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Sancho Notícias 11 Os nossos mitos/As nossas crenças... Superstição da sexta-feira 13 Márcia Bertoluci, 12.08 elementos: terra, ar, água e fogo. Sexta feira 13 – Fomos ver p’ra crer No passado dia 13 de abril (sexta-feira), a turma 1206 deslocou-se a Montalegre no âmbito do projeto interrogar a ciência (PIC). A participação neste projeto teve como motivação a vontade de vivenciar as atividades comemorativas do dia das bruxas, em Montalegre. A acrescentar a esta curiosidade, os alunos manifestaram interesse em participar no referido projeto, fazendo o máximo de registos para, em jeito “jornalístico”, dar conta da experiência e dos saberes adquiridos sobre mitos e crenças. À chegada a Montalegre, já era notório o ambiente festivo alusivo à ocasião, quer por parte dos habitantes, quer pelos inúmeros visi- tantes. As ruas já se encontravam animadas por vários grupos e decoradas com barraquinhas de artigos associados a esta comemoração. O grupo desde logo se sentiu envolvido pelo ambiente peculiar e aguardou com expectativa o espetáculo noturno. Apesar de as condições climatéricas não terem sido as desejáveis, a animação nas ruas não foi afetada. Durante o espetáculo, os participantes puderam assistir ao es- Para uma melhor compreensão e contextualização da vivência deste ritual, o grupo agendou um encontro com o senhor Padre Fontes, para partilhar livro Um mundo Infestado de demónios de Carl Sagan. À inesquecível satisfação dos momentos noturnos, acrescia a expectativa de conhecer e conversar com o senhor Padre Fontes e saciar, através da entre- vista, a curiosidade de todos. Num ambiente familiar, o nosso entrevistado abriu-nos o seu espaço (em Vilar de Perdizes) e recebeu-nos de uma forma tão espontânea e tão acolhe- dora que o calor que emanava da lareira apenas nos reconfortava o físico. Nesta atmosfera, a conversa não se fez esperar e à primeira oportunidade, as perguntas surgiram.

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Sexta feira 13 – Fomos ver p’ra crer N o passado dia 13 de abril (sexta-feira), a turma 1206 deslocou-se a Montalegre Sancho Notícias Márcia Bertoluci, 12.08 o dada aa xtaa oo n- é- o-o- émém toto ho- oo ezez l a s s i- VL- PPPP Um colega galego em 1973/72, participava em convívi- os e serões, aqui, e fazíamos os mesmos rituais. Ele ci Sancho Notícias a-

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Sancho Notícias

11 Os nossos mitos/As nossas crenças...

Superstição da sexta-feira 13Márcia Bertoluci, 12.08

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Sexta feira 13 – Fomos ver p’ra crer

No passado dia 13 de abril (sexta-feira), a turma 1206 deslocou-se a Montalegre no âmbito do projeto interrogar a ciência (PIC). A participação neste projeto teve como motivação a vontade de vivenciar as atividades comemorativas do dia das bruxas, em Montalegre. A acrescentar a esta curiosidade, os alunos manifestaram interesse em participar no referido projeto, fazendo o máximo de registos para, em jeito “jornalístico”, dar conta da experiência e dos saberes adquiridos sobre mitos e crenças.

À chegada a Montalegre, já era notório o ambiente festivo alusivo à ocasião, quer por parte dos habitantes, quer pelos inúmeros visi-tantes. As ruas já se encontravam animadas por vários grupos e decoradas com barraquinhas de artigos associados a esta comemoração. O grupo desde logo se sentiu envolvido pelo ambiente peculiar e aguardou com expectativa o espetáculo noturno. Apesar de as condições climatéricas não terem sido as desejáveis, a animação nas ruas não foi afetada. Durante o espetáculo, os participantes puderam assistir ao es- !"#$%!&'()*!&+(,!&-./%(&0!"*(1&(&2(2(%&.&3$()4./.5&6 ."/!&.11)4&,)7%(1&/(&*!/!1&

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Para uma melhor compreensão e contextualização da vivência deste ritual, o grupo agendou um encontro com o senhor Padre Fontes, para partilhar )/().1&(&%(>(?@(1&1!2%(&A)B" ).&(&-1($/! )B" ).5&./3$)%)/.1& !4&.&,()*$%.&/!&

livro Um mundo Infestado de demónios de Carl Sagan.À inesquecível satisfação dos momentos noturnos, acrescia a expectativa de conhecer e conversar com o senhor Padre Fontes e saciar, através da entre-vista, a curiosidade de todos.Num ambiente familiar, o nosso entrevistado abriu-nos o seu espaço (em Vilar de Perdizes) e recebeu-nos de uma forma tão espontânea e tão acolhe-dora que o calor que emanava da lareira apenas nos reconfortava o físico. Nesta atmosfera, a conversa não se fez esperar e à primeira oportunidade, as perguntas surgiram.

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Sexta-feira 13... 12

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Sendo padre, não é dia santo nenhum. Geralmente, os dias santos são marcados pelas igrejas a nível mundial. Há os dias santos que agora até querem cortar, mas nós aqui decidimos inventar um dia santo diferente, que não tem santo nenhum nem diabo nenhum, mas é uma mistura de santos e diabos. (risos) A razão de fazermos isto foi para promover o turismo, a nível local e regio-nal. Com o pretexto do tema aliciante da magia e bruxaria, a coincidência da sexta com o 13, que não são muitas e criar acon-tecimentos numa é-poca em que não aco-ntece nada. É também para dar movimento à restauração e à ho-telaria e fomentar o crescimento, uma vez que quem vem classi-6 .;"!1&!$&/(1 ,.11)-6 .;"!18&C(& *(4&2!4&

serviço voltam.Esta foi uma inicia-tiva que caiu bem na nossa mentalidade celta, mítica, religiosa, pagã, su-persticiosa, curiosa… Somos todos curiosos das coi-sas desta área, da bruxaria, do ocultismo, magia, mau-olhado, inveja… essas atitudes que afetam a sociedade menos educada. É uma forma das pessoas se questio-narem e brincar com aquilo que as aterroriza ou ame-aça, e foi daí que nasceu, aqui em Vilar de Perdizes, a tradição da queimada. Fazíamos uma queimada, que nasceu à lareira da minha casa materna aos meus 5/10 anos. Quando estávamos gripados, os meus pais pun-ham a caçarola ao lume com aguardente, chegavam-lhe o fogo e à luz da candeia, nós tínhamos uma cor quase de desenterrados (risos), aquele azulado com um amarelado, e passávamos com a caçarola pela cara de cada um para vermos a cara que fazíamos, vendo as almas do outro mundo, vendo as bruxas. São coisas da minha infância. Mais tarde, como padre aqui em Vilar de Perdizes, rodeei-me de colegas galegos que tinham a mesma tradição, mas com mais aparato, com mais esconjuro.

Um colega galego em 1973/72, participava em convívi-os e serões, aqui, e fazíamos os mesmos rituais. Ele ci

tou um esconjuro dos galegos e assim me associei aos !"D%(11!1&/(&4(/) )".&+!+$,.%&(4&EF8&G!&64&/!1& !"-gressos, que eram ao sábado, fazíamos uma queimada na rua, com uma caldeira de 40/50 litros de aguardente, no centro social, onde toda a gente podia participar. Fazíamos o esconjuro numa forma mais aportuguesada, e a partir daí realizávamos, todos os anos, esse ritual

em Vilar de Perdizes. A H4.%.&1$D(%)$&3$(&6:I1-semos isso mesmo em Montalegre, com publi-cidade chamativa e pro-grama criativo, com gru-pos musicais e teatrais, feira de produtos, con-seguiu chamar-se muita gente. A câmara viu que dava uma boa semente e aproveitou para semear no ano seguinte. Dá mui-tos frutos, sim dá!

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Tu é que sabes se e-xistes ou se não existes. (risos) Bruxas são uma crença medieval de pessoas que se diziam bruxas, que se embruxavam, que tinham pod-er, que tinham mau-olhado, que podiam atormentar as pessoas, animais e negócios. Fantasias que queremos /(14)*)6 .%& !4& (1*.& 2%)" ./()%.& /.1& 1(?*.1& JF& /).5&

das bruxas. Em todas as aldeias havia dias das bruxas às sextas e terças. As bruxas juntavam-se num sítio (1+( K6 !8&93$)&(4&L),.%&/(&-(%/):(1&1M!&!1& .4+!1&

de Valdim; em Montalegre é o Areal do Pereira, um sí-tio onde se acampava, numa encruzilhada qualquer, e ali faziam os combinados de patifarias que iam pregar aos homens ou mulheres, ou a quem fosse. Mas isso são tudo crenças! Como se dizia que o diabo andava à noite na rua, que não se podia andar na rua à noite, que não se podia assobiar à noite, pois chamava-se o diabo e que não se podia brincar com o lume, porque mijava-se na cama (risos). Há assim uma série de crenças que eram mais os pais que nos metiam esse medo para nos controlarem. Mas hoje já ninguém nos controla (risos).

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13 Sexta-feira 13...

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A ciência ajuda a evolução no campo da cultura tradi-cional, das crenças. Há coisas que a ciência não atinge, o sobrenatural. Mas o que é natural, da nossa criação e da nossa imaginação, a ciência pode selecionar e dizer, isto é falso e isto é como 2+2 serem quatro, não é por brincar com o lume que vais mijar na cama, ou assobiar de noite que vai fazer o diabo vir atrás de ti. E é isso que a ciência vai esclarecer e ajudar a entender que nem tudo o tem fumo é fogo…

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O primeiro foi só para alertar a região para não perder a tradição no campo da herbanária, dos chás como produto natural, saudável e equilibrado que os pode ajudar, e também para transmitir o conhecimento uns aos outros. A partir /(&JNEO5&(1*)7(&"!&1(%7)P!&4I/) !&/.&+(%)'(%).&(&63$()&

encarregue de criar postos médicos e instalar os médi-cos nas aldeias. Consegui pôr aqui, nesta aldeia, um posto médico. Arranjei casa e espaço para o médico dar consultas e fui à casa dos padres das outras al-deias para fazerem o mesmo. Comecei a dar conta que as pessoas iam ao médico por pequenos problemas, pequenas gripes e trocavam o chá pelas pastilhas do médico. Achei que isso era um exagero e que quem era mais afetado eram os velhos e as crianças. Os velhos nunca tinham tomado dessas coisas e agora estavam

a tomar tudo e mais alguma coisa e as crianças, que eram virgens nesse campo, começavam a ser vítimas

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processo disciplinar, pois pus lá no consultório um le-treiro a dizer “Pés quentes, cabeça fresca, canais a-ber-tos, boa urina, merda p’ra medicina. (risos) Como na sexta-feira 13, veio aí toda a comunicação social local,

regional, revistas, televisões galegas e portuguesas, deu eco e toda a gente soube disso. E des-de aí, continuamos.

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Sim, depois pas-saram a conhecer mais os chás, a cultivá-los e a pô--los na horta. Fiz concursos de hortas várias vezes.

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teu elemento e o teu remédio”. É assim em todas as civilizações. Nós alimentamo-nos delas, ou comemos ou não comemos. Todos esses produtos nos mantêm saudáveis e equilibrados.

L)&)#-+&"(9)&#+$-)#+9-&+>($-)?#F%+&+"!$#8+*(&0<N+#F%+#*+(/+#%")#"+9$)'+"#)!$#.!>+9$;O mundo e o futuro é vosso! Estamos à vossa espera!

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Sexta-feira 13 14

A ignorância ou o pior de todos os demónios …

Atualmente, a ciência parece progredir rapidamente, mas, quando olhamos para ao passado, damos conta que os estudos rigorosos de Galileu sobre a velocidade da luz foram incipientes, já que estavam condicionados pela ciência da época. Coube a A. Fizeau, mais de 200 anos após Galileu, a glória de determinar a velocidade de propagação da luz pelo “Método da Roda Dentada”. A ciência constrói hipóteses que podem ser testadas em busca de um conhecimento tem-porariamente duradouro, não procura o nosso acordo nem vai ao encontro dos nossos pré-conceitos, apela à criatividade e à especulação, ao colocar hipóteses, que serão tes-tadas até se concluir qual a que mais se aproxima da verdade em determinado momento. G!&("*."*!5& !4!&.6%4.&A.%,&C.D."5&/(7(4!1&(1*.%& !"1 )("*(1&/.1&"!11.1&,)4)*.P@(1&

e o cientista deve continuar à procura de novos dados. Deve manter a mente aberta +.%.&3$(&.&7(%/./(&"M!&63$(& !4+%!4(*)/.5&#<&3$(&.1&7(%/./(1& )("*K6 .1&1M!&1(4+%(&

provisórias. Ante as descobertas, oscilamos entre o deslumbramento acrítico e o ceti-cismo pseudoinformado pelas notícias, quantas vezes, incapazes de detetar argumentos falaciosos e fraudulentos. A mediatização das notícias e a especulação jornalística adul-teram frequentemente os conteúdos. Resumem e sintetizam, reduzindo, por vezes, a um título o que pretendem vender. Quem lê?! Uma população cada vez mais afastada do que são a ciência e a termino-,!D).& )("*K6 .5&.,=().&.!&)"1$ (11!&(&.!&(%%!5&4.1& ./.&7(:&4.)1&)"*(%(11./.&"!1&%(1$,*./!15&".1&/(1 !2(%*.1&(&".1&

promessas de eterna juventude e outros mundos.Vítimas do buraco na camada do ozono, das alterações climáticas, da poluição e /.&*.,)/!4)/.5&!,=.4!1& !4&/(1 !"6."P.&+.%.&.& )B" ).5&3$(5&.,)./.&U&/(1 %("P.&

na razão humana e ao relativismo que constitui uma tendência da atualidade, 4(%D$,=.&!&1(%&=$4."!&(4&:!".1&/(&/(1 !"6."P.&(&*%(7.18

Empurramos os nossos medos para o subconsciente e eles povoam os nossos sonhos sob todas formas. Mas, para quê questionar a ciência se é mais fácil aceitar a superstição e pseudociência? A impotência da medicina atira-nos para a fé e o silêncio desta, para a crença em curandeiros e bruxas.Dantes, os demónios escolhiam os ímpios e os descrentes. Hoje, os descrentes

escolhem a ignorância e alimentam os seus própri-os demónios com medo do conhecimento.Somos assolados pelas trevas da nossa ignorância e temos sonhos povoados por demónios privados que em festas e romarias exorcizamos. Afastamos o burro no 1º de maio, festejamos o dia 13 e o dia das bruxas e dizemos que certas ações parecem obra do demónio. Ao longo dos séculos, substituímos curandeiros por médicos, mezinhas por remédios, possuídos por esquizofrénicos, demónios por extraterrestres e raptos por abduções e, surpresa das surpresas, continuamos mergulhados na escuridão da nossa ignorância,

com medo de demónios, piores que os de outrora.9=V&W.1&($&"M!&. %(/)*!&(4&/(4X")!1V&Y&96%4.4!1& !"7) *!18

Porém, não acreditarmos nos demónios não nos protege deles, devemos sim, identi-6 <;,!1&+.%.&!1& !42.*(%8

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/.&)4+!%*H" ).&/(& !"=( (%4!1&.&*(%4)"!,!D).& )("*K6 .&/(7(4&. .2.%8&-("1.;1(&3$(&

aquele que não acredita na ciência não acredita em nada. Mas é um erro, aquele que não acredita na ciência acredita em quase tudo o que é pseudociência e vive não em função da experiência, mas da crença.