A Teologia da Prosperidade e a Lógica de Mercado
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A teologia da prosperidade e a lógica de marcado
Por Marcos Aurélio Dos Santos
Têm-se observado no contexto da prática de espiritualidade dos adeptos da
teologia da prosperidade, formas bastante semelhante nas quais são
encontradas em grandes empresas do cenário econômico brasileiro.
Estratégias de oferta de novos produtos, líderes arrojados, Incentivo ao
consumo, métodos para atrair a clientela e dentre outras formas
mercadológicas, são praticadas neste seguimento religioso.
A teologia da prosperidade teve seu inicio em 1960 nos EUA, tendo como seu
principal divulgador Kennetth Hagin, chagando ao Brasil na década de 70,
sendo seu principal veículo de divulgação algumas igrejas pentecostais e
movimentos interdenominacionais. Hoje tem como principais propagadores
R.R. Soares, Silas Malafaia, Edir Macedo e o também conhecido “apóstolo”
Valdomiro. Estes são do movimento chamado neopentecostalismo
(com exceção do Silas que é da AD) que se destacam na mídia por meio da
televisão, internet, rádio e outros meios de comunicação.
Neste cenário, percebe-se a estreita relação da teologia da prosperidade com
as práticas da economia capitalista e neoliberalismo, ambos vivenciados na
economia brasileira. Vejamos o que diz o Dr. Claudio de Oliveira Ribeiro em
seu artigo, O que um cristão precisa saber sobre a teologia da
prosperidade:
A Teologia da Prosperidade está, portanto, intimamente relacionada com o
sistema econômico neoliberal. Às práticas religiosas de parcela considerável da
população são acopladas (ou incentivadas) práticas socioeconômicas, em
consonância com a lógica do neoliberalismo. Tal aglutinação possui
embasamento religioso que, indiretamente, contribui para a associação entre
consumo e salvação, e entre capitalismo e Reino de Deus.
(Fonte: http://www.metodista.br)
O Evangelho da prosperidade oferece o Reino de Deus de forma camuflada
onde o alvo principal é incentivar seus adeptos numa busca de melhoria de
vida no aspecto capitalista onde segundo eles, o indivíduo pela fé, passa a ter
uma melhor condição financeira. Os valores do Reino ensinados por Jesus em
seu sermão da montanha (Mt.cap.5-7), ficam em segundo plano, enfatizando-
se portanto o Reino do aqui e agora onde a perspectiva é o acúmulo de bens
materiais e prosperidade financeira.
O incentivo dos líderes em levar seus adeptos a valorizar bens materiais
resulta em uma busca intensa de consumo. O ajuntamento de pessoas não
tem finalidades de adoração a Deus mais um momento de procurar nas
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“prateleiras da religião”, algo que possa satisfazer seus desejos de consumo.
Não há espaço para momentos devocionais, confissões, adoração,
confraternização, comunhão e outras práticas vividas pelos Cristãos da Bíblia e
pelas igrejas Cristãs Reformadas.
Nessa relação, capitalismo e Reino de Deus, surgem algumas formas bem
semelhantes à lógica de mercado, e que são encontradas no cenário
econômico brasileiro.
Vejamos:
CONSUMISMO. Na busca do sagrado, os adeptos da prosperidade são
motivados por seus lideres a ter uma relação com Deus para satisfazer seus
desejos de consumo. As bençãos concedidas pela graça de Deus, segundo a
sua vontade, são encaradas como produtos de consumo. Como acontece na
relação cliente e comerciante, é preciso pagar para obter o produto. No caso, o
dízimo e a oferta são os meios de comprar a benção, se por ventura o irmão
não tiver recursos financeiros, ou não for fiel em suas contribuições, não pode
levar o produto.
Os produtos chamados numa linguagem do comercio de “produtos de ponta de
gôndola” sempre estão relacionados a bens materiais e cura divina, o que é
bastante atrativo para as massas, num cenário onde a igreja brasileira está
profundamente influenciada pelo capitalismo moderno e práticas místicas de
religiões afros e indígenas.
Esta perigosa relação onde Deus é visto como fonte de consumo tem levado
multidões a uma cegueira espiritual quanto ao verdadeiro sentido do que é
Reino de Deus. Valores como perdão, misericórdia, mansidão e outras virtudes
cristãs, são substituídos pelo desejo de satisfazer o que é chamado pelos
consumistas impulsivos de sonho de consumo.
INOVAÇÕES DOS PRODUTOS. Outra semelhança do movimento da teologia
da prosperidade com a metodologia de mercado é a inovação dos produtos
oferecidos a clientela. O alvo é o entretenimento, ou seja, sempre oferecer ao
público novas formas de liturgia, oferta de novos produtos que por sua vez tem
como objetivo, satisfazer as necessidades dos clientes. Para indivíduos que
tiveram problemas e frustrações na vida conjugal, é oferecido um ritual em um
culto especifico para casais onde o pretendente pode segundo eles, libertar-se
do demônio que está impedindo que a benção seja recebida, prática que
sempre passa por inovações.
Sempre se cria novos produtos para entretenimento. Como na indústria que
inova seus produtos com novas embalagens, sabores e complementos como
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brindes, por exemplo, a teologia da prosperidade oferece também inovações
em seus produtos.
CONCORRÊNCIA DE MERCADO. Muitas são as estratégias das grandes
empresas para atrair clientes da concorrência. Investem em propaganda,
oferecem promoções, conforto, facilidade para compra do produto
disponibilizando linha de crédito e por ai vai. O resultado é um circulo de
clientes a procura da melhor oferta. Neste cenário, os clientes mudam de uma
loja para outra.
O mesmo acontece nas igrejas das multidões. A concorrência é acirrada entre
os mais destacados, investem alto para atrair membros de outras igrejas,
principalmente em propaganda, oferecem cultos em megatemplos para
recebem os clientes, e a garantia da benção recebida. Usam a mesma
estratégia dos Hipermercados quando constroem ou alugam templos vizinhos
ou de frente da denominação concorrentes caracterizando assim, a prática do
proselitismo.
COMERCIALIZAÇÃO DE PRODUTOS DE NESCESSIDADES. Livros, Vídeos,
Camisetas, Bíblias, CDs, Cura do Corpo, Emprego, Felicidade no casamento
pode não parecer, mais tudo está no mesmo pacote, apenas em prateleiras
diferentes, tudo é produto de consumo aonde as pessoas vão colocando no
carrinho aquilo que lhe satisfaz ou por necessidade. Oferecem de maneira
estratégica, produtos que atende aos anseios das multidões que superlotam
suas igrejas em busca do produto abençoado.
A teologia da prosperidade tem sucesso garantido em seus empreendimentos
simplesmente porque oferecerem para o público de uma maneira geral,
produtos que vai de encontro com seus própios desejos, afinal, em um pais
capitalista, quem não quer ser curado de uma enfermidade no corpo, e ter uma
vida saudável, ou prosperar financeiramente e outras vantagens materiais?
A teologia da prosperidade oferece a seus adeptos uma propaganda enganosa.
A falsa sensação de uma felicidade fundamentada em bens materiais contradiz
o ensinamento de Jesus a cerca das bem aventuranças (Ver. Mt. Cap 5), esta
“fábula evangélica” tem levado muitos evangélicos a perder de vista os
verdadeiros valores do Reino. Como uma grande nuvem negra que esconde a
beleza do primeiro céu, a teologia da prosperidade de maneira sorrateira tenta
esconder a Bela e sublime mensagem do evangelho de Jesus Cristo.
Que o Senhor nos Ajude.
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