A Transportadora setubalense ( Uma Presença no Ribatejo)
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A Transportadora
Setubalense
João Candido Belo & Cª Ldª
séc. XX
Séc.
O Autor
JOSÉ GAMEIRO
UMA RECORDAÇÃO EM TERRAS DE PORTUGAL
(José Rodrigues Gameiro)
1
FICHA TECNICA:
Titulo:
A TRANSPORTADORA SETUBALENSE de João Cândido Belo & Cª Ldª *********************
UMA PRESENÇA NO RIBATEJO
******************
Autor: José Gameiro
Editor: Gameiro, José Rodrigues
Morada: B.º Pinhal da Vila – Rua Padre Cruz, Lote 64-1º
Localidade: Salvaterra de Magos
Código Postal: 2120-059 SALVATERRA DE MAGOS
Data: MARÇO DE 2007
* Tel. 263 505 178 * Telem 918905911 Editado : Papel Brochado – A5- PDF
“www.historiasalvaterra.blogs.sapo.pt”
3
MEU CONTRIBUTO
. A Ponte de Vila Franca de Xira, foi
inaugurada a 30 de Dezembro de
1951. Com vista a estender a sua
exploração de carreiras de
passageiros nesta zona ribatejana, a
Transportadora Setubalense, dois
anos antes adquiriu a Benaventense, à Família Anastácio.
Com o ano de 1957, já a meio andava eu, pelos meus 13
anos de idade, em Salvaterra de Magos, as camionetas das
carreiras paravam no Largo dos Combatentes, junto à Escola.
O empregado Rolando Pedrosa, vinha de Benavente fazer a
parte da manhã na Central, na rua Heróis de Chaves.
Pretendia a Setubalense, uma Central de mercadorias,
aberta todo o dia. Os serviços combinados com o Caminho de
Ferro, há muitas décadas de anos, eram assegurados através
da Estação de Muge. Aquele funcionário; Pedrosa e o Fiscal;
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Fábio Branco, através do meu pai, fui contratado para
empregado daquela empresa de passageiros.
Os passageiros passaram a viajar
directamente de Coruche até Vila Franca
de Xira., com benefício para as localidades
periféricas, que passaram a ter a sua
carreira diária. Coruche/Mora, dava
ligação ao Alentejo, chegando a Évora,
através da ligação à empresa Martins,
com sede em Évora.
A cidade de Santarém, também recebia ligação através da
Ribatejana, Ldª, em Muge e Coruche, com Almeirim de
permeio. Assim, através de Salvaterra, Marinhais e Glória do
Ribatejo, passaram além de passageiros recebiam
mercadorias. , As viagens de passageiros e mercadorias,
pouco depois passaram a fazer-se através da EN 10
directamente a Lisboa.
Ano: 2011
* JOSÉ GAMEIRO
5
A TRANSPORTADORA SETUBALENSE
Consta que o seu registo foi em 28 de Julho de 1928. Entre os seus
antigos colaboradores, dizia-se que foi fruto da persistência de João
Cândido Belo, Homem de condição humilde, que amealhou algum pecúlio,
no trabalho árduo, na praia de Setúbal, transportando caixas de peixe,
numa carroça. Os anos passaram, a história, continuou a ser divulgada,
mesmo que tenuemente e algumas vezes destorcida, mantendo sempre a
sua matriz original.
João Cândido Belo, ao fundar a Empresa Setubalense & Cª Ldª, na área
dos transportes públicos de passageiros, localizou a sede em Vila Fresca
de Azeitão (Setúbal), não se esquecendo dos seus dois irmãos, como
associados.
O CORTEJO DE AUTOCARROS
Em crónicas, registadas em diversos jornais da época, trazem-nos a
notícia, como a do Diário de Noticias, que no dia 24 de Outubro de 1948,
um dia de sol esplendido, a empresa de João Cândido Belo, se incorporou
no grande desfile, organizado pelo Grémio dos Industriais de Transportes
em Automóveis, onde participaram 200 autocarros, de todos os pontos
do país.
O encontro, proporcionou a viagem a 7.000 visitantes à “Grande
Exposição de Obras Públicas”, patente no Instituto Superior Técnico, em
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Lisboa. O desfile de viaturas que chegou a atingir cerca de cinco Kms de
cumprimento, teve início no Campo Grande, passou a Avenida da
República, Fontes Pereira de Melo e Liberdade, atravessando o Rossio e o
Terreiro do Paço. Subindo a Avenida Almirante Reis, Praça do Chile, até à
Alameda D. Afonso Henriques, onde os autocarros ficaram estacionados.
Foi acima de tudo um acto de propaganda do poder crescente da
indústria rodoviária sobre o caminho-de-ferro.
O DESFILE E A IMPRENSA
Dois Jeeps da empresa “Capristanos e Ferreira” abriram o cortejo de
200 autocarros que representavam 107 empresas, desde as mais
humildes “A.J. Alves & Companhia” de Maçãs de Dona Maria, concelho de
Alvaiázere, ou a “Mário Ferreira”, de Poiares. O jornal o século no seu
suplemento de 9 de Novembro, completava a notícia, que logo atrás
seguia o grosso das viaturas de “João Clara” de Torres Novas, João
Cândido Belo & Cª Ldª”, de Vila Fresca de Azeitão.
A imprensa portuense, também dedicou algumas páginas a este fausto
acontecimento. As revistas da especialidade como: o Gita, o Volante e
Transportes, dedicaram vários textos ao acontecimento. Nalguns
escritos nos autocarros, encontravam-se relados sobre alguns
concessionários; um sobre Amândio Paraíso, da Ponte dos Juncais
(Fornos de Algodres), que dizia: “O homem que ligou duas cidades”. Um
outro, sobre António Rodrigues de Deus, de Ourém, “O homem que ajuda
o progresso da sua região”. Um outro ainda sobre Abílio da Costa
Moreira, de Vila Nova de Famalicão, “Um concessionário aquém o seu
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distrito muito deve”. Foi também escrito sobre a “Auto -Viação de
Espinho, “Honra a carreira Porto a Espinho”. A Luxuosa de Gondomar, faz
33 carreiras diárias e 44 aos sábados. Amândio de Oliveira, de Garfe
(Póvoa de Lanhoso), “É um homem probo e entusiasta”, a Auto
Transportes do Fundão, tem o lema “Bem servir”. Ao entusiasmo dos
7000 excursionistas, juntaram-se milhares de lisboetas, que também
festejaram o acontecimento, tendo todos assistidos ao concerto público,
da Banda do Batalhão Caçadores 5, tendo terminado o dia festivo, com
um espectáculo intitulado “Uma hora de variedades”, pela FNAT e
Emissora Nacional. Com to este movimento de autocarros vindos de
todas as regiões de Portugal, do Minho ao Algarve,
Apenas um acidente se registou, por despiste, perto do Porto Alto, num
autocarro da empresa Martins, de Évora, que foi prontamente socorrido,
pelos bombeiros voluntários de Salvaterra de Magos (com sede a uns 15
kms de distância), tendo a viatura entrado a tempo no desfile em Lisboa.
****************
********** ********* Extractos do texto – José Luís Covita, in TR 36 – Fevereiro 2006 Internet ******** *********
8
A SETUBALENSE, NA ZONA DO RIBATEJO
Em 1954, João Cândido Belo & Cª Ldª, comprou a Empresa de Viação
Benaventense, com sede em Benavente, à família Anastácio. Esta por sua
vez, tinha adquirido o alvará à Empresa de Viação Salvaterrense,
Salvaterra de Magos, de Alfredo Trindade Rodrigues, de alcunha Alfredo
Calafate, (1) por ter sido a sua profissão durante muitos anos, nas
reparações dos barcos da vila.
O inicio desta empresa, vinha dos anos 30, da família Torroaes, que
começou a explorar uma carreira (via recta do cabo), com uma
Diligência de 10 passageiros, tirantada a dois animais. A viagem de
Salvaterra até ao Pontão do Cabo, com ligação ao comboio em Vila
Franca de Xira, atravessando os passageiros o rio Tejo de barco, com
regresso ao cair da tarde.
****** (1)– Do Apontamento Nº 13 – Colecção “Recordar, Também é Reconstruir! – do Autor
9
Uns anos depois, igual percurso e um outro para a Estação de Muge,
era feito já em veículo automóvel de 12 passeiros.
Com a inauguração da ponte de Vila Franca de Xira, em 1951, a
Setubalense, investiu a sua exploração nesta área do Ribatejo, levando-a
melhorar os transportes com algumas carreiras diárias para Vila
Franca de Xira, vindas de Coruche, passando por Salvaterra, Benavente e
Samora Correia, o que levou todas as terras periféricas, a beneficiarem
de uma carreira diária. Fazendo também o percurso inverso, pois tinha
em mente através do Couço e Mora, fazer uma ligação a Évora.
Na Estação dos caminhos de ferro, em Muge, ligava com a empresa
Ribatejana, até Santarém, ligação que também efectuava através de
Coruche. Em qualquer dos dois percursos, era feita a passagem por
Almeirim.
10
Naquela remodelação, manteve o escritório e oficina em Benavente,
continuando a recolha dos passageiros, num Jardim próximo (junto aos
Bombeiros) da vila.
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Naquele tempo, as carreiras enchiam por completo os autocarros de
passageiros, levando a completar com desdobramentos, especialmente
aos sábados. Os tejadilhos, quer de pequenos volumes de mercadorias
(podiam transitar para todo o país, através de outras empresas), quer
das bagagens dos passageiros (onde incluía bicicletas), davam um
trabalho árduo aos cobradores de bilhetes, que tinham uma ajuda
preciosa dos motoristas, fazendo entre eles uma equipa (um grande elo
de ligação e amizade), que muitas vezes durava anos.
Com a construção da Auto-estrada Lisboa-Porto, o transito passou a
ser directo à capital do país, instalando a sua estação na Av. Defensores
de Chaves. O transporte de passageiros, agora para Setúbal e Évora,
estava mais facilitado em percurso directo, quer pelo Montijo, quer por
Coruche/Mora. Por volta de 1971, deu-se a grande expansão da
Setubalense, com a compra outras empresas da mesma área de
actividade. Comprou a Ribatejana, Ldª (Santarém), Camionagem Vilela,
Ldª (Marinha Grande) e Martins, Évora.
As zonas operacionais então usadas pelas empresas adquiridas, foram
modernizadas com novas instalações e outras foram criadas, como:
Elvas, Estremoz, Beja, Barreiro, Montijo, Benavente/Coruche. Segundo
um lápis, fabricado na Viarco, para publicidade da empresa, na década de
50/60, percorria cerca 25 mil kms por dia, por terras de Portugal.
Em homenagem aos colaboradores da empresa, em Vila Fresca de
Azeitão, os seus autarcas deram a rua o toponímico: Rua dos
Trabalhadores da Empresa Setubalense.
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A NACIONALIZAÇÃO
Quando da revolução de Abril de 1974, a Empresa Setubalense,
encontrava-se num dos 4/5 maiores grupos económicos no país, na área
da exploração do transporte público de passageiros (autocarros).
Com o Dec. Lei Nº 200-A e C/75, Diário do Governo Nº 129, 1ª Série de
5 de Junho de 1971, aquela actividade económica passou a estar
nacionalizada. Criada a Rodoviária Nacional – RN, tem inicio de
actividade em 1 de Junho de 1976, entre todas as empresas de
transportes públicos de Passageiros, e outras, encontrava-se a
Transportadora Setubalense de; João Cândido Belo & Cª Ldª, com sede
em Vila Fresca de Azeitão (Setúbal), que incluía todas as empresas
anteriormente por si adquiridas, e mantinham o seu registo primitivo. As
empresas a que pertenciam ao grupo João Cândido Belo, à data da
nacionalização, tinham 577 autocarros (incluindo alguns de turismo),
possuíam licença para explorar 306 carreiras, tendo uma carteira de
2179 empregados.
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Criados na RN, os Serviços de Exploração de Passageiros, CEP, os
autocarros da Setubalense de João Cândido Belo & Cª Ldª, são
renumerados, e divididos nas CEP(s) seguintes:
CEP 4 – Rodoviária do Tejo, SA (RT) –com sede em Torres Novas
CEP 7 – Rodoviária do Sul do Tejo, SA (RT) – com sede no
Laranjeiro
CEP 8 – Rodoviária do Alentejo, com sede em Azeitão
A PRIVATIZAÇÃO
Em 1990, foi iniciado processo de Privatizações, tendo a RN, dado
lugar à RNIP – Rodoviária Nacional, Investimentos e Participações. Já na
fase da venda;
A CEP 4 - Em 1993 - A Rodoviária do Tejo, é adquirida pela AVIC Joalto e
Rodoviária do Entre Douro e Minho.
A CEP 7 – Em 1991 – A Rodoviária Sul do Tejo, pertencia à RN, tendo em
1995, passado a Transportes Sul do Tejo. Em 1998, passou a pertencer
ao grupo Barraqueiro. Em 2001, os serviços Península de Setúbal, até
então da Belos Transportes, passa para a TST. Em 2003, passa para o
Grupo ANIVA, e em
14
2010, é adquirida pela Deutsche Bahn, empresa alemã. Tem garagem no
Larangeiro, um sector no Seixal e Sul-Fertegus; Elvas na Cova da Piedade
do sector de Almada; Boega c/ sector da Moita; Sesimbra e Setúbal. A
TST, tem 15 carreiras urbanas, 178 suburbanas e 4 rápidas
A CEP 8 – Rodoviária do Alentejo, é comprada pelo grupo
Barraqueiro, aliada à família Belos e à ETAC (António Cunha Transportes),
passando em 1994, a Belos Transportes.
Em 31 de Agosto de 1995 – A Rodoviária Nacional-RN e a sua sucessora
RNIP, estavam extintas, e a fase de privatização que se iniciou em 1990,
foi concluída em 1996
15
A NOVA RIBATEJANA - Esta empresa, nasceu em 1 de Março de 2001, por
aquisição da Belos Transportes, SA, sendo agora uma das 7 novas zonas
operacionais da Barraqueiro Transportes, SA, tendo o seu Centro
Operacional em Coruche e Subcentro em Benavente.
Foto Autocarro Centro Operacional Ribatejana – Coruche (Internet)
ANTIGOS EMPREGADOS DA
SETUBALENSE,
EM CONFRATERNIZAÇÃO DE
SAUDADE
Muitos anos passaram, desde o
dia da nacionalização da
empresa “A Transportadora
Setubalense”. Os antigos empregados, sempre com saudades da “sua”
setubalense, onde a camaradagem e amizade era um símbolo, vinham
pensando em encontrarem-se numa confraternização que se queria
douradora. Quatro encontros fortuitos aconteceram, onde uns quantos
colegas queriam alargar a uma permanente confraternização. O 5º
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encontro programado a preceito por um grupo, que se empenharam em
zonas bem demarcadas do país, especialmente no sul do país, nos
contactos realizados conseguiram no dia 22 de Outubro de 2011, num
Restaurante em Benavente, a presença de antigos trabalhadores da
Setubalense, acompanhados de suas famílias, num conjunto de cerca de
240
convivas, muitos deles “matando” saudades de muitos e muitos anos de
desencontros que a vida lhes deu, ficando doravante fixado um encontro
anual.
20
Fotos da Internet
Capa : Autocarros de Portugal - Carlos Lima
Boné extraído da senha- 5º encontro dos antigos
colegas da empresa Transportadora Setubalense
(João Cândido Belo & Cª Ldª) - Azeitão
FOTOS Autor – José Gameiro
Pág. 1 Imagens da Internet Pág. 2 – José Gameiro fardado com 13 anos de idade Pág. 6 - Diligência, Transporte de Passageiros (Salvaterra – Pontão do Cabo) Vila Franca de Xira Pág. 7 - Autocarro Nº 33 (Empresa Setubalense), oriundo da antiga Benaventense – Estacionado na Praça da República, Benavente Pág. 8 – João Tiago e José Gameiro, Empregados da Setubalense * Pág. 7 - José Gameiro, no dia da inauguração das novas instalações da Estação de Salvaterra de Magos Pág. 9 – Salvaterra de Magos - Carreira c/ destino a Coruche, vinda de Lisboa ( Ligação a Mora e Évora), com vários desdobramentos, recebendo passageiros de Foros de Salvaterra * Pág. 9 – Logótipo da RN Pág. 10 Nova identificação dos Transportes Belos, após Privatização Pág. 13 – Joaquim Eusébio, Hélder Seabra de Melo e Gonçalo Ferreira da Silva * Pág. 14 – Joaquim Seabra de Melo, antigo cobrador da Benaventense e Setubalense, com esposa
21
Pág. 15 - * Bolo 5º encontro e chegada para o convivio Pág. 16 e 17 – Antigos trabalhadores da Setubalense, com familiares no 5º encontro, realizado no dia 22.out.2011
Bibliografia
Internet – Autocarros de Portugal, C. F. Lima
Internet – Rodas de Portugal- O mundo sobre rodas em
Portugal, numa colecção de lápis, a setubalense por
volta da década 50/60, percorria cerca 25 mil kms / dia
por terras de Portugal
***************** Blogue: www.historiadesalvaterra.blogs.sapo.pt * Livro: Recordar, Também é Reconstruir! Apontamento Nº 13 * I Volume
*Pots Os Transportes Públicos de Passageiros, inserido em 30 de Setembro de 2009
Do Autor: José Gameiro (José Rodrigues Gameiro)