Abordagem semiótica dos textos de auto-ajuda - Levi ......Um dos livros do levantamento deste...

Unesp UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

ldquoJUacuteLIO DE MESQUITA FILHOrdquo

Faculdade de Ciecircncias e Letras Campus de Araraquara ndash SP

LEVI HENRIQUE MERENCIANO

AABBOORRDDAAGGEEMM SSEEMMIIOacuteOacuteTTIICCAA DDOOSS TTEEXXTTOOSS DDEE

AAUUTTOO--AAJJUUDDAA

Araraquara ndash SP

2009

1




Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Linguumliacutestica e Liacutengua Portuguesa da Faculdade de Ciecircncias e Letras da UNESP campus de Araraquara como requisito para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Linguumliacutestica e Liacutengua Portuguesa

Orientador Prof Dr Arnaldo Cortina

Bolsas CAPES e FAPESP

Araraquara ndash SP

2009

2







Data de aprovaccedilatildeo __________

MEMBROS COMPONENTES DA BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________________


Departamento de Linguumliacutestica e Liacutengua Portuguesa FCLAr - UNESP

________________________________________________________

Membro Titular Renata Maria F C Marchezan


_________________________________________________________

Membro Titular Antonio Vicente S Pietroforte

Departamento de Linguumliacutestica e Semioacutetica FFLCH ndash USP

3

Merenciano Levi Henrique Abordagem semioacutetica dos textos de auto-ajuda Levi Henrique Merenciano ndash 2009

203 f 30 cm

Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Linguumliacutestica e Liacutengua Portuguesa) ndash

Universidade Estadual Paulista Faculdade de Ciecircncias e Letras Campus

de Araraquara

I Orientador Arnaldo Cortina

l Linguumliacutestica 2 Liacutengua Portuguesa 3 Leitura 4 Best sellers 5 Semioacutetica I Tiacutetulo

4

Agradecimentos

Agradeccedilo agraves agecircncias de fomento agrave pesquisa CAPES e FAPESP instituiccedilotildees sem as

quais a efetivaccedilatildeo da pesquisa natildeo teria sido possiacutevel Agravequela por ter financiado os sete

primeiros meses de pesquisa agrave uacuteltima por financiar o tempo restante ateacute fevereiro de 2009

Tambeacutem devo agradecer ao meu orientador Arnaldo Cortina pessoa sempre atenta

aos pormenores do andamento do projeto assim como aos deveres do bolsista e agraves obrigaccedilotildees

acadecircmico-cientiacuteficas envolvidas na pesquisa como um ldquotodo de sentidordquo

Agradeccedilo enfim aos demais presentes na minha vida (amigos e colegas) que sempre

me apoiaram nessa empreitada

5

Resumo

A procura do leitor brasileiro pelo discurso de auto-ajuda tem sido um fato inegaacutevel

contemporaneamente Por isso este trabalho visa descrever a organizaccedilatildeo e o funcionamento dos textos de auto-ajuda mais vendidos de 1991 a 2006 a partir dos rankings ldquoauto-ajuda e esoterismordquo listados semanalmente pela revista Veja A partir de um corpus organizado por meio do levantamento dessas listas de livros o objetivo central consiste em sugerir uma tipologia linguumliacutestica para os discursos de auto-ajuda mais vendidos atualmente A abordagem semioacutetica de orientaccedilatildeo greimasiana possui criteacuterios adequados de descriccedilatildeo do plano de conteuacutedo com vistas a oferecer uma definiccedilatildeo tipoloacutegica mais refinada dos discursos Os niacuteveis fundamental narrativo e discursivo na sua dimensatildeo sintagmaacutetica e paradigmaacutetica do percurso gerativo de sentido podem oferecer um quadro suficiente de elementos descritivos segundo a maior ou menor incidecircncia dos seus componentes na organizaccedilatildeo dos discursos tais como o investimento axioloacutegico das categorias fundamentais (euforia e disforia) os percursos dos actantes funcionais (destinador-manipulador destinataacuterio-sujeito e do destinador-julgador) as fases da narrativa (manipulaccedilatildeo competecircncia perfoacutermance e sanccedilatildeo) a natureza do objeto-valor (cognitivo ou pragmaacutetico modal ou descritivo) a projeccedilatildeo do sujeito da enunciaccedilatildeo (as marcas do enunciador e do enunciataacuterio) e a constituiccedilatildeo discursiva (textos predominantemente figurativos predominantemente temaacuteticos ou equivalentemente temaacutetico-figurativos) A auto-ajuda agrave maneira dos discursos teacutecnicos (manuais de montagem receitas de cozinha por exemplo) tende a privilegiar a fase da competecircncia Nesta o percurso do destinador-manipulador contribui para que o seu enunciataacuterio (a projeccedilatildeo do leitor) saiba e possa construir o valor subjetivo que procura Nesse caso o livro constroacutei um objeto-valor eufoacuterico de natureza cognitiva (modal) que possui um valor descritivo subjetivo No niacutevel discursivo o jogo argumentativo eacute construiacutedo pela relaccedilatildeo entre os temas tratados e as maneiras pelas quais satildeo figurativizados a fim de ilustrar sensorialmente os conceitos discutidos Pensa-se portanto em elaborar um inventaacuterio dos componentes semioacuteticos invariantes (assim como discutir quando necessaacuterio os variantes) dos livros estudados com vistas a tentar definir um estatuto linguumliacutestico de base discursiva para a auto-ajuda manifestada textualmente a partir de um corpus com discursos desse tipo mais vendidos no Brasil Palavras-chave auto-ajuda leitor leitura livros mais vendidos Semioacutetica tipologia

discursiva

6

Abstract

The Brazilian readerrsquos search for self-help discourses has been a fact nowadays For this reason this work proposes to study the linguistic and discursive processes related to best-selling books of self-help literature in the period 1991-2006 by means of the lists of best-sellers in the Self-Help genre organized and listed weekly by Veja a Brazilian news magazine Starting from a corpus collected from these book lists the aim is to suggest a linguistic typology for the current best-selling self-help books The methodological perspective of Greimasian semiotics has appropriate criteria for the description of the level of contents aiming at suggesting more elaborate typological definitions of discourses The deep narrative and discursive levels in its syntagmatic and paradigmatic dimensions of the generative process of meaning can offer enough descriptive elements according to the large or small incidence ndash focus ndash of its semiotic components in the organization of discourses such as the axiological investment of thymic deep components (euphoria and dysphoria) the path of functional actants (sender-manipulator receiver-subject and sender-judge) the narrative phases (manipulation competence perfoacutermance and sanction) the characteristics of the object of value (cognitive pragmatic modal or descriptive) the projection of the subject of enunciation (how sender and receiver can be linguistically manifest) and the discursive level components (texts which are predominantly thematic predominantly figurative or thematic and figurative in equal measure) Self-help books similarly to technical discourses (culinary recipes instruction manuals) tend to focus on the phase of competence In it the sender-manipulator makes its receiver-subject (the readerrsquos discursive projection) ldquoknowing-how-to-dordquo and ldquobe able-to-dordquo so he or she elaborate the subjective object wanted To do so the books examined engender a euphoric object of value with a cognitive characteristic (modal) and a descriptive-subjective object of value On the discursive level the argumentative organization is elaborated by means of the relationship between the themes and their figurative constitution in order to illustrate appealing to the human senses the concepts under discussion This work thus intends to elaborate an inventory of the invariant semiotic components (as well as discuss the variant ones) of the books studied in order to try to define a discourse-based linguistic framework to self-help literature by means of a corpus with the best-selling self-help books in Brazil

Keywords self-help reader reading best-selling books Semiotics discursive typology

7

Sumaacuterio

INTRODUCcedilAtildeO 8

1 MERCADO EDITORIAL CULTURA DE MASSAS E BEST-SELLERS 17

11 O mercado editorial brasileiro17

12 Auto-ajuda e best-sellers na qualidade de cultura de massas 20

13 O fenocircmeno da auto-ajuda um panorama histoacuterico 23

2 A METODOLOGIA SEMIOacuteTICA E SUA APLICACcedilAtildeO 29

21 O ldquopercurso gerativordquo da Semioacutetica 29

22 O percurso gerativo em foco 34

23 Os procedimentos enunciativos na construccedilatildeo da argumentaccedilatildeo 45

24 O ethos do enunciador e o pathos do enunciataacuterio 46

25 O leitor e o autor impliacutecitos 48

3 OS COMPONENTES SEMIOacuteTICOS PARA A CLASSIFICACcedilAtildeO DOS DISCURSOS 51

31 Os componentes da gramaacutetica fundamental 51

32 Os componentes da gramaacutetica narrativa 52

33 Os componentes da gramaacutetica discursiva 54

4 CONSTITUICcedilAtildeO DO CORPUS OS LIVROS MAIS VENDIDOS DE 1991 A 2006 56

41 Hipoacuteteses sobre a constituiccedilatildeo das listas de livros 56

42 Criteacuterios para seleccedilatildeo das listas de livros do corpus 57

43 Apresentaccedilatildeo do corpus 59

5 APRESENTACcedilAtildeO DOS TEXTOS DO CORPUS 63

6 ANAacuteLISE DA ATUACcedilAtildeO DOS COMPONENTES SEMIOacuteTICOS 89

61 A semacircntica do niacutevel fundamental 89

62 Euforia e disforia 89

63 O percurso dos actantes funcionais 94

64 O destinador-manipulador 94

65 O destinador-manipulador e destinataacuterio-sujeito 97

66 As fases da narrativa 99

67 A competecircncia 99

68 Competecircncia e perfoacutermance102

69 A natureza do objeto-valor 106

610 Objetos-valor modais e descritivos107

611 As marcas do enunciador e do enunciataacuterio108

612 Tematizaccedilatildeo e figurativizaccedilatildeo 111

613 A predominacircncia de temas 112

614 A predominacircncia de figuras 113

615 A convivecircncia de temas e de figuras 114

616 Sugestotildees tipoloacutegicas para os textos de auto-ajuda 116

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 124

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS128

Referecircncias do corpus 131

ANEXOS 133

8

Introduccedilatildeo

Percebemos diferenccedilas e graccedilas a essa percepccedilatildeo o mundo ldquotoma formardquo diante de noacutes e para noacutes

(Greimas Semacircntica Estrutural 1973 p 28)

Estudar a organizaccedilatildeo discursiva de uma totalidade de discursos de auto-ajuda mais

vendidos no Brasil vai aleacutem de descrever as estrateacutegias do mercado livreiro a publicidade

massiva de editoras a publicaccedilatildeo de rankings de livros Nesse caso devem-se perceber

diferenccedilas estruturais de conteuacutedo pois se quer estudar as maneiras pelas quais o objeto livro

manipula o seu leitor cabendo a este seguir intuitivamente as marcas do seu mundo no texto

os rastros deixados pelo enunciador nas malhas do discurso No ato de leitura ao estabelecer

uma espeacutecie de identidade com os textos que lecirc para Lajolo amp Zilberman (1999) o leitor se

configura como um sujeito dotado de reaccedilotildees desejos e vontades a quem cabe seduzir e

convencer (p 17) Para as autoras todo o escritor de forma voluntaacuteria ou natildeo depara com

essa instacircncia da alteridade procurando conquistaacute-la de um modo ou de outro (p 17)

Ao estudar as formas de manifestaccedilatildeo textual da auto-ajuda (nos livros de

comportamento nos guiais culinaacuterios e de sauacutede nos manuais de como administrar a famiacutelia e

os negoacutecios etc) procuram-se meios possiacuteveis de ndash ao mesmo tempo em que se reconstitui

linguumlisticamente o leitor contemporacircneo ndash sugerir tipologias discursivas para os textos mais

vendidos atualmente a fim de explicar as suas nuances as suas identidades e diferenccedilas

estruturais O estudo tipoloacutegico que seraacute apresentado teraacute a necessidade de ao investigar um

corpus de livros mais vendidos fornecer criteacuterios linguumliacutesticos para distinguir entre si um

nuacutemero representativo de textos de auto-ajuda que agraves vezes natildeo se apresentam como tal ou

por outro lado que deixam expliacutecita a sua postura de manual de autoconhecimento Martelli

(2006) discute sobre a quase ausecircncia de criteacuterios distintivos entre as diversas frentes da auto-

ajuda de acordo com a organizaccedilatildeo das estantes de grandes livrarias nacionais Para ela natildeo

haacute um consenso a respeito dos autores e tiacutetulos que podem ser considerados auto-ajuda uma

vez que ela verificou na estante de uma das maiores livrarias do paiacutes que cada uma obedece a

um criteacuterio proacuteprio de categorizar os tiacutetulos Em algumas na seccedilatildeo de auto-ajuda encontram-

se misturados tiacutetulos que discutem medicina alternativa poder da mente educaccedilatildeo sauacutede

religiatildeo receitas de sucesso nos negoacutecios Em outras haacute uma divisatildeo de tiacutetulos que sugere

categorizaccedilotildees como auto-ajuda religiotildees esoterismo e vida praacutetica (MARTELLI 2006 p

178)

9

A respeito da falta de consenso sobre o limite de temas que a auto-ajuda incorpora a

sua constituiccedilatildeo discursiva em alguns discursos ocorre um entrelaccedilamento de assuntos

diversos Um dos livros do levantamento deste trabalho Natildeo faccedila tempestade em copo drsquoaacutegua

(CARLSON 1998) mesmo que apresente os elementos baacutesicos dos textos de auto-ajuda ndash

capiacutetulos curtos linguagem simples modo verbal do tiacutetulo no imperativo sub-tiacutetulo auto-

explicativo ndash no momento oportuno pretende unir o ponto de vista da auto-ajuda ao

elemento miacutestico-religioso quando cita a Filosofia Zen e o seu elemento ldquofluirrdquo

Quando ldquonatildeo se faz tempestade em copo drsquoaacuteguardquo a vida pode natildeo se tornar perfeita mas aprendemos a aceitar o que ela tem a nos oferecer como mais complacecircncia Conforme ensina a filosofia Zen quando superamos os problemas em vez de resistirmos a eles com todas nossas forccedilas a vida comeccedila a fluir (p 18-9)

Em outro discurso do corpus O monge e o executivo (HUNTER 2004) constroacutei-se um

discurso semelhante ao anterior mas pretende unir os elementos miacutesticos (religiatildeo vida de

desapego) com vocaacutebulos relativos agrave gestatildeo de negoacutecios Por meio da uniatildeo de elementos

como atividade e passividade o livro pretende ensinar como ser um ldquoliacuteder servidorrdquo pois

afirma que quem lidera tambeacutem deve saber servir A organizaccedilatildeo dos seus capiacutetulos obedece a

um nuacutemero cabaliacutestico o sete revelando o misticismo imbuiacutedo no nuacutemero em questatildeo e

remete tambeacutem agrave busca do sujeito John por espiritualiadade Em Pais brilhantes professores

fascinantes (CURY 2003) as partes do livro tecircm capiacutetulos que destacam a significaccedilatildeo do

nuacutemero cabaliacutestico sete ldquoSete haacutebitos dos bons pais e dos pais brilhantesrdquo ldquoOs sete haacutebitos

dos bons professores e dos professores fascinantesrdquo ldquoOs sete pecados capitais dos

educadoresrdquo (p 5-6) Alguns textos mostram narrativas de sonho magia em que se procura

seduzir o leitor enunciataacuterio pelas mensagens de motivaccedilatildeo e engrandecimento que produzem

como em Nunca desista de seus sonhos de Cury (2004 p 11)

Um dia uma crianccedila chegou diante de um pensador e perguntou-lhe ldquoQue tamanho tem o universordquo Acariciando a cabeccedila da crianccedila ele olhou para o infinito e respondeu ldquoO universo tem o tamanho do seu mundordquo Perturbada ela novamente indagou ldquoQue tamanho tem o meu mundordquo O pensador respondeu ldquoTem o tamanho dos seus sonhosrdquo

Em virtude dessas constataccedilotildees ndash de que haacute poucos criteacuterios distintivos norteando os

diferentes temas abordados e sobretudo de que a auto-ajuda discorre sobre assuntos diversos

ndash afirma-se a importacircncia do fenocircmeno da auto-ajuda pois conforme a sua predominacircncia

nas listas ldquoauto-ajuda e esoterismordquo da revista Veja e conforme o trabalho de Cortina (2006 p

10

129) conclui-se que satildeo os livros mais vendidos hoje em dia incondicionalmente Por esse

motivo para a finalidade deste trabalho satildeo considerados os discursos mais lidos tambeacutem

Esse fato merece desse modo uma atenccedilatildeo especial no que diz respeito agraves estrateacutegias que

fazem parte da sua organizaccedilatildeo e funcionamento discursivos ndash o seu plano interno ndash e

daquelas que atuam paralelamente ao plano de conteuacutedo formando tambeacutem um conjunto

significante a respeito das quais devem ser levadas em conta no seu exame discursivo como

os elementos para-textuais (ilustraccedilotildees de capa o tipo de encadernaccedilatildeo o estilo das fontes os

depoimentos e biografias das orelhas etc)

Em linhas gerais a auto-ajuda apresenta um conteuacutedo manipulador em que propotildee

dotar o seu leitor na qualidade de enunciataacuterio desse discurso de objetos-valor cognitivos1

configurados como conhecimentos de finalidade praacutetica seja para confortar o espiacuterito

realizar-se no amor lidar com forccedilas ocultas saber gerenciar o seu negoacutecio adaptar o

comportamento ao meio contar histoacuterias de motivaccedilatildeo etc Esses conteuacutedos diversos satildeo

expressos conforme estrateacutegias argumentativas tambeacutem diversas em que integram uma

espeacutecie de composiccedilatildeo ecleacutetica Satildeo configurados assim de diversas maneiras pois ora

ampliam seu foco para o miacutestico ora para a autobiografia ora para a gestatildeo de negoacutecios etc

Nesse caso impera por vezes uma forma narrativa de organizar o seu discurso (relatos de

vida paraacutebolas) e noutros momentos uma forma dissertativa (teses estudos cientiacuteficos

doutrinas etc) Jaacute que satildeo dotados de uma organizaccedilatildeo estrutural heterogecircnea procuram

atrair uma gama diversificada de leitores ao que responde pela necessidade de entender a

subjetividade Ao oferecer leituras mais intimistas tambeacutem oferece meios para o cultivo da

interioridade Afirma Ignaacutecio de Loyola Brandatildeo (GAMA 1994 p 97) que os leitores da

deacutecada de 90 em diante passaram a explorar mais o caminho do intimismo e das crises

existenciais em contrapartida com a literatura que se desenvolvia nos anos de 1970 mais

voltada para a realidade em que se vivia ou seja para os fatos objetivos relacionados ao

contexto histoacuterico de sua produccedilatildeo

De um ponto de visa sociohistoacuterico diz Ruumldiger (1996) que o fenocircmeno da auto-ajuda

ldquo[] refere-se ao conjunto textualmente mediado de praacuteticas atraveacutes das quais as pessoas

procuram descobrir cultivar e empregar seus supostos recursos interiores e transformar sua

subjetividaderdquo (p 11) Organizando o discurso a sua maneira essa manifestaccedilatildeo discursiva

divide opiniotildees Roberto Shinyashiki e Paulo Coelho iacutecones de autores que arrebataram o

1 A semioacutetica concebe o processo de narratividade por meio da relaccedilatildeo entre os actantes sujeito e objeto Ao entrar em relaccedilatildeo de junccedilatildeo com o objeto o sujeito investe nele um valor (positivo ou negativo) por isso eacute um objeto-valor Se ao objeto estaacute aliado um conhecimento tem-se portanto um objeto-valor cognitivo modalizado por um saber-fazer

11

filatildeo da auto-ajuda e do esoterismo nos anos 90 despertam opiniotildees dos mais diferentes tipos

O ensaio da revista Veja ldquoCamelocirc da felicidaderdquo (VEJA 12 fev 1992 p 76-9) menciona que

ldquo[] nos uacuteltimos anos os leitores vatildeo agrave livraria como quem vai agrave farmaacutecia comprar um

remeacutediordquo (p 76) Reflete sobre a atuaccedilatildeo dos camelocircs da felicidade em que o escritor Roberto

Shinyashiki eacute um deles Apesar de se divorciar duas vezes e ter filhos de diferentes

casamentos daacute dicas sobre como manter um relacionamento amoroso equilibrado O ensaio

resume o perfil do leitor desses textos ao dizer que uma das caracteriacutesticas dos seus

consumidores eacute que raramente entram numa livraria e que o sucesso de autores como

Shinyashiki e das americanas Louise Hay e Chris Griscom autores cativos nas listas de best-

sellers do paiacutes nasce por meio de uma espeacutecie de corrente da felicidade Nesse caso o que

importa no livro eacute que ele traga conselhos praacuteticos para livrar-se de uma dificuldade relativa ao

cotidiano (ibid p 78)

Em uma outra direccedilatildeo os consumidores do esoterismo de Paulo Coelho

(CAMACHO 1998 p 94-100) tema incorporado por alguns autores de auto-ajuda situam-se

nos extremos dividem-se entre o grupo dos assiacuteduos e dos increacutedulos Os primeiros exaltam a

qualidade das liccedilotildees destacadas os seus elementos maacutegicos e o novo sentido dado agrave vida por

meio das descobertas dos personagens narradas em seu texto como destacam a apresentadora

Angeacutelica a atriz Carolina Ferraz e o poliacutetico Eduardo Suplicy Os increacutedulos satildeo enfaacuteticos

Arriscam a dar opiniatildeo inclusive aqueles que natildeo leram uma paacutegina de Paulo Coelho Criacuteticos

como Davi Arrigucci Jr dizem ldquoNatildeo li e natildeo gosteirdquo (ibid p 98) Candido Mendes de

Almeida atribui a gloacuteria do autor ao ldquomundo global do facilitaacuterio da mente e da ignoracircncia

transformada em submagia [] produto de loja de conveniecircnciardquo (ibid p 99) Joseacute Paulo Paes

diz que o livro esoteacuterico ndash e por extensatildeo o de auto-ajuda ndash eacute o tipo de texto que resolve os

problemas enquanto se estaacute lendo mas quando se estaacute fechado todos os problemas retornam

redobrado (ibid p 99)

Mesmo que haja grosso modo duacutevidas sobre a qualidade e sobre a veracidade do

discurso de auto-ajuda de simplesmente ser um manual de como fazer ldquoisso ou aquilordquo de

como empregar corretamente recursos interiores ndash inclusive por ser um produto cultural

industrializado um tipo de cultura de massas ndash a sua organizaccedilatildeo e funcionamento

discursivos assim como a literatura respeitada pela criacutetica acadecircmica possuem mecanismos

especiacuteficos de construccedilatildeo A respeito dos procedimentos estiliacutesticos dos best-sellers Sodreacute

(1988) explica como atuam os mecanismos especiacuteficos de interpelaccedilatildeo fatores estes segundo

o autor herdados do gecircnero folhetinesco o elemento miacutetico a atualidade informativo-

jornaliacutestica o pedagogismo e a retoacuterica consagrada da literatura anterior O autor diz que a

12

uma certa ampliaccedilatildeo do gecircnero folhetinesco estatildeo ligadas obras como O Tubaratildeo de Peter

Benchley ndash adaptado para o cinema na deacutecada de 70 por Steven Spielberg ndash em que os

fatores de interpelaccedilatildeo citados satildeo usados para agradar a um mercado consumidor

determinado e acentuar ideologias especiacuteficas como o isolacionismo estadunidense e o

american way of life Em uma direccedilatildeo um pouco diferente da apontada por Sodreacute (que sugere

uma classificaccedilatildeo dos procedimentos estiliacutesticos adotados nos discursos de massa) deve-se

explicar aqui como eacute possiacutevel observar a maior ou menor incidecircncia e complexidade dos

mecanismos de construccedilatildeo ndash os processos de significaccedilatildeo ndash dos livros de auto-ajuda mais

vendidos com base na descriccedilatildeo dos niacuteveis fundamental secircmio-narrativo e discursivo

propostos pela Semioacutetica O intuito de elaborar um inventaacuterio mesmo natildeo definitivo que decirc

conta de articular e ldquodissecarrdquo na medida do possiacutevel esses objetos de significaccedilatildeo em

tipologias coopera para uma tentativa de descriccedilatildeo linguumliacutestica de um micro-universo

significante passiacutevel assim de uma anaacutelise estrutural

Um exame estrutural de livros mais vendidos foi aplicado no corpus do projeto ldquoA

leitura no Brasil de 1975 a 1990rdquo Nesse projeto foi elaborado um registro dos livros de ficccedilatildeo

mais vendidos anualmente de 1975 a 1990 por meio de Veja com vistas a explicar as

variacircncias e invariacircncias de conteuacutedo desses discursos ou seja a maior ou menor

complexidade dos componentes do percurso gerativo de sentido atuantes nos textos mais

vendidos O resultado do exame do seu plano de conteuacutedo rendeu discussotildees interessantes

sobre o que foi apontado como gecircnese para os textos de auto-ajuda contemporacircneos Nesse

estudo levou-se em conta que os livros mais vendidos refletem as escolhas do leitor nesse

periacuteodo Para tanto o sujeito enunciador (a projeccedilatildeo do autor) vale-se de estrateacutegias

argumentativas ndash por meio de histoacuterias ficcionais de accedilatildeo-intriga semelhantes aos filmes

comerciais ndash que manipulam o enunciataacuterio-leitor a aderir o seu contrato ficcional de accedilatildeo e

intrigas A respeito disso os discursos veiculados pelos textos de ficccedilatildeo nos anos 70

organizaram-se estruturalmente de acordo com determinadas variacircncias e invariacircncias de

conteuacutedo que revelaram por sua vez uma imagem de leitor preocupado com os fatos

histoacutericos que marcaram a deacutecada de 1970 Nesse caso foi observado um perfil de leitor para

os anos 70 e outro para os anos 80 A partir desses dois momentos pode-se compreender a

tendecircncia dos discursos de ficcccedilatildeo adotarem na sua composiccedilatildeo um direcionamento voltado

para os temas tratados pela auto-ajuda a partir dos anos 90

Os textos de accedilatildeo-intriga com presenccedila marcante nas listas de 1975 a 1980 faziam

por exemplo um diaacutelogo com os fatos histoacutericos da eacutepoca em que foram produzidos

confirmando o que Ignaacutecio de Loyola Brandatildeo disse anteriormente no artigo de Gama

13

(VEJA 13 jul 1994 p 97) Por esse motivo os leitores procuraram ler textos cuja estrutura

narrativa mostrava ficcionalmente a realidade histoacuterica da eacutepoca em que viviam Geralmente

um estado inicial de opressatildeo (figurativizado por um tirano por um regime comunista por

terroristas pela ameaccedila de uma terceira grande guerra) devia ser combatido pelo fazer de

sujeitos oprimidos (figurativizados como militantes de esquerda guerrilheiros soldados da

paz comunidades campesinas oprimidas) Por isso as temaacuteticas da Ditadura2 (em referecircncia

ao que ocorria no Brasil e na Ameacuterica Espanhola) e da Guerra Fria3 (em referecircncia ao cenaacuterio

internacional bipolorizado) faziam frente agrave temaacutetica do capitalismo encabeccedilado pelas accedilotildees do

governo estadunidense Este considerado o regime libertador e democraacutetico deveria atuar

para esfacelar os regimes tiranos como fazem os filmes comerciais de Hollywood Nesse caso

a organizaccedilatildeo desses discursos foi mais invariante nesse periacuteodo pois o niacutevel fundamental da

maioria dos discursos articulou-se de acordo com a oposiccedilatildeo axioloacutegica ldquoopressatildeo vs

liberdaderdquo A partir da anaacutelise do niacutevel fundamental desses textos (periacuteodo 1975-1980) tem-se

um perfil de leitor diferente do puacuteblico que se interessou pelos mais vendidos de 1981 a 1990

No que se refere aos mais vendidos a partir de 1981 tem-se um conjunto de

manifestaccedilotildees discursivas de conteuacutedo mais heterogecircneo A anaacutelise do niacutevel fundamental dos

mais procurados de 1981 a 1990 pocircde mostrar uma variacircncia que se refere agraves oposiccedilotildees do

niacutevel fundamental ldquoignoracircncia vs conhecimentordquo4 ldquohumanidade vs divindaderdquo5 e ldquoessecircncia

vs aparecircnciardquo6 Livros como As brumas de Avalon e A insustentaacutevel leveza do ser obras que

aparecem entre as mais vendidas nos anos 80 questionam o ser enquanto sujeito que deve dar

atenccedilatildeo agrave sua individualidade por meio da busca de maneiras de ser O primeiro o faz de um

ponto de vista religioso narrando a vida de uma jovem que defende a seita pagatilde das bruxas

(articulada como divindade) frente agrave religiatildeo oficial o catolicismo (articulada com os valores

de humanidade) O segundo faz um questionamento filosoacutefico sobre a existecircncia humana

trabalhando o paradoxo do peso (articulado como aparecircncia) e da leveza (articulada como

essecircncia) inerentes agrave vida para explicar a volubilidade das accedilotildees do homem Ambos os textos

destacam a importacircncia das crenccedilas sejam religiosas ou filosoacuteficas que perdidas em meio agrave

individualidade das pessoas satildeo utilizadas para o bem comum

2 Conversa na Catedral (VARGAS LLOSA 1977 Fazenda Modelo (HOLLANDA 1975) A gota drsquoaacutegua (HOLLANDA amp PONTES 1996) 3 A alternativa do diabo (FORSYTH 1979) O navegante (WEST 1976)

4 O nome da rosa (ECO 1983) As areias do tempo (SHELDON 1989) 5 As brumas de Avalon (BRADLEY 1985) O alquimista (COELHO 1990) 6 A insustentaacutevel leveza do ser Risiacuteveis amores (KUNDERA 1985a 1985b)

14

Conclui-se nessa primeira pesquisa sobre livros mais vendidos realizada durante a

graduaccedilatildeo em projeto de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica que os textos de auto-ajuda tatildeo comuns a partir

dos anos 90 podem ter sido o resultado de uma simplificaccedilatildeo estrutural de narrativas dos anos

70 e 80 de acordo com a evoluccedilatildeo que foi mostrada de textos mais objetivos (voltados para

os fatos da realidade como os textos de accedilatildeo-intriga) em direccedilatildeo a construccedilotildees discursivas

mais subjetivas (voltadas para a interioridade dos indiviacuteduos como a auto-ajuda configurada

contemporaneamente) Nestes textos mais intimistas passou a estar expliacutecita a projeccedilatildeo de um

sujeito enunciador que se comunica diretamente com o seu leitor enunciataacuterio destinando-lhe

conhecimentos que o ajude a resolver problemas especiacuteficos de natureza pessoal

(MERENCIANO 2007) Por isso satildeo discursos que manipulam subjetividades maneiras de

ser O consumo da literatura de auto-ajuda passou a ser um fato inegaacutevel nos anos 90 e por

esse motivo mercadoloacutegico a revista Veja adicionou aos seus rankings semanais (ldquoOs mais

vendidosrdquo) a categoria ldquoauto-ajuda e esoterismordquo a partir de dezembro de 1996 Essas listas

seratildeo o ponto de partida para a procura dos discursos mais consumidos hoje em dia e em

seguida para uma sugestatildeo tipoloacutegica da auto-ajuda que ao mesmo tempo em que destacaraacute

os componentes semioacuteticos invariantes tambeacutem indicaraacute aqueles menos atuantes na sua

organizaccedilatildeo

O exame de conteuacutedo dos livros mais vendidos teraacute como base a proposta de Fiorin

(1990) Em Sobre a tipologia dos dicursos o autor parte da anaacutelise dos componentes dos niacuteveis

semioacuteticos a fim de estabelecer uma tipologia dos discursos Com o objetivo de caracterizaacute-

los com base em uma teoria da significaccedilatildeo (a Semioacutetica greimasiana) o autor indica maneiras

de estabelecer tipologias para os diferentes tipos de discurso Fiorin diz que os componentes

dos niacuteveis semioacuteticos podem explicar as maneiras pelas quais se constituem linguumlisticamente

os textos No campo da semacircntica e da sintaxe dos niacuteveis fundamental narrativo e discursivo

estatildeo relacionados aspectos importantes para a descriccedilatildeo do plano de conteuacutedo dos textos de

auto-ajuda A maior ou menor complexidade e atuaccedilatildeo dos componentes semioacuteticos nos

textos podem oferecer uma tipologia dos discursos estudados

Acredita-se que enquanto uma totalidade de textos que articulam estruturas e temas

tatildeo diversos a auto-ajuda engendra um nuacutemero significativo de discursos variantes (gestatildeo de

negoacutecios guia de comportamento sauacutede culinaacuteria educaccedilatildeo motivaccedilatildeo etc) que ensinam a

manipular subjetividades sobretudo Ao detectar apoacutes o exame dos livros certas invariacircncias

de conteuacutedo pode-se pensar em como sugerir uma tipologia da auto-ajuda difundida no Brasil

contemporanemente Para Fiorin (1990) uma tipologia calcada nas teorias do discurso natildeo

15

tem o objetivo de constituir uma norma e sim mostrar que mecanismos (processos de

significaccedilatildeo) geram os diferentes tipos de discursos sociais (p 97)

No que diz respeito agrave organizaccedilatildeo deste trabalho ela foi elaborada de acordo com sete

capiacutetulos

No primeiro seraacute apresentado um perfil do mercado livreiro no Brasil dos anos 80 em

diante Tendo em vista que o mercado editorial foi se especializando nos anos 90 na

propaganda investida nos produtos e na quantidade de livros publicados tem-se no acircmbito

nacional uma proliferaccedilatildeo de editoras especializadas em atender aos mais diferentes

segmentos da sociedade (editoras de literatura popular universitaacuteria didaacuteticos romances

textos de auto-ajuda etc) Esse quadro reflete o quanto o processo de industrializaccedilatildeo da

produccedilatildeo editorial faz parte da realidade dos discursos que circulam na sociedade e

sobretudo dos texos de auto-ajuda contemporacircneos Por esse motivo pode-se dizer que satildeo

cultura de massa pois leva-se em conta que a auto-ajuda faz parte do tipo de cultura

mencionada por Morin (1969) que eacute produzida segundo os padrotildees do capitalismo e voltada

para o consumo

No segundo e terceiro capiacutetulos satildeo apresentadas uma exposiccedilatildeo da teoria Semioacutetica

(uma breve explicaccedilatildeo dos seus fundamentos epistemoloacutegicos) juntamente com o estudo dos

elementos linguumliacutesticos pertinentes para este trabalho (o percurso gerativo de sentido e as

teorias da enunciaccedilatildeo) e em seguida os componentes semioacuteticos especiacuteficos e seus

desdobramentos para uma classificaccedilatildeo tipoloacutegica dos discursos

Na parte quatro estatildeo especificados o meacutetodo utilizado para o registro das listas de

livros da revista Veja bem como os motivos pelos quais foram selecionados o nuacutemero total de

vinte textos mais consumidos de 1991 a 2006 ndash incluindo desse modo uma justificativa sobre

a pertinecircncia das listas enquanto reflexo das escolhas do leitor em geral Finalizando o

capiacutetulo seraacute apresentado o corpus deste trabalho e uma observaccedilatildeo sobre os textos mais

vendidos (se os autores satildeo nacionais ou estrangeiros se os tiacutetulos remetem agrave auto-ajuda se haacute

maior recorrecircncia de um determinado livro e natildeo de outros etc) O corpus eacute formado assim

pelo cocircmputo das listas de livros registradas no periacuteodo mencionado

Por meio da apresentaccedilatildeo da ilustraccedilatildeo de capa dos vinte textos selecionados ndash

coletadas da internet ndash o capiacutetulo cinco adiciona uma apresentaccedilatildeo do conteuacutedo desses textos

e uma anaacutelise sucinta dos fatores para-textuais pertinentes a cada discurso que natildeo somente a

capa mas os textos de orelha o intuito propagandiacutestico a formataccedilatildeo e o tamanho das fontes

textuais a qualidade e o tamanho da encadernaccedilatildeo etc Todos esses fatores que orbitam em

16

torno do sentido satildeo necessaacuterios para que se perceba a dimensatildeo da atuaccedilatildeo dessa literatura ndash

as suas estrateacutegias de leitura ndash no que diz respeito ao seu puacuteblico-alvo

O sexto capiacutetulo procura explicitar a atuaccedilatildeo dos componentes semioacuteticos no plano de

conteuacutedo dos textos apresentados (a maior ou menor atuaccedilatildeo dos elementos do percurso

gerativo) com vistas a sugerir uma indicaccedilatildeo tipoloacutegica para a totalidade dos discursos

examinados Para finalizar o sexto capiacutetulo seratildeo apresentadas esquematicamente tabelas

com a finalidade de organizar as tipologias sugeridas

17

1 Mercado editorial cultura de massas e best-sellers

Ao apresentar um breve panorama da evoluccedilatildeo do mercado editorial e do fenocircmeno

da auto-ajuda ndash no plano contextual e na qualidade de cultura de massas ndash pretende-se

explicar culturalmente a relevacircncia e a procura relativas aos textos de auto-ajuda analisados

neste trabalho

11 O mercado editorial brasileiro

O trabalho de Hallewell (1985) em um dos capiacutetulos que trata mais especificamente

sobre o mercado livreiro no Brasil iraacute abranger as primeiras deacutecadas do seacuteculo XX ateacute 1981

O autor compotildee um estudo do livro e das instituiccedilotildees editorais em acircmbito nacional em que

nota o quanto as desigualdades sociais parecem compartilhar com as desigualdades do

mercado de livros tendo em vista que uma cultura parcialmente efetiva do livro foi instaurada

no paiacutes somente em 1808 com a transferecircncia da Famiacutelia Real para o Brasil

Segundo o autor ateacute meados da deacutecada de 50 o eixo RiondashSatildeo Paulo respondia por

mais de 50 dos tiacutetulos e cerca de 82 do total do valor produzido no mercado editorial

nacional No final da deacutecada de 70 os dois mercados jaacute contavam com 94 dos tiacutetulos e 97

dos exemplares publicados No iniacutecio da mesma deacutecada continham 75 das vendas nas

livrarias Os elementos favoraacuteveis a esse mercado foram a enorme participaccedilatildeo no produto

interno bruto a alta renda meacutedia per capita a taxa crescente de alfabetizaccedilatildeo a maior

densidade populacional e a soberania na concentraccedilatildeo de bibliotecas o que respondia pelo

nuacutemero de 2455 das 2542 espalhadas em outras partes do territoacuterio nacional Esses fatores

refletiam nos anos 70 como era precaacuteria a distribuiccedilatildeo de livros pelo paiacutes

A maacute distribuiccedilatildeo das livrarias tambeacutem refletia a influecircncia do eixo sul-sudeste uma

vez que contava com 65 das 75 grandes livrarias no paiacutes das quais 22 estavam em Satildeo Paulo e

no Rio de Janeiro 11 em Porto Alegre 5 em Curitiba e 4 em Belo Horizonte No paiacutes ainda

natildeo eram comuns as empresas atacadistas sendo que as grandes editoras contavam com

empresas filiadas apenas nos grandes centros Dessa forma os distribuidores trabalhavam sem

participaccedilatildeo em sociedade com editores uma vez que eram apenas consignataacuterios Mesmo

obtendo distribuiccedilatildeo proacutepria os editores natildeo tinham a tradiccedilatildeo de enviar representantes de

venda aos Estados com distribuiccedilatildeo pequena de livrarias como Norte e Nordeste

18

Ao focar o paiacutes na deacutecada de 80 Hallewell aponta para um crescente nuacutemero de

editoras Segundo levantamento do ldquoGuia da Editoras Brasileirasrdquo citado pelo autor as

editoras espalhadas pelo paiacutes atingiam o nuacutemero de 481 Hallewell segue enumerando aquelas

que cresceram muito na deacutecada e que respondiam por uma grande distribuiccedilatildeo de tiacutetulos de

ficccedilatildeo entre as quais Nova Fronteira Record Brasiliense e Globo Entre essas a editora que

mais se especializou no setor natildeo-didaacutetico foi a Record Aleacutem disso um fenocircmeno editorial

como a Brasiliense passou a ocorrer na deacutecada em virtude do crescimento das vendas e da

expansatildeo editorial Coleccedilotildees como ldquoPrimeiros Passosrdquo e ldquoTudo eacute Histoacuteriardquo alavancaram o

crescimento da Brasiliense porque englobavam assuntos diversos como poliacutetica economia e

sociedade em geral e eram distribuiacutedas em ediccedilotildees pequenas baratas e acessiacuteveis aos puacuteblicos

mais geral e especializado Em 1965 a editora Abril (hoje Nova Cultural) estreou a jornada

dos fasciacuteculos com a ediccedilatildeo ilustrada da Biacuteblia Utilizou uma rede de bancas com cerca de

18000 postos pelo paiacutes em que a vendagem alcanccedilou 150000 exemplares por fasciacuteculo

Seguindo essa mesma linha surgiram outros fasciacuteculos como o ldquoPequeno dicionaacuterio da liacutengua

portuguesardquo o ldquoLivro da vidardquo a ldquoEnciclopeacutedia Abrilrdquo ldquoOs pensadoresrdquo entre outros A

maioria dessas coleccedilotildees foi organizada para ser vendida em 50 fasciacuteculos quinzenais ou 100

fasciacuteculos semanais isto eacute em dois anos Hoje em dia o mercado editorial continua a difundir

esse tipo de publicaccedilatildeo Servem de exemplo as coleccedilotildees que de vez em quando tecircm

relanccedilamentos como a ldquoObras Primasrdquo e ldquoOs pensadoresrdquo bem como as coleccedilotildees do jornal

Folha de S Paulo que versam sobre assuntos diversos geografia culinaacuteria histoacuteria pintura

Hallewell (1985) fornece um trabalho estatiacutestico do mercado editorial nacional quando

ilustra a distribuiccedilatildeo de livros por canal de 1973 a 1982 (p 562) e a sua produccedilatildeo segundo o

tipo de publicaccedilatildeo de 1966 a 1980 (p 566) A distribuiccedilatildeo por canal abrange Atacado Varejo

(livrarias papelarias e bancas em geral) e vendas Diretas (vendas a oacutergatildeos do Governo) Em

dez anos (1973 a 1982) o Atacado oscilou de 46 a 21 na distribuiccedilatildeo no Varejo

dominaram as livrarias (16 a 29 do mercado) disputando com as bancas de jornal nos

anos de 1979 e 1982 com porcentagens de 209 em 1979 e de 179 em 1982 enquanto as

papelarias mantiveram uma meacutedia de 5 e as vendas para oacutergatildeos do Governo soacute contavam

com dados de 1978 em diante que variaram de 8 a 14 aproximadamente Jaacute a produccedilatildeo

conforme o tipo de publicaccedilatildeo possui dados oriundos de um periacuteodo de quinze anos (1966 a

1980) As obras avulsas dominaram o mercado da publicaccedilatildeo com aacutepices de 76 (1977) e

baixas de 571 (1973) as coleccedilotildees respondiam por variaccedilotildees de 465 (1980) a ateacute 202

(1966) os livros de bolso mantiveram-se entre 10 e 11 aproximadamente ateacute iniacutecio de

1980 e os fasciacuteculos oscilaram de 412 (1977) a 271 do mercado (1973) A fonte dos

19

dados de Hallewell proveio do SNEL (Sindicato Nacional dos Editores de Livros) A partir

das constataccedilotildees do autor percebe-se um impulso gradual de industrializaccedilatildeo do livro que

tende a aumentar nos anos 90 Com relaccedilatildeo a essa deacutecada diz Mayrink (VEJA O negoacutecio das

letras 10 abr 1996) articulista de Veja que desde o iniacutecio do dececircnio ateacute 1995 o nuacutemero de

tiacutetulos produzidos no setor editorial dobrou Tem-se portanto um quadro com nuacutemeros

relativamente altos Para a articulista a induacutestria editorial nacional passou por grande

crescimento na deacutecada

Com 330 milhotildees de exemplares 40000 tiacutetulos (18000 deles novos) e faturamento de 18 bilhatildeo de reais em 1995 as cerca de 600 editoras brasileiras se encontram numa situaccedilatildeo ateacute confortaacutevel Nos uacuteltimos cinco anos o setor editorial quase dobrou o nuacutemero de tiacutetulos produzidos e o nuacutemero de exemplares vendidos cresceu 76 (p 102)

Confirmando o crescimento detectado nos anos 90 outra articulista de Veja Acircngela

Pimenta (VEJA Cultura de massa 18 jun 1997 p 156) mostra os dados relativos aos valores

absolutos de venda e ao nuacutemero de lanccedilamentos das dez grandes editoras nacionais no

periacuteodo de 1996 dentre elas Martins Fontes Globo Objetiva Nova Fronteira Ediouro

Rocco Siciliano Companhia da Letras Record LPampM Editores No setor de interesse geral a

Record responde pelo maior faturamento com 29 milhotildees de reais por ano seguida pela

Companhia das Letras com 215 milhotildees e pela Siciliano jaacute um pouco abaixo com 13

milhotildees de reais por ano LPampM responde pelo menor faturamento em torno de 47 milhotildees

de reais No setor de livros didaacuteticos a Aacutetica eacute disparado a campeatilde O seu faturamento anual

chega a 242 milhotildees de reais seguida pela FTD (129 milhotildees) Saraiva (818 milhotildees) e

Moderna (78 milhotildees)

Nesse movimento do mercado de livros que indicou um grande aumento de vendas

em poucas deacutecadas observa-se o quanto o mercado editorial investiu maciccedilamente em livros e

na campanha dos lanccedilamentos de tiacutetulos Isso indica que a procura pelos livros mesmo que

natildeo sejam os cacircnones literaacuterios aumentou grandiosamente a partir dos anos 90 Isso reflete

portanto a procura pelos livros de auto-ajuda (muitos deles best-sellers que alcanccedilam a casa dos

milhotildees de tiacutetulos vendidos) o que disperta por parte das editoras livreiros e impressores o

interesse por atender ao mercado consumidor contemporacircneo

20

12 Auto-ajuda e best-sellers na qualidade de cultura de massas

Para efeito deste trabalho leva-se em conta que o termo best-seller estaacute diretamente

ligado ao estabelecimento do consumo da cultura de massa na medida em que representa

economicamente um processo de grande vendagem de livros e por outro lado o

estabelecimento de procedimentos teacutecnico-esteacuteticos para a elaboraccedilatildeo da proacutepria literatura de

massa (SODREacute 1988) Por isso acredita-se que a auto-ajuda faz parte dela pois o

investimento maciccedilo em propaganda entre outros fatores mercadoloacutegicos atesta o quanto

esses discursos satildeo os mais consumidos atualmente pelo leitor em geral

Sodreacute (1988) apresenta os aparatos teacutecnicos que dizem respeito agrave literatura de massa

ao propor um estudo a respeito do que chama literatura de mercado Nota-se a partir da

argumentaccedilatildeo do autor que vocaacutebulos como best-seller e folhetim podem ser tomados cada

um de acordo com o seu periacuteodo de surgimento e popularizaccedilatildeo como sinocircnimos de

literatura de massa Desse modo para que a obra se torne o que eacute (ser bem vendida ou

apreciada pela criacutetica) eacute necessaacuterio ser reconhecida pelo meio acadecircmico ou pela proacutepria

massa consumidora Nesse caso o best-seller obedece geralmente natildeo agrave criacutetica da cultura

acadecircmica mas a regras de oferta e procura do mercado consumidor Eacute importante dizer que

as regras de produccedilatildeo exigidas pelo mercado geram obrigatoriamente efeitos ideoloacutegicos

distintos A fim de ilustrar o processo pelo qual passa um livro para se constituir um best-seller

Sodreacute cita a obra Os misteacuterios de Paris de Eugegravene Sue Escrita no seacuteculo XIX e analisada por

grandes pensadores como Marx Engels e Gramsci mostra as doutrinas da reforma social

utilizando como mecanismos de interpelaccedilatildeo quatro fatores o elemento miacutetico a atualidade

informativo-jornaliacutestica o pedagogismo e a retoacuterica consagrada da literatura anterior Para

Sodreacute (1988) a literatura brasileira adaptou seus tiacutetulos de autores como Dumas Dickens e do

proacuteprio Sue Esses autores eram folhetinistas assim como muitos dos escritores de destaque

brasileiros o foram Joaquim Manuel de Macedo Bernardo Guimaratildees e Joseacute de Alencar entre

muitos satildeo exemplos de autores nacionais folhetinistas adeptos da narrativa romacircntica

Lembra-se que a fronteira pode ser tecircnue entre um livro culto e um best-seller e entre o

autor e a sua intenccedilatildeo de publicaccedilatildeo Segundo Sodreacute haacute obras escritas para ser um best-seller

que pelo contraacuterio satildeo reconhecidas como obras cultas como no caso de Charles Dickens

Havia autores que desdenhavam as suas produccedilotildees como Conan Doyle e as suas aventuras de

Sherlock Holmes porque se dedicavam paralelamente a romances que praticamente eram

desconhecidos Eacute preciso lembrar que publicar textos sejam eles direcionados agrave massa ou ao

21

consumidor culto natildeo eacute tarefa faacutecil A diferenccedila eacute que o folhetinista se dedica a uma forma

popular de contar a histoacuteria e o escritor a um projeto esteacutetico do texto

O hibridismo que ocorre muitas vezes na maneira de ser da literatura de massa ndash e das

miacutedias de massa em geral ndash acarretou ao romance moderno muacuteltiplas intenccedilotildees (de niacutevel

psicoloacutegico metafiacutesico esteacutetico ou social) diz Sodreacute Em virtude disso torna-se difiacutecil rotular

um best-seller de policial por exemplo se a ele misturam-se aventura terror ou drama familiar

ldquoNem sempre o gecircnero se define com muita clareza ndash satildeo pura e simplesmente best-sellers isto

eacute uma combinaccedilatildeo variada dos elementos que compotildeem a estrutura do texto folhetinesco ou

da literatura de massardquo (Sodreacute 1988 p 55)

De fato pode-se dizer que a auto-ajuda enquanto produto de massa (difundido

conforme normas industriais de produccedilatildeo da cultura) adota tambeacutem uma combinaccedilatildeo variada

de elementos tanto pertencentes a sua estrutura quanto relativos aos temas incorporados

Como foi apontado a ela estatildeo atreladas questotildees de gestatildeo de negoacutecios comportamento

guia de sauacutede culinaacuteria motivaccedilatildeo autobiografia etc Essa problemaacutetica coloca a auto-ajuda

entre os discursos os quais fica difiacutecil rotular ndash da mesma forma como os best-sellers ndash de

simplesmente auto-ajuda pois sua estrutura muitas vezes eacute o resultado de uma combinaccedilatildeo

entre um texto narrativo ou ficcional ndash exemplos de vida relatos de superaccedilatildeo ndash com um

texto que disserta sobre algum conhecimento de finalidade praacutetica A heterogeneidade

constituinte da auto-ajuda enfim instiga a estabelecer tipologias para os discursos mais

consumidos que fazem parte dessa literatura pois ela objetiva ldquomanejarrdquo em uma mesma

unidade discursiva acredita-se pontos de vista diferentes

Jaacute que foi mencionada a heterogeneidade incorporada agrave auto-ajuda seraacute apresentado

um breve estudo lexicoloacutegico dos termos ldquoauto-ajudardquo ldquoesoterismordquo e ldquomisticismordquo ndash que

remete aos resultados da pesquisa de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica ndash com vistas a entender que os

elementos miacutestico e esoteacuterico em alguns discursos satildeo ldquoaliadosrdquo da auto-ajuda Natildeo se quer

dizer com essa comparaccedilatildeo que misticismo-esoterismo eacute o mesmo que auto-ajuda mas

simplesmente explicar o quanto o autoconhecimento congressa esses termos ou seja eacute o

ponto comum entre eles Como haacute um toque de misticismo-esoterismo em alguns discursos

do corpus ndash O monge e o executivo (HUNTER 2004) Nunca desista de sesus sonhos (CURY 2004) e

em Vocecirc eacute insubstituiacutevel (CURY 2003) por exemplo ndash a partir das acepccedilotildees fornecidas pelo

Dicionaacuterio Aureacutelio (FERREIRA 2004) podem-se observar as relaccedilotildees de sentido entre os

vocaacutebulos Eles satildeo definidos assim

22

auto-ajuda [De aut(o) + ajuda] Substantivo feminino 1Meacutetodo de aprimoramento pessoal em que o indiviacuteduo pretende buscar sem ajuda de outrem soluccedilotildees para problemas emocionais superaccedilatildeo de dificuldades etc esoterismo [Do fr eacutesoteacuterisme] Substantivo masculino 1Filos Doutrina ou atitude de espiacuterito que preconiza que o ensinamento da verdade (cientiacutefica filosoacutefica ou religiosa) deve reservar-se a nuacutemero restrito de iniciados escolhidos por sua inteligecircncia ou valor moral 2Designaccedilatildeo que abrange um complexo conjunto de doutrinas praacuteticas e ensinamentos de teor religioso e espiritualista em que se confundem influecircncias de religiotildees orientais e ciecircncias ocultas associadas a teacutecnicas terapecircuticas e que supostamente mobilizam energias natildeo integrantes da ciecircncia e que visam a iniciar o indiviacuteduo nos caminhos do autoconhecimento da paz espiritual da sabedoria da sauacutede da imortalidade etc [Cf exoterismo e ocultismo] misticismo [De miacutestico + -ismo] Substantivo masculino 1Crenccedila ou doutrina religiosa dos miacutesticos [v miacutestico (5)] 2Miacutestica (2) 3O elemento miacutestico de qualquer doutrina o misticismo dos positivistas 4Tendecircncia a considerar a accedilatildeo de supostas forccedilas espirituais ocultas na natureza que se manifestam por vias outras que natildeo as da experiecircncia comum ou as da razatildeo 5Disposiccedilatildeo para crer no sobrenatural [Sin ger p us misticidade]

De acordo com as acepccedilotildees apresentadas misticismo e esoterismo satildeo doutrinas

(formas de crenccedila) em uma de suas acepccedilotildees Levam em conta a accedilatildeo de forccedilas espirituais

ocultas configuram-se como experiecircncias que fogem agrave razatildeo definem uma doutrina religiosa

como base Enfim ditam uma maneira de ser em que a crenccedila em forccedilas da natureza que

parte sobretudo da exterioridade do sujeito manifesta-se por vias que fogem agrave racionalidade

cientiacutefica O esoterismo eacute definido como uma via para iniciar o indiviacuteduo no campo do

autoconhecimento que tem a ver com paz espiritual sauacutede sabedoria e imortalidade O

esoterismo tem assim uma definiccedilatildeo mais especializada mais especiacutefica enquanto o

misticismo eacute mais abrangente Este define grosso modo aquele que tem capacidade para crer no

sobrenatural na accedilatildeo de forccedilas sobrenaturais Nota-se que os dois termos em questatildeo

misticismo e esoterismo tecircm definiccedilotildees que se entrecruzam se confundem enfim se

complementam em direccedilatildeo agrave auto-ajuda enquanto pensamentos de aprimoramento pessoal

em que se buscam meios de solucionar e superar problemas emocionais Nesse caso o

enfoque da auto-ajuda recai na interioridade do sujeito ou seja configura-se como forma de

23

ajudar a si proacuteprio Eacute interessante que no acircmbito da acepccedilatildeo do esoterismo eacute permitida uma

constituiccedilatildeo heterogecircnea em que os domiacutenios das religiotildees orientais e das ciecircncias ocultas

atuam juntamente com teacutecnicas terapecircuticas que mobilizam energias natildeo integrantes da

ciecircncia Enfim as trecircs acepccedilotildees abordam em comum o campo do autoconhecimento

Em seguinda seraacute apresentado um quadro geral sobre o surgimento da auto-ajuda e o

seu desenvolvimento ateacute a atualidade momento em que essa forma de ver o mundo de

praticar o autoconhecimento passa a representar um sucesso editorial Verificar-se-aacute depois

como eacute possiacutevel relacionar esse fenocircmeno agrave cultura produzida em escala industrial a mass

media

13 O fenocircmeno da auto-ajuda um panorama histoacuterico

Em Auto-ajuda e individualismo (RUumlDIGER 1996) e Auto-ajuda e gestatildeo de negoacutecios

(MARTELLI 2006) podem-se contemplar respectivamente um panorama da auto-ajuda no

acircmbito histoacuterico e uma perspectiva do mesmo tema na contemporaneidade Com Morin

(1969) contemplamos um estudo da cultura de massa ndash a mass-media que se propaga por meio

de impresso filme raacutedio e tevecirc ndash no seio da sociedade capitalista Este filoacutesofo procura

explicar como e para que tipo de indiviacuteduo a cultura industrializada produz as suas tendecircncias

Morin (1969) faz referecircncia a dois momentos da sociedade poacutes-industrial que deram

iniacutecio agrave cultura de massa Diz que no comeccedilo do seacuteculo XX houve uma industrializaccedilatildeo

propriamente dita ndash a colonizaccedilatildeo da Aacutefrica e a dominaccedilatildeo da Aacutesia ndash e mais adiante uma

outra ldquoa industrializaccedilatildeo do espiacuteritordquo (p 15) Segundo ao autor esta colonizaccedilatildeo metafoacuterica

tem a ver com a alma e progrediu no decorrer do seacuteculo XX Por meio dela opera-se um

processo ininterrupto de teacutecnicas voltadas agrave organizaccedilatildeo exterior que penetram no domiacutenio

interior do homem derramando assim mercadorias culturais (p 15) Essa forma de cultura

de acordo com as teacutecnicas da imprensa do raacutedio da tevecirc do cinema propagou-se para todas

as esferas da vida Esses objetos culturais que circulam por vaacuterios meios formam o conjunto

do que Morin chama cultura de massa que eacute um tipo de cultura ldquo[] produzida segundo as

normas maciccedilas da fabricaccedilatildeo industrial propagadas pelas teacutecnicas de difusatildeo maciccedilardquo (ibid

1969 p 16) Esse tipo de cultura destina-se a uma massa social a ldquo[] um aglomerado

gigantesco de indiviacuteduos compreendidos aqueacutem e aleacutem das estruturas internas da sociedaderdquo

(ibid p 16)

Em linhas gerais o mercado cultural de massa contemporacircneo tende a alguns fatores

Um deles diz respeito a uma variedade a qual Morin denomina sistematizada e

24

homogeneizada a que torna assimilaacutevel a um homem meacutedio ideal os mais diferentes

conteuacutedos Outro fator citado diz respeito ao sincretismo que homogeniza sob um

denominador comum a diversidade dos conteuacutedos (ibid p 38) Para o autor esses

procedimentos de sincretismo e homogeneizaccedilatildeo de conteuacutedos tecircm a ver com a busca do

maacuteximo consumo dando agrave cultura de massa um de seus caracteres fundamentais (ibid p 39)

Em capiacutetulo chamado ldquoO novo puacuteblicordquo Morin (1969 p 37-49) volta o seu

pensamento para o grande puacuteblico que satildeo os consumidores de mercadorias culturais Explica

que o setor que destina seus produtos a um puacuteblico mais diferenciado possiacutevel obteacutem sucesso

sendo pois um produto de massa A literatura de auto-ajuda pode ser considerada como tal

(expressatildeo produzida industrialmente e voltada para o consumo) porque tende a

universalidade tende a abranger um puacuteblico variado (miacutestico carente pai de famiacutelia

executivo etc) O pensador contemporacircneo Lipovetsky (1997) fala em produtos

individualizados que satildeo produzidos na justa medida do aproveitaacutevel e que apresentam os

mesmos esquemas sem muita variaccedilatildeo Por isso ocorre uma tendecircncia de as mercadorias

culturais serem produzidas para um puacuteblico mais diferenciado possiacutevel Para ele o produto

apresenta sempre uma individualidade mas que eacute enquadrada nos esquemas tiacutepicos onde natildeo

ocorre uma subversatildeo vanguardista mas a novidade do clichecirc (um misto de forma canocircnica e

de ineacutedito) Continua dizendo que

Eacute preciso evitar o complexo apresentar histoacuterias e personagens imediatamente identificaacuteveis oferecer produtos de interpretaccedilatildeo miacutenima [] A cultura de massa eacute uma cultura de consumo inteiramente fabricada para o prazer imediato e a recreaccedilatildeo do espiacuterito devendo-se sua seduccedilatildeo em parte agrave simplicidade que manifesta (LIPOVETSKY 1997 p 209-10)

No que diz respeito aos meios de comunicaccedilatildeo logo na deacutecada de 30 em Paris e nos

Estados Unidos a imprensa e o raacutedio respondiam a um puacuteblico diversificado pois tendiam a

uma diversidade de leitores e espectadores cujo caraacuteter proacuteprio era o de se dirigir a todos

(MORIN 1969 p 39) Por isso Morin constata que o setor mais dinacircmico da induacutestria

cultural eacute aquele que efetivamente criou e ganhou o grande puacuteblico as camadas sociais enfim

as idades e os sexos diferentes (p 40)

Durante o desenvolvimento do pensamento da auto-ajuda do seacuteculo XIX em diante

observa-se com Ruumldiger (1996) uma tendecircncia a um processo de massificaccedilatildeo como apontado

por Morin no campo da comunicaccedilatildeo de massas O movimento teve seu primeiro momento

no contexto da cultura anglo-saxatilde a partir do texto de Smiles Self-help (Auto-ajuda) Obra

escrita em 1859 ela objetivou ensinar a praacutetica da forccedila de vontade aplicada aos bons haacutebitos

25

O conceito chave portanto natildeo era a realizaccedilatildeo pessoal ainda mas o desenvolvimento do

caraacuteter pois envolvia a praacutetica do trabalho e o cumprimento dos deveres sociais O

pensamento natildeo se voltava assim para a satisfaccedilatildeo individual Resumia-se em capacitar o

indiviacuteduo a se apropriar da proacutepria vida por meio do cultivo moral da consciecircncia e do

cumprimento dos deveres para consigo e para com os outros Mais adiante num segundo

momento a auto-ajuda

[] procurou difundir a ideacuteia de que o sentido da conduccedilatildeo da vida consiste em desenvolver plenamente a personalidade concebendo para tanto a figura do ldquohomem que ajuda a si mesmordquo [self-help man] isto eacute a ideacuteia do homem que submete sua vida a um processo de autocultivo a um programa de formaccedilatildeo-espiritual (ibid p 62)

No decorrer da histoacuteria passou-se do contexto em que perpetuava um homem com

deveres para um tipo de homem que se auto-realiza o Self-made man (p 48 e 51) Esses satildeo

dois momentos importantes no pensamento da auto-ajuda Do cumprimento dos deveres o

homem passa a se preocupar com o autocultivo Mais adiante no contexto do poacutes-guerra a

doutrina do pensamento positivo desse periacuteodo foi sendo incorporada no limiar de uma nova

forma de pensamento Nesse caso surgia a preocupaccedilatildeo em fornecer respostas espirituais aos

problemas do dia-a-dia No periacuteodo de depressatildeo nos EUA Peale um pastor protestante

observou que as pessoas viviam com problemas Ele estabeleceu que deveria estar em

primeiro plano a sauacutede mental e em seguida dinheiro amor e casamento Peale escreveu em

1952 cem anos apoacutes Self-help O pensamento positivo livro que logo se tornou best-seller A ideacuteia

surgiu a partir de um programa de raacutedio que o pastor manteve por 40 anos em que narrava

notiacutecias boas de gente boa fazendo boas accedilotildees A partir disso verificou a importacircncia de

transmitir mensagens de otimismo de forma simples Percebia o quanto os indiviacuteduos eram

acometidos de neuroses tensotildees ansiedades e complexos da vida moderna O livro figurou

desse modo entre os tiacutetulos de auto-ajuda mais conhecidos de todos os tempos com 15

milhotildees de coacutepias vendidas no mundo Devido agraves circunstacircncias do sistema de produccedilatildeo

econocircmico essa literatura da forma como eacute configurada atualmente nasceu ligada agrave

racionalidade mercadoloacutegica do modo de produccedilatildeo capitalista Outros escritores geralmente

profissionais de sucesso escreviam manuais de como vencer comercialmente Os conselhos

relativos ao ambiente de trabalho acabaram servindo tambeacutem para a vida particular A

contribuiccedilatildeo desses escritores sinalizou

26

[] os primoacuterdios do processo de subsunccedilatildeo dos princiacutepios do pensamento positivo sistematizados na passagem do seacuteculo nos princiacutepios da carismaacutetica individual ou eacutetica da personalidade professados em escala crescente pela literatura de auto-ajuda que se desenvolveu depois da II Guerra Mundial (RUumlDIGER 1996 p 114)

Aos poucos essa literatura foi sendo incorporada agrave categoria do pensamento como na

crenccedila no poder da mente e na possibilidade de alcanccedilar uma consciecircncia superior ndash esses dois

fatores entre outros parecem dar um tom miacutestico agrave auto-ajuda Desse modo estabeleceu-se

que em primeiro lugar houvesse a preocupaccedilatildeo em cuidar da sauacutede em segundo o

desenvolvimento de teacutecnicas para lidar com pessoas e em terceiro lugar o sucesso nos

negoacutecios Veja-se que do poder da mente e da consciecircncia superior a auto-ajuda foi sendo

direcionada para o campo da gestatildeo de negoacutecios

Por isso mais agrave frente apoacutes os procedimentos de mentalizaccedilatildeo passou-se ao estaacutegio

do desenvolvimento de teacutecnicas de relaccedilotildees humanas e de comunicaccedilatildeo que se resumiam em

maneiras de modelar exteriormente a personalidade com o intuito de realizaccedilatildeo e sucesso O

primordial entatildeo era ensinar como se comunicar de forma correta para se relacionar com

outras pessoas Mais atualmente o autor nota a influecircncia dos elementos miacutesticos no

pensamento da auto-ajuda em que menciona o quanto um determinado ldquocientificismo

coisificadorrdquo estaacute cada vez mais forte competindo com influecircncias em que o elemento

espiritual ainda se mostra vigoroso Recentemente a auto-ajuda tende a se aproximar tambeacutem

do movimento new age de uma consciecircncia cultural ligada a um conjunto desconexo de

concepccedilotildees cosmoloacutegicas e de praacuteticas espirituais (ibid p 121)

Em siacutentese observa-se em todo esse movimento do pensamento da auto-ajuda que a

necessidade central eacute a auto-realizaccedilatildeo como forma de descobrir o verdadeiro ldquoeurdquo do

indiviacuteduo bem como os espiacuteritos de espontaneidade e criatividade que reinam em cada um

enfim configura maneiras de manipular subjetividades e lidar com o autoconhecimento

(meacutetodos de aprimoramento pessoal) Se no iniacutecio o importante era sauacutede mental dinheiro

amor e casamento a literatura de auto-ajuda continuou a concentrar seus esforccedilos no culto agrave

mente relacionado-a agraves concepccedilotildees cosmoloacutegicas e praacuteticas espirituais mas tomando um

rumo que a orientasse para estrateacutegias de comunicaccedilatildeo e para os negoacutecios provenientes do

mundo capitalista

Segundo o que foi apresentado podem ser observados de forma panoracircmica quatro

momentos que marcam as etapas do pensamento da auto-ajuda segundo Ruumldiger (1996 p 90-

5) em que se pode imaginar um movimento que vai do cuidado com os deveres e com o

corpo passando pela mente e pelo espiacuterito

27

A preocupaccedilatildeo em formar o caraacuteter cedeu passo ao objetivo de transformar o indiviacuteduo em uma pessoa de sucessordquo (p 90) O comportamento com o cumprimento dos deveres foi substituiacutedo pela preocupaccedilatildeo em satisfazer os desejos atraveacutes da praacutetica da auto-gestatildeo (p 92) O fundamento da condiccedilatildeo da vida transferiu-se do plano dos costumes para a dimensatildeo do poder da mente (p 93) As valoraccedilotildees que distinguiam moralmente o caraacuteter cederam lugar agraves valoraccedilotildees supramorais que devem constituir o poder e a harmonia da personalidade (p 95)

Martelli (2006) em Auto-ajuda e gestatildeo de negoacutecios discute o alcance da auto-ajuda voltada

para os fatos do capitalismo quando investiga as estrateacutegias que dizem respeito ao fenocircmeno

quanto agrave sua aplicaccedilatildeo no mundo dos negoacutecios no campo da gestatildeo de empresas Diz a

autora que ao invadir o setor dos negoacutecios o pensamento da auto-ajuda procura destinar-se a

um de modelo de profissional e de sociedade Nesse caso da mesma forma que a auto-ajuda

invadiu o meio organizacional este pocircde se apropriar da forma de pensar tiacutepico dela (p 155)

Para explicar a invasatildeo do pensamento da auto-ajuda nos negoacutecios Martelli investigou

bibliografia sobre administraccedilatildeo e negoacutecios fez entrevista com consultores diretores e

gerentes da aacuterea de Recursos Humanos Tambeacutem participou de minicursos e palestras ndash com

os chamados ldquogurus da auto-ajudardquo ndash e analisou livros de auto-ajuda empresarial A autora eacute

enfaacutetica no que diz respeito agrave profusatildeo de temas que a auto-ajuda desenvolve Martelli (2006)

refere-se a um fenocircmeno maior quando diz que a auto-ajuda tem a dizer sobre um tipo de

homem um modo de ver a natureza a sociedade um modo de pensar as relaccedilotildees entre os

homens Para a autora auto-ajuda natildeo se resume aos livros e manuais e sim a um fenocircmeno

que abarca temas diversos e faz confundir as fronteiras e as abordagens temaacuteticas Pensamento

positivo e autoconhecimento eram assuntos recorrentes a essa literatura Atualmente o que se

observa eacute uma combinaccedilatildeo de temas que se desenvolvem no pensamento da auto-ajuda

atingindo todas as esferas da vida (p 184)

A autora busca formular a auto-ajuda de acordo com duas formas de apresentaccedilatildeo de

forma manifesta e de forma latente (ibid p 185) Na auto-ajuda manifesta os autores se

expressam explicitamente como escritores de auto-ajuda ldquo[] pois respondem por serem

propagadores do gecircnero tecircm seus tiacutetulos nas listas dos mais vendidos nessa rubrica e nela satildeo

catalogadosrdquo (ibid p 185) enfim tais autores reconhecem-se como escritores de auto-ajuda

A sua forma latente por outro lado difunde um conteuacutedo impliacutecito de auto-ajuda A autora

resume a questatildeo dizendo que os tiacutetulos que classifica como auto-ajuda latente podem natildeo ser

28

imediatamente reconhecidos como auto-ajuda porque os autores natildeo se apresentam como

escritores desse tipo de literatura enfim natildeo abusam de recursos graacuteficos didaacuteticos e

persuasivos (ibid p 189)

No corpus deste trabalho seratildeo examinados discursos de auto-ajuda que se organizam

dessas duas maneiras descritas A auto-ajuda do tipo ldquomanifestardquo responde pela maioria dos

discursos deste trabalho pois nesse caso os autores sobretudo quando orbitam ao redor de

temas empresariais e de comportamento apresentam-se como escritores desse tipo de

literatura Projetando-se discursivamente como conhecedores teacutecnicos dos assuntos sobre os

quais versam criam o efeito de sentido de um sujeito verdadeiramente especialista seja pela

formaccedilatildeo em MD (Managing Director) ou PhD (Doctor of Philosophy) seja pelo relato de suas

proacuteprias vidas como empreendedores

29

2 A metodologia Semioacutetica e sua aplicaccedilatildeo

Propotildee-se inicialmente um roteiro de leitura que apresente as bases da Semioacutetica e o

seu desenvolvimento na qualidade de teoria que explica os processos de significaccedilatildeo Em

seguida seraacute feito um estudo sobre as maneiras possiacuteveis de relacionar a Semioacutetica com o

mundo do leitor (as projeccedilotildees da enunciaccedilatildeo no enunciado o leitor e autor impliacutecitos a

construccedilatildeo do ethos do enunciador)

Pensando na aplicabilidade da Semioacutetica discursiva em seguida seratildeo discutidas as

maneiras possiacuteveis de tipologizar os diferentes discursos do corpus As manifestaccedilotildees

discursivas de auto-ajuda estudadas podem fornecer um nuacutemero significante de combinaccedilatildeo

de componentes semioacuteticos a partir dos quais eacute possiacutevel elaborar uma tipologia discursiva

para a totalidade dos textos examinados

21 O ldquopercurso gerativordquo da Semioacutetica

Segundo Heacutenault (2006) a obra Semacircntica estrutural (GREIMAS 1973) propotildee uma

primeira siacutentese da teoria Semioacutetica desenvolvida pelo mestre lituano Algirdas Julien Greimas

Considerado o trabalho que deu iniacutecio ao empreendimento greimasiano na construccedilatildeo de uma

teoria geral da significaccedilatildeo nele haacute inuacutemeras referecircncias ao estudo de Hjelmslev Pertencente

ao Ciacuterculo Linguumliacutestico de Copenhague este autor concebe a funccedilatildeo semioacutetica enquanto

relaccedilatildeo entre um plano de conteuacutedo e um plano de expressatildeo (ambos portando uma forma e

uma substacircncia linguumliacutesticas) e estabelece ideacuteias sobre o modo de anaacutelise objetiva de acordo

com o seu livro Prolegocircmenos a uma teoria da linguagem Greimas privilegiou o estudo do plano de

conteuacutedo para o qual descreveu a partir das ideacuteias iniciais de Semacircntica estrutural uma teoria

adequada ndash orientando a manifestaccedilatildeo discursiva em niacuteveis ndash para a descriccedilatildeo da significaccedilatildeo

Heacutenault (2006 p 129) apresenta a importacircncia do livro em questatildeo

O sucesso inicial de Semacircntica estrutural se deve a seus exemplos de anaacutelises secircmicas que abriam amplas perspectivas de um lado para uma renovaccedilatildeo dos estudos literaacuterios (permitindo objetivar os matizes ou eliminar a ambiguumlidade das polissemias) e de outro para as pesquisas sistemaacuteticas em lexicologia (com todas as aplicaccedilotildees que se buscavam naquela eacutepoca em histoacuteria no ensino de liacutenguas ou nas primeiras anaacutelises de textos publicitaacuterios)

30

Greimas ao propor um modelo semacircntico de descriccedilatildeo precisa a organizaccedilatildeo secircmica

dos lexemas a partir da taxionomia do termo ldquoassentordquo (GREIMAS 1973 p 51) Dentro

desse campo lexical baseando-se no estudo do linguumlista B Pottier Greimas apresenta os

traccedilos distintivos (unidades miacutenimas de conteuacutedo) de acordo com a funcionalidade dos

objetos pertencentes a esse campo Adaptando os exemplos citados em Semacircntica estrutural

para os termos ldquobancordquo ldquocadeirardquo e ldquopuferdquo pode-se observar que satildeo objetos semelhantes

(do mesmo campo semacircntico) porque satildeo feitos para sentar mas ao mesmo tempo satildeo

distintos porque cada um comporta um sema especiacutefico ou a falta de algum o primeiro natildeo

tem braccedilos a cadeira tem braccedilos e encosto e o pufe natildeo tem encosto nem braccedilos Esse eacute um

dos exemplos que explicam como o plano de conteuacutedo pode ser articulado em unidades

miacutenimas de sentido

Para aleacutem do lexema no entanto Greimas chamou a atenccedilatildeo para o estudo de uma

teoria geral da significaccedilatildeo a respeito da qual desenvolveu um meacutetodo proacuteprio e adequado

para discutir o processo de geraccedilatildeo do sentido do texto Isso se deve em funccedilatildeo de o mestre

genebrino Ferdinand de Saussure ter constituiacutedo um meacutetodo cientiacutefico para a linguumliacutestica na

primeira metade do seacuteculo XX em que procurou averiguar a liacutengua na qualidade de sistema

(estrutura) ateacute o niacutevel da frase apenas Saussure mencionou em seu Curso de Linguumliacutestica geral

(SAUSURRE 2002 p 23-25) que era necessaacuteria a construccedilatildeo de uma teoria geral do signo a

qual denominou semiologia Disse que ldquo[] o problema linguumliacutestico eacute antes de tudo

semioloacutegico e todos os nossos desenvolvimentos emprestam significaccedilatildeo a este fato

importanterdquo (ibid p 25) Isso quer dizer que era necessaacuterio desenvolver uma teoria da

linguagem que ultrapassasse o niacutevel da palavra capaz de analisar o texto como um todo de

sentido por meio de uma gramaacutetica do discurso

Partindo assim das ideacuteias de Ferdinand de Saussure para quem a liacutengua eacute feita de

oposiccedilotildees Greimas observou muito bem que agrave luz do pensamento estruturalista o processo

de significaccedilatildeo (no acircmbito da percepccedilatildeo) eacute construiacutedo por meio de continuidades e

descontinuidades Para ele a uacutenica maneira de focalizar o problema da significaccedilatildeo na eacutepoca

consistia em afirmar a existecircncia de descontinuidades no plano da percepccedilatildeo e dos espaccedilos

diferenciais noccedilotildees essas que norteam a significaccedilatildeo por isso natildeo era necessaacuterio preocupar-se

com a natureza das diferenccedilas percebidas (GREIMAS 1973 p 27)

Os termos continuidade e descontinuidade que davam ensejo a uma forma de anaacutelise

relacional do sentido e portanto natildeo substancialista satildeo conceitos que natildeo representavam

novidade uma vez que jaacute provinham dos fundamentos da matemaacutetica A linha reta uma das

noccedilotildees desse campo a qual possui um aspecto de apreensatildeo contiacutenuo nada mais eacute por

31

exemplo que a junccedilatildeo de infinitos traccedilos descontiacutenuos A partir do conceito de estrutura

nota-se o quanto a percepccedilatildeo de diferenccedilas pode explicar e compor uma organizaccedilatildeo coerente

do sentido Nesses termos admite-se que a estrutura eacute um sistema de relaccedilotildees entre no

miacutenimo dois termos-objeto articulados Para Greimas ldquo[] perceber diferenccedilas quer dizer

captar ao menos dois termos-objetos como simultaneamente presentesrdquo e tambeacutem ldquo[]

captar a relaccedilatildeo entre os termos ligaacute-los de um ou de outro modordquo (GREIMAS 1973 p 28)

Para que haja estrutura (sistema) eacute necessaacuterio portanto a presenccedila de dois termos e a sua

relaccedilatildeo seja pela identidade seja pela diferenccedila de sentido Isso implica que um soacute termo-

objeto natildeo pode comportar significaccedilatildeo e que por isso mesmo a significaccedilatildeo pressupotildee a

existecircncia da relaccedilatildeo entre termos (ibid p 28) Dessa maneira a natureza dessa junccedilatildeo deve

ser formada por identidades e diferenccedilas de modo que

1 Para que dois termos-objetos possam ser captados juntos eacute preciso que tenham algo em comum (eacute o problema da semelhanccedila e em suas extensotildees o da identidade) 2 Para que dois termos-objetos possam ser distinguidos eacute preciso que sejam diferentes qualquer que seja a forma (eacute o problema da diferenccedila e da natildeo-identidade) (ibid p29)

Os conceitos de continuidade e descontinuidade satildeo apresentados na teoria Semioacutetica

em uma dupla natureza do tipo conjuntiva e disjuntiva Em um exemplo proveniente da

fonologia a noccedilatildeo de continuidade e de descontinuidade eacute facilmente assimilaacutevel se se

imaginar a relaccedilatildeo de uma vogal com uma consoante Enquanto o fonema a apresenta um

aspecto contiacutenuo fluiacutedo ndash uma vez que a corrente de ar passa com menos bloqueio possiacutevel

pelo aparelho fonador ndash um fonema como o t possui um aspecto descontiacutenuo pontual

porque a corrente de ar eacute bloqueada rapidamente no contato da liacutengua com a parte de traacutes dos

dentes Em suma isso eacute o que caracteriza os fonemas oclusivos plosivos como p t k

e b d g Nesse exemplo haacute mais diferenccedilas que semelhanccedilas a vogal eacute sonora a

corrente de ar eacute contiacutenua tem natureza prosoacutedica e silaacutebica enquanto a consoante eacute surda

com bloqueio momentacircneo da corrente de ar de natureza segmental e natildeo-silaacutebica Nesse

caso a natureza da relaccedilatildeo eacute mais disjuntiva Noutra comparaccedilatildeo entre t e d por

exemplo haacute mais semelhanccedilas (relaccedilotildees conjuntivas) que diferenccedilas O uacutenico traccedilo que

distingue os dois fonemas eacute a sonoridade presente em d e ausente em t

No que diz respeito a um exemplo relativo ao domiacutenio da cultura um ocidental que

natildeo fala mandarim ao ouvir um chinecircs conversando apenas nota o quanto essa fala

articulada tonal natildeo passa de uma linha contiacutenua de sons incompreensiacuteveis Depois de um

tempo ao estudar essa liacutengua oriental e introjetar as relaccedilotildees gramaticais e semacircnticas

32

inerentes ao seu sistema passa a captar onde apenas existiam ruiacutedos incompreensiacuteveis o seu

significado isso ocorre em virtude de perceber as descontinuidades ndash por isso mesmo as

articulaccedilotildees sistemaacuteticas ndash que datildeo sentido agravequele idioma Um esquimoacute vecirc uma

descontinuidade de brancos na neve ndash esse povo tem vocaacutebulos para vaacuterios tons de branco ndash

onde um brasileiro ao viajar para o poacutelo norte apenas captaria um tom de branco contiacutenuo

ao vislumbrar uma montanha de neve Isto se aplica agrave geografia de um paiacutes tropical onde natildeo

existe neve Nesses exemplos observam-se portanto formas diferentes ndash por meio de

categorizaccedilotildees diversas ndash de conceber a estrutura linguumliacutestica Greimas (1973 p 36) compara o

cromatismo do universo cultural inglecircs com o galecircs Onde no inglecircs haacute uma gradaccedilatildeo de

quatro cores que vai do verde passa pelo azul pelo cinza e termina no marrom a cultura do

Paiacutes de Gales aponta somente trecircs cores o gwyrdd o glas e o llwyd O primeiro equivale

aproximadamente agrave faixa de espectro do verde o glas recobre uma pequena faixa dos tons do

verde mais escuro ateacute as tonalidades do cinza e o uacuteltimo seria um meio termo entre cinza e

marrom Conclui o mestre lituano que

Estas articulaccedilotildees secircmicas diferentes ndash que caracterizam eacute claro natildeo somente o espectro das cores mas um grande nuacutemero de eixos semacircnticos ndash satildeo apenas categorizaccedilotildees diferentes do mundo que definem em sua especificidade culturas e civilizaccedilotildees (GREIMAS 1973 p 37)

A partir do estudo apurado das noccedilotildees operatoacuterias de continuidade e descontinuidade

oposiccedilatildeo contraste e semelhanccedila conjunccedilatildeo e disjunccedilatildeo Greimas elaborou um modelo de

estrutura elementar de significaccedilatildeo Essa estrutura de relaccedilatildeo binaacuteria noccedilatildeo que foi retomada

em Sobre o sentido (GREIMAS 1975) serviu de base para o linguumlista lituano elaborar um

modelo de descriccedilatildeo da significaccedilatildeo composto por uma gramaacutetica fundamental uma

gramaacutetica narrativa e uma gramaacutetica discursiva O modelo teoacuterico proposto de previsibilidade

secircmio-narrativa e discursiva composto respectivamente por trecircs niacuteveis independentes ndash um

imanente um aparente e um niacutevel de manifestaccedilatildeo ndash foi denominado ldquopercurso gerativo de

sentidordquo

Como observado na discussatildeo sobre os conceitos operatoacuterios de base e os niacuteveis a ele

relacionados a Semioacutetica procura mostrar em linhas gerais que a linguagem natildeo eacute apenas um

sistema de signos ndash como previa Saussure ndash mas tambeacutem um sistema de significaccedilotildees Nesse

contexto teve muita importacircncia o estudo da gramaacutetica narrativa Para a sua formulaccedilatildeo

teoacuterica Greimas recebeu influecircncia do estudo de Vladimir Propp em Morfologia do conto

maravilhoso estudo em que observa a ocorrecircncia de regularidades num universo de narrativas

especiacutefico em que propotildee 31 funccedilotildees invariaacuteveis para o gecircnero ldquoconto maravilhosordquo A partir

33

dessas funccedilotildees Greimas notou que o universo semacircntico dos contos era caracteriacutestica de uma

relaccedilatildeo entre dois grupos de oposiccedilatildeo de acordo com as categorias semacircnticas fundamentais

do tipo ldquoordem vs interdiccedilatildeordquo e ldquoobediecircncia vs desobediecircnciardquo (HEacuteNAULT 2006 p 132)

A partir disso Greimas reduziu as funccedilotildees a uma macrounidade a ldquoprovardquo que englobava de

forma paradigmaacutetica trecircs provas especiacuteficas a qualificaccedilatildeo a principal e a glorificante (ibid p

133) Esses desdobramentos da accedilatildeo tem a ver com trecircs funccedilotildees da narrativa

a) o percurso de qualificaccedilatildeo do sujeito chamado prova qualificante na qual frequumlentemente se vecirc o heroacutei conquistar a espada ou o cavalo maacutegicos que lhe permitiratildeo encarar a prova principal b) a accedilatildeo decisiva a chamada prova principal na qual o heroacutei realiza o mandato recebido c) a prova glorificante na qual ele recebe uma aprovaccedilatildeo (ibid p 136)

Segundo Heacutenault (2006) esse esquema canocircnico de trecircs provas representava para

Greimas um esquema ideoloacutegico ldquo[] a memorizaccedilatildeo pela linguagem do sentido da vida uma

espeacutecie de saber global sobre os encadeamentos de accedilotildees que fazem sentido na vida de um

grupo ou de um indiviacuteduordquo (p 141 ndash grifo da autora) Posteriormente Greimas adotou um

esquema em que adapta para o modelo de descriccedilatildeo do niacutevel narrativo trecircs fases a

manipulaccedilatildeo a accedilatildeo (aquisiccedilatildeo de competecircncia e o seu desempenho) e a sanccedilatildeo em que

procurava demonstrar que natildeo eram meras funccedilotildees das narrativas que predominavam mas

representaccedilotildees de mudanccedilas de estado Em prefaacutecio do livro de Courteacutes (1979) diz Greimas

que ldquo[] se a [funccedilatildeo de Propp] lsquopartida do heroacuteirsquo aparece como uma lsquofunccedilatildeorsquo correspondendo

a uma forma de actividade a lsquofaltarsquo longe de representar um fazer designa antes um estado e

natildeo pode ser considerada como uma funccedilatildeordquo (p 9)

A nova compreensatildeo das funccedilotildees proppianas na qualidade de esquemas de accedilatildeo e de

estados mais agrave frente originou a concepccedilatildeo claacutessica da gramaacutetica narrativa O seu modelo

antropomoacuterfico resume-se segundo Barros (2002 p 28) a duas concepccedilotildees

Transformaccedilotildees de estados e de situaccedilotildees operada pelo fazer de um sujeito que age no mundo em busca de valores investidos nos objetos sucessatildeo de estabelecimentos e de rupturas de contrato entre um destinador e um destinataacuterio (comunicaccedilatildeo e conflitos entre sujeitos e a circulaccedilatildeo de objetos-valor)

A estrutura narrativa opera entre ndash e se articula com ndash o niacutevel fundamental e o

discursivo Ela organiza antropomorficamente as articulaccedilotildees mais abstratas do primeiro niacutevel

dando o fundamento da busca do sujeito Eacute tambeacutem a base para o niacutevel de manifestaccedilatildeo (o

discursivo) enquanto meio de projetar as coordenadas de pessoa espaccedilo e tempo (na sintaxe

34

discursiva) para em seguida receber o investimento de temas e figuras (na semacircntica

discursiva) Abaixo discutir-se-aacute portanto como o niacutevel fundamental ndash ou das estruturas

elementares ndash eacute antropomorfizado no niacutevel narrativo e como a narratividade ganha

consistecircncia ndash rumo agraves estruturas de superfiacutecie ndash no niacutevel discursivo

22 O percurso gerativo em foco

Ao questionar a semacircntica da palavra Greimas procurou discutir o assunto polecircmico

da significaccedilatildeo ou melhor do processo de geraccedilatildeo do sentido Partindo de um ponto de vista

semioacutetico enfatizou os passos anteriores agrave construccedilatildeo do patamar discursivo O discurso eacute o

niacutevel mais proacuteximo da manifestaccedilatildeo textual e por isso compotildee a estrutura de superfiacutecie do

sentido De forma geral pensando em se libertar das amarras da frase procurou criar uma

gramaacutetica do discurso capaz de dar conta da totalidade do texto por isso elaborou gramaacuteticas

do texto especiacuteficas e autocircnomas uma para o niacutevel fundamental (de natureza imanente) uma

para o narrativo (aparente) e outra para o niacutevel discursivo (de superfiacutecie mais proacuteximo da

manifestaccedilatildeo textual) Cada uma delas eacute autocircnoma e tem seu componente sintaacutetico-semacircntico

Em Semacircntica estrutural (1973) Greimas detalha o iniacutecio da proposta do que foi

batizado como percurso gerativo de sentido No capiacutetulo ldquoEstrutura elementar da

significaccedilatildeordquo (p 27) discute as noccedilotildees jaacute apresentadas anteriormente de continuidade e de

descontinuidade de conjunccedilatildeo e de disjunccedilatildeo de semelhanccedila e de diferenccedila A partir dessas

noccedilotildees teoriza que por meio de uma unidade algoriacutetma discreta (de relaccedilatildeo binaacuteria) pode-se

efetuar uma operaccedilatildeo como A r (S) B Partindo da relaccedilatildeo (ldquorrdquo) entre termos como ldquoArdquo

(macho) e ldquoBrdquo (fecircmea) pode-se obter a partir de um eixo semacircntico (ldquoSrdquo) como

ldquosexualidaderdquo uma articulaccedilatildeo especiacutefica de semas ldquosrdquo (unidades miacutenimas de sentido do

plano de conteuacutedo) que identifiquem ambos como pertencentes agrave mesma categoria semacircntica

de sexualidade Se por um lado masculinidade e feminilidade satildeo os semas discretos ndash que

situam ldquomachordquo e ldquofecircmeardquo na esfera da diferenccedila ndash por outro lado tem-se uma relaccedilatildeo de

semelhanccedila ou de identidade quando comparados por meio de traccedilos semacircnticos como

ldquoanimadosrdquo e ldquomortaisrdquo ou seja como seres pertencentes ao mundo natural Essa articulaccedilatildeo

entre termos colocados em relaccedilatildeo de oposiccedilatildeo e obtida a partir de um eixo semacircntico

comum ndash exemplificada aqui pelo termo englobante sexualidade ndash foi formalizada por

Greimas (1975) em Sobre o sentido No artigo ldquoO jogo das restriccedilotildees semioacuteticasrdquo descreve

como viria a ser o seu modelo de estrutura elementar da significaccedilatildeo o niacutevel fundamental

Segundo Cortina amp Marchezan (2004)

35

A gramaacutetica fundamental eacute loacutegico-conceptual e estrutura-se por meio de uma sintaxe e de uma semacircntica fundamental [] Esses dois aspectos da sintaxe fundamental procuram ao mesmo tempo dar conta do modo de existecircncia e do modo de funcionamento da significaccedilatildeo A sintaxe da gramaacutetica fundamental de niacutevel profundo eacute o lugar em que a significaccedilatildeo adquire uma primeira configuraccedilatildeo do microuniverso categorial que se costuma diagramatizar na forma de um quadrado semioacutetico aiacute a significaccedilatildeo tem um modo de existecircncia puramente virtual (p 402)

A proposta do quadrado semioacutetico desenvolvido por Greimas amp Courteacutes (1979 p

364-8) explica como pode ser organizado o niacutevel fundamental constituindo pois um

primeiro micro-universo de articulaccedilatildeo do sentido O exemplo anteriormente citado sobre as

articulaccedilotildees inerentes a ldquomachordquo e ldquofecircmeardquo estaacute exemplificado em Cortina amp Marchezan

(2004 p 403)

Figura 1 Estrutura do modelo constitucional da teoria semioacutetica A estrutura elementar da significaccedilatildeo eacute descrita por meio de oposiccedilotildees axioloacutegicas aplicadas ao quadrado semioacutetico

s2 fecircmea

Natildeo-s1 natildeo-Natildeo-s2

Natildeo-fecircmea

s1 macho

Contrariedade

Contradiccedilatildeo

Complementaridade

Em que Orientaccedilatildeo da transformaccedilatildeo do termo disfoacuterico para o eufoacuterico

S sexualidade

Natildeo-S natildeo-

sexualidade

36

As duas setas orientadas no interior do quadrado indicam a transformaccedilatildeo do eixo

sintaacutetico ldquos1rdquo valorizado semanticamente como disfoacuterico ldquopara natildeo-s1rdquo valorizado como

natildeo-disfoacuterico orientado assim para a posiccedilatildeo ldquos2rdquo valorizado positivamente como eufoacuterico

Veja-se que ldquosrdquo e ldquonatildeo-srdquo indicam a direccedilatildeo das relaccedilotildees do eixo sintaacutetico enquanto eufoacuterico

e disfoacuterico satildeo componentes semacircnticos que revestem os semas com valores de conformidade

(euforia) ou natildeo-conformidade (disforia) do sujeito com o mundo Um pouco mais ilustrativo

seria afirmar que em um texto cujo assunto principal seja guerra o niacutevel fundamental eacute

articulado como ldquovida vs morterdquo Nesse caso a vida eacute o termo eufoacuterico e a morte o disfoacuterico

Voltando agrave explicaccedilatildeo do quadrado observa-se que o termo ldquomachordquo (ldquos1rdquo) eacute negado

primeiramente como ldquonatildeo-s1rdquo (por isso ocorre uma relaccedilatildeo de contradiccedilatildeo) para ser entatildeo

afirmado como ldquos2rdquo no eixo de relaccedilatildeo de complementaridade em que o termo ldquonatildeo-machordquo

implica o termo ldquofecircmeardquo Com relaccedilatildeo agraves noccedilotildees de continuidade e descontinuidade essa

orientaccedilatildeo fundamental do sentido sofre uma passagem de negaccedilatildeo do ldquosrdquo para o ldquonatildeo-srdquo e

consequumlentemente uma ruptura (descontinuidade) ao transferir-se para a condiccedilatildeo de ldquos2rdquo

No quadrado semioacutetico podem ser colocados em evidecircncia outros termos como

ldquovida vs morterdquo ldquonatureza vs civilizaccedilatildeordquo ldquoignoracircncia vs conhecimentordquo ldquoessecircncia vs

aparecircnciardquo Histoacuterias em que os termos ldquonaturezardquo e ldquovidardquo satildeo eufoacutericos como nas poesias

de Joatildeo Cabral de Mello Neto observa-se que recebem uma valorizaccedilatildeo positiva por isso satildeo

textos euforizantes No caso de obras como Os sofrimentos do jovem Werther de Goethe o termo

vida eacute considerado disfoacuterico e a morte eufoacuterica Por isso haacute uma inversatildeo da relaccedilatildeo em que

seria negada a vida e afirmada a morte ao final da histoacuteria uma vez que Werther a desejava no

decorrer da sua histoacuteria de amor natildeo correspondido a fim de se afastar do sofrimento

Quanto ao percurso do sentido como um todo Barros (2002) fala da importacircncia da

autonomia dos niacuteveis e dos patamares de profundidade para o estudo da significaccedilatildeo

A noccedilatildeo de percurso gerativo eacute fundamental para a teoria semioacutetica Prevecirc-se a apreensatildeo do texto em diferentes instacircncias de abstraccedilatildeo e em decorrecircncia determinam-se etapas entre a imanecircncia e a aparecircncia e elaboram-se descriccedilotildees autocircnomas de cada um dos patamares de profundidade estabelecidos no percurso gerativo (p15)

O intuito do enfoque semioacutetico portanto eacute pensar a organizaccedilatildeo do texto como uma

totalidade a partir da qual seja possiacutevel determinar o modo de produccedilatildeo do sentido por meio

de procedimentos operatoacuterios que dizem grosso modo o que o texto diz e como faz para dizecirc-

lo Em resumo Barros explica que o niacutevel fundamental (o mais profundo e mais simples) eacute a

instacircncia ab quo ponto de partida do percurso gerativo de sentido que eacute direcionada portanto

37

para a instacircncia ad quem o seu ponto de chegada Conjunccedilatildeo e disjunccedilatildeo satildeo termos polares de

uma mesma categoria semacircntica (sexualidade por exemplo) que conferem dinamicidade e que

potildeem em movimento essa primeira etapa da articulaccedilatildeo do sentido O quadrado semioacutetico

ilustra o iniacutecio do percurso da significaccedilatildeo do plano do conteuacutedo e forma assim um modelo

de previsibilidade As categorias de euforia e disforia satildeo projetadas no quadrado como

revestimentos axioloacutegicos (definindo um micro-universo de valores) e vatildeo ganhando

concretude nos niacuteveis narrativo e discursivo

A etapa seguinte ao niacutevel fundamental eacute o niacutevel narrativo que tambeacutem conta com uma

sintaxe e uma semacircntica proacuteprias ldquoA gramaacutetica narrativa descreve e explica o modo de

existecircncia e de funcionamento das estruturas narrativas [] que constituem a etapa

imediatamente superior [] agrave das estruturas fundamentaisrdquo (BARROS 2002 p 28)

Se o primeiro niacutevel eacute imanente organizado por uma estrutura loacutegico-conceptual o

narrativo reveste essas relaccedilotildees fundamentais por meio de operaccedilotildees de injunccedilatildeo (conjunccedilatildeo e

disjunccedilatildeo) entre actantes (actantes-sujeito e actantes-obejto) e por meio da consecuccedilatildeo de

narrativas de estados que como um todo compotildeem um quadro orientado de transformaccedilotildees

narrativas Assim a transformaccedilatildeo enquanto um dos elementos da narratividade pressupotildee

uma seacuterie de rupturas (descontinuidades) no interior das narrativas Para Greimas amp Courteacutes

(1979) o actante unidade sintaacutetica do enunciado narrativo ldquo[] eacute concebido como aquele que

realiza ou que sofre o ato independentemente de qualquer outra determinaccedilatildeordquo (p 12) Este

termo remete pois a uma concepccedilatildeo da sintaxe qual seja a de articular o enunciado

elementar em funccedilotildees como sujeito e objeto (p 12)

Segundo Barros (2002 p 28) haacute duas concepccedilotildees de niacutevel narrativo Uma prega as

transformaccedilotildees de estados e de situaccedilotildees operada pelo fazer de um sujeito (actante-sujeito)

que age no mundo em busca de valores investidos nos objetos (actante-objeto) ndash representa o

homem agindo sobre as coisas Noutra haacute uma sucessatildeo de estabelecimentos e de rupturas de

contrato entre um destinador e um destinataacuterio (actantes funcionais) ou seja a comunicaccedilatildeo e

os conflitos entre sujeitos e a circulaccedilatildeo de objetos-valor ndash nesse caso o homem age sobre o

homem A narratividade compotildee assim um quadro orientado de sucessatildeo de estados e

transformaccedilotildees com o intuito de produzir sentido bem como o de estabelecer uma seacuterie de

relaccedilotildees transitivas entre sujeitos e objetos de valor dando o fundamento da busca do sujeito

Em suma a relaccedilatildeo transitiva entre sujeito e objeto daacute existecircncia aos elementos

sintaacuteticos actante-sujeito e actante-objeto Assim sendo o enunciado elementar miacutenimo da

narrativa eacute composto pela relaccedilatildeo de um sujeito com um objeto que pode ser do tipo

disjuntiva ou conjuntiva Um enunciado de estado mostra a junccedilatildeo de um sujeito ldquoSrdquo com o

38

seu objeto-valor ldquoOvrdquo O sintagma operatoacuterio elementar ndash a narrativa miacutenima ndash que descreve

essa relaccedilatildeo eacute descrita de acordo com a funccedilatildeo F (S1 cap Ov)

Essa foacutermula ilustra o estado inicial de uma narrativa cujo conteuacutedo eacute articulado por

um sujeito (sujeito de estado) em conjunccedilatildeo com um objeto-valor Afirmam Greimas amp

Courteacutes (1979 p 249) que junccedilatildeo eacute ldquo[] a relaccedilatildeo que une o sujeito ao objeto isto eacute a funccedilatildeo

constitutiva dos enunciados de estadordquo No exemplo da funccedilatildeo acima tem-se uma conjunccedilatildeo

Na disjunccedilatildeo por outro lado o sujeito fica disjunto (cup) do seu objeto-valor Quem opera a

transformaccedilatildeo ndash conjunccedilatildeo ou disjunccedilatildeo ndash dessa condiccedilatildeo inicial do sujeito de estado eacute o

sujeito do fazer

Para ilustrar a aplicaccedilatildeo dos elementos narrativos destacados lanccedila-se matildeo de uma

histoacuteria-exemplo simples na qual um funcionaacuterio eacute recentemente contratado em uma empresa

como auxiliar de escritoacuterio e depois de um tempo por natildeo trabalhar corretamente eacute

demitido Na histoacuteria contada fica impliacutecito que antes da contrataccedilatildeo o sujeito de estado na

condiccedilatildeo de futuro empregado estava disjunto de seu objeto-valor ldquoempregordquo O patratildeo

sujeito do fazer transforma o estado do empregado no momento em que lhe cede o emprego

e tambeacutem no outro momento quando o demite por natildeo cumprir com os deveres do trabalho

Uma pequena histoacuteria como essa eacute composta por uma seacuterie de estados e

transformaccedilotildees Um programa narrativo (PN) ilustra isso uma vez que pode ser formado por

uma ou mais narrativas miacutenimas No que se refere a sua sucessatildeo narrativa o empregador (S1)

contrata (Funccedilatildeo = contratar) esse empregado (S2) por um salaacuterio (Ov) e depois de um

tempo o demite (Funccedilatildeo = demitir) Mesmo natildeo sendo narrados por exemplo os

acontecimentos concernentes aos motivos da demissatildeo (se o empregado trabalhou mal se o

empregador era muito exigente se a causa da demissatildeo natildeo foi culpa do funcionaacuterio) fica

impliacutecito que o funcionaacuterio natildeo cumpriu o contrato de trabalho segundo a perspectiva do

patratildeo e por isso foi demitido A histoacuteria pode ser descrita em termos de sintaxe narrativa de

acordo com os PNs abaixo

PN de contrataccedilatildeo=F(contratar funcionaacuterio) [S1 (patratildeo) rarr (S2 (funcionaacuterio) cap Ov (salaacuterio)]

PN de demissatildeo = F (demitir) [S1 (patratildeo) rarr (S2 (funcionaacuterio) cup Ov (salaacuterio)]

F = funccedilatildeo

rarr = transformaccedilatildeo

S1 = sujeito do fazer

S2 = sujeito do estado

39

cap = conjunccedilatildeo

cup = disjunccedilatildeo

Ov = objeto-valor

Operadas no niacutevel sintaacutetico em que estatildeo situados os estados e transformaccedilotildees

narrativas as conjunccedilotildees e as disjunccedilotildees datildeo existecircncia agraves relaccedilotildees dos actantes sintaacuteticos

sujeito e objeto No que diz respeito ao campo funcional (da comunicaccedilatildeo entre os sujeitos e

dos conflitos ligados aos objetos-valor) observa-se que o sujeito empregador doa o objeto-

valor salaacuterio Sendo ele o actante que transforma o estado do empregado (de desempregado

para empregado) estabelecendo com ele um contrato de manipulaccedilatildeo o empregador eacute o

actante funcional destinador-manipulador Como o funcionaacuterio sofre a transformaccedilatildeo

indicada aceitando desse modo o contrato com o patratildeo ndash o de assumir o emprego e

trabalhar de acordo com o esperado ndash eacute chamado destinataacuterio-sujeito7 Visto que o contrato

de manipulaccedilatildeo natildeo eacute cumprido segundo a perspectiva do patratildeo o funcionaacuterio eacute demitido

Nessa fase da narrativa o mesmo sujeito patratildeo assume outro papel actancial e passa a

destinador-julgador ou seja julgaraacute o fazer do empregado Natildeo acreditando assim que

cumpriu corretamente o trabalho demite-o sancionando-o negativamente

Em suma ambos estatildeo situados na esfera da comunicaccedilatildeo e do conflito por meio do

objeto-valor que os articula o cargo que eacute valorizado positivamente uma vez que representa

rendimento financeiro (dinheiro) ao empregado e do mesmo modo um retorno financeiro

por meio de horas de trabalho (forccedila de trabalho) dispensadas ao empregador Isso implica

dizer que haacute uma transitividade de valores na medida em que um patratildeo se desfaz do seu

dinheiro e o troca por serviccedilos prestados por isso ocorre no PN de contrataccedilatildeo um programa

narrativo de doaccedilatildeo transitiva uma vez que o patratildeo cede o emprego e se desfaz de parte do

seu dinheiro No PN de demissatildeo tem-se por outro lado um programa narrativo de privaccedilatildeo

pois o funcionaacuterio eacute privado do direito de trabalhar e julgado como aquele que natildeo cumpriu o

contrato A doaccedilatildeo de um objeto-valor pode ser do tipo reflexiva se algueacutem por exemplo

realiza um fazer voltado para si como comprar um carro

Resumindo o que foi dito haacute diversos enunciados narrativos miacutenimos no interior dos

PNs Uma seacuterie logica de programas narrativos da mesma forma estaacute englobada por um

esquema narrativo que mostra de forma mais geral a relaccedilatildeo comunicativa entre destinador e

destinataacuterio O enunciado elementar exemplificado mostra um sujeito inicialmente em

7 Natildeo confundir ldquocontratordquo com o termo do jargatildeo trabalhista ldquocontrato de trabalhordquo mas entendecirc-lo semioticamente como a relaccedilatildeo de contrato fiduciaacuterio entre um destinador e um destinataacuterio linguumliacutesticos

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disjunccedilatildeo com o emprego Ao entrar em relaccedilatildeo com o empregador o seu estado eacute

transformado uma vez que o desempregado passa a empregado Tem-se o PN de contrataccedilatildeo

e em seguida ndash depois de uma seacuterie de fatos que podem estar explicitados ou natildeo ndash o PN de

demissatildeo Essa relaccedilatildeo de PNs eacute englobada por um esquema narrativo em termos de

funcionalidades especiacuteficas para cada actante o percurso do patratildeo como destinador-

manipulador o percurso do empregado como destinataacuterio-sujeito e um terceiro percurso o do

patratildeo novamente como o destinador-julgador

O esquema narrativo canocircnico comporta assim trecircs percursos e quatro fases Os

percursos dizem respeito ao do destinador-manipulador ao do destinataacuterio-sujeito e ao do

destinador-julgador As fases satildeo as de manipulaccedilatildeo (em que atua o manipulador)

competecircncia (em que atua o manipulado) perfoacutermance (podem atuar ambos) e sanccedilatildeo (em

que atua o manipulador)

Com relaccedilatildeo aos percursos o sujeito (S1) empregador seraacute o destinador-manipulador

pois tem o objeto-valor (Ov = dinheiro) almejado pelo funcionaacuterio qualificado como o

destinataacuterio-sujeito (S2) que receberaacute o objeto-valor O mesmo sujeito (S1 empregador) na

fase da sanccedilatildeo seraacute o destinador-julgador pois iraacute julgar o fazer do sujeito funcionaacuterio na

medida em que verificaraacute se trabalhou corretamente a fim de ganhar o objeto-valor-dinheiro

No que se refere agrave primeira fase o destinador-manipulador instaura o desejo de

trabalho de acordo com um procedimento de manipulaccedilatildeo exercido sobre o fazer do

destinataacuterio-sujeito empregado Nesse caso o homem age natildeo mais sobre as coisas mas sobre

o proacuteprio homem Segundo Barros (2002) haacute quatro formas de manipulaccedilatildeo por seduccedilatildeo

tentaccedilatildeo intimidaccedilatildeo ou provocaccedilatildeo Na seduccedilatildeo e na tentaccedilatildeo tem-se uma imagem positiva

do destinataacuterio enquanto na intimidaccedilatildeo e na provocaccedilatildeo haacute uma imagem negativa dele

Agem dessa forma conjuntamente uma estrutura contratual e uma estrutura modal As

modalidades do querer do dever do saber e do poder agem sobre o fazer dos sujeitos

Greimas amp Courteacutes (1979) afirmam que a manipulaccedilatildeo eacute sustentada por uma estrutura

contratual e por uma estrutura modal que se resume a uma comunicaccedilatildeo (destinada a fazer-

saber) Nela o destinador-manipulador leva o destinataacuterio-manipulado a uma posiccedilatildeo de falta

de liberdade (natildeo poder-natildeo fazer) a ponto de ser este obrigado a aceitar o contrato proposto

Nesse caso estaacute em jogo a transformaccedilatildeo da competecircncia modal do destinataacuterio-sujeito Se

este conjunge o natildeo poder-natildeo fazer a um dever-fazer tem-se a provocaccedilatildeo ou a intimidaccedilatildeo Se ele

lhe conjunge um querer-fazer ter-se-aacute entatildeo seduccedilatildeo ou tentaccedilatildeo (p 270)

41

No jogo manipulatoacuterio da tentaccedilatildeo por exemplo o destinataacuterio eacute levado a um querer-

fazer pois se fizer o que o destinador pede tem a ganhar Eacute como a matildee que diz ao filho para

se comportar bem e lhe promete um bolo de chocolate em troca Por outro lado na

manipulaccedilatildeo por intimidaccedilatildeo o destinataacuterio eacute obrigado a fazer o que o destinador lhe pede

com o risco de perder a posse de um objeto desejado ou de ter a imagem denegrida Uma

crianccedila que eacute desafiada por outra para um confronto ldquomano a manordquo eacute intimidado a brigar

com o adversaacuterio correndo o risco (caso natildeo aceite o desafio) de ser depreciado pelos amigos

No que diz respeito agraves modalidades do ldquosaberrdquo e do ldquopoderrdquo reside o fazer persuasivo

do manipulador (que sabe e pode ou agraves vezes lhe falta uma dessas modalidades) e o fazer

interpretativo do destinataacuterio Em uma histoacuteria de ficccedilatildeo O navagante (WEST 1976) por

exemplo o destinataacuterio-sujeito navegante ldquodeve-navegarrdquo a fim de honrar a memoacuteria da sua

famiacutelia Eacute tambeacutem tentado a se arriscar pelos mares (ldquoquerer-navegarrdquo) por meio do

financiamento em dinheiro (ldquopoder-navegarrdquo) proveniente de um rico explorador que natildeo

domina os conhecimentos de rotas mariacutetimas e das teacutecnicas de navio Este eacute modalizado por

um querer mas ldquonatildeo sabe-navegarrdquo Por isso o saber cabe ao destinataacuterio que tentado pela

promessa de uma recompena estabelece o contrato com o patrocinador que ldquopode-navegarrdquo

por meio de investimentos concretos (dinheiro equipamentos e tripulaccedilatildeo)

Greimas amp Courteacutes (1979) examinam mais profundamente o quadro das modalizaccedilotildees

do saber e do poder envolvidos nos mecanismos de persuasatildeo e na aceitaccedilatildeo dos contratos de

manipulaccedilatildeo em que

a) O manipulador pode exercer seu fazer persuasivo apoiando-se na modalidade do poder na dimensatildeo pragmaacutetica ele proporaacute entatildeo ao manipulado objetos positivos (valores culturais) ou negativos (ameaccedilas) em outros casos ele persuadiraacute o destinataacuterio graccedilas ao saber na dimensatildeo cognitiva faraacute entatildeo com que ele saiba o que pensa de sua competecircncia modal sob forma de juiacutezos positivos ou negativos Vecirc-se assim que a persuasatildeo segundo o poder caracteriza a tentaccedilatildeo (em que eacute proposto um objeto-valor positivo) e a intimidaccedilatildeo (em que eacute proposta uma doaccedilatildeo negativa)

b) Quando se trata de uma manipulaccedilatildeo segundo o saber o manipulado eacute levado a exercer correlativamente um fazer interpretativo e a escolher necessariamente entre duas imagens de sua competecircncia positiva no caso da seduccedilatildeo negativa na provocaccedilatildeo Quando se trata da manipulaccedilatildeo segundo o poder o manipulado eacute levado a optar entre dois objetos-valor positivo na tentaccedilatildeo negativo na intimidaccedilatildeo (p 270)

Passando ao estudo da segunda fase (a competecircncia) na medida em que a manipulaccedilatildeo

depende das modalidades do querer e do dever-fazer (modalidades virtualizantes) a

competecircncia depende do saber-fazer Assim o sujeito destinataacuterio do exemplo do patratildeo e do

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empregado por exemplo eacute capacitado por um saber-fazer configurado como um saber-

trabalhar O funcionaacuterio tendo as habilidades necessaacuterias (tanto mentais como fiacutesicas) para o

trabalho deveraacute executaacute-las na terceira fase a da perfoacutermance Nela eacute capaz de realizar as

tarefas proacuteprias ao trabalho por isso estaacute modalizado pelo poder-fazer Saber e fazer satildeo

portanto as modalidades atualizantes pois constituem os meios para o sujeito executar as

transformaccedilotildees narrativas necessaacuterias para cumprir o seu percurso narrativo

Em caso do natildeo cumprimento do contrato o funcionaacuterio seraacute julgado negativamente

e assim demitido Esse julgamento realizado pelo patratildeo faz parte da quarta fase da narrativa

a sanccedilatildeo Nesse caso ela eacute pragmaacutetica pois o fazer do destinataacuterio-sujeito eacute julgado pelo

destinador-julgador Na sanccedilatildeo do tipo cognitiva o destinador-julgador patratildeo iraacute verificar

por meio da articulaccedilatildeo das categorias de ldquoserrdquo e do ldquoparecerrdquo os estados de verdade

falsidade mentira ou segredo envolvidos na vida profissional do empregado O ser somado

ao parecer (ser parecer) mostra um estado de verdade (o empregado parecia ser competente

e trabalhava corretamente) O ser mais o natildeo-parecer (ser natildeo-parecer) revelam um estado

de segredo (ele natildeo parecia ser competente mas cumpria as suas tarefas) O natildeo-ser mais o

parecer (natildeo-ser parecer) resultam em um estado de mentira ou seja ele parecia

competente mas natildeo era E o natildeo-ser articulado com o natildeo-parecer (natildeo-ser natildeo-parecer)

mostram um estado de falsidade em que ele natildeo parecia ser competente e realmente natildeo era

Eacute interessante observar que essa relaccedilatildeo de programas narrativos pode originar outros

programas Mesmo que uma determinada narrativa natildeo explique certos fatos haacute

pressuposiccedilotildees que recaem sobre os estados atuais Se algueacutem ganhou na loteria fica

pressuposto que esse sujeito tinha o ldquopoder-ganharrdquo ou seja tinha comprado um bilhete de

loteria Outro fato importante revela o quanto os sujeitos natildeo devem ser necessariamente

humanos mas conter traccedilos animados (antropomoacuterficos) ou simplesmente exercerem uma

transformaccedilatildeo narrativa O tapete das histoacuterias de Alladin (nos desenhos infantis adaptados

pela Disney) desempenha o papel de actante-sujeito isto eacute como aquele que tem a funccedilatildeo de

dotaacute-los Alladin e a princesa do ldquopoder-voarrdquo Desse modo o actante-tapete exerce a funccedilatildeo

de destinador-manipulador doando a si e aos outros o objeto-valor viagem

A constituiccedilatildeo do sujeito tambeacutem obedece aos modos de existecircncia de acordo com os

percursos e com as fases da narrativa Satildeo de trecircs tipos virtual atual e real O sujeito em

disjunccedilatildeo com o objeto-valor eacute situado no modo de existecircncia virtual Do ponto de vista da

modalizaccedilatildeo ele ainda quer-ser ou deve-ser Quando nele eacute instaurado o saber-fazer ele eacute

atualizado uma vez que estaacute dotado das competecircncias necessaacuterias para o fazer principal da

43

narrativa Uma vez realizada a tarefa principal por meio da perfoacutermance o sujeito provou

obter o poder-fazer que eacute o modo de existecircncia real

Foi observado que o procedimento de narratividade eacute importante uma vez que daacute

dinamicidade agrave estrutura profunda e abre caminho para a manifestaccedilatildeo do discurso Na

transposiccedilatildeo para o niacutevel discursivo ocorre um enriquecimento dos papeacuteis actanciais capaz de

instaurar os seres sintaacuteticos da narrativa como atores do discurso ancorados por instacircncias de

tempo e de espaccedilo que na semacircntica discursiva ganham substancialidade por meio dos

investimentos temaacuteticos e figurativos A sintaxe do niacutevel discursivo daacute conta de explicar os

procedimentos de projeccedilatildeo da enunciaccedilatildeo no enunciado e das coordenadas actanciais (de

pessoa) espaciais e temporais Afirma Barros (2002 p 72) que eacute tarefa da enunciaccedilatildeo mediar

as estruturas narrativas com as discursivas e que

A anaacutelise discursiva opera sobre os mesmos elementos que a anaacutelise narrativa mas retoma aspectos que foram deixados de lado as projeccedilotildees da enunciaccedilatildeo no enunciado os recursos de persuasatildeo utilizados pelo enunciador para manipular o enunciataacuterio a cobertura figurativa dos conteuacutedos narrativos abstratos

A enunciaccedilatildeo pocircde ser incorporada agrave Semioacutetica a partir dos estudos de Benveniste

(1976) em seu livro Problemas de linguumliacutestica geral quando abordou o conceito de aparelho formal

da enunciaccedilatildeo Para o linguumlista os pronomes do caso reto (os pronomes subjetivos) ldquoeurdquo e

ldquoturdquo satildeo as pessoas do discurso pois quando algueacutem diz ldquoeurdquo estaacute dizendo para um ldquoturdquo Por

outro lado a terceira pessoa o ldquoelerdquo eacute considerado natildeo-pessoa porque eacute algueacutem ou algo de

que se fala e estaacute situado fora da esfera de comunicaccedilatildeo fazendo parte do que eacute externo

objetivo8 (sempre em relaccedilatildeo ao ldquoeurdquo e ao ldquoturdquo) Em ldquoEu digo que a aacutegua ferve a cem graus

Celsiusrdquo instaura-se o eu quem diz e tambeacutem o proacuteprio enunciado ldquoa aacutegua ferverdquo Cortina amp

Marchezan (2004) esclarecem que Benveniste pensou na linguagem aplicada ao contexto da

comunicaccedilatildeo Para ele em todo processo comunicativo duas pessoas entram em relaccedilatildeo

aquela que diz e aquele para quem a primeira diz algo O sujeito se constitui como tal por

meio do uso que faz da linguagem (p 411)

Enquanto Saussure deixou de lado o sujeito para a economia geral da teoria

Benveniste (tambeacutem estruturalista) procurou articular sujeito e estrutura Lanccedilou

metaforicamente o homem na liacutengua ao propor conceitos como subjetividade (liacutengua eacute

particular cultural) e intersubjetividade (liacutengua eacute do acircmbito do homem da humanidade) Para

o autor as pessoas do discurso (eu tu ele) de que fala satildeo elementos linguumliacutesticos e natildeo

8 Lembra-se que os pronomes satildeo considerados pelos estudos da enunciaccedilatildeo como categorias linguumliacutesticas e natildeo do mundo real

44

pessoas de carne e osso O pronome ldquoelerdquo diz respeito agrave esfera objetiva da linguagem

enquanto ldquoeurdquo e ldquoturdquo aplicam-se agrave esfera subjetiva Com relaccedilatildeo aos pronomes eles tecircm uma

funccedilatildeo decircitica porque uma decircixis eacute algo que aponta para um outro algo O ldquoeurdquo soacute tem

significado no momento da enunciaccedilatildeo (assim como todos os pronomes demonstrativos)

pois apontam para quem enuncia e para a situaccedilatildeo envolvida nesse processo A categoria de

pessoa eacute essencial para que a liacutengua ao ser enunciada torne-se discurso Em linhas gerais

enunciar eacute colocar a liacutengua em funcionamento por meio de um ato individual de fala A liacutengua

eacute a condiccedilatildeo de existecircncia do homem que ao enunciar transforma liacutengua em discurso

Benveniste leva em conta portanto uma relaccedilatildeo dialeacutetica entre sujeito e sociedade e daacute novas

contribuiccedilotildees agrave teoria linguumliacutestica A enunciaccedilatildeo apaga a fronteira entre liacutengua e fala lanccedilando o

indiviacuteduo (o social) para o domiacutenio da liacutengua portanto

No que diz respeito agraves projeccedilotildees de pessoa tempo e espaccedilo eacute necessaacuterio explicar os

meios a partir dos quais no discurso essas coordenadas sejam nele projetadas Para tanto a

operaccedilatildeo por meio da qual a enunciaccedilatildeo instaura as categorias de pessoa tempo e espaccedilo eacute

chamada debreagem Ela pode ser actancial (de pessoa) espacial (de espaccedilo) ou temporal (de

tempo) No exemplo ldquoEu digo que a terra eacute redondardquo ocorre uma debreagem do tipo

enunciativa porque o ldquoeurdquo eacute instalado no discurso ao dizer ldquoeurdquo Em outro enunciado ldquoA

terra eacute redondardquo onde natildeo haacute marcas do enunciador o procedimento nele envolvido eacute

denominado debreagem enunciva Naquela tem-se um tipo de enunciaccedilatildeo enunciada e nesta

o enunciado propriamente dito Assim a debreagem enunciva remete a um discurso em

terceira pessoa e a debreagem enunciativa a um discurso em primeira pessoa Com relaccedilatildeo ao

espaccedilo e ao tempo haacute tambeacutem duas formas de projeccedilatildeo o ldquoaqui agorardquo vs o ldquolaacute entatildeordquo

Aleacutem das categorias de pessoa o tempo e o espaccedilo tambeacutem podem ser enuncivos quando se

manifestam por meio do ldquolaacuterdquo e do ldquoentatildeordquo ou enunciativos ao reportarem ao ldquoaquirdquo e ao

ldquoagorardquo Se o Presidente da Repuacuteblica Federativa do Brasil disser ldquoAqui em Brasiacutelia faz um

calor danadordquo ocorre a instalaccedilatildeo no discurso de um ldquoeu-aqui-agorardquo enunciativo que

instaura no discurso um efeito de subjetividade Por outro se houver um enunciado do tipo

ldquoO presidente esteve em Brasiacutelia e disse que laacute fazia muito calorrdquo manifesta-se um ldquoele-laacute-

entatildeordquo enuncivos que revelam um discurso objetivado por meio do uso da terceira pessoa A

operaccedilatildeo correlata agrave debreagem eacute chamada embreagem Ela pelo contraacuterio expulsa da

instacircncia da enunciaccedilatildeo as categorias de pessoa espaccedilo e tempo neutralizando-as Um

enunciado em que a matildee diz ao filho ldquoA mamatildee natildeo quer que o nenecirc faccedila bagunccedilardquo ocorre a

neutralizaccedilatildeo por meio de embreagem actancial da categoria de pessoa uma vez que o

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enunciador (mamatildee) foi projetado em terceira pessoa (ele) com o intuito de enfatizar a

primeira (eu)

Enfim um exame baseado na semacircntica discursiva ldquoanalisa os revestimentos mais

abstratos os temas ou mais concretos as figuras que recobrem as estruturas narrativasrdquo

(FIORIN 1990 p 95) Barros (2004) explica como ocorre o encadeamento e a expansatildeo dos

temas e das figuras do texto que podem ser predominantemente figurativos ou

predominantemente temaacuteticos Para Barros (2004) os temas satildeo conteuacutedos semacircnticos

tratados de forma abstrata enquanto as figuras dizem respeito ao investimento semacircntico-

sensorial dos temas Ambos constituem a semacircntica discursiva e asseguram a coerecircncia

semacircntica temaacutetica e figurativa do discurso (p 12)

Um pequeno texto temaacutetico como ldquoO fumo matardquo pode receber um investimento

figurativo sendo parafraseado por meio de uma histoacuteria do tipo ldquoPedro tinha o haacutebito de

fumar desde os dezoito anos Aos cinquumlenta contraiu enfisema pulmonar e faleceu meses

depois no hospital de sua cidade Lemerdquo No caso do tema haacute o predomiacutenio de uma ideacuteia a

de que o fumo pode matar No processo de figurativizaccedilatildeo ocorre a mesma ideacuteia mas o

termo abstrato ldquofumordquo recebe um investimento mais concreto de ordem actorial a partir da

accedilatildeo de algueacutem Pedro que fuma haacute muito tempo (ldquodesde os dezoitordquo eacute um investimento de

ordem temporal) e que morreu nesse local especiacutefico (hospital de Leme) A moral da histoacuteria eacute

investida sensorialmente pela imagem de algueacutem que tinha o haacutebito de fumar e morreu por

causa disso Em siacutentese palavras de categoria linguumliacutestica abstrata remetem aos temas porque

qualificam ideacuteias enquanto as de categoria concreta remetem agraves figuras porque revestem de

sentido as accedilotildees Uma faacutebula por exemplo eacute uma constituiccedilatildeo figurativa do que se quer dizer

(seu modo de organizaccedilatildeo eacute predominantemente narrativo) enquanto a moral da histoacuteria

comporta uma constituiccedilatildeo temaacutetica Nesse caso seu modo de organizaccedilatildeo eacute

predominantemente dissertativo (FIORIN 1994)

23 Os procedimentos enunciativos na construccedilatildeo da argumentaccedilatildeo

Resume-se o que foi explicado anteriormente dizendo que a enunciaccedilatildeo ldquo[] eacute a

instacircncia linguumliacutestica logicamente pressuposta pela existecircncia do enunciadordquo (FIORIN 2004a

p 118) bem como o ato de colocar a liacutengua em funcionamento por meio de um ato individual

de uso Ocorre a enunciaccedilatildeo enunciada quando eacute projetado no interior do enunciado um

ldquoeuaquiagorardquo Como visto em ldquoEu digo que a Terra gira em torno do solrdquo haacute um ldquoeurdquo

projetado no interior desse discurso No enunciado enunciado ou enunciado propriamente

46

dito (como em ldquoA Terra gira em torno do solrdquo) tambeacutem haacute um ldquoeurdquo produtor do discurso

mas estaacute impliacutecito pressuposto pela existecircncia do enunciado na medida em que sempre haacute

uma instacircncia responsaacutevel pelo dizer e sempre algueacutem a quem esse dizer eacute dirigido Dessa

maneira haacute niacuteveis de projeccedilatildeo em que a cada ldquoeurdquo responde um ldquoturdquo Nas palavras de Fiorin

(2004a p 119 ndash grifos do autor)

Isso implica que eacute preciso distinguir duas instacircncias o eu pressuposto e o eu projetado no interior do enunciado [] a do eu pressuposto eacute a do enunciador e a do eu projetado no interior do enunciado eacute a do narrador Como a cada eu corresponde um tu haacute um tu pressuposto o enunciataacuterio e um tu projetado no interior do enunciado o narrataacuterio Aleacutem disso o narrador pode dar a palavra a personagens que falam em discurso direto instaurando-se entatildeo como eu e estabelecendo aqueles com quem elas falam como tu Nesse niacutevel temos o interlocutor e o interlocutaacuterio

No que se refere ao autor e ao leitor impliacutecitos Fiorin (2002) esclarece em seu estudo

sobre a enunciaccedilatildeo que eacute ldquo[] exatamente por criar com toda liberdade uma versatildeo de si

mesmo e ainda pelo fato de que natildeo se tem acesso ao sujeito senatildeo por aquilo que ele enuncia

nas diferentes semioacuteticas que o autor eacute um autor impliacutecitordquo (p 63) Completa o pensamento

afirmando que ldquo[] dentre as distintas instacircncias enunciativas natildeo estaacute a do falante de carne e

osso ontologicamente definidordquo (p 63) Para ele autor e leitor reais pertencem ao mundo

natural enquanto o autor e leitor impliacutecitos pertencem ao texto satildeo categorias linguumliacutesticas

Deve-se imaginar que a partir do momento em que o autor produz o texto ele passa a ser

uma instacircncia do discurso eacute um ser linguumliacutestico projetado no papel Assim tambeacutem o eacute o leitor

ao realizar a sua leitura e se embrenhar pelos caminhos do texto uma vez que agrave voz do

enunciador (a projeccedilatildeo discursiva do autor) responde a do enunciataacuterio (a projeccedilatildeo discursiva

do leitor) sobretudo na auto-ajuda pois ela tende a deixar marcas linguumliacutesticas do diaacutelogo entre

essas duas instacircncias supracitadas

24 O ethos do enunciador e o pathos do enunciataacuterio

Fiorin (2004b) discute a projeccedilatildeo das vozes presentes na constituiccedilatildeo dos discursos

afirmando que a eficaacutecia discursiva liga-se agrave questatildeo da adesatildeo do enunciataacuterio ao discurso

Nesse caso o enunciataacuterio natildeo adere ao discurso apenas porque eacute apresentado como um

conjunto de ideacuteias que expressam seus possiacuteveis interesses e sim porque se identifica com o

sujeito da enunciaccedilatildeo que comporta um caraacuteter um corpo um tom Por isso o discurso natildeo

eacute apenas um conteuacutedo mas um modo de dizer que constroacutei os sujeitos da enunciaccedilatildeo e que

ao construir um enunciador constroacutei tambeacutem o seu correlato o enunciataacuterio (p 74)

47

Para manipular o seu leitor o enuncaidor vale-se de um tom de uma imagem de si

enfim de um ethos Para explicar essa construccedilatildeo discursiva Fiorin (2004a 2004b) observa

como dois grandes jornais do Estado de Satildeo Paulo constroem a imagem do enunciador e a

adesatildeo do enunciataacuterio Ele cita Aristoacuteteles a fim de explicar a acepccedilatildeo do termo ethos a partir

da sua origem grega que eacute entendido como um caraacuteter que leva agrave persuasatildeo caso o discurso

do orador inspire confianccedila no auditoacuterio Um profesor ao enunciar que eacute competente estaacute

explicitando uma imagem sua no enunciado mas isso natildeo leva agrave construccedilatildeo do ethos Nesse

caso o caraacuteter de pessoa competente eacute construiacutedo na maneira como organiza as aulas como

discorre sobre os temas etc Agrave medida que o professor vai falando sobre a mateacuteria vai

dizendo que eacute competente Eacute necessaacuterio portanto apreender um sujeito construiacutedo pelo

discurso O ethos eacute uma imagem do autor um autor discursivo um autor impliacutecito construto

do discurso (FIORIN 2004a p 120)

Se o ethos equivale agrave imagem do autor projetada no discurso o pathos equivale agrave forma

de adesatildeo do enunciataacuterio ao discurso do primeiro No que se refere aos aspectos dessa

disposiccedilatildeo do enunciataacuterio ao discurso Fiorin (2004b) define o termo pathos correlato de ethos

como

[] a disposiccedilatildeo real do auditoacuterio mas a de uma imagem que o enunciador tem do enunciataacuterio Essa imagem estabelece coerccedilotildees para o discurso [] eacute diferente falar para um auditoacuterio de leigos ou de especialistas para um adulto ou uma crianccedila Nesse sentido o auditoacuterio o enunciataacuterio [] faz parte do sujeito da enunciaccedilatildeo eacute produtor do discurso na medida em que determina as escolhas linguumliacutesticas do enunciador (p 71-2)

Em linhas gerais ldquoSe o pathos constroacutei a imagem do enunciataacuterio o ethos constroacutei a do

enunciadorrdquo (FIORIN 2004b 72) Nesse caso a adesatildeo do enunciataacuterio (pathos) a

determinado discurso vai depender da imagem que o enunciador tem desse enunciataacuterio e

como eacute trabalhada no conjunto do texto Assim o caraacuteter do enunciador vai ser construiacutedo

desde que conheccedila seu puacuteblico e saiba persuadi-lo fazendo-o crer na imagem que constroacutei

discursivamente de si

A Anaacutelise do Discurso francesa concebe uma noccedilatildeo de ethos parecido com a dos

estudos da enunciaccedilatildeo Brunelli (2004) em sua tese O sucesso estaacute em suas matildeos anaacutelise do discurso

de auto-ajuda vale-se do dizer de Maingueneau afirmando que o ethos eacute um conjunto de

caracteriacutesticas relacionadas ao sujeito-enunciador do discurso revelado pelo proacuteprio modo

como enuncia Deve-se levar em conta pois natildeo o que esse sujeito diz a respeito de si mas a

personalidade que mostra pelo modo de se exprimir (p 41)

48

Os jornais Folha de S Paulo e Estado de Satildeo Paulo valem-se de estrateacutegias argumentativas

diferentes construindo diferentes imagens de enunciadores Dois artigos de Fiorin (2004a

2004b) explicam a forma como cada um desses oacutergatildeos da imprensa constroem a imagem do

seu puacuteblico-leitor O enunciataacuterio (leitor de jornal) ndash constituiacutedo a partir de um pathos (a sua

forma de adesatildeo) ndash adere ao discurso uma vez que nele se vecirc constituiacutedo como sujeito

identificando-se com esse ethos do enunciador (FIORIN 2004a p 137) A imagem construiacuteda

desse enunciataacuterio funciona como um co-enunciador porque direciona o formato dos jornais

de acordo com o que se espera do seu puacuteblico-alvo se um leitor culto seacuterio que acompanha

os fatos do cenaacuterio poliacutetico (jornal Estado de Satildeo Paulo) ou se um leitor menos seacuterio ndash mais

ldquodescoladordquo ndash e que ocasionalmente informa-se dos fatos atuais sendo apenas um mero

expectador do cenaacuterio poliacutetico-econocircmico como o da Folha de S Paulo (idem 2004b p 73-4)

25 O leitor e o autor impliacutecitos

O trabalho de Cortina (2006) pode ser resumido de acordo com duas perspectivas

mais amplas a saber uma de foco interno e outra de foco externo da leitura No primeiro

caso ele observa o leitor impliacutecito incorporado na organizaccedilatildeo interna do texto por meio de

uma investigaccedilatildeo de anaacutelise discursiva secircmio-linguumliacutestica fundamentada pela teoria Semioacutetica

da Escola de Paris Ao aplicar uma anaacutelise discursiva de base linguumliacutestica aos textos mais

vendidos dos anos 60 em diante Cortina busca delinear um perfil de leitor contemporacircneo

Essa perspectiva teoacuterica de foco interno seraacute uacutetil para explicar as estrateacutegias

discursivas que fazem parte do plano de conteuacutedo dos textos selecionados aqui com vistas a

pensar a constituiccedilatildeo do leitor enquanto enunciataacuterio de uma totalidade de textos de auto-

ajuda O exame das imagens do leitor que um discurso projeta no momento em que eacute

produzido ajuda a verificar como se configura esse leitor constituiacutedo na imanecircncia dos textos

mais vendidos Para Cortina (2006) a semioacutetica greimasiana concebe o leitor como uma

projeccedilatildeo do enunciataacuterio do discurso que juntamente com o enunciador (a projeccedilatildeo do

autor) constituem a instacircncia da enunciaccedilatildeo Em todo discurso haacute desse modo um sujeito

que diz algo para um outro a quem esse dizer eacute dirigido por isso o leitor eacute co-autor do

enunciado Projetado como enunciataacuterio do discurso eacute ele que controla o dizer do

enunciador Uma maneira de tratar a questatildeo da leitura portanto eacute por meio do exame das

imagens de leitor que um determinado discurso projeta no momento em que eacute produzido

(CORTINA 2006 p 2)

49

A partir da outra perspectiva de foco externo Cortina analisa o leitor enquanto sujeito

do processo comunicativo determinado assim de forma social e histoacuterica Sendo o objeto de

estudo deste trabalho as listas de livros de Veja ajudam a refletir sobre o interesse do leitor

nacional pelos livros mais vendidos uma vez que a loacutegica mercadoloacutegica atende agrave demanda do

puacuteblico-leitor produzindo em escala industrial os textos mais procurados e ldquoinjetandordquo

marketing no lanccedilamento desses produtos Como consumidor de variados tipos de literatura

vale destacar que a procura do puacuteblico pelos best-sellers mostra o quanto auto-ajuda eacute uma

manifestaccedilatildeo discursiva cujas estrateacutegias de manipulaccedilatildeo procuram seduzir o leitor seja pelo

marketing injetado nos bastidores das listas (foco externo) seja pelo atrativo do seu conteuacutedo

(foco interno)

Lajolo amp Zilbermann (1999) de acordo com uma perspectiva socioloacutegica (externa ao

texto portanto) discutem a relaccedilatildeo entre o leitor empiacuterico (de carne e osso) e o impliacutecito

(linguumliacutestico) em que eacute possiacutevel investigar as formas de adesatildeo adotadas de acordo com as

estrateacutegias persuasivas das quais se vale o autor As autoras mencionam que alguns escritores

procuram ldquoguiar o leitor pela matildeordquo Por meio de estrateacutegias narrativas chamam a atenccedilatildeo do

leitor no proacuteprio texto que escrevem de forma a lhes alertar sobre os caminhos que devem

seguir Dessa maneira o narrador constituiacutedo em alguns dos textos de Machado de Assis tece

caracteriacutesticas do leitor (descreve suas virtudes) Em A matildeo e a luva seu personagem Estevatildeo eacute

a caricatura do romantismo da eacutepoca Apesar de ser descrito como um escritor de poesias ndash

ldquoleitor formado pela esteacutetica romacircnticardquo (ibid p 25) ndash ele representa o que deve ser ignorado

o leitor romacircntico O narrador pede assim a adesatildeo de um leitor arguto e perspicaz que

perceba nas intenccedilotildees do que eacute enunciado um tom de ironia

Eacute entre esses dois sujeitos que a comunicaccedilatildeo se instala eacute a esse tipo de consumidor mais sofisticado que o narrador maduro e experiente se dirige deixando de lado os leitores romacircnticos que homens ou mulheres satildeo seguidamente mateacuteria de criacutetica por parte de Machado (ibid p 26-7)

O Machado de Assis projetado no discurso eacute diferente do Machado de Assis real pois

eacute uma imagem produzida pelo texto Fiorin (2004a p 119) explica que o ldquoeurdquo e o ldquoturdquo satildeo

posiccedilotildees dentro da cena enunciativa satildeo actantes da enunciaccedilatildeo Ao serem concretizados

esses actantes tornam-se atores da enunciaccedilatildeo ldquoO ator eacute uma concretizaccedilatildeo temaacutetico-

figurativa do actante Por exemplo o enunciador eacute sempre um eu mas no texto Memoacuterias

poacutestumas de Braacutes Cubas esse eu eacute concretizado no ator Machado de Assisrdquo (ibid p 119 ndash

grifos do autor)

50

Acredita-se portanto que uma forma de verificar o porquecirc da adesatildeo do leitor

brasileiro a uma manifestaccedilatildeo discursiva como a auto-ajuda seria estudar como se constituem

o ethos do enunciador e o pathos do seu enunciataacuterio A imagem do escritor eacute construiacuteda a partir

de caracteriacutesticas discursivas sempre levando em conta que o seu leitor impliacutecito eacute um

consumidor de best-sellers por isso mesmo um co-enunciador que demanda as escolhas (as

estrateacutegias persuasivas) do discurso construiacutedo Seraacute obsservado no decorrer do exame dos

textos mais vendidos que a imagem elaborada discursivamente do leitor da auto-ajuda eacute a de

um sujeito carente de informaccedilatildeo e de atenccedilatildeo Como natildeo tem tempo suficiente para leituras

mais longas e desafiadoras o leitor enunciataacuterio procura aderir a um texto com ideacuteias

condensadas que decirc informaccedilotildees relativas ao seu dia-a-dia e que especialmente teccedila

exemplos de histoacuteria reais de pessoas comuns e de personalidades famosas ou de fatos e

personalidades histoacutericos em geral da religiatildeo da poliacutetica da ciecircncia etc (Jesus Dalai-Lama

Martin Luther King Einstein) ndash estes recursos configuram o pathos do enunciataacuterio a sua

forma de adesatildeo ao discurso da auto-ajuda Por sua vez a imagem construiacuteda do autor ndash o

ethos do enunciador ndash eacute a de uma pessoa atenciosa preocupada com a sauacutede mental fiacutesica e

espiritual do seu leitor e que natildeo pede (nas malhas do seu discurso enquanto ldquoretoacuterica da boa

vontaderdquo) nada em troca apenas a satisfaccedilatildeo do leitor Eacute um enunciador astuto que aleacutem de

dissertar sobre teorias de autoria proacutepria e de autoridades em assuntos diversos lanccedila matildeo de

narrativas (contos faacutebulas proveacuterbios) para fazer o seu enunciataacuterio imaginar o que diz ou

seja procura concretizar figuratizamente os conteuacutedos discutidos

51

3 Os componentes semioacuteticos para a classificaccedilatildeo dos discursos

Os componentes semioacuteticos relativos ao percurso gerativo de sentido podem

fornecer uma visatildeo de conjunto de como podem ser classificados os diferentes discursos da

auto-ajuda Satildeo eles no niacutevel profundo as categorias da semacircntica fundamental (euforia e

disforia) no niacutevel narrativo os percursos dos actantes funcionais (destinador-manipulador

destinataacuterio-sujeito e destinador-julgador) as fases da narrativa (manipulaccedilatildeo competecircncia

perfoacutermance e sanccedilatildeo) a natureza do objeto-valor (pragmaacutetico ou cognitivo descritivo ou

modal) no niacutevel discursivo as marcas linguumliacutesticas da comunicaccedilatildeo entre enunciador e

enunciataacuterio e a predominacircncia de temas ou de figuras (ou a equivalecircncia de sua aplicaccedilatildeo)

31 Os componentes da gramaacutetica fundamental

Como a gramaacutetica fundamental daacute conta de explicar um primeiro micro-universo de

articulaccedilatildeo de sentido a semacircntica fundamental pode sugerir um primeiro indicador

tipoloacutegico A estrutura semacircntica do quadrado semioacutetico compreende dois termos em

oposiccedilatildeo em que cada um deles recebe um investimento axioloacutegico O investimento que estaacute

em conformidade com os valores do sujeito discursivo eacute o eufoacuterico enquanto o investimento

em natildeo-conformidade eacute o disfoacuterico Nesse caso as categorias do niacutevel fundamental que

podem incidir nos discursos satildeo as de euforia e disforia

De acordo com a orientaccedilatildeo sintagmaacutetica dos discursos os textos podem valorizar

mais a conjunccedilatildeo com o objeto-valor em que impera a busca por um querer ou um dever-

estar-conjunto a algo como nos textos que dizem ldquopara obter isso faccedila isso adicione aquilo

insira mais aqueloutrordquo Essa caracteriacutestica eacute tiacutepica dos discursos de auto-ajuda O valor

axioloacutegico que essa conjunccedilatildeo assume eacute eufoacuterico uma vez que o leitor enunciataacuterio busca

com essa conjunccedilatildeo modificar o seu ser por meio de valores positivos Haacute tambeacutem os

discursos que valorizam apenas inicialmente a disjunccedilatildeo com determinados objetos e por

isso mesmo a disforia Poreacutem o fazem como jogo argumentativo para ao final afirmarem os

valor eufoacuterico do seu discurso Nesse caso apontam primeiramente os caminhos disfoacutericos

que devem ser evitados (natildeo faccedila isso evite aquilo etc) elaborando um jogo argumentativo

em que faz o seu enuncitaacuterio reconhecer o valor disfoacuterico de determinados objetos-valor para

em seguida levar a cabo a empreitada eufoacuterica prometida no texto

52

32 Os componentes da gramaacutetica narrativa

Outros componentes para uma indicaccedilatildeo tipoloacutegica podem ser descritos de acordo

com as fases da narrativa que os textos privilegiam (manipulaccedilatildeo competecircncia perfoacutermance e

sanccedilatildeo) de acordo com a maior ou menor atuaccedilatildeo das funccedilotildees dos actantes destinador-

manipulador destinataacuterio-sujeito e destinador-julgador e conforme a natureza dos objetos-

valor postos em circulaccedilatildeo (modais cognitivos descritivos pragmaacuteticos)

Segundo Fiorin (1990) um manual teacutecnico ou uma receita por exemplo privilegia a

fase da competecircncia assim como o saber a ela inerente Nessa fase observa-se a atuaccedilatildeo do

actante funcional destinador-manipulador Jaacute o discurso de jornais sensacionalistas privilegia a

fase da perfoacutermance bem como a atuaccedilatildeo do destinador-manipulador e do destinataacuterio-sujeito

enquanto actantes responsaacuteveis pelos atos de frisson Ao enfatizar a perfoacutermance e descrever

os detalhes de como agiu o assassino a manipulaccedilatildeo tambeacutem interessa a esse tipo de discurso

pois a atenccedilatildeo recai sobre as intenccedilotildees da morte (o fatos que levaram ao dever e querer-fazer)

como no caso de um crime passional por exemplo Por sua vez os romances policiais tendem

a privilegiar a fase da sanccedilatildeo Nela atua o destinador-julgador uma vez que a atenccedilatildeo recai

sobre o julgamento do vilatildeo e sobre o desvendamento dos crimes em que pode haver o

predomiacutenio de recompensas aos mocinhos ou de castigos para os vilotildees Nesse caso estatildeo

impliacutecitas e podem ser reveladas na fase da sanccedilatildeo cognitiva uma seacuterie de perfoacutermances

anteriores (crimes segredos negoacutecios escusos intrigas) que os criminoso havia escondido e

que apenas seratildeo explicitadas ao leitor ou aos outros personagens nas uacuteltimas linhas do texto

no momento do julgamento

A partir da incidecircncia de determinados componentes da gramaacutetica narrativa eacute possiacutevel

inventariar mais um condicionador tipoloacutegico para os discursos examinados Veja-se que os

manuais teacutecnicos (manuais de instalaccedilatildeo receitas culinaacuterias textos de auto-ajuda) incidem no

percurso do destinador-manipulador e na fase da competecircncia Os jornais sensacionalistas por

sua vez destacam os percursos do destinador-manipulador e do destinataacuterio-sujeito e as fases

da manipulaccedilatildeo e da competecircncia Diferentemente os romances policiais incidem no percurso

do destinador-julgador e na fase da perfoacutermance

A respeito dos textos do corpus deste trabalho configurados como discursos de auto-

ajuda nota-se que a sua estrutura eacute semelhantes aos discursos programadores os quais Fiorin

(idem p 93) denomina tecnoloacutegicos como receitas de cozinha plantas de engenheiro bulas

de remeacutedio Eles transmitem ao destinataacuterio o sujeito operador um saber-fazer Enfatizam

com isso a fase da competecircncia pois para ter o efeito desejado ndash para obter o objeto de

53

desejo ndash eacute necessaacuterio cumprir as tarefas determinadas pelo manual A auto-ajuda tem um

estatuto semelhante aos discursos programadores pois tende a privilegiar a fase da

competecircncia Nesse caso o foco recai na doaccedilatildeo de um objeto-valor de natureza cognitiva

(um conhecimento especiacutefico) voltado para uma finalidade praacutetica (elaborado por um

destinador cheio de certezas) para um destinataacuterio carente que eacute programado a obedecer a

instruccedilotildees e realizar na maioria dos casos um programa narrativo de construccedilatildeo Greimas amp

Courteacutes (1979) sugerem uma denominaccedilatildeo especiacutefica para o sujeito operador que realiza um

percurso semelhante de programaccedilatildeo Denominam autocircmato

[] qualquer sujeito operador [] que disponha de um conjunto de regras expliacutecitas e de uma ordem que o force a aplicar tais regras (ou a executar instruccedilotildees) O autocircmato eacute pois uma instacircncia semioacutetica construiacuteda como um simulacro do fazer programaacutetico e pode servir de modelo quer para o sujeito humano que exerccedila uma atividade cientiacutefica reproduziacutevel quer para a construccedilatildeo de uma maacutequina (p 36)

Para explicar um programa de construccedilatildeo Greimas (1996) vale-se de uma seacuterie de

programas narrativos para descrever os procedimentos de triagem mistura e cozimento etapa

por etapa da iguaria sopa ao pesto No artigo denominado ldquoSopa ao pistou ou sobre a

construccedilatildeo de um objeto de valorrdquo Greimas potildee agrave prova a aplicabilidade da teoria Semioacutetica

a fim de construir um programa narrativo de ordem figurativa direcionado agrave elaboraccedilatildeo de

um cardaacutepio especiacutefico Greimas (1996) diz que esse programa de produccedilatildeo consiste na

construccedilatildeo de um objeto de valor que eacute investido num objeto figurativo complexo a sopa A

sua construccedilatildeo exige a execuccedilatildeo de um conjunto de programas somaacuteticos e gestuais em que o

PN de construccedilatildeo sendo um dos PNs de uso compotildee um percurso de ordem figurativa (p

12)

Aleacutem do mais Greimas demonstra como funciona a dimensatildeo cognitiva do fazer

relativa aos discursos programadores Neles o saber-fazer (saber executar) o programa jaacute estaacute

subentendido pois jaacute eacute uma competecircncia atualizada anteriormente agrave sua realizaccedilatildeo Isso quer

dizer que ao ler um texto programador o leitor estaacute investido pelo querer e pelo dever-ler Ao

preparar uma bela sopa o culinarista jaacute saboreia o prato ndash jaacute estaacute previsto o preparo da receita

ndash antes mesmo do seu iniacutecio A auto-ajuda nesse aspecto assemelha-se a tal fato pois o

querer e dever-ler pressupostos jaacute atualizam o leitor ou seja jaacute o fazem estar disjunto da ldquofalta

de conhecimentordquo Jaacute que a atualizaccedilatildeo pressupotildee uma disjunccedilatildeo o seu leitor ao ler auto-

ajuda jaacute passa a estar disjunto do desconhecimento mesmo antes de pocircr em praacutetica os

programas narrativos do discurso lido

54

Para Greimas (1996) a mera aceitaccedilatildeo do contrato impliacutecito que desencadeia o fazer

culinaacuterio (no caso da sopa) permite situar a passagem do cognitivo ao pragmaacutetico da

competecircncia agrave perfoacutermance Esse saber-fazer (componente da competecircncia do sujeito que eacute

pressuposto nos comportamentos cotidianos dos homens) encontra-se explicitado e nesse

caso manifestado sob a forma de um discurso particular Para ele a receita de cozinha pode

ser considerada uma subclasse de discursos que tal qual partituras musicais ou projetos de

arquiteto (discursos programadores em geral como a auto-ajuda) apresentam-se como

manifestaccedilatildeo de competecircncia atualizada anteriormente agrave sua realizaccedilatildeo (p 11)

No que se refere agrave semacircntica narrativa enfim a anaacutelise dos textos pode recair sobre

dois criteacuterios a busca por objetos-valor descritivos ou modais O primeiro refere-se agrave busca

por valores consumiacuteveis tesauriacuteveis (a procura das minas de ouro nos filmes de faroeste) No

que tange aos objetos-valor modais nesse caso a incidecircncia nos textos refere-se agraves

modalidades do fazer (virtualizantes querer e dever atualizantes saber e poder) Isso pode ser

exemplificado de acordo com a busca do saber nas narrativas de pesquisa ou a busca da

competecircncia para algo (saber e poder-fazer) nos textos de auto-ajuda cartilhas receitas etc

Nesse caso o leitor cumpre o papel de destinataacuterio que buscaraacute objetos modais sendo que o

importante geralmente natildeo satildeo valores descritivos objetivos (como dinheiro e joacuteias por

exemplo) e sim os meios (PNs de uso ndash saber e poder-fazer) para conseguir o bem-estar que

procura ao entrar em conjunccedilatildeo com determinado discurso portanto um valor cultural

subjetivo

33 Os componentes da gramaacutetica discursiva

A sintaxe discursiva ldquo[] visa a analisar as projeccedilotildees de pessoa espaccedilo e tempo no

enunciado e as relaccedilotildees entre enunciador e enunciataacuterio isto eacute todo o jogo argumentativo

presente no discursordquo (FIORIN 1990 p 96)

Haacute dois procedimentos de debreagem relativos agrave sintaxe do discurso A debreagem

actancial enunciativa equivale agrave projeccedilatildeo em primeira pessoa e a debreagem actancial enunciva

em terceira pessoa Os procedimentos equivalentes de debreagem espacial e temporal

tambeacutem podem ser enunciativos e enuncivos na medida em que aquele projeta as

coordenadas espaccedilo-temporais de acordo com um ldquoaquiagorardquo e o uacuteltimo as projeta como

um ldquolaacuteentatildeordquo Quando se vale de debreagem enunciativa o enunciador deixa marcas no

discurso como no texto confessional no autobiograacutefico no de auto-ajuda Veja-se que a

natureza da funccedilatildeo emotiva vista na poesia baseia seu discurso na primeira pessoa ou seja

55

basicamente num ldquoeu-aqui-agorardquo Jaacute quando o texto se vale debreagem enunciva a projeccedilatildeo

em terceira pessoa cria um efeito de sentido de objetividade como o discurso cientiacutefico em

que ldquo[] o enunciador se apaga atraacutes dos fatosrdquo (ibid p 96) O enunciataacuterio pode estar

explicitado por marcas linguumliacutesticas quando for utilizado um ldquoturdquo ou um ldquonoacutesrdquo (pronome com

funccedilatildeo inclusiva) ou quando valer-se das formas de imperativo (ldquofaccedilardquo ldquonatildeo esqueccedilardquo) bem

tiacutepico dos discursos programadores (textos de auto-ajuda didaacuteticos etc)

Por fim um exame proposto de acordo com a semacircntica discursiva analisa os

revestimentos mais abstratos (os temas) ou mais concretos (as figuras) que recobrem ndash ou que

investem com marcas sensoriais ndash as estruturas narrativas (FIORIN 1990 p 95) Interessa

estudar portanto como o encadeamento e a expansatildeo dos temas e das figuras organizam-se

nos discursos de maneira a indicar que determinados textos podem ser predominantemente

figurativos predominantemente temaacuteticos ou tatildeo temaacuteticos quanto figurativos

Toda essa explicaccedilatildeo dos niacuteveis semioacuteticos ndash os procedimentos inerentes aos niacuteveis

fundamental narrativo e discursivo ndash tem o motivo de fornecer criteacuterios linguumliacutesticos de

classificaccedilatildeo tipoloacutegica para os livros selecionados do corpus Um criteacuterio adequado de anaacutelise

de conteuacutedo impede assim que o texto caia na ldquoabstraccedilatildeo generalizanterdquo (FIORIN 1990 p

97) de que fala Fiorin impulsionado pela discussatildeo de Kerbrat-Orecchioni (1980) para quem

ldquoTout genre se deacutefinit comme une constellation de proprieacuteteacutes speacutecifiques9 (p 170) Ambos defendem

portanto a descriccedilatildeo tipoloacutegica baseada em uma teoria do discurso porque as classificaccedilotildees

baseadas no gecircnero natildeo satildeo suficientemente finas para apreender os muacuteltiplos tipos de

discursos que circulam numa formaccedilatildeo social (FIORIN 1990 p 97)

9 Todo gecircnero define-se como um constelaccedilatildeo de propriedades especiacuteficas

56

4 Constituiccedilatildeo do Corpus Os livros mais vendidos de 1991 a 2006

A revista Veja eacute a base de dados deste trabalho pois o objetivo foi registrar as listas de

livros mais vendidos ldquoauto-ajuda e esoterismordquo divulgadas pela revista A partir de sua seccedilatildeo

de divulgaccedilatildeo e comentaacuterio de livros denominada ldquoOs mais vendidosrdquo (lugar em que dispotildee

suas listas de livros) pocircde-se realizar o levantamento dos livros mais vendidos no Brasil a

partir de 1991 A sua relaccedilatildeo de livros em forma de ranking do primeiro ao deacutecimo colocados

eacute publicada na seccedilatildeo da revista desde o iniacutecio dos anos 70 mas o modo de sua organizaccedilatildeo

sofreu consideraacuteveis alteraccedilotildees No iniacutecio eram publicadas semanalmente duas listas de

livros de acordo com as categorias ldquonacionalrdquo e ldquoestrangeirordquo Em meados de 1970 alterou a

forma de exibiccedilatildeo dos mais vendidos adotando duas listas com os dez mais vendidos de

acordo com as categorias ldquoficccedilatildeordquo e ldquonatildeo-ficccedilatildeordquo Foi somente na deacutecada de 90 que a Veja

inseriu mais uma categoria denominada ldquoauto-ajuda e esoterismordquo em meio agraves duas outras

ldquoficccedilatildeordquo e ldquonatildeo-ficccedilatildeordquo mantendo a relaccedilatildeo de dez livros por semana em cada ranking Eacute

importante dizer que os livros mais vendidos satildeo basicamente textos de auto-ajuda apesar de

listas incluirem o termo ldquoesoterismordquo como parte do seu tiacutetulo

Procura-se fazer portanto uma seleccedilatildeo dos livros mais vendidos de 1991 a 2006

tendo em vista observar a progressatildeo das listas ldquoauto-ajuda e esoterismordquo com o intuito de

registraacute-las para em seguida elaborar um corpus definitivo a partir delas

41 Hipoacuteteses sobre a constituiccedilatildeo das listas de livros

Verificar as listas de livros de um veiacuteculo semanal de informaccedilatildeo como a Veja exige

no entanto uma explicaccedilatildeo mais apurada sobre a sua constituiccedilatildeo a fim de natildeo gerar duacutevidas

sobre o procedimento de coleta de dados Primeiro deve-se pensar em que medida as listas

realmente refletem a escolha do leitor Ou seja as obras de auto-ajuda satildeo dispostas nesses

rankings porque o leitor as comprou ndash uma vez que a revista indica as livrarias de onde obteve

os dados ndash ou satildeo relacionadas nos rankings por outras intenccedilotildees Pensando no livro como um

produto de mercado produzido de acordo com as estrateacutegias de grandes editoras como

Record Companhias das Letras Aacutetica Ediouro Rocco existe notadamente uma preocupaccedilatildeo

com a divulgaccedilatildeo do seu produto Parece haver um forte ingrediente mercadoloacutegico que induz

a pensar na importacircncia do investimento maciccedilo em propaganda e em outras formas de

seduzir o leitor natildeo soacute de editoras mas de grandes veiacuteculos de informaccedilatildeo como Veja os

jornais Estado de Satildeo Paulo e Folha de S Paulo

57

Enfim o investimento publicitaacuterio em livros mais consumidos traz rendimento para

editoras livrarias escritores impressores oacutergatildeos de informaccedilatildeo o que leva a pensar na

importacircncia das estrateacutegias de marketing do mercado livreiro Sobre o fato Cortina (2006) diz

que eacute a busca do puacuteblico-leitor por esse tipo de texto (livros voltados para o consumo) que faz

o mercado editorial investir nele Para ele essa eacute uma lei do mercado pois quanto maior a

procura maior eacute o valor do objeto o que justifica assim maiores investimentos (p 101)

Pensando que haacute fatores de ordem mercadoloacutegica envolvidos na publicaccedilatildeo dos

rankings de livros como um todo em segundo lugar acredita-se que realizar um estudo de

aspecto sociocultural da leitura exigiria aleacutem de uma investigaccedilatildeo das intenccedilotildees de propaganda

do mercado livreiro tambeacutem uma pesquisa apurada sobre os haacutebitos cotidianos de leitura

Esse auto-questionamento eacute necessaacuterio para aclarar as perguntas que possivelmente podem

surgir a respeito dos fatores externos aos textos que orientam discussotildees sobre as praacuteticas

reais de leitura (O leitor leu o livro que comprou Que tipo de leitor o adiquiriu pobre

culto presidiaacuterio estudante idoso) Tais indagaccedilotildees dariam material para uma pesquisa sobre

o leitor real de acordo com as suas praacuteticas cotidianas de leitura Um dos aspectos do estudo

sociocultural seria perguntar ao leitor que tipo de livro lecirc quantos livros por ano se nunca lecirc

ou decidir que tipo de leitor abordar o leitor urbano e rural juvenil adulto idoso o leitor

universitaacuterio e natildeo-universitaacuterio etc Outro quesito relevante seria elaborar um questionaacuterio

com perguntas especiacuteficas ao leitor Comprou o livro ou ganhou Realmente leu o livro

Gostou ou natildeo gostou Todos esses fatores de ordem externa ao funcionamento do texto natildeo

seratildeo levados em diante porque conduziriam a um outro tipo de trabalho de ordem

socioloacutegica uma vez que o enfoque eacute analisar o plano de conteuacutedo dos textos selecionados

entendidos portanto como os mais lidos tambeacutem

Deve-se esclarecer tal fato porque elas envolvem muitos fatores que fogem a uma

anaacutelise discursiva como a pretendida neste trabalho uma vez que o total das listas observadas

compotildee um objeto de significaccedilatildeo Assim eacute necessaacuterio levar em conta que ao constar nas

listas determinado livro sendo efetivamente lido ou natildeo mostra-se como um dos livros mais

vendidos e consequentemente tambeacutem como um dos mais lidos Esse recorte eacute necessaacuterio a

fim de que a pesquisa natildeo tome o rumo de um estudo sociocultural da leitura

42 Criteacuterios para seleccedilatildeo das listas de livros do corpus

O criteacuterio de recorte do periacuteodo especiacutefico para elaboraccedilatildeo do corpus eacute baseado nos

resultados do trabalho de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica publicados em Merenciano (2007) No artigo

discuto o levantamento que fiz durante a pesquisa da graduaccedilatildeo que diz respeito aos livros

58

mais vendidos de 1975 a 1990 Ao detectar algumas tendecircncias (de livros mais objetivos para

livros mais subjetivos da ecircnfase dos fatos da histoacuteria para o foco na individualidade) no

mestrado dou continuidade ao levantamento dos mais vendidos a partir de 1991

Confirmando a preferecircncia do puacuteblico-leitor pelos textos de auto-ajuda Cortina (2006)

faz uma constataccedilatildeo interessante No levantamento proposto pelo autor a partir das listas de

livros de dois jornais observa um interesse acentuado por esses discursos Nos anos 90 as

listas de livros organizadas no corpus de sua tese apresentam entre os 13 livros mais vendidos

nada menos que 11 tiacutetulos de auto-ajuda (p 129) O predomiacutenio quase absoluto desse tipo de

texto mostra ldquo[] que o leitor brasileiro desse periacuteodo realiza um momento de introspecccedilatildeo

que o distancia das preocupaccedilotildees com a coletividaderdquo (ibid p 129)

Se a literatura de accedilatildeo-intriga prezava ateacute o iniacutecio dos anos 80 segundo Merenciano

(2007) pela discussatildeo dos problemas situados no acircmbito coletivo a literatura que se

desenvolveu nos anos 90 passou a se direcionar menos para a causa social enfim para os

problemas contextuais da eacutepoca com os quais os textos de accedilatildeo-intriga mantinham diaacutelogo

Foi-se desvinculando o diaacutelogo com os fatos contextuais (Guerra Fria ditaduras na Ameacuterica

do Sul conflitos no Leste Europeu) para um diaacutelogo com o proacuteprio leitor em que o fazer dos

sujeitos narrativos visa agrave aquisiccedilatildeo de um autoconhecimento a partir do contato com saberes

ocultos Em suma o tipo de literatura mais individual dos anos 80 foi no decorrer desse

dececircnio evoluindo para a auto-ajuda nos anos 90 no decorrer das listas de livros pesquisadas

por Merenciano (2007) Isso quer dizer que a partir de 1991 jaacute eacute possiacutevel estabelecer um

levantamento de livros mais vendidos que decirc conta de explicar as estrateacutegias que organizam a

imanecircncia dos textos de auto-ajuda

Como jaacute foi apontado o porquecirc do recorte do periacuteodo especiacutefico (de 1991 a 2006)

afirma-se que o meacutetodo do levantamento pretendido neste trabalho teve como base o trabalho

de Cortina (2006) Durante a sua pesquisa ele optou pelo registro do nuacutemero total de vezes

que determinada obra apareceu nas listas tendo como base os rankings de dois grandes jornais

no periacuteodo de 1966 a 2004 Ele defende o meacutetodo de obtenccedilatildeo de dados por meio da

progressatildeo de livros nas listas sem levar em conta a posiccedilatildeo em que o livro apareceu no

decorrer delas (CORTINA 2006 p 102) Isso funciona como uma maneira de verificar como

determinado texto foi mais lido por meio de sua recorrecircncia nesses rankings O meacutetodo

tambeacutem determina quantitativamente no periacuteodo compreendido como variou ou como natildeo

variou a procura pelos mais vendidos Assim Cortina procura examinar como se alterou ou

como se manteve a totalidade desses rankings A partir do registro das listas de livros ele

pretende delinear um perfil do leitor brasileiro da deacutecada de 1960 em diante

59

43 Apresentaccedilatildeo do corpus

A elaboraccedilatildeo deste corpus eacute fundamentada portanto em uma totalidade de textos os

livros mais vendidos no periacuteodo de 1991 a 2006 registrados a partir da listas ldquoauto-ajuda e

esoterismordquo de Veja A seleccedilatildeo e a coleta desses dados foram baseadas no nuacutemero total de

vezes que cada obra apareceu nas listas semanais de livros Assim as obras mais recorrentes

que somam o maior nuacutemero de ocorrecircncias independente da posiccedilatildeo ocupada em cada lista

foram as campeatildes Eacute necessaacuterio ressaltar que a revista natildeo publica ldquoreligiosamenterdquo suas

relaccedilotildees de livros Mesmo assim essa irregularidade natildeo comprometeu a observaccedilatildeo da

progressatildeo dos livros Houve anos em que a revista apresentou cinquumlenta e uma listas

semanais como em 2005 havendo pois uma regularidade da publicaccedilatildeo dos rankins Por

outro lado houve um ano 1997 em que publicou apenas seis listas sem apresentar no

entanto os motivos da omissatildeo de um nuacutemero relativamente grande de levantamentos

O nuacutemero total de listas por ano foi o seguinte

Ano do levantamento Total de listasano 1991 10 1992 14 1993 13 1994 10 1995 14 1996 23 1997 06 1998 11 1999 18 2000 38 2001 49 2002 48 2003 49 2004 50 2005 51 2006 49

Tabela 2 Nuacutemero total de listas publicadas por ano

De acordo com esses dados a partir do ano de 2000 o levantamento da revista

apresenta uma maior regularidade cuja variaccedilatildeo fica entre 38 e 51 listas anuais No periacuteodo

anterior de 1991 a 1999 o nuacutemero de listas publicadas por ano oscilou mais do que o periacuteodo

de 2000 em diante O ano de 1996 por exemplo representa o pico (23 listas publicadas)

enquanto o ano de 1997 responde pelo menor nuacutemero 06 apenas Somadas as listas de todos

os anos (1991-2006) portanto tem-se um total de 453 Dividindo esse total pelos dezesseis

60

anos de levantamento haacute uma meacutedia de aproximadamente 28 listas por ano A partir dessa

meacutedia pocircde-se estabelecer um primeiro levantamento com 39 livros relacionados entre os

mais vendidos A posiccedilatildeo dos livros ficou de acordo com a tabela abaixo

Livro Autor Editora Ocor-recircncias

1 Quem mexeu no meu queijo Spencer Johnson Record 208 2 A semente da vitoacuteria Nuno Cobra Senac Satildeo Paulo 151 3 A arte da felicidade Dalai Lama MartinsFontes 142 4 Por que os homens fazem sexo e as

mulheres fazem amor Allan Pease GMT 141

5 Pais bilhantes professores fascinantes Augusto Cury GMT 129 6 Natildeo leve a vida tatildeo a seacuterio Hugh Prather GMT 107 7 O monge e o executivo James Hunter GMT 104 8 Nunca desista de seus sonhos Augusto Cury GMT 101 9 Jesus o maior psicoacutelogo que jaacute existiu Mark Baker GMT 90 10 Um dia daqueles Bradley Trevor Greive GMT 86 11 Quem ama educa Iccedilami Tiba Integrare 86 12 Os 100 segredos das pessoas felizes David Niven GMT 84 13 Vocecirc eacute insusbstituiacutevel Augusto Cury GMT 79 14 Ah se eu soubesse Richard Edler Negoacutecio 58 15 Criando meninos Steve Biddulph Fundamento 57 16 O sucesso eacute ser feliz Roberto Shinyashiki Gente 56 17 Ningueacutem eacute de ningueacutem Ziacutebia Gasparetto Vida consciecircncia 56 18 A dieta de south beach Arthur Agatston GMT 55 19 Minutos de sabedoria Torres Pastorino Vozes 52 20 Natildeo faccedila tempestade em copo drsquoaacutegua Richard Carlson Rocco 51 21 Enquanto o amor natildeo vem Iyanla Vanzant GMT 49 22 Querida mamatildee ndash obrigado por tudo Bradley Trevor Greive GMT 48 23 Caminhos e escolhas Abiacutelio Diniz Campus 47 24 Superdicas para falar bem em apresentaccedilotildees Reinaldo Polito Saraiva 45 25 Decifrar pessoas Jo-Ellan Dimitrius Alegro 43 26 Como se tornar um liacuteder servidor James Hunter GMT 40 27 Um amor de verdade Ziacutebia Gasparetto Vida Consciecircncia 39 28 As sete leis espirituais do sucesso Deepak Chopra Best-seller 38 29 Vocecirc pode curar sua vida Louise Hay Best-seller 38 30 Pai rico pai pobre R Kiyosaki e S Lester Campus 38 31 Tudo valeu a pena Ziacutebia Gasparetto Vida consciecircncia 37 32 Anjos cabaliacutesticos Mocircnica Buonfiacuteglio Oficina dos anjos 35 33 Casais inteligentes enriquecem juntos Gustavo Cerbasi Gente 33 34 O sucesso natildeo ocorre por acaso Lair Ribeiro Leitura 33 35 Nada eacute por acaso Ziacutebia Gasparetto Vida consciecircncia 32 36 Desvendando os segredos da linguagem corporal Allan e Baacuterbara Pease GMT 31 37 O sentido da vida Bradley Trevor Greive GMT 31 38 Medicina alternativa de A a Z Carlos N Spethmann Natureza 30 39 203 maneiras de enlouquecer um homem na cama Olivie St-Claire Ediouro 28 Tabela 3 Levantamento dos livros mais vendidos de 1991 a 200610 (VEJA Os mais vendidos jan de 1991 a

dez de 2006)

10 A biblioteca municipal ldquoMaacuterio de Andraderdquo situada no municiacutepio de Araraquara disponibilizou todas as ediccedilotildees semanais de Veja necessaacuterias agrave consulta das listas Todas as 453 listas podem ser consultadas no item Anexos

61

Ao contemplar a lista geral afirma-se que os primeiros 20 tiacutetulos que estatildeo em

negrito satildeo os textos selecionados para o exame da sua organizaccedilatildeo discursiva compondo

portanto o corpus definitivo11 deste trabalho A sua organizaccedilatildeo obedece ao nuacutemero miacutenimo

de ocorrecircncias (a soma do nuacutemero de vezes que os livros aparecem semana a semana) exigido

para exame ou seja a um cocircmputo igual ou superior a pelo menos 50 ocorrecircncias nas listas

coletadas O nuacutemero cinquumlenta diz respeito ao nuacutemero aproximado de semanas que compotildeem

um ano Desse modo todos os livros que constam do corpus equivalem a textos mais vendidos

em pelo menos um ano Por isso no que se refere agraves 453 listas os livros que atingirem um

nuacutemero de ocorrecircncias maior ou igual a 50 constam do corpus formando assim um total de

20 textos mais vendidos de 1991 a 2006




5 Pais bilhantes professores fascinantes Augusto Cury GMT 129 6 Natildeo leve a vida tatildeo a seacuterio Hugh Prather GMT 107 7 O monge e o executivo James Hunter GMT 104 8 Nunca desista de seus sonhos Augusto Cury GMT 101 9 Jesus o maior psicoacutelogo que jaacute existiu Mark Baker GMT 90 10 Um dia daqueles Bradley Trevor Greive GMT 86 11 Quem ama educa Iccedilami Tiba Integrare 86 12 Os 100 segredos das pessoas felizes David Niven GMT 84 13 Vocecirc eacute insusbstituiacutevel Augusto Cury GMT 79 14 Ah se eu soubesse Richard Edler Negoacutecio 58 15 Criando meninos Steve Biddulph Fundamento 57 16 O sucesso eacute ser feliz Roberto Shinyashiki Gente 56 17 Ningueacutem eacute de ningueacutem Ziacutebia Gasparetto Vida consciecircncia 56 18 A dieta de south beach Arthur Agatston GMT 55 19 Minutos de sabedoria Torres Pastorino Vozes 52 20 Natildeo faccedila tempestade em copo drsquoaacutegua Richard Carlson Rocco 51

Tabela 4 Corpus dos vinte primeiro lugares para exame do plano de conteuacutedo

No que tange aos livros presentes no primeiro levantamento (tabela 3) percebe-se que

ateacute o oitavo lugar os livros satildeo disparadamente os mais vendidos porque somam cada um

mais de 100 ocorrecircncias nas listas Quem mexeu no meu queijo eacute o campeatildeo absoluto com 208

ocorrecircncias Nota-se tambeacutem que o nuacutemero de autores nacionais ainda eacute menor que o de

autores estrangeiros Tecircm-se 13 nomes de escritores brasileiros 33 do total de escritores

11 Acredita-se que o recorte no corpus foi necessaacuterio porque trinta e nove textos representam um nuacutemero relativamente grande de discursos a serem analisados Por isso estabeleceu-se uma meta miacutenima de 50 ocorrecircncias para que os textos constassem do corpus final que satildeo os vinte primeiros

62

apenas Satildeo eles Nuno Cobra Augusto Cury Iccedilami Tiba Ziacutebia Gasparetto Torres Pastorino

Iyanla Vanzant Abiacutelio Diniz Reinaldo Polito Roberto Shinyashiki Mocircnica Buonfiacuteglio

Gustavo Cerbasi Lair Ribeiro e Carlos Nascimento Spethman No entanto muitos autores

possuem mais de um livro nas listas Ziacutebia Gaspareto a recordista tem quatro livros no total

Entre os livros escolhidos para exame (entre os 20 primeiros lugares) Augusto Cury tem trecircs

livros

Se se contabilizar o nuacutemero total de livros nacionais o cocircmputo sobe para 18

aproximadamente 46 dos livros Satildeo eles A semente da vitoacuteria Pais brilhantes professores

fascinantes Nunca desista de seus sonhos Quem ama educa Vocecirc eacute insubstituiacutevel O sucesso eacute ser feliz

Ningueacutem eacute de ningueacutem Minutos de sabedoria Enquanto o amor natildeo vem Caminhos e escolhas Superdicas

para falar bem em apresentaccedilotildees Um amor de verdade Tudo valeu a pena Anjos cabaliacutesticos Casais

inteligentes enriquecem juntos O sucesso natildeo ocorre por acaso Nada eacute por acaso Medicina alternativa de A a

Z

A editora GMT conta com a fatia de nada menos que 15 livros no corpus Isso se

explica uma vez que de acordo com a classificaccedilatildeo dos temas publicados eacute

reconhecidamente uma editora de livros de auto-ajuda As outras editoras ficam mais diluiacutedas

entre o nuacutemero relativamente diversificado das editoras restantes como Rocco Vozes

Fundamento Record Integrare Best-seller Campus entre outras

63

5 Apresentaccedilatildeo dos textos do corpus

Natildeo se pode negar que o objeto-livro tambeacutem suporta uma constituiccedilatildeo material (uma

dimensatildeo externa que eacute relacionada ao seu conteuacutedo) fato que deve representar natildeo um

empecilho mas um ganho agraves analises conteudiacutesticas Pensa-se que a forma como o livro se

apresenta extra-textualmente (nas suas estrateacutegias de capa ilustraccedilotildees textos de orelhas

qualidade das folhas e da impressatildeo tipos de fonte textual etc) compotildee assim um objeto de

significaccedilatildeo porque esses elementos fazem parte das estrateacutegias de leitura e contribuem para o

entendimento dos efeitos de sentido que satildeo produzidos em cada obra Agrave medida que forem

apontados os fatores para-textuais seraacute apresentado resumidamente o conteuacutedo de cada livro

do corpus do primeiro colocado ao vigeacutesimo

O primeiro colocado Quem mexeu no meu queijo (JOHNSON 2002)

Figura 2 Ilustraccedilatildeo de capa de Quem mexeu no meu queijo nacional e estrangeiras

Quem mexeu no meu queijo na ilustraccedilatildeo brasileira foca a apresentaccedilatildeo do livro nas

letras garrafais do tiacutetulo e no contraste do verde do nome do autor com o branco do tiacutetulo

Logo abaixo deste estaacute indicada a qualificaccedilatildeo do autor especialista em gestatildeo de empresas

(ldquoMDrdquo) Como estrateacutegia de persuasatildeo a explicitaccedilatildeo da abreviaccedilatildeo Managing Director revela

um ethos de um diretor administrativo com determinada experiecircncia comprovada em gestatildeo de

negoacutecios Abaixo do seu nome estaacute o nome de quem prefaciou o livro seguido tambeacutem de

uma qualificaccedilatildeo PhD (Doctor of Philosophy) como meio de destacar a habilidade teoacuterica da

pessoa que prefacia a obra ou seja a sua credibilidade Ao mesmo tempo em que procura a

adesatildeo de leitor que se impressiona com a qualificaccedilatildeo do autor que valoriza letras garrafais e

um tiacutetulo figurativo e emblemaacutetico (desperta curiosidade pela pergunta- tiacutetulo) vai dialogar

64

com o tiacutepico trabalhador do setor gestatildeo de negoacutecios que lida com Relaccedilotildees Humanas e que

precisa de mais flexibilidade para lidar com os problemas do trabalho Como se natildeo bastasse

mais informaccedilotildees logo acima do tiacutetulo traz uma preacutevia do conteuacutedo do livro ldquoUma maneira

fantaacutestica de lidar com as mudanccedilas em seu trabalho e em sua vidardquo As ediccedilotildees estrangeiras

tambeacutem contam com letras grandes nos tiacutetulos em que valorizam o desenhozinho do queijo

cada uma a sua maneira A ediccedilatildeo brasileira ainda destaca na parte de baixo da capa em um

ciacuterculo ovalado o tiacutetulo original do inglecircs Who moved my cheese

O livro tem uma estrutura simples e encadernaccedilatildeo com poucas paacuteginas apenas cento e

sete A ediccedilatildeo da Record traz letras grandes com poucos paraacutegrafos por paacutegina e com

ilustraccedilotildees recorrentes de queijos com inscriccedilotildees de motivaccedilatildeo no interior desses desenhos do

tipo ldquoAs Velhas Crenccedilas Natildeo o Levam ao Novo Queijordquo (p 67) Logo apoacutes o sumaacuterio e antes

do prefaacutecio haacute uma explicaccedilatildeo sobre o conteuacutedo do livro Diz que os quatro personagens da

histoacuteria dois ratos (Sniff e Scurry) e dois homenzinhos (Hem e Haw) revelam as partes de

todos os indiviacuteduos as simples e as complexas (p 10)

Por meio de uma narrativa do tipo fabular o narrador Nathan conta aos amigos uma

pequena histoacuteria de motivaccedilatildeo sobre a busca de um queijo com o objetivo de explicar que

todos devem se adaptar agraves mudanccedilas que ocorrem na vida e no trabalho sobretudo A

histoacuteria se resume ao espaccedilo de um labirinto em que o objetivo das personagens eacute encontrar

postos de queijo em determinados pontos administrar esses postos e anotar mensagens de

encorajamento nas paredes do labirinto Os quatro personagens tecircm caracteriacutesticas distintas

Os homenzinhos satildeo mais racionais e os ratinhos mais instintivos Enquanto ao primeiro

sinal de queijo os ratinhos agem farejando por mais por outro lado os homenzinhos tendem

a ficar pensando se compensa sair da situaccedilatildeo em que se encontram uma vez que um deles eacute

mais preguiccediloso e outro mais trabalhador e organizado A moral da histoacuteria eacute simples A

busca do queijo simboliza a busca pela mudanccedila seja na famiacutelia seja no trabalho por isso os

ouvintes da histoacuteria que supostamente enfrentam dificuldades devem encarar o medo do

novo como uma chance de novas oportunidades Em siacutentese traz a mensagem de que mudar

natildeo faz mal ldquoSair do Lugar Assim como o Queijo e Gostar Dissordquo (p 79)

65

O segundo colocado A semente da vitoacuteria (RIBEIRO 2000)

Figura 3 ilustraccedilatildeo de capa de A semente da vitoacuteria

O texto de Nuno Cobra Ribeiro traz em letras garrafais o nome do proacuteprio autor Isso

natildeo eacute mera coincidecircncia uma vez que vai produzir no decorrer do seu livro um discurso

cheio de certezas sobre a vida Com pouca modeacutestia traz a proposta de um meacutetodo proacuteprio

cujo objetivo eacute o bem-estar fiacutesico e mental baseado na sua experiecircncia de vida como pessoa e

como preparador fiacutesico O narrador autodenomina seu meacutetodo ldquoMeacutetodo Nuno Cobrardquo Na

realidade o tiacutetulo do livro se parece mais com um subtiacutetulo porque o nome do autor em

realce na capa destaca tanto o seu meacutetodo proacuteprio quanto o seu nome O estilo da ilustraccedilatildeo

serve para captar a atenccedilatildeo de um leitor que adere ao seu discurso pela letra hipnoacutetica (que

evoca o meacutetodo do autor) e pela mensagem de otimismo do tiacutetulo ldquoa semente da vitoacuteriardquo de

natureza metafoacuterica

A semente da vitoacuteria eacute um livro de longo focirclego cujas letras satildeo grafadas em fonte

pequena No iniacutecio do texto apresenta uma autobiografia do autor narrando nostalgicamente

sua vida de luta e conquistas numa cidade do interior de Satildeo Paulo Torna-se professor de

educaccedilatildeo fiacutesica e aos poucos desenvolve seu meacutetodo de ldquo chegar ao ceacuterebro pelo muacutesculo e

ao espiacuterito pelo corpordquo (p 21) Depois da apresentaccedilatildeo da sua vida passa a tecer em forma de

capiacutetulos foacutermulas de como ter boa sauacutede fiacutesica espiritual e mental Em siacutentese traz a

proposta de um manual completo de preparaccedilatildeo fiacutesica ateacute dicas de dieta e de motivaccedilatildeo

pessoal prezando pelo uso de jargatildeo da aacuterea meacutedica No final do livro apresenta relatos de

famosos do esporte (Ayrton Senna Christian Fittipaldi entre outros) de profissionais de

sucesso e de pessoas comuns que comprovam a eficaacutecia do seu ldquoMeacutetodo Nuno Cobrardquo

66

O terceiro colocado A arte da felicidade (DALAI-LAMA amp CUTLER 2002)

Figura 4 ilustraccedilatildeo de capa de A arte da felicidade

Na ilustraccedilatildeo de capa de A arte da felicidade ndash um manual para a vida o que chama a

atenccedilatildeo satildeo as caracteriacutesticas do texto pictoacuterico que se apresenta Baseado na imagem um

tanto exoacutetica do liacuteder espiritual do Tibet Dalai-Lama o estilo da ilustraccedilatildeo procura a adesatildeo

de um leitor religioso em funccedilatildeo das vestes do monge do seu sorriso moderado fatores que

transmitem um ar de espiritualidade Na parte inferior da capa o termo ldquoSua Santidaderdquo

evoca na cultura ocidental a imagem da autoridade maacutexima da igreja catoacutelica o Papa O

subtiacutetulo indica a intenccedilatildeo de o texto ser um ldquomanual para a vidardquo

Na qualidade de narrador dos fatos o doutor Howard Cutler apresenta agrave cultura do

Ocidente ndash porque o texto visa ao leitor ocidental ndash a filosofia do liacuteder espiritual do Tibet

Dalai-Lama evocando as palavras do mestre budista quando necessaacuterio Cutler relata seus

primeiros encontros com Dalai- Lama quando ainda em virtude de uma bolsa de pesquisa

foi ateacute Dhamramsala na Iacutendia e comeccedilou a estudar a medicina tradicional tibetana Foi

apresentado a Dalai-Lama pelos familiares do mestre oriental Relata suas primeiras conversas

com a Sua Santidade em 1982 com a ajuda do amigo e inteacuterprete Thupten Jinpa A partir dos

encontros com o mestre budista e de palestras ministradas por este nos Estados Unidos

explica como alcanccedilar a felicidade por meio da crenccedila do mestre oriental Revela os problemas

da cultura ocidental e os contrasta com a cultura oriental a fim de explicar que aquela cultura

valoriza o ceticismo a vida agitada o dinheiro a extroversatildeo enquanto a uacuteltima traz respostas

espirituais para uma vida calma reflexiva de simplicidade e introspecccedilatildeo Utiliza exemplos de

pessoas que passaram por dificuldades para ilustrar a eficaacutecia do meacutetodo assim como os livros

anteriores o fazem

67

O quarto colocado Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor

(PEASE Allan amp PEASE Baacuterbara 2000)

Figura 5 Ilustraccedilotildees de capa de Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor nacional e

estrangeiras

O tiacutetulo em inglecircs ldquoWhy men donrsquot listen amp women canrsquot read mapsrdquo difere da traduccedilatildeo

brasileira e significa ao peacute da letra ldquoPor que homens natildeo escutam e mulheres natildeo sabem ler

mapasrdquo O tiacutetulo da versatildeo brasileira relata com mais propriedade a racionalidade masculina

e a passionalidade feminina relativos ao cenaacuterio cultural brasileiro No caso das ilustraccedilotildees de

capa as trecircs diferem O ldquoamprdquo grande da capa do meio simboliza a relaccedilatildeo de junccedilatildeo dos sexos

e mostra a importacircncia da conjunccedilatildeo homem-mulher uma uniatildeo baseada nas diferenccedilas

portanto A ediccedilatildeo brasileira traz um desenho de um casal na cama Acima de suas cabeccedilas haacute

um coraccedilatildeo Por sua vez o coraccedilatildeo acima da cabeccedila do rapaz estaacute de ponta cabeccedila o que mais

se parece com um bumbum siacutembolo do desejo masculino dizendo implicitamente que

homem soacute pensa em sexo O subtiacutetulo ldquouma visatildeo cientiacutefica (e bem-humorada) de nossas

diferenccedilasrdquo sugere uma jogo argumentativo entre termos cientiacuteficos e doses de humor no que

se refere agrave relaccedilatildeo entre homem e mulher

Eacute interessante que ao brincar com a polissemia da imagem traz um sentido de humor

na capa do texto o que jaacute mostra o interesse por um tom irocircnico que brinca com ditos

populares e os explica cientificamente ldquoPor que os homens satildeo chamados de lsquoinsensiacuteveisrsquordquo

(p 46) e em seguida daacute uma explicaccedilatildeo evolutiva

Natildeo eacute que as mulheres sejam supersensiacuteveis Os homens eacute que tiveram os sentidos embotados Como no mundo feminino a percepccedilatildeo eacute muito mais desenvolvida elas esperam que eles tambeacutem sejam capazes de ler seus sinais de linguagem verbal vocal e corporal e adivinhar seus desejos tal como faria outra mulher [] A mulher parte do princiacutepio de que o homem vai ser capaz de descobrir o que ela quer ou precisa e quando isso natildeo acontece diz que ele eacute ldquoinsensiacutevel nem desconfiourdquo (p 46)

68

No capiacutetulo trecircs detalha como trabalha o ceacuterebro com ilustraccedilotildees sobre sua

fisionomia e tudo mais (p 48) por isso traz o discurso cientiacutefico para ancorar o seu discurso

bem-humorado de auto-ajuda Inicialmente destaca as diferenccedilas culturais dos sexos

ldquoEspeacutecies iguais mundos diferentesrdquo (p 13) Depois destaca o ceacuterebro ldquoEstaacute tudo aiacuterdquo (p 48)

Destaca tambeacutem as habilidades auditivas e espaciais ldquoFalando e ouvindordquo (p 77) e

ldquoHabilidade espacialrdquo (p 102) Explica a quiacutemica entre ambos ldquoNosso coquetel quiacutemicordquo (p

132) Discute sobre sexualidade homossexualidade transexualidade etc ldquoGays leacutesbicas e

transexuaisrdquo (p 150) Ao final explora o lado carnal do sexo (ldquoHomens mulheres e sexordquo [p

163]) e termina com assuntos de ldquoCasamento amor e romancerdquo (p 201) Eacute um texto de

constituiccedilatildeo heterogecircnea porque valoriza mais de um ponto de vista ao mesmo tempo eacute um

discurso bem-humorado sobre os problemas entre homem e mulher em que une a auto-ajuda

com o discurso teacutecnico das teorias bioloacutegica e do comportamento

Quanto aos autores o texto traz as referecircncias de que Allan eacute especialista em

linguagem corporal e Baacuterbara especialista do comportamento e trabalha com capacitaccedilatildeo

profissional por isso daacute treinamentos e seminaacuterios sobre o assunto

O quinto colocado Pais brilhantes professores fascinantes (CURY 2003)

Figura 6 ilustraccedilatildeo de capa de Pais brilhantes professores fascinantes

A ilustraccedilatildeo mostra com sensibilidade o mar ao fundo o tom de cor delicado a fonte

do tiacutetulo de traccedilo refinado enquanto pai e filho caminham pela areia Os outros dois livros de

Cury (Vocecirc eacute insubstituiacutevel e Nunca desista de seus sonhos) adotam essa forma de composiccedilatildeo da

capa com paisagem ao fundo cores natildeo berrantes uniformes O seu nome vai sempre acima

do tiacutetulo com um sublinhado e como propaganda insere logo abaixo do seu nome o dizer

ldquoAutor de Vocecirc eacute insubstituiacutevelrdquo Com esse recurso faz o leitor interessar-se por esse livro

Nesse caso haacute uma publicidade expliacutecita logo na ilustraccedilatildeo de capa por isso o fator

mercadoloacutegico perpassa pela composiccedilatildeo para-textual de alguns discursos do corpus

69

ldquoEste livro vai mudar sua visatildeo sobre como produzir uma educaccedilatildeo excelenterdquo Com

essa afirmaccedilatildeo logo na primeira orelha do livro o enunciador busca ldquoproduzirrdquo educaccedilatildeo e

natildeo cultivaacute-la ou elaboraacute-la O vocaacutebulo entre aspas dialoga com o vocabulaacuterio mais teacutecnico e

empresarial Na orelha da uacuteltima capa fala-se sobre o autor e as suas muitas qualificaccedilotildees que

satildeo as seguintes

Augusto Cury eacute psiquiatra cientista e autor de Inteligecircncia Multifocal (Editora Cultrix) de Treinando a emoccedilatildeo para ser feliz e da coleccedilatildeo Anaacutelise da inteligecircncia de Cristo publicados pela Editora Academia de Inteligecircncia Eacute tambeacutem autor de Vocecirc eacute insubstituiacutevel Dez leis para ser feliz e Revolucione sua qualidade de vida publicados pela Sextante Ele eacute diretor da Academia de Inteligecircncia um instituto que promove o treinamento de psicoacutelogos educadores e puacuteblico em geral (orelha da capa)

Veja-se que o enunciador se projeta figurativamente como um psiquiatra na medida

em que aquele que enuncia eacute identificado com o autor do mundo real Natildeo eacute somente um

psiquiatra mas um psiquiatra que treina psicoacutelogos educadores e o puacuteblico No todo

percebe-se um regime de junccedilatildeo entre vocaacutebulos da aacuterea profissional com outros sejam

esoteacutericos (anjos fadas bruxos) miacutesticos (espiritualidade paz) ou passionais (amor

esperanccedila) fatos que datildeo a medida de tom que o enunciador procura tomar Vejam-se os

trechos do excerto acima ldquoAnaacutelise da inteligecircncia de Cristordquo (anaacutelise e Cristo) ou ldquoTreinando

a emoccedilatildeordquo (treino com emoccedilatildeo)

O sexto colocado Natildeo leve a vida tatildeo a seacuterio (PRATHER 2003)

Figura 7 ilustraccedilatildeo de capa de Natildeo leve a vida tatildeo a seacuterio nacional e estrangeira

Consta do livro que Prather escreve obras sobre autoconhecimento felicidade

espiritualidade Dessa forma o vocabulaacuterio miacutestico une-se a conhecimento e felicidade O

autor eacute ministro da Igreja Metodista Unida e apresentador de programa de raacutedio Por isso eacute

pronunciado como um enunciador que destina seu conhecimento em troca do bem-estar dos

seus leitores

70

De acordo com a ilustraccedilatildeo brasileira ldquonatildeo levar a vida a seacuteriordquo significa natildeo

estabelecer limites ou seja o leitor deve voar metaforicamente como faz o homenzinho que

leve desce de paacutera-quedas na ilustraccedilatildeo da esquerda em cujo fundo aparece um ceacuteu com

nuvens brancas limpo A ediccedilatildeo estrangeira enfoca a cor berrante do amarelo do sol

Sugerindo uma traduccedilatildeo o tiacutetulo em inglecircs The little book of letting go significa

aproximadamente ldquoLivrinho da despreocupaccedilatildeordquo ou ldquoLivrinho do deixe estarrdquo

A partir do semantismo relativo a ldquodeixar a vida correrrdquo o leitor enunciataacuterio do

discurso deve deixar de lado as preocupaccedilotildees desnecessaacuterias por isso seraacute apresentado em

muitos momentos do texto uma breve indicaccedilatildeo dos caminhos que o leitor deve evitar Ao se

valor de leacutexico relativo a exclusatildeo o seu discurso enfatiza o aspecto disjuntivo do sujeito leitor

com determinados comportamentos Nesse caso seraacute visto tanto em Prather como em outros

discursos do corpus ocasiotildees em que o leito enunciataacuterio deve afirmar a disjunccedilatildeo (natildeo aceitar

determinadas conjunccedilotildees como o excesso de pensar o conflito interior o egoiacutesmo a

implicacircncia com pequenos problemas) Enfim daacute receitas de como deixar as coisas de lado

com o intuito de formular o seu jogo argumentativo Vejam-se as regras do livro

Primeira Para eliminar o que impede a experiecircncia de plenitude e paz vocecirc precisa examinar o impedimento [] Segunda Para superar o bloqueio vocecirc precisa ter muita clareza do que quer [] Terceira Para atingir a plenitude vocecirc deve reagir a partir da mente iacutentegra natildeo da mente em conflito (p 15-16)

Quando os capiacutetulos do livro natildeo remetem ao nuacutemero sete (sete capiacutetulos sete

segredos sete formas etc) os textos do corpus fazem relaccedilatildeo com o nuacutemero 10 O ldquoseterdquo e o

ldquodezrdquo remetem ao discurso biacuteblico (sete dias da criaccedilatildeo os sete sacramentos dez

mandamentos de Deus etc) dando um direcionamento miacutestico ao seu discurso

O seacutetimo colocado O monge e o executivo (HUNTER 2004)

Figura 8 ilustraccedilatildeo de capa de O monge e o executivo nacional e estrangeira

71

O tiacutetulo em inglecircs ldquoThe Servantrdquo (O servidor) faz uma relaccedilatildeo interessante com o

sub-tiacutetulo A simple story about the true essence of leadership (Uma simples histoacuteria sobre a verdadeira

essecircncia da lideranccedila) na medida em que o texto se vale do vocaacutebulo ldquoservidorrdquo para traccedilar

um jogo paradoxal interessante com o termo ldquolideranccedilardquo O discurso procura exemplificar que

aquele que saber servir tambeacutem tem a essecircncia de saber liderar A traduccedilatildeo brasileira adaptou

o tiacutetulo em termos da relaccedilatildeo do monge com o executivo um tiacutetulo figurativo e tambeacutem

polissecircmico pois estaacute pressuposto ndash e imagina-se pela funccedilatildeo empresarial ndash que o executivo

deve liderar e o monge ndash conforme o seu dever espiritual ndash precisa obedecer

A histoacuteria conta a vida de um gerente-geral de uma grande empresa John Como passa

por dificuldades familiares resolve passar um mecircs em um mosteiro em Michigan Eacute algueacutem

acometido de visotildees desde a infacircncia Por isso procurava um meio de entender a sua videcircncia

Sem se dar conta a sua famiacutelia estava se desestruturando Ligava muito para o trabalho e

pouco para o lado pessoal A mulher estava insatisfeita com o casamento e os filhos eram

adolescentes revoltados Uma seacuterie de coincidecircncias o assombravam desde o nascimento No

seu batismo o versiacuteculo escolhido para a celebraccedilatildeo foi o versiacuteculo de Lucas que remetia ao

nome Simeatildeo

Logo depois [da crisma] ndash e durante os vinte e cinco anos seguintes ndash tive um sonho recorrente que acabou me atemorizando No sonho eacute tarde da noite e eu estou completamente perdido correndo num cemiteacuterio [] De repente um homem vestido com um manto negro aparece na minha frente vindo de traacutes de um grande crucifixo de concreto Quando esbarro nele o homem muito velho me agarra pelos ombros olha-me nos olhos e grita ldquoAche Simeatildeo e ouccedila-ordquo Eu sempre acordava nessa hora suando frio (p 8)

Na Crisma na igreja Luterana o padre declamou o mesmo trecho de Simeatildeo E no seu

casamento durante a homilia o padre citou o nome novamente Queria explicar o que essas

coincidecircncias significavam na sua vida e quatildeo miacutesticas eram Estava empregado no iniacutecio dos

anos 90 numa empresa com cerca de quinhentos funcionaacuterios e fora promovido como o

mais novo gerente-geral Com sua esposa Raquel adota um filho (John Jr) e Sara nasce pouco

tempo depois mesmo com a dificuldade de sua mulher fecundar Aqui haacute uma relaccedilatildeo com o

discurso biacuteblico No livro de Gecircnesis Deus promete um filho a Sara esposa de Abraatildeo

Comeccedila narrando como estava a sua vida antes de ir para o mosteiro Depois vai

descrevendo como aprendeu a entender a revelaccedilatildeo religiosa e como soube ser um liacuteder

servidor Para tanto havia no mosteiro um irmatildeo Simeatildeo que lhe ensinava o que precisava

Diferenciava ldquopoderrdquo de ldquoautoridaderdquo mostrando que esta eacute superior agravequele Haacute usualmente a

referecircncia a elementos miacutesticos como o nuacutemero cabaliacutestico sete ldquo ndash Bom dia Sou o irmatildeo

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Simeatildeo Nos proacuteximos sete dias terei o privileacutegio de compartilhas alguns princiacutepios de

lideranccedila que mudaram a minha vidardquo (p 22 ndash grifo do autor)

O oitavo colocado Nunca desista de seus sonhos (CURY 2004)

Figura 9 ilustraccedilatildeo de capa de Nunca desista de seus sonhos

A ilustraccedilatildeo de capa eacute semelhante ao outro livro do corpus o quinto colocado desse

mesmo autor Pais brilhantes professores fascinantes Haacute o nome do autor com grifo sublinhado

sempre na parte de cima e logo abaixo o dizer que remete a outro livro ldquoAutor de Pais

brilhantesrdquo O menino de braccedilos abertos incita a liberdade o tom cinza oferece uma sensaccedilatildeo

de calma como se fizesse o enunciataacuterio sentir nostalgia e esperanccedila fazendo identificar-se

com o menino da ilustraccedilatildeo (os tons de cinza datildeo um efeito de memoacuteria de algo bom que se

tem a recordar) O jovem busca algo nas nuvens Seriam os seus sonho Nas orelhas desse

tipo de livro haacute geralmente uma mensagem que metaforiza a busca do sonho configurado

como desejo de realizaccedilatildeo superaccedilatildeo espiritualidade em que haacute o confronto entre o sonho

(querer-ser) e o desejo (querer-ter)

A juventude mundial estaacute perdendo a capacidade de sonhar Os jovens tecircm muitos desejos mas poucos sonhos Desejos natildeo resistem agraves dificuldades da vida sonhos satildeo projetos de vida sobrevivem ao caos (orelha da primeira capa) Acima de tudo este livro ensina a pensar Provavelmente ao lecirc-lo vocecirc vai repensar a sua vida (orelha da uacuteltima capa)

Augusto Cury eacute psiquiatra e autor de outros livros que aliam espiritualidade e

autoconhecimento Para tanto adota uma linguagem mais sensiacutevel na medida em que apela ao

discurso oniacuterico e religioso A sua forma de escrever natildeo comporta repeticcedilotildees incessantes de

unidades sintagmaacuteticas no modo imperativo que muitas vezes assemelham-se a exigecircncias de

73

como fazer ldquoisso ou aquilordquo Nesse caso conjuga agrave temaacutetica espiritual o estilo de auto-ajuda

proposta pois discutiraacute formas de manipular subjetividades por meio do autoconhecimento

O que eacute peculiar nesse discurso e em outros da auto-ajuda eacute o recurso de aproveitar o

espaccedilo dos elementos para-textuais para inserir uma contextualizaccedilatildeo bem sinteacutetica e de

conteuacutedo geneacuterico Isso funciona como um aviso ao leitor sobre os problemas

contemporacircneos semelhante a uma notiacutecia de jornal do tipo ldquoA juventude mundial estaacute

perdendo a capacidade de sonharrdquo ldquoOs jovens tecircm muitos desejos mas poucos sonhosrdquo

ldquoDesejos natildeo resistem agraves dificuldades da vida sonhos satildeo projetos de vida sobrevivem ao

caosrdquo (orelha da capa)

O nono colocado Jesus o maior psicoacutelogo que jaacute existiu (BAKER 2005)

Figura 10 ilustraccedilatildeo de capa de Jesus o maior psicoacutelogo que jaacute existiu nacional e estrangeira

O texto da orelha do livro apresenta o seu autor ldquoMark W Baker PhD eacute diretor-

executivo da cliacutenica La Vie Counseling Center e tem um consultoacuterio particular em Santa Mocircnica

Califoacuternia Ele eacute muito solicitado como orador em igrejas faculdades e reuniotildees de psicologiardquo

(orelha da uacuteltima capa) De novo eacute apresentada a imensidatildeo (o infinito o eterno) como fator

de persuasatildeo Nesse caso o mar remete agrave introspecccedilatildeo ao misteacuterio ao aspecto contiacutenuo do

Espiacuterito Santo ldquoJesusrdquo eacute grafado em letras garrafais tendo como fundo o mar enquanto o

nome do autor fica na parte superior da capa com o ceacuteu ao fundo O subtiacutetulo logo abaixo

do tiacutetulo tem uma extensatildeo consideraacutevel em que ocupa o espaccedilo de trecircs linhas e indica a

importacircncia ndash com intuito persuasivo sempre ndash dos ensinamentos de Cristo ldquoComo os

ensinamentos de Cristo podem nos ajudar a resolver os problemas do cotidiano e aumentar

nossa sauacutede emocionalrdquo Veja-se que o livro natildeo pretende melhorar a sauacutede por exemplo mas

aumentaacute-la Nesse caso o lexema recebe uma semantizaccedilatildeo do campo da soma do acreacutescimo

enfim do que se tem a ganhar Seraacute visto que esse tipo de vocaacutebulo nesse e em outros

74

discursos remete agrave aacuterea de gestatildeo de negoacutecios em que a feacute tambeacutem deve ser uma ldquoempresardquo

deve ser contabilizada administrada etc

A ediccedilatildeo estrangeira natildeo enfatiza o nome de Jesus The greatest psychologist who ever lived

(ldquoO maior psicoacutelogo que jaacute existiurdquo) aponta que houve ldquoum maior psicoacutelogordquo mas deixa o

enunciataacuterio tomar a iniciativa de verificar quem eacute a pessoa Seraacute observada assim a

importacircncia tambeacutem da uniatildeo do discurso teoacuterico da psicologia com o espiritual cristatildeo O

nome do autor natildeo fica em destaque estaacute discretamente disposto bem na parte de baixo da

capa Em suma o livro procuraraacute desenvolver um diaacutelogo com a Biacuteblia

A obra eacute dividida em duas partes ldquoPrimeira parte Entendendo as pessoas Segunda

parte Conhecendo a si mesmordquo Como o narrador pretende aliar os princiacutepios religiosos agraves

teacutecnicas da psicologia vale notar a junccedilatildeo do princiacutepio religioso com os procedimentos

cientiacuteficos no decorrer do seu discurso o que pretende mostrar a importacircncia da junccedilatildeo do

elemento miacutestico (subjetivo) com o teacutecnico (objetivo)

Haacute mais de vinte anos interesso-me pelo estudo tanto da teologia quanto da psicologia Descobri que cada uma dessas disciplinas ajuda a aprofundar meu entendimento uma da outra (p7) Acredito que muitos desses princiacutepios espirituais tragam benefiacutecios em nossas tentativas de encontrar o equiliacutebrio psicoloacutegico Procurei dar exemplos de como esses princiacutepios se aplicam hoje em dia agraves nossas vidas [] Independentemente das nossas crenccedilas religiosas ou psicoloacutegicas todos podemos nos beneficiar dessa eterna sabedoria (p 9)

Ao aliar misticismo e psicologia procura adaptar alguns termos religiosos para o

terreno mais teacutecnico das teorias do comportamento e da comunicaccedilatildeo Em lugar de

ldquopregadorrdquo por exemplo usa ldquocomunicadorrdquo Nesse caso daacute uma caracteriacutestica mais

ldquomodernardquo e laica ao termo ldquopregadorrdquo De qualquer forma buscaraacute homogenizar em um

denominador comum religiatildeo e estudos cientiacuteficos como elementos pertencentes agrave ldquoeterna

sabedoriardquo de que fala

75

O deacutecimo colocado Um dia daqueles (GREIVE 2001)

Figura 11 ilustraccedilotildees de capa de Um dia daqueles nacional e estrangeiras

A capa da ediccedilatildeo brasileira apresenta o ldquorei da selvardquo descansando preguiccedilosamente

num tronco de aacutervore contrariamente ao que se imagina para um dia de leatildeo como ver o

bichano caccedilando forte bravo e ativo Mas o contexto da foto no entanto pode sugerir que o

rei da selva passa por um dia atiacutepico ateacute mesmo difiacutecil Algueacutem que permanece estirado

daquela forma com os braccedilos para baixo pode estar cansado entediado triste ou

simplesmente descansando

O enunciador quer fazer uma relaccedilatildeo da vida na selva com a vida cultural do cidadatildeo

moderno Metaforicamente ao brincar com a polissemia das palavras e das imagens de

animais antropomorfiza-os e ilustra assim as diversas formas de indisposiccedilatildeo e propotildee

soluccedilotildees praacuteticas para elas O tiacutetulo em inglecircs The blue day book12 cuja traduccedilatildeo equivale

aproximadamente ao tiacutetulo em portuguecircs tem uma conotaccedilatildeo parecida na disposiccedilatildeo das

imagens das outras duas capas estrangeiras Nelas o macaco e o sapo natildeo estatildeo muito

animados pois estatildeo em situaccedilatildeo de disjunccedilatildeo com a alegria estatildeo combalidos desanimados

No interior do livro outras fotos destacam animais em posiccedilotildees preguiccedilosas em situaccedilatildeo de

inatividade de desleixo Como natildeo se importam com o que acontece a sua volta satildeo passivos

desanimados de baixo-astral situaccedilatildeo atiacutepica perante a atividade animal

Outros flashes mostram por exemplo animais assustados (um gatinho pendurado em

um galho [p 27]) ou em posiccedilatildeo de vexame (um macaco com um balde na cabeccedila [p 33])

Esses flagras fazem uma relaccedilatildeo com a vida do cidadatildeo comum que enfrenta situaccedilotildees

parecidas e natildeo se daacute conta da importacircncia do alto-astral Por isso as poses dos animais satildeo

relacionadas a atitudes humanas rir envergonhar-se esbravejar beijar etc

12 Blue em inglecircs tem uma conotaccedilatildeo negativa enquanto na cultura brasileira ldquotudo azulrdquo eacute quando se estaacute feliz

76

Em linhas gerais eacute um texto de caracteriacutestica sincreacutetica A linguagem natildeo-verbal

(pictoacuterica) e a verbal (escrita) satildeo solidaacuterias uma vez que representam a homologaccedilatildeo de

semioacuteticas diferentes (natildeo-verbal e verbal) que contribuem para estabelecer uma unidade de

sentido baseada no jogo metafoacuterico das imagens com o seu conteuacutedo linguumliacutestico Por isso o

livro explora o sentido figurado das palavras A imagem de um esquilinho com as duas matildeos

na boca traz o enunciado ldquocom ganas de roer as unhasrdquo (p 22) O autor eacute apresentado como

um enunciador modesto Afirma ser um pobre artista australiano Conta que o livro jaacute foi

vaacuterias vezes rejeitado e agradece a ajuda que recebeu para a publicaccedilatildeo logo na introduccedilatildeo do

livro

Um livro como este parece muito simples Mas natildeo eacute Eu devo muito a muitas pessoas que me encorajaram a seguir com este projeto particularmente depois das cinco primeiras rejeiccedilotildees [] Desejo tambeacutem agradecer especialmente agrave superestrela do marketing Leslie Ferraro que fez com que um pobre artista australiano tivesse a sua oportunidade (p 7-8)

O deacutecimo primeiro colocado Quem ama educa (TIBA 2002)

Figura 12 ilustraccedilotildees de capa de Quem ama educa

O tiacutetulo eacute apresentado em fonte proporcionalmente chamativa que ocupa mais da

metade do espaccedilo de capa Logo abaixo do tiacutetulo haacute um ideograma que segundo o autor

significa ldquofelicidaderdquo O mesmo ideograma estaacute colocado ao fundo como marca drsquoaacutegua

ocupando o espaccedilo todo do fundo da capa A ilustraccedilatildeo da ediccedilatildeo mais atual (agrave direita) insere

um subtiacutetulo ldquoFormando cidadatildeos eacuteticosrdquo O nome do autor como parece comum nas

ediccedilotildees brasileira quase sempre fica em destaque na parte de cima da capa Na introduccedilatildeo o

livro apresenta-se como um manual para educar bem os filhos Ele faz parte de uma coleccedilatildeo

que o prefaciador denomina ldquoColeccedilatildeo Integraccedilatildeo Relacionalrdquo

Este livro eacute um diagnoacutestico de como estamos hoje e de como podemos melhorar para que nossos filhos se tornem pessoas eacuteticas felizes

77

autocircnomas e competentes recebendo uma educaccedilatildeo integrada Estaacute baseado na Teoria Integraccedilatildeo Relacional [] que tem como diferencial incluir na sauacutede mental a disciplina a gratidatildeo a religiosidade a cidadania e a eacutetica (p 20)

Um dos fatores para-textuais mais utilizados estaacute localizado nas orelhas dos livros

espaccedilo que esses tipos de discurso adotam como estrateacutegia de apresentaccedilatildeo das intenccedilotildees do

livro e uma breve biografia do autor geralmente apresentado como profissional compentente

e que atua jaacute haacute algum tempo na aacuterea Esses discursos buscam desse modo produzir efeitos

de sentido que relacionam o seu conteuacutedo agrave realidade do destonataacuterio-leitor Assim o autor eacute

apresentado segundo coordernadas de pessoa espaccedilo e tempo a fim de reforccedilar o contrato de

veridicccedilatildeo ndash o recurso de efeito de realidade ndash de que o texto em questatildeo se vale

Iccedilami Tiba eacute psiquiatra e psicodramatista haacute 34 anos com mais de 71 mil atendimentos psicoteraacutepicos conferencista com mais de 2500 palestras proferidas no Brasil e no exterior e escritor com mais de 600 mil exemplares vendidos em treze tiacutetulos publicados Membro da equipe teacutecnica e cientiacutefica da Associaccedilatildeo Parceria Contra as Drogas Membro do Board of Directors of International Association of Group Psychotherapy (orelha da primeira capa)

Esses valores e nuacutemeros absolutos apresentados textualmente como parte da capa

estatildeo em relaccedilatildeo com os fatores mercadoloacutegicos envolvidos na produccedilatildeo e vendas desses

textos mais consumidos A qualidade e a veracidade do seu discurso satildeo atestadas no prefaacutecio

por um meacutedico-psiquiatra de uma renomada instituiccedilatildeo ldquopsicoacutelogo da infacircncia e da

adolescecircncia professor de Psicopatogia Infantil da PUC-SPrdquo Enfim para reforccedilar o efeito de

realidade insere seu curriacuteculo no final do livro ldquoCurriacuteculo do autorrdquo bem como os livros jaacute

publicados e os que ainda seratildeo publicados por ele (p 300-2) Com todos esses recursos

atesta a sua credibilidade como conselheiro educacional

O deacutecimo segundo colocado Os 100 segredos das pessoas felizes (NIVEN

2001)

Figura 13 ilustraccedilotildees de capa de Os 100 segredos das pessoas felizes nacionais e estrangeiras

78

Enfocando o termo ldquofelicidaderdquo as ilustraccedilotildees brasileiras (as duas primeiras da

esquerda para a direita) datildeo destaque ao lado pessoal emotivo A primeira capa da esquerda

para a direita traz um emotion sorrindo13 ampliado por uma lupa enquanto a segunda capa da

esquerda para a direita mostra um rapaz sorrindo de braccedilos abertos lembrando o claacutessico

filme Cantando na chuva As ediccedilotildees estrangeiras trazem de comum a lupa mas enfocam natildeo o

lado pessoal intimista e sim o lado profissional Em uma delas a lupa amplia o diploma na

matildeo de um homem feliz e na primeira capa da direita para a esquerda a lupa amplia os

primeiros passos de um rapaz subindo as escadas ou seja ambos destacam metaforicamente

os meios para se atingir um futuro profissional brilhante

Tambeacutem eacute notaacutevel uma intenccedilatildeo propagandiacutestica recorrente no que se refere agrave capa

(ldquodescobertas simples e uacuteteis dos estudos cientiacuteficos sobre a felicidaderdquo) agrave orelha do livro

com inserccedilatildeo do proacuteprio autor (ldquoApoacutes ler mais de mil trabalhos escritos na uacuteltima deacutecada

sobre as caracteriacutesticas e crenccedilas das pessoas felizes escolhi os conselhos que considerei

melhores e mais praacuteticosrdquo) aos agradecimentos (ldquoSou grato ao uacuteltimo trabalho de Gideon

Weil e da equipe HarperSanFrancisco que ajudaram a fazer deste livro uma boa ferramenta

para seus leitoresrdquo) e sobretudo no que diz respeito agrave introduccedilatildeo

Tudo o que eu posso fazer eacute apontar o caminho e torcer para que vocecirc o siga Ningueacutem eacute capaz de fazer os outros felizes em um passe de maacutegica O que podemos eacute ajudar as pessoas a verem aquilo que precisam ver apontar o caminho e torcer para que elas o sigam Isto foi dito por Harry Gilman meu professor de psicologia (p 7) Ofereccedilo a vocecircs Os 100 Segredos da Pessoas Felizes com esta intenccedilatildeo ndash revelar as descobertas das pesquisas psicoloacutegicas sobre as pessoas felizes e torcer para que vocecirc o sigardquo (p 9)

Cada capiacutetulo eacute dividido em trecircs partes uma pequena introduccedilatildeo em que o autor

apresenta o problema outra parte em modo narrativo em que descreve um problema

valendo-se de exemplos de acontecimentos reais e uma terceira parte conceitual em que

ldquoestudos comprovamrdquo isso ou aquilo citando ao final o sobrenome de um autor e o ano da

sua obra sem apresentar nenhuma bibliografia ao final A citaccedilatildeo que eacute um recurso usado em

textos cientiacuteficos e normatizado nesse texto eacute apenas um efeito de sentido a fim de realccedilar o

caraacuteter veridictoacuterio ndash o efeito de verdade ndash sobre o que diz

13 Emotions satildeo aqueles rostinhos amarelinhos comuns nos e-mails que servem para expressar as emoccedilotildees do emissor da mensagem eletrocircnica

79

O deacutecimo terceiro colocado Vocecirc eacute insubstituiacutevel (CURY 2002)

Figura 14 ilustraccedilatildeo de capa de Vocecirc eacute insubstituiacutevel

Este eacute o terceiro livro de Augusto Cury no corpus Nesta obra novamente ocorre o

destaque na imensidatildeo na infinitude conforme o desenho de um horizonte em tom amarelo

claro em que o sol se potildee em meio a nuvens escuras A fonte do tiacutetulo ldquoVocecirc eacute insubstituiacutevelrdquo

(ldquoMonotype corsivardquo) traz um refinamento tiacutepico das ilustraccedilotildees de capa desse autor Nota-se

que variou o local em que insere o seu nome Neste ldquoAugusto Curyrdquo vem escrito na parte de

baixo Tambeacutem natildeo haacute uma propaganda de identificaccedilatildeo do tipo ldquoAutor derdquo

O livro se apresenta como um meio de dizer o quanto o enunciataacuterio gosta de outra

pessoa eacute o seu objeto modal o seu ldquopoder-declarar o amor a outremrdquo Logo agrave primeira

paacutegina haacute uma declaraccedilatildeo de consideraccedilatildeo que o enunciataacuterio tem de ter para com a pessoa a

quem daacute o livro pois o tiacutetulo jaacute diz ldquoVocecirc eacute insubstituiacutevelrdquo A disposiccedilatildeo estaacute em formato de

documento normalizado A declaraccedilatildeo formatada como um documento do tipo ldquodeclaraccedilatildeordquo

eacute tambeacutem uma ldquodeclaraccedilatildeordquo de amor orgulho carisma por outrem

Eu ______________ considero vocecirc _________________ uma pessoa insubstituiacutevel Sua capacidade de lutar pela vida eacute fantaacutestica A vida que pulsa em vocecirc eacute mais importante que todo o dinheiro do mundo e mais bela do que todas as estrelas do ceacuteu (grifo do autor)

Logo no prefaacutecio o livro diz em poucas linhas a que veio sobretudo as poucas linhas

jaacute diratildeo tudo o que o livro pretende Na verdade o discurso veiculado pelo livro tem uma

caracteriacutestica tipicamente motivadora Ao mesmo tempo em que motiva o leitor enunciataacuterio

faacute-lo tambeacutem motivar como uma corrente outros futuros leitores enunciataacuterios do discuso de

Cury valendo-se tambeacutem do recurso de dizer que eacute uma biografia do proacuteprio leitor

80

Este livro fala do amor pela vida que habita em cada ser humano Ele conta a sua biografia Se ateacute hoje sua histoacuteria nunca foi contada em um livro agora ela seraacute pelo menos em parte Vocecirc descobriraacute alguns fatos relevantes que o tornaram um dos maiores vencedores do mundo dos mais corajosos dos seres dos que cometeram loucuras de amor para poder estar vivo (p 5-6 ndash grifo meu)

Em linhas gerais o livro eacute estruturado de forma bem simples A cada paacutegina eacute descrito

um dos pensamentos do autor por meio do qual o enunciataacuterio elogiaraacute uma pessoa querida

A maioria dos ensinamentos do livro comporta um paraacutegrafo de extensatildeo

O deacutecimo quarto colocado Ah seu eu soubesse (EDLER 1997)

Figura 15 ilustraccedilotildees de capa de Ah se eu soubesse nacional e estrangeiras

O tiacutetulo da ediccedilatildeo brasileira eacute apresentado em fontes relativamente grandes em

comparaccedilatildeo com a ilustraccedilatildeo estrangeira a primeira capa da direita que tem a fonte do tiacutetulo

ainda mais chamativa tendo em vista que percorre toda a capa O pequeno desenho inserido

no quadro abaixo do tiacutetulo tem um reloacutegio que faz menccedilatildeo ao modo subjuntivo do verbo

saber conjugado no tiacutetulo como ldquose eu soubesserdquo Isso se explica porque o reloacutegio remete ao

tempo assim como o verbo condicional em que o enunciador procura maneiras de evitar que

o enunciataacuterio sofra pois jaacute sabe os caminhos que se deve evitar Em inglecircs If I knew then what

I know now o tiacutetulo tem um sentido parecido com ldquoSe eu soubesse antes o que sei agorardquo A

interjeiccedilatildeo do tiacutetulo em portuguecircs ldquoAhrdquo daacute um toque mais emotivo ao tiacutetulo causando um

efeito de sentido de rememoraccedilatildeo isto eacute de voltar-se ao passado como um aliacutevio por dar-se

conta de que vai saber-fazer ldquodireitinhordquo a partir de agora

A estrutura do livro eacute bastante simples Os capiacutetulos trazem uma estrutura sintaacutetica

repetitiva ldquoCoisas que eacute bom vocecirc saberrdquo ldquoCoisas que lsquopega-bemrsquo (sic) vocecirc saberrdquo ldquoCoisas

que vocecirc realmente gostaria de ter sabidordquo etc O autor Richard Edler eacute presidente de

agecircncia de propaganda A partir de anos de experiecircncia trabalhando na aacuterea formulou uma

pergunta especiacutefica destinada a pessoas de sucesso (como administradores diretores e

81

presidentes de empresas) que aliaacutes eacute o sub-tiacutetulo do livro ldquoO que vocecirc sabe agora mas

gostaria de ter sabido 25 anos atraacutesrdquo Comeccedilou questionando alguns clientes seus e o nuacutemero

de pessoas aumentou ampliando a sua coletacircnea ateacute compor uma coletacircnea de frases com o

intuito de propor conselhos praacuteticos e motivadores ao leitor Programa o enunciataacuterio desse

modo a estar preparado para enfrentar os problemas jaacute previstos de acordo com

perfoacutermances jaacute realizadas pelos entrevistados Instaura um programa de uso de prevenccedilatildeo

uma vez que a sua experiecircncia baseada na experiecircncia de outras pessoas de sucesso oferece

um meio de prevenir determinadas accedilotildees negativas Por isso valoriza o disjunccedilatildeo (o que deve

ser evitado) para serem possiacuteveis no futuro conjunccedilotildees com objetos valorizados

positivamente

Apresenta vocabulaacuterio da aacuterea empresarial o que confere ao seu discurso a atualidade

conceitual da aacuterea dos negoacutecios ldquoTenha uma meta Uma meta eacute apenas um sonho com um

deadline Marjorie Blanchard Escritorardquo (p 4) Haacute mais vocabulaacuterios especiacuteficos do mundo

dos negoacutecios como background hindsight staff feedback expert approuch De novo haacute o apelo

para o efeito de sentido da credibilidade profissional do autor-enunciador

O deacutecimo quinto colocado Criando meninos (BIDDULPH 2002)

Figura 16 ilustraccedilotildees de capa de Criando meninos nacional e estrangeiras

Para a ediccedilatildeo brasileira foi feita a traduccedilatildeo literal da original em inglecircs Rasing boys A

ilustraccedilatildeo de capa tambeacutem eacute a mesma da ediccedilatildeo estrangeira No entanto a brasileira jaacute traz na

capa trecircs toacutepicos interrogativos que aludem ao conteuacutedo que seraacute desenvolvido ldquoPor que os

meninos satildeo diferentes O que o pai e a matildee podem fazer Como tornaacute-los homens

equilibrados e felizesrdquo Com esse recurso enfatiza a funccedilatildeo de cartilha (como um livro

didaacutetico) de orientaccedilatildeo educacional que o discurso iraacute desenvolver Em suma utiliza o espaccedilo

para-textual para investir no produto que seraacute apresentado ao leitor As enquetes dispostas na

82

capa compotildeem assim a funccedilatildeo tipicamente mercadoloacutegica dos elementos extra-linguumliacutesticos

que incorporam o fator ldquoconsumordquo a sua ilustraccedilatildeo de capa A foto dos dois garotinhos lado

a lado um loirinho e outro moreninho enfatiza que meninos satildeo diferentes uns dos outros

por isso eacute necessaacuterio entender que haacute muitas peculiaridades relativas ao comportamento e agrave

criaccedilatildeo dos garotos em geral

A construccedilatildeo formal do texto eacute semelhante a um livro didaacutetico no que diz respeito agrave

disposiccedilatildeo dos conteuacutedos folha lisa paacuteginas grossas fonte grande e em estilo ldquoGaramondrdquo

com muitas fotos e ilustraccedilotildees (explicando as accedilotildees a serem desenvolvidas) os tiacutetulos satildeo em

azul (cor dos meninos na cultura brasileira) haacute muitos toacutepicos destinados para cada situaccedilatildeo

de aplicaccedilatildeo etc O livro dispotildee os tiacutetulos de forma clara de acordo com assuntos especiacuteficos

do primeiro ao deacutecimo ldquoO trecircs estaacutegios da infacircnciardquo ldquoTestosteronardquo etc

Didaticamente o texto explica os estaacutegios do desenvolvimento dos meninos (o bebecirc a

preacute-adolescecircncia a junventude) Satildeo recorrentes o uso de quadros em fundo azul agraves vezes

com um desenho na parte inferior (a ilustraccedilatildeo resumo do tema) com o dizer ldquoNa praacuteticardquo

explicando por meio de narrativas que o assunto na realidade acontece de determinado jeito

pregando portanto uma certa previsibilidade ao assunto (estatuto programador) Nele haacute o

resumo do capiacutetulo de forma a sugerir dicas ao pai e agrave matildee de como educar o filho

corretamente de acordo com o tema sugerido

O deacutecimo sexto colocado O sucesso eacute ser feliz (SHINYASHIKI 1997)

Figura 17 ilustraccedilatildeo de capa de O sucesso eacute ser feliz

O autor eacute meacutedico-psiquiatra e poacutes-graduado em administraccedilatildeo de empresas pela USP

Este autor foi mencionado anteriormente na Introduccedilatildeo em ensaio da revista Veja ldquoCamelocirc

da felicidaderdquo (VEJA 12 fev 1992 p 76-9) enquanto autor que daacute conselhos sobre

casamento mesmo tendo se divorciado algumas vezes Neste livro faraacute valer a sua experiecircncia

profissional e natildeo pessoal para dar conselhos ao leitor enunciataacuterio Desse modo o sujeito

83

enunciador doaraacute dicas de como manipular a proacutepria felicidade um valor cultural tatildeo

mencionada nesse tipo de texto

A estrutura do livro eacute bastante abrangente em mateacuteria de tiacutetulos e sub-tiacutetulos Como o

narrador trata da busca da felicidade discute o assunto a partir de uma abordagem

heterogecircnea de pontos de vista Para tanto relata a sua experiecircncia como psiquiatra (uma

caracteriacutestica biograacutefica da vida profissional) ao mesmo tempo em que discutiraacute amor

trabalho infacircncia consciecircncia metas da alma amigos etc ora privilegiando o foco narrativo

(relatos de pacientes) ora o foco teoacuterico do campo da psiquiatria A ilustraccedilatildeo de capa traz ao

fundo e em azul a foto do autor sorrindo A alegria do seu sorriso faz uma relaccedilatildeo de parceria

com o vocaacutebulo ldquoFELIZrdquo do tiacutetulo em fundo amarelo grafado com fonte maior do que os

outros vocaacutebulos do tiacutetulo

Agraves paacuteginas 10 e 11 os tiacutetulos satildeo enumerados com fontes grandes O leacutexico desses

tiacutetulos natildeo varia muito viver vida revoluccedilatildeo felicidade infelicidade sonhos e transformaccedilatildeo

Estes satildeo os vocaacutebulos baacutesicos Haacute um enunciado ldquoO sucesso eacute ser felizrdquo que estaacute disposto

de forma luacutedica entre as duas paacuteginas ldquoO sucessordquo fica localizado na parte superior da paacutegina

10 e ldquoser felizrdquo na parte inferior da paacutegina 11 Esta eacute uma forma luacutedica de dispor o tema que

se segue Em cada capiacutetulo satildeo apresentadas ilustraccedilotildees de fotos com efeito de contraste em

que se pode identificar imagens de pessoas felizes algumas abraccedilando-se rindo outras

sorrindo etc (p 17)

O deacutecimo seacutetimo colocado Ningueacutem eacute de ningueacutem (GASPARETTO 2001)

Figura 18 ilustraccedilatildeo de capa de Ningueacutem eacute de ningueacutem

O livro de Ziacutebia Gasparetto eacute o uacutenico dos listados por Veja nos rankings pesquisados

que eacute um romance Nele natildeo estaacute explicitado um enunciador que se apresenta ao enunciataacuterio

como autor de auto-ajuda denominado ldquoauto-ajuda manifestardquo por Martelli (2006) No

entanto o livro foi adicionado agraves listas da revista acredita-se por discutir temas relativos ao

espiritismo manifestados como forma de auto-ajuda bem como o envolvimento com ciecircncias

84

ocultas e a transcendecircncia espiritual temas figurativizados pelo discurso da vida apoacutes a morte

Os rostos em transiccedilatildeo na capa reforccedilam o discurso da transcendecircncia espiritual

A histoacuteria se passa em torno de Roberto e Gabriela um casal com problemas de

relacionamento que tem dois filhos Roberto ao tentar empreender um negoacutecio diferente

mais lucrativo eacute traiacutedo pelo soacutecio Neumes engenheiro que foge com todo o dinheiro da

empresa Gabriela eacute uma moccedila independente que mesmo apoacutes a maternidade nunca deixou

de trabalhar Passa a sustentar a famiacutelia em funccedilatildeo do desemprego do marido Roberto Por

ser uma mulher de personalidade forte moderna Roberto tem ciuacutemes dela Ele se sente

inferiorizado em funccedilatildeo de a esposa ter assumido o posto de chefe da famiacutelia O patratildeo de

Gabriela Renato apaixona-se por ela em virtude de compartilharem seus problemas pessoais

Sabendo da sua paixatildeo Roberto comunica-se com a esposa de Renato Gioconda (que era tatildeo

infeliz quanto Roberto) e juntos armam plano para destruir o amor de Renato e Gabriela

Assim Gioconda resolve matar Gabriela e Roberto eacute quem recebe o tiro mas sobrevive

Gioconda eacute incriminada e punida Para afastar suspeitas de traiccedilatildeo Gabriela muda-se com

Roberto e famiacutelia para o Rio de Janeiro Laacute Roberto passa a frequumlentar um terreno de

macumba (ldquoexurdquo) para fazer Gabriela voltar a gostar dele Daacute certo o trabalho de macumba e

Gabriela passa a amaacute-lo intensamente sem saber o porquecirc

Renato o verdadeiro amor de Gabriela a vecirc em seus sonhos em forma de espiacuterito

pedindo ajuda Roberto mesmo depois de receber o tiro continua um ser vazio Renato ajuda

Gabriela a superar o trabalho espiritual danoso feito contra ela por meio de um tratamento

espiritual Roberto frequumlentava terrenos de macumba ruim e num dos rituais encontra

Neumes seu antigo soacutecio traidor Vai lhe cobrar o que deve leva uma arma mas Neumes jaacute

sabendo da intenccedilatildeo de Roberto saca a dele traiccediloeiramente e o mata Em estado de espiacuterito

Roberto encontra o amor da sua vida Num curso no plano espiritual (do tipo disciplina

escolar) entende o que se passou nas suas vidas passadas (vidas de maldade) e vecirc que seu amor

estava no ceacuteu Roberto percebe que o plano terrestre natildeo eacute seu lugar de realizaccedilatildeo Renato e

Gabriela porem estatildeo destinados a ficar juntos no plano terreno

85

O deacutecimo oitavo colocado A dieta de South Beach (AGATSTON 2003)

Figura 19 ilustraccedilotildees de capa de A dieta de South Beach nacional e estrangeira

O livro eacute uma traduccedilatildeo literal do tiacutetulo em inglecircs (The South Beach Diet) A ilustraccedilatildeo de

capa natildeo apresenta nenhum recurso marcante fora o que se costumou observar ateacute aqui no

que tange aos fatores para-textuais sobre a utilizaccedilatildeo da fonte do tiacutetulo em tamanho

consideravelmente grande ocupando o maacuteximo de espaccedilo na capa Inclusive eacute utilizado um

tom de verde ao fundo assim como a ediccedilatildeo estrangeira o que lembra coisas da natureza

O cardiologista Arthur Agatston M D na primeira parte do livro descreve a sua

teoria de emagrecimento a partir da qual pretende doar PNs de uso para o leitor-enunciataacuterio

ter boa sauacutede Na segunda parte escreve um manual de cardaacutepios e receitas culinaacuterias de

acordo com os programas narrativos de construccedilatildeo etapa por etapa As primeiras linhas do

texto jaacute evidenciam a construccedilatildeo de um discurso caracteristicamente propagandiacutestico em que

apresenta ao enunciataacuterio as vantagens do seu ldquoprodutordquo (p 11)

Vocecirc sempre teve a impressatildeo de que comia isso e sentia isso Seus problemas acabaram Faccedilam como eu mando A dieta de South Beach natildeo eacute pobre em carboidratos Nem tem baixo teor de gorduras A dieta de South Beach nos ensina a consumir os carboidratos e gorduras certos (p 11)

A estrateacutegia publicitaacuteria eacute evidenciada na introduccedilatildeo do texto como uma espeacutecie de

logotipo ldquoMINHA DIETA DE SOUTH BEACHrdquo em caixa-alta e fonte trecircs vezes maior que

a do texto Essa estrateacutegia procura ilustrar a eficaacutecia do seu meacutetodo para em seguida

figurativizar seu discurso de caracteriacutestica publicitaacuteria por meio de depoimentos (p 51)

Michael A Perdi quase 16 quilos em quatro meses Comecei a fazer essa dieta porque minha matildee tinha visto uma mateacuteria sobre ela no telejornal local de Miami Ela era cardiacuteaca e estava preocupada com minha sauacutede ndash eu tinha 36 anos na eacutepoca e pesava cerca de 113 quilos

86

Portanto como presente de dia dos pais ela marcou uma consulta com uma nutricionista no hospital Mount Sinai (p 51)

Sempre dando atenccedilatildeo agrave eficaacutecia do meacutetodo de emagrecimento o autor vale-se

tambeacutem do discurso cientiacutefico da medicina de acordo com alguns termos teacutecnicos ldquoOs

resultados foram bastante encorajadores quase todos emagreceram seu niacutevel de trigliceacuterides e

de colesterol LDL diminuiu e o de colesterol HDL aumentou melhorando a proporccedilatildeo

cintura-quadrilrdquo (p 50) Por isso eacute comum em alguns discursos a atuaccedilatildeo em conjunto do

elemento propagandiacutestico com casos reais (de pacientes e exemplos de vida) e com termos

teacutecnicos sejam da ciecircncia meacutedica da biologia das ciecircncias do comportamento das teorias

culinaacuterias

O deacutecimo nono colocado Minutos de sabedoria (PASTORINO 1997)

Figura 20 ilustraccedilatildeo de capa de Minutos de sabedoria

O livro eacute encapado no mesmo formato de um livro conhecido uma Biacuteblia de bolso O

tiacutetulo vem em cor dourada a capa eacute azul bem escura (contrasta com o dourado do tiacutetulo) e

simplesmente traz o nome do autor e a logomarca da editora As folhas satildeo finas leves assim

como as costumeiras ediccedilotildees do Livro Sagrado com capa e ziacuteper O autor tece 288 dicas de

sabedoria em forma de mensagens sinteacuteticas que datildeo ecircnfase ao lado miacutestico do ser humano

sempre lembrando a importacircncia que Deus e a religiatildeo cristatilde tecircm na vida do seu puacuteblico-leitor

Carlos Torres Pastorino foi apresentador da Raacutedio Cobacabana no Rio de Janeiro

Desde os anos 60 apresentava pequenos trechos de ensinamentos religiosos diariamente Seu

puacuteblico pediu que esses conselhos fossem publicados entatildeo saiu o livro Minutos de sabedoria

Assim ele se projeta como um enunciador que tece 288 dicas de sabedoria ao leitor em geral

natildeo somente o religioso mas o leitor que estaacute desmotivado que vecirc a vida disforicamente

87

Natildeo eacute livro tampouco para ser lido de jato eacute para ser conservado agrave matildeo e aberto nos momentos de depressatildeo a fim de aiacute buscar um pouco de lenitivo ao espiacuterito perturbado [] os pensamentos que aqui se encontram reunidos proveacutem das mais variadas fontes tendo de nosso apenas a apresentaccedilatildeo Possa esta pequenina obra fazer bem a uma pessoa que seja e teremos como bem empregado o tempo despendido em sua confecccedilatildeo Rio 411160 Carlos Torres Pastorinordquo (apresentaccedilatildeo do livro)

O narrador vale-se de sintagmas como ldquonossa inferioridaderdquo ldquodespenhadeiro da

decepccedilatildeordquo ldquoimpulsionados pela dorrdquo ldquoaberto nos momentos de depressatildeordquo (localizados no

prefaacutecio e na apresentaccedilatildeo do texto) A partir desses vocaacutebulos pressupotildee que seu leitor eacute

carente de motivaccedilatildeo espiritual Em siacutentese quer programar seu leitor levando em conta a

pequenez do ser humano a iluminar-se com seu livro ldquolsquoMinutos de sabedoriarsquo se nos

apresenta como gotas de orvalho a cair em nossas almas ressequidas e ardentes pelo calor das

ilusotildees e dos enganos da Terra Nosso verdadeiro destino eacute a sabedoriardquo (prefaacutecio) Em linhas

gerais eacute projetado no discurso o ethos de um enunciador religioso que por meio da Palavra de

Deus programa o enunciataacuterio a viver conforme os valores de uma vida espiritual

O vigeacutesimo colocado Natildeo faccedila tempestade em copo drsquoaacutegua (CARLSON

1998)

Figura 21 ilustraccedilotildees de capa de Natildeo faccedila tempestade em copo drsquoaacutegua nacional e estrangeira

Para a traduccedilatildeo do tiacutetulo da ediccedilatildeo brasileira nota-se que o ditado popular daacute um

aspecto mais prosaico agrave obra ldquoNatildeo faccedila tempestade em copo drsquoaacuteguardquo Baseando no que o

tiacutetulo sugere jaacute ocorre um movimento de manipulaccedilatildeo que instaura um desejo por um tipo de

comportamento que deve ser evitado o exagero Em inglecircs Donrsquot sweat de small stuff pede da

mesma forma para o seu leitor enunciataacuterio natildeo se importar natildeo ldquotranspirarrdquo (no sentido lato

de sweat) natildeo disperdiccedilar energia com pequenas coisas porque ldquotudo na vida satildeo copos

88

drsquoaacuteguardquo como a ediccedilatildeo brasileira enfatiza no seu subtiacutetulo agrave moda da ediccedilatildeo estrangeira

Carlson eacute palestrante e consultor de estresse No livro procura relatar experiecircncias no

consultoacuterio de casos de pacientes com diversos problemas de relacionamento e

comportamento

Eacute um livro de estrutura simples com dedicaccedilatildeo e introduccedilatildeo bem curtas O sumaacuterio

indica 100 capiacutetulos A maioria deles possui no maacuteximo duas paacuteginas Apesar de as letras

estarem em fontes pequenas o livro tem encadernamento pequeno (16 x 14 centiacutemetros) O

livro busca a adesatildeo do leitor simples que lecirc a cada dia uma mensagem de apoio diferente De

fato os 100 capiacutetulos satildeo dicas pequenas de como deixar as coisas inuacuteteis de lado (as

preocupaccedilotildees desnecessaacuterias) para enfrentar os problemas do dia-a-dia da melhor forma

possiacutevel

O ator da enunciaccedilatildeo Richard Carlson menciona na capa das duas ediccedilotildees o tiacutetulo

de PhD o que revela a sua qualificaccedilatildeo teoacuterica e cria o efeito de que seu discurso sobre

teacutecnicas de comportamento eacute certificado pelo tiacutetulo de especialista Cita os problemas de

clientes amigos e os seus proacuteprios Produz os conselhos sempre a partir de um exemplo de

vida em que tambeacutem adota um tom religioso dependendo do exemplo a partir do qual extrai

o seu conselho

O rabino Harold Kushner nos recorda de que tudo que Deus criou eacute potencialmente sagrado Nossa tarefa como seres humanos eacute encontrar o sagrado em situaccedilotildees que aparentam ser pouco sagradas [] Eacute faacutecil ver a beleza de Deus num pocircr-de-sol magniacutefico numa montanha encimada por neve no sorriso de uma crianccedila saudaacutevel ou em ondas do mar batendo na areia de uma praia (p 143)

89

6 Anaacutelise da atuaccedilatildeo dos componentes semioacuteticos

61 A semacircntica do niacutevel fundamental

No que diz respeito ao niacutevel fundamental em que se observam relaccedilotildees de termos em

oposiccedilatildeo os discursos examinados do corpus tendem a valorizar o investimento eufoacuterico dado

aos termos-objeto que dizem respeito agrave conformidade dos valores do sujeito com o ambiente

que o cerca Greimas daacute um exemplo desse tipo de discurso no que diz respeito ao niacutevel

narrativo em seu artigo La soupe au pistou (GREIMAS 1996) no qual daraacute destaque aos

programas de produccedilatildeo do objeto-valor sopa Nas junccedilotildees desses programas a conjunccedilatildeo

com o objeto sopa recebe um investimento semacircntico eufoacuterico pois o elaborador do cardaacutepio

teraacute prazer ndash um sentimento positivo ndash tanto no preparo como no ato de provar a sopa Nos

discursos de auto-ajuda examinados estaacute clara que a natureza cojuntiva com os objetos

desejados (o autoconhecimento por exemplo) daraacute ensejo a um investimento semacircntico

positivo por isso mesmo uma valorizaccedilatildeo eufoacuterica do tipo de conhecimento compartilhado

Nos textos analisados ocorre a conformidade dos valores sociais com o termo mais

geral ldquovidardquo (por isso nega-se tudo o que diz respeito ao seu termo oposto ldquomorterdquo) bem

como os meta-termos a ela relacionados pertencentes ao campo do bem-estar fiacutesico-mental

(felicidade bons negoacutecios sociabilidade comunicaccedilatildeo educaccedilatildeo etc) O objeto natildeo-

figurativo ldquoautoconhecimentordquo serviraacute como um meio de alcanccedilar esse bem-estar geral

Tambeacutem se pode notar uma estrateacutegia argumentativa peculiar em alguns discursos

examinados em que procuram explicitar inicialmente o investimento disfoacuterico relativo a

algumas conjunccedilotildees Esses fatores disfoacutericos do cotidiano satildeo mencionados para fazer o

enunciataacuterio dar importacircncia aos elementos eufoacutericos que ele natildeo percebe Nesse caso alguns

discursos focalizam as disforia ndash indicando o que natildeo dever ser feito ndash para assim afirmar

objetos de natureza eufoacuterica Ao rejeitar assim determinados comportamentos o

enunciataacuterio iraacute realizar a conjunccedilatildeo com os valores eufoacutericos de que necessita para ter uma

vida de bem-estar

62 Euforia e disforia

Comeccedilar-se-aacute pelos discursos que iniciam focalizando a disforia com o intuito de

elaborar um jogo argumentativo para ao final investir euforicamente nos objetos-valor Satildeo

eles Natildeo leve a vida tatildeo a seacuterio (PRATHER 2003) Um dia daqueles (GREIVE 2001) Ah se eu

90

soubesse (EDLER 1997) e Natildeo faccedila tempestade em copo drsquoaacutegua (CARLSON 1998) Ao observar

os sintagmas dos tiacutetulos nota-se como jaacute enfocam a disforia ldquonatildeo faccedilardquo ldquonatildeo leverdquo ldquoah se

eu soubesserdquo ldquoum dia daquelesrdquo O uso de vocaacutebulos que valorizam a dimensatildeo disfoacuterica do

discurso eacute um recurso de que se valem para ao final proporem uma soluccedilatildeo ldquoeufoacutericardquo para a

vida

Em Prather (20003) eacute apresentado ao leitor enunciataacuterio inicialmente a disforia

relativa a determinadas conjunccedilotildees negativas como o apego o excesso de pensar as emoccedilotildees

inuacuteteis a magoa o conflito interior o excesso de sinceridade o egoiacutesmo a implicacircncia com

pequenos problemas Assim o destinador-manipulador doa receitas de como subtrair

elementos disfoacutericos do comportamento Determinados vocaacutebulos dos capiacutetulos com grifos

apontam essa tendecircncia

Um Primeiros passos rumo ao desprendimento Dois Livrando-se do lixo mental Trecircs Abrindo matildeo das emoccedilotildees inuacuteteis Quatro Colocando a maacutegoa de lado Cinco Aceitando a vida como ela eacute Seis Aprendendo a ficar livre do conflito interior Sete Abrindo matildeo da sinceridade Oito O desprendimento do ego Nove O caminho do conhecimento espiritual Dez Sem levar os problemas tatildeo a seacuterio (PRATHER 2003 p 7-8 ndash grifo nosso)

O livro recorre agrave doaccedilatildeo de receitas que indicam formas de como deixar as coisas de

lado em que a disjunccedilatildeo com haacutebitos desnecessaacuterios leva agrave conjunccedilatildeo com coisas melhores O

enunciador pretende assim programar o seu enunciataacuterio a realizar as dicas por etapas Isso

fica expliacutecito ao final de cada capiacutetulo em que haacute um toacutepico denominado ldquoLibertaccedilatildeordquo no

qual indica ateacute mesmo o tempo de duraccedilatildeo da tarefa a ser cumprida

Libertaccedilatildeo 5 Tempo sugerido 1 dia ou mais Este exerciacutecio nos leva a um insight ao qual voltaremos muitas vezes Nossa mente estaacute tatildeo cheia de vozes do passado que os pensamentos entram em conflito [] Os pensamentos destrutivos soacute nos afetam quando os levamos a seacuterio - Identifique tantos pensamentos perturbadores quanto puder [] Quando um deles vier agrave cabeccedila pegue a lista e a mentalize com fervor e repita silenciosamente ldquoO pensamento em si natildeo eacute o problema O problema eacute concentrar minha mente em torno desse pensamentordquo Em seguida relaxe a mente (ibid p 58)

91

Os dez capiacutetulos do livro de Prather funcionam enfim como dez mandamentos que

ensinam como deixar as coisas ruins de lado

Em Um dia daqueles (GREIVE 2001) o enunciataacuterio eacute incentivado a ganhar

motivaccedilatildeo por meio do exemplo das imagens de animais desanimados ou em situaccedilatildeo de

perigo Para isso o enunciador enfoca um estado de conjunccedilatildeo com a tristeza ou seja em que

o baixo-astral eacute valorizado negativamente Mostrando o outro lado da moeda (como natildeo ficar

triste) seduz o seu enunciataacuterio a querer e a dever estar motivado levando-o a desenvolver

um bom-astral Assim o texto incide sobre o estado inicial de disforia em que os sujeitos

(animais) estatildeo em disjunccedilatildeo com o ldquobom astralrdquo por isso estatildeo desmotivados Como a

construccedilatildeo do seu discurso iraacute se pautar na relaccedilatildeo de disjunccedilatildeo com os valores o

enunciataacuterio agrave medida que subtrair determinados comportamentos estaraacute mais apto a natildeo ter

ldquoum dia daquelesrdquo

Agrave paacutegina 18 um rinoceronte eacute fotografado com o chifre torto para baixo com o

dizer ldquoVocecirc natildeo consegue levantar naaadardquo (grifo do autor) o que indica no niacutevel discursivo a

constituiccedilatildeo temaacutetica da baixa auto-estima e do baixo desempenho sexual Pretende pois dar

exemplos de comportamentos que fazem parte do dia-a-dia de acordo com as fotografias de

animais que capturados em determinadas posiccedilotildees fazem uma relaccedilatildeo metafoacuterica com a vida

corriqueira do enunciataacuterio leitor Mais adiante a partir da paacutegina 61 a foto de um urso que

espreita atraacutes de uma parede traz um enunciado que indica uma intenccedilatildeo euforizante ldquoQuem

pode dizer as coisas fantaacutesticas que estatildeo logo ali no virar da esquinardquo A partir desse

enunciado haacute uma seacuterie de elementos que indicam a importacircncia de se procurar algo mais na

vida ldquoAfinal de contas o mundo estaacute cheio de descobertas surpreendentes coisas que vocecirc

nem imaginardquo (p 62-3) Este enunciado traz duas fotos Agrave paacutegina 62 um filhote de urso potildee

as matildeozinhas na boca de um pelicano como se o fato de explorar o seu interior grande e

escuro o fizesse descobrir novas oportunidades Agrave paacutegina 63 um pequeno paacutessaro na areia da

praia olha para cima encarando a cabeccedila imensa de um leatildeo-marinho que descansa A partir

dessas constataccedilotildees deduz-se que o ser humano natildeo deve se sentir pequeno perante o mundo

e por isso deve deixar de lado a inibiccedilatildeo e o medo

O texto propotildee ao seu enunciataacuterio uma experiecircncia esteacutetica e divertida do cotidiano

do ponto de vista dos animais em habitats diversos Eacute portanto um discurso de

entretenimento cuja fruiccedilatildeo tambeacutem propotildee um ensinamento destinado ao

autoconhecimento pois ensina como natildeo ter um dia ruim

O livro de Edler (1997) Ah se eu soubesse constroacutei um discurso que enfatiza o

controle O narrador adverte que para evitar os caminhos mais difiacuteceis deve-se seguir o

92

caminho programado jaacute realizado pelo fazer de outros sujeitos mais experientes Por meio

desses ldquofazeresrdquo haacute uma orientaccedilatildeo daquilo que natildeo se deve fazer os caminhos que devem

ser evitados O sujeito-enunciataacuterio deve portanto ser controlado porque precisa de algueacutem

que diga o que fazer devido agraves exigecircncias que demandam de uma sociedade exigente

profissionalmente

Particularmente o enunciataacuterio desse tipo de discurso faz parte do mundo dos

negoacutecios ateacute mesmo pelo jargatildeo utilizado Ao longo do texto o enunciador procura

desenvolver pensamentos sinteacuteticos doados por profissionais de sucesso e poliacuteticos famosos

A partir deles ensina a pensar natildeo somente no presente mas no futuro dando competecircncia

ao leitor que reconheceraacute os caminhos que devem ser evitados agora para que natildeo sofra no

futuro Relaciona essas estacircncias temporais ao passado (o que natildeo foi o que natildeo se realizou)

Por isso o discurso vinculado pelo texto eacute condicional do tipo ldquose natildeo fizer isso natildeo sofreraacute

logo teraacute algo melhorrdquo Incitando a disjunccedilatildeo com valores disfoacutericos o leitor enunciataacuterio

deve agir agora de forma a evitar o pior e natildeo se arrepender depois Nesse caso fica

subentendido o ditado (tema) ldquomelhor evitar que remediarrdquo

Natildeo faccedila tempestade em copo drsquoaacutegua (CARLSON 1998) projeta um enunciador

conselheiro que pretende compartilhar estrateacutegias de comportamento destinadas a evitar o

exagero como diz o proacuteprio ditado do tiacutetulo ldquotempestade em copo drsquoaacuteguardquo Na construccedilatildeo do

seu discurso elabora o ethos de um enunciador calmo que sabe enfrentar os problemas do dia-

a-dia sem entrar em conflito consigo proacuteprio O seu pensamento traraacute foacutermulas de como

evitar determinados comportamentos ndash ldquoo caminho da menor resistecircnciardquo ndash porque evitando

caminhos enganosos pode-se entrar em conjunccedilatildeo com valores eufoacutericos e ldquoenfrentar a vida

de forma mais amenardquo

Neste livro compartilho com vocecircs as estrateacutegias especiacuteficas ndash coisas que vocecircs podem comeccedilar a fazer hoje mesmo ndash que poderatildeo ajudaacute-los a enfrentar a vida de modo mais ameno As estrateacutegias sobre as quais vocecircs leratildeo satildeo aquelas que se provaram as mais bem-sucedidas entre meus clientes e leitores ao longo dos anos Elas representam igualmente a maneira como abordo minha proacutepria vida o caminho da menor resistecircncia (p 18)

Os outros textos do corpus natildeo fazem particularmente esse jogo entre disforia e

euforia Por outro lado haacute discursos que pouco tocam em questotildees disfoacutericas pois querem

mostrar que ateacute mesmo os problemas devem ser valorizados positivamente A respeito desses

pode-se notar a organizaccedilatildeo discursiva dos textos Quem mexeu no meu queijo (JOHNSON

2002) e A semente da vitoacuteria (RIBEIRO 2000) Nesses discursos a narratividade mostra pelo

93

contraacuterio a busca incessante dos sujeitos actantes por caminhos eufoacutericos onde toda

experiecircncia mesmo que frustrante sempre seraacute proveitosa Por isso os caminhos sejam faacuteceis

ou difiacuteceis natildeo devem ser evitados pois as dificuldades natildeo satildeo indesejadas Partem do

discurso de que a atividade a busca constante por aprimoramento o desafio do novo enfim

toda luta e todo sofrimento satildeo necessaacuterios e positivos

A procura por queijo no labirinto fabular representa a busca pela mudanccedila

configurada pelo desafio de saber encontrar queijo e administraacute-lo corretamente

Enquanto Haw ainda tinha um grande estoque de Queijo frequumlentemente ia para o labirinto e explorava novas aacutereas para estar ciente do que estava acontecendo ao seu redor Ele sabia que era mais seguro ter consciecircncia de suas verdadeiras escolhas do que se isolar numa zona de conforto [] Haw fez uma pequena oraccedilatildeo e esperou ndash como esperara muitas vezes antes ndash que talvez finalmente seu amigo tivesse sido capaz de Sair do Lugar Assim como o Queijo e Gostar Disso (JOHNSON 2002 p 78-9)

O constante aprimoramento de vida narrado nostalgicamente em Ribeiro (2000)

revela que a atividade tanto mental como fiacutesica torna desejaacuteveis ateacute os caminhos mais difiacuteceis

De acordo com a sua vivecircncia no interior de Satildeo Paulo o narrador Nuno Cobra diz que nada

na sua vida era tatildeo faacutecil quanto eacute atualmente mesmo assim todo desafio era para ele

prazeroso toda conjunccedilatildeo era bem-vinda A respeito disso afirma como narrador a

importacircncia das junccedilotildees do passado em que procura trazer para o presente o seu valor

eufoacuterico figurativizado pela vida social da sua infacircncia cujo destaque eacute dado agrave maior uniatildeo

entre as pessoas

A moccedilada caminhava ao redor da praccedila [] Era o famoso footing tatildeo comum nos velhos tempos ndash tempos em que as pessoas ainda natildeo haviam sido picadas por esse viacuterus terriacutevel que afasta completamente uns dos outros mesmo quando todos estatildeo reunidos num uacutenico ambiente Natildeo havia ainda essa maquininha diaboacutelica chamada televisatildeo e todos iam agrave praccedila da Matriz Havia mais vida social e uma interaccedilatildeo familiar mais intensa (ibidem p 28)

A partir desses exames pode-se inventariar uma primeira incidecircncia tipoloacutegica que diz

respeito agrave euforia Mesmo os discursos que inicialmente seguem valorizando a disjunccedilatildeo

acabam propondo uma soluccedilatildeo que se baseia em objetos valorizados euforicamente Isso

parece claro no discurso da auto-ajuda uma vez que ao manipular maneiras de ser o faz

como receita para melhorar a vida do sujeito enunciataacuterio doando-lhe bem-estar

94

63 O percurso dos actantes funcionais

No que se refere a esses componentes a incidecircncia diz respeito ao destinador-

manipulador destinataacuterio-sujeito e destinador-julgador actantes funcionais da sintaxe

narrativa

Os textos de auto-ajuda ndash visto que muitos natildeo satildeo estritamente narrativas ndash recorrem

ao enfoque no actante destinador-manipulador exceto os de organizaccedilatildeo predominantemente

narrativa como Johnson (2002) Quem mexeu no meu queijo Gasparetto (2001) Ningueacutem eacute de

ningueacutem e Hunter (2004) O monge e o executivo Esses discursos adotam uma forma de

composiccedilatildeo semelhante aos textos de ficccedilatildeo que notadamente divergem dos discursos

tiacutepicos de auto-ajuda Estes incidem no percurso do destinador-manipulador enquanto

aqueles ndash conjugados agrave temaacutetica da gestatildeo de negoacutecios e do misticismo ndash incidem tambeacutem

sobre o fazer do destinataacuterio-sujeito explicitando as perfoacutermances dos sujeitos ficcionais Na

medida em que esses discursos projetam no plano narrativo o fazer dos sujeitos destinataacuterios

(como os ratinhos de Johnson no labirinto e os casais espiacuteritas ldquoapaixonadosrdquo de Gasparetto)

focam tambeacutem o destinataacuterio-sujeito figurativizando a moral da histoacuteria por meio do seu fazer

pragmaacutetico

Na maioria dos discursos portanto exceto os trecircs supracitados eacute enfatizado o

percurso do destinador-manipulador Em seguida seraacute apresentada a organizaccedilatildeo dos trecircs

textos supracitados (Johnson Hunter e Gasparetto) em cujo conteuacutedo incidem cada um a

sua maneira os percursos do destinador-manipulador e destinataacuterio-sujeito

64 O destinador-manipulador

Para esclarecer o percurso do destinador-manipulador eacute necessaacuterio relacionaacute-lo agraves

duas primeiras fases da narrativa a manipulaccedilatildeo (querer ou dever-fazer) e a competecircncia

(saber ou poder-fazer) O leitor enquanto destinataacuterio dos discursos examinados jaacute se

encontra manipulado por um querer e um dever-ler cabendo pois ao destinador-

manipulador (a projeccedilatildeo do autor) doar um saber-fazer ou seja a competecircncia de que o

destinataacuterio necessita Se o enunciataacuterio entatildeo cumprir as tarefas indicadas pelo livro obteraacute

o objeto-valor que deseja Nesse caso o livro de auto-ajuda eacute um objeto modal um meio de

conseguir algo Por isso estaacute claro o enfoque na dimensatildeo cognitiva do discurso que se refere

ao saber doado pelo destinador-manipulador ao destinataacuterio-leitor Greimas amp Courteacutes (1979)

95

explicam que a dimensatildeo cognitiva pressupotildee a dimensatildeo pragmaacutetica relativa ao fazer mas o

contraacuterio natildeo ocorre pois eacute necessaacuterio saber-fazer para em seguida poder-fazer

Hierarquicamente superior agrave dimensatildeo pragmaacutetica que lhe serve de referente interno a dimensatildeo cognitiva do discurso se desenvolve paralelamente ao aumento do saber (como atividade cognitiva) atribuiacutedo aos sujeitos instalados no discurso Se a dimensatildeo pragmaacutetica ndash com os encadeamentos de accedilotildees programadas que lhe satildeo peculiares ndash natildeo implica necessariamente a dimensatildeo cognitiva a reciacuteproca natildeo eacute verdadeira a dimensatildeo cognitiva definiacutevel como a assunccedilatildeo das accedilotildees pragmaacuteticas pelo saber as pressupotildee (p 52)

Em outro texto Greimas (1996) vai um pouco aleacutem e diz em explicaccedilatildeo sobre os

textos programadores que a competecircncia em vez de virtualizada nesses tipos de discurso jaacute

se encontra atualizada anteriormente agrave sua realizaccedilatildeo Ou seja se ao ler uma receita jaacute se pode

virtualmente ter o prato em matildeos entatildeo ao ler um texto de auto-ajuda o enunciataacuterio jaacute estaacute

se ldquoauto-ajudandordquo jaacute estaacute previamente atualizado jaacute pode e sabe-fazer Percebe-se que o

destinador-manipulador desses discursos (a imagem do autor projetada) natildeo apenas indica a

competecircncia (o que deve ser feito) como procura aguccedilar a curiosidade do destinataacuterio-leitor a

partir de doses homeopaacuteticas de manipulaccedilatildeo pautadas na seduccedilatildeo elaborada por meio de

perguntas retoacutericas e objetivas Esse recurso procura seduzir e por vezes desafiar o

destinataacuterio a aderir ao valor que propaga por meio do seu objeto-livro Para tais perguntas

(muitos livros satildeo compostos por perguntas-tiacutetulo) as respostas variam Em Pease amp Pease

(2000) na sua obra Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor assim como o tiacutetulo

grande parte dos subtiacutetulos eacute interrogativa ldquoPor que os homens devem assumir a direccedilatildeo agrave

noiterdquo ldquoPor que as mulheres tecircm um sexto sentidordquo (p 5) etc Tambeacutem se observa que o

destinador-manipulador se vale de estrateacutegias diversas para o seu discurso ter o efeito

desejado Ora a atenccedilatildeo se desloca para o campo conceitual em que tece exemplos da

biologia das ciecircncias do comportamento ora para o campo da narraccedilatildeo em que recorre ao

exemplo de vida de pessoas comuns ou profissionais de sucesso para figurativizar os

conceitos

Todo esse esforccedilo de demonstraccedilatildeo confere ao destinador-manipulador maior

credibilidade e sedimenta de uma forma o de outra a fiduacutecia que compartilha com o seu

enunciataacuterio Este deve primeiramente crer no discurso de auto-ajuda proferido pois ele

obedece a uma estrutura modal e contratual

Examinando o livro supracitado (PEASE amp PEASE 2000) observa-se que confere

aos universos feminino e masculino uma carga menos seacuteria portanto mais prosaica dos

problemas atuais entre ambos os sexos pois eacute construiacutedo um discurso bem-humorado sobre

96

os problemas que envolvem esse universo dualista O actante destinador-manipulador ao doar

o saber-fazer procura unir agraves explicaccedilotildees conceituais da biologia explanaccedilotildees derivadas das

teorias do comportamento No que tange agrave biologia (p 62) detalham a relaccedilatildeo dos

cromossomos x e y na constituiccedilatildeo dos sexos entre outros assuntos teacutecnicos e explicam

como o homem age em determinadas ocasiotildees e como a mulher responde vice-versa de um

ponto de vista psicoloacutegico

Por outro lado o livro de Cury (2004) Nunvca desista de seus sonhos natildeo agrada por um

tom humoriacutestico senatildeo pela linguagem mais ldquodelicadardquo um tom suave de conversa com o

enunciataacuterio que precisa de motivaccedilatildeo Vale-se dessa estrateacutegia para doar o objeto-valor

ldquoesperanccedilardquo ao leitor O percurso desse destinador-manipulador iraacute enfatizar a utilidade de

saber sonhar

Os sonhos satildeo como o vento vocecirc os sente mas natildeo sabe de onde eles vieram e nem para onde vatildeo Eles inspiram o poeta animam o escritor arrebatam o estudante abrem a inteligecircncia do cientista datildeo ousadia ao liacuteder Eles nascem como flores nos terrenos da inteligecircncia e crescem nos vales secretos da mente humana um lugar que poucos exploram e compreendem (p 9)

Os manuais de educaccedilatildeo de Biddulph (2002) Criando Meninos e de Tiba (2002) Quem

ama educa satildeo tiacutepicos textos programadores Defendem a importacircncia de se investir em boa

educaccedilatildeo O livro de Biddulph daacute o exemplo de algumas culturas que acham um desperdiacutecio

investir na educaccedilatildeo dos filhos Como a composiccedilatildeo do seu texto eacute semelhante a uma cartilha

dedica os capiacutetulos exclusivamente a como adaptar uma boa educaccedilatildeo agraves fases da vida dos

meninos O destinador-manipulador destina assim os meios ndash os PNs de uso ndash para uma boa

educaccedilatildeo

Em ambos os textos haacute um enunciador experiente que eacute um especialista na aacuterea e que

tem um arcabouccedilo de histoacuterias exemplares de pacientes Biddulph natildeo menciona uma teoria

especiacutefica mas Tiba baseai-se na teoria proacutepria que denomina Integraccedilatildeo Relacional Nela diz

que integra agrave sauacutede mental disciplina gratidatildeo religiosidade cidadania e eacutetica Ao incidir sobre

o percurso do destinador-manipulador busca apresentar os resultados quantitativos do ator da

enunciaccedilatildeo (a concretizaccedilatildeo temaacutetico-figurativa de Iccedilami Tiba) como o nuacutemero total de

atendimentos (71 mil) o nuacutemero de palestras ministradas (2500 mil) e o nuacutemero de

exemplares vendidos (600 mil) pelo autor Esses fatos da vida profissional atestam a

credibilidade dos PNs de uso que doaraacute no decorrer do seu manual de educaccedilatildeo

Em A dieta de South Beach (AGATSTON 2003) o destinador-manipulador agrave maneira

dos percursos gestuais e somaacuteticos mencionados por Greimas (1996) na composiccedilatildeo da sopa

97

age com a finalidade de doar os PNs de uso necessaacuterios agrave construccedilatildeo de uma seacuterie de objetos

figurativos os ldquopratos saudaacuteveisrdquo Na primeira parte do livro instaura o saber-fazer porque

opera um programa cognitivo em que cede as informaccedilotildees ao enunciataacuterio para que siga os

programas narrativos determinados por etapas A segunda parte inclui o poder-fazer porque

o enunciador produz a competecircncia por meio das receitas culinaacuterias do seu meacutetodo Haacute vaacuterias

fases para os cardaacutepios e para as receitas que se configuram como programas narrativos

especiacuteficos ldquoO objetivo da Fase 1 eacute lhe oferecer grandes porccedilotildees de proteiacutenas gorduras

beneacuteficas e os carboidratos de mais baixo iacutendice glicecircmico necessaacuterios para a satisfaccedilatildeo e o

controle dos niacuteveis de accediluacutecar no sanguerdquo (p 125)

65 O destinador-manipulador e destinataacuterio-sujeito

O primeiro colocado geral Quem mexeu no meu queijo (JOHNSON 2002) incide sobre

os percursos actanciais do destinador-manipulador e destinataacuterio-sujeito assim como O monge

e o executivo (HUNTER 2004) e Ningueacutem eacute de ningueacutem (GASPARETTO 2001) Por valorizarem

tambeacutem a face narrativa da composiccedilatildeo de seus discursos datildeo uma certa equivalecircncia aos dois

percursos ou seja valorizam tanto a dimensatildeo cognitiva do discurso quanto a pragmaacutetica

Dessa forma a atuaccedilatildeo do destinataacuterio-sujeito tambeacutem eacute importante para a compreensatildeo da

moral que essas histoacuterias transmitem ao leitor enunciataacuterio

O livro de Johnson trata da importacircncia em aceitar as mudanccedilas inerentes agrave vida que eacute

demonstrada a partir da atuaccedilatildeo dos destinataacuterios-sujeitos (ratinhos e homenzinhos presos no

labirinto) O livro de Hunter alterna entre os exemplos de lideranccedila sobre os quais o ator da

enunciaccedilatildeo discorre e sobre o fazer do destinataacuterio-sujeito que realiza a perfoacutermance de

aprender a ser um liacuteder servidor no monasteacuterio Os destinataacuterios-sujeitos do livro de

Gasparetto atuam na esfera da espiritualidade No seu fazer tecircm de buscar valores relativos agrave

transcendecircncia espiritual e entender que os valores de posse e apego (inveja ciuacuteme oacutedio) natildeo

cabem ao homem decidir mas agraves forccedilas ocultas responsaacuteveis pela sanccedilatildeo dos sujeitos que

ldquodesencarnamrdquo Veja-se passagem em que o psicoacutelogo e miacutestico aconselha Roberto

Creia Roberto a nossa verdade maior estaacute no espiacuterito E nesse particular apesar das diferenccedilas de niacuteveis de evoluccedilatildeo todos somos iguais O nosso espiacuterito possui a essecircncia divina que quando ouvida nos conduz agrave felicidade Por isso quando mergulhamos nas ilusotildees estamos traindo nossa realidade A vida eterna nos chama a atenccedilatildeo colocando pessoas agrave nossa volta que servem de espelho para que possamos acordar (GASPARETTO 2001 p 78)

98

Em Quem mexeu no meu queijo focalizam-se dois percursos narrativos Enquanto um

texto que procura transmitir ao seu leitor uma moral a partir de uma narrativa (uma faacutebula) a

sua organizaccedilatildeo discursiva focaliza a accedilatildeo de dois ratinhos e dois homenzinhos em um

labirinto ou seja o seu percurso enquanto destinataacuterios do valores do queijo que engloba a

aceitaccedilatildeo da mudanccedila A outra faceta privilegia a competecircncia doada pelo destinador-

manipulador Nathan aos amigos destinadores que ouvem a faacutebula da busca pelo queijo

Tem-se portanto uma histoacuteria contada no interior de outra pois o narrador Nathan destina

aos seus amigos o objeto-modal faacutebula uma narrativa que traz o percurso de outros actantes

destinataacuterios cuja atuaccedilatildeo tambeacutem eacute importante para o entendimento do livro

A histoacuteria fabular destaca a fase da perfoacutermance em que os sujeitos no labirinto

seguem os diversos PNs de uso (sair do lugar procurar queijo armazenar o produto correr

atraacutes de mais queijo administrar a comida) a fim de aceitar a mudanccedila e saber empreender o

seu precircmio Mostra assim de forma figurativa (pelo fazer dos ratinhos e dos homenzinhos) o

ldquocomordquo fazer para encarar a mudanccedila A fase da sanccedilatildeo tambeacutem eacute importante na faacutebula pois

compreende o percurso dos destinadores-julgadores os ouvintes da histoacuteria amigos de

Nathan O julgamento incumbe assim de punir os preguiccedilosos e bonificar os trabalhadores a

fim de revelar a moral da faacutebula Ela eacute o meio pelo qual os destinataacuterios-sujeitos da

historiazinha os amigos de Nathan (no niacutevel narrativo) poderatildeo estar em conjunccedilatildeo com o

objeto-modal faacutebula e se tornarem competentes (saber e poder) para ldquoaceitar a mudanccedilardquo

identificando-se com um dos quatro personagens (JOHNSON 2002 p 92)

- Eu sou um pouco como Hem ndash admitiu Angela ndash entatildeo para mim a parte mais poderosa da histoacuteria foi quando Haw riu do seu medo e continuou a construir uma imagem em sua mente onde se via aproveitando o ldquoNovo Queijordquo Isso o fez caminhar para dentro do labirinto de maneira menos receosa e mais alegremente E eventualmente conseguia um negoacutecio melhor Eacute o que eu gostaria de fazer mais frequumlentemente

Assim pode-se concluir que haacute dois tipos de organizaccedilatildeo discursiva para os percursos

actanciais as que incidem sobre o destinador-manipulador e as que destacam os percursos do

destinador-manipulador e destinataacuterio-sujeito Nestas cabe aos destinataacuterios uma perfoacutermance

que seraacute julgada ao final do texto como um meio de investir figurativamente os temas Esse

recurso visa a construir uma impressatildeo sensorial da moral da histoacuteria como visto nas obras de

Johnson (2002) Hunter (2004) e Gasparetto (2001)

99

66 As fases da narrativa

Satildeo quatro as fases da narrativa responsaacuteveis pelo percurso narrativo canocircnico a

manipulaccedilatildeo (instaurada de acordo com as modalidades virtualizantes do querer e do dever) a

competecircncia (organizada em torno das modalidades atualizantes do saber e do poder) a

perfoacutermance (que compreende o fazer do sujeito) e a sanccedilatildeo (o julgamento dado ao sujeito do

fazer positivo ou negativo)

Segundo Fiorin (1990) os discursos programadores incidem sobre a fase da

competecircncia pois doam ao enunciataacuterio um saber-fazer De acordo com o Dicionaacuterio de

Semioacutetica tambeacutem pode-se dizer que atuam na dimensatildeo cognitiva do discurso pois o ldquo[]

adjetivo cognitivo serve de termo especificador em semioacutetica remetendo a diversas formas de

articulaccedilatildeo ndash produccedilatildeo manipulaccedilatildeo organizaccedilatildeo recepccedilatildeo assunccedilatildeo etc ndash do saberrdquo

(GREIMAS amp COURTEacuteS 1979 p 52)

No corpus a grande maioria dos discursos eacute articulada em torno da competecircncia de

acordo com a produccedilatildeo e manipulaccedilatildeo de saberes Jaacute se disse que a auto-ajuda confere um

tipo de leitor que no momento da leitura jaacute se encontra convencido a ler pois o ato de ler jaacute

pressupotildee a fase da manipulaccedilatildeo Como o enunciataacuterio encontra-se na posiccedilatildeo de querer e

dever-ler o texto com que entra em conjunccedilatildeo lhe confere o saber-fazer a competecircncia

portanto

67 A competecircncia

A maioria dos discursos do corpus eacute formada por textos programadores que visam agrave

manipulaccedilatildeo e produccedilatildeo de saberes de acordo com programas narrativos de construccedilatildeo

Como satildeo organizados de maneiras diversas eacute possiacutevel resumir esses discursos que visam agrave

competecircncia em cinco grupos temaacuteticos os manuais de comportamento os livros de dieta as

cartilhas de educaccedilatildeo os livros de motivaccedilatildeo (espiritual e geral) e as dicas de gestatildeo de

negoacutecios

Configurado como um manual de comportamento tiacutepico tem-se como exemplo o

texto de Pease amp Pease (2000) Porque os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor O livro doa

competecircncia ao leitor enunciataacuterio por meio de testes de conhecimento Aplicados em forma

de alternativas os testes versam sobre determinados comportamentos para ambos os sexos e

os relaciona com a estrutura do ceacuterebro Por meio de um tom didaacutetico indica a natureza

bioloacutegica que estaacute na base de certos comportamentos Ao explicar a estrutura dos ceacuterebros (p

100

73) do homem e da mulher relativiza a feminilidade e a masculinidade (p 66-72) Estabelece

um gradiente que vai do ldquoceacuterebro superfemininordquo passando pelo toacutepico ldquointerseccedilatildeordquo indo

ateacute o ldquoceacuterebro supermasculinordquo (p 73) e por fim ensina como avaliar o teste de acordo com

pontuaccedilotildees que definem em que regiatildeo do gradiente o leitor se encontra

Sobre o assunto ldquomotivaccedilatildeordquo o texto de Pastorino (1997) Minutos de sabedoria procura

ldquotocar o coraccedilatildeordquo do leitor enunciataacuterio com mensagens positivas doando-lhe sabedoria em

doses homeopaacuteticas Cada pequena paacutegina do livro traz uma dica uma pequena e simples

competecircncia que natildeo possui mais do que poucas linhas Exemplo

Natildeo decirc importacircncia agrave idade de seu corpo fiacutesico seja sempre jovem e bem disposto espiritualmente A alma natildeo tem idade A mente jamais envelhece Mesmo que o corpo assinale os sintomas da idade fiacutesica mantenha-se jovem e bem disposto porque isto depende de sua mentalizaccedilatildeo positiva Faccedila que a juventude de seu espiacuterito se irradie atraveacutes de seu corpo tenha ela a idade que tiver (PASTORINO 1997 p 58)

Em Vocecirc eacute insubstituiacutevel (CURY 2002) eacute doado ao enunciataacuterio um saber configurado

como um PN de uso inusitado Nesse caso o proacuteprio livro funciona como uma maneira de

elogiar outra pessoa querida O enunciador traz semi-preenchido na introduccedilatildeo um ldquotermo

de consideraccedilatildeordquo que o comprador do livro deve ter pela pessoa a quem presenteia ldquoEu

______________ considero vocecirc _________________ uma pessoa insubstituiacutevel A vida que pulsa

em vocecircrdquo (grifo do autor)

Os conselhos praacuteticos dados por Greive (2002) em Um dia daqueles configuram uma

maneira de doar competecircncia caracteriacutestica dos discursos motivadores de auto-ajuda Como a

mensagem eacute curtinha ela eacute baseada no modo imperativo do verbo ldquoRelaxe Inspire e solte o

ar lentamente pela boca Tente meditarrdquo (p 87) ldquoAssuma riscosrdquo (p 99) etc Este eacute um

recurso motivador uma vez que o enunciador pede a adesatildeo ndash o pathos ndash de um enunciataacuterio

carente de motivaccedilatildeo

No caso dos manuais de dieta como visto em A dieta de South Beach (AGATSTON

2003) o enunciador sabe perfeitamente do que o leitor enunciataacuterio precisa Doa portanto os

meios para os valores descritivos de sauacutede de que necessita

Vocecirc sempre teve a impressatildeo de que comia isso e sentia isso Seus problemas acabaram Faccedilam como eu mando A dieta de South Beach natildeo eacute pobre em carboidratos Nem tem baixo teor de gorduras A deita de South Beach nos ensina a consumir os carboidratos e gorduras certos ndash eu vou lhe dizer quais satildeo ndash e nos permite viver alegremente com um resultado maravilhoso ficar saudaacutevel e emagrecer (p 11)

101

As dicas de gestatildeo de negoacutecios observadas em Ah seu eu soubesse (EDLER 1997)

procuram oferecer a competecircncia necessaacuteria para evitar os caminhos duvidosos na vida

profissional A partir do registro de depoimentos de liacutederes poliacuteticos e de pessoas de sucesso

transformado em livro o enunciador relata como a perfoacutermance na vida dessas pessoas pode

ser aproveitada a fim de que o enunciataacuterio possa usufruir dos valores descritivos que uma

vida de precauccedilotildees pode oferecer

Essa descriccedilatildeo dos textos supracitados em linhas temaacuteticas (comportamento dieta

etc) natildeo pretende oferecer uma descriccedilatildeo tipoloacutegica mas ajuda a entender a variadade de

assuntos tratados pelos discursos que incidem na competecircncia

Uma vez que discutem a assunccedilatildeo de saberes satildeo textos que atuam na dimensatildeo

cognitiva portanto Como faz parte do percurso da doaccedilatildeo a dimensatildeo cognitiva eacute

classificada por Greimas amp COURTEacuteS (1979) em discursos interpretativos (como os da

criacutetica literaacuteria da histoacuteria) persuasivos (os da pedagogia poliacutetica publicidade) e cientiacuteficos

(tatildeo persuasivos quanto interpretativos) Os discursos cientiacuteficos ldquo ao mesmo tempo em que

exploram o jogo argumentativo exploram os discursos anteriores considerados como

referenciais ou seja em que o saber verdadeiro eacute o projeto e o objeto-valor visadordquo (p 54-5)

Verifica-se que os livros voltados para assuntos de motivaccedilatildeo e de gestatildeo de negoacutecios

podem ser classificados como persuasivos pois repousam predominantemente no jogo

argumentativo elaborado Ao enunciataacuterio desse tipo de discurso caberaacute crer no que eacute

proferido importando a capacidade de persuasatildeo manifestada

No caso dos discursos cientiacuteficos os textos que versam sobre dieta comportamento e

educaccedilatildeo fazem a argumentaccedilatildeo girar em torno de conhecimentos referenciais Manuais de

dieta baseiam-se em iacutendices cientiacuteficos de gordrra carboidratos etc e as suas causas para o

corpo Comportamento e educaccedilatildeo se valem das teorias do comportamento ateacute mesmo de

figuras miacuteticas para justificar a causa de problemas comportamentais Para esses discursos

natildeo basta convencer apenas mas deve-se mostrar a origem do conhecimento que transmitem

seja de origem cientiacutefica histoacuterica mitoloacutegica etc Shinyashiki (1997) em O sucesso eacute ser feliz

apoacuteia a sua argumentaccedilatildeo no saber universal que os mitos trazem Relata a histoacuteria de trecircs

figuras miacuteticas para falar de tipos de comportamentos especiacuteficos Ao retomaacute-las vale-se da

construccedilatildeo dessas imagens para exemplificar o comportamento correto para cada situaccedilatildeo

Na mitologia haacute trecircs personagens que exemplificam muito bem a maneira como desperdiccedilamos nossas vidas O primeiro modo de infelicidade eacute o de Dacircmocles e refere-se agravequeles que passam a vida inteira com medo de que alguma desgraccedila como castigo por sua conquistas [] A infelicidade de Siacutesifo caracteriza aqueles que passam a vida toda se sacrificando tentando

102

fazer as coisas funcionarem mas nunca completam seus projetos [] Finalmente o modo de infelicidade do rei Midas que transforma em ouro tudo aquilo que toca mas natildeo consegue se sentir amadordquo (SHINYASHIKI 1997 p 56-7 ndash grifos do autor)

Quem ama educa (TIBA 2002) procura dar exemplos de casos reais em que o saber

verdadeiro da ciecircncia age para desvendar determinados problemas educacionais Na parte 4

ldquoPerguntas e respostasrdquo (p 277) o autor enunciador seleciona as perguntas mais relevantes

feitas por pais e por ele proacuteprio durante as suas palestras para as quais formula respostas de

acordo com teorias do comportamento de que se vale

1 Como enfrentar um possiacutevel conflito na cobranccedila da disciplina quando o pai eacute duratildeo e a matildee mole ou a matildee eacute durona e o pai banana

Resposta Um dos pilares da educaccedilatildeo em busca da sauacutede social eacute o princiacutepio da coerecircncia da constacircncia e da consequumlecircncia Assim os pais tecircm de transmitir mensagens ordens e cobranccedilas de maneira no miacutenimo coerente Por isso eacute importante que o ldquomolinhordquo e o ldquoduratildeordquo cheguem a um acordo antes de tomar alguma atitude em relaccedilatildeo agrave crianccedila para que possam manter a constacircncia (p 278)

Com esse recurso reforccedila o efeito de verdade que quer provocar Fazendo essa

correlaccedilatildeo texto-mundo proporciona ao leitor enunciataacuterio uma ponte com a sua realidade e

com o conhecimento que se pode obter a partir dos exemplos de vida e das explicaccedilotildees

cientiacuteficas proferidas por profissionais de determinada aacuterea Nesse caso autores de textos

como Quem ama educa O sucesso eacute ser feliz Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor

etc satildeo manifestados discursivamente como sujeitos enunciadores especialistas no assunto

que proferem Iccedilami Tiba e Roberto Shinyashiki satildeo psiquiatras enquanto Allan Pease e

Baacuterbara e Pease satildeo especialistas em linguagem corporal por exemplo

68 Competecircncia e perfoacutermance

Os discursos que incidem na competecircncia e na perfoacutermance satildeo A semente da vitoacuteria de

Ribeiro (2000) A arte da felicidade de Dalai-Lama amp Cutler (2002) O monge e o executivo de

Hunter (2004) Nunca desista de seus sonhos de Cury (2004) Jeseus o maior psicoacutelogo que jaacute existiu de

Baker (2005) Os 100 segredos das pessooas felizes de Niven (2001) Quem mexeu no meu queijo de

Johnson (2002) e Ningueacutem eacute de ningueacutem de Gasparetto (2001)

No que diz respeito ao livro de Hunter (2004) agrave medida que o sujeito narrativo John

realiza a perfoacutermance de viver em um mosteiro e laacute aprender a ser um liacuteder servidor nos

103

momentos de suspensatildeo da narrativa o enunciador se apresenta e tece dicas ao leitor

enunciataacuterio de como ser um bom liacuteder Para tanto vale-se do dizer de famosos de ditos

populares ateacute mesmo de proveacuterbios chineses e ensinamentos da Biacuteblia ldquoUm saacutebio cristatildeo

chamado Paulo escreveu haacute cerca de dois milecircnios que apenas trecircs coisas importam feacute

esperanccedila e amor E acrescentou que a maior delas eacute o amorrdquo (HUNTER 2004 p 126)

ldquoEstar no poder eacute como ser uma dama Se tiver que lembrar agraves pessoas que vocecirc eacute vocecirc natildeo

eacute ndash Margaret Tatcher (p16)rdquo O texto alterna portanto entre o modo de organizaccedilatildeo

dissertativo e o narrativo Quando disserta sobre lideranccedila constroacutei a competecircncia que o

enunciataacuterio deve ter

Poder Eacute a faculdade de forccedilar ou coagir algueacutem a fazer sua vontade por causa de sua posiccedilatildeo ou forccedila mesmo que a pessoa preferisse natildeo o fazer [] Autoridade A habilidade de levar as pessoas a fazerem de boa vontade o que vocecirc quer por causa de sua influecircncia pessoal (ibid p 26 ndash grifos do autor)

Quando narra a vida do sujeito John no mosteiro elabora por outro lado a

perfoacutermance ou seja os meios para conseguir ser um liacuteder servidor

O irmatildeo Simeatildeo levantou-se caminhou em direccedilatildeo ao quadro escreveu lideranccedila em cima e nos pediu que o ajudaacutessemos a definir a palavra [] Simeatildeo voltou para sua cadeira e observou - Uma das palavras-chave eacute que definimos lideranccedila como uma habilidade e eu concordei com isso Uma habilidade eacute simplesmente uma capacidade adquirida Afirmo que lideranccedila ndash influenciar os outros ndash eacute uma habilidade que pode ser aprendida e desenvolvida por algueacutem que tenha o desejo e pratique as accedilotildees adequadas (ibid p 25-6 ndash grifo do autor)

Cury (2004) em Nunca desista de seus sonhos vale-se de um modo narrativo quando fala

do seu passado (descreve como chegou nesse estado atual de sapiecircncia) e quando relata a vida

de Martin Luther King e Beethoven por exemplo Por outro lado o texto tambeacutem tem uma

caracteriacutestica dissertativa (destaca a competecircncia) quando discorre sobre seus estudos dando

a eles um estatuto cientiacutefico ndash deve-se notar que natildeo passam de truiacutesmos

O passado eacute sempre reconstruiacutedo no presente como micro-diferenccedilas devido agraves variaacuteveis multifocais que participam do processo de leitura da memoacuteria O presente relecirc o passado num processo contiacutenuo indicando que haacute uma revoluccedilatildeo criativa em cada ser humano (p 116)

Com Jesus o maior psicoacutelogo que jaacute existiu o entusiasta da religiatildeo Baker (2005) produz

essa tendecircncia em aliar competecircncia e perfoacutermance de uma maneira especiacutefica Os capiacutetulos

104

satildeo encabeccedilados por um pequeno trecho da Biacuteblia (foco na crenccedila) que resume a histoacuteria ndash a

perfoacutermance ndash de um paciente que seraacute apresentada em seguida (foco em uma teoria do

conhecimento) Tem-se portanto uma relaccedilatildeo entre ciecircncia e religiatildeo (entre a ldquocabeccedila e o

coraccedilatildeordquo) ldquoVocecirc veio aqui para aprender algo novo a respeito de si mesmo Se for fazer o

dever de casa vai colocar mais coisas na cabeccedila quando o que precisamos eacute colocar mais

coisas no seu coraccedilatildeordquo (p 16)

Os capiacutetulos satildeo ilustrados por um trecho da Biacuteblia em que o tema do capiacutetulo eacute

sintetizado por ensinamentos extraiacutedos dela para em seguida receber um investimento

figurativo por meio de histoacuterias de pacientes No final de cada capiacutetulo haacute um ldquoPrinciacutepio

Espiritualrdquo especiacutefico que resume a moral da histoacuteria de acordo com um investimento mais

abstrato de ordem temaacutetica ldquoPRINCIacutePIO ESPIRITUAL Soacute podemos entender as coisas a

partir da nossa proacutepria perspectivardquo (p 15) A competecircncia eacute apresentada assim de acordo

com o um princiacutepio espiritual enquanto a perfoacutermance eacute relatada do ponto de vista da

psicologia Nesse caso um distuacuterbio de comportamento de um paciente ilustrado por sua

perfoacutermance eacute justificado com um ensinamento de Jesus

Niven (2001) projeta em seu discurso o ponto de vista de um especialista em

diagnosticar a infelicidade das pessoas Cada capiacutetulo de Os 100 segredos das pessoas felizes eacute

dividido em trecircs partes uma pequena introduccedilatildeo em que o autor apresenta o problema outra

parte baseada na perfoacutermance em que descreve um problema especiacutefico valendo-se de

exemplos de acontecimentos reais e uma terceira parte conceitual em que determinados

ldquoestudos comprovam isso ou aquilordquo atestando portanto a veracidade da competecircncia Aleacutem

disso o enunciador procurar citar ao final de alguns capiacutetulos o sobrenome de um autor e o

ano da sua obra sem apresentar nenhuma bibliografia ao final do livro A citaccedilatildeo que eacute um

recurso usado em textos cientiacuteficos e que tem caraacuteter normalizado nesse texto eacute apenas um

efeito de sentido com o intuito de realccedilar o caraacuteter veridictoacuterio do que diz

Enquanto um texto que procura transmitir ao seu leitor uma moral a partir de uma

narrativa (uma faacutebula) Quem mexeu no meu queijo de Johnson (2002) possui duas facetas que se

completam Haacute uma narrativa que enfatiza o percurso dos destinataacuterios-sujeitos Nela agrave

maneira de uma faacutebula eacute apresentada a histoacuteria de dois ratinhos e de dois homenzinhos em

um labirinto ou seja a sua perfoacutermance da busca pelo queijo A outra faceta privilegia a fase

da competecircncia Nesta a histoacuteria dos ratinhos e dos homenzinhos eacute filtrada pelo ponto de

vista do destinador-manipulador Nathan que a conta aos amigos destinataacuterios-sujeitos da

faacutebula do queijo Tem-se portanto uma faacutebula (que ilustra o ldquocomordquo fazer) no interior de

105

uma outra histoacuteria narrada por Nathan a seus amigos em que eacute tematizado o que se deve

fazer

Ao mapear o funcionamento de uma empresa com sujeitos pensadores e executores

depreende-se que a vida na famiacutelia e no trabalho depende da maneira como os indiviacuteduos

gerenciam o seu comportamento A faacutebula incute o quanto a busca por queijo eacute uma maneira

de representar metaforicamente a aceitaccedilatildeo da mudanccedila

Diferentemente do texto de Johnson (2002) o discurso de Gasparetto (2001) constroacutei-

se predominantemente de maneira figurativa pois eacute um romance Diz-se isso porque Quem

mexeu no meu queijo em muitos momentos pronuncia-se como um texto tiacutepico de auto-ajuda

No comeccedilo Johnson (2002) revela a importacircncia da histoacuteria que contaraacute e logo apoacutes agrave

resoluccedilatildeo da narrativa fabular estatildeo dispostos comentaacuterios tecidos por profissionais de

negoacutecios sobre a qualidade do livro de Johnson

Assim que eu acabei de ler Quem mexeu no meu queijo encomendei coacutepias para toda a minha equipe de treinamento e alguns de meus familiares e parentes um livro sobre as verdades simples da vida faacutecil de entender tatildeo aplicaacutevel a mudanccedilas no lar quanto a mudanccedilas no trabalho Kathy Cleveland Bull diretora de treinamento amp desenvolvimento Ohio State University (ibid p 104)

Gasparetto (2001) em Ningueacutem eacute de ningueacutem confere uma constituiccedilatildeo figurativa ao seu

discurso por isso eacute um texto narrativo um romance Nele natildeo estaacute explicitado um

enunciador (como ocorre em Johnson [2002]) que doa conhecimento ao enunciataacuterio mas

um narrador que daacute a voz a interlocutores Estes sim agrave medida que realizam a perfoacutermance

vatildeo revelando os segredos da competecircncia que querem transmitir ou seja a teoria espiacuterita e

suas vantagens transcendentais Ela se resume em entender que quando os sujeitos satildeo

infelizes no plano terreno seratildeo felizes no plano espiritual Vocaacutebulos como ldquomacumbardquo

ldquoexurdquo ldquoterrenordquo ldquotrabalhordquo ldquoreencarnaccedilatildeordquo ldquoenergiasrdquo atestam a isotopia temaacutetico-figurativa

do espiritismo O discurso do meacutedico psiquiatra que ajuda Roberto no plano espiritual

Doutor Aureacutelio explica o investimento de conteuacutedo miacutestico no discurso Ele daacute conselhos ndash

profere um discurso de competecircncia interpretativo ndash sobre os elementos transcendentais do

espiritismo (existecircncia de reencarnaccedilatildeo e vida eterna) Nota-se que apesar de personagem ser

um meacutedico de formaccedilatildeo atua tambeacutem como um miacutestico

ndash Nossas atitudes criam um campo magneacutetico proacuteprio que forma nossa aura que atrai energias afins As emanaccedilotildees da nossa aura satildeo percebidas pelas pessoas que reagem a elas Eacute a verdade de cada um Vocecirc pode mentir representar papeacuteis parecer o que natildeo eacute mas as pessoas sentem suas emanaccedilotildees e reagem com elas Por isso algumas satildeo sempre bem recebidas

106

em qualquer lugar enquanto outras satildeo ignoradas destratadas e ateacute rejeitadas - Isso eacute questatildeo de sorte - Engana-se Isso eacute questatildeo energeacutetica (p 46)

A respeito das fases da narrativa inventariaram-se portanto dois tipo de organizaccedilatildeo

discursiva os discursos que incidem na competecircncia e os que incidem na competecircncia e na

perfoacutermance pois aleacutem da importacircncia da dimensatildeo cognitiva o encadeamento de accedilotildees

revela a importacircncia da perfoacutermance

69 A natureza do objeto-valor

Os objetos-valor distinguem-se em duas grandes classes Segundo Greimas amp Courteacutes

(1979) podem ser do tipo modal se se constituiacuterem em torno das categorias modais do

querer dever saber e poder-serfazer ou descritivos enquanto busca por valores tesauriacuteveis

(as narrativas de busca de tesouro por exemplo em que se pretende ldquoterrdquo) ou por estados de

alma (em que o sujeito quer atuar sobre a sua essecircncia quer ldquoserrdquo algo) (p 483) Segundo a

sua dimensatildeo de atuaccedilatildeo os objetos-valor tambeacutem podem estar ligados a fatores cognitivos ndash

relacionados agrave esfera do conhecimento do saber ndash como jaacute mencionado e pragmaacuteticos que

dizem respeito ao encadeamento narrativo de accedilotildees programadas relativo ao fazer

A exemplo dos discursos programadores o valor investido no objeto faz parte das

estrateacutegias de doaccedilatildeo de competecircncia Neles a comunicaccedilatildeo estabelecida entre o enunciador e

o enunciataacuterio (ou no niacutevel narrativo entre destinador e destinataacuterio) primeiramente resume-

se na doaccedilatildeo de um saber-fazer ao enunciataacuteriodestinataacuterio na forma de um objeto-valor

cognitivo Para Greimas amp Courteacutes

[] a comunicaccedilatildeo se situa entre sujeitos e na medida em que os valores investidos nos objetos postos em circulaccedilatildeo (valores pragmaacuteticos ou cognitivos descritivos ou modais) satildeo constitutivos do ser do sujeito (o qual se acha constantemente submetido a um aumento ou a uma diminuiccedilatildeo de seu ser) (ibid p 68)

Esse objeto cognitivo eacute modal porque eacute um ldquomeiordquo de conseguir o objeto de desejo

Dessa maneira agrave medida que a auto-ajuda procura aumentar o ser do sujeito (por meio de

conhecimentos adquiridos) o objeto-valor tem tambeacutem uma caracteriacutestica descritiva subjetiva

(ou essencial) Nela o sujeito natildeo quer algo consumiacutevel sobretudo (natildeo quer ter) mas quer

ampliar o seu ser uma vez que o estado de bem-estar ndash o valor descritivo desejado ndash

representa o seu PN de base a sua busca subjetiva de sentido Veja-se que a humanizaccedilatildeo

dessa comunicaccedilatildeo torna possiacutevel que o sujeito destinador doe objetos modais e descritivos

107

situados na esfera cognitiva da comunicaccedilatildeo sem que o seu ser sofra diminuiccedilatildeo Greimas amp

Courtes (1979) denominam essa maneira de conceber o discurso de ldquocomunicaccedilatildeo

participativardquo em que

[] a ldquohumanizaccedilatildeordquo da comunicaccedilatildeo [] natildeo deixa de levantar novos problemas para os quais se vecircem ainda soluccedilotildees definitivas Notemos em primeiro lugar o problema da comunicaccedilatildeo participativa contrariamente ao que ocorre por ocasiatildeo da comunicaccedilatildeo ordinaacuteria onde a atribuiccedilatildeo de um objeto-valor eacute concomitante a uma renuacutencia os discursos etnoliteraacuterios filosoacuteficos juriacutedicos [] ostentam estruturas de comunicaccedilatildeo em que o Destinador transcendente (absoluto soberano original uacuteltimo etc) proporciona valores tanto modais (o poder por exemplo) quanto descritivos [] sem a eles renunciar verdadeiramente sem que por isso seu ser venha a sofrer diminuiccedilatildeo (p 68 ndash grifo dos autores)

Seratildeo observados em seguida discursos que atuam nessa dimensatildeo cognitiva bem

como as maneiras pelas quais concebem o seu objeto-valor

610 Objetos-valor modais e descritivos

A comunicaccedilatildeo em todos os discursos aqui estudados gira em torno da esfera

cognitiva em que satildeo doados objetos-valor modais (saber e poder-fazer) Estes satildeo

necessaacuterios para a obtenccedilatildeo dos valores descritivos subjetivos (essenciais) de que o

destinataacuterio-sujeito precisa Segundo o Dicionaacuterio de semioacutetica de Greimas amp Courteacutes (1979)

Os valores descritivos podem ser divididos por sua vez em valores subjetivos (ou ldquoessenciaisrdquo frequentemente conjungidos ao sujeito nas liacutenguas naturais pelo copulativo ldquoserrdquo) e valores objetivos (ou ldquoacidentaisrdquo frequentemente atribuiacutedos ao sujeito com o auxiacutelio do verbo ldquoterrdquo ou de seus parassinocircnimos) (p 483 ndash grifos dos autores)

O objeto modal eacute portanto um ldquomeiordquo de realizar a perfoacutermance Esta fase

geralmente natildeo fica explicitada nos discursos que incidem na competecircncia pois quando natildeo

enfocam a perfoacutermance os objetos-valor natildeo estatildeo ligados agrave dimensatildeo pragmaacutetica Esta tem a

ver com o desencadeamento de accedilotildees com o fazer Por isso o fazer eacute pressuposto pela

dimensatildeo cognitiva mas o contraacuterio natildeo ocorre (GREIMAS amp COURTES 1979 p 52) pois

o encadeamentos de accedilotildees precisa dos meios (das modalidades atualizantes do saber e do

poder) para a sua eventual realizaccedilatildeo A incidecircncia nos discursos do corpus diz respeito assim

agrave dimensatildeo cognitiva e a objetos-valor modais e descritivos essenciais em que os sujeitos

buscam ser algo ou seja buscam valorizar e atuar sobre a sua proacutepria subjetividade

108

Como tiacutepico manual de comportamento Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem

amor daacute conselhos de que como manipular valores subjetivos ldquoPrimeira regra para se

comunicar com um homem seja objetiva Decirc-lhe uma coisa de cada vez para pensarrdquo (p 90)

Nesse caso tem-se a doaccedilatildeo de um valor modal o saber-comunicar A comunicaccedilatildeo

participativa instaurada a partir do sintagma ldquoseja objetivardquo (um objeto-valor compartilhado)

procura aumentar o ser do sujeito procura atuar nos valores essenciais do seu

comportamento sem o risco de o destinador-mulher sofrer diminuiccedilatildeo do seu ser

O texto de Pease amp Pease (2000) brinca com os ditados populares confrontando-os

com o comportamento de ambos os sexos Por isso o discurso incute os meios (os

conhecimentos necessaacuterios) para o sujeito aderir a uma forma de ser para construir a partir de

um fazer voltado para si um valor descritivo de essecircncia Note-se que para Cury (2003) em

Pais brilhantes professores fascinantes no campo da educaccedilatildeo o importante eacute o ldquoserrdquo e natildeo o ldquoterrdquo

Bons pais datildeo presentes pais brilhantes datildeo seu proacuteprio ser Bons pais nutrem o corpo pais brilhantes nutrem a personalidade Bons pais corrigem erros pais brilhantes ensinam a pensar (p 5 - Sumaacuterio)

O exemplo mostra o desapego com os valores descritivos objetivos (coisas materiais

relativos ao ter) e o apego com valores subjetivos como nutrir a personalidade ensinar a

pensar etc Shinyashiki (1997) tambeacutem afirma essa tendecircncia ao afirmar que

Nossas riquezas ultrapassam o lado material Elas existem em infinitas dimensotildees Muitas pessoas enxergam nelas unicamente bens materiais algo que exige capacidade para conquistar Mas eacute importante que estejamos preparados para extrapolar qualquer limitaccedilatildeo do que seja riqueza As pessoas vivem tatildeo obcecadas por dinheiro sexo e poder que se esquecem de viver (p 24)

Assim ocorre uma incidecircncia que diz respeito ao investimento de valor que os

actantes objetos recebem na dimensatildeo cognitiva a saber objetos modais (poder e saber) e

descritivos essenciais que objetivam manipular subjetividades

611 As marcas do enunciador e do enunciataacuterio

Fiorin (1990) destaca a sintaxe discursiva para explicar como o enunciador e o

enunciataacuterio podem estar presentes (por meio de marcas linguumliacutesticas) nos discursos Para o

autor no discurso cientiacutefico o enunciador se apaga atraacutes dos fatos pois estaacute ausente do

enunciado Jaacute no discurso polecircmico o enunciador deixa marcas expliacutecitas uma vez que

109

confere a sua visatildeo dos fatos discutidos O seu correlato enunciataacuterio da mesma forma pode

ser explicitado no discurso didaacutetico nos manuais teacutecnicos nas receitas culinaacuterias nos textos

de auto-ajuda Ao se valer de pronomes de segunda pessoa (ldquoturdquo) verbos no plural

(ldquodevemosrdquo) ou no modo imperativo (ldquofaccedilardquo) o enunciador aleacutem de explicitar a si deixa

marcas da presenccedila do enunciataacuterio no discurso que eacute o ldquoturdquo para quem dirige o seu dizer

Quando o texto projeta um narrador ndash como em Memoacuterias poacutestumas de Braacutes Cubas ndash que se diz

cansado de leitores que buscam textos lineares aquele deixa marcas do seu diaacutelogo com o seu

correlato o narrataacuterio Esta instacircncia da narraccedilatildeo tambeacutem pode projetar por meio de discurso

direto o interlocutor e o interlocutaacuterio Retomou-se essa discussatildeo para explicar que a quase

totalidade dos discursos examinados do corpus deixam marcas linguumliacutesticas do enunciador e do

enunciataacuterio exceto em Ningueacutem eacute de ningueacutem de Gasparetto (2001)

Ao construir a imagem do enunciador e do seu correlato o enunciataacuterio o sujeito da

enunciaccedilatildeo pode deixar marcas dessas instacircncias de pessoa a partir do uso de mecanismos

lexicais jaacute mencionados (pronomes em segunda pessoa ou inclusivos [ldquonoacutes] verbos no

imperativo ou no plural) Como se vecirc em Cury (2002 2003) com Vocecirc eacute insubstituiacutevel e Pais

brilhantes professores fascinantes o ethos do enunciador eacute apresentado como algueacutem preocupado

que sabe da carecircncia do leitor e que transforma o seu livro em um meio de presentear uma

pessoa querida Isso tudo eacute possiacutevel porque o enunciador tem em vista que o seu enunciataacuterio

tem uma competecircncia cognitiva para crer no seu discurso de auto-ajuda Nesse caso estaacute

expliacutecito o contrato de fiduacutecia entre ambos

Em outro livro do mesmo autor Nunca desista de seus sonhos (Cury 2004) tem-se

novamente a projeccedilatildeo de um enunciador solidaacuterio que quer dividir o seu conhecimento com

seu interlocutor Nesse caso tambeacutem eacute frequumlente a comunicaccedilatildeo participativa Apesar de se

pronunciar como o detentor do conhecimento [como um destinador absoluto soberano de

que falam Greimas amp Courteacutes (1979 p 68)] o ator da enunciaccedilatildeo Cury (2004) confessa ser

um aprendiz Com o termo ldquoateacute porquerdquo ele assume a conversa num tom informal

Por serem muitas as descobertas citarei brevemente apenas algumas Essas descobertas tecircm inuacutemeras implicaccedilotildees que poderatildeo surpreender o leitor Por favor natildeo se preocupe se natildeo entender todos os assuntos que seratildeo citados a seguir Ateacute porque demorei quase duas deacutecadas para entendecirc-los e ainda continuo aprendendo (p 115 ndash grifo nosso)

Cury (2003) fornece uma dedicatoacuteria no iniacutecio de Pais brilhantes professores fascinantes em

que ela representa um PN de uso ndash um meio ndash para o enunciataacuterio elogiar e motivar outra

pessoa ldquoDedico este livro a uma pessoa muito importante na minha vida

110

_______________________ [espaccedilo para o nome da pessoa] Vocecirc deixou seus sonhos para

que eu sonhasserdquo (p 1) A forma como constroacutei a sua argumentaccedilatildeo projeta um

determinado ethos do enunciador astuto que ao mesmo tempo em que elogia o seu

enunciataacuterio ndash pois dele constroacutei uma visatildeo positiva ndash cede um meio para este presentear uma

pessoa querida fazendo uma corrente entre enunciataacuterios portanto

Quem ama educa (TIBA 2002) deixa explicitada a conversa com o seu leitor de acordo

com o uso dos pronomes e verbos inclusivos ldquoEste livro eacute um diagnoacutestico de como estamos

hoje e de como podemos melhorar para que nossos filhos se tornem pessoas eacuteticas felizes

autocircnomas e competentes recebendo uma educaccedilatildeo integradardquo (p 20) Para construir a

argumentaccedilatildeo lanccedila matildeo de inuacutemeros paraacutegrafos que defendem o ponto de vista da mulher

na sociedade Por isso constroacutei o ethos de um psiquiatra feminista que ao defender o ponto

de vista da mulher vale-se desses argumentos para conseguir a adesatildeo do puacuteblico feminino

ldquoNa mulher o maior evento bioloacutegico da perpetuaccedilatildeo da espeacutecie comeccedila na gravidez no

homem na relaccedilatildeo sexual (p 104)rdquo Ao depreciar o homem afirma o mundo da mulher Na

verdade como sabe que o seu enunciataacuterio-leitor eacute feminino faz isso como estrateacutegia

discursiva para conseguir a adesatildeo desse puacuteblico ldquoNuma reuniatildeo de pais de alunos o pai

comparece muito menos que a matildee e numa reuniatildeo de matildees o pai nem chega pertordquo (p 28 ndash

grifo nosso) Eacute um enunciador astuto na medida em que cria um efeito de discurso de um

psiquiatra tolerante e natildeo-machista A moral da histoacuteria que o enunciador quer transmitir em

resumo eacute a de que o homem eacute egoiacutesta irracional sexual enquanto a mulher eacute comprometida

sentimental amorosa

Como tiacutepicos discursos de auto-ajuda que dialogam com crenccedilas religiosas os textos

Natildeo faccedila tempestade em copo drsquoaacutegua de Carlson (1998) e Minutos de sabedoria de Pastorino (1997)

procuram dialogar com o seu leitor enunciataacuterio de forma bastante direta Os seus discursos

natildeo fazem alusatildeo aos saberes referenciais da ciecircncia dos mitos da histoacuteria mas agrave experiecircncia

projetada no texto dos proacuteprios atores da enunciaccedilatildeo Apenas querem motivar o seu

enunciataacuterio com frases ou capiacutetulos simples que trazem mensagens positivas

Natildeo se esqueccedila de que somos o reflexo daquilo que pensamos [] Plante em torno de vocecirc as sementes de otimismo e bondade para que possa colher amanhatilde os frutos do amor e da felicidade Se somos escravos do ontem somos donos de nosso amanhatilde (PASTORINO 1997 p 159 ndash grifos meus)

Produzem dessa maneira de novo o ethos de um enunciador solidaacuterio Em suma haacute

uma tendecircncia em produzir um discurso de tom apaziguador em que a competecircncia eacute

111

apresentada ao leitor em doses homeopaacuteticas Isso eacute comum nos discursos examinados Nesse

caso o destinador eacute algueacutem ldquobonzinhordquo que procura unir pontos de vista diferentes (ciecircncia

com religiatildeo auto-ajuda com misticismo etc) Pasteurizando as diversas formas de ver o

mundo e homogeneizando os pontos de vista o enunciador consegue a adesatildeo do maior

nuacutemero de leitores possiacutevel pois aumenta o seu puacuteblico-alvo

No caso de Ningueacutem eacute de nigueacutem (GASPARETTO 2001) nota-se que eacute o uacutenico texto

do corpus que por ser um romance natildeo recorre a marcas linguumliacutesticas relativas agrave projeccedilatildeo do

autor em diaacutelogo com o leitor Nesse livro o narrador projeta interlocutores que discutem os

princiacutepios do espiritismo Suscitam termos como ldquoreencarnaccedilatildeordquo ldquomacumbardquo ldquoseres do

malrdquo ldquoespiritualidaderdquo ldquoAllan Kardecrdquo ldquovidenterdquo ldquoenergias coacutesmicasrdquo etc para explicar

como se organiza o mundo espiritual

Mesmo sendo textos ficcionais O monge e o executivo (HUNTER 2004) e Quem mexeu no

meu queijo (JOHNSON 2002) dialogam com o leitor em determinados momentos Neste o

prefaacutecio e os depoimentos marcam a presenccedila do enunciador apesar de a faacutebula estender-se

por grande parte do livro Com O monge e o executivo ocorre o mesmo Nos momentos de

suspensatildeo da narrativa o sujeito da enunciaccedilatildeo assume a conversa e tece dicas de lideranccedila

com graacuteficos e esquemas que explicam como ser um liacuteder servidor

Dessa forma os discursos incidem sobre as marcas deixadas pelo sujeito da

enunciaccedilatildeo por meio de pronomes inclusivos e verbos no imperativo por exemplo Apenas

Gasparetto (2001) natildeo deixa marcas da projeccedilatildeo desse diaacutelogo com o leitor

612 Tematizaccedilatildeo e figurativizaccedilatildeo

O exame do niacutevel discursivo na sua dimensatildeo semacircntica oferece uma discussatildeo sobre

a predominacircncia de temas ou de figuras ou na equivalecircncia da sua aplicaccedilatildeo (textos tatildeo

temaacuteticos quanto figurativos)

Jaacute foi dito que a semacircntica discursiva analisa os revestimentos de tipo mais abstrato ou

mais concreto e que eacute importante estudar o encadeamento e a expansatildeo desses componentes

Um texto que possui um modo de organizaccedilatildeo dissertativo comporta predominantemente

investimentos temaacuteticos que qualificam ideacuteias termos abstratos Por outro lado um texto

predominantemente figurativo tende a um modo narrativo de organizaccedilatildeo em que oferece

uma descriccedilatildeo do fazer pragmaacutetico dos sujeitos ou seja suas accedilotildees Sobre o fato eacute necessaacuterio

pensar em como os discursos podem ser classificados de acordo com a maior ou menor

atuaccedilatildeo dos componentes temaacutetico-figurativos Para tanto sugere-se trecircs tipo de incidecircncia a

112

predominacircncia de temas a predominacircncia de figuras e o investimento proporcional dos

componentes temaacutetico-figurativos ou seja uma organizaccedilatildeo tatildeo temaacutetica quanto figurativa

613 A predominacircncia de temas

Observa-se um total de cinco discursos nos quais predomina uma constituiccedilatildeo

temaacutetica Os discursos predominantemente temaacuteticos satildeo Pais brilhantes professores fascinantes

(CURY 2003) Vocecirc eacute insubstituiacutevel (CURY 2002) Ah se eu soubesse(EDLER 1997) Minutos de

sabedoria (PASTORINO 1997) e Natildeo faccedila tempestade em copo drsquoaacutegua (CARLSON 1998)

Cury (2002) Pastorino (1997) e Carlson (1998) natildeo organizam o seu discurso em torno

da narrativa de exemplos de vida nem lanccedilam matildeo da proacutepria biografia como fazem alguns

textos Os enunciadores desses discursos apenas dispotildeem os preceitos enquanto uma forma

de doar competecircncia Como discorrem predominantemente sobre conceitos de motivaccedilatildeo que

pretendem transmitir satildeo textos tipicamente temaacuteticos

Neste livro compartilho com vocecircs as estrateacutegias especiacuteficas ndash coisas que vocecircs podem comeccedilar a fazer hoje mesmo ndash que poderatildeo ajudaacute-los a enfrentar a vida de modo mais ameno As estrateacutegias sobre as quais vocecircs leratildeo satildeo aquelas que se provaram as mais bem-sucedidas entre meus clientes e leitores ao longo dos anos Elas representam igualmente a maneira como abordo minha proacutepria vida o caminho da menor resistecircncia (CARLSON 1998 p 18)

Ah se eu soubesse (Edler 1997) disserta sobre como ser bem sucedido pessoal e

profissionalmente Apoacutes ter coletado um nuacutemero significativo de frases de liacutederes poliacuteticos e

pessoas de sucesso o autor-enunciador resolveu publicaacute-las num livro As dicas sugerem

como evitar as armadilhas que atrapalham o sucesso Muitos conceitos fazem parte do jargatildeo

teacutecnico ldquoTenha uma meta Uma meta eacute apenas um sonho com um deadline Marjorie

Blanchard Escritorardquo (EDLER 1997 p 4) Aleacutem de deadline o vocabulaacuterio especiacutefico do

mundo dos negoacutecios tambeacutem inclui background (p XII) hindsight (p 18) staff (p 11) feedback (p

53) expert (p18) approuch (p 109) Sugere ateacute mesmo uma pequena equaccedilatildeo para explicar

conceitos como infelicidade ldquoinfelicidade = imagem ndash realidade Denis Prager Apresentador

de raacutedio e televisatildeo Erudito em religiatildeo Escritor e palestranterdquo (p 9)

Esses discursos predominantemente temaacuteticos tecem conselhos de natureza diversa

Baseando-se em conceitos e noccedilotildees diversas o efeito de sentido criado eacute o de que manejam

assuntos de todas as aacutereas do conhecimento

113

614 A predominacircncia de figuras

Os discursos que incidem sobre uma organizaccedilatildeo predominantemente figurativa satildeo

Quem mexeu no meu queijo (JOHNSON 2002) Ningueacutem eacute de ningueacutem (GASPARETTO 2001) e

Um dia daqueles (GREIVE 2001) Nesses discursos os conceitos que constroem a sua moral

satildeo exemplificados pelo fazer dos sujeitos (a sua perfoacutermance) Em Greive a utilizaccedilatildeo de

metaacuteforas trabalha com o sentido figurado ndash senatildeo inusitado ndash das fotografias de animais por

isso valoriza a dimensatildeo figurativa do discurso Johnson (2002) baseia a sua argumentaccedilatildeo na

construccedilatildeo de uma faacutebula e Gasparetto (2001) em uma narrativa de intrigas

Os temas relativos ao espiritismo subentendidos em Ningueacutem eacute de ningueacutem

(GASPARETTO 2001) satildeo figurativizados pelo fazer dos sujeitos que divulgam a praacutetica de

energias esoteacutericas vidas passadas reencarnaccedilatildeo ldquoUma colega dissera-lhe que quando a

pessoa estaacute com energia ruim tudo daacute errado A energia de Roberto estava horrorosa Ela

sentia isso Natildeo tinha vontade e ficar perto delerdquo (p 25) Nesse caso o tema da depressatildeo eacute

figurativizado pelo sujeito Roberto em conjunccedilatildeo com o sintagma ldquoenergia horrorosardquo

Um pouco mais inventivo Greive (2001) vale-se da semioacutetica natildeo-verbal para

persuadir o enunciataacuterio a se motivar As fotos de animais em posiccedilotildees que lembram gestos

humanos remetem agraves metaacuteforas que o sujeito enunciador constroacutei Para a imagem de um

gatinho pendurado em um galho haacute o dizer ldquoVocecirc nem sabe quanto tempo mais daacute pra se

segurarrdquo (p 27) Eacute interessante que a expressatildeo ldquonatildeo daacute mais pra segurarrdquo por ser um dizer

voltado para um estado de espiacuterito (de desmotivaccedilatildeo) ela ao peacute da letra teria um conteuacutedo

abstrato por isso temaacutetico Poreacutem ao ser empregada em duplo sentido (a foto de um gatinho

pendurado na aacutervore quase caindo) ocorre o emprego concreto de ldquopendurarrdquo (a accedilatildeo do

gato dependurado) por isso tem-se um jogo entre temas e figuras valorizando a dimensatildeo

figurativa

Querendo indicar o sentimento de vexame para a foto de um macaco com um balde

na cabeccedila surge a frase ldquoou que nasceu lsquoaquelarsquo espinha no narizrdquo (GREIVE 2001 p 33)

Nesse caso o vexame eacute figurativizado pelo ato de esconder o rosto Com cara de cisma um

cachorro olha para cima seguido pelo dizer ldquoQualquer que seja a razatildeo vocecirc acaba

convencido de que algueacutem laacute em cima natildeo vai com a sua carardquo (ibid p 51) A vergonha

portanto eacute investida figurativamente pela ldquoespinha no narizrdquo enquanto a crenccedila do cachorro

pelo gesto de olhar para o alto

114

615 A convivecircncia de temas e de figuras

Os discursos nos quais predominam de forma proporcional os temas e as figuras satildeo a

maioria A semente da vitoacuteria (RIBEIRO 2000) A arte da felicidade (DALAI-LAMA amp CUTLER

2002) Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor (PEASE amp PEASE 2000) Natildeo leve a

vida tatildeo a seacuterio (PRATHER 2003) O monge e o executivo (HUNTER 2004) Nunca desista de seus

sonhos (CURY 2004) Jesus o maior psicoacutelogo que jaacute existiu (BAKER 2005) Quem ama educa

(TIBA 2002) Os 100 segredos das pessoas felizes (NIVEN 2001) Criando meninos (BIDDULPH

2002) O sucesso eacute ser feliz (SHINYASHIKI 1997) e A dieta de South Beach (AGATSTON 2003)

A sua organizaccedilatildeo procura conciliar a estrutura argumentativa agrave narrativa em que haacute a

convivecircncia de conceitos e accedilotildees Ou seja procuram ancorar os conceitos discutidos com

elementos do mundo natural Essa constituiccedilatildeo heterogecircnea oscila portanto entre a

apresentaccedilatildeo de conceitos da auto-ajuda da religiatildeo da gestatildeo de negoacutecios da psicologia do

misiticismo etc e o fazer dos sujeitos narrativos ndash geralmente histoacuterias de vida

autobiograficas ndash que ilustra o tema que eacute desenvolvido Aplicam pois essa alternacircncia de

temas e figuras de forma recorrente no seu discurso

Em Natildeo leve a vida tatildeo a seacuterio (PRATHER 2003) ao final de cada capiacutetulo haacute um

conselho na forma de um programa narrativo de construccedilatildeo chamado ldquolibertaccedilatildeordquo Para ele

agrave moda de uma receita culinaacuteria o enunciador prescreve a tarefa (de investimento figurativo) a

ser cumprida e o tempo para a sua realizaccedilatildeo bem como a situaccedilatildeo hipoteacutetica para a sua

perfoacutermance

Libertaccedilatildeo1 Tempo sugerido 1 dia ou mais Da proacutexima vez em que estiver numa loja num restaurante num shopping center no trabalho ou apenas caminhando numa calccedilada cheia de gente escolha uma pessoa e experimente se transformar nela por alguns instantes Como seria vestir suas roupas ter aquele tipo de cabelo (ou natildeo ter cabelo) caminhar da maneira como ela caminha [] Como seria fazer aqueles gestos [] Sem anaacutelise sem inferioridade sem condescendecircncia sem perspectivas como seria sentir-se como essas pessoas e pensar como elas Experimente fazer isto hoje e se gostar faccedila essa brincadeira nos proacuteximos dias Talvez vocecirc se surpreenda ao perceber como tudo eacute banal (p 25)

O discurso de Prather constroacutei-se nesse vai-e-vem de recursos temaacuteticos e figurativos

Geralmente lanccedila matildeo de conceitos (ldquonatureza humanardquo ldquoinquietaccedilotildeesrdquo ldquobondaderdquo

ldquotristezardquo [p 11-12]) que explicam o que se deve deixar de lado pois satildeo inquietaccedilotildees ndash

maneiras de ser ndash que devem ser rejeitadas Em seguida faz um relato figurativo a fim de

115

exemplificar que o sujeito enunciataacuterio deve por-se no lugar do seu semelhante (vestir sua

roupas caminhar como ele etc) para deixar de lado essas inquietaccedilotildees

O texto de Shinyashiki (1997) O sucesso eacute ser feliz promete a revoluccedilatildeo da felicidade

sendo este o tema central No primeiro capiacutetulo ldquoUma crocircnica sobre o viverrdquo (p 13 a 15) eacute

apresentada ao leitor um relato fatalista que narra o uacuteltimo dia de vida de uma pessoa A

pequena narrativa figurativiza portanto a mensagem de viver cada dia o maacuteximo possiacutevel O

procedimento de figurativizar o discurso tambeacutem estaacute presente nos exemplos de histoacuterias de

vida Com este efeito realccedila a noccedilatildeo de realidade ou seja o simulacro que pretende construir

acompanhado pelos conceitos psiquiaacutetricos desenvolvidos no discurso As histoacuterias satildeo

geralmente de seus pacientes narradas com um tom de intriga ldquoFernandez olhou pela janela

do quarto e viu seu pior inimigo Rodrigo subindo a rua em direccedilatildeo agrave sua casa Eles haviam

sido inimigos a vida inteira lutando um contra o outrordquo (SHINYASHIKI 1997 p 25)

De igual maneira Niven (2001) em Os 100 segredos das pessoas felizes apresenta ao leitor

enunciataacuterio um conceito que encabeccedila o problema que seraacute desenvolvido no capiacutetulo

Vocecirc natildeo estaacute aqui apenas para preencher um espaccedilo ou para ser um figurante no filme de outra pessoa Pense nisso o mundo seria diferente se vocecirc natildeo existisse [] Estamos todos interligados e somos todos afetados pelas decisotildees e mesmo pela existecircncia daqueles que vivem no mundo conosco (p 32 ndash grifos meus)

Em seguida ilustra os conteuacutedos abstratos (ldquofiguranterdquo ldquoexistecircnciardquo ldquointerligaccedilatildeordquo e

ldquodecisotildeesrdquo) por meio de narrativas sobre histoacuterias que diz serem veriacutedicas Por isso recorre agrave

figurativizaccedilatildeo descrevendo por meio de accedilotildees que o cachorro de Peter natildeo eacute um

ldquofiguranterdquo A interligaccedilatildeo entre as pessoas ajudou o dono do cachorro a tomar a decisatildeo certa

e salvar a vida do seu animal de estimaccedilatildeo percebendo que a existecircncia de todos eacute importante

Gosto muito do exemplo de Peter um advogado da Filadeacutelfia e seu cachorro Tucket Tucket estava ficando gradualmente paralisado por um tumor na medula [] Desesperado em busca de algueacutem que pudesse ajudaacute-lo ele procurou um neurocirurgiatildeo pediaacutetrico [] Com a ajuda da doaccedilatildeo que Peter fez ao hospital Jerry foi submetido a uma operaccedilatildeo bem-sucedida para a retirada dos tumores A cirurgia de Tucket tambeacutem foi um sucesso (p 32)

Jesus o maior psicoacutelogo que jaacute existiu (BAKER 2005) vale-se dos trechos do evangelho e

Nunca desista de seus sonhos (Cury 2004) daacute exemplos de personalidades histoacutericas Anterior a

cada ensinamento ministrado em dose homeopaacutetica pelo narrador Baker dispotildee um trecho

116

da Biacuteblia que ilustra um dos ensinamentos de Jesus Procura assim dar um investimento mais

concreto ao seu discurso por meio dos trechos do evangelho

Com que compararemos o reino de Deus ou que paraacutebola usaremos para descrevecirc-lo Ele eacute como a semente de mostarda que eacute a menor semente que plantamos no solo No entanto quando plantada ela cresce e torna-se a maior de todas as plantas do jardim com ramos tatildeo grandes que os paacutessaros do ar podem se abrigar agrave sua sombra Com muitas paraacutebolas como esta Jesus anunciava a seus seguidores a Palavra conforme podiam entender Ele natildeo lhes falava nada a natildeo ser em paraacutebolas Marcos 430-34 (p13)

Cury (2004) figurativiza o seu discurso a partir de exemplos de vida de grandes

personalidades da histoacuteria mundial No capiacutetulo 3 em ldquoO sonho de um pacifista que

enfrentou o mundordquo (p 73) destaca a importacircncia de o ser humano natildeo se esconder no seu

iacutentimo pois deve ter coragem e fazer grandes feitos

Abraham Lincoln havia libertado os escravos na Constituiccedilatildeo A discriminaccedilatildeo fora resolvida na lei mas natildeo nas paacuteginas do livro psiacutequico Os gestos as reaccedilotildees a desigualdade continuavam gerando milhotildees de estiacutemulos que alimentaram a discriminaccedilatildeo As futuras geraccedilotildees continuaram tendo cicatrizes Cem anos depois MLK (Martin Luther King) estava lutando contra suas sequumlelas [] Ele soacute realizaria seus sonhos se superasse as ideacuteias negativas vencesse a humilhaccedilatildeo e se livrasse dos tentaacuteculos da timidez e da baixa auto-estima Seus maiores inimigos estavam em seu interior somente eles poderiam calar a sua voz (p 85-6)

Eacute nessa relaccedilatildeo de alternacircncia entre temas e figuras que pode ser notado o quanto a

predominacircncia de um ou de outro recurso natildeo fica tatildeo faacutecil de ser delimitada Por isso tratam-

se de discursos proporcionalmente temaacutetico-figurativos porque a relaccedilatildeo de equiliacutebrio entre

esses componentes da semacircntica discursiva eacute recorrente do iniacutecio ao fim desss discursos

Nesse caso satildeo a maioria no corpus doze ao total

616 Sugestotildees tipoloacutegicas para os textos de auto-ajuda

Seratildeo apresentadas tipologias discursivas para os textos anteriormente examinados

com vistas a dar mais visibilidades agraves anaacutelises e demonstrar por meio de tabelas esquemaacuteticas

a atuaccedilatildeo dos componentes semioacuteticos A exposiccedilatildeo esquemaacutetica dos componentes ofereceraacute

uma visatildeo de conjunto por meio de uma tipologia geral primeiramente e em seguida ajudaraacute

a organizar uma classificaccedilatildeo de tipologias destinadas a cada texto individualmente Para tanto

este capiacutetulo comportaraacute trecircs partes

117

Eacute importante frisar na prmeira parte uma apresentaccedilatildeo dos componentes recorrentes

na maioria dos textos com vistas a sugerir uma tipologia para a totalidade dos discursos de

ajuda analisados Esses discursos tecircm caracteriacutesticas variantes e outras invariantes a respeito

das quais eacute necessaacuterio destacar Para uma classificaccedilatildeo de acordo com os elementos

invariantes se constatar-se que a maioria valorizou a euforia por exemplo ignoram-se as

menos valorizadas (a disforia) e passa-se ao componente seguinte elegendo que tipologia de

actantes funcionais foi a mais recorrente (destinador-manipulador por exemplo) Assim haacute

uma tipologia para a totalidade dos discursos estudados que incide nos componentes euforia

destinador-manipulador (mais os componentes incidentes seguintes) e assim por diante

Em seguida seraacute apresentada uma exposiccedilatildeo do nuacutemero total de tipologias apontadas

ndash nesse caso verificam-se as variacircncias ndash a partir dos componentes que incidem em cada um

dos vinte textos com a finalidade de sugerir um nuacutemero total de tipologias Quem mexeu no meu

queijo por exemplo tem uma tipologia diferente da de Quem ama educa assim como O monge e

o executivo natildeo incide sobre os mesmos componentes que em Minutos de sabedoria Por isso cada

discurso comporta uma configuraccedilatildeo que pode estar contemplada em outro discurso ou natildeo

A respeito disso pode-se contabilizar um nuacutemero determinado de tipologias variantes entatildeo

Por fim seratildeo agrupados os textos que possuem uma mesma classificaccedilatildeo tipoloacutegica

Nesse caso Natildeo leve a vida tatildeo a seacuterio Quem ama educa e outros discursos possuem a mesma

configuraccedilatildeo tipoloacutegica por isso pertencem ao mesmo grupo por exemplo Ao todo seratildeo

apresentados sete conjuntos de discursos portanto sete conjuntos de tipologias diferentes

Para a manifestaccedilatildeo discursiva tatildeo mencionada neste trabalho a auto-ajuda sugere-se a

seguinte tipologia de acordo com a incidecircncia dos seis componentes semioacuteticos ndash os

componentes invariantes ndash mais recorrentes nos textos enquanto uma totalidade discursiva

Gramaacutetica fundamental

Semacircntica fundamental

euforia

Gramaacutetica narrativa

Sintaxe narrativa

destinador-manipulador

118

Semacircntica narrativa

Fase da competecircncia

Semacircntica narrativa II

Objeto-valor modal + objeto-valor descritivo subjetivo (de essecircncia)

Gramaacutetica discursiva

Sintaxe discursiva

enunciador e enunciataacuterio marcados linguumlisticamente

Semacircntica discursiva

predominacircncia equivalente de temas e de figuras

Percebe-se que a construccedilatildeo de dois componentes a da euforia e a do objeto-valor

respectivamente pertences agrave semacircntica fundamental e semacircntica narrativa atuam no plano de

conteuacutedo de todos os textos Estes satildeo portanto os elementos absolutamente invariantes Eacute

fato que a auto-ajuda ao mobilizar forccedilas em torno da manipulaccedilatildeo de objetos-valor modais e

descritivos essenciais propotildee maneiras de lidar com a subjetividade dos sujeitos por meio de

teacutecnicas do aprimoramento de si Por isso o direcionamento do eixo das relaccedilotildees

fundamentais parte sempre de uma situaccedilatildeo disfoacuterica para uma eufoacuterica que diz respeito por

sua vez agrave uma semantizaccedilatildeo positiva do objeto desejado o bem-estar geralmente Como

estrateacutegia argumentativa alguns discursos enfatizam inicialmente o eixo disfoacuterico ou seja

tentam marcar claramente a fronteira do que pretendem ensinar a partir daquilo que natildeo deve

ser aprendido Nesse caso tambeacutem indicam os caminhos que devem ser evitados

Abaixo seguiraacute uma constelaccedilatildeo tipoloacutegica que indicaraacute todos os desdobramentos

possiacuteveis De acordo com as variacircncias de organizaccedilatildeo discursiva que cada texto comporta eacute

necessaacuterio apresentar uma tabela com as incidecircncias tipoloacutegicas para cada um dos vinte textos

examinados ndash aqui marcam-se sobretudo a variacircncia dos componentes semioacuteticos

Livro Tipologia sugerida Quem mexeu no meu queijo Euforia

Dest-manipulador + dest-sujeito Competecircncia + perfoacutermance Objeto-modal e descritivo Enunciadoraacuterio marcados Predomiacutenio de figuras

119

A semente da vitoacuteria Euforia

Destinador-manipulador Competecircncia + perfoacutermance Objeto-modal + descritivo subj Enunciadoraacuterio marcados Predomiacutenio de temas e figuras

A arte da felicidade ndash uma manual para a vida Euforia Destinador-manipulador Competecircncia + perfoacutermance Objeto-modal + descritivo subj Enunciadoraacuterio marcados Predomiacutenio de temas e figuras

Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor Euforia Destinador-manipulador Competecircncia Objeto-modal + descritivo subj Enunciadoraacuterio marcados Predomiacutenio de temas e figuras

Pais brilhantes professores fascinantes Euforia Destinador-manipulador Competecircncia Objeto-modal + descritivo subj Enunciadoraacuterio marcados Predomiacutenio de temas

Natildeo leve a vida tatildeo a seacuterio Euforia Destinador-manipulador Competecircncia Objeto-modal + descritivo subj Enunciadoraacuterio marcados Predomiacutenio de temas e figuras

O monge e o executivo

Euforia Destinador-manipulador + dest-suj Competecircncia + perfoacutermance Objeto-modal + descritivo subj Enunciadoraacuterio marcados Predomiacutenio de temas e figuras

Nunca desista de seus sonhos Euforia Destinador-manipulador Competecircncia + perfoacutermance Objeto-modal + descritivo subj Enunciadoraacuterio marcados Predomiacutenio de temas e figuras

Jesus o maior psicoacutelogo que jaacute existiu Euforia Destinador-manipulador Competecircncia + perfoacutermance Objeto-modal + descritivo subj Enunciadoraacuterio marcados Predomiacutenio de temas e figuras

Um dia daqueles Euforia Destinador-manipulador Competecircncia Objeto-modal + descritivo subj Enunciadoraacuterio marcados Predomiacutenio de figuras

120

Quem ama educa Euforia Destinador-manipulador Competecircncia Objeto-modal + descritivo subj Enunciadoraacuterio marcados Predomiacutenio de temas e figuras

Os 100 segredos das pessoas felizes Euforia Destinador-manipulador Competecircncia + perfoacutermance Objeto-modal + descritivo subj Enunciadoraacuterio marcados Predomiacutenio de temas e figuras

Vocecirc eacute insubstituiacutevel Euforia Destinador-manipulador Competecircncia Objeto-modal + descritivo subj Enunciadoraacuterio marcados Predomiacutenio de temas

Ah se eu soubesse Euforia Destinador-manipulador Competecircncia Objeto-modal + descritivo subj Enunciadoraacuterio marcados Predomiacutenio de temas

Criando meninos Euforia Destinador-manipulador Competecircncia Objeto-modal + descritivo subj Enunciadoraacuterio marcados Predomiacutenio de temas e figuras

O sucesso eacute ser feliz Euforia Destinador-manipulador Competecircncia Objeto-modal + descritivo subj Enunciadoraacuterio marcados Predomiacutenio de temas e figuras

Ningueacutem eacute de ningueacutem Euforia Dest-manipulador + dest-sujeito Competecircncia + perfoacutermance Objeto-modal + descritivo subj Enunciadoraacuterio natildeo marcados Predomiacutenio de figuras

A dieta de south beach Euforia Destinador-manipulador Competecircncia Objeto-modal + descritivo subj Enunciadoraacuterio marcados Predomiacutenio de temas e figuras

Minutos de sabedoria Euforia Destinador-manipulador Competecircncia Objeto-modal + descritivo subj Enunciadoraacuterio marcados Predomiacutenio de temas

121

Natildeo faccedila tempestade em copo drsquoaacutegua Euforia

Destinador-manipulador Competecircncia Objeto-modal + descritivo subj Enunciadoraacuterio marcados Predomiacutenio de temas

Tabela 5 Os componentes recorrentes na organizaccedilatildeo dos discursos examinados

Pode-se observar que os outros componentes que natildeo a euforia e o objeto-valor

sofreram um desdobramento como no caso dos actantes funcionais das fases da narrativa e

da relaccedilatildeo temaacutetico-figurativa

Quanto aos componentes narrativos a sua aplicaccedilatildeo diz respeito tanto agrave atuaccedilatildeo

solitaacuteria da competecircncia quanto agrave desta juntamente com a perfoacutermance cujo foco nas accedilotildees

destaca a importacircncia do fazer Na sintaxe discursiva a tendecircncia em marcar linguumlisticamente

a presenccedila do enunciador e do enunciataacuterio (com pronomes de funccedilatildeo inclusiva verbos em

segunda pessoa e no modo imperativo) percorreu a quase totalidade do corpus menos no livro

Ningueacutem eacute de ningueacutem (GASPARETTO 2001) em que natildeo haacute marcas linguumliacutesticas do sujeito da

enunciaccedilatildeo A semacircntica discursiva por sua vez desdobrou-se em trecircs combinaccedilotildees

diferentes a valorizaccedilatildeo da estrutura temaacutetica a da figurativa e da atuaccedilatildeo de ambas Os textos

predominantemente temaacuteticos por dissertarem sobre temas como motivaccedilatildeo gestatildeo de

negoacutecios etc criam o efeito de um texto acadecircmico Os predominantemente figurativos

focalizam por sua vez as accedilotildees O efeito pretendido sugere a importacircncia dos encadeamentos

de programas que constituem os percursos narrativos das histoacuterias de vida exemplares casos

de tratamento de pacientes depoimentos de famosos elaboraccedilatildeo de cardaacutepios etc

Tendo em vista a exposiccedilatildeo do nuacutemero total de combinaccedilotildees dos componentes

semioacuteticos a partir da tabela 5 chegou-se a um total de sete agrupamentos possiacuteveis Agrave direita

da tabela estaacute a combinaccedilatildeo dos componentes (a tipologia) e agrave esquerda os livros relativos agrave

tipologia destacada Como era de se esperar a tipologia sugerida para a totalidade dos textos

de auto-ajuda (paacutegina 110 e 111 deste trabalho) fez parte de seis livros (tabela 6 abaixo) As

tabelas com os sete grupos de tipologias estatildeo relacionadas abaixo

Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor Natildeo leve a vida tatildeo a seacuterio

Quem ama educa Criando meninos

O sucesso eacute ser feliz A dieta de South Beach

Euforia Destinador-manipulador Competecircncia Objeto-modal + descritivo subj Enunciadoraacuterio marcados Predomiacutenio de temas e figuras

Tabela 6 tipologia 1

122

Pais brilhantes professores fascinantes Vocecirc eacute insubstiuivel Ah se eu soubesse

Minutos de sabedoria Natildeo faccedila tempestade em copo drsquoaacutegua

Euforia Destinador-manipulador Competecircncia Objeto-modal + descritivo subj Enunciadoraacuterio marcados Predomiacutenio de temas


A semente da vitoacuteria A arte da felicidade

Nunca desista de sesus sonhos Jesus o maior psicologo que jaacute existiu

Os 100 segredos das pessoas felizes

Euforia Destinador-manipulador Competecircncia + perfoacutermance Objeto-modal + descritivo subj Enunciadoraacuterio marcados Predomiacutenio de temas e figuras


Quem mexeu no meu queijo

Euforia Dest-manipulador + dest-sujeito Competecircncia + perfoacutermance Objeto-modal + descritivo subj Enunciadoraacuterio marcados Predomiacutenio de figuras


O monge e o executivo Euforia Dest-manipulador + dest-sujeito Competecircncia + perfoacutermance Objeto-modal + descritivo subj Enunciadoraacuterio marcados Predomiacutenio de temas e figuras


Um dia daqueles Euforia Dest-manipulador Competecircncia Objeto-modal + descritivo subj Enunciadoraacuterio marcados Predomiacutenio de figuras


Ningueacutem eacute de ningueacutem Euforia Dest-manipulador + dest-sujeito Competecircncia + perfoacutermance Objeto-modal + descritivo subj Enunciadoraacuterio natildeo-marcados Predomiacutenio figuras


123

Como os componentes ldquoeuforiardquo ldquoobjeto-valorrdquo e ldquomarcas do enunciador e do

enunciataacuteriordquo14 satildeo praticamente invariantes o efeito de sentido criado estaacute construiacutedo

basicamente de acordo com a atuaccedilatildeo dos trecircs elementos restantes e seus desdobramentos

possiacuteveis (fases da narrativa actantes funcionais e investimento de temas e figuras) Como as

trecircs primeiras tipologias (tabelas 6 7 e 8) englobam dezesseis livros dos vinte apresentados

(datildeo conta de 80 do corpus) seraacute discutido o efeito de sentido que essas trecircs tipologias

revelam

As tipologias 1 e 3 (tabelas 6 e 8) satildeo semelhantes sobretudo porque destacam a

atuaccedilatildeo tatildeo temaacutetica quanto figurativa A fase da perfoacutermance atuando juntamento com a

competecircncia na tipologia 3 marca a importacircncia dos PNs de uso relativos aos esquemas

narrativos desses discursos Em suma as tipologias 1 e 3 criam o efeito de sentido de textos

narrativos eou ficcionais Procuram narrar ou relatar histoacuterias ancoradas nos fatos da

realidade sejam paraacutebolas (Biacuteblia) mitos histoacuterias exemplares (pacientes personalidades de

sucesso personagens histoacutericos) relatos de experiecircncias na famiacutelia e no trabalho Valem-se

portanto dos procedimentos de ancoragem espacial e actancial para dar credibilidade aos seus

argumentos Satildeo destinados desse modo a um tipo de leitor que necessita visualizar os

conteuacutedos discutidos pois esses textos investem os argumentos sensorialmente por meio da

atuaccedilatildeo dos componentes da semacircntica discursiva

A tipologia 2 (tabela 7) por sua vez cria o efeito de sentido de um discurso teoacuterico-

cientiacutefico em que lanccedila matildeo de termos das ciecircncias do comportamento da gestatildeo de negoacutecios

ou do campo da feacute A composiccedilatildeo temaacutetica procura abranger o uso predominante de

conceitos e a sua forma de aplicaccedilatildeo Muitas vezes natildeo satildeo conceitos propriamente ditos mas

apenas noccedilotildees ou crenccedilas baseadas no que o enunciador tem a dizer Nesse sentido o

enunciataacuterio-leitor deve acreditar no discurso da certeza proferido pois em alguns casos eacute-lhe

doado somente motivaccedilatildeo como em Vocecirc eacute insusbstituiacutevel Natildeo faccedila tempestade em copo drsquoaacutegua e

Minutos de sabedoria Nesse caso tem-se projetado o ethos de um leitor que busca mensagens

mais condensadas e que por isso natildeo precisa de histoacuterias-exemplo que ilustrem os conteuacutedos

discutidos Aliaacutes caracteriacutesticas paratextuais tiacutepicas dos discursos da tipologia 2 satildeo a

formataccedilatildeo de texto com poucas paacuteginas toacutepicos curtos agraves vezes com fontes de texto

relativamente chamativas e mensagens curtas que vatildeo ldquodireto ao pontordquo pois supotildeem que o

seu enuncitaacuterio tem pouco tempo para ler

14 Exceto em Gasparetto (2001) em que natildeo haacute marcas linguumliacutesticas do enunciador e do enunciataacuterio

124

Consideraccedilotildees finais

Este trabalho rendeu discussotildees sobre os fatores internos e externos relativos ao

universo dos textos mais consumidos atualmente

Os primeiros fazem menccedilatildeo a sua organizaccedilatildeo discursiva agrave sua dimensatildeo

interoceptiva Nesse caso a teoria Semioacutetica analisa os processos de significaccedilatildeo relativos ao

plano de conteuacutedo dos textos Os segundos dizem respeito a sua dimensatildeo exteroceptiva em

que eacute notaacutevel nos discursos de auto-ajuda o recurso argumentativo ligado aos fatores para-

textuais como as ilustraccedilotildees de capa a encadernaccedilatildeo o tamanho das fontes o uso do para-

textos nas orelhas dos livros etc Tambeacutem fazem parte dessa dimensatildeo as estrateacutegias de

marketing que envolvem o mercado livreiro (editoras livrarias bancas listas de livros etc)

teacutecnicas essas englobados pela cultura de massas ndash a mass media ndash contexto do qual o

fenocircmeno da auto-auda faz parte

Para a explicaccedilatildeo desses fatores externos foi apresentado um panorama do mercado

editorial nacional de acordo com o crescimento da procura por livros a partir dos anos 80

Esse fato impulsionou editoras livrarias e distribuidores a se adaptarem a um mercado livreiro

em ascensatildeo no Brasil Nos anos 90 editoras em parceria com grandes livrarias passaram a

comercializar tiacutetulos na casa dos milhotildees e diversificarem o seu produto com vistas a atender

um puacutelico cada vez mais diferenciado Visto que a procura pelos livros mais vendidos

atualmente natildeo seja necessariamente uma busca por livros de qualidade isso levou a uma

reflexatildeo sobre a cultura de massas sua origem e seus mecanismos de interpelaccedilatildeo A reflexatildeo

sobre a cultura industrializada mostrou que haacute uma relaccedilatildeo desta com o fenocircmeno da auto-

ajuda na medida em que homogeneiacutezam seus conteuacutedos destinando suas mercadorias

culturais a uma massa social a um aglomerado de indiviacuteduos compreendidos aqueacutem e aleacutem

das estruturas sociais (MORIN 1969 p 16)

No que diz respeito ao espaccedilo dedicado aos fatores paratextuais os textos estudados

geralmente destacam a publicidade do produto de forma geral ocupando grande parte da

composiccedilatildeo material do suporte-livro com vistas a apresentar as ldquovantagens do produtordquo e a

credibilibade do autor e da editora Por isso o popular ldquojabaacuterdquo (propaganda) estaacute vinculado ao

todo de sentido construiacutedo pelos discursos estudados fato que vai ao encontro do

pensamento de Morin (1969) sobre a cultura voltada para o consumo

Quanto aos fatores internos do texto explicou-se que este eacute concebido como uma

organizaccedilatildeo discursiva que obedece a mecanismos de construccedilatildeo especiacuteficos A respeito disso

foi possiacutevel mostrar a maior ou menor atuaccedilatildeo dos componentes semioacuteticos responsaacuteveis

125

pelos processos de significaccedilatildeo dos textos examinados Esses mecanismos linguumliacutesticos de

descriccedilatildeo podem ser observados enquanto elementos constituintes basicamente de qualquer

discurso e por isso mesmo para uma explicaccedilatildeo dos livros de auto-ajuda Os estudos da

enunciaccedilatildeo incorporados agrave sintaxe discursiva da Semioacutetica demonstraram como eacute possiacutevel

compreender o autor e leitor enquanto produtos linguumliacutesticos pois satildeo projeccedilotildees do autor e do

leitor instacircncias discursivas prenhes de uma aplicaccedilatildeo teoacuterica

Para a composiccedilatildeo do corpus estabeleceram-se criteacuterios de seleccedilatildeo para os textos mais

vendidos segundo as listas de livros da revista Veja A justificativa pela escolha da revista em

questatildeo procede pois a pesquisa ldquoA leitura no Brasil de 1975 a 1990rdquo organizou um corpus em

torno dos dicursos de ficccedilatildeo mais vendidos anualmente pela revista no periacuteodo abrangido pela

pesquisa (1975-1990) Como foi detectada uma mudanccedila no acircmbito dos livros mais vendidos

ndash de discursos mais objetivos (de accedilatildeo-intriga) e voltados para os fatos da realidade em que o

leitor vivia para um leitor mais intimista que busca maneiras de manipular subjetividades ndash

optou-se por fazer o levantamento dos livros de auto-ajuda mais consumidos

contemporaneamente A recorrecircncia desses discursos durante os anos de 1991 a 2006 nas

listas semanais ldquoauto-ajuda e esoterismordquo da revista Veja permitiu organizar um levantamento

que desse uma visatildeo de conjunto dos textos mais vendidos nesse periacuteodo Aleacutem disso a

projeccedilatildeo que a manifestaccedilatildeo discursiva ldquoauto-ajuda e esoterismordquo alcanccedilou ndash nas listas da

revista em questatildeo e segundo a argumentccedilatildeo de Cortina (2006 p 129) que analisou diferentes

fontes ndash confirma a procura por esses discursos O estudo desenvolvido teve assim o

objetivo de analisar os discursos mais vendidos atualmente no Brasil ndash os textos de auto-ajuda

ndash com vistas a entender a sua constituiccedilatildeo discursiva (suas identidades e diferenccedilas) ou seja as

estrateacutegias de argumentaccedilatildeo e persuasatildeo desse micro-universo de significaccedilatildeo

No que concerne aos discursos examinados alguns textos manifestam o domiacutenio

hegemocircnico de um ponto de vista enquanto outros fazem uma espeacutecie de uniatildeo de pontos de

vista diferentes Cortina (2004) diz que os textos enquanto unidade de sentido (assumidos

portanto na sua globalidade) podem ser constituiacutedos por uma organizaccedilatildeo discursiva que

oscila entre uma maior homogeneidade (quando tecircm o domiacutenio de um ponto de vista) ou uma

maior heterogeneidade (quando procuram unir diferentes pontos de vista num mesmo

discurso) (p 156-7) Os textos de motivaccedilatildeo (que incidem na competecircncia e nos temas) por

exemplo trabalham com uma homogeneidade de assuntos tendendo a um simples acuacutemulo

de informaccedilotildees positivas ou seja dizem como a vida deve ser valorizada e geralmente natildeo

polemizam o discurso Segundo Martelli (2006) esses discursos podem ser classificados como

auto-ajuda manifesta porque os autores se apresentam como escritores dessa literatura Por

126

sua vez aqueles que se organizam em torno de pontos de vista variados (geralmente valorizam

tambeacutem a perfoacutermance e o investimento figurativo) aliam a auto-ajuda a elementos de gestatildeo

de negoacutecios ou chamam a atenccedilatildeo para o misticismo e a religiosidade unindo medicina a

religiatildeo espiritismo a ciecircncia por exemplo Em determinados momentos esses discursos natildeo

satildeo apresentados como auto-ajuda explicitamente por isso segundo a proposta de Martelli

podem ser classificados como auto-ajuda latente

Em linhas gerais os recursos persuasivos de que se vale a auto-ajuda satildeo configurados

como maneiras de gerenciar a subjetividade dos indiviacuteduos (os leitores enunciataacuterios) recursos

disponiacuteveis em textos praacuteticos e faacuteceis de ser assimilados Nesse caso estatildeo bem marcados na

organizaccedilatildeo desses discursos o acuacutemulo e a repeticcedilatildeo de informaccedilotildees Os discursos que

incorporam narrativas de forma diversa natildeo querem somente convencer por meio de

informaccedilotildees mas persuadir por meio de histoacuterias-exemplo por isso querem mais do que

informar Dessa maneira aleacutem de construiacuterem objetos-valor culturais positivos (abordar

maneiras de ser por meio de objetos natildeo-figurativos) investem sensorialmente as accedilotildees com

vistas a figuratizar a sua faceta temaacutetica Aleacutem de darem competecircncia para o enunciataacuterio leitor

manipular a si (transformar a proacutepria subjetividade agindo reflexivamente) ele tambeacutem deve

agir de forma transitiva e transformar os objetos do mundo que o rodeia (pessoas e coisas)

para que a auto-ajuda tenha o efeito pretendido o bem-estar fiacutesico-mental e a harmonia geral

pretendidos

Sobre a projeccedilatildeo do sujeito da enunciaccedilatildeo os discursos examinados engendram

formas de autoconhecimento que dialogam com o pathos de um leitor carente em que o

contrato de fiduacutecia reza que ele deve acreditar no discurso de auto-ajuda que o enunciador

profere Enquanto projeccedilatildeo do autor o enunciador recorre ao ethos de um conhecedor do

mundo que possui o domiacutenio de saberes que orbitam em torno de algumas oposiccedilotildees

fundamentais ora o ceticismo ora o misticismo ora a razatildeo ora a emoccedilatildeo ora a ciecircncia ora a

religiatildeo ora o mundo do consumo ora o do desapego material Eacute por isso que a sua

constituiccedilatildeo tende a ser heterogecircnea mas ao mesmo tempo obedece a uma tendecircncia

homogenizadora sistematizada de acordo com um padratildeo de escrita e argumentaccedilatildeo tiacutepicas

da auto-ajuda A esse respeito Morin (1969) diz que a cultura de massa tende a ser

homogenizadora e sistematizada tornando assimilaacuteveis a um homem ideal comum os mais

diferentes conteuacutedos Assim tende a sincretizar e homogenizar sob um denominador

comum a diversidade dos conteuacutedos tratados (p 38)

127

O recurso em demonstrar portanto como atuam os diversos componentes semioacuteticos

nos diferentes textos natildeo pretende fornecer tipologias definitivas para a auto-ajuda Para tanto

seria necessaacuterio um estudo que levasse em conta todos os eixos distintivos possiacuteveis Para

economia do trabalho foram selecionados seis componentes semioacuteticos e seus possiacuteveis

desdobramentos O intuito foi elaborar um recorte de componentes como sugerido em Fiorin

(1990) a fim de compor uma tipologia para os textos examinados enquanto uma globalidade

de discursos e tambeacutem elaborar uma tipologia para cada unidade discursiva

Enfim a partir da apresentaccedilatildeo dos fatores internos e externos de um conjunto de

manifestaccedilotildees textuais classificadas como ldquoauto-ajudardquo pocircde-se realizar uma anaacutelise estrutural

dos vinte discursos mais vendidos atualmente Isso rendeu discussotildees sobre o limite que uma

proposta como a das ldquotipologias discursivasrdquo pode alcanccedilar se possiacutevel em direccedilatildeo a um

trabalho mais detalhado sobre outros componentes que possivelmente foram ignorados aqui

por economia investigativa e para o alcance deste trabalho

128

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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WEST Morris O navegante Traduccedilatildeo de A B Pinheiro de Lemos 4 ed Rio de Janeiro Record 1976

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BIDDULPH Steve Criando meninos ndash por que os meninos satildeo diferentes e como ajudaacute-los a se tornarem pessoas felizes e equilibradas Trad Neuza Capelo Satildeo Paulo Editora Fundamento Educacional 2002

CARLSON Richard Natildeo faccedila tempestade em copo drsquoaacutegua e tudo na vida satildeo copos drsquoaacutegua ndash Maneiras simples de impedir que coisas insignificantes dominem sua vida Trad Joana Mosela Rio de Janeiro Rocco 1998

CURY Augusto Nunca desista de seus sonhos 9 ed Rio de Janeiro Sextante 2004

______ Pais brilhantes professores fascinantes ndash A educaccedilatildeo de nossos sonhos formando jovens felizes e inteligentes Rio de Janeiro Sextante 2003

______ Vocecirc eacute insubstituiacutevel este livro revela a sua biografia ndash sua auto-estima nunca mais seraacute a mesma Rio de Janeiro Sextante 2002

DALAI-LAMA amp CUTLER Howard A arte da felicidade ndash um manual para a vida Trad Waldeacutea Barcellos Satildeo Paulo Martins Fontes 2002

EDLER Richard Ah seu eu soubesse ndash O que pessoas bem-sucedidas gostariam de ter sabido 25 anos atraacutes 10 ed Trad Marcelo Candido de Melo Satildeo Paulo Negoacutecio Editora 1997

GASPARETTO Ziacutebia Ningueacutem eacute de ningueacutem 26 ed Satildeo Paulo Editora Vida amp Consciecircncia 2001

GREIVE Bradley Trevor Um dia daqueles ndash Uma liccedilatildeo de vida para levantar o seu astral Trad Pedro Bandeira Rio de Janeiro Sextante 2001

HUNTER James C O monge e o executivo ndash uma histoacuteria sobre a essecircncia da lideranccedila 11 ed Rio de Janeiro Sextante 2004

132

JOHNSON Spencer Quem mexeu no meu queijo 36 ed Rio de Janeiro Record 2002

NIVEN David Os 100 segredos das pessoas felizes descobertas simples e uacuteteis dos estudos cientiacuteficos sobre a felicidade 15 ed Trad Maria Claacuteudia Coelho Rio de Janeiro Sextante 2001

PASTORINO Carlos Torres 37 ed Minutos de sabedoria Petroacutepolis (RJ) Vozes 1997

PEASE Allan amp PEASE Baacuterbara Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor uma visatildeo cientiacutefica (e bem-humorada) de nossas diferenccedilas Trad Neuza M Simotildees Capelo Rio de Janeiro Sextante 2000

PRATHER Hugh Natildeo leve a vida tatildeo a seacuterio pequenas mudanccedilas para vocecirc se livrar de grandes problemas 9 ed Trad Beatriz Sidou Rio de Janeiro Sextante 2003

RIBEIRO Nuno Cobra A semente da vitoacuteria 24 ed Satildeo Paulo Senac 2000

SHINYASHIKI Roberto O sucesso eacute ser feliz 15 ed Satildeo Paulo Editora Gente 1997

TIBA Iccedilami Quem ama educa Satildeo Paulo Editora Gente 2002

133

ANEXOS

134

Seratildeo apresentadas as listas dos livros mais vendidos coletadas a partir das ediccedilotildees da

revista Veja que as publica semanalmente De 1991 a 1996 optou-se por coletar as listas

ldquonatildeo-ficccedilatildeordquo ndash ainda natildeo havia as listas ldquoauto-ajuda e esoterismordquo nesse periacuteodo ndash pelo fato de

destacarem nas suas relaccedilotildees de livros a grande maioria textos de auto-ajuda A partir de

1997 ateacute 2006 adotaram-se as listas ldquoauto-ajuda e esoterismordquo Acima das tabelas estaacute o ano

em que foram coletados os rankings com o nuacutemero total de listas (ldquo1991 = 10 listasrdquo por

exemplo) e abaixo constam os dez livros mais vendidos nas semanas relativas ao ano

estando agrave direita o nome do autor

1991 = 10 listas

24041991

Chega de saudade Ruy Castro De Beirute a Jerusaleacutem Thomas L Friedman

O martelo das feiticeiras Heinrich Kramer James Sprenger

Vocecirc pode curar sua vida Louise Hay Ame e decirc vexame Roberto Freire

Minha histoacuteria Ava Gardner Virando a proacutepria mesa Ricardo Semler

O melhor do mau humor Ruy Castro Manual de redaccedilatildeo e estilo O Estado de S Paulo

Sadam Hussein e a crise no Golfo Judith Miller e Laurie Mylroie

01051991

Chega de saudade Ruy Castro

De Beirute a Jerusaleacutem Thomas L Friedman O martelo das feiticeiras Heinrich Kramer James Sprenger

Vocecirc pode curar sua vida Louise Hay

Ame e decirc vexame Roberto Freire Minha histoacuteria Ava Gardner

Virando a proacutepria mesa Ricardo Semler O melhor do mau humor Ruy Castro

Manual de redaccedilatildeo e estilo O Estado de S Paulo


26061991

Histoacuteria da vida privada vol 3 Georges Duby e Philippe Ariegraves Manual de redaccedilatildeo e estilo O Estado de S Paulo


Ame-se e cure sua vida Louise Hay Ame e decirc vexame Roberto Freire

Na arena ndash vitoacuteria derrota e recomeccedilo Richard Nixon

Misteacuterios do coraccedilatildeo Roberto Shinyashiki Quem natildeo faz poeira come poeira Andreacute Ranschburg

Virando a proacutepria mesa Ricardo Semler


21081991

O Japatildeo que sabe dizer natildeo Shintaro Ishihara

Manual de redaccedilatildeo e estilo O Estado de S Paulo Vocecirc pode curar sua vida Louise Hay

Ame-se e cure sua vida Louise Hay

Amar pode dar certo Roberto Shinyashiki O ego sem medo Chris Griscom

Virando a proacutepria mesa Ricardo Semler Misteacuterios do coraccedilatildeo Roberto Shinyashiki

Pensamentos do coraccedilatildeo Louise Hay

Quem natildeo faz poeira come poeira Andreacute Ranschburg

28081991

O Japatildeo que sabe dizer natildeo Shintaro Ishihara Ame-se e cure sua vida Louise Hay



Virando a proacutepria mesa Ricardo Semler Em busca de vidas passadas John Stone John Williston

Pensamentos do coraccedilatildeo Louise Hay Ame e decirc vexame Roberto Freire


135

04091991

Ame-se e cure sua vida Louise Hay Vocecirc pode curar sua vida Louise Hay

Amar pode dar certo Roberto Shinyashiki

O ego sem medo Chris Griscom A cariacutecia essencial Roberto Shinyashiki

Matildeos de luz Barbara Brennan




11091991





Quem natildeo faz poeira come poeira Andreacute Ranschburg Pensamentos do coraccedilatildeo Louise Hay

Ame e decirc vexame Roberto Freire


16101991

O campeatildeo de audiecircncia Walter Clark com Gabriel Priolli O Japatildeo que sabe dizer natildeo Shintaro Ishihara


Vocecirc pode curar sua vida Louise Hay Amar pode dar certo Roberto Shinyashiki




13111991

Zeacutelia uma paixatildeo Fernando Sabino

O amor de mau humor Ruy Castro O campeatildeo de audiecircncia Walter Clark com Gabriel Priolli



A cariacutecia essencial Roberto Shinyashiki Manual do cara-de-pau Carlos Queiroz Telles

Powershift ndash as mudanccedilas do poder Alvin Toffler


25121991

Zeacutelia uma paixatildeo Fernando Sabino Ame-se e cure sua vida Louise Hay


Amar pode dar certo Roberto Shinyashiki Vida a dois vida solitaacuteria Dan Kiley

A cariacutecia essencial Roberto Shinyashiki

Manual do cara-de-pau Carlos Queiroz Telles A fusatildeo do feminino Chris Griscom Etiqueta na praacutetica Ceacutelia ribeiro

O amor de mau humor Ruy Castro

136

1992 = 14 listas

22011992

Zeacutelia uma paixatildeo Fernando Sabino Histoacuteria da vida privada vol 4 Phillipe Ariegraves e Georges Duby



Vida a dois (Vaacuterios autores)

A cariacutecia essencial Roberto Shinyashiki A fusatildeo do feminino Chris Griscom Etiqueta na praacutetica Ceacutelia Ribeiro


19021992


Propaganda ilimitada Francesc Petit Ame-se e cure sua vida Louise Hay


Amar pode dar certo Roberto Shinyashiki Vida a dois (Vaacuterios autores)

A cariacutecia essencial Roberto Shinyashiki A fusatildeo do feminino Chris Griscom

Etiqueta na praacutetica Ceacutelia Ribeiro


04031992

O Japatildeo que sabe dizer natildeo Shintaro Ishihara Propaganda ilimitada Francesc Petit



Vida a dois (Vaacuterios autores) A cariacutecia essencial Roberto Shinyashiki

A fusatildeo do feminino Chris Griscom Etiqueta na praacutetica Ceacutelia Ribeiro


15041992





O poder dentro de vocecirc Louise Hay O dom supremo Henry Drummond

Dance enquanto eacute tempo Shirley MacLaine


22041992

Se sou tatildeo inteligente por que como tanto Peter M Miller e Howard Hankin Vocecirc pode curar sua vida Louise Hay



A fusatildeo do feminino Chris Griscom




29041992

Se sou tatildeo inteligente por que como tanto Peter M Miller e Howard Hankin


Vida a dois (Vaacuterios autores ver 06051992)





06051992





A fusatildeo do feminino Chris Griscom O poder dentro de vocecirc Louise Hay


137

27051992

Meninas da noite Gilberto Dimenstein Propaganda ilimitada Francesc Petit





O poder dentro de vocecirc Louise Hay

O dom supremo Henri Drummond

15071992

Meninas da noite Gilberto Dimenstein

Propaganda ilimitada Francesc Petit Se sou tatildeo inteligente por que como tanto Peter M Miller e Howard Hankin






12081992

Meninas da noite Gilberto Dimenstein Vocecirc pode curar sua vida Louise Hay



O sucesso natildeo ocorre por acaso Lair Ribeiro O poder dentro de vocecirc Louise Hay

O dom supremo Henri Drummond Eu histoacuteria da minha vida Katharine Hepburn

Eacutetica (vaacuterios autores)

02091992





Eu histoacuteria da minha vida Katharine Hepburn O poder dentro de vocecirc Louise Hay


O sucesso natildeo ocorre por acaso Lair Ribeiro

28101992

Rota 66 Caco Barcellos Navegaccedilatildeo de cabotagem Jorge Amado

Todos os soacutecios do presidente G Krieger L A Novaes e Tales Faria

Na sala com Danuza Danuza Leatildeo Se sou tatildeo inteligente por que como tanto Peter M Miller e Howard Hankin


Comunicaccedilatildeo global Lair Ribeiro Liberdade no exiacutelio Dalai Lama



04111992

Na sala com Danuza Danuza Leatildeo

Rota 66 Caco Barcellos Saturno em tracircnsito Elvin Sullivan


Vocecirc pode curar sua vida Louise Hay Comunicaccedilatildeo global Lair Ribeiro

Liberdade no exiacutelio Dalai Lama Amar pode dar certo Roberto Shinyashiki e Eliane Dumecirct


Eu histoacuteria de minha vida Katherine Hepburn

25111992

Na sala com Danuza Danuza Leatildeo O anjo pornograacutefico ndash a vida de Neacutelson Rodrigues Ruy Castro

Rota 66 Caco Barcellos

Bauacute do Raul Raul Seixas A cariacutecia essencial Roberto Shinyashiki


Amar pode dar certo Roberto Shinyashiki e Eliane Dumecirct O poder dentro de vocecirc Louise Hay


138

1993 = 13 listas

06011993

Parati Amyr Klink Na sala com Danuza Danuza Leatildeo

O anjo pornograacuteficondasha vida de Neacutelson Rodrigues Ruy Castro

Prosperidade Lair Ribeiro Vocecirc pode curar sua vida Louise Hay

Comunicaccedilatildeo global Lair Ribeiro

Pequeno manual de instruccedilatildeo da vida Jackson Brown Rota 66 Caco Barcellos


Bauacute do Raul Raul Seixas

24021993

Parati Amyr Klink



Confissotildees de adolescente Maria Mariana Vocecirc pode curar sua vida Louise Hay

Comunicaccedilatildeo global Lair Ribeiro O sucesso natildeo ocorre por acaso Lair Ribeiro

Eu histoacuterias de minha vida Katherine Hepburn

Amar eacute preciso Maria Helena Matarazzo

03031993

Na sala com Danuza Danuza Leatildeo Rota 66 Caco Barcellos

Prosperidade Lair Ribeiro


O sucesso natildeo ocorre por acaso Lair Ribeiro Eu histoacuteria de minha vida Katherine Hepburn

Amar eacute preciso Maria Helena Matarazzo Confissotildees de adolescente Maria Mariana

Parati Amyr Klink

07041993


Parlamentarismo ou presidencialismo J Serra V Palmeira C Bueno e E Barros Confissotildees de adolescente Maria Mariana

Parati Amyr Klink

Prosperidade Lair Ribeiro Pequeno manual de instruccedilatildeo da vida Jackson Brown



Mil dias de solidatildeo Claacuteudio Humberto

02061993

Passando a limpo Pedro Collor de Melo Na sala com Danuza Danuza Leatildeo

Parati Amyr Klink

Vocecirc pode curar sua vida Louise Hay Confissotildees de adolescente Maria Mariana


Pequeno manual de instruccedilatildeo da vida Jackson Brown Comunicaccedilatildeo global Lair Ribeiro



16061993

Passando a limpo Pedro Collor de Melo

Na sala com Danuza Danuza Leatildeo Parati Amyr Klink

Confissotildees de adolescente Maria Mariana

Schifaizfavoire ndash Dicionaacuterio de portuguecircs Mario Prata Artes amp manhas da seduccedilatildeo Marion Vianna Penteado




14071993


Minutos de sabedoria Torres Pastorino

Artes amp manhas da seduccedilatildeo Marion Vianna Penteado Manual do orgasmo Marilene Cristina Vargas



O poder de mau humor Ruy Castro

139

21071993

Confissotildees de adolescente Maria Mariana Artes amp manhas da seduccedilatildeo Marion Vianna Penteado

Manual do orgasmo Marilene Cristina Vargas



O sucesso natildeo ocorre por acaso Lair Ribeiro O poder de mau humor Ruy Castro Minutos de sabedoria Torres Pastorino

Emagreccedila comendo Lair Ribeiro

25081993

Agrave sombra das chuteiras imortais Nelson Rodrigues

Na sala com Danuza Danuza Leatildeo Artes amp manhas da seduccedilatildeo Marion Vianna Penteado






01091993

Agrave sombra das chuteiras imortais Nelson Rodrigues Na sala com Danuza Danuza Leatildeo

Artes amp manhas da seduccedilatildeo Marion Vianna Penteado

Manual do orgasmo Marilene Cristina Vargas Prosperidade Lair Ribeiro


Vocecirc pode curar sua vida Louise Hay Minutos de sabedoria Torres Pastorino


15091993








08121993

Na sala com Danuza Danuza Leatildeo Os canibais estatildeo na sala de jantar Arnaldo Jabor




O sucesso natildeo ocorre por acaso Lair Ribeiro Manual do orgasmo Marilene Cristina Vargas Emagreccedila comendo Lair Ribeiro


29121993


Os canibais estatildeo na sala de jantar Arnaldo Jabor Artes amp manhas da seduccedilatildeo Marion Vianna Penteado


Reengenharia Michael Hammer Comunicaccedilatildeo global Lair Ribeiro

O sucesso natildeo ocorre por acaso Lair Ribeiro Minutos de sabedoria Torres Pastorino



140

1994 = 10 listas

12011994

Os canibais estatildeo na sala de jantar Arnaldo Jabor Na sala com Danuza Danuza Leatildeo

As janelas do Paratii Amyr Klink

Artes amp manhas da seduccedilatildeo Marion Vianna Penteado Prosperidade Lair Ribeiro


O sucesso natildeo ocorre por acaso Lair Ribeiro Reengenharia Michael Hammer



16021994

Os canibais estatildeo na sala de jantar Arnaldo Jabor




Reengenharia Michael Hammer Emagreccedila comendo Lair Ribeiro

O poder dos sucos Joy Kordich

Peacutes no chatildeo cabeccedila nas estrelas Lair Ribeiro

23021994



Prosperidade Lair Ribeiro Comunicaccedilatildeo global Lair Ribeiro


Emagreccedila comendo Lair Ribeiro O poder dos sucos Joy Kordich


06041994

A lista de Schindler Thomas Kenneally

Trinta anos esta noite Paulo Francis Vinicius de Moraes o poeta da paixatildeo Joseacute Castello


Minutos de sabedoria Torres Pastorino Prosperidade Lair Ribeiro


Reengenharia Michael Hammer


20041994

A lista de Schindler Thomas Kenneally Trinta anos esta noite Paulo Francis

Vinicius de Moraes o poeta da paixatildeo Joseacute Castello


Noacutes dois Maria Helena Matarazzo

Prosperidade Lair Ribeiro O sucesso natildeo ocorre por acaso Lair Ribeiro



18051994


Na sala com Danuza Danuza Leatildeo Noacutes dois Maria Helena Matarazzo


Trinta anos esta noite Paulo Francis Prosperidade Lair Ribeiro




01061994







141

08061994





Minutos de sabedoria Torres Pastorino O sucesso natildeo ocorre por acaso Lair Ribeiro


05101994

Chatocirc ndash o rei do Brasil Fernando Morais

Viajando no tempo Lair Ribeiro

Sebastiana Quebra-galho Nenzinha Machado Salles Prosperidade Lair Ribeiro


O sucesso natildeo ocorre por acaso Lair Ribeiro Anjos cabaliacutesticos Mocircnica Buonfiacuteglio

Minutos de sabedoria Torres Pastorino Vocecirc pode curar sua vida Louise Hay

Ouvindo o prozac Peter D Kramer

09111994


Viajando no tempo Lair Ribeiro Sebastiana Quebra-galho Nenzinha Machado Salles

O Brasil que daacute certo Stephen Kanitz Prosperidade Lair Ribeiro



Minutos de sabedoria Torres Pastorino Reengenharia Michael Hammer

142

1995 = 14 listas

22021995

Chatocirc ndash o rei do Brasil Fernando Morais Viajando no tempo Lair Ribeiro

O Brasil que daacute certo Stephen Kanitz



Anjos cabaliacutesticos Mocircnica Buonfiacuteglio Auto-estima Lair Ribeiro

Entenda a obesidade e emagreccedila Alfredo Halpern

Cruzando o limiar da esperanccedila Papa Joatildeo Paulo II

08031995


Viajando no tempo Lair Ribeiro Quarenta a idade da loba Reginas Lemos

A magia dos anjos cabaliacutesticos Mocircnica Buonfiacuteglio

Vocecirc pode curar sua vida Louise Hay O sucesso natildeo ocorre por acaso Lair Ribeiro


O caminho das borboletas Adriane Galisteu

O tarocirc dos anjos Mocircnica Buonfiacuteglio

05041995

Danuza todos os dias Danuza Leatildeo Chatocirc ndash o rei do Brasil Fernando Morais




O caminho das borboletas Adriane Galisteu Auto-estima Nathaniel Brannden


12041995


Viajando no tempo Lair Ribeiro A magia dos anjos cabaliacutesticos Mocircnica Buonfiacuteglio




Etiqueta sem frescura Claacuteudia Matarazzo

Conquistar e manter clientes Daniel Godri

26041995

Mauaacute empresaacuterio do Impeacuterio Jorge Caldeira Dez anos no mar ndash diaacuterio de uma aventura Famiacutelia Schuumlrmann


Etiqueta sem frescura Claacuteudia Matarazzo O sucesso natildeo ocorre por acaso Lair Ribeiro

Anjos cabaliacutesticos Mocircnica Buonfiacuteglio

Auto-estima Lair Ribeiro O caminho das borboletas Adriane Galisteu

Auto-estima Nathaniel Brannden


17051995

Mauaacute empresaacuterio do Impeacuterio Jorge Caldeira

Dez anos no mar ndash diaacuterio de uma aventura Famiacutelia Schuumlrmann Chatocirc ndash o rei do Brasil Fernando Morais

Danuza todos os dias Danuza Leatildeo

Na sala com Danuza Danuza Leatildeo A magia dos anjos cabaliacutesticos Mocircnica Buonfiacuteglio

Anjos cabaliacutesticos Mocircnica Buonfiacuteglio Soacute para as mulheres Socircnia Hirsch



24051995

Mauaacute empresaacuterio do Impeacuterio Jorge Caldeira Diaacuterio de uma aventura - dez anos no mar Famiacutelia Schuumlrmann

O povo brasileiro Darcy Ribeiro

Quarenta a idade da loba Regina Lemos A magia dos anjos cabaliacutesticos Mocircnica Buonfiacuteglio

Anjos cabaliacutesticos Mocircnica Buonfiacuteglio Entenda a obesidade e emagreccedila Alfredo Halpern

O guia dos curiosos Marcelo Duarte Auto-estima Nathaniel Brannden


143

07061995



Chatocirc ndash o rei do Brasil Fernando Morais Na sala com Danuza Danuza Leatildeo



O guia dos curiosos Marcelo Duarte


21061995


Diaacuterio de uma aventura - dez anos no mar Famiacutelia Schuumlrmann O povo brasileiro Darcy Ribeiro


Quarenta a idade da loba Regina Lemos Pelas portas do coraccedilatildeo Zibia Gaspareto




05071995




Anjos cabaliacutesticos Mocircnica Buonfiacuteglio A magia dos anjos cabaliacutesticos Mocircnica Buonfiacuteglio

Entenda a obesidade e emagreccedila Alfredo Halpern O guia dos curiosos Marcelo Duarte


19071995



Quarenta a idade da loba Regina Lemos

Chatocirc ndash o rei do Brasil Fernando Morais Memoacuterias da Segunda Guerra Mundial Winston Churchill




25101995

Paula Isabel Allende Era dos extremos Eric Hobsbawn


O povo brasileiro Darcy Ribeiro Frugal Gourmet Jeff Smith

Pelas portas do coraccedilatildeo Zibia Gaspareto

Anjos cabaliacutesticos Mocircnica Buonfiacuteglio Auto-estima Nathaniel Branden



15111995

Paula Isabel Allende

Era dos extremos Eric Hobsbawn Mauaacute empresaacuterio do Impeacuterio Jorge Caldeira


Frugal Gourmet Jeff Smith Pelas portas do coraccedilatildeo Zibia Gaspareto




29111995




Estrela solitaacuteria Ruy Castro Pelas portas do coraccedilatildeo Zibia Gaspareto

Auto-estima Nathaniel Branden O guia dos curiosos Marcelo Duarte


144

1996 = 23 listas

17011996

Estrela solitaacuteria Ruy Castro A assustadora histoacuteria da medicina Richard Gordon

Frugal Gourmet Jeff Smith

Paula Isabel Allende Fases Paulo Coelho

A era dos extremos Eric Hobsbawn

O guia dos curiosos Marcelo Duarte Anjos cabaliacutesticos Mocircnica Buonfiglio


Mauaacute empresaacuterio do impeacuterio Jorge Caldeira

06031996

Estrela solitaacuteria Ruy Castro

A assustadora histoacuteria da medicina Richard Gordon Frugal Gourmet Jeff Smith


Guia de leitura de ldquoA profecia celestinardquo James Redfield Frases Paulo Coelho

A estrada do futuro Bill Gates Anjos cabaliacutesticos Mocircnica Buonfiglio



13031996



Guia de leitura de ldquoA profecia celestinardquo James Redfield A era dos extremos Eric Hobsbawn

Diaacuterio de Getuacutelio Vargas Celina Vargas do Amaral Peixoto Frases Paulo Coelho

Mauaacute empresaacuterio do Impeacuterio Jorge Caldeira A estrada do futuro Bill Gates


17041996

A assustadora histoacuteria da medicina Richard Gordon

Frugal Gourmet Jeff Smith Paula Isabel Allende

Guia de leitura de ldquoA profecia celestinardquo James Redfield

Frases Paulo Coelho A estrada do futuro Bill Gates

Anjos cabaliacutesticos Mocircnica Buonfiglio O guia dos curiosos Marcelo Duarte


Almas gecircmeas Mocircnica Buonfiglio

24041996




Frases Paulo Coelho




01051996


Guia de leitura da ldquoA profecia celestinardquo James Redfield A assustadora histoacuteria da medicina Richard Gordon

Frases Paulo Coelho

Entrevista Carlos Tramontina Almas gecircmeas Mocircnica Buonfiglio



Para entender a arte Roberto Cumming

08051996

Guia de leitura de ldquoA profecia celestinardquo James Redfield A assustadora histoacuteria da medicina Richard Gordon

Encontros desencontros e reencontros Maria Helena Matarazzo

A era dos extremos Eric Hobsbawn Frases Paulo Coelho

Diaacuterio de Getuacutelio Vargas Celina Vargas do Amaral Peixoto Almas gecircmeas Mocircnica Buonfiglio

Anjos cabaliacutesticos Mocircnica Buonfiglio Simplifique sua vida Elaine St Jaimes


145

22051996

A assustadora histoacuteria da medicina Richard Gordon Encontros desencontros e reencontros Maria Helena Matarazzo

Guia de leitura da ldquoA profecia celestinardquo James Redfield

Frases Paulo Coelho Frugal Gourmet Jeff Smith Almas gecircmeas Mocircnica Buonfiglio

Anjos cabaliacutesticos Mocircnica Buonfiglio A inteligecircncia emocional Daniel Goleman



05061996


Frases Paulo Coelho Encontros desencontros e reencontros Maria Helena Matarazzo



Minutos de sabedoria Torres Pastorino O adolescente por ele mesmo Tacircnia Zagury

Para entender a arte Robert Cumming

Sexo para principiantes Carlos Eduardo Novaes

12061996


O adolescente por ele mesmo Tacircnia Zagury

Frases Paulo Coelho Guia New York - Compras Katia Zero

Almas gecircmeas Mocircnica Buonfiglio Anjos cabaliacutesticos Mocircnica Buonfiglio

A inteligecircncia emocional Daniel Goleman Minutos de sabedoria Torres Pastorino


19061996


Encontros desencontros e reencontros Maria Helena Matarazzo Guia New York - Compras Katia Zero

Frases Paulo Coelho

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26061996


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Frases Paulo Coelho Soacute o amor eacute real Brian L Weiss Almas gecircmeas Mocircnica Buonfiglio




24071996



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A inteligecircncia emocional Daniel Goleman


31071996

Guia New York - Compras Katia Zero Soacute o amor eacute real Brian L Weiss


Em busca da empresa quacircntica Clemente Noacutebrega Blaacute blaacute blaacute Mamonas assassinas Eduardo Bueno

Frases Paulo Coelho Farewell Carlos Drummond de Andrade

Almas gecircmeas Mocircnica Buonfiglio A inteligecircncia emocional Daniel Goleman


146

07081996




Frases Paulo Coelho




14081996


Soacute o amor eacute real Brian L Weiss A assustadora histoacuteria da medicina Richard Gordon

Em busca da empresa quacircntica Clemente Noacutebrega

Blaacute blaacute blaacute Mamonas assassinas Eduardo Bueno Frases Paulo Coelho




21081996




Frases Paulo Coelho Almas gecircmeas Mocircnica Buonfiglio



04091996



Blaacute blaacute blaacute Mamonas assassinas Eduardo Bueno

Encontros desencontros e reencontros Maria Helena Matarazzo Frases Paulo Coelho




11091996



Encontros desencontros e reencontros Maria Helena Matarazzo Em busca da empresa quacircntica Clemente Noacutebrega

Frases Paulo Coelho




18091996








25091996

Soacute o amor eacute real Brian L Weiss Encontros desencontros e reencontros Maria Helena Matarazzo

Zico conta sua histoacuteria Zico

Histoacuteria dicas e magias vol 1 Mocircnica Buonfiacuteglio Frases Paulo Coelho



As sete leis espirituais do sucesso Deepak Chopra

147

16101996

Soacute o amor eacute real Brian L Weiss Zico conta sua histoacuteria Zico


A renuacutencia de Jacircnio Carlos Castello Branco Frases Paulo Coelho





06111996


Zico conta sua histoacuteria Zico Muitas vidas muitos mestres Brian L Weiss

A renuacutencia de Jacircnio Carlos Castello Branco


A arte da guerra os documentos perdidos Sun Tzu A inteligecircncia emocional Daniel Goleman

Antocircnio Maria ndash noites de Copacabana Joaquim Ferreira dos Santos


148

1997 = 06 listas

08011997

Sem medo de viver Ziacutebia Gasparetto O monte cinco Paulo Coelho

A deacutecima profecia James Redfield

Inteligecircncia emocional Daniel Goleman A cura atraveacutes da terapia de vidas passadas Brian I Weiss

A profecia celestina James Redfield

Muitas vidas muitos mestres Brian I Weiss As sete leis espirituais do sucesso Deepak Chopra

Almas gecircmeas Mocircnica Buonfiacuteglio

Soacute o amor eacute real Brian I Weiss

05021997

Sem medo de viver Ziacutebia Gasparetto

O monte cinco Paulo Coelho A deacutecima profecia James Redfield

Inteligecircncia emocional Daniel Goleman

A cura atraveacutes da terapia de vidas passadas Brian I Weiss A profecia celestina James Redfield



A inteligecircncia emocional e arte de educar nossos filhos John Gottman e Joan DeClaire

19031997




A profecia celestina James Redfield Minutos de sabedoria Torres Pastorino

As sete leis espirituais do sucesso Deepak Chopra Almas gecircmeas Mocircnica Buonfiacuteglio


30041997

Meu anjo Fausto Oliveira Violetas na janela Vera Luacutecia Marinzeck Carvalho



A profecia celestina James Redfield Muitas vidas muitos mestres Brian I Weiss


Homens satildeo de Marte mulheres satildeo de Vecircnus John Gray A inteligecircncia emocional e arte de educar nossos filhos John Gottman e Joan DeClaire

02071997

Meu anjo Fausto Oliveira

Violetas na janela Vera Luacutecia Marinzeck Carvalho Manual do guerreiro da luz Paulo Coelho



Muitas vidas muitos mestres Brian I Weiss

As sete leis espirituais do sucesso Deepak Chopra Minutos de sabedoria Torres Pastorino


16071997


Manual do guerreiro da luz Paulo Coelho

Inteligecircncia emocional Daniel Goleman Sem medo de viver Ziacutebia Gasparetto

A profecia celestina James Redfield O monte cinco Paulo Coelho


Minutos de sabedoria Torres Pastorino A inteligecircncia emocional e arte de educar nossos filhos John Gottman e Joan DeClaire

149

1998 = 11 listas

11021998

Meu anjo Fausto Oliveira Inteligecircncia emocional na empresa Roberto Cooper

O sucesso eacute ser feliz Roberto Shinyashiki

203 maneiras de enlouquecer um homem na cama Olivia Claire 177 maneira de enlouquecer uma mulher na cama Margot Saint-Lopup

Violetas na janela Vera Luacutecia Carvalho

Homens satildeo de Marte mulheres satildeo de Vecircnus John Gray Sem medo de viver Ziacutebia Gasparetto



11031998


Inteligecircncia emocional na empresa Roberto Cooper O sucesso eacute ser feliz Roberto Shinyashiki

Coacutedigo da Biacuteblia Michael Drosnin

177 maneira de enlouquecer uma mulher na cama Margot Saint-Lopup Violetas na janela Vera Luacutecia Carvalho

Inteligecircncia emocional e seu filho Daniel Goleman A profecia celestina James Redfield


Minuto de sabedoria simples Brian I Weiss

06051998

As sete leis espirituais do sucesso Deepak Chopra Pare de sofrer Ziacutebia Gasparetto

Coisas que toda garota deve saber Samantha Rugen

Conversando com os espiacuteritos James V Praagh 203 maneiras de enlouquecer um homem na cama Margot Saint-Lopup

Violetas na janela Vera Luacutecia Carvalho O sucesso eacute ser feliz Roberto Shinyashiki

Homens satildeo de Marte mulheres satildeo de Vecircnus John Gray Minutos de sabedoria Torres Pastorino


15071998


Cacircncer tem cura Frei Romano Zago Coisas que toda garota deve saber Samantha Rugen

Conversando com os espiacuteritos James V Praagh

203 maneiras de enlouquecer um homem na cama Margot Saint-Lopup A aacuteguia e a galinha Leonardo Boff

O sucesso eacute ser feliz Roberto Shinyashiki Homens satildeo de Marte mulheres satildeo de Vecircnus John Gray

Visatildeo celestina James Redfield

Meditando com Brian Weiss Brian Weiss

05081998

As sete leis espirituais do sucesso Deepak Chopra Cacircncer tem cura Frei Romano Zago



A aacuteguia e a galinha Leonardo Boff

O sucesso eacute ser feliz Roberto Shinyashiki As profecias sem misteacuterio Paiva Netto

O despertar da aacuteguia Leonardo Boff


26081998





O sucesso eacute ser feliz Roberto Shinyashiki Visatildeo celestina James Redfield



09091998




A aacuteguia e a galinha Leonardo Boff O sucesso eacute ser feliz Roberto Shinyashiki

Visatildeo celestina James Redfield O despertar da aacuteguia Leonardo Boff


150

30091998



Conversando com os espiacuteritos James V Praagh 117 maneiras de enlouquecer uma mulher na cama Margot Saint-Lopup

Como falar corretamente e sem inibiccedilotildees Reinaldo Polito

O sucesso eacute ser feliz Roberto Shinyashiki Violeta na janela Vera Luacutecia Carvalho



28101998


A verdade de cada um Ziacutebia Gasparetto Coisas que toda garota deve saber Samantha Rugen


Noacutes os jovens Vera Luacutecia Marizenck Carvalho O evangelho segundo o espiritismo Allan Kardec




25111998

As sete leis espirituais do sucesso Deepak Chopra Homens satildeo de Marte mulheres satildeo de Vecircnus John Gray


203 maneiras de enlouquecer um homem na cama Oliacutevia St Claire Minutos de sabedoria Torres Pastorino


117 maneiras de enlouquecer uma mulher na cama Margot Saint-Loup O advogado de Deus Ziacutebia Gasparetto


09121998


O despertar da aacuteguia Leonardo Boff Coisas que toda garota deve saber Samantha Rugen

203 maneiras de enlouquecer um homem na cama Oliacutevia St Claire

Como falar corretamente e sem inibiccedilotildees Reinaldo Polito Violeta na janela Vera Luacutecia Carvalho

O sucesso eacute ser feliz Roberto Shinyashiki 117 maneiras de enlouquecer uma mulher na cama Margot Saint-Loup

O advogado de Deus Ziacutebia Gasparetto


151

1999 = 18 listas

13011999

As sete leis espirituais do sucesso Deepak Chopra As sete leis espirituais para os pais Deepak Chopra

Mais coisas que toda garota deve saber Antonio Carlos Vilela

203 maneiras de enlouquecer um homem na cama Oliacutevia St Claire Cartas para Louise Louise Hay Violeta na janela Vera Luacutecia Carvalho




10021999


As sete leis espirituais para os pais Deepak Chopra Mais coisas que toda garota deve saber Antonio Carlos Vilela


Trabalhando com a inteligecircncia emocional Daniel Goleman Violeta na janela Vera Luacutecia Carvalho


Natildeo faccedila tempestade em copo drsquoaacutegua Richard Carlson


13031999



203 maneiras de enlouquecer um homem na cama Oliacutevia St Claire Trabalhando com a inteligecircncia emocional Daniel Goleman

O advogado de Deus Ziacutebia Gasparetto O sucesso eacute ser feliz Roberto Shinyashiki

117 maneiras de enlouquecer uma mulher na cama Margot Saint-Loup Natildeo faccedila tempestade em copo drsquoaacutegua Richard Carlson

A emoccedilatildeo eacute a regra Domecircnico de Masi

14041999


Como falar corretamente e sem inibiccedilotildees Reinaldo Polito As profecias sem misteacuterio Paiva Neto


Trabalhando com a inteligecircncia emocional Daniel Goleman O advogado de Deus Ziacutebia Gasparetto

Como conduzir negociaccedilotildees Tim Hindle 117 maneiras de enlouquecer uma mulher na cama Margot Saint-Loup


Homens satildeo de Marte mulheres satildeo de Vecircnus John Gray

12051999


Em busca da espiritualidade James Van Praagh O sucesso eacute ser feliz Roberto Shinyashiki

Mais coisas que toda garota deve saber Antonio Carlos Vilela Coisas que toda garota deve saber Samantha Rugen




A arte da meditaccedilatildeo Daniel Goleman

26051999

As sete leis espirituais do sucesso Deepak Chopra Em busca da espiritualidade James Van Praagh



O advogado de Deus Ziacutebia Gasparetto Minuto de sabedoria simples Brian I Weiss


Natildeo faccedila tempestade em copo drsquoaacutegua Richard Carlson A arte da meditaccedilatildeo Daniel Goleman

09061999


Em busca da espiritualidade James Van Praagh

O sucesso eacute ser feliz Roberto Shinyashiki Vivendo melhor atraveacutes da numerologia Aparecida Liberato

177 maneiras de enlouquecer uma mulher na cama Margot Saint-Loup Homens satildeo de Marte mulheres satildeo de Vecircnus John Gray

O essencial Costanza Pascolato

203 maneiras de enlouquecer um homem na cama Oliacutevia St Claire Natildeo faccedila tempestade em copo drsquoaacutegua Richard Carlson


152

23061999



Vivendo melhor atraveacutes da numerologia Aparecida Liberato O advogado de Deus Ziacutebia Gasparetto


O essencial Costanza Pascolato 203 maneiras de enlouquecer um homem na cama Oliacutevia St Claire



07071999



Vivendo melhor atraveacutes da numerologia Aparecida Liberato

O advogado de Deus Ziacutebia Gasparetto Como falar corretamente e sem inibiccedilotildees Reinaldo Polito



208 maneiras de deixar um homem louco de desejo Margot Saint-Loup

21071999




Como falar corretamente e sem inibiccedilotildees Reinaldo Polito O essencial Costanza Pascolato


Assim eacute que se fala Reinaldo Polito

04081999

Como administrar o tempo Tim Hindle


177 maneiras de enlouquecer uma mulher na cama Margot Saint-Loup





25081999

Como administrar o tempo Tim Hindle Minutos de sabedoria ndash Luxo Torres Pastorino


A arte da meditaccedilatildeo (com CD) Daniel Goleman O advogado de Deus Ziacutebia Gasparetto


Assim eacute que se fala Reinaldo Polito Homens satildeo de Marte mulheres satildeo de Vecircnus John Gray


A divina sabedoria dos mestres Brian Weiss

08091999








22091999

203 maneiras de enlouquecer um homem na cama Oliacutevia St Claire A arte da meditaccedilatildeo (com CD) Daniel Goleman


As sete leis espirituais do sucesso Deepak Chopra O advogado de Deus Ziacutebia Gasparetto


Enquanto o amor natildeo vem Iyanla Vanzant Natildeo faccedila tempestade em copo drsquoaacutegua Richard Carlson


153

13101999

203 maneiras de enlouquecer um homem na cama Oliacutevia St Claire Em busca da espiritualidade James Van Praagh


As sete leis espirituais do sucesso Deepak Chopra Coisas que toda garota deve saber Samantha Rugen


208 maneiras de deixar um homem louco de desejo Margot Saint-Loup Enquanto o amor natildeo vem Iyanla Vanzant



13101999




Coisas que toda garota deve saber Samantha Rugen Como falar corretamente e sem inibiccedilotildees Reinaldo Polito




03111999



O sucesso eacute ser feliz Roberto Shinyashiki As sete leis espirituais do sucesso Deepak Chopra

Vivendo melhor atraveacutes da numerologia Aparecida Liberato A aacuteguia e a galinha Leonardo Boff




17111999

203 maneiras de enlouquecer um homem na cama Oliacutevia St Claire Quando chega a hora Ziacutebia Gasparetto


A passagem Ricky Medeiros Vivendo melhor atraveacutes da numerologia Aparecida Liberato

177 maneiras de enlouquecer uma mulher na cama Margot Saint-Loup Estrateacutegias de vida Phillip C Macgraw

Enquanto o amor natildeo vem Iyanla Vanzant

Natildeo faccedila tempestade em copo drsquoaacutegua Richard Carlson A divina sabedoria dos mestres Brian Weiss

154

2000 = 38 listas

26012000



A passagem Ricky Medeiros Natildeo faccedila tempestade em copo drsquoaacutegua no trabalho Richard Carlson 177 maneiras de enlouquecer uma mulher na cama Margot Saint-Loup




09022000


Quando chega a hora Ziacutebia Gasparetto O sucesso eacute ser feliz Roberto Shinyashiki

A passagem Ricky Medeiros

Sem medo de viver Ziacutebia Gasparetto 177 maneiras de enlouquecer uma mulher na cama Margot Saint-Loup




22032000



Violetas na janela Vera Luacutecia Carvalho Sem medo de viver Ziacutebia Gasparetto

Natildeo faccedila tempestade em copo drsquoaacutegua no trabalho Richard Carlson Como falar corretamente e sem inibiccedilotildees (com CD) Reinaldo Polito


A arte da felicidade ndash uma manual para a vida Dalai Lama

29032000




Em busca da espiritualidade James Van Praagh Natildeo faccedila tempestade em copo drsquoaacutegua no trabalho Richard Carlson

A passagem Ricky Medeiros Inteligecircncia emocional no trabalho Hendrie Weisinger



05042000



O advogado de Deus Ziacutebia Gasparetto As sete leis espirituais para os pais Deepak Chopra

Natildeo faccedila tempestade em copo drsquoaacutegua no trabalho Richard Carlson


A arte da felicidade ndash um manual para a vida Dalai Lama Natildeo faccedila tempestade em copo drsquoaacutegua Richard Carlson


12042000

A divina sabedoria dos mestres Brian Weiss 208 maneiras de deixar um homem louco de desejo Margot Saint-Loup



Natildeo faccedila tempestade em copo drsquoaacutegua no trabalho Richard Carlson A passagem Ricky Medeiros

A arte da felicidade ndash um manual para a vida Dalai Lama

Natildeo faccedila tempestade em copo drsquoaacutegua Richard Carlson Enquanto o amor natildeo vem Iyanla Vanzant

03052000


Quando chega a hora Ziacutebia Gasparetto

O sucesso eacute ser feliz Roberto Shinyashiki Disciplina ndash o limite na medida certa Iccedilami Tiba

Ah se eu soubesse Richard Edler Decifrar pessoas Ellan-Jo Dimitrius


A arte da felicidade ndash um manual para a vida Dalai Lama Aborrecente natildeo Sou adolescente Vera Luacutecia Carvalho

Em busca da espiritualidade James van Praagh

155

10052000

Enquanto o amor natildeo vem Iyanla Vanzant Quando chega a hora Ziacutebia Gasparetto


Disciplina ndash o limite na medida certa Iccedilami Tiba Ah se eu soubesse Richard Edler

Decifrar pessoas Ellan-Jo Dimitrius

Homens satildeo de Marte mulheres satildeo de Vecircnus John Gray A arte da felicidade ndash um manual para a vida Dalai Lama

Aborrecente natildeo Sou adolescente Vera Luacutecia Carvalho

Um dia minha alma se abriu por inteiro Iyanla Vanzant

17052000


Quando chega a hora Ziacutebia Gasparetto Natildeo faccedila tempestade em copo drsquoaacutegua Richard Carlson

Disciplina ndash o limite na medida certa Iccedilami Tiba





24052000

O sucesso eacute ser feliz Roberto Shinyashiki Quando chega a hora Ziacutebia Gasparetto



O segredo de Shambhala James Redfield Em busca da espiritualidade James van Praagh

A arte da felicidade ndash um manual para a vida Dalai Lama Um dia minha alma se abriu por inteiro Iyanla Vanzant

Minuto de sabedoria simples Brian Weiss

31052000



Aborrecente natildeo Sou adolescente Vera Luacutecia de Carvalho

Ah se eu soubesse Richard Edler O segredo de Shambhala James Redfield

Enquanto o amor natildeo vem Iyanla Vanzant A arte da felicidade ndash um manual para a vida Dalai Lama

Mensagens para sempre Richard Bach

A semente de Deus Cesar Romatildeo

07062000



Aborrecente natildeo Sou adolescente Vera Luacutecia de Carvalho Ah se eu soubesse Richard Edler

O segredo de Shambhala James Redfield


As 48 leis do poder Robert Greene e Joost Elffers


14062000





Natildeo faccedila tempestade em copo drsquoaacutegua no trabalho Richard Carlson A arte da felicidade ndash um manual para a vida Dalai Lama



21062000



Aborrecente natildeo Sou adolescente Vera Luacutecia de Carvalho Como falar corretamente e sem inibiccedilotildees Reinaldo Polito

O segredo de Shambhala James Redfield Mensagens para sempre Richard Bach

A arte da felicidade ndash um manual para a vida Dalai Lama As 48 leis do poder Robert Greene e Joost Elffers


156

28062000



Ah se eu soubesse Richard Edler Conversando com os espiacuteritos James van Praagh


Mensagens para sempre Richard Bach A arte da felicidade ndash um manual para a vida Dalai Lama


Os caminhos do coraccedilatildeo Richard Carlson e Benjamin Shield

19072000



Ah se eu soubesse Richard Edler

Como falar corretamente e sem inibiccedilotildees Reinaldo Polito O segredo de Shambhala James Redfield




26072000


Natildeo faccedila tempestade em copo drsquoaacutegua Richard Carlson Ah se eu soubesse Richard Edler

A semente de Deus Ceacutesar Romatildeo

O segredo de Shambhala James Redfield Minuto de sabedoria simples Brian Weiss



02082000

As sete leis espirituais do sucesso Deepak Chopra Quando chega a hora Ziacutebia Gasparetto




Minuto de sabedoria simples Brian Weiss A arte da felicidade ndash um manual para a vida Dalai Lama

As 48 leis do poder Robert Greene e Joost Elffers O sucesso eacute ser feliz Roberto Shinyashiki

09082000





O segredo de Shambhala James Redfield Os donos do futuro Roberto Shinyashiki



16082000



Ah se eu soubesse Richard Edler Enquanto o amor natildeo vem Iyanla Vanzant


Os donos do futuro Roberto Shinyashiki A arte da felicidade ndash um manual para a vida Dalai Lama


23082000








157

30082000




Enquanto o amor natildeo vem Iyanla Vanzant O segredo de Shambhala James Redfield




06092000






As 48 leis do poder Robert Greene e Joost Elffers Minuto de sabedoria simples Brian Weiss

13092000




Enquanto o amor natildeo vem Iyanla Vanzant Natildeo faccedila tempestade em copo drsquoaacutegua no trabalho Richard Carlson




20092000


Quando Ele voltar Ricky Medeiros


Natildeo faccedila tempestade em copo drsquoaacutegua no trabalho Richard Carlson Os donos do futuro Roberto Shinyashiki


Piacutelulas para viver melhor Fernando A Lucchese Uma eacutetica para o novo milecircnio Dalai Lama

27092000


Quando chega a hora Ziacutebia Gasparetto Quando Ele voltar Ricky Medeiros


Quem mexeu no meu queijo Spencer Johnson Natildeo faccedila tempestade em copo drsquoaacutegua Richard Carlson


Sempre haacute uma chance Lucimara Breve

Uma eacutetica para o novo milecircnio Dalai Lama

04102000

O sucesso eacute ser feliz Roberto Shinyashiki Enquanto o amor natildeo vem Iyanla Vanzant


Ah se eu soubesse Richard Edler Quem mexeu no meu queijo Spencer Johnson

Natildeo faccedila tempestade em copo drsquoaacutegua Richard Carlson Os donos do futuro Roberto Shinyashiki


A semente de Deus Ceacutesar Romatildeo Uma eacutetica para o novo milecircnio Dalai Lama

11102000


Enquanto o amor natildeo vem Iyanla Vanzant Quando Ele voltar Ricky Medeiros






158

18102000

Se a vida eacute um jogo estas satildeo as regras Cherie Carter-Scott



Quem mexeu no meu queijo Spencer Johnson O sucesso eacute ser feliz Roberto Shinyashiki


Porque os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor Allan Pease


25102000

Natildeo faccedila tempestade em copo drsquoaacutegua Richard Carlson Mantenha o seu ceacuterebro vivo Lawrence Katz e Manning Rubin



Decifrar pessoas Ellan-Jo Dimitrius Os donos do futuro Roberto Shinyashiki


Coisas que toda garota deve saber Samantha Rugen Uma eacutetica para o novo milecircnio Dalai Lama

01112000


Nuacutemeros e aromas do amor Aparecida Liberato Quando Ele voltar Ricky Medeiros


Quem mexeu no meu queijo Spencer Johnson Decifrar pessoas Ellan-Jo Dimitrius




08112000

Natildeo faccedila tempestade em copo drsquoaacutegua Richard Carlson Nuacutemeros e aromas do amor Aparecida Liberato



Coisas que todo garoto deve saber Antonio Carlos Vilela Enquanto o amor natildeo vem Iyanla Vanzant



15112000


Nuacutemeros e aromas do amor Aparecida Liberato Mantenha o seu ceacuterebro vivo Lawrence Katz e Manning Rubin


Quem mexeu no meu queijo Spencer Johnson Limites sem trauma Tacircnia Zagury




22112000


Mantenha o seu ceacuterebro vivo Lawrence Katz e Manning Rubin


Limites sem trauma Tacircnia Zagury Enquanto o amor natildeo vem Iyanla Vanzant


Decifrar pessoas Ellan-Jo Dimitrius Uma eacutetica para o novo milecircnio Dalai Lama

29112000

O outro lado da vida Sylvia Browne

Os espelhos do tempo Brian Weiss Como falar corretamente e sem inibiccedilotildees (com CD) Reinaldo Polito


Quem mexeu no meu queijo Spencer Johnson Pai rico pai pobre Robert Kiyosaki e Sharon Lester




159

06122000


Os espelhos do tempo Brian Weiss O caminho da tranquumlilidade Dalai Lama



Piacutelulas para viver melhor Fernando A Lucchese A arte da felicidade ndash um manual para a vida Dalai Lama



13122000

O outro lado da vida Sylvia Browne Os espelhos do tempo Brian Weiss

O caminho da tranquumlilidade Dalai Lama


Limites sem trauma Tania Zagury Os donos do futuro Roberto Shinyashiki


Quando Ele voltar Ricky Medeiros Uma eacutetica para o novo milecircnio Dalai Lama

20122000


Piacutelulas para viver melhor Fernando A Lucchese O caminho da tranquumlilidade Dalai Lama

As sete leis espirituais para os pais Deepak Chopra

Quem mexeu no meu queijo Spencer Johnson Limites sem trauma Tania Zagury




160

2001 = 49 listas

17012001

A arte da felicidade ndash um manual para a vida Dalai Lama Uma eacutetica para o novo milecircnio Dalai Lama

Limites sem trauma Tacircnia Zagury

Natildeo faccedila tempestade em copo drsquoaacutegua com a famiacutelia Richard Carlson O livro da sabedoria Dalai Lama


Quem mexeu no meu queijo Spencer Johnson Ningueacutem eacute de ningueacutem Ziacutebia Gasparetto Piacutelulas para viver melhor Fernando A Lucchese


24012001


Uma eacutetica para o novo milecircnio Dalai Lama Ah se eu soubesse Richard Edler

Natildeo faccedila tempestade em copo drsquoaacutegua com a famiacutelia Richard Carlson

O outro lado da vida Sylvia Browne Mantenha o seu ceacuterebro vivo Lawrence Katz e Manning Rubin

Quem mexeu no meu queijo Spencer Johnson Ningueacutem eacute de ningueacutem Ziacutebia Gasparetto

Os espelhos do tempo Brian Weiss

Decifrar pessoas Jo-Ellan Dimitrius

31012001



Natildeo faccedila tempestade em copo drsquoaacutegua com a famiacutelia Richard Carlson Natildeo faccedila tempestade em copo drsquoaacutegua Richard Carlson

Limites sem trauma Tania Zagury Quem mexeu no meu queijo Spencer Johnson

Enquanto o amor natildeo vem Iyanla Vanzant O caminho da tranquumlilidade Dalai Lama

O livro da sabedoria Dalai Lama

07022001


Uma eacutetica para o novo milecircnio Dalai Lama Ningueacutem eacute de ningueacutem Ziacutebia Gasparetto


Natildeo faccedila tempestade em copo drsquoaacutegua no trabalho Richard Carlson Limites sem trauma Tania Zagury




14022001


Ningueacutem eacute de ningueacutem Ziacutebia Gasparetto

Natildeo faccedila tempestade em copo drsquoaacutegua com a famiacutelia Richard Carlson Natildeo faccedila tempestade em copo drsquoaacutegua no trabalho Richard Carlson


Quem mexeu no meu queijo Spencer Johnson Enquanto o amor natildeo vem Iyanla Vanzant



21022001


Uma eacutetica para o novo milecircnio Dalai Lama O caminho da tranquumlilidade Dalai Lama


Mantenha o seu ceacuterebro vivo Lawrence Katz e Manning Rubin O outro lado da vida Sylvia Browne

Quem mexeu no meu queijo Spencer Johnson Piacutelulas para viver melhor Fernando A Lucchese



28022001



Ningueacutem eacute de ningueacutem Ziacutebia Gasparetto Body for life Bill Phillips

O outro lado da vida Sylvia Browne Quem mexeu no meu queijo Spencer Johnson

Enquanto o amor natildeo vem Iyanla Vanzant Ah se eu soubesse Richard Edler


161

07032001








14032001




Limites sem trauma Tacircnia Zagury O outro lado da vida Sylvia Browne

Quem mexeu no meu queijo Spencer Johnson Mantenha o seu ceacuterebro vivo Lawrence Katz e Manning Rubin



21032001

A arte da felicidade ndash um manual para a vida Dalai Lama Piacutelulas para viver melhor Fernando A Lucchese


Ningueacutem eacute de ningueacutem Ziacutebia Gasparetto Limites sem trauma Tacircnia Zagury




28032001







Meus anos com a General Motors Alfred Sloan Jr

04042001

A arte da felicidade ndash um manual para a vida Dalai Lama O livro da sabedoria Dalai Lama







11042001


O livro da sabedoria Dalai Lama O caminho da tranquumlilidade Dalai Lama


Limites sem trauma Tacircnia Zagury Um dia daqueles Bradley Trevor Greive



A auto-estima do seu filho Dorothy Corkille Briggs

18042001




Um dia daqueles Bradley Trevor Greive Quem mexeu no meu queijo Spencer Johnson

Decifrar pessoas Jo-Ellan Dimitrius Ah se eu soubesse Richard Edler


162

25042001

A arte da felicidade ndash um manual para a vida Dalai Lama Ah se eu soubesse Richard Edler



Um dia daqueles Bradley Trevor Greive

Quem mexeu no meu queijo Spencer Johnson Decifrar pessoas Jo-Ellan Dimitrius



02052001





Quem mexeu no meu queijo Spencer Johnson Palavras de sabedoria Dalai Lama



09052001

A arte da felicidade ndash um manual para a vida Dalai Lama Socorram-me dos meus parentes Luiz Marins




Pacificando o espiacuterito Dalai Lama O caminho da tranquumlilidade Dalai Lama

Palavras de sabedoria Dalai Lama

16052001


Decifrar pessoas Jo-Ellan Dimitrius O livro da sabedoria Dalai Lama



Quem mexeu no meu queijo Spencer Johnson Vampiros emocionais Albert J Bernstein



23052001

A arte da felicidade ndash um manual para a vida Dalai Lama Os caminhos do coraccedilatildeo Richard Carlson e Benjamin Shield

A arte de lidar com a raiva Dalai Lama



Quem mexeu no meu queijo Spencer Johnson Socorram-me dos meus parentes Luiz Marins



30052001


Enquanto o amor natildeo vem Iyanla Vanzant A arte de lidar com a raiva Dalai Lama


Palavras de sabedoria Dalai Lama Um dia daqueles Bradley Trevor Greive




06062001

A arte da felicidade ndash um manual para a vida Dalai Lama A semente da vitoacuteria Nuno cobra


Ah se eu soubesse Richard Edler Palavras de sabedoria Dalai Lama


Limites sem trauma Tacircnia Zagury Histoacuterias para aquecer o coraccedilatildeo JCanfield HMcNamara MVHansen


163

13062001





Pacificando o espiacuterito Dalai Lama Como conhecer Deus Deepak Chopra

A nova dieta revolucionaria do Dr Atkins Roberto Etkins


20062001


A semente da vitoacuteria Nuno cobra Ningueacutem eacute de ningueacutem Ziacutebia Gasparetto



O livro da sabedoria Dalai Lama Namorantes Maria Helena Matarazzo


Socorram-me dos meus parentes Luiz Marins

27062001




Um dia daqueles Bradley Trevor Greive Limites sem trauma Tacircnia Zagury

Histoacuterias para aquecer o coraccedilatildeo JCanfield HMcNamara MVHansen Ontem eu chorei Iyanla Vanzant

Quem mexeu no meu queijo Spencer Johnson

04072001




Piacutelulas para viver melhor Fernando A Lucchese Um dia daqueles Bradley Trevor Greive


Ontem eu chorei Iyanla Vanzant


11072001



Ah se eu soubesse Brasil Richard Edler Limites sem trauma Tacircnia Zagury


Decifrar pessoas Jo-Ellan Dimitrius Homens satildeo de Marte mulheres satildeo de Vecircnus John Gray



18072001



Ah se eu soubesse Brasil Richard Edler

Limites sem trauma Tacircnia Zagury Ah se eu soubesse Richard Edler




25072001



Palavras de sabedoria Dalai Lama Limites sem trauma Tacircnia Zagury


Homens satildeo de Marte mulheres satildeo de Vecircnus John Gray Os 100 segredos das pessoas felizes David Niven


164

01082001



Palavras de sabedoria Dalai Lama Histoacuterias para aquecer o coraccedilatildeo JCanfield HMcNamara MVHansen



Os 100 segredos das pessoas felizes David Niven


08082001




Histoacuterias para aquecer o coraccedilatildeo JCanfield HMcNamara MVHansen Quem mexeu no meu queijo Spencer Johnson

As sete leis espirituais do sucesso Deepak Chopra Limites sem trauma Tacircnia Zagury


Siacutelvia Poppovic e vocecirc Siacutelvia Poppovic

15082001

Um dia daqueles Bradley Trevor Greive A semente da vitoacuteria Nuno cobra



Quem mexeu no meu queijo Spencer Johnson A arte da felicidade ndash uma manual para a vida Dalai Lama

Limites sem trauma Tacircnia Zagury Os 100 segredos das pessoas felizes David Niven


22082001





A arte da felicidade ndash uma manual para a vida Dalai Lama Limites sem trauma Tacircnia Zagury



29082001





A arte da felicidade ndash uma manual para a vida Dalai Lama Investimentos ndash como administrar melhor seu dinheiro Mauro Halfeld



05092001




Limites sem trauma Tacircnia Zagury Quem mexeu no meu queijo Spencer Johnson




12092001





Pai rico pai pobre Robert Kiyosaki e Sharon Lester Os 100 segredos das pessoas felizes David Niven

A forccedila do budismo Dalai Lama e Jean-Claude Carriegravere

165

26092001



Palavras de sabedoria Dalai Lama Vocecirc ndash a alma do negoacutecio Roberto Shinyashiki


A arte da felicidade ndash uma manual para a vida Dalai Lama Homens satildeo de Marte mulheres satildeo de Vecircnus John Gray


Um jeito bom de falar bem Reinaldo Polito

03102001



Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor Allan Pease

Vocecirc ndash a alma do negoacutecio Roberto Shinyashiki Quem mexeu no meu queijo Spencer Johnson




10102001

Histoacuteria para aquecer o coraccedilatildeo JCanfield HMcNamara MVHansen A semente da vitoacuteria Nuno cobra


Decifrar pessoas Jo-Ellan Dimitrius Limites sem trauma Tacircnia Zagury

Pelo amor ou pela dor Ricky Medeiros A arte da felicidade ndash uma manual para a vida Dalai Lama



17102001



Vocecirc ndash a alma do negoacutecio Roberto Shinyashiki

Limites sem trauma Tacircnia Zagury Pelo amor ou pela dor Ricky Medeiros




24102001




Querida mamatildee ndash obrigado por tudo Bradley Trevor Greive

A arte da felicidade ndash uma manual para a vida Dalai Lama Boa forma em 90 dias Matt Roberts



31102001


A semente da vitoacuteria Nuno cobra Pelo amor ou pela dor Ricky Medeiros






07112001


Pelo amor ou pela dor Ricky Medeiros


Querida mamatildee ndash obrigado por tudo Richard Edler A arte da felicidade ndash uma manual para a vida Dalai Lama

Boa forma em 90 dias Matt Roberts Os 100 segredos das pessoas felizes David Niven


166

14112001




Querida mamatildee ndash obrigado por tudo Richard Edler




21112001


A semente da vitoacuteria Nuno cobra Histoacuterias para aquecer o coraccedilatildeo 2 Jack Canfield e Mark V Hansen

Ah se eu soubessehellip Brasil Richard Edler

Quem mexeu no meu queijo Spencer Johnson Querida mamatildee ndash obrigado por tudo Richard Edler




28112001


Histoacuterias para aquecer o coraccedilatildeo 2 Jack Canfield e Mark V Hansen


Querida mamatildee ndash obrigado por tudo Richard Edler Pelo amor ou pela dor Ricky Medeiros

Um jeito bom de falar bem Reinaldo Polito Os 100 segredos das pessoas felizes David Niven


05122001





Pelo amor ou pela dor Ricky Medeiros Ah se eu soubesse Richard Edler


A arte da felicidade ndash um manual para a vida Dalai Lama e Howard Cutler

12122001





Quando eacute preciso voltar Ziacutebia Gasparetto Ah se eu soubesse Richard Edler


Boa forma em 90 dias Matt Roberts

19122001





Quando eacute preciso voltar Ziacutebia Gasparetto Ah se eu soubesse Brasil Richard Edler



19122001




Querida mamatildee ndash obrigado por tudo Richard Edler Quando eacute preciso voltar Ziacutebia Gasparetto

Ah se eu soubesse Brasil Richard Edler Os 100 segredos das pessoas felizes David Niven


167

2002 = 48 listas

09012002

Um dia ldquoldquodaquelesrdquordquo Bradley Trevor Greive A semente da vitoacuteria Nuno cobra


Enquanto o amor natildeo vem Iyanla Vanzant Quem mexeu no meu queijo Spencer Johnson


Quando eacute preciso voltar Ziacutebia Gasparetto Palavras de sabedoria Dalai Lama



16012002

Um dia ldquodaquelesrdquo Bradley Trevor Greive

A semente da vitoacuteria Nuno cobra Boa forma em 90 dias Matt Roberts



Quando eacute preciso voltar Ziacutebia Gasparetto Coisas que toda garota deve saber Samantha Rugen



30012002

Um dia ldquodaquelesrdquo Bradley Trevor Greive A semente da vitoacuteria Nuno cobra


Histoacuterias para aquecer o coraccedilatildeo 2 J Canfield e M V Hansen Quem mexeu no meu queijo Spencer Johnson


Ningueacutem eacute de ningueacutem Ziacutebia Gasparetto Os 100 segredos das pessoas felizes David Niven


06022002


A semente da vitoacuteria Nuno cobra Palavras de sabedoria Dalai Lama

Limites sem trauma Tania Zagury


Quando eacute preciso voltar Ziacutebia Gasparetto Ningueacutem eacute de ningueacutem Ziacutebia Gasparetto



13022002



O programa das 10 semanas Turibio Leite de Barros Quem mexeu no meu queijo Spencer Johnson





20022002


A semente da vitoacuteria Nuno cobra Decifrar pessoas Jocirc-Ellan Dimitrius

O programa das 10 semanas Turibio Leite de Barros





27022002





Histoacuterias para aquecer o coraccedilatildeo 2 J Canfield e M V Hansen Os 100 segredos das pessoas felizes David Niven


168

06032002



Palavras de sabedoria Dalai Lama Quem mexeu no meu queijo Spencer Johnson


Quando eacute preciso voltar Ziacutebia Gasparetto Histoacuterias para aquecer o coraccedilatildeo 2 J Canfield e M V Hansen Os 100 segredos das pessoas felizes David Niven


13032002





Quando eacute preciso voltar Ziacutebia Gasparetto Histoacuterias para aquecer o coraccedilatildeo 2 J Canfield e M V Hansen



20032002


O que vale a pena Wendy Lustbader

Decifrar pessoas Jo-Ellan Dimitrius Quem mexeu no meu queijo Spencer Johnson


Vocecirc ndash a alma do negoacutecio Roberto Shinyashiki Os 100 segredos das pessoas felizes David Niven


27032002


A semente da vitoacuteria Nuno cobra Histoacuterias para aquecer o coraccedilatildeo 2 J Canfield e M V Hansen



Quando eacute preciso voltar Ziacutebia Gasparetto Vocecirc ndash a alma do negoacutecio Roberto Shinyashiki



03042002





Quando eacute preciso voltar Ziacutebia Gasparetto O que vale a pena Wendy Lustbader



10042002








17042002



Decifrar pessoas Jocirc-Ellan Dimitrius Quem mexeu no meu queijo Spencer Johnson


O que vale a pena Wendy Lustbader Os 100 segredos das pessoas felizes David Niven


169

24042002


Ioga no trabalho Darrin Zeer

A marca ndash a besta controla o mundo Tin LaHaye e Jerry B Jenkis Quem mexeu no meu queijo Spencer Johnson





01052002


A semente da vitoacuteria Nuno cobra Ioga no trabalho Darrin Zeer

A marca ndash a besta controla o mundo Tin LaHaye e Jerry B Jenkis





08052002







15052002


A semente da vitoacuteria Nuno cobra Histoacuterias para aquecer o coraccedilatildeo das matildees JCanfield MHansen JHawtorne

Vocecirc nunca estaacute soacute Antoinette Sampson





22052002


Histoacuterias para aquecer o coraccedilatildeo das matildees JCanfield MHansen JHawtorne

Um dia de catildeo Jim Dratfield Quem mexeu no meu queijo Spencer Johnson





29052002



Um dia de catildeo Jim Dratfield





05062002


Vocecirc eacute insubstituiacutevel Augusto Jorge Cury





170

12062002





Quando eacute preciso voltar Ziacutebia Gasparetto Aprendendo a conviver com quem se ama Neale Donaldo Walsch



19062002


A semente da vitoacuteria Nuno cobra Vocecirc eacute insubstituiacutevel Augusto Jorge Cury


Quem mexeu no meu queijo Spencer Johnson Eu te amo Gabriela Nascimento S Souza

O que vale a pena Wendy Lustbader Aprendendo a conviver com quem se ama Neale Donaldo Walsch



26062002




Eu te amo Gabriela Nascimento S Souza O que vale a pena Wendy Lustbader

Viva feliz Vaacuterios autores Os 100 segredos das pessoas felizes David Niven


03072002





O que vale a pena Wendy Lustbader Viva feliz Vaacuterios autores



10072002




Eu te amo Gabriela Nascimento S Souza




17072002





Ningueacutem eacute de ningueacutem Ziacutebia Gasparetto Viva feliz Vaacuterios autores



24072002




Eu te amo Gabriela Nascimento S Souza Decifrar pessoas Jocirc-Ellan Dimitrius



171

31072002



O que vale a penahellip Wendy Lustbader Quem mexeu no meu queijo Spencer Johnson

O sentido da vida Bradley Trevor Greive

Decifrar pessoas Jocirc-Ellan Dimitrius Querida mamatildee ndash obrigado por tudo Bradley Trevor Greive Os 100 segredos das pessoas felizes David Niven


07082002



Eu te amo Grabiela Nascimento S Souza

Quem mexeu no meu queijo Spencer Johnson O sentido da vida Bradley Trevor Greive

Decifrar pessoas Jocirc-Ellan Dimitrius Querida mamatildee ndash obrigado por tudo Bradley Trevor Greive


Pai ndash o grande heroacutei da vida Vaacuterios autores

14082002



O que vale a pena Wendy Lustbader Quem mexeu no meu queijo Spencer Johnson

O sentido da vida Bradley Trevor Greive A arte da felicidade ndash uma manual para a vida Dalai Lama e Howard Cutler

Querida mamatildee ndash obrigado por tudo Bradley Trevor Greive Os 100 segredos das pessoas felizes David Niven


21082002





A arte da felicidade ndash uma manual para a vida Dalai Lama e Howard Cutler Querida mamatildee ndash obrigado por tudo Bradley Trevor Greive



28082002

Um dia ldquodaquelesrdquo Bradley Trevor Greive Um dia de catildeo Jim Dratfield




A arte da felicidade ndash uma manual para a vida Dalai Lama e Howard Cutler Querida mamatildee ndash obrigado por tudo Bradley Trevor Greive Os 100 segredos das pessoas felizes David Niven


04092002


Um dia de catildeo Jim Dratfield Vocecirc eacute insubstituiacutevel Augusto Jorge Cury

A semente da vitoacuteria Nuno Cobra


A arte da felicidade ndash uma manual para a vida Dalai Lama e Howard Cutler Viva feliz Vaacuterios autores



11092002



A semente da vitoacuteria Nuno Cobra Quem mexeu no meu queijo Spencer Johnson


Decifrar pessoas Jo-Ellan Dimitrius Os 100 segredos das pessoas felizes David Niven


172

18092002

Um dia ldquodaquelesrdquo Bradley Trevor Greive Eu te amo Gabriela Nascimento S Souza




A arte da felicidade ndash uma manual para a vida Dalai Lama e Howard Cutler Decifrar pessoas Jo-Ellan Dimitrius



25092002


Eu te amo Gabriela Nascimento S Souza Vocecirc eacute insubstituiacutevel Augusto Jorge Cury






02102002




O sentido da vida Bradley Trevor Greive Aprendendo a silenciar a mente Osho


Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor Allan e Baacuterbara Pease

16102002


A arte da felicidade ndash um manual para a vida Dalai Lama e Howard Cutler Vocecirc eacute insubstituiacutevel Augusto Jorge Cury



Sua vida em primeiro lugar Cheryl Richardson Querida mamatildee ndash obrigado por tudo Bradley Trevor Greive



23102002

Um dia ldquodaquelesrdquo Bradley Trevor Greive Os 100 segredos das pessoas de sucesso David Niven




Eu te amo Gabriela Nascimento S Souza Querida mamatildee ndash obrigado por tudo Bradley Trevor Greive Os 100 segredos das pessoas felizes David Niven


30102002


Os 100 segredos das pessoas de sucesso David Niven Vocecirc eacute insubstituiacutevel Augusto Jorge Cury



A arte da felicidade ndash um manual para a vida Dalai Lama e Howard Cutler Aprendendo a silenciar a mente Osho



06112002




O sentido da vida Bradley Trevor Greive A arte da felicidade ndash um manual para a vida Dalai Lama e Howard Cutler

Em busca do priacutencipe encantando Bradley Trevor Greive Os 100 segredos das pessoas felizes David Niven


173

20112002





A arte da felicidade ndash um manual para a vida Dalai Lama e Howard Cutler Em busca do priacutencipe encantando Bradley Trevor Greive Os 100 segredos das pessoas felizes David Niven

Sua vida em primeiro lugar Cheryl Richardson

27112002


Vocecirc ndash a alma do negoacutecio Roberto Shinyashiki Vocecirc eacute insubstituiacutevel Augusto Jorge Cury



A arte da felicidade Dalai Lama e Howard Cutler Aprendendo a silenciar a mente Osho



04122002

Um dia ldquodaquelesrdquo Bradley Trevor Greive Quem ama educa Iccedilami Tiba

Um dia de catildeo Jim Dratfield A semente da vitoacuteria Nuno Cobra


O sentido da vida Bradley Trevor Greive A arte da felicidade Dalai Lama e Howard Cutler

Os 100 segredos das pessoas de sucesso David Niven Os 100 segredos das pessoas felizes David Niven

Vocecirc eacute insubstituiacutevel Augusto Cury

11122002


Tudo tem seu preccedilo Ziacutebia Gasparetto A semente da vitoacuteria Nuno Cobra


Criando meninos Steve Biddulph

A arte da felicidade Dalai Lama e Howard Cutler Os 100 segredos das pessoas de sucesso David Niven

Os 100 segredos das pessoas felizes David Niven Vocecirc eacute insubstituiacutevel Augusto Cury

18122002


Quem ama educa Iccedilami Tiba






25122002


Quando eacute preciso voltar Ziacutebia Gasparetto Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor Allan e Barbara Pease



A arte da felicidade Dalai Lama e Howard Cutler Querida mamatildee ndash obrigado por tudo Bradley Trevor Greive


174

2003 = 49 listas

08012003

Um dia ldquodaquelesrdquo Bradley Trevor Greive Criando meninos Steve Biddulph

Tudo tem seu preccedilo Ziacutebia Gasparetto



Aprendendo a silenciar a mente Osho Querida mamatildee ndash obrigado por tudo Bradley Trevor Greive

Os 100 segredos das pessoas de sucesso David Niven


15012003


Criando meninos Steve Biddulph Tudo tem seu preccedilo Ziacutebia Gasparetto


Quem mexeu no meu queijo Spencer Johnson Os 100 segredos das pessoas felizes David Niven




22012003

Quem ama educa Iccedilami Tiba Criando meninos Steve Biddulph



Os 100 segredos das pessoas felizes David Niven Aprendendo a silenciar a mente Osho

O sentido da vida Bradley Trevor Greive Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor Allan e Barbara Pease


29012003


Ningueacutem eacute de ningueacutem Ziacutebia Gasparetto Tudo tem seu preccedilo Ziacutebia Gasparetto



Aprendendo a silenciar a mente Osho O sentido da vida Bradley Trevor Greive



05022003

Quem ama educa Iccedilami Tiba A arte da felicidade Dalai Lama e Howard Cutler



Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor Allan e Barbara Pease

Aprendendo a silenciar a mente Osho Criando meninos Steve Biddulph



12022003


A arte da felicidade Dalai Lama e Howard Cutler Tudo tem seu preccedilo Ziacutebia Gasparetto






19022003




O livro de ouro da felicidade Dalai Lama Aprendendo a silenciar a mente Osho

Criando meninos Steve Biddulph O sentido da vida Bradley Trevor Greive


175

26022003



A semente da vitoacuteria Nuno Cobra Quem mexeu no meu queijo Spencer Johnson O livro de ouro da felicidade Dalai Lama




05032003




Quem mexeu no meu queijo Spencer Johnson O livro de ouro da felicidade Dalai Lama




12032003




Natildeo leve a vida tatildeo a seacuterio Hugh Prather Os 100 segredos das pessoas felizes David Niven

Criando meninos Steve Biddulph Os 100 segredos das pessoas de sucesso David Niven


19032003





O sentido da vida Bradley Trevor Greive Criando meninos Steve Biddulph



26032003





O sentido da vida Bradley Trevor Greive A vida eacute bela Dominique Glocheux



02042003








09042003




Decifrar pessoas Jo-Ellan Dimitrius Natildeo leve a vida tatildeo a seacuterio Hugh Prather

Ningueacutem eacute de ningueacutem Ziacutebia Gasparetto Os 100 segredos das pessoas de sucesso David Niven


176

16042003





Natildeo leve a vida tatildeo a seacuterio Hugh Prather Ningueacutem eacute de ningueacutem Ziacutebia Gasparetto



23042003


A arte da felicidade Dalai Lama e Howard Cutler O sentido da vida Bradley Trevor Greive






30042003





Vocecirc eacute insubstituiacutevel Augusto Jorge Cury Os 100 segredos das pessoas de sucesso David Niven


07052003


A arte da felicidade Dalai Lama e Howard Cutler A arte da guerra Sun Tzu


Quem mexeu no meu queijo Spencer Johnson Pai rico pai pobre R Kiyosaki e Sharon Lester

As sete leis espirituais do sucesso Deepak Chopra Vocecirc eacute insubstituiacutevel Augusto Jorge Cury

A vida eacute bela Dominique Glocheux


14052003

Quem ama educa Iccedilami Tiba A incriacutevel verdade sobre as matildees Bradley Trevor Greive



Natildeo leve a vida tatildeo a seacuterio Hugh Prather




21052003


A incriacutevel verdade sobre as matildees Bradley Trevor Greive Tudo tem seu preccedilo Ziacutebia Gasparetto


Quem mexeu no meu queijo Spencer Johnson Natildeo leve a vida tatildeo a seacuterio Hugh Prather

Querida mamatildee ndash obrigado por tudo Bradley Trevor Greive Vai amanhecer outra vez Ricky Medeiros

Pai rico pai pobre R Kiyosaki e Sharon Lester


28052003




Natildeo leve a vida tatildeo a seacuterio Hugh Prather A arte da guerra Sun Tzu

O poder da soluccedilatildeo Roberto Shinyashiki Pai rico pai pobre R Kiyosaki e Sharon Lester


177

04062003

Quem ama educa Iccedilami Tiba Tudo tem seu preccedilo Ziacutebia Gasparetto




A arte da felicidade Dalai Lama e Howard Cutler O poder da soluccedilatildeo Roberto Shinyashiki Pai rico pai pobre R Kiyosaki e Sharon Lester


11062003


Tudo tem seu preccedilo Ziacutebia Gasparetto Os 100 segredos das pessoas felizes David Niven



Vai amanhecer outra vez Ricky Medeiros O poder da soluccedilatildeo Roberto Shinyashiki



18062003



A semente da vitoacuteria Nuno Cobra Eu te amo Gabriela Nascimento S Souza

Natildeo leve a vida tatildeo a seacuterio Hugh Prather Vai amanhecer outra vez Ricky Medeiros



25062003


Tudo tem seu preccedilo Ziacutebia Gasparetto Quem mexeu no meu queijo Spencer Johnson


Eu te amo Gabriela Nascimento S Souza Natildeo leve a vida tatildeo a seacuterio Hugh Prather

O segredo das crianccedilas felizes Steve Biddulph O poder da soluccedilatildeo Roberto Shinyashiki



02072003




Um dia ldquoldquodaquelesrdquordquo Bradley Trevor Greive

Arte da guerra Sun Tzu O poder da soluccedilatildeo Roberto Shinyashiki Pai rico pai pobre R Kiyosaki e Sharon Lester


09072003




Vai amanhecer outra vez Ricky Medeiros Um dia ldquoldquodaquelesrdquordquo Bradley Trevor Greive

Arte da guerra Sun Tzu O poder da soluccedilatildeo Roberto Shinyashiki



16072003



Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor Allan e Baacuterbara Pease Criando meninas Gisela Preuschoff

O direito de ser feliz Eliana Machado Coelho Arte da guerra Sun Tzu

O poder da soluccedilatildeo Roberto Shinyashiki Natildeo leve a vida tatildeo a seacuterio Hugh Prather


178

23072003



Quando chega a hora Ziacutebia gasparetto Criando meninas Gisela Preuschoff


A arte da felicidade Dalai Lama e Howard Cutler O poder da soluccedilatildeo Roberto Shinyashiki



30072003




Criando meninas Gisela Preuschoff O segredo das crianccedilas felizes Steve Biddulph




13082003



A semente da vitoacuteria Nuno Cobra Criando meninas Gisela Preuschoff

Mentes inquietas Ana Beatriz Silva A arte da felicidade Dalai Lama e Howard Cutler



20082003




Criando meninas Gisela Preuschoff Mentes inquietas Ana Beatriz Silva

Pai ndash o grande heroacutei da vida Vaacuterios autores Pai rico pai pobre Robert Kiyosaki e Sharon Lester



27082003



Por que os homens mentem e as mulheres choram Allan e Baacuterbara Pease Criando meninas Gisela Preuschoff Mentes inquietas Ana Beatriz Silva




03092003



Por que os homens mentem e as mulheres choram Allan e Baacuterbara Pease


Pai ndash o grande heroacutei da vida Vaacuterios autores A semente da vitoacuteria Nuno Cobra



10092003



Por que os homens fazem sexo e as mulheres amor Allan e Baacuterbara Pease Criando meninas Gisela Preuschoff

Mentes inquietas Ana Beatriz Silva Pai rico pai pobre Robert Kiyosaki e Sharon Lester

A semente da vitoacuteria Nuno Cobra Natildeo leve a vida tatildeo a seacuterio Hugh Prather


179

17092003



Arte da guerra Sun Tzu Criando meninas Gisela Preuschoff


O segredo das crianccedilas felizes Steve Biddulph A semente da vitoacuteria Nuno Cobra

Viva feliz Vaacuterios autores


24092003





Natildeo leve a vida tatildeo a seacuterio Hugh Prather A semente da vitoacuteria Nuno Cobra

Os 100 segredos dos bons relacionamentos David Niven


01102003

Quem ama educa Iccedilami Tiba Os 100 segredos das pessoas felizes David Niven




A semente da vitoacuteria Nuno Cobra Os 100 segredos dos bons relacionamentos David Niven


08102003


Vocecirc eacute insubstituiacutevel Augusto Cury Quem mexeu no meu queijo Spencer Johnson


Criando meninas Gisela Preuschoff A arte da felicidade Dalai Lama e Howard Cutler




15102003

Quem ama educa Iccedilami Tiba O poder da soluccedilatildeo Roberto Shinyashiki


Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor Allan e Baacuterbara Pease Criando meninas Gisela Preuschoff Mentes inquietas Ana Beatriz Silva




22102003



Os dez mandamentos da eacutetica Gabriel Chalita





29102003

Quem ama educa Iccedilami Tiba Levando a vida numa boa Ernie J Zelinski


Os dez mandamentos da eacutetica Gabriel Chalita O poder da soluccedilatildeo Roberto Shinyashiki

Mentes inquietas Ana Beatriz Silva Natildeo leve a vida tatildeo a seacuterio Hugh Prather



180

05112003

Quem ama educa Iccedilami Tiba Ateacute que a vida os separe Mocircnica de Castro


Os dez mandamentos da eacutetica Gabriel Chalita Criando meninas Gisela Preuschoff Mentes inquietas Ana Beatriz Silva

A dieta de South Beach Arthur Agatston A semente da vitoacuteria Nuno Cobra



12112003








19112003

Quem ama educa Iccedilami Tiba Quem mexeu no meu queijo Para jovens Spencer Johnson


Pais brilhantes professores fascinantes Augusto Cury Criando meninas Gisela Preuschoff

Mentes inquietas Ana Beatriz Silva A dieta de South Beach Arthur Agatston

A semente da vitoacuteria Nuno Cobra Ateacute que a vida os separe Mocircnica de Castro


26112003


Arte da guerra Sun Tzu Quem mexeu no meu queijo Spencer Johnson

Pais brilhantes professores fascinantes Augusto Cury

Criando meninas Gisela Preuschoff Tudo tem seu preccedilo Ziacutebia Gasparetto


Ateacute que a vida os separe Mocircnica de Castro


03122003

Quem ama educa Iccedilami Tiba Arte da guerra Sun Tzu


Sem regras para amar Eliana Machado Coelho Criando meninas Gisela Preuschoff




Mentes inquietas Ana Beatriz Silva

10122003



Sem regras para amar Eliana Machado Coelho




Na sala com Danuza 2 Danuza Leatildeo

17122003

Quem ama educa Iccedilami Tiba Pais brilhantes professores fascinantes Augusto Cury


Quem mexeu no meu queijo Para jovens Spencer Johnson Criando meninos Steve Biddulph

Tudo tem seu preccedilo Ziacutebia Gasparetto A dieta de South Beach Arthur Agatston

A semente da vitoacuteria Nuno Cobra Pai rico pai pobre Robert Kiyosaki e Sharon Lester


181

2004 = 50 listas

07012004

Quem ama educa Iccedilami Tiba Na sala com Danuza 2 Danuza Leatildeo


Quem mexeu no meu queijo Para jovens Spencer Johnson Os 100 segredos dos bons relacionamentos David Niven


A dieta de South Beach Arthur Agatston A semente da vitoacuteria Nuno Cobra Pai rico pai pobre Robert Kiyosaki e Sharon Lester

Tudo valeu a pena Ziacutebia Gasparetto

21012004


Criando meninos Steve Biddulph Quem mexeu no meu queijo Spencer Johnson

A dieta de South Beach Arthur Agatston

Tudo tem seu preccedilo Ziacutebia Gasparetto Tudo valeu a pena Ziacutebia Gasparetto

Pais brilhantes professores fascinantes Augusto Cury A semente da vitoacuteria Nuno Cobra

A arte da guerra Sun Tzu


28012004

Quem ama educa Iccedilami Tiba Vocecirc eacute do tamanho de seus sonhos Ceacutesar Souza


A dieta de South Beach Arthur Agatston Mentes inquietas Ana Beatriz Silva

Tudo valeu a pena Ziacutebia Gasparetto Pais brilhantes professores fascinantes Augusto Cury



04022004


A arte da guerra Sun Tzu Quem mexeu no meu queijo Spencer Johnson


Criando meninas Gisela Preuschoff Tudo valeu a pena Ziacutebia Gasparetto

Quem mexeu no meu queijo Para jovens Spencer Johnson A semente da vitoacuteria Nuno Cobra



11022004

Quem ama educa Iccedilami Tiba Mentes inquietas Ana Beatriz Silva


A dieta de South Beach Arthur Agatston Na sala com Danuza 2 Danuza Leatildeo





18022004




Na sala com Danuza 2 Danuza Leatildeo Tudo valeu a pena Ziacutebia Gasparetto




25022004

Quem ama educa Iccedilami Tiba Vocecirc eacute insubstituiacutevel Augusto Cury


A dieta de South Beach Arthur Agatston Natildeo leve a vida tatildeo a seacuterio Hugh Prather

Tudo valeu a pena Ziacutebia Gasparetto Tudo tem seu preccedilo Ziacutebia Gasparetto

A semente da vitoacuteria Nuno Cobra Criando meninos Steve Biddulph


182

03032004








10032004




Criando meninos Steve Biddulph Ateacute que a vida os separe Mocircnica de Castro




17032004

Quem ama educa Iccedilami Tiba A arte da guerra Sun Tzu


A dieta de South Beach Arthur Agatston Criando meninos Steve Biddulph

Ateacute que a vida os separe Mocircnica de Castro Mentes inquietas Ana Beatriz Silva

A semente da vitoacuteria Nuno Cobra Tudo valeu a pena Ziacutebia Gasparetto


24032004




Criando meninos Steve Biddulph Natildeo leve a vida tatildeo a seacuterio Hugh Prather

Mentes inquietas Ana Beatriz Silva A semente da vitoacuteria Nuno Cobra



31032004

Quem ama educa Iccedilami Tiba Mentes amp manias Ana Beatriz Silva


A dieta de South Beach Arthur Agatston Vocecirc eacute do tamanho de seus sonhos Ceacutesar Souza


Mentes inquietas Ana Beatriz Silva A semente da vitoacuteria Nuno Cobra Tudo valeu a pena Ziacutebia Gasparetto


07042004


Mentes amp manias Ana Beatriz Silva Quem mexeu no meu queijo Spencer Johnson


Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor Allan e Baacuterbara Pease Natildeo leve a vida tatildeo a seacuterio Hugh Prather




14042004



A dieta de South Beach Arthur Agatston Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor Allan e Baacuterbara Pease

Natildeo leve a vida tatildeo a seacuterio Hugh Prather Mentes inquietas Ana Beatriz Silva



183

21042004







28042004


Natildeo leve a vida tatildeo a seacuterio Hugh Prather Quem mexeu no meu queijo Spencer Johnson


Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor Allan e Baacuterbara Pease Vocecirc eacute do tamanho de seus sonhos Ceacutesar Souza

Pai rico pai pobre Robert Kiyosaki e Sharon Lester A semente da vitoacuteria Nuno Cobra



05052004

Quem ama educa Iccedilami Tiba Natildeo leve a vida tatildeo a seacuterio Hugh Prather



Um dia ldquoldquodaquelesrdquordquo (ediccedilatildeo de bolso) Bradley Trevor Greive Homem-cobra mulher-polvo Iccedilami Tiba

O amanhatilde Bradley Trevor Greive Tudo valeu a pena Ziacutebia Gasparetto


12052004




Caminhos e escolhas Abiacutelio Diniz Um dia ldquodaquelesrdquo (ediccedilatildeo de bolso) Bradley Trevor Greive

Homem-cobra mulher-polvo Iccedilami Tiba A semente da vitoacuteria Nuno Cobra



19052004



A dieta de South Beach Arthur Agatston Caminhos e escolhas Abiacutelio Diniz

Um dia ldquoldquodaquelesrdquordquo (ediccedilatildeo de bolso) Bradley Trevor Greive

Homem-cobra mulher-polvo Iccedilami Tiba A semente da vitoacuteria Nuno Cobra Tudo valeu a pena Ziacutebia Gasparetto


26052004


A incriacutevel verdade sobre as matildees Bradley Trevor Greive Quem mexeu no meu queijo Spencer Johnson


Caminhos e escolhas Abiacutelio Diniz Um dia ldquoldquodaquelesrdquordquo (ediccedilatildeo de bolso) Bradley Trevor Greive

Homem-cobra mulher-polvo Iccedilami Tiba Chique eacute ser saudaacutevel Heloisa Bernardes



02062004




Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor Allan e Baacuterbara Pease Homem-cobra mulher-polvo Iccedilami Tiba

A arte da guerra para mulheres Chin-Ning Chu Tudo valeu a pena Ziacutebia Gasparetto


184

09062004

Pai rico pai pobre Robert Kiyosaki e Sharon Lester Pais brilhantes professores fascinantes Augusto Cury




Homem-cobra mulher-polvo Iccedilami Tiba A arte da guerra para mulheres Chin-Ning Chu



16062004

Pai rico pai pobre Robert Kiyosaki e Sharon Lester

Pais brilhantes professores fascinantes Augusto Cury Quem mexeu no meu queijo Spencer Johnson


Caminhos e escolhas Abiacutelio Diniz Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor Allan e Baacuterbara Pease

Homem-cobra mulher-polvo Iccedilami Tiba Quem ama educa Iccedilami Tiba



23062004

Amo vocecirc Paula Ramos Pais brilhantes professores fascinantes Augusto Cury




Um dia ldquoldquodaquelesrdquordquo (ediccedilatildeo de bolso) Bradley Trevor Greive Tudo valeu a pena Ziacutebia Gasparetto


30062004

O preccedilo de ser diferente Mocircnica de Castro




Homem-cobra mulher-polvo Iccedilami Tiba Um dia ldquoldquodaquelesrdquordquo (ediccedilatildeo de bolso) Bradley Trevor Greive



07072004








14072004

Medicina alternativa de A a Z Carlos Nascimento Spethmann




Homem-cobra mulher-polvo Iccedilami Tiba O preccedilo de ser diferente Mocircnica de Castro



21072004

A semente da vitoacuteria Nuno Cobra Pais brilhantes professores fascinantes Augusto Cury




O preccedilo de ser diferente Mocircnica de Castro Tudo valeu a pena Ziacutebia Gasparetto


185

28072004








04082004








11082004

Medicina alternativa de A a Z Carlos Nascimento Spethmann Pais brilhantes professores fascinantes Augusto Cury






18082004






O melhor pai do mundo Lee Stannel


25082004








01092004





Homem-cobra mulher-polvo Iccedilami Tiba Medicina alternativa de A a Z Carlos Nascimento Spethmann



08092004





Medicina alternativa de A a Z Carlos Nascimento Spethmann Tudo valeu a pena Ziacutebia Gasparetto


186

15092004





Chic[eacuterrimo] Gloacuteria Kalil Medicina alternativa de A a Z Carlos Nascimento Spethmann



22092004

Homem-cobra mulher-polvo Iccedilami Tiba







29092004

Homem-cobra mulher-polvo Iccedilami Tiba Pais brilhantes professores fascinantes Augusto Cury



Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor Allan e Baacuterbara Pease Chic[eacuterrimo] Gloacuteria Kalil

Medicina alternativa de A a Z Carlos Nascimento Spethmann A semente da vitoacuteria Nuno Cobra


06102004








13102004

Tudo vale a pena Ziacutebia Gasparetto Pais brilhantes professores fascinantes Augusto Cury







20102004








27102004

Por traacutes do veacuteu de Iacutesis Marcel Souto Maior Pais brilhantes professores fascinantes Augusto Cury






187

03112004








10112004

Por traacutes do veacuteu de Iacutesis Marcel Souto Maior





O monge e o executivo James Hunter


17112004





Medicina alternativa de A a Z Carlos Nascimento Spethmann Um dia ldquoldquodaquelesrdquordquo (ediccedilatildeo de bolso) Bradley Trevor Greive


24112004


Pais brilhantes professores fascinantes Augusto Cury Guia de alimentos da dieta de South Beach Augusto Cury




Nunca desista de seus sonhos Augusto Cury


01122004

O monge e o executivo James Hunter Pais brilhantes professores fascinantes Augusto Cury




Chic[eacuterrimo] Gloacuteria Kalil Medicina alternativa de A a Z Carlos Nascimento Spethmann Nunca desista de seus sonhos Augusto Cury


08122004


Pais brilhantes professores fascinantes Augusto Cury Um dia ldquoldquodaquelesrdquordquo (ediccedilatildeo de bolso) Bradley Trevor Greive






15122004



Vocecirc eacute insubstituiacutevel Augusto Cury Caminhos e escolhas Abiacutelio Diniz


Medicina alternativa de A a Z Carlos Nascimento Spethmann Nunca desista de seus sonhos Augusto Cury


188

22122004

Um amor de verdade Ziacutebia Gasparetto Pais brilhantes professores fascinantes Augusto Cury


Vocecirc eacute insubstituiacutevel Augusto Cury As cinco pessoas que vocecirc encontra no ceacuteu Mitch Albom




189

2005 = 51 listas

05012005



Vocecirc eacute insubstituiacutevel Augusto Cury Filtro solar Mary Schmich




19012005

Um amor de verdade Ziacutebia Gasparetto

Pais brilhantes professores fascinantes Augusto Cury O monge e o executivo James Hunter

Chic[eacuterrimo] Gloacuteria Kalil

Vocecirc eacute insubstituiacutevel Augusto Cury Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor Allan e Baacuterbara Pease

Nunca desiste de seus sonhos Augusto Cury Medicina alternativa de A a Z Carlos Nascimento Spethmann



26012005



Chic[eacuterrimo] Gloacuteria Kalil Quem ama educa Iccedilami Tiba

Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor Allan e Baacuterbara Pease Nunca desiste de seus sonhos Augusto Cury

Medicina alternativa de A a Z Carlos Nascimento Spethmann Pai rico pai pobre Robert Kiyosaki e Sharon Lester


02022005




Quem ama educa Iccedilami Tiba Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor Allan e Baacuterbara Pease


Caminhos e escolhas Abiacutelio Diniz


09022005








16022005


Pais brilhantes professores fascinantes Augusto Cury Filtro Solar Mary Schmich






23022005




Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor Allan e Baacuterbara Pease Nunca desista de seus sonhos Augusto Cury



190

02032005





Nunca desista de seus sonhos Augusto Cury Caminhos e escolhas Abiacutelio Diniz



09032005






Como ser feliz apesar de tudo Hugh Prather


16032005



Natildeo leve a vida tatildeo a seacuterio Hugh Prather Vocecirc eacute insubstituiacutevel Augusto Cury


Caminhos e escolhas Abiacutelio Diniz Como ser feliz apesar de tudo Hugh Prather


23032005








30032005








06042005


Pais brilhantes professores fascinantes Augusto Cury Como ser feliz apesar de tudo Hugh Prather



Nunca desista de seus sonhos Augusto Cury Jesus o maior psicoacutelogo que jaacute existiu Mark Baker



13042005





Jesus o maior psicoacutelogo que jaacute existiu Mark Baker Pai rico pai pobre Robert Kiyosaki e Sharon Lester


191

20042005








27042005


Pais brilhantes professores fascinantes Augusto Cury Caminhos e escolhas Abiacutelio Diniz


As mulheres francesas natildeo engordam Mireille Guiliano Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor Allan e Baacuterbara Pease




04052005



Natildeo leve a vida tatildeo a seacuterio Hugh Prather As mulheres francesas natildeo engordam Mireille Guiliano


Jesus o maior psicoacutelogo que jaacute existiu Mark Baker Vocecirc eacute insubstituiacutevel Augusto Cury


11052005


Pais brilhantes professores fascinantes Augusto Cury O oitavo haacutebito Stephen R Covey






18052005



Natildeo leve a vida tatildeo a seacuterio Hugh Prather Caminhos e escolhas Abiacutelio Diniz

Paixatildeo por vencer Jack e Suzy Welch




25052005


Pais brilhantes professores fascinantes Augusto Cury Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor Allan e Baacuterbara Pease


As mulheres francesas natildeo engordam Mireille Guiliano Paixatildeo por vencer Jack e Suzy Welch


O oitavo haacutebito Stephen R Covey


01062005




Paixatildeo por vencer Jack e Suzy Welch Nunca desista de seus sonhos Augusto Cury

Jesus o maior psicoacutelogo que jaacute existiu Mark Baker Caminhos e escolhas Abiacutelio Diniz


192

08062005








15062005








22062005



Natildeo leve a vida tatildeo a seacuterio Hugh Prather Amo vocecirc Paula Ramos




29062005








06072005








13072005








20072005





Jesus o maior psicoacutelogo que jaacute existiu Mark Baker Greta Mocircnica de Castro


193

27072005



Natildeo leve a vida tatildeo a seacuterio Hugh Prather Pai rico pai pobre R Kiyosaki e Sharon Lester Paixatildeo por vencer Jack e Suzy Welch




03082005




As mulheres francesas natildeo engordam Mireille Guiliano Greta Mocircnica de Castro




10082005



Pai rico pai pobre R Kiyosaki e Sharon Lester As mulheres francesas natildeo engordam Mireille Guiliano




17082005




Querido papai Bradley Trevor Greive Natildeo leve a vida tatildeo a seacuterio Hugh Prather




24082005



Pai rico pai pobre R Kiyosaki e Sharon Lester Querido papai Bradley Trevor Greive





31082005

Desvendando os segredos da linguagem corporal Allan e Baacuterbara Pease



O poder que vem do seu nome A Liberato e Beto Junqueira Paixatildeo por vencer Jack e Suzy Welch




07092005

Desvendando os segredos da linguagem corporal Allan e Baacuterbara Pease Pais brilhantes professores fascinantes Augusto Cury


Pai rico pai pobre R Kiyosaki e Sharon Lester O poder que vem do seu nome A Liberato e Beto Junqueira


Jesus o maior psicoacutelogo que jaacute existiu Mark Baker Natildeo leve a vida tatildeo a seacuterio Hugh Prather


194

14092005








21092005




O poder que vem do seu nome A Liberato e Beto Junqueira Vocecirc eacute insubstituiacutevel Augusto Cury




28092005



Natildeo leve a vida tatildeo a seacuterio Hugh Prather O poder que vem do seu nome A Liberato e Beto Junqueira

A arte da guerra Sun Tzu Superdicas para falar bem em conversas e apresentaccedilotildees Reinaldo Polito

Jesus o maior psicoacutelogo que jaacute existiu Mark Baker Nunca desista dos seus sonhos Augusto Cury


05102005




O poder que vem do seu nome A Liberato e Beto Junqueira Adolescentes quem ama educa Iccedilami Tiba

Superdicas para falar bem em conversas e apresentaccedilotildees Reinaldo Polito Jesus o maior psicoacutelogo que jaacute existiu Mark Baker

Nunca desista dos seus sonhos Augusto Cury


12102005



Pai rico pai pobre R Kiyosaki e Sharon Lester O poder que vem do seu nome A Liberato e Beto Junqueira Adolescentes quem ama educa Iccedilami Tiba




19102005



Como trabalhar para um idiota John Hoover





26102005



Vocecirc eacute insubstituiacutevel Augusto Cury O poder que vem do seu nome A Liberato e Beto Junqueira

Adolescentes quem ama educa Iccedilami Tiba Superdicas para falar bem em conversas e apresentaccedilotildees Reinaldo Polito



195

02112005



Heroacuteis de verdade Roberto Shinyashiki O poder que vem do seu nome A Liberato e Beto Junqueira Adolescentes quem ama educa Iccedilami Tiba




09112005


Pais brilhantes professores fascinantes Augusto Cury Como trabalhar para um idiota John Hoover

Heroacuteis de verdade Roberto Shinyashiki





16112005



Heroacuteis de verdade Roberto Shinyashiki O poder que vem do seu nome A Liberato e Beto Junqueira




23112005








30112005



Heroacuteis de verdade Roberto Shinyashiki A dieta do abdocircmen David Zinczenko e Ted Spiker

Adolescentes quem ama educa Iccedilami Tiba




07122005


Pais brilhantes professores fascinantes Augusto Cury Muitas vidas uma soacute alma Brian Weiss


A dieta do abdocircmen David Zinczenko e Ted Spiker Adolescentes quem ama educa Iccedilami Tiba




14122005


Muitas vidas uma soacute alma Brian Weiss

Heroacuteis de verdade Roberto Shinyashiki Vocecirc eacute insubstituiacutevel Augusto Cury




196

21122005



Heroacuteis de verdade Roberto Shinyashiki Nada eacute por acaso Ziacutebia Gasparetto





28122005


Vocecirc eacute insubstituiacutevel Augusto Cury Muitas vidas uma soacute alma Brian Weiss


Nada eacute por acaso Ziacutebia Gasparetto Adolescentes quem ama educa Iccedilami Tiba




197

2006 = 49 listas

18012006




Nada eacute por acaso Ziacutebia Gasparetto




25012006




A dieta do abdocircmen David Zinczenko e Ted Spiker Nada eacute por acaso Ziacutebia Gasparetto




01022006




Nada eacute por acaso Ziacutebia Gasparetto Superdicas para falar bem em conversas e apresentaccedilotildees Reinaldo Polito

Jesus o maior psicoacutelogo que jaacute existiu Mark Baker Nunca desista de seus sonhos Augusto Cury


08022006





Casais inteligentes enriquecem juntos Gustavo Cerbasi Jesus o maior psicoacutelogo que jaacute existiu Mark Baker



15022006








22022006



Casais inteligentes enriquecem juntos Gustavo Cerbasi





01032006



Casais inteligentes enriquecem juntos Gustavo Cerbasi A dieta do abdocircmen David Zinczenko e Ted Spiker

Nada eacute por acaso Ziacutebia Gasparetto Heroacuteis de verdade Roberto Shinyashiki



198

08032006



Casais inteligentes enriquecem juntos Gustavo Cerbasi Segredos da alma Mocircnica de Castro Nada eacute por acaso Ziacutebia Gasparetto




08032006




Segredos da alma Mocircnica de Castro Nada eacute por acaso Ziacutebia Gasparetto




22032006



Casais inteligentes enriquecem juntos Gustavo Cerbasi Como se tornar um liacuteder servidor James Hunter




29032006



Filhos brilhantes alunos fascinantes Augusto Cury

Como se tornar um liacuteder servidor James Hunter Nada eacute por acaso Ziacutebia Gasparetto




05042006

Casais inteligentes enriquecem juntos Gustavo Cerbasi Pais brilhantes professores fascinantes Augusto Cury


Filhos brilhantes alunos fascinantes Augusto Cury Como se tornar um liacuteder servidor James Hunter





12042006





Desvendando os segredos da linguagem corporal Allan e Baacuterbara Pease Jesus o maior psicoacutelogo que jaacute existiu Mark Baker



19042006

Superdicas para falar bem em conversas e apresentaccedilotildees Reinaldo Polito Pais brilhantes professores fascinantes Augusto Cury



Nada eacute por acaso Ziacutebia Gasparetto A dieta do abdocircmen David Zinczenko e Ted Spiker



199

26042006








03052006

Superdicas para falar bem em conversas e apresentaccedilotildees Reinaldo Polito







10052006




Nada eacute por acaso Ziacutebia Gasparetto Casais inteligentes enriquecem juntos Gustavo Cerbasi



17052006








24052006



Jesus o maior liacuteder que jaacute existiu Mark Baker Como se tornar um liacuteder servidor James Hunter





31052006



Formando equipes vencedoras Carlos Alberto Parreira





07062006



Formando equipes vencedoras Carlos Alberto Parreira Como se tornar um liacuteder servidor James Hunter




200

14062006




Tudo ou nada Roberto Shinyashiki




28062006


Nada eacute por acaso Ziacutebia Gasparetto Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor Allan e Baacuterbara Pease


Como se tornar um liacuteder servidor James Hunter Tudo ou nada Roberto Shinyashiki




05072006

Superdicas para falar bem em conversas e apresentaccedilotildees Reinaldo Polito Nada eacute por acaso Ziacutebia Gasparetto


Pais brilhantes professores fascinantes Augusto Cury Como se tornar um liacuteder servidor James Hunter

Tudo ou nada Roberto Shinyashiki Casais inteligentes enriquecem juntos Gustavo Cerbasi



12072006








19072006








26072006








02082006







201

09082006



O que toda mulher inteligente deve saber Steven Carter e Juacutelia Sokol Como se tornar um liacuteder servidor James Hunter





16082006



O que toda mulher inteligente deve saber Steven Carter e Juacutelia Sokol





23082006

Os segredos da mente milionaacuteria T Harv Eker Pais brilhantes professores fascinantes Augusto Cury






30082006








06092006

Superdicas para falar bem em conversas e apresentaccedilotildees Reinaldo Polito Construindo uma vida R Justus e Sergio A de Andrade







13092006

Vocecirc estaacute louco Ricardo Semler

Construindo uma vida R Justus e Sergio A de Andrade Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor Allan e Baacuterbara Pease






20092006

Vocecirc estaacute louco Ricardo Semler Construindo uma vida R Justus e Sergio A de Andrade






202

27092006








04102006








11102006


Os segredos da mente milionaacuteria T Harv Eker





18102006


Construindo uma vida R Justus e Sergio A de Andrade Os segredos da mente milionaacuteria T Harv Eker


Como se tornar um liacuteder servidor James Hunter Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor Allan e Baacuterbara Pease




25102006








01112006


Os segredos da mente milionaacuteria T Harv Eker Nunca desista de seus sonhos Augusto Cury






08112006

Vocecirc estaacute louco Ricardo Semler Os segredos da mente milionaacuteria T Harv Eker



Como conquistar as pessoas Allan e Baacuterbara Pease Casais inteligentes enriquecem juntos Gustavo Cerbasi

Jesus o maior psicoacutelogo que jaacute existiu Mark Baker Tudo ou nada Roberto Shinyashiki


203

15112006








22112006








29112006

Vocecirc eacute insubstituiacutevel Augusto Cury Os segredos da mente milionaacuteria T Harv Eker



Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor Allan e Baacuterbara Pease Casais inteligentes enriquecem juntos Gustavo Cerbasi



06122006

Como conquistar as pessoas Allan e Baacuterbara Pease



Como se tornar um liacuteder servidor James Hunter Transformando suor em ouro Bernardinho




13122006




Transformando suor em ouro Bernardinho




20122006

O amanhatilde a Deus pertence Ziacutebia Gasparetto







27122006

O amanhatilde a Deus pertence Ziacutebia Gasparetto Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor Allan e Baacuterbara Pease



Transformando suor em ouro Bernardinho Casais inteligentes enriquecem juntos Gustavo Cerbasi




IOrientador Arnaldo Cortina



11O mercado editorial brasileiro

12Auto-ajuda e best-sellers na qualidade de cultura de massas

13O fenocircmeno da auto-ajuda um panorama histoacuterico


21O ldquopercurso gerativordquo da Semioacutetica

22O percurso gerativo em foco

23Os procedimentos enunciativos na construccedilatildeo da argumentaccedilatildeo

24O ethos do enunciador e o pathos do enunciataacuterio

25O leitor e o autor impliacutecitos


31Os componentes da gramaacutetica fundamental

32Os componentes da gramaacutetica narrativa

33Os componentes da gramaacutetica discursiva


41Hipoacuteteses sobre a constituiccedilatildeo das listas de livros

42Criteacuterios para seleccedilatildeo das listas de livros do corpus

43Apresentaccedilatildeo do corpus

Rocco


Rocco



61A semacircntica do niacutevel fundamental

62Euforia e disforia

63O percurso dos actantes funcionais

64O destinador-manipulador

65O destinador-manipulador e destinataacuterio-sujeito

66As fases da narrativa

67A competecircncia

68Competecircncia e perfoacutermance

69A natureza do objeto-valor

610Objetos-valor modais e descritivos

611As marcas do enunciador e do enunciataacuterio

612Tematizaccedilatildeo e figurativizaccedilatildeo

613A predominacircncia de temas

614A predominacircncia de figuras

615A convivecircncia de temas e de figuras

616Sugestotildees tipoloacutegicas para os textos de auto-ajuda




ANEXOS

1







Araraquara ndash SP

2009

2









_______________________________________________________



________________________________________________________



_________________________________________________________



3


203 f 30 cm



de Araraquara



4

Agradecimentos









5

Resumo



discursiva

6

Abstract



7

Sumaacuterio









































ANEXOS 133

8































178)

9



























10

































11



































12



































13































14


































15




capiacutetulos











para o consumo



















16








17





neste trabalho

























18



































19



























20

































21

































22
















23









media





















(ibid p 16)



24































25





























26



























mundo capitalista





27



























28












29

























30



































31































32
























sentidordquo








33



























34

































35






(2004 p 403)


s2 fecircmea


Natildeo-fecircmea

s1 macho

Contrariedade


Complementaridade


S sexualidade


sexualidade

36































37



































38









sujeito do fazer
























39



Ov = objeto-valor






























40

































41


























42


































43































44


































45


primeira (eu)































46




























47
















como














48































(CORTINA 2006 p 2)

49










(foco interno)




















grifos do autor)

50





















51






























52


































53



















12)











54




















subjetivo













55























56
































57


































58



































59






















60








dez de 2006)


61






















62






livros







Z






63























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estrangeiras


















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livro













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positivamente















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sorrindo etc (p 17)








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culinaacuterias














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1998)








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comportamento







possiacutevel






o seu conselho


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vida de bem-estar





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vida














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profissionalmente

























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entre as pessoas







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narrativa












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conceitos








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portanto







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fazer


























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24041991







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1992 = 14 listas

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Parati Amyr Klink







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1994 = 10 listas

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1995 = 14 listas

22021995








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17011996








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Frases Paulo Coelho




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Frases Paulo Coelho





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Frases Paulo Coelho




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Frases Paulo Coelho




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1997 = 06 listas

08011997








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1999 = 18 listas

13011999







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2000 = 38 listas

26012000







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2001 = 49 listas

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2002 = 48 listas

09012002








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31072002







07082002








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06112002







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20112002







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25122002







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2003 = 49 listas

08012003








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26022003







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04062003







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2004 = 50 listas

07012004







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21042004







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05052004







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02062004







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09062004








16062004








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28072004








04082004








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15092004








22092004








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06102004








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03112004








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17112004







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01122004







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22122004







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2005 = 51 listas

05012005







19012005








26012005







02022005








09022005








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02032005








09032005








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06042005








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20042005








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08062005








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22062005







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20072005







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27072005







03082005








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07092005







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14092005








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28092005







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195

02112005







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16112005







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07122005








14122005







196

21122005








28122005








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2006 = 49 listas

18012006








25012006








01022006







08022006








15022006








22022006








01032006







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08032006







08032006








22032006







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05042006








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26042006








03052006








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17052006








24052006








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07062006







200

14062006








28062006








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02082006







201

09082006








16082006








23082006







30082006








06092006








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20092006







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15112006








22112006








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20122006








27122006




























Rocco


Rocco









67A competecircncia













ANEXOS

2









_______________________________________________________



________________________________________________________



_________________________________________________________



3


203 f 30 cm



de Araraquara



4

Agradecimentos









5

Resumo



discursiva

6

Abstract



7

Sumaacuterio









































ANEXOS 133

8































178)

9



























10

































11



































12



































13































14


































15




capiacutetulos











para o consumo



















16








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neste trabalho

























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19



























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21

































22
















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media





















(ibid p 16)



24































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mundo capitalista





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29

























30



































31































32
























sentidordquo








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35






(2004 p 403)


s2 fecircmea


Natildeo-fecircmea

s1 macho

Contrariedade


Complementaridade


S sexualidade


sexualidade

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sujeito do fazer
























39



Ov = objeto-valor






























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41


























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44


































45


primeira (eu)































46




























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como














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(CORTINA 2006 p 2)

49










(foco interno)




















grifos do autor)

50





















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53



















12)











54




















subjetivo













55























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57


































58



































59






















60








dez de 2006)


61






















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livros







Z






63























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anteriores o fazem

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estrangeiras


















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seus leitores

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nome Simeatildeo














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livro













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2001)


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positivamente















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sorrindo etc (p 17)








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culinaacuterias














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1998)








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comportamento







possiacutevel






o seu conselho


89


























vida de bem-estar





90





vida














91



































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profissionalmente

























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entre as pessoas







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narrativa












pragmaacutetico















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conceitos








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saber sonhar








educaccedilatildeo












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portanto







negoacutecios







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fazer


























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110





















sentimental amorosa










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figurativa








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perfoacutermance






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euforia


Sintaxe narrativa


118






Sintaxe discursiva





















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revelam


























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ANEXOS

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1991 = 10 listas

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25101995








15111995








29111995







144

1996 = 23 listas

17011996








06031996








13031996







17041996








24041996




Frases Paulo Coelho




01051996



Frases Paulo Coelho





08051996







145

22051996







05061996








12061996







19061996



Frases Paulo Coelho





26061996







24071996








31071996







146

07081996




Frases Paulo Coelho




14081996








21081996







04091996








11091996




Frases Paulo Coelho




18091996








25091996







147

16101996








06111996








148

1997 = 06 listas

08011997








05021997








19031997







30041997







02071997








16071997







149

1998 = 11 listas

11021998








11031998








06051998







15071998








05081998








26081998








09091998







150

30091998








28101998








25111998







09121998








151

1999 = 18 listas

13011999







10021999








13031999







14041999








12051999








26051999







09061999








152

23061999








07071999








21071999







04081999








25081999








08091999








22091999







153

13101999








13101999








03111999








17111999







154

2000 = 38 listas

26012000







09022000








22032000







29032000








05042000








12042000







03052000








155

10052000








17052000








24052000







31052000








07062000








14062000








21062000







156

28062000








19072000








26072000







02082000







09082000








16082000







23082000








157

30082000








06092000







13092000








20092000







27092000








04102000







11102000








158

18102000








25102000







01112000








08112000







15112000








22112000







29112000








159

06122000








13122000







20122000








160

2001 = 49 listas

17012001







24012001








31012001







07022001








14022001








21022001








28022001







161

07032001








14032001








21032001







28032001








04042001








11042001








18042001







162

25042001








02052001








09052001







16052001








23052001








30052001








06062001







163

13062001








20062001








27062001







04072001








11072001








18072001








25072001







164

01082001








08082001








15082001







22082001








29082001








05092001








12092001







165

26092001








03102001








10102001







17102001








24102001








31102001








07112001







166

14112001








21112001








28112001







05122001








12122001








19122001








19122001







167

2002 = 48 listas

09012002








16012002








30012002







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13022002








20022002








27022002







168

06032002







13032002








20032002







27032002








03042002








10042002








17042002







169

24042002








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08052002







15052002








22052002








29052002








05062002







170

12062002








19062002








26062002







03072002








10072002








17072002








24072002







171

31072002







07082002








14082002







21082002








28082002







04092002








11092002







172

18092002








25092002








02102002







16102002








23102002







30102002








06112002







173

20112002







27112002








04122002







11122002







18122002








25122002







174

2003 = 49 listas

08012003








15012003








22012003







29012003








05022003








12022003








19022003







175

26022003







05032003








12032003







19032003








26032003








02042003








09042003







176

16042003








23042003








30042003







07052003








14052003








21052003








28052003







177

04062003







11062003








18062003







25062003








02072003







09072003








16072003







178

23072003








30072003








13082003







20082003








27082003







03092003








10092003







179

17092003








24092003








01102003







08102003








15102003







22102003








29102003







180

05112003







12112003








19112003







26112003








03122003








10122003








17122003







181

2004 = 50 listas

07012004







21012004








28012004







04022004








11022004








18022004








25022004







182

03032004








10032004








17032004







24032004








31032004







07042004








14042004







183

21042004







28042004








05052004







12052004








19052004







26052004








02062004







184

09062004








16062004








23062004







30062004








07072004








14072004








21072004







185

28072004








04082004








11082004







18082004








25082004








01092004








08092004







186

15092004








22092004








29092004







06102004








13102004








20102004








27102004







187

03112004








10112004








17112004







24112004








01122004







08122004








15122004







188

22122004







189

2005 = 51 listas

05012005







19012005








26012005







02022005








09022005








16022005








23022005







190

02032005








09032005








16032005







23032005








30032005








06042005








13042005







191

20042005








27042005








04052005







11052005








18052005








25052005








01062005







192

08062005








15062005








22062005







29062005








06072005








13072005








20072005







193

27072005







03082005








10082005







17082005








24082005








31082005








07092005







194

14092005








21092005








28092005







05102005








12102005







19102005








26102005







195

02112005







09112005








16112005







23112005








30112005








07122005








14122005







196

21122005








28122005








197

2006 = 49 listas

18012006








25012006








01022006







08022006








15022006








22022006








01032006







198

08032006







08032006








22032006







29032006








05042006








12042006








19042006







199

26042006








03052006








10052006







17052006








24052006








31052006








07062006







200

14062006








28062006








05072006







12072006








19072006








26072006








02082006







201

09082006








16082006








23082006







30082006








06092006








13092006








20092006







202

27092006








04102006








11102006







18102006








25102006








01112006








08112006







203

15112006








22112006








29112006







06122006








13122006








20122006








27122006




























Rocco


Rocco









67A competecircncia













ANEXOS

3


203 f 30 cm



de Araraquara



4

Agradecimentos









5

Resumo



discursiva

6

Abstract



7

Sumaacuterio









































ANEXOS 133

8































178)

9



























10

































11



































12



































13































14


































15




capiacutetulos











para o consumo



















16








17





neste trabalho

























18



































19



























20

































21

































22
















23









media





















(ibid p 16)



24































25





























26



























mundo capitalista





27



























28












29

























30



































31































32
























sentidordquo








33



























34

































35






(2004 p 403)


s2 fecircmea


Natildeo-fecircmea

s1 macho

Contrariedade


Complementaridade


S sexualidade


sexualidade

36































37



































38









sujeito do fazer
























39



Ov = objeto-valor






























40

































41


























42


































43































44


































45


primeira (eu)































46




























47
















como














48































(CORTINA 2006 p 2)

49










(foco interno)




















grifos do autor)

50





















51






























52


































53



















12)











54




















subjetivo













55























56
































57


































58



































59






















60








dez de 2006)


61






















62






livros







Z






63























64





























65























66























anteriores o fazem

67




estrangeiras


















68


























69





















seus leitores

70























71
















nome Simeatildeo














72




















73

























74





















75

























76









livro













77



















2001)


78


























79





















80























81










positivamente















82


























83



















sorrindo etc (p 17)








84




























85




















86









culinaacuterias














87












1998)








88




comportamento







possiacutevel






o seu conselho


89


























vida de bem-estar





90





vida














91



































92





profissionalmente

























93
















entre as pessoas







94




narrativa












pragmaacutetico















95






















conceitos








96











saber sonhar








educaccedilatildeo












97




























98




























99


















portanto







negoacutecios







100


























101
































102

























103






















104


































105


fazer


























106




























107






















108


























109































110





















sentimental amorosa










111

































112



























113
























figurativa








114




















perfoacutermance






115

























116





















117


























euforia


Sintaxe narrativa


118






Sintaxe discursiva





















119












120










121































122



















123







revelam


























124


































125



































126



















pretendidos














127














128


















129



















130



















131

















132









133

ANEXOS

134









1991 = 10 listas

24041991







01051991








26061991








21081991








28081991







135

04091991








11091991








16101991







13111991








25121991







136

1992 = 14 listas

22011992







19021992








04031992







15041992








22041992








29041992








06051992







137

27051992








15071992








12081992







02091992








28101992








04111992








25111992







138

1993 = 13 listas

06011993








24021993

Parati Amyr Klink







03031993






Parati Amyr Klink

07041993



Parati Amyr Klink





02061993


Parati Amyr Klink






16061993








14071993







139

21071993







25081993








01091993







15091993








08121993







29121993








140

1994 = 10 listas

12011994








16021994








23021994







06041994








20041994








18051994








01061994







141

08061994







05101994








09111994







142

1995 = 14 listas

22021995








08031995








05041995







12041995








26041995








17051995








24051995







143

07061995








21061995








05071995







19071995








25101995








15111995








29111995







144

1996 = 23 listas

17011996








06031996








13031996







17041996








24041996




Frases Paulo Coelho




01051996



Frases Paulo Coelho





08051996







145

22051996







05061996








12061996







19061996



Frases Paulo Coelho





26061996







24071996








31071996







146

07081996




Frases Paulo Coelho




14081996








21081996







04091996








11091996




Frases Paulo Coelho




18091996








25091996







147

16101996








06111996








148

1997 = 06 listas

08011997








05021997








19031997







30041997







02071997








16071997







149

1998 = 11 listas

11021998








11031998








06051998







15071998








05081998








26081998








09091998







150

30091998








28101998








25111998







09121998








151

1999 = 18 listas

13011999







10021999








13031999







14041999








12051999








26051999







09061999








152

23061999








07071999








21071999







04081999








25081999








08091999








22091999







153

13101999








13101999








03111999








17111999







154

2000 = 38 listas

26012000







09022000








22032000







29032000








05042000








12042000







03052000








155

10052000








17052000








24052000







31052000








07062000








14062000








21062000







156

28062000








19072000








26072000







02082000







09082000








16082000







23082000








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30082000








06092000







13092000








20092000







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04102000







11102000








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25102000







01112000








08112000







15112000








22112000







29112000








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2001 = 49 listas

17012001







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