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ABORDAGENS PEDAGÓGICAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL Prof. Bruno Pedroso

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ABORDAGENS PEDAGÓGICAS

DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO

BRASIL

Prof. Bruno Pedroso

A EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL

• Reforma Couto Ferraz (1851): inclusão oficial da Educação Física (ginástica) na escola;

• Surgimento dos métodos ginásticos no início do século XX;

• Até a década de 1930 a Educação Física assume um caráter higienista;

• Na sequência o modelo que influenciou a Educação Física até meados do século XX foi o militarista;

• Após a II Guerra Mundial, o modelo denominado Escola Nova ganha força na Educação, repercutindo na Educação Física;

A EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL

• A partir da década de 1960 a ditadura militar reprime o movimento Escola Nova. Até a década de 1980 o Esporte e a Educação Física se tornam sinônimos (Professor-treinador X Aluno-atleta);

• A partir da década de 1980 ocorre a crise da Educação Física com a contestação do modelo esportivista;

• Surge o modelo classificado como recreacionista, mas que pode ser chamado de “rola-bola”.

ABORDAGENS PEDAGÓGICAS

• Darido (2003) aponta dez propostas educacionais da

Educação Física que surgem como tentativas de superação

das visões mais biologicistas e tecnicistas do século XX:

• Psicomotricidade;

• Desenvolvimentista;

• Construtivista;

• Sistêmica;

• Crítico-superadora;

• Crítico-emancipatória;

• Cultural;

• Saúde renovada

• Jogos cooperativos;

• PCNs.

PSICOMOTRICIDADE

• Tem como objetivo principal construir a personalidade

dos alunos a partir do seu esquema corporal (LE

BOULCH, 1983);

• Valorização do processo de desenvolvimento cognitivo,

afetivo e psicomotor da criança;

• Considera a consciência corporal, a lateralidade, a

noção espaço-temporal e a coordenação motora a base

de todo o desenvolvimento da criança;

PSICOMOTRICIDADE

• O envolvimento da Educação Física é com o

desenvolvimento da criança, com o ato de aprender, com os

processos cognitivos, afetivos e psicomotores, buscando

garantir a formação integral do aluno;

• Passa a ser valorizado o processo de aprendizagem e não

mais a execução de um gesto técnico isolado;

• A psicomotricidade substitui o conteúdo predominantemente

esportivo das aulas por um conteúdo que valoriza a aquisição

de esquema motor, lateralidade, consciência corporal e

coordenação motora.

DESENVOLVIMENTISTA

• Tem como objetivo principal trabalhar o desenvolvimento

das habilidades motoras básicas (TANI et al., 1988);

• O movimento é o principal meio e fim desta abordagem,

sendo o conceito de habilidade motora imprescindível

para o seu entendimento;

• Os conteúdos devem ser desenvolvidos segundo uma

ordem de habilidades, do mais simples (habilidades

básicas) para as mais complexas (habilidades

específicas). As atividades básicas são:

DESENVOLVIMENTISTA

• As habilidades específicas são mais influenciadas pela

cultura e estão relacionados à prática dos jogos, esportes e

danças;

• Visa oferecer experiências de movimento adequadas ao nível

de crescimento e desenvolvimento do indivíduo, a fim de que

a aprendizagem das habilidades motoras seja alcançada;

• Os conteúdos devem obedecer a uma sequência

fundamentada no modelo de taxonomia do desenvolvimento

motor:

FASE MOTORA REFLEXIVA

DE 0 A 1 ANO

FASE MOTORA RUDIMENTAR

DE 0 A 2 ANOS

FASE MOTORA

ESPECIALIZADA

DE 7 A 14 ANOS

FASE MOTORA

FUNDAMENTALDE 2 A 7 ANOS

CONSTRUTIVISTA

• Tem como objetivo principal promover a

construção do conhecimento do sujeito a partir

da sua interação com o mundo, por meio da

aprendizagem da resolução dos problemas

(FREIRE, 1989);

• Resgate da cultura dos jogos e brincadeiras;

• O movimento é utilizado como meio para atingir

domínios cognitivos;

CONSTRUTIVISTA

• Propõe que as habilidades motoras sejam

desenvolvidas num contexto de jogo e brincadeira,

considerando o estágio de desenvolvimento da criança;

• Conteúdos que não têm relação com a prática do

movimento em si podem ser aceitos para atingir

objetivos que estão em torno do eixo corpo/movimento;

• Considera o movimento como um instrumento para

facilitar a aprendizagem de conteúdos diretamente

ligados ao aspecto cognitivo, como a aprendizagem da

leitura, da escrita, da matemática, etc.

SISTÊMICA

• Tem como característica a apropriação de questões

filosóficas e sociológicas como uma forma de repensar

as questões importantes no currículo de Educação

Física (BETTI, 1991);

• Possibilita ao aluno o acesso à cultura física, usufruindo,

compreendendo, reproduzindo e modificando as formas

culturais das atividades físicas e analisando corpo e

movimento: o aluno, ao correr, não deve realizar a

corrida apenas pelo movimento, mas ter a consciência

de como correr corretamente e dos benefícios que a

corrida irá trazer a ele;

SISTÊMICA

• A Educação Física não está restrita ao ensino de

habilidades motoras, embora sua aprendizagem

também deva ser entendida como um dos objetivos;

• É pautada nos princípios da não exclusão e da

diversificação;

• Nenhuma atividade poderá excluir qualquer aluno das

aulas e deve-se trabalhar atividades diferenciadas,

incluindo atividades esportivas, atividades rítmicas e

expressivas e atividades de ginástica.

CRÍTICO-SUPERADORA

• Baseada no marxismo e no neomarxismo, tem como

objetivo possibilitar ao aluno analisar e interpretar a

realidade (COLETIVO DE AUTORES, 1992);

• Valorização da questão da contextualização dos fatos

e do resgate histórico;

• Os conteúdos são selecionados a partir da relevância

social, contemporaneidade e características

sociocognitivas do aluno, e são aprofundados ao

longo das séries;

CRÍTICO-SUPERADORA

• Aluno não deve ser um mero reprodutor, e sim, um

participante do processo educacional, sugerindo

adequações pedagógicas e discutindo os conteúdos

propostos;

• Consiste em analisar os dados da realidade, interpretá-

los e emitir um juízo de valor;

• É preciso fazer com que o aluno confronte os

conhecimentos do senso comum com o conhecimento

científico, para ampliar o seu acervo de conhecimento.

CRÍTICO-EMANCIPATÓRIA

• Também baseada no marxismo, visa analisar e

questionar as características elitistas da Educação

Física transpondo-as para as questões sociais, a fim de

superar as diferenças sociais (KUNZ, 1994);

• Aborda temas relacionados com a cultura corporal,

como o jogo, o esporte, a ginástica, a dança e a

capoeira;

• Visa atingir as finalidades da Educação Física Escolar,

associada à proposta de reverter a imagem do esporte

voltado apenas para o alto rendimento;

CRÍTICO-EMANCIPATÓRIA

• Tem por objetivo a formação de sujeitos críticos e

autônomos para transformação da realidade em que

estão inseridos, por meio de uma educação de caráter

crítico e reflexivo;

• Em um primeiro momento os indivíduos são

confrontados com a realidade do ensino;

• Posteriormente, utiliza a seguinte sequência de ensino:

encenação, problematização, ampliação e reconstrução

coletiva do conhecimento.

CULTURAL

• Critica a perspectiva biológica, que entende o corpo humano

como um conjunto de ossos, músculos e articulações e que

as aulas de Educação Física devem ser as mesmas para

todos os alunos, em qualquer época e lugar (DAÓLIO, 1993);

• Pressupõe que o ponto de partida da Educação Física é o

repertório corporal que cada aluno possui quando chega à

escola;

• Procura entender as pessoas a partir de suas diferenças, de

modo que em hábitos e práticas não exista certo ou errado,

melhor ou pior, de forma que a diferença não seja pensada

como inferioridade;

CULTURAL

• Entende o movimento como técnica corporal construída e

definida culturalmente;

• Visa atender a totalidade dos alunos, sem exclusão durante

todo o processo de ensino e aprendizagem, independente da

atividade proposta ou das características dos alunos;

• É baseada numa perspectiva antropológica, com sua

discussão vinculada ao surgimento da cultura ao longo da

evolução dos primatas até culminar com o aparecimento do

Homo sapiens.

JOGOS COOPERATIVOS

• Tem como objetivo principal desenvolver a

cooperação entre todos os alunos (BROTO, 1995);

• Ajuda as pessoas a aprenderem a trabalhar em

grupos, e valoriza é a colaboração de cada

indivíduo do grupo. Valoriza a cooperação em

detrimento da competição;

• Ganhar ou perder não é o que realmente importa, e

sim, o processo como um todo. Todos são

vencedores;

JOGOS COOPERATIVOS

• Pressupõe que é a estrutura social que determina se os

membros de determinadas sociedades irão competir ou

cooperar entre si;

• Entende que há um condicionamento, um treinamento na

escola, família, mídia, para fazer acreditar que as pessoas

não têm escolhas e têm que aceitar a competição como

opção natural;

• São divertidos para todos e todos têm um sentimento de

vitória, enquanto os jogos competitivos são divertidos apenas

para alguns e a maioria tem sentimentos de derrota e é

excluída por falta de habilidades.

SAÚDE RENOVADA

• Tem como objetivo combater problemas orgânicos pela falta

de atividade física, sendo que esta na infância pode auxiliar a

cultura de hábitos saudáveis ao longo de toda a vida

(GUEDES; GUEDES, 1996; NAHAS, 1997);

• Educação Física como meio de promoção da saúde e

indicação para um estilo de vida ativo;

• Critica a prática de apenas as modalidades esportivas

tradicionais, já que considera estas menos interessantes para

a promoção da saúde, devido à dificuldade no alcance das

adaptações fisiológicas e porque sua prática não é realizada

ao longo de toda a vida;

SAÚDE RENOVADA

• Busca conscientizar o aluno sobre a necessidade de

conhecer os benefícios da atividade física relacionada à

saúde e a qualidade de vida;

• Entende que as práticas de atividade física vivenciadas na

infância e adolescência são importantes atributos no

desenvolvimento de atitudes, habilidades e hábitos que

podem auxiliar na adoção de um estilo de vida ativo

fisicamente na idade adulta;

• Preocupação com o ensino de conceitos relacionados à

saúde e com os alunos excluídos (sedentários, obesos,

deficientes).

PARÂMETROS CURRICULARES

NACIONAIS• Em 1997, foram lançados os documentos referentes aos 1° e 2°

ciclos do Ensino Fundamental e em 1998 os referentes aos 3° e 4°

ciclos do Ensino Fundamental, incluindo um documento específico

para a área da Educação Física (BRASIL, 1998);

• Não é uma abordagem específica da Educação Física, mas recebe

destaque, por auxiliarem o professor na tarefa de reflexão e

discussão de aspectos da prática pedagógica diária;

• Têm como função primordial subsidiar a versão curricular dos

estados e municípios, dialogando com as propostas e experiências

já existentes, incentivando a discussão pedagógica e a elaboração

de projetos educativos, servindo como material de reflexão para a

prática de professores;

PARÂMETROS CURRICULARES

NACIONAIS• É pautado em três princípios:

– Inclusão: todo aluno tem direito à participação plena nas aulas

Educação Física, devendo-se encontrar estratégias que

possibilitem a inclusão de tantos alunos quanto for possível em

diferentes conteúdos;

– Alteridade: é preciso considerar um sujeito único, que necessita ser

respeitado, ouvido e compreendido;

– Diversidade: os programas de Educação Física devem

compreender a maior diversificação possível de práticas da cultura

corporal possibilitando ao aluno a descoberta de variados sentidos

na cultura corporal.

• Os critérios para a seleção de conteúdos são a relevância social, as

características dos alunos e características de cada região;

PARÂMETROS CURRICULARES

NACIONAIS• Sugere o ensino por meio de três dimensões:

– Procedimental (fazer) – habilidades, destrezas, técnicas,

procedimentos, etc.;

– Conceitual (conhecer) - fatos, conceitos e princípios;

– Atitudinal (ser/conviver) – normas, valores e atitudes.

• Propõe um relacionamento das atividades da Educação

Física com os grandes problemas da sociedade

brasileira, através do que denominam temas

transversais;