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O Arquiteto, seu Plano e a

Construção do Templo

do Deus Vivo

A Revista Arte Real é um periódico maçônico virtual, fundado em 24 de fevereiro de 2007, de periodicidade mensal, distribuído, gratuitamente, pela Internet, atualmente, para 33.154 e-mails de leitores cadastrados, no Brasil e no exterior, com registro na ABIM - Associação Brasileira de Imprensa Maçônica, sob o nº 005 JV, tendo como Editor Responsável o Irmão Francisco Feitosa da Fonseca, 33º - Jornalista MTb 19038/MG.

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Exemplares da Edição ImpressaPara os leitores que não tiveram a oportunidade de assinar a edição impressa, ou que desejarem completar sua coleção, estamos disponibilizando exemplares avulsos das 22 edições publicadas. solicite através do e-mail [email protected]

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para todo o Brasil

EditorialAproveitaremos o momento solsticial, o qual

as antigas civilizações, sempre, dedicaram enorme importância em suas culturas, para

selecionarmos uma breve matéria, da lavra do meu querido Confrade Raimundo Pereira, intitulada “A Comemoração do Solstício”, que, em muito, elucidará nossos leitores, além de estimulá-los a pesquisar mais sobre o tema. Neste mesmo período inverno-solsticial (hemisfério sul), a Maçonaria Brasileira, dependendo da Potência/Obediência, anual ou bienalmente, promove a posse da nova administração de suas Lojas jurisdicionadas.

Os futuros Veneráveis Mestres, devidamente eleitos em suas Lojas, deverão passar, antes de assumirem seus mandatos, por uma cerimônia especial, quando serão instalados no Trono de Salomão, prática oriunda da Maçonaria Inglesa, sendo adotada pelos diversos Ritos praticados no Brasil. Sobre esse tema, estamos publicando a matéria “A Cerimônia de Instalação do Mestre Maçom”, matéria de nossa autoria, que visa trazer à luz, aspectos muito interessantes e pouco divulgados, e que, de fato, deverá, em muito, surpreender nossos leitores.

Finalizando, pedimos especial atenção para o texto de autoria do Irmão Carlos Lucas de Souza, escrito em 1963, intitulado “O Arquiteto, seu Plano e a Construção do Templo do Deus Vivo”, que trata o

tema “Iniciação” com extrema profundidade e leveza, e que mereceu destaque como Matéria de Capa desta edição.

Diletos leitores, suas críticas, considerações e elogios são muito bem-vindos! A fim de buscar a excelência deste veículo de informação, estamos disponibilizando um breve questionário para colhermos as opiniões de nossos leitores. Ajude-nos a fazer melhor a sua Revista Arte Real!

Temos um encontro marcado na próxima edição!

Revista Arte Real nº 74 - Jun/16 - Pg 03

O Arquiteto, seu Plano e aConstrução do Templo do Deus Vivo

Carlos Lucas de Souza

A Ideia, o Arquiteto e a Obra são três aspectos da Coisa Única. O arquiteto, como agente consciente, é bem a humanização da Ideia cósmica arquetípica.

A Alma Universal plasmadora é o emocionante plano ou campo de ação das hierarquias suprassensíveis nos planos hiperfísicos, e a humanidade, a hierarquia, sensível em evolução, ainda desequilibrada, no plano físico, o campo psíquico-mental. Portanto, a Obra completa é a Ideia, o Agente e a Forma.

A Ideação é permanente, o Agente é temporário e a Obra é cíclica e se faz em etapas sucessivas complementares. A Ideação dá o impulso do ciclo, grande ou pequeno; o Agente, a tônica, a cor e o metro da Obra, e os discípulos Aprendizes e Companheiros, a Forma. O arquiteto é o Mestre; a sua vida revela o Plano e a trajetória da Obra. O Mestre se reflete, multiplica-se na atividade dos discípulos-obreiros e se resume na unidade da Obra na sua dupla face: uma celeste no mundo divino das Ideias, outra terrestre no mundo ilusório dos fatos, porém, sempre fundamentalmente manúsico, o Senhor do Mental, da Ideia humanizada, o Homem-Deus. Daí o aspecto maha-átmico e o aspecto maha-maiávico do Mestre, que o vigilante discípulo, jamais, poderá deixar de reconhecer e distinguir para que não se engane, não se perturbe, não duvide, não descreia e, jamais, caia em degradação.

Há Mestres chamados independentes, de iniciação e realização pessoal, ainda que temporariamente, e há os Mestres de Linha, Hierarquia, funções definidas e que formam, em conjunto, um Pramantha místico de equilíbrio mútuo, um Movimento Cíclico de realização coletiva, grupos sociais, da humanidade inteira dentro da Obra, o Planejamento Cósmico, de um Sistema ou de um Ciclo.

Reconhecer este fato já é uma grande promessa do reajustamento externo, de equilíbrio interno, de ação e trabalho consciente e perseverante.

A Obra que a SBE – Sociedade Brasileira de Eubiose realiza é de regeneração coletiva e, portanto, deve-se fazer sentir fundamentalmente no meio social, na Política, arte de bem governar, como processo evolutivo generalizado.

Para bem servir a Obra se faz mister conhecer a Lei, a Ideia e fatorar ou realizar a Forma. Para se conhecer a Lei e dispor da sua força se requer iniciação. A iniciação é um processo de aprendizagem, a via sagrada que conduz à Sabedoria, via angustiosa, eriçada de obstáculos e perigos, mas, também, cheia de radiosas realizações.

A Iniciação se caracteriza por uma regeneração crescente, consciente dos três corpos nos três mundos, cuja transformação é um verdadeiro renascimento, surge o Dwija – duas vezes nascido, no verdadeiro sentido da palavra de Cristo: “Ninguém virá a mim se não nascer de novo”. Daí a teoria das “vestes”, a figura dos renascimentos em todos os seus aspectos que são, sempre, processos de regeneração ou iniciação; daí a teoria do estado glorioso da transfiguração eucarística, pois ninguém poderá se tornar imortal se não transfigurar os seus corpos. Iniciação, enfim, é a capacidade adquirida de transferência e fixação da consciência humana nos diversos planos da consciência cósmica, outras tantas vestes ou veículos de Adam-Kadmon, o Homem cósmico prototípico.

Não é fácil definir o sentido de Iniciação, nem há vocabulário apropriado para transmitir a ideia completa. Ela está implícita no simbolismo da fugidia e fugitiva Corsa

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Cerenita, tão desejada e tão perseguida, de galhos de ouro e pés de bronze, misterioso fio que liga o Sol à Lua, acossada por Hércules de todos os tempos (que somos todos nós mesmos) e que, inatingível em campo aberto, recolhe-se custodiada no Templo de Artemis, a Deusa da Pura Luz; é aquela coisa estranha e tentadora, tão necessitada e quase proibida, que desafia toda a nossa coragem, determinação e ousadia, que se oculta por trás de longínqua estreia nunca definida, porém, sempre, atraente e desejada.

A Iniciação se faz no TEATRO DA VIDA, na ESCOLA DA NATUREZA, no TEMPLO DE DEUS.

O Templo de Deus Vivo é por excelência o próprio coração humano. Nele nasce o Homem-Deus e nele Deus se faz Homem.

É o coração impuro a gruta sombria e triste do Mito Solar até que apareçam os fogos celestes, até que Hércules – Mental Iluminado – lavando-a de toda impureza, qual estrebaria ou cavalariça de Augias, Rei da Élida (Hélio, o Sol), mediante a simples mudança do curso do rio... da vida, limpe-a, também, pela rítmica incidência de maior alento vital, de toda mácula do chamado pecado de origem e o coração purificado, o chacra cardíaco, qual luminoso berço, torna-se, por sua vez, um Sol de Verdade e Sabedoria. Assim, o Templo Interno se ilumina ao surgir a Estrela Flamígera, que anuncia o nascimento de um Cristo como transfiguração lenta e dolorosa do Crestos – o homem da dor – através de vidas sucessivas... Um divino rebelde, um peregrino da vida, um Édipo audacioso, um Prometeu desencadeado, enfim, como um vitorioso postulante, foi agraciado por MERCÚRIO com a régia

coroa, somente, outorgada aos Heróis, Semi-Deuses.

Por extensão, Templo de Deus é todo Espaço, qualquer lugar verdadeiramente santo, toda a Natureza-naturante como um grande ALTAR onde se realiza a TRANSUBSTANCIAÇÃO DA VIDA e da FORMA, divinizando toda a Criação no maior de todos os Rituais – o Mistério da Eucaristia do Coração Humano na ESCOLA DA VIDA VIVIDA.

A vida vivida, conscientemente analisada pela autocrítica, é uma grande Escola. Nesse longo processo de aprendizagem, das vidas encadeadas, temos a verdadeira Escola Iniciática da Vida.

O Mestre é a própria Lei que está em toda parte (dentro e fora de nós), sempre, presente ou pressentido, porém, quase nunca visível aos olhos da carne. A Escola é o Espaço condicionado e substancial; o Mestre, a Consciência que condiciona, ordena e dirige o Curso das Ideias e das Formas; e o Discípulo é a resultante, sujeito e objeto de si mesmo como Conhecendo, Conhecedor e Conhecimento. O Círculo é o Pensamento limitado, a Ideação Cósmica consubstanciada, o Diâmetro (linha, ponto) é o Verbo manifestado, a Palavra articulada, o som criador e de sua união relativa surge a vida formal.

Sendo a Circunstância os Ciclos da Vida – a Escola – o Discípulo é o centro – Ponto, Raio, Diâmetro – e o Mestre a abstrata relação, a Lei, sempre, a mesma em todas as conjunções do Ser-Não-Ser. Quando o discípulo-diâmetro percorre e toma consciência de todos os ponto da circunferência-escola, atingindo a integração total – o Deus-Limite – Mestre, Escola e Discípulo são, mais uma

A Iniciação se faz no Teatro da Vida, na

Escola da Natureza, no Templo de Deus.

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vez, Uno, formando uma só coisa e poderá ser dito: “Eu sou a Verdade do Mestre, o Caminho do Discípulo e a Vida da Escola! o TEATRO DA NATUREZA, NATURANTE E NATURADA”.

A Natureza-naturante é o imenso TEATRO da Vida. A LEI, o Eu, o Mestre é o grande Regente – Autor-Empresário - que dirige a PEÇA; e a Mônada, o Discípulo – Aprendiz Companheiro ... e Mestre é o Ator, a Personalidade que representa, vive, sente e sofre o grande Poema da sua vida, ora como uma consoladora e edificante REVISTA, ora como emocionante COMÉDIA, porém, quase sempre, por ignorância e consequente maldade, como dolorosa TRAGÉDIA.

E, assim, rindo e chorando, do berço ao túmulo, na interpretação dos quadros oriundos das vidas sucessivas, a Mônada de estirpe Divina – qual Filho Pródigo – sente profunda saudade do Lar distante e, já cansado, para, medita e recolhe-se contrito ao ádito do Templo ... de Deus. Aí já não ri, na alegria nem chora na tristeza porque, nesse momento crítico de profunda introspecção, tomou

conhecimento de si mesmo e compreendeu, urgido pelos áureos eflúvios de um coração purificado que o Caminho do Meio, equilibrado, equidistante dos extremos, é o mais suave, o mais justo, o mais real dos Caminhos.

Revê, então, e recorda, por momentos, vislumbres do seu passado mais ou menos remoto em que agindo e reagindo, vivendo a vida representou o seu papel de múltipla extensão no TEATRO DA NATUREZA sublimando na Arte a harmonia dos contrastes e a beleza dos cânones da Forma; adquiriu pela experiência analítica a Ciência do mundo das Causas e Efeitos e, já confiante em si mesmo, penetrou no TEMPLO DE DEUS VIVO e, então, iniciado nos arcanos dos Mistérios Maiores alcançou, pela Síntese Filosófica dos Princípios, a Verdade, a Sabedoria, a Paz: A LEI DA HARMONIA UNIVERSAL.

Palestra proferida em 23 de fevereiro de 1963, na 15ª Convenção da, então STB, hoje, SBE - Sociedade Brasileira de Eubiose, pelo Venerável Irmão Dr. Carlos Lucas de Souza, publicada na Revista Dhâranâ nº 23 – Julho a Dezembro de 1963 – Ano XXXVIII, órgão oficial de divulgação da SBE.

“Eu sou a Verdade do Mestre,

o Caminho do Discípulo e

a Vida da Escola! o Teatro

da Natureza, Naturante e

Naturada.”

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A Comemoraçãodos Solstícios

Raimundo Silva Pereira

A nossa sublime instituição, honrando as tradições herdadas de suas origens, inseriu no calendário maçônico as comemorações de passagens dos

Solstícios. Os Solstícios, como é do conhecimento de todos os Irmãos, referem-se às diversas declinações do Sol em relação ao equador terrestre. Pelas significações históricas e simbolismo que traduzem, são importantes e têm ocorrências no hemisfério sul, a 21 de dezembro, o de verão, e, o de inverno, a 21 de junho. O Solstício de Verão, coincide com a passagem do Sol pelo primeiro ponto do Trópico de Capricórnio, e, o de inverno, com a passagem do Sol pelo primeiro ponto do Trópico de Câncer.

As comemorações Solsticiais, como efemérides significativas, remontam às primeiras manifestações de agradecimento do homem na Terra, pelas benesses alcançadas de suas divindades, especialmente o Sol. Os povos do Oriente, tendo como paradigmas caldeus e egípcios, durante as passagens dos Solstícios, organizavam grandes e pomposos festejos em honra ao Sol, que consideravam o prodígio gerador e distribuidor de bens na Terra. Para esses povos, o Sol era o deus que, procedendo das portas do céu, lançava, em todas as direções, seus raios vivificantes, responsabilizando-se pela vida e felicidade de todos os seres, e, ao mesmo tempo, proporcionar bem estar e riquezas aos homens, tornava-se merecedor de grandes regozijos.

Essas pomposas comemorações eram conhecidas dos antigos povos pelos nomes de “Festas

do Nascimento” e “Festas das Brumálias”, sendo realizadas com várias aparências e significativos, sempre, com o escopo de fraternizações.

Com o advento do Cristianismo, tais festividades passaram a ser combatidas pelos cristãos sem, no entanto, conseguirem suprimi-las, sob alegação de tratar-se de comemorações pagãs.

Depois da invasão da Inglaterra pelos romanos, os Beneditinos conseguiram converter os anglo-saxãos ao cristianismo, acarretando aos maçons dessa época, abandonar o paganismo. No século VI, já sob a influência dessa Ordem Religiosa, das Ordens de Cavalaria, dos Rosa Cruz e dos Colégios de Construtores Romanos, em nossa Magna Instituição, os maçons passaram a denominar essas festividades com os nomes de “Janua Coeli”, na passagem do Solistício de Verão, e, “Janua Inferni”, na passagem do Solstício de Inverno. Os católicos não conseguindo acabar com essas comemorações, resolveram dedicá-las a duas personalidades de destaque na história do cristianismo, tendo sido escolhidos São João, o Evangelista, nascido em 27 de dezembro, e, São João, o Batista, nascido em 24 de junho, coincidindo com as festas natalinas e juninas, com as passagens dos Solstícios de Verão e Inverno, respectivamente.

A escolha desses dois santos teve propósito de conciliar interesses, tendo em vista essas festividades já estarem arraigadas na mentalidade dos povos e

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continuarem a se alastrar por todos os continentes, através das diversas corporações de Construtores Livres, especialmente, pelo continente europeu.

A Maçonaria, como a mais tradicional herdeira das tradições dessas antigas corporações, congregando, em seu seio, homens livres e de bons costumes, sem distinção de raças ou credos, continuou cultivando e conservando tais comemorações de passagens dos Solstícios, ainda, mais vivas, rendendo sua veneração como preito de gratidão ao GADU, por considerar o Sol como a sua maior criação, visto sua imensidão, individualidade, imperecibilidade e onipresença, pois, levantando e abaixando seus tendões dourados através do Cosmo, gera luz, dissipa trevas, desperta, anima e aquece os seres sobre o nosso orbe.

Muito embora a nossa Magna Ordem Maçônica, houvesse homologado em convenção o nome de São

João Batista como seu padroeiro, por considerá-lo precursor da verdade, estabelecendo o dia 24 de junho como sua data máxima, continuou denominando essas efemérides como Festas Solsticiais.

Ao comemorar as passagens dos Solstícios, a Maçonaria reveste suas reuniões de características excepcionais, visando consolidar a fraternidade harmônica entre seus adeptos, proporcionando satisfação aos obreiros pelo que de atraente e proveitoso pode ser haurido das vibrações reinantes em Loja, capazes de transportar aos corações dos participantes pelas recordações agradáveis, pelos conhecimentos úteis adquiridos e pelo conforto espiritual alcançados, que revigoram a vitalidade em prol da vontade de trabalhar com dedicação, cada vez maior, pelo futuro de nossa Sublime Instituição, pelos Irmãos espalhados pela superfície da Terra e pela humanidade, para honra e glória do Supremo Geômetra dos Mundos.

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A cada ano ou biênio, dependendo da Potência/Obediência a qual a Loja esteja jurisdicionada, temos a oportunidade de participar da Cerimônia

de Posse do Venerável Mestre de nossa Loja. A cada administração, tal cerimônia acontece, a fim de que, regularmente, possibilite ao irmão escolhido por nós, a condução dos destinos de nossa Oficina.

Qual seria a origem desta cerimônia? Alguns escritores divide a história da Maçonaria em dois momentos: primeiro, a Maçonaria Operativa ou de Ofício (antiga); segundo, a Especulativa (moderna), que surge com a criação da primeira Obediência Maçônica, a Grande Loja da Inglaterra, em 1717.

No período da Maçonaria Operativa, apenas, existiam os graus de Aprendiz e Companheiro e quando se referia ao Mestre, dizia-se o Mestre da Loja, aquele que a dirigia os trabalhos da construção, um Maçom experiente, escolhido entre os Companheiros do Quadro de Obreiros. O Grau de Mestre Maçom, somente, foi criado em 1723, portanto, depois da criação da Grande Loja da Inglaterra (1717), já na Maçonaria Especulativa, ou Moderna, sendo, somente, implantado, de fato, em 1738, inclusive sua lenda é uma adaptação, embora seja inquestionável a riqueza do conteúdo de seus ensinamentos.

Vale citar que é um grande erro considerar o Grau de Companheiro como um Grau de transição para

se chegar ao mestrado maçônico. Seu conteúdo é de fundamental importância para que, o Maçom, em seu caminhar, possa iniciar os primeiros passos nos Mistérios Maiores de nossa Ordem.

O título de Mestre da Loja, ou Venerável Mestre, dado ao presidente de uma Oficina maçônica, tem sua origem na Inglaterra, nos meados do século XVII, quando já estava avançada a paulatina transformação da Maçonaria de Ofício em Maçonaria dos “Aceitos”.

Venerável deriva da palavra inglesa “worship”, que significa adoração, culto, reverência, quando usada como substantivo; ou venerar, adorar, idolatrar, quando usada como verbo transitivo. Dá origem ao termo “worshipful”, que significa adorador, reverente, ou venerável (neste último caso, como forma de tratamento). Assim, o presidente da Loja tinha o título de Master (Mestre), ao qual se adicionou, posteriormente, o tratamento reverente de “worshipful” (venerável), pois, no início, o termo venerável era aplicado, apenas, às corporações de artesãos, originando a expressão “worshipful master” (venerável mestre). A expressão, todavia, não é muito utilizada nos países de fala inglesa, onde se prefere, simplesmente, o termo “Master”, dando-se o título de Past-Master ao ex-Venerável Mestre, na Maçonaria Inglesa, Rito de Emulação. Past Master, também, é um dos quatro Graus do Real Arco Inglês. Nada tem a ver com o REAA.

A Cerimônia

de Instalação

do Mestre

Maçom

Francisco Feitosa

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Na Maçonaria de Ofício, em seu formato original, não era acompanhado de nenhuma cerimônia litúrgica particular, bastando para tal a simples transferência do cargo pelo ocupante que cumprira o seu mandato. A Moderna Maçonaria inglesa, entretanto, introduziu um cerimonial para a posse do Mestre da Loja (Venerável), cuja ritualística se desenvolve por um complexo enredo lendário. Nesse sentido, essa Cerimônia é própria dos Trabalhos Ingleses (na Inglaterra não se conhecem “ritos”) e em particular ao Trabalho de Emulação. Já na Maçonaria de vertente francesa (latina), originalmente, não existe essa prática, lembrando, oportunamente, que o Rito Escocês Antigo e Aceito é filho espiritual da França.

Infelizmente, nos meios maçônicos latinos, essa prática acabou ganhando guarida, talvez pelo cerimonial investido de pompa e misticismo. Daí, ritos dessa origem como o Escocês, o Francês ou Moderno e o Adonhiramita adotaram a prática, adaptando algumas passagens para suprir às suas características ritualísticas. É bem verdade que muitos ritos de origem não-britânica, porém com base no Trabalho de Emulação, preferiram não aderir a essa prática, mantendo a pureza de suas origens.

Para a Instalação e Posse de um Venerável Mestre é necessário que seja constituído, pelo Grão-Mestre, um Conselho de Mestres Instalados. Esse Conselho, vez por outra é confundido com um Conselho permanente, o que não é correto, pois o dito só é, legalmente, formado para a finalidade da Instalação e, posteriormente, desfeito. O que existe na Loja é um “Colégio de Mestres Instalados”, que tem a função, quando solicitado pelo Venerável Mestre, de assessorá-lo nos assuntos que, ainda, falta-lhe a experiência para resolver.

Após a criação do terceiro grau, passamos a ter no Simbolismo, apenas, os Graus de Aprendiz, Companheiro

e Mestre Maçom. O Mestre Instalado não é Grau, significando, apenas, um título distintivo para o Mestre Maçom que, em cerimônia própria, foi instalado na Cadeira do Rei Salomão, a fim de que possa estar habilitado a conduzir os trabalhos de sua Loja Maçônica. Dadas essas considerações, adquiriu-se o costume de se apor ao nome do Obreiro na qualidade de Venerável, ou ex-Venerável, as letras “M” e “I”, como rótulo do Mestre Instalado. Essa maneira não tardou a ser qualificada de modo equivocado por alguns como se a qualidade distintiva de um Mestre Instalado fosse um Grau.

Quando do término do mandato, como Venerável Mestre de sua Loja, ele transmitirá o cargo a outro Mestre Maçom eleito regularmente pelos membros do quadro. Sendo um Ex-Venerável, conservará, perpetuamente, a sua condição de Mestre Instalado ao deixar de exercer as funções de presidente da oficina.

No tocante às Obediências/Potências brasileiras e, particularmente, ao Rito Escocês Antigo e Aceito, severamente, o mais praticado no Brasil, o Ritual de Instalação e Posse viria ser introduzido através das Grandes Lojas brasileiras, nascidas da cisão de 1927, quando as suas lideranças buscaram base nos trabalhos perpetrados pelas Grandes Lojas norte-americanas, onde se pratica o Rito de York (Craft Americano) que, de certa forma, seguem o modelo Inglês dos Antigos (1751) que, por sua vez, aderem ao Cerimonial de Instalação. Dessa forma, esse cerimonial viria aportar na Maçonaria Brasileira, consolidando-se como prática, imediatamente, após a cisão de 1927.

A partir de 1968, o Grande Oriente do Brasil, também, adotaria esse costume, introduzindo-o através de um Ritual específico, para todos os Ritos nele praticados, salvo o inerente aos Trabalhos de Emulação (conhecido,

Revista Arte Real nº 74 - Jun/16 - Pg 10

Na 68ª Convenção Internacional da Sociedade Brasileira de Eubiose, realizada em São Lourenço-MG, no período de 20 a 24 de

fevereiro de 2016, foi levado a efeito o lançamento do livro “Monumento Eubiose”. Tal obra literária é parte do projeto da construção de um Obelisco, com 11 metros de altura, a ser erigido na cidade de Cuiabá-MT – centro geodésico da América do Sul. Dentre outros mistérios, aquele estado abriga um dos Sistemas Geográfico do planeta, polos de irradiação de energias sutis para a face da Terra e a humanidade. Todos esses assuntos, e muito mais, estão revelados neste importante livro, que te a autoria de um grupo de diversos estudiosos no assunto, no qual me incluo.

Tenho, também, a honra de ser o criador de seu projeto gráfico, da capa e da diagramação. Além de seu valoroso conteúdo, os valores arrecadados, com sua venda, serão direcionados para custear a construção desse Monumento. Saiba mais em www.monumentoeubiose.com.br

Lançamento

Esta coluna “Lançamentos” é destinada, exclusivamente, aos escritores, a fim de que possam divulgar o lançamento de seus Livros. Os interessados, por gentileza, façam contato conosco, pelo

e-mail [email protected] e divulguem sua obra para os nossos mais de 33.000 leitores!

equivocadamente, como York), que já praticava na sua essência, por ser nele um costume original. Salvo melhor juízo, no Brasil, atualmente, esse costume está arraigado na Maçonaria Simbólica em geral, sendo uma prática de todos os ritos estabelecidos na constelação das Obediências/Potências nacionais.

Vale lembrar que o plano do Templo passou a ter a separação do Oriente e Ocidente após 1820, quando o Grande Oriente da França (GOF) e Supremo Conselho do REAA da França entraram em litígio, e, com isso, a administração dos Graus 1° ao 18°, por determinado tempo, ficou sob a direção do GOF, surgindo, naquela época, as chamadas Lojas Capitulares, onde o Oriente era mais elevado que o Ocidente, separado por uma balaustrada. No Oriente, somente, tomavam assento o Venerável Mestre, e os Irmãos que possuíam o Grau de Cavaleiro Rosa Cruz (18°).

A Maçonaria no Brasil retomou suas atividades, com força e vigor, após 1831, com a Queda de D Pedro e seu retorno a Portugal. Sendo filha da Maçonaria Francesa, esse formato de templo passou a ser usado no Brasil, assim como as Lojas Capitulares. Posteriormente, o Supremo Conselho da França reivindicou e retomou a administração dos Graus desde o 4° ao 33°, porém, no Brasil, isso somente veio ocorrer com a criação das Grandes Lojas, em 1927, quando Mario Behring, Soberano Grande Comendador do Supremo Conselho do REAA, denunciou

tal prática. Com isso, as Lojas Capitulares, no Brasil, também, deixaram de existir, muito embora, os Templos mantiveram o Oriente elevado e a balaustrada, já que muitas Lojas, oriundas do GOB, que aderiram ao sistema de Grandes Lojas, não modificaram seus templos e assim se mantiveram até os dias atuais.

A partir de então, o Oriente que era exclusivo dos Cavaleiros Rosacruzes, passou a dar lugar aos Mestres Instalados, mesmo que estes não possuíssem o Grau 18°. Por um lado, tais Irmãos perto do Venerável Mestre, serve-lhe como um órgão consultor, a fim de lhe dar esclarecimentos em situações inusitadas de emergência, utilizando-se da experiência daqueles que, já tiveram a espinhosa missão de dirigir os destinos de uma Oficina.

Enfim, acreditamos que esses fatos, sirvam como um estímulo a mais para que busquemos conhecer melhor as origens do Rito e rituais que praticamos. O REAA devido ter sofrido diversas influências ao longo de sua história e sendo modificado, a bel prazer, por alguns descomprometidos com sua originalidade, atualmente, tornou-se um trabalho inglório, praticá-lo em sua prístina pureza.

Fica aqui nossa contribuição, à guisa de estímulo ao estudo e à pesquisa sobre o que estamos praticando em nossos templos.

Salve Venerável Mestre!

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