Acervo PERFORMARE_ANPAP_169-CorpoCasasCidade Por Lucimar Bello P Frange

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    17 Encontro Nacional da Associao Nacional de Pesquisadores em Artes PlsticasPanorama da Pesquisa em Artes Visuais 19 a 23 de agosto de 2008 Florianpolis

    1869

    Titulo: corpoCasasCidade

    Lucimar Bello P. FrangePesquisadora voluntria no Ncleo de Estudos da Subjetividade, PUC/SP

    e no Centro de Estudos Sociossemiticos, PUC/SP

    Resumo: Processo de criao: desenhos de corpoCasasCidade. Percursos conceituais eoperacionais, enfocando o corpo e subjetividades; a CasaAbrigoExlio e a Cidade.Abstract: Process of creation: body-houses-city drawings. Conceptual and operationalpassages, focusing the body and subjectivities, the houseShelterExile and the city.Palavras chave: processos de criao, subjetividade, micro polticas.Keywords: creations processes, subjectivity, micro politics.

    corpoCasasCidade

    preciso ter caos dentro de si

    para poder dar a luz uma estrela danarina.

    Nietzsche

    Apresentao do vdeo SamPer, cartografias cidadianas, poticas

    visuais de uma artista-pesquisadora, mostradas numa exposio (em

    2006, aps um perodo de seis anos de trabalho). uma imerso em

    inmeras passagens por processos criativos caos e luzes de

    (des)alocamentos no espao museal, tomado tambm como espao

    para continuidades de pesquisas em artes visuais.

    Consideraes evidenciando: os estados de desenhamento; a criao e

    seus percursos; as micropolticas imersas nas imagens apropriadas e

    trabalhadas, trans-criadas. Conversas sobre arte contempornea e

    artisticidades com artistas, filsofos, tericos e pensadores sobre arte ecultura: Regina Silveira, Robert Smithson, Friedrich Nietzsche, Gilles

    Deleuze, Flix Guattari, Peter Plbart, Luis Orlandi, Suely Rolnik, Juliano

    Pessanha, Agnaldo Farias, Gilles Lipovetsky.

    Abordagens

    Assim como os acontecimentos se efetuam em ns,

    e esperam-nos e nos aspiram,eles nos fazem sinal:

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    1870

    Minha ferida existia antes de mim, nasci para encarn-la.

    Gilles Deleuze

    SamPer, cartografias cidadianas1 um projeto de pesquisa, compreendendo

    duas exposies-ensaio no MUnA (Museu Universitrio de Arte, Uberlndia,

    M. G.), em 2006 e 2007. Na primeira, havia agrupamentos que chamo agora,

    de ciclosCios. Na segunda, um vdeo chamado dos Alpes ao Ilha de Capri; uma

    gravao de sons cidadianos, aprisionada em fone de ouvido e um objeto-

    edifcio de acrlico, simulando um edifcio em construo nem pronto, nem

    acabado, nem habitado, mas visto por fotografias como camadas e camadas,

    agora soterradas. Nas duas exposies-ensaios, exponho as minhas feridas

    em-carnadas, as mesmas que continuam a me habitar, nas bordas, pedindo

    passagens para encontros comigo e com outras pessoas-em mim outros de

    eus, pluralidades nas singularidades.

    Neste encontro de artistas-pesquisadores, trago idias centradas na primeira

    exposio (de 2006), parte de um totus em continuum, fazendo a opo de

    mostrar apenas parte de um percurso, levantando dvidas para que possamos

    adensar caminhos pesquisantes em poticas visuais e processos de criao.

    Uma das fragilidades no ensino de arte, a meu ver, so os abandonos dosprocessos de criao por parte dos professores, que enfatizam somente os de

    seus alunos e, muitas vezes no abordam os dos artistas.

    SamPer, Sam vem de Sampa, de Caetano Veloso e Per, do bairro das

    Perdizes, So Paulo. O bairro-cidade se apossa de mim, nele me confundo

    nele a fundo des fundo me fundo nele des mundo mudo mundo.

    cartografias cidadianas, so exerccios das foras e seus atravessamentos a

    me obrigar a corpar coisas; restos agrupados e expostos nos espaos da arte,

    virando quase-arte; fluxus de foras ativando outros jogos de foras; imagens

    pensamentos des(co)locamentos; entrechoques, penetraes, cortes,

    agregaes, encontros, acasos, des-ordens, experimentaes; encontros e

    devires dos estados do corpo lucimares (arres... ares...); velocidades e

    lentides citadinas, nem ajuntamentos, nem desenhos, nem pinturas, nem

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    esculturas, nem fotos, nem postais, nem vdeos, mas todos constituintes dos

    percursos, momentos de concomitncias, multiplicidades, impermanncias.

    Aps as exposies feitas e pensando nos processos de criao, ciclosCios

    pode ser chamado de corpoCasasCidade, pois se constituem de marcas-

    resduos, corpos em acontecimentos, agrupamentos mltiplos, inutenslios,

    futilidades da vida, quase nada de silncios. ciclosCios, so colees de

    mnimos diferentes, aleatrios, hbridos; camadas de no-sabidos;

    ajuntamentos durante dias e noites sem saber para onde nem para que muito

    menos porque; sempre no meio nem incio nem fim; rizoma de plats. Os

    componentes cicliares & ciares propem os modos de se mostrar, se

    compar nas suas diferenas mnimas. Compar sendo o inverso do conceito

    de composio dos modernistas, aliado agora, a corpar tornar corpoS outroS

    corpoS larvareS.

    Agrupamentos

    A consistncia de um edifcio no unicamente de ordem material,

    ela envolve dimenses maqunicas e universos incorporais

    que lhe conferem sua autoconsistncia subjetiva.

    Felix Guattari

    Os agrupamentos so condensaes porosas, universos incorporais,

    dimenses maqunicas, inconsistncias de corpo, de casas, de cidade:

    corpunculus, adesivos hormonais usados, selos guardies de

    estados do corpo ali depositados via cruxis, grand finale, masnuma certa corda bamba. Converso com Cristo Morto, de

    Andrea Mantegna, mortevida em vivncias...

    levespesosmemrias, marcas-pegadas-dirias em papis

    brancos, pequenas presenas de corpo ausente, vivo, pulsante,

    larvar. Lembro de Duchamp, On Kawara, Roman Opalka...

    manuscriptus, anotaes de aulas de 1984 guardadas por 20

    anos. Em 2004 rasgadas, jogadas no lixo, mas imediatamenterecolhidas e trans-formadas em monotipias fazendo dialogar,

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    corpos-escrituras de 1984, com corpos-impressos de 2004. Mos

    se afirmam, corpos escapam, tempos se esgaram, elos se

    multiplicam, contaminaes se adensam. Marcel Broothaers me

    habita...

    cartasCorpus partem de gabaritos-rguas-mapas de Minas

    Gerais, So Paulo, Brasil, Amrica do Sul lugares de coni-

    convivncias. Linhas coloridas (de bordar), so neles enroladas

    at arrebentarem e se constiturem como formas outras,

    EscrevoDesenhosCartas para artistas e amigos, nem entregues

    nem lidas, cartas em estados no-leiturveis. Escrevo para Bispo

    do Rosrio, Jorge Macchi, Torres Garcia, Anna Bela Geiger,

    Leonilson, Sophie Calle, Matta Clark, Tinguely, bordadeiras

    brasileiras...

    dos Alpes ao Ilha de Capri, feitas todos os dias, de 2002 a 2004,

    sempre do 11 andar do Edifcio Alpesnas Perdizes (SP), fotos

    da construo do vizinho Edifcio Ilha de Capri. Em 2007,

    converso com as oitocentas imagens, as olho e elas me olham,

    Capri me olha nos Alpes, dos Alpes olho e colho Capri. Crio

    postais e uma trilogia de vdeos: dos Alpes ao Ilha de Capri,

    fotosPictricas; fotos-Desenhantes; fotosEscultricas. Converso

    com Gerhard Richter, Sam Hsieh, Steve Mcqueen, Hlio Oiticica,

    Lygia Clark, Cornlia Parker, Michael Wesely, Richard Long. Os

    vdeos e postais, assim como as questes que eles levantam,

    ficaro para outro encontro de pesquisa.

    O que vemos s vale s vive

    em nossos olhos pelo que nos olha.Georges Didi-Huberman

    Temas para conversas pesquisantes

    conexes entre potica, poisis e processos de criao,

    imbricamentos entre o desenho na arte contempornea; entre filosofia e

    micropolticas,

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    SamPer, um percurso singular em percursos coletivos,

    do atelier, campo de singularidades exposio e seus modos de ativar

    as sensaes nos perceptores2 singularidades plurais,

    a produo dos artistas citados e as relaes com a pesquisa, as escolhas do corpo, da casa, da cidade, imagens e formas que se

    tornam foras de criao e campo de ativao de micropolticas.

    contaminaes entre os pesquisadores presentes, impulsionando

    questes, dvidas, inquietudes, (des)acertos para buscas outras...

    Referncias bibliogrficas

    BASBAUM, Ricardo (org.). Arte contempornea brasileira, texturas, dices, fices,

    estratgias. Rio de Janeiro: Rios Ambiciosos, 2001.

    DERDYK, Edith (org.). Disegno. Desenho. Desgnio. So Paulo: Ed. SENAC So Paulo, 2007.

    DELEUZE, Gilles. Conversaes. Trad. Peter Pl Pelbart. So Paulo: Ed. 34, 1992.

    _____________ e PARNET, Claire. Dilogos. Trad. Elosa Arajo Ribeiro. So Paulo: Escuta,

    1998.

    NAZARIO, Luiz e FRANA, Patrcia (org.). Concepes contemporneas da arte. Belo

    Horizonte: ed. UFMG, 2006.

    Lygia Clark, da obra ao acontecimento. Somos o molde. A voc cabe o sopro. So Paulo:

    Pinacoteca do Estado de So Paulo, 2006 (Catlogo de Exposio. Curadoria de Suely

    Rolnik).

    Revista Urbnia 3. So Paulo: ed. Pressa, 2008.

    Currculowww.lucimarbello.com.br. Artista plstica, exposies Brasil e Exterior. Doutora Artes,

    ECA/USP. Ps-doutora PUC/SP. Pesquisadora voluntria, COS/PUC/SP e Ncleo de

    Subjetividade, PUC/SP. Livros: Por que se esconde a violeta? SP: Anna Blume.

    Noemia Varela e a Arte, BH: C/Arte. Oficina de Desenho Urbano, desenhando e

    construindo a cidade no Cerrado. (org. L. G. Falco V.). Uberlndia: EDUFU.

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    1 Trata-se de pesquisa de ps-doutoramento, em realizao, no Ncleo de Estudos sobre aSubjetividade, na PUC/SP, com interlocuo com a Profa. Dra. Suely Rolnik.2 Perceptores nome dado por Rubens Mano, aos participantes, uma vez que percebem eneste espao, se efetivam pensamentos e aes.