Aborto
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Aborto
(Redirecionado de Interrupção da gravidez)
Um aborto, abortamento ou interrupção da gravidez é a remoção ou expulsão
prematura de um embrião ou feto do útero, resultando na sua morte ou sendo
por esta causada. Isto pode ocorrer de forma espontânea ou induzida,
provocando-se o fim da gestação, e consequente fim da atividade biológica do
embrião ou feto, mediante uso de medicamentos ou realização de cirurgias.
O aborto induzido, quando realizado por profissionais capacitados e em boas
condições de higiene é um dos procedimentos mais seguros da medicina atual.
Entretanto, o aborto inseguro, feito por pessoas não-qualificadas ou fora de um
ambiente hospitalar, resulta em aproximadamente 70 mil mortes maternas e
cinco milhões de lesões maternas por ano no mundo.4 Estima-se que sejam
realizados no mundo 44 milhões de abortos anualmente, sendo pouco menos
da metade destes procedimentos realizados de forma insegura.5
A incidência do aborto se estabilizou nos últimos anos, após ter tido uma queda
nas últimas décadas devido ao maior acesso a planejamento familiar e a
métodos contraceptivos.6 Quarenta por cento das mulheres do mundo têm
acesso a aborto induzido em seus países (dentro dos limites gestacionais).
Historicamente, o aborto induzido vem sendo realizado através de diferentes
métodos e seus aspectos morais, éticos, legais e religiosos ainda são objeto de
intenso debate em diversas partes do mundo.
Índice [esconder]
1 Tipos
1.1 Aborto espontâneo
1.2 Aborto induzido
1.3 Outras classificações
2 Riscos de um Aborto
2.1 Câncer da mama
2.2 Dor do feto
2.3 Síndrome pós-abortivo
2.4 Mulheres grávidas vítimas de violência
2.5 Consequências a longo prazo para a criança não desejada
3 Métodos de indução
3.1 Aborto farmacológico
3.2 Aborto cirúrgico ou por procedimentos
3.2.1 Aspiração uterina a vácuo
3.2.2 Dilatação e curetagem uterina
3.2.3 Dilatação e evacuação
3.2.4 Eliminação ou expulsão fetal (indução do trabalho de parto)
3.2.5 Aborto por esvaziamento craniano intrauterino
3.3 Outros métodos
4 História
4.1 Terminologia
5 Sociedade e cultura
5.1 Debate sobre o aborto
5.1.1 Consequências positivas
5.1.2 Consequências negativas
5.2 Legislação
5.3 Meios de comunicação
6 Ver também
7 Referências
8 Bibliografia
9 Ligações externas
Tipos
O aborto geralmente é dividido em dois tipos, aborto espontâneo e aborto
induzido. Outras classificações também são usadas, de acordo com o tempo
de gestação, por exemplo.
Aborto espontâneo
Aborto espontâneo, involuntário ou casual, é a expulsão não intencional de um
embrião ou feto antes de 20-22 semanas de idade gestacional. Uma gravidez
que termina antes de 37 semanas de idade gestacional que resulta em um
recém-nascido vivo é conhecida como parto prematuro ou pré-termo. Quando
um feto morre no interior do útero após a viabilidade, ou durante o parto,
geralmente é chamado de natimorto.
A causa mais comum de aborto espontâneo durante o primeiro trimestre são as
anomalias cromossômicas do feto/embrião, que contabilizam pelo menos 50%
das perdas gestacionais precoces.
Outras causas incluem doenças vasculares (como o lúpus eritematoso
sistêmico), diabetes, problemas hormonais, infecções, anomalias uterinas e
trauma acidental ou intencional. A idade materna avançada e a história prévia
de abortos espontâneos são os dois fatores mais associados com um risco
maior de aborto espontâneo.
Aborto induzido
O aborto induzido, também denominado aborto provocado ou interrupção
voluntária da gravidez, é o aborto causado por uma ação humana deliberada.
Ocorre pela ingestão de medicamentos ou por métodos mecânicos. A ética
deste tipo de abortamento é fortemente contestada em muitos países do
mundo mas é reconhecida como uma prática legal em outros locais do mundo,
sendo inclusive em alguns totalmente coberta pelo sistema público de saúde.
Os dois polos desta discussão passam por definir quando o feto ou embrião se
torna humano ou vivo (se na concepção, no nascimento ou em um ponto
intermediário) e na primazia do direito da mulher grávida sobre o direito do feto
ou embrião.
O aborto induzido possui as seguintes subcategorias:
Aborto terapêutico
aborto provocado para salvar a vida da gestante8
para preservar a saúde física ou mental da mulher8
para dar fim à gestação que resultaria numa criança com problemas congênitos
que seriam fatais ou associados com enfermidades graves8
para reduzir seletivamente o número de fetos para diminuir a possibilidade de
riscos associados a gravidezes múltiplas.8
Aborto eletivo: aborto provocado por qualquer outra motivação.8
Outras classificações[editar | editar código-fonte]
Quanto ao tempo de duração da gestação:
Aborto subclínico: abortamento que acontece antes de quatro semanas de
gestação
Aborto precoce: entre quatro e doze semanas
Aborto tardio: após doze semanas
Riscos de um Aborto
Os riscos para a saúde envolvidos no aborto induzido dependem de o
procedimento ser realizado com ou sem segurança.
A Organização Mundial de Saúde define como abortos não-seguros aqueles
realizados por indivíduos sem formação, equipamentos perigosos ou em
instituições sem higiene.9 Os abortos legais realizados nos países
desenvolvidos estão entre os procedimentos mais seguros na medicina.3 10
Nos Estados Unidos, a taxa de mortalidade materna em abortos entre 1998 e
2005 foi de 0,6 morte por 100.000 procedimentos abortivos, tornando o aborto
cerca de 14 vezes mais seguro do que o parto, cuja taxa de mortalidade é de
8,8 mortes por 100.000 nascidos vivos.11 12
O risco de mortalidade relacionada com o aborto aumenta com a idade
gestacional, mas permanece menor do que o do parto até pelo menos 21
semanas de gestação.13 14 Isso contrasta com algumas leis presentes em
alguns países que exigem que os médicos informem os pacientes que o aborto
é um procedimento de alto risco.15
A aspiração uterina a vácuo no primeiro trimestre é o método de aborto não-
farmacológico mais seguro, e pode ser realizado em uma clínica de atenção
primária em saúde, clínica de aborto ou hospital. As complicações são raras e
podem incluir perfuração uterina, infecção pélvica e retenção dos produtos da
concepção necessitando de um segundo procedimento para evacuá-los.16
Geralmente são administrados antibióticos profiláticos (preventivos) (como a
doxiciclina ou metronidazol) antes do aborto eletivo,17 pois acredita-se que
eles diminuem substancialmente o risco de infecção uterina pós-operatória.18
19 As complicações após abortos no segundo-trimestre são similares às que
ocorrem após o aborto no primeiro trimestre, e dependem do método escolhido.
Existe pouca diferença em termos de segurança e eficácia entre o aborto
farmacológicos usando regime combinado de mifepristona e misoprostol e o
aborto não-farmacológico (aspiração a vácuo) quando são realizados no início
do primeiro trimestre (até 9 semanas de idade gestacional).20 O aborto
farmacológico com o uso do análogo de prostaglandina misoprostol isolado é
menos efetivo e mais doloroso do que o aborto usando o regime combinado de
mifepristona e misoprostol ou do que o aborto cirúrgico.21 22
Existe controvérsia na comunidade médica e científica sobre os efeitos do
aborto. As interrupções de gravidez feitas por médicos competentes são
normalmente consideradas seguras para as mulheres, dependendo do tipo de
cirurgia realizado.23 24 Entretanto, um argumento contrário ao aborto seria de
que, para o feto, o aborto obviamente nunca seria "seguro", uma vez que
provoca sua morte sem direito de defesa.25 26
Os métodos que não são realizados com acompanhamento médico (uso de
certas drogas, ervas, ou a inserção de objectos não cirúrgicos no útero) são
potencialmente perigosos para a mulher, conduzindo-a a um elevado risco de
infecção permanente ou mesmo à morte, quando comparado com os abortos
feitos por pessoal médico qualificado.
Segundo a ONU, pelo menos 70 mil mulheres perdem a vida anualmente em
consequência de abortos realizados em condições precárias,27 não há, no
entanto, estatísticas confiáveis sobre o número total de abortos induzidos
realizados no mundo nos países e/ou situações em que o aborto é
criminalizado.
Existem, com variado grau de probabilidade, possíveis efeitos negativos
associados à prática abortiva, nomeadamente a hipótese de ligação ao câncer
de mama, a dor fetal, o síndrome pós-abortivo. Possíveis efeitos positivos
incluem redução de riscos para a mãe e para o desenvolvimento da criança
não desejada.
Em janeiro de 2012 uma pesquisa realizada pela Organização Mundial de
Saúde revelou que a prática do aborto é maior nos países em que ele é
proibido e quase metade de todos os abortos feitos no mundo é realizada com
altos riscos para a mulher.
Entre 2003 e 2008, cerca de 47 mil mulheres morreram e outros 8,5 milhões
tiveram consequências graves na sua saúde, decorrentes da prática do aborto.
Quase todas as interrupções de gravidez intencionais realizadas de maneira
insegura, aconteceram em nações em desenvolvimento, na América Latina e
África. "O aborto é um procedimento muito simples. Todas essas mortes e
complicações poderiam ter sido facilmente evitadas", disse Gilda Sedgh,
pesquisadora-sênior do Instituto norte-americano Guttmacher, autora do
estudo.28
Câncer da mama
Ver artigo principal: Hipótese de câncer causado pelo aborto
Há uma hipótese de relação causal entre o aborto induzido e o risco de
desenvolvimento de câncer de mama.
A teoria é que no início da gravidez, o nível de estrogénio aumenta, levando ao
crescimento das células mamárias necessário à futura fase de lactação. A
hipótese de relação positiva entre câncer de mama e aborto sustenta que se a
gravidez é interrompida antes da completa diferenciação celular, então existirão
relativamente mais células indiferenciadas vulneráveis à contracção da doença.
Esta hipótese, não é bem aceita pelo consenso científico de estudos de
associações e entidades ligadas ao câncer,29 30 31 mas tem alguns
defensores como o dr. Joel Brind.32
Dor do feto
Ver artigo principal: Dor fetal
A existência ou ausência de sensações fetais durante o processo de
abortamento é hoje matéria de interesse médico, ético e político. Diversas
provas entram em conflito, existindo algumas opiniões defendendo que o feto é
capaz de sentir dor a partir da sétima semana33 enquanto outros sustentam
que os requisitos neuro-anatómicos para tal só existirão a partir do segundo ou
mesmo do terceiro trimestre da gestação.34
Os receptores da dor surgem na pele na sétima semana de gestação.
O hipotálamo, parte do cérebro receptora dos sinais do sistema nervoso e que
liga ao córtex cerebral, forma-se à quinta semana.
Todavia, outras estruturas anatómicas envolvidas no processo de sensação da
dor ainda não estão presentes nesta fase do desenvolvimento. As ligações
entre o tálamo e o córtex cerebral formam-se por volta da 23ª semana.35
Existe também a possibilidade de que o feto não disponha da capacidade de
sentir dor, ligada ao desenvolvimento mental que só ocorre após o
nascimento.36
Novos estudos do Hospital Chelsea, realizados pela Dra. Vivette Glover em
Londres sugerem que a dor fetal pode estar presente a partir da décima sétima
semana de vida do feto. O que justificaria, segundo os proponentes do aborto,
o uso de anestésicos para diminuir o provável sofrimento do feto. Estes
estudos contrariam a versão da entidade que reúne obstetras e ginecologistas
do Reino Unido, o Royal College of Obstretics and Gynacologists; para esta
organização, só há dor depois de 26 semanas.37
Síndrome pós-abortivo
Ver artigo principal: Síndrome pós-aborto
A síndrome pós-abortivo seria uma série de reações psicológicas apresentadas
ao longo da vida por mulheres após terem cometido um aborto.
Há vários relatos de problemas mentais relacionados direta ou indiretamente
ao aborto; uma descrição clássica pode ser encontrada na obra "A
psicopatologia da vida cotidiana", de Sigmund Freud. No livro "Além do
princípio de prazer", Freud salienta: "Fica-se também estupefato com os
resultados inesperados que se podem seguir a um aborto artificial, à morte de
um filho não nascido, decidido sem remorso e sem hesitação."
Há médicos portugueses, porém, que questionam a existência do síndroma;
não existe nenhum estudo português publicamente divulgado sobre o assunto.
Entretanto nos Estados Unidos, Reino Unido e mesmo no Brasil, essa
possibilidade já é bastante discutida, com resultados contrastantes.
O síndroma pós-abortivo (PAS), conhecido também como síndroma pós-
traumático pós-abortivo ou por síndroma do trauma abortivo, é um termo que
designa um conjunto de características psicopatológicas que alguns médicos
dizem ocorrer nas mulheres após um aborto provocado.42 Alguns estudos, no
entanto, concluem que alguns destes sintomas são consequência da proibição
legal e/ou moral do aborto e não do ato em si.
Entretanto, tal síndrome teria sido catalogada em inúmeras pesquisas, entre
elas a do dr. Vincent Rue que no estudo da Desordem Ansiosa Pós-Traumática
(DAPT), presente em ex-combatentes do Vietnã, que teria sua correspondente
na síndrome pós-aborto (SPA).
Algumas estatísticas de organizações pró-vida argumentam que há um
aumento de 9% para 59% nos índices de distúrbios psicológicos em mulheres
que se submetem ao aborto.43
Outro estudo, do Royal College of Psychiatrists, a associação dos psiquiatras
britânicos e irlandeses, considerou que o aborto induzido pode trazer distúrbios
clínicos severos para a mulher, e que essa informação deve ser passada para
a mesma, antes da opção pelo aborto.
Esse estudo foi repassado à população pelo Jornal Britânico Sunday Times.
Mulheres grávidas vítimas de violência
Embora existam notícias indicando que muitas mulheres grávidas morrem em
consequência de atos violentos, aparentemente46 não há dados conclusivos
que cruzem esta informação com o risco de morte geral das mulheres não-
grávidas em situações semelhantes.
Consequências a longo prazo para a criança não desejada.
Muitos membros de grupos pró-escolha47 consideram haver um risco maior de
crianças não desejadas (crianças que nasceram apenas porque a interrupção
voluntária da gravidez não era uma opção, quer por questões legais, quer por
pressão social) terem um nível de felicidade inferior às outras crianças
incluindo problemas que se mantêm mesmo quando adultas, entre estes
problemas incluem-se:
doença e morte prematura
pobreza
problemas de desenvolvimento
abandono escolar
delinquência juvenil
abuso de menores
instabilidade familiar e divórcio
necessidade de apoio psiquiátrico
falta de autoestima
Uma opinião contrária, entretanto, apresentada por grupos pró-vida, seria que,
mesmo que sejam encontradas correlações estatísticas entre gravidez
indesejáveis e situações consideradas psicologicamente ruins para as crianças
nascidas, esta situação não pode ser comparada com a de crianças abortadas,
visto que estas não estão vivas. Uma "situação de vida" não seria passível de
comparação com uma "situação de morte", visto a inverificabilidade desta
enquanto situação possivelmente existente (a chamada "vida após a morte")
pelos métodos científicos disponíveis. Como não se pode estipular se uma
situação ruim de vida, por pior que fosse, seria pior que a morte, o aborto, no
caso, não poderia ser apresentado como solução, visto que não dá a
capacidade de escolha ao envolvido, enquanto ainda é um feto.53 54 55
Métodos de indução
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Se necessita de ajuda, consulte um profissional de saúde.
As informações aqui contidas não têm caráter de aconselhamento.
Aborto farmacológico
Ver artigo principal: Aborto farmacológico
Também conhecido como aborto médico, químico ou não-cirúrgico, é o aborto
induzido por administração de fármacos que provocam a interrupção da
gravidez e a expulsão do embrião. O aborto farmacológico é aplicável apenas
no primeiro trimestre da gravidez.
Tornou-se um método alternativo de aborto induzido com o surgimento no
mercado dos análogos de prostaglandina no início dos anos 1970 e do
antiprogestágeno mifepristona (RU-486) nos anos 1980.56 57 58
Os regimes de aborto mais comuns para o primeiro trimestre utilizam
mifepristona em combinação com um análogo de prostaglandina (misoprostol)
até 9 semanas de idade gestacional, metotrexato em combinação com um
análogo de prostaglandina até 7 semanas de gestação, ou um análogo de
prostaglandina isolado.56 Os regimes de mifepristona–misoprostol funcionam
mais rápido e são mais efetivos em idades gestacionais mais avançadas do
que os regimes combinados de metotrexato-misoprostol, e os regimes
combinados são mais efetivos que o uso do misoprostol isolado.
Em abortos muito precoces, com até 7 semanas de gestação, o regime
combinado de mifepristona-misoprostol é considerado mais efetivo do que o
aborto cirúrgico (aspiração à vácuo).20 Os regimes de aborto médico precoce
que utilizam 200 mg de mifepristona, seguido por 800 mcg de misoprostol
vaginal ou oral 24-48 horas após apresentam efetividade de 98% até as 9
semanas de idade gestacional.59 Nos casos de falha do aborto farmacológico,
é necessária a complementação do procedimento com o aborto cirúrgico.60
Os abortos farmacológicos precoces são responsáveis pela maioria dos
abortos com menos de 9 semanas de gestação na Grã-Bretanha, França,
Suíça, e nos países nórdicos.65 Nos Estados Unidos, o percentual de abortos
farmacológicos precoces é menor.
Regimes de aborto farmacológico usando mifepristona em combinação com um
análogo de prostaglandina são os métodos mais comumente usados para
abortos de segundo trimestre no Canada, maior parte da Europa, China e
Índia,58 ao contrário dos Estados Unidos, onde 96% dos abortos de segundo
trimestre são realizados cirúrgicamente com dilatação e esvaziamento uterino.
Aborto cirúrgico ou por procedimentos
Os procedimentos no primeiro trimestre podem geralmente ser realizados
usando anestesia local, enquanto os realizados no segundo trimestre podem
necessitar de sedação ou anestesia geral.
Aspiração uterina a vácuo
Um aborto realizado por aspiração a vácuo com equipamento elétrico em uma
gestação de oito semanas (seis semanas após a fertilização): Bolsa amniótica:
Embrião: Endométrio: Espéculo: Cureta de aspiração6: Saída para a bomba à
vácuo
No procedimento de aspiração uterina a vácuo o médico realiza vácuo no útero
da gestante para remover o feto. São utilizados equipamentos manuais ou
elétricos para a realização do vácuo. Geralmente são realizados em gestações
de até doze semanas (primeiro trimestre).
A aspiração manual intrauterina (AMIU) consiste em uma aspiração cujo vácuo
é criado manualmente utilizando-se uma cânula flexível acoplada a uma
seringa. Foi desenvolvida para ser realizada ambulatorialmente sem anestesia
geral, não necessitando ser realizada em bloco cirúrgico. Não é necessária a
dilatação cervical.
O procedimento também pode ser utilizando um aparelho de vácuo eléctrico.
Neste tipo de aspiração o conteúdo do útero é sugado pelo equipamento.
Ambos os procedimentos são considerados não-cirúrgicos e são realizados em
cerca de dez minutos. São eficazes e seguros, pois apresentam um baixo risco
para a mulher (0,5% de casos de infecção).
Dilatação e curetagem uterina
Figura mostrando como é empregada a técnica da curetagem
Em gestações mais avançadas, nas quais o material a ser removido do útero é
muito volumoso, recorre-se à curetagem. Ao contrário da aspiração uterina à
vácuo, que pode ser realizada em consultórios ou clínicas, a dilatação e
curetagem é um procedimento cirúrgico, devendo ser realizado em um hospital
com bloco cirúrgico. Inicialmente o médico alarga o colo do útero da paciente
com dilatadores, para permitir a passagem da cureta a seguir. A cureta é um
instrumento cirúrgico cortante, em forma de colher, que é introduzida no útero
para realizar a raspagem. Servindo-se da cureta, o médico retira todo o
conteúdo uterino, incluindo o endométrio.
Uma das principais complicações da curetagem é a perfuração uterina causada
pela cureta.
Evita-se a realização da curetagem uterina em gestações com mais de 12-16
semanas sem antes realizar a expulsão fetal.
Dilatação e evacuação
O procedimento de curetagem é aplicável ainda no começo do segundo
trimestre, mas se não for possível terá de recorrer-se a métodos como a
dilatação e evacuação. Neste procedimento o médico promove primeiro a
dilatação cervical (um dia antes).
Na intervenção que é feita sob anestesia é inserido um aparelho cirúrgico na
vagina para cortar o material intra-uterino em pedaços, e retirá-los de dentro do
útero. No final é feita a aspiração. O feto é remontado no exterior para garantir
que não há nenhum pedaço no interior do útero que poderia levar a infecção
séria. Em raríssimas situações (0,17% das IVGs realizadas nos Estados
Unidos em 2000) o feto é removido intacto.
Eliminação ou expulsão fetal (indução do trabalho de parto) A eliminação ou
expulsão fetal geralmente é reservada para gestações com mais de doze
semanas. Consiste em forçar prematuramente o trabalho de parto com o uso
do análogo de prostaglandina misoprostol. Pode-se associar o uso de ocitocina
ou injeção no líquido amniótico de soluções hipertônicas com solução salina ou
ureia.
Após a expulsão fetal, pode ser necessária a realização de curetagem.
Aborto por esvaziamento craniano intrauterino
O aborto por esvaziamento craniano intrauterino (ECI), também conhecido
como aborto com "nascimento parcial", é uma técnica utilizada para provocar o
aborto quando a gravidez está em estágio avançado, entre 20 e 26 semanas
(cinco meses a seis meses e meio).68 Guiado por ultrassom, o médico segura
a perna do feto com um fórceps, puxa-o para o canal vaginal, e então retira o
feto do útero, com exceção da cabeça.
Faz então uma incisão na nuca, inserindo depois um catéter para sugar o
cérebro do feto e então o retira por inteiro do corpo da mãe. Em alguns países,
essa prática é proibida em todos os casos, sendo considerada homicídio e
punida severamente. Esta técnica tem sido alvo de intensas polêmicas nos
Estados Unidos.
Em 2003, sua prática foi proibida em todo o país, gerando revoltas de
movimentos pró-aborto.
Outros métodos
No passado, diversas ervas já foram consideradas portadoras de propriedades
abortivas e foram usadas na medicina popular.72 No entanto, o uso de ervas
com a intenção abortiva pode causar diversos efeitos adversos graves e até
mesmo letais, tanto para a mãe quanto para o feto, e não é recomendado pelos
médicos.73
O aborto, às vezes, é tentado através de trauma no abdômen. O grau da força,
se intensa, pode causar diversas lesões internas graves sem necessariamente
induzir com sucesso a perda fetal.74 No Sudeste da Ásia, há uma tradição
antiga de se tentar o aborto através de forte massagem abdominal.75
Métodos utilizados em abortos autoinduzidos não seguros incluem o uso
incorreto de misoprostol e a inserção de materiais não cirúrgicos como agulhas
e prendedores de roupas no útero. A utilização destes métodos não seguros
raramente é observada em países desenvolvidos, onde o aborto cirúrgico é
legal e disponível.76
História[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: História do aborto
A história do aborto, segundo a Antropologia, remonta à Antiguidade.
Há evidências que sugerem que, historicamente, dava-se fim à gestação, ou
seja, provocava-se o aborto, utilizando diversos métodos, como ervas
abortivas, o uso de objetos cortantes, a aplicação de pressão abdominal entre
outras técnicas.
Terminologia[editar | editar código-fonte]
A palavra aborto tem sua origem etimológica no latim abortacus, derivado de
aboriri ("perecer"), composto de ab ("distanciamento", "a partir de") e oriri
("nascer").
Sociedade e cultura[editar | editar código-fonte]
Debate sobre o aborto[editar | editar código-fonte]
Situação jurídica do aborto ao redor do mundo:
Legalizado em todos os casos
Legalizado em caso de estupro, risco de vida, problemas de saúde, fatores
socioeconômicos ou má-formação do feto
Legalizado em caso de estupro, risco de vida, problemas de saúde ou má-
formação do feto
Legalizado em caso de estupro, risco de vida ou problemas de saúde
Legalizado em caso de risco de vida ou problemas de saúde
Proibido em todos os casos
Varia por região
Não há informação
Ver artigo principal: Debate sobre o aborto
Ver página anexa: Aborto por país
Consequências positivas[editar | editar código-fonte]
Em um estudo polêmico de Steven Levitt da Universidade de Chicago e John
Donohue da Universidade Yale associa a legalização do aborto com a baixa da
taxa de criminalidade na cidade de Nova Iorque e através dos Estados Unidos.
Tal estudo apresenta, com base em dados de diversas cidades norte-
americanas e com significância estatística, o possível efeito da redução dos
índices de criminalidade onde o aborto é legal. Ainda segundo os autores,
estudos no Canadá e na Austrália apontariam na mesma direção.
O recurso a abortos ilegais, segundo os defensores da legalização, aumentaria
a mortalidade maternal. Tanto a mortalidade quanto outros problemas de saúde
seriam evitados, segundo seus defensores, quando há acesso a métodos
seguros de aborto.
Segundo o Instituto Guttmacher, o aborto induzido ou interrupção voluntária da
gravidez tem um risco de morte para a mulher entre 0,2 a 1,2 em cada 100 mil
procedimentos com cobertura legal realizados em países desenvolvidos. Este
valor é mais de dez vezes inferior ao risco de morte da mulher no caso de
continuar a gravidez.
Pelo contrário em países em desenvolvimento em que o aborto é criminalizado
as taxas são centenas de vezes mais altas atingindo 330 mortes por cada 100
mil procedimentos.77 Para o Ministro da Saúde brasileiro, José Gomes
Temporão, defensor da legalização do aborto, a descriminalização do aborto
deveria ser tratada como problema de saúde pública.78
Consequências negativas[editar | editar código-fonte]
Como consequências negativas da legalização do aborto na sociedade,
apontam-se, entre outras: a banalização de sua prática, a disseminação da
eugenia, a submissão a interesses mercadológicos de grupos médicos e
empresas farmacológicas, a diminuição da população, o controle demográfico
internacional, a desvalorização generalizada da vida, o aumento de casos de
síndromes pós-aborto, e, indiretamente, o aumento do número de casos de
DSTs (doenças sexualmente transmissíveis).79 80 81
Legislação[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Legislação sobre o aborto
Dependendo do ordenamento jurídico vigente, o aborto do nascituro considera-
se uma conduta penalizada ou despenalizada, atendendo a circunstâncias
específicas.
As situações possíveis vão desde o aborto ser considerado um crime contra a
vida humana, até ao apoio estatal para a sua realização a pedido da grávida.
82
Meios de comunicação[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Aborto nos meios de comunicação
Os assuntos relacionados com o aborto de gravidez ainda são um grande tabu
em boa parte do mundo, sobretudo em países de maioria religiosa. Os meios
de comunicação divulgam posicionamentos e opiniões variadas sobre a prática.
O assunto já foi tema de muitas músicas, filmes e documentários.
Recentemente Rebecca Gomperts provocou polêmica no Facebook, com a
publicação de um manual de aborto caseiro seguro.83 O Facebook retirou,
entretanto, a imagem que continha informações sobre como praticar o aborto
com segurança - recorrendo a um medicamento com efeito abortivo - em
países onde o aborto é ilegal.