A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DOS CONTEÚDOS DE ...como Transposição Didática. Esse termo foi,...

40
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL ANA CARLA LIMA DO NASCIMENTO A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DOS CONTEÚDOS DE MITOSE E MEIOSE NO ENSINO MÉDIO BEBERIBE - CEARÁ 2013

Transcript of A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DOS CONTEÚDOS DE ...como Transposição Didática. Esse termo foi,...

Page 1: A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DOS CONTEÚDOS DE ...como Transposição Didática. Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino da Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL

ANA CARLA LIMA DO NASCIMENTO

A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DOS CONTEÚDOS DE MITOSE E MEIOSE NO ENSINO MÉDIO

BEBERIBE - CEARÁ

2013

Page 2: A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DOS CONTEÚDOS DE ...como Transposição Didática. Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino da Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino

ANA CARLA LIMA DO NASCIMENTO

A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DOS CONTEÚDOS DE MITOSE E MEIOSE NO ENSINO MÉDIO

Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Ciências Biológicas do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Estadual do Ceará, como requisito parcial para obtenção do Título de Licenciado em Ciências Biológicas. Orientadora: Profª Ms. Maria Márcia Melo de Castro Martins

BEBERIBE-CEARÁ

2013

Page 3: A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DOS CONTEÚDOS DE ...como Transposição Didática. Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino da Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

Universidade Estadual do Ceará

Biblioteca Central Prof. Antônio Martins Filho

Bibliotecário(a) Responsável – Giordana Nascimento de Freitas CRB-3/1070

N244t Nascimento, Ana Carla Lima do

A transposição didática dos conteúdos de mitose e meiose no ensino médio / Ana Carla Lima do Nascimento. – 2013.

CD-ROM. 37 f. il. ; 4 ¾ pol.

“CD-ROM contendo o arquivo no formato PDF do trabalho acadêmico, acondicionado em caixa de DVD Slin (19 x 14 cm x 7 mm)”.

Monografia (graduação) – Universidade Estadual do Ceará, Centro de Ciências da Saúde, Curso de Ciências Biológicas a Distância, Beberibe, 2013.

Orientação: Profa. Ms. Maria Márcia Melo de Castro Martins. 1. Transposição didática. 2. Divisão celular. 3. Livro didático. 4.

Ensino de Biologia. I. Título. CDD: 574.07

Page 4: A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DOS CONTEÚDOS DE ...como Transposição Didática. Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino da Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino
Page 5: A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DOS CONTEÚDOS DE ...como Transposição Didática. Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino da Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino

O ensino dos sábios é fonte de vida e afasta o homem das armadilhas da

morte.

Provérbios 13:14

Page 6: A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DOS CONTEÚDOS DE ...como Transposição Didática. Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino da Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino

Dedico este trabalho àqueles que acreditam que a educação

é o caminho para o desenvolvimento do país.

Page 7: A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DOS CONTEÚDOS DE ...como Transposição Didática. Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino da Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, que me acompanhou durante esta caminhada; A minha filha, que é fonte de inspiração e minha fortaleza para não desistir da caminhada. Ao meu marido, pela paciência e amor; Aos meus familiares que me deram força e coragem durante este percurso; As amizades construídas durante o curso e que jamais serão perdidas com o passar do tempo; Aos alunos que participaram do projeto, por tudo o que aprendi, e continuo aprendendo até hoje;

Aos professores formadores, que propiciaram e orientaram o desenvolvimento deste trabalho, e ainda pela forma como acreditam em seus alunos, sempre oportunizando a abertura de novos horizontes.

À Profa. tutora à distância Lydia Dayanne Maia Pantoja, pelo incentivo, amizade virtual na plataforma e disciplinas presenciais construídos ao longo de uma caminhada; À Profa. Márcia Melo por ter acreditado neste trabalho e ter me orientado, cuidadosamente. Aos professores Flávia Roldan e Ivo Conde, pelas valiosas sugestões ao aprimoramento deste trabalho.

À Profa. Coordenadora de Curso, Germana Costa Paixão, pela paciência e carinho não só por mim como também pela turma;

Aos professores que lecionam Biologia nas escolas do município de Cascavel, que contribuíram com suas preciosas entrevistas para a pesquisa.

Page 8: A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DOS CONTEÚDOS DE ...como Transposição Didática. Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino da Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino

RESUMO

O conteúdo de Divisão Celular, mitose e meiose, é considerado por muitos professores o mais complexo para o aluno assimilar e na maioria dos livros esse conteúdo é visto no 1º ano do Ensino Médio. Também tem se apresentado como conteúdo de difícil abordagem tanto por professores iniciantes, como por docentes mais experientes. Nesse sentido o presente trabalho investiga a Transposição Didática e as metodologias de ensino utilizadas por professores relacionadas à mitose e meiose. Tem por objetivo geral identificar a percepção dos professores em torno do tratamento das informações em relação aos conteúdos de mitose e meiose nos livros de Biologia do Ensino Médio. E os objetivos específicos são conhecer como os conteúdos de mitose e meiose são tratados nos livros de Ensino Médio; verificar a percepção do professor no tocante ao aprendizado do aluno em relação à esses conteúdos; conhecer os tipos de metodologias e linguagens utilizadas pelo docente para a abordagem desses processos; destacar as dificuldades de aprendizado do aluno em torno do conteúdo em questão. O presente trabalho caracteriza-se como um estudo de natureza qualitativa e tem por método o Estudo de Caso. A coleta de dados se deu por meio de entrevista e análise de livros didáticos de Biologia. Os sujeitos são três professores de Biologia das turmas de 1º ano das escolas da rede estadual de ensino localizadas no município de Cascavel. O tratamento e a análise de informações dos referidos conteúdos nos livros didáticos utilizados por esses profissionais foram realizados traçando-se um paralelo entre o livro e as entrevistas realizadas com os docentes no intuito de saber como esses professores transmitem esse saber científico e quais são suas percepções em relação aos saberes adquiridos pelos alunos e sua reflexão quanto ao livro didático utilizado por eles nas aulas. A partir da análise das falas dos professores entrevistados e do conteúdo de divisão celular nos livros didáticos, concluiu-se que as metodologias adotadas pelos docentes associadas à forma como o assunto é apresentado no livro são fatores que concorrem para a dificuldade do aluno em compreender o conteúdo de mitose e meiose no 1º ano do Ensino Médio, pois embora os professores tenham nos relatado que há uma preparação para ministrar tal conteúdo, entendemos que a compreensão deste requer a leitura do aluno do material didático, mediado por intervenções do docente embasadas por conhecimento de como tornar os conteúdos mais acessíveis, de como tornar o saber sábio (do cientista) em saber escolar. O estudo apontou para a necessidade de os cursos de formação discutirem a transposição didática como um conhecimento importante e essencial que o professor deve deter para o exercício da docência. Palavras-chave: Transposição Didática; Divisão Celular; Livro Didático; Ensino de Biologia

Page 9: A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DOS CONTEÚDOS DE ...como Transposição Didática. Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino da Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................... 7

2 REFERENCIAL TEÓRICO......................................................................... 10

2.1 Transposição Didática........................................................................... 10

2.2 Transposição Didática e o Ensino de Biologia no Ensino Médio..... 12

2.3 O livro didático e os conteúdos de Divisão Celular........................... 13

2.4 Metodologias dos professores em sala de aula................................. 14

3 METODOLOGIA......................................................................................... 18

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................. 20

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................... 29

REFERÊNCIAS............................................................................................. 31

APÊNDICE I.................................................................................................. 34

APÊNDICE II................................................................................................. 36

ANEXO........................................................................................................... 37

Page 10: A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DOS CONTEÚDOS DE ...como Transposição Didática. Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino da Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino

7

1 INTRODUÇÃO

Atualmente há uma diversidade de metodologias de ensino de Biologia à

disposição dos docentes, com o objetivo de contribuir com o aprendizado do aluno. Os

procedimentos metodológicos devem estimular uma postura reflexiva e investigativa sobre

os fenômenos estudados, sendo o professor o mediador entre o conteúdo apresentado no

livro e sua apropriação pelo aluno. Esse processo é denominado por Chevallard (1985),

como Transposição Didática. Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino da

Matemática e posteriormente passou a ser objeto de estudo em outras disciplinas para se

investigar a qualidade das metodologias e da linguagem utilizada pelos docentes na

abordagem dos conteúdos escolares.

No ensino de Biologia, os livros didáticos constituem um recurso de fundamental

importância, já que representa, em muitos casos, o único material de apoio didático

disponível para os alunos. A linguagem utilizada nesses livros é de natureza técnico-

científica, de difícil compreensão para os estudantes. E o professor durante seu curso de

formação inicial, geralmente, não aprende como trabalhar com essa linguagem e finda por

reproduzi-la em sala, o que dificulta o reconhecimento e a aprendizagem dos conteúdos

pelos alunos.

O livro de Biologia é um instrumento que tem um diferencial em relação aos

demais, pois aplica os métodos científicos, analisa os fenômenos propostos, testa as

hipóteses formadas e também a formulação de conclusões, propiciando ao aluno uma

compreensão científica, filosófica e estética de sua realidade (VASCONCELLOS, 1993).

Oferece suporte no processo de formação dos indivíduos estabelecendo um elo entre o

conteúdo com o cotidiano. Nesse processo deve buscar atender às propostas pedagógicas

da escola, não fugindo da interdisciplinaridade, da transversalidade de temas e as

adaptações do conteúdo ao meio em que o aluno vive.

E foi nesse sentido que me senti motivada em pesquisar a respeito da

transposição didática de conteúdos de Mitose e Meiose. Esse conteúdo é ensinado durante

o 1º ano do Ensino Médio, e muitos alunos ainda não conseguem abstrair o conhecimento

mais complexo e técnico no que se refere à reprodução celular, e o professor em sala de

aula, na maioria das vezes, utiliza a mesma linguagem trazida nos livros didáticos, o que se

torna fator complicador na aprendizagem desses alunos.

De acordo com Jotta (2013) a linguagem é um meio de expressar e comunicar

ideias (abstrações com significado), para isto ocorre uma representação por signo, e estes

se organizam em códigos, através dos quais é possível realizar a mediação por um canal

Page 11: A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DOS CONTEÚDOS DE ...como Transposição Didática. Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino da Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino

8

entre locutor e receptor, assim ocorre à recepção-interpretação da mesma. Desta forma, a

educação é construída basicamente por mecanismos de linguagens e códigos. Quando a

linguagem ordinária não é suficiente para construir as ideias que são objetivadas num canal

de comunicação, por razões diversas, tais como desconhecimento do vocábulo, objeto não

existente na estrutura cognitiva, são necessárias estratégias diferentes de assimilação.

Portanto, o processo de ensino e aprendizagem de Biologia é um processo

contínuo e processual, onde muitas informações são adicionadas e complementadas pelo

professor, levando em consideração que o aluno possa apreender o conteúdo de forma

prazerosa, e que segundo Braga (2009), embora sejam processos contínuos, a meiose e a

mitose são, para efeito de estudos, divididas em fases e subfases que costumam ser

apresentadas de maneira detalhada e ricamente ilustrada nos livros.

É preciso, no entanto ficar atento aos efeitos que tal formatação tem produzido

sobre a aprendizagem e a compreensão desses processos. De fato, parece que para a

maioria dos alunos a impressão mais duradoura a respeito da meiose, por exemplo, é a de

uma sucessão de quadros com diferentes posições de cromossomos, que culmina com a

formação de quatro células que possuem a metade do número de cromossomos da célula

mãe. Tal visão é reforçada, inclusive, pela maneira como a meiose é, de forma resumida,

definida na maioria dos livros didáticos: tipo de divisão celular em que uma célula dá origem

a quatro células com a metade do número de cromossomos da célula original.

Esta forma de definir a meiose, que enfatiza mais o resultado do que o processo

em si, dificulta a aprendizagem significativa deste conteúdo e enfraquece o seu caráter de

conhecimento subsunçor. Ela limita o estabelecimento de relações cognitivas com outros

temas afins levando a uma compreensão fragmentada e pouco significativa dos tópicos

envolvidos. Adiante também apresentaremos como a mitose é apresentada nos livros

didáticos.

Diante da situação posta, nosso questionamento gira em torno das metodologias

de abordagem desses conteúdos junto aos alunos do 1º ano do ensino médio e como o livro

é utilizado para transpô-los nesse processo, de forma que o aluno possa entendê-los e

assimilar a linguagem presente no material didático.

Essas inquietações deram origem ao objetivo geral do nosso estudo: Identificar

a percepção dos professores em torno do tratamento das informações em relação aos

conteúdos de mitose e meiose nos livros de Biologia do Ensino Médio. O qual se

desmembrou em objetivos específicos, a saber: Conhecer como os conteúdos de mitose e

meiose são tratados nos livros de Ensino Médio; verificar a percepção do professor no

tocante ao aprendizado do aluno em relação a esses conteúdos; conhecer os tipos de

Page 12: A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DOS CONTEÚDOS DE ...como Transposição Didática. Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino da Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino

9

metodologias e linguagens utilizadas pelo docente para a abordagem desses processos;

destacar as dificuldades de aprendizado do aluno em torno do conteúdo em questão.

No Referencial Teórico, será abordado o que é Transposição Didática e seus

conceitos acerca do ensino, relacionando também o mesmo com o ensino de Biologia no

Ensino Médio, levando em consideração o conteúdo de Mitose e Meiose nos livros didáticos

e como eles estão sendo abordados de acordo com os PCNEM (Parâmetros Curriculares

Nacionais do Ensino Médio) e as metodologias do docente em sala de aula. Na seção de

Metodologia do presente trabalho apresentamos o Estudo de Caso como método de

pesquisa. Os Resultados desta foram discutidos no tocante à como os conteúdos de mitose

e meiose são abordados no Ensino Médio, e por fim as Conclusões desta pesquisa.

Passemos ao próximo capítulo, onde apresentamos o caminho metodológico

percorrido para atender nossos objetivos.

Page 13: A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DOS CONTEÚDOS DE ...como Transposição Didática. Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino da Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino

10

2. REFERENCIAL TEÓRICO

A transposição didática deve ser apreciada pelos futuros professores durante a

vida acadêmica, principalmente em conteúdos mais complexos da Biologia, para se

conhecer como viabilizar a apropriação dos conhecimentos pelos alunos. Aqui serão

abordados os referenciais teóricos para a construção da presente pesquisa.

2.1. Transposição didática

Ao ministrar os conteúdos escolares, o docente precisa não somente dos

saberes biológicos, mas também de metodologias no uso da linguagem para abordar os

conhecimentos, de forma que favoreça o processo de aprendizagem do aluno. É o que

chamamos de Transposição Didática. Esse conceito foi desenvolvido por Michel Verret em

1975, mas em 1991 Chevallard estudou mais a fundo esse conceito no ensino da

Matemática, para o autor:

A transposição didática é entendida como um processo, no qual, um

conteúdo do saber que foi designado como saber a ensinar sofre a partir

daí, um conjunto de transformações adaptativas que vão torná-lo apto para

ocupar um lugar entre os objetos de ensino. (CHEVALLARD, 1991, p. 39).

O professor necessita saber mais, buscar e pesquisar sobre como transpor os

conteúdos de divisão celular para os alunos, pois pouco adianta conhecer o conteúdo de

divisão celular, se durante a aula, o docente utiliza-se da mesma linguagem técnico-

científica do livro para o aluno e de um vocabulário alheio aos aprendizes. Dessa maneira, o

aprendizado se torna monótono e desmotivante para o aluno durante os exercícios, que não

raro trazem questões descontextualizadas.

Nessa direção, Chevallard (1991) nos informa que o conhecimento acadêmico

deverá ser “adaptado” ao ambiente das salas de aula para que tenham melhor percepção do

conteúdo. Isso pode sugerir a ideia de que o Saber a Ensinar e o Saber Ensinado sejam

pouco diferentes daqueles presentes nos laboratórios e grupos de pesquisa universitários.

Sendo assim, a transposição didática pode ser definida como um conjunto de

ações que podem transformar um saber sábio (conhecimento científico) em saber ensinável,

como destaca ALVES (2000, p. 21):

No ambiente escolar, o ensino do saber sábio se apresenta no formato do que se denomina de conteúdo ou conhecimento científico escolar. Este conteúdo escolar não é o saber sábio original, ele não é ensinado no formato original publicado pelo cientista, como também não é uma mera simplificação deste. O conteúdo escolar é um “objeto didático” produto de um conjunto de transformações. [...]. Após ser submetido ao processo transformador da transposição didática, o “saber sábio” regido agora por

Page 14: A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DOS CONTEÚDOS DE ...como Transposição Didática. Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino da Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino

11

outro estatuto, passa a constituir o “saber a ensinar”.

Nesse caso, o professor além de ter domínio dos conhecimentos específicos da

área da Biologia, necessita também saber adequar a linguagem para o ambiente escolar,

pois o conteúdo biológico não é pronto para ser ensinado da mesma forma que se encontra

nos materiais didáticos. Deve ser transformado por meio da utilização de metodologias

diferenciadas, para que o aluno possa ser contemplado no processo de ensino-

aprendizagem.

É necessário que o conhecimento científico escolar esteja fundamentado nos

saberes produzidos pelos cientistas. O ensino de Biologia tem como princípio o estudo da

vida, e o mesmo tem se mostrado mutável, pois surgem novas descobertas que modificam

as teorias já estabelecidas. Assim, os materiais didáticos e as teorias propostas devem ser

atualizadas, e o saber acadêmico deve ser adaptado à realidade dos estudantes no

ambiente escolar.

Dessa maneira, pode até surgir a ideia que o Saber a Ensinar e o Saber

Ensinado sejam conceitos diferentes daqueles que estão presentes nos laboratórios de

pesquisa. Nesse sentido o ensino traz embutida a ideia de simplificação do saber. Para

ALVES-FILHO (2000 p.13), esta visão simplificada “é equivocada e geradora de

interpretações ambíguas nas relações escolares, pois revela o desconhecimento de um

processo complexo de transformação do saber”.

Segundo Pietrocola (2005), é preciso deixar claro que a “simplificação” aqui

tratada precisa ser diferenciada da escolha consciente de modelos simplificados, que

remetem ao processo de modelagem científica. Ou seja, que a ciência é modelável e

adaptável podendo ser usada linguagens simplificadas para o aprendizado de um conteúdo

ou unidade proposta, e o professor é o responsável direto por essa flexibilidade na

linguagem dos conteúdos para o aluno.

Com isso, neste processo, abstrações, simplificações e idealizações são

esquecidas, ficando o modelo condicionado às mesmas. Para Krasilchick (2008, p. 83):

a modelagem científica é imprescindível para a construção da ciência e, também, para seu ensino. [...] O aspecto “modelador” do saber ensinado é, assim, ocultado do aluno e os autores dos livros didáticos não informam ao

aluno-leitor sobre a necessidade da modelagem dos saberes científicos.

Para Miglio e Terán (2011), historicamente, a escola, dentre suas principais

funções, tem tido o papel da transmissão de conhecimentos produzidos pela humanidade. E

nem sempre os livros trazem a realidade que corresponde a esse papel. Nesse sentido, os

materiais deveriam ser específicos e propor trabalhos que contemplassem o dia-a-dia do

Page 15: A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DOS CONTEÚDOS DE ...como Transposição Didática. Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino da Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino

12

aluno, proporcionando-lhe uma aula prazerosa e, ao professor, planejamentos diversificados

que colaborassem facilitando a mediação adequada da linguagem técnico-científica dos

livros à realidade do aluno em sua comunidade.

Nessa direção é que Moraes (2007 p.170) compreende que “o conhecimento se

dá fundamentalmente no processo de interação, de comunicação”. Para ocorrer a

transmissão ou comunicação, se faz necessário que o conhecimento seja transformado. Os

conhecimentos científicos, na medida em que são elaborados, passam por processos de

codificação, sendo que os processos didáticos devem considerar os códigos científicos.

Contudo, tais códigos devem passar por uma decodificação ou transposição para ser

apreendida pelos alunos.

2.2. Transposição Didática e o Ensino de Biologia no Ensino Médio

De acordo com as Orientações Curriculares para o Ensino Médio da Área de

Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias, o ensino de Biologia deveria ser

pautado na alfabetização científica, implicando este conceito em três dimensões: a

aquisição de um vocabulário básico de conceitos científicos, a compreensão da natureza do

método científico e a compreensão sobre o impacto da ciência e da tecnologia sobre os

indivíduos e a sociedade (BRASIL, 2006).

Assim, o ensino deverá ser desenvolvido de forma que possibilite ao aluno a

apropriação do conhecimento científico, reconhecendo sua relação com o cotidiano e

sabendo aplicar os conhecimentos em diferentes situações do dia-a-dia. Para que esta

proposta seja concreta, se faz necessário a mediação do professor, no sentido de realizar a

transposição didática dos conteúdos de forma a viabilizar esse processo.

Já os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio - PCNEM

(BRASIL, 2006) consideram que há um conjunto de conhecimentos que são necessários ao

aluno para que ele compreenda a sua realidade e possa nela intervir com autonomia e

competência.

Esses conhecimentos constituem o núcleo comum do currículo, onde os

conteúdos de Biologia devem possibilitar que os alunos compreendam a vida como

manifestação de sistemas organizados e integrados, em constante interação com o

ambiente físico-químico (MIGLIO; TERÁN, 2011).

O professor de Biologia durante seu planejamento de aulas, rotineiramente, se

depara com alguns questionamentos como, por exemplo, quais conteúdos deve priorizar, e

Page 16: A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DOS CONTEÚDOS DE ...como Transposição Didática. Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino da Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino

13

quais os objetivos de aprendizagem a serem alcançados. Neste momento, deve se centrar

no processo de transposição didática onde o docente, a partir do plano de curso do livro

didático, e outras fontes, seleciona o que é importante ou faz recortes, analisa e organiza o

processo de ensino, buscando recursos didáticos e metodologias que viabilizem a

transmissão de conhecimento e obtenham melhor compreensão dos conteúdos.

De acordo com Miglio e Terán (2011), é por meio da transposição didática que a

proposta curricular se concretiza, pois os objetos de conhecimento (saber científico) ao se

inserirem no contexto escolar se transformam em objetos de ensino, ou seja, em conteúdo

curricular, em saberes ensináveis. Evidencia-se neste contexto que, uma disciplina escolar

não é o conhecimento científico, mas uma parte modificada deste, no entanto, constituem-se

mais do que o todo deste, uma vez que, abarca também os procedimentos para o seu

ensino. Por exemplo, a Biologia escolar, não se confunde com a Biologia Ciência, mas é

uma parte dela, somada daquilo que a Biologia Ciência não possui, ou seja, fundamentos

didático-pedagógicos sobre como se ensina e se aprende Biologia.

2.3. O livro didático e os conteúdos de Mitose e Meiose

Quando falamos em livro didático, remetemo-nos à sua função principal, que é

guiar o aluno na apreensão do mundo exterior (RICHAUDEAU, 1979). Para o professor, o

livro é importante para a escolha dos conteúdos a serem estudados, na organização de

planos de aula, e, em muitas escolas, já se constitui no principal referencial para o trabalho

em sala de aula. Para Silva (2005), o livro didático tornou-se um dos únicos recursos

utilizados pelo professor em sala de aula, como apoio para o aluno.

Sobre o livro didático, o Programa Nacional do Livro do Ensino Médio (PNLEM)

orienta que o conteúdo deve apresentar a compreensão do fenômeno vida como

manifestação de sistemas organizados e integrados, em constante interação com o

ambiente físico-químico e cultural, abordando a diversidade dos seres vivos, no nível de

uma célula, de um indivíduo, e de organismos interagindo no seu meio (BRASIL, 2012). Ou

seja, o conteúdo deve trazer à tona a realidade do aluno, o meio em que ele vive e a cultura

que ele vivencia, sabendo também abordar a diversidade da vida e importância desse

conteúdo para a vida dos alunos.

No caso de nosso estudo, entendemos que o livro também deve servir de “fio

condutor” para a compreensão dos fenômenos ligados a Divisão Celular, apresentando o

conteúdo em torno de temas estruturadores do conhecimento biológico, tais como: origem e

evolução da vida; identidade dos seres vivos e diversidade biológica; transmissão da vida,

Page 17: A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DOS CONTEÚDOS DE ...como Transposição Didática. Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino da Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino

14

ética e manipulação genética; interação entre os seres vivos e destes com o ambiente; e

qualidade de vida das populações humanas (BRASIL, 2012) que estão intimamente

interligados a Mitose e Meiose.

Desse modo, nessa pesquisa, realizamos também a análise do livro didático de

Biologia que é utilizado nas escolas públicas do município de Cascavel, pois o livro deve

ajudar o aluno na apreensão do mundo, da vida. Assim, partimos do pressuposto de que

este recurso didático, em conjunto com as metodologias e as diversas linguagens usadas

pelo professor em ambiente escolar, deve contribuir para transposição didática dos

conteúdos, ou seja, “traduzir” saberes científicos levando em consideração a realidade do

aluno.

2.4. Metodologias dos professores em sala de aula e o conteúdo de divisão

celular

Muito se fala sobre a autonomia da Biologia, uma das disciplinas que se

correlaciona com outras disciplinas, mas que possui leis próprias. Recentemente, soube-se

que a história da biologia não foi escrita fielmente e novos estudos e pesquisas comprovam

que algumas informações foram ocultadas ou simplesmente modificadas, contudo os

documentos originais não foram destruídos e foi possível se realizar uma releitura, assim

esclarecendo muitos pontos obscuros, possibilitando uma nova abordagem dos fenômenos.

Com base em Krasilchik (2008), a formação biológica contribui para que cada

indivíduo seja capaz de compreender e aprofundar as explicações atualizadas de processos

e de conceitos biológicos, a importância da ciência e da tecnologia moderna, enfim [...]

esses conhecimentos devem contribuir, também, para que o cidadão seja capaz de usar o

que aprendeu ao tomar decisões de interesse individual e coletivo.

De acordo com Guzella e Taschetto (2008), percebe-se, ao longo da história da

biologia, que ela foi abordada das mais variadas maneiras pelos pesquisadores, cada um

dando o enfoque histórico da sua época ao fenômeno ocorrido (DCNEM, 2006). Por essa

razão, faz-se necessária uma mudança na forma de ver, abordar e avaliar os conteúdos de

Ciências e Biologia em sala de aula, uma vez que a maioria das descobertas é fruto das

necessidades humanas e não apenas uma invenção que deva ser aprendida.

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio, o

aprendizado da Biologia visa a compreensão da natureza viva e dos limites dos diferentes

sistemas explicativos, a contraposição entre os mesmos e a compreensão de que a ciência

não tem respostas definitivas para tudo. Precisa, ainda, possibilitar a compreensão de que

Page 18: A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DOS CONTEÚDOS DE ...como Transposição Didática. Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino da Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino

15

os modelos na ciência servem para explicar tanto aquilo que podemos observar

diretamente, como também aquilo que só podemos inferir (BRASIL, 1998).

Segundo Hazen e Trefil (2005), os seres humanos constituem uma espécie

obstinada e curiosa e a ciência constitui o meio mais poderoso para a compreensão do

universo físico, sendo ainda uma grande aventura do espírito humano, repleta de desafios

formidáveis e de prêmios inigualáveis, de oportunidades fantásticas e de responsabilidades

sem paralelo. De acordo com Andery (1988 apud DCE, 2006, p. 26), “a biologia deve ser

entendida e compreendida como processo de produção do próprio desenvolvimento

humano”.

Desde então, percebe-se que há uma crescente necessidade de se trabalhar os

conteúdos da Biologia, baseando-se em seu histórico, porém, contextualizando-os e

conciliando com a interdisciplinaridade exigida e sempre aliando com os acontecimentos

contemporâneos. Assim, facilitando o trabalho pedagógico e a apreensão do conteúdo pelos

alunos.

Nessa direção, sinaliza Guzella e Taschetto (2008, p.3) “os conteúdos de

Biologia são considerados relativamente complexos e de difícil compreensão, necessitando

uma abordagem contextualizada para que haja uma aprendizagem satisfatória”. Para Boneti

(2006 p. 18): “os temas, os conteúdos, as relações entre conteúdo e disciplina, o sistema de

avaliação, a metodologia, enfim, as aprendizagens oferecidas são, muitas vezes,

incoerentes, desatualizadas, fragmentadas e seletivas”.

Pensando nessa perspectiva, faz-se necessário repensarmos as metodologias e

atuação do professor em sala de aula, e revermos a forma de trabalhar os conteúdos, para

que isso ocorra, faz-se necessária uma mudança de postura por parte dos educadores.

Alguns materiais didáticos trazem o tema divisão celular, numa abordagem ampla, com

desenhos e definições claras e textos complementares abordando temas atuais e

contextualizados, o que vem a facilitar o entendimento do tema pelos alunos. Assim,

indagamos: como o professor procede para transpor esse conteúdo para o aluno?

Essa indagação nos remete à Guzella e Taschetto (2008), quando nos dizem

que é primordial que os alunos percebam a importância da reprodução celular no seu

cotidiano, uma vez que a mitose é um tipo de reprodução em que a sua principal função é a

de produzir células para o crescimento do indivíduo, bem como a reposição de células

perdidas ao longo da sua existência.

Para Lopes e Rosso (2005) a principal característica da mitose é ser um tipo de

divisão celular em que uma célula dará origem a duas novas células com o mesmo número

Page 19: A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DOS CONTEÚDOS DE ...como Transposição Didática. Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino da Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino

16

de cromossomos da célula inicial. É o tipo de divisão que ocorre quando há reprodução

assexuada.

Além disso, é importante no crescimento do organismo e na regeneração de

tecidos dos multicelulares. Segundo Junqueira e Carneiro (2000) a principal característica

da meiose é a de ser um tipo de divisão celular especial, pois essa permite reduzir à metade

o número de cromossomos nas células germinativas. Além disso, esse processo pode ser

considerado como o responsável por uma grande fonte de variabilidade genética, devido à

troca de material genético entre os cromossomos homólogos durante a prófase I (crossing-

over) e a segregação dos cromossomos homólogos durante a anáfase I para um dos pólos

da célula, independentemente deles terem origem paterna ou materna. Portanto, é evidente

a importância da meiose ao possibilitar às espécies uma grande diversidade genética

durante o processo evolutivo.

A mitose e a meiose constituem dois importantes processos no que se refere à

reprodução das células, à evolução dos seres vivos e à reprodução e perpetuação da

espécie. Portanto, a compreensão dos referidos processos é fundamental no ensino de

Biologia, devido a sua grande importância tanto na esfera educacional quanto no intelecto

do aluno aprendiz e, principalmente, correlacionado com outras disciplinas na área das

Ciências da Natureza e suas tecnologias, pois para Krasilchik (2008) quando os estudantes

aplicam o conhecimento e as habilidades adquiridas, relacionando-os com os

conhecimentos de outras áreas, para resolver problemas reais.

Considera-se que, para a aprendizagem efetiva de conteúdos complexos da

Biologia, especialmente em relação à importância e ao desenvolvimento dos eventos

responsáveis pelos processos de reprodução celular, faz-se necessário o uso de

metodologias eficazes. Deste modo, é necessário criar condições em sala de aula para

encetar o interesse no aluno, para que o mesmo aprenda e apreenda os conceitos que

abordam a reprodução celular, sua importância e sua aplicação na vida cotidiana dos seres

vivos em geral.

E a Transposição Didática mostra em torno dessas metodologias do ensinar que

a forma de relacionamento entre o Saber Ensinado (o que o professor é capaz de transmitir

para os seus alunos, o seu conhecimento, a sua aula preparada e planejada) e o Saber

Sábio (o que está contido nos livros) é um dos pontos fundamentais em toda a didática,

sendo o professor o agente responsável de transmissão de conhecimento entre livro e

aluno, sendo esse elo o professor também pode ser mutável em suas linguagens e seus

níveis de conhecimento durante suas aulas, onde um aluno do Ensino Médio possui um

vocábulo de fala e língua completamente diferente de um aluno do Ensino Superior. Que

Page 20: A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DOS CONTEÚDOS DE ...como Transposição Didática. Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino da Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino

17

segundo Pietrocola (2005), estas relações ocorrem dentro de um ambiente que configura

um contexto escolar (o Sistema Didático); um pequeno universo que se encontra dentro de

um ambiente externo (o Sistema de Ensino). Este último é tido como “algo” mais amplo. O

Sistema de Ensino, seria, por exemplo, o sistema educacional e/ou as escolas de um país e,

que acabam sempre por influenciar o Sistema Didático.

Segundo Zóboli (2002), a escola precisa ensinar os estudantes a viverem, a

trabalharem e a conviverem uns com os outros, objetivando introduzi-los na vida social. Se a

escola e o professor cumprirem suas funções, o aluno tende a se motivar e agir por vontade

própria, o que desperta o interesse e o esforço do aluno para aquilo que ele precisa

aprender, deixando para trás a obrigação do saber e as decorebas.

De acordo com Penteado (1979), para que o processo de aprendizagem seja

eficiente, é necessário que o ensino da escola deixe de considerar apenas o conhecimento,

a transmissão e a assimilação do saber. Deve almejar a formação e o desenvolvimento de

hábitos e atitudes diante dos valores humanos. Dessa forma, o aluno não estará somente

aprendendo sobre fatos, mas estará formando sua capacidade de resolver problemas

propostos pelos fatos.

Diante da importância do assunto Divisão Celular e do processo de transposição

didática desse conteúdo, nos propomos a desenvolver o presente estudo e esperamos que

o mesmo possa nos ajudar a compreender a importância desse processo, tendo em vista o

entendimento do desenvolvimento e reprodução das várias espécies de seres vivos do

planeta, inclusive da espécie humana.

Disto isto, passemos ao caminho metodológico que percorremos para o

desenvolvimento dessa investigação.

Page 21: A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DOS CONTEÚDOS DE ...como Transposição Didática. Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino da Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino

18

3 METODOLOGIA

A abordagem da presente pesquisa é predominantemente qualitativa, onde o

método de pesquisa utilizado é o Estudo de Caso, no qual utilizamos como técnica de coleta

de dados a análise documental e a entrevista semi-estuturada.

Nossa pesquisa caracteriza-se como uma pesquisa de abordagem qualitativa,

tendo como método o Estudo de Caso e a análise documental.

Segundo Bogdan e Biklen (1982) a pesquisa qualitativa tem o ambiente natural

como seu principal instrumento, onde é feito o contato direto e prolongado com os sujeitos

da pesquisa. Os autores estabeleceram cinco características básicas que configuram o

estudo de caso, mas o que foi utilizado nesse trabalho foi o de dados descritivos, onde os

materiais são ricos em descrições de pessoas, situações, acontecimentos, e o utilizado

neste as descrições de entrevistas, que são citações freqüentes usadas para subsidiar uma

afirmação ou esclarecer um ponto de vista. E todos os dados são considerados importantes,

pois o pesquisador deve atentar para o maior numero possível de detalhes nas situações

estudadas.

Sobre a entrevista, como técnica de coleta de dados, caracteriza-se como uma

forma de analisar todos os detalhes e principalmente todas as emoções e críticas que o

entrevistador presencia do entrevistado, e são esses pequenos detalhes que são

minuciosamente observados durante a transcrição das entrevistas.

Para Lüdke e André (1986, p. 33):

a entrevista representa uma dos instrumentos básicos para a coleta de dados, dentro da perspectiva de pesquisa que estamos desenvolvendo [...] ela desempenha um importante papel não apenas nas atividades científicas como em muitas outras atividades humanas [...] é preciso para tanto reconhecer seus limites e respeitar as suas exigências.

Quanto à análise documental, Lüdke e André (1986) afirmam que pode se

constituir numa técnica valiosa de abordagem de dados qualitativos, seja complementando

as informações obtidas por outras técnicas. Em nossa pesquisa, a análise do livro didático

complementou informações obtidas nas entrevistas. Para essas autoras, os documentos

constituem também uma fonte poderosa de onde podem ser retiradas evidências que

fundamentam afirmações e declarações do pesquisador representando uma fonte “natural”

de informação.

Para tornar a pesquisa possível fomos a campo adquirir os exemplares de livros

didáticos de Biologia mais utilizados no Ensino Médio, nas escolas públicas do município de

Page 22: A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DOS CONTEÚDOS DE ...como Transposição Didática. Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino da Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino

19

Cascavel, com foco principal no tratamento de informações, em especial no conteúdo de

Divisão Celular, onde foram analisados três livros de Biologia que foram denominados livros

A, B e C.

Logo após a análise dos livros didáticos fomos a campo novamente para

entrevistar os professores, para verificarmos sua percepção, como docente, em relação ao

aprendizado do aluno e acerca do conteúdo de Divisão Celular, uma vez que a fala desse

profissional seria fundamental para responder as inquietações que motivaram a realização

desse estudo. A entrevista foi a técnica de coleta mais adequada para nos aproximar das

dificuldades de aprendizagem em torno desse conteúdo.

Num total de oito professores convidados a participar de nossa pesquisa, três se

dispuseram a colaborar com nosso estudo, constituindo-se os sujeitos de nossa

investigação. Atuam em uma mesma escola no município de Cascavel, a única escola que

oferta Ensino Médio.

Sobre a condução das entrevistas, nos aportamos nas considerações de Bardin

(1997), segundo a qual o entrevistador deve, pois, manter-se em escuta ativa e com a

atenção receptiva a todas as informações prestadas, intervindo com pequenas

interrogações que favoreçam a compreensão da fala do entrevistado ou o estímulo à

mesma.

Nossa escolha pela análise do livro didático foi instigada pela concepção de

Krasilchick (2008) sobre o livro didático, segundo a qual os livros, especialmente os de

Biologia, precisam: apresentar linguagem coerente para os alunos; atender a exigências

quanto ao formato (boa impressão, durabilidade, facilidade no manuseio); apresentar

figuras, ilustrações e imagens que ajudem o aluno a compreender o texto e relacionar a

Ciência com o cotidiano do aluno. Interessou-nos, particularmente analisar a forma como os

conteúdos de Mitose e Meiose são apresentados nos livros didáticos de Biologia utilizados

pelos professores, sujeitos da pesquisa.

Page 23: A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DOS CONTEÚDOS DE ...como Transposição Didática. Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino da Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino

20

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os livros de Biologia deverão atender a proposta pedagógica da escola e as

necessidades socio-culturais dos alunos. Nesse sentido, buscamos analisar e identificar a

percepção dos professores em torno do tratamento das informações em relação ao

conteúdo de Divisão Celular: Mitose e Meiose nos livros de Biologia do Ensino Médio e

como este estudo está contribuindo para o aprendizado dos estudantes.

No entanto, a partir desse princípio, elaboramos algumas questões que

utilizamos como ponto de partida para se chegar às respostas para o presente trabalho.

Como os conteúdos de Divisão Celular são tratados nos livros de Ensino Médio? Qual a

percepção do docente em relação ao aprendizado do aluno em relação a esse conteúdo?

Quais são os tipos de metodologias e linguagens utilizadas pelos docentes em sala para

ministrar esses conteúdos? E quais dificuldades de aprendizado desse aluno em torno do

aprendizado no conteúdo em questão? A partir dessas indagações, elaboramos dois

diferentes tipos de questionários, o primeiro direcionado para a análise do tratamento de

informações do referido conteúdo no livro didático e um segundo direcionado

especificamente para os professores.

Os professores X e Y utilizam o livro A que é organizado em três volumes, um

para cada série do ensino médio, sendo um capítulo do volume um destinado ao assunto de

divisão celular mitose e meiose. O professor Z utiliza o livro B que é volume único, no qual o

referido conteúdo é apresentado de forma resumida em relação ao livro A (ver Figura 01).

Os livros são utilizados na mesma escola, porém em turnos diferentes, pois no turno

noturno, os conteúdos são mais resumidos e a maioria dos materiais utilizados pelos

professores são volumes únicos. Com relação à formação dos professores e ao tempo de

docência, X e Y são graduados em Biologia e especializados em Gestão Ambiental, ambos

com quatro anos de magistério. Já o professor Z é graduado em Pedagogia com

Especialização no Ensino de Química e Biologia e tem maior tempo de docência na

instituição, nove anos.

Ao realizarmos uma análise do tratamento das informações sobre mitose e

meiose nos referidos livros didáticos, pudemos perceber que tratam alguns aspectos dos

conteúdos de Mitose e Meiose de diferentes formas, enquanto outros convergem, como

mostramos no quadro a seguir:

Page 24: A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DOS CONTEÚDOS DE ...como Transposição Didática. Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino da Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino

21

Quadro 1: Análise do tratamento da informação nos livros relacionados aos conteúdos de Mitose e Meiose.

ANÁLISE DO TRATAMENTO DAS INFORMAÇÕES DO LIVRO DIDÁTICO.

QUESTÕES LIVRO A LIVRO B

A interdisciplinaridade está presente nesse conteúdo? Sim Não

A unidade faz links com outros conteúdos da Biologia? Sim Não

O conteúdo do livro nesta unidade está contextualizado? Sim Não

A linguagem utilizada é técnico-científica? Sim Sim

Os termos técnico-científicos são esclarecidos por meio de

caixas explicativas ou glossário no final do livro?

Sim Sim

Fonte: elaboração da autora.

Figura 1: Texto sobre Telófase. Livro B em relação ao Livro A

Fonte: Livro B (à esquerda) e Livro A (à direita)

Os livros analisados trazem muitas informações sobre o conteúdo em

questão. A linguagem rebuscada (que em muitas obras são destacadas em negrito)

pode ser esclarecida a partir da leitura do glossário ao seu final, o que poderá

ampliar seu vocabulário em termos de linguagem científica para conteúdos diversos

no campo da Biologia.

Page 25: A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DOS CONTEÚDOS DE ...como Transposição Didática. Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino da Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino

22

Figura 2: Explicação sobre Ciclo Celular e Interfase

Fonte: Livro A

Conhecer as características do livro didático, faz-se necessário na medida

em que, segundo Jotta (2005), constitui-se em um recurso bastante utilizado nas

salas de aula, o qual se constitui, em muitas ocasiões, como referente exclusivo do

saber científico, ao qual o aluno pode ter acesso em qualquer momento. Nesse

sentido, deve apresentar todas as explanações que se fazem necessárias à

compreensão do conteúdo.

A comunicação oral entre professor e aluno durante suas aulas é

importante, pois influencia no aprendizado e contribui na compreensão das ideias,

ao passo que a incompreensão desse vocábulo para o aluno torna-o inviável para o

aprendiz, fazendo com que o professor tenha uma postura perceptiva de falta de

aprendizado desse aluno, pois segundo Krasilchik (2008), o excesso de vocábulo

técnico que o professor usa em suas aulas leva muitos alunos a pensar que a

Biologia é só um conjunto de nomes de plantas, animais, órgãos, tecidos e

substâncias que devem ser memorizados. O professor tem o papel de desmistificar

para o aluno que a Biologia não restringe a memorização é uma ciência a ser

estudada em sala de aula.

Na entrevista realizada com os três professores, direcionamos o seguinte

questionamento: O livro influencia na sua prática? E, você complementa essa prática

com algum outro recurso? Ao que nos informa o professor X:

Page 26: A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DOS CONTEÚDOS DE ...como Transposição Didática. Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino da Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino

23

O livro é de suma importância porque é fundamental a busca a pesquisa do aluno. Ele vai no livro só mesmo para tirar as dúvidas, mas acredito que nem só eu, mas nenhum professor se prende só ao livro, mas incentivo a pesquisar em outros meios.

Já a Professora Y afirma:

É bom a gente complementar o livro, é um apoio pedagógico, geralmente é o que os alunos tem ali, esse apoio, com as questões e tudo mas sempre peço que eles pesquisem em outras fontes.

E para o Professor Z:

O livro é essencial, pois para elaborar uma simples aula como mitose e meiose ele tem que ler no mínimo três ou quatro vezes para assimilar o conteúdo, pois tem livros que possuem atividades e experiências diferentes e tento associar com as atividades de sala de aula onde eles irão demonstrar se aprenderam ou não.

Uma das observações feitas também está relacionada à metodologia que

o docente utiliza para expor o conteúdo de mitose e meiose. Os professores Y e Z

responderam que não tem dificuldades para ministrá-lo, mas o uso excessivo do

método expositivo, torna essa aula rotineira, como a maioria dos professores

responderam. Entendemos que aulas práticas poderiam tornar a abordagem desse

conteúdo mais interessante, assim como o estímulo à leitura do livro, pois este tem

sido utilizado apenas como apoio didático. Nesse sentido, entendemos que tem sido

subutilizado.

As metodologias utilizadas pelo professor podem ser diversas, desde que

a linguagem usada por eles possa esclarecer as dúvidas do aluno. Cada professor

comentou sobre sua metodologia em sala de aula. O professor X nos diz:

Inicio com a parte teórica, depois eu preparo um slide e vou mostrando como isso acontece e vou mostrando as etapas e os períodos G1, síntese, G2, entender que antes da duplicação cromossômica, e entender que pra haver a divisão seja ela mitose ou meiose tem que acontecer a duplicação desse material genético e da estrutura de uma célula como um todo e com as imagens e eles começam a ter, a saber o interesse, tipo, imagine você que um dia foi uma célula invisível e hoje você possui aproximadamente cem trilhões de células. Vamos supor que você levou um corte e você conseguiu repor esse material genético explicar pra ele que as células que não foram danificadas vão repor as células que foram danificadas você mostrar pra eles que mitose que uma célula-mãe pode gerar duas células-filhas e essas células filhas são geneticamente iguais ao das células-mãe e a meiose vai produzir os gametas e eles começam a ter interesse a buscar mais sobre o conteúdo.

A esse respeito a professora Y informa:

Page 27: A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DOS CONTEÚDOS DE ...como Transposição Didática. Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino da Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino

24

A multimídia é uma das metodologias o laboratório e questões de interpretação textual que já engloba a interdisciplinaridade que seria bem melhor pra eles. Considero importante a interação no grupo envolvendo as duas coisas: teoria e prática, Principalmente momentos dinâmicos, pois alunos gostam de novidade em sala de aula para a aula não ficar muito monótona. (Professor Z).

O conjunto de metodologias e estímulos necessários à abordagem do conteúdo

de mitose e meiose, o qual é considerado um dos mais complexos da Biologia e, em

especial, nas turmas de 1º ano, nos instigou a direcionar as seguintes perguntas: Qual o

ponto de partida para introduzir esse conteúdo aos alunos? Como proceder para que os

alunos apreendam o referido conteúdo, uma vez que, via de regra, possuem pouco nível de

abstração?

Ao que nos responderam:

quando se trabalha Meiose e Mitose com os alunos você tem que passar a importância das divisões celulares que a mitose é utilizada para repor o tecido ou células perdidas ou talvez danificadas e a meiose na importância da reprodução ou melhor na perpetuação da espécie. (Professor X).

[...] primeiramente uma aula explicativa logo depois uma aula expositiva mostrando os slides relacionadas às etapas de divisão celular e também pra melhorar o conhecimento desses meninos eu traria para o laboratório de ciências onde tem as etapas que eu ia mostrar a eles e a prática [...] a prática eu acho que

era bem melhor deles aprenderem. (Professora Y).

[...] gosto de pegar a prática do dia a dia, as coisas que eles têm em casa que podem representar a célula e utilizo o livro nos últimos casos, ou seja, uso como apoio. (Professor Z).

Nesse contexto, o livro é utilizado mais como apoio didático, embora

entendamos que poderia estar mais presente no ensino dos conteúdos em questão. Vem

sendo utilizado mais como fonte de pesquisas e para a realização de atividades. Talvez pelo

fato de os professores serem direcionados a preparar os alunos para avaliações, como por

exemplo, o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), o qual exige por conter questões

contextualizadas. Nesse sentido, o grupo gestor da escola “obriga” o docente a pesquisar e

elaborar TD’s e simulados direcionados para que o aluno esteja afinado com o estilo de

prova que eles irão fazer. Nesse contexto, lembramos que o livro B, de acordo com nossa

análise, os conteúdos de mitose e meiose não são apresentados de forma contextualizada,

não identificamos interdisciplinaridade na apresentação dos mesmos, nem links com outros

conteúdos da Biologia.

Page 28: A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DOS CONTEÚDOS DE ...como Transposição Didática. Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino da Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino

25

Figura 3 – Exercícios sobre Divisão Celular.

Fonte: Livro B

Para Vasconcelos (2013), o papel do livro didático é vincular o conhecimento

científico à realidade, possibilitando ao estudante um novo olhar sobre o mundo da vida, na

medida em que é importante instigar a curiosidade do aluno, despertando-lhe o desejo de

aprender, mostrando que a Biologia é uma ciência extremamente ligada a sua vida. E a

maioria dos docentes não reconhecem o verdadeiro papel do livro didático para o aluno,

como foi respondido por todos eles a partir da seguinte questão: Qual o papel do livro

didático relacionado ao conteúdo de mitose e meiose?

Para o Professor X:

auxilia o aluno na hora da dúvida o aluno busca, é um material de apoio.

Para a professora Y:

Ele é muito bom, é um livro bem técnico, é um livro bem completo ele traz todo o apoio pro aluno em uma linguagem bem ampla bem cientifica que esse livro traz, se eles forem em busca de palavras mais simples vai favorecer o aluno.

Page 29: A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DOS CONTEÚDOS DE ...como Transposição Didática. Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino da Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino

26

E para o professor Z:

[...] o livro possui uma linguagem muito técnica e muito científica e se torna um conteúdo um pouco complicado para o aluno assimilar. Isso explica o fato de o aluno não se interessar pela essência do conteúdo em questão, por não se sentir estimulado pela leitura e interpretação do conteúdo, a partir daí entra a interdisciplinaridade com a língua portuguesa, pois esse trabalho não se convém somente ao professor de Português, mas também de disciplinas que exigem a leitura e interpretação do aluno das informações dos livros de Biologia, História e Geografia.

A análise do livro também é fundamental na escolha das obras que serão

utilizadas pelo professor, a maioria das escolas na região utilizam apenas duas obras como

foram descritas anteriormente. Segundo o PNLEM 2012, o livro deve abranger todas as

disciplinas do Ensino Médio, fato que se constitui em um aspecto importante no

fortalecimento dessa etapa da Educação Básica.

Para Perrenoud (2013), assim sendo sua escolha é outro aspecto bastante

importante, pois ao aliá-la ao projeto pedagógico de sua escola, ao conhecimento que o

professor tem de seus alunos, aos espaços e culturas das quais eles e elas participam,

certamente você terá mais condições de desenvolver um ensino de Biologia mais

sintonizado com a sua escola, seus sujeitos e seus tempos, abrindo um espaço de diálogo

com professores e professoras, de forma a contribuir com a melhoria das condições de

ensino e de aprendizagem escolar.

Já quanto aos aspectos didáticos, o livro deverá ser contextualizado, interligando

os conteúdos entre si e à outros assuntos, ou até mesmo estabelecendo intercâmbio com

outras disciplinas. Para os professores, sujeitos de nossa pesquisa, o livro tem uma

linguagem muito técnica, sendo também um livro muito bom, pois ele é bem amplo em

conhecimento na unidade em questão.

A percepção do aluno em relação ao conteúdo também é importante para definir

estratégias de utilização do livro didático, particularmente em relação à linguagem científica

proposta no livro, uma vez que para Jotta (2008), a linguagem técnico - científica para o

estudante é considerada erudita, ou seja, de difícil compreensão por parte do aluno. Nesse

sentido, entendemos que a essa linguagem deve ser aproximada da realidade dos alunos,

contudo concordamos com Barrass (1991) quando nos diz que essa é uma tarefa difícil. O

autor expõe também que não se pode libertar uma palavra empregada na ciência de toda a

carga de significados a ela associados, acrescenta também que os termos técnicos podem

transformar-se num obstáculo para a comunicação eficiente e que muitas vezes o autor não

se dá conta de que está utilizando palavras que a maioria não entende.

Page 30: A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DOS CONTEÚDOS DE ...como Transposição Didática. Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino da Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino

27

De acordo com Garcia (2002), todos os falantes de cultura mediana dispõem de

quatro tipos de vocabulário: o vocabulário da linguagem coloquial, que se usa diariamente e

é relativamente pequeno; o vocabulário da modalidade escrita (técnico-científica ou literária),

de emprego ocasional, constituído de palavras do primeiro tipo e de outras de ocorrências

coloquiais raras; o vocabulário de leitura, composto de palavras pouco empregadas, “cujo

sentido nos é familiar”; e o vocabulário de contato, que “abrange considerável número de

palavras ouvidas ou lidas em situações diversas, mas cujo significado preciso nos escapa”.

A literatura também nos explica muito mais do que o esperado sobre a

percepção de aprendizado e linguagem. Mortimer (1998) reitera as diferenças entre a

linguagem científica e a cotidiana. Na primeira, os processos transformam-se em nomes ou

grupos nominais e os verbos expressam relações, e não ações, como: a rapidez de uma

reação orgânica irá influenciar outra reação química. Outra desigualdade entre as duas

linguagens é que os relatos de experimentos, as descrições e as definições, inseridos em

textos didáticos, evidenciam neutralidade e universalidade aparentes, que não se encontram

no mundo real. Por exemplo, utiliza-se, como recurso para obter esta característica, a voz

passiva – analítica ou sintética –, ao invés da voz ativa, encontrada na linguagem diária.

Para a realidade do aluno, o conteúdo foge do nível coloquial de linguagem e

fala daquele aluno, pois em sua maioria nunca tiveram sequer nem contato com o nível de

linguagem que o aluno de ensino superior tem. Para isso, o professor precisa em suas aulas

adotar uma linguagem teórica mais acessível ao aluno.

O nível de percepção dos professores é diferente quando comparado ao do

aluno, pois o docente mantêm constantemente contato com a linguagem científica, por isso

o professor tem construído duas diferentes percepções relacionadas aos conteúdos de

Divisão Celular, a primeira com relação a sua percepção própria. A saber:

Eu acho muito interessante. Eu me identifico bastante e eu vejo a maravilha dessas células que é a base da vida, e a gente passar essa ideia pra eles, que a célula, é a vida, que não vai existir ser vivo sem essa célula. (Professor X).

É um conteúdo um pouco mais complexo relacionado aos outros conteúdos do 1º ano. As etapas da divisão celular é um pouco mais difícil pra eles compreenderem, tem que aderir bem a teoria à pratica porque ele não é um conteúdo simples como os outros conteúdos do 1º ano, mas conseguem. (Professora Y). É meio complicado falar em relação a isso porque, querendo ou não, um aluno só tira o foco da sala inteira, mas uma sala 100% atenciosa todas as aulas saem dinâmicas e os alunos assimilam o conteúdo. (Professor Z).

Page 31: A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DOS CONTEÚDOS DE ...como Transposição Didática. Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino da Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino

28

Uma segunda percepção diz respeito à postura do aluno diante desse conteúdo,

os professores afirmaram existir dois tipos de alunos, os alunos que se interessam pelo

conteúdo e que tem a curiosidade de aprender, que vão em busca, e o outro, que não tem

muito interesse pelo conteúdo, que apenas escuta. Este, o professor dificilmente tem como

identificar se aprendeu ou não a questão da reprodução, a regeneração dos tecidos, que

são questões importantes a serem levadas para a vida dele.

Os achados nos permitem inferir que as aulas poderiam ser mais atrativas, uma

vez que a escola dispõe de materiais didáticos para esse fim, particularmente em se

tratando do conteúdo de divisão celular, como os modelos representando a mitose e a

meiose. Contudo, a maneira como o professor transmite esse conhecimento ao aluno, de

forma excessivamente expositiva, sinaliza para a necessidade de implementação de novas

metodologias de transposição didática, para que as aulas de divisão celular sejam mais

atrativas e interessantes, visando a compreensão dos conteúdos de mitose e meiose pelos

alunos do 1º ano do Ensino Médio.

Nesse processo, o livro, como recurso didático, também precisa ser revisto sob

alguns aspectos, uma vez que os conteúdos analisados são tratados de forma técnica e os

autores também utilizam como referência escritores de volumes de livros acadêmicos, do

Ensino Superior, que em nossa concepção, estão distantes do nível do Ensino Médio.

Desse modo, entendemos que o professor precisa mediar a apropriação, pelos

alunos, do conhecimento apresentado no livro, desenvolvendo estratégias para amenizar as

dificuldades geradas pela grande quantidade de termos técnicos, especialmente aqueles

relacionados aos conteúdo de mitose e meiose. Ao mesmo tempo em que entendemos que

o livro didático poderia ser um recurso melhor explorado pelo professor, junto aos alunos,

uma vez que os mesmos o tem utilizado apenas como apoio didático.

Nesse sentido, acreditamos que ao estimular a leitura e interpretação dos textos

e questões apresentados no livro, o professor estaria colaborando para que o aluno

estivesse desenvolvendo maior familiaridade com o conteúdo, tendo em vista também que o

professor pode ser flexível em sua linguagem para transpô-lo didaticamente.

Dito isto, passemos às considerações finais.

Page 32: A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DOS CONTEÚDOS DE ...como Transposição Didática. Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino da Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino

29

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir da análise das falas dos professores entrevistados e do conteúdo de

divisão celular nos livros didáticos, foi-nos possível concluir que as metodologias adotadas

associado à forma como o assunto é apresentado no livro são fatores que concorrem para

a dificuldade do aluno em compreender o conteúdo de mitose e meiose no 1º ano do Ensino

Médio, pois embora os professores tenham nos relatado que há uma preparação para

ministrar tal conteúdo, entendemos que a compreensão deste requer a leitura do aluno do

material didático, mediado por intervenções do docente embasadas por conhecimento de

como tornar os conteúdos mais acessíveis, de como tornar o saber sábio (do cientista) em

saber escolar.

Esse é um aspecto pouco discutido nos cursos de formação de professores, ou

seja, como desenvolver a transposição didática dos conteúdos de biologia, especialmente

os trazidos nos livros didáticos, considerando que em se tratando de muitos conteúdos,

como mitose e meiose, os alunos apresentam dificuldade de abstraí-los, ação essencial

para apreendê-los.

Os cursos de licenciatura e habilitações para o ensino na área das Ciências

Biológicas, ainda negligenciam durante as disciplinas didáticas o conhecimento sobre o

processo de transposição didática que o professor precisa deter. Docentes se formam sem

sequer ouvirem falar sobre esse processo, que consideramos tão importante na mediação

da apropriação do conhecimento pelos alunos. Desse modo, reproduzem a linguagem

técnico-científica, tal qual é apresentada nos livros didáticos. E embora considerem o livro

um bom material para trabalhar os conteúdos de biologia, o utilizam apenas como apoio

didático.

O domínio dos conteúdos em questão, pelos professores, é algo que precisa ser

revisto tanto no curso de formação quanto no decorrer da pratica profissional docente, pois

são considerados muito complexos pelos professores, o que requer destes também várias

leituras para o melhor entendimento desse conteúdo. Nesse sentido, a utilização de uma

linguagem mais flexível poderá aproximar a linguagem técnica em sala de aula, juntamente

com a utilização de outros recursos aliados ao livro didático.

A leitura também é muito importante para o aprendizado do aluno, mas cabe ao

professor ser um agente mediador de conhecimento, repensando sua postura didática

diante dos conteúdos que irá ministrar. Um elo entre aluno e conhecimento que o professor

poderá estabelecer ao utilizar uma linguagem mais prazerosa e compreensível ao

estudante, tirando dúvidas, estimulando a leitura do livro e do glossário que está presente

Page 33: A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DOS CONTEÚDOS DE ...como Transposição Didática. Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino da Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino

30

em todos os volumes dos livros analisados. Já que o livro é considerado “excelente” pelos

sujeitos, porque não explorá-lo mais? Precisamos refletir sobre essas questões pois os

conteúdos relacionados à Divisão Celular são de extrema importância para o aluno, uma vez

que estão imbricados com os diversos processos vitais, essencial para a compreensão das

mutações gênicas, da reprodução humana, na velocidade de reprodução dos tecidos, das

origens dos diversos tipos de câncer, da diversidade da vida.

Desse modo, esperamos que o estudo que realizamos possa colaborar para

suscitar uma discussão sobre essa demanda formativa nos cursos que formam os

professores de Ciências e Biologia.

Page 34: A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DOS CONTEÚDOS DE ...como Transposição Didática. Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino da Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino

31

REFERÊNCIAS

ALVES-FILHO, J. P. Atividades experimentais: do método à Prática Construtivista. Tese

de Doutorado, UFSC, Florianópolis, 2000.

ALVES, J. P. Regras da transposição didática aplicada ao laboratório didático. Caderno catarinense de ensino de física, v. 17. n. 2, ago. 2000. AMABIS, J. M.; MARTHO, G. R. Biologia das Células. São Paulo: Moderna, 2004 BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977. BARRASS, R. Os cientistas precisam escrever. São Paulo: T. A. Queiroz, 1991. BATISTETI, C. B. et al. Os experimentos de Griffith no ensino de biologia: a

transposição didática do conceito de transformação nos livros didáticos. Disponível

em: <http://www.portal.fae.ufmg.br/seer/index.php/ ensaio/article/viewArticle/261>. Acesso

em: 03 fev. 2013.

BOGDAN, R e BIKLEN, S. K. Qualitative research for education. Boston, Allyn and Bacon, Inc. 1982. BONETI, L. W. Educação exclusão e cidadania. 3. ed. Rio Grande do Sul, 2003. BRAGA, S. A. M.; MORTIMER, E. F. Os gêneros de discurso do texto de biologia dos livros didáticos de ciências. Disponível em: <http://revistas.if.usp.br/rbpec/article/viewArticle/150>. Acesso em: 03 fev. 2013. BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Parâmetros Curriculares para o Ensino Médio: Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. Brasília: Ministério da Educação, 1998. ________. Secretaria de Educação Básica. Ciências da natureza, matemática e suas tecnologias. Orientações curriculares para o Ensino Médio; v. 2, 2006. ________. Secretaria de Educação Básica. Guia de livros didáticos: PNLD 2012 : Biologia, 2011.

BROCKINGTON, G.; PIETROCOLA, M. Serão as regras da transposição didática

aplicáveis aos conceitos de física moderna? Disponível em:

<http://www.if.ufrgs.br/ienci/artigos/ Artigo_ID136/ v10_n3_a2005.pdf>. Acesso em: 04 fev.

2013.

CARVALHO, G. S. de. A transposição didática e o ensino da biologia. Disponível em:

<http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/ 1822/ 10636/ 1/ Carvalho_

Didactica_Biologia.pdf>. Acesso em: 03 fev. 2013.

CHEVALLARD, Y. La Transposición didáctica: del saber sabio al saber enseñado. La Pensée Sauvage, Argentina, 1991. GARCIA, O. M. Comunicação em prosa moderna. Rio de Janeiro: FGV, 2002.

Page 35: A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DOS CONTEÚDOS DE ...como Transposição Didática. Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino da Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino

32

GUZELLA, Z. A. R.; TASCHETTO, O. M. Busca de novas metodologias para facilitar o

entendimento da reprodução celular. Disponível em:

<http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1895-8.pdf>. Acesso em: 03

fev. 2013.

HAZEN, R. M. et al. Saber ciência. 6. ed. São Paulo: Editora de Cultura, 2005. Investigações em Ensino de ciências, Vol. 8, N. 2, ago. 2003. JOTTA, L. de A. C. V. A linguagem verbal em livros didáticos de Biologia. Disponível

em: <www.periodicos.ulbra.br/index.php/acta/article/ download/ 82/74>. Acesso em: 03 fev.

2013.

JUNQUEIRA, L. C. ; CARNEIRO, J. Biologia celular e molecular. Guanabara Koogan. Sétima edição. Rio de Janeiro, 2000. KRASILCHICK, M. Prática de ensino de biologia. São Paulo: Editora da USP, 2008. LOPES, S.; ROSSO, S. Biologia – Volume único. São Paulo: Saraiva, 2005 LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. MIGLIO, M. A. ; TERÁN, A. F. Concepções de professores sobre transposição didática

em escolas da rede pública de ensino da cidade de Manaus. Disponível em:

<http://ensinodeciencia.webnode.com.br/products/transposi%C3%A7%C3%A3o%

20didatica%20/>. Acesso em: 03 fev. 2013.

MORAES, R.; GALIAZZI, M. do C. Análise textual discursiva. IN: GALIAZZI. Maria do

Carmo et al. Construção curricular em redá na educação em ciências: uma aposta de

pesquisa na sala de aula. Ijuí: Ed. Unijuí,p. 161-176, 2007.

MOREIRA, M. A.; OSTERMANN, F. Sobre o ensino do método científico. Disponível em:

<http://www.cce.ufes.br/jair/ieff/CadBrasEnsFis108_M

%C3%A9todo_Cient%C3%ADfico.pdf>. Acesso em: 03 fev. 2013.

MOREIRA, W. Revisão de literatura e desenvolvimento científico: conceitos e estratégias para confecção. Disponível em: <http://www.nesc.ufg.br/ uploads/ 19/ original_Revis__o_de_Literatura_e_desenvolvimento_cient__fico.pdf>. Acesso em: 25 fev. 2013. MORTIMER, E. F. Sobre chamas e cristais: a linguagem cotidiana, a linguagem científica e o ensino de ciências. In: LOPES, A. R. C.; MOREIRA, A. F. B.; CHASSOT, A. (Orgs.). Ciência, ética e cultura na educação. São Leopoldo: Unisinos, 1998. p. 99-118. PENTEADO, J. A. Didática e prática de ensino: uma introdução crítica. Mc Graw-Hill do Brasil. São Paulo, 1979. PERRENOUD, P. Formar professores em contextos sociais em mudança Prática

reflexiva e participação crítica. Disponível em:

<http://www.unige.ch/fapse/SSE/teachers/perrenoud/php_main/php_1999/1999_34.html>.

Acesso em: 02 mar. 2013.

Page 36: A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DOS CONTEÚDOS DE ...como Transposição Didática. Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino da Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino

33

RICHAUDEAU, F. Conception et production dês manuels scoleires: guide pratique. Paris: Unesco, 1979.

SANTOS, S. C. S. et al. Analogias em livros didáticos de biologia no ensino de

zoologia. Disponível em: <http://www.if.ufrgs.br/ienci/artigos/Artigo_ID251/ v15_n3_a

2010.pdf>. Acesso em: 03 fev. 2013.

SILVA, S. N. Uma reflexão sobre o livro didático de biologia: sistema de classificação dos seres vivos. In: Encontro nacional de pesquisa em educação em ciências, 5. ,2005, Bauru: Anais...Bauru: Associação Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, 2005, 1CD-ROM. VASCONCELOS, D. C. de; ARAÚJO, M. L. F.; FRANÇA, T. L. de. Livro didático de

biologia na apreensão do mundo da vida. Disponível em: <http:// www.

seer.furg.br/redsis/article/view/1417>. Acesso em: 04 fev. 2013.

XAVIER, M. C. F.; FREIRE, A. de S.; MORAES, M. O. A nova (moderna) biologia e a

genética nos livros didáticos de biologia no ensino médio. Disponível em:

<http://www.scielo.br/pdf/ciedu/v12n3/03.pdf>. Acesso em: 04 fev. 2013.

ZÓBOLI, G. B. Prática de Ensino: subsídios para atividade docente. Ática. Décima primeira edição. São Paulo,2002.

Page 37: A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DOS CONTEÚDOS DE ...como Transposição Didática. Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino da Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino

34

APÊNDICE I - INSTRUMENTAL DE ANÁLISE DOS LIVROS

Escola:_____________________________________________________________

Livro:______________________________________________________________

Autor:______________________________________________________________

Editora/Ano:_________________________________________________________

Quesito 01: Há interdisciplinaridade? Quais são essas disciplinas?

( ) Sim ( ) Não

__________________________________________________________________________

____________________________________________________________

Quesito 02: A unidade faz links com outros conteúdos da Biologia?

( ) Sim ( ) Não

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

_____________________________________________________

Quesito 03: Os termos utilizados no livro são puramente científicos?

( ) Sim ( ) Não

Quesito 04: Na unidade os termos científicos são explicados em um glossário ou caixas de

texto explicativas?

( ) Sim ( ) Não

Quesito 05: O livro traz figuras em design tridimensional com legendas explicativas?

( ) Sim ( ) Não

Quesito 06: De que forma essas legendas explicam as figuras?

( ) Explicam resumidamente como ocorre esses processos biológicos

( ) Somente nomeia a fase ou organela celular

( ) Somente o nome sem explicação dos processos que ocorrem

Quesito 07: A unidade em questão traz textos midiáticos?

( ) Sim ( ) Não

Quesito 08: A unidade em questão traz textos extraídos de artigos científicos?

( ) Sim ( ) Não

Quesito 09: Os guias de estudo ou atividades são contextualizadas?

( ) Sim ( ) Não

Quesito 10: Quais são os tipos de questões predominantes em suas atividades?

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

Page 38: A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DOS CONTEÚDOS DE ...como Transposição Didática. Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino da Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino

35

Quesito 11: A unidade propõe atividades complementares e/ou pesquisas de investigação?

( ) Sim ( ) Não

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

Page 39: A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DOS CONTEÚDOS DE ...como Transposição Didática. Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino da Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino

36

APÊNDICE II - INSTRUMENTAL DE ENTREVISTA COM O DOCENTE

Identificação do Docente

Nome: ________________________________________________________________

Formação: _____________________________________________________________

Tempo de Docência: _____________________________________________________

Livro que utiliza: ________________________________________________________

Pergunta 01: Em relação ao conteúdo de Divisão Celular: Mitose e Meiose. Qual o seu

ponto de partida para se trabalhar esse conteúdo com os seus alunos?

Pergunta 02: Quais são as suas metodologias aplicadas por você em relação a esse

conteúdo?

Pergunta 03: Como você descreveria a sua percepção em relação ao conteúdo de Divisão

Celular?

Pergunta 04: E na sua opinião como descreveria a percepção do aluno no aprendizado do

conteúdo de Divisão Celular?

Pergunta 05: O livro influencia na sua prática? Ou você complementa essa prática com

algum recurso a mais?

Pergunta 06: Você tem dificuldades para ministrar suas aulas em relação a esse conteúdo?

Pergunta 07: Qual o papel do livro em relação a esse conteúdo?

Pergunta 08: Como você analisa o livro como o qual trabalha? Em especial ,em relação ao

conteúdo Divisão Celular: Mitose e Meiose?

Pergunta 09: Em sua opinião, você acha que o livro é contextualizado?

Page 40: A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DOS CONTEÚDOS DE ...como Transposição Didática. Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino da Esse termo foi, primeiramente, utilizado no ensino

37

ANEXO - TERMO DE AUTORIZAÇÃO DE USO DE IMAGEM E ENTREVISTA

Eu, _________________________________________residente e domiciliado no

endereço_______________________________________, AUTORIZO, a título gratuito o

uso da minha imagem e voz através de gravadores e anotações para os trabalhos

relacionados à pesquisa de Trabalho de Conclusão de Curso em Licenciatura em Ciências

Biológicas da Universidade Estadual do Ceará, intitulado A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA E

OS CONTEÚDOS DE MITOSE E MEIOSE NO ENSINO MÉDIO: O que pensam os

professores da Educação Básica, a ser apresentado e/ou publicado em eventos científicos

com fins exclusivamente acadêmicos ou de divulgação em páginas da internet e afins, cujos

responsáveis são: Ana Carla Lima do Nascimento e Maria Márcia Melo de Castro Martins

(orientadora) podendo tal trabalho vir a ser publicado ou apresentado parcial ou

integralmente em palestras, eventos científicos, periódicos, livros (sem limite de tiragem),

revistas acadêmicas, anais, revistas, CD-rom ou outro suporte multimídia, ou qualquer

veículo de informação e pesquisa, inclusive a Internet, para todos os fins científicos e

educacionais que aqui não estejam expressamente mencionados. Por esta ser a expressão

da minha vontade, declaro que autorizo o uso acima descrito sem que nada haja a ser

reclamado a título de direitos conexos à minha ou a qualquer outro e assino a presente

autorização.

Como garantia de aceso aos resultados obtidos e aos pesquisadores, e sempre que

considerar necessário tirar dúvidas e acessar informações recorrerei à pesquisadora pelo

endereço eletrônico: [email protected].

Sendo assim, consinto participar da pesquisa como está explicado neste documento.

_____________________________________

Cascavel, __de ___________de 2013

Testemunha:

Nome__________________________ Assinatura________________________