ou coloque em risco eventuais vestígios

arqueológicos, contribuindo para que a execução do mesmo respeite a integridade e complexidade dos vestígios

arqueológicos; a remoção de entulhos existentes em área do Castro de Cidadelhe, o corte de vegetação (com

aplicação de herbicida) ao longo da vedação do imóvel, bem como corte de árvores existentes na área do Castro

(eucaliptos, giestas e pinheiros em fim de vida).

7.1. Acompanhamento arqueológico

Os trabalhos de acompanhamento arqueológico compreenderam o corte de vegetação arbórea e o

corte/desmatação da vegetação arbustiva existentes na totalidade da área do Castro de Cidadelhe.

Deste modo foram acompanhados os trabalhos manuais de corte de árvores, mediante o uso de

maquinaria adequada, designadamente motosserras, com o devido apoio de tratores agrícolas para o arrasto,

carregamento e transporte da madeira.

No limite SE a NE do povoado foram usados meios mecânicos mais intrusivos, designadamente uma

retroescavadora e uma giratória. Daqui resultou uma intrusão maior no solo uma vez que a maquinaria usada

provocou um leve revolvimento do terreno, nunca superior a 0.30 metros. Contudo, de salientar a não afetação

dos inúmeros troços de muros, percetíveis um pouco por todo o limite SE a NE do castro, bem como das linhas

de muralha que nesta área se encontram edificados.

Na restante área do povoado o corte de árvores foi esporádico e/ou inexistente, uma vez que a mesma

se encontrava desprovida de vegetação arbórea, predominando antes uma densa e abundante vegetação

arbustiva.

O corte da vegetação arbustiva foi realizado de forma manual, mediante o uso de maquinaria

adequada, designadamente moto-roçadoras, em diversas áreas do povoado, concretamente ao longo da

vedação do imóvel; na acrópole do povoado de Cidadelhe; na área correspondente às sondagens realizadas no

âmbito da empreitada de Conservação e Restauro da Muralha do Castro de Cidadelhe (Mesão Frio) em 2013;

nas áreas correspondentes às 5 Linhas de Muralha e aos 33 Troços de Muros identificados; na área

correspondente às sondagens realizadas por Armando Coelho Ferreira da Silva em 1983-85; e, finalmente, a

área correspondente ao limite SE a Norte do povoado, onde a existência de socalcos de pequenas dimensões

impossibilitou o acesso de qualquer tipo de maquinaria.

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Acompanhamento arqueológico da Remoção de entulhos e corte de vegetação no Castro de Cidadelhe Mesão Frio Relatório Final

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Simultaneamente, foram usados meios mais pesados, concretamente um trator agrícola equipado com

uma capinadeira de forma a permitir uma ripagem da vegetação. A utilização destes meios mecânicos resultou

numa intrusão mínima no terreno, não afetando os inúmeros troços de muros percetíveis um pouco por todo o

povoado, bem como as linhas de muralha. Este método foi usado nas superfícies mais planas e nas áreas em

que os muros, as linhas de muralha e os múltiplos socalcos permitiam o seu acesso.

Finalmente, referir que não foram acompanhadas as ações de desmatação/corte da vegetação arbórea

e arbustiva: na área do “campo de futebol”, no limite Sul a SE do povoado (com exceção da envolvente à

vedação), nas plataformas inferiores localizadas a SO-SE da designada área do “campo de futebol” e aplicação

de herbicida na totalidade do Castro.

7.2. Súmula do espólio recolhido

Uma referência ao espólio recolhido no decorrer dos trabalhos de acompanhamento arqueológico, que

totalizou 64 objetos, repartidos entre cerâmica de construção (n=34), olaria doméstica (n=28), um fragmento de

mó rotativa, dormente, de granito e um fragmento de escória metálica.

A cerâmica de construção corresponde na sua totalidade a pequenos fragmentos de tegula (n=33) e

imbrex (n=1).

A cerâmica de uso doméstico achava-se repartida de forma muito desigual entre fragmentos de panças

(n=27) e fragmentos de asas (n=1), não tendo sido recolhidos fragmentos de bordos, fundos e com decoração.

Esta cerâmica de uso doméstico apresenta uma grande uniformidade cronológica enquadrando-se, na

sua quase totalidade, no que Armando Coelho designa por Fase IIA/Fase III. Entre os materiais romanos,

predominam as vasilhas de coloração alaranjada, por vezes com engobes laranjas ou avermelhados. De um

modo geral são peças de pasta grosseira, com inclusões de quartzo e micas, ostentando maioritariamente uma

coloração em tons de castanhos e rosados. Em algumas peças verifica-se uma enorme presença de micas, na

sua maioria moscovite

O único fragmento de asa identificado (REC.2) equivale a uma asa de fita de um possível jarro,

de pasta fina, com inclusões de micas, ostentando uma coloração em tons de preto.

De entre os materiais cerâmicos foi recolhido um objeto que foi resultante de uma reutilização

de outros objetos. Referimo-nos a uma patela/peça de jogo de forma circular (REC.1), de pasta

grosseira, com inclusões de quartzo e micas, de cor castanho, correspondendo a um reaproveitamento

de um fragmento de uma peça cerâmica.

Finalmente, foram recolhidos dois objetos não cerâmicos (REC.2), concretamente um

fragmento de mó rotativa, dormente, de granito e de um fragmento de escória metálica.

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Acompanhamento arqueológico da Remoção de entulhos e corte de vegetação no Castro de Cidadelhe Mesão Frio Relatório Final

57

8. Medidas de minimização

O Plano de Trabalhos aprovado pela DRCN contemplava uma série de medidas, designadamente:

• Garantir, a priori, através de uma metodologia preventiva, a salvaguarda de informação arqueológica

relativa à área de incidência do Projeto Castro de Cidadelhe – Remoção de entulhos e corte de

vegetação;

• Analisar previamente o subsolo a afetar, para que seja informado o projeto no sentido de garantir que a

sua implantação não danifique ou coloque em risco eventuais vestígios arqueológicos, contribuindo

para que a execução do mesmo respeite a integridade e complexidade dos vestígios arqueológicos e

salvaguarde eventuais vestígios que possam ocorrer.

• A empreitada tem por objeto a remoção de entulhos existentes em área do Castro de Cidadelhe, o corte

de vegetação (com aplicação de herbicida) ao longo da vedação do imóvel, bem como corte de árvores

existentes na área do Castro (eucaliptos, giestas e pinheiros em fim de vida).

Deste modo, e considerando os resultados descritos nos capítulos anteriores, entende-se que a

intervenção arqueológica cumpriu os objetivos estabelecidos, tendo a metodologia empregue sido adequada aos

propósitos previamente traçados.

Medidas de mitigação:

1) De forma a mitigar possíveis impactes negativos na eventual continuidade da implementação do projeto

propõem-se que em quaisquer ações futuras, mormente de movimentação do terreno existente, as

mesmas sejam precedidas de trabalhos arqueológicos de sondagens de avaliação arqueológica.

2) Recomendação de uma monitorização/vistoria anual às áreas que foram alvo de restauro/consolidação

no decorrer da campanha arqueológica levada a cabo em 2013 no Castro de Cidadelhe, com o intuito

de se proceder a uma avaliação das soluções aí implementadas, tendo por base a análise das mesmas

para futuras aplicações neste mesmo povoado.

Seixezelo, 31 de março de 2015

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Acompanhamento arqueológico da Remoção de entulhos e corte de vegetação no Castro de Cidadelhe Mesão Frio Relatório Final

58

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Acompanhamento arqueológico da Remoção de entulhos e corte de vegetação no Castro de Cidadelhe Mesão Frio Relatório Final

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Acompanhamento arqueológico da Remoção de entulhos e corte de vegetação no Castro de Cidadelhe Mesão Frio Relatório Final

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Acompanhamento arqueológico da Remoção de entulhos e corte de vegetação no Castro de Cidadelhe Mesão Frio Relatório Final

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Registo Gráfico

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Acompanhamento arqueológico da Remoção de entulhos e corte de vegetação no Castro de Cidadelhe Mesão Frio Relatório Final

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Fig. 60– Levantamento topográfico do Castro de Cidadelhe.

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Ficha de Sítio/Trabalho Arqueológico

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Sítio

Designação Castro de Cidadelhe Distrito Porto Freguesia Cidadelhe C.M.P. 1:25 000 folha nº 126 Longitude W (Greenwich) 07º 50’ 39,50’’ Tipo de sítio ** Povoado Fortificado Descrição do sítio (15 linhas)

O Castro de Cidadelhe está localizado em prédio rústico propriedade do Estado, desde 1993, com a área total aproximada de 14 hectares, constitui bem de interesse patrimonial classificado como imóvel de interesse público desde 1992 (pelo Decreto n.º 2A/92, DR, I Série-B, n.º 126, de 1-06-1992) e está afeto à Direção Regional de Cultura do Norte para efeitos de gestão.Este sítio arqueológico apresenta, para além de outras estruturas, cinco possíveis cinturas de muralha, uma das quais com cer4 metros de largura e cerca de 5/6 metrexibindo em alguns troços deformações e pequenos derrubes. Bibliografia LIMA, António Manuel de Carvalho (2010Asturiana, in Portvgalia, Nova Série, vol. 31SILVA, Armando Coelho Ferreira da (1995), Portugal Durante o I Milénio a. C. Porto: Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Separata de: Revista da Faculdade de Letras, 2.ª Série, vol. XII, 1995. SILVA, Armando Coelho Ferreira da (1999), Guimarães, pp.111-132. SILVA, Armando Coelho Ferreira da (2007), Museu Arqueológico da Citânia de Sanfins; Centro de Arqueologia Castreja e Estudos Célticos, pp.1 Proprietários Afeto à Direção Regional de Cultura do Norte para efeitos de gestão. Classificação Classificado como imóvel de interesse público desde 1992 Legislação Decreto n.º 26-A/92, DR, I Série Estado de conservação ** Regular Ameaças ** Acessos

Mesão Frio em direcção ao lugar de Cidadelhe, pela EM601direita e entroncar na CM1328, encontrando

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Concelho Mesão Frio

Lugar Cidadelhe

Latitude N 41º 10’ 42,85’’

07º 50’ 39,50’’ Altitude (m)

Período cronológico ** Idade do Ferro, Romano e Medieval Cristão

alizado em prédio rústico propriedade do Estado, desde 1993, com a área total aproximada de 14 hectares, constitui bem de interesse patrimonial classificado como imóvel de interesse público desde 1992 (pelo Decreto n.º 2

1992) e está afeto à Direção Regional de Cultura do Norte para efeitos de gestão.Este sítio arqueológico apresenta, para além de outras estruturas, cinco possíveis cinturas de muralha, uma das quais com cer4 metros de largura e cerca de 5/6 metros de altura. Construídas em xisto, com diferentes tipos de aparelho e estereotomia, exibindo em alguns troços deformações e pequenos derrubes.

LIMA, António Manuel de Carvalho (2010-2011), Povoamento e Organização do Território do Baixo DouPortvgalia, Nova Série, vol. 31-32, Porto, DCTP-FLUP, pp. 83-114.

SILVA, Armando Coelho Ferreira da (1995), A Evolução do Habitat Castrejo e o Processo de Proto. Porto: Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Separata de: Revista da Faculdade de

SILVA, Armando Coelho Ferreira da (1999), A Cultura Castreja no Norte de Portugal, in Revista de Guimarães

SILVA, Armando Coelho Ferreira da (2007), A Cultura Castreja no Noroeste de Portugal, Câmara Municipal de Paços de Ferreira, de Sanfins; Centro de Arqueologia Castreja e Estudos Célticos, pp.1-698.

Afeto à Direção Regional de Cultura do Norte para efeitos de gestão.

Classificado como imóvel de interesse público desde 1992

A/92, DR, I Série-B, n.º 126, de 1-06-1992; PDM Mesão Frio (IIP02)

Uso do solo ** Florestal

Proteção/Vigilância ** ---------------------------------------------

Mesão Frio em direcção ao lugar de Cidadelhe, pela EM601 até convergir na EM602. Ao chegar à localidade de Mártir, virar à , encontrando-se o sítio devidamente sinalizado.

Ficha de Sítio/Trabalho Arqueológico

Presidência do Conselho de Ministros

Secretaria de Estado da Cultura

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Idade do Ferro, Romano e Medieval Cristão

alizado em prédio rústico propriedade do Estado, desde 1993, com a área total aproximada de 14 hectares, constitui bem de interesse patrimonial classificado como imóvel de interesse público desde 1992 (pelo Decreto n.º 26-

1992) e está afeto à Direção Regional de Cultura do Norte para efeitos de gestão. Este sítio arqueológico apresenta, para além de outras estruturas, cinco possíveis cinturas de muralha, uma das quais com cerca de

os de altura. Construídas em xisto, com diferentes tipos de aparelho e estereotomia,

Povoamento e Organização do Território do Baixo Douro na Época da Monarquia

A Evolução do Habitat Castrejo e o Processo de Proto-Urbanização no Noroeste de . Porto: Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Separata de: Revista da Faculdade de

Revista de Guimarães, Volume Especial, I,

Câmara Municipal de Paços de Ferreira, 698.

Florestal

---------------------------------------------

até convergir na EM602. Ao chegar à localidade de Mártir, virar à

Ficha de Sítio/Trabalho Arqueológico

Presidência do Conselho de Ministros

Secretaria de Estado da Cultura

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Espólio Descrição

O espólio exumado totalizou 64 objetos, repartidos entre cerâmica de construção (n=34), olaria doméstica (n=28), um fragmento de mó rotativa, dormente, de granito e um fragmento de escória metálica. Esta cerâmica de uso doméstico apresenta uma grande uniformidade cronológica enquadrando-se, na sua quase totalidade, no que Armando Coelho designa por Fase IIA/Fase III. Entre os materiais romanos, predominam as vasilhas de coloração alaranjada, por vezes com engobes laranjas ou avermelhados. De um modo geral são peças de pasta grosseira, com inclusões de quartzo e micas, ostentando maioritariamente uma coloração em tons de castanhos e rosados. Local de depósito

Temporariamente nas instalações da Archeo’Estudos. A depositar em local a designar pela tutela.

Trabalho Arqueológico 2014 Arqueólogos responsáveis

Paulo André de Pinho Lemos Tipo de trabalho

Acompanhamento. Datas: de início 9 de dezembro 2014 de fim 19 de dezembro 2014 duração (em dias) 9 Projeto de Investigação Castro de Cidadelhe, Mesão Frio: Remoção de entulhos e corte de vegetação - Acompanhamento arqueológico. (CID.14) Objetivos (10 linhas)

A empreitada tem por objeto a remoção de entulhos existentes em área do Castro de Cidadelhe, o corte de vegetação (com aplicação de herbicida) ao longo da vedação do imóvel, bem como corte de árvores existentes (eucaliptos, giestas e pinheiros em fim de vida). Garantir, a priori, através de uma metodologia preventiva, a salvaguarda de informação arqueológica relativa à área de incidência do Projeto; analisar previamente o subsolo a afetar, para que seja informado o projeto no sentido de garantir que a sua implantação não danifique ou coloque em risco eventuais vestígios arqueológicos, contribuindo para que a execução do mesmo respeite a integridade e complexidade dos referidos vestígios.

Resultados (15 linhas)

Foram acompanhados os trabalhos manuais de corte de árvores, mediante o uso de maquinaria adequada, designadamente motosserras, com o devido apoio de tratores agrícolas para o arrasto, carregamento e transporte da madeira. No limite SE a NE do povoado foram usados meios mecânicos mais intrusivos, designadamente uma retroescavadora e uma giratória. Daqui resultou uma intrusão maior no solo uma vez que a maquinaria usada provocou um leve revolvimento do terreno, nunca superior a 0.30 metros. Contudo, de salientar a não afetação dos inúmeros troços de muros, percetíveis um pouco por todo este limite SE a NE do castro, bem como das linhas de muralha que nesta área se encontram edificados. Na restante área do povoado o corte de árvores foi esporádico e/ou inexistente, uma vez que a mesma se encontrava desprovida de vegetação arbórea, predominando antes uma densa e abundante vegetação arbustiva. O corte da vegetação arbustiva foi realizado de forma manual, mediante o uso de maquinaria adequada, designadamente moto-roçadoras, em diversas áreas do povoado, concretamente: ao longo da vedação do imóvel; na acrópole do povoado de Cidadelhe; na área correspondente às sondagens realizadas no âmbito da empreitada de Conservação e Restauro da Muralha do Castro de Cidadelhe (Mesão Frio) em 2013; nas áreas correspondentes às 5 Linhas de Muralha e aos 33 Troços de Muros identificados em 2013; na área correspondente às sondagens realizadas por Armando Coelho Ferreira da Silva em 1983-85; e, finalmente, a área correspondente ao limite SE a Norte do povoado, onde a existência de socalcos de pequenas dimensões impossibilitou o acesso de qualquer tipo de maquinaria. Simultaneamente, foram usados meios mais pesados, concretamente um trator agrícola equipado com

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uma capinadeira de forma a permitir uma ripagem da vegetação. A utilização destes meios mecânicos resultou numa intrusão mínima no terreno, não afetando os inúmeros troços de muros percetíveis um pouco por todo o povoado, bem como as linhas de muralha. Este método foi usado nas superfícies mais planas e nas áreas em que os muros, as linhas de muralha e os múltiplos socalcos permitiam o seu acesso. ** Preencher de acordo com a lista do Thesaurus do ENDOVÉLICO

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Ofício: Direção Regional de Cultura do Norte

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