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XXVI ENEGEP - Fortaleza, CE, Brasil, 9 a 11 de Outubro de 2006 1 ENEGEP 2006 ABEPRO A utilização de silos de argamassa na construção civil: uma nova técnica construtiva alavancando o pensamento enxuto e sustentável dessa indústria Fábio Almeida Có (CEFETES / UNIVIX). [email protected] Luiz Guilherme Mori de Araújo (LORENGE / UNIVIX). [email protected] José Rodrigues de Farias Filho (UFF). [email protected] Resumo Este artigo apresenta, examina e defende a utilização de uma nova técnica construtiva, adotada pela Lorenge Construtora e Incorporadora situada na cidade de Vitória, capital do Estado do Espírito Santo. Esta nova técnica construtiva se resume na utilização de silos de argamassa de 600 Kg, construídos em bags de polipropileno que são pendurados nas lajes de forro das edificações, se extendendo e atravessando as lajes de piso, para alimentar as betoneiras nos pavimentos inferiores que fornecem todos os tipos de argamassa para as obras. Este artigo se utiliza de bases científicas da filosofia lean e da sustentabilidade para demonstrar que essa nova técnica de construção auxilia a difusão do Pensamento enxuto e sustentável na Construção Civil, visto que essa técnica facilita a montagem de layout’s celulares, a utilização de máquinas mais simples e operadores polivalentes, as trocas rápidas de ferramentas, o desenvolvimento de fornecedores JIT e a utilização da Engenharia Simultânea. Palavras-chave: Bags de argamassa, Pensamento Enxuto, Pensamento Sustentável. 1. Introdução As rápidas mudanças, no ambiente de trabalho, verificadas nos últimos tempos em prol de um melhor posicionamento competitivo, aliadas ao surgimento desmedido de novas ferramentas de produção, aumentaram, enormemente, a incapacidade das empresas em associar as suas técnicas produtivas ao Sistema Toyota de Produção. O resultado deste fenômeno, é que mesmo sem a consciência do pensamento enxuto, algumas empresas, por puro bom senso, acabam desenvolvendo ferramensa JIT, que se fossem associadas ao verdadeiro contexto, certamente, exponecializariam seus desempenhos. A este respeito, os autores Huge & Anderson (1993) afirmam existir um modo de pensar esclarecido, porém sem a compreensão do JIT. Já Coriat (1994, p. 12) afirma que o que se vê na prática “[...] é uma tentativa de aclimatar localmente certas técnicas do Ohnismo, introduzidas em geral de maneira isolada e limitada: um pouco de CCQ aqui, uma pitada de JIT ali [...]”. Coriat (1994, p. 12) cita ainda que os métodos japoneses utilizados no Brasil servem como “ferramentas de racionalização do já existente, sem nada mudar das lógicas fundamentais Tayloristas e Fordistas que constituem o fundamento da indústria tradicional”, porém, o objetivo desse trabalho, não é criticar as empresas que aplicam ferramentas JIT de forma isolada, e sim, demonstrar que essas aplicações podem representar casos de sucesso e, se bem trabalhadas e associadas a uma filosofia de produção enxuta, podem mais facilmente desenvolver o pensamento enxuto e o pensamento sustentável dessas empresas.

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A utilização de silos de argamassa na construção civil: uma nova técnica construtiva alavancando o pensamento enxuto e sustentável

dessa indústr ia

Fábio Almeida Có (CEFETES / UNIVIX). [email protected] Luiz Guilherme Mor i de Araújo (LORENGE / UNIVIX). gmmor [email protected]

José Rodr igues de Far ias Filho (UFF). rodr [email protected]

Resumo

Este artigo apresenta, examina e defende a utilização de uma nova técnica construtiva, adotada pela Lorenge Construtora e Incorporadora situada na cidade de Vitória, capital do Estado do Espírito Santo. Esta nova técnica construtiva se resume na utilização de silos de argamassa de 600 Kg, construídos em bags de polipropileno que são pendurados nas lajes de forro das edificações, se extendendo e atravessando as lajes de piso, para alimentar as betoneiras nos pavimentos inferiores que fornecem todos os tipos de argamassa para as obras. Este artigo se utiliza de bases científicas da filosofia lean e da sustentabilidade para demonstrar que essa nova técnica de construção auxilia a difusão do Pensamento enxuto e sustentável na Construção Civil, visto que essa técnica facilita a montagem de layout’s celulares, a utilização de máquinas mais simples e operadores polivalentes, as trocas rápidas de ferramentas, o desenvolvimento de fornecedores JIT e a utilização da Engenharia Simultânea. Palavras-chave: Bags de argamassa, Pensamento Enxuto, Pensamento Sustentável.

1. Introdução

As rápidas mudanças, no ambiente de trabalho, verificadas nos últimos tempos em prol de um melhor posicionamento competitivo, aliadas ao surgimento desmedido de novas ferramentas de produção, aumentaram, enormemente, a incapacidade das empresas em associar as suas técnicas produtivas ao Sistema Toyota de Produção. O resultado deste fenômeno, é que mesmo sem a consciência do pensamento enxuto, algumas empresas, por puro bom senso, acabam desenvolvendo ferramensa JIT, que se fossem associadas ao verdadeiro contexto, certamente, exponecializariam seus desempenhos. A este respeito, os autores Huge & Anderson (1993) afirmam existir um modo de pensar esclarecido, porém sem a compreensão do JIT.

Já Coriat (1994, p. 12) afirma que o que se vê na prática “ [...] é uma tentativa de aclimatar localmente certas técnicas do Ohnismo, introduzidas em geral de maneira isolada e limitada: um pouco de CCQ aqui, uma pitada de JIT ali [...]” .

Coriat (1994, p. 12) cita ainda que os métodos japoneses utilizados no Brasil servem como “ ferramentas de racionalização do já existente, sem nada mudar das lógicas fundamentais Tayloristas e Fordistas que constituem o fundamento da indústria tradicional” , porém, o objetivo desse trabalho, não é criticar as empresas que aplicam ferramentas JIT de forma isolada, e sim, demonstrar que essas aplicações podem representar casos de sucesso e, se bem trabalhadas e associadas a uma filosofia de produção enxuta, podem mais facilmente desenvolver o pensamento enxuto e o pensamento sustentável dessas empresas.

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2. Pensamento Enxuto e Sustentável

Womack & Jones (2004) ampliam o conceito de valor agregado para o valor indicado pelo cliente, elevando a produção enxuta da condição de produção eficiente para a produção eficiente e eficaz. Esse pensamento de uma produção, tanto eficiente quanto eficaz, é definido pelos autores como Lean Thinking ou Pensamento Enxuto e possui a sua lógica orientada por cinco princípios, explicados pelas seguintes etapas:

− O ponto de partida para o pensamento enxuto é a especificação do valor na ótica do cliente final, em que um produto específico deve atender às necessidades de um determinado cliente a um preço específico em um determinado momento;

− Após esmiuçar o que realmente representa valor para o cliente, deve-se mapear o fluxo de valor na melhor seqüência possível, procurando sempre eliminar o que não agrega valor. Segundo Rother & Shook (2003) o mapeamento do fluxo de valor auxilia o entendimento do fluxo de informações e materiais durante o fluxo de produção de um produto, desde o consumidor até o fornecedor;

− o terceiro princípio do pensamento enxuto, ou fazer o valor fluir , representa uma etapa de grande mudança organizacional, pois é a etapa que combate o paradigma contra-intuitivo do fluxo. Essa etapa necessita do uso integrado de ferramentas do JIT / TQC, necessitando de um redesenho das indústrias, no que tange os layouts, as funções convencionais, as carreiras, os relacionamentos com clientes, com fornecedores e etc.

− conforme o fluxo é iniciado, pode-se permitir que o cliente final puxe a produção, transformando a produção empurrada, conforme conveniência da produção em produção puxada, conforme conveniência do cliente final;

− após a especificação dos valores a partir dos clientes, permitindo o mapeamento dos fluxos desses valores (inclusive eliminando desperdícios), que por sua vez são puxados pelos clientes, os operários dotados de Pensamento Enxuto, perceberão que podem retornar à primeira etapa, aperfeiçoando ainda mais o processo de produção. Este constante refinamento aproxima cada vez mais o produto, daquilo que o cliente realmente deseja. Os autores chamam essa etapa de perfeição.

Com relação ao Desenvolvimento Sustentável, pode-se dizer que a sua definição mais aceita, é de um desenvolvimento que atende às necessidades das gerações atuais sem comprometer o atendimento das necessidades das gerações futuras. Essa definição foi cunhada nos anos 80 pela própria Comissão Mundial para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, indicando, claramente, o novo paradigma de produção a ser seguido pelas indústrias, ou seja, o paradigma da sustentabilidade.

Nishida (2006) desenvolveu um artigo intitulado “Redução do impacto ambiental através das práticas lean” , disponível em www.lean.org.br, em que o autor, patrocinado pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, relata os principais tópicos de uma pesquisa explorando a ligação entre a produção lean e a melhoria de indicadores ambientais, expressando mais formalmente que a produção enxuta promove a sustentabilidade. Do trabalho de Nishida, conclui-se que existe uma intrínseca relação entre o pensamento sustentável e o enxuto, a partir do momento que os dois se preocupam simultaneamente com a eliminação de qualquer forma de desperdício.

Em seu trabalho, Nishida apresenta um quadro, conforme exibido na figura 1, em que o autor relaciona os desperdícios (retrabalho, espera, superprodução, movimentação, estoque, processamento desnecessário e criatividade não utilizada) com os seus possíveis impactos ambientais, concluindo existir uma forte relação de causa-efeito entre a eliminação dos

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desperdícios e as oportunidades de redução dos impactos ambientais.

Tipos de desperdícios Exemplos Impacto ambiental Retrabalho Refugo, defeitos,

produção para reposição, inspeção.

§ Matéria-prima consumida na fabricação de produtos defeituosos;

§ Componentes defeituosos requerem reciclagem ou eliminação;

§ Maior espaço requerido para retrabalho, aumentando consumo de energia em aquecimento, resfriamento e iluminação.

Espera Fim do estoque, atrasos por processamento em lotes, parada de equipamentos, processos gargalos.

§ Potencial estrago de materiais ou danos em componentes causando desperdícios;

§ Desperdícios de energia por meio de aquecimento, resfriamento e iluminação durante a parada de máquinas

Superprodução Fabricação de itens sem necessidade de produção.

§ Maior quantidade de matérias-primas consumidas para fabricar produtos sem necessidade

§ Produtos extras podem deteriorar ou tornarem obsoletos sujeitos à eliminação

Movimentação Movimentação de homens sem necessidade, transportando estoque em processo.

§ Maior utilização de energia para transporte; § Emissões de gases por meio de transporte; § Maior espaço requerido para movimentação

de estoques em processo, aumentando a demanda de consumo de energia para iluminação, aquecimento, resfriamento;

§ Maior quantidade requerida de embalagens para proteger componentes durante o transporte.

Estoque Excesso de matéria-prima, estoque em processo ou produto acabado.

§ Maior quantidade requerida de embalagens para armazenar estoques em processo

§ Desperdícios por meio de deterioração ou danos em armazenar estoques em processo;

§ Maior quantidade de materiais para substituir os estoques em processo danificados;

§ Maior utilização de energia para aquecer, resfriar e iluminar área de estocagem.

Processamento desnecessário

Excesso de etapas de processamento, ou que exigem tempo além do necessário para atender a necessidade do cliente.

§ Maior quantidade de matéria-prima consumida por unidade de produção;

§ Processamento desnecessário aumenta os desperdícios, uso de energia e emissões de gases.

Criatividade não utilizada

Perda de tempo, idéias, conhecimentos, melhorias e sugestões dos funcionários.

§ Poucas sugestões para oportunidade de diminuição dos desperdícios.

Figura 1 – Relação desperdícios / impactos ambientais (disponível em www.lean.org.br, acessado em abril de 2006)

Visto a relação direta entre os desperdícios e os impactos ambientais, apresenta-se uma nova técnica construtiva, cujo desempenho se apoia em importantes ferramentas do JIT/TQC, fomentando simultaneamente os pensamentos enxuto e sustentável.

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3. Os bags de argamassa auxiliando no layout celular , no uso de máquinas mais simples e no trabalho de operadores polivalentes

Segundo Martins & Laugeni (2001) o layout em células de manufatura consiste em arranjar em um só local, máquinas diferentes que possam fabricar o produto inteiro, fazendo com que os materiais se desloquem dentro das células buscando os processos necessários, facilitando a flexibilidade quanto ao tamanho dos lotes, a especificidade por produto, a redução do transporte de material e a redução de estoques. Com relação aos operadores, o layout celular favorece o trabalho cooperativo formando grupos coesos com relação à produção, destacando como principais vantagens, a qualidade, a produtividade, o aumento da motivação e a responsabilidade sobre o produto fabricado.

Um excelente exemplo de aplicação dos princípios do Layout celular, é utilizado pela Lorenge. A empresa em questão conseguiu de forma inusitada reunir num mesmo local, todos os recursos necessários para os serviços de revestimento em argamassa, reduzindo sobremaneira os fluxos associados a esses serviços.

Pode-se observar pela figura 2, que a célula de produção de argamassa é montada a partir de um bag de argamassa pré-fabricada de 600 Kg, suspenso por meio de uma talha na “ laje de forro” de um determinado pavimento (foto 1), contendo um canalete (foto3) que atravessa a “ laje de piso” desse pavimento, indo alimentar uma pequena betoneira de 120 l (foto 2 com detalhe na foto 4) que produz, por sua vez, todas as argamassas para os diversos revestimentos, assentamentos e contrapisos do “pavimento tipo inferior” .

Figura 2 – layout celular para revestimentos, assentamentos e contrapisos

Os trabalhos nessa célula de produção proporcionam a minimização e a eliminação de várias atividades que não agregam valor, fazendo com que o próprio pedreiro, além de executar as atividades de transformação, seja também responsável pela fabricação e controle de qualidade

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da massa de forma simples e eficiente. Outra grande vantagem é que essa célula de produção elimina a necessidade de uma programação sofisticada, que a propósito, é quase sempre de responsabilidade do operador do elevador de carga.

4. Os bags de argamassa proporcionando a trocas rápidas de ferramentas

Para Womack & Jones (2004, p. 50) o JIT só pode funcionar com eficácia, se os setups forem rigorosamente reduzidos, para que as operações do início do fluxo “ [...] produzam pequeninas quantidades de cada peça e, em seguida, produzam uma outra pequenina quantidade assim que as peças já produzidas forem solicitadas pelo próximo processo” .

Para Black (1998, p. 132) a adoção de programas de TRF é uma idéia revolucionária, por não necessitar de altos investimentos em equipamentos sofisticados, resumindo-se em uma análise de tempos e movimentos aplicada aos setups (conforme pode ser constatado na figura 3). Black cita ainda, que a redução dos tempos de setup favorece a “ [...] troca mais freqüente de ferramentas, tamanhos de lotes menores, menores custos de inventário e menores tempos de atravessamento” .

Pode-se verificar pela figura 3 que os bags de argamassa proporcionam uma importante redução nos tempos de setup, caso se necessite trocar o tipo de argamassa para a execução de serviços diversos. Observou-se neste caso, que a troca do silo é feita em pouco mais de 1 min.

Figura 3 – Troca rápida de ferramentas nos silos de argamassa

Pode-se verificar na figura 3 (foto 1) que enquanto um bag é utilizado, outros bags (inclusive de materiais diferentes) já estão posicionados para a substituição. Quanto à substituição, ela é rapidamente executada por um único operador, que retira o bag vazio e suspende o novo bag com uma talha (foto 2), realinhando o canalete do novo bag para o canalete de alimentação da betoneira (fotos 3 e 4) no pavimento inferior. Importante citar que esse procedimento pode ser

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feito durante a operação da betoneira, convertendo os anteriores setups internos em externos.

5. Os bags de argamassa provocando a formação de fornecedores JIT

De acordo com Tubino (1999) a meta da produção enxuta na área de fornecimento é reduzir a base de fornecedores para fixar contratos de longo prazo, podendo-se atingir maior ganho de escala, retorno dos investimentos, difusão dos conhecimentos e transferência de tecnologias, processos focalizados e coordenação de entregas.

Segundo Lubben (1989) um contrato de longo prazo fortifica a segurança de saber que as relações comerciais continuarão enquanto o fornecedor permanecer competitivo e atender aos compromissos. Adicionalmente, o fornecedor tem garantia de lucro, enquanto o cliente tem garantia de estar pagando o valor justo pelo produto.

Com relação aos bags de argamassa, pode-se inferir pelo seu inedetismo, que o seu sucesso não teria sido alcançado sem a estreita cooperação de todos os fornecedores desta cadeia de valor.

Conforme entrevista concedida em março de 2006 pelo Sr. José Luiz, gerente da “Fibrabag”, fabricante dos bags da Lorenge (fotos 1 e 2 da figura 4), a fábrica levou um semestre inteiro para melhorar e adaptar o seu produto às necessidades e às especificações, tanto da Massafix, fábrica envasadora (fotos 3 e 4 da figura 4), como da própria construtora (cliente principal), ou seja, os bags já produzidos pela Fibrabag, para atender a outros tipos de indústria, tiveram que evoluir para atender simultaneamente às seguintes especificações:

− Logística da fábrica envasadora (fotos 3 e 4 da figura 4) - os bags devem ser fáceis de envasar e transportar;

− Logística da construtora - os bags devem ser de fácil manuseio dentro das obras, permitindo a redução dos tempos de setup e devem ter uma resistência mecânica que favoreça o máximo de reaproveitamento de cada bag. Atualmente, a construtora consegue reaproveitar cada bag, em média, dez vezes, evitando a formação de monturos de sacos de argamassa.

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Figura 4 – Fabricação, envasamento e carregamento dos bags

6. Os bags de argamassa incitando a Engenharia Simultânea

De acordo com Hartley (1998) a engenharia simultânea parte de uma confiança de trabalho em equipe (força tarefa), geralmente formada pelos engenheiros de projeto do produto, pelos engenheiros de fabricação, pelo pessoal de marketing, de compras, de finanças e os principais fornecedores.

Hartley (1998) ainda cita que na engenharia convencional, no momento em que os engenheiros de produção podem sugerir melhorias radicais, o projeto está demasiadamente adiantado para incorporar essas idéias, aumentando os desperdícios pela falta de qualidade dos projetos e da fabricação, ou pelas mudanças tardias nos projetos.

Tubino (1999) enfatiza mais a participação dos fornecedores e clientes da cadeia produtiva nas equipes de trabalho, como forma de melhorar os tempos de processamento por meio do planejamento de produtos e processos de produção que possam ser implementados de forma simples e eficiente.

Confirmando a citação de Tubino, que defende a cooperação dos fornecedores e clientes para fomentar a engenharia simultânea, a Massafix utiliza para o transporte dos bags de argamassa, pallets menores do que os convencionais, conforme figura 5, facilitando a circulação dos bags pelos vãos das portas nos “pavimentos tipo” .

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Figura 5 – Pallets menores que os convencionais, desenvolvidos para circular mais facilmente dentro das obras

7. Atacando mais for temente a ver tente ecológica da sustentabilidade

Para finalizar, verifica-se que os bags trazem à obra, a idéia de um forte aliado na eliminação global dos desperdícios. Este fato agrada a todos os trabalhadores, aumentando ainda mais a criatividade em prol da sustentabilidade. Esta criatividade pode ser percebida exatamente quando se acoplam os bags a misturadores de argamassa, eliminando-se tanto a poeira quanto os ruídos nas obras (conforme figura 6), num clássico exemplo de contribuição criativa que leva à melhoria contínua.

Figura 6 – bags acoplados a misturadores de argamassa: melhor logística, menos poeira e menos ruídos

6. Conclusão

Pode-se concluir esse artigo, afirmando que a utilização de novas técnicas para a indústria da Construção Civil, quando operadas com bom senso, podem aproximar essa indústria dos preceitos das construções enxutas e sustentáveis, mesmo sem o total entendimento das complexidades dessas filosofias. O grande ganho dessa abordagem é que se os construtores se reconhecem como “atores ativos” no processo de melhoria contínua em busca de construções mais enxutas e sustentáveis, eles acabam entendendo as vantagens e benefícios dessas filosofias e, se tornam seus potenciais aprendizes e seguidores, conseguindo então exponencializar as vantagens do uso sistêmico e não isolado das ferramentas do JIT/TQC.

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Referências

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CORIAT, B. Pensar pelo avesso: o modelo japonês de trabalho e organização. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1994.

HARTLEY, J.R. Engenharia simultânea: um método para reduzir prazos, melhorar a qualidade e reduzir custos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.

HUGE, E.C. & ANDERSON, A. D. Guia para excelência de produção: novas estratégias para empresas de classe mundial. São Paulo: Atlas,1993.

LUBBEN, R.T. Just in time: uma estratégia avançada de produção. São Paulo: Mc Graw-Hill, 1989.

MARTINS, P.G.; LAUGENI F. P. Administração da produção. São Paulo: Saraiva, 2001.

NISHIDA L. T. Redução do impacto ambiental através das práticas lean. São Paulo: Lean Institute Brasil, 2006. Disponível em:<http://www.lean.org.br>

ROTHER M. & SHOOK J. Aprendendo a enxergar: mapeando o fluxo de valor para agregar valor e eliminar o desperdício. Brookline: The lean enterprise institute, 2003.

TUBINO, D.F. Sistemas de Produção: a produtividade no chão de fábrica. Porto Alegre: Bookman,1999.

WOMACK J.P. & JONES D.T. A mentalidade enxuta nas empresas lean thinking: elimine o desperdício e crie riqueza. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.