ProduçãoProdução: apuração, entrevistas

ApuraçãoApuração

• Tenho todo o material que preciso?

– Tipo de pergunta que só acontece (ou consegue responder) quando você senta para escrever

– Certifique-se do que falta durante a apuração (= colher todos os dados apuração (= colher todos os dados possíveis sobre o texto que irá escrever, possíveis sobre o texto que irá escrever, garantindo informações completas e garantindo informações completas e verdadeiras) verdadeiras)

– Faça pesquisapesquisa sobre o tema que irá abordar• Assim você já saberá o que foi dito sobre o

assunto, as contradições, as dúvidas não óbvias

• Google: Use apenas Google: Use apenas sites confiáveis sites confiáveis e que e que você possa citar como fonte de informação, você possa citar como fonte de informação, como Governo, Universidades, institutos de como Governo, Universidades, institutos de pesquisa, entidades de classe.pesquisa, entidades de classe.

• Wikipedia: Wikipedia: não usenão use, a não ser que você , a não ser que você confira confira todastodas as informações as informações

– A boa pesquisa é a melhor maneira de fazer perguntas inteligentes ao entrevistado

– A entrevista, assim como a pesquisa, faz parte da apuraçãoapuração da matéria

(e evitar o que encontramos em muitos (e evitar o que encontramos em muitos jornalistas que atendemos quando estamos jornalistas que atendemos quando estamos no papel de assessores de imprensa)no papel de assessores de imprensa)

“Ligar inúmeras vezes para uma fonte para perguntar coisas simples mostra

displicência e falta de atenção com o entrevistado, o que, definitivamente, não é

uma boa marca a ser deixada.”

(Cleide Floresta e Lígia Braslauskas)(Cleide Floresta e Lígia Braslauskas)

““Eu vi tudo, portanto, a questão agora Eu vi tudo, portanto, a questão agora não é o que vi, mas como vi.”não é o que vi, mas como vi.”

Anton TchekhovAnton Tchekhovmédico, dramaturgo e escritor russo, considerado um dos maiores contistasde todos os tempos.

EntrevistaEntrevista

“A entrevista é um dos instrumentos de um dos instrumentos de pesquisa do repórterpesquisa do repórter. Com os dados nela obtidos ele pode montar uma reportagem de texto corrido, em que as declarações são citadas entre aspas, ou pode montar

um texto tipo perguntas e respostas, também chamado ‘pingue-pongue’pingue-pongue’.”.”

Pedro Celso CamposPedro Celso Campos

• Origens da entrevista remontam a 1836, quando James Gordon Bennet (fundador e editor do jornal norte americano New York Herald) fez perguntas a Rosina Townsend, proprietária de um prostíbulo de Nova York no qual ocorrera um assassinato classificado, então, como "sensacional".

“...no Brasil as orientações para uma boa entrevista, em certos cursos de jornalismo, têm sido reduzidas a conselhos gagás do

tipo quando for entrevistar um sujeito telefone para saber se ele está em casa;

quando ele atender ao telefone diga-lhe bom dia; não compareça a uma entrevista sem

gravata..”José Salomão David Amorin,José Salomão David Amorin,

professor da UnBprofessor da UnB

• É preciso trabalhar duro antes da entrevista, pesquisando tudo sobre os temas a serem tratados e sobre o entrevistado.

• Depois de bem preparado (de preferência um dia antes), o entrevistador deve fazer um roteiro com começo, meio e fimroteiro com começo, meio e fim. O objetivo não é bitolar e restringir o desempenho do entrevistador, mas ser uma base referencial para evitar "brancos" e atropelos.

"Estamos aqui com um grande nome da Música Popular Brasileira, um homem extremamente conhecido de vocês, que agora está atuando na política... vereador em Salvador... um compositor maravilhoso... um compositor de mão-cheia...”

A apresentação não acabava mais. Até que ele saiu com esta:

"Ele dispensa apresentações.”

Boris Casoy teve um famoso ‘branco’ na hora de apresentar o entrevistado (Gilberto Gil), ao vivo. E começou:

• Com as entrevistas você: encontra fatos (e também novas pautas) ouve diversas perspectivas aprende mais sobre as questões que

está cobrindo é mais do que um processo de simsim ou

nãonão

• Não tenha medomedo de fazer perguntas idiotas (elas não existem)

• Se necessário, peça ao entrevistado repetir a resposta. Não tenha vergonhavergonha de perguntar de novo

• Não tente parecer mais inteligente do que é. Diga ‘não sei’, ‘não entendi’, semsem constrangimentoconstrangimento (o expert no assunto é o entrevistado, não você)

• Nunca se concentre tanto em sua próxima pergunta que você deixa de ouvir a resposta anterior. Você pode:fazer uma pergunta que acaba de ser

respondidadeixar de pegar em uma linha de

raciocínio dada na resposta anteriorPerder um ponto importante da

informação

• É prática usual entre entrevistadores mais experientes usar a estratégia de começar a entrevista com atitudes ou comentários bem-humorados para deixar o interlocutor à vontade

“Eu me finjo de bobo, que não sei das coisas, para que o entrevistado se sinta mais forte, superior a mim e seguro de si. Nessa situação ele fica mais à vontade, revela mais coisas e abre a guarda. É aí que eu entro.”

Alexandre GarciaAlexandre GarciaAlexandre diz que age assim porque, na sua opinião, o entrevistado tem medo do jornalista, pois uma entrevista publicada pode gerar muitas conseqüências.

A História está cheia de exemplos sobre a força que uma entrevista tem:

A entrevista de Getúlio Vargas a Samuel Wainer (O Jornal, do Rio de Janeiro), em 3/3/1949, abriu caminho para a volta do ditador ao poder

Entrevista de Pedro Collor à revista Veja provocou o impeachment do presidente Fernando Collor.

As entrevistas em off conseguidas por Carl Bernstein e Bob Woodward (Washington Post, em 1972) fizeram Richard Nixon renunciar (Caso Watergate)

A revolução sexual feminina, no Brasil, tem como marco a entrevista de Leila Diniz ao Pasquim (em novembro de 1969)

• Luiz Amaral define dois tipos de entrevista

– de informação ou opiniãode informação ou opinião

» Entrevistado é autoridade, líder ou especialista mo assunto (ó ideal é checar as informações)

– de perfilde perfil

» Mostra como o entrevistado vive. Não é para revelar opiniões ou para dar informações (personagens)(personagens)

Tipos de EntrevistaTipos de Entrevista

• Cleide Floresta e Lígia Braslauskas dizem que, na prática, as entrevistas podem ser:

– Pessoalmente

– Por telefone

– Por e-mail

– Gravadas ou anotadas

– Pingue pongue

• PessoalmentePessoalmente:

– O entrevistado reserva um tempo para conversar com você

• Por telefone, a atenção dele pode estar concentrada em outra coisa

• Por e-mail, ele deixará para responder na última hora, sem muita atenção / dedicação

• A comunicação face a face é mais rica e entram em jogo fatores como simpatia, clima, além das ‘deixas simbólicasdeixas simbólicas’

“... A entrevista por telefone por telefone é uma prática comum – mesmo que não seja o método

ideal...”

“Fazer entrevistas por telefone é prático, mas deveria ser sempre a última opção. [...] Qualquer que seja o assunto, a entrevista

cara a cara renderá muito mais”

(Cleide Floresta e Lígia Braslauskas)

• E-mailE-mail– É ainda pior do que a entrevista por telefone

(o diálogo com o entrevistado é nulo)– Aposte em poucas e boas perguntas

(portanto, esteja melhor preparado e pesquise mais)

– Funciona bem quando o objetivo é complementar uma entrevista (tirar dúvida ou complementar informação)

• Pingue-ponguePingue-pongue

– Entrevistado único, personalidade, especialista em determinado assunto

– Formato perguntas e respostas

– Pequeno texto de introdução, com perfil do entrevistado (nome, idade, dados sobre carreira) e resumo sobre o tema da entrevista (frases em destaque)

– Respostas devem ser transcrição fiel da fala do entrevistado

• Pingue-pongue (cont.)Pingue-pongue (cont.)

– erros gramaticais e vícios de linguagem devem ser retirados do texto

• se quiser destacá-los, use a palavra “SIC” (“assim”, em latim). Isso significa que a pessoa usou aquele termo / expressão ou erro, por mais estranho ou estúpido que pareça. Tal prática não é muito educada. Evite.

Gravar ou anotar???Gravar ou anotar???

• método de documentar entrevista é pessoal

• gravargravar é boa opção quando envolve muitos números ou assunto muito complicado (pingue-pongue)

• às vezes é difícil sustentar um diálogo e anotar ao mesmo tempo

• boa ideia é gravar e anotar palavras ou frases chave (inclusive pingue-pongue)

• alguns entrevistados se intimidam com o gravador ligado

– têm medo de falar bobagem e não poder voltar atrás

– receio de que a gravação se torne um documento de uso futuro

• Cuidado para que o gravador funcione e não falhe na hora da entrevista (o mesmo com a caneta!!!)

“A caneta é mais poderosa que a espada.”

Barão Edward Bulwer-Lytton,literato e Secretário de Estado Britânico para as colônias do Império entre 1858 e 1859

BibliografiaBibliografia

Artigo publicado no ‘Observatório da Imprensa” - Técnicas de entrevista (Pedro Celso Campos). Disponível em http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos/da130320024.htm

AMARAL, Luiz. Técnicas de jornal e periódico. RJ: Tempo Brasileiro, 1987

BRASLAUKAS, Ligia; FLORESTA, Cleide. Técnicas de Reportagem e Entrevista em Jornalismo. SP. Editora Saraiva, 2009.