ACÇÃO E EFEITOS DO VENTO EM EDIFÍCIOS ALTOScristina/EBAP/dissertacao_camarinha_2008.pdf ·...
Transcript of ACÇÃO E EFEITOS DO VENTO EM EDIFÍCIOS ALTOScristina/EBAP/dissertacao_camarinha_2008.pdf ·...
i
ACÇÃO E EFEITOS DO VENTO EM EDIFÍCIOS ALTOS
Ricardo Miguel de Matos Camarinha
Mestrado em Engenharia Civil
Orientador: Doutor João Sérgio Nobre Duarte Cruz
Provas Concluídas em Outubro de 2008
Resumo
Este trabalho tem como objectivo o estudo da acção e efeitos do vento em edifícios altos,
onde a interacção estrutura-vento assume em geral um papel condicionante. Pretende-se
abordar a formulação geral do problema da interacção estrutural do vento em torno de
uma estrutura, bem como das técnicas simplificadas para aproximar as soluções.
Abordam-se os conceitos base de mecânica de fluidos e dinâmica estrutural que
conduziram ao desenvolvimento de um programa de simulação que permite calcular no
domínio do tempo o comportamento do edifício envolvido por um escoamento
irrotacional e incompressível. Pretende-se com esta abordagem criar uma ferramenta de
cálculo acessível e prática para a fase de pré-dimensionamento da estrutura e geometria
de edifícios altos.
Apresentam-se as abordagens propostas pelos regulamentos internacionais mais
actualizados neste tema, sendo no entanto utilizado como referência o Eurocódigo 1.
Efectua-se uma comparação qualitativa entre os vários regulamentos.
São referidos os principais problemas deste tipo de edifícios em serviço, bem como
técnicas correntes para avaliação de conforto humano no seu interior.
Com recurso ao modelo de simulação estrutural desenvolvido, analisou-se um caso de
estudo de um edifício em projecto, comparando-se esta análise com os resultados obtidos
através da aplicação do Eurocódigo 1.
Palavras-Chave:
Vento; Edifícios Altos; Factor de Rajada; Métodos de Painéis; “Time-History”;
iii
WIND ACTIONS AND EFFECTS ON TALL BUILDINGS
Ricardo Miguel de Matos Camarinha
Master in Civil Engineering
Advisor: Doctor João Sérgio Nobre Duarte Cruz
Abstract
This work presents a study of wind actions and effects on tall buildings. Wind action and
effects are very common and important on slender structures. This study intends to
describe the general formulation of the problem of wind and structures interaction, as
well as the simplified techniques to gather solutions.
For this purpose, fundamentals of fluid mechanics and structural dynamics are introduced.
An automatic routine was built to predict buildings interaction inside an irrotational and
incompressible flow field with some particular phenomena added. This analysis is made in
time domain. The scope of this methodology is to create an accessible and useful tool for
pre-design phase. The tool developed allows for optimization of structural and
geometrical properties of buildings.
Most important international codes are considered, however Eeurocode 1 is the reference
code for application in calculation. Some qualitative aspects of each code are discussed.
Vibration problems of tall buildings are investigated, thus some techniques for human
comfort evaluation in higher floors are considered.
Software built and Eurocode 1 were applied to a real case study. Some results are
compared and discussed.
Keywords:
Wind; Tall Buildings; Gust Load Factor; Panel Methods; Time-History
v
AGRADECIMENTOS
O meu agradecimento àqueles que de alguma forma contribuíram para a realização deste
trabalho, em particular:
Ao Professor Sérgio Cruz que me permitiu estudar este tema e que desde o início suportou
todo o trabalho.
Ao Professor Jorge de Brito por quem guardo grande estima e que sempre demonstrou
disponibilidade para auxiliar decisões importantes.
Aos colegas do DECivil e do DMat que me apoiaram sempre que necessário em temas da
especialidade ou simplesmente no quotidiano.
À afaconsult no geral que sempre compreendeu as dificuldades de conciliação de um
trabalho desta complexidade e de uma vida profissional, conseguindo criar oportunidades
de trabalho fantásticas e disponibilizando todo o material necessário. Em particular ao
Marco Carvalho, à Margarida Ruivo, ao Domingos Monteiro e ao Rui Ribeiro.
À minha família que me permitiu chegar ao final deste longo ciclo e que certamente me
apoiará na continuidade de trabalhos futuros, em especial aos meus pais, irmã e à Inês.
vii
They were called skyscrapers, a name to exalt the human mind.
Marco Salvadori, Why Buildings Stand Up
ix
ÍNDICE GERAL
AGRADECIMENTOS ............................................................................................................................ V
ÍNDICE GERAL.....................................................................................................................................IX
ÍNDICE DE FIGURAS ........................................................................................................................ XIII
ÍNDICE DE TABELAS ...................................................................................................................... XVII
SIMBOLOGIA .................................................................................................................................... XIX
LISTA DE ABREVIATURAS .............................................................................................................. XXI
CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 1
1.1 Contexto temático ..................................................................................................................... 1
1.2 Objectivo .................................................................................................................................... 4
1.3 Estrutura do documento ........................................................................................................... 5
CAPÍTULO 2 CIRCULAÇÕES ATMOSFÉRICAS ................................................................................. 7
2.1 Hidrodinâmica da Atmosfera ................................................................................................... 8
2.1.1 Força de Coriolis ................................................................................................................... 9
2.1.2 Velocidade Geostrófica ....................................................................................................... 10
2.2 Escoamento na Camada Limite .............................................................................................. 11
2.2.1 Conceito de rugosidade ...................................................................................................... 12
2.2.2 Direcção da velocidade do vento ....................................................................................... 13
2.2.3 Velocidade do Vento ........................................................................................................... 14
2.2.3.1 Velocidade média ...................................................................................................................... 16
2.2.3.2 Parcela aleatória da velocidade ............................................................................................... 17
CAPÍTULO 3 CONCEITOS DE MECÂNICA DE FLUÍDOS ................................................................ 19
3.1 Caracterização de estados fluidos .......................................................................................... 19
3.1.1 Lei dos gases ideais (Equação de estado).......................................................................... 19
3.1.2 Primeira lei da Termodinâmica ......................................................................................... 19
3.1.3 Equação da Continuidade ................................................................................................... 20
3.1.4 Equações de movimento – Euler e Navier-Stokes ............................................................ 20
3.1.5 Escoamentos Laminares e Turbulentos ............................................................................ 22
3.2 Estatística da Turbulência ...................................................................................................... 23
3.2.1 Formulação geral da turbulência ....................................................................................... 23
3.2.2 Teorema ergódico ............................................................................................................... 24
x
3.2.3 Hipótese congelada de Taylor ............................................................................................ 24
3.2.4 Formulação da intensidade da turbulência....................................................................... 25
CAPÍTULO 4 ESCOAMENTO EM TORNO DE EDIFÍCIOS ............................................................... 27
4.1 Forças resultantes da interacção vento-estrutura ................................................................ 27
4.2 Coeficientes de Força e Pressão ............................................................................................. 28
4.3 Características do escoamento ............................................................................................... 28
4.3.1 Efeito do número de Reynolds ........................................................................................... 29
4.4 Forças e pressões flutuantes .................................................................................................. 30
4.4.1 Flutuações induzidas pelo obstáculo e formação de turbilhões ...................................... 30
4.5 Escoamento Tridimensional ................................................................................................... 35
CAPÍTULO 5 ACÇÃO DO VENTO EM EDIFÍCIOS ALTOS ............................................................... 37
5.1 Introdução................................................................................................................................ 37
5.2 Hipótese Quase-Estacionária .................................................................................................. 38
5.3 Quantificação de pressões e forças flutuantes num edifício ................................................ 40
5.4 Resposta de fundo e resposta ressonante ............................................................................. 42
5.5 Modelos de caracterização da acção longitudinal do vento ................................................. 43
5.5.1 Contextualização e Generalidades ..................................................................................... 43
5.5.2 Método DGLF (Displacement Gust Load Factor) .............................................................. 44
5.5.3 Método MGLF (Moment Gust Load Factor) ....................................................................... 50
5.5.4 Factor de Resposta Dinâmico – DRF .................................................................................. 54
5.5.5 Combinação Linear das componentes de Fundo e de Ressonância ................................ 55
5.6 Modelos para caracterização da acção transversal e de torção do vento .......................... 58
5.6.1 Efeito lateral e de torção do vento – Factores de Rajada ................................................. 58
5.6.2 Quantificação do desprendimento de turbilhões ............................................................. 61
5.6.2.1 Modelos lineares e não lineares de Scanlan ............................................................................ 61
5.6.2.2 Modelo 3D de Vickery & Basu .................................................................................................. 62
5.7 Túnel de Vento ......................................................................................................................... 64
5.8 Computação dinâmica de fluido ............................................................................................. 65
CAPÍTULO 6 ABORDAGEM PROPOSTA ........................................................................................ 67
6.1 Geração de séries sintéticas de vento .................................................................................... 68
6.1.1 Introdução ........................................................................................................................... 68
6.1.2 Formulação de Séries de Vento num ponto ...................................................................... 68
6.1.3 Formulação de Séries com variabilidade espacial ............................................................ 72
6.1.4 Processo vectorial ............................................................................................................... 75
6.2 Escoamentos potenciais em torno de um edifício ................................................................ 76
6.2.1 Soluções do escoamento potencial .................................................................................... 77
xi
6.2.2 Método dos Painéis ............................................................................................................. 81
6.3 Vibrações aeroelásticas e desprendimento de vórtices ....................................................... 89
6.4 Método dinâmico de análise ................................................................................................... 92
6.5 Estrutura do programa de cálculo ......................................................................................... 94
CAPÍTULO 7 VIBRAÇÃO DE EDIFÍCIOS ALTOS ............................................................................ 95
7.1 Comportamento estrutural ..................................................................................................... 96
7.2 Avaliação do conforto no interior de edifícios altos ............................................................. 97
7.2.1 Evolução dos modelos ........................................................................................................ 97
7.2.2 Métodos regulamentares .................................................................................................... 99
7.3 Minimização das vibrações estruturais – Sistemas estruturais ......................................... 101
7.3.1 Alterações ou adição de elementos estruturais .............................................................. 101
7.3.2 Alterações geométricas dos edifícios............................................................................... 102
7.3.3 Adição de elementos dissipadores - amortecedores ...................................................... 102
7.3.3.1 Amortecedores Passivos ........................................................................................................ 103
7.3.3.2 Amortecedores Activos .......................................................................................................... 104
7.3.3.3 Amortecedores Híbridos (HMDs) .......................................................................................... 104
7.3.3.4 Amortecedores Semi-Activos ................................................................................................. 105
7.4 Optimização de sistemas TMD sob a excitação do vento ................................................... 105
CAPÍTULO 8 MÉTODOS PROPOSTOS NOS REGULAMENTOS INTERNACIONAIS .................... 109
8.1 Introdução.............................................................................................................................. 109
8.2 Descrição das características do vento ................................................................................ 110
8.2.1 Velocidade Básica do Vento.............................................................................................. 110
8.2.2 Comportamento médio do vento ..................................................................................... 111
8.3 Intensidade da turbulência ................................................................................................... 112
8.4 Função espectral do vento, Escalas de Comprimento de Turbulência e Correlação da
estrutura do vento .............................................................................................................................. 113
8.5 Quantificação da Acção de Rajada do Vento (GLF) ............................................................. 114
CAPÍTULO 9 CASO DE ESTUDO ................................................................................................... 117
9.1 Descrição do caso de estudo ................................................................................................. 117
9.2 Caracterização dinâmica do edifício .................................................................................... 118
9.3 Caracterização da acção pelo EC 1-4 .................................................................................... 119
9.3.1 Acção Longitudinal – MGLF .............................................................................................. 119
9.3.2 Acção Transversal – Desprendimento de turbilhões (Anexo EC 1-4) ........................... 120
9.3.2.1 Deslocamento máximo devido a vibrações transversais ..................................................... 121
9.3.2.2 Forças de desprendimento dos turbilhões ........................................................................... 123
9.4 Caracterização da acção pela abordagem proposta ............................................................ 123
9.4.1 Interface Gráfica do Programa e dados de Input ............................................................ 123
xii
9.4.2 Caracterização da acção.................................................................................................... 124
9.4.3 Caracterização da Resposta .............................................................................................. 125
9.4.3.1 Forças e Esforços .................................................................................................................... 125
9.4.3.2 Deslocamentos e Acelerações ................................................................................................ 126
9.5 Variação da geometria .......................................................................................................... 131
9.6 Alguns Exemplos de Edifícios Existentes ............................................................................ 132
9.6.1 Burj Dubai .......................................................................................................................... 132
9.6.2 Taipei 101 .......................................................................................................................... 134
CAPÍTULO 10 CONCLUSÕES .......................................................................................................... 137
CAPÍTULO 11 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 141
ANEXOS ................................................................................................................................................. I
A.1 Resposta de Sistemas Estruturais a Acções Periódicas ........................................................... I
A.2 Algoritmo FFT ......................................................................................................................... VIII
A.3 Fundamentos da teoria de variáveis aleatórias ...................................................................... X
xiii
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1-1 - Zona de acção do espectro do vento e espectro do sismo (Natural Hazard Laboratory -
Web) ................................................................................................................................................................................................. 1
Figura 1-2 – Diagrama comparativo da distribuição de forças em altura para: (a) cargas
permanentes (b) resultantes da acção do vento ........................................................................................................... 2
Figura 2-1 - Pressões verticais numa massa elementar de ar ................................................................................ 8
Figura 2-2 - Direcção da resultante do gradiente de pressões ............................................................................... 8
Figura 2-3 - Movimento aparente das partículas de ar devido à rotação da terra (Holmes J. D., 2007)
............................................................................................................................................................................................................. 9
Figura 2-4 - Evolução das resultantes de forças exercidas no escoamento atmosférico (Simiu &
Scanlan, Wind Effects on Structures, 1996) ................................................................................................................. 10
Figura 2-5 - Relações da velocidade média e turbulência em altura (Nepf, 2002) ..................................... 12
Figura 2-6 - Influência da textura da superfície no escoamento (Nepf, 2002) ............................................. 13
Figura 2-7 - Comportamento vectorial (em espiral) da velocidade do vento no interior da camada
limite (Holmes J. D., 2007) ................................................................................................................................................... 14
Figura 2-8 - Registo variável da velocidade do vento no domínio do tempo (Simiu & Scanlan, Wind
Effects on Structures, 1996)................................................................................................................................................ 15
Figura 2-9 - Comportamento aleatório da velocidade no domínio da altura z (Bulletin D'Information
N 209 - Vibration Problems in Structures) ................................................................................................................... 15
Figura 3-1 - Transição entre escoamentos laminares e turbulentos. Formação de turbilhões (Nepf,
2002) ............................................................................................................................................................................................. 22
Figura 4-1 – Forças resultantes da interacção do escoamento-estrutura em torno de um corpo ...... 27
Figura 4-2 – Zonas de separação do escoamento em torno de formas rectangulares .............................. 28
Figura 4-3 – Comportamento típico do coeficiente de arrastamento em função do número de
Reynolds (Simiu & Scanlan, Wind Effects on Structures, 1996) ......................................................................... 29
Figura 4-4 - Formação da estrada de von Karman num escoamento que atravessa uma secção
circular .......................................................................................................................................................................................... 31
Figura 4-5 – Regimes de escoamento em torno de um cilindro (Holmes J. D., 2007) .............................. 31
Figura 4-6 – Comportamento das velocidades de escoamento e frequências de desprendimento de
vórtices durante o fenómeno de “lock-in” (Bachman, Ammann, Deischl, & Eisenmann, 1994)........... 33
xiv
Figura 4-7 – Variação do número de Strouhal com o número de Reynolds para uma secção circular
(Holmes J. D., 2007) ................................................................................................................................................................ 33
Figura 4-8 – Sub-regimes de escoamento em regime de transição (Holmes J. D., 2007) ........................ 34
Figura 4-9 – Escoamento tridimensional esquemático em torno de obstáculos (Pinheiro, 2004). .... 35
Figura 5-1 – Diagrama de um corpo esbelto em consola, dividido em N secções transversais
(Pinheiro, 2004). ...................................................................................................................................................................... 40
Figura 5-2 – Função de densidade espectral de resposta de uma estrutura com resposta ressonante
significante (Hu, 2006) .......................................................................................................................................................... 42
Figura 5-3 – Diagrama ilustrativo das correlações de acções em torno de uma estrutura sob acção
longitudinal do vento ............................................................................................................................................................. 48
Figura 5-4 – Diagrama comparativo da metodologia do modelo DGLF e MGLF (Kareem & Zhou, Gust
Loading Factor: New Model, 2001) .................................................................................................................................. 52
Figura 5-5 – Exemplo de aplicação de CFD a uma edifício de secção quadrada – Escoamento no
plano X-Z (esquerda) e distribuição de pressões (direita) (Mendis, Ngo, Haritos, & Hira, 2007) ....... 65
Figura 5-6 – Exemplo de aplicação de CFD a um edifício de secção quadrada – Escoamento no plano
X-Y (esquerda) e comparação com linhas equipotenciais teóricas (direita) (Mendis, Ngo, Haritos, &
Hira, 2007) .................................................................................................................................................................................. 66
Figura 6-1 – Diagrama de forças de um corpo imerso num escoamento com velocidade �∞ .............. 67
Figura 6-2 – Soluções das equações de escoamento potencial: (a) Escoamento uniforme (b) Campo
de Fonte (c) Vórtice ................................................................................................................................................................ 77
Figura 6-3 – Diagrama resultante da combinação do escoamento uniforme com o escoamento de
fonte ............................................................................................................................................................................................... 81
Figura 6-4 – Diagrama de forças de um corpo imerso num escoamento com velocidade �∞ .............. 82
Figura 6-5 – Diagrama de tensões resultantes de um campo de vórtices ...................................................... 86
Figura 6-6 – Soluções da condição de Kutta ................................................................................................................ 88
Figura 6-7 - Esquema do modelo oscilador acoplado para vibrações induzidas pelo desprendimento
de vórtices ................................................................................................................................................................................... 90
Figura 6-8 - Esquema do modelo oscilador acoplado para vibrações induzidas pelo desprendimento
de vórtices ................................................................................................................................................................................... 92
Figura 6-9 - Posição geométrica do piso i no instante � = �0 + ∆�.................................................................... 93
Figura 6-10 - Estrutura do programa de cálculo da interacção vento-estrutura ........................................ 94
Figura 7-1 – Fenómenos dinâmicos induzidos pelo vento .................................................................................... 96
xv
Figura 7-2 – Ábaco de avaliação de conforto – Amplitude de deslocamento vs período (a) Critério de
sensibilidade dos ocupantes às acelerações do edifício (b) (Kilpatrick, 1996) ........................................... 98
Figura 7-3 – Distribuição dos limites de percepção da vibração do edifício. (Kilpatrick, 1996) ......... 98
Figura 7-4 – Acelerações toleráveis vs Número médio anual de tempestades (Davenport)
(Kilpatrick, 1996) .................................................................................................................................................................... 99
Figura 7-5 – Recomendações para avaliação da tolerância das vibrações induzidas pela acção do
vento (Isyumov, 1993) (Kilpatrick, 1996) ................................................................................................................. 100
Figura 7-6 – Ábaco tridimensional de avaliação da percepção das vibrações do edifício – Amplitude
de deslocamento, frequência e aceleração (Bachman, Ammann, Deischl, & Eisenmann, 1994) ....... 100
Figura 7-7 – Ilustração dos modelos de funcionamento das técnicas de amortecimento Passivo (a),
Semi-activo (b) e Activo (c) (Datta, 2003) ................................................................................................................. 103
Figura 7-8 – Sistemas estrutural de um edifício de M graus de liberdade com um TMD acoplado no
piso i+1 (Li, Cao, Li, Li, & Liu, 1999) ............................................................................................................................. 105
Figura 8-1 – Comparação das funções velocidade normalizada (a), intensidade da turbulência (b) e
densidade espectral (c) nos vários regulamentos – ASCE, AS1170, NBC, AIJ, EC1. ................................. 112
Figura 9-1 – Ilustração do caso de estudo ................................................................................................................. 117
Figura 9-2 – Principais modos de vibração do caso de estudo ......................................................................... 119
Figura 9-3 – Interface gráfica do software desenvolvido para resolução do modelo proposto ........ 124
Figura 9-4 – Variação da velocidade em altura de acordo com EC 1-4 (3s) ............................................... 124
Figura 9-5 – Diagrama ilustrativo de séries de vento aleatórias correlacionadas no espaço a z=0m
(a) z=100m (b) e z=200m (c) .......................................................................................................................................... 125
Figura 9-6 – Diagramas de esforços na base do edifício ao longo do tempo (a) momentos flectores
(b) esforços transversos .................................................................................................................................................... 126
Figura 9-7 – Diagramas de Deslocamentos no topo do edifício (z=200m) ao longo do tempo ......... 126
Figura 9-8 – Diagramas de Aceleração no topo do edifício (z=200m) ao longo do tempo .................. 126
Figura 9-9 – Valores registados de momentos na base em função da frequência de desprendimento
de turbilhões na esteira do edifício............................................................................................................................... 128
Figura 9-10 – Valores registados de momentos na base em função da frequência de desprendimento
de turbilhões na esteira do edifício............................................................................................................................... 129
Figura 9-11 – Variação da frequência óptima de vibração e do rácio de amortecimento do TMD em
função da massa do TMD ................................................................................................................................................... 130
Figura 9-12 – Ilustração da alteração à secção: arredondamento dos cantos ........................................... 131
xvi
Figura 9-13 – Comparação dos momentos na base do edifício, por efeito das forças longitudinais
para a secção quadrada e uma secção idêntica de cantos arredondados. ................................................... 132
Figura 9-14 – Torre Burj Dubai (a) Modelo de estudo em túnel de vento (b) Fotomontagem do
edifício ....................................................................................................................................................................................... 133
Figura 9-11 – Torre Taipei 101 (a) Modelo de estudo em túnel de vento (b) Fotografia do edifício
....................................................................................................................................................................................................... 134
Figura 9-12 – Ilustração da optimização da secção transversal do edifício para efeitos do vento .. 134
Figura 9-13 – Ilustração do TMD aplicado nos pisos superiores do Taipei 101....................................... 135
xvii
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 2-1 - Definição das escalas das circulações atmosféricas (Simiu & Scanlan, Wind Effects on
Structures, 1996) ........................................................................................................................................................................ 7
Tabela 5-1– Tabela resumo das principais relações dos métodos DGLF e MGLF ....................................... 54
Tabela 6-1– Parâmetros do desprendimento de vórtices ..................................................................................... 91
Tabela 7-1 – Sistemas de amortecimento passivo com dissipação indirecta de energia ..................... 103
Tabela 7-2 – Sistemas de amortecimento passivo com dissipação directa de energia ......................... 104
Tabela 7-3 – Sistemas de amortecimento activo .................................................................................................... 104
Tabela 8-1 – Tempos médios nos diferentes regulamentos .............................................................................. 110
Tabela 8-2 – Coeficientes de definição dos perfis de vento segundo os vários regulamentos
“padronizados”....................................................................................................................................................................... 112
Tabela 8-3 – Coeficientes para definição do perfil da intensidade de turbulência de acordo com os
vários regulamentos ............................................................................................................................................................ 113
Tabela 8-4 – Funções de densidade espectral do vento de acordo com os vários regulamentos ..... 113
Tabela 8-5 – Definição do Factor de rajada –GLF- de acordo com os vários regulamentos ................ 115
Tabela 9-1 – Descrição do Caso de Estudo ................................................................................................................ 117
Tabela 9-2 – Caracterização dinâmica do caso de estudo – Modos de vibração e participações
modais ........................................................................................................................................................................................ 118
Tabela 9-3 – Aplicação do MGLF de acordo com o EC 1-4 .................................................................................. 120
xix
SIMBOLOGIA
- grandeza angular
- função de campo de vórtices
� - circulação
� - espessura da camada limite
� - coeficiente de amortecimento
�� - espessura da subcamada laminar do escoamento
� - coeficiente de amortecimento
� - distância angular
� - comprimento de onda
� - função de campo de fonte
ν - viscosidade cinemática
� - vorticidade
� - massa volúmica do ar
�� - desvio padrão da função �
� - tensão de corte
�� - tensão de corte na camada de superfície
φ - função potencial
Φ - função de forma modal � - função deslocamento
� - velocidade angular
������, ���
� �, ����!� - gradientes de pressão
A – área de um elemento ou corpo
B - factor de fundo
"# - Coeficiente de pressão
"$, "$% - Coeficiente de sustentação
"# - Coeficiente de direccionalidade
"% - Coeficiente de exposição
"& - Coeficiente de importância
"' - Coeficiente de retorno
D - componente de arrastamento do vento
xx
G - aceleração da gravidade
( - velocidade geostrófica
) - constante de von Karman
* - número de onda
+ - pressão do ar atmosférico
L - componente de sustentação do vento
,! - Comprimento de turbulência
-, . - massa
-/ - quantidade de movimento
M - momento induzido pelo vento
n - vector normal
0& - frequência do modo de vibração i
1 - raio de curvatura
r - vector de deslocamentos
2 - constante universal dos gases (Rayleigh)
2 - factor de ressonância
2� - autocorrelação da função x
23 - número de Reynolds
4, 6 - distâncias lineares
6� - função densidade espectral
6� - número de Strouhal
67 - número de Scruton
t - variável tempo
T - amostra de tempo
"v" , u, w - velocidades lineares instantâneas
V, U, W - velocidades lineares médias
xxi
LISTA DE ABREVIATURAS
BEWSL – “Background Equivalent Wind Static Loading”/Carregamento Estático
Equivalente de fundo
DGLF – “Displacement Gust Loading Factor”/Factor de Rajada do Deslocamento
DRF – “Dynamic Response Factor”/Factor de resposta dinâmica
ESWL – “Equivalent Static Wind Loading”/Carregamento Estático Equivalente do Vento
GLF – “Gust Loading Factor”/Factor de Rajada
HFBB – “High Frequency Base Balance”
LRC – “Load Response Correlation”/Factor de correlação carregamento-resposta
MGLF – “Moment Gust Loading Factor”/Factor de Rajada do Momento na Base
REWSL – “Resonant Equivalent Wind Static Loading”/Carregamento Estático Equivalente
de Ressonância
Capítulo 1
INTRODUÇÃO
1.1 Contexto temático
A construção dos edifícios altos remonta ao
exactamente edifício alto ou “arranha
muito genérica que um edifício seja considerado alto a partir dos 35m e um “arranha
a partir dos 150m de altura. No domínio da engenharia de estruturas e nomeadamente
neste documento, considera-se um edifício alto sempre que a acção condicionante no seu
cálculo é o vento.
São diversos os motivos que têm
simbolismo de hegemonia e poder e
grandes metrópoles têm levado a que nas últimas décadas a construção de edifícios em
altura ganhou especial destaque.
investigadores na área da engenharia de edifícios altos.
Figura 1-1 - Zona de acção do espectro do vento e espectro do sismo
Acção e Efeitos do Vento em Edifícios Altos
Contexto temático
A construção dos edifícios altos remonta ao início do século XX. É difícil definir
ou “arranha-céus”, contudo é normalmente aceite de uma forma
muito genérica que um edifício seja considerado alto a partir dos 35m e um “arranha
a partir dos 150m de altura. No domínio da engenharia de estruturas e nomeadamente
se um edifício alto sempre que a acção condicionante no seu
São diversos os motivos que têm conduzido o homem à construção em altura, contudo
simbolismo de hegemonia e poder e a necessidade de rentabilização dos terreno
têm levado a que nas últimas décadas a construção de edifícios em
ganhou especial destaque. Desde então, são reconhecidos inúmeros esforços de
engenharia de edifícios altos.
Zona de acção do espectro do vento e espectro do sismo (Natural Hazard Laboratory
do Vento em Edifícios Altos
É difícil definir
céus”, contudo é normalmente aceite de uma forma
muito genérica que um edifício seja considerado alto a partir dos 35m e um “arranha-céus”
a partir dos 150m de altura. No domínio da engenharia de estruturas e nomeadamente
se um edifício alto sempre que a acção condicionante no seu
o homem à construção em altura, contudo o
terrenos das
têm levado a que nas últimas décadas a construção de edifícios em
são reconhecidos inúmeros esforços de
(Natural Hazard Laboratory - Web)
Capítulo 1 – Introdução
Todos os domínios têm vindo a ser aprofundados e
concepção, construção, bem como nas novas tecnologias que definem um papel crucial na
monitorização deste tipo de estruturas.
No domínio das acções, o vento
resposta dos edifícios altos sob acção do vento é uma área da engenharia d
anos de investigação.
A grande extensão em altura
carga horizontal torna a estabilização lateral
partir de um determinado nível acima do solo, a distribuição de forças horizontais
se geralmente o factor condicionante para o cálculo dos elementos estruturais.
Relativamente ao sismo, que por regra é a acção condicionante para os edifícios mais
baixos, o vento como acção horizontal
acordo com a Figura 1-1, é facilmente compreensível que
frequências baixas, característica comum a todos os edifícios esbeltos, o vento seja
condicionante. Na realidade, quando
de frequências do vento, resultam
ressonância. Não obstante, recorrendo
conjunto de forças horizontais
proporcional ao quadrado desta dimensão, enquanto a resultante das cargas permanentes
da estrutura varia linearmente com a
Figura 1-2 – Diagrama comparativo da distribuição de forças em altura
Todos os domínios têm vindo a ser aprofundados e desenvolvidos, desde a acção,
como nas novas tecnologias que definem um papel crucial na
monitorização deste tipo de estruturas.
o vento assume naturalmente grande destaque. A previsão da
resposta dos edifícios altos sob acção do vento é uma área da engenharia do vento com 40
extensão em altura dos edifícios e, por consequência, a sua susceptibilidade à
a estabilização lateral um factor determinante no seu projecto
partir de um determinado nível acima do solo, a distribuição de forças horizontais
se geralmente o factor condicionante para o cálculo dos elementos estruturais.
Relativamente ao sismo, que por regra é a acção condicionante para os edifícios mais
como acção horizontal assume um papel quase sempre domina
é facilmente compreensível que, para estruturas flexíveis com
frequências baixas, característica comum a todos os edifícios esbeltos, o vento seja
quando a frequência natural do edifício se aproxima da gama
do vento, resultam na grande maioria dos casos fenómenos de
Não obstante, recorrendo às leis de equilíbrio estático, é evidente
s horizontais distribuídas em altura resultam num momento
drado desta dimensão, enquanto a resultante das cargas permanentes
linearmente com a altura.
Diagrama comparativo da distribuição de forças em altura para: (a) cargas permanentes
resultantes da acção do vento
desde a acção,
como nas novas tecnologias que definem um papel crucial na
grande destaque. A previsão da
o vento com 40
eptibilidade à
seu projecto. A
partir de um determinado nível acima do solo, a distribuição de forças horizontais torna-
Relativamente ao sismo, que por regra é a acção condicionante para os edifícios mais
assume um papel quase sempre dominante. De
para estruturas flexíveis com
frequências baixas, característica comum a todos os edifícios esbeltos, o vento seja
natural do edifício se aproxima da gama
na grande maioria dos casos fenómenos de
evidente que um
num momento
drado desta dimensão, enquanto a resultante das cargas permanentes
cargas permanentes (b)
Acção e Efeitos do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 3
As estruturas tendem a ser cada vez mais leves e mais altas, como tal mais flexíveis e
susceptíveis a grandes amplitudes de deslocamento dos pisos superiores. Por isso, e cada
vez mais, é importante conhecer os efeitos da acção do vento para análises de estados
limites últimos, bem como estados limites de serviço.
O dimensionamento em serviço dos edifícios altos é bastante particular. Procura-se
habitualmente evitar não só danos estruturais, danos materiais da fachada, danos em
objectos interiores susceptíveis de movimento bem como garantir o conforto dos
ocupantes do edifício.
O crescimento em número e em altura das estruturas, que se tem vindo a espalhar um
pouco por todo o mundo, prima pela economia das soluções adoptadas. Do ponto de vista
estrutural e nomeadamente aquele que está directamente ligado à acção do vento, torna
importante dominar o comportamento de uma estrutura imersa num escoamento de
vento, facilitando o processo de decisão durante a fase de concepção do edifício. A
evolução desta ciência tem contribuído para que nos últimos anos se venha a assistir a
uma crescente preocupação de arquitectos e engenheiros na definição de formas simples e
aerodinâmicas, permitindo a diminuição de custos de construção e custos colaterais
durante a vida útil dos edifícios, conseguindo, no entanto, soluções apelativas sem
qualquer prejuízo.
As soluções aerodinâmicas são ainda aplicadas em casos pontuais, contudo num futuro
breve serão necessariamente contemplados todos os problemas da interacção estrutura-
-vento na concepção da forma do edifício.
A aerodinâmica de veículos, sobretudo de aviões, é uma ciência já muito desenvolvida com
processos simples ou complexos que permitem realizar análises de formas sobre a acção
do vento. Estes modelos encontram-se particularmente bem desenvolvidos na bibliografia
da especialidade quando aplicados a estruturas finas, como são exemplo as asas de aviões.
Interessa, por isso, criar uma analogia limitada pela diferença de domínios de análise entre
asas de aviões e um edifício em altura, investigando de que modo tais ferramentas podem
contribuir para a previsão dos campos de esforços e deslocamentos instalados num
edifício.
A análise da resposta de uma determinada estrutura é determinada através de
formulações teóricas, algoritmos numéricos, testes em túnel de vento ou aplicação de
regulamentos. Uma dominante na engenharia do vento moderna é que a utilização de
Capítulo 1 – Introdução
4 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
apenas um destes métodos é insuficiente, sendo comum a utilização conjunta de vários
métodos.
Os métodos teóricos e numéricos definem geralmente as bases de desenvolvimento do
modelo estrutural dos edifícios. Entre formulações teóricas e a abordagem experimental
existe um patamar intermédio onde interessa desenvolver uma análise de concepção onde
se consiga definir um conjunto de parâmetros geométricos e estruturais optimizando o
modelo posteriormente analisado em túnel de vento.
Do ponto de vista económico, este procedimento também é bastante vantajoso já que o
procedimento em túnel de vento é habitualmente moroso e bastante dispendioso
comparativamente com outros métodos. Atente-se porém que com esta ferramenta
auxiliar não se procura substituir nem inviabilizar a análise posterior em túnel de vento,
mas sim aumentar o sucesso da análise experimental numa fase mais avançada e poder
acelerar o processo de concepção. Do ponto de vista de aplicabilidade, uma ferramenta
com este objectivo deve ser facilmente acessível e intuitiva para os utilizadores comuns no
meio do projecto.
1.2 Objectivo
Pode-se considerar como principal objectivo desta tese estudar e descrever um conjunto
de informação e ferramentas de utilidade em qualquer análise de vento em edifícios
esbeltos bem como para estudos futuros.
Procura-se igualmente desenvolver uma ferramenta útil à metodologia de concepção de
edifícios altos devidamente sustentada num conjunto de pressupostos e teorias há muito
desenvolvidos no domínio da mecânica de fluidos e aerodinâmica, aplicados à dinâmica
estrutural.
Comparam-se os resultados obtidos pela aplicação desta ferramenta com os resultados
obtidos da aplicação dos regulamentos internacionais mais comuns neste tipo de
caracterização. Para isto, utiliza-se como caso de estudo um edifício em projecto com 50
pisos e 200 metros de altura.
Acção e Efeitos do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 5
1.3 Estrutura do documento
A estrutura deste trabalho encontra-se dividida em dez capítulos, incluindo a presente
introdução.
No segundo capítulo abordam-se os conceitos básicos do vento como circulação
atmosférica e as principais leis da mecânica dos fluidos. O terceiro capítulo é dedicado à
descrição estatística da turbulência do vento.
No quarto capítulo procura-se caracterizar o escoamento em torno dos edifícios altos
enumerando conceitos e fenómenos de importância no domínio 2-D como 3-D.
O quinto e sexto capítulos descrevem métodos para quantificação da acção do vento. O
sexto capítulo em particular descreve a abordagem proposta deste trabalho. Este capítulo
enumera várias técnicas utilizadas na simulação pretendida no domínio do tempo.
No sétimo capítulo apresentam-se as principais problemáticas da vibração de estruturas
esbeltas como os edifícios altos e as suas consequências quer materiais quer humanas. São
enunciadas algumas técnicas para previsão dessas mesmas vibrações e os seus efeitos.
No oitavo capítulo, procura-se apresentar e comparar qualitativamente os regulamentos
considerados mais importantes na matéria.
No nono capítulo aplicam-se algumas metodologias abordadas ao longo do documento
procurando estabelecer algumas comparações quantitativas e qualitativas entre a
abordagem proposta e os principais métodos encontrados nas referências. Recorre-se ao
“Eurocode 1: Actions on structures - Part 1-4: General actions –Wind actions” (EC1) como
norma de referência.
Concilia-se todo o conhecimento demonstrado e desenvolvido anteriormente com a
aplicação do caso de estudo aos vários modelos apresentados nos capítulos anteriores.
No décimo capítulo finaliza-se o trabalho apresentando-se as principais conclusões do
mesmo.
Acção e Efeitos do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 7
Capítulo 2
CIRCULAÇÕES ATMOSFÉRICAS
O termo “vento” é utilizado habitualmente para fazer referência à movimentação
aproximadamente horizontal de ar atmosférico.
A mecânica dos fluidos é a área da física que estuda o comportamento dos gases (e
líquidos). No domínio desta disciplina, as circulações atmosféricas são habitualmente
governadas pelos seus princípios e equações fundamentais. Desde que estes fenómenos
são considerados macroscópicos, um fluido é então entendido como um meio contínuo.
Assim sendo, um elemento de fluido deve ser definido como uma parte infinitamente
pequena em relação ao meio, no entanto, deve ainda conter um elevado número de
moléculas.
Dada a grande variedade de factores que estão na origem da circulação do ar atmosférico,
define-se no referencial espaço e tempo a circulação do ar como resultante da
sobreposição de vários escoamentos de diversas escalas espaciais no domínio dos
milímetros aos milhares de quilómetros e temporais das horas aos dias.
Na meteorologia, ciência que estuda os estados e previsão das condições atmosféricas, os
fenómenos de circulação atmosférica são repartidos em três classes de acordo com a
Tabela 2-1.
Classes Escala geográfica Escala temporal
Microescala <20km <1 hora
Mesoescala 20 km <...<500 km 1 hora<...<2 dias
Escala Sinóptica >500km >2 dias
Tabela 2-1 - Definição das escalas das circulações atmosféricas (Simiu & Scanlan, Wind Effects on Structures, 1996)
Procura-se, neste capítulo, apresentar os princípios fundamentais e principais leis da
mecânica de fluidos bem como estabelecer uma relação com a hidrodinâmica da
atmosfera.
Capítulo 2 – Circulações atmosféricas
8 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
2.1 Hidrodinâmica da Atmosfera
Na atmosfera, o movimento de uma massa elementar de ar é governada pela 2ª Lei de
Newton, podendo a relação entre acelerações, massa e forças aplicadas ser definida pela
expressão 8 = -9.
Considere-se um elemento de ar atmosférico sujeito a uma variação de pressão linear. O
volume é definido por um elemento :� :;:< cuja acção da pressão pode ser representada
de acordo com a Figura 2-1.
Figura 2-1 - Pressões verticais numa massa elementar de ar
Considerando o volume elementar isolado de qualquer outra força, a força resultante por
unidade de volume será – ����!� ou simplesmente – ���
�!� :�:;:<. Em condições idênticas, o
mesmo se passará em � e ;, onde resultará – ������ e – ���
� �, respectivamente.
Estas variações, denominadas gradientes de pressão, estão na origem do movimento do ar
que na ausência de outras forças se dá perpendicularmente às isolinhas de pressão, da
zona de maior pressão em direcção à zona de menor pressão de acordo com a Figura 2-2.
Figura 2-2 - Direcção da resultante do gradiente de pressões
Pressão Alta
Pressão Baixa
Direcção da resultante do gradiente de pressões
Isobárica
n
z
x
y
dx
dz
dy
p dxdy
(p + >p/>z) >z dxdy
Acção e Efeitos do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 9
Quando se expande esta análise a uma massa de ar de grande extensão, a hipótese
simplificativa da não consideração de forças actuantes no ar além dos gradientes de
pressão é bastante limitada.
2.1.1 Força de Coriolis
Na ausência de qualquer outra força, o trajecto da massa de ar é linear. No entanto, para
um observador na Terra, o movimento de uma massa de ar atmosférico apresenta uma
trajectória curvilínea, cuja origem é justificada por uma força aparente associada à rotação
da terra, denominada a Força de Coriolis e definida por:
Fc = 2-Bv × ωF (2.1)
Na expressão da força deviatórica, - representa a massa de ar, v a velocidade do ar num
referencial que acompanha a rotação da terra e ω a velocidade de rotação da terra. Na
Figura 2-3 é representado o efeito da Força de Coriolis, onde, para um observador que
acompanha a rotação do meridiano, o vento afasta-se para Oeste ao longo do seu percurso
do Norte para o Equador.
Figura 2-3 - Movimento aparente das partículas de ar devido à rotação da terra (Holmes J. D., 2007)
Recorrendo à definição de produto externo, pode-se rescrever a expressão (2.1) na forma
escalar
Fc=Gmv (2.2)
G=2ω sin φ (2.3)
em que se define um novo parâmetro denominado de parâmetro de Coriolis, função este da
latitude ∅ do ponto onde se calcula a força deviatórica. A força aparente varia assim ao
w
Meridiano
N
P P'
Capítulo 2 – Circulações atmosféricas
longo da superfície terreste, sendo de notar que o sentido curvatura adquirida pela
trajectória de ar é contrário nos diferentes pólos terrestres.
O efeito das forças actuantes na massa elementar de ar (no caso do hemisfério Norte) é
representado na Figura 2-4. Inicialmente as partículas iniciam o movimento na direcção
do gradiente de pressão, variando a direcção do vector resultante por acção da força de
Coriolis, Fc. Este fenómeno dá-se até as duas forças atingirem o equilíbrio, instante esse
em que a massa de ar atmosférico atinge um regime constante. A circulação de ar
atmosférico define agora uma trajectória paralela às isolinhas de pressão.
Figura 2-4 - Evolução das resultantes de forças exercidas no escoamento atmosférico (Simiu & Scanlan, Wind Effects on
Structures, 1996)
2.1.2 Velocidade Geostrófica
Denomina-se por velocidade geostrófica ( a velocidade em regime equilibrado entre a
força derivada do gradiente de pressão e a força de Coriolis. Esta grandeza relaciona-se
com o gradiente de pressão por unidade de massa de acordo com a igualdade
2ωG sin ∅ = L = �� �M⁄O (2.4)
onde P representa a magnitude da força referida e � a densidade do ar .
No caso das isolinhas de pressão serem curvas, deverá ser contabilizada uma nova força
no jogo de equilíbrio dinâmico das partículas de ar. A força causadora dessa variação na
trajectória é habitualmente denominada de força centrífuga e actua perpendicularmente
às isobáricas actuando unicamente na direcção do vector velocidade (propriedade a qual é
inerente a qualquer força desta natureza).
Denomina-se por circulação ciclónica à movimentação de massa de ar em torno de um
ponto de baixa pressão e circulação anticiclónica ao movimento em torno de um ponto de
pressão alta.
Pressão Alta
Isobárica
Pressão BaixaP P P
Fca
Fcb Fc
Direcção estável
do vento
Acção e Efeitos do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 11
Quando verificada uma destas situações, a relação (2.4) deve contabilizar a influência da
força centrífuga tal que:
�P'G ± RSTU' = L = �� �M⁄
O (2.5)
onde �P' é denominada gradiente da velocidade do vento e é igual à velocidade geostrófica
G quando o raio de curvatura é igual a zero. O sinal positivo e negativo é definido
consoante o movimento seja ciclónico ou anticiclónico.
No Hemisfério Norte, para um raio de curvatura 1 finito a equação (2.5) tem como solução
para movimento ciclónico e anticiclónico, respectivamente, as seguintes expressões:
�P' = − 'WX + Y'
O���M + �'W
X �XZ[/X
(2.6)
�P' = + 'WX − Y'
O���M − �'W
X �XZ[/X
(2.7)
Destas equações conclui-se que para iguais valores de 1, G e ���M, os ventos anticiclónicos
são mais fracos do que os ventos ciclónicos.
2.2 Escoamento na Camada Limite
Quando o movimento de ar se dá na camada atmosférica em contacto com a superfície
terrestre, no domínio da troposfera, uma nova acção deverá ser contemplada. A superfície
terrestre provoca um efeito de fricção que retarda o movimento horizontal do vento. Este
efeito diminui em altura e é caracterizado por uma diminuição exponencial que converge
para �P' , como foi visto, a velocidade resultante do equilíbrio de acções no regime com
ausência de fricção. Nestas circunstâncias, o movimento é paralelo às isobáricas.
A zona de transição da atmosfera, na qual deixa de existir fricção da superfície terrestre, é
denominada de camada limite atmosférica e a altura que a caracteriza num determinado
local da superfície é representada por �.
O regime de escoamento de ar atmosférico estabelecido entre a superfície terrestre e a
camada limite, ℎ < � , é o regime que de facto importa estudar para efeitos de
dimensionamento de estruturas.
Capítulo 2 – Circulações atmosféricas
12 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
Procura-se, de seguida, abordar sucintamente as principais questões necessárias ao
comportamento do vento neste domínio.
2.2.1 Conceito de rugosidade
A influência da superfície de escoamento foi estudada por Nikuradse. Dos seus estudos
sobre superfícies arenosas foram registados dois comportamentos dominantes.
Considere-se as seguintes relações fundamentais para descrição do efeito da rugosidade
num escoamento, em que se toma a variável y como a função representativa da altura.
� = �_∗X⇔_∗ = aνB>_b/>;F c� (2.8)
�� = 5ν/_∗ (2.9)
Figura 2-5 - Relações da velocidade média e turbulência em altura (Nepf, 2002)
O termo _∗ designa-se de velocidade de corte e caracteriza a tensão de corte do
escoamento sobre a superfície de acordo com a relação (2.8) � é a tensão definida pela
seguinte relação constitutiva
� = �ν e�fg� h
c� (2.10)
�� por sua vez representa a espessura da sub-camada laminar do escoamento. Esta região
é caracterizada por uma diminuição brusca da turbulência que tende para zero sobre a
ijk = lm lg
y
s
lkno/lm 0.1
y
Acção e Efeitos do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 13
superfície. Na realidade, a turbulência é uma função decrescente em altura, ou por outras
palavras, decrescente quando se afasta da superfície. No entanto, verifica-se que, quando
um escoamento atinge distâncias muito pequenas relativamente à superfície, a turbulência
diminui bruscamente. A figura seguinte ilustra esta relação, fazendo um paralelismo entre
a variação da velocidade e a variação da turbulência do escoamento.
Se representarmos a dimensão característica da rugosidade da superfície por p, então o
número de Reynolds de rugosidade é definido pela expressão
23 = p_∗νq (2.11)
Nikuradse estabeleceu que, de uma forma simples, o escoamento pode ou não ser afectado
da rugosidade do solo.
Figura 2-6 - Influência da textura da superfície no escoamento (Nepf, 2002)
Quando a textura da superfície, caracterizada pela sua dimensão característica, é inferior à
espessura da sub-camada do escoamento então o escoamento acima da sub-camada não é
afectado pela rugosidade. Caso contrário, o escoamento será afectado. As condições da
primeira situação originam o que se chama escoamento turbulento liso. Nas condições
contrárias, tem-se um escoamento turbulento rugoso.
A Figura 2-6 generaliza as condições inerentes aos dois tipos de escoamentos.
2.2.2 Direcção da velocidade do vento
Considere-se dois escoamentos a diferentes altitudes na ausência de força centrífuga. Seja
A o ponto mais elevado e B o ponto mais próximo da superfícies terrestre.
Pode-se mostrar da expressão (2.2) que a força de Coriolis é função crescente da altura,
em virtude da relação do crescimento da velocidade do escoamento do ar. Por outro lado,
o ângulo entre a direcção do escoamento e a direcção paralela às linhas isobáricas diminui
em altura uma vez que a velocidade tende em altura para o movimento uniforme de
Capítulo 2 – Circulações atmosféricas
14 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
velocidade máxima �P' . Assim sendo, constata-se que a direcção do vento no domínio
interior da camada limite assume uma variação em altura que pode ser representada para
o Hemisfério Norte como na Figura 2-7.
Figura 2-7 - Comportamento vectorial (em espiral) da velocidade do vento no interior da camada limite (Holmes J. D., 2007)
A força de fricção assume maior intensidade na periferia do solo onde define o maior
ângulo r com as isolinhas de pressão. No limite, quando o escoamento atinge o valor �P' , a
força de fricção assume a direcção das isobáricas.
2.2.3 Velocidade do Vento
A constante alteração dos factores que originam as movimentações de ar atmosférico,
provocam uma variação bastante irregular da velocidade do vento abaixo da camada
limite. A formação de turbilhões no escoamento provoca flutuações na velocidade.
A ocorrência deste fenómeno e a formação dos turbilhões e sucessiva alteração das
condições de escoamento apresentam um comportamento aproximadamente aleatório.
Desta forma, é frequente recorrer-se a conceitos estatísticos para caracterização dos
escoamentos. Em teoria, o registo da variação de velocidade no tempo é contínuo.
Contudo, na prática, o tratamento computacional estatístico deste registo requer a sua
discretização em pontos finitos.
Vgr
�
Variação α da
direcção do vento
Acção e Efeitos do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 15
Figura 2-8 - Registo variável da velocidade do vento no domínio do tempo (Simiu & Scanlan, Wind Effects on Structures, 1996)
O registo da velocidade do vento no domínio do tempo assume de uma forma genérica a
forma apresentada na Figura 2-8.
Observa-se na Figura 2-9 que a velocidade é definida por variações aleatórias no tempo em
torno de um valor médio. Por isto, em (Bulletin D'Information N 209 - Vibration Problems
in Structures) é sugerida uma representação ilustrativa deste fenómeno no domínio da
altura. Posto isto, verifica-se que a aleatoriedade do fenómeno se expande do domínio do
tempo ao domínio espacial.
Figura 2-9 - Comportamento aleatório da velocidade no domínio da altura z (Bulletin D'Information N 209 - Vibration Problems in
Structures)
Em termos médios, o vento é caracterizado por uma velocidade crescente em altura. No
entanto, as flutuações do escoamento conduzem à consideração da sobreposição de duas
componentes.
u(z,t)
δ
z
vgr
z
u(z)
Velocidade do vento
Capítulo 2 – Circulações atmosféricas
16 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
_B<, �F = _bB<F + _sB<, �F (2.12)
A primeira componente de comportamento quase-estacionário é por isso apenas função
da altura ao solo e denomina-se de velocidade média do vento, _b. A segunda componente
de comportamento variável é por sua vez função também do tempo e como não contribui
para a média do vento é definida por um processo de média zero, como ilustrado na Figura
2-9. Note-se que esta componente apesar de irregular no interior da camada limite é
eliminada para alturas tais que ℎ > �, altura para a qual o regime atinge a velocidade �P'
em regime uniforme.
À soma das duas parcelas, _B<, �F chama-se velocidade de rajada. É esta velocidade que
importa caracterizar adequadamente para dimensionamento em estado limite último bem
como de serviço.
2.2.3.1 Velocidade média
Historicamente a primeira expressão representativa da componente média do vento _bB<F
sobre superfície horizontal homogénea foi a lei exponencial, definida em 1916 (Simiu &
Scanlan, Wind Effects on Structures, 1996).
_B<P[F = _B<PXF u!Sv!SU
wx
(2.13)
onde <P[ e <PX são as alturas nos pontos 1 e 2 e _ as respectivas velocidades médias, e r é
um factor que depende da rugosidade do terreno. A power law, termo utilizado nas
referências para esta lei, converge com valores constastes de r para alturas superiores à
espessura da camada limite � , o que implica
fy!Sz{ = �!S
| �| (2.14)
Por outro lado, Davenport assume que r é função unicamente de �, o que resulta numa
aproximação da mecânica do escoamento governada pelas equações da continuidade e da
2ª Lei de Newton.
Mais recentemente, outro tipo de abordagens que não relacionadas directamente com os
pressupostos supracitados permitiram chegar a outras expressões.
Acção e Efeitos do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 17
De acordo com (Simiu & Scanlan, Wind Effects on Structures, 1996), uma abordagem em
que se divide a camada limite em duas regiões, uma camada de superfície e uma camada
exterior através de uma análise adimensional e de algumas simplificações matemáticas
permite chegar à Lei Logarítmica
_bB<F = [} _∗ ln !
!� (2.15)
_∗ = ���O �[/X
(2.16)
Onde <� o comprimento de rugosidade, �� a tensão de corte na camada de superfície e ) a
constante de von Karman que assume geralmente o valor de 0,4.
Actualmente, existe um grande número de expressões propostas para a velocidade média
do vento. Os principais regulamentos mundiais adoptam geralmente expressões idênticas
que no entanto se individualizam nalguns parâmetros característicos.
2.2.3.2 Parcela aleatória da velocidade
A componente variável da velocidade dada a sua instabilidade com origem na turbulência
do vento é de natureza mais complexa do que a da componente média.
A turbulência é causada essencialmente pela existência de obstáculos naturais e artificiais
e é habitualmente representada em espectros para um largo domínio de frequências.
A velocidade do vento flutua no espaço e no tempo, o mesmo é dizer que num
determinado local é uma função aleatória do tempo e, por outro lado, num dado instante é
função aleatória da posição espacial.
As flutuações de velocidade num escoamento num ponto podem ser consideradas como a
sobreposição de inúmeros turbilhões transportados com a parcela média do vento. Cada
movimento turbilhonar pode ser caracterizado como um movimento periódico com
frequência angular � = 2�0, onde 0 representa a sua frequência. Por outro lado, o
movimento de um turbilhão tem um comportamento análogo ao de uma onda. Nestas
condições, o comportamento de onda de um movimento turbilhonar singular é descrito
pela seguinte relação � = � 0q , onde � representa a velocidade do vento e o respectivo
número de onda por * = 2� �q .
A descrição matemática desta componente da velocidade é tratada nos próximos capítulos.
Acção e Efeitos do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 19
Capítulo 3
CONCEITOS DE MECÂNICA DE FLUÍDOS
3.1 Caracterização de estados fluidos
Uma descrição matemática completa do estado de um fluido, nomeadamente um gás ideal
em movimento, é feita por meio da distribuição de velocidade _&c_&B�[, �X, ��, �F e de duas
quaisquer variáveis termodinâmicas, como, por exemplo, a pressão +B�[, �X, ��, �F e a
densidade ρB�[, �X, ��, �. Conhecidas estas variáveis, todas as quantidades termodinâmicas
são determinadas pelo conhecimento de qualquer duas delas, junto com a lei dos gases
ideais.
3.1.1 Lei dos gases ideais (Equação de estado)
A equação de estado para os gases ideais descreve adequadamente, na óptica da
engenharia civil, o estado dos gases na atmosfera e em experiências laboratoriais.
A forma mais comum desta lei é dada por:
+� = 02� (3.1)
Onde + é a pressão, � é o volume, � a temperatura do gás e 2 a constante universal dos
gases (2 = 287-X4�X*�[).
3.1.2 Primeira lei da Termodinâmica
A primeira lei da termodinâmica estabelece que o sistema possui uma energia interna �, a
qual é função das variáveis necessárias para especificar o estado do sistema.
Se o sistema é levemente perturbado e, entretanto, permanece muito próximo do
equilíbrio térmico, a quantidade de calor entrando através da fronteira que tem o volume
� é :�. O volume é, então, aumentado por :� contra uma pressão +. Assim, pode-se
escrever a variação na energia interna :� como
Capítulo 3 – Conceitos de mecânica dos fluídos
20 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
:� = :� − +:� (3.2)
3.1.3 Equação da Continuidade
A equação da continuidade estabelece que o decréscimo de massa no interior do volume
respeita a seguinte igualdade
− ��� � � :� = � �_�� . 0��:� (3.3)
A fórmula de Green permite relacionar um integral de superfície com o integral de volume,
tal que resulta a seguinte expressão conhecida como equação da continuidade
�O�� + ∇B�_��F = 0 (3.4)
Esta relação é válida tanto para fluidos ideais como viscosos. No entanto, é passível de
simplificação quando :� :�⁄ ≪ 1, resultando a seguinte simplificação da equação da
continuidade:
∇. _�� = 0 (3.5)
Esta simplificação define uma das propriedades mais importantes dos fluidos
incompressíveis. Na grande generalidade dos casos pode-se aplicar esta simplificação,
sendo que para casos concretos será conveniente que o fluido seja descrito
matematicamente como compressível.
3.1.4 Equações de movimento – Euler e Navier-Stokes
A resultante das pressões na superfície de um volume de controlo de fluido pode ser
transformada num integral de volume respeitando a seguinte igualdade
− � +0��:� = − � ���+:� (3.6)
Daqui se retira que uma força −���+ actua em cada elemento de fluido. Esta força é
habitualmente denominada de gradiente de pressão.
Acção e Efeitos do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 21
A equação de movimento de um fluido pode ser obtida igualando a força −���+ ao produto
da massa por unidade de volume pela aceleração que anima essa quantidade. Esta relação
não é mais do que a primeira lei de Newton.
� �f����� = −���+ (3.7)
A simplificação da derivada :_��/:� que diz respeito não à variação da velocidade do fluido
num ponto do espaço, mas sim à variação desse vector para um fluido em movimento no
espaço, permite transformar a equação (3.7) na equação de Euler, válida para fluidos não
viscosos.
�f����� + y_��. ∇���z_�� = − [
O ∇���+ (3.8)
Em fluidos não ideais, devido à viscosidade, ocorre dissipação de energia. A dissipação
deve-se à fricção interna e condução térmica entre moléculas. O processo dissipativo
resulta da irreversibilidade termodinâmica do movimento. Para obter as equações do
movimento dos fluidos viscosos é necessário incluir termos adicionais à equação.
A consideração de tais propriedades requer a introdução do termo da viscosidade η e da
viscosidade cinemática ν, relacionadas da seguinte forma ν = η ρ⁄ (Welter G. , 2006).
Considerando a introdução do tensor das tensões na equação (3.8), obtém-se a equação
generalizada de Navier-Stokes.
�& = −+�& + η �������
+ ������
� (3.9)
No caso das circulações atmosféricas, há que entrar em linha de conta com as acções
externas de origem térmica, mecânica ou mesmo a aceleração de Coriolis abordada no
próximo ponto. Considerando a resultante destas acções, o termo G& , a equação do
movimento para fluidos viscosos é definida por:
����� + u�
������
= − [O
�����
+ G& + ν∇Xu� (3.10)
Capítulo 3 – Conceitos de mecânica dos fluídos
3.1.5 Escoamentos Laminares e Turbulentos
Os escoamentos de fluidos são geralmente distinguidos entre dois tipos, laminares e
turbulentos. O primeiro é caracterizado por um comportamento determinístico enquanto
o segundo é abrupto e irregular no espaço e tempo. A transição entre os dois escoamentos
tem origem nas perturbações infinitamente pequenas. Tais perturbações resultam das
colisões intermoleculares que, dependendo do tipo de escoamento, são amplificadas
destabilizando o escoamento.
O número de Reynolds define habitualmente a transição entre os escoamentos para
valores entre os 2000 e 3000, dependendo estes valores do domínio considerado. Esta
razão unidimensional é definida como
23 = f�B�f�/���Fν.∇Uf�
(3.11)
Na grande generalidade dos casos, o número de Reynolds é simplificado de acordo com
23 = �,νq (3.12)
Nesta expressão U é uma velocidade característica do escoamento e L uma escala de
comprimentos característico.
Figura 3-1 - Transição entre escoamentos laminares e turbulentos. Formação de turbilhões (Nepf, 2002)
Acção e Efeitos do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 23
Na natureza e em laboratório, os escoamentos, nomeadamente o vento, são, na sua grande
maioria, turbulentos. Em túnel de vento, e concretamente no domínio da engenharia civil,
os escoamentos são caracterizados por 23~10 e na natureza na ordem de 23~10¡.
Importa, assim, enunciar um conjunto de propriedades relevantes dos escoamentos
turbulentos.
A turbulência é rotacional e dissipativa, ou seja, a energia mecânica do escoamento é
transformada em calor. A rotacionalidade é descrita matematicamente pela expressão
(3.13).
∇ × � = 0 (3.13)
A não linearidade do fenómeno de transferência de energia assume igual importância. Na
realidade, o comportamento do escoamento caracterizado pelo campo de velocidades não
pode ser conhecido rigorosamente, pelo que se adoptam análises estatísticas da
turbulência como um processo estocástico. Mesmo que possível o conhecimento desse
campo de velocidades, a complexidade e a dimensão do conjunto de dados seria
inaplicável no sentido computacional. Por fim, de realçar que a turbulência é um fenómeno
contínuo. Analogamente ao que já foi dito, na maior parte dos escoamentos a menor escala
significativa é muito maior do que as distâncias ou dimensões intermoleculares.
3.2 Estatística da Turbulência
3.2.1 Formulação geral da turbulência
O escoamento de um fluido incompressível é completamente determinado por um campo
de velocidade de forma solenoidal definido no domínio do espaço e tempo, _&B�[, �X, ��, �F.
O problema da turbulência é reduzido a uma distribuição de probabilidade que contemple
todos os graus de liberdade, nomeadamente as coordenadas de posição e quantidade de
movimento das moléculas num escoamento.
A dependência no tempo das distribuições do conjunto dos graus de liberdade das n
moléculas reflecte-se no campo de velocidade de acordo com as equações da mecânica dos
fluidos. De uma forma geral, as soluções dessas equações podem ser escritas
simbolicamente como
_&B�[, �X, ��, �F = �_&B�[, �X, ��, 0F (3.14)
Capítulo 3 – Conceitos de mecânica dos fluídos
24 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
onde Τ� define um operador não linear. Analogamente, relaciona também as distribuições
de probabilidade com a distribuição inicial.
Assim se percebe facilmente que o problema da turbulência é um problema da evolução de
um espaço com determinadas condições inicias.
A turbulência é geralmente descrita através de expressões do tipo exponencial, à
semelhança do que se passa com a função velocidade média. Os parâmetros de ajuste desta
função são função das condições locais sendo geralmente experimentais.
3.2.2 Teorema ergódico
O teorema ergódico estabelece que à medida que o tempo de média T cresce, a variância
em torno da média da variável diminui. Posto isto, ao realizar-se a média de um processo
�B�F durante um tempo finito, então a variância desta média sobre a média calculada
deverá tender para zero à medida que o tempo de medida cresce. Por outras palavras,
desde que T seja suficientemente grande, pode-se usar médias temporais, ou espaciais em
substituição da definição estatística de média.
�ξX = ¢£[¤ � �B� + �sF:�s − ¢�B�F¥¤
� ¦¥ (3.15)
Estatisticamente demonstra-se que a expressão (3.15) (3.15) tende para 0 quando T
se aproxima de infinito.
3.2.3 Hipótese congelada de Taylor
Dada a grande dificuldade da realização de medidas espaciais, a hipótese congelada de
Taylor permite que as medidas temporais num ponto fixo possam ser convertidas em
medidas espaciais num instante fixo de tempo em escoamento estacionário.
Taylor postulou que se a velocidade média do vento �g for suficientemente grande, então
as propriedades estatísticas da turbulência não terão tempo de mudar à medida que os
turbilhões passam num ponto. Esta hipótese é representada por:
¢��fv�� �X¥ = �X ¢��fv
��v�X¥ (3.16)
Acção e Efeitos do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 25
tendo um campo de velocidade turbulenta _& movendo-se na direcção de U, tal que um
sinal medido num ponto fixo será _&�B�[ − �g�, �X, ��, �F. Ou seja, de acordo com esta
simplificação os vórtices estão fixos ou congelados no escoamento médio, não alterando as
suas propriedades ao longo do tempo.
Em geral, a hipótese é admitida quando se verifica a seguinte desigualdade.
§¨©g < 0.5 (3.17)
As limitações desta hipótese são apresentadas por Panofsky & Dutton (Panofsky & Dutton,
1984).
3.2.4 Formulação da intensidade da turbulência
A intensidade da turbulência é definida pelo rácio do desvio padrão da função velocidade
do vento para cada componente flutuante em relação ao valor médio . Desta forma
definem-se para as direcções longitudinal, transversal e vertical, de acordo com as três
direcções do vento, as seguintes relações
ªf = �f �g⁄ (3.18)
ª« = �« �g⁄ (3.19)
ª¬ = �¬ �g⁄ (3.20)
Medições efectuadas junto ao solo permitem verificar que �f = 2,5. _∗, onde _∗ é definida
a velocidade de fricção. Desta forma pode-se definir a intensidade da turbulência através
da seguinte equação (Holmes J. D., 2007),
ªf = X, .f∗Bf∗/�.Flog®B!/!�F = [
log®B!/!�F (3.21)
Pela expressão (3.21) constata-se que a intensidade da turbulência longitudinal é função
apenas da altura ao solo, < e da rugosidade do terreno <�. Esta função permite perceber
que a intensidade da turbulência diminui com a decréscimo da altura ao solo.
À semelhança da expressão anterior, são também apresentados valores aproximados para
as turbulências nas restantes direcções (Holmes J. D., 2007), igualmente funções da altura
e rugosidade do solo.
Capítulo 3 – Conceitos de mecânica dos fluídos
26 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
ª« ≅ �.°°log®B!/!�F (3.22)
ª¬ ≅ �. log®B!/!�F (3.23)
Acção e Efeitos do Vento em Edifícios Altos
Capítulo 4
ESCOAMENTO EM TORNO DE EDIFÍCIOS
Uma quantidade de ar em movimento na atmosfera ao encontrar um obstáculo procura
contorná-lo, contudo, este processo reveste-se de um conjunto de fenómenos
característicos dos chamados “bluff-bodies”, termo inglês correntemente utilizado para
denominar corpos achatados ou em regra com uma grande dimensão na direcção
perpendicular à do escoamento. Estes fenómenos dependem de vários factores, incluindo
a forma do edifício. Na generalidade, os edifícios em estudo podem ser englobados na
categoria descrita.
Procura-se, neste capítulo, analisar os principais fenómenos que caracterizam um
escoamento em torno de um edifício bem como enunciar os factores que os condicionam.
4.1 Forças resultantes da interacção vento-estrutura
Quando determinado escoamento atravessa um obstáculo geram-se pressões e,
consequentemente, forças nesse obstáculo. No domínio da aerodinâmica esse conjunto de
forças é correntemente dividido em três parcelas.
Figura 4-1 – Forças resultantes da interacção do escoamento-estrutura em torno de um corpo
A primeira parcela, D, corresponde às forças na direcção do escoamento denominadas de
forças de arraste. A parcela L corresponde às forças na direcção transversal à direcção do
Vinf L
D
M
Capítulo 4 – Escoamento em torno de edifícos
28 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
escoamento sendo denominada de força de sustentação. O desvio destas forças em relação
ao centro de torção da secção produz um momento torsor no edifício correspondente à
parcela M, como representado na figura.
4.2 Coeficientes de Força e Pressão
As forças num determinado corpo são geralmente traduzidas por coeficientes
adimensionais, denominados coeficientes de força.
De acordo com a convenção das forças habitualmente definidas num corpo atravessado
pelo escoamento são definidos os coeficientes de arraste, sustentação e de momento.
Estas três grandezas são definidas pelas seguintes expressões, onde o parâmetro 8
generalizado pode assumir qualquer uma das duas forças definidas no ponto anterior, D,L
e M refere-se ao momento introduzido na estrutura.
"± = ±vUO²©�U³ (4.1)
"´ = ´vUO²©�U³µT
(4.2)
Nestas expressões, �¶ define a massa volúmica do ar. �� a velocidade do escoamento e � a
área onde é aplicada a correspondente força F. Na expressão (4.2) o termo ·' define uma
altura de referência onde é aplicado o carregamento generalizado.
4.3 Características do escoamento
O escoamento em torno dos edifícios altos contrasta com os escoamentos em torno de
edifícios “aerodinâmicos” uma vez que as linhas de corrente do escoamento em torno do
edifício não seguem geralmente a forma da secção. Por exemplo, no caso das asas de
aviões as linhas de corrente aproximam relativamente bem a forma da sua secção
permitindo um estudo matemático mais acessível que no caso dos edifícios.
Figura 4-2 – Zonas de separação do escoamento em torno de formas rectangulares
Separação
Ponto de
estagnação
Recirculação
Zona turbilhonar
Separação
Zona
turbilhonar
O escoamento, por exemplo, em
separação do escoamento nos vértices rectos dando origem a camadas de recirculação e
formação de vórtices. A camada de separação destaca duas zonas, uma zona exterior
suficientemente afastada onde o escoamento se comporta continuamente e uma zona
interior junto às faces da secção com grandes características de corte e vorticidade. Esta
camada, denominada camada de corte livre
um lençol de vórtices que tendem a concentrar
turbilhões concentrados e que se vão arrastando com o escoamento. A formação das zonas
de separação varia com a geometria, no entanto
vórtices na esteira do corpo é mais ou menos idêntica em todas as formas. Como é natural,
este fenómeno é de grande importância em edifícios esbeltos.
4.3.1 Efeito do número de Reynolds
A variação das forças resultantes da interacção do escoamento com os obstáculos é
geralmente significativa e função da forma geométrica da sua secção.
Como exemplo seja um obstáculo de secção circular. A variação do coeficiente de arras
definida por uma função de andamento idêntico ao da
Figura 4-3 – Comportamento típico do coeficiente de arrastamento& Scanlan, Wind Effects on
De uma forma geral, e tentando generalizar os fenómenos de escoamento em torno dos
vários tipos de secção, pode-se afirmar que
coeficiente de arrastamento cresce bruscamente como verificado na f
acima. Este fenómeno verifica-
números Reynolds elevados é comum para a maioria das formas geométricas atingir
um valor estável, o que é bastante prático do ponto de vista de a
objectos imersos em escoamentos com estas características.
Acção e Efeitos do Vento em Edifícios Altos
em torno de uma secção rectangular (Figura 4-
separação do escoamento nos vértices rectos dando origem a camadas de recirculação e
formação de vórtices. A camada de separação destaca duas zonas, uma zona exterior
afastada onde o escoamento se comporta continuamente e uma zona
interior junto às faces da secção com grandes características de corte e vorticidade. Esta
camada, denominada camada de corte livre, é bastante instável, sendo esta formada por
órtices que tendem a concentrar-se na zona de levantamento formando
turbilhões concentrados e que se vão arrastando com o escoamento. A formação das zonas
de separação varia com a geometria, no entanto, o fenómeno de desprendimento de
o corpo é mais ou menos idêntica em todas as formas. Como é natural,
este fenómeno é de grande importância em edifícios esbeltos.
Efeito do número de Reynolds
A variação das forças resultantes da interacção do escoamento com os obstáculos é
gnificativa e função da forma geométrica da sua secção.
Como exemplo seja um obstáculo de secção circular. A variação do coeficiente de arras
definida por uma função de andamento idêntico ao da Figura 4-3.
Comportamento típico do coeficiente de arrastamento em função do número de Reynolds
& Scanlan, Wind Effects on Structures, 1996)
De uma forma geral, e tentando generalizar os fenómenos de escoamento em torno dos
se afirmar que para números de Reynolds muito baixos o
coeficiente de arrastamento cresce bruscamente como verificado na figura representada
-se como resultado do efeito da viscosidade. No domínio dos
números Reynolds elevados é comum para a maioria das formas geométricas atingir
um valor estável, o que é bastante prático do ponto de vista de análise do efeito de
objectos imersos em escoamentos com estas características.
do Vento em Edifícios Altos
-2) causa a
separação do escoamento nos vértices rectos dando origem a camadas de recirculação e
formação de vórtices. A camada de separação destaca duas zonas, uma zona exterior
afastada onde o escoamento se comporta continuamente e uma zona
interior junto às faces da secção com grandes características de corte e vorticidade. Esta
formada por
se na zona de levantamento formando
turbilhões concentrados e que se vão arrastando com o escoamento. A formação das zonas
o fenómeno de desprendimento de
o corpo é mais ou menos idêntica em todas as formas. Como é natural,
A variação das forças resultantes da interacção do escoamento com os obstáculos é
Como exemplo seja um obstáculo de secção circular. A variação do coeficiente de arrasto é
em função do número de Reynolds (Simiu
De uma forma geral, e tentando generalizar os fenómenos de escoamento em torno dos
para números de Reynolds muito baixos o
igura representada
se como resultado do efeito da viscosidade. No domínio dos
números Reynolds elevados é comum para a maioria das formas geométricas atingir-se
nálise do efeito de
Capítulo 4 – Escoamento em torno de edifícos
30 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
Na maioria dos casos de estudo da engenharia civil, nomeadamente a acção do vento em
edifícios altos, os escoamentos encontram-se no domínio do turbulento. A estabilidade já
analisada para o escoamentos neste regime permite que sejam estipulados coeficientes de
forma previamente calibrados que permitam fazer aproximações às forças aerodinâmicas
nos edifícios, mesmo que variáveis as dimensões de referência e a velocidade do vento.
4.4 Forças e pressões flutuantes
Os fenómenos de turbulência e instabilidade dos escoamentos atmosféricos são abordados
nos capítulos anteriores. A natureza instável dos escoamentos em torno de obstáculos de
grandes dimensões, tais como edifícios, resulta na separação do escoamento e, por vezes,
em recirculações produzindo pressões e, consequentemente, forças altamente instáveis.
Estas variações têm usualmente três causas (Holmes J. D., 2007):
• A turbulência natural das rajadas do vento em escoamento livre, normalmente
denominadas por “buffeting”.
• Instabilidade do escoamento causada pelo atravessamento do obstáculo, que
geralmente resulta na separação do escoamento, recirculações e formação de
turbilhões nas faces do obstáculo.
• Forças flutuantes devidas ao movimento do corpo, forças aeroelásticas.
Estes fenómenos acoplados têm uma importância crescente, tanto quanto mais flexíveis
forem as estruturas em movimento com o escoamento. Na verdade, as características
dinâmicas na resposta das estruturas são os parâmetros governantes do
dimensionamento da estrutura e respectivos amortecimentos. Desta forma, torna-se
importante conhecer matematicamente estas grandezas no âmbito do estudo dos edifícios
altos.
4.4.1 Flutuações induzidas pelo obstáculo e formação de turbilhões
Os fenómenos da formação de turbilhões começou a ser abordado no inicio deste capítulo.
Este fenómeno ocorre o escoamento, seja ou não turbulento, e em todas as secções de
edifícios. O desprendimento de vórtices no edifício resulta da formação de um lençol de
vórtices com origem na separação do escoamento
inferior, desprendendo-se ora um vórtice ora outro formando a
como ilustrado na Figura 4-4.
Figura 4-4 - Formação da estrada de von Karman num escoamento que atravessa uma secção circular
A separação do escoamento e formação de vórtices no caso de um obstáculo achatado
assume formas bastante distintas consoan
demonstra os diferentes comportamentos do escoamento ao atravessar a secção.
Figura 4-5 – Regimes de escoamento em torno de um cilindro
Acção e Efeitos do Vento em Edifícios Altos
edifícios. O desprendimento de vórtices no edifício resulta da formação de um lençol de
vórtices com origem na separação do escoamento tanto na face superior como na face
se ora um vórtice ora outro formando a “estrada de von Karman“
Formação da estrada de von Karman num escoamento que atravessa uma secção circular
A separação do escoamento e formação de vórtices no caso de um obstáculo achatado
assume formas bastante distintas consoante a velocidade do escoamento. A
demonstra os diferentes comportamentos do escoamento ao atravessar a secção.
Regimes de escoamento em torno de um cilindro (Holmes J. D., 2007)
do Vento em Edifícios Altos
edifícios. O desprendimento de vórtices no edifício resulta da formação de um lençol de
tanto na face superior como na face
von Karman“
Formação da estrada de von Karman num escoamento que atravessa uma secção circular
A separação do escoamento e formação de vórtices no caso de um obstáculo achatado
te a velocidade do escoamento. A Figura 4-5
demonstra os diferentes comportamentos do escoamento ao atravessar a secção.
Capítulo 4 – Escoamento em torno de edifícos
32 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
No domínio dos números de Reynolds baixos, velocidades baixas, o escoamento consegue
envolver toda a secção criando linhas de corrente relativamente bem aproximadas à sua
forma. No entanto, com o crescimento da velocidade a zona de separação desenvolve-se
criando recirculação na face posterior do edifício. Os turbilhões formados comportam-se
relativamente bem enquanto o escoamento é laminar, contudo para números de Reynolds
superiores o escoamento torna-se cada vez mais instável, desequilibrando esses
turbilhões provocando uma diferença de pressões na zona de reencontro das linhas de
corrente.
Enquanto o escoamento procura uma forma equilibrada (análoga à forma que tomava
enquanto escoamento laminar), desenvolve-se uma zona de recirculação na zona superior
e inferior alternadamente que envolve o vórtice adjacente.
O desenvolvimento deste vórtice dá-se até englobar toda a face, provocando
instantaneamente o desprendimento desse vórtice, originando a formação de um vórtice
contrário que por sua vez se desprenderá nas mesmas condições.
O movimento dos edifícios pode também contribuir para a importância deste fenómeno. O
fenómeno de desprendimento alternado ora com origem na zona superior, ora com
origem na zona inferior, pode assemelhar-se a um comportamento harmónico
caracterizado por uma frequência de desprendimento.
São vários os factores que condicionam a formação dos turbilhões e a sua importância na
estrutura.
A turbulência do escoamento confunde o caminho das partículas diminuindo a
regularidade dos vórtices, contudo a força actuante na estrutura associada ao
desprendimento mantêm-se ou pode mesmo ser superior.
Quando a frequência de desprendimento se aproxima da frequência de vibração do
edifício ocorre um fenómeno denominado “lock-in”. Ao reunirem-se tais condições num
escoamento em torno de um edifício em movimento com o escoamento, as forças do
escoamento amplificam-se largamente relativamente à estrutura e estas vêm as suas
deformações e esforços aumentarem devido à ressonância com o fenómeno de
desprendimento de vórtices (Pinheiro, 2004).
Acção e Efeitos do Vento em Edifícios Altos
Figura 4-6 – Comportamento das velocidades de escoamento e frequências de desprendimento de vórtices
durante o fenómeno de “lock-in” (Bachman, Ammann, Deischl, & Eisenmann, 1994)
Este fenómeno é ilustrado pelo gráfico da Figura 4-6, onde se demonstra que, quando a
frequência estrutural está num domínio suficientemente aproximado da frequência de
desprendimento de vórtices, neste gráfico, representado por uma velocidade crítica,
resulta uma sincronização característica do fenómeno de ressonância. A caracterização do
“lock-in” para cada estrutura e sob a acção de um escoamento é habitualmente feita com
recurso a um parâmetro adimensional denominado de número de Strouhal que é definido
pela seguinte expressão:
6� = 0�¸�gq (4.3)
em que 0� é a frequência natural da estrutura, ¸ é a dimensão perpendicular à direcção do
vento e �g a velocidade média do escoamento, neste caso o vento.
O número de Strouhal varia com a forma da secção e no caso de algumas secções varia com
o número de Reynolds.
Figura 4-7 – Variação do número de Strouhal com o número de Reynolds para uma secção circular (Holmes J.
D., 2007)
Fre
qu
em
cy
Capítulo 4 – Escoamento em torno de edifícos
34 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
A Figura 4-7 exemplifica a variação do número de Strouhal com o número de Reynolds
numa secção circular que apresenta um comportamento constante em todo o domínio, à
excepção da zona de escoamento transitório.
A zona denotada pelo crescimento brusco do número de Strouhal caracteriza a passagem
do escoamento no regime crítico, o que coincide com um decréscimo do coeficiente de
arrastamento, "¹. O decréscimo deste coeficiente verificado na zona de 23 = 2 × 10 é
causado por uma transição da turbulência na superfície da camada, traduzida por um
atraso dos pontos de separação para um ângulo de 140o em vez dos 90o graus verificados
no regime sub-crítico (Figura 4-8). Esta alteração resulta num estreitamento da zona de
formação de vórtices, um aumento das pressões negativas na esteira da secção e como tal
uma diminuição de "¹.
Figura 4-8 – Sub-regimes de escoamento em regime de transição (Holmes J. D., 2007)
Apesar da zona de transição não estar bem traduzida nos limites do regime, denota-se
uma faixa com um comportamento relativamente regular em que o número de Strouhal
varia entre os 0.44 e 0.39.
Na fase de regime super-crítico a zona de separação, a largura da faixa de formação de
vórtices, recupera alguma dimensão, voltando a aumentar o coeficiente de arrastamento
(Figura 4-8) e uma maior importância da libertação de turbilhões (Figura 4-7).
Acção e Efeitos do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 35
Note-se, por fim, que este fenómeno é variável com a forma geométrica da secção, sendo
estes valores válidos apenas nas circunstâncias apresentadas.
Além deste parâmetro, no caso da análise das vibrações transversais de estruturas
esbeltas é comum utilizar-se outro parâmetro adimensional, o número de Scruton. Este
parâmetro é também vulgarmente denominado de “mass-damping parameter”
precisamente por relacionar estas propriedades para estruturas esbeltas pela seguinte
relação
67 = º»η�O²¼U (4.4)
Nesta expressão, m representa a massa por unidade linear da estrutura, η um parâmetro
de amortecimento estrutural, �¶ a massa volúmica do ar e ¸ a dimensão transversal
característica do edifício ou estrutura.
4.5 Escoamento Tridimensional
Os conceitos apresentados neste trabalho são inerentes a condições de fluxo geralmente
bidimensional. Um escoamento é dito bidimensional quando a velocidade do fluido na
direcção normal ao plano de fluxo é desprezável, de maneira que o padrão de escoamento
em todo o comprimento é idêntico. Contudo, as vibrações em torres sob a acção de vento
apresentam-se muito mais complexas que as de um obstáculo atravessado por um
escoamento bidimensional.
Figura 4-9 – Escoamento tridimensional esquemático em torno de obstáculos (Pinheiro, 2004).
Capítulo 4 – Escoamento em torno de edifícos
36 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
Existem diversos factores que introduzem efeitos tridimensionais ao escoamento, entre
eles:
• A secção transversal dos edifícios ser geralmente variável, geometricamente ou
por introdução de acessórios que afectam o escoamento;
• Aos edifícios têm dimensões finitas, não sendo desprezável o efeito do escoamento
que atravessa o topo do edifício, criando o chamado efeito de topo;
• A variabilidade do vento que não deve ser desprezável para edifícios com alturas
superiores a 50m;
• A turbulência do vento.
Alguns destes fenómenos são visíveis na Figura 4-9, onde se denota a complexidade do
escoamento tridimensional em torno de um edifício.
Acção e Efeitos do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 37
Capítulo 5
ACÇÃO DO VENTO EM EDIFÍCIOS ALTOS
5.1 Introdução
Nos últimos anos tem-se vindo a investir bastante na investigação sobre a representação
matemática da acção do vento em edifícios altos. Vários são os nomes associados a esta
evolução, no entanto, denotam-se algumas presenças assíduas em elementos
bibliográficos, tais como a de Davenport, Kareem, Solari, Vickery, Simiu ou Holmes.
Os edifícios altos sobre a acção do vento estão sujeitos a vibrações nas direcções do vento
e transversal, bem como a distribuições de torção. Estas três componentes de acção sobre
as estruturas são habitualmente descritas individualmente.
Dada a natureza turbulenta das velocidades do vento em circulações atmosféricas de
qualquer tipo, as forças em estruturas são bastante especiais e também altamente
variáveis, induzindo muitas vezes amplificações ressonantes de grande importância. A
resposta ressonante de um edifício introduz as complicações da sua história no tempo,
sendo necessário conhecer toda a história das forças no instante estudado mas também no
passado.
De forma geral, a acção do vento é tratada de forma individual quer na direcção do vento
quer na direcção transversal.
Neste capítulo são abordadas as hipóteses e métodos mais comuns para caracterização do
carregamento do vento do ponto de vista de análise e dimensionamento estrutural em
ambas as direcções.
Apresentam-se as formulações propostas pelos autores mais referidos e procurou-se
sintetizar em quadro as vantagens e características principais das formulações.
Capítulo 5 – Acção do vento em edifícios altos
38 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
5.2 Hipótese Quase-Estacionária
A hipótese quase-estacionária fundamenta a base da grande maioria dos modelos
utilizados para quantificação da acção do vento em edifícios altos, nomeadamente os
métodos propostos nos regulamentos internacionais.
No Capítulo 2 descreveu-se o vento com duas parcelas. De acordo com a expressão (2.12),
a velocidade instantânea do vento é definida por uma componente média e uma
componente flutuante.
Considere-se a invariabilidade desta expressão no espaço, ou seja, restrita a um
determinado ponto no espaço. A relação entre pressões no corpo e velocidade no
escoamento é definida por:
+B�F = [X "#��¶½_B�F¾X (5.1)
em que "#� representa um coeficiente de pressão quase-estacionário.
Introduzindo esta expressão na relação entre pressões e velocidades obtém-se o seguinte
resultado
+B�F = [X "#��¶½_b + _sB�F¾X = [
X "#�ρÀ½_bX + _sB�FX + 2_b_sB�F¾ (5.2)
Escrevendo esta expressão em termos de valores médios têm-se
+ÁB�F = [X "#��¶Â_bX + σfX Ä (5.3)
Para intensidades de turbulência pequenas, o parâmetro variável da velocidade σfX é muito
menor que o valor médio _bX, o que permite considerar que a pressão média no corpo bem
aproximada por:
+ÁB�F ≅ [X "Á#�¶_bX (5.4)
admitindo que o coeficiente de pressão médio, "Á#, aproxima razoavelmente o coeficiente
de pressão quase-estacionário. Como descrito nos capítulos anteriores, para números de
Acção e Efeitos do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 39
Reynolds elevados, característicos das aplicações no domínio da engenharia civil, este
coeficiente é bem comportado.
Voltando à componente flutuante do vento, considere-se novamente a expressão (5.2).
Subtraindo a componente média da pressão de ambos os lados obtém-se a seguinte
relação entre componentes flutuantes
+′B�F = [X "#�ρÀ½_sB�FX + 2_b_sB�F¾ (5.5)
Novamente para baixas intensidades de turbulência, a média quadrática da última
expressão é definida por:
+′XbbbbB�F ≅ [ CbP
XρÀX £4_bX_sXbbbb¦ = CbPXρÀX_bX_sXbbbb (5.6)
Esta equação define uma relação quase-estacionária entre a média quadrática das
flutuações das pressões e a média quadrática das flutuações longitudinais das velocidades.
Posto isto, a estimativa de pressões extremas segundo a hipótese quase-estacionária é
definida por:
+, + = [X "#��¶Ë�ÌXÍ ≅ [
X "#bbb�¶Ë�ÌXÍ (5.7)
o que representa uma expressão de grande utilidade na aplicação à engenharia, servindo
de base aos métodos descritos neste capítulo. De acordo com esta expressão, pode-se
obter estimativas de pressões de dimensionamento utilizando coeficientes de pressão
médios e velocidades de pico. A grande desvantagem desta expressão reside no facto de
não serem consideradas as flutuações de pressões induzidas pelo edifício (v. Capítulo 4).
Contudo, esta aproximação é conservativa, já que na consideração de um coeficiente de
pressão médio com a função de velocidade extremas está implícita a correlação completa
das pressões extremas (Holmes J. D., 2007). Por isso, todas as secções do corpo analisado
estão relacionadas estatisticamente. A teoria da correlação de forças flutuantes é abordada
no seguinte ponto.
Capítulo 5 – Acção do vento em edifícios altos
5.3 Quantificação de press
O coeficiente de correlação espacial de duas forças flutuantes em dois pontos ao longo da
secção transversal de um edifício é definido por
� = WvÎB�FWUÎB�Fbbbbbbbbbbbbbb§ÏU
Com o aumento da distância espacial entre os dois pontos, o coeficiente de correlação
aproxima-se de zero. Por outro lado
função � aproxima-se de 1. No primeiro caso dizem
segundo caso completamente correlacionadas.
O comprimento de correlação é
ℓ = � �B;F:;m�
Considere-se agora um corpo esbelto formado por N secções transversais acopladas.
Figura 5-1 – Diagrama de um corpo esbelto em consola, dividido em N secções transversais
A força instantânea flutuante que actua no corpo como um todo pode ser definida como
8sB�F = ∑ G&sB�F�;&Ò[
A função quadrática da força flutuante pode então ser escrita como
½8sB�F¾X = ∑ ∑ G&sB�FG sB�F�;&Ò[Ò[
Acção do vento em edifícios altos
Quantificação de pressões e forças flutuantes num edifício
O coeficiente de correlação espacial de duas forças flutuantes em dois pontos ao longo da
ifício é definido por:
Com o aumento da distância espacial entre os dois pontos, o coeficiente de correlação
se de zero. Por outro lado, quando esta distância tende para zero o
se de 1. No primeiro caso dizem-se sem relação estatística e no
segundo caso completamente correlacionadas.
O comprimento de correlação é obtido pela seguinte expressão:
se agora um corpo esbelto formado por N secções transversais acopladas.
Diagrama de um corpo esbelto em consola, dividido em N secções transversais (Pinheiro, 2004)
A força instantânea flutuante que actua no corpo como um todo pode ser definida como
A função quadrática da força flutuante pode então ser escrita como
F &�;
num edifício
O coeficiente de correlação espacial de duas forças flutuantes em dois pontos ao longo da
(5.8)
Com o aumento da distância espacial entre os dois pontos, o coeficiente de correlação
zero o valor da
se sem relação estatística e no
(5.9)
se agora um corpo esbelto formado por N secções transversais acopladas.
(Pinheiro, 2004).
A força instantânea flutuante que actua no corpo como um todo pode ser definida como
(5.10)
(5.11)
Acção e Efeitos do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 41
Quando na expressão anterior as distâncias tendem para zero pode-se adoptar a forma
integral da expressão. Transformando ambos os lados nos seus valores médios, tem-se
como resultado que:
8sXbbbb = � � GÓsB�FGÔsB�Fbbbbbbbbbbbbb$�
$� :;&:; (5.12)
Assumindo que a função integrada pode ser escrita em função do coeficiente de
correlação, vem
8sXbbbb = GsXbbbb � � ρyy� − y�z$�
$� :;&:; (5.13)
Por meio de uma transformação matemática, pode-se ainda escrever
8sXbbbb = GsXbbbb � :;& � ρyy� − y�z$� ��Ö�
$� :yy� − y�z (5.14)
Daqui se tiram duas conclusões importantes:
No caso de correlação completa entre as forças actuantes em cada uma das N secções, a
média quadrática da força flutuante total é
8sXbbbb = GsXbbbb,X (5.15)
Considerando um decréscimo rápido do comprimento de correlação, então o integral da
equação(5.14) é aproximado por:
� ρyy� − y�z$� ��Ö� :yy� − y�z = � ρyy� − y�z:yy� − y�zm
�m = 2ℓ (5.16)
Resultando assim que a o valor “rms” da força flutuante é aproximada por:
8sXbbbb = GsX ∙bbbbbb , ∙ 2ℓ (5.17)
Este resultado é de grande importância para estruturas esbeltas, já que a média quadrática
da força flutuante total é directamente proporcional ao comprimento de correlação.
Capítulo 5 – Acção do vento em edifícios altos
5.4 Resposta de fundo e resposta ressonante
Como já foi discutido nos capítulos anteriores, a n
excitação ressonante dos edifícios ou partes dos edifícios. A resposta ressonante deve ser
diferenciada da resposta de fund
diagramas, como o apresentado na
Figura 5-2 – Função de densidade espectral de resposta de uma estrutura com resposta ressonante significante
Este diagrama apresenta uma função relativamente bem comportada para frequências
baixas onde predomina a resposta de fundo (o índice B significa “Background”),
apresentando picos para frequências mais altas que por sua vez traduzem a excitação
ressonante dos modos de vibração, que predominará quanto mais esbeltas e susceptíveis a
acções horizontais forem estas estrutur
Estruturas com frequências inferiores à unidade são
efeitos (devido à acção do vento)
obviamente neste domínio, tal como apresentado na
Quando um edifício apresenta resposta dinâmica ressonante são várias as origens de
forças estruturais que equilibram dinamicamente a acção do vento:
• Forças de inércia proporcionais à massa da estrutura;
• Forças de amortecimento geralmente proporcionais à velocidade;
• Forças elásticas proporcionais às deformações e deslocamentos dos edifícios.
Acção do vento em edifícios altos
Resposta de fundo e resposta ressonante
Como já foi discutido nos capítulos anteriores, a natureza flutuante do vento pode
excitação ressonante dos edifícios ou partes dos edifícios. A resposta ressonante deve ser
diferenciada da resposta de fundo para todos os edifícios e é facilmente detectada em
como o apresentado na Figura 5-2.
Função de densidade espectral de resposta de uma estrutura com resposta ressonante significante
Este diagrama apresenta uma função relativamente bem comportada para frequências
resposta de fundo (o índice B significa “Background”),
apresentando picos para frequências mais altas que por sua vez traduzem a excitação
ressonante dos modos de vibração, que predominará quanto mais esbeltas e susceptíveis a
s estruturas.
Estruturas com frequências inferiores à unidade são, geralmente, estruturas onde estes
(devido à acção do vento) são particularmente importantes. Os edifícios altos estão
, tal como apresentado na Figura 1-1.
Quando um edifício apresenta resposta dinâmica ressonante são várias as origens de
forças estruturais que equilibram dinamicamente a acção do vento:
ças de inércia proporcionais à massa da estrutura;
Forças de amortecimento geralmente proporcionais à velocidade;
Forças elásticas proporcionais às deformações e deslocamentos dos edifícios.
atureza flutuante do vento pode causar a
excitação ressonante dos edifícios ou partes dos edifícios. A resposta ressonante deve ser
o para todos os edifícios e é facilmente detectada em
Função de densidade espectral de resposta de uma estrutura com resposta ressonante significante (Hu, 2006)
Este diagrama apresenta uma função relativamente bem comportada para frequências
resposta de fundo (o índice B significa “Background”),
apresentando picos para frequências mais altas que por sua vez traduzem a excitação
ressonante dos modos de vibração, que predominará quanto mais esbeltas e susceptíveis a
estruturas onde estes
são particularmente importantes. Os edifícios altos estão
Quando um edifício apresenta resposta dinâmica ressonante são várias as origens de
Forças elásticas proporcionais às deformações e deslocamentos dos edifícios.
Acção e Efeitos do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 43
Como tal, tanto a resposta de fundo como a ressonante deverão ser tidas em conta na
quantificação da acção do vento, introduzindo todas as forças resistentes na estrutura.
Como resultado desta aplicação, no domínio da frequência, obtém-se um carregamento
equivalente como se verá nas próximas secções deste capítulo.
5.5 Modelos de caracterização da acção longitudinal do vento
5.5.1 Contextualização e Generalidades
A acção na direcção do vento tem vindo a ser bem caracterizada por métodos baseados em
teorias quase-estacionárias para o factor de rajada, GLF (Gust loading factor). O método
GLF foi originalmente introduzido por Davenport em 1967 e dada a sua simplicidade foi
reconhecido e utilizado para caracterização da acção do vento sobre estruturas na maioria
dos códigos de dimensionamento por todo o mundo. Este método caracteriza o vento com
um carregamento estático equivalente para a acção média do vento multiplicada por um
factor de rajada. Este factor engloba a componente dinâmica das flutuações do vento e
eventuais amplificações introduzidas pela dinâmica dos edifícios.
O GLF tradicionalmente baseia-se no deslocamento como resposta, isto é, pelo factor de
rajada ser o rácio entre o deslocamento máximo e médio, habitualmente denominado
como DGLF (Displacement Gust Factor). Contudo, dada a sua simplicidade este método
revela algumas limitações nomeadamente ligadas à definição do deslocamento como
função de resposta tendo sido melhorado o método introduzindo o momento na base
como função de resposta.
Segundo (Hu, 2006), o DGLF é usado indiscriminadamente o que leva à obtenção de maus
resultados. Para uma dada estrutura o GLF é constante, porque engloba apenas a
componente média e flutuante do deslocamento de resposta para o primeiro modo de
vibração e quando um GLF constante independente da altura é utilizado para estimar a
acção equivalente do vento de ponta, a acção equivalente será igual da acção equivalente
do vento médio de rajada o que entra em conflito com o conhecimento geral da acção do
carregamento estático equivalente do vento em edifícios altos e flexíveis.
Para os edifícios altos a resposta de ressonância é muito importante. Por esse motivo, a
distribuição de esforços estáticos equivalentes deve depender da forma do modo e da
distribuição da massa.
Em 1999, Zhou mostra que o GLF apesar de estimar bons resultados para o deslocamento,
por exemplo, para o esforço de corte na base da estrutura apresenta resultados
impróprios.
Capítulo 5 – Acção do vento em edifícios altos
44 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
Mais óbvia é a limitação deste modelo quando a força média do vento ou o deslocamento
médio são zero. Considere-se como exemplo uma estrutura simplesmente apoiada. Se o
primeiro modo consistir numa função sinusoidal e, como tal, assimétrica, o deslocamento
médio para esse modo é zero. Como tal o factor de rajada G não pode ser calculado.
Reconhecidas as limitações deste modelo, Davenport e os seus colaboradores, refinam em
1997 o conceito do modelo GFL o qual se baseia na resposta relacionada com a função de
influência, mas não limitada ao deslocamento. Outros propuseram também novas
formulações do modelo, não contemplando no entanto solução para o exemplo descrito.
Em 2003, Kareem propõe um novo formato para o GFL no qual utiliza a função de resposta
para o momento da base ao invés do deslocamento. A acção de pico do vento é obtida
através da multiplicação da acção média por um novo factor denominado por MGFL
(Moment Gust Load Factor). O momento de flexão obtido na base é repartido pelos vários
pisos da estrutura, utilizando uma técnica idêntica à utilizada para a divisão do esforço de
corte pelos vários pisos em engenharia sísmica. Além disto, Kareem consegue também
introduzir o novo modelo na resposta transversal e de torção do vento.
5.5.2 Método DGLF (Displacement Gust Load Factor)
O método tradicional DGFL descreve o carregamento de pico por acção do vento tal que:
LØB<F = ( × LbB<F (5.18)
onde G é o factor de rajada que, contemplando os efeitos dinâmicos da rajada e da
estrutura, amplifica a força média do vento LbB<F, função da altura z.
No método DGLF, tal como o nome sugere, G é definido em termos da função resposta do
deslocamento da estrutura. Considere-se a função deslocamento ÙB<F. O factor de rajada
DGLF para a direcção ; pode ser descrito da seguinte forma:
( = ÚØB!ÛFÚbB!ÛF (5.19)
em que ÙØB<ÜF e ÙbB<ÜF representam a resposta da função de deslocamento máximo e de
deslocamento médio relativas a uma altura de referência <Ü , respectivamente.
Esta relação para um processo estacionário pode ser expresso como
( = 1 + PݧÝB!FÚbB!F = 1 + 2Þ ªµ√à + 2 (5.20)
Acção e Efeitos do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 45
onde ÞÚ é o factor de ponta, �ÚB<F a média quadrática da função deslocamento, ªµ a
intensidade da turbulência no topo do edifício e, B e R os factores de fundo e de
ressonância.
Considerando agora que o facto de ponta como função das componentes de fundo e de
ressonância do edifício, considerando o factor de ponta como uma contribuição de um
factor de ponta de fundo -Þf - e outro de ressonância -ÞÜ , a expressão anterior pode ser
transformada nas seguintes equações
(Ú = 1 + 2ªµaÞfXà + ÞÜX2 (5.21)
(Ú = 1 + a(ÚáX + (ÚÜX (5.22)
Nestas equações estabelece-se uma simplificação de grande utilidade, apresentando-se o
factor de rajada como função das respostas de fundo e ressonância do edifício.
De acordo com as simplificações que permitem chegar às equações (duas atrás), estes
factores tomam agora a forma
(Úá = 2Þfªµ√à (5.23)
(ÚÜ = 2Þܪµ√2 (5.24)
onde, Þf representa o factor de pico da velocidade do vento, à o factor de fundo, ÞÜ o
factor de pico de ressonância e 2 o factor de ressonância.
A definição matemática destes coeficientes passa agora pela caracterização da acção média
do vento e pela contabilização dos efeitos dinâmicos da acção do vento na estrutura.
• Acção Média do Vento
A caracterização da acção média do vento, na expressão (5.25) pode ser descrita como
uma pressão estática tal que:
Lb = [X �"¹â�gXB<F�gµ
X �!µ�Xx
(5.25)
�gB<F = �gµ �!µ�x
(5.26)
Capítulo 5 – Acção do vento em edifícios altos
46 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
Esta expressão é função de �, a densidade do ar, "¹ o coeficiente de arrastamento, â a
largura do edifício na superfície perpendicular à acção do vento e �gB<F a velocidade média
do vento à altura <.
A expressão da velocidade média do vento, (5.26), varia de acordo com a lei exponencial
com um parâmetro base, �gµ representando a velocidade média do vento no topo do
edifício (< = ·F e r é um expoente que define a forma da função de acordo com as
condições de exposição da zona em estudo e da morfologia do terreno.
• Contabilização dos efeitos dinâmicos do vento
O deslocamento médio pode, na grande generalidade dos casos, ser expresso em função da
resposta média do deslocamento do primeiro modo de vibração da estrutura.
ÙbB<F = #bv∗bbbb}v∗ ∙ãB!F (5.27)
Para tal, definem-se três grandezas da teoria da análise dinâmica de uma estrutura tratada
como um grau de liberdade generalizado (v.d. A.1). O carregamento generalizado L[∗, a
rigidez )[∗ e a massa equivalente -[∗ no primeiro modo são descritos de acordo com as
seguintes três expressões:
Lb[∗bbb = � Lbµ� B<FäB<F:< (5.28)
)[∗ = B2�G[FX-[∗ (5.29)
-[∗ = � -B<FäXB<F:<µ� (5.30)
A função äB<F define a forma do modo em função da altura e de constantes e 7, que de
acordo com as características estruturais, tais como amortecimento e rigidez do edifício,
definem a forma da sua deformada modal.
äB<F = 7 �!µ�å
(5.31)
Por outro lado, -B<F é a função que distribui habitualmente de forma linear a massa pela
estrutura em < de acordo com o factor de redução �.
-B<F = -� u1 − � �!µ�w (5.32)
Acção e Efeitos do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 47
A componente relativa às flutuações, �ÚB<F pode ser determinada em função de äB<F. Esta
relação resulta na seguinte expressão,
�ÚB<F = y� 6ævBGF:Gm� z
vU ∙ äB<F (5.33)
na qual 6æv é a função do espectro de potência das flucutações do deslocamento
generalizado. De acordo com (Davenport, 1967), esta quantidade é expressa em função da
frequência da estrutura tal que:
6ævBGF = � 6fBGF ∙ çB, GFm� ∙ |·�G|X:G (5.34)
onde se definem as seguintes grandezas:
- 6fBGF, a função de densidade espectral, PSD (power spectral density);
- çB, GF a função de admitância que relaciona a PSD de velocidades do vento com a PSD
das pressões do vento;
- |·�G| a função de transferência mecânica.
Para a oscilação do corpo na direcção da acção do vento são válidas as teorias quase-
-estacionárias, bem como a inexistência de correlação entre as pressões nas faces frontal e
de esteira. A correlação das diversas acções localizadas pode ser ilustrada de acordo com a
(Zhou, Kareem, & Gu, Gust loading factors for design applications).
Dos pressupostos enunciados resultam as seguintes expressões:
6#bv∗BGF = çB, GF ∙ 6fBGF (5.35)
çB, GF = BOéê뵩gìFUB[íxíåFU |îïBGF|X|îðBr, , GF|X (5.36)
em que
|îïBGF|X = [ëU 2ïB�[, �X, GF:�[:�X (5.37)
|îðBr, , GF|X = B[íxíåFUµU � � y<[ ·q zxíåy<X ·q zxíå2ðB<[, <X, GF:<[:<X
µ�
µ� (5.38)
Capítulo 5 – Acção do vento em edifícios altos
48 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
são denominadas “Joint Acceptance Functions” funções de correlação na direcção
horizontal e vertical, respectivamente (v. Figura 5-3).
2ïB�[, �X, GF = 3�� ñòÏóg BôF|õvöõU|� (5.39)
e
2ðB<[, <X, GF = 3�� ñ÷Ïóg BôF|øvöøU|� (5.40)
são as funções horizontal e vertical de coerência da componente flutuante da velocidade
do vento e, "ï e "ð, os coeficientes de decaimento exponencial e como já referido, ℎ a
altura de referência.
Figura 5-3 – Diagrama ilustrativo das correlações de acções em torno de uma estrutura sob acção longitudinal
do vento
Para o primeiro modo, a função de transferência mecânica é
|·�BGF|X = |µvBWF|U}v∗U (5.41)
onde,
|·[BGF|X = [Y[�� Ï
Ïv�UZU
í�UùÏÏv �U (5.42)
De acordo com (Kareem & Zhou, Areodynamic Admittance Function of Tall Buildings),
prova-se que a função de transferência mecânica depende, não só de características da
H
z2
z1
Pl(z2,t)
Pw(z1,t)
Pw(z2,t)
Pl(z1,t)
Rpl,pw(z2,f)
Rpl,pw(z1,f)
Pw(z2,t)
Pw(z1,t)
Rpw(x1,x2,t)
v(z1,t)
v(z2,t)
Rpw(z1,z2,f)
Ru(z1,z2,f)
Rpl(z1,z2,f)
Acção e Efeitos do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 49
turbulência, mas também dos modos de vibração, pelo que a contabilização neste método
apenas do primeiro modo incorre na perda de alguma precisão nos resultados obtidos.
Esta afirmação será mais verdadeira quanto menos preponderante e influente for o modo
de vibração fundamental e neste caso deve ser alvo de um estudo aprofundado.
Como resultado das expressões de (5.33) a (5.42), a parte flutuante da acção do vento
pode ser rescrita como
§ÝB!FÚbB!F = y� %úû∗BWF|µvBWF|U�WzU
#b∗ (5.43)
Em sequência do que vem sendo descrito, o integral da expressão acima pode ser dividido
nos factores de resposta de fundo e ressonância, satisfazendo as equações (5.23) e (5.24) .
O factor de fundo pode agora ser definido de acordo com a seguinte expressão,
à = � )B, GF6f∗BGF:Gm� (5.44)
onde,
)B, GF = � XíXx[íxíå�X |îïBGF|X|îðBr, , GF|X (5.45)
e 6f∗BGF é a função espectral da velocidade do vento normalizada com respeito à média
quadrática da componente variável, �fX. De acordo com a maioria das regulamentações,
toma-se = 1.
O factor de ressonância 2 é, por sua vez, descrito por uma expressão bastante mais
simples, 2 = 6ü/ζ em que 6 = )B, G[F é o factor de redução, e o factor de energia de
rajada e ý o amortecimento crítico da estrutura no primeiro modo (Kareem & Zhou, Gust
Loading Factor: New Model, 2001).
A expressão (5.21) fica completa definindo agora o factor de pico de ressonância. Para um
processo Gaussiano é usual definir-se
ÞÜ = a2þ0BG[�F + 0.5772a2þ0BG[�F (5.46)
Capítulo 5 – Acção do vento em edifícios altos
50 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
em que � é o tempo de observação e G[ a frequência natural do primeiro modo da
estrutura.
Para a expressão (5.23) pode ser obtido com a relação 2 = 6ü/ý, onde 6ü representa o
produto entre o factor de redução e o factor de energia da rajada, respectivamente, e ý o
amortecimento crítico da estrutura no primeiro modo.
A grande maioria dos métodos DGLF é baseada nas expressões supracitadas, distinguindo-
-se na modelação da turbulência e dos modelos estruturais.
Habitualmente, os valores de R, S e E são apresentados nos códigos de dimensionamento
através de ábacos ou relações simplificadas.
5.5.3 Método MGLF (Moment Gust Load Factor)
Considere-se uma função . do momento na base do edifício.
O método MGLF proposto por Kareem em 2003 é descrito da seguinte forma:
O factor de rajada é definido pela seguinte relação
(´ = Ì�g� (5.47)
em que analogamente ao descrito em 5.5.2 para DGLF, .Ì[ e .g[ são o máximo e a média do
momento induzido na base, respectivamente. É de notar que este momento é diferente do
momento provocado pela acção externa do vento, daí a utilização do índice ª.
Para um processo gaussiano a expressão (5.47) pode vir rescrita como
(´ = 1 + P�§��vB!F
g� (5.48)
onde mais uma vez Þ´ é o factor de pico e � ûva média quadrática do momento na base.
O momento na base engloba as propriedades dinâmicas das rajadas e da estrutura e pode
ser obtido da resolução da equação do movimento generalizado da estrutura
-[∗� �[B�F + 7[∗�/[B�F + )[∗�[B�F = L�[∗ (5.49)
em que todas as variáveis, massa -[∗ , amortecimento 7[∗, rigidez )[∗ e carregamento L�[∗ são
generalizadas, definidas para o primeiro modo de acordo com o índice apresentado.
Acção e Efeitos do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 51
Quando a acção quase-estática generalizada do vento é aplicada no edifício, o
deslocamento generalizado é igual a qualquer outra resposta obtida através de uma
análise dinâmica.
A função de densidade espectral de potência desse carregamento é dado por:
6#bv∗BGF = )[∗X6ævBGF = 6#�∗BGF|·[BGF|X (5.50)
onde a acção generalizada quase-estática do vento é L��∗ = � L��B<, �Fä[B<F:< e L�� é a acção
estática equivalente do vento.
As relações entre momentos e carregamentos, L�∗ = .û/· e L��∗ = .û�/· , permitem re-
-escrever a expressão (5.50) em termos das funções de densidade espectral dos momentos
tal que:
6 ûvBWF = 6 û BGF|·[BGF|X (5.51)
Esta equação define um novo tratamento probabilístico da acção do vento.
Comparado com o DGLF, o MGLF apresenta uma vantagem imediata. O método MGLF dá
uma descrição concisa da relação entre o carregamento aerodinâmico e os efeitos
induzidos na estrutura devido ao vento (v. Figura 5-4). Por outro lado, no DGLF a função
de transferência aerodinâmica é na realidade uma função de transferência entre o
comportamento da turbulência introduzido e o carregamento generalizado do vento, que,
por sua vez, é dependente da normalização utilizada para definir a forma do modo o que
cria para a função de transferência uma dependência da forma do modo. Como tal, este
procedimento complica o procedimento de validação desta função que se revela mais
prática no caso do MGLF, já que a relação entre resposta e carregamento pode ser
facilmente validada recorrendo a tecnologias como HFBB.
Capítulo 5 – Acção do vento em edifícios altos
52 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
Figura 5-4 – Diagrama comparativo da metodologia do modelo DGLF e MGLF (Kareem & Zhou, Gust Loading
Factor: New Model, 2001)
Tal como o DGLF, o MGLF pode também ser descrito em função das componentes de
interferência e ressonância
(´ = 1 + 2ªµaÞfXà + ÞÜX2 = 1 + a(´áX + (´ÜX (5.52)
Para determinação destas grandezas é agora necessário recorrer a expressões indicadas
em Hu,2006.
O momento médio induzido na base da estrutura por integração é definido por
.g� = � LbB<Fµ� <:< = [
XORéêë©ìU µU
XíXx (5.53)
Onde o parâmetro r é, tal como no ponto anterior, o expoente da função velocidade.
O momento devido à resposta de fundo pode ser descrito implementando a função de
influência �B<F = < (Kareem & Zhou, Gust Loading Factor: New Model, 2001), onde as
grandezas têm igual significado ao do ponto anterior.
Acção e Efeitos do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 53
.Ì�á =
Þf� � � � � B�"¹â�gµFXµ�
µ�
µ�
µ�
m� �!v
µ �x �!Uµ �x 2!BGF2ïBGF6fBGF<[<X:�[:�X:<[:<X:G =
Þf�ìORéêë©ìU µU
Xíx � 6f∗BGF|îïBGF|X|îðBr, 1, GF|X:Gm� (5.54)
vindo agora
(´á = Ì�g� = 2Þfªµ
XíXxXíx � 6f∗BGF|îïBGF|X|îðBr, 1, GF|X:Gm
� (5.55)
Para a componente do vento caso o modo não seja linear ou a distribuição de massa não
seja uniforme, o máximo deslocamento do primeiro modo é dado por:
ÙØÜB<F = ÞÜy�ìO©gUìéêëz
BXºWvFU»�× B[íXåFBXíXåF
B[íxíåF½BXíXåF��B[íXåF¾ × |îïBGF|X|îðBr, 1, GF|X ºWv� 6f∗BGF ∙ �!
µ�å
(5.56)
onde se verifica que, pelo último produto, a função do deslocamento acompanha a forma
do modo.
Assim, o carregamento estático equivalente relativamente a esta parcela pode ser obtido
pela expressão
LØÜB<F = B2�G[FX-B<FÙØÜB<F =ÞÜ
y�ìO©gUìéêëzBXºWvFU»�
× B[íXåFBXíXåFB[íxíåF½BXíXåF��B[íXåF¾ × |îïBGF|X|îðBr, 1, GF|X ºWv
� 6f∗BGF ∙ �1 − � !µ� �!
µ�å
(5.57)
Por sua vez a integração do carregamento permite obter o Momento Induzido na Base
devido à parcela da ressonância
.Ì�Ü = � LØÜB<F<:<µ� =
Þܪµ��gXµ"¹â·X B[íXåFBXíXåFB[íxíåF½BXíXåF��B[íXåF¾ × ½B�íåF��BXíåF¾
B�íåFBXíåF |îïBGF|X|îðBr, 1, GF|X ºWv� 6f∗BG[F
(5.58)
Capítulo 5 – Acção do vento em edifícios altos
54 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
Com isto pode-se desde já escrever a expressão que define a contribuição da ressonância
para (´ ,
(´Ü = Ì�Ûg� = 2Þܪµ
B[íXåFBXíXåFB[íxíåF½BXíXåF��B[íXåF¾ × ½B�íåF��BXíåF¾
B�íåFBXíåF |îïBGF|X|îðBr, 1, GF|X ºWv� 6f∗BG[F
(5.59)
Ambos os métodos GLF aqui descritos resultam numa distribuição estática equivalente da
acção do vento que proporcionam bons resultados na direcção da acção do vento, tanto
para deslocamento como para momentos na base, no entanto, não apresentam boas
estimativas para outras respostas.
De acordo com (Kareem & Zhou, Areodynamic Admittance Function of Tall Buildings), o
MGLF e o DGLF são numericamente iguais para modos de vibração lineares. Contudo, para
modos de vibração não lineares, apesar da componente de fundo do MGLF ser idêntica à
do DGLF, o mesmo não se passa com a componente de ressonância. Esta relação é
traduzida pela variável η como demonstrado sinteticamente na tabela seguinte.
DGLF MGLF ηηηη � (5.23) (5.55) 1 (funções lineares) � (5.24) (5.59) B1 + 2βFB2 + 2βFB2 + αF
B1 + α + βF½B2 + 2βF − λB1 + 2βF¾½B3 + βF − λB2 + βF¾
B3+ βFB2 + βF �|îðBr,β, GF|X|îðBr, 1, GF|X
Tabela 5-1– Tabela resumo das principais relações dos métodos DGLF e MGLF
5.5.4 Factor de Resposta Dinâmico – DRF
O método DRF, “Dynamic Response Factor” é habitualmente definido como o rácio da
máxima resposta dinâmica incluindo os efeitos de correlação e de ressonância e a máxima
resposta excluindo esses efeitos (Holmes J. D.).
Na lógica seguida nos pontos anteriores, para uma resposta generalizada R na direcção x, o
factor DRF é dado por:
�Ü� =ÜõbbbbíP�U§Ûõ�U íPTU§ÛõT
U
ÜbíP�§Ûõ�Î (5.60)
com,
�Üõ�s = � _�B<Fµ� a2#õB<F:< = §Ûõ�
áõø (5.61)
Acção e Efeitos do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 55
à�! = � � fõB!vFfõB!UFì�
ì� ÜúõB!v,!UF�!v!U
� fõB!vFì� ÜúõB!vF�!v
(5.62)
em que à! é denominado o factor de fundo representando a redução dos efeitos da
resposta 2� devido à perda da correlação espacial da pressão do vento, que no
denominador de (5.60) é desprezado.
Analogamente às expressões definidas atrás é possível definirem-se as seguintes
formulações para os coeficientes de rajada de fundo e de ressonância, respectivamente.
(Üõ� = P��R��Üõbbbb (5.63)
(ÜõT = PT�R��Üõbbbb (5.64)
chega-se facilmente à seguinte expressão para a relação entre o factor de rajada da
resposta e o factor de resposta dinâmica
�Üõ =[í{Ûõ�U í{ÛõT
U
[í{Ûõ� áøq (5.65)
De acordo com este método, o carregamento estático equivalente será expresso como
8�Üõ = �Üõ½Lb�B<F + 8�¼�s ¾ = �Üõ½Lb�B<F + Þ¼a2#õB<F¾ (5.66)
onde o segundo termo é denominado de envolvente da acção de rajada, “gust loading
envelop” com função semelhante ao termo ÞÚ�ÚB<F na equação (5.20).
5.5.5 Combinação Linear das componentes de Fundo e de Ressonância
Todos os métodos apresentados atrás entram em linha de conta com as respostas de
fundo e de ressonância acopladas num único factor. Além disso, a acção equivalente
correspondente a essas respostas não considera também qualquer separação entre estas
componentes. Contudo, tal separação é possível e as correspondentes formulações são de
seguida apresentadas.
O carregamento estático equivalente de fundo (BESWL) é formulado como função das
características do vento e tem sido abordado por diversos investigadores. Kaperski propõe
um método que correlaciona acção com resposta, que, por isso, resulta numa distribuição
Capítulo 5 – Acção do vento em edifícios altos
56 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
efectiva de fundo que depende da resposta em consideração. Já Repetto e Solari propõem
uma distribuição idêntica para todas as componentes de resposta expressa em termos de
uma expansão polinomial. Mais recentemente, em 2004, Chen e Kareem propõem uma
distribuição idêntica a uma envolvente da acção de rajada.
Por outro lado, a componente ressonante tem sido avaliada por uma distribuição inercial
da acção.
A resposta dinâmica máxima, excluindo a acção média, pode ser obtida pela seguinte
combinação das componentes de ressonância e fundo
2»¶� = Þ¼X�Ü�X + Þ'X�ÜTX (5.67)
De acordo com as teorias estipuladas, a componente de fundo da acção do vento pode ser
calculada pelas teorias estáticas ou quase-estáticas. Considere-se uma resposta estrutural
2 a uma altura <� de uma estrutura de altura total H.
2b = � Lb�B<F_�B<F:<µ� (5.68)
�ܼX = � � _�B<[F_�B<XF2#õõB<[, <XF:µ�
µ� <[:<X (5.69)
�Ü'X = � »B!F�õB!Fì� �õB!F�!
� »B!F�õUB!Fì� �! . º
ævG[6�õBG[F (5.70)
6�õBG[F = � � ��B<[F��B<XF6#õõB<[, <X, GF:µ�
µ� <[:<X (5.71)
2#õõB<[, <XF representa naturalmente a covarância do processo e 6#õõB<[, <X, GF a densidade
espectral cruzada das funções L� nas alturas <[ e <X. Analogamente a 6#õ, 6�õ representa a
densidade espectral da força modal generalizada. Com isto, a força de pico da componente
de ressonância é de acordo como método LRC (Kaperski, 1992) definida por:
8�Ü�B<F = P�§Û� � _�B<[F2#õõ
µ� B<, <[F:<[ (5.72)
A acção assim definida depende especificamente da resposta, pelo que, para diferentes
respostas, a acção vem diferente. Para combater esta limitação associada, Chen propôs
descrever a acção de fundo como a acção envolvente dos efeitos de rajada, 8�¼�s B<F,
multiplicados por um factor de fundo à!.
8�Ü�B<F = à!8�¼�s B<F = à!Þ¼a2#õB!F (5.73)
Acção e Efeitos do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 57
à! = §Û�§Û�Î = §Û�
� fõB!F±��õÎ B!F�!ì� P�� (5.74)
Þ¼�ܼs define a resposta à acção de fundo resultante da envolvente da acção, sem, no
entanto, ter em conta a correlação espacial dos pontos. Por isto à! representa o efeito de
redução devido a essa mesma correlação ao longo da altura · do edifício. A situação
extrema, em que o vento é completamente correlacionado, em que 2#õõB<[, <XF =a2#õB<[F2#õB<XF vem que à! é unitário.
A acção equivalente estática de ressonância, RESWL, toma o valor máximo tal que
2'»¶� = Þ'�Ü' (5.75)
definida em termos de distribuição inercial da estrutura assume a seguinte formulação
(Chen & Kareem, Equivalent Static Wind Loading on Buildings: A New Prespective):
8�'�B<F = PT»B!F�õB!F� »B!F�õUB!Fì
� �! ºæv
G[6�õBG[F (5.76)
Como referido, o ESWL, pode ser apresentado como combinação linear de efeitos. De
acordo com as formulações apresentadas em 5.5.2 e 5.5.3, obtém-se a seguinte expressão
8�'B<F = £P�§Û�áø±��õÎ B!FíPT§ÛT±�TõB!F¦P�U§Û�U íPTU§ÛT
U (5.77)
Acoplando grandezas idênticas nos mesmos termos, chega-se à seguinte relação
8�'B<F = P�§Û�P�U§Û�U íPTU§ÛTU à!8�¼�s B<F + PT§ÛTP�U§Û�U íPTU§ÛT
U 8�'�B<F (5.78)
onde os quocientes definem os pesos â¼, de fundo e â' , de ressonância relativamente à
resultante da soma dos quadrados dos efeitos, tal como são apresentados nos métodos
anteriores. Contudo, utilizando esta análise paramétrica para diferentes respostas são
obtidos pesos diferentes em função dessa mesma resultando, aparecendo, no entanto, o
factor de redução de fundo à! desacoplado do peso â¼.
Capítulo 5 – Acção do vento em edifícios altos
58 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
5.6 Modelos para caracterização da acção transversal e de torção do
vento
5.6.1 Efeito lateral e de torção do vento – Factores de Rajada
Todos os métodos descritos até agora pretendem quantificar unicamente na direcção do
vento sobre o edifício. Os fenómenos típicos de escoamento de ar atmosférico em torno de
edifícios provocam não só vibrações longitudinais, mas também transversais, resultando
desta combinação efeitos dinâmicos de torção. Na grande maioria dos casos, estes efeitos
são tão ou mais importantes que os efeitos na direcção do vento, sobretudo quando
analisados em serviço devido ao comportamento oscilatório perceptível ao ser humano.
Ao longo das últimas décadas, como se tem vindo a fazer referência, a acção frontal do
vento sobre as estruturas tem sido eficazmente traduzida pelas teorias quase-estáticas, no
entanto, a acção transversal e os efeitos de torção não podem ser tratados de igual forma,
já que a relação entre a incidência do escoamento e os efeitos em direcções alternadas não
são bem aproximados por relações lineares.
Contudo, o esforço dedicado à elaboração de modelos tem conduzido a desenvolvimentos
dos métodos apresentados atrás no espaço tridimensional. Baseados no modelo DGLF,
Piccardo e Solari propuseram uma aproximação empírica do espectro para uma acção
transversal. Recentemente, Kareem estende a sua proposta do modelo MGLF aos efeitos
laterais e de torção sobre os edifícios altos.
Analogamente ao método postulado no ponto 5.5, esta aproximação tridimensional baseia-
-se num factor de rajada, GLF, definido pela expressão
( = ÌgÎ (5.79)
onde por sua vez .g sé o momento médio de referência na base ou a torção na base. Estes
valores são calculados, respectivamente, para os modos de vibração transversal e de
torção, de acordo com as expressões
.g s¹,$ = � LbB<F<:<µ� (5.80)
.g s¤ = � LbB<FB0.04àF:<µ� (5.81)
H e B representam a altura e largura do edifício na direcção do vento. Como LbB<F
representa a acção média do vento longitudinalmente ao edifício, estas relações são meras
Acção e Efeitos do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 59
extrapolações empíricas do comportamento da estrutura na sua principal direcção. Os
índices , D, L e T, identificam os três efeitos em estudo. Citando (Kareem & Zhou, Gust
Loading Factor: New Model, 2001), o momento na base devido aos efeitos transversais é
dado igual ao momento na base para acção frontal do vento por conveniência. De notar
que os momentos de referência definidos pelas expressões (5.80) e (5.81) não coincidem
com os valores médios que actuam realmente na estrutura.
Os efeitos directos transversais e de torção, para estruturas simétricas, são na sua
generalidade pouco significativos. Por outro lado, os efeitos da libertação de vórtices não
são desprezáveis.
Tal como nos GLF já definidos, .Ì representa o valor de pico para o momento de flexão ou
torsor na base, de acordo com a grandeza avaliada. Independentemente da resposta, a sua
expressão é definida por
.Ì = .g + Þ. �´ (5.82)
em que g representa o factor de pico que assume valores na ordem de 3 e 4. �´ define a
raiz da soma dos quadrados da resposta estudada, momento flector ou torsor. Este valor
relaciona-se com o espectro de potência da parcela flutuante da resposta pela sua
integração no domínio da frequência.
�´ = � 6´BGF:Gm� (5.83)
De acordo com a figura Figura 5-2 é habitual dividir-se a integração da função de
densidade espectral em duas parcelas, uma respeitante à parcela de fundo, �´á e outra à
parcela de ressonância, �´á.
�´ = a�´áX + �´áX (5.84)
Como consequência desta formulação, o novo GLF contemplando os três efeitos no espaço
vem
( = gíaBP.§�FUíBPÛ .§�ÛFUg Î = (Á + a(áX + (ÜX (5.85)
Capítulo 5 – Acção do vento em edifícios altos
60 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
Como seria expectável, quando a análise se limita aos efeitos do escoamento directo, a
formulação apresentada conduz à mesma análise apresentada no ponto, onde se descreve
o modelo MGLF do mesmo autor. Para essa acção, a componente média do GLF é 1,
enquanto que para a acção transversal e de torção toma habitualmente valores muito
pequenos ou zero.
Zhou, em 2002, analisa a variabilidade dos efeitos do vento em função dos modos
considerados e das características de pressão aerodinâmica das estruturas. O cálculo das
componentes de fundo e ressonância tridimensional é baseada nos métodos de GLF, é
também sensível a essas características estruturais.
Na engenharia do vento o expoente que caracteriza a forma do modo e os parâmetros
utilizados para descrever a distribuição de pressões do vento não são conhecidas a priori,
exigindo incondicionalmente um estudo prévio. Zhou refere ainda que a determinação da
flexão na base utilizando os métodos baseados em factor de rajada reduz
consideravelmente a sensibilidade da estrutura.
Por isso, é recomendada uma nova definição dos espectros de resposta do momento de
flexão e torsor de acordo com a seguinte equação:
6´BGF = η´ . 6´BGF. |·[BGF|X (5.86)
em que η´ é um factor correctivo da forma do modo para a resposta de flexão e torção.
Para a acção de fundo, tanto este factor como a |·[BGF| são iguais à unidade. Além disso, se
os modos considerados assumirem comportamento linear na direcção transversal e
andamento uniforme na rotação no plano da base, η´ assume também o valor unitário
para a parcela de ressonância da resposta.
Da expressão (5.86), a média quadrática das parcelas de fundo e resposta, identificadas
com os índices B e R, respectivamente são dadas pelas seguintes expressões:
�´á = �´ (5.87)
�´Ü = ºWvς 6´BG[F (5.88)
Acção e Efeitos do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 61
5.6.2 Quantificação do desprendimento de turbilhões
5.6.2.1 Modelos lineares e não lineares de Scanlan
O modelo linear de Scanlan, é uma ferramenta bastante simples e geralmente utilizada
para avaliação das deformações máximas induzidas pelo desprendimento de vórtices.
Segundo o autor, este modelo apresenta bom ajuste com resultados experimentais.
Neste modelo, considere-se que a excitação aerodinâmica, o amortecimento e a rigidez
aerodinâmica são gerados por um oscilador linear. Considerando que, quando se dá o
fenómeno de “lock-in”, a frequência natural deste oscilador controla toda a vibração
aerodinâmica, ou seja � = �[, pode-se escrever a equação do movimento do fluido sujeito
a uma força induzida por desprendimento de vórtices tal que
-½;� + 2��[;/ + �[X;¾ = [X ��XB2�F £·[B*[F /
© + ·XB*[F ¹ + [
X "$B*[F sinB�[� + rF¦ (5.89)
onde *[ = �ω[/U e ·[, ·X, "$ e r são parâmetros de ajuste.
Note-se que ·[, ·X e "$ têm relação com o número de Strouhal e devem ser obtidos a
partir de resultados experimentais. Neste modelo ·[ está associado ao termo de
amortecimento aerodinâmico linear enquanto ·X representa a rigidez aerodinâmica.
O modelo não linear deriva do modelo anterior, sendo adicionado agora um termo cúbico
não linear à expressão (5.89). Desta forma é conferido ao modelo as características de um
oscilador de van der Pol (Pinheiro, 2004), conferindo à análise estrutural pequeno
amortecimento para baixas amplitudes e alto amortecimento para grandes amplitudes.
A expressão toma agora a seguinte forma
-½;� + 2��[;/ + �[X;¾ =
[X ��XB2�F £·[B*[F �1 − ε ÖUDU� /
© + ·XB*F ¹ + [
X "$B*F sinB�� + rF¦ (5.90)
Nesta expressão, * = ��/� e � satisfaz a relação de Strouhal ��/� = 2�6. À semelhança
do modelo anterior ·[ representa o termo de amortecimento aerodinâmico linear
enquanto ε representa o parâmetro não linear. ·[, ε, ·X e * são obtidos de observações
experimentais. Neste modelo, os termos ·[ e ε são dominantes já que durante o fenómeno
de trancamento ·X e "$ são muito inferiores podendo mesmo ser considerados nulos.
Capítulo 5 – Acção do vento em edifícios altos
62 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
� = 2 £BO©¹µv�»æ$F¹O©µv% ¦ (5.91)
· = °»º%yæv³ vU�æU³ UUz¹UOy³ vU�³ UUz (5.92)
p = Bæv�æUFæv³ vU�æU³ UU
(5.93)
Os parâmetros ·[ e ε são determinados com recurso às expressões (5.91) a (5.93)
substituindo dois valores de amplitudes de deslocamentos y� v , � Uz obtidos
experimentalmente para as respectivas taxas de amortecimento B�[, �XF.
Este modelo é útil na avaliação de respostas de modelos em testes experimentais.
5.6.2.2 Modelo 3D de Vickery & Basu
Este modelo considera as forças do vento sobre uma estrutura divididas em duas partes.
A primeira parte descreve as forças aerodinâmicas que, portanto, actuam sobre a
estrutura parada. A segunda parte considera as forças aeroelásticas, ou seja, a influência
do movimento da estrutura nas forças aerodinâmicas.
• Forças Aerodinâmicas
As forças aerodinâmicas são definidas por:
8�$ = [X �"&$��X (5.94)
As forças são definidas para uma frequência central de desprendimento de vórtices, G« ,
função do número de Strouhal. Por isto, segundo Vickery, o conhecimento exacto da forma
de todo o espectro não é fundamental já que a análise se centra em torno de 20% dessa
mesma frequência.
De acordo com esta hipótese, define-se o espectro das forças transversais devidas ao
desprendimento de vórtices por:
W%ñ'é&'U = W
W(á√º 3�+ Y− �[�W/W(á �XZ (5.95)
onde, B é denominado largura de banda e é função da turbulência ªf , de acordo com
Acção e Efeitos do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 63
à = 0.1 + 2.0ªf (5.96)
A força modal de um modo j é dada pela contribuição das flutuações da força lateral por
unidade de comprimento 8$B<, �F ao longo da altura do edifício.
8$ = � 8$B<, �F) B<F:<µ� (5.97)
O espectro desta força pode ser então traduzido pela seguinte expressão
6±$ BGF = � � a6±$BW,!vF6±$BW,!UF2�B<[, <XF)B<[F)B<XF:<[:<Xµ
�µ
� (5.98)
Com a correlação espacial das flutuações das forças representada por:
2�B<[, <XF = cosB21 3⁄ F3�+½−B1 3⁄ F¾ (5.99)
• Forças Aeroelásticas
A força aeroelástica é escrita na forma:
8$ = 4�G[��X*9� Y1 − � + +'�XZ ;/ (5.100)
Onde ;+ representa o valor rms do deslocamento e ;+L o valor rms de deslocamento limite.
*9� é denominado o parâmetro de amortecimento aerodinâmico obtido quando ;+ → 0 e
está associado à natureza auto-limitante do amortecimento negativo *¶ = −η¶-�/B��XF
dado pela expressão, cuja relação é traduzida por:
*¶ = *¶� Y1 − � + +'�XZ (5.101)
Este parâmetro apresenta uma variação idêntica a outros parâmetros aerodinâmicos
como "¹ e "$ .
O valor rms do deslocamento referente ao modo j é dado por:
Capítulo 5 – Acção do vento em edifícios altos
64 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
;+ X = %.',�yW�z´�UyºW�z/�η�íη²�� (5.102)
O parâmetro η¶ é a razão entre o coeficiente de amortecimento aerodinâmico e o
coeficiente de amortecimento estrutural crítico.
5.7 Túnel de Vento
O cálculo das acções e interacção do vento envolvem interacções entre escoamento e
estrutura muito complexas que, na direcção da acção do vento, têm sido traduzidas com
sucesso por modelos baseados em teorias das faixas - “strip”, e “quasi-steady” (Capítulo
5). Graças a esses modelos, são utilizados procedimentos analíticos baseados nas
características do escoamento e a geometria do corpo imerso. Por outro lado, não existem
procedimentos numéricos que traduzam eficazmente o comportamento transversal e de
torção.
As dificuldades sentidas neste campo têm destacado a análise em Túnel de Vento como o
procedimento mais fiável e completo, contudo mais dispendioso. Determinados
projectistas e muitas vezes os donos de obra defendem que este investimento inicial, face
às análises regulamentares, permite uma solução final mais económica tanto a nível
estrutural como de fachadas. Esta diferença resulta sobretudo da excessiva majoração de
acções e hipóteses conduzida na aplicação dos regulamentos (Cochran, State of the Art
Review of Wind Tunnels and Physical Modelling to Obtain Structural Loads and Cladding
Pressures, 2007).
Para edifícios esbeltos, a vibração transversal e de torção induzidos pelo vento exigem
análises bastante cuidadas, o que torna as análises em túnel de vento bastante
importantes nas fases mais avançadas do projecto.
Existem dois tipos de análises em túnel de vento desenvolvidas no inicio do século XX, em
circuito aberto - NPL (National Physical Laboratory) - ou em circuito fechado – Göttingen
type (Holmes J. D., 2007)
As técnicas de modelos aerolásticos em túnel de vento permitem obter resultados
idênticos às técnicas analíticas através da medição directa das cargas dinâmicas exercidas
pela interacção do escoamento com os edifícios. A obtenção de resultados mais precisos do
Acção e Efeitos do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 65
que os obtidos analiticamente exigem condições concretas de modelação do escoamento e
dos obstáculos atravessados, nomeadamente o edifício em causa, mas também dos
obstáculos vizinhos susceptíveis de induzirem efeitos importantes no escoamento
incidente.
Os métodos propostos na bibliografia (Simiu & Scanlan, Wind Effects on Structures, 1996)
baseiam-se nas teorias da análise de semelhança, que em determinadas condições
reproduz de forma satisfatória os fenómenos à escala real.
Além de estudos de carácter estrutural também são frequentemente conduzidos estudos
sobre os efeitos induzidos pelo escoamento sobre outros edifícios ou mesmo sobre a
circulação de peões na envolvente do edifício em causa.
5.8 Computação dinâmica de fluido
A computação dos escoamentos em torno dos edifícios e outros corpos sujeitos à acção do
vento é uma técnica que, a par da grande evolução tecnológica das últimas décadas, tem
sofrido especial destaque. Este tipo de técnicas é útil em situações pouco comuns em que
os edifícios assumem formas pouco características e que dificultam a análise por meios
expeditos. Um exemplo desta aplicação é apresentado na Figura 5-5.
Figura 5-5 – Exemplo de aplicação de CFD a uma edifício de secção quadrada – Escoamento no plano X-Z
(esquerda) e distribuição de pressões (direita) (Mendis, Ngo, Haritos, & Hira, 2007)
Capítulo 5 – Acção do vento em edifícios altos
66 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
Figura 5-6 – Exemplo de aplicação de CFD a um edifício de secção quadrada – Escoamento no plano X-Y (esquerda) e comparação com linhas equipotenciais teóricas (direita) (Mendis, Ngo, Haritos, & Hira, 2007)
Este tipo de técnica exige normalmente um grande esforço computacional, tentando-se
criar várias hipóteses simplificativas nas equações de Navier-Stokes que descrevem o
escoamento. Contudo, o estudo do vento em estruturas esbeltas exige a consideração de
várias escalas de turbulência o que resulta numa análise muito complexa. Como
consequência, na generalidade das ofertas do mercado neste domínio, os softwares de
computação dinâmica de fluidos reproduzem com alguma fiabilidade as pressões médias
do vento, não acontecendo o mesmo com os fenómenos gerados pelas flutuações do vento
bem como as acções extremas do vento.
Acção do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 67
Capítulo 6
ABORDAGEM PROPOSTA
Neste capítulo procura-se desenvolver a par dos métodos propostos, uma abordagem no
domínio do tempo analisando directamente uma história no tempo de um edifício em
interacção com um escoamento.
Figura 6-1 – Diagrama de forças de um corpo imerso num escoamento com velocidade �m
Considere-se o obstáculo representado na Figura 6-1. O problema da aerodinâmica em
estudo, resultante da interacção do vento sobre a superfície de um edifício esbelto em
altura, passa exactamente por conseguir aproximar em determinadas condições e parar
uma determinada forma os valores de L, D e M ao longo das suas secções (três g.d.l. por
piso).
Dada a variação no espaço e no tempo da velocidade, dedica-se a primeira parte deste
capítulo à formulação de séries sintéticas de vento1 no espaço e no tempo.
A segunda parte do capítulo enuncia vários pressupostos de mecânica de fluidos que
permitem descrever um escoamento potencial em torno de uma forma arbitrária. Dos
capítulos anteriores, sabe-se que em torno do edifício o escoamento não é potencial. Posto
1 Séries geradas por composição matemática
α
V∞
R
M α
L
D
p τ
ds
x
Capítulo 6 – Abordagem proposta
68 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
isto, numa terceira parte deste capítulo aplica-se um método que visa simular os
fenómenos aeroelásticos característicos dos edifícios.
Por fim, apresenta-se a estrutura esquemática do programa de cálculo desenvolvido para
efeitos de análise da abordagem proposta.
6.1 Geração de séries sintéticas de vento
6.1.1 Introdução
É frequente, no domínio da análise dinâmica, recorrer-se à geração de amostras de
processos estocásticos com intuito de analisar a resposta de estruturas quando sujeitas a
excitações aleatórias. Esta aplicação é corrente no estudo dos efeitos da acção sísmica
definida por meio de um conjunto de acelerogramas artificiais representativos das
acelerações previstas no solo.
Procura-se aqui demonstrar que a análise dos efeitos da acção do vento numa estrutura
pode ser feita por um processo idêntico, gerando conjuntos de amostras de registos da
velocidade do vento.
O método apresentado para geração de séries é baseado no modelo proposto por Rice em
1954 (Mendes, 1995), denominado por WAWS – “Weighted Amplitude Wave
Superposition” na literatura anglo-saxónica. O método WAWS aparece várias vezes
referenciado na literatura temática a Shinozuka que investigou e desenvolveu o método
nas décadas de 80 e 90. Ao longo deste capítulo, os processos estocásticos referem-se
abreviadamente a um Processo Gaussiano Estacionário Unidimensional – PGEU, que não é
mais que uma função aleatória no tempo cujas características estatísticas não variam com
o tempo. Faz-se também referência à ergodicidade admitida para estes processos.
O método unidimensional é no final do capítulo expandido a um processo vectorial, dado o
interesse da representação espacial de séries correlacionadas ao longo do
desenvolvimento da estrutura.
6.1.2 Formulação de Séries de Vento num ponto
De acordo com o método WAWS, a componente aleatória do vento pode ser descrita pela
sobreposição de N harmónicas com amplitudes dependentes do espectro de potência do
Acção do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 69
processo estocástico. No fundo, a geração de séries baseia-se no cálculo da função inversa
da transformada clássica de Fourier da amplitude da função de densidade espectral de
energia de um processo, correspondendo assim a flutuações de distribuição
aproximadamente gaussiana.
Segundo este método, no caso de um PGEU, a geração de uma amostra �B�F é expressa nos
seguintes formatos
xBtF= ∑ AkNk=1 cosB2πfkt+ϕkF (6.1) xBtF= ∑ AkNk=1 cosB�8t+ϕkF (6.2)
onde ω=2πf , em que f e ω representam a frequência e frequência angular
respectivamente. Nestas expressões, N representa o número de harmónicas consideradas, ϕk diferenças aleatórias de fase uniformemente distribuídas no intervalo ½0,2π¾ e A8 a
amplitude de cada harmónica k.
Como referido, o valor da amplitude A8 depende da função de densidade espectral, ou
espectro de potência S�BfF e relaciona-se com este através de
A8 = a2S�BfkF∆f (6.3)
sendo ∆f o espaçamento entre harmónicas ou, por outras palavras, o intervalo ou
diferenças entre frequências de harmónicas consecutivas. Este espaçamento é assumido
por simplicidade, constante. Note-se que a admissão desta hipótese não é obrigatória, no
entanto adequa-se ao objectivo definido além de permitir a simplificação de alguns
procedimentos algorítmicos. Pode-se, desde já, definir fk como múltiplo k da frequência
mais baixa (f1) e ao mesmo tempo de ∆f, aplicando-se o raciocínio analogamente a �8. Este
processo garante a periodicidade das séries temporais, com período 1/∆fB= 1/G[F.
Como facilmente se verifica na expressão (6.3), depois de introduzida em (6.1) ou (6.2), a
contribuição de cada uma das N ondas é dada pela amplitude do espectro de potência para
a própria frequência que a caracteriza. A função densidade espectral tem sido objecto de
estudo ao longo das últimas décadas, sendo tratadas algumas propostas no próximo ponto
deste capítulo.
O método descrito permite obter qualquer sinal através da sobreposição finita de
harmónicas.
A validação das propriedades das amostras geradas é obtida se a função de autocorrelação
de cada amostra, 2�¶B�F, corresponder à autocorrelação do processo estocástico, 2�B�F
Capítulo 6 – Abordagem proposta
70 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
(Mendes, 1995). A autocorrelação é uma ferramenta matemática utilizada em séries de
valores para medir o quão bem um sinal periódico reproduz uma versão de si mesmo
desfasada no tempo.
Para sinais estacionários ergódicos a autocorrelação é habitualmente apresentada pela
seguinte expressão, onde T representa a duração total da amostra.
RxaBτF= limT→∞ ?1T� xBtF.xBt+τFdtT0 A (6.4)
A introdução da equação (6.1) nesta expressão conduz à seguinte expressão
Rxa(τ)= limT→∞ ?1
T∑ ∑ AkAj
Nj=1
Nk=1 � cosB2πfkt+ϕkF. cosy2πfj(t+τ)+ϕjz dt
T
0A (6.5)
devendo esta equação corresponder à autocorrelação desejada para o processo
estocástico, relacionada com o espectro de potência através de
RxBτF= � SXBfF. cos B2πf.τFdf∞0 (6.6)
Considerem-se as seguintes igualdades triviais da trigonometria e da análise complexa
cosB�}� + ϕkF = cosB�}�F cosBϕkF − sinB�}�F sinBϕkF (6.7)
cosB�}B� + �F + ϕkF = cosB�}�F cosB �}�F cos BϕkF − sinB�}�F sinB�}�F sinBϕkF −
cosB�}�F cosB�}�F cosBϕkF − sinB�}�F sinB�}�F sinBϕkF (6.8)
� cosBtF sin t2π0 dt=0 (6.9)
� cosBk.tF cosB j.tF2π0 dt= Dπ, k=j≠0
0,k≠j e ), F ∈ ℤ (6.10)
A introdução destas relações com 2πfk = �} e o facto de a duração T ser longa face ao
período das harmónicas elementares das séries geradas permitem desprezar os termos
cruzados k,j (k≠jF da (6.5). A simplificação desta equação conduz ao seguinte resultado
Rxa(τ)= limT→∞ ?1
T∑ AkAk
Nk=1 � 88(t,τ)dt
T
0A (6.11)
onde
Acção do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 71
Fk(t,τ)=Ëcos (ωkτ) cos2 (ϕk) - sin (ωkτ) sinBϕkF cos (ϕk)Í cos2BωktF+ ½sinB�}�F sinBϕkF cosBϕkF + cosB�}�F sinXBϕkF¾ sinXB�}�F (6.12)
Da expressão (6.7) deduz-se facilmente a seguinte igualdade para qualquer variável x
� cosXB�F:� = � sinXB�F:� =Xº�
Xº� � (6.13)
Quando se estabelece uma mudança de variável tal que � = �}� e recordando que
�} = 2� �}⁄ , a igualdade anterior pode ser apresentada na seguinte forma
[¤I � cosXB�}�F:� = � sinXB�}�F:� =¤I
�¤I
�[X (6.14)
Com estes resultados, e para amostras suficientemente longas em T, o resultado do
segundo membro integrado na expressão (6.8) (quando individualizado) pode ser
aproximado, para cada uma das N harmónicas que definem a série, por
limT→∞ ?1
T� 88(t,τ)dt
T
0A = [
X cosB�}�F ½cosXBϕkF + sinXBϕkF¾ = [X cosB�}�F (6.15)
Pelo que quando acoplada da restante expressão, obtém-se o seguinte resultado
Rxa(τ)=[X ∑ AkAk
N8c[ cosB�}�F = [X ∑ �X
kN8c[ cosB�}�F (6.16)
Introduzindo agora a expressão definida em A8 = a2S�BfkF∆f (6.3) para Ak , chega-
se à seguinte relação
RxaBτF= ∑ S�BfkF. ∆fN8c[ . cosB�}�F (6.17)
Esta relação pode ser apresentada no domínio contínuo, quando K →∞, como a função
desejada, recorde-se a autocorrelação para o processo estocástico (função do espectro de
potência S�BfkFF.
RxaBτF= � SXBfF. cos B2πf.τFdf=RxBτF∞0 (6.18)
Capítulo 6 – Abordagem proposta
72 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
O facto de todas as séries apresentarem igual autocorrelação evidencia a ergodicidade do
processo estocástico. Além disso, de acordo com o Teorema do Limite Central este
processo para uma amostra suficientemente grande pode também admitir-se gaussiano
(PGEU).
A função variância de cada uma das N harmónicas que definem a amostra é definida pela
seguinte expressão
�X = [¤ � B�B�F − �ÁB�FFX:�¤
� (6.19)
que quando introduzida a expressão (6.1) e relembrando que o processo é ergódico de
média nula, toma a seguinte forma para a k harmónica da série
�}X = [¤ ∑ �}XN
k=1 � 7L4XB2πfktF :� = �}X = [X �}X¤
� (6.20)
que de acordo com a simplificação apresentada em (6.14) se limita a �}X = [X �}X. Por
outro lado, como já se referiu atrás, o produto S�BfkF∆f estabelece a contribuição das
flutuações de frequência fk, alargada ao intervalo ½G} − ∆f 2⁄ ;G} + ∆f 2⁄ ¾, pelo que para
essa harmónica se tem
�}X = S�BfkF∆f (6.21)
o que verifica a expressão (6.3).
Resulta assim
�}X = S�BfkF∆f=[X �}X N A8 = a2S�BfkF∆f (6.22)
6.1.3 Formulação de Séries com variabilidade espacial
O modelo de geração de séries de vento deve reflectir, para além da variabilidade temporal
do escoamento, a variabilidade espacial. A primeira, como se viu, pode ser tratada gerando
amostras nos vários pontos, todas correspondendo ao mesmo espectro de potência. A
segunda exige definir a correlação entre séries.
Acção do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 73
A função de correlação (cruzada) definida entre dois processos estocásticos ocorrendo
simultaneamente em dois pontos A e B afastados de 1&, é definida no caso da velocidade
como
2& c©OB�O,�F©PB�Oí'O,�í�Fbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbb
©�UB��,�F©�UB��í'�,�í�F (6.23)
Note-se que na expressão anterior, quando � = F e como tal com afastamento nulo, se
obtém a função de autocorrelação no domínio do tempo (note-se novamente que o
processo tem média nula). Quando transformada no domínio da frequência, obtém-se a
função de densidade espectral. Esta operação é facilmente obtida através da transformada
de Fourier cuja operação é válida para uma função � = �B�F absolutamente integrável em ℝ.
Quando � ≠ F, obtêm-se a densidade espectral de energia cruzada, traduzida pela seguinte
expressão
6& B0F = a6&B0F6 B0F. 7Lℎ& B1&, 0F. 3� R��BMF (6.24)
em que �& é uma medida de desfasamento das séries temporais e 7Lℎ& B1&, 0F a função de
coerência das séries que depende não só da frequência, bem como do vector distância
entre os dois pontos, de acordo com a seguinte expressão
7Lℎ& B1&, 0F = #UB'�,MFí�UB'�,MF%��B��,MF%��B��í'�,MF (6.25)
onde por sua vez P representa o chamado coespectro e Q a quadratura (respectivamente a
parte real e a parte imaginária do espectro cruzado), sendo que para o vento atmosférico
se verificou experimentalmente que a razão entre a quadratura e o coespectro é pequena,
o que significa que, sem grande erro, a função de coerência pode ser definida apenas pela
parcela do coespectro de acordo com a hipótese clássica de Davenport (Saraiva & Silva,
2004).
Esta hipótese significa que se toma a turbulência como homogénea e, assim, exprimir a
coerência a partir de uma combinação de funções exponenciais da forma 7Lℎ& B1&, 0F =3�æ .
Capítulo 6 – Abordagem proposta
74 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
Nesta expressão, o expoente � deve conter a informação do vector distância entre pontos,
bem como da escala de comprimentos característica de turbulência ,& . Com base em
estudos experimentais, adopta-se a seguinte expressão de �
� = M½é/U'/UíéUU'UU¾vU½©B�/,��Fí©B�/,��í'�F¾ (6.26)
em que os índices 2 e 3 se referem às direcções no plano transversal à acção do vento. Os
símbolos 1 definem a distância na direcção indexada enquanto os coeficientes "& são
denominados “coeficientes de atenuação da correlação”. Estes coeficientes são função das
escalas características da turbulência e diminuem com o aumento da altura acima do solo.
De acordo com (Saraiva & Silva, 2004), é também expectável que tais coeficientes
aumentem com o aumento da velocidade média do escoamento e com a rugosidade do
solo.
De notar que a expressão de � na sua forma completa contempla mais um termo no
numerador referente à terceira direcção. Este termo assume uma forma análoga aos
restantes. Quando admitido igual a zero, só se relacionam as componentes do vento no
plano transversal, não sendo considerada qualquer relação na direcção longitudinal ao
escoamento à excepção de um desfasamento temporal de velocidades originado pelo
transporte dos turbilhões pelo escoamento médio. Assim sendo, está implícita a hipótese
de turbulência congelada de Taylor, isto é 2& B1, �F → 2& B1F (v. 3.2.3).
Quando as dimensões transversais dos turbilhões (e porque se trata apenas de correlação
nesse plano) tomarem valores inferiores às distâncias entre os pontos cujas séries são
objecto de correlação, obtém-se uma contribuição nula para a correlação. Por outras
palavras, tais turbilhões são incapazes de afectar simultaneamente esses dois pontos.
Já que a geração de ondas se baseia na sobreposição finita de harmónicas quando
comparadas as séries geradas em dois pontos, A e B, pode-se dividir a expressão (6.1) de
cada série na soma de três séries, tais que
�ABtF= ∑ Aini=1 cosB2πfit+ϕiF + ∑ Aj
mj=n+1 cosy2πfjt+ϕjz + ∑ Ap
pl=m+1 cosy2πfpt+ϕpz (6.27)
�BBtF= ∑ Aini=1 cosB2πfit+ϕiF + ∑ Aj
mj=n+1 cos �2πfjt+ϕ∗
j� + ∑ Appl=m+1 cos �2πfpt+ϕ∗
p� (6.28)
Acção do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 75
em que o primeiro termo corresponde aos turbilhões com comprimento muito superior à
variação de posição 1 entre pontos e como tal com contribuição para a correlação, o
segundo termo, também com contribuição, corresponde à diferença de fases entre séries,
enquanto o último termo correspondente aos turbilhões com comprimento inferior à
distância entre pontos não contribui para a correlação entre as séries.
Com isto, segundo (Saraiva & Silva, 2004), o desenvolvimento teórico deste modelo
permite demonstrar que, para o caso geral de n componentes em fase das m componentes
totais em média (m componentes com contribuição para a correlação), se tem
RAB = [�U ∑ A�U�c[ = �VU�WU (6.29)
e que, portanto, quando n → 0, e como tal não existem ondas em fase, RABbbbbb = 0 e por outro
lado, quando n → m N RABbbbbb → 1. Pode-se assim afirmar que se estabelece assim uma
relação entre variâncias do espectro em fase e do espectro total.
6.1.4 Processo vectorial
Considere-se um processo gaussiano vectorial constituído por M processos escalares.
De acordo com o estipulado até nos pontos 6.1.2 e 6.1.3, a iésima componente do processo
vectorial pode ser gerada de acordo com
�& = ∑ �&BG}, �FÒ}c[ (6.30)
sendo a késima componente calculada por
�&BG} , �F = ∑ X·& BG}FX cos u2�yG} + �G} z� + φ} + �& BG}Fw& c[ (6.31)
em que, além das variáveis descritas atrás, a expressão anterior contém para a definição
de cada harmónica uma diferença de fase entre as componentes do processo, �& BG}F e uma
matriz complexa triangular inferior indicada como ·BG}F (Mendes, 1995).
·BG}F½·∗BG}F¾¤ = 26�BG}F∆G (6.32)
Capítulo 6 – Abordagem proposta
76 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
A matriz complexa ·BG}F é definida pela expressão (6.32) e pode ser obtida pela
factorização de Cholesky, em que os termos não diagonais da matriz 6�BG}F representam
densidades espectrais cruzadas entre as várias dimensões do processo vectorial.
Por outro lado, a diferença de fase �& BG}F é uma variável complexa que assume valores
nulos sempre que a matriz de densidade espectral de potência 6�BGF assume valores reais,
como é o caso das condições de estudo a que se propõe este documento.
Nestas condições e para um sistema de m componentes, as equações (6.31) conduzem ao
seguinte sistema algébrico
YZZZ[�[B�F
�XB�F��B�F⋮�»B�F]
^_
= ∑
YZZZ[ ·[[BG}F 0 …
·X[BG}F ·XXBG}F 0·�[BG}F ·�XBG}F ·��BG}F
⋱ 0⋮0⋮ ⋱ ⋮
·»[BG}F ·»XBG}F ·»�BG}F ⋯ ·»»BG}F]^_
Ò}c[ 7L4YZZZ[ 2�BG} + �G}[F� + ∅}[
2�BG} + �G}XF� + ∅}X2�BG} + �G}�F� + ∅}�⋮
2�BG} + �G}»F� + ∅}» ]^_
(6.33)
Este sistema permite obter uma amostra de dimensão m de séries correlacionadas no
espaço. Facilmente se pode demonstrar que a co-variância do processo corresponde à co-
variância objectivo (Mendes, 1995).
6.2 Escoamentos potenciais em torno de um edifício
Um escoamento admitido incompressível pela equação da continuidade satisfaz a seguinte
relação
� ∙ � = 0 (6.34)
Por outro lado, um escoamento irrotacional satisfaz a relação
� × � = 0 (6.35)
O que significa que existe um campo potencial escalar φB�, ;, <F definido tal que
� = �φ (6.36)
Acção do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 77
e que portanto satisfaz a equação de Laplace:
� ∙ B�φF = 0⇔�Xφ = 0 (6.37)
Pode-se ainda mostrar que designado por ψ a função de deslocamento do fluído se tem
�Uψ��U + �Uψ
� U = 0 (6.38)
Com isto, conclui-se que qualquer escoamento irrotacional e incompressível permite
definir um campo potencial de velocidades e linhas de corrente que satisfazem a equação
de Laplace.
Note-se agora que esta equação é uma equação diferencial de segunda ordem, linear e
parcial. Como tal é valido admitir que nestas condições de linearidade, todas as soluções
são combinações lineares de soluções da mesma.
Posto isto, é possível concluir que, apesar da complexidade do escoamento, em condições
de irrotacionalidade e incompressibilidade o escoamento pode ser descrito pela
sobreposição de um número de escoamentos elementares igualmente irrotacionais e
incompressíveis.
6.2.1 Soluções do escoamento potencial
Descrevem-se de seguida os escoamentos elementares a ter em conta nesta descrição.
Figura 6-2 – Soluções das equações de escoamento potencial: (a) Escoamento uniforme (b) Campo de Fonte
(c) Vórtice
A Figura 6-2 ilustra três possíveis soluções do escoamento potencial. De seguida estas
soluções são descritas no âmbito deste trabalho.
O
r
Vθ
Vh
φ=const
Ψ=const
Ψ=const
φ=const
Vr
θ
(a) (b) (c)
Capítulo 6 – Abordagem proposta
78 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
a) Escoamento Uniforme
Considere-se um escoamento uniforme com velocidade �m , com direcção e sentido
positivo no eixo x. Demonstra-se facilmente que um escoamento deste tipo é irrotacional
obedecendo à condição (6.31).
De acordo com a figura, pode-se escrever as seguintes condições
�φ�� = _ = �m (6.39)
�φ� = c = 0 (6.40)
Resolvendo a equação diferencial obtém-se a menos de uma constante com pouca
importância para o problema a seguinte expressão para a função potencial
φ = �m� (6.41)
Analogamente pode-se obter a expressão para a função de corrente
ψ = �m; (6.42)
b) Escoamento de fonte e penetração
A segunda contribuição para a função potencial de um escoamento bidimensional pode ser
obtida considerando um escoamento com todas as linhas de corrente concêntricas num
ponto fonte ou de penetração, consoante a direcção dessas linhas de corrente, de acordo
com a Figura 6-2 (b).
Desta figura se percebe que num sistema de coordenadas polares a velocidade pode ser
descrita em duas componentes, �' e �R = 0.
Demonstra-se facilmente que este tipo de escoamento é incompressível em todos os
pontos excepto na origem e também irrotacional em todos os pontos.
Pode-se no caso deste tipo de escoamentos ter uma abordagem bastante conveniente.
Considere-se o ponto de fonte ou de penetração como um ponto discreto, de tal forma que
o escoamento envolvente é induzido por este ponto. Como referido em cima, este ponto
discreto é uma singularidade do sistema, uma vez que resulta numa indeterminação
quando imposta a condição de incompressibilidade. Este ponto pode assim ser
Acção do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 79
caracterizado por uma determinada força resultante do campo induzido em seu redor.
Considere-se agora infinitos pontos dispostos sucessivamente formando um contorno de
um corpo arbitrário. Utilizando esta condição de singularidade em cada um desses pontos
infinitesimais do contorno, conseguimos caracterizar todo o contorno.
Importa agora caracterizar numericamente um desses pontos fonte.
Imagine-se uma circunferência de raio r definida num escoamento tipo fonte. Imagine-se
também essa circunferência extrudida na direcção perpendicular ao plano, ao longo da
profundidade þ.
A quantidade de movimento elementar nessa superfície à cilíndrica de raio r é dada em
coordenadas cilíndricas por:
��⋅:6 = ��'B1:θF:þ (6.43)
A integração dessa quantidade de movimento em toda a superfície é por sua vez definida
tal que:
-/ = � ρ�'B1:θFXπ� þ = 2π1þρ�' (6.44)
Com isto, estamos em condições de escrever uma expressão para a taxa de variação de
volume de escoamento por unidade de profundidade
Λ = 2�1�'⇔�' = Λ
Xº' (6.45)
Por sua vez o potencial é obtido pela equação diferencial
�φ�' = �' = Λ
Xº' ⇔φ = Λ
Xº ln 1 (6.46)
e a equação das linhas de corrente é dada por
ψ = Λ
Xº θ (6.47)
Capítulo 6 – Abordagem proposta
80 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
c) Escoamento em Vórtice
Resta-nos introduzir um escoamento também bastante conveniente à resolução do nosso
problema. Este tipo de escoamento é caracterizado por linhas de corrente todas centradas
num ponto O, cujas velocidades são constantes em cada linha de corrente, mas variável de
linha para linha. Neste caso, as componentes da velocidade em coordenadas polares
podem ser descritas tal que �' = 0 e �R = 7/1, com c uma constante.
De notar que nestas condições o escoamento é incompressível em todos os pontos e
irrotacional em todos os pontos excepto na origem.
Considere-se a circulação em torno de uma das linhas de corrente à distância r do ponto O.
Tem-se assim que:
Γ = − � �⋅:4é = −�RB2π1F (6.48)
Desta expressão retira-se directamente que
�R = − Γ
Xπ' (6.49)
o que verifica naturalmente a condição de proporcionalidade inversa referida em cima.
A função potencial de velocidade pode ser obtida da seguinte forma
�φ�' = �' = 0 (6.50)
['
�φ�θ = �θ = − Γ
Xπ' (6.51)
Da resolução da equação diferencial obtém-se finalmente a expressão da função potencial
para um campo vórtice
φ = − Γ
Xπ' (6.52)
Assim, deste equação demonstra-se também que as linhas de corrente são descritas por:
ψ = Γ
Xπ' ln 1 (6.53)
Acção do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 81
6.2.2 Método dos Painéis
Este método visa estimar com de forma simples o escoamento potencial em torno de
corpos de secção arbitrária. As suas aplicações estendem-se às mais variadas áreas da
ciência, de salientar a sua aplicação nos estudos aerodinâmicos em aviões.
Considere-se um corpo arbitrário no espaço atravessado por um escoamento atmosférico
como representado na figura
Figura 6-3 – Diagrama resultante da combinação do escoamento uniforme com o escoamento de fonte
De acordo com (Fundamental of aerodynamics, John D.Andersons, Jr.), a força definida em
cada comprimento infinitesimal ds toma o valor λds. Tomando um ponto P de
coordenadas cartesianas (x,y) afastado a uma distância r do contorno do corpo, define-se o
potencial de velocidade induzido, :φ, tal que:
:φ = λ��Xπ ln 1 (6.54)
Assim sendo, o potencial de velocidade completo no ponto P, induzido por um segmento
de contorno da superfície é dado por exemplo entre a e b, por:
φB�, ;F = � λ��Xπ ln 1¼
¶ (6.55)
P(x,y)
r
ds
a b
λ=λ(s)
V∞
++++
Capítulo 6 – Abordagem proposta
82 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
Os resultados obtidos por aplicação do método dos painéis são, sobretudo, excepcionais
para determinadas condições que definem as circulações do ar atmosférico junto à
superfície dos corpos. Como se verá adiante, não são directamente admitidas no modelo
zonas de separação do escoamento.
Considere-se agora a seguinte secção arbitrária discretizada em i painéis lineares, de
altura h.
Figura 6-4 – Diagrama de forças de um corpo imerso num escoamento com velocidade �m
Na discretização representada divide-se agora o contorno da superfície por um conjunto
de segmentos lineares, nos quais se definem forças λ constantes em cada painel, variando,
no entanto, de painel em painel.
Considerando a totalidade dos n painéis, ter-se-á um conjunto de forças λ1, λ2,…, λn
desconhecidas. O objectivo deste método é resolver estas forças singulares, tais que o
escoamento terá linhas de corrente paralelas ao contorno do corpo.
Analogamente à expressão (do integral entre pontos), define-se o potencial induzido pelo
painel j num ponto P como
∆φ = � λ���Xπ þ0 1� = λ�
Xπ � þ0 1� :4 (6.56)
em que 1� é a distância no plano entre o P e o ponto de controlo do painel j,
P(x,y)
θ
α
Direcção do painel i
Direcção do fluxo livre
Pontos de controlo
Limites do painel
rpj
Painel 1
Painel 2
Painel j
Painel i Painel mV
x
Acção do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 83
1� = B� − � FX + B; − ; FX (6.57)
O potencial induzido num ponto P por todos os painéis é obtido através da soma discreta
das contribuições dos n painéis.
φBLF = ∑ λ�
Xπ � ln 1� :4 M c[ (6.58)
Denominando por B�& , ;&F as coordenadas do ponto de controlo do painel i, então soma das
contribuições de todos os painéis para o potencial no painel i é
φB�& , ;&F = ∑ λ�Xπ � ln 1� :4 M c[ (6.59)
O pressuposto deste método que define a direcção das linhas de corrente, tangentes ao
vector velocidade em todos os pontos, obriga a que seja necessariamente nula a
componente da velocidade, normal a cada painel.
Ora, esta componente surge da soma vectorial de duas grandezas. Por um lado, o
escoamento contribuirá com uma parcela decomposta na direcção do vector normal à
direcção do painel j, tal que:
�∞,M = �∞ ∙ 0 = �∞ cos β (6.60)
Do campo potencial escalar definido em (6.59), define-se a segunda componente da
velocidade normal ao painel i.
�Mc�
�M�ËφB� , ; FÍ (6.61)
Admitindo como condição de fronteira a anulação da componente normal da velocidade,
pode-se escrever
�∞,M + �Mc0⇔�m cos β& + λ�X + ∑ λ�
Xπ � ��U�
Bln 1& F :4 = 0M c[ (6.62)
Capítulo 6 – Abordagem proposta
84 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
Note-se que o primeiro termo da segunda igualdade surge de uma singularidade já que
quando � = F o vector 1& anula-se, ficando, consequentemente, a função logarítmica sem
significado.
Nesta expressão verifica-se que o integral depende apenas da geometria do problema, o
que confere grande aplicabilidade a esta expressão. Se essa quantidade for agora
denominada por ª&, , a expressão anterior vem
�∞,M + �Mc0⇔ λ�X + ∑ λ�
Xπ ª&, + �m 7L4 β& = 0M c[ (6.63)
Esta forma algébrica da equação fundamental do método dos painéis permite resolver um
sistema para i=1,2,…,n, resolvendo o campo de esforços, λ1, λ2,…, λn no contorno do corpo.
Naturalmente este tipo de método é tanto mais rigoroso quanto mais pormenorizada for a
discretização da superfície do corpo. No entanto, para discretizações bastante grosseiras
são obtidos relatados na biografia resultados bastante aceitáveis.
De forma análoga à expressão das duas contribuições para a velocidade normal, a
velocidade tangente num ponto de controlo do painel i pode ser obtida por:
�& = �m,� + �� = �m sin & + ∑ λ�Xπ � �
�d�Bln 1& F :4 M c[ (6.64)
Desta forma, o coeficiente de pressão no mesmo ponto de controlo é dado por:
"�,& = 1 − � R�Re�X
(6.65)
No caso descrito, em que se consideram o corpo totalmente imerso num escoamento que
assume a sua forma, e que por isso apresenta apenas componentes de arrasto, deverá ser
verificada a condição
∑ λ 6 = 0M c[ (6.66)
Nas condições apresentadas, quanto mais próximo de 0 for o somatório, melhor será a
aproximação do campo de λ. De notar que no caso de um corpo aberto não será verificada
a condição.
Acção do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 85
Como já referido, o método anterior adequa-se bem a um escoamento que desenhe linhas
de corrente tangentes à superfície do corpo. No entanto, resultados experimentais em
túnel de vento para secções de forma geométrica simples, demonstram que na realidade, o
escoamento não é uniforme como foi previsto no modelo.
Em função crescente do número de Reynolds o escoamento ganha turbulência desenhando
linhas divergentes do contorno da superfície, formando progressivamente vórtices nas
faces de sotavento.
Defina-se circulação no contorno de uma superfície por,
� = − � � ∙ :4 (6.67)
Esta expressão define no caso contínuo uma propriedade bastante idêntica à evidenciada
na expressão (6.66). Para iguais condições de escoamento, e num contorno fechado, a
circulação assume o valor 0. Neste caso não existe formação de vórtices, nem portanto
forças dessa natureza.
Relembrando a definição de vorticidade de um escoamento,
� = ∇ × � (6.68)
Pelo teorema de Stokes pode-se estabelecer uma relação directa entre Circulação, Γ, e vorticidade �. Invocando o teorema de Stokes, facilmente se obtém
� = − � � ∙ :4 = −h B∇ × �F� :6 (6.69)
que por outro lado poderá também ser escrito como
B∇ × �F ∙ 0 = − �i�% (6.70)
Por outro lado, sabe-se que a vorticidade relaciona-se com a velocidade angular de acordo
com a expressão (6.71), que definida no plano é definida pela expressão (6.72)
� = 2� (6.71)
�! = [X ��«
�� − �f� � (6.72)
Capítulo 6 – Abordagem proposta
86 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
Figura 6-5 – Diagrama de tensões resultantes de um campo de vórtices
A vorticidade típica dos campos rotacionais produz um binário de tensões tangenciais,�[,
em cada ponto do contorno do fluído.
De acordo com o especificado no método dos painéis, alguns parágrafos acima, é possível
da mesma forma introduzir o conceito de vorticidade na superfície do contorno do corpo
representado na Figura 6-5. Uma fatia infinitesimal do contorno de vórtices, :4, induz
uma velocidade infinitesimal, dV, de acordo com
:� = − j��Xπ' (6.73)
Considerando novamente o ponto LB�, ;F no escoamento, seja 1� a distância do ponto P ao
ponto de controlo de um qualquer painel j. Definindo �� o ângulo entre o eixo x e direcção
do painel. O potencial de velocidade induzido em P pelo painel j é dado por
∆φ = − [Xπ � �� :4 (6.74)
portanto, a contribuição de todos os painéis será dada pela soma discreta dessas
contribuições singulares.
φB�& , ;&F = − ∑ [Xπ � �� :4 M c[ (6.75)
Seguindo o raciocínio acima demonstrado, se agora se considerar um painel i cujo ponto
de controlo é definido pelas coordenadas B�&, ;&F, então pode-se definir facilmente �&
�& = tan�[ �� ������
(6.76)
�[
�[
Acção do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 87
Consequentemente, considerando que a função B4F é constante para cada painel, vem
que,
φB�& , ;&F = − ∑ j�Xπ � �& :4 M c[ (6.77)
Conduzindo novamente à anulação da componente normal da velocidade do escoamento
na periferia da superfície, e com isto dando significado à vorticidade definida na direcção
dos painéis, chega-se facilmente a uma nova expressão, que de forma idêntica à obtida
anteriormente permite resolver um sistema algébrico de n equações em função de n
incógnitas, e com isto, presumivelmente definir uma aproximação discreta do campo B4F. Da condição fronteira imposta, resulta assim
�m,M + �Mc0⇔�m 7L4 β& − ∑ j�Xπ � �R��
�M� :4 M c[ = 0 (6.78)
ou,
�m 7L4 β& − ∑ j�Xπ î&, M c[ = 0 (6.79)
De notar que nesta expressão não existe nenhum termo singular resultante da derivação
da função potencial segundo a direcção normal ao painel.
Até aqui segue-se paralelamente o raciocínio do método dos painéis apresentado
inicialmente. Contudo, neste modelo de painéis de vórtices é necessário verificar também
a condição de Kutta.
Existem infinitas possibilidades de escoamento em torno de uma superfície
correspondentes a infinitos valores � de circulação. Contudo, a natureza para uma
determinada forma adopta apenas uma configuração de escoamento possível. A condição
de Kutta, baseada em estudos experimentais, surge da necessidade de limitar as hipóteses
ao caso real. Os seguintes pontos definem os princípios fundamentais desta condição
(Andersson, 1991):
• Para uma dada forma, imersa num escoamento com determinado ângulo de
ataque, o valor da circulação � em torno dessa mesma secção é tal que o
escoamento deixa aresta posterior mais afastada do centro geométrico da secção,
com um escoamento suave.
Capítulo 6 – Abordagem proposta
88 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
• Se a aresta posterior tem origem num ângulo finito, então a aresta define um ponto
de estagnação do escoamento, em que a única solução possível é que a velocidade
seja nula Figura 6-6 (a).
• Se a aresta posterior é originada pela intersecção de duas formas arredondadas,
então a velocidade nesse ponto resulta da soma das velocidades do escoamento
que surgem em ambas as faces convergentes no vértice. Essas velocidades são
iguais em sentido, direcção e intensidade Figura 6-6 (b).
Figura 6-6 – Soluções da condição de Kutta
No caso que se procura estudar aqui, a própria discretização em painéis conduz sempre à
primeira hipótese, em que, portanto, o último vértice representará um ponto de
estagnação.
Em ambos os casos, a condição de Kutta em termos da vorticidade é descrita para a aresta
em causa respeitando a seguinte condição
B�üF = 0 (6.80)
em que TE significa “trailing edge” de acordo com a gíria anglo-saxónica.
Desta forma, se for considerada uma discretização que gera dois painéis adjacentes,
suficientemente próximos do ponto de estagnação, temos que & = −&�[.
Com a adição desta nova equação, obtemos um sistema de n+1 equações com as mesmas n
incógnitas. Assim sendo, a resolução do sistema leva que se ignore uma das equações do
sistema. A condição de Kutta é, como se viu, fundamental, restando apenas como hipótese
ignorar uma das equações do sistema de n equações. O mesmo é dizer que se ignora o
valor de num dos painéis, restando n-1 equações. Este procedimento pode induzir erros
no sistema, pelo que devem ser tidos em conta alguns cuidados na escola do painel a
ignorar.
aV1
V2
a
V1
V2
a) V1=V2=0 b) V1=V2≠0
Acção do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 89
Uma vez resolvido o sistema, a circulação pode ser obtida pelo somatório das
componentes de circulação de cada painel, i.e.
� = ∑ 4 M c[ (6.81)
, = �m�m� (6.82)
De notar que este método tem-se revelado mais ineficaz que o primeiro abordado neste
ponto. De facto, ao assumir-se uma função constante em cada painel pode ser uma
aproximação grosseira que gera erros bastante pesados para as soluções finais. Com o
intuito de melhorar a aproximação do campo de são descritos na bibliografia métodos de
ordem superior, que aproximam por uma função linear em cada painel. Contudo, para já
e no âmbito deste trabalho assume-se que o método descrito gera resultados aceitáveis.
6.3 Vibrações aeroelásticas e desprendimento de vórtices
O método descrito atrás procura descrever o escoamento potencial em torno de uma
forma arbitrária. Considerando a aplicação a um edifício, essa aproximação é grosseira
descrevendo um comportamento ordenado do escoamento não tendo em conta como tal
os fenómenos típicos do escoamento em torno de corpos de grandes dimensões.
Os fenómenos de libertação de vórtices foram descritos no capítulo 4, guardando-se para
esta secção uma aproximação matemática desse fenómeno.
Como descrito atrás, o desprendimento de vórtices ao longo da estrada de von Karman é
aproximadamente harmónico, libertando-se ora um turbilhão da zona superior da esteira
ora um turbilhão da zona inferior. Esta libertação alternada de grandes vórtices induz uma
força de sustentação nos edifícios.
Uma primeira aproximação da força induzida por metro de altura do edifício é dada por:
8$ = [X �¶�X�"$% sin ��� (6.83)
Esta expressão, bastante idêntica a muitas outras apresentadas neste documento, introduz
a função sinusoidal que caracteriza o comportamento harmónico da função, em que ��
representa a frequência de libertação de vórtices definida por uma frequência K% que
Capítulo 6 – Abordagem proposta
90 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
satisfaz a condição de Strouhal. O coeficiente adimensional apresentando, "$% , é por sua
vez um coeficiente calibrado que caracteriza a força de sustentação com origem no
fenómeno estudado.
Figura 6-7 - Esquema do modelo oscilador acoplado para vibrações induzidas pelo desprendimento de vórtices
A expressão apresentada é, no entanto, uma aproximação demasiado simples ao fenómeno
nos edifícios em altura. Por um lado, a força de sustentação cresce com a amplitude da
oscilação do edifício, e por outro lado a correlação destas forças aumenta com a dimensão
do edifício. Por isto em (Simiu & Scanlan, Wind Effects on Structures, 1996) é proposto
que a equação que descreve o comportamento do edifício durante este fenómeno deverá
ser escrita tal que:
-;� + 7;/ + ); = 8B;, ;/ , ;� , �F (6.84)
No âmbito deste trabalho adopta-se a forma mais simplista para obter estas forças. Para
isso, considera-se que na expressão (6.83) �� tomará o valor da frequência natural do
edifício. Este valor será o mais condicionante já que representa a fase em que a
amplificação a amplitude dos deslocamentos é amplificada. O coeficiente de sustentação
para este fenómeno, também na equação é definido pela literatura para vários números de
Reynolds e diferentes geometrias. Em (Gionsan, 2002) é proposto o seguinte conjunto de
parâmetros para definição deste fenómeno.
Acção do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 91
Secção S klm B L
Circular
Subcrítico Re<3x105
0.18 0.50 0.10 2.5
Supercrítico e Transição Re>3x105
0.25 0.20 0.30 1.0
Quadrada 0.11 0.60 0.25 3.0
Tabela 6-1– Parâmetros do desprendimento de vórtices
Neste quadro, o primeiro parâmetro é o número de Strouhal, "$% representa o coeficiente
de sustentação para o fenómeno da libertação de vórtices, B é a largura da banda, uma
medida da variabilidade da frequência de desprendimento de vórtices e L o comprimento
de correlação, o comprimento (como rácio da dimensão característica da forma) dentro do
qual os vórtices actuam em fase.
A determinação destes parâmetros para outro tipo de secções deve ser consultada em
bibliografia especializada ou determinada experimentalmente em túnel de vento.
De facto, com suporte em actividades em túnel de vento pode-se aproximar o fenómeno
através de modelos empíricos mais complexos e com melhores aproximações. Consoante
as características do cenário em estudo é necessário determinar um conjunto de
parâmetros que está fora do âmbito deste trabalho.
Nas últimas décadas têm sido apresentadas inúmeras abordagens numéricas para este
fenómenos. De notar os modelos 2D linear e não linear de R.H. Scanlan (Simiu & Scanlan,
Wind Effects on Structures, 1996) e o modelo 3D de Vickery & Basu, um dos mais aceites
na literatura usada (Pinheiro, 2004).
Capítulo 6 – Abordagem proposta
92 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
6.4 Método dinâmico de análise
O método proposto visa resolver uma história no tempo da interacção de um escoamento
com um edifício alto.
Considere o seguinte modelo estrutural de um edifício alto de geometria simples
arbitrária, com � pisos e com K = 3 × � graus de liberdade.
Figura 6-8 - Esquema do modelo oscilador acoplado para vibrações induzidas pelo desprendimento de vórtices
Considere-se agora que o movimento do edifício se dá num período de T segundos,
dividido em Nt instantes.
No primeiro instante o edifício é considerado em equilíbrio estático, sendo as suas
propriedades dinâmicas para os N graus de liberdade dados por
n�&B�Fo = p_�,&B�F_ ,&B�Fθ!,&B�F
q = 0 n�&B�Fo = pc�,&B�Fc ,&B�Fr!,&B�Fq = 0 n�&B�Fo = p9�,&B�F
9 ,&B�Fr!,&B�F
q = 0
em que _& , c& e 9& representam as componentes do deslocamento, velocidade e aceleração
do piso i, respectivamente.
Em cada instante é resolvido o método dos painéis apresentado em torno da secção
previamente e imputadas as forças numa “time-history” que devolve as condições
cinemáticas iniciais do próximo instante de cálculo. Resulta assim uma situação idêntica à
representada no esquema
1
2
3
n
α
α
L
D
M
x
y
x
z
�m
Acção do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 93
Figura 6-9 - Posição geométrica do piso i no instante � = �� + ∆�
A solução de cada instante é obtida resolvendo a equação do movimento da estrutura,
resolvida com recurso ao programa Robot Millenium 20.1 da Robobat. Este software
apresenta vários métodos para cálculo numérico da história no tempo, tendo-se adoptado
o método da decomposição modal. De notar que não é considerada a deformabilidade da
secção de cada piso, sendo como tal admitida a hipótese do piso rígido.
Para a resolução da interacção no novo instante interessa saber a velocidade que atingirá
o edifício num referencial móvel animado com a velocidade do instante anterior. Defina-se
a velocidade relativa no instante � = �� + ∆�,
�'�s,&�c��í∆� = �∞,��=�0+∆� − ���=�0+∆� (6.85)
Onde �m,& representa a velocidade do escoamento não perturbado à altura do piso �. Com este valor pode-se resolver novamente o método dos painéis, chegando-se a um novo
conjunto de forças D, L e M aplicados no instante � = �� + ∆�. Este processo cíclico é
computado numa rotina programada para o devido efeito, permitindo analisar um filme da
vibração do edifício bem como analisar os esforços em toda a estrutura, já que o programa
de cálculo Robot Millenium resolve todos os esforços durante os instantes calculados.
Esta ferramenta é bastante interessante do ponto de vista de aplicabilidade à engenharia
civil, já que não só permite adaptar facilmente o cálculo a várias geometrias de edifícios,
permite a par dos modelos desenvolvidos no domínio da frequência, analisar o
comportamento estrutural no domínio do tempo.
x
y
�m,&�c��í∆�
�&�c��í∆�
α�=�0+∆� � = ��
� = �� + ∆�
Capítulo 6 – Abordagem proposta
94 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
6.5 Estrutura do programa de cálculo
De acordo com o modelo descrito no último parágrafo, pode-se esquematizar o
funcionamento do programa de cálculo através do diagrama da Figura 6-10.
Figura 6-10 - Estrutura do programa de cálculo da interacção vento-estrutura
Modelo Estrutural
(Robot Millenium)
Secção do Edifício
(Microstation)
Interface Gráfica
(Matlab)
Info.
Geometria
(txt)
Perfil
do Vento
Propriedades
Edifício
Propriedades
Simulação
Time History
Passo de de t a
t+∆t
Campos de Desl.,
Vel. e Acel. no
instante k*∆t
Distribuição de
Forças
Instantâneas
Ger. vento no
instante k*∆t
Resultados
Dinâmicos
ULS
Vx, Vy, M
SLS
U, V, A
Desprendimento
turbilhões
Acção do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 95
Capítulo 7
VIBRAÇÃO DE EDIFÍCIOS ALTOS
Com a evolução da tecnologia a construção em altura tem vindo a ganhar uma posição de
destaque nas últimas décadas.
Durante muitos séculos, a altura dos edifícios foi sempre limitada pelo peso dos materiais
utilizados. Na actualidade, são relatadas com frequência grandes inovações no que
concerne à diminuição da densidade dos materiais, contribuindo para o crescimento
exponencial de edifícios em altura. Estas estruturas têm tendência a ser cada vez mais
leves e por isso mais flexíveis e com menor amortecimento. Como resultado, os edifícios
tornam-se mais susceptíveis à acção do vento que assume um papel dominante no seu
dimensionamento.
Nos capítulos anteriores abordou-se a quantificação da acção do vento. A quantificação das
pressões exercidas é fundamental para a verificação dos estados limites últimos da
estrutura. No entanto, os estados limites de serviço assumem também um papel
fundamental e de importância crescente no seu correcto dimensionamento. Na grande
generalidade das estruturas, a engenharia prevê para o dimensionamento de determinada
estrutura, um ciclo ou um conjunto de esforços máximos que limitam quase a zero a sua
probabilidade de rotura. Contudo, na construção em altura é necessário prever alguns
factores humanos que têm estimulado o desenvolvimento da ciência e tecnologia neste
âmbito.
Uma das características importantes do vento prende-se como a sua aleatoriedade,
traduzida pela parcela flutuante que é combinada a parcela média. As pressões irregulares
transmitem forças flutuantes à estrutura que estão na origem dos principais problemas
dinâmicos.
Na literatura, são apontados como problemas frequentes inerentes às deformações
excessivas, o desconforto humano, danificação de materiais de revestimento exterior bem
como balanceamento excessivo dos cabos dos sistemas de elevação.
Capítulo 7 –Vibração de edifícios altos
96 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
Pretende-se neste capítulo numa primeira parte abordar os principais efeitos dinâmicos
induzidos pelo vento e numa segunda parte referir os principais sistemas utilizado para os
minimizar.
7.1 Comportamento estrutural
Um edifício esbelto em altura apresenta geralmente três direcções predominantes de
movimento com origem nos três tipos de acções mais frequentes. A acção do vento induz
na estrutura vibrações acopladas aos principais modos de vibração nas duas direcções
ortogonais ao seu desenvolvimento em altura bem como torções no mesmo plano. No
entanto, os fenómenos dinâmicos são caracterizados por uma grande complexidade nem
sempre suficientemente descrita por estes três movimentos fundamentais.
Figura 7-1 – Fenómenos dinâmicos induzidos pelo vento
O diagrama exposto Figura 7-1 resume os fenómenos dinâmicos com origem no vento a
que uma estrutura na sua generalidade pode estar sujeita.
As vibrações na direcção do vento resultam directamente das flutuações de pressão das
rajadas ou indirectamente na crescente turbulência com origem na formação de vórtices
provocados pela presença de obstáculos na superfície do edifício ou na sua vizinhança.
Este último caso está directamente ligado às interferências aerodinâmicas entre diferentes
estruturas. A formação de vórtices nas diferentes superfícies induz vibrações forçadas na
direcção transversal. Por fim, os fenómenos Galope e Flutter caracterizam-se por uma
grande amplificação das vibrações.
A incontornável complexidade dos fenómenos dinâmicos, obriga por vezes à definição de
seis graus de liberdade, três translações e três rotações.
Efeitos Dinâmicos do Vento
Vibrações na direcção
do vento
Interferências
Aerodinâmicas
Vibrações
Transversais
Gust Response Buffeting behind
obstacles
Ef. dinâmicos
do vento Self-excited
vibrations
Flutter Galope Vortex
Shedding
Acção do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 97
Do capítulo 5 conclui-se que a massa, amortecimento e rigidez estruturais têm grande
influência na resposta do edifício. De facto, a vibração do edifício na direcção de arraste é
muito reduzida pelo aumento destas três características estruturais. O deslocamento
sofrido pela estrutura relaciona-se genericamente com estas grandezas tal que:
t� ∝ [a´vζ (7.1)
Por outro lado, os deslocamentos na direcção transversal, bem como eventuais oscilações
verticais relacionam-se apenas com o amortecimento (Kilpatrick, 1996).
ts ∝ [aζ (7.2)
As oscilações verticais são geralmente provocadas quando as vibrações horizontais são
iniciadas pela turbulência.
Assim sendo, quanto mais leves e flexíveis são as estruturas maiores as deformações
sofridas e necessariamente pior a qualidade de serviço do edifício.
7.2 Avaliação do conforto no interior de edifícios altos
7.2.1 Evolução dos modelos
A avaliação em serviço de um edifício, à parte dos problemas materiais, passa
necessariamente pela definição de níveis de conforto humano no seu interior. O conforto
humano foi o primeiro problema a ser estudado.
Apesar da construção de grandes edifícios sobretudo na América do Norte na primeira
metade do século XIX, apenas surgiram os primeiros estudos nesta área em meados da
segunda metade do século.
Em 1967, Chang refere que a resistência estrutural não é o único aspecto fundamental a
considerar num edifício grande (Kilpatrick, 1996). Em objecção dos procedimentos
utilizados no dimensionamento à resistência, Chang propõe que para garantir conforto
humano se deve reconsiderar o período de retorno de 50 anos habitualmente utilizado
para um período de retorno de 10 anos ou mesmo 2 anos, dependendo da natureza da
estrutura.
Capítulo 7 –Vibração de edifícios altos
A aceleração, a variação da aceleração, habitualmente denominada de
anglo-saxónica e a frequência de vibração são apontadas como as principais causas de
desconforto. Com base nestas grandezas Chang propôs um ábaco para verificação do
conforto humano no edifício
Figura 7-2 – Ábaco de avaliação de conforto sensibilidade dos ocupantes às acelerações do edifício (b)
Figura 7-3 – Distribuição dos limites de percepção da vibração do edifício.
Posteriormente, Chen e Robertson levaram a cabo um estudo durante o período de
dimensionamento das torres gémeas do World Trade Center, do qual surge um ábaco de
validação das estruturas.
Vibração de edifícios altos
ão da aceleração, habitualmente denominada de “jerk” na literatura
e a frequência de vibração são apontadas como as principais causas de
Com base nestas grandezas Chang propôs um ábaco para verificação do
Ábaco de avaliação de conforto – Amplitude de deslocamento vs período (a) Critério de sensibilidade dos ocupantes às acelerações do edifício (b) (Kilpatrick, 1996)
Distribuição dos limites de percepção da vibração do edifício. (Kilpatrick, 1996)
Chen e Robertson levaram a cabo um estudo durante o período de
dimensionamento das torres gémeas do World Trade Center, do qual surge um ábaco de
na literatura
e a frequência de vibração são apontadas como as principais causas de
Com base nestas grandezas Chang propôs um ábaco para verificação do
do (a) Critério de
(Kilpatrick, 1996)
Chen e Robertson levaram a cabo um estudo durante o período de
dimensionamento das torres gémeas do World Trade Center, do qual surge um ábaco de
Em 1975, Davenport numa publicação associada
apresenta curvas que relacionam o “quociente de sensibilidade dos ocupantes” (um rácio
entre as acelerações de ponta e o limiar de percepção da a aceleração para um conjunto de
ocupantes) e a aceleração de ponta relacionada com a sua frequência de ocorrênci
ábaco apresentado na Figura
tempestades de ventos fortes por ano.
Figura 7-4 – Acelerações toleráveis vs Número médio anual de tempestades (Davenport)
Outros estudos, sobretudo experimentais, têm sido levados a cabo por Takeshi Goto,
Isyumov and Halvorson, Dobryn, Isyumon and Masciantonio, entre outros
1996).
7.2.2 Métodos regulamentares
Em 1993 foi iniciada uma colaboração entre a ASCE (American Society of Civil Engineers)
e a CTBUH com o objectivo de estudar a Percepção das vibrações estruturais e a sua
mitigação.
O critério norte-americano considera as acelerações de ponta com uma probabilidad
serem excedidas em 10 anos. Este critério é também baseado na sensibilidade ao
movimento de 50% dos ocupantes dos edifícios, no entanto
bastante inferior de ocupantes seja sensível aos movimentos para que seja posta em causa
a fiabilidade da estrutura. Ciente desta realidade, Isyumov introduz um conjunto de
valores para verificação das acelerações resultantes com um período de retorno de 1 ano,
além das já consideradas para o período de retorno de 10 anos.
Estas considerações conduzem aos conjuntos de valores sumarizado na
discriminados já consoante a utilização do
Acção do Vento em Edifícios Altos
a publicação associada aos riscos dos sistemas estruturais
resenta curvas que relacionam o “quociente de sensibilidade dos ocupantes” (um rácio
entre as acelerações de ponta e o limiar de percepção da a aceleração para um conjunto de
ocupantes) e a aceleração de ponta relacionada com a sua frequência de ocorrênci
Figura 7-3 estas relações são dadas em função do número de
tempestades de ventos fortes por ano.
Acelerações toleráveis vs Número médio anual de tempestades (Davenport) (Kilpatrick, 1996)
Outros estudos, sobretudo experimentais, têm sido levados a cabo por Takeshi Goto,
Dobryn, Isyumon and Masciantonio, entre outros (Kilpatrick,
Métodos regulamentares
foi iniciada uma colaboração entre a ASCE (American Society of Civil Engineers)
e a CTBUH com o objectivo de estudar a Percepção das vibrações estruturais e a sua
considera as acelerações de ponta com uma probabilidad
serem excedidas em 10 anos. Este critério é também baseado na sensibilidade ao
movimento de 50% dos ocupantes dos edifícios, no entanto, basta que um percentil
bastante inferior de ocupantes seja sensível aos movimentos para que seja posta em causa
fiabilidade da estrutura. Ciente desta realidade, Isyumov introduz um conjunto de
valores para verificação das acelerações resultantes com um período de retorno de 1 ano,
além das já consideradas para o período de retorno de 10 anos.
nduzem aos conjuntos de valores sumarizado na
discriminados já consoante a utilização do edifício.
Acção do Vento em Edifícios Altos
aos riscos dos sistemas estruturais
resenta curvas que relacionam o “quociente de sensibilidade dos ocupantes” (um rácio
entre as acelerações de ponta e o limiar de percepção da a aceleração para um conjunto de
ocupantes) e a aceleração de ponta relacionada com a sua frequência de ocorrência. No
estas relações são dadas em função do número de
(Kilpatrick, 1996)
Outros estudos, sobretudo experimentais, têm sido levados a cabo por Takeshi Goto,
(Kilpatrick,
foi iniciada uma colaboração entre a ASCE (American Society of Civil Engineers)
e a CTBUH com o objectivo de estudar a Percepção das vibrações estruturais e a sua
considera as acelerações de ponta com uma probabilidade de
serem excedidas em 10 anos. Este critério é também baseado na sensibilidade ao
basta que um percentil
bastante inferior de ocupantes seja sensível aos movimentos para que seja posta em causa
fiabilidade da estrutura. Ciente desta realidade, Isyumov introduz um conjunto de
valores para verificação das acelerações resultantes com um período de retorno de 1 ano,
Figura 7-5
Capítulo 7 –Vibração de edifícios altos
Figura 7-5 – Recomendações para avaliação da tolerância das vibrações induzidas pela acção do vento
De notar que os valores sugeridos na tabela não dependem da frequência dos principais
modos de vibração. No entanto, segundo
da frequência é mínima quando se restringe o conjunto de o
vibrações a um número pequeno como se pretende com esta tabela
O “Bulletin D’Information Nº 209
International du Beton (actualmente FIB
um conjunto de ábacos que podem ser encontrados também em
Deischl, & Eisenmann, 1994).
Os autores deste documento sugerem a utilização da
da sensibilidade humana à vibração
entre amplitude máxima de deformação, aceleração máxima e frequência de vibração.
Figura 7-6 – Ábaco tridimensional de avaliação da percepção das vibrações do edifício deslocamento, frequência e aceleração
Vibração de edifícios altos
Recomendações para avaliação da tolerância das vibrações induzidas pela acção do vento (Isyumov, 1993) (Kilpatrick, 1996)
De notar que os valores sugeridos na tabela não dependem da frequência dos principais
vibração. No entanto, segundo Kilpatrick, estudos comprovam que a influência
da frequência é mínima quando se restringe o conjunto de ocupantes sensíveis às
a um número pequeno como se pretende com esta tabela (Kilpatrick, 1996)
tion Nº 209 – Vibration Problems in Structures” do Comite Euro
International du Beton (actualmente FIB – Federation Internationale du Beton)
um conjunto de ábacos que podem ser encontrados também em (Bachman, Ammann,
Os autores deste documento sugerem a utilização da Figura 7-6 como método de avaliação
à vibração do edifício. Este ábaco ilustra relações não lineares
entre amplitude máxima de deformação, aceleração máxima e frequência de vibração.
Ábaco tridimensional de avaliação da percepção das vibrações do edifício – Amplitude de
deslocamento, frequência e aceleração (Bachman, Ammann, Deischl, & Eisenmann, 1994)
Recomendações para avaliação da tolerância das vibrações induzidas pela acção do vento
De notar que os valores sugeridos na tabela não dependem da frequência dos principais
, estudos comprovam que a influência
cupantes sensíveis às
ick, 1996).
s in Structures” do Comite Euro-
Federation Internationale du Beton) apresenta
(Bachman, Ammann,
como método de avaliação
do edifício. Este ábaco ilustra relações não lineares
entre amplitude máxima de deformação, aceleração máxima e frequência de vibração.
Amplitude de (Bachman, Ammann, Deischl, & Eisenmann, 1994)
Acção do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 101
7.3 Minimização das vibrações estruturais – Sistemas estruturais
Um dos grandes problemas das estruturas leves e esbeltas, susceptíveis à envolvência
complexa do escoamento do vento, é o baixo coeficiente de amortecimento próprio deste
tipo de estruturas. Com o tal têm surgido vários sistemas que procuram minimizar os
efeitos da vibração do vento.
Um conjunto de alterações na estrutura ou mesmo introdução de equipamentos adicionais
permitem melhorar o comportamento dos edifícios em interacção com o vento.
Observando a equação genérica do movimento verifica-se que qualquer alteração
estrutural introduz uma alteração na matriz de massas, amortecimento ou rigidez.
O aumento da massa do edifício pode melhorar a vibração do edifício, contudo amplifica
bastante as forças sísmicas de inércia. Se esta acção for pouco relevante, então a relação de
massa do edifício e acção do vento deverá ser optimizada de forma a melhor a
performance estrutural, mas por outro lado, a velocidade adimensional do vento aumenta
e, como tal, aumenta a energia do vento e por consequência o deslocamento do edifício,
enquanto a aceleração diminui praticamente com o quadrado da massa. Considerando o
aumento da rigidez do edifício diminuirá o aumento dos deslocamentos, não influenciado
contudo as acelerações tornando mais perceptível as oscilações.
Posto isto, em cada caso deverá ser adoptado um sistema estrutural adequado.
Normalmente, o orçamento disponível para estes equipamentos “não visíveis” é um factor
também importante para a escolha da solução.
7.3.1 Alterações ou adição de elementos estruturais
Vários elementos estruturais podem ser adicionados à estrutura. Os mais correntes são
elementos treliçados ou mesmo paredes que ligam as zonas exteriores do edifício ao
núcleo interno. Esta ligação permite que estes elementos ajudem a resistir às acções
laterais transferindo algumas destas cargas para a zona exterior resistente. Geralmente,
acima dos 40 pisos, esta técnica revela-se pouco eficaz (Kareem, Kijewski, & Yukio,
Mitigation of Motions of Tall Buildings with Specific Examples of Recent Applications,
2004).
Um desenvolvimento deste sistema é a cintagem de toda a periferia da estrutura com
elementos exteriores ligados ao núcleo interno, quer seja com paredes estruturais quer
Capítulo 7 –Vibração de edifícios altos
102 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
seja por meio de treliças. Este sistema permite que sejam atingidas alturas superiores,
revelando também pouca eficácia para super-estruturas.
O sistema estrutural mais eficaz, já utilizado em grandes edifícios como a “Sears Tower”
em Chicago e muito em foco nas últimas décadas do século XX é a concepção da estrutura
como um conjunto de tubos acoplados. Estes núcleos podem encontrar-se lado a lado ou
no interior de outros.
Outras opções podem ser adoptadas, como por exemplo o aumento da massa modal já que
as acelerações induzidas pelo vento são inversamente proporcionais à massa.
7.3.2 Alterações geométricas dos edifícios
Este tipo de aplicações visa atribuir à estrutura uma forma aerodinâmica que ofereça um
melhor comportamento quando envolvido pelo vento.
As principais aplicações conhecidas passam pelo arredondamento das arestas da secção
do edifício, podendo no limite definir-se um eixo maior na direcção predominante do
vento. O edifício ganha uma forma que induz um escoamento mais ordenado em torno do
edifício oferecendo menos resistência à passagem do vento.
A introdução de aberturas na estrutura permite também que o escoamento atravesse em
algumas zonas o edifício conseguindo-se diminuir os coeficientes de força do edifício. No
entanto, pode ter consequências adversas se diminuir a frequência de ressonância de
libertação vórtices (Kareem, Kijewski, & Yukio, Mitigation of Motions of Tall Buildings with
Specific Examples of Recent Applications, 2004). Outro parâmetro a ter em conta é a
variabilidade da secção do edifício em altura. Algumas combinações de secções variáveis
em altura podem contribuir para evitar que fenómenos como o desprendimento de
turbilhões em torno do edifício se formem em toda a sua altura. Segundo a bibliografia, a
introdução de elementos na fachada que conduzam o vento como desejado é também uma
solução habitual.
7.3.3 Adição de elementos dissipadores - amortecedores
Os sistemas de amortecimento com recurso a elementos exteriores à estrutura são
divididos em quatro classes:
• Amortecimento Passivo
• Amortecimento Activo
• Amortecimento Semi-activo
• Amortecimento Híbrido
Figura 7-7 – Ilustração dos modelos de funcionamento das
7.3.3.1 Amortecedores Passivos
O amortecimento passivo pode também ser dividido em duas classes: amortecimento com
dissipação indirecta de energia e a
As duas classes são caracterizadas pelos principais sistemas nas tabelas seguintes.
TMD Tuned Mass Damper
Incorporação de um sistema capaz de dissipar energia, ligando uma massa concentrada à estrutura por permitindo uma interacção com a estrutura. Estes elementos induzem amortecimento na estrutura diminuindo as frequências de vibração.
TLD Tuned Liquid Damper
Caracterizados pela incorporação de edifício. Cada tanque é dividido em múltiplos exploram o movimento dos fluidos e o comportamento de quebra provocado pela formação de ondas que reduz as acelerações em mais de 50%.
ID Impact Damper
São definidos dispositivos formados por pequenas massas rígidas no interior de um reservatório. Essas massas podem oscilar livremente colidindo nas paredes desse reservatório. O choque das massas estrutura permitindo o reequilíbriovibração.
Tabela 7-1 – Sistemas de amortecimento passivo com dissipação indirecta de en
(a) (b)
Acção do Vento em Edifícios Altos
Amortecimento Passivo
activo
Amortecimento Híbrido
Ilustração dos modelos de funcionamento das técnicas de amortecimento Passivo (a), Semi(b) e Activo (c) (Datta, 2003)
Amortecedores Passivos
O amortecimento passivo pode também ser dividido em duas classes: amortecimento com
dissipação indirecta de energia e amortecimento com dissipação directa de energia.
As duas classes são caracterizadas pelos principais sistemas nas tabelas seguintes.
Incorporação de um sistema capaz de dissipar energia, ligando uma massa concentrada à estrutura por meio de equipamento elástico e amortecedor permitindo uma interacção com a estrutura. Estes elementos induzem amortecimento na estrutura diminuindo as frequências de vibração.
Caracterizados pela incorporação de reservatórios de água distribuídos pelo edifício. Cada tanque é dividido em múltiplos (depósitos) amortecedoresexploram o movimento dos fluidos e o comportamento de quebra provocado pela formação de ondas no fluído são os responsáveis pelo acréscimo de amortecimento que reduz as acelerações em mais de 50%.
São definidos dispositivos formados por pequenas massas rígidas no interior de um reservatório. Essas massas podem oscilar livremente colidindo nas paredes desse reservatório. O choque das massas na periferia do dispositivo impulsiona a estrutura permitindo o reequilíbrio, garantindo determinando parâmetros de
Sistemas de amortecimento passivo com dissipação indirecta de energia
(b) (c)
Acção do Vento em Edifícios Altos
técnicas de amortecimento Passivo (a), Semi-activo
O amortecimento passivo pode também ser dividido em duas classes: amortecimento com
mortecimento com dissipação directa de energia.
As duas classes são caracterizadas pelos principais sistemas nas tabelas seguintes.
Incorporação de um sistema capaz de dissipar energia, ligando uma massa meio de equipamento elástico e amortecedor
permitindo uma interacção com a estrutura. Estes elementos induzem
água distribuídos pelo amortecedores, que
exploram o movimento dos fluidos e o comportamento de quebra provocado pela são os responsáveis pelo acréscimo de amortecimento
São definidos dispositivos formados por pequenas massas rígidas no interior de um reservatório. Essas massas podem oscilar livremente colidindo nas paredes desse
na periferia do dispositivo impulsiona a , garantindo determinando parâmetros de
ergia
Capítulo 7 –Vibração de edifícios altos
104 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
VED Viscoelastic Damper
Materiais polímeros ou outros materiais deformáveis são utilizados para dissipar energia e possibilitar a rápida recuperação de forças importantes em vibrações com frequências altas, características de tempestades ou mesmo sismos. São instalados dispositivos metálicos que envolvem o material viscoelástico em diagonais que funcionem ao corte. A força gerada pelo sistema é dependente da velocidade e como tal desfasada da função de deslocamento, o que torna o sistema particularmente eficaz. Este sistema induz também um acréscimo na rigidez do edifício (Kareem, Kijewski, & Yukio, Mitigation of Motions of Tall Buildings with Specific Examples of Recent Applications, 2004).
VDD Viscous Damping Device
O sistema de amortecimento viscoso gera uma força resistente ao longo de um deslocamento finito através da acção de um piston forçado por uma câmara preenchida com um fluído completamente viscoso de comportamento linear. Este sistema tem como vantagem o facto de não exigir de energia exterior para ser accionado e de ter uma manutenção muito baixa, justificando por isso ser a escolha na maioria das aplicações de engenharia civil.
MD Metallic Dissipators or Damper
Os dissipadores metálicos recorrem à deformação de uma peça metálica que liga duas partes cinematicamente “independentes” da estrutura, geralmente juntas entre elementos contíguos. Este sistema é utilizado na resistência lateral aos sismos desde a hegemonia do povo grego. Nos dias que correm utilizam-se geralmente pratos de aço que por escorregamento e fricção permitem a dissipação de energia não comprometendo a resistência às acções verticais.
FS Friction System
A aplicação de sistemas de fricção proporciona um comportamento plástico não linear permitindo que a estrutura recupere o comportamento elástico, quando sujeita a vibrações indesejadas.
Tabela 7-2 – Sistemas de amortecimento passivo com dissipação directa de energia
7.3.3.2 Amortecedores Activos
AMD Active Mass Damper
Neste tipo de sistema, um dispositivo computadorizado analisa as vibrações do edifício e para determinados parâmetros introduz uma força de controlo baseada na resposta do edifício. A força é submetida através de uma ou várias massas deslizantes ou em pêndulos para contrariar o movimento. Estes sistemas necessitam de pequenas massas revelando maior eficácia do que os sistemas passivos.
AVS Active variable stiffness
Como o próprio nome indica este sistema faz variar a rigidez da estrutura. A sua aplicação é comum em edifício susceptíveis à carga sísmica já que as suas características, já que o sistema atribui à estrutura propriedades antiressonantes como consequência do controlo das vibrações. A instalação de dispositivos estruturais em V invertido por piso permite controlar a rigidez estrutural, accionando-os alternadamente.
Tabela 7-3 – Sistemas de amortecimento activo
7.3.3.3 Amortecedores Híbridos (HMDs)
Os sistemas de amortecimento híbridos utilizam o conceito de massa móvel dos
amortecedores de massa sintonizados, calculado para as vibrações fundamentais do
edifício, acoplado com um sistema de amortecimento activo que corrige a instabilidade
da resposta do edifício para forças aplicadas subitamente por sismos ou tempestades
(Kareem, Kijewski, & Yukio, Mitigation of Motions of Tall Buildings with Specific Examples
of Recent Applications, 2004)
excedidos parâmetros extremos de vibração, estando nas restantes situações em resposta
passiva. Este sistema permite a
instalação bastante elevados.
7.3.3.4 Amortecedores Semi
Reservando as melhores características dos sistemas passivos e activos, os sistemas semi
activos representam a última tecnologia em sistemas de dissipação de energia. Possuindo
a rápida adaptabilidade dos sistemas activos para
estabilidade devido às suas características passivas. Estes sistemas conseguem produzir
resultados muito próximos dos sistemas activos com um risco de instabilidade muito
inferior ou com muito menor consumo de energia
of Motions of Tall Buildings with Specific Examples of Recent Applications, 2004)
resultado destes resultados, este sistemas oferecem no futuro excelente viabilidade na
aplicação no domínio da engenharia civil, nomeadamente das estruturas esbeltas.
7.4 Optimização de sistemas
Considere-se o seguinte sistema estrutural de m graus de liberdade com uma massa
sintonizada acoplada ao nível do piso i+1.
Figura 7-8 – Sistemas estrutural de um edifício de M graus de liberdade com um TMD acoplado no piso i+1
Acção do Vento em Edifícios Altos
da resposta do edifício para forças aplicadas subitamente por sismos ou tempestades
(Kareem, Kijewski, & Yukio, Mitigation of Motions of Tall Buildings with Specific Examples
of Recent Applications, 2004). A resposta do sistema será activa sempre que forem
excedidos parâmetros extremos de vibração, estando nas restantes situações em resposta
passiva. Este sistema permite assim economia de energia, contudo apresenta custos de
Amortecedores Semi-Activos
Reservando as melhores características dos sistemas passivos e activos, os sistemas semi
representam a última tecnologia em sistemas de dissipação de energia. Possuindo
a rápida adaptabilidade dos sistemas activos para carregamentos rápidos, oferecem maior
estabilidade devido às suas características passivas. Estes sistemas conseguem produzir
resultados muito próximos dos sistemas activos com um risco de instabilidade muito
inferior ou com muito menor consumo de energia (Kareem, Kijewski, & Yukio, Mitigation
of Motions of Tall Buildings with Specific Examples of Recent Applications, 2004)
resultado destes resultados, este sistemas oferecem no futuro excelente viabilidade na
domínio da engenharia civil, nomeadamente das estruturas esbeltas.
Optimização de sistemas TMD sob a excitação do vento
se o seguinte sistema estrutural de m graus de liberdade com uma massa
sintonizada acoplada ao nível do piso i+1.
Sistemas estrutural de um edifício de M graus de liberdade com um TMD acoplado no piso i+1
Cao, Li, Li, & Liu, 1999)
Acção do Vento em Edifícios Altos
da resposta do edifício para forças aplicadas subitamente por sismos ou tempestades
(Kareem, Kijewski, & Yukio, Mitigation of Motions of Tall Buildings with Specific Examples
A resposta do sistema será activa sempre que forem
excedidos parâmetros extremos de vibração, estando nas restantes situações em resposta
ssim economia de energia, contudo apresenta custos de
Reservando as melhores características dos sistemas passivos e activos, os sistemas semi-
representam a última tecnologia em sistemas de dissipação de energia. Possuindo
carregamentos rápidos, oferecem maior
estabilidade devido às suas características passivas. Estes sistemas conseguem produzir
resultados muito próximos dos sistemas activos com um risco de instabilidade muito
(Kareem, Kijewski, & Yukio, Mitigation
of Motions of Tall Buildings with Specific Examples of Recent Applications, 2004). Como
resultado destes resultados, este sistemas oferecem no futuro excelente viabilidade na
domínio da engenharia civil, nomeadamente das estruturas esbeltas.
se o seguinte sistema estrutural de m graus de liberdade com uma massa
Sistemas estrutural de um edifício de M graus de liberdade com um TMD acoplado no piso i+1 (Li,
Capítulo 7 –Vibração de edifícios altos
106 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
Quando este sistema é submetido a uma acção lateral do vento as equações dos dois
sistemas, edifício e TMD, podem ser escritas como
.t�B�F + "t/ B�F + *tB�F = âB�F + 8B�F (7.3)
-����B�F + 7���B�F + )���B�F = −-���&B�F (7.4)
em que as grandezas associadas mantêm as propriedades das equações de movimento já
descritas neste documento. Nestas equações em particular, âB�F representa o vector de
forças da acção do vento distribuídas por piso e 8B�F a força introduzida na estrutura pela
massa sintonizada.
Se apenas um TMD for instalado na estrutura, no i-ésimo piso, então o parâmetro 8B�F
pode ser simplificado tal que
8B�F = wG B�Fx = D 0 , F ≠ �7��/� + )��� = � , F = � y (7.5)
Considerando apenas os m primeiros modos de vibração da estrutura, o vector
deslocamento pode ser descrito por meio do método da sobreposição por
tB�F = ∑ Φ ; B�F» c[ (7.6)
onde Φ e ; B�F são a j-ésima função de forma modal e a coordenada modal generalizada
da estrutura, respectivamente.
As equações dinâmicas dos sistemas podem ser obtidas em função das coordenadas
generalizadas, ; B�F e do deslocamento relativo do amortecedor, ��B�F.
;� B�F + 2ξ � ;/ B�F + � X; B�F = [´�
∑ Φ& 4&M&c[ cB�F + »{´�
Φ Ë2ξ����/ B�F + ��X��B�FÍ (7.7)
���B�F + 2ξ����/ B�F + ��X��B�F = − ∑ Φ ;� BtF»&c[ , F = 1,2,… , - (7.8)
Na expressão (7.7) o parâmetro 4& é um parâmetro relativo à acção do vento. De forma
geral, mas por vezes grosseira, pode admitir-se que o primeiro modo de vibração da
estrutura é o modo fundamental para a acção do vento. Considerando apenas este modo e
admitindo a função modal normalizada com valor igual à unidade no piso onde é colocado
o TMD (o i-ésimo piso), as equações (7.7) e (7.8) vêm que:
Acção do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 107
£1 01 1¦ D;�[B�F
�/�B�Fy + Y2ξ[�[ 2 -� .[⁄ ξ���0 2ξ���
Z D;/[B�F�/�B�Fy+ |�[X − -� .[⁄ ��X
0 ��X} D;�[B�F
�/�B�Fy =
D1 .[ ∑ Φ&[4&M&c[⁄0 y (7.9)
Como já se viu em capítulo anteriores, a função densidade espectral da resposta de
coordenadas generalizadas é descrita pela seguinte relação
6ÚÚB�F = ·¤B��F6±±B�F·∗B��F (7.10)
Por meio de operações e simplificações matemáticas, esta relação permite por sua vez
chegar à expressão da variância do deslocamento, Ù[ (Li, Cao, Li, Li, & Liu, 1999).
�Ú[X = áy$v,${,~v,~{,´v,»{z³y$v,${,~v,~{, v,»{,Φ�v,��z � (7.11)
Com isto, pode-se chegar finalmente à condição que define o rácio óptimo de
amortecimento. Este valor será tanto mais adequado, quanto menor o valor de �Ú[X . Este
valor verifica-se quando se anula a primeira derivada desta função relativamente ao
amortecimento do TMD, ξ� .
�§Ýv�~{ = �
�~{ �� = [
³U £à �³�~{ − � �á
�~{¦ = 0 N à �³�~{ − � �á
�~{ = 0 (7.12)
Assim, a frequência óptima do TMD bem como o rácio da massa do TMD relativamente à
massa vibrante do primeiro modo do edifício, resultam das soluções das seguintes
expressões, respectivamente.
à �³�${ − � �á
�${ = 0 (7.13)
à �³�μ − � �á
�μ = 0 (7.14)
Sendo que μ representa o rácio da massa do amortecedor, -� e a massa vibrante da
estrutura, para este caso a massa modal do primeiro modo de vibração, .[.
Capítulo 7 –Vibração de edifícios altos
108 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
Porém, a obtenção da solução analítica deste problema é geralmente uma tarefa complexa.
Posto isto, surgem na bibliografia fórmulas com muito boa precisão que simplificam este
problema através de relações matemáticas bastante acessíveis.
Warburton propôs em 1982 várias expressões que permitem calcular de forma acessível
os parâmetros óptimos para os TMD em edifícios altos Warburton (Warburton, 1982).
r��� = $���$v= a[í�. �
[í� (7.15)
���� = a�B[í�.¡ �FB[í�FB[í�. �F (7.16)
Acção do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 109
Capítulo 8
MÉTODOS PROPOSTOS NOS REGULAMENTOS
INTERNACIONAIS
8.1 Introdução
São vários os regulamentos internacionais que descrevem procedimentos para a
quantificação dos efeitos da acção do vento na direcção longitudinal de edifícios altos.
Geralmente baseados em estudos extensivos, são, por necessidade, simples. Não se deve
esperar grande rigor nos resultados obtidos.
Na sua grande generalidade, os regulamentos recorrem ao modelo desenvolvido
inicialmente por Davenport em 1967, “Gust loading factor” na literatura anglo-saxónica
(vide 5.5), resultando no final do cálculo uma acção equivalente estática (ESWL). Contudo,
são reconhecidas diferenças significativas nas acções obtidas para cada regulamento. Num
futuro próximo e como resultado da globalização do mercado do projecto é desejado que
os regulamentos reduzam e se aproximem em conteúdo.
Dos principais regulamentos internacionais destacam-se como principais regulamentos,
subentenda-se, mais desenvolvidos, os seguintes códigos:
• Eurocode-1993 (Europa)
• ASCE 7-98 (Estados Unidos da América)
• AS1170.2-89 (Austrália)
• NBC-1995 (Canada)
• RLB-AIJ-1993 (Japão)
Códigos como estes apresentam inevitavelmente na sua abordagem factores como:
• Especificações para velocidades base ou de referência para várias zonas
abrangidas pelo código. Geralmente uma velocidade de referência a 10m de altura
e em terreno aberto (rural);
Capítulo 8 –Métodos propostos nos regulamentos internacionais
110 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
• Factores para cálculo das variações da velocidade em altura, tipo de terreno,
direcção do vento, topografia, etc.;
• Coeficientes de força e pressão para várias formas geométricas de edifícios;
• Contabilização de efeitos dinâmicos ressonantes em edifícios flexíveis.
Posto isto, procura-se neste capítulo descrever e comparar a abordagem proposta por
cada regulamento, exemplificada no final para o caso de estudo desenvolvido. A descrição
neste a partir desta secção baseia-se quase de forma integral no documento apontado nas
referências de autoria de (Zhou, Kijewski, & Kareem, Along-Wind Load Effects on Tall
Buildings: Comparative Study of Major International Codes and Standards, 2002). Esta
necessidade prende-se com a dificuldade em aceder a todos os regulamentos. É, no
entanto, interessante abordar os pontos referidos no documento citado.
A descrição e comparação são feitas progressivamente por tópicos, considerando a
definição das características e acções médias do vento, factores de rajada e acções
equivalentes estáticas.
8.2 Descrição das características do vento
Como demonstrado no Capítulo 4, as grandezas fundamentais para quantificação da acção
do vento pelo método GLF são: a velocidade do vento, a intensidade da turbulência, o
espectro de potência do vento, as escalas de comprimento de turbulência e a correlação do
campo de velocidades do vento.
Importa assim descrever a abordagem de cada regulamento a estas grandezas.
8.2.1 Velocidade Básica do Vento
Na grande generalidade dos regulamentos mundiais, a velocidade básica do vento, ��, é
determinada experimentalmente com medições a 10 m de altura sobre terreno aberto.
EC 1 ASCE 7 AS1170.2 NBC RLB-AIJ Velocidade básica do vento
3s 3s 1h 10min 10min
Factor de rajada do vento 3s 1h 1h 10min 3s
Resposta induzida pelo vento
1h 1h 1h 10min 10min
Tabela 8-1 – Tempos médios nos diferentes regulamentos
Acção do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 111
São elaboradas médias sobre amostras de dimensões e períodos de amostragem
diferentes. Neste contexto, a Tabela 8-1 relata os tempos médios de amostragem segundo
cada código não só para a velocidade básica mas também para o factor de rajada do vento,
bem como a resposta induzida pelo mesmo.
A velocidade de dimensionamento é obtida no caso geral pela expressão
� = ��. "� . "�. "& . "' (8.1)
Este conjunto de coeficientes configura a velocidade básica numa aproximação da
velocidade de um determinado local introduzindo a influência do meio ambiente, da
direcção do vento, dos intervalos de amostragem utilizados na obtenção de �� e outros
factores significativos associados à estrutura do vento. Desta forma, os índices poderão ser
descritos de acordo com a seguinte enumeração:
-"� - coeficiente de direccionalidade, “directionality”
-"� - , coeficiente de protecção/exposição “shield”
-"& – coeficiente de importância, “importance”
-"' – coeficiente de retorno, “return”
8.2.2 Comportamento médio do vento
A distribuição que caracteriza a velocidade média do vento em altura é influenciada pela
topografia do terreno, obstáculos na vizinhança, bem como pelos intervalos de
amostragem utilizados na sua definição. A dimensão do intervalo utilizado nas médias
influencia o perfil da velocidade do vento. Note-se que para os intervalos correntes na
Tabela 8-1 uma amostra de três segundos terá com certeza uma distribuição mais regular
do que uma amostra de uma hora.
Como referido no capítulo 2, são utilizados predominantemente duas formulações para o
comportamento da velocidade do vento em altura, a lei exponencial e a lei logarítmica. Os
regulamentos abordados e na sua generalidade, recorrem à lei exponencial.
B<F = ��. ¸. � ![��x
(8.2)
As constantes r e ¸, calibram a expressão de acordo com o tipo de terreno. Os valores
propostos variam de regulamento para regulamento e são resumidos na Tabela 8-2
Capítulo 8 –Métodos propostos nos regulamentos internacionais
ASCE -7 3s b r A 0.66 0.20 B 0.85 0.14 C 1.00 0.11 D 1.09 0.09 E
ASCE 1h b A 0.30 B 0.45 C 0.65 D 0.80 E
Tabela 8-2 – Coeficientes de definição dos perfis de vento segundo os vários regulamentos
É usual recorrer-se à relação adimensional
média da velocidade. No entanto
regulamentos utilizam as rajadas medidas em 3s. De acordo com
Kareem, Along-Wind Load Effects on Tall Buildings: Comparative Study of Major
International Codes and Standards, 2002)
(citar fórmula/apresentar fórmula) para uma rajada de 3s.
Considerando esta transformação,
coeficiente adimensional de acordo com o conjunto de gráficos
Figura 8-1 – Comparação das funçõesespectral (c) nos vários regulamentos
8.3 Intensidade da turbulência
O comportamento da intensidade da turbulência é também descrito por uma função
exponencial
Métodos propostos nos regulamentos internacionais
AS1170.2 EC 1 RLB-AIJ 3s 10min 10 min
b r b r b r 0.76 0.14 0.55 0.29 0.39 0.35 0.91 0.10 0.77 0.21 0.58 0.27 1.04 0.07 1.00 0.16 0.79 0.20 1.18 0.04 1.17 0.12 1.00 0.15
1.23 0.10
ASCE -7 AS1170.2 NBC 1h 1h 1h
r B r b r 0.33 0.29 0.28 0.43 0.36 0.25 0.45 0.20 0.67 0.25 0.15 0.58 0.16 1.00 0.14 0.11 0.69 0.13
Coeficientes de definição dos perfis de vento segundo os vários regulamentos “padronizados”
se à relação adimensional "�B<F = �bB<F/�Ø��� para caracterizar a variação
velocidade. No entanto, como já foi feita a observação, nem todos os
regulamentos utilizam as rajadas medidas em 3s. De acordo com (Zhou, Kijewski, &
Wind Load Effects on Tall Buildings: Comparative Study of Major
nternational Codes and Standards, 2002), recorre-se neste estudo a uma transformação
(citar fórmula/apresentar fórmula) para uma rajada de 3s.
Considerando esta transformação, é possível desenhar as curvas que representam este
acordo com o conjunto de gráficos Figura 8-1 (a).
Comparação das funções velocidade normalizada (a), intensidade da turbulência (b) e nos vários regulamentos – ASCE, AS1170, NBC, AIJ, EC1.
Intensidade da turbulência
O comportamento da intensidade da turbulência é também descrito por uma função
0.35 0.27 0.20 0.15 0.10
“padronizados”
para caracterizar a variação
nem todos os
(Zhou, Kijewski, &
Wind Load Effects on Tall Buildings: Comparative Study of Major
se neste estudo a uma transformação
é possível desenhar as curvas que representam este
(b) e densidade
O comportamento da intensidade da turbulência é também descrito por uma função
Acção do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 113
ªB<F = 7. B</10F�� (8.3)
Nesta expressão 7 e : são também constantes que dependem da caracterização do terreno.
Os valores que podem tomar de acordo com as classes de terreno definidas nos
regulamentos são apresentados na tabela Tabela 8-3
ASCE -7 AS1170.2 EC1 RLB-AIJ NBC c d c d c d c d c d A 0.450 0.167 0.453 0.300 0.621 0.360 0.402 0.400 0.434 0.290 B 0.300 0.167 0.323 0.300 0.335 0.250 0.361 0.320 0.285 0.210 C 0.200 0.167 0.259 0.300 0.200 0.140 0.259 0.250 0.189 0.160 D 0.150 0.167 0.194 0.300 0.204 0.200 0.145 0.120 E 0.162 0.150
Tabela 8-3 – Coeficientes para definição do perfil da intensidade de turbulência
A computação da função referida na expressão (8.3) conduz à Figura 8-1(b).
8.4 Função espectral do vento, Escalas de Comprimento de
Turbulência e Correlação da estrutura do vento
A Tabela 8-4 resume as expressões definidas para a função espectral do vento
adimensional, bem como a escala de comprimentos da turbulência.
Função espectral do vento Escala comp. da turbulência
ASCE 7 G6«BGF
�«X= 6.868�
B1 + 10.302�F /� , � = G. ,!B<F�B<F
,!B<F = þB</10F% þ e p dependem do tipo de terreno
AS1170.2 G6«BGF
�«X= 4�6.667B2 + �XF /� , � = ,µG
�bµ ,µ = 1.00B·/10F�.X
NBC G6«BGF
�«X= 2�3B1 + �XF/� , � = 1,20G
�bµ ,µ = 1200
RLB-AIJ G6«BGF
�«X= 4�
B1 + 70.8�XF /� , � = ,µG�bµ
,µ = 100B·/30F�.
EC1 G6«BGF
�«X= 6.868�
B1 + 10.302�F /� , � = G. ,!B<F�bB<F ,!B<F = 300B</300F%
p depende do tipo de terreno
Tabela 8-4 – Funções de densidade espectral do vento de acordo com os vários regulamentos
Capítulo 8 –Métodos propostos nos regulamentos internacionais
114 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
De referir na formulação destas expressões que na definição das escalas de comprimentos
da turbulência apenas para o código europeu e para o americano se têm uma dependência
do terreno, introduzida pelo parâmetro p . De facto, nos restantes regulamentos este
parâmetro não é utilizado, sendo que para o código Canadiano ,µ assume mesmo um
comportamento constante em altura. A Figura 8-1 (c) ilustra os resultados aplicados na
computação destas funções.
8.5 Quantificação da Acção de Rajada do Vento (GLF)
Os procedimentos para cálculo da acção do vento introduzindo a amplificação de rajada
seguem o modelo referido no capítulo 4 de autoria de Davenport. Nos vários regulamentos
a aplicação deste modelo difere na abordagem feita por cada um para a modelação do
campo de velocidades do vento e das suas características e estrutura dinâmica. Esta
abordagem está na origem das diferenças apresentadas nas expressões que conduzem ao
cálculo do carregamento estático equivalente, de acordo com a Tabela 8-5. De notar que no
código americano e europeu a reposta de fundo é baseada num modelo GLF de autoria de
Kareem, no entanto, bastante semelhante à formulação de Davenport.
Acção do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 115
Tabela 8-5 – Definição do Factor de rajada –GLF- de acordo com os vários regulamentos
a As expressões apresentadas não correspondem exactamente à forma apresentada nos regulamentos apresentando sim uma forma padrão para possibilitar a comparação directa entre regulamentos. b K é um coeficiente dado no regulamento canadiano NBC, função do tipo de terreno. c ü = G[6«BG[F �«X⁄ e K = G[ ,!Á �b!Á⁄ . d 2s = 1 η − 1 2ηXB1 − 3�XηF ⁄⁄ para η >0; 2s = 1 para η =0; 2µ,η = 4.6G[·/�!Á ; 2á ,η = 4.6G[à/�!Á ; 2¹ ,η = 15.4G[à/�!Á .
ASCE -7 AS1170.2 NBC RLB-AIJ EC1
G 0.925��1 + 1Þ�X à + ÞÜX2
1 + Þ« . 1 �� 1 + 1ÞRXàB1 + rFX + ÞWX2 1 + 1√à + 2 1 + ÞW. 1√à + 2
1 + ÞW . 1√à + 21 + 3.51
T 3,600s 3,600s 3,600s 3,600s 3,600s
z 0.6· · · · 0.6·
r 1 = 1.7ª! 1 = 2ª! 1 = a2*/"�µ 1 = B3 + 3rF/B2 + rFª! 1 = 2ª!
g
Þ� = ÞR = 3.4 ÞR = 3.7 ÞW = ÞÜB�, cF ÞW = a2 lnB�. cF + 1.2 ÞW = ÞÜB�, cF
ÞÜ = ÞÜB�, G[F ÞW = a2 lnB�. G[F c = G[a6ü/B6ü + ζàF c = G[a2/Bà + 2F c = Bc�Xà + G[X2F/Bà + 2F
B 1
1 + 0.63 �à + ·,! �
�.�� 1
1 + √64àX + 36·X,µ
23� 11 + �·
4571
�à122
�B1 + �XF/�
�[/µ
�
1 − 1|1 + 5.1 u ,µ
√·àw[.�
��
}}[/� 11 + 0.9 �à + ·
,! ��.��
E 9.5K[
B1 + 10.3K[F /� 0.6K[
B2 + K[XF /� 2K[X3B1 + K[XF/�
4K[B1 + 71K[XF /�
6.8K[B1 + 10.2K[F /�
S 2µ2áB0.53+ 0.472¹F 1
Y1 + 3.5 G[·�µ Z Y1 + 4 G[à
�µ Z
1Y1 + 8G[·3�µ Z Y1 + 10G[à
�µ Z
0.84Y1 + 2.1G[·
�µ Z Y1 + 2.1G[à�µ Z
2µ2á
Acção d
o Ven
to em E
difícios A
ltos
Dissertação d
e Mestrad
o em E
ngenh
aria Civil
1
15
Acção do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 117
Capítulo 9
CASO DE ESTUDO
9.1 Descrição do caso de estudo
Como modelo para validação dos métodos apresentados tanto para estados limites
últimos, bem como para estados limites de serviço, propõe-se a aplicação dos mesmos
bem como da análise proposta no Capítulo 6 à seguinte estrutura.
Edifício em Benidorm – Arq. Souto Moura
Altura (m) 200 nº pisos 50
Forma Secção � ρρρρ edif 180 kg/m3
Dim. Secção (m2) 23×23 ρρρρ ar 1. 25 kg/m3
Tabela 9-1 – Descrição do Caso de Estudo
Figura 9-1 – Ilustração do caso de estudo
Capítulo 9 – Caso de estudo – Edifício em Benidorm
118 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
9.2 Caracterização dinâmica do edifício
A simulação do modelo estrutural no programa de cálculo, “Robot Millenium”, permite-nos
obter o seguinte resumo de resultados.
Modo
0
Frequência
(Hz)
Período
(seg)
Mas.rel.UX
(%)
Mas.rel.UY
(%)
Mas.corr.UX
(%)
Mas.corr.UY
(%)
1 0.22 4.59 0.01 61.9 0.01 61.9
2 0.22 4.59 61.92 61.92 61.9 0.01
3 1.36 0.73 74.56 68.29 12.65 6.38
4 1.36 0.73 80.94 80.94 6.38 12.65
5 3.82 0.26 82.73 85.69 1.79 4.75
6 3.82 0.26 87.48 87.48 4.75 1.79
7 7.48 0.13 90.09 88.21 2.61 0.73
8 7.48 0.13 90.82 90.82 0.73 2.61
9 12.36 0.08 91.35 92.31 0.53 1.49
10 12.36 0.08 92.84 92.84 1.49 0.53
11 18.46 0.05 93.02 94.01 0.18 1.17
12 18.46 0.05 94.19 94.19 1.17 0.18
13 25.77 0.04 94.21 95.15 0.02 0.95
14 25.77 0.04 95.16 95.16 0.95 0.02
15 34.3 0.03 95.48 95.57 0.32 0.41
16 34.3 0.03 95.89 95.89 0.41 0.32
17 44.04 0.02 95.99 96.35 0.1 0.46
18 44.04 0.02 96.46 96.46 0.46 0.1
19 54.98 0.02 96.54 96.83 0.08 0.37
20 54.98 0.02 96.91 96.91 0.37 0.08
Tabela 9-2 – Caracterização dinâmica do caso de estudo – Modos de vibração e participações modais
Nesta tabela, além das frequências de vibração que nos permitem a aplicação dos métodos
abordados nos capítulos anteriores, podemos prever desde já a influência dos modos de
vibração do edifício, nem sempre explícitos na aplicação desses mesmos modelos.
A Figura 5-2 ilustra no domínio da frequência, a contribuição dos diferentes modos de
vibração no comportamento dinâmico do edifício. Este parâmetro pode ser inicialmente
ajuizado pela percentagem de massa vibrante de cada modo. No caso concreto deste
edifício, e em geral nos edifícios altos, o primeiro modo de vibração de cada grau de
liberdade é geralmente predominante como demonstram os 62% de participação de
massa nestes modos na direcção x e y. Por outro lado, o grande desfasamento de
frequências de vibração características de modos de primeira ordem e de ordens
superiores, coloca em princípio essa excitação fora do espectro de acção do vento.
Contudo, mesmo em edifícios esbeltos deve ser estudada a influência dos modos de
vibração mais complexos (Zhou, Gu, & Xiang, Along
and Responses of Tall Buildings. Part II:Effects of Mode Shapes)
Os seis primeiros modos, correspondentes a quase 90% de participação de massa
vibratória são ilustrados na Figura
Figura 9-2 –
De referir a boa concordância da frequência
comparativamente com a expressão geralmente referida nos regulamentos e normas
aplicáveis.
9.3 Caracterização da acção pelo
9.3.1 Acção Longitudinal
Hipóteses admitidas:
• Exposição costal – Zona II
• Factor de turbulência -
f1=0.22Hz f1=1.36Hz
Acção do Vento em Edifícios Altos
superiores, coloca em princípio essa excitação fora do espectro de acção do vento.
o em edifícios esbeltos deve ser estudada a influência dos modos de
(Zhou, Gu, & Xiang, Along-wind Static Equivalent Wind Loads
and Responses of Tall Buildings. Part II:Effects of Mode Shapes).
rimeiros modos, correspondentes a quase 90% de participação de massa
Figura 9-2.
Principais modos de vibração do caso de estudo
De referir a boa concordância da frequência fundamental obtida pela análise modal,
comparativamente com a expressão geralmente referida nos regulamentos e normas
0[ = 46ℎ = 0.23 Hz
Caracterização da acção pelo EC 1-4
Acção Longitudinal – MGLF
Zona II;
- kl=0;
Hz f1=3.82Hz f1=7.48Hz f1=12.36Hz f1=18.46
Acção do Vento em Edifícios Altos
superiores, coloca em princípio essa excitação fora do espectro de acção do vento.
o em edifícios esbeltos deve ser estudada a influência dos modos de
wind Static Equivalent Wind Loads
rimeiros modos, correspondentes a quase 90% de participação de massa
obtida pela análise modal,
comparativamente com a expressão geralmente referida nos regulamentos e normas
18.46Hz
Capítulo 9 – Caso de estudo – Edifício em Benidorm
120 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
• Factor de orografia – c0=1;
• vb=27m/s;
• Edifício com estrutura metálica e com núcleo central em betão armado;
Edifício em Benidorm – Aplicação do EC 1-4
V0 (m/s) 44.64 l�b (m) 247.13 R2 0.930 �g (kN.m) 1.039.639
�b (m) 60 B2 0.542 j� 3.25 �Ì (kN.m) 1.814.978
i�b (m/s) 29.17 E 0.109 G a 1.746 �� (mili-g) 10.43
��b 0.209 S 0.143 cf 1.512
a – este valor despreza o denominador apresentado na tabela 8-5, traduzindo desta forma a verdadeira amplificação da acção. A expressão supracitada admite o produto posterior por j� anulando nesse caso o denominador.
Tabela 9-3 – Aplicação do MGLF de acordo com o EC 1-4
9.3.2 Acção Transversal – Desprendimento de turbilhões (Anexo EC 1-4)
De acordo com o EC 1-4, o efeito do desprendimento de turbilhões deverá ser tido em
conta no dimensionamento de um edifício sempre que seja verificada a seguinte equação
c�'&�,& < 1,25.c»
em que c�'&�,& é a velocidade crítica para o modo i, considerando-se neste estudo o
primeiro modo e c» a velocidade média para o período de 10 minutos na secção em que se
dá o fenómeno.
De acordo com o mesmo deslocamento, esta secção é definida para o primeiro modo por
uma faixa na zona dos deslocamentos máximos que para o caso modal é definida na zona
do ponto mais alto do edifício. A dimensão desta faixa, o comprimento de correlação, é
definida em função da relação do deslocamento máximo modal e a dimensão transversal
do edifício, ;±,»¶� ¸⁄ , o que torna o processo iterativo.
Acção do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 121
Admitindo uma relação ;±,»¶� ¸⁄ < 0,1, ou seja um deslocamento no topo do edifício
inferior a 23cm tem-se que , , o comprimento de correlação para o primeiro modo é igual
a
,[ = 6. ¸ = 6 ∗ 23 = 138m
Desta forma, c» deve ser calculado em þ[, o centro dessa faixa. A velocidade média em þ[ é
toma o valor de
þ[ = 138 2⁄ + B200 − 138F =131m c»B131-F = 45,02m/s
A velocidade crítica é dada por
c�'&�,& = ¼.M�,�%� = X�∗�,XX
�,[X = 42,17m/s
Como tal a expressão c�'&�,& < 1,25.c» é verificada, sendo por isso necessária a análise de
desprendimento de turbilhões do edifício.
Apesar desta verificação, procura-se aqui explorar o regulamento nesta matéria para
comparação com o método proposto.
9.3.2.1 Deslocamento máximo devido a vibrações transversais
Procedimento 1
.,�²õ¼ = [
%�U ∙ [%� ∙ * ∙ *¬ ∙ "s¶�
67 = X|�»�,�O²T¼U
-&,� = ���&W. ¸. :
"s¶� = �3− 2,4 ∗ «�T��,�«�B[�[»F�*1,1=0.827
Capítulo 9 – Caso de estudo – Edifício em Benidorm
122 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
Procedimento 1 – EC 1.4
St 0.12 m� 23.04 K 0.118 ��,n��� 0,176 �� 0.60 k �¡ 0.827 ¢o 0.08
De acordo com os valores obtidos, ;±,»¶�=4,14m o que não verifica a hipótese admitida
atrás onde e considerou ;±,»¶� ¸⁄ < 0,1.
Recorrendo a um processo iterativo é possível obter a seguinte tabela de resultados
Procedimento 1 – EC 1.4
St 0.12 m� 23.04 K 0.118 ��,n��� 0,172 �� 0.60 k �¡ 0.720 ¢o 0.08
De notar que para as condições resultantes do processo iterativo, a relação c�'&�,& <1,25.c» continua a ser verificada.
Procedimento 2
De acordo com (Bachman, Ammann, Deischl, & Eisenmann, 1994), ;±,»¶� ¸⁄ pode ser obtido simplificadamente por
;±,»¶� ¸ =⁄ 0.123. 7$ . 16�X ∙ 1
67
Esta expressão conduz aos seguintes resultados
Procedimento recomendado em (Bachman, Ammann, Deischl, & Eisenmann, 1994)
St 0.12 m� 23.04 K - ��,n��� 0,267 �� - k �¡ 0.720 ¢o 0.08
Acção do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 123
A diferença nestas duas expressões justifica-se pela definição grosseira do parâmetro
* ∙ *¬ que na segunda expressão é aproximado por 0,124. Comparativamente ao método
proposto no EC-1.4, este valor revela-se exagerado para o caso em estudo.
9.3.2.2 Forças de desprendimento dos turbilhões
De acordo com o EC-1.4 pode-se relacionar os deslocamentos anteriormente obtidos como
uma força de inércias relacionada com esse deslocamento por
8ëB4F = -B4F ∙ y2�0&, zX ∙ φ&, B4F ∙ ;±,»¶�
O cálculo desta expressão conduz a uma distribuição de forças horizontais linearmente
dependente da função modal normalizada φ&, B4F assumindo valor máximo no topo da
estrutura.
A resultante máxima das forças horizontais transversais é neste caso (para o
deslocamento máximo obtido de acordo com o Procedimento 1) de 184039 kN.
9.4 Caracterização da acção pela abordagem proposta
9.4.1 Interface Gráfica do Programa e dados de Input
Os dados de input da aplicação desenvolvida são ilustrados na Figura 9-3. A secção
discretizada com uma rotina auxiliar foi previamente importada tal como é visível na
figura. Considerando um comprimento de 0,5m por painel, obteve-se para a secção
23mx23m um total de 183 painéis a considerar no algoritmo descrito no Capítulo 6. Nesta
figura é também apresentada uma vista tridimensional do edifício, meramente ilustrativa
já que na abordagem proposta não se explora ainda a tridimensionalidade do edifício, no
que diz respeito à discretização das suas fachadas como contribuições unitárias para os
graus de liberdade.
Capítulo 9 – Caso de estudo – Edifício em Benidorm
124 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
Figura 9-3 – Interface gráfica do software desenvolvido para resolução do modelo proposto
9.4.2 Caracterização da acção
Os diagramas seguintes ilustram a variação da componente média com a altura e a
variação da velocidade do vento a diferentes alturas. Estas funções são exemplos das
funções computadas no método proposto.
Figura 9-4 – Variação da velocidade em altura de acordo com EC 1-4 (3s)
26 28 30 32 34 36 38 40 42 44 460
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
velocidade (m/s)
altura
(m
)
Acção do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 125
Figura 9-5 – Diagrama ilustrativo de séries de vento aleatórias correlacionadas no espaço a z=0m (a) z=100m (b) e z=200m (c)
Atente-se ao facto deste tipo de amostragem necessitar de ser validado através do cálculo
da correlação entre as séries geradas.
9.4.3 Caracterização da Resposta
Quando simulada a acção caracterizada pelos diagramas Figura 9-4 e Figura 9-5 obtêm-se
os seguintes diagramas no domínio do tempo.
9.4.3.1 Forças e Esforços
0 50 100 150 200 250 30010
20
30
40
Tempo (s)
velo
cid
ade
(m
/s)
0 50 100 150 200 250 30030
35
40
45
50
55
Tempo (s)
velo
cid
ade (
m/s
)
0 50 100 150 200 250 30030
40
50
60
Tempo (s)
velo
cid
ade (
m/s
)
-2,5
-2
-1,5
-1
-0,5
0
0,5
1
1,5
2
1 26 51 76 101 126 151 176 201 226 251 276
Mo
me
nto
(k
N.m
) x1
0^
6
t(s)Mx na base My na base
Capítulo 9 – Caso de estudo – Edifício em Benidorm
126 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
Figura 9-6 – Diagramas de esforços na base do edifício ao longo do tempo (a) momentos flectores (b) esforços transversos
9.4.3.2 Deslocamentos e Acelerações
Figura 9-7 – Diagramas de Deslocamentos no topo do edifício (z=200m) ao longo do tempo
Figura 9-8 – Diagramas de Aceleração no topo do edifício (z=200m) ao longo do tempo
Na direcção longitudinal os resultados obtidos, quando comparados com os resultados
regulamentares, revelam-se positivos uma vez que o desvio dos valores de pico registados,
valores estes que para os 300s analisados serão os condicionantes para as combinações
fundamentais, são inferiores a 10%. O mesmo se passa com o valor médio, onde se regista
também um desvio bastante aceitável. Por outro lado, os esforços de corte na base do
edifício, relacionados directamente com o momento pelas leis de equilíbrio dinâmico
apresentam necessariamente variações idênticas.
A sua flutuabilidade no tempo, apresentada também nos mesmos diagramas, está
inevitavelmente ligada à flutuabilidade das séries de vento geradas e também aos
movimentos modais da estrutura, que se recorde têm uma frequência de 0,22Hz nos
modos fundamentais o que resulta num período de aproximadamente 4,54s. A relação
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
1 26 51 76 101 126 151 176 201 226 251 276
Fo
rça
de
Co
rte
(k
N) x1
0^
3
t(s)Fx na base Fy na base
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
1 26 51 76 101 126 151 176 201 226 251 276
De
slo
cam
en
to (
cm)
t(s)Ux no topo Uy no topo
-30
-20
-10
0
10
20
30
1 26 51 76 101 126 151 176 201 226 251 276
Ace
lera
ção
l (cm
/s^
2)
t(s)ax no topo ay no topo
Acção do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 127
entre forças aplicadas (resultantes no esforço de corte a menos das propriedades
dinâmicas do movimento) está directamente relacionada com o quadrado da velocidade
relativa que atinge o edifício em cada instante, o que de resto é evidente nos dois métodos,
tanto os métodos regulamentares no domínio da frequência como no método proposto no
domínio do tempo.
A flutuabilidade dos valores medidos na linha de tempo, resulta assim da turbulência do
escoamento com também de diversos aspectos dinâmicos que se traduz numa
amplificação do esforço médio em cerca de 75% nos métodos regulamentares e cerca de
84% na abordagem proposta. Dado que o comportamento vibracional da estrutura forma
uma curva aproximadamente sinusoidal, então esta grande amplificação de esforços
resulta numa grande amplitude de movimentos, o que se traduz a nível cinemático em
grandes deslocamentos e grandes deformações.
Valores elevados de acelerações estarão na origem das náuseas e mau estar provocado nos
seus ocupantes, como de resto foi referido atrás neste documento. De acordo com os
valores calculados pelos métodos regulamentares e com os valores obtidos com a
abordagem proposta, obtêm-se agora uma diferença de cerca de 40%, com valores de
10,43 mili-g e 7,25 mili-g respectivamente. Neste caso os valores são superiores nos
métodos regulamentares, possivelmente também porque estes métodos são mais
simplistas, alvos de menor estudo e portanto também mais conservativos quando
analisados directamente com uma análise dinâmica.
Os deslocamentos por sua vez relacionam-se com as acelerações pelas habituais relações
diferenciais da dinâmica.
Constata-se deste diagrama que o movimento sinusoidal se dá em torno de uma ordenada
positiva ao contrário do diagrama de acelerações que se desenvolve em torno do zero. Este
facto é justificado por existir também um momento médio sempre actuante na estrutura,
existindo flutuações em torno desse movimento, mas não suficientes para a estrutura
voltar à posição inicial. Já as acelerações, dado o carácter pendulatório do movimento
assumem valores tanto positivos como negativos como de resto seria expectável.
Dos métodos regulamentares consegue-se ainda depreender que a parcela ressonante é
30% superior à parcela da resposta de fundo. Denota-se assim que esta componente
Capítulo 9 – Caso de estudo – Edifício em Benidorm
assume um papel bastante importante na contabilização das acções do vento em
estruturas esbeltas como os edifícios altos. Contudo, na expressão do MGLF, tanto a
componente de fundo como a componente ressonante entram na expressão com uma
contribuição quadrática.
No que se refere à análise transversal, os resultados não são tão evidentes. A tentativa de
simular um possível efeito de asa nos edifícios não teve sucesso, isto porque os resultados
a que se chegou comparativamente com a análise longitudinal foram sempre bastante
superiores e sem significado físico. A grande dificuldade na geração de resultados deste
caso concreto prende-se com a verificação das condições do escoamento na esteira do
edifício. Quando se trata de uma asa, é, de facto, fácil definir matematicamente as
condições de Jukowski numa aresta na esteira do edifício. Para o edifício em estudo e para
um escoamento perpendicular à fachada de topo, a definição deste ponto não é acessível
pelo que a verificação da condição se torna bastante complexa.
Por outro lado, o desprendimento de turbilhões é um fenómeno que matematicamente é
descrito com maior facilidade, baseada sobretudo em grandezas experimentais
consultadas nas referências bibliográficas deste trabalho. Assim, a viabilidade destes
resultados é à partida garantida, porém não é possível efectuar comparações directas com
métodos regulamentares já que nas referências consultadas este é um tema ainda pouco
explícito não sendo razoáveis os resultados a comparar.
Figura 9-9 – Valores registados de momentos na base em função da frequência de desprendimento de turbilhões na esteira do edifício
Em relação a esta acção é interessante notar que quando analisado o diagrama numa
escala de frequências de desprendimento de turbilhões (computada na Figura 9-13 como
uma função sinusoidal), o edifício entra em oscilação amplificada – ressonância – para uma
frequência próxima da sua frequência natural. Assim sendo, regista-se nesse ponto a
excitação do primeiro modo como registado na Figura 9-9.
-2,5
-2
-1,5
-1
-0,5
0
0,5
1
1,5
2
0,000 0,053 0,104 0,148 0,183 0,207 0,219 0,218 0,203 0,177 0,140 0,094
Mo
me
nto
(k
N.m
) x1
0^
6
fv(Hz)Mx na base My na base
Frequência do primeiro modo (f1)
Acção do Vento em Edifícios Altos
Figura 9-10 – Valores registados de momentos na base em função da frequência de desprendimento de turbilhões na esteira do edifício
Quando expandida esta escala para uma escala de maior alcance com as frequências de
desprendimento de vórtices a variarem linearmente, pode-se registar também na zona do
1,36Hz a excitação do segundo modo de vibração da estrutura na direcção y – direcção das
forças transversais. Note-se na Figura 9-10 que quando excitado o primeiro modo a
estrutura demora mais tempo a atingir novamente o equilíbrio dinâmico com vibrações
não amplificadas. Por outro lado, regista-se também uma contribuição significativa do
segundo modo, dado que são atingidas amplitudes de vibração, associadas a momentos na
base, superiores às vibrações no primeiro modo. Não obstante, a probabilidade desta
excitação ocorrer é bastante inferior para a acção considerada – o vento.
Em certos casos, quando os primeiros modos de vibração se encontrarem bastante
próximos, o que não se verifica nesta estrutura, poderá ocorrer uma excitação acoplada
por acção do vento de mais do que um modo vibracional.
Note-se ainda que a diferença entre resultados obtidos pelos métodos regulamentares e
pela abordagem proposta poderão também ser influenciados pela disparidade dos
parâmetros de rigidez e amortecimento considerados em ambos os casos. Por um lado, a
definição destes valores no caso dos métodos regulamentares é feito com base em tabelas
pré-definidas de forma simplificada ao contrário do segundo caso em que estes
parâmetros estão associados à modelação da estrutura no ambiente do programa de
cálculo utilizado. Note-se que a ordem de grandeza das variações detectadas entre o
método regulamentar e o método proposto é semelhante às diferenças verificadas quando
comparados métodos regulamentares diferentes (Zhou, Kijewski, & Kareem, Along-Wind
Load Effects on Tall Buildings: Comparative Study of Major International Codes and
Standards, 2002).
-2,5-2
-1,5
-1-0,5
0
0,51
1,5
22,5
0,000 0,167 0,333 0,500 0,667 0,833 1,000 1,167 1,333 1,500 1,667 1,833
Mo
me
nto
(k
N.m
) x1
0^
6
t(s)Mx na base My na base
Frequência do primeiro modo em y (f1) Frequência do segundo modo em y (f2)
Capítulo 9 – Caso de estudo – Edifício em Benidorm
130 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
A título ilustrativo aplicam-se as expressões aproximadas para pré-dimensionamento das
propriedades óptimas para um sistema de amortecimento “Tuned Mass Damper”, incluídas
em 7.4.
De acordo com a Tabela 9-2, a massa modal do primeiro modo é 61,9% da massa vibrante
o que corresponde a 13140 Ton. Considerando um amortecedor de 100 Ton, obtém-se um
rácio de 0,76%, de acordo com o seguinte cálculo
£ = 10013140 = 0,0076
Posto isto, da aplicação directa das expressões (7.15) e (7.16) obtém-se os seguintes
resultados
r��� = �����[
= 0.994 $v¤v./¥U¦§§§§ ���� = 1.373 rad/s
���� = 0.0218
Considerando agora um amortecedor com 200 Ton vem que
£ = 0,0152 r��� = $���$v= 0.988 $v¤v./¥U
¦§§§§ ���� = 1.366 rad/s ���� = 0.0307
Destas expressões pode-se verificar que sobretudo a frequência óptima é um parâmetro
com uma variação muito subtil devendo como tal ser calculado com bastante precisão.
Note-se também que o valor da frequência óptima para o sistema de amortecimento é um
valor bastante próximo da frequência fundamental.
Figura 9-11 – Variação da frequência óptima de vibração e do rácio de amortecimento do TMD em função da massa do TMD
1,3
1,31
1,32
1,33
1,34
1,35
1,36
1,37
1,38
1,39
1 10 100 1000
ωω ωωo
pt
ra
d/s
m damper (Ton)
0
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
0,06
0,07
1 10 100 1000
ξξ ξξ opt
m damper (Ton)
Acção do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 131
Da computação destas expressões num domínio de 1 Ton a 1000 Ton, obtém-se os
seguintes gráficos. Este gráficos permitem verificar que os parâmetros variam
inversamente, num domínio sensível como referido atrás. Note-se que quando a massa
decresce para zero, a frequência óptima aproxima-se rapidamente da frequência
fundamental da estrutura.
9.5 Variação da geometria
A computação de uma secção alternativa à secção do caso de estudo, neste caso uma
secção com iguais dimensões exteriores mas com cantos arredondados com um raio de 5m
conduz à obtenção dos diagramas da Figura 9-13.
Figura 9-12 – Ilustração da alteração à secção: arredondamento dos cantos
Como resultado da alteração geométrica efectuada, é previsível que se obtenham acções e
respostas inferiores às obtidas anteriormente. Analisando como exemplo o diagrama
apresentado referente aos momentos na base (já que como já se viu, as restantes
grandezas estão invariavelmente associadas a esta), verifica-se que, pontualmente, os
resultados atingem máximos idênticos.
Por um lado, os valores médios de cada diagrama praticamente coincidem, por outro, o
diagrama para a secção alterada é um diagrama com menores amplitudes e portanto com
menores oscilações. Este parâmetro é bem traduzido pelo desvio padrão da amostra.
Comparativamente para os dois diagramas obtém-se 339805 kN.m para 304490 kN.m,
para a secção original e a secção modificada, respectivamente. Desta forma, trata-se de
uma diminuição de cerca de 11%.
Secção Original Secção Modificada
Capítulo 9 – Caso de estudo – Edifício em Benidorm
132 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
Figura 9-13 – Comparação dos momentos na base do edifício, por efeito das forças longitudinais para a secção quadrada e uma secção idêntica de cantos arredondados.
Por outro lado a susceptibilidade à formação e libertação de turbilhões na esteira do
edifício também pode ser medida através do momento na base perpendicular ao anterior.
No entanto, para abordagem proposta, estas alterações seriam medidas pelo parâmetro
experimental adoptado para o “Coeficiente de Lift”, "$.Tal facto leva a que não seja aqui
apresentada essa situação, primeiro porque o valor característico para esse coeficiente
teria de ser analisado para a secção alterada e por outro lado, porque, mesmo sendo
conhecido este parâmetro, os resultados obtidos seriam expectáveis.
9.6 Alguns Exemplos de Edifícios Existentes
9.6.1 Burj Dubai
O edifício Burj Dubai, actualmente em construção, contará com mais de 700m de altura. A
sua dimensão, ultrapassa o domínio dos edifícios objectos de estudo neste documento,
contudo representa um excelente exemplo de aplicação de engenharia de vento. Durante o
seu dimensionamento foram efectuados estudo iterativos intensivos. Dada a complexidade
e dimensão do edifício, estes estudos foram desenvolvidos sobretudo em túnel de vento,
onde o edifício representado à escala 1:150 foi amplamente estudado.
-2,5
-2
-1,5
-1
-0,5
0
1 26 51 76 101 126 151 176 201 226 251 276
Mo
me
nto
(k
N.m
) x1
0^
6
t(s)My quadrado My quadrado arredondado
Acção do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 133
Figura 9-14 – Torre Burj Dubai (a) Modelo de estudo em túnel de vento (b) Fotomontagem do edifício
Durante a fase de concepção, foram implementadas análises de HFBB que permitiram
através da análise acção-resposta diminuir significativamente os esforços na estrutura,
redireccionando os eixos geométricos da estrutura e optimizando a sua forma em planta,
variável em altura, de acordo com os ventos predominantes característicos do microclima
local (Irwin, Developing Wind Engineering Techniques to Optimize Design and Reduce
Risk, 2005).
A forma do edifício é baseada numa planta local, aproximando-se a sua planta a grupos de
formas idênticas a asas, terminando em pontos de esteira angulosos na direcção da maior
acção. As análises finais deste processo iterativo, permitiram concluir a susceptibilidade
da estrutura aos mais altos modos de vibração bem como refinar as grandezas estocásticas
características da sua resposta.
A descrição do vento na camada limite foi efectuada com recurso a um conjunto de dados
passados obtidos em estruturas existentes, posteriormente regenerados por algoritmos
matemáticos .
Em particular, o efeito das vibrações estruturais nos seus ocupantes foram tidos em conta
nos testes HFBB combinados como dados estatísticos do vento local, tendo sido previstas
acelerações de pico com períodos de retorno de 1 a 10 anos nas mais altas fracções
residenciais. Os testes iniciais indicaram valores de 37 mili-g, bastante superiores aos
valores recomendados pelos regulamentos. Contudo, como resultado da optimização
Capítulo 9 – Caso de estudo – Edifício em Benidorm
direccional, da geometria e das propriedades mecânicas do edifício atingiu-se uma
redução de quase 50% deste valor, 19 mili-g, atingindo-se assim um valor claramente
admissível.
9.6.2 Taipei 101
A torre Taipei 101 representa também um fantástico exemplo da aplicação da engenharia
dinâmica e do vento.
Figura 9-15 – Torre Taipei 101 (a) Modelo de estudo em túnel de vento (b) Fotografia do edifício
Neste exemplo, particularmente, a introdução de pequenas alterações na forma da secção
revela a grande influência que este tipo de acção pode induzir os edifícios altos. Como
resultado das diversas análises efectuadas durante a concepção geométrica do edifício,
obteve-se uma redução de 25% do momento na base do edifício sob acção do vento. Este
benefício foi obtido introduzindo pequenas variações nos cantos do edifício, aligeirando o
contorno do vento nas zonas de pressões máximas (no plano da secção do edifício).
Figura 9-16 – Ilustração da optimização da secção transversal do edifício para efeitos do vento
Secção Original Secção Optimizada
Acção do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 135
As análises em túnel de vento revelaram também que os pisos mais elevados do edifício
seriam expostos a vibrações excessivas. A introdução de um TMD de 600 toneladas como
ilustrado na Figura 9-17 permitiu corrigir este fenómeno.
Figura 9-17 – Ilustração do TMD aplicado nos pisos superiores do Taipei 101
Acção do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 137
Capítulo 10
CONCLUSÕES
A acção do vento em edifícios altos tem sido estudada nas últimas décadas por diversos
investigadores. Como consequência, têm surgido resultados e modelos importantes com
aplicação prática no domínio do projecto.
Esta acção é geralmente muito complexa e de difícil descrição. O máximo carregamento a
que uma estrutura está sujeita durante o seu período de vida útil e as sensações que os
seus movimentos podem provocar nos seus ocupantes, dependem das propriedades
estatísticas da velocidade do vento, direcção e local, da forma da estrutura, orientação,
bem como da rugosidade ou topografia do terreno, além das características dinâmicas do
edifício ou mesmo da interferência dos edifícios vizinhos.
A descrição matemática deste fenómeno exige consoante o objectivo do estudo, a adopção
de várias hipóteses simplificativas quer nas teorias de mecânica de fluidos quer na
dinâmica estrutural. Estas duas ciências não são dissociáveis no domínio dos edifícios
altos. A esbelteza e vulnerabilidade destes edifícios a cargas horizontais originam
fenómenos aerodinâmicos e aeroelásticos.
A necessidade de prever o comportamento de uma estrutura alta sujeita à acção do vento
tem conduzido ao desenvolvimento de vários métodos e ferramentas de análise. Umas
caracterizadas por rapidez, outras por qualidade nos resultados, outras ainda pela
flexibilidade e acessibilidade com que podem ser utilizadas obrigam a um conhecimento
no mínimo genérico das potencialidades de cada uma, já que raramente são substituíveis
devendo complementar-se em todo o percurso de projecto de um edifício. Por isto, e não
obstante da utilização dos métodos e ferramentas abordadas, revela-se de facto
interessante no panorama de estudo prévio, possuir uma ferramenta que auxilie a
definição das propriedades geométricas e dinâmicas de um edifício.
Capítulo 10 – Conclusões
138 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
A complexidade dos fenómenos e da descrição matemática das flutuações e interacções
acção-resposta limita geralmente grande parte das abordagens. Por isto, todas as
abordagens devem ser assentes num conjunto de postulados concretos e cientes das suas
limitações. Neste contexto, a introdução de conceitos e teorias já largamente estudados no
domínio da aerodinâmica de asas revela-se interessante. As hipóteses simplificativas e o
comportamento bem caracterizado da acção do vento em torno das asas deve ser tido em
conta quando adoptado na análise em edifícios.
Além desta análise é necessário introduzir outros fenómenos característicos unicamente
de “bluff-bodies” e da escala dos edifícios. As teorias da libertação de turbilhões e efeitos
da viscosidade visam complementar as teorias iniciais dos campos potenciais e
irrotacionais, característicos dos métodos de painéis de análise em asas.
Os principais regulamentos internacionais apresentam abordagens bastante idênticas,
com base nos métodos mais vulgares para descrição matemática da acção do vento e
resposta do edifício na direcção do escoamento. Os métodos dos factores de rajada são as
ferramentas mais vulgares e acessíveis para predição da interacção do escoamento com o
edifício. A sua aplicação nos regulamentos diverge nos factores de caracterização da
velocidade média, espectro e intensidade de turbulência adoptados por cada código. A
divergência nos valores obtidos da aplicação de cada regulamento é considerável, na
ordem dos 20%. É por isso importante perceber a origem destes valores e definir
parâmetros equivalentes nos vários códigos, já que poderão existir consequências
estruturais, de conforto ou mesmo financeiras.
A direcção perpendicular à acção de vento e a torção dos edifícios não se encontra ainda
bem descrita por estes métodos. Neste aspecto, ferramentas como o túnel de vento
revelam-se mais fiáveis. Contudo, existem já algumas abordagens desenvolvidas. Estas
abordagens pecam geralmente na flexibilidade da sua aplicação, uma vez que estão
geralmente associadas a formas de secções ou dependentes de resultados experimentais.
Nesta direcção os fenómenos revelam-se muito mais complexos e as teorias de bandas
utilizadas na direcção do vento perdem a validade. O Eurocode 1: Actions on structures -
Part 1-4: General actions -Wind actions apresenta por exemplo algumas expressões para
quantificação de alguns dos fenómenos na direcção perpendicular do vento.
Acção do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 139
Da acção do vento sobre um edifício, resultam geralmente condicionantes em serviço de
grande importância no projecto. As vibrações estruturais que se desenvolvem
principalmente nas duas direcções principais devem ser analisadas nas suas três
principais grandezas, deslocamentos, velocidades e acelerações. Se o deslocamento
assume especial importância para a avaliação da deformabilidade dos materiais utilizados
nos edifícios, a velocidade e acelerações assumem geralmente grande preponderância no
conforto dos seus ocupantes. Vários métodos geralmente gráficos e limites admissíveis
têm sido propostos nos últimos anos. Alguns regulamentos apresentam algumas linhas de
cálculos auxiliares com base nesses modelos.
Apesar da abordagem bastante simplificativa e preliminar, o modelo de simulação
proposto apresenta boa concordância com os valores referidos nas referências
bibliográficas revelando-se uma ferramenta útil. Esta permite facilmente introduzir
alterações geométricas e dinâmicas de forma acessível, não exigindo conhecimentos de
maior na área. Contudo, a simplicidade da abordagem exige que o utilizador esteja
consciente das suas limitações.
O método dos painéis é um método bastante poderoso na mecânica de fluidos na área da
aeronáutica e desde que bem justificado e analisado convenientemente resulta numa
ferramenta bastante interessante no domínio da engenharia civil, neste caso no domínio
dos edifícios altos. Os resultados revelaram-se assim animadores apesar de ainda exigirem
um longo trabalho para construção de uma base matemática mais sólida. Como
consequência da sua simplicidade, deixa-se em aberto um longo percurso de investigação
com o objectivo de desenvolver esta ferramenta, dotando-a de maior precisão e
englobando novas teorias na descrição dos fenómenos.
A análise no domínio do tempo, apesar de matematicamente não acrescentar nada de
novo, isto porque a sua ligação ao domínio da frequência encontra-se claramente
desvendada nas referências matemáticas de análise de sinais, é importante por permitir
uma análise acima de tudo mais intuitiva. Por outro lado, recorde-se que recorrendo a um
programa de cálculo largamente utilizado no meio e com uma interface acessível concede
ao analista algum à vontade na análise feita. Com recurso a este programa, o analista tem a
possibilidade de aplicar as mais diversas opções estruturais no modelo sem com isso
condicionar a análise feita com a abordagem proposta, posteriormente interligada pela
interface desenvolvida.
Capítulo 10 – Conclusões
140 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
Com este trabalho encerra-se um ciclo onde se formou um conjunto de informação acima
de tudo básica para a Engenharia do Vento, concretamente na sua interacção com os
edifícios altos. Esta informação é essencial para futuras análises e desenvolvimentos na
área.
A ferramenta destinada ao apoio ao projecto em fase de concepção que se procurou aqui
inicial revela-se promissora num futuro próximo.
A título ilustrativo enumeram-se um conjunto de possíveis objectivos de estudo no futuro:
• Desenvolvimento do modelo de cálculo, procurando descrever o escoamento em
torno do edifício através de funções matemáticas mais completas, englobando por
exemplo os efeitos da viscosidade do ar em contacto com a superfície do edifício;
• Desenvolvimento de um modelo matemático para predição do efeito de asa nos
edifícios, englobando este fenómeno com as oscilações introduzidas pelo efeito do
desprendimento de vórtices na esteira do edifício.
• Análise da influência da variabilidade do vento em torno do edifício de acordo com
um diagrama de ventos predominantes;
• Análise de efeitos locais do vento em torno do edifício, i.e. os seus efeitos sobre o
revestimento bem como o ruído provocado pelo vento nos pisos mais elevados e
sujeitos a maiores velocidades;
• Introdução no modelo de cálculo a modelação e optimização de sistemas de
amortecimento enumerados neste documento;
• Desenvolvimento da interface do programa, introduzindo um modelo
tridimensional à semelhança dos modelos de CFD, sem nunca esquecer o âmbito
da análise pretendida com esta ferramenta;
• Comparar os resultados obtidos com modelos experimentais em túnel de vento,
variando geometrias e alturas de edifícios, procurando consolidar um conjunto de
dados que permita o desenvolvimento de trabalhos e análises futuras.
Acção do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 141
Capítulo 11
REFERÊNCIAS
⋅ (s.d.). Obtido de http://www.wikipedia.org
⋅ Andersson, J. D. (1991). Fundamentals of Aerodynamics. McGraw-Hill.
⋅ Aurelius, L., Holmes, J., & Rofail, A. (2003). High Frequency base balance
methodologies for tall buildings with torsional and coupled resonant mods. 11th
Internacional Conference on Wind Eng. Texas.
⋅ Bachman, H., Ammann, W. J., Deischl, F., & Eisenmann, J. (1994). Vibration Problems
in Structures - Practical guidelines. Birkhäuser.
⋅ Bierbooms, W. Simulation of stochastic wind fields which encompass measured wind
speed series. The Netherlands: Wind Energy Research Group.
⋅ Boggs, D. (1995). Acceleration Indexes for Human Comfort in Tall Buildings - Peak
or RMS? Cermark Peterka Peterson, Inc.
⋅ Boggs, D., Denoon, R., & Wright, B. (2005). Wind Engineering for the Las Vegas
Stratosphere Tower. The sixth Asia-Pacific Conference on Wind Eng. (APCWE-VII).
Korea.
⋅ Brown, D., Kareem, A., & Kijewski, T. (s.d.). Identification of Dynamic Properties of
a Tall Building from Full-Scale Response Measurements.
⋅ Bulletin D'Information N 209 - Vibration Problems in Structures. Comite
International du Beton.
⋅ Bulletin D'Information Nº209 - Vibration Problemas in Structures. Comite Euro-
International du Beton.
⋅ Chen, X., & Kareem, A. Equivalent Static Wind Loading on Buildings: A New
Prespective. NatHaz.
⋅ Chen, X., & Kareem, A. (2004). Equivalent Static Wind Loads on Buildings: New
Model. Journal of Structural Eng., ASCE .
Capítulo 11 – Referências
142 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
⋅ Clough, R. W., & Penzien, J. (1993). Dynamics of Structures. McGraw-Hill.
⋅ Cochran, L. State of the Art Review of Wind Tunnels and Physical Modeling to
Obtain Structural Loads and Cladding Pressures. Architectural Science Review. USA.
⋅ Cochran, L. (2007). State of the Art Review of Wind Tunnels and Physical Modelling
to Obtain Structural Loads and Cladding Pressures. Architectural Science Review.
⋅ Datta, T. (2003). A state-of-the-art review on active control of structures. ISET
Journal of Earthwuake Technology , 1-17.
⋅ Davenport, A. G. (1967). "Gust loading factors". J. Struct. Div. , 11-34.
⋅ Duflot, P., McNamara, R. J., & Taylor, D. P. (s.d.). Fluid Viscous Dampers to Reduce
Wind-induced vibrations in Tall Buildings.
⋅ Easom, G. (2000). Improved Turbulence Models for Computational Wind
Engineering. Thesis submitted to the University of Notthingham .
⋅ Eisele, J., & Kloft, E. (2002). High-Rise Manual. Birkhauser.
⋅ Gioffrè, M., Minciarelli, F., & Simiu, E. (2001). Estimates of Extreme Wind Effects
and Wind Load Factors Influence of Knowledge Uncertainties. Probabilistic Eng.
Mechanics, Vol. 16 .
⋅ Gionsan, I. (2002). Vortex Shedding Induced Loads on Free Standing Structures.
⋅ Gu, M., Kareem, A., & Zhou, Y. (s.d.). Equivalent Static Buffeting Wind Loads on
Structures.
⋅ Gu, M., Kareem, A., & Zhou, Y. (s.d.). Gust Loading Factors for Design Applications.
⋅ Gu, M., Kareem, A., & Zhou, Y. Stochastic Wind-Excited Response for Tall Buildings:
Influence of Mode Shapes. 8th ASCE Speciality Conference on Probabilistic
Mechanics and Structure Reliability.
⋅ Gu, M., Xiang, H., & Zhou, Y. Alongwind Static Equivalent Wind Loads and
Responses of Tall Buildings. Part I: Unfavorable Distributions of Static Wind Loads.
Key Lab. for Disaster Reduction in Civil Eng., Dept. of Bridge Eng. Shangai.
⋅ Gurley, K., Kareem, A., & Tognarelli, M. A. Analysis and Simulation Tools for Wind
Engineering . Notre Dame: Dpt. of Civil Eng. and Geological Sciences.
Acção do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 143
⋅ Ho, P. H. (2007). Eonomics Planning of Super Tall Buildings in Asia Pacific Cities.
Hong Kong: Strategic Integration of Surveying Services.
⋅ Holmes, J. D. Wind loading and structural response - Lectures.
⋅ Holmes, J. D. (2007). Wind Loading of Structures.
⋅ Holmes, J., Rofail, A., & Aurelius, L. (2003). High frequency base balance
methodologies for tall buildings with torsional and coupled resonant modes. 11th
International Conference on Wind Engineering. Texas.
⋅ Homicz, G. F. (1991). Numerical Simulation of VAWT Stochastic Aerodynamic Loads
Produced by Atmospheric Turbulence: VAWT-SAL Code. New Mexico: Sandia Report.
⋅ Hu, X. (2006). Wind Loading Effects and Equivalent Static - Wind Loading on Low-
Rise Buildings.
⋅ Irwin, P. A. (2005). Developing Wind Engineering Techniques to Optimize Design
and Reduce Risk.
⋅ Irwin, P. A., & Baker, W. F. (2006). The Burj Dubai Tower, Wind Engineering.
Structure Magazine .
⋅ Jayachandran, P. (2003). Design of Tall Buildings, Preliminary Design and
Optimization. International Conference on Tall Buildings and Industrial Structures.
India.
⋅ Jayachandran, P. (2004). Tall Buildings - Design and Behaviour. Massachusetts: Dpt.
of Civil Eng. and Environmental Eng.
⋅ Kaperski, M. (1992). Extreme wind load distributions for linear and nonlinear
design. Eng. Struc. , 27-34.
⋅ Kareem, A. A Tribute to Jack E. Cermak - Wind Effects on Structures: A Reflection on
the Past and Outlook for the Future.
⋅ Kareem, A., & Kwon, D.-K. (2007). Gust-front factor: A New Framework for the
Analysis of Wind Load in Gust-fronts. 12th Internacional Conference on Wind Eng.
Australia.
⋅ Kareem, A., & Zhou, Y. Areodynamic Admittance Function of Tall Buildings.
⋅ Kareem, A., & Zhou, Y. (2001). Gust Loading Factor: New Model. Journal of
Structural Engineering .
Capítulo 11 – Referências
144 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
⋅ Kareem, A., Kijewski, T., & Kwon, D.-K. E-Analysis of High-Rise Buildings Subjected
to Wind Loads.
⋅ Kareem, A., Kijewski, T., & Yukio, T. (2004). Mitigation of Motions of Tall Buildings
with Specific Examples of Recent Applications. ???
⋅ Kareem, A., Kijewski, T., & Zhou, Y. Aerodynamic Loads On Tall Buildings:
Interactive Database. ASCE.
⋅ Kareem, A., Kijweski, T., & Tamura, Y. Mitigation of Motions of Tall Buildings with
Specific Examples of Recent Applications.
⋅ Katz, J., & Plotkin, A. (2001). Low-Speed Aerodynamics. Cambridge.
⋅ Kilpatrick, J. (1996). The Influence of Wind-Induced Motions on the Performance
of Tall Buildings.
⋅ Kwok, K. (2007). Behaviour of Tall Buildings in Strong Winds. Global Chinese Wind
Eng. Forum Tamkang University , Taipei.
⋅ Li, Q., Cao, H., Li, G., Li, S., & Liu, D. (1999). Optimal design of wind-induced
vibration control of tall buildings and high-rise structures. Wind and Structures ,
69-83.
⋅ Liang, S., Zhang, L., Gu, M., & Liu, S. (2003). Torsional dynamic wind loads on
rectangular tall buildings. Science Direct .
⋅ Mathew, S. (2006). Wind energy - Fundamentals, Resource Analysis and Economics.
Springer-Verlag.
⋅ Mendes, P. (1995). Geração de Amostrar de Processos Através da Sobreposição de
Harmónicas, Aplicação a Séries de Velocidade do Vento. IC/IST.
⋅ Mendis, P., Ngo, T., Haritos, N., & Hira, A. (2007). Wind Loading on Tall Buildings.
eJSE .
⋅ Morais, V., & Vieira, C. (2006). Matlab 7&6 - Curso completo. FCA.
⋅ Natural Hazard Laboratory - Web. (s.d.). Obtido de www.nd.edu/~nathaz
⋅ Nepf, H. (2002). Transport Processes in the Environment. MIT.
⋅ Oliveira, L., & Lopes, A. G. (2007). Mecânica dos Fluidos. ETEP.
Acção do Vento em Edifícios Altos
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil 145
⋅ Panofsky, H., & Dutton, J. (1984). Atmospheric Turbulence. New York: John Wiley &
Sons.
⋅ Pinheiro, M. A. (2004). Vibrações aeroelásticas em Torres Esbeltas. Rio de Janeiro:
COPPE/UFRJ.
⋅ Qiusheng, L., Cao, H., Li, G., Li, S., & Liu, D. (1999). Optimal design of wind-induced
vibration control of tall building and high-rise structures. Wind and Structures, Vol.
2, No.1.
⋅ Radulescu, G.-M., & Radulescu, C.-M. (2005). Tall Structures Behaviour Under the
Action of Irregular Heat of the Wind of Cumulated Loadings. Deformation
Measurment and Analysis .
⋅ Sain, M. K., & Spencer, B. F. (1997). Controlling Buildings: A New Frontier in
Feedback. IEEE Control Systems Magazine on Emerging Technology, vol. 17 .
⋅ Saraiva, J. A., & Silva, J. M. (2004). A Interacção do Vento com Grandes Estruturas.
Lisboa.
⋅ Saraiva, J. A., Silva, F. V., & Silva, F. A. (2005). Condições Climáticas e Anos Típicos.
ENCAC - ELACAC .
⋅ Saraiva, J., & Silva, V. M. (s.d.). A interacção do vento com grandes estruturas.
⋅ Silva, F. M., & Saraiva, J. G. Natural Ventilation Air Change Rates Considering
Atmospheric Turbulence. Lisboa.
⋅ Simiu, E. (2002). Meteorological Extremes. National Institute of Standards and
Technology.
⋅ Simiu, E., & Miyata, T. (2006). Design of buildings and Bridges for Wind. John Wiley
& Sons.
⋅ Simiu, E., & Scanlan, R. H. (1996). Wind Effects on Structures. John Wiley & Sons,
Inc.
⋅ Thepmongkorn, S., & Kwok, K. (1998). Wind-induced coupled translational-
torsional motion of tall buildings. Wind and Structures , 43-57.
⋅ Trusca, N. (2005). Structural Aspects for Tall Buildings. IST.
Capítulo 11 – Referências
146 Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil
⋅ Warburton, G. B. (1982). Optimal absorber parameters for various combinations of
response and excitation parameter. Earthquake Engineering and Structural
Dynamics , 381-400.
⋅ Welter, G. (2006). A hipótese da turbulência isotrópica e a universalidade da
constante de kolmogorov. Brasil: Universidade Federal de Santa Maria.
⋅ Welter, G. S. (2006). A Hipótese de Turbulência localmente isotrópica e a
universalidade da constante de Kolmogorov. Dissertação sobre Área de
Concentração em áreas clássicas da fenomologia e suas aplicações, Brasil .
⋅ Xinzhong, C., & Kareem, A. Equivalent Static Wind Loading on Buildings: A New
Prespective. NatHaz.
⋅ Zhou, Y., & Kareem, A. (s.d.). Aerodynamic Admittance Function of Tall Buildings.
⋅ Zhou, Y., Gu, M., & Xiang, H. (s.d.). Along-wind Static Equivalent Wind Loads and
Responses of Tall Buildings. Part II:Effects of Mode Shapes.
⋅ Zhou, Y., Kareem, A., & Gu, M. (s.d.). Gust loading factors for design applications.
⋅ Zhou, Y., Kijewski, T., & Kareem, A. (2002). Along-Wind Load Effects on Tall
Buildings: Comparative Study of Major International Codes and Standards. Journal
of Structural Engineering .
I
ANEXOS
A.1 Resposta de Sistemas Estruturais a Acções Periódicas
Resposta de um sistema pontual a uma acção harmónica
Considere-se um sistema de um grau de liberdade sujeito a uma acção harmónica do tipo
L = L� sin �g� (A. 1)
A equação de movimento de um sistema sujeito à força P é habitualmente expressa na
forma
-�� + 7�/ + )� = L� sin �g� (A. 2)
A resolução da equação diferencial (A. 2) conduz à combinação de uma solução
complementar e uma solução particular.
A solução complementar c�B�F que contempla a resposta do sistema livre amortecido e a
solução partircular c�B�F são descritas por
c�B�F = ½� cos �¹� + à sin �¹�¾3�æ©� (A. 3) c�B�F = ([ cos �¹� + (X sin �¹� (A. 4)
A introdução da equação c�B�F = ([ cos �¹� + (X sin �¹� na equação geral do
movimento resulta num sistema de duas equações que apresentam as seguintes soluções
para as constantes ([ e (X
([ = #�} £ �Xæå
B[�åUFUíBXæåFU¦ (A. 5)
(X = #�} £ [�åU
B[�åUFUíBXæåFU¦ (A. 6)
em que = �g �.⁄
Com estes resultados, pode-se agora escrever a expressão resultante da combinação das
duas soluções. A resposta total é assim definida por
cB�F = ½� cos �¹� + à sin �¹�¾
Dos dois termos que compõe a
(A. 7), o termo da direita tem especial interesse já que se prolonga indefinidamente
ao longo do tempo, enquanto o termo da esquerda é rapidamente amortecido pela função
exponencial.
O termo da direita é habitualmente design
harmonic response” e pode ser decomposta nas parcelas reais e imaginárias resulta a
parte real num vector de amplitude
� = #�} £ [
B[�åUFUíBXæåFU¦[/X
O rácio entre a resultante da resposta
factor de amplificação, definida então pela seguinte igualdade
ç¶ = O#�/} = ½B1 − XFX + B2�F
Figura A.
se agora escrever a expressão resultante da combinação das
duas soluções. A resposta total é assim definida por:
¾3�æ©� + #�} £ [
B[�åUFUíBXæåFU¦ ½B1 − XF sin �g� − 2�
, o termo da direita tem especial interesse já que se prolonga indefinidamente
ao longo do tempo, enquanto o termo da esquerda é rapidamente amortecido pela função
O termo da direita é habitualmente designado de Resposta harmónica,”Stead
harmonic response” e pode ser decomposta nas parcelas reais e imaginárias resulta a
parte real num vector de amplitude
O rácio entre a resultante da resposta harmónica com a resposta estática é denominado
factor de amplificação, definida então pela seguinte igualdade
B FX¾�[/X
Figura A. 1 – Função de amplificação dinâmica
se agora escrever a expressão resultante da combinação das
� cos �g�
(A. 7)
, o termo da direita tem especial interesse já que se prolonga indefinidamente
ao longo do tempo, enquanto o termo da esquerda é rapidamente amortecido pela função
ado de Resposta harmónica,”Stead-state
harmonic response” e pode ser decomposta nas parcelas reais e imaginárias resulta a
(A. 8)
harmónica com a resposta estática é denominado de
(A. 9)
III
A variação deste factor é ilustrada na Figura A. 1, onde se verifica que ç¶ é naturalmente
função de e do coeficiente de amortecimento. De notar que as curvas representativas
atingem picos para = 1, fenómeno o qual é denominado de ressonância. É interessante
reparar que a ocorrência deste fenómeno perde importância para estruturas com maior
amortecimento.
Por vezes é conveniente obter estas expressões na forma exponencial. Como se a
representação harmónica no domínio dos complexos é bastante conveniente a nível de
análise matemática. A forma exponencial da equação de movimento para a resposta cB�F é
dada por
cB�F� + 2��cB�F/ + �XcB�F = #�» 3&B$g �íªF (A. 10)
A resposta particular será desta forma dada por c�B�F = �3&B$g ��ªF (A. 11)
De notar que � assume igual expressão já que não depende da representação harmónica
ou exponencial da acção sobre o sistema.
Resposta de um sistema pontual a uma acção periódica
Como uma acção periódica pode ser descrita como a sobreposição de um número finito de
harmónicas, no fundo a resposta de um sistema pontual é dada analogamente à resposta
descrita no ponto anterior.
Assim para uma acção definida por
LB�F = 9� + ∑ 9M cos �gM� +mMc[ ∑ ¸M sin �gM�mMc[ (A. 12)
a resposta total amortecida é dada por
cB�F = [} �9� + ∑ £ [
B[�åUFUíBXæåFU¦mMc[ × n½2�9MM + ¸MB1 − MFX¾ sin �gM� + ½9MB1 − MFX −2�¸MM¾ cos �gM�o� (A. 13)
IV
No caso de a função periódica ser escrita por meio de funções exponenciais é corrente
escrever-se a seguinte igualdade para a expressão da resposta total amortecida
cB�F = ·MLM3&$g«� (A. 14 )
em que as funções · e L referentes à n-ésima função são definidas pelas seguintes
expressões
·M = [} Y [
y[�å«Uzí&BXæå«FZ (A. 15)
LM = [Ò ∑ +B�»F3��&U¬«� �Ò�[»c[ (A. 16)
Resposta de um sistema de um grau de liberdade generalizado
Esta é a definição dinâmica mais corrente para analisar um edifício alto. Na generalidade,
um edifício deste género é uma estrutura muito esbelta que se deforma continuamente ao
longo de uma linha em princípio curva, passível de uma descrição matemática por meio de
uma função de uma só variável.
Figura A. 2 - Estrutura em consola tratada com um grau de liberdade generalizado
Este tipo de análise é efectuado contemplando uma distribuição de flexibilidade da
estrutura.
Considere-se uma estrutura esbelta, aproximada por uma consulta vertical bastante
esbelta, com uma relação geométrica de por exemplo h/b=10.
Z(t)
H
v(x,t)
m(x)
EI(x)
V
A deformada imposta por uma acção horizontal pode ser descrita por um único grau de
liberdade já que a estrutura se deforma com um comportamento contínuo. A função que
traduz esse andamento é designada por função de forma, ®B�F, e tem um papel
fundamental na acção do vento em edifícios altos.
cB�, �F = �B�F¯B�F (A. 17)
Para um sistema definido desta forma é corrente formular-se as equações do movimento
por equilíbrio de energias. Aplicando o princípio dos trabalhos virtuais chega-se a uma
expressão em tudo idêntica à equação do movimento até aqui descrita, no entanto, os
parâmetros com igual significado físico têm uma formulação diferente em virtude do novo
conceito de grau de liberdade.
-∗ �B�F + 7∗ / B�F + )∗¯B�F = +∗B�F (A. 18)
Definida a equação do movimento em função das coordenadas generalizadas no domínio
do tempo, torna-se necessário definir as expressões de massa, amortecimento e rigidez
generalizadas. De acordo com a expressão cB�, �F = � �¯(�F a função de forma deverá
estar incluída na equação do movimento. Esta função é englobada nos termos de massa
generalizada -∗,amortecimento generalizado 7∗ e rigidez generalizada )∗.
-∗ = � -B�F�B�FX:�µ� (A. 19)
7∗ = 9[ � üªB�F�′′B�FX:�µ� (A. 20)
)∗ = � üªB�F�′′B�FX:�µ� (A. 21)
Note-se que o termo da rigidez pode combinar duas parcelas caso seja necessário.
Habitualmente quando se fala de rigidez de um sistema refere-se à rigidez de flexão. Em
todo o caso, a esta rigidez deverá ser subtraída uma parcela relativa às acções normais ao
edifício que estão associadas à instabilidade do mesmo.
Posto isto, o termo da rigidez )∗ deverá ser substituído por um termo )b∗ que se relaciona
com o primeiro por meio das seguintes expressões
)b∗ = )∗ − ){∗ (A. 22)
VI
){∗ = K � �′B�F:�µ� (A. 23)
O termo ){∗ denomina-se rigidez geométrica generalizada. Quanto este termo for igual à
rigidez de flexão e se anular a rigidez resultante )b∗ atinge-se K�'.
Resta, por fim, notar que apesar dos parâmetros descritos serem definidos na forma
integral da função de forma �B�F, podem existir singularidades na estrutura como por
exemplo sistemas de amortecimento, que deverão ser contabilizados em parcelas
discretas.
A título justificativo, por exemplo no caso referido atrás dever-se-ia introduzir no termo
de amortecimento generalizado uma parcela semelhante a
7Á = ∑ 7& �&B�FX (A. 24)
Resposta de um sistema com n graus de liberdade
A generalização das propriedades demonstradas nos pontos anteriores para sistemas
pontuais a sistemas compostos por N graus de liberdade é, em regra, correcta.
A sobreposição de efeitos é de grande utilidade na resolução deste problema.. A validade
da sobreposição de ondas harmónicas características das acções periódicas estende-se
agora à sobreposição de efeitos sobre os graus de liberdade. Na realidade é possível
compreender o conjunto de efeitos como a sobreposição dos efeitos exercidos em cada um
dos graus de liberdade.
Se no grau de liberdade F actuar uma força variável no tempo + B�F, a resposta em i pode
ser obtida sobrepondo os efeitos de um conjunto de impulsos na forma do integral de
Duhammel. A expressão geral da resposta na coordenada i devido à acção em j é dada pelo
seguinte integral
c& B�F = � + B�Fℎ& B� − �F:��� , � = 1,2,… ,K (A. 25)
Desta forma, a resposta total em i é obtida por uma acção global envolvendo todas as
componentes do vector +B�F, somando todas as contribuições de todas as componentes da
acção.
VII
c&B�F = ∑ £� + B�Fℎ& B� − �F:��� ¦Ò c[ , � = 1,2,… ,K (A. 26)
Tal como referido, para sistemas de um grau de liberdade estas expressões têm também
uma descrição possível no domínio da frequência. De referir que esta formulação da
resposta é a habitualmente utilizada, como se verá nos capítulos que se seguem. Assim
sendo, as transformações de c& B�F = � + B�Fℎ& B� − �F:��� , � = 1,2,… ,K e c&B�F =
∑ £� + B�Fℎ& B� − �F:��� ¦Ò c[ , � = 1,2,… ,K são definidas por
c& B�F = [Xº � ·& B��gFL B��gF3&$g �:m
�m �g (A. 27)
c&B�F = [Xº ∑ Ë� ·& B��gFL B��gF3&$g �:m
�m �gÍÒ c[ , � = 1,2,… ,K (A. 28)
No domínio da frequência a resposta do sistema estrutural resulta na seguinte equação
�B��gF = ·B��gFLB��gF (A. 29)
Em que ·B��gF representa a matriz de transferência complexa, de dimensão NxN.
Ambas as formas de descrição da resposta �, no domínio do tempo ou no domínio da
frequência estão relacionadas pela transformada de Fourier, como descrito em A.3.
VIII
A.2 Algoritmo FFT
Transformada de Fourier e Algoritmo FFT
A transformada de Fourier define a relação entre um sinal no domínio do tempo e a sua
representação no domínio da frequência. A transforma de Fourier de uma função � = �B�F
absolutamente integrável é definida para � ∈ ℝ, por
8B�F = � �B�F3�&$�:�m�m , � = √−1 (A. 30)
No entanto, a sua aplicabilidade em computação é limitada a um domínio discreto, sendo
importante definir a sua expressão para um conjunto de amostras discretas. Pode-se
admitir que a versão computável da transformada de Fourier, no domínio discreto toma
por exemplo, a seguinte forma
8 = ∑ +}3�&$I��Ò�[}c� (A. 31)
onde N representa no caso das amostras tratadas, o número de harmónicas e +} define os
termos ) de uma sucessão correspondente à amostragem de uma função +B�}F .
Considere-se ainda, por simplicidade, que �} define um conjunto de pontos igualmente
espaçados, tais que �} = ). ∆� com ) = 0,1,… ,K − 1 em que K é par. Esta aplicação é
habitualmente referenciada pela sigla DFT (Discrete Fourier Transform).
A aplicabilidade desta função estende-se às amostras geradas com domínio discreto.
O instante � que define o coeficiente 8 , é dado pela seguinte expressão:
� = XºÒ.∆$ F, F = ?− Ò
X , − ÒX + 1,… , Ò
XA (A. 32)
A interpretação desta expressão realiza que a transformada é definida por um conjunto de K coeficientes 8 , definidos para outros tantos instantes � , medindo em cada um desses
instantes a contribuição do conjunto de frequências �} . Na realidade, a expressão (A. 1)
proporciona uma análise do sinal em função do comportamento aleatório do mesmo.
Pode-se pensar que este sinal depende da frequência angular tal que Ak = AkB�}F, para
cada harmónica, como de resto demonstra a expressão (A. 3).
IX
Considere-se a geração de um processo gaussiano nas condições anteriores em N instantes
e considerando a sobreposição de N harmónicas.
A computação da DFT obriga para cada F à multiplicação de um vector de dimensão K com
uma matriz quadrada K × K, o que envolve KX multiplicações complexas e KX − K adições
complexas para obtermos N amostras no domínio da frequência. Este número de
multiplicações e adições faz com que as aplicações de DFT se tornem proibitivas, mesmo
com os sucessivos avanços tecnológicos que as máquinas têm sofrido.
A transformada rápida de Fourier (FFT) é um algoritmo rápido de cálculo da DFT. São
diversas as variantes reconhecidas para aplicação deste algoritmo. Destaca-se o “algoritmo
FFT de base 2” em que, de uma forma simplista, as N amostras de entrada são
transformadas em N pontos de frequência reduzindo o esforço de cálculo para K. þLÞXK
operações.
Yang propôs a seguinte formulação para os termos +}
+} = a2S�BfkF∆f 3&ϕk (A. 33)
obtida da consideração dos termos xBt�F como a parte real de 8 . Esta transformação
possibilita o recurso ao algoritmo FFT para calcular a série xBt�F, o que comparativamente
com a aplicação directa da equação (A. 1) traduz-se numa diminuição substancial do
esforço de cálculo.
X
A.3 Fundamentos da teoria de variáveis aleatórias
De acordo com a teoria de probabilidades, uma variável aleatória pode assumir qualquer
valor possível condicionada ou não a um conjunto. Estes números são impossíveis de
estimar.
A compreensão deste tipo de grandezas passa pela compreensão da sua função de
distribuição de probabilidades.
No caso contínuo, a distribuição de probabilidade de uma variável aleatória t é dada pela
função Gï , chamada função densidade de probabilidade, tal que GïB�F:� representa a
probabilidade LB� ≤ t ≤ � + :�F.
Desta forma, a função densidade de probabilidade acumulada será dada por
8ïB�F = � :4��m GïB4F = LBt ≤ �F (A. 34)
Inversamente, a densidade não acumulada da variável t é por sua vez, dada pela relação
GïB�F = >8ï >�q (A. 35)
Desta forma, a função de densidade de probabilidade para n variáveis é definida por
Gïv…ï« = �±òv…ò«��v…��« (A. 36)
Quando esta função tem como domínio o espaço e tempo, B�& , �F, esta função define um
campo aleatório que é conhecido como processo estocástico.
O momento centrado de ordem p é por sua vez dado pela expressão
¢½t − £ï¾M¥ = � :�½t − £ï¾MGïB�& , �F (A. 37)
onde £ï representa o valor médio. De notar que o momento centrado de ordem 2 é
geralmente designado de variância e a sua raiz quadrada de desvio padrão.
O momento estatístico de ordem p do campo escalar tB�& , �F é definido por
XI
¢t�B�&, �F¥ = � :�GïB�& , �Ft� (A. 38)
Momentos com mais de uma variável também podem ser construídos. Estes momentos
são denominados tensores de correlação. No caso de + = 2, o tensor de correlação entre
um campo aleatório em ℝ� η& definido no ponto L e η s no ponto Lsé representado por
2&, = ¢η&η s ¥ �, F = 1,2,3 (A. 39)
Quando a função de densidade de probabilidade que define o campo aleatório η& for
independente do tempo, o campo é estatisticamente estacionário, ou seja, apesar da
aleatoriedade que o caracteriza os seus parâmetros estatísticos não variam com o tempo.
Se além de estatisticamente estacionária a distribuição for independente da translação no
espaço então o campo denominar-se-á de homogéneo, pelo que 2&, só dependerá do
vector espacial que une os dois pontos.
Quando além de estacionária e homogénea a distribuição for invariante à rotação e
reflexão de coordenadas, este campo é isotrópico.