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Abordagem centrada na pessoa Jorge Esteves Médico de família e comunidade Preceptor de residência em MFC - UFRJ

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Abordagem centrada na pessoa

Jorge EstevesMédico de família e comunidade

Preceptor de residência em MFC - UFRJ

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“Esse som é sobre a ciência da persistência versus a preguiça e a descrença Paciência é a sapiência do espírito”

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Objetivos

• Estimular o uso da abordagem centrada na pessoa no cuidado/ensino a usuários/pacientes/alunos

• Refletir sobre a importância de planos singulares de cuidado/ensino

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Metodologia proposta (sujeita a alterações do coletivo)

• Aula em roda• Tempo estimado: 60 minutos• Exposição dialogada – intervenções são bem-

vindas em qualquer momento da aula• Construção coletiva do saber

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Caso 1Maria Helena vai a unidade sem agendamento e aguarda 2 horas até ser chamada. É o último

paciente do turno da manhã de Dr. Eurípedes, mas já chegou o primeiro agendado da tarde.

Médico: Boa tarde, Maria. Desculpe a demora. A Sra. veio apenas pegar o resultado do seu exame de escarro, né?

Maria Helena: Sim, doutor. Isso mesmo.

Médico: Então, Maria. Estou vendo aqui que seu resultado veio positivo. A Sra. está com tuberculose. A sra imaginava que este resultado poderia ser positivo?

Maria Helena: Há uns anos atrás uma médica me disse que eu tinha isso. Eu acho que eu não tenho. Eu não tenho dor no peito ou tosse com sangue. Mas tenho um filho que nunca termina o tratamento para essa doença. Eu já desisti de ajudá-lo.

Médico: Mas o exame infelizmente confirma que a sra tem a doença, Maria. Eu acho que você deveria tentar esquecer essas questões. Concentre-se em fazer os próximos exames de rotina e tomar os medicamentos. Farei a receita e os pedidos e agendarei nossa consulta, ok? Qualquer dúvida ou se sentir diferente, a sra retorna, certo?

Maria Helena: Certo, Doutor. Te agradeço muito.

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Introdução

• Modelo de relação médico-paciente que propõe uma ruptura no papel historicamente passivo dos pacientes no processo de seu cuidado (Gray, 2002)

• O Método Clínico Centrado no Paciente é como um movimento de trazer a prática médica de volta para o centro, de reconciliar aspectos clínicos com existenciais (McWhinney, 2003).

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Introdução

• 1951 – Carl Rogers – “Aconselhamento centrado no cliente”A pessoa como agente de transformação no processo terapêutico

• 1957 – Michael Balint – “Medicina centrada na pessoa”Oposição entre medicina centrada na doença e centrada na pessoa

• 1984 – Joseph Levenstein• 1995 – Moira Stewart

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Ver o paciente como pessoa

• Médico de cabeceira (1880) x Niilistas (1841)• 1939 – Gary Robinson – The patient as a

person – a study of the social aspects of the illness – estudos sobre os aspectos biopssicociais da doença em pacientes do Hosp. John Hopkins

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Método centrado no profissional x método centrado na pessoa

“O projeto terapêutico, que é produzido pela medicina tecnológica, é a expressão de um somatório de atos fragmentados sobre um usuário insumo, dividido por tantas unidades de produção de procedimentos quanto se puder constituir (...). Os produtos vinculados a realização da dimensão propriamente cuidadora ficam plenamente centrados nas lógicas corporativas e de produção de procedimentos, assim o vínculo passar a ser um exame, uma consulta, por exemplo.”MERHY, E.E. Saúde a Cartografia do Trabalho Vivo. 1ª ed. São Paulo: Hucitec. 2002.

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Método centrado no profissional x método centrado na pessoa

• Na medicina centrada no profissional o profissional em 70% das vezes interrompe a pessoa pelo menos a cada 18 segundos

• Dois terços do diagnóstico são feitos pela história clínica

• Uma consulta centrada no médico tem a capacidade de identificar apenas 6% dos diagnósticos das esferas psíquica e social

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Conceitos relevantes

• Tecnologia leves, dura, leveduras• Autonomia• Empoderamento• Resiliência• Trabalho vivo x trabalho morto

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Por que discutir a abordagem centrada na pessoa?

• Aumenta a satisfação de pessoas e médicos• Melhora a aderência aos tratamentos• Reduz preocupações• Reduz sintomas• Diminui a utilização dos serviços• Diminui queixas por má prática• Melhora a saúde mental• Melhora a situação fisiológica e os problemas

recorrentes

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Evidências científicas

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Quadro onde os profissionais erram

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Quando há problema na relação?• A pessoa está buscando por uma autoridade médica que lhe

diga o que está errado e o que ela deve fazer; o médico, por outro lado, deseja uma relação mais igualitária, na qual ele e a pessoa compartilham a tomada de decisão

• A pessoa deseja uma profunda e significativa relação com uma figura parental que faça por ela o que os próprios pais não fizeram; o médico, por usa vez, deseja ser um cientista biomédico que possa aplicar as descobertas da medicina moderna aos problemas das pessoas;

• A pessoa busca apenas assistência técnica do médico; o médico, entretanto, aprecia uma abordagem holística e deseja conhecer o paciente como pessoa

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Método da abordagem centrada na pessoa

1) Explorar a doença e a experiência da pessoa em estar doente2) Entender a pessoa como um todo, inteira3) Elaborar um projeto comum ao médico e à pessoa para manejar os problemas4) Incorporar prevenção e promoção de saúde na prática diária5) Intensificar a relação médico-pessoa6)Ser realista

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1.Explorar a doença e a experiência da pessoa em estar doente

• História. • Exame clínico. • Laboratório• Dimensão da doença (illness) – sentimentos

idéias, efeitos na função, expectativas

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2. Entender a pessoa como um todo, inteira

• A Pessoa – história de vida, aspectos pessoais e de desenvolvimento

• O contexto próximo – família, emprego, comunidade, suporte social

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3. Elaborar um projeto comum ao médico e à pessoa para manejar os problemas

Buscar concordância nas áreas:A) A natureza dos problemas e prioridades;B)Os objetivos do tratamentoC) Os papéis do médico e da pessoaDecisão compartilhada!!

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4 .Prevenção e promoção

Tem como objetivo (segundo OMS):• Melhorar a saúde• Reduzir riscos• Detectar precocemente as doenças• Diminuir os efeitos da doença

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5. Intensificar a relação

• Compaixão• Empatia• Cuidado• Poder• Cura• Auto-conhecimento (AWARENESS)• Transferência e contra-transferência

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5. Intensificar a relação

Curar às vezes, aliviar frequentemente, confortar

sempre

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6. Ser realista

• Tempo e “timing” – Não tentar fazer tudo para o paciente numa mesma visita

• Trabalho em equipe – Entender os limites da medicina e trabalhar em equipe com as possibilidades (viabilidade)

• Usar os recursos disponíveis

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Ser realista

X

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Stewart M. Patient-centered medicine: transforming the clinical method. (2003)

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Lopes JM Manual da Oficina para capacitar preceptores em Medicina de Família, 2009

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Conclusões• Envolver as pessoas ou as família nas decisões• Manter as pessoas ou famílias informadas• Melhorar a comunicação com pessoas e famílias• Dar às pessoas e às famílias aconselhamento e suporte• Obter consentimento informado para aqueles

procedimentos ou processos de maior risco ou possibilidade de dano

• Obter retorno das pessoas e ouvir suas opiniões sobre os cuidados prestados

• Ser franco e leal quando os efeitos colaterais ocorrerem

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“Processo de justiça (lento), educação (lento), Processo é lento de informação (lento)

Percepção (lento) Aprendizado (lento)

Processo é lento de evolução (lento) Processo quase eterno de repetição, irmão

É por isso que eu digo, leva fé A parada é essa, não tem outra

O negócio é seguir no melhor estilo conta-gotas ¨Numa relax, numa tranquila, numa boa"

O PROCESSO É LENTO - BNEGAO