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A empreitada das Piscinas de Vila Praia de Âncora têm o cunho da A400 – Projectistas e Consultores de Engenharia Civil, gabinete responsá- vel pelo desenvolvimento de todos os projectos de especialidades e pela coordenação geral dos mesmos. Neste conjunto inserem-se os projectos de estruturas e fundações, infra-estrutu- ras hidráulicas, instalações mecâni- cas, infra-estruturas eléctricas e de segurança, gás e acústica. Por sua vez, a Buildgest, empresa do grupo A400, foi responsável pela fiscalização e acompanhamento da obra. Funcionamento autonomizado As piscinas municipais de Vila Praia de Âncora foram implantadas num terreno de área livre com 12.882, e visavam “dar resposta a um pro- grama previamente estabelecido pela Câmara Municipal de Cami- nha”. Este complexo é constituído por um edifício dotado de três pisos, “sendo que, do ponto de vista funcional, existem várias partes que podem ter um funcionamento auto- nomizado e, ao mesmo tempo, complementar”. Por sua vez, se- gundo refere a A400, do ponto de vista topográfico, o terreno apre- senta “um desnível considerável, re- lativamente ao arruamento de servidão”. Este desnível foi aprovei- tado para encaixar o novo volume arquitectónico, onde é possível dis- tinguir três pisos. O piso técnico situa-se abaixo da cota de soleira e alberga todas as infra-estruturas de apoio, como reservatórios de água e equipamentos de AVAC. O piso 0, si- tuado parcialmente abaixo da cota de soleira, recebeu, para além dos vestiários/balneários de apoio, as três piscinas – uma de competição com oito pistas de 2,5 metros de lar- gura cada, um tanque de apoio à competição e aprendizagem e um chapinheiro complementar. Neste piso encontram-se também o clube de saúde com saunas, salas de mas- sagens e vestiários/balneários pró- prios. Por fim, o primeiro piso, situado acima da cota de soleira, destinou-se às salas de ginástica, aos correspondentes balneários de apoio, a uma área comercial, a uma cafetaria e às bancadas destinadas ao público geral, que permitem uma assistência de cerca de 500 pessoas. Concepção estrutural do edifício Do ponto de vista estrutural, o edi- fício foi concebido de forma a “dar uma resposta eficiente e, ao mesmo tempo, económica a aspec- tos como rapidez de execução, regra de mercado, comportamento mecânico, natureza dos esforços, enquadramento regulamentar bem como a necessidade de implemen- tar um esquema estrutural com o projecto de arquitectura proposto”. Dadas as dimensões deste com- plexo e “ao seu desenvolvimento em vários níveis”, a opção consis- tiu numa estrutura predominante- mente em betão armado, sendo que, nas zonas enterradas, a con- tenção de terras foi executada pelo meio de muros de suporte conven- cionais. “Apesar da sua grande di- mensão em planta, especialmente ao nível do piso 0” – cerca de 3865 metros quadrados (84 metros x 46 metros) –, a A400 optou por não dotar o edifício de qualquer junta de dilatação. “A elevada restrição ao movimento provocada pelos muros de suporte, associada aos fe- nómenos de retracção e às varia- ções uniformes e diferenças de temperatura levou-nos a ter espe- Distinguida com o prémio de Melhor Participação para Gabinete de Engenharia da edição de 2011 da Projekta Angola, a feira internacional do sector da construção de Luanda, a A400 tem já uma referên- cia assinalável no mercado nacional. O Construir analisa um dos seus projectos - as Piscinas de Vila Praia de Âncora Pedro Cristino [email protected] ciais cuidados no dimensiona- mento dos elementos horizontais (lajes e vigas) e verticais (pilares, paredes e núcleos)”, refere a me- mória descritiva do projecto. De forma a avaliar convenientemente os efeitos que estas acções pode- riam ter na estrutura, construiu-se um modelo de cálculo, onde foram aplicadas estas acções e onde foi si- mulado o faseamento construtivo da estrutura. No que concerne às lajes, a solução escolhida consistiu em lajes aligeiradas de vigotas. “Complementarmente, foram utili- zadas lajes maciças em vãos com cargas maiores e onde a utilização das lajes aligeiradas de vigotas não se revelou, do ponto de vista eco- nómico, vantajosa”, explicam os responsáveis da A400, na memória Piscinas de Vila Praia de Âncora com cunho A400 10 | 18 de Novembro de 2011 Projecto www.construir.pt Engenharia 3.865 “Apesar da sua grande di- mensão em planta, especial- mente ao nível do piso 0” – cerca de 3865 metros qua- drados (84 metros x 46 me- tros) –, a A400 optou por não dotar o edifício de qualquer junta de dilatação D.R.

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Aempreitada das Piscinas de VilaPraia de Âncora têm o cunho da

A400 – Projectistas e Consultores deEngenharia Civil, gabinete responsá-vel pelo desen vol vimento de todos osprojectos de especialidades e pelacoordenação geral dos mesmos. Nesteconjunto inserem-se os projectos deestruturas e fundações, infra-estrutu-ras hidráulicas, instalações mecâni-cas, infra-estruturas eléctricas e desegurança, gás e acústica. Por sua vez,a Buildgest, empresa do grupo A400,foi responsável pela fiscalização eacompanhamento da obra.

Funcionamento autonomizadoAs piscinas municipais de Vila Praiade Âncora foram implantadas numterreno de área livre com 12.882, evisavam “dar resposta a um pro-grama previamente estabelecidopela Câmara Municipal de Cami-nha”. Este complexo é constituídopor um edifício dotado de trêspisos, “sendo que, do ponto de vistafuncional, existem várias partes quepodem ter um funcionamento auto-nomizado e, ao mesmo tempo,complementar”. Por sua vez, se-gundo refere a A400, do ponto devista topográfico, o terreno apre-senta “um desnível considerável, re-lativamente ao arruamento deservidão”. Este desnível foi aprovei-tado para encaixar o novo volumearquitectónico, onde é possível dis-tinguir três pisos. O piso técnicositua-se abaixo da cota de soleira ealberga todas as infra-estruturas deapoio, como reservatórios de água eequipamentos de AVAC. O piso 0, si-tuado parcialmente abaixo da cotade soleira, recebeu, para além dos

vestiários/balneários de apoio, astrês piscinas – uma de competiçãocom oito pistas de 2,5 metros de lar-gura cada, um tanque de apoio àcompetição e aprendizagem e umchapinheiro complementar. Nestepiso encontram-se também o clubede saúde com saunas, salas de mas-sagens e vestiários/balneários pró-prios. Por fim, o primeiro piso,situado acima da cota de soleira,destinou-se às salas de ginástica,aos correspondentes balneários deapoio, a uma área comercial, a umacafetaria e às bancadas destinadasao público geral, que permitemuma assistência de cerca de 500pessoas.

Concepção estrutural do edifícioDo ponto de vista estrutural, o edi-fício foi concebido de forma a “daruma resposta eficiente e, aomesmo tempo, económica a aspec-tos como rapidez de execução,regra de mercado, comportamentomecânico, natureza dos esforços,enquadramento regulamentar bemcomo a necessidade de implemen-tar um esquema estrutural com o

projecto de arquitectura proposto”.Dadas as dimensões deste com-plexo e “ao seu desenvolvimentoem vários níveis”, a opção consis-tiu numa estrutura predominante-mente em betão armado, sendoque, nas zonas enterradas, a con-tenção de terras foi executada pelomeio de muros de suporte conven-cionais. “Apesar da sua grande di-mensão em planta, especialmenteao nível do piso 0” – cerca de 3865metros quadrados (84 metros x 46metros) –, a A400 optou por nãodotar o edifício de qualquer juntade dilatação. “A elevada restriçãoao movimento provocada pelosmuros de suporte, associada aos fe-nómenos de retracção e às varia-ções uniformes e diferenças detemperatura levou-nos a ter espe-

Distinguida com o prémio de Melhor Participaçãopara Gabinete de Engenharia da edição de 2011 daProjekta Angola, a feira internacional do sector daconstrução de Luanda, a A400 tem já uma referên-cia assinalável no mercado nacional. O Construiranalisa um dos seus projectos - as Piscinas de VilaPraia de Âncora

Pedro [email protected]

ciais cuidados no dimensiona-mento dos elementos horizontais(lajes e vigas) e verticais (pilares,paredes e núcleos)”, refere a me-mória descritiva do projecto. Deforma a avaliar convenientementeos efeitos que estas acções pode-riam ter na estrutura, construiu-seum modelo de cálculo, onde foramaplicadas estas acções e onde foi si-mulado o faseamento construtivoda estrutura. No que concerne àslajes, a solução escolhida consistiuem lajes aligeiradas de vigotas.“Complementarmente, foram utili-zadas lajes maciças em vãos comcargas maiores e onde a utilizaçãodas lajes aligeiradas de vigotas nãose revelou, do ponto de vista eco-nómico, vantajosa”, explicam osresponsáveis da A400, na memória

Piscinas de Vila Praia deÂncora com cunho A400

10 | 18 de Novembro de 2011

Projecto

www.construir.ptEngenharia

3.865“Apesar da sua grande di-mensão em planta, especial-mente ao nível do piso 0” –cerca de 3865 metros qua-drados (84 metros x 46 me-tros) –, a A400 optou por nãodotar o edifício de qualquerjunta de dilatação

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descritiva, onde explicam tambémque, nos pisos 0 e 1 se optou por“lajes aligeiradas com 0,3 e 0,35metros de espessura e por lajes ma-ciças de betão com as mesmas es-pessuras”.

Cobertura em madeira“De referir, a zona de entrada daspiscinas, com um vão de cerca de 18metros e que foi resolvido sem o au-xílio de meios activos de controlo dadeformação”, explica a memóriadescritiva, sublinhando também

que, “ao invés da utilização de qual-quer solução pré-esforçada, soluçãoobviamente mais onerosa, optou-sepela realização de uma viga caixão,em consola, com cerca de 8 metrosde vão, 2,1 metros de largura e umaaltura variável entre 0,5 e 1,35 me-tros”. A viga em caixão, perpendi-cular ao vão de 18 metros, funciona,do ponto de vista estrutural, “comoum apoio elástico”, o que permite ocumprimento dos “limites regulares(L/400) para a deformação dos vá-rios elementos estruturais interve-

nientes nesta zona da estrutura”. Nazona da bancada, optou-se pela uti-lização de elementos pré-fabrica-dos, “que vencem um vão, entrepórticos de betão armado, de cercade 8 metros”. Segundo a A400, estasolução “revelou-se como a maiseficiente, quer do ponto de vistaeconómica, quer do ponto de vistada rapidez de execução”. De acordocom a memória descritiva, o ele-mento que distingue “claramenteestas piscinas de outros equipa-mentos da mesma natureza” é a sua

cobertura em madeira. A área deimplantação da cobertura em ma-deira é de 2790 metros quadrados eé constituída por oito pórticos comafastamento de 8 metros (eixo-eixo), por madres com 7,6 metrosde vão, afastadas em cerca de 2,5metros e por contraventamentosmetálicos. Os pórticos são consti-tuídos por pilares duplos com 5,3(Pmad1) e 5,4 (Pmad2) metros decomprimento e por vigas com 31,4(Vmad1) e 14,5 (Vmad2) metros decomprimento. �

Projecto

As decisões tomadas na recente cimeira da U. E., nomeadamente a que se refere a admitir um incumprimento de50% na dívida soberana grega, não pode deixar de criar perplexidade e preocupação. Fica aberto um grave prece-dente de que devedores, com a importância dum país da Zona Euro, podem entrar em incumprimento, arrastandoos credores (nomeadamente bancos) para situações de óbvia dificuldade. Mas também parece revelar alguma in-coerência, dado que a U. E. se propõe capitalizar, os bancos afectados, mediante uma injecção de liquidez. Ora,a menos que a U. E. esteja a enveredar por uma subreptícia política de nacionalização desses bancos (o que pareceem desacordo com o paradigma liberal que tem sido apanágio da U. E.), não se compreende que essa injecção deliquidez não seja efectuada à Grécia para ela poder pagar aos seus credores bancários, evitando um incumprimento.Os montantes em causa seriam os mesmos, mas as consequências morais seriam bem diferentes. A partir de agora,dado que os Estados servem de referência comportamental para os cidadãos, ninguém (nomeadamente os juízes)terá autoridade moral para evitar que donos de obra deixem de pagar integralmente a projectistas e empreiteirose estes aos respectivos fornecedores e que passem a pagar apenas 50%. Passaremos a ter, para além das “lojas dos300”, as “facturas a 50%”. A nível interno também temos contradições: o governo pretende implementar um acréscimo de meia hora diária de tra-balho (o que equivale a mais 130 horas anuais), mas o patronato entende que, com a falta de encomendas que existe,vamos ter pessoal desocupado mais meia hora por dia. Contudo, esse mesmo patronato defende a extinção de algunsferiados e de algumas “pontes” (entre feriados e fins de semana), dizendo que, com isso, se ganham mais cerca de 50horas anuais. Então, neste último raciocínio, já não se aplica o argumento da falta de encomendas? Ou só há enco-mendas para mais 50 horas de trabalho anuais e não para 130 horas? Parece demasiada confusão e “amadorismo”para problemas tão graves como a crise que nos envolve. Esquecem estes agentes políticos que, como diria Churchill:“É melhor ser irresponsável no que é verdadeiro do que responsável no erro”?

A crise na zona euro

Opinião

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J. Matos e Silva

Engº Civil, Especialista em

Geotecnia, Estruturas e

Direcção e Gestão

na Construção (O.E.)

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