Academia Popular de Filosofia 2012-06-21 total de 120 EMMA GOLDMAN suas ideias, sua obra. “Se não...

Academia Popular de Filosofia 2012-06-21 total de 120

EMMA GOLDMAN suas ideias, sua obra.

“Se não puder dançar esta não é a minha Revolução

Eduardo Pereira [email protected]

1

mailto:[email protected]

EMMA GOLDMAN suas ideias

Eduardo Pereira [email protected]

2Academia Popular de Filosofia 2012-06-21 total de 120

Período áureo do Anarquismo; nasce depois de 1871 com o fim da Comuna de Paris, no Congresso de Saint-Imier em 1872, que com a cisão da 1ª Internacional deu origem à Internacional Anti-autoritária, e prolonga-se até 1939, com o fim da República em Espanha.

A Vida de Emma Goldman: nasce na Lituânia, perto de Vilnius 27 Junho de 1869, e morre em 14 Maio de 1940 em Toronto.

São portanto vidas paralelas, interessa entender o contexto.

Interessante paralelismo de vidas



Eduardo Pereira Marques

[email protected]


Nascida numa família Asquenaze num dos Estados Bálticos, na altura sob governação Russa imperial.

Influência de uma base autoritária rígida do pai, mas emotivo e irrealista,

e de uma mãe com um segundo casamento, submetida, perdida e passiva com frigidez sexual, pois sua capacidade de amar fora enterrada com o 1º marido.

Viveu numa família vasta mas dividida e empobrecida.

A influência da Família




[email protected]


Teve uma educação rigorosa, racionalista e austera de influência germânica, em escolas e com professores particulares conservadores,

com grande investimento na moral e na responsabilidade individual perante a comunidade.

O ambiente familiar deu-lhe acesso à leitura de bons autores, mesmo os proibidos, arautos de um mundo novo de liberdade, à musica, ao teatro e à Ópera onde contactou com o libertário Verdi no “ Il Trovatore”, onde o ódio não deixa lugar ao amor.





[email protected]


E a sua adolescência decorre num período de transição social profunda, de uma sociedade feudal para uma sociedade industrial, onde ventos de liberdade varrem com mudanças profundas toda a sua estrutura ideológica.

Viveu em S. Petersburgo onde se afirmavam e ouviu falar dos movimentos revolucionários.

Boa aluna teve uma imensa revolta quando, para poupar dinheiro, o tio a tirou da escola e a obrigou a fazer o trabalho doméstico aos 13 anos.





[email protected]


Começou a trabalhar como costureira numa fábrica de luvas em Petrogrado. EG quando jovemNo fim da Adolescência aos 16 anos emigra para os Estados Unidos, em Rochester, e envolveu-se na procura de concretização do sonho de liberdade prometida.

Inicio do Trabalho e emigração




[email protected]


Chegou no inicio de 1886 quando estava a ser concluída a Estátua da Liberdade, inaugurada 10 meses depois, no ambiente agitado por causa dos mártires de Haymarket a 4º Maio de 1886 na luta por uma jornada de 8h de trabalho.

Aos 20 anos em 1889, o Congresso da Internacional Socialista decretou, que esse 1º Maio fosse o dia do Trabalhador, na sequência das profundas contestações que assim a marcam para toda a vida.

O Sonho de Liberdade




[email protected]


Começou a trabalhar como costureira numa fábrica de confeções. Defrontou-se com o imenso abismo mesmo entre judeus.

Por um lado os judeus ricos detentores de fábricas e chorudos negócios

e por outro os judeus imigrantes explorados como mão-de-obra barata e em péssimas condições de trabalho.

Casou com Jacob Kershner o que a fez cidadã americana.

As enormes desigualdades




[email protected]


Como costureira identificava-se com a heroína de um livro de Tchernitchevski, Vera Pavlovna, que organizou uma Cooperativa de Costura. Vários outros livros proibidos, de Turgueniev e Rakhmetov, tinham sido a sua formação ideológica.

Com um forte desejo de liberdade e mudança, aos 20 anos abandonou a família para ir viver para Nova Iorque.

Aí foi ajudada por um militante anarquista russo Hillel Solotaroff, que trabalhava no Jornal Freiheit (Liberdade) que tinha encontrado numa conferência.

A Comunidade Anarquista


http://en.wikipedia.org/wiki/File:Anarchy-symbol.svg



[email protected]


No mesmo dia levou-a a um café em East End, o Sach’s, ponto de encontro de Socialistas e Anarquistas,

Aí travou conhecimento com um Russo igualmente Lituano de Vilnius, anarquista judeu, Alexander Berkman, que seria a amizade fundamental de toda a sua vida.

Nessa mesma noite foram escutar Johann Most um importante anarquista que muito a influenciara, e começaria a colaborar com ele.





[email protected]


Dedicou-se à sua formação politica e cultural, lendo autores das várias correntes politicas, desde socialistas, comunistas e anarquistas,

mas também de literatura, ficção e poesia, além de frequentar as numerosas conferências.

Foi um período intenso e difícil, começou a trabalhar numa fábrica e ao mesmo tempo fazia trabalhos em casa com uma máquina que tinha adquirido com economias.

Auto formação e preparação




[email protected]


Na altura fortalecia a consciência nos meios operários de que o palco da luta não é apenas politico, mas por ação direta, no local de trabalho e na sociedade.

as vitórias e melhores condições de vida, não são oferecidas, conquistam-se.

Com os trabalhadores a demonstrarem um enorme esforço solidário e unidade, os capitalistas estavam em pânico, recorriam à policia e milícias privadas para reprimir os Sindicatos e suas ações.





[email protected]


Na movimentação que levou à determinação de o 1ºMaio ser o dia do trabalhador e da jornada de 8 horas, foram mortos 77 anarquistas.

Depois de presos foram enforcados mais 5, tidos sem fundamento, por responsáveis pelo lançamento da bomba que justificou a carga policial, o seu funeral teve 8 kms de comprimento.

Foram ilibados 6 anos depois, pelo Governador de Illinois, John Altgeld, que lhes fez justiça, pois até o júri fora escolhido para tomar a decisão de sua condenação.

Este acabou por ser afastado e ficar na miséria.

A Comunidade AnarquistaE a luta pela jornada de 8 horas




[email protected]


Com Johann Most envolveu-se na agitação pela comemoração de o segundo aniversário da morte dos mártires de Chicago, começando a fazer pequenas intervenções com sucesso, com visitas diárias a Sindicatos e empresas.

Foi a primeira mulher oradora do movimento anarquista de língua alemã, que falava fluentemente além do russo e ídiche, (língua dos asquenaze do nordeste europeu, que os

distingue dos sefarditas mediterrânicos que falam o ladino de origem ibérica).




[email protected]


Foi um ato de violência e injustiça que levou muitos a envolverem-se na ação politica ao lado dos anarquistas, libertários e socialistas, pelo que foram reprimidos duramente, entre eles esteve Emma Goldman.

A repressão da manifestação de Haymarket




[email protected]


Preparava-se freneticamente para os seus discursos. A sua primeira tournée, foi na luta pelas 8 horas de trabalho e vários conceitos associados. Teve grande sucesso e foi muito aplaudida. Mas achava o discurso habitual, sobre “lei da oferta e da procura”, “lei dos salários”, “ a pobreza como único fermento da revolta”, rígido e formal, pouco empolgante.

O inicio dos discursos




[email protected]


Descobriu que nem os melhores mestres eram infalíveis. Apesar de rejeitarem hierarquias e as desigualdades continuavam a querer exercer o seu domínio sobre as mulheres.

Além disso a critica que ele fazia em relação aos seus amigos revelava-se baseada em ciúme e meramente para os afastar.

A desilusão com a realidade militante

Entrou em conflito com Most, que a tentava seduzir, o que ela rejeitou violentamente dizendo que não aceitava ser tratada como objeto sexual, e ele não aceitava a discussão ideológica de suas posições que ela fazia, que quem não estava com ele estava contra ele.




[email protected]


Ao abraçar o movimento anarquista que, então, florescia nos Estados Unidos principalmente entre os emigrantes recentes,

Emma Goldman combateu a opressão onde quer que ela se manifestasse;

lutou pela liberdade que ambicionava onde essa oportunidade se lhe apresentou.

Nos Estados Unidos da América, na Grã-Bretanha, em França, na Rússia, na Alemanha, na Holanda, na Bélgica, na Suécia, na Noruega, na Dinamarca, em Espanha, no Canadá. “

combateu a opressão pela Liberdade




[email protected]


Sem tréguas dedicou sua vida à procura da concretização do sonho por que emigrou, pelo respeito e responsabilidade do Individuo mas na luta contra o Individualismo, com que não deve ser confundido,

contra a crescente burocratização do Estado que se fortalecia e o Império Nor-americano em formação.

Pela responsabilidade do Individuo




[email protected]


Lutou contra o casamento e o puritanismo, pela Liberdade, Sexualidade e Igualdade das Mulheres, pelo Planeamento Familiar e Educação Libertária.

“Para Goldman, «A individualidade pode ser descrita como a consciência do indivíduo tal como é e como vive.».

A individualidade que ela defendia «não deve ser confundida com as várias ideias e conceitos de Individualismo;

muito menos com aquele "individualismo grosseiro" que não é mais do que uma tentativa mascarada para reprimir e derrotar o indivíduo e a sua individualidade.





[email protected]


O, assim chamado, Individualismo é o laissez-faire social e económico [...] esse "individualismo" corrupto e perverso é o colete-de-forças da individualidade. [...] [que] tem significado:

•todo o "individualismo" para os patrões e elites;

•enquanto que as pessoas são arregimentadas numa casta escrava para servir um punhado de pretendentes a "super-homens".»





[email protected]


Quatro anos depois de chegar, confrontada com a dura realidade, lamentava-se que a Estátua da Liberdade perdera o seu significado.

Ela contactou com os movimentos anarquistas de vanguarda, e figuras carismáticas como Kropotkine e vários outros.

Foto manipulada, Bakunine tinha falecido em 1876 em Berna.

O despertar Revolucionário




[email protected]


O caminho que escolheu trouxe-lhe sofrimento, angústia, agitação, miséria, incerteza. Mas também alegria.

Muitas vezes foi presa, perseguida, maltratada, odiada.

Mas também foi por muitos seguida, admirada, amada.

Sobretudo, viveu intensamente a vida.”





[email protected]


“Emma Goldman «nunca reclamou direitos iguais. Comportou-se como igual», afirmou Mollie Steimer.

«Uma montanha de integridade», foi como a escritora Rebecca West a descreveu.

«Por uma questão de princípio, porque você é Emma Goldman», foi como um polícia uma vez lhe explicou por que a prendia.

Viveu intensamente a vida




[email protected]


As conferências eram pagas pelos assistentes constituindo uma importante fonte de receitas para novas atividades.

O pagar para ouvir, porque se quer aprender, e assumir um projeto, ter uma determinação interna, uma responsabilidade social.

Ou ir ouvir propaganda, o que nos querem ensinar, sem envolvimento ou motivação de forma passiva, paga quem quer ouvintes.

O pagar para ouvir




[email protected]


Para se manter a si e á causa fez o que estava à mão, operária, massagista, enfermeira, parteira, conferencista pelo pais, escritora, editora.

Recebia ajudas, mas estava sempre disposta a ajudar, a sua casa era um refúgio, local de encontro e de alegres reuniões com atmosfera calorosa, dona de casa maternal, gostava de cozinhar, tendo cuidado na criação do ambiente e a decoração.

Acreditava na aprendizagem pela experiência e no contacto com o mundo.

Uma Anarquista em construção




[email protected]


Gostava de discutir e de saber as condições de vida das pessoas, suas lutas angustias e sofrimentos.

A sua convicção na justeza da luta trouxe muitas mulheres para a greve. Achava que não seria o voto que iria libertar a sociedade e em especial a mulher.

Acreditava no instinto social humano e na importância da ajuda mútua mas com profundos valores éticos.

Para angariar fundos organizava debates, concertos, reuniões sociais e no local de trabalho e mesmo bailes.

Desde muito nova que gostava de dançar, e dizia “dançarei até morrer”.




[email protected]


Defendeu uma educação para a liberdade, e apoiou a criação de várias Escolas, além de Universidades Populares, era por personalidades fortes e criativas.

Foi pelo anarco-sindicalismo e contra o sindicalismo que pede ganhos imediatos e apenas materiais.

Defendeu o Movimento da Escola Moderna




[email protected]


Uma vez que a criticaram por isso, por ser uma atitude frívola,

disse a frase que a tornou célebre “Se não puder dançar esta não é a minha revolução”,

demonstrando bem como o trabalho e a vida deve ser encarado com alegria e entusiasmo,

porque em auto-determinação e responsabilidade assumida e não por obrigação e submissão.

“Se não puder dançar esta não é a minha revolução”




[email protected]


Para ela anarquismo era liberdade total, cada um poder expressar-se como sentisse e entendesse, sem limitações de conveniência, pois todos tinham direito ás coisas belas.

Falava tanto da “Comuna de Paris”, como de “o direito ao ócio”.

Entretanto Berkman envolve-se numa tentativa de assassinato e irá ficar preso durante muitos anos. EG envolve-se numa prolongada campanha em sua defesa.




[email protected]


Criticava as várias questiúnculas entre os grupos achando que era fundamental unir forças.

Criticava igualmente que os movimentos fossem por nacionalidade e línguas ou linhas étnicas.

O falhanço da tentativa de Berkman e os acontecimentos relacionados, fizeram-na a repensar a sua ação, teorias, estratégias e táticas, levando-a a amadurecer como militante.

Mas a imprensa não mais lhe deu tréguas.

É fundamental unir forças




[email protected]


Joseph Pulitzer, que mais tarde veio a criar o Prémio Pulitzer, tinha uma poderosa cadeia de jornais e criou o chamado estilo de jornalismo amarelo, populista e sensacionalista,

a que mais tarde se veio juntar de forma ainda mais radical outro magnata dos media William Hearst.

Foi pró-Nazi e ferozmente anti-comunista, e contra a Liga das Nações, mais tarde Nações Unidas.

O Quarto Poder e o Anarquismo




[email protected]


Hearst, no seu objetivo comercial e politico reacionário, era sensacionalistas, inventando mesmo mentiras, manipulando e influenciando os políticos, redesenhado a história, assumindo-se como um forte quarto poder politico.

Peter Bogdanovich em “The Cat’s Meouw” (O Miar do gato)

e Orson Wells em “Cittizen Cane” (O mundo a seus pés) retratam-no.

Em 1906 ela lança-lhes a Mother Earth =>.




[email protected]


Havia uma guerra aberta do capital e dos média contra os anarquistas, pelo que todos os grupos se esforçavam por possuir um meio de comunicação alternativo.

Ela Publicou o “Mother Earth” , (Terra Mãe) durante 12 anos, revista em tamanho A5, que foi fórum de todos os movimentos libertários de qualquer escola, pelo homem livre sem entraves para o acesso à terra livre o ao seu sustento.

Lança-lhes a Mother Earth


http://en.wikipedia.org/wiki/File:Mother_Earth_1912.jpg



[email protected]


Neste período conheceu Voltairine de Cleyre, que tinha tido igualmente uma rígida educação conservadora, igualitária pois a mãe era quacre, e o pai admirador de Voltaire.

Defendia “O Estado é o nosso pior inimigo, Poderosa máquina que nos esmaga, para manter a exploração da Classe Dominante e dos nossos patrões. Se não vos derem trabalho e impedirem de ter pão, apoderem-se dele, é vosso Direito Sagrado.

O seu espirito é o que poderá libertar o escravo da sua escravatura, um espirito determinado a ousar e a sofrer.

O poder reside em vós.Diziam que as autoridades as temiam não pelo que eram, mas

por aquilo que elas podiam vir a ser.

O poder reside em vós.




[email protected]


Alexander Berkman, 1889, transmitiu-lhe a determinação, o ascetismo, o rigor e a coerência.

Fedya, 1889, tinha a ternura, a sensibilidade e a poesia.

Edward Brady, 1892, era extremamente culto e muito do que lera fora quando esteve preso na Áustria, contribuiu para a sua formação literária.

Ben Reitman, 1908, capacidade de organização e divulgação.

Os quatro amigos de sua Vida




[email protected]


Em 1895, 6 anos depois de iniciar sua atividade como divulgadora do anarquismo, vem à Europa, de Inglaterra até Áustria, onde além de uma rica formação cultural, ouve Sigmund Freud.

Defrontou-se com públicos mais difíceis, mas mostrou ter grande capacidade de resposta pronta e igualmente provocadoras.

Contacta com Kropotkine, que acentuava a necessidade de aliar o trabalho intelectual, com o trabalho manual,

Inicio de atividade na Europa

que a verdadeira grandeza está na simplicidade.




[email protected]


Contactou ainda com artistas de vanguarda pré-rafaelitas, que valorizavam a cor e o expressionismo contra o formalismo académico.

Contactou ainda com militantes que tinham estado envolvidos na “Comuna de Paris” e o italiano Errico Malatesta.

Na Áustria permaneceu um ano a aprender Enfermagem, e as técnicas de controlo de natalidade.




[email protected]


Com a Doutrina James Monroe de 1823, arrumada a Guerra Civil 1865, os EUA entram em Guerra expansionista com Espanha, ocupando Cuba, Porto Rico, Filipinas.

A aquisição de Louisiana 1803, Florida 1819, Alasca 1867, anexando ao pais vizinho, Texas, Arizona, Novo México e Califórnia, termina com a anexação do Havai em 1898.

Intervenções armadas e ocupações ainda em Samoa, Panamá, Nicarágua, México, Haiti e Ilhas Virgens torna-se um Império que vai marcar o seculo XX e

tendo por detrás o apoio marcante do Império mediático de Hearst, pelo que chamaram a Guerra de Hearst à guerra hispânico-americana.

Expansão Nor-Americana




[email protected]


A infância deu-lhe a experiência familiar e social dos efeitos brutalizantes do autoritarismo caprichoso.

Por outro lado era sociável e carente de afeto, sensível em relação ao sofrimento alheio.

O anarquismo esteve sempre muito dependente de figuras e boletins, com grande diversidade de correntes, reativos e em revolta contra os poderes que provocavam.

Desde correntes mais comunistas a mais individualistas.

O anarquismo de Emma Goldman




[email protected]


Emma valorizava a humanização da vida e da politica, onde cada um tivesse o seu espaço.

Tinha um imenso gosto pela vida, defendia a liberdade e a paz numa prática de forma generosa, solidária e cooperante.

Valorizava o processo “é o governo que é para o intelecto”, mais do que a finalidade que dizia que era para os deuses.





[email protected]


Não se pode impor um programa, cada nova geração tem de lutar, de ultrapassar os fardos do passado, a posteridade tem de estar livre para desenvolver os seus próprios sistemas.

“A nossa imaginação não pode antever as potencialidade de um povo livre de constrangimentos externos”, porém o caminho constrói-se caminhando mas com fundamentos, valores e regras.

(com responsabilidade).





[email protected]


“A verdadeira função da organização é apoiar o crescimento e desenvolvimento da personalidade”, “Uma organização deve ser composta de entidades inteligentes e auto-conscientes”.

Utilizava mesmo autores da literatura e teatro de uma forma sincrética, disse “ o anarquismo não envolve uma escolha entre Kropotkine ou Ibsen:•um analisou as condições sociais que levam à revolta, •outro as lutas interiores que culminam na revolução da alma,

na revolta da individualidade. Nada seria mais desastroso do que negligenciarmos o efeito

interno sobre as instituições”, a questão do poder socialmente irresponsável.





[email protected]


Defendia um Imperativo ético, criticava o Materialismo ao não considerar o modo como a vida interior se projetava com valores humanos para transformar a sociedade.

A Reforma social implica a regeneração mental e espiritual mais do que uma reducionista reforma económica. O fundamental é lutar contra as desigualdades e a injustiça social.

Era contra o Estado que defende os capitalistas, o patriotismo e o militarismo, pois as guerras são lutas entre dois ladrões.

Era contra a desumanidade das prisões que nunca podiam reabilitar o ser humano para o recuperar para a sociedade.

“As prisões são a confissão do desaire da civilização” dizia.





[email protected]


Defendia ainda a liberdade sexual, e por isso o controlo da natalidade e o aborto, no direito de cada um de procurar a sua felicidade, e assim igualmente defendia o direito à homossexualidade.

Gostava de comer bem, de se arranjar e usar roupa bonita o que era um escândalo para muitos companheiros, mas era o seu direito de gozar as coisas belas da vida.

Acreditava no poder do amor para transformar o mundo. Que mulher tinha de encontrar o seu caminho de libertação que era diferente do masculino.

Lutava contra o poder dos meios de comunicação, mas também contra o desemprego e pelo do horário de trabalho 8 h.





[email protected]


“Quanto aos temas, Goldman era versátil. Discursava sobre anarquismo, luta de classes, liberdade de expressão, minorias versus maiorias, questões políticas do momento, sobre o crime social que o sistema prisional representava, sobre a guerra, contra o militarismo, sobre a emancipação das mulheres, casamento, maternidade, amor livre, prostituição, educação sexual, controlo da natalidade, pedagogia.

Falava também sobre o significado social da dramaturgia moderna: Goldman pensava que o teatro era um meio privilegiado para transmitir a mensagem de liberdade.”

Emma na estrada




[email protected]


Foi apoiada pelo Clubes Liberais de Livres Pensadores, pela Liga Liberal Nacional e pela Liga do Discurso Livre, publicou um artigo “Lucifer, o transmissor da Luz”, defendia a unidade da esquerda. Era conhecida por “Emma Vermelha” a mulher mais perigosa da América.

Para os sindicatos defendia 3 pontos: 1- Que a sua luta devia de ser internacional, 2- que o greve devia de ser uma ação direta sem aviso, 3- e que tinham de agir com os desempregados, ninguém

pode morrer à fome. Mostrava-se triste com a situação dos negros ainda não

libertados da cultura da escravatura.

Emma na estrada




[email protected]


“O abismo entre a minha natureza de mulher e de revolucionária é demasiado grande para permitir a minha felicidade”.

A sua reputação, por si só, atraía enormes multidões, Era perseguida pela polícia e suas milícias civis, um chefe da polícia que uma vez a aplaudiu entusiasticamente foi mesmo demitido.

«Era uma oradora perfeita, carismática e corajosa, capaz de arrebatar audiências amistosas e de domesticar audiências hostis que ameaçavam violência física.», «nunca proferia uma palestra espontaneamente, pelo contrário, preparava-as cuidadosamente, com antecipação. [...] Mas ninguém diria que ela estava a ler. Dominava as suas notas tão bem, que parecia que improvisava»

Emma na estrada




[email protected]


Só em 1910 fez 120 conferências em 37 cidades de 25 estados, vendeu dez mil exemplares de literatura, distribuiu gratuitamente cinco mil, angariando um total de cinco mil e trezentos dólares em vendas, assinaturas da revista e entradas.

Falava anualmente perante cinquenta a setenta e cinco mil pessoas. “Com paixão e inteligência lidava com problemas reais”. E em 1915 fez 321 conferências.

Defensora do aborto dizia “ninguém pode obrigar as mulheres a terem as bocas fechadas e os úteros abertos”.

Amor-livre perguntavam-lhe? “Não, simplesmente amor que se não for livre não é amor”, este era o seu evangelho.

Emma na estrada




[email protected]


« O fascínio quê esta mulher exercia está, em grande parte, revelado na laudatória descrição de Reedy: «Ela é uma mulher pequena, um pouco entroncada, com cabelo ondeado bem arranjado, um olho azul claro, uma boca sensível ainda que não de linhas clássicas.

Não é bonita, mas quando a sua face se ilumina com o brilho e o colorido do seu entusiasmo interior é extraordinariamente atraente.

Tem gestos delicados, acessível e sem arrogância, livre sem um traço de grosseria e o seu sorriso é francamente sedutor.

Emma na estrada




[email protected]


No que respeita à conversação é um deleite. A sua informação é vasta, a sua experiência abrangente, a sua leitura, em pelo menos três línguas, não tem praticamente limites.

Ela tem perspicácia e humor também e uma sinceridade convincente.

De que fala? De arte, literatura, ciência, economia, viagens, filosofia, de homens e de mulheres. Pintura, poesia, dramaturgia, personalidades — o melhor assunto para conversa e tudo do ponto de vista de alguém que olha em frente para a revolução.

Emma na estrada




[email protected]


Ela tem a perceção do interlocutor e o dom da expressão sucinta. É simples e não violenta. É afirmativa sem truculência.

É gentil e até, por vezes, terna. Toda a sua personalidade vibra com um fervor contagioso. É

uma mulher que acredita na sua causa e sente-a com uma intensidade concentrada. É o padrão com que mede todos os valores.

Não vê no mundo mais nada que não seja o que deve ser remodelado em qualquer forma próxima do seu desejo profundo. E o que é esse desejo?

Emma na estrada




[email protected]


«Liberdade — liberdade absoluta, incondicional, não agressiva. Isso é Anarquia.

Não deve existir qualquer constrangimento da lei sobre a alma ou o corpo do homem.

Não devem existir quaisquer dúvidas exceto a dúvida de alguém sobre si próprio.

Não deve haver qualquer alteração de qualquer direito exceto em relação aos direitos dos outros»

Sobre sua utopia, “ A vida é morte sem o sonho. O sonho é a realidade para a qual nos movemos”

Emma na estrada




[email protected]


Goldman tinha uma atração particular por apresentar os temas mais provocatórios nos lugares mais perigosos — falava de amor livre aos puritanos, de ateísmo aos eclesiásticos, de revolução aos reformadores, da inutilidade das eleições às sufragistas.

«Quanto mais oposição encontrava, mais me sentia no meu elemento», vangloriava-se Emma.

Mantinha-se fiel aos seus princípios que definira em «Uma Nova Declaração de Independência», onde defende que, se as instituições do passado se revelam inadequadas às necessidades humanas, as pessoas têm o direito sagrado de as derrubar.

Emma na estrada




[email protected]


“Caracterizando a atuação do capital, afirma «O reino destes reis [do capital e da autoridade] mantém a espécie humana em escravatura, perpetuando a pobreza e a doença, sustentando o crime e a corrupção; agrilhoando o espírito da liberdade, estrangulando a voz da justiça e degradando e oprimindo a humanidade. Envolve-se em guerra e carnificina, devastando o país e destruindo as melhores qualidades humanas; alimenta a superstição e a ignorância, semeia o preconceito e o conflito»”.

«Consideramos estas verdades evidentes em si: todos os seres humanos, independentemente da sua raça, cor ou sexo, nascem com igual direito de partilha à mesa da vida; para garantir esse direito deve ser estabelecida liberdade económica, e política.»

Emma na estrada




[email protected]


Criada em 1898, irá dar lugar à Interpol (Internacional Criminal Police Organization) mostrando em toda a politica de oposição é criminalizada desde então.

Uma estratégia internacional contra o ideal Libertário, (Anarquista , Acrata ) toma forma e começa a desenvolver-se.

Acaba por ser reforçada quando da chegada de José Estaline ao Poder em 1924, na URSS (criada em 1922), manifestando-se claramente na Guerra de Espanha e levando ao derrube da República Democrática por uma ditadura.

Conferência Internacional Anti-Anarquista




[email protected]


O ambiente racista, militarista e pró Nazi Durante a 1ª Guerra os grupos económico e militares com os

meios de comunicação sob a batuta de Hearst, ganham força num tom racista, militarista e pró Nazi, contra todas as minorias e oposições.

Com Edgar Hoover (ao serviço da policia secreta desde 1917) organizam o Bureau de Informação (em 1923) que mais tarde se torna Federal no FBI (1935), tendo este ficado ao serviço até 72 quando falece ao serviço de Nixon.




[email protected]


A DeportaçãoEm 1917 as instalações da sua revista foram invadidas sem

mandato e dada ordem de prisão, mas não foi sem antes vestir um longo vestido escarlate.

Uns dias antes tinha tido 10 mil pessoas para ouvi-la.

Foi neste ano e sob estas noticias que nasceu minha mãe e lhe foi dado o nome de Emma.

Com Emma Goldman no centro das Atenções conseguiram anular a sua cidadania e ao fim de 34 anos deportaram-na para a Rússia em 1919 onde chegou no inico de 1920.




[email protected]


A Deportação Dezembro 1919




[email protected]


Edgar Hoover 2 anos depois de ter entrado ao serviço já tinha um ficheiro de 450mil opositores políticos, dos quais 60mil considerados perigosos, 10mil eram anarquistas.

Tinha 489 funcionários para controlar a oposição, e só 4 para a Máfia.

Desenvolveu também um ficheiro sobre as vidas particulares dos governantes e presidentes, escudo defensivo que lhe permitiu manter-se no lugar até á sua morte, com presidentes republicanos e democratas.

A Policia Politica e o Fascismo




[email protected]


Logo em 1913, Woodrow Wilson (que veio a receber o Nobel da Paz) sob a bandeira do “New Freedom” institui um reino de terror totalitário, sob vários pacotes legislativos de redução de liberdades.

O “Espionage Act”, o “Sedition Act”, o “Alien Immigration Act”, o “Draft Act”, o “Selective Service Act”, já havia antes a “Lei Commstock” que permitia a violação do correio.

Havia milícias de voluntários e denunciantes (Esquadrões de Morte) faziam frequentemente justiça no local e com as próprias mãos.

Toda a comunicação livre e alternativa foi abafada.

O reino de Terror Totalitário nos States




[email protected]


Investiu especialmente em Hollywood e na cultura, que considerava uma arma de enorme potencial manipulação ideológica dissimulada (stealth).

Lançou o CoIntelPro (Programa de Contra Inteligência) para eliminar toda a oposição.

O “Red Scare” continuou com ainda mais violência no fim das guerras prendendo mais de 5mil oposicionistas e aterrorizando e reduzindo à miséria muitos outros.

Continuou-se mais tarde no “McCartismo”.

Hollywood como arma politica mundial dissimulada




[email protected]


Foi deportada para a sua terra natal, de onde tinha saído há 34 anos, e onde ocorrera a Revolução com que sonhara.

Foi recebida por uma representação do Soviete de Petrogrado dizendo-lhes “ Eu vim para servir a Revolução”.

Encontrou-se com John Reed, Bertrand Russel, Zinoviev, Maximo Gorky, nomes internacionais da cultura socialista.

Dizia: “ A Revolução é o arauto de novos valores, o grande mestre da nova ética. É a criança que será o homem de amanhã.” Era contra toda a forma de Estado, mas encarava o Estado Soviético, como uma medida transitória excecional.

Via miséria por toda a parte a que era necessário de encontrar uma resposta.

Dois anos na Rússia




[email protected]


Continuava a haver a guerra civil liderada pelos Brancos e apoiada pelos EUA e Reino Unido.

Mas via grandes desigualdades, falta de liberdade de expressão, constantes exigências de passes para circular, perseguições de opositores, arrogância e oportunismo no seio do poder, que lhe causava serias apreensões.

Só os que estavam no Partido Comunista estavam bem.

Mas nesta fase queria era falar com toda a gente, compreender a situação.





[email protected]


Logo nas primeiras conversas com Sasha Berkman, acharam que eram inquietantes as situações a que tinham assistido, em que nem queriam acreditar.

O caminho que o Estado Bolchevique seguia era contraditório com o espírito da revolução que idealizavam.

Ouviam de responsáveis um apoio inquietante às perseguições politicas e fuzilamentos sumários.

Até a petição dos anarquistas ao governo soviético para os legalizar, os desapontou, pois nunca um anarquista pedia favores a um Estado.





[email protected]


Falou com Alexandra Kollontai que se mostrou reservada e distante, aparentando saber muito mais do que demonstrava, mas não se abriam com Emma G..

Falou com Anatoly Lunatcharsky e contestou vivamente o seu desejo de instalar um sistema educativo como o dos EUA.

(Aliás era critica também do modelo de industrialização e os métodos de trabalho de Ford. Importaram 27 mil tratores e fizeram a linha de comboio trans-siberiana com seu financiamento, tecnologia e engenheiros).





[email protected]


Alexandra Balabanoff, secretária da III Internacional, acabou por ser afastada por Zinoviev, Radek e Bukharine.

Foi recebida por Vladimir Illich Lenine (de cidade de Lena). O seu olhar era duma perfurante penetração, à sua volta tudo era rigorosa precisão e exatidão, a decoração de uma austera simplicidade em tons vermelho, nada para aliviar a mais ordenada monotonia.





[email protected]


Lenine, parco e exigente na atribuição de seu tempo. Quando questionado sobre a falta de liberdade de expressão porque ela tanto lutara, ele disse-lhe que era um preconceito burguês.

Sobre as prisões de anarquistas, respondeu friamente que eram perigosos bandidos que estavam na prisão, ou para ser executados (como diziam de Emma nos EUA).

Ficou com a impressão que era um politico astuto, Exercia um fascínio espantoso e atraente. Que estava bem informado e que sabia exatamente o que estava a fazer.

Que o Estado Centralizado era um divindade, à qual tudo devia de ser sacrificado. Tinha de ser feita a sua laicização.





[email protected]


Encontraram Kropotkine a 100 kms de Moscovo em completo isolamento, desligado da realidade, em duras condições de vida pois não aceitava apoio do governo soviético.

De volta a Moscovo tentaram vários projetos que esbarravam com barreiras burocráticas intransponíveis.

Acabaram a colaborar na organização dum Museu da Revolução, que lhes permitiu nos meses seguintes circular e contactar com antigos militantes em diversas cidades, conhecendo melhor assim a realidade, para o que lhes deram uma velha carruagem pintada de vermelho.





[email protected]


Na Ucrânia encontrou uma forte má vontade em relação ao poder central.

A policia secreta, a Tcheka, exercia um poder despótico e imprevisível.

Alguns militantes anarquistas desenvolviam esforços por organizar a luta armada contra o poder Bolchevique, eram chamados de os Verdes, contra os Brancos e os Vermelhos.

Emma achava no entanto que não era a melhor atitude visto que estavam a ser atacados pelos estados capitalistas e antigos senhores opressores.





[email protected]


Acabou por se encontrar com John Reed, que estava igualmente critico em relação aos acontecimentos, no seu leito de morte com tifo, depois de ter sido enviado contra sua vontade a Baku, e dizia “que lhe tinham armado uma armadilha”.

A ela tinham-lhe roubado as suas economias do que vivia e que lhes garantia a independência.

Na sua visita a zonas mais distantes, de menos população e mais fora do controlo central, como Arcângel, encontrou experiências socialistas e democráticas de sucesso.





[email protected]


Kroptkine faleceu no inicio de 1921, e o seu funeral, que passou em frente a uma prisão cheia de anarquistas, estes cantaram canções revolucionárias anarquistas, marcando o ritmo com batida cadenciada nas grades de ferro.

Foi a última reunião maciça de anarquistas no que no ano seguinte, se passou a chamar União Soviética (Soviete quer dizer assembleia, que estavam a ser desativadas, e seu lideres presos ou mortos).

Nas suas últimas conversas com Kroptkine ele tinha-lhe dito que ela tinha de perceber a diferença entre Revolução Comunista e o Regime, eram mundos à parte e o abismo entre eles era cada vez mais abissal.

Anarquismo enterrado na Rússia com Kropotkine




[email protected]


Regressados a Petrogrado assistiram em Fevereiro à revolta de Kronstadt com a formação de uma Comuna revolucionária, por melhores condições de trabalho e de vida, exigindo Sovietes (assembleias) Livres, e o fim da Comissáriocracia.

Foi decretada a Lei Marcial e ao fim de 16 dias, Trotzky ordenou um ataque, de que resultariam milhares de mortos, presos e fugitivos para a Finlândia.

Abateu-se sobre ela o desalento e a revolta. “Os alvos da revolução soviética (a democracia deliberativa), eram opostos aos do partido comunista (a industrialização social).

O Estado Bolchevique vencia a Revolução, com violência sistemática, opressão e terrorismo, foi uma luta de vida e de morte.

Revolta nos estaleiros de Kronstadt




[email protected]


«Para além de explicar as razões por que não podia aceitar o Estado Bolchevique, Goldman preocupou-se com a questão da necessidade de coerência entre os meios e os fins: «Não há maior falácia do que a crença de que objetivos e propósitos são uma coisa, enquanto métodos e táticas são outra. Esta conceção é uma potente ameaça à regeneração social.

Toda a experiência humana nos ensina que métodos e meios não podem ser separados do objetivo último. Os meios empregados tornam-se, através do hábito individual e da prática social, parte integrante do propósito final; influenciam-no, modificam-no e, dentro em pouco, objetivos e meios tornam-se idênticos.

Métodos e não podem ser separados do Objetivo




[email protected]


Toda a história do homem é uma prova contínua da máxima de que despojar os métodos de conceitos éticos significa mergulhar nas profundezas da total desmoralização. Aí reside a tragédia real da filosofia bolchevique tal como foi aplicada à Revolução Russa.

Possa esta lição não ter sido em vão. (…) duas civilizações se debatem mortalmente pela sua existência.



http://en.wikipedia.org/wiki/File:Dissillusioncover.jpg



[email protected]


Desde o dia em que cheguei à Rússia, senti-o, primeiro vagamente, depois, cada vez mais conscientemente e mais claramente.

Os grandiosos e inspiradores objetivos da Revolução tornaram-se tão nebulosos e obscurecidos pelos métodos usados pelo poder político governante que era difícil distinguir o que eram meios temporários e qual o propósito final.

Psicologicamente e socialmente os meios influenciam e alteram necessariamente os objetivos.

Os meios influenciam e alteram necessariamente os objetivos.




[email protected]


«A sociedade atual debate-se ferozmente com o Novo Ideal.

A Revolução Russa não foi mais do que o primeiro combate sério das duas forças, cuja luta deve continuar até ao triunfo final de uma ou de outra. [...]

Embora a Revolução Russa falhasse o seu verdadeiro objetivo, permanecerá para sempre um acontecimento histórico magnífico.

E contudo — extraordinário como é — não passa de um incidente na gigantesca guerra dos dois mundos.»

Um incidente na gigantesca Guerra de dois mundos.




[email protected]


Expatriados do Mundo

Além de Edgar Hoover, também V. Lenine e L. Trotzky a temiam, pelo que ficaram retidos em Riga, só sendo libertados para a Suécia em Janeiro de 1922, mas com limitações à sua atividade, e sempre com vistos de curta duração em cada país.Tiveram que andar sempre a mudar de pais, sempre a serem expulsos, e sempre com a Interpol e E. Hoover a pressionar os governos, num ambiente cada vez mais de crise e conservador.




[email protected]


Mas por outro lado por ter criticado a Revolução Russa em dois livros “My (further) Disillusionment in Russia”, de que a maioria dos militantes de esquerda não tinham conhecimento da realidade dos seus horrores, eram mesmo repudiados pelos trabalhadores e em especial os comunistas.

Ela consegue em 1924 ir para Inglaterra e Berkman para o Sul de França.

Vários jornalistas da Imprensa Amarela por outro lado inventam artigos com entrevistas, carregando as cores contra a revolução e omitindo os aspetos que via positivos.

“(Mais da) Minha Desilusão na Rússia”,



[email protected]


Em Inglaterra contacta com vários intelectuais socialistas, marxistas e anarquistas, mas os ventos tinham mudado com posições extremadas que não deixavam ver a realidade. Todos eram reservados e distantes. Todos os caminhos estavam vedados.

Só conseguia conferências isoladas e sobre temas de cultura ou literatura. Os velhos tempos de grandes manifestações tinham acabado, e com isso a falta de recursos.

«A sua análise teve a importância de uma avaliação quase profética da natureza e dos efeitos do Estado propaganda moderno, que só veio a ser mais largamente entendido depois da Segunda Guerra Mundial.

Os ventos tinham mudado



[email protected]


Goldman reconheceu cedo que os Estados centralizados modernos se podiam apresentar de tal modo massivos, impositivos e totalitários que convenceriam grande parte dos indivíduos da futilidade ou da perniciosidade, ou mesmo da inexistência, de qualquer método de participação social, que não fosse através do sistema político e da economia existentes.»

Com todo o movimento anarquista tinha de enfrentar uma enorme animosidade da parte dos comunistas, que nisso se juntavam ao poder conservador.




[email protected]


Quanto à libertação das mulheres, Goldman criticava o feminismo 'ortodoxo' «A mulher persistia em proteger-se com formalidades, superstições e preconceitos [...] e enquanto se não desembaraçasse deles não atingiria a completa emancipação.»

E o argumento fundamental da conferencista foi que a mera troca da cinzenta, desinteressante monotonia da casa pela cinzenta, desinteressante monotonia da fábrica ou do escritório ou da loja de vendas não conduziu à independência, à emancipação, mas consistiu meramente na troca de [uma] forma de escravidão por outra»




[email protected]


Só em 1929, aos 60 anos, desanimada, com a ajuda da milionária filantrópica Peggy Guggenheim comprou uma quinta no Sul de França e conseguiu fixar-se escrevendo então as suas memórias “Living my life”, mas sempre com grandes dificuldades financeiras, publicado só em 1931.

«A minha história não é um mero registo do movimento anarquista na América, ou mesmo da minha vida pessoal. É uma história que abarca os esforços culturais dos Estados Unidos durante um período de trinta e cinco anos.

Escreve as suas memórias “Living my life”



[email protected]


Tudo o que foi tentado em pensamento progressista na dramaturgia, na literatura, na educação, controlo da natalidade, nas várias formas de emancipação da mulher, lutas pela liberdade de expressão, tudo está presente no meu trabalho.

A juntar a isso, estão as diversas personalidades, homens e mulheres que foram ativos em alguma fase da aventura cultural da América e de diferentes países europeus.».

Depois do livro publicado em 1934, diria: «Se tivesse a minha vida para a viver outra vez, gostaria de alterar alguns detalhes. Mas, nas minhas ações mais importantes, repetiria a minha vida tal como a vivi. Empenhar-me-ia no Anarquismo com a mesma devoção e com confiança no seu triunfo final.»




[email protected]


Com sua visão premonitória dá uma conferência em 1932 sob o título “A Ditadura, uma ameaça mundial”.

Alertava contra a subida ao poder por Hitler em 1933, com o amplo apoio dos grandes industriais, mas tinha resistência da esquerda, pois alargava a sua critica ao governo Estalinista.

“Somos vozes no deserto, mais do que há 40 anos, vozes pela liberdade, mas já ninguém a quer.

Mas justamente por isso não podemos desistir. A liberdade há-de voltar a erguer a cabeça, e temos de

manter o fogo aceso.”




[email protected]


Queria que as pessoas lutassem contra a opressão que se fazia sentir, contra a acomodação que se instalava: queria acordar o direito; — e o dever — à indignação. (…)

A memória humana é tão efémera. Pensar neles (Sacco e Vanzetti) acentuou a minha

depressão.

Fez-me sentir que louca sou ao querer manter o trabalho pelas nossas ideias, quando nada muda no mundo.




[email protected]


Para que serve tudo isso? Se eu pudesse ao menos estar em paz com o mundo, como

é próprio de uma velha senhora. Tenho desgosto de mim própria pelo fogo que me

consome na minha idade. Mas que queres? Ninguém consegue sair da sua pele.» (…)

«Agora o mundo transformou-se numa prisão e a vida numa contínua reclusão solitária.

Isto é verdade, especialmente, desde o advento da ditadura, de direita e de esquerda.»




[email protected]


«Os industriais alemães têm-no (a Hitler) apoiado. Ele tem sido suficientemente financiado pela indústria pesada [...] mas o perigo real de Hitler está no que ele fará quando os seus seguidores clamarem por algo mais concreto economicamente. Quando lhe pedirem pão, ele terá que lhes dar sangue. [...]

Há medo em França e há medo em todos os países da Europa que visitei recentemente. De facto, há quase pânico na Bélgica. [...]

Os nazis não têm tão pouco apoio fora da Alemanha como imagina. Em todas as cidades da Europa têm centros de agitação. A sua propaganda cobre o mundo. Onde houver fascistas, pode encontrar amigos de Hitler.»




[email protected]


Conseguiu voltar aos Estados Unidos "algumas conferências contaram com uma assistência até duas mil pessoas para a ouvir no New Masonic Temple.

Os noventa dias nos Estados Unidos não lhe trariam grande desafogo financeiro; (…) A nova realidade americana não correspondeu ao entusiasmo com que viajou para os Estados Unidos.

Goldman, que tanto se esforçara por pôr as pessoas a pensar, escrevia cartas a Berkman onde se lastimava dos «jovens que não pensam por si próprios», que «só querem ideias enlatadas ou pré-fabricadas» e que «veneram o sacrário do homem armado até aos dentes.» (…)




[email protected]


Decididamente, os tempos tinham mudado. Os horrores da guerra terminados e esquecidos, os homens sobreviventes de volta ao país, as mulheres, que tinham tido um papel social na retaguarda, regressaram a casa.

Nos Estados Unidos, tal como na Europa do século XX, os pós-guerra deram lugar a um ambiente de euforia e a um aparente apaziguamento social, apolitizado; o movimento anarquista entrara em recessão.




[email protected]


Para os descontentes, o modelo soviético era apelativo: afinal a Revolução Russa vingara, a União Soviética estabilizava.

Quando confrontados com os excessos do sistema bolchevique, os seus apoiantes defendiam-se das críticas dizendo que «não é possível fazer omeletas sem quebrar os ovos.».

O escritor romeno Panaït Istrati tinha respondido a este argumento: «Tudo bem, os ovos partidos vejo eu: - Mas então, onde está essa vossa omeleta?».




[email protected]


O programa de eugenia que Hitler se propunha levar a cabo, legislado nas Leis de Nuremberg de 1933, 'para proteção do sangue alemão', não impressionava uma certa classe dominante e profissional americana.

Com efeito, a noção de eugenia, que nascera na Grã-Bretanha do século XIX com Sir Francis Galton, grassara de tal modo nas primeiras décadas do século XX, nos Estados Unidos, que trinta e um Estados já tinham publicado leis de esterilização e, em 1935, já tinham sido praticadas vinte mil esterilizações, geralmente impostas, sem autorização das vítimas.

Os programas sanitários de Eugenia



[email protected]


O objetivo era libertar o país de pessoas 'indesejáveis', impedindo-as de deixar descendência.

Nos indesejáveis incluíam-se alcoólicos, epiléticos, ladrões, débeis mentais, pobres, deficientes, certos grupos de imigrantes, negros, judeus, mexicanos, índios. (…)

Embora Hitler não fosse o inventor da ideia de eugenia, entusiasmou-se com ela, redefiniu-a — traduziu o objetivo americano de alcançar uma 'raça nórdica superior' para o desejo nazi de produzir uma 'raça dominante ariana' —, expandiu a sua prática e levou-a mais longe. Tão longe como a câmara de gás”

Os programas sanitários de Eugenia



[email protected]


Sobre a ocupação da Palestina

Era contra o Movimento Poale Zion, que defendia a formação dum Estado Israelita na Palestina, pois era uma versão Estatista de junção de Sionismo e Socialismo, era mais uma versão de Estatismo Burocrático que daria mau resultado. Queixava-se que permaneceria estrangeira para o resto de sua vida. O panorama da pré guerra não era animador, com o crescendo dos Industriais Militaristas do rearmamento, os “negociantes da Morte.



[email protected]


Mas Emma não concordava nem com uma coligação com os Comunistas, nem com a ilusão dum processo eleitoral.

A situação de Espanha, uma nova esperança

Em 1931, foi instaurada um República em Espanha, com uma coligação socialista. Mas em 33 um governo reacionário assume o poder, pelo que se forma uma Frente Popular com Anarquistas e Comunistas que acabaria por ganhar as eleições.



[email protected]


Os Anarquistas eram predominantes na Catalunha. Emma envolveu-se no desenvolvimento de sistemas de auto-controlo, de fábricas, aldeias, unidades agrícolas e escolas. Mas não esquecia os processos de Moscovo e as práticas dos comunistas, pelo que se opunha à coligação com eles.

Em 1936, Franco com o apoio dos governos Alemães e Italianos fascistas, e perante a passividade e neutralidade dos governos europeus e nor-americano parlamentaristas, e limitada ao apoio frágil do estado Soviético, que no entanto lançava toda a sua força contra a revolução, por dentro, acabou por não sobreviver, dando força ao expansionismo hitleriano.




[email protected]


Em março de 38, Hitler invadia a Áustria com a passividade europeia, e em março de 39 a Checoslováquia.

A única intervenção de apoio efetiva foi de intelectuais e militantes internacionalistas, que apesar de sua boa vontade, com falta de meios e mal preparados não podiam resistir. Deixaram no terreno 1, 2 milhões de mortos, 2/3 eram civis.

Em 39 foi a uma última digressão ao Canadá, mas notava com mágoa que haviam fascistas no aparelho de Estado, na polícia, mas também no parlamento e no governo.

Em fevereiro de 40 tem um acidente vascular cerebral que a deixa sem conseguir falar e em maio acaba por falecer na cidade de Toronto.




[email protected]


Imber-Black, Evan; Janine Roberts, 1998, RITUALS FOR OUR TIMES, Celebrating, healing and changing our lives, Ed. Aronson, Todd, Emmanuel, 1985, THE EXPLANATION OF IDEOLOGY, Family structures and Social Systems, Ed. Basil Blackwell

Scott, James C., 1998, SEEING LIKE A STATE, How certain Schemes to improve the human condition have failed, Ed. Yale UniversitySutton, Antony, 1974/2011, WALL STREET and the BOLSHEVIK REVOLUTION, Ed. Clairview, 228Outhwaite, William and Larry Ray, 2005, SOCIAL THEORY AND POSTCOMMUNISM, Blackwell Publishing, 256

Bakunine, Mikhail, 1870/1975, Revolução Social ou Ditadura Militar, Ed. Arcádia, 284Kroptkine, Piotr, 1899, A MORAL ANARQUISTA, Ed. Silabo, 134Malatesta, Errico; Merlino, Francesco, 2001, Democracia ou Anarquismo? A célebre polémica sobre eleições e parlamentarismo, Ed. Sotavento, 260Woodcock, George , 1962, O ANARQUISMO, Ed. Meridiano, 520Chomsky, Noam, 2004, Notas sobre o Anarquismo, Ed. Imaginário, 224

BIBLIOGRAFIA



[email protected]


Academia Popular de Filosofia 2012-06-21 total de 120 EMMA GOLDMAN suas ideias, sua obra. “Se não...

Documents

Transcript of Academia Popular de Filosofia 2012-06-21 total de 120 EMMA GOLDMAN suas ideias, sua obra. “Se não...