A Teoria Dos Campos Conceituais (Vergnaud, 1987,1990, 2000)
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A Teoria dos Campos Conceituais (Vergnaud, 1987,1990, 2000) é a que
mais noções cognitivas tem introduzido: esquema, invariante operatório
(conceito em ação e teorema em ação), conceito de campo conceitual, sentido
de um conhecimento, considerando que possui algumas noções elaboradas
dentro de uma natureza epistêmica.
A Noção de Conceito
Para Vergnaud (1990) um conceito é um “trigémio de três conjuntos”:
S, I e s. Sendo S, um conjunto de situações que darão sentido ao conceito (a
referência); I é um conjunto de invariantes nas quais assenta a
operacionalidade dos esquemas (o significado) e s ou R é o conjunto das
formas pertencentes e não pertencentes à linguagem que permitem
representar simbolicamente o conceito, as suas propriedades, as situações e
os procedimentos de tratamento (o significante).
Numa representação gráfica, conceito seria, como representado no
quadro 1.
Quadro 1 -0 Definição de Conceito
Como destaca Vergnaud (1990), estudar o desenvolvimento e o
Conceito
Referência
(S)
Significado
(I)
Significante
(s ou R)
funcionamento de um conceito, no decurso da aprendizagem ou quando da sua
utilização, é necessariamente considerar estes três planos ao mesmo tempo.
Não existe, em geral, a dualidade entre significantes e significados, nem entre
invariantes e situações. Não se pode, pois, reduzir o significado, nem os
significantes, nem às situações.
Ao estabelecer uma relação conceito e situação, Vergnaud apóia-se nas
idéias de Piaget relacionando S, I e s ou R aos elementos básicos da função
simbólica, onde, como citado anteriormente e concordando com Magina et al
(2007), S refere-se a realidade ou referente e I e R referindo à representação.
Aqui a representação é vista como a interação entre dos aspectos do
pensamento: o significado I e o significante R. Com isto, nos casos da adição e
subtração e, multiplicação e divisão, não faz sentido estudá-los como
operações distintas e isoladas, e sim dentro de um campo conceitual das
estruturas aditivas (adição e subtração) e um campo conceitual das estruturas
multiplicativas (multiplicação e divisão).
Vergnaud propõe uma noção de conceito o que parece atribuir uma
natureza cognitiva, ao incorporar os invariantes operatórios “sobre o que
repousa à operacionalidade dos esquemas”. Esta noção é distinta do que são
os conceitos e teoremas na ciência, para os que não propõe nenhuma
conceitualização. Expressamente, disse que:
Uma aproximação psicológica e didática da formação de conceitos matemáticos, conduz a considerar um conceito como um conjunto de invariantes utilizáveis na ação. A definição pragmática de um conceito põe, portanto, em jogo, o conjunto de situações que constituem a referencia de suas diferentes propriedades e o conjunto de esquemas posto em jogo pelos sujeitos nestas situações. (Vergnaud, 1990. p. 145)
Uma primeira observação é que na aproximação dada aos processos de
conceitualização não se tem em conta o uso de significantes explícitos
(palavras, enunciados, símbolos e signos).
Uma segunda observação é que em dita aproximação se distingue com
claridade o plano pessoal do institucional, nem seu caráter relativo ao sujeito
individual o aos contextos institucionais. O “saber sábio” se propõe como um
elemento de referência para o investigador com um caráter absoluto ou
universal. A incorporação do conjunto de situações e de significantes, junto
com os “invariantes operatórios constituintes dos esquemas”, leva
inevitavelmente a confundir os planos cognitivos e epistêmicos, no que vai
dificultar estudar a dialética entre ambas facetas da cognição matemática. Esta
falta de problematização da dualidade pessoal-institucional se percebe também
na definição da noção de campo conceitual.
A Noção de Campo Conceitual
A primeira descrição que faz Vergnaud de um campo conceitual é a de
“conjunto de situações”. Porém a continuação fica clara que, junto das
situações, se devem considerar também os conceitos e teoremas que se põe
em jogo na solução de tais situações.
Em efeito, se a primeira entrada de um campo conceitual é a das situações, se pude também identificar uma segunda entrada, a dos conceitos e dos teoremas. (Vergnaud, 1990, p.147)
Assim, por exemplo, o campo conceitual das estruturas aditivas é por
sua vez, o conjunto das situações cujo tratamento implica uma ou várias
adições ou subtrações, e o conjunto de conceitos e teoremas que permitem
analisar estas situações como tarefas matemáticas.
Nesta descrição de campo conceitual não se mencionam elementos de
tipo subjetivo, pelo qual consideramos que ao campo conceitual lhe atribui
uma natureza de tipo epistêmica. Os conceitos e teoremas que intervêm aqui
se qualificam como “matemáticos”, noções que não são teorizadas; a de
conceito matemático não parece ser a mesma que a de cognitiva de conceito,
que acaba de definir-se como uma tríplice heterogênea de conjuntos formados
por situações, invariantes e significantes.
A noção de campo conceitual e seus exemplos possuem características
muito gerais (estruturas aditivas, estruturas multiplicativas, a eletricidade, a
mecânica, as magnitudes espaciais, a lógica de classes). Igualmente às
noções de conceito não se relativiza os contextos institucionais, dificultando
deste modo a analise da dinâmica de tais formações epistêmicas.
Segundo nossa interpretação a noção de campo conceitual, que de uma
maneira implícita também inclui os algoritmos e procedimentos de resolução
dos tipos de problemas que se incluem nos campos conceituais, poderia
assimilar-se a praxiologia matemática global, já que ambas noções tem uma
natureza institucional e incluem componentes similares.
A Noção de Sentido
Concordo com Vergnaud, ao definir a noção de sentido:
“O sentido é uma relação do sujeito com as situações e os significantes. Mais precisamente, são os esquemas evocados no sujeito individual, por uma situação ou por um significante que constitui o sentido dessa situação ou desse significantes para este sujeito. Os esquemas, ou seja, as condutas e sua organização. O sentido da adição para um sujeito individual é o conjunto dos esquemas que ele pode pôr em pratica para tratar as situações com os quais lhe acontece ser confrontado, e que implicam a idéia de adição, bem como o conjunto dos esquemas que ele pode pôr em pratica para operar sobre os símbolos, numéricos, algébricos, gráficos e de linguagem, que representam a adição.” (Vergnaud, 1990, p. 158)
Nesta descrição, Vergnaud está fazendo corresponder a um objeto
matemático, por exemplo, “ a adição”, com um conjunto de outros objetos
(situações, esquemas e significantes), isto é, como anteriormente apresentado,
como um conceito no sentido cognitivo. Tal sistema representa então, o sentido
ou significado da adição para o sujeito, pois guarda uma forte relação com o
significado pessoal de um objeto matemático considerado como “sistema de
práticas pessoais eficazes para a resolução de um certo tipo de problema”.
A respeito deste ponto, podemos dizer que a teoria dos campos
conceituais não introduz uma versão institucional da noção de sentido, pelo
qual se dificulta o estudo da dialética entre as dimensões pessoais e
institucionais da cognição matemática.
As noções de esquema e conceitos são uma analise muito fina dos
procedimentos de pensamento, dos gestos intelectuais do aluno, posto que, de
algum modo é a facilidade do aluno na realização destes gestos no que leva a
permitir principalmente, entrar na situação que vai a condicionar a atribuição de
sentidos adaptados.
A Teoria do Campo Conceitual pode ser considerada como uma teoria
que clarifica essencialmente o funcionamento individual do aluno ou do
professor.
A Noção de Esquema
A Noção cognitiva básica para Vergnaud é de esquema, que descreve
como a “organização invariante da conduta para uma classe de situações
dadas” (Vergnaud, 1990. P.136). Diz que “são nos esquemas onde se devem
investigar os conhecimentos em ação do sujeito que são os elementos
cognitivos que permitem a uma classe de situações cujas características são
bem definidas. Porém um esquema repousa sempre sobre uma
conceitualização implícita, sendo os conceitos em ação e os teoremas em
ação, constituintes dos esquemas operatórios. Por sua vez, considera que os
esquemas são os elementos que servem de base para as competências
matemáticas. De maneira mais precisa, Vergnaud (1990, p.135) assinala que
para “considerar corretamente a medida da função adaptativa do
conhecimento, se deve conceder um lugar central das formas que toma na
ação do sujeito. “O conhecimento racional é operatório ou não é
conhecimento”.
Para Vergnaud, é necessário distinguir duas classes de situações: (1)
aquelas para as quais o sujeito dispõe em seu repertório [...] de competências
necessárias para o tratamento relativamente imediata da situação; (2) aquelas
para as quais o sujeito não dispõe de todas as competências necessárias, o
que lhe obriga a um tempo de reflexão e de exploração de todas tentativas
abordadas e lhe conduz eventualmente ao êxito ou ao fracasso. Segundo
Vergnaud, o conceito de esquema se aplica facilmente à primeira categoria de
situações e com maior dificuldade da segunda.
Um esquema és uma totalidade organizada que permite generalizar uma
classe de condutas diferentes em funções das características particulares de
cada uma das situações da classe na qual uma das situações da classe à qual
se dirige.
A noção de esquema incorpora elementos procedimentais (técnicas ou
modos de atuar) e tecnológicos-teóricos implícitos (conhecimentos em ação);
porém está associada a uma classe de situações, entendidas como tarefas. Em
tal sentido, admite uma interpretação coerente no termino dos sistemas de
práticas pessoais ligadas a um tipo de problemas.
Há inúmeros exemplos de esquemas na área da matemática. É
importante lembrarmos que, cada esquema é relativo a uma classe de
situações, cujas características estão bem definidas (VERGNAUD, 1990).
Sendo assim, o esquema (totalidade dinâmica organizadora da ação do sujeito
para uma classe de situações especificada) é, portanto, um conceito
fundamental tanto pra psicologia como para didática.
De acordo com este pensamento é fundamental uma explicação mais
detalhada dos invariante operatórios. Vergnaud (1990) distigue três tipos:
1. Invariantes de tipo proposição – podem ser verdadeiro ou falsos
(teorema em ação).
2. Invariantes de tipo função proposicional – constituem-se como base
para construção das proposições (conceitos em ação);
3. Invariantes de tipo argumento – podem ser objetos materiais,
personagens, números, relações e mesmo proposições.
Recuperando o trabalho de Piaget, Vergnaud (2000) considera que
o esquema é uma forma invariante de organização da atividade, cuja
função primária é gerar a medida que se atua em uma situação. Os
avanços na situação são resultados da ação do aluno, do efeito da
dinâmica própria da situação Independiente do aluno ou do efeito de
ambos. Vergnaud levanta as seguintes propriedades do esquema:
a) Se relacionam com todas as formas da atividade: ações,
julgamentos e raciocínios intelectuais. Estas manifestações são
distintas, porém raras vezes independentes, o que dá lugar a
um enriquecimento dos esquemas no curso da experiência, por
seu descobrimento, combinação, diferenciação e
reestruturação.
b) Ter uma função assimilatória que é essencial. Perante
situações e objetos novos, os esquemas formados para
situações conhecidas são evocados e provados. Os esquemas
evocados permitem interatuar com a situação nova e esclarecer
sua relevância para aprender algo sobre ela. Pode sucedeu que
ocorra uma assimilação da nova situação, mas também o
esquema evocado não se ajusta é necessário um processo de
acomodação para separar e recombinar os componentes do
esquema existente ou construir novos esquemas. Em virtude de
ambas propriedades o esquema se propõe como a estrutura
básica para entender as continuidade e descontinuidades que
ocorrem no processo de construção e adaptação do
conhecimento. Ao compreender um problema, o aluno organiza
sua atividade conforme a determinado esquema, mas no curso
da atividade, este pode ser substituído, reconformado ou criado
em função de sua relação com os esquemas que deram lugar
ao entendimento original do problema.
Vergnaud (2000) indica que, para entender o funcionamento dos
esquemas ao dar significado a um problema, é necessário considerar
seus componentes estruturantes. Separadamente, os componentes não
são funcionais, mas em conjunto, voltam ao esquema uma totalidade
dinâmica e funcional. Estes são: propósitos, regras de ação, invariantes
operacionais e inferências. A grosso modo, no contexto da compreensão
e solução de um problema, a definição de cada componente seria:
Os propósitos se referem, quanto à situação de que se trata, a
intenção, a motivação, o desejo, a necessidade. Ao solucionar um
problema, os indivíduos antecipam a meta do problema segundo um
entendimento; estabelecem e modificam seus planos conforme a
concordância das ações com os resultados esperados; reconsiderar a
sua interpretação e resultados esperados.
Os invariantes fazem parte do esquema diretamente epistêmica; tem a
função de: reconhecer os objetos matemáticos, suas propriedades, seus
relacionamentos e as transformações que esses objetos experimentam; extrair
e selecionar as informações pertinentes; inferir as conseqüências úteis para a
ação e controlara forma de informações posterior. É, portanto, uma função de
conceituação e de inferência (Vergnaud, 2000).
As inferências levam o individuo a decidir que informação considerar e a
adaptar sua atividade em um problema, mas o mais importante, é que o levam
ao entendimento das relações entre conceitos e teoremas relacionados com o
entendimento do problema e sua solução.
As regras de ação são a parte propriamente generativa do esquema,
guiam a informação e a regulação da atividade. As regras de ação são é por
em pratica dos teoremas em ação. Não engendram tão só a ação, mas toda a
atividade mental que não é diretamente observável, como é o caso das
inferências.
Se tem em conta este quatro componentes do esquema, se pode
compreender como a atuação do aluno perante um problema pode ser
sistemática e contingente (Vergnaud, 2000). Sistemática, porque em cada
situação as ações do aluno não são aleatórias, obedecem a um entendimento
do problema e a um propósito em sua solução (sendo estes corretos ou não).
Contingente, porque estas ações se decidem antecipando o que se considera
que és apropriado e se deve ser feito na situação. Se for o caso do aluno não
conhecer o esquema apropriado, ensaiará alternativas e o construirá a partir
dos esquemas existentes.
Se considerarem seus componentes estruturantes, se verá que os
algoritmos são esquemas, pois compreendem teoremas em ação, propósitos,
regras de ação e inferências. No caso particular do algoritmo do resto, seus
componentes implicam em entendimentos acerca do sistema decimal, as
relações entre os números que levam à diminuição da ação, assim como a
coordenação com outros significados que o relacionam com diversas situações
(transformação, comparação, combinação, etc). Desta maneira, o esquema,
como organização invariante da atividade, se utiliza de maneira flexível,
adaptando-se a diversos problemas.
A explicação de Vergnaud de esquema que nos aproxima mais do
entendimento entre a relação do problema e do indivíduo que dá significado é
agir em conformidade com ela. Contudo, continua a ser explicado como é que
se coordenam e articulam os esquemas, que são parte do processo de dar
significado e solucionar um problema. O conceito de representação como
conjunto de esquemas serve para este fim.
A Noção de Situação
Para Vergnaud (1990) o conceito de situação está relacionado aos
processos cognitivos e as respostas do sujeito frente às situações as quais são
confrontados, limitando sua definição ao sentido muito utilizado na área da
psicologia. Por outra parte, é necessário levar em consideração que existe uma
grande variedade de situações num campo conceitual e que os conhecimentos
dos alunos são modelados por situações que tenha encontrado e dominado.
Qualquer situação pode reduzir-se a uma combinação de relações de
bases com dados conhecidos e desconhecidos. Um exemplo disto seria o
campo conceitual das estruturas aditivas. Vergnaud (1990) identifica seis
relações de base a partir das quais se podem gerar todos os problemas de
adição e subtração da aritmética. Estas relações são composição de duas
medidas em uma terceira; transformação (quantificada) de uma medida inicial
em uma medida final; a relação (quantificada) de comparação entre medidas; a
composição de transformações; a transformação de uma elação e a
composição de duas relações.
Vergnaud estabelece que uma situação tem um interesse didático
moderado posto que, são instrumentos para a analise das dificuldades
conceituais que encontram os alunos.
A Noção de Significados e Significantes
Apesar de que são as situações as que dão sentido aos conceitos
matemáticos, este sentido não esta nelas. São os esquemas que uma
situaçãoou um significante evoca no indivíduo o que constitui o snetido dessa
situação ou significante.
Na Teoria dos Campos Conceituais, a função da linguagem e outros
significantes são triplas: (1) ajuda a designação e a identificaçõs dos
invariantes (objetos, propriedade, relações e teoremas); (2) ajuda no raciocínio
e na inferência; e (3) ajuda a antecipar efeitos e fins, na planificação e no
controle das ações.
A linguagem, além da função de comunicação e representação, tem uma
função como ajuda do pensamento, isto é, no caso da necessidade , um
indivíduo verbaliza o que esta fazendo, com o propósito de planejar e controlar
ações que não domina completamente.
Expressa eficácia do simbolismo de diagramas com quadrado, círculos,
flechas e chaves, para a transformação das categorias do pensamento no
objeto do conhecimento. A invariância do significante contribui a uma melhor
identificação do significado e a sua transformação em objeto do conhecimento.
Mas a relevância do simbolismo e da linguagem é relativa aos conhecimentos e
ao desenvolvimento cognitivo do aluno.
O simbolismo matemático não é rigorosamente, falando em uma
condição necessária, nem uma condição suficiente, para a conceitualização;
mas contribui ultimamente a esta conceitualização, especialmente para a
transformação das categorias do pensamento matemático em objetos
matemáticos.
A chave para teorizar sobre a aprendizagem da matemática esta em
considerar a ação do sujeito na situação e na organização de sua conduta
tendo aqui a importância do conceito de esquema. Por enquanto o
funcionamento cognitivo dos sujeitos em situação depende do estado de seus
conhecimentos implícitos e explícitos (VERGNAUD, 2000, p. 20)
Representação
Vergnaud (2000) propõe uma concepção de representação que permite,
em particular, analisar a organização e operação dos esquemas que se
elaboram durante a experiência. A relevância da representação para a ação do
problema é evidente no trabalho de Vergnaud (1987) desde a maneira como a
concebe, explicando os termos da relação de três elementos: referente,
significado e significador.
O referente é o mundo real tal e como se apresenta ao aluno, ao longo
de sua experiência. O mundo vive mudando e o aluno atua sobre ele para
produzir eventos e efeitos que lhe dêem prazer o que está de acordo com suas
expectativas e representações, conscientes ou inconscientes.
O significante está no coração da teoria da representação, no sentido de
que é neste nível donde se reconhece as invariantes, as inferências, as ações
geradas e as previsões feitas.
O significado consiste em diferentes sistemas simbólicos que estão
diferencialmente organizados... É essencial que os símbolos empregados na
comunicação estejam no âmbito dos significadores, enquanto que os
significados estão no âmbito dos significantes.
Vergnaud (VERGNAUD e RÉCOPÉ, 2000) reconhece três
entendimentos da representação que são parte da literatura psicológica e que
se corresponde com os elementos antes descritos e um quarto entendimento
que integra os anteriores:
1. Como fluxo de consciência. Mediante a percepção e a imaginação que
contribuem para identificação dos objetos, suas propriedades e suas
relações.
2. Como um sistema de invariantes. Os significados relativos a conceitos
em ação e teorema em ação que permitem pensar e atuar na realidade.
3. Como um sistema de signos e símbolos. Que mediam a comunicação e
o pensamento. Neste sistema é essencial o vínculo entre os invariantes
e a linguagem natural.
4. Como uma assembléia de esquemas que, ao ser integrados, organizam
a atividade e permitem:
a. Simular a realidade e antecipá-la. O aluno, mediante seu
conhecimento de conceitos e princípios matemáticos e seu
conhecimento acerca das representações gráficas, lingüísticas e
simbólicas, simula os eventos e relações expressadas em um
problema e antecipa seu comportamento na solução;
b. Organizar e dirigir a atividade. A partir da representação, na
solução de u problema os alunos estabelecem propósitos,
decidem mudar, fazer ajustes, elucidar inferências,e etc.
Os esquemas por si só, são incapazes de dar conta dos aspectos
citados anteriores. Mas na articulação de esquemas em uma representação
capaz de simular, organizar e dirigir a atividade.
Durante o desenvolvimento da atividade, os esquemas se transformam e
são substituídos, dando lugar a novas relações entre esquemas. Neste sentido,
sugere-se que a representação é ao mesmo tempo produto da ação, pois
graças a experiência sobre as situações, os alunos aprendem forma mais
complexa e eficazes de representações (VERGNAUD e RÉCOPÉ, 2000).
As noções integradas de campo conceitual, esquema e representação
constituem um campo de referencia para explicar como da um significado a um
problema e como se atua para solucioná-lo. A noção de campo conceitual
explica a relação entre a estrutura de conceitos que se ativam ao entender os
argumentos de um problema e ao entender sua solução. A noção de esquema
atende a organização da atividade do aluno, como planifica, organiza, decide
suas ações e integra-a e adapta seus conhecimentos na solução de um
problema. Finalmente, a noção de representação explica como o aluno simula,
antecipa e atua sobre o problema, pondo em jogo seus conhecimentos acerca
de conceitos e esquemas que mediam entre o entendimento e a solução deste.
Ao compreender um problema, o aluno o representa, o qual implica
aproveitar conhecimentos já existentes ou construir outros novos. Em sua
representação estão contidos esquemas de entendimento e de solução. O
entendimento pode resultar da evocação e adaptação de um esquema
conhecido ou do descobrimento de u novo. Com base no entendimento, se
levanta uma solução e se antecipa certa resultado. Para solucionar o problema,
o aluno decide qual informação é relevante e decide quais serão s ações
apropriadas, ensaia uma ou mais esquemas de solução e acerta os que são
congruentes co seu entendimento.
Dado o caráter flexível e adaptável do esquema, durante o
desenvolvimento da atividade aluno pode retificar, adequar ou modificar seus
conhecimentos, sempre buscando uma congruência entre seu entendimento e
a solução do problema. Adota novas representações que se vinculam com
formas de representação que já lhe são válidas. Estas relações, entre
representações, são um indicador claro da evolução do conhecimento.
Referencia Bibliográfica
MAGINA, S. et al. As estruturas aditivas nas séries iniciais do ensino fundamental: um estudo diagnóstico em contextos diferentes. Revista Latinoamericana de Investigación en Matemática Educativa, México, v. 10, p. 219-239, 2007.
VERGNAUD, G. Conclusion Chapter, en C. Janvier (ed.), Problems of Representation in the Teaching and Learning of Mathematics, Hillsdale, NJ, Lawrence Erlbaum,1987, pp. 227-232. ______. La théorie dês champs conceptuals. Recherches en Didactique dês Mathématiques. RDM, 10 (2.3). Grenoble, 1990. (p. 133-169).
––––––“Constructivism et apprentissage des mathematiques”, Trabajo presentado en la Conferencia sobre Constructivismo en Ginebra, Suiza, 2000
VERGNAUD, G. y M. RÉCOPÉ, “De Revault d’allonnes à une théorie du schème aujourd’hui”, Psychologie Française, 2000, vol. 45, núm. 1