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FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS ESUDA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DAS EMERGÊNCIAS E DESASTRES SANDRA MARIA SOARES DA ROCHA AÇÕES NORTEADORAS DE MUDANÇA CULTURAL NO GERENCIAMENTO DOS RISCOS E DESASTRES RECIFE DEZEMBRO/2012

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FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS ESUDA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DAS EMERGÊNCIAS E DESASTRES

SANDRA MARIA SOARES DA ROCHA

AÇÕES NORTEADORAS DE MUDANÇA CULTURAL NO GERENCIAMENTO DOS RISCOS E DESASTRES

RECIFE

DEZEMBRO/2012

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FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS ESUDA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DAS EMERGÊNCIAS E DESASTRES

SANDRA MARIA SOARES DA ROCHA

AÇÕES NORTEADORAS DE MUDANÇA CULTURAL NO GERENCIAMENTO DOS RISCOS E DESASTRES

Monografia desenvolvida pela aluna Sandra

Maria Soares da Rocha, orientada pelo Prof.

Esp. Patrícia Lopes da Veiga Pessoa, e

apresentada ao Curso de Especialização em

Gestão das Emergências e Desastres da

Faculdade de Ciências Humanas ESUDA,

como requisito final para obtenção do grau

de Especialista.

RECIFE

DEZEMBRO/2012

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FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS ESUDA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DAS EMERGÊNCIAS E DESASTRES

SANDRA MARIA SOARES DA ROCHA

AÇÕES NORTEADORAS DE MUDANÇA CULTURAL NO GERENCIAMENTO DOS RISCOS E DESASTRES

Monografia submetida ao Corpo Docente do Curso de Especialização em Gestão

das Emergências e Desastres da Faculdade de Ciências Humanas Esuda e

______________________________ com __________________________ em

outubro de 2012.

Banca Examinadora:

Patrícia Lopes da Veiga Pessoa

Orientador

Maria do Socorro Furtado Bastos

Examinador

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Dedico esta Monografia à minha família, que

se mostrou bastante compreensiva diante de

minhas ausências.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pois sem Ele não teria logrado êxito.

Ao meu filho Allyson Halley pela colaboração valiosa na superação de algumas dificuldades

em lidar com as novidades da informática.

À minha orientadora, Professora Especialista, Patrícia Lopes da Veiga Pessoa, pela presteza

na condução deste trabalho.

Aos amigos conquistados ao longo desse curso.

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“O homem é parte da natureza e sua guerra contra

a natureza é inevitavelmente uma guerra contra si

mesmo... Temos pela frente um desafio como

nunca a humanidade teve, de provar nossa

maturidade e nosso domínio, não da natureza, mas

de nós mesmos.”

(Raquel Carson – Primavera Silenciosa)

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RESUMO

O presente trabalho monográfico versa sobre a inserção no currículo do tema

Proteção e Defesa Civil nas escolas, cuja finalidade é envolver a comunidade escolar num

processo educativo que desencadeará iniciativas de ações provocadoras de mudança cultural

no processo do gerenciamento de riscos e desastres. Para dar início a esse processo,

mostramos como é fundamental o compromisso do professor nesse trabalho socioeducativo,

que será desenvolvido de forma participativa: Defesa Civil, Escola e comunidade, que juntos,

no compromisso de proteção civil compartilhada, elaborarão o planejamento curricular anual

voltado para o tema Defesa Civil. O professor, previamente preparado por técnicos da Defesa

Civil, mostrará aos jovens a importância de sua participação nos trabalhos de percepção de

risco, prevenção dos desastres e na minimização de suas consequências, provocando assim

uma mudança cultural local.

Palavras-chave: Defesa Civil – Escola – Currículo – Conscientização – Mudança Cultural.

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ABSTRACT

This monograph deals with the inclusion of the topic in the curriculum Protection

and Civil Defence in schools, whose purpose is to involve the school community in an

educational process that will trigger initiatives provocative actions of cultural change in the

process of risk management and disaster. To initiate this process, we show how fundamental

is the commitment of the teacher in childcare work, which will be developed in a participatory

manner: Civil Defense, school and community that together, in the shared commitment to

civil protection, prepare the annual curriculum planning toward the theme Civil Defence. The

teacher, previously prepared by technicians Civil Defense, show young people the importance

of their participation in the work of perceived risk, prevention of disasters and minimizing

their consequences, thus causing a cultural change location.

Keywords: Civil Defense - School - Curriculum - Awareness - Cultural Change.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 9

CAPÍTULO I - A Evolução Histórica do Recife e de seus desastres ................................. 11

1.1 TRANSFORMAÇÕES URBANÍSTICAS NA PAISAGEM DO RECIFE .....................13

1.2 DEFINIÇÃO DE DESASTRE ............................................................................................16

CAPÍTULO II - Defesa Civil – trabalho educativo ............................................................. 21

2.1 LEI 12.608, DE 10 DE ABRIL DE 2012 .............................................................................24

2.1.1 SISTEMA NACIONAL DE PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL – SINPDEC ...................24

2.1.2 CONSELHO NACIONAL DE PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL – CONPDEC ............24

2.2 DEFESA CIVIL NO ESTADO: CODECIPE ....................................................................25

CAPÍTULO III - Mudança Cultural .................................................................................... 32

3.1 PRINCÍPIOS DE PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL NAS ESCOLAS .............................34

3.1.1 INTEGRANTES DO PROJETO: DEFESA CIVIL / ESCOLAS / SECRETARIA DE

EDUCAÇÃO .....................................................................................................................................34

3.1.2 CAPACITAÇÃO DO PROFESSOR ..................................................................................34

3.1.3 CONTEÚDOS DO CURSO DE CAPACITAÇÃO ...........................................................35

3.2 ÁREAS DE RISCOS POR LOCALIDADE ......................................................................35

3.3 ESCOLAS SELECIONADAS NAS RPAs .........................................................................39

3.3.1 RPA-2 ....................................................................................................................................39

3.3.2 RPA-3 ....................................................................................................................................40

3.3.3 RPA-4 ....................................................................................................................................40

3.3.4 RPA-6 ....................................................................................................................................40

3.4 DIVULGAÇÃO DO PROJETO .........................................................................................41

3.5 DISCIPLINA PARA A GRADE CURRICULAR: PROTEÇÃO CIVIL .......................41

3.6 CONTEÚDOS BÁSICOS – 6º AO 9º ANO: .....................................................................42

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 44

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 45

ANEXOS ................................................................................................................................. 48

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INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como foco viabilizar a inclusão, no currículo das escolas do

município do Recife, de ensino do 6º ao 9º ano –localizadas em áreas suscetíveis a

inundações, enxurradas e deslizamentos, os princípios da proteção e defesa civil, tendo em

vista ser ela uma questão importante, urgente e presente sob várias formas, na vida cotidiana

da comunidade. Além disso, foi objeto de aprovação pela Lei nº12.608, de 10 de abril de

2012, que institui a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil – PNPDC – como tema

obrigatório nas escolas públicas.

A resposta esperada com a implantação do projeto nas referidas escolas é

contribuir com a formação de agentes multiplicadores, principais responsáveis pelas

atividades de mudança cultural, e isto indubitavelmente, só terá sucesso se iniciado na escola,

com seus demais segmentos e com a orientação efetiva de profissionais em Defesa Civil.

(...) uma vez que os principais desastres ocorrem nas comunidades, afetando-

as. Logo quem primeiro dá a resposta àquele desastre é quem melhor o

conhece, ou seja, a própria comunidade. Por isso, comunidades bem

preparadas fortalecerão o sistema, conforme estabelecido na sétima diretriz

da Política Nacional de Defesa Civil:

Implementar programas de mudança cultural e de treinamento de

voluntários, objetivando o engajamento de comunidades participativas,

informadas, preparadas e cônscias de seus direitos e deveres relativos à

segurança comunitária contra desastres (Castro 2000a: 13-25)

Desta forma, quem poderia trabalhar paralelamente aos órgãos da Defesa Civil no

sentido de ampliar essa nova visão, esse novo aprendizado em ações coletivas e individuais

que levariam a pequenas e grandes mudanças?

Temos como objetivo apresentar diretrizes voltadas para redução de desastres em

áreas suscetíveis a vulnerabilidades1, através de procedimentos interativos entre

Comunidades, Defesa Civil e todos os segmentos das escolas municipais do Recife,

localizadas em áreas suscetíveis a inundações, enxurradas e deslizamentos, formando uma

parceria para promover ações que possam viabilizar uma mudança cultural na população

local.

1Condição intrínseca ao corpo ou sistema receptor que, em interação com a magnitude do evento ou acidente,

caracteriza os efeitos adversos, medidos em termos de intensidade dos danos prováveis. 2. Relação existente

entre a magnitude da ameaça, caso ela se concretize, e a intensidade do dano consequente. 3. Probabilidade de

uma determinada comunidade ou área geográfica ser afetada por uma ameaça ou risco potencial de desastre,

estabelecida a partir de estudos técnicos. 4. Corresponde ao nível de insegurança intrínseca de um cenário de

desastre a um evento adverso determinado. Vulnerabilidade é o inverso da segurança (Castro, 1998).

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Para tanto, precisamos:

Levar as escolas municipais do Recife, localizadas em áreas de risco1, a se

verem como agentes coparticipantes na ação de formação de

multiplicadores no processo de prevenção de riscos e desastres.

Discutir – Agentes da Defesa Civil e Professores – a problemática da

população local, relacionada a desastres, tanto naturais quanto os

provocados pelas ações humanas, e posteriormente, selecionar temas

adequados para serem trabalhados com os alunos, orientando-os quanto às

ações preventivas.

Trabalhar a compreensão da realidade social dos direitos e

responsabilidades em relação à vida pessoal, coletiva e ambiental.

Diante do exposto e respaldada na Política Nacional de Defesa Civil – PNDC,

documento que orienta as ações de Defesa Civil (1994) e na Lei 9.394/96 que estabelece as

diretrizes e bases da educação nacional, será apresentado aqui um projeto intitulado “Ações

Norteadoras de Mudança Cultural na Gestão dos Riscos e Desastres”, onde será

estendido um olhar especial aos profissionais em educação, com o intuito de envolvê-los em

um trabalho participativo com a Defesa Civil, no gerenciamento dos riscos e desastres, tanto

os naturais como os antropogênicos.

1Medida de dano potencial ou prejuízo econômico expresso em termos de probabilidade estatística de ocorrência

e de intensidade ou grandeza das consequências previsíveis. 2. Probabilidade de ocorrência de um acidente ou

evento adverso, relacionado com a intensidade dos danos ou perdas, resultantes dos mesmos. 3. Probabilidade de

danos potenciais dentro de um período especificado de tempo e/ou de ciclos operacionais. 4. Fatores

estabelecidos, mediante estudos sistematizados, que envolvem uma probabilidade significativa de ocorrência de

um acidente ou desastre. 5. Relação existente entre a probabilidade de que uma ameaça de evento adverso ou

acidente determinado se concretize e o grau de vulnerabilidade do sistema receptor a seus efeitos (CASTRO, 1998).

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CAPÍTULO I

A Evolução Histórica do Recife e de seus

desastres

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A Evolução Histórica do Recife e de seus desastres

Figura 1: Reprodução do óleo sobre tela “Cheia dos Remédios”, do pernambucano

Teles Júnior (1851-1914) retratando, provavelmente, a enchente de 1869 que

destruiu várias pontes no Recife, inclusive na Estrada dos Remédios.

Fonte: http://www.peaz.com.br/index.php

Figura 2: Imagem da Enchente em Palmares (PE) - 2011

Fonte: http://www.google.com.br/search

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As alterações climáticas que vêm ocorrendo em nosso Planeta estão provocando

um aumento considerável de desastres naturais. O Brasil faz parte deste triste cenário. De

acordo com as Nações Unidas, em 2008 foi o 13º país do mundo mais afetado por estes tipos

de desastres, os quais atingem especialmente as populações mais carentes, que devido ao

acelerado crescimento urbano ocupam, desordenadamente, as localidades mais vulneráveis,

como morros, encostas ou áreas ribeirinhas.

Em nosso país os riscos naturais e suas consequentes catástrofes estão

relacionados à urbanização acelerada e não controlada, à degradação ambiental, às questões

culturais quanto à capacidade de resposta e à pobreza. Além disso, a população sente-se

ameaçada e insegura para lidar com o problema, uma vez que nossa cultura atual é apenas a

de cobrar e esperar do poder público soluções para segurança, ignorando, muitas vezes, que os

desastres são provocados também pelas ações ou omissões humanas, o que aumenta a

vulnerabilidade dessas comunidades com relação às doenças, patologias das edificações,

problemas com a qualidade da água, incêndios, enchentes, alagamentos e deslizamentos de

barreiras.

O histórico da ocupação do Recife mostra essa relação existente entre os riscos

naturais e o processo acelerado de urbanização e ocupação desordenada.

1.1 TRANSFORMAÇÕES URBANÍSTICAS NA PAISAGEM DO RECIFE

Podemos analisar esse histórico com a chegada dos holandeses a Pernambuco, em

1630, quando ocorre uma ruptura com a colonização portuguesa e uma outra forma de

apropriar-se da natureza aqui encontrada e que tão logo tornou-se-lhes familiar.

Assim, o século XVII registra a cidade do Recife sendo modelada ao gosto dos

novos governantes holandeses, com grandiosas intervenções urbanísticas que agradavam a

todos.

Na segunda metade do século XIX, para dar conta da expansão urbana, os

geógrafos e urbanistas estabelecem caminhos ligando a área urbana formada pelos bairros do

Recife, Santo Antônio e São José às povoações suburbanas e aos engenhos na área rural do

município. Essa ocupação mantinha, ainda, certo equilíbrio ambiental no seu todo.

Até as primeiras décadas do século XX a forma urbana da cidade do Recife

permanecia seguindo em cinco direções: norte, sul, sudeste, oeste e noroeste, formando a

malha viária principal da cidade.

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No entanto, a partir e 1940 essa paisagem passa por transformações urbanísticas

devido à explosão demográfica e a consequente ocupação dos espaços vazios entre as

principais vias de ligação entre o centro e a periferia, e entre o Porto e os engenhos.

O bairro do Recife foi-se especializando como centro comercial – herança

holandesa – e intermediando a circulação de mercadorias em função da presença do porto e

dos judeus, comerciantes por excelência. Consequentemente, surgiram sobrados com o

comércio localizado no térreo e a moradia nos andares superiores. Com a especialização cada

vez maior do centro (setor de serviços e bancário) a população foi deixando o centro como

lugar de moradia; São José que era habitado pela classe média na década de 30-40, passa pela

deterioração das habitações, surgimento de cortiços e pensões e depois, estabelecimentos

comerciais. O bairro do Recife, no início do século XX já apresentava alto grau de

especialização, como local portuário e entreposto comercial. Nosoutros bairros, continuou a

predominância da função residencial, inclusive para a população de baixa renda - os

mocambos se faziam presentes em toda cidade.

Ocorreu uma ruptura na paisagem urbana do Recife: os bairros perderam os

limites, ligam-se por contínuas composições de quadras, ruas e edificações. Os vazios não são

mais ambientes naturais, as vias permaneceram assegurando os deslocamentos radiais e

passaram a existir deslocamentos perpendiculares e transversais provenientes das ruas novas.

A urbanização se espalha na planície e sobe os morros, desordenadamente, constituindo nos

altos e nos córregos o maior assentamento popular contínuo da cidade. Desta forma, o

primeiro morro a ser ocupado foi o Morro da Conceição (lugar de romaria desde o início do

século XX). Foi expressivo o contingente populacional que ocupou este morro, oriundo dos

mangues centrais do Recife, em função da política de erradicação dos mocambos, implantada

pelo interventor de Pernambuco Agamenon Magalhães.

Os lugares da cidade transformaram-se, expandiram-se, e tudo isso veio a gerar

conflitos entre o ambiente natural e o ambiente construído, levando a um desiquilíbrio

ambiental que atualmente se reflete em diversos tipos de desastres, tanto os naturais como os

provocados pelo homem.

Essa ocupação desordenada contribui para intensificar as desigualdades sociais e

regionais, aumentar os prejuízos causados pelos desastres, além de exigir direcionamento de

recursos financeiros do governo no processo de ações reconstrutivas.

A cidade moderna, com suas ruas pavimentadas, prédios, concreto e asfalto,

absorve menos as águas das chuvas do que a terra batida, as florestas e os manguezais que

precediam o desenvolvimento. Logo, as chuvas mais persistentes passam a ser sinal de

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desastre. E em Pernambuco, as enchentes e deslizamentos castigam o estado, desafiando o

Governo, como mostram os dados estatísticos a seguir:

Desastres com mortes na Região Metropolitana do Recife

Mortes por inundações (1966 – 2010)

Anos 1966 1970 1975 2000 2004-05 2010 Total

Mortes 175 150 107 22 36 21 511

Tabela 1

Fonte: Prefeitura do Recife

Como podemos observar na tabela acima, a partir de 1975 há uma considerável

redução de mortes por inundações, graças às primeiras ações da Comissão de Defesa Civil do

Estado de Pernambuco, criada em 1971.

Mortes por deslizamentos (1990 – 2010)

Anos 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 Total

Mortes 39 1 0 0 16 1 60 6 0 11 24 158

Anos 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total

Mortes 1 3 2 7 1 3 6 3 13 9 48

Tabela 2

Fonte: Prefeitura do Recife

Analisando a tabela 2 verificamos que em dez anos – 1990 a 2000 - houve um

total de 158 mortes por deslizamentos com um pico de 60 óbitos no ano de 1996, cerca de

40% no total de mortes.Ressaltamos que dos 60 óbitos ocorridos no ano de 1996 por

deslizamentos, 14 foram consequência de estouro na tubulação de abastecimento de água. O

problema ocorreu na zona norte da capital no mês de abril quando a intensidade da chuva

atingiu 144 mm em 24 horas, ou 31,31% de um acumulado de 459,8 mm neste mês.

Outros fatores, além da grande quantidade de chuva, e o rompimento de um cano

mestre na encosta que concorreram para o deslizamento, foram a presença de fendas nas

encostas indicando que o processo de deslizamento já havia iniciado; várias casas com

grandes vazamentos de água e a falta de drenagem das águas servidas umedecendo ainda mais

o maciço e casas construídas nas proximidades de cortes sub-verticais sem cobertura vegetal

(GIRÃO e CORREIA, 2004, p.53-54).

Ressaltamos que durante a década acima citada a Coordenadoria de Defesa Civil

do Recife – CODECIR atuava apenas durante o inverno

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O inverno do ano 2000 foi prolongado e muito chuvoso, considerando a atuação

da La Niña1. Os registros indicaram um total pluviométrico de 3.900,75mm, e sucederam-se

notícias de deslizamentos de barreiras e mortes. O caos atingiu toda a Região Metropolitana

do Recife. Diversas áreas de morros despencavam diante de todos. Não havia Corpo de

Bombeiros ou Defesa Civil que conseguisse evitar tanta tragédia. Na época, a Defesa Civil

não dispunha de uma estrutura adequada nem pessoal suficiente para atender as demandas.

Em contrapartida, o ano de 2001, considerado seco e decorrente da prevalência do

fenômeno El Niño, foi um dos anos mais secos, registrando um total pluviométrico de apenas

1.579,00 mm. Foi neste mesmo ano que dentro da CODECIR foi criado o Programa Guarda-

Chuva, cuja missão é planejar e coordenar ações de defesa civil de natureza preventiva,

assistencial e recuperadora, que se destinam a evitar ou reduzir as consequências desses

desastres. Assim, graças às ações contínuas do Programa Guarda-Chuva junto às áreas de

vulnerabilidade, o número de mortes cai significativamente, conforme foi apresentado na

tabela 2.

1.2 DEFINIÇÃO DE DESASTRE

Existe uma grande quantidade de definições para desastre, que utilizam os

profissionais ao redor do mundo. O Programa das Nações Unidas de Capacitação para a

Gestão de Desastres – UNDMTP define:

Um desastre é uma interrupção grave das funções de uma sociedade, que

causa perdas humanas, materiais e/ou ambientais extensas, que excedem a

capacidade da sociedade afetada para se recuperar usando somente seus

próprios recursos (2009).

Para o Sistema Nacional para la Prevencioón, la Mitigacion Y la Gestioón de

Desastres – SNPDAD:

Desastre é toda situação que causa alterações intensas nos componentes

sociais físicos, ecológicos, econômicos e culturais de uma sociedade, pondo

em iminente perigo a vida humana e os bens dos cidadãos e da nação,

sobrepassando a capacidade de resposta local para atender eficazmente suas

consequências; podem ser de origem natural ou provocados pela ação do

homem (2009).

No glossário da Defesa Civil Nacional, desastre é tratado como sendo:

1 Com referência aos fenômenos La Niña e El Niño, estes se constituem em fases distintas – fria e quente - de um

movimento oscilatório no referente à temperatura da borda oriental do oceano Pacífico tropical, resultante da

interação dinâmica entre o oceano e a atmosfera na zona intertropical do planeta. (GIRÃO, CORREIA e

GUERRA, 2006)

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Resultado de eventos adversos, naturais ou provocados pelo homem, sobre

um ecossistema (vulnerável), causando danos humanos, materiais e/ou

ambientais e consequentes prejuízos econômicos e sociais. A intensidade de

um desastre depende da interação entre a magnitude do evento adverso e o

grau de vulnerabilidade do sistema receptor afetado (CASTRO, 1998).

De acordo com a Geóloga e Pesquisadora Científica, Lídia Keiko Tominaga

(2009), quando os fenômenos naturais atingem áreas ou regiões habitadas pelo homem,

causando-lhe danos, passam a se chamar desastres naturais. Por exemplo, chuvas intensas,

provocando inundação, erosão e escorregamentos; ventos fortes formando vendaval, tornado,

furacão, etc.

Já os desastres humanos ou antropogênicos são aqueles resultantes de ações ou

omissões humanas e estão intimamente relacionados com as atividades do homem, enquanto

agente ou autor. Por isso, os desastres humanos são provocados por fatores de origem interna.

Em função de suas causas primárias, os desastres antropogênicos são classificados em

desastres humanos de natureza:

1. Tecnológica: quando são consequências indesejáveis do incremento demográfico das

cidades, sem o desenvolvimento compatível da infraestrutura urbana e dos serviços

essenciais, resultado também, de um desenvolvimento imediatista e sem preocupação

com a segurança contra desastres. Estão relacionados com meios de transportes, com a

construção civil, com incêndios em instalações industriais e em edificações com

grandes densidades de usuários, com produtos perigosos, com concentrações

demográficas e com riscos de colapso ou exaurimento de energia e de outros recursos

ou sistemas essenciais.

2. Social: relacionado com ecossistemas urbanos e rurais (destruição intencional da flora

e da fauna, depredação por desmatamento sem controle e má gestão agropecuária,

acumulação de rejeitos da mineração e outros); relacionado com convulsões sociais

(desemprego, fome e desnutrição, migrações intensas e descontroladas, intensificação

da violência, infância e juventude marginalizadas ou carentes, tumultos e desordens

generalizadas, tráfico de drogas, incremento dos índices de criminalidade, banditismo

e crime organizado, terrorismo, perseguições de conflitos religiosos, ideológicos e

raciais); relacionados com conflitos bélicos (guerras urbanas, civis e revolucionárias,

guerras convencionais, guerrilhas, guerras biológicas, química e nucleares). Desastre

ocorre com maior frequência nos países pouco desenvolvidos e nos estratos

populacionais marginalizados econômica e financeiramente e podem ser

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desencadeados por fenômenos naturais, como inundações, tempestades,

escorregamentos de solos, deslizamentos.

3. Biológica: quando são consequência do subdesenvolvimento, do pauperismo e da

redução da eficiência dos serviços promotores da saúde pública. Dentre esses

desastres, destacam-se a pandemia da SIDA/AIDS, a malária, a cólera, o dengue e a

tuberculose.

As desigualdades – em educação, emprego e saúde – deixam as pessoas

suscetíveis aos impactos ambientais negativos e podem resultar em doenças e até mortes. Um

problema sério é o das comunidades rurais, onde os pobres estão mais expostos a riscos de

saúde, principalmente aqueles que vivem em zonas endêmicas de doenças transmitidas por

vetores – chagas, malária, dengue e febre amarela.

Portanto, seja o desastre natural ou antropogênico, a Defesa Civil tem por objetivo

reduzir ou minimizar a sua intensidade.

É igualmente importante ressaltar que a participação de todos é fundamental.

Como afirma Elisa Vila Nova (1997), “as bases da proteção civil são todos os cidadãos

conscientes e solidários”. Esse entendimento é o primeiro passo para a propagação da

mudança cultural necessária para a prevenção dos desastres ou minimização dos danos por

eles provocados.

1.3 RECIFE: DOS MORROS AO LITORAL - DISTRIBUIÇÃO DA ÁREA

TERRITORIAL

Hoje, a cidade do Recife tem sua área de 219,493 Km² distribuída da seguinte

forma:

RECIFE: ÁREA E POPULAÇÃO

Área da cidade 219,4 Km²

Área de morros 87,5 Km²

Encostas ocupadas 33Km²

População 1.537.704 hab.

Tabela 3

Fonte: Prefeitura da Cidade do Recife

A cidade está dividida em seis Regiões Político-Administrativas(Lei Municipal nº

16.293 de 22.01.1997), como apresentado no anexo 1. Cada RPA é subdividida em três

Microrregiões que reúne um ou mais dos seus 94 bairros, como mostra a tabela 4:

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Tabela 4–As RPAs e suas microrregiões

Fonte:http://www2.recife.pe.gov.br/a-cidade/

A tabela 5 mostra a população residente, área e densidade demográfica, segundo

as Regiões Político-Administrativas (RPA).

RPA População residente

1

Área 2

(ha)

Densidade Demográfica

(hab./ha) Total %

01 - Centro 78 114 5,08 1537 50,82 02 – Norte 221 234 14,39 1480 149,48 03 - Noroeste 312 981 20,35 7731 40,48 04 – Oeste 278 947 18,14 4213 66,21 05 - Sudoeste 263 778 17,15 2997 88,01 06 - Sul 382 650 24,88 3892 98,32

Total 1.537.704 100,00 21.850 70,38 RMR 3.690.547 - 277.200 13,31

Pernambuco 8 796 448 - 98.146.315 3 89,63

4

Tabela 5

Fonte: Censo Demográfico 2010.

Disponível em <http://www.ibge.gov.br>.

As RPAs foram definidas para formulação, execução e avaliação permanente das

políticas e do planejamento governamentais. Os bairros das RPAs foram estabelecidos pelo

Decreto Municipal 14.452, de 26 de outubro de 1988, para subsidiar o levantamento de

1A população residente constituiu-se pelos moradores em domicílios na data de referência do Censo.

2Cada hectare (ha) corresponde a 10.000 m2. Área calculada a partir da agregação da área da base cartográfica dos Setores

Censitários do Censo Demográfico, 2010. 3A medida utilizada na área de Pernambuco é km²

4A densidade demográfica de Pernambuco está em hab./km²

Elaboração: PCR.Secretaria de Controle e Desenvolvimento Urbano e Obras.Diretoria de Informações/Assessoria Técnica

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20

informações ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e ao Sistema de

Informações e Planejamento do Recife.

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21

CAPÍTULO II

Defesa Civil – trabalho educativo

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22

O surgimento da Defesa Civil está vinculado à Segunda Guerra Mundial, nos

primeiros anos de 1940, período em que o Brasil cria mecanismos de enfrentamento aos danos

humanos e econômicos provocados por guerras.

Porém, só começou a se estruturar em relação a desastres, em função de fortes

chuvas que assolaram a região Sudeste entre 1966 e 1967, provocando enchentes no então

Estado da Guanabara e deslizamentos na Serra das Araras/RJ e Caraguatatuba/SP.

Na tentativa de melhorar o gerenciamento de desastre foi constituído um Grupo de

Trabalho no Estado da Guanabara com o intuito de estudar a mobilização dos diversos órgãos

estaduais em casos de catástrofes. Este Grupo elaborou o Plano Diretor de Defesa Civil do

Estado da Guanabara, criando a primeira estrutura sistêmica de defesa civil no Brasil.

Essa iniciativa fez com que outros estados, a partir de 1966, constituíssem suas

estruturas de defesa civil. No ano seguinte, o governo brasileiro criou o Ministério do Interior,

com o objetivo de assistir as populações atingidas por calamidades públicas, especialmente as

secas e as inundações.

Em 1971 é criada a Comissão Estadual de Acompanhamento às Vítimas das

Calamidades Públicas, através do Decreto nº 2.345, de 01/04/1971.

O advento da Constituição Federal em 1988 enseja o surgimento do Sistema

Nacional de Defesa Civil em vários artigos:

Garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País, a

inviolabilidade do direito à vida, à igualdade, à segurança e à

propriedade (Caput do Art. 5º).

Compete à União: Planejar e promover a defesa permanente contra as

calamidades públicas, especialmente a seca e as inundações (Art. 21,

Inciso XVIII).

Compete à União: legislar sobre defesa territorial, defesa aeroespacial,

defesa marítima, defesa civil e mobilização nacional (Art.21,

Inciso XXVIII).

O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o

Conselho de Defesa Nacional, decretar estado de defesa para preservar

ou prontamente restabelecer, locais restritos e determinados, a ordem

pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade

institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na

natureza (Caput do Art. 136).

Aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em

lei, incumbe a execução de atividades da defesa civil (Art. 144, § 5º).

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23

Por conseguinte, em dezembro do mesmo ano, o Decreto nº. 97.274 dispõe sobre

o Sistema Nacional de Defesa Civil – SINDEC, que organiza de forma sistêmica a Defesa

Civil no Brasil:

Figura 3

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24

Com a aprovação da Lei 12.608, de 10 de abril de 2012, a sistematização do

gerenciamento do risco e dos desastres no Brasil passa a ser denominada como Sistema

Nacional de Proteção e Defesa Civil (SINPDEC).

2.1 LEI 12.608, DE 10 DE ABRIL DE 2012

Art. 1° Esta Lei institui a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil - PNPDEC,

dispõe sobre o Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil - SINPDEC e o Conselho

Nacional de Proteção e Defesa Civil – CONPDEC, autoriza a criação de sistema de

informações e monitoramento de desastres e dá outras providências.

Parágrafo único. As definições técnicas para aplicação desta Lei serão

estabelecidas em ato do Poder Executivo federal.

Art. 2° É dever da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios

adotar as medidas necessárias à redução dos riscos de desastre.

§ 1° As medidas previstas no caput poderão ser adotadas com a colaboração de

entidades públicas ou privadas e da sociedade em geral.

§ 2° A incerteza quanto ao risco de desastre não constituirá óbice para a adoção

das medidas preventivas e mitigadoras da situação de risco.

2.1.1 SISTEMA NACIONAL DE PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL – SINPDEC

Art. 11. O SINPDEC será gerido pelos seguintes órgãos:

I - órgão consultivo: CONPDEC;

II - órgão central, definido em ato do Poder Executivo federal, com a finalidade de

coordenar o sistema;

III - os órgãos regionais estaduais e municipais de proteção e defesa civil; e

IV - órgãos setoriais dos 3 (três) âmbitos de governo.

Parágrafo único. Poderão participar do SINPDEC as organizações comunitárias de caráter voluntário ou

outras entidades com atuação significativa nas ações locais de proteção e defesa civil. (Lei

12.608)

2.1.2 CONSELHO NACIONAL DE PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL –

CONPDEC

O CONPDEC, órgão colegiado integrante do Ministério da Integração Nacional,

terá por finalidades:

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25

I - auxiliar na formulação, implementação e execução do Plano Nacional de

Proteção e Defesa Civil;

II - propor normas para implementação e execução da PNPDEC;

III - expedir procedimentos para implementação, execução e monitoramento da

PNPDEC, observado o disposto nesta Lei e em seu regulamento;

IV - propor procedimentos para atendimento a crianças, adolescentes, gestantes,

idosos e pessoas com deficiência em situação de desastre, observada a legislação aplicável; e

V - acompanhar o cumprimento das disposições legais e regulamentares de

proteção e defesa civil.

§ 1° A organização, a composição e o funcionamento do CONPDEC serão

estabelecidos em ato do Poder Executivo federal.

§ 2° O CONPDEC contará com representantes da União, dos Estados, do Distrito

Federal, dos Municípios e da sociedade civil organizada, incluindo-se representantes das

comunidades atingidas por desastre, e por especialistas de notório saber. (Art.12)

Hoje, encontra-se em construção a regulamentação da Lei 12.608 e o Plano

Nacional de Proteção e Defesa Civil que definirão o papel de cada órgão ou entidade que

compõe o SINPDEC.

2.2 DEFESA CIVIL NO ESTADO: CODECIPE

Por meio do decreto estadual nº 2.345, de 01.04.1971, foi criada uma Comissão

Estadual de Acompanhamento às Vítimas das Calamidades Públicas, subordinada à Secretaria

Assistente que mais tarde, por força do Decreto nº 2.372, de 15.06.71, passou a chamar-se

Comissão de Defesa Civil do Estado de Pernambuco – CODECIPE – órgão responsável por

articular, coordenar e gerenciar as ações de defesa civil em nível estadual. Seu objetivo é

promover a segurança e o bem-estar social através de ações preventivas, de preparação para

emergências, de resposta aos desastres e de reconstrução, evitando os desastres ou

minimizando seus efeitos.

De acordo com o que prescreve o Art. 12 do Decreto 5.376, de 17 de Fevereiro de

2005, cabe às Coordenadorias Estaduais de Defesa Civil:

I –Articular, coordenar e gerenciar as ações de defesa civil em nível

estadual;

II – Manter atualizadas e disponíveis as informações relacionadas com a

defesa civil

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26

III – Elaborar e implementar planos diretores de defesa civil, planos de

contingência e de operações, bem como programas e projetos relacionados

com o assunto;

IV – Prever recursos orçamentários próprios necessários às ações

assistenciais, de recuperação ou preventivas, como contrapartida às

transferências de recursos da União, na forma da legislação vigente;

V - Capacitar recursos humanos para as ações de defesa civil;

VI - Promover a inclusão dos princípios de defesa civil nos currículos

escolares da rede estadual e do Distrito Federal de ensino médio e

fundamental, proporcionando todo apoio à comunidade docente no

desenvolvimento de material pedagógico-didático para esse fim;

VII - Manter a SEDEC e a CORDEC, ou órgão correspondente, informando

sobre as ocorrências de desastres e atividades de defesa civil;

VIII - Propor à autoridade competente a homologação de situação de

emergência e de estado de calamidade pública, de acordo com critérios

estabelecidos pelo CONDEC e, em casos excepcionais, definidos pelo

CONDEC, a sua decretação;

IX – Apoiar a coleta, a distribuição e o controle dos suprimentos necessários

ao abastecimento da população atingida em situação de desastres;

X – Promover e apoiar a implementação e o funcionamento das COMDECs,

ou órgãos correspondentes, e dos NUDECs, ou entidades correspondentes;

XI – Promover, nos Municípios e no Distrito Federal, em articulação com as

COMDECs, ou órgãos correspondentes, a organização e a implementação de

comandos operacionais a serem utilizados como ferramenta gerencial para

comandar, controlar e coordenar as ações emergenciais, em circunstâncias de

desastres;

XII – Capacitar e apoiar os Municípios e o Distrito Federal a procederem à

avaliação de danos e prejuízos nas áreas atingidas por desastres;

XIII – Participar dos Sistemas de que trata o art. 22 e promover a criação e a

interligação de centros de operações;

XIV – Orientar as vistorias de áreas de risco, intervir ou recomendar a

intervenção preventiva, o isolamento e a evacuação da população de áreas e

de edificações vulneráveis;

XV – Realizar exercícios simulados para treinamento das equipes e

aperfeiçoamento dos planos de contingência;

XVI – Dar prioridade ao apoio às ações preventivas e às relacionadas com a

minimização de desastres.

2.3 DEFESA CIVIL NO MUNICÍPIO: CODECIR

Todos os órgãos do SINPDEC têm atribuições, mas a atuação do órgão municipal

de proteção e defesa civil é extremamente importante, tendo em vista que os desastres

ocorrem no município.

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27

Sendo assim, o órgão responsável para gerenciar os riscos e as respostas aos

desastres no município do Recife é a Coordenadoria de Defesa Civil do Recife – CODECIR.

A CODECIR é um órgão da Prefeitura do Recife e foi criada pelo Decreto-lei nº

13.603, de 25 de março de 1986.Sua atuação era durante o inverno, nos morros e no período

de agosto a setembro dando assistência aos moradores das palafitas principalmente na área de

Brasília Teimosa (zona sul do Recife) nos períodos de maré alta.

Nessa época, o referido órgão funcionava na empresa de Urbanização do Recife –

URB. No ano de 2001 foi transferida para a Secretaria de Planejamento, onde foi montada a

sede da Comissão e em seguida criado o Programa Guarda Chuva que conta com cinco

estações nos morros, onde se desenvolvem o planejamento e as ações de defesa civil para

agilizar o atendimento à população. Com essa mudança passou a funcionar durante todo o

ano: no verão realiza ações preventivas e no inverno faz o trabalho emergencial.

Em 2008, a Prefeitura do Recife realiza concurso público para CODECIR, com

preenchimento de vagas para Arquiteto, Engenheiro, Assistente Social, Psicólogo, Geólogo,

Agentes Administrativos e Agentes Operacionais, tornando-se assim, o primeiro órgão

municipal no país,desta área, a possuir uma equipe técnica em defesa civil, dando

cumprimento ao que determina o Decreto nº 20.572/2004:

Art. 1º O sistema de defesa civil do município tem caráter permanente e

descentralizado, garantindo-se um corpo técnico composto especialmente

por engenheiros, geólogos e assistentes sociais, técnicos em edificações e

agrícola.

Sob a orientação dessa equipe técnica a Coordenadoria realiza trabalhos

preventivos nas comunidades localizadas em áreas de risco:

Colocação obrigatória de placas de sinalização em áreas de risco;

Redefinição do uso das áreas inapropriadas para ocupação;

Retirada temporária de moradores em situação de risco muito alto (Auxílio

moradia);

Retaludamento e revegetação;

Equipes em regime de sobreaviso nas regionais e em plantão permanente na sede

da CODECIR.

Da mesma forma é realizado um trabalho preventivo e permanente nas áreas de

morro, com ações voltadas para a população que não tem condições de residir em uma

moradia segura e que ao longo dos anos passou a ocupar, de forma desordenada, os morros do

Recife, ficando exposta a diversos tipos de riscos. Tais ações são divulgadas através de uma

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cartilha elaborada pela Prefeitura da Cidade do Recife, direcionadas pela CODECIR,

enumeradas algumas dicas que orientam a população a construir com mais segurança, cuidar

da saúde ambiental e manter os cuidados necessários com as barreiras, evitando

deslizamentos. Algumas ações divulgadas:

Conservar as barreiras,

Não construir em barreiras ou próximo delas sem a orientação da CODECIR;

Manter limpo o caminho das águas;

Evitar plantar árvores grandes que acumulam água no solo e provocam queda de

barreiras, como: coqueiro, mamoeiro, jambeiro, mangueira, bananeira, jaqueira,

pé de fruta-pão.

Esgoto jogado na barreira provoca deslizamento e traz doenças para todos;

É perigoso construir fossas no meio da barreira.

Outra forma de ação informativa realizada pela CODECIR é o trabalho nas

Escolas municipais próximas às áreas de risco, onde os profissionais de Psicologia e Serviço

social expõem para as crianças de 8 a 12 anos, através de jogos lúdicos e slides, informações

referentes aos cuidados de residir em áreas de risco e a forma de minimizar esses riscos, como

mostrado na reportagem abaixo, cujo teor, na íntegra, encontra-se no anexo 2.

A Prefeitura ALUNOS DA REDE MUNICIPAL RECEBEM ORIENTAÇÃO SOBRE O INVERNO 12:59 Segunda-feira, 3 de Maio de 2010

Ivanildo Francisco

30 alunos participaram das atividades

Os alunos da Escola Municipal Alto do Refúgio, localizada em Nova Descoberta, participaram, na manhã desta segunda (03), de uma atividade muito especial. Através de oficinas e outras atividades lúdicas eles receberam dos técnicos da CODECIR informações sobre como viver de forma segura no morro e evitar acidentes. Aproximadamente 30 alunos participaram das atividades que foram coordenadas pelos assistentes sociais e psicólogos da Defesa Civil. A escola foi a primeira a receber a visita dos técnicos e a ação faz parte do trabalho de preparação para o inverno 2010. (...)

Figura 4: Trabalho realizado pela CODECIR, nas escolas. Fonte: http://www.recife.pe.gov.br/

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Nas tabelas 6 e 7, apresentaremos o quantitativo de ações informativas e

educativas realizadas em 2011 pela CODECIR na preparação para o inverno nas localidades

de risco e alto risco, e também nas escolas:

AÇÃO INFORMATIVA – PORTA A PORTA

Regional RPA Localidade Quantidade Participações

PLANA 5 Beirinha-Estância 1 45

NORTE

2 Córrego do Sargento 1 165

2 Córrego Tancredo Neves 1 60

2 Alto do Maracanã 1 190

NOROESTE 3 Caruá 1 40

NORDESTE

3 Córrego da Fortuna 1 70

3 Córrego da Bica 1 135

OESTE

6 27 de Novembro / Pantanal 1 110

6 Jd.Teresópolis I e II / Várzea 1 115

SUL 6 Lagoa Encantada / UR-5 11 55

TOTAL - - - 985

Tabela 6. Balanço Alerta 2011

Fonte: CODECIR – Prefeitura do Recife

AÇÕES INFORMATIVAS NAS ESCOLAS MUNICIPAIS

Escola Municipal

Localidade

População atingida /

alunos

Alto do Maracanã Dois Unidos 33

Alto do Refúgio Nova Descoberta 46

BeberibeC. Livino

Ferreira Beberibe 45

Centro de Qualificação

S.José Santo Amaro 50

Chico Mendes Chico Mendes 31

C. Livino Ferreira Bomba do Hemetéreo / Casa

Amarela 20

Creuza de Freitas Torreão 26

Cristina Tavares Ibura 46

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30

Deputado Edson

Cantarelli Jordão Baixo 25

Emílio Pereira Casa Amarela 15

Governador Miguel

Arraes Vila Tamandaré 53

Historiador Flávio

Guerra Passarinho 26

Jardim Monte Verde Jardim Monte Verde 22

Jardim Uchôa Jardim Uchôa 33

Jordão Baixo Jordão Baixo 28

José Múcio Monteiro UR-12 – Ibura 19

Júlio Vicente Alves de

Araújo Morro da Conceição 30

Maurício de Nassau Alto do Mandu 30

Monsenhor Viana Beberibe 23

Olindina Monteiro Dois Unidos 16

Paulo Macalão Alto José Bonifácio 26

Paulo VI Linha do Tiro 40

Pedro Alcântara Guabiraba 35

Pintor Lula C, Ayres Jordão Baixo 21

Poeta Paulo B. da Cruz UR-2 – Ibura 20

Prof .João Francisco de

Souza Várzea 29

Santa Edwirges Afogados 28

Santa Maria Goretti Córrego do Botijão 17

Serra da Prata UR-05 – Ibura 24

Terezinha Batista Campina do Barreto 18

Vila Sésamo Ibura 36

TOTAL 29 Localidades 911

Tabela 7. Balanço Alerta 2011

Fonte: CODECIR – Prefeitura do Recife

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A tabela 6 nos mostra que no ano de 2011 a CODECIR realizou 20 ações porta-a-porta

atingindo 985 participações da comunidade em 04 RPAs do município do Recife

Observamos através da tabela 7, que foram feitas ações educativas em 29

localidades, atingindo as 06 RPAs do município com a participação de 911 alunos de escolas

municipais, porém podemos inferir que as informações alcançariam um número maior de

população/alunos caso estivessem incluídas também no planejamento escolar anual de todas

as escolas municipais do Recife.

Desta forma, tomando como pilar de sustentação todas essas práticas da

CODECIR, é apresentada, no capítulo seguinte, uma proposta de ações permanentes nas

escolas, provocadoras de mudança cultural, pois segundo Elisa Vila Nova (1997, p.19), estas

campanhas de divulgação nas Escolas, junto das gerações mais jovens, são de grande

importância por tornarem possíveis:

a aquisição e interiorização de uma cultura de proteção civil onde a

segurança e a autoproteção se conjugam com a partilha de

responsabilidade e com a solidariedade;

a difusão dessa cultura, junto dos familiares dos alunos e no meio

envolvente.

Ainda de acordo com Vila Nova (1997, p.18), “para um comportamento

consciente e responsável é necessária uma prévia formação que começa pelo acesso do

cidadão à informação em matérias de proteção civil”.

Em artigo publicado na Revista Gestão de Risco, Brasiliano (2012, p. 4-8) afirma

que “atualmente na escala mundial, cada R$ 1 investido em prevenção equivale, em média,

entre R$ 25 e 30 de obras de reconstrução pós-evento”. Isso ocorre, segundo ele, devido a

falta de alocação de recursos e carência de textos sobre prevenção.

A Defesa Civil de muitas cidades brasileiras tem realizado projetos importantes

dentro das escolas, como por exemplo, Canoas (RS) com o projeto “Preservando Vidas com

Ações Preventivas”, que vem sendo realizado desde 2005 com cursos de capacitação para

professores da Rede Municipal de Ensino e confecção do material didático pedagógico.

Os trabalhos realizados em parceria com a Educação fortalecem as ações da

Defesa Civil e garantem a extensão das mesmas às famílias. Afinal, defesa civil não se

restringe aos órgãos e autoridades do Sistema; defesa civil somos todos nós.

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CAPÍTULO III

Mudança Cultural

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33

O envolvimento das escolas nos trabalhos relacionados ao tema Defesa Civil tem

sido frequentemente debatido nos espaços especializados. Desde 2010 a ONU mantém uma

campanha internacional para conquistar a adesão de escolas e hospitais seguros.

No entanto, essa prática em alguns municípios é realizada nas escolas sob a

responsabilidade apenas da Defesa Civil – como vimos no capítulo anterior – sem a

participação efetiva do professor e sem o seu compromisso nesse aspecto, apesar de a Lei de

Diretrizes e Bases da Educação – LDB (1996) ter deixado claro:

Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional

comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento

escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e

locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela. (Art.26)

A parte diversificada citada nesse artigo dá liberdade para que as escolas utilizem

temas relacionados ao cotidiano dos alunos: a violência, o namoro, a educação sexual, a

justiça, a saúde, a higiene, as drogas e outros temas do cotidiano – chamados temas

transversais1 – sem a obrigatoriedade de introduzi-los na grade curricular.

Utilizando-se desse espaço ensejado pelo Ministério da Educação, a Defesa Civil

leva aos alunos das escolas localizadas em áreas de risco, algumas orientações e práticas

relacionadas à prevenção e minimização de desastres, já citadas anteriormente. Porém, como

esse trabalho não possui vínculo obrigatório nas escolas, produz grandes fragilidades nas

respostas das ações realizadas.

No entanto, a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil vem preencher esta

lacuna e passa a adequar o Artigo 26 da LDB (1996) às peculiaridades locais, acrescentando-

lhe o seguinte parágrafo:

§7º Os currículos do ensino fundamental e médio devem incluir os princípios

da proteção e defesa civil e a educação ambiental de forma integrada aos

conteúdos obrigatórios. (Art.29 da Lei 12.608/2012)

José Carlos Libânio, em entrevista na Revista Pensar a Prática2 (1998) defende

que “é preciso retomar iniciativas de organização dos alunos dentro da escola, inclusive para

uma ação fora da escola, na comunidade”. Ainda segundo ele, “deve-se insistir na ideia de

uma coisa organizada, orientada pela escola, em que os alunos possam praticar democracia,

iniciativa, liderança, responsabilidade”.

1 Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN – temas transversais são temas eleitos segundo critérios

de urgência social, da possibilidade de ensino e aprendizagem na faixa etária, tendo por finalidade favorecer a

compreensão da realidade e a participação social. 2Entrevista concedida ao Prof. Nivaldo A. N. David, em Goiânia, em 16 de dezembro de 1997.

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Dentro dessa linha de ações deve-se implantar na escola um projeto pedagógico

com planejamento curricular que programe o ensino de Princípios de Proteção e Defesa Civil,

em consonância com a Política Nacional de Defesa Civil – PNDC, que estabelece em suas

diretrizes, relacionada com a mudança cultural:

Diretriz no 8: Implementar projetos de mudança cultural e de treinamento de

voluntários, objetivando o engajamento de comunidades participativas,

informadas, preparadas e cônscias de seus direitos e deveres relativos à

segurança global da comunidade contra desastres.

Diretriz no 15: Promover a inclusão de conteúdos relativos à redução de

desastres, valorização da vida humana, primeiros socorros e reanimação

cardiorrespiratória nos currículos escolares.

Vale salientar que a Lei institui a inclusão do tema “princípios de proteção, defesa

civil e educação ambiental” no currículo de todas as escolas públicas do ensino fundamental e

médio. Porém, como ainda encontra-se em construção a regulamentação da Lei 12.608 e o

Plano Nacional de Proteção e Defesa Civil, este Projeto vem antecipar-se para indicar as

diretrizes para essa inclusão, bem como selecionar as escolas que vivenciarão essa prática.

3.1 PRINCÍPIOS DE PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL NAS ESCOLAS

3.1.1 Integrantes do Projeto: Defesa Civil / Escolas / Secretaria de Educação

O Projeto deverá ter início com a seleção, pelos técnicos em Defesa Civil, das

escolas municipais do Recife, com ensino de 6º ao 9º ano,que estejam localizadas em áreas de

risco muito alto,levando em consideração o número de habitantes das Regiões Político-

administrativas e suas microrregiões, bem como o número de jovens alfabetizados com idade

de 10 a 14 anos e 15 a 19 anos.

Deverá ser apresentado às escolas e avaliado pelos professores, que achando

conveniente deverão fazer as adaptações necessárias para elaboração do conteúdo

programático, respeitando as particularidades de cada localidade.

3.1.2 CAPACITAÇÃO DO PROFESSOR

Embora o tema não seja de todo desconhecido pelos professores, deverá ser-lhes

oferecida uma capacitação, sob a orientação dos instrutores do Sistema de Defesa Civil, para

trabalhar as peculiaridades da proteção civil através da prevenção.

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Esta capacitação requer esforços direcionados, pois o professor passará a lidar

com um tema novo em sala de aula, portanto, é necessário que ele seja preferencialmente da

área de geografia ou ciências, para que o tema seja trabalhado com maior desenvoltura.

Esta capacitação deverá constar de 10 horas/aulas, sendo 8 horas para teoria e 2

horas para avaliação.

3.1.3 CONTEÚDOS DO CURSO DE CAPACITAÇÃO

1. História da Defesa Civil

2. Conceitos utilizados:

Defesa Civil

Vulnerabilidade

Ameaça

Evento adverso

Risco

Desastre

3. Política Nacional de Defesa Civil / Política Nacional de Proteção e Defesa Civil

4. Caracterização da localidade

5. Reportagens sobre os riscos e os desastres da localidade.

O acompanhamento e apoio da Secretaria de Educação são essenciais para que

sejam atendidas as seguintes metas:

1. Subsidiar os professores com material que possa dar suporte aos mesmos nas salas de

aula, como as cartilhas que são distribuídas nas comunidades durante as ações

informativas e outros materiais didáticos fornecidos pela Prefeitura;

2. Incrementar o senso de percepção de risco e o comprometimento por parte dos

professores nesse processo educativo.

3. Minimizar os danos humanos, materiais e ambientais e os consequentes prejuízos

econômicos e sociais resultantes da ocorrência de desastres.

O sucesso do projeto dependerá do compromisso de todo o segmento escolar.

3.2 ÁREAS DE RISCOS POR LOCALIDADE

Os anexos 3, 4, 5, 6, 7 e 8 mostram o resultado de um convênio realizado entre a

Prefeitura da cidade do Recife e o Ministério das Cidades em que foram mapeados 96 áreas

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de risco nos morros com a finalidade de buscar soluções para as localidades e não apenas para

pontos de risco isolado.

Desta forma, o mapeamento nos fornece uma classificação do grau de risco por

localidades, apontando as áreas sujeitas a deslizamentos, enxurradas e inundações bruscas,

relacionando apenas as localidades que apresentam grau de risco médio, alto ou muito alto.

Documentos utilizados no estudo comparativo de vulnerabilidades e consequente

seleção das escolas que estarão envolvidas no projeto:

Relação de áreas sujeitas a deslizamentos, e seu grau de risco – anexos3 a 7;

Relação de áreas sujeitas a enxurradas e inundações (que equivalem a áreas

planas) e grau de risco– anexo 8;

Relação das micro-regiões com suas respectivas população, área e densidade

demográfica – anexo 9; e

Relação de bairros com número de jovens de 10 a 14 anos e 15 a 19 anos

alfabetizados – anexo 10.

Como são muitas as áreas vulneráveis, serão priorizadas apenas as que oferecerem

grau de risco muito alto, não deixando de levar em consideração a população de cada Região

Político-Administrativa, e a população residente de jovens de10 a 14 e 15 a 19 anos

alfabetizada (anexo 10), uma vez que o alvo do trabalho é o aluno que será o agente

multiplicador no meio familiar e o objetivo é prepara-lo para identificação dos problemas,

ameaças e vulnerabilidades de suas localidades, levando-os a implementação de soluções

simples, rápidas e duradouras.

De posse dos documentos citados, temos a seguinte análise referente às Regionais:

RPA-1: Centro

População residente: 78.114 habitantes (20101)

Seus habitantes representam 5% da população do Recife. Não consta nas relações

de áreas sujeitas a deslizamentos (anexos 3 a 7) nenhuma localidade desta Regional que

apresente grau de risco muito alto e mesmo sendo citada a localidade de Santo Amaro na

relação de áreas sujeitas a enxurradas e inundações (anexo 8), ela é classificada apenas como

grau de risco alto, portanto, não se enquadra em nosso critério de seleção.

RPA-2: Norte

População residente: 221.234 habitantes (2010)

Regional que corresponde aos morros da zona norte com 14,5% da população.

1Censo Demográfico 2010. Resultados do universo: características da população e dos domicílios. Disponível: em

<http://www.ibge.gov (anexo 8).

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Na relação de áreas sujeitas a deslizamentos (anexo 3) com grau de risco muito

alto constam sete localidades desta regional e na relação das áreas planas sujeitas a enxurradas

e inundações (anexo 8) com grau de risco muito alto também constam sete localidades.

Nesta regional constatamos vulnerabilidades tanto a deslizamentos quanto à

enxurradas e inundações, com maior incidência de deslizamentos nos Bairros de Dois Unidos

e Alto Santa Terezinha. Os bairros de Beberibe e Dois Unidos são apontados como áreas

sujeitas a enxurrada e inundações com grau de risco muito alto.

RPA-3: Noroeste/Nordeste

População residente: 312.981 habitantes

A RPA-3 é a segunda mais populosa, conta com 20% da população do Recife e

nela há vinte e três localidades com grau de risco muito alto, de acordo com a relação de áreas

sujeitas a deslizamentos (anexos 4 e 7). Doze destas localidades pertencem aos bairros de

Nova Descoberta e Guabiraba. Encontramos apenas uma localidade com grau de risco muito

alto na relação de áreas sujeitas a enxurradas e inundações (anexo 8): Vila do Vintém – Brejo

da Guabiraba.

RPA-4: Oeste

População Residente: 278.947 habitantes.

Regional que conta com 18% da população do Recife. Na relação de áreas sujeitas

a deslizamentos (anexo 5) há três localidades com grau de risco muito alto: Barreiras; Brega e

Chique e Jardim Petrópolis – todas pertencentes ao bairro da Várzea. Esta regional também

apresenta áreas planas sujeitas a enxurradas e inundações (anexo 8)classificadas como grau de

risco muito alto: Rua Apuleu Vieira, Malvinas, Beco do Óleo e Vila Arraes – também

pertencentes ao bairro da Várzea.

RPA-5: Sudoeste

População residente: 263.778 habitantes.

Esta regional representa 17,5% da população. Encontramos uma localidade com

grau de risco muito alto, de acordo com a relação de áreas sujeitas a deslizamentos (anexo 4):

Coqueiral – Coqueiral.

Quanto às áreas planas sujeitas a enxurradas e inundações (anexo 8)encontramos

duas com grau de risco muito alto: Jardim Uchôa – Areias; e Canal Guarulhos – Jardim São

Paulo.

Esta regional não apresenta grandes problemas para a Defesa Civil.

RPA-6: Sul

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População residente: 382.650 habitantes

É a regional mais populosa do Recife, com 25% da população do Recife.São

apontadas na relação de áreas sujeitas a deslizamentos (anexos 5 e 6) onze localidades com

grau de risco muito alto: 27 de Novembro, Jardim Monte Verde, UR02, Vila dos Milagres;

Ibura de Baixo, Lagoa Encantada, Três Carneiros, Asa Branca, UR-5 e UR-10 – todas

localizadas no bairro do Ibura; e Costa Porto – Jordão.

Na área plana das regionais sujeitas a enxurradas e inundações (anexo 8), temos

apenas uma localidade com grau de risco muito alto: Sitinho – Ibura de Baixo.

Filtrando todas as informações referentes às Regionais temos como bairros pré-

selecionados para o projeto:

RPA-2: Dois Unidos / Alto Santa Terezinha

RPA-3: Nova Descoberta/ Guabiraba

RPA-4: Várzea

RPA-6: Ibura

Analisemos agora a tabela 8 que mostra a população residente por grupo de idade

e comparemos com a filtragem que fizemos com os dados do anexo 10: os dois grupos de

alfabetizados: faixa etária de 10 a 14 e 15 a 19 anos (anexo 10) dos bairros pré-selecionados,

tendo em vista que a taxa de distorção idade/série chega a 37% nos anos finais de ensino

fundamental – 6º ao 9º ano:

População residente, por grupos de idade, segundo os bairros

Recife |Pernambuco| 2010

Bairro/Microrregião

População residente (habitantes)

Total

Grupos de idade

0 a 4 anos 5 a 9 anos 10 a 14 anos 15 a 17 anos 18 ou 19 anos

Dois Unidos 2.3 32 905 2 438 2 673 3 092 1 937 1 171

Alto Santa Teresinha 2.2 7 703 591 611 644 405 287

Linha do Tiro 2.3 14 867 1 131 1 249 1 347 818 536

Nova Descoberta 3.3 34 212 2 425 2 719 3 054 2 027 1 216

Macaxeira 3.3 20 313 1 426 1 555 1 799 1 166 750

Guabiraba 3.3 6 330 480 570 618 333 205

Várzea 4.3 70 453 4 421 4 758 5 663 3 507 2 384

Ibura 6.2 50 617 3 592 4 238 4 720 2 743 1 652

Tabela 81

Fonte:Censo Demográfico 2010. Resultados do universo: características da população e dos domicílios. Disponível em <http://www.ibge.gov.br>.

Elaboração: PCR. Secretaria de Controle e Desenvolvimento Urbano e Obras. Diretoria de

Informações/Assessoria Técnica

1 Foram suprimidas as demais colunas informativas desta tabela, tendo em vista que os demais dados não se

enquadram em nossa pesquisa.

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Bairro Total de hab.

de 10 a 19 anos Jovens de 10 a 14

anos alfabetizados

Jovens de 15 A 19

Anos Alfabetizados

Dois Unidos

RPA-2

6.200 2.924 3.025

Alto Sta. Terezinha1

RPA-2

1.336 603 675

Linha do Tiro

RPA-2

2.701 1.273 1.315

Nova Descoberta2

RPA-3

6.297 2.898 3.141

Macaxeira

RPA-3

3.715 1.730 1866

Guabiraba

RPA-3

1.156 586 515

Várzea

RPA-4

11.554 5.495 5.789

Ibura

RPA-6

9.115 4.546 4.304

Tabela 9: Filtragem dos dados constantes no anexo 10

A maioria das escolas municipais das RPAs oferece apenas creche, educação

infantil, ou seja, 1º ao 5º ano (antiga 4ª série) e Educação Jovens e Adultos – EJA3

3.3 ESCOLAS SELECIONADAS NAS RPAs

3.3.1 RPA-2

Dois Unidos:

Escola Municipal Olindina Monteiro de Oliveira França:

Rua Bela Vista, 315

Esta escola oferece o ensino do 6º ao 9º ano e está situada em uma área de grande

vulnerabilidade, como apontado no anexo11.

1 As escolas municipais deste bairro oferecem apenas Creche, ensino infantil até o 5º ano (antiga 4ª série), por

isso resolvemos substitui-lo pelo bairro Linha do Tiro, que também é vulnerável a enxurradas e inundações,

conforme mostra o anexo 8. 2 Das 12 (doze) escolas municipais consultadas neste bairro, nenhuma oferece o ensino do 6º ao 9º ano, por isso

selecionamos outra escola localizada nas proximidades de Nova Descoberta: Macaxeira, que sofre as

vulnerabilidades dos deslizamentos

3O ensino EJA - Educação de Jovens e Adultos é regulamentado pelo artigo 37 da Lei de Diretrizes e Bases da

educação (a LDB, ou lei nº 9394, de 20 de Dezembro de 1996). O EJA visa preparar jovens e adultos para o

Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos- ENCCEJA, que tem como objetivo

avaliar as habilidades e competências básicas de jovens e adultos que não tiveram oportunidade de acesso à

escolaridade regular na idade apropriada. O participante se submete a uma prova e, alcançando o mínimo de

pontos exigido, obtém a certificação de conclusão daquela etapa educacional. O exame é aplicado anualmente e

a adesão das redes de ensino é opcional.

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Linha do Tiro

Escola Municipal João VI

Rua Guaíra, 200

O bairro Linha do Tiro também é vulnerável a enxurradas e inundações, por isso

foi o escolhido para substituir o bairro do Alto Santa Terezinha. Além disso, possui 2.701

jovens com idade escolar entre 6º e 9º ano, ou seja, entre 10 e 19 anos.

3.3.2 RPA-3

Guabiraba:

Escola Municipal São Cristóvão

Rua Cassiterita, 395

O bairro da Guabiraba pertence à segunda Regional mais populosa e está sujeito a

deslizamentos, enxurradas e inundações. Os períodos de chuva são preocupantes para a

população deste bairro, que adotam as práticas seguras orientadas pela Prefeitura do Recife.

Macaxeira:

Escola Municipal Poeta Joaquim Cardoso

Rua Córrego da Areia, 950

Neste bairro há três localidades com grau de risco de deslizamento muito alto:

Bolo de Noiva, Burity e Vila Esperança. Esta escola também atende aos moradores destas

localidades.

3.3.3 RPA-4

Várzea:

Escola Municipal Dr. Rodolfo Aureliano

Rua José Avelar, 211

Escola Municipal Divino Espírito Santo

Praça Caxangá, 127

Várzea é o bairro mais populoso das regionais e está sujeito tanto a deslizamentos

quanto a inundações. Por isso, estamos selecionando duas escolas nesta localidade.

3.3.4 RPA-6

Ibura:

Escola Municipal Professor Florestan Fernandes

Rua Rio Novo do Sul, s/nº

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Escola Municipal Maria Sampaio Lucena

Av. Pernambuco, s/nº

Esta regional é a mais populosa de todas.

O bairro do Ibura, que se localiza na parte sul do Recife é o terceiro maior bairro

recifense em extensão territorial, atrás apenas de Guabiraba e da Várzea. A população sofre

com a falta de saneamento e com as consequências das chuvas.

3.4 DIVULGAÇÃO DO PROJETO

Após conhecimento e aceitação das escolas selecionadas, o projeto deverá ser

divulgado nas referidas escolas aos pais, através de palestras, momento em que será lançada a

primeira semente de mudança cultural: a compreensão da dimensão social dos desastres e a

partilha de responsabilidades na prevenção dos mesmos.

3.5 DISCIPLINA PARA A GRADE CURRICULAR: PROTEÇÃO CIVIL

De acordo com a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil deverão ser

incluídos na grade curricular das escolas os princípios da proteção, Defesa Civil e educação

ambiental.

Sugerimos, então a disciplina “Proteção Civil” tendo em vista que esse termo é

extensivo às práticas de Defesa Civil, além disso, educação ambiental gera proteção

individual e coletiva. Portanto, designar a disciplina como “proteção civil” traduzirá todo o

objetivo da Defesa Civil: proteger o cidadão.

A seleção dos conteúdos será feita com a participação da Defesa civil e dos

professores, levando em consideração as vulnerabilidades de cada área, uma vez que a

proposta aqui é trabalhar a realidade da localidade do aluno.

É importante lembrar que a lei determina que os conteúdos que possam ser

relacionados com segurança da população, com a redução de desastres e principalmente com

as vulnerabilidades das localidades devem estar presentes na grade curricular do ensino

fundamental e médio de todas as escolas públicas, embora este projeto esteja voltado,

inicialmente, apenas para as escolas municipais do Recife, localizadas em áreas de riscos de

grau muito alto, já que a lei ainda não foi regulamentada, como dito anteriormente.

Sendo assim, as escolas que estejam localizadas em áreas próximas a morros

poderão ter um conteúdo programático um pouco diferenciado das localizadas em áreas

sujeitas a enxurradas e inundações, se assim for conveniente. Os conteúdos relacionados a

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seguir são apenas exemplificativos, devendo ser adaptados à realidade de cada localidade, se

for o caso.

3.6 CONTEÚDOS BÁSICOS – 6º AO 9º ANO:

Definição de Cidadania

Histórico da Defesa Civil

A ocupação dos morros do Recife

Histórico do bairro

Os riscos e seus impactos na vida da comunidade

Redução das vulnerabilidades aos desastres e acidentes na infância

Elaboração de mapas de riscos para verificar as vulnerabilidades no entorno da

escola e da comunidade

Proteção ambiental: - Palestras sobre proteção ambiental, com representantes da

Secretaria de Meio Ambiente do Recife – SEMAM

Destino do lixo

Primeiros Socorros:

imobilizações temporárias

reanimação cardiorrespiratória básica

transporte de feridos

Natação utilitária e salvamento de pessoas em risco de afogamento

Desenvolver palestras e orientações quanto à situação de emergência e primeiros

socorros

Simulação de exercícios de evacuação – com apoio e orientação do Corpo de

Bombeiros e Defesa Civil.

Os conteúdos apresentados acima deverão ser distribuídos de acordo com a

idade/série, dos alunos a partir de discussão com o professor.

Ainda, como título de sugestão, as escolas podem realizar feiras de conhecimento,

para que um grupo de alunos, baseado no que estudou durante o período,pudesse escolher um

tema relacionado às vulnerabilidades de sua localidade para desenvolver e apresentar à sua

comunidade.

Esta linha de ações voltadas para esse grupo de jovens (14 a 19 anos), associada

às ações já praticadas pela CODECIR (com crianças de 8 a 12 anos, como já foi mencionado

no capítulo anterior), certamente representaria um avanço significativo para recepção da

cultura de prevenção.

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Integrar as Autoridades e a população no compromisso da gestão de riscos é um

grande desafio para a Defesa Civil e nós, como cidadãos devemos atuar nessa luta coletiva.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Discorremos neste trabalho sobre os desastres naturais, e por consecutivas vezes

constatamos as vulnerabilidades da maioria dos bairros do Recife.

Os fatores naturais e os antrópicos são responsáveis por catástrofes como

deslizamentos e inundações, que nos últimos anos vem ocupando grandes espaços na mídia,

devido ao impacto de vítimas fatais.

Porém, esses tipos de desastres não estão associados somente às suscetibilidades

locais, devido às características geoambientais, mas também, às vulnerabilidades do sistema

econômico-social-político-cultural, que cerceia os muitos dos direitos do homem: como os da

moradia digna, a educação de qualidade, lazer, saúde, entre tantos outros.

Os profissionais do Sistema de Segurança Pública – sejam Agentes de Defesa

Civil, Bombeiros, Policiais Civis ou Militares – devem ter uma responsabilidade social maior:

sensibilizar as autoridades para a urgência em levar para todo o sistema público educacional

(e demais órgãos públicos e privados) o conhecimento, a colaboração e a prática em “Proteção

Civil”.

A Educação é uma Instituição que possui papel fundamental na formação dos

jovens como cidadãos. É ela a base para o gerenciamento das dificuldades culturais as quais

os jovens vivenciam hoje. Porém, isoladamente, não haverá sucesso nessa luta.

Este projeto representa esta tentativa!

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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diretrizes e bases da educação nacional.

_______. Lei Federal nº12.608, de 10 de abril de 2012. Institui a Política

Nacional de Proteção e Defesa Civil como tema obrigatório nas escolas públicas.

________. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação

Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais primeiro e segundo ciclos do

ensino fundamental: introdução aos parâmetros curriculares nacionais. Brasília,

DF: MEC/SEF, 1998.

________. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação

Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais terceiro e quarto ciclos do

ensino fundamental: introdução aos parâmetros curriculares nacionais. Brasília,

DF: MEC/SEF, 1998.

________. Política Nacional De Defesa Civil. Ministério da Integração Nacional/

Secretaria Nacional de Defesa Civil. Brasília, 2008.

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Brasília – DF: Ed. Ministério do Planejamento e Orçamento – Departamento de

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BRASILIANO, A. C. R.; CIRELLI, E. Negligência na Administração Pública:

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Riscos, Editora Sicurezza, edição 62, 2011(publicação eletrônica).

CASTRO, A. L. C.1998. Glossário de defesa civil: estudo de riscos e medicina de

desastres. Brasília:MPO/ Departamento de Defesa Civil. 283 p.

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CASTRO, Antônio Luiz Coimbra de. Política Nacional de Defesa Civil. Brasília:

Ministério da Integração Nacional. Secretaria Nacional e Defesa Civil. 2000a

GIRÃO, Osvaldo. CORRÊA, Antonio Carlos de Barros. A contribuição da

geomorfologia para o planejamento da ocupação de novas áreas. Revista de

Geografia. Recife: UFPE DCG/NAPA, v. 21, n0 2, jul/dez. 2004 54

GIRÃO, Osvaldo. CORRÊA, Antonio Carlos de Barros. GUERRA, Antônio José

Teixeira. Influência da climatologia rítmica sobre as áreas de risco: o caso da

região metropolitana do Recife para os anos de 2000 e 2001.Revista de Geografia.

Recife: UFPE DCG/NAPA, v. 23, nº 01. 200637

Introdução à Gestão de Riscos – Apostila Fundo Comunitário de Reconstrução –

O Que é um Desastre. Disponível emhttp://www.forcavoluntaria.org.br/2009

Acesso em 20/08/2012

LIBÂNEO, José Carlos: Adeus Professor, Adeus Professora? Novas Exigências

Educacionais e profissão docente. 4ª ed. São Paulo: 2000. 104 p.

PERNAMBUCO. Decreto nº 2.345, de 1º de abril de 1971. Cria a Comissão de

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_________. Decreto nº 38.253, de 4 de junho de 2012. Institui o Manual Técnico

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__________. Secretaria da Casa Militar. Secretaria Executiva de Defesa Civil -

Manual Técnico de Defesa Civil: Para respostas aos desastres provocados por

intensas precipitações pluviométricas, CEPE, 2012.

PLANEJAMENTO, Secretaria: Histórico da CODECIR. Disponível em

www.recife,pe.gov.br

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PONTUAL, Virgínia – UFPE: Tempos do Recife: Representações Culturais e

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417-434 – São Paulo: 2001. Disponível em http://www.scielo.br/

RECIFE. Contexto Histórico do Recife, Disponível em

http://www.recife.pe.gov.br/pr/secplanejamento/codecir/historico.phpAcesso em

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________. Decreto-lei nº13.603, de 25 de março de 1986. Cria a Coordenadoria

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REVISTA PENSAR A PRÁTICA: Perspectivas de uma Pedagogia Emancipadora

face às transformações do Mundo Contemporâneo. Vol. 1:1-21,jan./jun.1998.

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http://www.revistas.ufg.br/index.php/fef/rt/context/8/2613/116?defineTerm

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Rio Preto, São Paulo. 12 jun, 2009. Disponível em:

http://www.diarioweb.com.br/noticias/body_colunas.asp?idCategoria=196&Data=

22/05/2009. Acesso em 07 Jun2012.

TOMINAGA, Lídia Keiko; SANTORO, Jair; AMARAL, Rosângela do .

(Organizadores). Desastres Naturais: Conhecer para prevenir. São Paulo: Instituto

Geológico, 1ª edição, 2009 – 196 p. Disponível

emhttp://www.igeologico.sp.gov.br/downloads/livros/DesastresNaturais.pdf

Acesso em 28.09.2012

VILA NOVA, Elisa. Educar para a Proteção Civil – Projectos para a Área-Escola

e Actividades de Complemento Curricular – Colecção Educação Hoje – Texto

Editora, Lisboa, 1997.

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ANEXOS

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ANEXO 1

REGIÕES POLÍTICO-ADMINISTRATIVAS DO RECIFE

Fonte:http://www2.recife.pe.gov.br/a-cidade/perfil-dos-bairros

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Anexo 2

Fonte:http://www.recife.pe.gov.br/2010/05/03/alunos_da_rede_municipal_recebem_orientacao_sobre_o_

inverno_171679.php Acesso em 16.10.2012

A Prefeitura

ALUNOS DA REDE MUNICIPAL RECEBEM ORIENTAÇÃO SOBRE O INVERNO

12:59 Segunda-feira, 3 de Maio de 2010

Ivanildo Francisco

30 alunos participaram das atividades Os alunos da Escola Municipal Alto do Refúgio, localizada em Nova Descoberta, participaram, na

manhã desta segunda (03), de uma atividade muito especial. Através de oficinas e outras atividades

lúdicas eles receberam dos técnicos da Codecir informações sobre como viver de forma segura no

morro e evitar acidentes. Aproximadamente 30 alunos participaram das atividades que foram

coordenadas pelos assistentes sociais e psicólogos da Defesa Civil. A escola foi a primeira a receber

a visita dos técnicos e a ação faz parte do trabalho de preparação para o inverno 2010.

De acordo com a diretora de desenvolvimento social da Codecir, Goretti Melo, a ação tem o objetivo

de envolver as crianças no trabalho de prevenção. “Estas crianças vivem em áreas de alto risco de

deslizamento e é importante que eles entendam que podem colaborar no esforço de prevenção e de

minimização dos acidentes. Eles aprendem as informações com muita facilidade e podem alertar os

familiares para situações de risco e assim ajudar a evitar os acidentes”, disse.

Para ThaliaEstefane, 12 anos, aluna da 4ª série, a atividade é muito importante porque todos podem

aprender o que não fazer nos morros. “Ninguém pode jogar lixo na barreira porque isso vai fazer

com que ela deslize”, afirmou. Emerson Gabriel, 10 anos, também da 4ª série, elogiou o trabalho da

Codecir. “É muito bom esse trabalho. Vou repassar as informações para os meus vizinhos”, disse.

O trabalho iniciado nesta segunda (03) vai percorrer 40 escolas da rede municipal. As ações

educativas começaram no dia 14 de abril e se estenderão até o mês de junho. Ainda esta semana as

ações serão apresentadas em escolas da Linha do Tiro, Dois Unidos e Campina do Barreto.

A Operação Inverno 2010, que teve início no último dia 14 de abril, receberá investimentos de R$

43 milhões, envolvendo cerca de mil servidores municipais para intensificar o trabalho contínuo e

integrado de preparação da cidade para o período chuvoso. Além disso, o 2º. Plano de Obras do OP,

em parceria com o Governo do Estado, destinará mais R$ 38 milhões para obras nos morros e áreas

planas da cidade.

Histórico – O trabalho desenvolvido pela Prefeitura do Recife ao longo dos últimos nove anos

resultou na redução de mais de sete mil pontos de risco na cidade, o que tornou mais segura a vida

de quem mora nas áreas de morro. Entre 2001 e 2009, a Prefeitura investiu mais de R$ 350 milhões

em ações de defesa civil permanente; urbanização, controle e fiscalização de áreas de risco;

manutenção de escadarias e muros de arrimo; manutenção e retificação dos sistemas de micro e

macrodrenagem.

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Anexo 3

RELAÇÃO DE ÁREAS SUJEITAS A DESLIZAMENTOS

Fonte: Plano de Contingência Alerta – 2012 – CODECIR – Prefeitura do Recife

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Anexo 4

RELAÇÃO DE ÁREAS SUJEITAS A DESLIZAMENTOS

Fonte: Plano de Contingência Alerta – 2012 – CODECIR – Prefeitura do Recife

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53

Anexo 5

RELAÇÃO DE ÁREAS SUJEITAS A DESLIZAMENTOS

Fonte: Plano de Contingência Alerta – 2012 – CODECIR – Prefeitura do Recife

Anexo 6

RELAÇÃO DE ÁREAS SUJEITAS A DESLIZAMENTOS

Fonte: Plano de Contingência Alerta– 2012 – CODECIR – Prefeitura do Recife

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54

Anexo 7

RELAÇÃO DE ÁREAS SUJEITAS A DESLIZAMENTOS

Fonte: Plano de Contingência Alerta – 2012 – CODECIR – Prefeitura do Recife

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Anexo 8

RELAÇÃO DE ÁREAS SUJEITAS A ENXURRADAS E INUNDAÇÕES

Fonte: Plano de Contingência Alerta – 2012 – CODECIR – Prefeitura do Recife

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Anexo 91

População residente, área e densidade demográfica, segundo os bairros

Recife | 2010

Bairro/ Microrregião

População residente Área (ha)

Densidade Demográfica

hab. % sobre

(hab./ha) Recife

Aflitos 3.1 5 773 0,38 31 187,63

Afogados 5.1 36 265 2,36 369 98,24

Água Fria 2.2 43 529 2,83 193 225,38

Alto do Mandu 3.1 4 655 0,30 25 184,89

Alto José Bonifácio 3.2 12 462 0,81 57 219,26

Alto José do Pinho 3.2 12 334 0,80 41 298,40 Alto Santa Teresinha 2.2 7 703 0,50 31 245,74

Apipucos 3.1 3 342 0,22 134 25,01

Areias 5.2 29 894 1,94 240 124,51

Arruda 2.1 14 530 0,94 100 145,56

Barro 5.3 31 847 2,07 454 70,09

Beberibe 2.3 8 856 0,58 49 180,79

Boa Viagem 6.1 122 922 7,99 753 163,17

Boa Vista 1.2 14 778 0,96 176 84,15 Bomba do Hemetério 2.2 8 472 0,55 43 195,67

Bongi 5.1 8 097 0,53 60 134,90

Brasília Teimosa 6.1 18 334 1,19 61 302,81

Brejo da Guabiraba 3.3 11 732 0,76 75 155,50

Brejo de Beberibe 3.3 8 292 0,54 64 129,86

Cabanga 1.2 1 551 0,10 81 19,16

Caçote 5.2 10 470 0,68 46 227,89

Cajueiro 2.2 6 584 0,43 59 111,49 Campina do Barreto 2.1 9 484 0,62 52 182,67

Campo Grande 2.1 32 149 2,09 222 145,04

Casa Amarela 3.1 29 180 1,90 188 155,09

Casa Forte 3.1 6 750 0,44 56 120,24

Caxangá 4.3 9 634 0,63 244 39,44 Cidade Universitária 4.3 818 0,05 162 5,05

Coelhos 1.3 7 633 0,50 43 178,51

Cohab 6.3 67 283 4,38 426 157,97

Coqueiral 5.3 10 794 0,70 51 213,00

Cordeiro 4.1 41 164 2,68 340 121,02 Córrego do Jenipapo 3.3 9 246 0,60 61 150,74

Curado 5.3 16 418 1,07 798 20,56

Derby 3.1 2 071 0,13 47 43,85

Dois Irmãos 3.1 2 566 0,17 585 4,39

Dois Unidos 2.3 32 905 2,14 312 105,51

Encruzilhada 2.1 11 940 0,78 102 117,27

Engenho do Meio 4.2 10 211 0,66 87 117,54

Espinheiro 3.1 10 438 0,68 73 142,56

Estância 5.2 9 240 0,60 81 114,44

Fundão 2.2 8 132 0,53 62 130,21

1 As demais colunas deste anexo – CENSO 2010 – foram desprezadas por não ser de interesse da linha de

trabalho aqui apresentado. Esta tabela foi adaptada para este trabalho, a original está disponível em www.ibge.gov.br.

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Graças 3.1 20 538 1,34 144 143,08

Guabiraba 3.3 6 330 0,41 4617 1,37

Hipódromo 2.1 2 658 0,17 30 88,13

Ibura 6.2 50 617 3,29 1019 49,69

Ilha do Leite 1.2 1 007 0,07 26 38,21

Ilha do Retiro 4.1 3 740 0,24 54 68,75

Ilha Joana Bezerra 1.3 12 629 0,82 87 144,85

Imbiribeira 6.1 48 512 3,15 666 72,85

Ipsep 6.1 25 029 1,63 180 139,27

Iputinga 4.1 52 200 3,39 434 120,22

Jaqueira 3.1 1 591 0,10 24 66,31

Jardim São Paulo 5.3 31 648 2,06 259 121,96

Jiquiá 5.2 10 245 0,67 170 60,22

Jordão 6.2 20 777 1,35 158 131,49

Linha do Tiro 2.3 14 867 0,97 82 181,20

Macaxeira 3.3 20 313 1,32 125 162,25

Madalena 4.1 23 082 1,50 183 126,48

Mangabeira 3.2 6 950 0,45 29 240,43

Mangueira 5.1 8 480 0,55 31 269,45

Monteiro 3.1 5 917 0,38 53 111,61 Morro da Conceição 3.2 10 182 0,66 38 265,24

Mustardinha 5.1 12 429 0,81 63 196,56

Nova Descoberta 3.3 34 212 2,22 180 189,91

Paissandu 1.2 507 0,03 34 14,70

Parnamirim 3.1 7 636 0,50 61 124,30

Passarinho 3.3 20 305 1,32 406 49,98

Pau-Ferro 3.3 72 0,00 44 1,65

Peixinhos 2.1 4 998 0,33 34 148,43

Pina 6.1 29 176 1,90 629 46,38

Poço 3.1 4 615 0,30 81 56,74

Ponto de Parada 2.1 1 554 0,10 20 79,53

Porto da Madeira 2.2 7 713 0,50 48 161,35

Prado 4.1 11 694 0,76 127 92,02

Recife 1.1 602 0,04 270 2,23

Rosarinho 2.1 4 077 0,27 25 160,87

San Martin 5.1 25 414 1,65 203 125,44

Sancho 5.3 11 199 0,73 63 177,46

Santana 3.1 3 054 0,20 47 64,65

Santo Amaro 1.1 27 939 1,82 380 73,52

Santo Antônio 1.2 285 0,02 81 3,53

São José 1.2 8 688 0,56 326 26,62

Sítio dos Pintos 3.1 7 276 0,47 180 40,49

Soledade 1.2 2 495 0,16 32 77,06

Tamarineira 3.1 14 124 0,92 102 138,18

Tejipió 5.3 8 918 0,58 94 94,63

Torre 4.1 17 903 1,16 117 152,68

Torreão 2.1 1 083 0,07 16 66,29

Torrões 4.2 32 015 2,08 168 190,53

Totó 5.3 2 420 0,16 14 176,81

Várzea 4.3 70 453 4,58 2255 31,24

Vasco da Gama 3.2 31 025 2,02 160 193,38

Zumbi 4.1 6 033 0,39 41 148,22

Total 1.537.704 100,00 21.849 70,38

RMR 3.690.547 277.370 13,31 % da População do Recife na RMR

41,67

Fonte: Censo Demográfico 2010. Resultados do universo: características da

população e dos e dos domicílios. Disponível em <http://www.ibge.gov.br>.

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Anexo 10

Total de alfabetizados, pessoas de 10 a 14 e 15 a 19 anos alfabetizadas

Bairro/Microrregião

Pessoas de 10 a 14 e 15 a 19 anos alfabetizadas ¹

Total

10 a 14 anos 15 a 19 anos

Aflitos 3.1 5 462 314 408

Afogados 5.1 30 922 2 695 2 832

Água Fria 2.2 35 806 3 582 3 660

Alto do Mandu 3.1 4 185 340 354

Alto José Bonifácio 3.2 10 292 1 052 1 089

Alto José do Pinho 3.2 10 407 1 047 1 007

Alto Santa Teresinha 2.2 6 308 603 675

Apipucos 3.1 2 799 237 248

Areias 5.2 26 502 2 053 2 212

Arruda 2.1 12 621 1 049 1 120

Barro 5.3 26 622 2 726 2 897

Beberibe 2.3 7 418 748 742

Boa Viagem 6.1 113 069 6 805 8 129

Boa Vista 1.2 14 058 530 1 007

Bomba do Hemetério 2.2 7 225 665 697

Bongi 5.1 6 853 630 607

Brasília Teimosa 6.1 15 392 1 475 1 413

Brejo da Guabiraba 3.3 9 215 1 019 1 075

Brejo de Beberibe 3.3 6 724 724 733

Cabanga 1.2 1 378 106 116

Caçote 5.2 8 597 980 949

Cajueiro 2.2 5 900 442 483

Campina do Barreto 2.1 7 608 804 845

Campo Grande 2.1 26 843 2 427 2 516

Casa Amarela 3.1 26 486 1 853 1 979

Casa Forte 3.1 6 328 355 415

Caxangá 4.3 8 250 770 885

Cidade Universitária 4.3 702 64 68

Coelhos 1.3 6 023 690 658

Cohab 6.3 57 119 5 862 5 793

Coqueiral 5.3 9 075 836 936

Cordeiro 4.1 36 476 2 709 2 959

Córrego do Jenipapo 3.3 7 581 758 784

Curado 5.3 13 407 1 354 1 319

Derby 3.1 1 977 80 136

Dois Irmãos 3.1 2 197 226 227

Dois Unidos 2.3 27 161 2 924 3 025

Encruzilhada 2.1 11 074 634 711

Engenho do Meio 4.2 9 274 668 792

Espinheiro 3.1 9 729 487 618

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Estância 5.2 7 763 772 792

Fundão 2.2 7 032 664 607

Graças 3.1 19 483 1 143 1 484

Guabiraba 3.3 4 894 586 515

Hipódromo 2.1 2 458 155 179

Ibura 6.2 42 135 4 546 4 304

Ilha do Leite 1.2 927 69 71

Ilha do Retiro 4.1 3 038 291 288

Ilha Joana Bezerra 1.3 9 159 1 327 1 252

Imbiribeira 6.1 40 488 3 761 3 879

Ipsep 6.1 23 134 1 601 1 779

Iputinga 4.1 44 747 3 919 4 244

Jaqueira 3.1 1 487 86 112

Jardim São Paulo 5.3 27 969 2 241 2 554

Jiquiá 5.2 8 695 926 869

Jordão 6.2 17 637 1 774 1 895

Linha do Tiro 2.3 12 235 1 273 1 315

Macaxeira 3.3 16 869 1 730 1 866

Madalena 4.1 20 652 1 443 1 719

Mangabeira 3.2 5 865 590 573

Mangueira 5.1 7 076 745 661

Monteiro 3.1 5 294 407 457

Morro da Conceição 3.2 8 554 854 827

Mustardinha 5.1 10 415 1 013 997

Nova Descoberta 3.3 27 714 2 898 3 141

Paissandu 1.2 486 24 52

Parnamirim 3.1 7 033 449 572

Passarinho 3.3 15 685 1 934 1 943

Pau-Ferro 3.3 65 7 4

Peixinhos 2.1 3 603 438 410

Pina 6.1 24 743 2 186 2 239

Poço 3.1 4 254 312 297

Ponto de Parada 2.1 1 402 90 112

Porto da Madeira 2.2 6 809 587 619

Prado 4.1 10 103 843 869

Recife 1.1 431 69 53

Rosarinho 2.1 3 600 231 268

San Martin 5.1 22 274 1 859 1 955

Sancho 5.3 9 954 592 741

Santana 3.1 2 798 178 194

Santo Amaro 1.1 23 157 2 260 2 327

Santo Antônio 1.2 279 9 14

São José 1.2 6 786 767 708

Sítio dos Pintos 3.1 6 099 688 637

Soledade 1.2 2 381 80 209

Tamarineira 3.1 13 178 843 1 015

Page 61: AÇÕES NORTEADORAS DE MUDANÇA CULTURAL NO GERENCIAMENTO DOS ... · no processo do gerenciamento de riscos e desastres. Para ... holandesa – e intermediando a circulação de mercadorias

60

Tejipió 5.3 8 043 601 688

Torre 4.1 15 855 1 127 1 261

Torreão 2.1 979 63 68

Torrões 4.2 25 736 2 722 2 920

Totó 5.3 2 062 194 170

Várzea 4.3 60 811 5 495 5 789

Vasco da Gama 3.2 26 101 2 491 2 659

Zumbi 4.1 5 301 391 441

Total

1 320 793 115 667 122 733

RMR 3 092 234 296 839 304 755

Pernambuco 6 602 040 778 748 778 274 Fonte: Censo Demográfico 2010. Resultados do universo: características da população e dos domicílios. Disponível em <http://www.ibge.gov.br>.

Anexo 11

Barreira ameaça deslizar sobre casas e escola em Dois Unidos

“Os moradores de Dois Unidos, bairro do Recife, estão preocupados. Uma barreira

(fotos) existente na rua Bela Vista está ameaçada de deslizar a qualquer momento. Existem

sete casas, além de uma escola municipal, que podem ser atingidas caso ocorra o

deslizamento da barreira, que foi coberta com plástico pela Prefeitura do Recife.(...)

Na esquina da rua Bela Vista, fica a Escola Municipal Olindina Monteiro de Oliveira

França, onde estudam mais de 100 crianças. Parte da barreira está situada atrás da escola, um

risco para os estudantes e professores do local. (...) Em relação à Escola Municipal Olindina

Monteiro de Oliveira França, a Prefeitura do Recife informou que apenas a quadra precisou

ser interditada. “Por enquanto, não estão previstas obras de contenção da barreira”.

Fonte: http://pe360graus.globo.com/noticias/cidades/urbanismo/2011/07/22/