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1 PREVENÇÃO DE ACIDENTES NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA - SUMÁRIO 3. PREVENÇÃO E SEGURANÇA QUEDAS ACIDENTES DE TRÂNSITO Determinações do Código de Trânsito Brasileiro: Pedestre Segurança no trânsito no entorno das escolas O Transporte da Criança Como transportar a criança de forma segura - as “cadeirinhas”: Transporte de Bicicleta Acidentes com bicicletas e skates Preparo para a criança e/ou adolescente possuir uma bicicleta e praticar ciclismo: Normas de segurança para ciclistas Local para pedalar: ACIDENTES POR SUBMERSÃO (AFOGAMENTO) OBSTRUÇÃO MECÂNICA DE VIAS AÉREAS INTOXICAÇÕES Segurança com relação aos medicamentos QUEIMADURAS BRINQUEDOS Orientações gerais para os brinquedos: SEGURANÇA NAS PRÁTICAS ESPORTIVAS Escolha do esporte para cada faixa etária ACIDENTES NA ESCOLA Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e Violências na Escola (CIPAVE)

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1PREVENÇÃO DE ACIDENTES NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA - SUMÁRIO

3. PREVENÇÃO E SEGURANÇA QUEDAS ACIDENTES DE TRÂNSITO

Determinações do Código de Trânsito Brasileiro: Pedestre Segurança no trânsito no entorno das escolas O Transporte da Criança Como transportar a criança de forma segura - as “cadeirinhas”: Transporte de Bicicleta Acidentes com bicicletas e skates Preparo para a criança e/ou adolescente possuir uma bicicleta e praticar ciclismo: Normas de segurança para ciclistas Local para pedalar:

ACIDENTES POR SUBMERSÃO (AFOGAMENTO) OBSTRUÇÃO MECÂNICA DE VIAS AÉREAS INTOXICAÇÕES

Segurança com relação aos medicamentos QUEIMADURAS BRINQUEDOS

Orientações gerais para os brinquedos: SEGURANÇA NAS PRÁTICAS ESPORTIVAS

Escolha do esporte para cada faixa etária ACIDENTES NA ESCOLA

Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e Violências na Escola (CIPAVE)

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PREVENÇÃO DE ACIDENTES NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

Coordenador:

Renata Dejtiar Waksman

Colaboradores:

Amélia Gorete Reis Médica Pediatra; Doutora em Pediatria pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Médica do Pronto Socorro do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas – FMUSP; Coordena-dora do Curso Suporte Avançado de Vida em Pediatria (PALS) do Conselho Nacional de Ressuscitação; Membro do Departamento de Emergências da Sociedade de Pediatria de São Paulo – SPSP.

Daniel Katayama Médico Pediatra, Membro do Departamento Científico de Segurança da Criança e do Adolescente da Soci-edade Brasileira de Pediatria - SBP e da Sociedade de Pediatria de São Paulo - SPSP.Médico Assistente do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da FMUSP.

Danilo Blank Médico Pediatra; Membro do Departamento Científico de Segurança da Sociedade Brasileira de Pediatria – SBP; Professor do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Divino Martins da Costa Médico Pediatra; Professor de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG; Mestrado em Pediatria, Fun-dador e membro da Unidade de Tratamento de Queimados do Hospital João XXIII- Fundação Hospitalar de Minas Gerais; Membro do Departamento Científico de Segurança da Criança e do Adolescente da Socieda-de Brasileira de Pediatria - SBP.

Glaura César Pedroso Médica Pediatra da UNIFESP. Mestrado em Pediatria pela UNIFESP. Membro do Departamento de Saúde Escolar da Sociedade de Pediatria de São Paulo - SPSP.

Maria de Jesus Castro Harada Enfermeira; Doutorado em Enfermagem pela Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP; Mestrado em Enfermagem pela Escola Paulista de Medicina – EPM; Coordenadora do Projeto "Escola Promotora de sa-úde: prevenção de morbidade por causas externas no município de Embu” em parceria UNIFESP/FAPESP /Secretaria de Saúde e Educação do município de EMBU/SP; Membro do Departamento de Segurança da Criança e do Adolescente e do Núcleo de Estudos da Violência contra Crianças e Adolescentes da Socie-dade de Pediatria de São Paulo - SPSP.

Regina Maria Catucci Gikas Médica Pediatra; Membro do Departamento de Segurança da Criança e do Adolescente da Sociedade de Pediatria de São Paulo - SPSP.

Regina Maria Brunetti Kaiser Pirito Médica Pediatra; Presidente do Departamento de Segurança da Criança e do Adolescente da Sociedade de Pediatria de São Paulo - SPSP.

Renata Dejtiar Waksman Médica Pediatra; Doutora em Pediatria pela FMUSP; Presidente do Departamento de Segurança da Crian-ça e do Adolescente da Sociedade Brasileira de Pediatria - SBP; Coordenadora do Núcleo de Estudos da Violência contra Crianças e Adolescentes da Sociedade de Pediatria de São Paulo - SPSP.

Vera Lúcia Venâncio Gaspar Médica Pediatra; Membro do Departamento Científico da Segurança da Criança e do Adolescente da Soci-edade Brasileira de Pediatria – SBP; Coordenadora da Clínica Pediátrica do Hospital Márcio Cunha, Ipatin-ga, Minas Gerais.

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3PREVENÇÃO DE ACIDENTES NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

3. PREVENÇÃO E SEGURANÇA

QUEDAS Renata D Waksman

Regina M C Gikas

Representam a causa mais comum de acidentes não fatais e estão entre as principais causas de morte em crianças e adolescentes, sem contar o número extremamente elevado de atendimentos em servi-ços de emergência devido a esta causa. • A maioria das quedas ocorre dentro das casas, um quarto em escolas, parques e clubes. • Quanto mais alta for a queda e dependendo da superfície em que ocorreu, maior probabilidade de le-

sões mais sérias. • Crianças de até quatro anos sofrem quedas com maior freqüência em casa, de um nível para outro, de

escadas, de móveis, de janelas.

As causas das quedas domésticas incluem: • estruturas: escadas e batentes, assoalhos, varandas, janelas, banheiras; • mobília: camas, cadeiras, mesas; • brinquedos: de cavalgar, quebrados,aqueles sobre os quais as crianças caem.

Principais medidas de proteção:

• Nunca deixar a criança sozinha em cima de qualquer móvel (trocador, sofá, cama, cadeira). • Verificar se os equipamentos da criança oferecem segurança e utilizá-los conforme as instruções. • Baixar o estrado e o colchão do berço assim que o bebê estiver sentando sem apoio, não deixar traves-

seiros, brinquedos ou objetos soltos no berço, a criança vai utilizá-los como apoio para ficar de pé. • Andadores não devem ser estimulados, já que são perigosos, especialmente em casas com escadas. • Todos os equipamentos devem ser utilizados com cinto de segurança corretamente afivelado (bebê-

conforto, cadeirão, carrinho, assento para carro). • Instalar proteção nas escadas (em cima e em baixo), redes ou grades nas janelas, travas de limitação

de abertura nas janelas, manter os portões trancados e o acesso restrito para a cozinha e lavanderia. • Não manter móveis em baixo das janelas. • Adaptar os pisos: mantê-los limpos, não encerados, secos, tapetes bem aderidos. • Os calçados devem ter solas de borracha. • Desencorajar brincadeiras (bola, pipa) e jogos em varandas, decks, lajes e terraços. • Uso de equipamentos de segurança para todas as práticas esportivas e recreativas (capacete, joelheira,

tornozeleira).

ACIDENTES DE TRÂNSITO Renata D Waksman Regina M B K Pirito

Vera Lucia V Gaspar Danilo Blank

Após o primeiro ano de vida, a energia cinética transmitida pelos veículos automotores torna-se causa importantíssima de morte ou seqüelas graves em crianças ou adolescentes.

Os atropelamentos seguem acontecendo numa proporção assustadora e a legislação, as campa-nhas preventivas pouco parecem interferir nas estatísticas nacionais.

As crianças, quando passageiras de veículos a motor, quase sempre circulam soltas pelo carro, quando não o fazem no banco dianteiro.

Os acidentes de trânsito em nosso meio envolvendo crianças e adolescentes, quer como pedestres, quer como passageiros,continuam alimentando as estatísticas com um grande número de mortos, respon-dendo, junto com os homicídios e suicídios, por dois terços dos óbitos por causas externas.

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4Determinações do Código de Trânsito Brasileiro:

• As crianças com idade inferior a 10 anos devem ser transportadas nos bancos traseiros (Art.64). • Transportar crianças em veículo automotor sem observar as normas de segurança representa uma in-

fração gravíssima, tendo como penalidade multa (Art. 168). • Transportar crianças menores de 7 anos ou que não tenham condições de cuidar de sua própria segu-

rança, em motocicletas, também é uma infração gravíssima e a penalidade é multa com suspensão do direito de dirigir (Art. 244).

• Transportar crianças que não tenham condições de cuidar de sua própria segurança, em bicicletas é uma infração média e a penalidade é multa.

• Para transitar em veículos automotores os menores de 10 anos deverão ser transportados nos bancos traseiros e usar, individualmente, cinto de segurança ou sistema de retenção equivalente (Resolução n.º 15, Art. 1º).

• Nos veículos dotados exclusivamente de banco dianteiro, o transporte de menores de 10 anos poderá ser realizado neste banco, desde que as normas de segurança sejam observadas (Resolução n.º 15, Parágrafo1º).

• Se o número de crianças menores de 10 anos ultrapassar a capacidade de lotação de banco traseiro, a criança de maior estatura poderá ser transportada no banco dianteiro (Resolução n.º 15, Parágrafo 2º).

Pedestre

Na verdadeira guerra que é o trânsito brasileiro nos dias de hoje, o risco de atropelamento do jovem pedestre é muito grande. A promoção da segurança do jovem pedestre precisa ser uma prioridade de toda comunidade.

São características da criança:

• Dificuldade de localização precisa dos sons que ela ouve no tráfego • Visão periférica diminuída; • Até os sete anos, a criança tem capacidade de lidar apenas com um fato ou uma ação de cada vez; • Dificuldade de julgamento da distância de um objeto nas vias de tráfego; • Tendência à distração e ao comportamento imprevisível; • Necessidade de maior tempo para processamento de informações; • Pequena estatura, que prejudica a visão do trânsito pela criança e a visão dela pelo motorista.

Crianças abaixo de oito anos não têm maturidade para enfrentar qualquer tipo de trânsito sem a su-pervisão direta de um adulto. Vias movimentadas, com cruzamentos sinalizados, exigem supervisão até cerca de 12 anos. Em grandes avenidas, mesmo adolescentes precisam da supervisão de um adulto.

Independentemente da idade, de um modo geral ocorrem mais atropelamentos em zonas pobres, com muitas crianças, tráfego intenso, mais carros estacionados, vias de mão dupla, menor policiamento e pouco controle da velocidade dos veículos.

Em relação à atitude dos motoristas, o que mais causa atropelamentos é abusar da velocidade, principalmente dirigindo embriagado, não seguir as regras de trânsito e não e respeitar os pedestres.

A prevenção do atropelamento de crianças tem sido baseada em programas de treinamento, que, em geral, tentam aumentar o conhecimento e modificar o comportamento, com ênfase em como atravessar uma rua. Infelizmente, os resultados revelam efetividade razoável em aumentar o conhecimento e muito in-consistente em mudar o comportamento das crianças.

Programas educativos que envolvem os pais têm maior potencial de sucesso, pois melhoram os níveis de supervisão dos adultos, bem como sua atitude como modelos de comportamento seguro.

As estratégias de modificação do ambiente, no sentido de separar a criança do automóvel, parecem ter maior efetividade no controle dos atropelamentos.

Medidas que exigem alterações mais substanciais na configuração das ruas se adaptam melhor a comunidades que estejam em fase de desenvolvimento, sendo de difícil aplicação nas grandes áreas urba-nas brasileiras, que oferecem o maior risco para os pedestres.

O conceito de “acalmação do trânsito”, introduzido em anos recentes, particularmente em países eu-ropeus, combina modificações múltiplas de engenharia de tráfego (sinalização ostensiva, barreiras, quebra-molas, áreas de acesso restrito a carros, zonas de refúgio de pedestres), com vistas a reduzir a velocidade dos veículos e promover um nível maior de atenção dos motoristas. Este é um tipo de intervenção atraente e promissora, se não pela redução do risco de atropelamento, até por tornar os ambientes urbanos esteti-

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5camente mais agradáveis. As experiências mais marcantes foram realizadas na Escandinávia, onde o em-prego de medidas de “acalmação de trânsito” diminuiu atropelamentos em até 70%.

As medidas mais efetivas para a redução dos atropelamentos de crianças e jovens poderiam ser sintetizadas da seguinte maneira (adaptado do livro: Crianças e Adolescentes Seguros):

• Playgrounds cercados e/ou afastados de ruas movimentadas. • Tráfego de automóveis desviado da proximidade de escolas. • Vias urbanas com mão única e com estacionamento limitado próximo às calçadas. • Passarelas sobre vias de fluxo mais pesado e cercas impedindo o cruzamento em outros pontos.• Calçadas limpas e apropriadas para o uso em toda a sua extensão, separadas da rua por cercas. • Velocidade dos veículos controlada por meio de policiamento ostensivo, controladores eletrônicos e/ou

quebra-molas. • Legislação severa, limitando o ato de dirigir sob o efeito de álcool, com limite legal abaixo de 40 mg/dL

(corresponde a cerca de uma lata de cerveja ou um cálice de vinho para um adulto de peso médio). • Roupas para escolares feitas com material refletor de luz, tornando-os mais visíveis à noite. • Ensinar normas de segurança do pedestre a partir da pré-escola, com reforços de instrução durante a

idade escolar, com preferência ao treinamento em situações verdadeiras de tráfego em vez da sala de aula.

• Instruir os pais a não permitir crianças desacompanhadas na rua antes dos 12 anos.

Segurança no trânsito no entorno das escolas

É extremamente importante que as escolas desenvolvam projetos de Educação para o Trânsito. Es-tes programas podem contribuir para formar pedestres, passageiros e futuros condutores de veículos mais conscientes da importância de comportamentos adequados no trânsito. É importante abordar com os alunos a questão do respeito às leis, como a obrigatoriedade do uso do cinto de segurança e do capacete, o trans-porte de crianças no banco traseiro, a segurança de pedestres, dentre outros.

A educação para o trânsito representa, acima de tudo, um exercício de cidadania, ao contribuir para melhorar a vida em sociedade, na medida em que pode evitar futuras transgressões às leis de trânsito, as quais podem acarretar acidentes que afetam não apenas o infrator, mas colocam em risco a vida de outros cidadãos.

Como medidas para evitar acidentes de trânsito no seu entorno, a escola deve solicitar aos órgãos competentes as seguintes providências:

• Construção de calçadas em todo o entorno da escola; • Faixas para travessia de pedestres nas ruas de acesso à escola; • Presença de profissionais que orientem a saída dos alunos, assim como a travessia dos mesmos nas

ruas de acesso à escola, diariamente; • Quando necessário, a colocação de semáforo para travessia de pedestres nas ruas de acesso à escola.

A prevenção de acidentes começa com a educação no trânsito. O bom exemplo deve partir dos pais, educadores, professores e todos os profissionais que trabalham com crianças. Neste sentido, deve-se adotar e incentivar comportamentos de segurança para pedestres, como:

• Atravessar sempre na faixa de pedestre; caso esta não exista, procurar uma passarela ou o local mais seguro para atravessar;

• Olhar várias vezes para os dois lados e atravessar a rua em linha reta; • Nunca atravessar a rua correndo; • Crianças de até 10 anos só devem atravessar a rua acompanhadas por um adulto; • Sempre tentar manter contato visual com o motorista; • Nunca atravessar se o farol estiver aberto para os carros; • Sempre caminhar nas calçadas; se não houver calçada, andar no sentido contrário ao dos veículos; • Não atravessar a rua por trás de ônibus, carros, árvores e postes, de onde os condutores dos veículos

em movimento não possam vê-lo; • Não descer de um ônibus fora do ponto. Se não for possível evitar, antes de descer olhar bem se ne-

nhum carro ou moto está vindo em sua direção; • Esperar que o veículo pare totalmente e aguardar que ele se afaste para atravessar a rua; • Em dias chuvosos ou à noite devem-se usar roupas claras; • Nunca passar correndo na frente de uma garagem; parar e olhar se não está saindo algum carro; • Nunca abrir a porta ou descer de um carro estacionado, sem primeiro olhar se estão passando pedes-

tres ou veículos; • Nunca correr em locais de trânsito; o motorista pode não estar atento e não conseguir frear bruscamen-

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6te.

Outro aspecto importante para a prevenção de acidentes é garantir que as peruas escolares e os automóveis particulares estacionem de modo que a criança ou adolescente possa entrar e sair do veículo sempre pelo lado da calçada e sempre supervisionado pelo responsável pelo veículo.

O Transporte da Criança

Principais considerações

• A maioria dos acidentes envolvendo crianças como passageiras ocorre perto de casa. • Sempre usar a cadeirinha de segurança própria para automóvel, iniciando com o transporte do bebê da

maternidade para casa. • O lugar mais seguro para qualquer criança de até dez anos é o banco traseiro do automóvel. • Nunca transportar a criança no colo. • Nunca transportar crianças no compartimento de bagagem. • Nunca transportar duas crianças ou um adulto e uma criança usando o mesmo cinto. • Nunca adaptar a faixa transversal do cinto de três pontos atrás das costas da criança ou sob sua axila. • Os vidros traseiros devem estar abaixados apenas o suficiente para permitir a ventilação. • As portas devem ser mantidas travadas. • A criança deve entrar ou sair do automóvel pelo lado da calçada. • Atenção ao fechar as portas. • Atenção ao sair com o veículo da garagem para evitar atropelamentos. • Incentivar a criança a ter o hábito permanente de ser transportada da maneira correta. • Mesmo dormindo, a criança deve permanecer na cadeirinha, com o cinto de segurança afivelado. • Não permitir que as crianças sozinhas tenham acesso ao veículo. • Quando transportar três crianças no banco traseiro, a de menor peso deve ocupar a posição central. • Quando for necessário transportar quatro crianças menores de dez anos, a de maior estatura deve ser

instalada no banco dianteiro. • No processo educativo, o exemplo tem uma força muito maior do que qualquer tipo de ação. Quando os

pais não usam o cinto de segurança, as crianças também não o fazem.

Como transportar a criança de forma segura - as “cadeirinhas”:

• Não existe marca de cadeirinha que todos concordem que seja a mais segura ou a melhor • Ao adquirir a cadeirinha é necessário observar o número da norma técnica do país de origem • A cadeirinha ideal é aquela adequada ao tamanho e peso da criança, que melhor se adapta ao banco

do automóvel e aquela que será usada corretamente em cada transporte. • Para instalar a cadeirinha no automóvel, obedecer rigorosamente às instruções do fabricante. • Antes de comprar, experimentar a cadeirinha no veículo, para ter certeza de que ela se adapta correta-

mente. • Antes de sair, sempre verificar: se a cadeirinha está instalada no veículo de acordo com o manual de

instruções, se a criança foi instalada de maneira correta na cadeirinha.

Nem todas as cadeirinhas são iguais, podem variar segundo o peso e a altura das crianças e ado-lescentes. Em função disto, se distinguem vários grupos:

GRUPO PESO IDADE CARACTERÍSTICAS CADEIRINHAS

0 Até 10kg

Altura aproximada de 72 cm

até 1 ano • Fragilidade total • Estrutura músculo esquelé-

tica insuficiente

• Assento infantil no banco traseiro

• Costas para painel

0+ Até 13 kg

Altura aproximada de 80 cm

Até 18 meses

• Idem ao anterior • Idem ao anterior

1 10 a 20 kg

Altura aproximada de 1 metro

1 a 3 anos

• Fragilidade da coluna • Musculatura insuficiente

• Modelo reversível • Frente para painel

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72 15 a 25 kg

Altura aproximada de 1,15m

3 a 6 anos

• Elasticidade • Muscular mais desenvolvi-

da • Envergadura limitada.

• Assento elevatório • Com ou sem encosto

3 22 a 36 kg

Altura inferior a 1,45m

6 a 12 a-nos

• Musculatura mais desen-volvida

• Pés não encostam no chão do veículo

• Assento elevatório • Cinto de 3 pontos do veícu-

lo

Transporte de Bicicleta

A prática do ciclismo envolve riscos de traumas, como lesões na face, nos dentes e fraturas de membros. Os traumatismos cranianos, pelo risco de morte e seqüelas, constituem uma grande preocupa-ção.

Muitos desses traumatismos cranianos podem ser evitados com o uso de capacete, razão por que se torna equipamento de proteção obrigatório para os ciclistas.

Como usar corretamente o capacete: cobrir toda a parte superior da região frontal (testa), para protegê-la contra impactos importantes e facilitar a visualização do ciclista, além possuir adesivos refleto-res.

O Código de Trânsito Brasileiro, no artigo 105, parágrafo VI, considera os seguintes equipamentos como de uso obrigatório para as bicicletas, “a campainha, sinalização noturna dianteira, traseira, lateral e nos pedais, e espelho retrovisor do lado esquerdo”.

Acidentes com bicicletas e skates

As bicicletas e skates provocam lesões significativas por que são usados nas ruas e estradas, competindo com os veículos a motor. A faixa etária de maior risco situa-se entre 4 e 13 anos.

As lesões mais sérias decorrem de traumatismo craniano, a maioria dos óbitos decorre de coli-sões com veículos a motor.

As quedas são os acidentes mais comuns, tendo como conseqüência mais grave os traumatismos crânios-encefálicos, lesões deformantes de face e fraturas de membros

Preparo para a criança e/ou adolescente possuir uma bicicleta e praticar ciclismo:

A criança e/ou adolescente devem, inicialmente, receber educação para o trânsito, conhecerem a sinalização, as normas de segurança e serem capazes de colocá-las em prática. O recomendado é que os pais, antes de comprarem a bicicleta para o filho, o orientem a respeito da segurança no trânsito e ad-quiram o capacete, as luvas e os protetores de joelhos e cotovelos. Somente após essas medidas é que deverão comprar a bicicleta. Essa atitude contribuirá para que o filho entenda que, para andar de bicicleta, é necessário estar preparado. Como os pais são exemplos para o filho, deverão, também, usar capacete.

Normas de segurança para ciclistas (Adaptado do livro Crianças e Adolescentes Seguros)

• Verificar se a bicicleta está do tamanho adequado - quando a criança for capaz de apoiar os pés inteiros no chão, mesmo estando sentada no banco.

• Verificar se o banco está da altura correta, quando, com o pé apoiado no pedal, a perna da criança ficar levemente dobrada. Isto evita sobrecarga nos joelhos ao pedalar.

• Devem ser feitas revisões periódicas e manutenção das correntes, freios e calibragem adequada dos pneus.

• A bicicleta deve ter adesivos refletores nos pára-lamas dianteiro e traseiro e nos pedais. • O capacete para o ciclista é uma necessidade e não um simples acessório. Usar sempre, durante todo

o tempo e em todo o trajeto e lugar. • Usar roupas de cores de fácil visualização (verde claro, amarelo e laranja). • Cuidado com alças de mochilas, mangas de casaco ou objetos que possam atingir os aros da bicicleta,

com conseqüente perda de controle. • Não usar fones de ouvido. • Não pedalar com os pés descalços. • Não usar calçados que fiquem instáveis nos pés ou enrosquem nos pedais. • Sempre andar pela direita, junto com o fluxo de trânsito, jamais contra ele. • Tomar cuidado com situações perigosas na pista: depressões, lombadas, pedregulhos, areia e poças de

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8água e folhas molhadas.

• Obedecer rigorosamente à sinalização de trânsito. • Evitar o excesso de velocidade e tomar muito cuidado com os cruzamentos, dar sempre preferência

aos automóveis. • . Andar a pelo menos 1 m de distância dos automóveis estacionados, pois alguém pode abrir a porta i-

nesperadamente quando o ciclista estiver passando. • Nunca andar segurando nas traseiras de ônibus ou caminhões. • Não tirar as mãos do guidão nem realizar manobras perigosas, como “empinar” a bicicleta. • Manter sempre as mãos no freio ou perto dele. Estar sempre preparado para parar. • Se o ciclista for um adolescente, não deve fazer uso de bebida alcoólica ao andar de bicicleta, pois o

risco de acidentes aumentará muito.

Local para pedalar:

Os locais mais seguros para andar de bicicleta são as ciclovias e as áreas destinadas ao ciclismo, por serem reservadas apenas ao trânsito de bicicletas, separando-as de caminhões, carros e ônibus. Na inexistência desses locais, o ciclista deve andar sempre, pela direita, no mesmo sentido dos demais veí-culos.

Se o adolescente necessitar usar a bicicleta como meio de transporte, os pais deverão avaliar o trajeto, explicar-lhe a respeito dos riscos em estacionamentos, avenidas, cruzamentos e ruas, recomen-dando-lhe muita atenção durante todo o percurso, observando se há, na pista, acúmulo de água, areia, buracos, depressões e quebra-molas que aumentam o risco de acidentes.

Devem-se evitar morros íngremes, pois é difícil o controle da bicicleta na descida.

É preciso educar os jovens para a prevenção dos acidentes de transporte, despertá-los para a ne-cessidade de adesão às regras do trânsito e à direção defensiva, porque esses acidentes são, em grande parte, passíveis de prevenção.

ACIDENTES POR SUBMERSÃO (AFOGAMENTO) Amélia Gorete Reis

Daniel Katayama

O afogamento, após o acidente de trânsito, figura entre as principais causas de morte de crianças. Para cada morte que ocorre por afogamento cerca de outros quatro acidentes por submersão ocorrerão.

A distribuição dos acidentes por submersão ocorre em 2 picos: nos menores de 4 anos e naque-les entre 15 e 19 anos. Estima-se que a maioria dos acidentes por submersão ocorre em água doce, nos menores de 4 anos em piscinas residenciais e nos adolescentes em lagos, rios, canais e praias.

Os principais fatores de risco são: sexo masculino, raça negra, epilepsia, verão, fins-de-semana e feriados e uso de álcool.

Prevenindo Acidentes por Submersão - Orientações

• Os adultos nunca podem deixar crianças sozinhas ou sob os cuidados de outra criança em piscinas, mar, spas ou nas áreas que os cercam.

• Na situação de possuir piscina em casa, esta deve estar protegida com cerca alta e apropriada em toda a sua extensão, portão com fechadura e alarme.

• Mesas, cadeiras ou lonas cobrindo a piscina não protegem as crianças dos acidentes por submersão. • Brinquedos, bicicletas e triciclos devem ser mantidos afastados da área da piscina. • Banheiras, baldes, bacias e tanques representam também grande perigo de afogamento e nunca de-

vem ser deixados com água em seu interior, pois as crianças podem se afogar também nos vasos sani-tários, portanto não devem ser deixadas sozinhas nos banheiros.

• Mesmo que as crianças estejam tendo aulas de natação, existe o risco de afogamento, a supervisão das crianças deve ser constante, mesmo quando usam dispositivos de flutuação (bóias, coletes salva-vidas, barcos plásticos).

• Adultos devem fazer curso de suporte básico de vida e manter telefone e equipamento necessário perto da piscina.

• Adolescentes também correm o risco de sofrer afogamentos: deve-se orientá-los a não nadar após ter ingerido bebidas alcoólicas, não nadar sozinhos e entender o perigo de lesões de coluna e medula irre-versíveis, que podem ocorrer após mergulhos em locais desconhecidos.

• Crianças não estão prontas, do ponto de vista do desenvolvimento, para aulas de natação até os 4 anos de idade.

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9• Aulas de natação não evitam acidentes por submersão em qualquer idade. • Bóias de braço não são seguras, e não devem ser utilizadas no lugar de coletes salva-vidas; sempre

usá-los em embarcações pequenas.

OBSTRUÇÃO MECÂNICA DE VIAS AÉREAS Renata D Waksman

Regina M C Gikas

As mortes por obstrução mecânica das vias aéreas ocorrem mais freqüentemente no primeiro ano de vida, são mais comuns em meninos e alimentos ou objetos pequenos, em proporções muito parecidas, podem ser responsáveis por estes acidentes.

Os sintomas podem ser mínimos, especialmente no caso de pequenos corpos estranhos e cerca de metade dos episódios sequer é testemunhada.

Estrangulamento pode ocorrer de forma não intencional na população pediátrica, resultando de uma roupa ou cordão ou colar, localizado no pescoço da criança, ficar preso em algum objeto ou móvel. Asfixia pode ocorrer em locais inseguros, como berços com espaço inadequado entre as suas barras, contendo protetores com babados, travesseiros, fraldas, lençóis e cobertores soltos.Sufocação pode ocor-rer em crianças que tem acesso a sacos plásticos, principalmente aqueles utilizados para acondicionar li-xo.

Prevenindo Obstrução Mecânica de Vias Aéreas - Orientações

• Alimentos e objetos pequenos devem ficar longe do alcance de crianças de até 4 anos de idade. • A criança deve ser alimentada sentada no cadeirão ou a mesa, não fica andando, correndo ou brincan-

do durante as refeições, com comida na boca. • O alimento que será administrado a criança pequena seja cortado cuidadosamente em pedaços peque-

nos. • A criança deve ser orientada a mastigar bem os alimentos. • As refeições das crianças pequenas devem ser supervisionadas, crianças maiores muitas vezes ofere-

cem alimentos perigosos para os irmãos menores. • Ensinar a família à não ter em casa brinquedos com partes pequenas, que podem se destacar. • Ressaltar o perigo de cordões, fraldas ou colares colocados ao redor do pescoço da criança.

INTOXICAÇÕES Regina M C Gikas

A exposição a substâncias tóxicas é muito comum na infância, particularmente nos primeiros anos de vida.

Os produtos que mais freqüentemente levam as intoxicações incluem: produtos de limpeza, anal-gésicos, cosméticos e plantas. Os medicamentos que causam o maior número de mortes, no caso de in-toxicações incluem: analgésicos, antidepressivos, sedativos, hipnóticos, estimulantes, drogas ilícitas, dro-gas cardiovasculares e álcool.

A principal medida de segurança de medicamentos ainda é a barreira passiva, isto é, a adoção de tampas de segurança principalmente nos frascos de medicamentos que atuam no sistema nervoso cen-tral.

Os padrões de intoxicações variam com o sexo e a idade; até a adolescência pode não ocorrer predominância de sexo, mas entre adolescentes ocorre com maior freqüência no sexo feminino e, com o aumento da idade, assumem caráter intencional.

Prevenindo Intoxicações - Orientações

• Estar ciente da interação entre o desenvolvimento da criança e o risco de intoxicações. • Os adultos devem estar orientados a reconhecer em suas casas áreas de risco sabidamente conheci-

das, afastando a criança do contato com: produtos químicos e de limpeza, medicamentos, plantas, inse-ticidas, instrumentos de jardinagem, etc.

• Todas as embalagens originais devem ser mantidas. • Produtos “perigosos” devem ser colocados em armários altos e trancados. • Não ter em casa substâncias tóxicas e venenos. • Medicamentos não mais utilizados, com as embalagens abertas e com data de validade vencida devem

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10ser descartados.

• Medicamentos não podem ser comparados ou confundidos com doces, a criança deve saber que ne-cessita tomar um remédio, que pode não ter sabor agradável.

• Grande parte das intoxicações por medicamentos ocorre quando a criança, em visita a alguma pessoa da família ou vizinhos, que toma regularmente alguma medicação e não possui o hábito de guardá-la, principalmente por não ter crianças em casa, ingere inadvertidamente tal medicação.

As principais recomendações de segurança com relação aos medicamentos, responsáveis por 60% das intoxicações exógenas em crianças de 1 a 5 anos, são:

Segurança com relação aos medicamentos • Somente comprar um medicamento quando receitado pelo pediatra. • Nunca aceitar substituições sem autorização do pediatra. • Ler com atenção a receita do médico e usar como está prescrito. • Não administrar medicamentos por conta própria ou por conselho de pessoas leigas. • Respeitar o horário determinado pelo médico. • Nunca tomar ou administrar um medicamento no escuro. • Não enganar a criança ao administrar um medicamento. Não dizer que é doce ou gostoso. • Guardar sempre o medicamento em armário trancado a chave. • Não colocar no mesmo armário medicamentos junto com alimentos ou produtos químicos de uso do-

méstico. • Descartar restos de medicamentos vencidos, inclusive seu recipiente.

QUEIMADURAS Divino Martins da Costa

Renata D Waksman

Na idade pré-escolar as crianças gostam de brincar de acender fósforos ou isqueiros ou manipu-lar produtos inflamáveis, constituindo-se assim, no grupo de maior risco de mortes em incêndios domicilia-res.

Queimaduras por escaldamento devido a líquidos quentes ocorrem em grande freqüência, de-mandando atendimento de urgência e, muitas vezes hospitalizações. Estes acidentes costumam ocorrer na cozinha, como resultado de derramamento do conteúdo das panelas sobre a criança.

Outras queimaduras podem ocorrer com a água do banho, seja de chuveiro ou de banheira, ge-ralmente porque a temperatura da água não foi testada de forma adequada ou a criança (ou seu irmão) foi deixada sozinha no banho e manipulou as torneiras.

Queimaduras desfigurantes de boca e extremidades ocorrem em conseqüência de manipulação de tomadas e fios elétricos.

Prevenindo Queimaduras - Orientações

• Estratégias educativas: orientação e educação das pessoas no aprendizado das condutas preventivas.• Estratégias tecnológicas: como o álcool líquido é o principal agente das queimaduras graves e que a

maioria dos acidentes por líquidos quentes ocorre na cozinha, é muito importante que se adotem medi-das de modificação do produto (ou do ambiente), como:substituição do álcool líquido pelo gel e modifi-cação do fogão, colocando as bocas maiores na parte posterior.

• Estratégias legislativas: através da elaboração de projetos de leis relacionadas com as propostas tecno-lógicas, como proibir a venda de álcool líquido em frascos volumosos (de 500 ml) para uso domiciliar.

• Não carregar a criança no colo enquanto estiver cozinhando, ingerindo líquido quente ou fumando. • A presença da criança na cozinha, nos períodos de preparo de refeições, deve ser proibida. • As panelas devem estar com os cabos virados para dentro e para trás. • Não usar as bocas dianteiras do fogão para ferver líquidos e frituras. • As panelas devem estar em perfeito estado de conservação, sem fundo amassado ou com o cabo que-

brado. • Não ter em casa frascos de álcool ou produtos combustíveis. • Fósforos, isqueiros, velas,lamparinas e lampiões devem ser mantidos em lugar seguro, longe do alcan-

ce das crianças. • No preparo do banho do bebê, colocar, em primeiro lugar, a água fria na banheira e em seguida a água

quente. • Fios desencapados representam risco de choque elétrico - crianças que colocam objetos metálicos nas

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11tomadas e levam os fios à boca, podem sofrer queimaduras graves.

• Todas as tomadas devem estar cobertas com protetores seguros e firmes. • Não fumar dentro de casa. • Não deixar copos, xícaras ou pratos contendo líquidos quentes perto das bordas de mesas ou pias. • Testar sempre a temperatura dos líquidos que oferecerão a criança e da água do banho. • Outro perigo é o forno de microondas - mamadeiras aquecidas nestes aparelhos podem ficar com a sua

estrutura morna, enquanto que o líquido em seu interior, principalmente na parte superior, pode estar fervendo.

BRINQUEDOS Renata D Waksman

Maria de Jesus C S Harada

A compreensão dos riscos inerentes a cada fase do desenvolvimento na infância ajuda a escolher brinquedos apropriados e a prevenir acidentes.

O controle do governo, normas e leis de melhoria na segurança para a manufatura e uso dos brinquedos, além dos testes nos produtos finais, deveriam atestar que a maioria dos brinquedos ofereça segurança, desde que usados apropriadamente para as idades recomendadas e fases do desenvolvimen-to equivalente. Se o produto encontra-se no mercado, isto não significa que seja seguro.

Orientações gerais para os brinquedos:

• Não podem ser pequenos e nem soltar ou deslocar partes. • Não devem possuir correntes, cordas, fitas ou barbantes. • Não devem possuir extremidades afiadas ou pontudas. • Devem ser confeccionados com materiais não tóxicos. • Devem ficar guardados em locais seguros e evitar brinquedos em caixas com tampas; • Escolher brinquedos que sejam fáceis de limpar. • Devem ser grandes o suficiente para não serem deglutidos, tampouco devem ser desmontados em par-

tes ou despedaçados. • Brinquedos para crianças pequenas não devem ter botões ou enchimentos facilmente removíveis. • Balões vazios jamais devem ficar junto ao acesso de crianças menores de 3 anos. • Brinquedos operados a pilha são preferíveis àqueles com fios elétricos; • Brinquedos que devem ficar conectados a uma tomada elétrica, não devem ser utilizados por menores

de 8 anos. • Brinquedos com bordas pontiagudas ou mal acabadas podem cortar; • Brinquedos de vidro não devem ser usados por crianças pequenas; • Extremidades pontiagudas devem ter coberturas protetoras. • O principal local de lesão é o olho, o uso de espingardas, munição de “chumbinho”, arco-e-flecha e bu-

merangues deve ser restrito a crianças maiores, sempre com a supervisão de adultos.

SEGURANÇA NAS PRÁTICAS ESPORTIVAS Renata D Waksman

Regina M C Gikas

A participação em esportes organizados aumenta, conforme as crianças crescem, sendo que po-demos observar crianças em idades cada vez mais precoces participando de esportes competitivos.

Por meio do esporte a criança aprende: disciplina, relacionamento interpessoal, como enfrentar di-ficuldades e resolver problemas. A participação deve ser lúdica, com a oportunidade de a criança exercitar a criatividade e desenvolver habilidades compatíveis com seu potencial.

Estima-se que mais da metade das lesões ocorridas durante atividades esportivas em crianças e adolescentes possa ser prevenida. Os esportes com menor propensão a produzir lesões são: o tênis, a natação e o voleibol.

A maioria das lesões ocorre durante o treinamento, e não em competições, são de intensidade le-ve, principalmente entorses, distensões e equimoses.

Orientações quanto à segurança nas práticas esportivas

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12• Treinamento com técnica adequada, exercícios de alongamento muscular ou flexibilidade. • Avaliações médicas e multiprofissionais periódicas. • Respeitar e seguir as regras do esporte para se evitar lesões. • Uso de equipamentos de segurança adequados e apropriados a cada esporte, como por exemplo, o uso

de caneleiras e chuteiras no futebol, além de roupas e calçados adequados. • Medidas de promoção de segurança ambiental, evitando-se desníveis nas quadras, superfície confec-

cionada com materiais que absorvam o impacto, protejam a coluna e estruturas do corpo. • Educar as crianças com relação ao respeito aos outros competidores e ao trabalho em equipe. • Crianças da mesma idade podem ter tamanhos diferentes, os menores podem correr maior risco de le-

sões nos esportes coletivos e de contato. • Excesso de competitividade é prejudicial; • A atividade física pode causar atraso na menarca em meninas, e estas, durante a puberdade, estabili-

zam seu desempenho, enquanto que nos meninos, este desempenho pode aumentar após este perío-do.

• Crianças transpiram menos que adultos, podem sofrer superaquecimento com maior facilidade, devem ingerir quantidade maior de líquidos e praticar esportes em locais bem ventilados.

A escolha do esporte deve ser criteriosa, específica para cada faixa etária e feita pela criança e seus pais.

Escolha do esporte para cada faixa etária

• 2 a 5 anos: 1. A habilidade motora é limitada e o equilíbrio ainda não está definido, ocorre dificuldade de atenção

seletiva, dificuldade de acompanhar objetos em movimento e avaliar velocidade. 2. As atividades mais adequadas para esta faixa etária devem exigir habilidades fundamentais, instru-

ções simples apenas, enfatizar o aspecto lúdico e explorador, evitando competitividade. 3. Exemplos: jogos, corrida, natação.

• 6 a 9 anos: 4. O equilíbrio nesta faixa etária já é melhor, as reações já são mais automáticas, o tempo de reação é

melhor, mas ainda com dificuldade de atenção, está ocorrendo início do desenvolvimento da memó-ria e as decisões rápidas são limitadas.

5. São melhores no acompanhamento de objetos móveis, mas apresentam ainda alguma dificuldade em direcionamento.

6. Esportes mais adequados para esta faixa etária devem possuir regras flexíveis, pouco instruções, mínimo de instruções.

7. Exemplos: escolinha de futebol, basquete, judô e natação. • Adolescentes:

8. Ocorre grande melhora da habilidade motora, mas com alguma dificuldade de equilíbrio na puber-dade.

9. Possuem capacidade de atenção seletiva, uso da memória, visão com padrão adulto. 10. Os esportes devem ser direcionados para o desenvolvimento de habilidades, táticas e estratégias,

além de atividades em grupo, desde que a maturidade do grupo seja similar. 11. Recomendam-se: tênis, futebol, artes marciais.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

1. Blank,D.& cols.- Manual de Acidentes e Intoxicações na Infância e Adolescência, Schering-Plough, Rio de Janeiro, 1994.

2. Gikas,R.M.C. & cols.- Promoção da Segurança Infantil- O Pediatra no Centro de Saúde, Sarvier, São Paulo, 2000.

3. Waksman RD, Gikas RMC (Eds.):Segurança na Infância e Adolescência.Série Atualizações Pediátri-cas. Sociedade de Pediatria de São Paulo, São Paulo, 2003.Editora Atheneu.

4. Campos JA, Paes CEN, Blank D, Costa DM, Pfeiffer L, Waksman RD (Eds): Manual de Segurança da Criança e do Adolescente. SBP, Rio de Janeiro, 2003.

5. Waksman RD; Gikas RMC; Maciel w (Eds). Crianças e Adolescentes Seguros. São Paulo, 2006, SBP – Publifolha.

6. Manual de Prevenção de Acidentes e Primeiros Socorros nas Escolas.Coordenadores: Lucimar Apa-recida Françoso, Marisa Amaro Malvestio. Secretaria da Saúde da Cidade de São Paulo.2007.

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ACIDENTES NA ESCOLA Glaura César Pedroso

No ambiente da creche, pré-escola e escola, as questões de segurança são importantes para os pais e cuidadores, sendo necessário garantir que os possíveis riscos à saúde das crianças sejam os me-nores possíveis.

Ao contrário do que se poderia imaginar, a escola não é necessariamente um ambiente seguro. Nos Estados Unidos, estima-se que 3,7 milhões de crianças sejam vítimas, todos os anos, de acidentes ocorridos na escola. No Brasil, como em muitos países, não há estatísticas de abrangência nacional sobre essas ocorrências. Em trabalho realizado no município de Embu, observaram-se 328 ocorrências em 69 unidades escolares, de maio a junho de 2004; houve, nesse período, seis atropelamentos e oito acidentes com fraturas; em 30% dos casos, foi necessário encaminhamento para o serviço de saúde – 2,1% com in-ternação e 10,8% com necessidade de acompanhamento. Em mais de 60% dos casos, os educadores consideraram o acidente como evitável.

Sabemos que todos os tipos de acidente já ocorreram ou podem ocorrer nas escolas. Os aciden-tes mais comuns são as quedas (em playground, quadra, pátio, banheiro e sala de aula), seguidas de fe-rimentos e acidentes associados às práticas esportivas e à recreação.

Pode-se evitar grande parte desses acidentes ou minimizar suas conseqüências por meio de in-tervenções sobre o ambiente físico e formas de organização das atividades, além de atividades educati-vas e cumprimento da legislação existente.

Seguem alguns exemplos de orientações de segurança, já bem estabelecidas e publicadas:

• Manter a construção, a rede de água e esgoto e a instalação elétrica em bom estado de conservação. • Observar as normas de acessibilidade para pessoas com deficiências. • Manter instalações, iluminação, ventilação, acústica e saneamento de acordo com a legislação vigente. • Manter funcionários treinados para receber a criança e conversar com o responsável. • Manter extintor de incêndio sinalizado e dentro do prazo de validade, além de pessoal treinado para agir

em caso de incêndio (saber usar o extintor, definir procedimentos e rota de fuga em caso de necessida-de).

• Respeitar normas de área de berçários e distância entre berços; manter berços longe de cortinas; evitar brinquedos, objetos pequenos e sacolas plásticas nos berços.

• Colocar proteção nas janelas e barreiras no acesso à cozinha e às escadas; piso antiderrapante nas á-reas de circulação e escadas com corrimão. Impedir brincadeiras junto a portas de vidro.

• Manter móveis firmes, com contornos arredondados, adequados ao tamanho e à idade das crianças e em bom estado de conservação; observar cuidados no uso de trocadores, carrinhos e cadeirões.

• Manter portas com abertura para fora (para facilitar a saída em situações de emergência) e com disposi-tivos que evitem seu fechamento brusco; portas sem fechadura nas salas e banheiros usados por crian-ças pequenas.

• Orientar o uso de tesouras e outros objetos pérfuro-cortantes, bem como equipamentos e substâncias tóxicas dos laboratórios, que devem ser armazenados fora do alcance das crianças, de preferência trancados.

• Seguir recomendações dos fabricantes quanto ao uso de equipamentos e brinquedos. • Manter banheiros exclusivos para crianças, com vasos sanitários, lavatórios e chuveiros adequados ao

número, tamanho e idade das crianças; observar a conservação e limpeza de banheiros, caixas d’água, poços e instalações de esgoto.

• Acondicionar o lixo em recipiente fechado. • Observar regras de higiene no armazenamento, preparação e oferta dos alimentos, bem como o contro-

le de saúde das pessoas que os manipulam; usar pratos, copos e talheres inquebráveis e de fácil lava-gem.

• Observar segurança na entrada, saída e transporte de crianças, bem como nas cercanias da escola. • Lembrar a importância do relacionamento entre direção, funcionários, monitores, pais, crianças e a co-

munidade local, bem como as possibilidades de participação de todos na discussão de problemas e to-mada de decisões.

• Oferecer áreas de recreação ao abrigo do sol e intempéries (cobrir no mínimo um terço da área), prote-ção de poluição ambiental e sonora; boa visualização e segurança.

• Impedir o acesso das crianças à rua ou outros locais que ofereçam risco. • Inspecionar os brinquedos e providenciar sua manutenção. • Garantir o uso correto dos brinquedos, na idade adequada. • Manter o lixo em recipiente coberto.

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14• Observar a conservação de cercas ou muros, grama, canteiros e piso; preferir pisos que possam atenu-

ar os impactos; remover objetos pontiagudos, madeiras, materiais de construção. • Observar o risco de aparecimento de roedores, animais peçonhentos (escorpiões, cobras, aranhas) e

vetores (mosquitos e outros). • Ensinar e ajudar as crianças a escolher brincadeiras mais seguras, usando equipamentos de proteção

(capacetes, joelheiras e outros) quando necessário. • Ensinar o uso de equipamentos de proteção para práticas esportivas. • Não permitir o uso de brinquedos dirigíveis (carrinhos, triciclos e outros) próximo às escadas, piscinas e

outros locais de risco. • Ensinar as crianças a guardar os brinquedos após o uso. • Evitar brinquedos pontiagudos ou que ofereçam risco de sufocação; manter embalagens de brinquedos

fora da área de lazer. • Se os brinquedos forem guardados em baús ou caixas, escolher aqueles que sejam ventilados e sem

travas. • Manter supervisão constante no uso dos equipamentos e brinquedos. • Respeitar e ensinar normas de segurança de trânsito e transporte.

O trabalho de manutenção de um ambiente seguro deve ser contínuo e fazer parte de uma prática integral de promoção da saúde, ou seja, de capacitação de uma comunidade para buscar a melhoria das suas condições de vida e saúde, com participação no controle desse processo.

Uma estratégia para a promoção da saúde é a Escola Promotora de Saúde, que possui três prin-cípios básicos: educação em saúde com enfoque integral, construção e manutenção de ambientes sau-dáveis e articulação com os serviços de saúde. Para a implementação dessa estratégia, é necessário o envolvimento de toda a comunidade escolar (funcionários, administradores, pais, crianças e comunidade local).

Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e Violências na Escola (CIPAVE)

Nessa perspectiva, propõe-se a formação e manutenção de uma Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e Violências na Escola (CIPAVE), que pode ser instituída por lei específica, pelo Regimento Escolar ou como função do Conselho Escolar.

A CIPAVE tem sido implantada em vários municípios brasileiros, com o objetivo de criar normas seguras, dinâmicas e constantes para proteção da criança no ambiente escolar, estimulando uma atitude preventiva em toda a comunidade escolar. Como não há regulamentação específica para acidentes na escola, as normas de funcionamento das CIPAVES são adaptadas da legislação referente aos acidentes de trabalho, em particular a regulamentação das CIPAs (Comissões Internas de Prevenção de Acidentes). A CIPAVE busca, além de diminuir a freqüência de acidentes e violência na escola e seu entorno, difundir os princípios de segurança na escola e na comunidade e promover uma cultura de paz.

São atribuições da CIPAVE: levantamento das condições de risco no ambiente escolar; adoção de medidas para neutralizar ou reduzir os riscos existentes; manter um registro das ocorrências; participar da análise das causas de acidentes e propor soluções para os problemas encontrados; desenvolver cursos e oficinas (prevenção de acidentes, suporte básico de vida, primeiro atendimento a urgências, prevenção de incêndios, fatores de risco para abuso de drogas lícitas e ilícitas, promoção da paz e outros); difusão de uma cultura de prevenção e de promoção da saúde; fornecimento de equipamentos de proteção individual quando necessário; participar da implementação e controle de medidas de prevenção; colaborar no de-senvolvimento e implementação de programas voltados para a segurança e para a promoção da saúde; promover anualmente a SIPAVE (Semana Interna de prevenção de Acidentes e Violência na Escola).

A CIPAVE deve ter número de membros estabelecido em função do número de alunos e ser cons-tituída por: • Representantes da direção, funcionários e professores (50%); • Representantes de alunos, pais e membros da comunidade (50%); • Presidente, vice-presidente e secretário escolhidos entre seus membros, que são eleitos por seus pa-

res, para mandatos de um ano.

É claro que a implantação de CIPAVES não ocorre apenas por criação de leis ou regulamentos, mas por um processo que envolve uma coordenação intersetorial e interinstitucional; apresentação e dis-cussão do projeto com a direção e a comunidade escolar; capacitação de profissionais de educação e de saúde; formação de monitores entre os alunos; realização de eleições; registro inicial de acidentes; im-plantação de um sistema de monitoramento e um cronograma de atividades segundo as prioridades lo-cais.

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15O trabalho em promoção da saúde envolve vários desafios, tais como: manter um trabalho inter-

disciplinar e intersetorial articulado, de forma que todos participem do processo e se beneficiem dele; promover a participação da comunidade no planejamento, execução e avaliação das ações; garantir o di-namismo e a continuidade dos processos educativos; encontrar soluções efetivas e ágeis para os proble-mas; buscar formas de financiamento intersetorial e interinstitucional; manter a integralidade das ações; e outros. Somente o trabalho coletivo BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

1. Brasil. Ministério da Saúde. Escolas promotoras de saúde: experiências no Brasil. Brasília, Brasil. Ministério da Saúde, 2006.

2. Santos MLM, Moreira AMM. Prevenção de Acidentes e Violência na Escola: Promovendo a Segu-rança e a Cultura de Paz. In: Lopez FA, Campos Jr. D. Tratado de Pediatria – Sociedade Brasileira de Pediatria. Barueri (SP): Manole, 2007. pp. 183 – 186.

3. Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento de Saúde Escolar. Cadernos de Escolas Promoto-ras de Saúde. Disponível em: http://www.sbp.com.br/img/cadernosbpfinal.pdf

4. Sociedade Brasileira de Pediatria. Crianças e Adolescentes Seguros: guia completo para preven-ção de acidentes e violências. São Paulo, Publifolha, 2005.

5. Sociedade de Pediatria de São Paulo. Departamento de Saúde Escolar. Diretrizes Básicas da Socieda-de de Pediatria de São Paulo para Implantação de Comissão Interna de Prevenção de Acidentes na Es-

cola. Rev Paul Pediatr 2002; 20 (5): 256 – 7.

Pedro Nuno Gouveia
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Pdf retirado de: http://www.condeca.sp.gov.br/eventos_re/ii_forum_paulista/p3.pdf