Ações para defender seu bolso

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AÇÕES PARA DEFENDER SEU BOLSO. Papéis que pagam bons dividendos e não passam por sobe e desce de preços garantem lucro em épocas de crise financeira. *** POR BÁRBARA LADEIA Mudam as palavras dos economistas e especialistas em finanças, mas a verdade é que ninguém sabe o que vai acontecer com a economia mundial. No ano passado, países com Grécia e Itália afundaram em uma longa crise financeira que ainda não dá sinais de alívio. O rebaixamento da nota que avalia a capacidade de os Estados Unidos pagarem sua divida, feita pela agência de classificação de risco Standard & Poor´s, deu uma verdadeira rasteira no Ibovespa, índice brasileiro que reúne as ações mais negociadas da bolsa de Valores. O Ibovespa chegou ao final do ano com queda de 18% e desabou 8% em um único dia. Quem investe em ações e perdeu dinheiro deve esperar a melhora do mercado para recuperar a grana. Mas quem tem sangue frio e quer entrar no mercado pode aproveitar o preço baixo das ações. Para não ter surpresas com o sobe e desce da bolsa, uma alternativa é investir em ações defensivas, verdadeiras guardiãs de sua carteira de investimentos. Esses papéis são aqueles que pagam dividendos e pertencem a setores em que o crescimento é certo. São ativos com um desempenho único, funcionam como um ponto no meio do caminho entre a renda fixa e a renda variável , diz Leandro Ruschel, sócio da Leandro & Stormer, escola de investimentos, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Quem adotou essa estratégia em 2011 se deu muito bem. No ano, as carteiras de ações que pagam dividendos das principais corretoras nacionais subiram 15% a 20%, enquanto o Ibovespa caiu 18%. Quem entrou de cabeça nessa estratégia e levantou a guarda se protegeu das perdas e ganhou dinheiro. A pouca oscilação das ações e a maior segurança de retorno tornam as defensivas uma opção quase obrigatória em qualquer carteira. Marco Aurélio, analista da corretora Coinvalores, de São Paulo, sugere que todo investidor monte um pequeno exército para sua proteção. Qualquer estratégia de investimentos em bolsa deve ter pelo menos 20% do dinheiro aplicado em ações defensivas, diz Marco. Pelo mesmo motivo, são ações que caem como luva no bolso de quem dá os primeiros passos no mercado de renda variável. À medida que ganhar mais experiência, o investidor pode tomar mais risco, conseguindo maiores ganhos no dia a dia dos negócios. Por outro lado, ainda que sirva como escudo, uma carteira de dividendos é inadequada para quem pretende usar a grana no curto prazo. Não é uma opção para as pessoas que querem ficar menos de um ano no mercado, diz Pedro Galdi, analista da SLW Corretora, de São Paulo.

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AÇÕES PARA

DEFENDER SEU BOLSO.

Papéis que pagam bons dividendos e não passam por sobe e desce de preços garantem

lucro em épocas de crise financeira.

***

POR BÁRBARA LADEIA

Mudam as palavras dos economistas e especialistas em finanças, mas a verdade

é que ninguém sabe o que vai acontecer com a economia mundial. No ano passado,

países com Grécia e Itália afundaram em uma longa crise financeira que ainda não dá

sinais de alívio. O rebaixamento da nota que avalia a capacidade de os Estados Unidos

pagarem sua divida, feita pela agência de classificação de risco Standard & Poor´s, deu

uma verdadeira rasteira no Ibovespa, índice brasileiro que reúne as ações mais

negociadas da bolsa de Valores. O Ibovespa chegou ao final do ano com queda de 18%

e desabou 8% em um único dia. Quem investe em ações e perdeu dinheiro deve esperar

a melhora do mercado para recuperar a grana. Mas quem tem sangue frio e quer entrar

no mercado pode aproveitar o preço baixo das ações.

Para não ter surpresas com o sobe e desce da bolsa, uma alternativa é investir em

ações defensivas, verdadeiras guardiãs de sua carteira de investimentos. Esses papéis

são aqueles que pagam dividendos e pertencem a setores em que o crescimento é certo.

“São ativos com um desempenho único, funcionam como um ponto no meio do

caminho entre a renda fixa e a renda variável”, diz Leandro Ruschel, sócio da Leandro

& Stormer, escola de investimentos, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Quem adotou

essa estratégia em 2011 se deu muito bem. No ano, as carteiras de ações que pagam

dividendos das principais corretoras nacionais subiram 15% a 20%, enquanto o

Ibovespa caiu 18%. Quem entrou de cabeça nessa estratégia e levantou a guarda se

protegeu das perdas e ganhou dinheiro.

A pouca oscilação das ações e a maior segurança de retorno tornam as

defensivas uma opção quase obrigatória em qualquer carteira. Marco Aurélio, analista

da corretora Coinvalores, de São Paulo, sugere que todo investidor monte um pequeno

exército para sua proteção. “Qualquer estratégia de investimentos em bolsa deve ter

pelo menos 20% do dinheiro aplicado em ações defensivas”, diz Marco. Pelo mesmo

motivo, são ações que caem como luva no bolso de quem dá os primeiros passos no

mercado de renda variável. À medida que ganhar mais experiência, o investidor pode

tomar mais risco, conseguindo maiores ganhos no dia a dia dos negócios. Por outro

lado, ainda que sirva como escudo, uma carteira de dividendos é inadequada para quem

pretende usar a grana no curto prazo. “Não é uma opção para as pessoas que querem

ficar menos de um ano no mercado”, diz Pedro Galdi, analista da SLW Corretora, de

São Paulo.

Energia elétrica.

Empresas com receitas previsíveis têm caixas mais estáveis e pagam melhores

dividendos ao investidor. Entram nesse grupo as companhias geradoras de energia

elétrica, que recebem do consumidor, mensalmente, o pagamento da conta de luz; as

concessionárias rodoviárias, que têm receita de pedágio; e as companhias de

telecomunicações, que recebem o pagamento da conta de telefone. Assim, a receita da

organização estará garantida e, consequentemente, a distribuição de dividendos também.

A dica para escolher uma ação desses setores é avaliar a necessidade de

investimento da companhia. Quanto menos dinheiro for necessário para seu

crescimento, maior será a capacidade de distribuir lucros. Outra forma de determinar

qual papel comprar é pedir para sua corretora um dado com nome complicado, mas de

muita importância: dividend yield. É um índice que mede a capacidade da empresa de

distribuir lucro com relação à cotação de suas ações. “A Eletropaulo paga os maiores

dividendos do mercado”, diz Osmar Camilo, economista-chefe da corretora Socopa, em

São Paulo. Se os dividendos enchem os olhos, fique atento à periodicidade para que eles

encham também seu bolso. Há organizações que pagam proventos mensais e anuais,

mas a maioria distribui ou lucros trimestral ou semestralmente.

As ações do setor elétrico são campeãs quando o objetivo é segurança dos

investimentos e devem continuar assim nos próximos anos. “A demanda por energia

cresce no mesmo ritmo do Produto Interno Bruto”, diz William Alves, analista da XP

Investimentos, do Rio de Janeiro. No entanto, Adriano Moreno, estrategista da

Futurainvest, de Salvador, Bahia, destaca que é fundamental observar o negócio da

empresa, já que 2012 será um ano diferente para geradoras. “A Agência Nacional de

Energia Elétrica (Aneel) limitou o ganho sobre investimentos das transmissoras, o que

terá reflexo nos valores que serão pagos aos acionistas”.

Teles, consumo e bancos.

Outro setor conhecido por ter ações defensivas é o de telecomunicações. O

avanço na infraestrutura e a demanda crescente por conectividade garantem boas

expectativas de lucro para o preço desses papéis. A telefônica é apontada pela maioria

dos analistas como a companhia com maior potencial de crescimento. As ações de

empresas ligadas ao consumo interno, como a fabricante de bebidas Ambev e a

produtora de cigarro Souza Cruz, também oferecem segurança ao investidor. “Se o

cenário lá fora piorar, o governo pode intervir para estabilizar o consumo interno para

favorecer o desempenho dessas empresas”, diz Ari Santos, analista da Hencorp

Commcor Corretora, de São Paulo. No meio do caminho estão as ações dos bancos,

porque o tamanho da crise internacional pode amarelar o desempenho desses papéis,

segundo Fernando Góes, analista da octo Investimentos, do Rio de Janeiro. Do mesmo

jeito, as operadoras de cartões de crédito, como Cielo e Redecard, são vantajosas porque

o risco de inadimplência é reduzido.

Fonte: Revista Você S/A

Data: 25 de Fevereiro de 2012.