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Profª Mary Meürer - [email protected] | Universidade do Vale do Itajaí | Curso de Design Gráfico site da disciplina: www.aulad.com.br | Se o material for reproduzido a fonte deve ser citada. 10 Aulas 4 e 5 - Bauhaus Aulas 4 e 5 - Bauhaus 1. Fundação “Staatliches Bauhaus” Casa Estatal de Construção A escola alemã fundada em 1919 na República de Weimar é considerada um dos principais marcos na história do Design. Primeiro símbolo (1919) Segundo símbolo (1922) por Karl Peter Röhl por Oskar Schlemmer 1.1 Influências Arquitetos e artistas de vanguarda fizeram parte da escola que nasceu da fusão da Escola de Artes Apli- cadas e da Academia de Belas Artes da Saxônia, ambas dirigidas por Gropius na época. • Lyonel Feininger • Johannes Itten • Gerhard Marcks • Lothar Schreyer • Georg Muche • Oskar Schlemmer • Paul Klee • Wassily Kandinsky • László Moholy-Nagy • Josef Albers • Marcel Breuer • Gunta Stölze “... a Bauhaus não era marcada por um único estilo mas, sim, por todas as tendências que seus mestres e aprendizes expressassem. “ (KOPP, 2004) Um dos fundadores do De Stijl, Theo Van Doesburg lançou fortes críticas a Bauhaus e ao mesmo tempo buscou aproximar-se da escola. Criou um curso paralelo após ser recusado na equipe, atraindo o interesse de vários alunos. Assim conseguiu influenciar e escola, mesmo que indiretamente. A Bauhaus sofreu diversas mudanças durante seus 14 anos de existência. Passou por 3 sedes (Weimar, Dessau e Berlim) e 3 diretores (Gropius, Meyer e Mies van der Rohe). Os conceitos iniciais da escola, que tinha como base o Arts&Crafts, também mudaram ao longo do tempo, tornando o design o seu foco principal. A questão social também teve grande importância, principalmente no período em que Gropius esteve na direção. A escola desenvolvia, por exemplo, projetos de moradia popular. Precisamos ser verdadeiros socialistas - precisamos fazer brilhar a maior virtude socialista: a fraternidade dos homens. (GROPIUS) 2. Diretores 2.1 Walter Gropius (1883 a 1969) O arquiteto alemão integrou a escola de ofícios de Henri van de Velde e a de Belas Artes de Hermann Muthesius. Influenciado por essas escolas e também pelo movimento Arts&Crafts de William Morris fundou e dirigiu a Bauhaus até 1928. O pensamento de Gropius sintetiza e orienta os anos mais produtivos e expressivos da Bauhaus. 2.2 Hannes Meyer (1889 - 1954) Defensor das idéias técnico- produtivistas, o arquiteto suiço não concordava com as intenções sociais e políticas da Bauhaus. Em 1929 escreve sua carta de demissão onde critica os métodos de ensino da escola e se reconhece em uma “situação tragicômica”, um diretor combatendo o estilo da própria instituição.

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1. Fundação 1.1 Influências Arquitetos e artistas de vanguarda fizeram parte da escola que nasceu da fusão da Escola de Artes Apli- cadas e da Academia de Belas Artes da Saxônia, ambas dirigidas por Gropius na época. Um dos fundadores do De Stijl, Theo Van Doesburg lançou fortes críticas a Bauhaus e ao mesmo tempo buscou aproximar-se da escola. • Paul Klee • Wassily Kandinsky • László Moholy-Nagy • Josef Albers • Marcel Breuer • Gunta Stölze

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site da disciplina: www.aulad.com.br | Se o material for reproduzido a fonte deve ser citada.10Aulas 4 e 5 - Bauhaus

Aulas 4 e 5 - Bauhaus

1. Fundação

“Staatliches Bauhaus” Casa Estatal de Construção

A escola alemã fundada em 1919 na República de Weimar é considerada um dos principais marcos na história do Design.

Primeiro símbolo (1919) Segundo símbolo (1922)por Karl Peter Röhl por Oskar Schlemmer

1.1 InfluênciasArquitetos e artistas de vanguarda fizeram parte da escola que nasceu da fusão da Escola de Artes Apli-cadas e da Academia de Belas Artes da Saxônia, ambas dirigidas por Gropius na época.

• Lyonel Feininger• Johannes Itten• Gerhard Marcks• Lothar Schreyer• Georg Muche• Oskar Schlemmer

• Paul Klee• Wassily Kandinsky• László Moholy-Nagy• Josef Albers• Marcel Breuer• Gunta Stölze

“... a Bauhaus não era marcada por um único estilo mas, sim, por todas as tendências que seus mestres e aprendizes expressassem. “ (KOPP, 2004)

Um dos fundadores do De Stijl, Theo Van Doesburg lançou fortes críticas a Bauhaus e ao mesmo tempo buscou aproximar-se da escola.

Criou um curso paralelo após ser recusado na equipe, atraindo o interesse de vários alunos. Assim conseguiu influenciar e escola, mesmo que indiretamente.

A Bauhaus sofreu diversas mudanças durante seus 14 anos de existência. Passou por 3 sedes (Weimar, Dessau e Berlim) e 3 diretores (Gropius, Meyer e Mies van der Rohe). Os conceitos iniciais da escola, que tinha como

base o Arts&Crafts, também mudaram ao longo do tempo, tornando o design o seu foco principal.

A questão social também teve grande importância, principalmente no período em que Gropius esteve na direção. A escola desenvolvia, por exemplo, projetos de moradia popular.

Precisamos ser verdadeiros socialistas - precisamos fazer brilhar a maior virtude socialista: a fraternidade dos homens.(GROPIUS)

2. Diretores

2.1 Walter Gropius (1883 a 1969)

O arquiteto alemão integrou a escola de ofícios de Henri van de Velde e a de Belas Artes de Hermann Muthesius. Influenciado por essas escolas e também pelo movimento Arts&Crafts de William Morris fundou e dirigiu a Bauhaus até 1928.

O pensamento de Gropius sintetiza e orienta os anos mais produtivos e expressivos da Bauhaus.

2.2 Hannes Meyer (1889 - 1954)

Defensor das idéias técnico-produtivistas, o arquiteto suiço não concordava com as intenções sociais e políticas da Bauhaus.

Em 1929 escreve sua carta de demissão onde critica os métodos de ensino da escola e se reconhece em uma “situação tragicômica”, um diretor combatendo o estilo da própria instituição.

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2.3 Ludwig Mies van der Rohe (1886 - 1969)

O novo diretor, arquiteto alemão assim como Gropius, decide abandonar o comprometimento ideológico para evitar conflitos como os ocorridos na direção anterior.

Durante a sua direção a Bauhaus torna-se apenas uma escola de arquitetura, fugindo ao seu propósito inicial.

3. Ensino

Como observa Fontoura,

“(...) O programa de ensino da Bauhaus compunha-se de dois objetivos básicos: a síntese estética e a síntese social. O primeiro objetivo referia-se à integração de todos os gêneros artísticos e de todos os tipos de artesanato sob a supremacia da arquitetura. O segundo referia-se à orien-tação da produção estética de acordo com as necessidades de uma faixa mais ampla da população, e não de uma camada social e economicamente privilegiada. (...)”

3.1 Estrutura do curso

O processo de ensino era baseado principalmente no equilíbrio entre teoria e prática, arte e artesanato. As aulas eram sempre conduzidas por um artista (imagi-nação) e um artesão (técnica). Segundo Gropius, ainda não haviam profissionais capacitados para atender as duas áreas.

“Uma nova geração tinha que ser treinada primeiro, de forma a poder aliar os dois talentos.”

Gráfico da estrutura do curso

4. A arte na Bauhaus

4.1 Paul KleeUm dos artistas mais importantes do expressionismo nos anos 20. Em suas aulas de teoria da forma utilizava muitas vezes seus próprios quadros como fonte de análise para os alunos.

Exercício de Radiação - Aluna Lena Meyer-Bergner

4.2 Wassily Kandinsky

Pintor renomado, assim como Klee, ingressou na Bauhaus em 1922 encarregado da pesquisa e ensino sobre cores.

Exercício sobre coresAluno - Lothar Long

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5. Ambiente

Durante o período do curso muitos professores e alunos moravam na escola. Foram construídas insta-lações para abrigá-los, mas a preocupação ia além da moradia. Festas e espetáculos teatrais aconteciam na escola, como deixa claro essa frase de Johannes Itten, um dos professores.

Da diversão sairá a festa - da festa o trabalho - do trabalho a diversão.(ITTEN)

Postal Festa das LanternasOskar Schlemmer - 1922

5.1 Participação feminina

As mulheres participavam da escola, principalmente como alunas. O atelier de tecelagem concentrava o maior número de participantes e segundo Gropius não havia distinção entre homens e mulheres.

Nenhum tratamento especial para as mulheres, no trabalho todos são artesãos. Absoluta igualdade de direitos, mas também igualdade absoluta de obrigações.

6. Ateliers

Além de oferecer estrutura para o processo de apren-dizagem os ateliers da escola também funcionavam como escritórios, desenvolvendo projetos para o mercado.

6.1 Cerâmica

O atelier surgiu a partir de uma parceria com Max Krehan, mestre de cerâmica, e funcionava em Dornburg, a 30 km de Weimar.Bule de Theodor Bogler - 1923

6.2 Tecelagem

Maior interesse e presença feminina. Além dos trabalhos realizados em tear incluia também o bordado, o debrum decorativo, o crochê e a costura.

Entre as alunas mais talentosas estavam Gunta Stölzl e Benita Koch-Otte, que freqüentavam cursos em escolas específicas.

Desenho para tapete por Gunta Stölzl - 1920/22

6.3 Metal

Aqui também os elementos básicos (circulos, esferas e cilindros) servem de inspiração e ocorre com muita frequência o uso de outros materiais.

Jogo de Chá de Marianne Brandt - 1924

6.4 Mobiliário

Sob a coordenação do próprio Gropius a partir de 1921, foi um dos primeiros ateliers a aceitar a necessi-dade da industrialização.

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Cadeira Wassily por Marcel Breuer

6.5 Pintura Mural e Vitrais

O atelier de vitrais, por apresentar baixa produtivi-dade, foi incorporado ao de pintura mural que desen-volvia atividades em 3 áreas:

- Execução de encomendas para outros ateliers- Pinturas e planos de cores para edifícios- Pintura artística de paredes

Em 1930 é lançado no mercado, pela empresa Rash de Hanôver, o papel de parede Bauhaus, um dos produtos de maior sucesso da escola.

Catálogo “Papéis de Parede” por Joost Schmidt - 1931

6.6 Escultura em madeira e pedra

Servia como apoio a outros ateliers produzindo modelos mas também desenvolvia trabalhos artísticos e brinquedos didáticos.

Jogo de blocos de construçãoAlma Buscher - 1924

6.7 Encadernação

Os alunos da Bauhaus freqüentavam o atelier de Otto Dorfner, um dos melhores artesãos da Alemanha. Porém por divergências com Paul Klee, Dorfner rescindiu o contrato com a escola e essa achou melhor não investir em um atelier próprio.

Capa de livro por Anny Wottitz - 1923

6.8 TipografiaInicialmente voltado ao ensino de técnicas para esculpir em madeira e gravar em cobre, mais tarde torna-se um atelier de produção sob encomenda.

Em Dessau passa a ser um atelier de Tipografia e Publi-cidade.

Em 1926 foi esboçado por Herbert Bayer um alfabeto universal, valorizando a geometria e a legibilidade.

O atelier também era responsável pelo projeto editorial da Revista Bauhaus, publicada de 1926 a 1931.

Capa da revista Bauhaus por Herbert Bayer - 1928

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7. Exposição de 1923

Foi solicitada pelo governo como prova da produtividade da escola. Todos os esforços da Bauhaus voltaram-se para esse propósito por meses.

Foi construída uma casa-modelo envolvendo todos os ateliers, para apresentar ao público a produção da escola.

Cartaz da Exposição por Joost Schmidt

8. Encerramento das atividades

8.1 Mudança para Berlim em 1932Os nazistas iniciam uma campanha contra a escola que finaliza suas atividades em Dessau, reabrindo em uma antiga fábrica de Berlim.

8.2 Encerramento em 1933Em abril a sede de Berlim, ainda sob a direção de Mies van der Rohe, é fechada pela Gestapo. Os professores decidem então encerrar definitivamente as atividades da escola.

“Em 1933 a Bauhaus é fechada pelo regime nazista, sendo acusada de propagar a cultura bolchevique - o ideal de igualdade da escola é compreendido como tendência comunista.” (KOPP, 2004)

Docentes e alunos migram para outros países, levando a doutrina, as idéias, o conhecimento e o “estilo” Bauhaus

Walter Gropius » Universidade de HarvardJosef Albers » Black Montain College (Carolina do N.)László Moholy-Nagy » New Bauhaus (Chicago)

Max Bill (ex-aluno) » Escola Superior da Forma - Hochschule für Gestalting (Ulm - Alemanhã)

Max Bill e a Escola de Ulm foram uma forte influência na criação da primeira escola de design no Brasil, anos mais tarde.

9. Bauhaus na atualidade

“Com demasiada freqüência (...), nossas pretensões reais foram mal compreendidas, e ainda hoje o são, isto é, ainda se interpreta o movimento Bauhaus como uma tentativa de criar um estilo (...). Isto é exatamente o oposto daquilo que pretendíamos.

A meta da Bauhaus não consistia em propagar um estilo qualquer, mas sim exercer um influ-ência viva no design. Um estilo Bauhaus significaria recair no academicismo estéril e estagnado, contra o qual precisamente criei a Bauhaus.

Nossos esforços visavam a descobrir uma nova postura, que deveria desenvolver uma consciência criadora nos participantes, para finalmente levar a uma nova concepção de vida.” Walter Gropius (1953)

9.1 Bauhaus hoje

Museu Bauhaus que funciona na antiga sede de Berlin atual http://www.bauhaus.de/

Fundação Bauhaus Dessauhttp://www.bauhaus-dessau.de/

Bauhaus - Universidade de Weimarhttp://www.uni-weimar.de/

10. Referências Bibliográficas

DROSTE, Magdalena. Bauhaus: 1919 - 1933. Taschen

FONTOURA, Antônio Martiniano. Bauhaus. Disponível em: Disponível em: http://www.designbrasil.org.br/portal/artigos/exibir.jhtml?idArtigo=70. Acessado em: 27 de maio de 2009.

VILLAS-BOAS, André. Utopia e Disciplina. Rio de Janeiro: 2AB, 1998.

KOPP, Rudnei. Design Gráfico Cambiante. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2004.