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A TENSÃO ENTRE IMINÊNCIA E TARDANÇA DA VINDA DE J ESUS NATANAEL B. P. MORAES, DOUTOR EM T EOLOGIA PASTORAL Professor de Teologia Aplicada na Faculdade Adventista de Teologia do Unasp, campus Engenheiro Coelho. RESUMO: Este artigo estuda a tensão entre iminência e tardança da vinda de Jesus. A primeira parte analisa o tema conforme apresentado em 2 Pedro 3:3- 12. Depois considera vários aspectos relacionados com o tópico proposto como soberania de Deus, livre arbítrio humano, imagem de Deus, responsa- bilidade, condicionalidade da profecia. A conclusão procura reunir todos os motivos estudados, contudo dentro da perspectiva de 2 Pedro 3:1-12. ABSTRACT: This article studies the ten- sion between the imminence and tar- diness of Jesus’ coming. The first part analyses the theme according to what is presented in 2 Peter 3:3-12. It later considers various aspects related with the topic proposed as God’s greatness, human free will, the image of God, responsibility, and prophetic conditio- nality. The conclusion looks to unite all the motive studied, though with the perspective of 2 Peter 3:1-12. INTRODUÇÃO A promessa do retorno de Jesus é apresentada em algumas passagens do Novo Testamento, por vezes, como iminente e noutras como postergada. A iminência enfatiza o caráter transcen- dental de sua vinda, por isto homens e mulheres serão repentinamente to- mados de surpresa. Jesus empregou varias metáforas para advertir os dis- cípulos sobre este fato, como o ladrão na noite (Mt 24:42-44; Lc 12:40; cf. 1Ts 5:2, 4; 2Pe 3:10), o noivo e as dez virgens (Mt 25:1-13), o dilúvio e o mundo pré-diluviano (Mt 24:38, 39). O apóstolo Paulo acrescentou a figura das dores de parto que sobreveem à parturiente (1Ts 5:3). 1 As figuras empregadas por Jesus e Paulo não mencionam o tempo quan- do ocorrerá o advento: o pai de fa- mília não sabe quando o ladrão virá; as virgens não sabem quando vem o noivo; a mulher é tomada de surpresa pelas dores do parto. Ninguém sabe o momento, nem os anjos, nem mesmo o Filho, somente o Pai (Mt 24:36). Os discípulos não receberam informação precisa sobre o tempo exato (At 1:6, 7). Contudo, Jesus proveu sinais para anunciar sua vinda, não para que fos- sem feitos cálculos sobre o dia do seu retorno, mas para incentivar a atenção dos seus discípulos, para mantê-los atentos (1Ts 5:4-6). 2 Já se passaram 2.000 anos e Jesus ainda não voltou. Será que a vinda de Jesus foi adiada, ou ainda pior, cance- lada? Para Paulo, Tiago e Pedro o dia está “às portas” (Rm 13:12; Tg 5:8; 1Pe 4:7). O próprio Jesus disse: “Cer- tamente, venho sem demora” (Ap

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A tensão entre iminênciA e tArdAnçA dA vindA de JesusnAtAnAel B. P. morAes, doutor em teologiA PAstorAl

Professor de Teologia Aplicada na Faculdade Adventista de Teologia do Unasp, campus Engenheiro Coelho.

resumo: Este artigo estuda a tensão entre iminência e tardança da vinda de Jesus. A primeira parte analisa o tema conforme apresentado em 2 Pedro 3:3-12. Depois considera vários aspectos relacionados com o tópico proposto como soberania de Deus, livre arbítrio humano, imagem de Deus, responsa-bilidade, condicionalidade da profecia. A conclusão procura reunir todos os motivos estudados, contudo dentro da perspectiva de 2 Pedro 3:1-12.

ABstrAct: This article studies the ten-sion between the imminence and tar-diness of Jesus’ coming. The first part analyses the theme according to what is presented in 2 Peter 3:3-12. It later considers various aspects related with the topic proposed as God’s greatness, human free will, the image of God, responsibility, and prophetic conditio-nality. The conclusion looks to unite all the motive studied, though with the perspective of 2 Peter 3:1-12.

introdução

A promessa do retorno de Jesus é apresentada em algumas passagens do Novo Testamento, por vezes, como iminente e noutras como postergada. A iminência enfatiza o caráter transcen-dental de sua vinda, por isto homens e mulheres serão repentinamente to-

mados de surpresa. Jesus empregou varias metáforas para advertir os dis-cípulos sobre este fato, como o ladrão na noite (Mt 24:42-44; Lc 12:40; cf. 1Ts 5:2, 4; 2Pe 3:10), o noivo e as dez virgens (Mt 25:1-13), o dilúvio e o mundo pré-diluviano (Mt 24:38, 39). O apóstolo Paulo acrescentou a figura das dores de parto que sobreveem à parturiente (1Ts 5:3).1

As figuras empregadas por Jesus e Paulo não mencionam o tempo quan-do ocorrerá o advento: o pai de fa-mília não sabe quando o ladrão virá; as virgens não sabem quando vem o noivo; a mulher é tomada de surpresa pelas dores do parto. Ninguém sabe o momento, nem os anjos, nem mesmo o Filho, somente o Pai (Mt 24:36). Os discípulos não receberam informação precisa sobre o tempo exato (At 1:6, 7). Contudo, Jesus proveu sinais para anunciar sua vinda, não para que fos-sem feitos cálculos sobre o dia do seu retorno, mas para incentivar a atenção dos seus discípulos, para mantê-los atentos (1Ts 5:4-6).2

Já se passaram 2.000 anos e Jesus ainda não voltou. Será que a vinda de Jesus foi adiada, ou ainda pior, cance-lada? Para Paulo, Tiago e Pedro o dia está “às portas” (Rm 13:12; Tg 5:8; 1Pe 4:7). O próprio Jesus disse: “Cer-tamente, venho sem demora” (Ap

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22:20). Contudo, outras passagens apontam o retorno de Jesus para o fu-turo como é o caso da parábola do ho-mem nobre que partiu para uma terra distante (Lc 19:11-27). Para Mateus, o “senhor daqueles servos” voltará “depois de muito tempo” (Mt 25:19). Noutras parábolas, Jesus também alu-diu a uma demora (Mt 24:48; 25:5).3

A mesma tensão entre o “já” e o “ainda não” se encontra no Antigo Testamento. O dia do Senhor está per-to e também distante (Hc 2:3; Is 2:2, 20; 13:6; Sf 1:14; 3:8).4

Inicialmente o presente trabalho analisará a tensão entre proximida-de e tardança da vinda de Cristo em 2 Pedro 3:1-12. Também serão con-sideradas as noções de presciência e soberania divina, livre arbítrio huma-no, condicionalidade do cumprimen-to profético e respectivas implicações na vida presente dos cristãos.

umA discussão soBre A PArousiA - 2 Pedro 3:1-12

Esta passagem aborda algumas alegações de falsos mestres referentes à Parousia e a resposta de Pedro a es-tas alegações. Os versos 1-10 seguem uma estrutura quiástica:

A – Negação da Parousia (v. 3-4a)B – A estabilidade universal como

motivo para negação da Parousia (v. 4b)B’ – Réplica a B (v. 5-7)A’ – Réplica a A (v. 8-10)5

Depois de haver tratado da proble-mática dos falsos mestres, Pedro se volta para o tema do Dia do Senhor e questões sobre teodiceia.6 No inicio do capítulo 3,

como na primeira epístola (1Pe 1:12-15), Pedro realça que está procurando relem-brar seus destinatários “das palavras que, anteriormente, foram ditas pelos santos profetas, bem como do mandamento do Senhor e Salvador, ensinado pelos vos-sos apóstolos” (2Pe 3:2).7

os últimos diAs – 2 Pedro 3:3

“...tendo em conta, antes de tudo, que, nos últimos dias, virão escarnece-dores com os seus escárnios, andando segundo as próprias paixões.”8

No sentido escatológico, a expres-são “último dia” ou “últimos dias” se refere ao período de tempo que antecede imediatamente o final da história deste mundo e a inauguração do futuro tempo messiânico (cf. Is 2:2. Mq 4:1; Jo 11:24; 12:48, At 2:17; Tg 5:3; 2Pe 3:3).9

os escArnecedores/fAlsos mestres – 2 Pedro 3

Os escarnecedores que suscitaram o problema da tardança combinavam ceticismo escatológico com libertinis-mo ético (2Pe 2). Parece que eles esta-vam recorrendo ao ensino paulino da liberdade da lei (2Pe 2:19; 3:15). Há eruditos que defendem a hipótese de que as duas posturas dos falsos mes-tres estavam conectadas a uma forma de escatologia realizada10 gnóstica ou protognóstica.11 Para Charles H. Tal-bert, a escatologia realizada era a real base para a negação da Parousia.12

Argumentos defendidos Pelos es-cArnecedores – 2 Pedro 3:4

“...e dizendo: Onde está a promessa da sua vinda? Porque, desde que os pais

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dormiram, todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação.”

Antes de prosseguirmos, apresenta-mos os pressupostos de duas hipóteses referentes ao tempo da vinda de Cristo.

Para alguns pesquisadores, a fra-se “Não retarda o Senhor a sua pro-messa” (v. 9) é um indicativo de que Deus predeterminou uma data para a segunda vinda desde e eternidade e esta não será postergada. Alguns dos pressupostos que dão sustentação a esta hipótese são: (1) reconhecimento da soberania divina; (2) presciência divina absoluta e causativa; (3) ne-gação da condicionalidade do tempo da vinda de Cristo; (4) redução e/ou negação do papel do livre-arbítrio hu-mano como fator de influência na tar-dança ou apressamento do tempo da vinda de Cristo; (5) tardança aparente da vinda de Cristo.

Os principais pressupostos da hi-pótese que defende a influência huma-na para apressamento ou postergação do tempo da vinda de Cristo são: (1) reconhecimento da soberania divina; (2) presciência divina absoluta e não causativa; (3) autenticidade do livre-arbítrio humano; (4) a vinda de Cristo em glória e majestade na companhia dos anjos é uma profecia incondicio-nal; (5) o tempo da vinda de Cristo está condicionado ao testemunho de vida cristã e ao envolvimento dos crentes na pregação do evangelho ao mundo; (6) a postergação do tempo da vinda de Cristo não reduz a sobe-rania de Deus em definir o tempo do fim, mas significa que sua resolução soberana leva misericordiosamente em consideração as ações humanas.

Esperamos que ao longo da pesqui-sa o leitor tenha condições de ampliar a compreensão sobre as duas hipóteses.

O argumento “todas as coisas per-manecem como desde o princípio da criação” reconhecia a existência de um universo criado por Deus, mas em si mesmo um sistema fechado, naturalis-ta, sujeito apenas às leis de causa e efei-to que nega a intervenção divina.13 Ou seja, o argumento estava fundamenta-do na imutabilidade das leis naturais.14 Nos tempos modernos, esta perspecti-va é classificada como uniformismo.15 Foi introduzida por James Hutton (1726-1797) e assumia a operação por longos períodos de tempo, dos mesmos agentes geológicos atualmente conhe-cidos como vulcanismo, erosão e se-dimentação.16 Deste modo, o presente torna-se a chave para a compreensão do passado. O uniformismo nega ca-tegoricamente a intervenção divina na história, particularmente a criação em seis dias e o dilúvio global.17

A perspectiva uniformista do pas-sado contribuiu para forjar o ceticis-mo escatológico sobre a Parousia, por isso Pedro primeiramente irá desafiar este ponto de vista antes de abordar o tema da tardança.18

A refutAção do Argumento uni-formistA dos escArnecedores

1. a criação do mundo, um ato eminentemente divino – 2 Pedro 3:5

“Porque, deliberadamente, esque-cem que, de longo tempo, houve céus bem como terra, a qual surgiu da água e através da água pela palavra de Deus.”

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Ao manterem seu ponto de vista uniformista, os falsos mestres fecham voluntariamente seus olhos para a verdade, descartando aqueles relatos bíblicos que apresentam a interven-ção direta de Deus. Como resultado de sua cegueira auto-induzida, os escarnecedores deixam de lado dois eventos históricos monumentais que colidem com suas ideias, a criação executada pela Palavra de Deus (2Pe 3:5; Sl 33:6 e 9) e o juízo divino do dilúvio (2Pe 3:5).19 Portanto, é ação divina criadora, independente da par-ticipação humana, que é evocada por Pedro em sua argumentação contra o tema uniformista dos escarnecedores.

2. o Juízo divino do dilúvio – 2 Pedro 3:6

“...pela qual veio a perecer o mundo daquele tempo, afogado em água.”

Deus, por seu poder, criou o mun-do; por seu poder Ele o sustém (Hb 1:3). Aquele que por sua palavra criou o universo tem poder para destruir aquilo que Ele trouxe à existência. O juízo divino exercido através do di-lúvio20 alterou a sequência natural de causa e efeito. Com a recordação deste fato histórico, Pedro refuta o argumen-to uniformista dos escarnecedores.

3. deus intervirá novamente no Futuro – 2 Pedro 3:7

“Ora, os céus que agora existem e a terra, pela mesma palavra, têm sido entesourados para fogo, estando reservados para o Dia do Juízo e des-truição dos homens ímpios.”

Pedro tem um argumento triplo contra a perspectiva errônea dos es-carnecedores: primeiro, a própria criação representa a intervenção de Deus no mundo,21 como expressão de sua livre escolha.22 Os oponentes fa-lharam por não perceber a implicação desta abordagem, pois ao apelar para a criação eles admitiam que houvera um princípio. Segundo, os oponentes poderiam objetar que Deus colocara o mundo em movimento, mas desde então não interferira mais cosmologi-camente. Mas tal noção não conside-rava o dilúvio, que envolvera um ca-taclismo mundial. Terceiro, a história terminará com uma grande conflagra-ção, quando os atuais céus e terra se-rão queimados e os ímpios punidos.23 As três intervenções divinas, a cria-ção, o dilúvio e o dia da punição fi-nal dos ímpios pelo fogo ocorrem por ação direta da palavra de Deus.

Pedro refutA A negAção dA PArousiA – Breve Análise de 2 Pedro 3:8

“... para o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos, como um dia.”

Evidentemente, o verso 8 faz re-ferência ao Salmo 90:4: “Pois mil anos, aos teus olhos, são como o dia de ontem que se foi e como a vigí-lia da noite.” Este salmo, escrito por Moisés (Sl 90:1), contrasta a eterni-dade de Deus com a curtíssima exis-tência humana (Sl 90:9, 10). O verso 4 está relacionado com o verso 2; o Deus eterno não é vulnerável à passa-gem do tempo como os seres huma-nos, embora não se deva dizer que o tempo não tenha sentido para Deus.

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A linguagem é comparativa, não ab-soluta. Naturalmente, mil anos é um período longíssimo para a história hu-mana, mas para Deus é como a vigília da noite.24

o temPo divino

Êxodo 3:14 fornece uma base para a compreensão do tempo divi-no: “Disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim di-rás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós outros.” A forma verbal “EU SOU”, nas duas menções, no he-braico, encontra-se no Qal imperfeito do verbo ser, e transmite uma noção de continuidade, de ação não con-cluída: “Eu estou sendo o que estou sendo”, ou seja, “Aquele que sempre é”. Não é um ser conceitual, abstrato, mas um ser ativo. Assim, é impróprio nos referirmos a Deus como Aquele que “era” ou que “será”, pois a reali-dade desta existência ativa só pode ser indicada pelo presente “É”, ou “Está Sendo”, “sempre É” ou “Sou”.25 A Divindade vive num eterno presente, sem as comuns limitações humanas de passado e futuro.

Há outro texto no Antigo Testa-mento que revela alguns atributos di-vinos e contribui para a compreensão do tempo divino: “Ainda a palavra me não chegou à língua, e tu, SENHOR, já a conheces toda [onisciência]... Para onde me ausentarei do teu Espí-rito? Para onde fugirei da tua face? Se subo aos céus, lá estás; se faço a mi-nha cama no mais profundo abismo, lá estás também [onipresença]... Os teus olhos me viram a substância ain-da informe, e no teu livro foram escri-

tos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nem um deles havia ainda [soberania]” (Sl 139:4, 7-8, 16).

A onisciência de Deus é uma de-corrência de sua eternidade. Visto que Ele existe em eterno presente e todo o conhecimento lhe está patente, então para Deus é como se o tempo se cons-tituísse num ponto, ao contrario do sentido de tempo humano que seria linear, ou uma sequência de pontos. Deste modo, a declaração “para o Se-nhor, um dia é como mil anos, e mil anos, como um dia” (2Pe 3:8) indica que, ao contrário do ser humano, “aos olhos de Deus um longo período pode parecer breve”.26

discussão do texto

O sentido da declaração de Pedro, no verso 8, tem sido discutido con-sideravelmente ao longo dos anos. Todos os exegetas reconhecem que a afirmação é proveniente do Salmo 90:4, mas se divide em dois grupos: (1) aqueles que interpretam a decla-ração de acordo com paralelos da lite-ratura judaica e cristã contemporânea a Pedro, e concluem que ela procura demonstrar que o “Dia do Juízo” (v. 7) perdurará por mil anos; (2) a maioria dos demais intérpretes, que entendem que o verso 8 deve ser estudado no contexto do problema escatológico da tardança, concluem que Pedro produ-ziu um argumento original sem prece-dentes ou paralelo na literatura.27

O primeiro grupo aponta para tex-tos rabínicos e cristãos do segundo século onde a cronologia escatológica se baseia na fórmula “um dia do Se-

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nhor equivale a mil anos” (Sl 90:4). Algumas vezes a regra tem sido apli-cada à narrativa da criação, a fim de transmitir a noção de que “seis dias”, de mil anos cada, seriam seguidos por um sábado milenar.28 A fórmula tam-bém pode ser aplicada aos textos que abordam o dia ou dias do Messias (Is 63:4; Sl 90:15). Outra situação a ser mencionada é sobre o debate entre os rabinos Eliezer e Joshua. De sua parte, Eliezer concluía que o reino messiânico perduraria por mil anos, mas Joshua argumentava que “dias” no plural, no Salmo 90:15, implica em dois mil anos.29 Outros aplicam a fórmula a Gênesis 2:17. Segundo o texto, “no dia em que dela comeres, certamente morrerás” parecia exigir a morte de Adão imediatamente ao seu pecado, contudo Adão viveu cerca de mil anos (Gn 5:6). A protelação do juízo divino sobre Adão é explicada com base na fórmula apresentada pelo Salmo 90:4, pois para Deus um “dia” corresponde a mil anos. O dia de Adão de mil anos era explicado por Joshua como um sinal da misericórdia de Deus.30 É verdade que esta aplicação provê uma ligação com 2 Pedro 3:9, mas interessante como possa parecer o paralelo, ele não explica satisfato-riamente 2 Pedro 3:8. A aplicação de regra exegética a Gênesis 2:17 é sem-pre um cálculo cronológico, interpre-tando “dia” como mil anos. Com base nessa analogia, 2 Pedro 3:8 só pode-ria se referir à tardança da Parousia se tivesse sido prometido que a tardança perduraria por “um dia” ou “dias”, mas esse não é o caso.31 Portanto, o texto não indica que Pedro esteja atri-

buindo um período de tempo de mil ou mais milhares de anos até o advento de Cristo.

O segundo grupo de intérpretes que afirma ser inédito o uso de Sal-mo 90:4 em 2 Pedro 3:8 é questiona-do por Richard J. Bauckham: “... há vários exemplos do uso desse verso [Sl 90:4] na literatura judaica que os comentaristas não encontraram antes, mas que podem ser relevantes parale-los de 2 Pedro 3:8.”32 Como exemplo, Bauckham menciona um trecho do apócrifo Apocalipse de Abraão, cuja data de escrita é estimada como sen-do o final do primeiro século ou início do segundo.33 O texto é atribuído ao rabino Eleazar B. Azariah. Ele deduz, a partir do texto de Gênesis 15, que o período, durante o qual Abraão (de acordo com Gn 15:1) enxotava as aves de rapina das carcaças sacrificadas, foi de um dia, do nascer do sol ao pôr do sol. As aves de rapina representam os gentios opressores de Israel duran-te o período de quatro reinos. Diz o rabino Eleazar, “Desse incidente você pode aprender que o domínio desses quatro reinos perdurarão apenas um dia de acordo com o dia do Santíssi-mo, bendito seja Ele”.34 A referência ao “dia do Santíssimo” deve ser à má-xima “Um dia do Senhor equivale a mil anos”.35

Para Bauckham, a relevância do Apocalipse de Abraão é que, dife-rentemente de outros textos rabínicos já mencionados, este se refere à tar-dança do Fim, pois no apocalíptico judaico o período de quatro reinos é precisamente o período da tardança. O destaque é que embora para o Isra-

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el oprimido o tempo pareça extenso, da perspectiva do Deus eterno é um período muito breve. A reflexão tem a função de consolar Israel, pois relati-viza a importância do período de do-minação gentílica. Assim, ele “provê um paralelo para a noção de 2 Pedro 3:8, que é certamente para aqueles que reclamam da tardança e que ago-ra obtiveram uma nova perspectiva: sob o ponto de vista da eternidade é apenas um tempo curto”.36

Outra passagem similar mencio-nada por Bauckham é 2 Apocalipse de Baruc 48:12-13: “Nascemos rapi-damente e retornamos rapidamente. Mas contigo as horas são como as longas eras, e os dias são como ge-rações”. Esse contraste entre a exis-tência infinita de Deus e a transitorie-dade da vida humana é a base para a súplica a Deus por misericórdia, no capítulo 48:11: “Ouve Teu servo e atenta ao meu pedido”. Um fato re-levante a ser referido é que de acordo com a Enciclopédia Judaica, o Apo-calipse de Baruc deve ter sido escrito entre 70 e 130 AD, o que torna o li-vro, possivelmente, um contemporâ-neo de 2 Pedro.37 Há uma outra ideia similar a de Baruc no livro de Ecle-siástico, escrito em torno de 200-180 aC.38 O texto encontra-se no capítulo 18:9-11, “A duração de sua vida: cem anos quando muito. Como uma gota do mar, um grão de areia, assim são seus poucos anos perante um dia da eternidade. Por isso o Senhor os trata com paciência e sobre eles derrama a sua misericórdia”. Em Baruc, o con-texto é escatológico. Seu pedido por misericórdia é uma suplica por livra-

mento escatológico, e a referência à perspectiva do Deus eterno sobre o transcurso do tempo faz ligação com um tema frequente no Apocalipse de Baruc: a soberania divina sobre o tempo. Sim, porque diferentemente do ser humano, Deus conhece todo o curso da história, sendo soberano sobre todos os eventos, determinan-do seu respectivo tempo; somente Ele tem informação sobre o tempo do fim que Ele designou (cf. 2 Apocalipse de Baruc 48:2-3; cf. 21:8, 10; 54:1; 56:2).39

Após a discussão sobre os referi-dos paralelos judaicos com 2 Pedro 3:8, passemos ao estudo propria-mente dito da passagem. No verso 8, Pedro se esquiva da especulação referente ao tempo da vinda de Je-sus porque ele tem ciência de que “a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão o Pai” (Mt 24:36).40 Nesse verso, Pedro contrasta a tran-sitoriedade da vida humana com a eternidade de Deus. É a limitação de seu ponto de vista que leva o ser humano a ficar impaciente. Ele gos-taria de ver pessoalmente o retorno do Senhor. Por sua vez, o Deus eter-no está livre dessa impaciência. Isso não implica em que o crente deva descartar a expectativa iminente, mas precisa considerá-la sob a pers-pectiva da história que está sob o controle de Deus.41

A repetição invertida do verso 8, “para o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos, como um dia” pode ser um recurso empregado por Pedro para realçar o contraste, por um lado, a

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respeito do amplo tempo concedido por Deus para que o ímpio se arrependa (v. 9). Por outro lado, deve ser visto como uma séria advertência ao impenitente de que o fim pode chegar rapidamen-te.42 Visto por outro ângulo, a primeira parte da dupla declaração, “para o Se-nhor, um dia é como mil anos” prepara o leitor para a discussão sobre a tar-dança divina e o seu propósito (v. 9); a segunda parte, “para o Senhor, um dia é como mil anos” é uma advertência a respeito da imprevisibilidade do fim do tempo (v. 10), especialmente para o impenitente. Ao relativizar o conceito de tempo para Deus, do modo como o fez no verso 8, Pedro insiste em que o problema do tempo é humano e não confere uma base para questionar a providencia divina.43

Há, também, no verso 8, uma ad-vertência implícita a que se evite a crí-tica à tardança divina em cumprir as Suas promessas. Agindo dessa forma, os seres humanos passam a desafiar a Deus, cuja esfera de ação está acima do tempo presente dos seres humanos. A crítica humana à tardança divina no cumprimento de Suas promessas cons-titui-se numa invasão indevida do tem-po futuro que pertence a Deus.44

Considerando o contexto do capítu-lo, Pedro, no verso 8, argumenta que em-bora o retorno de Cristo possa parecer muito distante dos seres humanos, sob a perspectiva divina o retorno é iminente. O ser humano finito não pode confinar o Deus infinito ao seu padrão de tempo.45

Breve Análise de 2 Pedro 3:9

“Não retarda o Senhor a sua pro-messa, como alguns a julgam demo-

rada; pelo contrário, ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos che-guem ao arrependimento”.

Chegamos ao texto de 2 Pedro, que apresenta a tensão entre a imi-nência do retorno de Jesus e a sua tardança. Consideraremos alguns as-pectos sintáticos, veremos alguns pa-ralelos na literatura grega e judaica, o posicionamento de diversos intérpre-tes sobre a passagem e, por fim, uma tentativa de melhor compreensão da tensão presente no verso.

considerAção grAmAticAl

A forma verbal “retarda”, pro-veniente do verbo grego bradúno, tem o sentido de “atrasar, esten-der-se por um período de tempo, com a implicação de demora e/ou tardança”.46 Pedro conjugou o verbo bradúno no presente do indicativo ativo. Segundo Robertson, “o senti-do continuo não deve monopolizar o tempo ‘presente’, embora denote com mais frequência uma ação li-near. O verbo e o contexto é quem devem decidir”.47 Portanto, poderí-amos traduzir o verbo bradúno em 2 Pedro 2:9 por, “o Senhor não está retardando a Sua promessa”, pelo menos esta é a acepção da Bíblia de Jerusalém em inglês, “O Senhor não está sendo tardio em realizar a sua promessa”. Com este sentido, a tensão entre iminência e tardança se acentua ainda mais, pois atribui uma noção contínua por parte de Deus em “não estar atrasando” o cumpri-mento da Sua promessa.

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PArAlelos com 2 Pedro 3:9

Plutarco viveu entre 45-125 D.C. e passou a maior parte de sua vida em Queroneia, cidade da Grécia. Ele ser-viu vários anos como um dos sacer-dotes do templo de Apolo de Delfos, a 32 quilômetros de sua casa. Vários dos seus diálogos foram registrados e pu-blicados. Setenta e oito ensaios e outras obras sobreviveram, sendo conhecidas como Obras Morais.48 No tratado De Sera Numinis Vindicta, Plutarco expõe uma polêmica com os epicureus sobre a providência divina. Segundo Plutarco, “Epicuro negava a Providência Divina e sustentava que os deuses não se inte-ressavam pelas atividades humanas”.49 Um estudo mais acurado, revela que o principal objetivo do debate epicureu era a rejeição da providência divina conhecida como teodiceia: Deus não julga, não recompensa, nem pune.50 Mas, por quê? O objetivo do sistema de Epicuro era o “prazer”, definido mais acuradamente como “ausência de dor no corpo e de perturbação de alma”.51 Epicuro estendia a ausência de perturbação também a Deus. Então, se Deus está livre de perturbação, ele não pode ser providente, porque isso O envolveria com uma preocupação constante. Este é o propósito de Epi-curo em Máximas Soberanas: “Um ser bendito e indestrutível não tem pertur-bação em si mesmo e não traz pertur-bação sobre qualquer outro ser; desse modo ele está livre de ira e parcialida-de, pois todas essas coisas implicam em fraqueza”.52 O arsenal epicureu contra a providência consistia de qua-tro argumentos básicos nas áreas de cosmologia, liberdade, profecias não

cumpridas e injustiça.53 De particular interesse para o estudo de 2 Pedro 3:9 e seu paralelo com o embate com os epicureus é a questão da injustiça. Se a justiça demora a ser aplicada “o bem não pode prosperar enquanto o ímpio não recebe o que merece. Portanto, Deus não recompensa nem pune”.54 Assim, o embate epicureu contra a pro-vidência em De Sera baseia-se sobre o argumento da injustiça, mais especi-ficamente no protesto contra a justiça que demora a ser cumprida.55 A con-testação de Plutarco se assemelha ao que Pedro disse no verso 9, “... Deus, que não tem nenhuma necessidade de tardança nem de arrependimento, mas transfere a punição para o futuro e es-pera o tempo devido – nós mesmos de-veríamos ser circunspectos em todos os aspectos e deveríamos ver como parte da virtude divina a clemência e longanimidade que Deus manifesta, transformando poucos, na verdade, pela punição, mas pela postergação da punição beneficiando e admoestando a muitos”.56 No contexto de 2 Pedro 3, a frase perturbadora dos oponentes, “o Senhor retarda a sua promessa” (cf. v. 4, 9) deveria ser entendida com uma rejeição, por parte dos escarnecedores, da doutrina tradicional da vinda do jul-gamento e da Parousia.57

Há outro paralelo com 2 Pedro 3 a ser considerado: trata-se dos debates judaicos, provavelmente da segunda metade do fim do primeiro século da era cristã. Evidências históricas indi-cam que em todas as gerações judai-cas entre a metade do segundo século a.C. e a metade do primeiro século d.C. havia uma esperança de reden-

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ção escatológica num futuro bem próximo. Ao mesmo tempo, há, tam-bém, evidências de que durante este período de cerca de dois séculos de contínuo desapontamento não dimi-nuiu a expectativa da iminência do cumprimento das profecias bíblicas.58 Como, então, os apocalipses judaicos enfrentaram a questão da tardança do cumprimento das profecias? Vários estudos reconhecem o papel relevante de Habacuque 2:3, que parece ter sido o texto chave do AT para a reflexão sobre a tardança. A história da inter-pretação do texto contém a explana-ção básica da tardança. Ela apela para a soberania onipotente de Deus, que já estabeleceu o tempo do fim. Ainda que o cumprimento se estenda mais do que o cumprimento profético sugere, essa tardança aparente pertence aos propósitos de Deus. Segundo a escala divina de tempo, o cumprimento das profecias não está atrasado.59

Um exemplo do debate sobre a tardança escatológica da redenção é o que se travou entre os rabinos Eliezer B. Hyrcanus e Joshua B. Hananiah.60 A versão mais breve do debate é de-monstrada a seguir: “R. Eliezer diz: ‘Se Israel se arrepende, eles serão re-dimidos’. R. Joshua diz: ‘Se eles se arrependerem ou não se arrepende-rem, quando chegar o fim, sem demo-ra eles serão redimidos, tal como foi dito: ‘Eu, o SENHOR, a seu tempo farei isso prontamente (Is 60:22)”.61 Joshua mantém o tradicional apelo apocalíptico à soberania de Deus, que determina o tempo do fim. Quando o tempo designado chegar, ocorrerá a redenção escatológica como a graça

soberana de Deus para Israel, que não depende de modo algum do preparo de Israel. Eliezer, por outro lado, con-diciona a vinda da redenção ao arre-pendimento de Israel.62

A ideia a respeito do arrependi-mento de Israel antes do fim não era recente.63 É provável que a declaração de Eliezer representasse uma reação ao desastre de 70 d.C. quando esva-neceram as esperanças de redenção e Israel vivenciou uma catástrofe que só poderia ser interpretada como pu-nição de Deus. A conclusão era que Israel não era digno da redenção. So-mente quando Israel se arrependesse é que ocorreria a redenção.64

A posição do Eliezer pode indi-car que a data divinamente designa-da para o fim tenha sido adiada por causa dos pecados de Israel. Uma outra alternativa, é que poderia não haver algo como uma data fixa para o fim, ou então, poderia ser que o ar-rependimento de Israel em si mesmo fosse parte do plano predeterminado por Deus. Essa é a visão sugerida por uma versão mais longa do debate: “R. Eliezer diz: ‘Se Israel não se arrepen-der, nunca será redimido...’ R. Joshua diz para ele: ‘Se Israel endurece e não se arrepende, pode você dizer que eles nunca serão salvos?’R. Eliezer diz para ele: ‘O Santíssimo, bendito seja, fará surgir entre eles um rei tão firme como Haman, e sem demora eles se arrependerão e serão redimidos’.”65 Noutras palavras, a redenção não pode ser postergada indefinidamente pela falha de Israel em se arrepender, porque o próprio Deus incitará Israel ao arrependimento. A relevância desse

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a tensão entre iminência e tardança da vinda de Jesus / 29

debate é que a noção de Eliezer é uma tentativa de compreender a tardança. O significado da postergação não está totalmente escondido nos misteriosos propósitos soberanos de Deus. Este é o tempo no qual Deus espera gracio-samente que Seu povo mude e Ele os castiga até que se arrependam.66

Mais relevante para o estudo de 2 Pedro 3 são os paralelos bíblicos, porque, diferentemente dos paralelos grego e judaico, eles são inspirados pelo Espírito Santo (2Pe 1:20-21). Por exemplo, o mau servo, mencio-nado por Cristo na parábola, diz, “Meu senhor demora-se” (Mt 24:48). Ele usa o verbo kronizo, o mesmo empregado pela Septuaginta (LXX), em Habacuque 2:3. Por sua declara-ção, o mau servo não espera jamais ser convocado para prestar contas de suas ações, pois na sua perspectiva, a tardança de seu senhor indica que ele nunca virá. Se Jesus estava inte-ragindo com o pensamento epicureu ou não, este não é o foco de discussão aqui, mas é provável que tais ideias estivessem por trás dos argumentos dos escarnecedores, em 2 Pedro. A frase que “alguns” proferiram, “a julgam demorada” foi contestada por Pedro, ao dizer enfaticamente que não está sobrevindo uma tardança. Ao contrário, o que está ocorrendo é uma manifestação da misericórdia de Deus.67

O livro do Apocalipse apresen-ta notáveis paralelos com 2 Pedro 3. O tema da iminência é mais óbvio no inicio e no fim do livro (Ap 1:1, 3; 22:6, 7, 10, 12, 20). O motivo da tardança é menos evidente e pode ser

encontrado na seção compreendida entre os capítulos 6-11.68 Nesses ca-pítulos, João retrata um movimen-to desde a vitória de Cristo na cruz (5:12), passando por uma serie de rápidos juízos, culminando na inau-guração do reino (Ap 11:15-17). Essa expectativa é frustrada ao longo dos capítulos 6-11. O quarteto dos cava-leiros é liberado e entram na história; quando o Cordeiro abre o quarto selo, há uma frustração porque os juízos são parciais, afetando apenas a quarta parte da terra (6:8). Por sua vez, os mártires clamam “Até quando”, na abertura do quinto selo (6:10). Com o sexto selo, cresce a expectativa: pa-rece que o dia do juízo está chegando, mas novamente João deixa seus leito-res em suspense, inserindo um longo parêntese (cap. 7) antes do sétimo selo final. A série de trombetas segue um modelo semelhante. Os juízos são in-tensificados, mas ainda são limitados, afetando, dessa vez, um terço da terra e seus habitantes (Ap 8:7-12, 15, 18). Ao invés de operar a aniquilação dos inimigos de Deus, fica evidente que estes juízos se constituem em adver-tências preliminares, designados, na paciência de Deus, a dar aos homens oportunidade de arrependimento. Se-guiu-se o terceiro selo, contudo, é-nos informado que esses juízos não pro-duziram arrependimento nos homens; eles permanecem tão impenitentes quanto antes (9:20). Contudo, mais uma vez, aumenta a expectativa dos leitores: agora a paciência de Deus deve se esgotar; certamente seguir-se-á o juízo final da sétima trombeta. Todavia, mais uma vez João frustra

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as expectativas, inserindo uma lon-ga passagem entre a sexta e a sétima trombetas, da mesma maneira como ele havia procedido entre o sexto e o sétimo selos.69

Deste modo João incorporou o motivo da tardança na estrutura do seu livro na forma de parênteses. Es-peramos encontrar o sentido da tar-dança no conteúdo desses parênteses e também no episódio do quinto selo (6:9-11). Os mártires clamam “Até quando” (6:10), que é a tradicional questão apocalíptica sobre a tardança (Dn 12:6; Hc 1:2; Zc 1:12) e o proble-ma dela decorrente, o da justiça e da vindicação dos mártires. A resposta a essa questão também é tradicional; a tardança perdurará por “pouco tem-po” (cf. Is 26:20; Ag 2:6; Hb 10:37. O mesmo motivo aparece em Ap 12:12; 17:10), até que a cota de mártires pre-determinada se complete (6:11).70

O capítulo 7, parêntese entre o sexto e o sétimo selos, abre-se com os quatro anjos segurando os quatro ven-tos para impedir danos à terra. Deus os retém até que os anjos selem “na fronte os servos do nosso Deus” (7:3). Noutras palavras, a tardança é o perí-odo no qual os fiéis são protegidos da ira vindoura de Deus. Assim, no co-texto dos sete selos, Deus prorroga o fim por causa da igreja, de modo que o Cordeiro possa ser o líder de uma vasta multidão redimida.71

Durante o tempo da sexta trom-beta, os três flagelos, “fogo, fumaça e enxofre” provocam a morte da “ter-ça parte dos homens” (9:18). Contu-do, “os outros homens, aqueles que não foram mortos por esses flagelos

não se arrependeram” (9:20). Era de se esperar que eles fossem punidos, juntamente com os demais que mor-reram, mas não. Então João introduz um novo parêntese entre a sexta e a sétima trombetas, os capítulos 10-11. É mais uma postergação que segue o padrão literário do profeta. Contudo é nesse período de tardança (cap. 10-11) que ocorre a incumbência, “É ne-cessário que ainda profetizes a respei-to de muitos povos, nações línguas e reis” (10:11). Em lugar de tirar a vida dos dois terços impenitentes restan-tes, Deus lhes dá mais uma oportuni-dade de ouvirem a mensagem de ar-rependimento. Em Apocalipse, esses são os paralelos de tardança com 2 Pedro 3:9. A informação relevante da tardança em Apocalipse 10:11 é que ela corresponde ao desejo de Deus, de “que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento”. A tardança é permitida pela soberania misericordiosa de Deus que utiliza os crentes no anúncio do evangelho, cumprindo a profecia de Jesus sobre o tempo do fim (Mt 24:14) e a comissão evangélica (Mt 28:19, 20).

AsPectos comPlementAres no estudo de 2 Pedro 3:9

No início do verso 9, há um apelo à soberania de Deus, com conotação de iminência, “Não retarda o Senhor a sua promessa”. Há, também, uma alusão à Habacuque 2:3, “Porque a visão ainda está para cumprir-se no tempo determinado, mas se apressa para o fim e não falhará; se tardar, espera-o, porque, certamente, virá, não tardará”.

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Quando o NT emprega expres-sões que denotam iminência, estas podem indicar que em nossa escala de tempo a Parousia está próxima. Contudo, a linguagem de iminência também pode ser usada para a Pa-rousia a fim de destacar uma ação divina, não uma ação humana. Do mesmo modo pode sugerir que a imi-nência encontra-se na escala divina de tempo, não na humana.72

“...pelo contrário, ele é longâni-mo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos che-guem ao arrependimento”.

Em 2 Pedro 3:9, a resposta ao ar-gumento da tardança, que fora apre-sentado pelos escarnecedores, con-siste numa reinterpretação positiva da postergação do tempo como uma dádiva para o arrependimento, que se fundamenta na natureza benevolente de Deus. O próprio livro de Gênesis, em 6:3; 7:4, 10 demonstra que Deus concedeu um tempo de espera, pos-tergando o juízo para que o povo ante-diluviano se arrependesse. Conforme Gênesis 6:3, Deus informa que “os seus dias serão cento e vinte anos”. Em 2 Pedro 3:9, a palavra grega tra-duzida por “longânimo” é makrothu-mia, a mesma que é usada por Paulo, em Romanos 2:4: “Ou desprezas a ri-queza da sua bondade, e tolerância, e longanimidade [makrothumia], igno-rando que a bondade de Deus é que te conduz ao arrependimento?”. Aqui Paulo está criticando aquelas pessoas que desprezavam a longanimidade de Deus porque ignoravam o propósi-to de sua bondade. Visto que Deus é imparcial e que todos são igualmente

culpados diante dEle (Rm 2:6-11), a longanimidade de Deus é extensiva a todos, inclusive aos ímpios. Convém lembrar que a longanimidade de Deus fora mencionada a Israel, em Êxo-do 34:6: “Passando o SENHOR por diante dele, clamou: SENHOR, SE-NHOR Deus compassivo, clemente e longânimo e grande em misericórdia e fidelidade”. Semelhantemente em 1 Pedro 3:20, “quando a longanimida-de [makrothumia] de Deus aguardava nos dias de Noé”, onde a makrothu-mia não se estendia apenas a Noé e sua família, mas a todas as pessoas.73

Há outros aspectos em 2 Pedro 3:9 a serem considerados, como é o caso da ambiguidade. Será que Pe-dro quer transmitir a ideia de que a falta de arrependimento por parte da humanidade pode retardar a Parousia (3:9), enquanto o arrependimento e as boas obras podem apressar a segun-da vinda (3:12), de modo que não é realmente Deus, mas a humanidade quem determina a data da Parousia? Pedro admite isso sob o ponto de vis-ta humano, de que há um adiamento, por causa do arrependimento huma-no, para que a Parousia ocorra mais tarde do que originalmente esperado. O inverso também é verdadeiro, se há arrependimento a Parousia pode vir mais rápido do que o esperado, tomando em consideração a longani-midade divina. Mas isso não anula, necessariamente, a soberania divina. Não é nenhum pecado humano, mas a longanimidade divina, que não pode ser reprimida. Desta perspectiva eter-na sobre o curso da história (cf. v. 8), Deus pode incorporar tal intervalo em

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Sua meta soberana. Pedro realmente não sugere que esse intervalo pode perdurar indefinidamente, enquanto as pessoas permanecem sem se arre-pender. A paciência de Deus não pode ser desprezada (cf. Rm 2:4). Aquele que persiste na impiedade, sem se ar-repender, descobrirá que o juízo so-brevirá repentinamente (v. 10a).74

Breve Análise de 2 Pedro 3:10

“Virá, entretanto, como ladrão, o Dia do Senhor, no qual os céus pas-sarão com estrepitoso estrondo, e os elementos se desfarão abrasados; também a terra e as obras que nela existem serão atingidas”.

Assim como Deus interveio so-beranamente para a criação (3:5) e no dilúvio (3:6), Ele irá intervir no-vamente na natureza por ocasião da segunda vinda de Jesus. É uma res-posta ao argumento uniformista dos escarnecedores.

Pela redação do verso 10, Pedro desfaz qualquer engano que pudesse sobrevir de uma má compreensão do verso 9, como se a longanimidade de Deus cancelasse o dia do juízo. O que ele dissera é que está apenas poster-gado, mas certamente virá. Dessa ma-neira, a longanimidade de Deus não é desculpa para os pecadores continu-arem a pecar com tranquilidade, sem temer o juízo.75

A afirmação categórica da vinda repentina do dia do juízo, no verso 10, também procura desfazer a noção equivocada que alguns tinham sobre o tempo. Pensavam que o tempo deles era ilimitado. Pela citação do Salmo 90:4, Pedro queria dizer, o que pode

parecer mil anos de postergação pode ser, na realidade, apenas um dia. Pe-dro insiste em que o tempo da vinda do Senhor é desconhecido76 e que virá inesperadamente como o ladrão. Como nas demais situações em que esta me-táfora aparece no NT (Mt 24:43-44; Lc 12:39-40; 1Ts 5:2; Ap 3:3; 16:15), ela é derivada da parábola de Jesus e co-munica tanto imprevisibilidade como ameaça. Para aqueles que, a despeito das oportunidades que o Senhor em Sua longanimidade lhes confere, per-manecem impenitentes, o dia do Se-nhor deveria transmitir uma perspecti-va amedrontadora, pois ele determina o fim da longanimidade e a chegada da punição.77 Mas para aqueles que acei-tam o chamado de Deus (Is 25:9; Jl 2:32), será um dia bem vindo.78

Breve Análise de 2 Pedro 3:11

“Visto que todas essas coisas hão de ser assim desfeitas, deveis ser tais como os que vivem em santo procedi-mento e piedade”.

Pedro conclui sua carta da mesma maneira como outras cartas do NT, ou seja, com uma seção que define para os seus leitores como eles de-veriam se comportar, como povo de Deus. De modo particular, esta seção da carta apresenta seus requisitos morais e éticos no contexto do dia do Senhor, que virá em breve, junta-mente com os eventos cataclísmicos ligados a este evento.79

A conexão do verso 11 com o verso anterior e posterior sugere que, apesar de que o dia da Parousia não possa ser fixado (cf. 3:12), o Senhor, eventualmente, em Sua soberania, de-

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a tensão entre iminência e tardança da vinda de Jesus / 33

cidirá que o tempo de tardança chegou ao fim e, então, expirou a oportuni-dade de arrependimento. Isso aconte-cerá sem aviso prévio – ocorrerá tão repentina e inesperadamente como o aparecimento do ladrão na noite.80

Por sua vez, a expressão “san-to procedimento” tem sentido moral, que descreve uma vida de dedicação a Deus, sem nada de mal e pecaminoso e conduta inculpável.81 A conduta diária do cristão precisa ser consistente com sua esperança (cf. Rm 15:13; Cl 1:23; Hb 6:11; 1Jo 3:3), à medida que ele considera a realidade da recompensa e a promessa da glória eterna.82

Para Hans Conzelmann, a declara-ção de Paulo (as epístolas do apóstolo são mencionadas por Pedro em 2Pe 3:15, 16) “Deus ressuscitou o Senhor e também nos ressuscitará a nós pelo seu poder” (1Co 6:14) coloca a esca-tologia como uma “forma transparen-te de regras imediatas de conduta de vida”.83 Essa parece ser a atitude de 2 Pedro 3:7, 9-12, 14, 17, 18.

Análise de 2 Pedro 12

“Esperando e apressando a vinda do Dia de Deus, por causa do qual os céus, incendiados, serão desfeitos, e os elementos abrasados se derreterão”.

O verbo “esperar” (grego pros-dokao), que é usado para expressar a expectativa escatológica em Mateus 11:3, Lucas 7:19, 20, aparece três ve-zes nos versos 12-14.84 Em parte, a espera não deve se caracterizar ape-nas por uma atitude intelectual; há um aspecto moral nela incluído.85 Uma pessoa pode ter interesse e conheci-mento profundo de profecias bíblicas,

pode dedicar parte considerável do seu tempo à pesquisa teológica, por exemplo, mas na vida prática pode desconsiderar o devido preparo mo-ral, levando uma vida de desobediên-cia aos mandamentos divinos.

Análise de “APressAndo”

Em grego, o verbo traduzido por “apressando” é spudo. Aparece seis vezes no NT (Lc 2:16; 19:5; 19:6; At 20:16; 22:18 e 2Pe 3:12). O particípio presente foi o tempo escolhido por Pe-dro para o verso 12; como o presente, o particípio é durativo,86 desse modo, a noção transmitida é, “continuamen-te apressando”. A versão Almeida Revista e Atualizada assim traduziu o texto: “apressando a vinda do Dia de Deus”.87 Outras versões optaram por uma tradução diferente, como é o caso da versão Almeida Revista e Corrigida, “apressando-vos para a vinda do Dia de Deus”.88

Segundo Daniel Arichea e Howard Hatton, “apressando” também pode ser traduzido por “earnestly desiring” [“ve-ementemente desejando”], conforme a versão da American Stand Version. A justificativa apresentada é a de que o particípio grego pode ser derivado de um verbo que significa “desejar arden-temente” ou “ser zeloso”, ou de outro verbo que significa “apressar”, ou seja, ambas as traduções são possíveis. Es-ses comentaristas defendem que a sen-tença “esperando e apressando a vinda do Dia de Deus” poderia ser traduzida desta maneira: “à medida que você es-pera pelo dia em que o Senhor virá para julgar o mundo, faça o seu melhor para que esse dia venha logo”.89

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A principal questão a ser colocada é: podem os cristãos, por seu “santo procedimento” (3:11), apressar a vin-da de Jesus, ou isto depende exclusi-vamente da intervenção divina?90 A teologia está dividida quanto à res-posta. Antes de apresentarmos as duas principais posições, é preciso lembrar que, a semelhança de todas as hipó-teses, ambas são construídas a partir de pressupostos básicos. Cabe a nós analisar esses pressupostos à luz de princípios hermenêuticos sólidos.

Passemos a análise da primeira alternativa. Para Simon Kistemaker e William Hendriksen, alguns “co-mentaristas optaram pela segunda versão porque eles acreditam que o homem é incapaz de mudar o tempo estabelecido por Deus para o retorno de Cristo”.91 Essa é o posição de João Calvino, defensor da predestinação, em seu comentário sobre 2 Pedro 3:12: “Esperando e apressando para, ou, esperando pelo apressamento; assim eu traduzo as palavras, embo-ra sejam dois particípios, aquilo que antes tínhamos separadamente, ele reúne numa sentença, isto é, que nós devemos apressadamente esperar”.92

Tomamos Richard Bauckham como representante da segunda alter-nativa: “É evidente que esta ideia de apressar o Fim representa o corolário da explicação (v. 9) de que Deus adia a Parousia pelo fato de Ele desejar que cristãos se arrependam. O arre-pendimento e santo procedimento desses cristãos podem, portanto, do ponto de vista humano, apressar a chegada da Parousia. Esse fato não deprecia a soberania de Deus em

determinar o tempo do Fim (cf. Co-mentário sobre o v. 9), mas significa apenas que Sua determinação sobe-rana graciosamente leva em conta os acontecimentos humanos”.93

De acordo com Peter H. Davids a frase “apressando a vinda do Dia de Deus” indica que “o dia do Senhor não é uma data fixa, mas algo que os cristãos podem mudar pelo ‘santo procedimento e piedade’. Essa ideia baseia-se no apressamento do tempo por Deus em Is 60:22”.94 Outro texto citado por Peter Davids é Atos 3:19-20, que liga arrependimento ao retor-no de Cristo, “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem cancelados os vossos pecados, a fim de que, da presença do Senhor, venham tempos de refrigério, e que envie ele o Cristo, que já vos foi designado, Jesus”.95 É Possível comPreender A tensão entre iminênciA e tArdAnçA?

Estudamos inicialmente a tensão entre iminência e tardança no contex-to de 2 Pedro 3. Há necessidade de uma perspectiva mais abrangente. Os elementos para a compreensão já es-tão presentes na discussão feita sobre o texto. Contudo é preciso aprofundar alguns tópicos abordados. Passemos ao primeiro.

soBerAniA de deus

O apóstolo informa que “nos últi-mos dias” (v. 3) viriam escarnecedores hedonistas questionando a “promessa da sua vinda” (v. 4). Eles emprega-riam argumentos uniformistas, que negariam a intervenção divina na his-

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a tensão entre iminência e tardança da vinda de Jesus / 35

tória humana. Para refutar esses con-ceitos errôneos, Pedro menciona dois atos soberanos de intervenção divina no mundo, a criação e o dilúvio (vv. 5, 6). Em seguida acrescenta que o “Dia do Juízo” (v. 7, 10-12), a vir no futuro, será outro ato divino interven-cionista na história humana. Pedro re-correu a essas ações na história para defender a soberania de Deus perante os escarnecedores.

A soberania de Deus “é um ensi-no bíblico pelo qual todas as coisas estão sob o Seu governo e controle e que nada acontece sem Sua permissão ou direção. Deus não atua apenas so-bre algumas coisas, mas sobre todas segundo o conselho da Sua própria vontade (Ef 1:11). Seus propósitos são todo-inclusivos e nunca frustra-dos (ver Is 46:11); nunca poderá ser surpreendido por nada. A soberania de Deus não se atém apenas a Ele ter poder ou no direito de conduzir todas as coisas, mas no fato de assim proce-der, sempre e sem exceção”.96

Um bom exemplo bíblico reve-lador da soberania de Deus é a visão narrada por Ezequiel. Quando ele se encontrava “no meio dos exila-dos, junto ao rio Quebar, se abriram os céus, e eu tive visões de Deus” (Ez 1:1). O profeta estava “sobrecar-regado de tristes lembranças e sinais perturbadores”.97 A visão recebida foi uma resposta as suas preocupações. Ele viu que “um vento tempestuoso vinha do Norte, e uma grande nuvem, com fogo a revolver-se, e resplendor ao redor dela, e no meio disto, uma coisa como metal brilhante, que saía do meio do fogo” (Ez1:4). Havia ro-

das que se cruzavam entre si, por sua vez, movidas por quatro seres viven-tes. Acima de tudo havia, “algo seme-lhante a um trono, como uma safira; sobre esta espécie de trono, estava sentada uma figura semelhante a um homem” (Ez 1:26). Ezequiel também viu que “Tinham os querubins uma semelhança de mão de homem debai-xo das suas asas” (Ez 10:8).98

Segunda Pedro 3:9 descreve outra atitude soberana de Deus, “Não retarda o Senhor a sua promessa, como alguns a julgam demorada”. Evidentemen-te, Pedro se referia à segunda vinda de Cristo. Essa é uma posição que se fundamenta exclusivamente na sobe-rania de Deus, independentemente da participação humana. Contudo, a parte do verso que diz “pelo contrário, ele é longânimo para convosco, não queren-do que nenhum pereça, senão que to-dos cheguem ao arrependimento”, jun-tamente com o verso 12, “esperando e apressando a vinda do Dia de Deus” indicam que a participação humana deve ser levada em consideração para a ocorrência da Parousia. Por um lado, é a bondade de Deus, que espera pelo arrependimento dos impenitentes, que parece atrasar a Parousia, por outro é a participação dos crentes com a prega-ção do evangelho que parece apressar a Parousia.

Algumas declarações de Ellen White interligam a soberania de Deus com a segunda vinda de Cris-to. Em sua primeira visão ela ouviu a voz de Deus anunciando “o dia e a hora de vinda de Jesus”.99 Em 1888, referindo-se a esta visão, ela disse que esquecera o tempo anunciado.100

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Noutra declaração, através da ex-pressão “o tempo aparentemente se estende”, Ellen White sugeriu que o tempo para a vinda de Cristo está de-finido.101 Ainda em 1888 ela afirmou que há um tempo definido para o re-torno de Jesus.102 É interessante que, a semelhança de 2 Pedro 3:9, Ellen White também mostrou ambiguidade sobre os temas de iminência e tardan-ça: “A extensão de tempo que nos foi concedida parecia curta, demasiada-mente curta, para esclarecermos ao mundo os aspectos grandes e mara-vilhosas da lei de Deus. As promes-sas de Deus - como nos agarrávamos a elas! Não conseguíamos suportar toda a glória! Ficávamos sem força física, e o poder de Deus, qual halo de glória, repousava sobre nós. Que louvores ascendiam a Deus! ‘Porque ainda dentro de pouco tempo aque-le que vem virá, e não tardará.’ Ha-via um tempo de tardança para nós, mas Ele, nosso Senhor, conhecia o fim desde o princípio. Não se tratava de nenhuma demora; e cada ano que passava continuávamos a trabalhar, orar e crer. Os erros que sobre nós vinham com ímpeto, nós os enfrentá-vamos no poder de Deus, e os expli-cávamos. E a glória enchia o recinto onde nos reuníamos”.103

Para Ralph C. Neall, que es-creveu uma tese sobre a referida tensão em Ellen White, disse não ser possível haver ajustamento: “... confessamos que nos sentimos desconfortáveis com todo o empre-endimento de harmonização. Se a própria White não reconciliou os dois, porque eu deveria?”104

Tendo por base a soberania divina é que alguns estudiosos argumentam que o tempo da vinda de Cristo está nas mãos de Deus e as atividades dos seres humanos não o afeta, “a data já está definida desde a eternidade pela ‘presciência de Deus’ (1 Pe 1:2), e não será postergada”.105

PresciênciA divinA e A tensão en-tre iminênciA e tArdAnçA

Ao desenvolver o tema da predes-tinação, Calvino citou Agostinho que comentara a queda de Adão, “o homem não somente [a si mesmo] se perdeu, mas ainda a seu arbítrio”.106 A noção agostiniana sobre a natureza humana pecaminosa depois da queda esclarece porque o cristão precisa de Deus para fazer o bem. A noção de total depra-vação da natureza humana decaída explica a ausência do livre-arbítrio no ser humano, daí a total dependência de Deus para escolher fazer o bem.107

Segundo Calvino, a soberania di-vina sobre o ser humano é plena e lhe exclui o livre-arbítrio, “[Ele] próprio efetua em nós o querer, [o] que outra [cousa] não é senão que o Senhor, por Seu Espírito, nos dirige, inclina, go-verna o coração e nele reina como em domínio Seu”.108

Diante do acima exposto, é fácil entender o comentário de Calvino sobre 2 Pedro 3:12: “Nós devemos apressadamente esperar”.109 Sua posi-ção endossa o ponto de vista de que o homem é incapaz de mudar o tempo estabelecido por Deus para o retorno de Cristo. A posição acima apresen-tada, juntamente com predestinação, presciência absoluta e causativa, ne-

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gação do livre-arbítrio compõem os pilares básicos do calvinismo.

De sua parte, a igreja adventista segue a posição da presciência abso-luta e não causativa que reconhece a autenticidade do livre-arbítrio hu-mano.110 Esse pressuposto tem uma explicação mais consistente para a tensão entre iminência e tardança: “Isto transparece claramente nas pre-dições concernentes à segunda vinda de Cristo. A Bíblia faz o tempo em que esse evento ocorrerá depender da atuação humana com respeito à pro-clamação do evangelho (Mt 24:14) e à aceitação prática do evangelho na vida dos crentes (2Pe 3:9); e o aspecto condicional do tempo para que esse evento ocorra é mais do que reforçado em 2 Pedro 3:12, ao decla-rar que pela atuação humana positi-va, esse dia pode ser apressado”.111 Em função dessa posição, a igreja adventista dispõe de um pressuposto fundamental: o comportamento dos crentes pode apressar ou atrasar a se-gunda vinda de Cristo.imAgem de deus, livre-ArBítrio e resPonsABilidAde

A expressão “imagem de Deus” abrange os seguintes aspectos: se-gundo Ellen White, um reflexo de Deus, “tanto na aparência exterior como no caráter”;112 habilidade de raciocinar, que, segundo Emil Brun-ner, é “o órgão da recepção da [Sua] Palavra”;113 livre-arbítrio que, por sua vez, se caracteriza pela posse de conhecimento, porque “aumenta a capacidade de agir livremente”,114 ausência de coação humana ou res-

trição que impeça alguém de esco-lher uma alternativa que ele gostaria de escolher, ausência de condições naturais que impeçam alguém de alcançar um objetivo escolhido e a posse de meios ou poder para alcan-çar o objetivo que alguém escolheu pela sua própria vontade;115 respon-sabilidade, como uma consequên-cia natural da liberdade de escolha concedida por Deus ao homem pelo fato de tê-lo criado a Sua imagem, visto que “sem uma real liberdade de escolha não pode haver uma real responsabilidade moral”.116

Sem racionalidade e livre-arbí-trio o ser humano ficaria desprovido da imagem de Deus, porque nossa capacidade racional está vinculada à existência de uma lei moral fun-damentada em princípios lógicos.117 Na verdade, se não houvesse lei, não existiria razão e se não houvesse ra-zão, não existiria liberdade de esco-lha, pois esta só pode ser exercida mediante a avaliação inteligente das possibilidades que se apresentam ao indivíduo pensante. Além do mais, se o homem tivesse sido criado sem a faculdade de raciocinar e sem a li-berdade de escolha, ele não estaria habilitado a amar a Deus, porque só está apto a amar aquele que, através do uso da razão, escolhe responder ao amor de Deus com amor.

De modo notável, Emil Brunner interligou liberdade, amor e respos-ta a Deus: “Ele [Deus] é Quem de-seja de mim uma livre resposta ao Seu amor, uma resposta que retorne o amor pelo amor, um eco vivo, uma reflexão viva de Sua glória”.118

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condicionAlidAde do cumPrimento dAs ProfeciAs e segundA vindA de cristo

Os pressupostos, presciência divi-na absoluta e não causativa, autentici-dade do livre-arbítrio humano, tempo da segunda vinda de Cristo antecipa-do ou retardado pelo comportamento dos crentes, são endossados por Ellen White em seus escritos. Em 1851 ela dissera, “Vi que o tempo para Jesus permanecer no lugar santíssimo es-tava quase terminado e esse tempo podia durar apenas um pouquinho mais”.119 Como Jesus não voltara, ela foi acusada de falsidade, por isso ela se defende: “Sou eu acusada de falsi-dade porque o tempo tem continuado mais do que meu testemunho parecia indicar? Que diremos então dos teste-munhos de Cristo a Seus discípulos? Estavam eles enganados?”.120 Em seguida, ela cita textualmente vários versos bíblicos que tratam diretamen-te da iminência da segunda vinda de Cristo: 1 Coríntios 7:29-30; Roma-nos 13:12; Apocalipse 1:3; 22:6-7 e conclui sua linha de raciocínio com a afirmação, “É verdade que o tempo tem prosseguido mais do que espe-rávamos nos primeiros tempos desta mensagem. Nosso Salvador não apa-receu tão depressa como esperáva-mos. Falhou, porém, a palavra do Se-nhor? Nunca! Devemos lembrar que as promessas e ameaças de Deus são igualmente condicionais”.121

Embora os escritos de Ellen Whi-te não devam substituir a tarefa da exegese bíblica, suas exposições ofe-recem um guia inspirado para a com-preensão das Escrituras. Pois bem,

essa última citação inspirada da pro-fetiza lança luz sobre a tensão entre iminência e tardança e permite que se estabeleça outro pressuposto: a se-gunda vinda de Jesus é uma profecia incondicional, mas o tempo da segun-da vinda é condicional, pois depen-de da atitude dos crentes que podem apressar ou adiar esse tempo!

Várias vezes Ellen White afir-mou que Jesus já poderia ter voltado: “Houvessem os adventistas, depois da grande decepção de 1844, ficado firmes na fé, e seguido avante em união no caminho aberto pela pro-vidência de Deus, recebendo a men-sagem do terceiro anjo e proclaman-do-a ao mundo, no poder do Espírito Santo, haveriam visto a salvação de Deus, o Senhor haveria cooperado poderosamente com seus esforços, a obra se haveria completado, e Cristo haveria vindo antes disto para receber Seu povo para lhes dar o galardão”.122 Lastimavelmente, a geração adventis-ta que passou pelo desapontamento não conseguiu se unir para pregar a mensagem do terceiro anjo.123

Essa declaração de Ellen White têm uma conexão direta com 2 Pedro 3:9, 12. Os dois versos (9 e 12) são como dois lados de uma mesma moe-da, que expressam, de modo positivo, a razão da tardança: para que os im-penitentes se arrependam e para que os crentes apressem a segunda vinda. Por outro lado, 2 Pedro 3:9, 12 está em paralelo com Apocalipse 10:11, de modo que a convocação à pregação do evangelho em Apocalipse corres-ponde ao apressamento da Parousia de 2 Pedro 3:12. Assim, pela combi-

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nação das três passagens, podemos entender que Deus permite a tardança devido a Sua longanimidade para que através da pregação do evangelho os impenitentes tenham a oportunidade de ouvi-lo e se arrependam.

De acordo com Ellen White, a nossa pregação do evangelho cumpre a profecia de Jesus, em Mateus 24:14, e apressa o Seu retorno.124 Por outro lado, a falta de missionários é uma das causas da tardança do retorno de Cristo.125 Outro fator que contribuiu para a postergação de Sua vinda é o caráter deficiente dos que professam ser Seus seguidores, “Cristo aguarda com fremente desejo a manifestação de Si mesmo em Sua igreja. Quando o caráter de Cristo se reproduzir perfei-tamente em Seu povo, então virá para reclamá-los como Seus. Todo cristão tem o privilégio, não só de esperar a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, como também de apressá-la. (2Pe 3:12.) Se todos os que professam Seu nome produzissem fruto para Sua glória, quão depressa não estaria o mundo todo semeado com a semente do evangelho! Rapidamente amadu-receria a última grande seara e Cristo viria recolher o precioso grão”.126

Observe-se que Ellen White abor-da dois tópicos também presentes em 2 Pedro 3:11-12. O primeiro é a for-mação do caráter e o segundo, a par-ticipação ativa do crente na pregação do evangelho para que Cristo volte logo.127 São duas condições “gêmeas” a serem cumpridas para que ocorra a segunda vinda de Cristo.

Seria muito bom saber que a igreja cumpriria seu papel evangelizador no

mundo em tempo de paz. Mas não, a revelação informa que “o trabalho que a igreja tem deixado de fazer em tempo de paz e prosperidade terá de realizar em terrível crise, sob as circunstâncias mais desanimadoras e difíceis”.128 A ta-refa de evangelização a ser realizada é enorme, mas deve ser feita pelo motivo correto, amor a Jesus: “Ao participarem de Seu amor, entrarão para o Seu servi-ço a fim de salvar os perdidos”.129

A relAção entre soBerAniA de deus e livre-ArBítrio humAno

Alguns pesquisadores postulam que o tempo da vinda de Cristo está definido por Deus e as atividades dos seres humanos não o afeta. Nesse caso, a ênfase recai sobre a sobera-nia divina. Como apoio a essa hipó-tese, Ralph Neall,130 emprega uma citação de Ellen White significativa: “Como as estrelas no vasto circuito de sua indicada órbita, os desígnios de Deus não conhecem adiantamento nem tardança”.131 Uma breve leitu-ra do contexto da citação demonstra que essa afirmação foi feita por Ellen White para se referir à primeira vin-da de Cristo a este mundo. Aplicar a mesma, com o propósito de apoiar a hipótese de tempo determinado por Deus para a segunda vinda, parece-nos um tanto tendencioso e fora de contexto.

A bem da verdade, desde o prin-cipio, estamos lidando com varias tensões. No caso da iminência e tar-dança, o problema é que os polos deste paradoxo podem produzir uma variedade de resultados sobre a fé e o comportamento cristão. Por exemplo,

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se o tempo da vinda de Cristo está nas mãos de Deus, as atividades dos seres humanos não a afeta; se depende da ação humana, não está nas mãos de Deus. Como se pode constatar, é o an-tigo problema do determinismo contra o livre-arbítrio. A primeira alternativa pode conduzir à passividade: porque deveriam os seres humanos se pre-ocupar se suas ações não afetam os planos de Deus? Mas o segundo pode levar ao desespero. Se a geração dos apóstolos não foi santa o suficiente para satisfazer o padrão (pois Cristo não veio no tempo deles) então que esperança pode ter a última geração de satisfazer o padrão esperado?132

O estudo da relação entre sobera-nia divina com livre-arbítrio humano na Bíblia permite que se vislumbre uma parceria ideal. Tomemos, por exemplo, as profecias de tempo refe-rentes à primeira vinda de Jesus, como Daniel 9:24-27; Isaías 7:14, etc. Evi-dentemente eram profecias incondi-cionais, contudo o seu cumprimento dependia da livre aceitação por parte dos escolhidos para que, tomando par-te ativa, elas se cumprissem. Esse foi o caso de Maria perante o anjo: “Des-cerá sobre ti o Espírito Santo, e o po-der do Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isso, também o ente santo que há de nascer será chamado Filho de Deus” (Lc 1:35). Maria po-deria ter recusado a incumbência ce-leste, mas não e ela espontaneamente disse: “Aqui está a serva do Senhor; que se cumpra em mim conforme a tua palavra” (Lc 1:38). De modo objetivo, o relato acima confirma a declaração bem colocada por Harold H. Rowley:

“O Paradoxo da graça é que o ato que emana totalmente de Deus pode ser re-alizado através do homem”.133

Por sua vez, ao discorrer sobre soberania divina e livre-arbítrio no contexto da visão de Ezequiel, no rio Quebar, disse Ellen White: “Todos es-tão pela sua própria escolha decidindo o seu destino, e Deus está governando acima de tudo para o cumprimento de Seu propósito”.134

É muito bom saber que Deus res-peita o livre-arbítrio que Ele nos con-cede, mas, por outro lado, devemos estar sempre cônscios de que Ele é quem deve conduzir nossa vida pes-soal e a igreja. Estamos dispostos a entregar a Ele, diariamente, em vo-luntária submissao, a liderança?135

comPreendendo A tensão entre iminênciA e tArdAnçA dA PArousiA

Vários textos da Bíblia abordam a tensão entre iminência e tardança da Parousia. Escolhemos 2 Pedro 3:9 por ser mais desafiante, por apresentar a tensão num único verso.

Devemos procurar a explicação da tensão no contexto do capítulo 3. Tempo é a questão em debate em 2 Pedro 3. Pela ótica dos escarnecedo-res, o transcorrer uniforme do tempo, sem interferências, atestava que a promessa da vinda não se cumprira. Pedro refuta este argumento, dizendo que, por duas vezes, Deus interferiu soberanamente, sem a interferência humana na história terrestre, através da criação e do dilúvio por meio da água. Do mesmo modo, intervirá na história no Dia do Juízo com destrui-ção pelo fogo.

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O capítulo também aborda o tem-po de Deus. Em parte, ele começara a explicar o tempo de Deus no verso anterior, que, à semelhança do verso 9, também traz uma tensão: “...para o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos, como um dia”. Esse verso é uma alusão ao Salmo 90:4 que contrasta a transitoriedade da vida humana com a eternidade de Deus. Visto que para Deus um longo período de tempo, como mil anos, parece breve, não há atraso na sua vinda. Portanto, o ser hu-mano precisa saber que Deus não con-sidera a passagem do tempo do modo como o faz a pessoa humana, por isso Ele não pode ser acusado de ser omis-so ou negligente com respeito ao cum-primento de Sua promessa.

A dupla frase do verso 8, entendi-da como um amplo tempo concedido, é um convite ao impenitente a que se arrependa. Isto é, uma “tardança mi-sericordiosa” da vinda de Cristo que visa a salvação. É, também, uma ad-vertência sobre a imprevisibilidade do tempo, que assim poderia ser entendi-do: “Esteja sempre preparado para a vinda de Cristo”. Na verdade, o ver-so 8 prepara o leitor para o verso 9, argumentando que, embora o retorno de Cristo possa parecer muito distante dos seres humanos, sob a perspectiva divina o retorno é iminente.

Tal como Pedro, Ellen White tam-bém advertiu sobre a necessidade de vivermos em atitude de urgência: “Não sereis capazes de dizer que Ele virá dentro de um, dois, ou cinco anos, nem deveis retardar Sua vinda, declarando que não será por dez, ou vinte anos”.136 Noutro texto que confere mais urgên-

cia, White diz: “Devemos vigiar e tra-balhar e orar como se este fosse o últi-mo dia que nos fosse concedido”.137

A frase do verso 9 “Não retarda o Senhor a sua promessa” é uma alusão a Habacuque 2:3, que apela à soberania de Deus, com conotação de iminência. Por sua vez, a iminência da vinda de Cristo na Bíblia tem aplicação dupla: a primeira deve ser vista pela perspectiva divina. Ou seja, a vinda de Cristo com poder e glória, na companhia dos anjos é um acontecimento eminentemente divino, que ocorrerá independente da participação humana. A segunda apli-cação da iminência no verso 9 é que, pelo ponto de vista humano, deve ser tomada como uma advertência de que a Parousia está próxima.

Para alguns pesquisadores, a frase “Não retarda o Senhor a sua promessa” é um indicativo de que Deus predeterminou uma data para a segunda vinda desde e eternidade e esta não será postergada. Procu-rou-se ao longo da pesquisa reunir textos bíblicos, declarações do Es-pírito de Profecia e posicionamen-to teológico de diversas fontes. O conjunto das evidências sugere que essa hipótese segue pressupostos mais afins ao calvinismo do que ao adventismo. Uma das principais consequências da hipótese do tempo predeterminado é a passividade no que se refere ao envolvimento com a pregação do evangelho. Afinal, se o tempo já está definido o esforço na evangelização não irá alterar o quadro final.

Mas, como em todo o capítulo, o verso 9 está focado no tempo. Em sua

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segunda parte, Pedro nega o argumen-to dos escarnecedores que dizem haver uma tardança da vinda de Jesus. Con-forme o apóstolo, o que está ocorrendo não é tardança, mas uma manifestação da misericórdia de Deus. Na perspec-tiva divina de tempo (v. 8) não há tar-dança do retorno de Cristo, porque o que para nós mortais é muito tempo, para Deus é uma pequena fração no Seu contexto de existência eterna.

Pedro não é o único escritor do NT a falar sobre tardança. Encontra-mos um relevante paralelo em Apoca-lipse 6-11. O motivo da postergação é apresentado no livro do Apocalipse como se estivesse entre parênteses: por pouco tempo (iminência) é a res-posta ao clamor por justiça da parte dos mártires (6:10, “tardança”). Tam-bém, no contexto dos sete selos, Deus prorroga o fim (7:3) por causa da igreja, para que o Cordeiro possa ser o líder de uma vasta multidão redimi-da. No contexto das trombetas, João introduz um novo parêntese (caps. 10-11) onde aparece a ordem: “É ne-cessário que ainda profetizes a respei-to de muitos povos, nações línguas e reis” (10:11), indicando que, na pro-vidência misericordiosa e soberana de Deus, a tardança é permitida para que o evangelho seja pregado, cumprindo a profecia de Jesus sobre o tempo do fim (Mt 24:14) e a comissão evangé-lica (Mt 28:19, 20).

No verso 9, a longanimidade de Deus é uma virtude perdoadora que se manifesta ao “longo” do tempo. Essa longanimidade mencionada em 2 Pedro 3 tem vários paralelos bíbli-cos: a postergação do juízo por cento

e vinte anos, conferida aos antedilu-vianos (Gn 6:3; 7:4, 10; 1Pe 3:20); a revelação do caráter de Deus a Moisés (Êx 34:6); a bondade, longanimidade de Deus que leva ao arrependimento (Rm 2:4-11). A rejeição da longani-midade divina significa indisposição para se arrepender. Isso pode retar-dar a segunda vinda (3:9), enquanto arrependimento e as obras piedosas podem apressar a Parousia (3:12); contudo, sob a perspectiva divina, a tardança (v. 9) deve ser compreendida dentro do contexto da Sua soberania, pois é Ele quem a autoriza.

Tempo continua sendo o cen-tro da atenção no verso 10. O juízo, em forma de destruição a ocorrer na vinda de Jesus (v. 7, 10), juntamen-te com a criação (v. 5) e o dilúvio (v. 6) é a resposta de Pedro ao argumen-to uniformista dos escarnecedores. A longanimidade de Deus expressa pela oportunidade de arrependimen-to concedida aos impenitentes, que é entendida por tardança (v. 9), não é permanente de modo a cancelar a vin-da de Jesus. Que o dia da Parousia é desconhecido, fica certificado por Sua vinda súbita, “como ladrão”.

O verso 11, para não fugir à regra, também trata de tempo. Só que o alvo se volta do futuro para o presente: o conhecimento de eventos futuros ne-gativos ou positivos, anunciados pela profecia bíblica, deve motivar o cris-tão a ter uma vida consagrada no tem-po presente.

Chegamos ao último verso de nos-so estudo. Seus dois verbos iniciais estão ligados a tempo, o tema central do capítulo 3. “Apressando” é o par-

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ticípio presente do verbo grego spudo que poderia ser traduzido tanto por “apressando a vinda do Dia de Deus” como por “apressando-vos para a vin-da do Dia de Deus”. A primeira versão confere aos crentes um papel que pode influenciar a antecipação da Parousia; a segunda versão não deixa claro se o crente pode apressar o dia da Parou-sia. A indefinição nos deixa com uma pergunta: “Podem os cristãos, por seu santo procedimento, apressar a vinda de Jesus, ou isso depende exclusiva-mente da intervenção divina?”

O contexto do capítulo 3 sugere que Deus adia a Parousia porque Ele deseja que os impenitentes se arre-pendam. O “arrependimento” (v. 9), o “santo procedimento” (v. 11, 14), sob o ponto de vista humano, podem “apressar” a Parousia, o que tem am-paro em Isaías 60:2; Atos 3:19-20. As orações e piedade dos crentes po-dem apressar a Parousia.

A soberania divina e a responsa-bilidade humana no verso 12 devem ser mantidas em tensão como em 2 Pedro 3:9. Contudo, no verso 12, a ênfase recai sobre aquilo que os se-res humanos podem fazer para apres-sar o dia de Deus.

O contexto geral das Escrituras juntamente com o testemunho do Espírito de Profecia sugerem que o comportamento dos crentes pode atrasar ou apressar a segunda vin-da de Cristo. A declaração de Ellen White, “... as promessas e ameaças de Deus são igualmente condicionais”138 foi proferida após ela haver citado 1 Coríntios 7:29-30; Romanos 13:12; Apocalipse 1:3; 22:6-7, quatro pas-

sagens bíblicas diretamente ligadas com a iminência da vinda de Cristo. Em seguida, ela acrescenta, “Hou-vessem os adventistas, depois da grande decepção de 1844, ficado fir-mes na fé, e seguido avante em união no caminho aberto pela providência de Deus, recebendo a mensagem do terceiro anjo e proclamando-a ao mundo, no poder do Espírito Santo, haveriam visto a salvação de Deus, o Senhor haveria cooperado poderosa-mente com seus esforços, a obra se haveria completado, e Cristo haveria vindo antes disto para receber Seu povo para lhes dar o galardão”.139 A promessa da segunda vinda não foi anulada, mas o tempo do retorno de Jesus foi postergado por falha huma-na. Isso comprova que o tempo do retorno de Cristo está condiciona-do a atitude dos crentes, que podem apressar ou adiar esse tempo.

Por sua vez, ao Deus exercer Sua soberania não implica em anulação do livre-arbítrio humano, porque sem a liberdade de escolha, ele não esta-ria habilitado a amar a Deus, porque só está apto a amar aquele que atra-vés do uso da razão, escolhe respon-der ao amor de Deus com amor. Até mesmo no cumprimento de profecias incondicionais, como foi o caso da primeira vinda de Cristo à terra, atra-vés do nascimento virginal do Filho de Deus, a soberania divina foi exer-cida em concomitância com a livre participação de Maria. conclusão

Em 2 Pedro 3, os escarnecedores argumentam que a uniformidade da

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natureza, ao longo da história, evi-dencia que Deus não intervém; por-tanto, não haverá a vinda prometida. Isso é uma negação da soberania di-vina. Pedro contra argumenta dizen-do que, ao contrário do que eles afir-maram, Deus interveio sim, primeiro através da criação e depois por meio do dilúvio e que, por fim, interferirá no Dia do Juízo, mais uma vez. De sua parte o apóstolo defende a sobe-rania de Deus. Não existe atraso da promessa divina, pois a percepção da passagem do tempo na perspecti-va dEle é diferente da ótica humana. Para Deus um dia é como mil anos, e mil anos, como um dia, ou seja, é como se fosse um ponto, enquanto para o ser humano, sujeito a passa-gem do tempo, este se assemelha a uma sucessão de pontos, ou uma li-nha. Em função de sua percepção, existe, para o homem, uma tardança da vinda. Conforme a explicação de Pedro, esta postergação se deve a longanimidade de Deus que confere mais tempo para que os impenitentes se arrependam e para que os crentes atuem para apressar a vinda.

Há diversas passagens paralelas nas Escrituras que atestam a tardança da Parousia. Uma das mais relevantes é Apocalipse 10:11, que, associada a

2 Pedro 3:9, 12, indica que a tardan-ça é de fato permitida pela soberana vontade de Deus para que os crentes, através da pregação do evangelho ao mundo, persuadam os impenitentes ao arrependimento.

Os pressupostos bíblicos da pres-ciência divina absoluta e não causa-tiva, a autenticidade do livre-arbítrio humano, a incondicionalidade da vin-da de Cristo em glória e majestade com os anjos, a condicionalidade do tempo da vinda de Cristo ao testemu-nho de vida cristão e ao envolvimento dos crentes na pregação do evangelho ao mundo confirmam que, de fato, pela ótica humana há uma tardança da vinda, enquanto que pela perspectiva divina, não há atraso.

Tendo em mente o contexto de soberania divina e liberdade huma-na, lembramos que a tardança da segunda vinda de Cristo, motivada pela longanimidade de Deus, não reduz a Sua autoridade quanto a definir o tempo do fim, mas signi-fica que Sua resolução leva miseri-cordiosamente em consideração as ações humanas que podem retardar ou apressar a vinda de Jesus. Em fim, tudo permanece sob a tutela so-berana do Todo-Poderoso, inclusive a tardança!

referênciAs 1 Richard P. Lehmann, “The Second Co-

ming of Jesus”, em Handbook of Seventh-day Adventist Theology Handbook of Seventh-day Adventist Theology (Hagerstown: Review and Herald, 2000), 903.

2 Ibid. 3 Ibid., 913.

4 Ibid.5 Daniel C. Arichea and Howard Hatton,

A Handbook on the Letter from Jude and the Second Letter from Peter, (HLJSLP), UBS handbook series; Helps for translators (New York: United Bible Societies, 1993), 144, em Sistema de Biblioteca Digital Libronix 3.0e (2000-2007), (SBDL).

6 Relembrando, etimologicamente, teo-

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a tensão entre iminência e tardança da vinda de Jesus / 45

diceia (theos dike) significa a justificação de Deus. A palavra foi introduzida por Gottfried Leibniz em artigo publicado em 1710, “Essais de Théodicée sur la bonte de Dieu, la liberté de l’homme et l’origine du mal”, cujo propó-sito era demonstrar que a presença do mal no mundo não entra em conflito com a bondade de Deus. “Theodicy”, Catholic Encyclopedia, pesquisa realizada na internet, no site http://www.newadvent.org/cathen/14569a.htm, no dia 12 de outubro de 2010. Ver, também, Earl Richard, Reading 1 Peter, Jude, and 2 Peter : A Literary and Theological Commentary (LTC), Reading the New Testament series (Macon, GA.: Smyth & Helwys Publishing, 2000), 373, em SBDL.

7 Richard J. Bauckham, vol. 50, Word Biblical Commentary: 2 Peter, Jude, Word Biblical Commentary (WBC), (Dallas: Word, Incorporated, 2002), 282, em SBDL.

8 Salvo indicação contrária, todas as re-ferências neste artigo são da Versão de João Ferreira de Almeida (São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993).

9“Last Days”, The Seventh-day Adventist Bible Dictionary; The Seventh-day Adventist Bible Commentary, Volume 8 (Review and Herald Publishing Association, 1979; 2002), 659, em SBDL.

10 Para uma melhor noção sobre escatolo-gia realizada, ver o livro de Charles H. Dodd, The Parables of the Kingdom (Londres: Nis-bet, 1950).

11 Richard J. Bauckham, ”The Delay of the Parousia”, Tyndale Bulletin, 31, 1980, 20, em http://servicos.unasp-ec.edu.br/services/ATLA (ATLA).

12 Charles E. Talbert,”2 Peter and the Delay of the Parousia”, Vigiliae Christianae 20 (1966), 137-145, citado em Richard J. Bauckham,”The Delay of the Parousia”, Tyn-dale Bulletin (TB), 31, 1980, 20, em http://servicos.unasp-ec.edu.br/services/ATLA.

13 MacArthur, 2 Peter and Jude, 114, em SBDL.

14 Roy E. Gingrich, The Book of 2 Peter (B2P), (Memphis: Riverside Printing, 1997), 20, em SBDL.

15 MacArthur, 2 Peter and Jude, 114, em SBDL.

16 Orlando R. Ritter, Estudos em ciência

e religião (São Paulo: Instituto Adventista de Ensino, 1977), 1:60.

17 MacArthur, 2PJ, 114, em SBDL.18 Bauckham, 2 Peter, Jude, WBC, 295,

em SBDL.19 MacArthur, 2PJ, 118, em SBDL.20 Para uma melhor descrição desta gi-

gantesca conflagração, ver Ellen G. White, Patriarcas e profetas (Tatuí: Casa Publica-dora Brasileira, s.d.), 99, em Obras de Ellen G. White (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, s.d.), 1CD-Rom.

21 Schreiner, NAC, 366. em SBDL.22 Bauckham, 2 Peter, Jude, WBC, 301,

em SBDL.23 Schreiner, NAC, 366. em SBDL.24 Marvin E. Tate, vol. 20, Word Biblical

Commentary: Psalms 51-100, electronic ed., Logos Library System; Word Biblical Com-mentary (Dallas: Word, Incorporated, 1998), 440, em SBDL..

25 John I. Durham, vol. 3, Word Biblical Commentary : Exodus, Word Biblical Com-mentary (Dallas: Word, Incorporated, 2002), 39, em SBDL. Cf. The Seventh-day Adven-tist Bible Commentary (SDABC), Francis D. Nichol, ed. (Hagerstown: Review and Herald Publishing Association, 1978; 2002), 1:511.

26 Bauckham, 2 Peter, Jude, WBC, 309, em SBDL.

27 Ibid., 306. Ver, Allen Black and Mark C. Black, 1 & 2 Peter, The College Press NIV Commentary (Joplin: College Press Pub., 1998), 2Pe 3:8, em SBDL; Charles Bigg, A Critical and Exegetical Commentary on the Epistles of St. Peter and St. Jude (Edinburgh: T&T Clark International, 1901), 295, em SBDL.

28 Idem, “The Delay of the Parousia”, TB, 21, em SBDL.

29 Midrash of Psalms on Ps. 90:4, citado em Bauckham, “The Delay of the Parousia”, TB, 21, em SBDL.

30 Jerome H. Neyrey, “The Form and Background of the Polemic in 2 Peter”, Jour-nal of Biblical Literature (JBL), 99/3 (1980), 429, 430, em http://servicos.unasp-ec.edu.br/services/ATLA/.

31 Bauckham, 2 Peter, Jude, WBC, 307, em SBDL.

32 Ibid., 308, em SBDL.

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46 / Parousia - 2º semestre de 2010

33 Translations of Early Documents, Series I, Palestinian Jewish Texts, The Apo-calypse of Abraham, G. H. Box, ed., (Lon-dres: 68, Haymarket, S. W. I.; Nova Iorque: Macmillan, 1919), pesquisa realizada na in-ternet, no site http://www.marquette.edu/ma-qom/box.pdf, no dia 21 de outubro de 2010.

34 Pirqe de R. Eliezer 28: tradução de G. Friendlander, Pirkê de Rabbi Eliezer (Nova Iorque: Hermon Press, 1965), 200, citado em Bauckham, “The Delay of the Parousia”, TB, 24, em SBDL.

35 Bauckham, “The Delay of the Parou-sia”, TB, 24, em SBDL.

36 Ibid., 25, em SBDL.37 Crawford H. Toy, Louis Ginzberg,

“Apocalypse of (Syriac) Baruc”, Jewish Encyclopedia, pesquisa realizada na internet, no site http://www.jewishencyclopedia.com/view.jsp?artid=330&letter=B, no dia 21 de outubro de 2010.

38 Roland E. Murphy, “Eclesiástico”, En-ciclopedia de la Bíblia (Barcelona: Ediciones Garriga, 1964), 2:1056.

39 Bauckham, 2 Peter, Jude, WBC, 308-309, em SBDL.

40 Kistemaker and Hendriksen, NTC, 332, em SBDL.

41 Bauckham, “The Delay of the Parou-sia”, TB, 26, em ATLA.

42 Idem, 2 Peter, Jude, WBC, 308-309, em SBDL.

43 Richard, LTC, 379, em SBDL.44 Davids, PNTC, 277, em SBDL.45 MacArthur, 2PJ, 121.46 Bradúno, Louw-Nida Lexicon, em

BibleWorks (BW), (Norfolk: BibleWorks, 1992-2008), 1DVD.

47 Archibald T. Robertson, Grammar of the Greek New Testament (GGNT), em BW. Conferir, William D. Mounce, Basics of Biblical Greek (Grand Rapids: Zondervan, 1993), 125.

48 “Plutarch”, pesquisa realizada na inter-net, no site http:e-classics.com/plutarch.htm, no dia 24 de outubro de 2010.

49 Plutarco, “Plutarch on the , Delay of the Divine Justice”, pesquisa realizada na internet, no site http://www.archive.org/stre-am/plutarchondelayo00plut/plutarchonde-layo00plut_djvu.txt, no dia 24 de outubro de

2010.50 Neyrey, 408, JBL, em ATLA.51 Epicuro, Letter to Menoeceus, pesqui-

sa realizada na internet, no site http://www.epicurus.net/en/menoeceus.html, no dia 24 de outubro de 2010. O contexto de 2 Pedro 3 realmente parece indicar que os falsos mes-tres compartilhavam conceitos epicureus o que transparece em duas declarações. A pri-meira refere-se à conduta deles, “andando segundo as próprias paixões” (v. 3). Esta afir-mação sugere que eles viviam para atender os seus instintos (cf. 2Pe 2:2, 6, 7, 10, 13, 18). A segunda declaração, “Onde está a promes-sa da sua vinda? Porque, desde que os pais dormiram, todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação”.

52 Idem, Sovram Maxims, pesquisa rea-lizada na internet, no site http://www.btin-ternet.com/~glybhughes/squashed/epicurus.htm, no dia 24 de outubro de 2010.

53 Para uma melhor noção sobre esta dis-cussão, ver Neyrey, 409-411, JBL.

54 Neyrey, 409, em JBL.55 Ibid., 411.56 Plutarco, http://www.archive.org/stre-

am/plutarchondelayo00plut/plutarchonde-layo00plut_djvu.txt, 24/10/2010.

57 Neyrey, 414-415, em JBL.58 Bauckham, “The Delay of the Parou-

sia”, TB, 4-5, em ATLA.59 Ibid., 5-6.60 Midrash Tanhuma Behuqotai 5; y

Ta’na. 1:1; b Sanh. 97b-98a. Citado em Bauckham, “The Delay of the Parousia”, TB, 4-5, em ATLA.

61 Midrash Tanhuma Behuqotai 5 (Neus-ner, op. cit. I 479). O uso de Is 60:22 referen-te a este tema está bem certificado para este período: Eclesiástico 26:8; 2 Baruc 20:1f; 54:1; 83:1; Ep. De Barnabé 4:3; cf. Pseudo Filo, Lib. Ant. Bib. 19:13; 2 Pe 3:12. Cf. re-ferencias rabínicas adicionais em A. Strobel, Untersuchungen zum eschatologischen Ver-zögerungsproblem auf Grund der spätjüdis-ch-urchristlichen Geschichte Von Habakuk 2.2 ff. (Supplements to Novum Testamen-tum 2. Leiden: E. J. Brill, 1961). Citado em Bauckham, “The Delay of the Parousia”, TB, 12, em ATLA.

62 Bauckham, “The Delay of the Parou-

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a tensão entre iminência e tardança da vinda de Jesus / 47

sia”, TB, 12, em ATLA.63 Cf. O Testamento de Moisés 1:18, cita-

do em Bauckham, “The Delay of the Parou-sia”, TB, 12, em ATLA.

64 Ibid., 12-13.65 Y Ta’an. 1:1 (Neusner, op. cit. I 477).

Citado em Bauckham, “The Delay of the Parousia”, TB, 13, em ATLA.

66 Bauckham, “The Delay of the Parou-sia”, TB, 13-14, em ATLA.

67 Davids, PNTC, 278, em SBDL.68 Bauckham, “The Delay of the Parou-

sia”, TB, 28, em ATLA.69 Ibid., 29-30.70 Ibid., 30.71 Ibid., 32.72 L. Morris, “Parousia”, ISBE, 3:667,

em SBDL.73 Neyrey, 424-425, em JBL.74 Bauckham, 2 Peter, Jude, WBC, 313,

em SBDL. Ver, também, Simon J. Kistemaker and William Hendriksen, vol. 16, New Testa-ment Commentary (NTC): Exposition of the Epistles of Peter and the Epistle of Jude, Ac-companying Biblical Text Is Author’s Trans-lation., New Testament Commentary (Grand Rapids, MI: Baker Book House, 1953-2001), 333, em SBDL; Allen Black and Mark C. Black, 1 & 2 Peter, The College Press NIV commentary (Joplin, Mo.: College Press Pub., 1998), 2Pe 3:9, em SBDL; Davids, PNTC, 281, em SBDL.

75 Bauckham, 2 Peter, Jude, WBC, 314, em SBDL.

76 Richard, LTC, 381, em SBDL.77 Bauckham, 2 Peter, Jude, WBC, 314,

em SBDL.78 SDABC, 6:144, em SBDL.79 Arichea, e Hatton, HLJSLP, 157, em

SBDL.80 Davids, PNTC, 282, em SBDL.81 Ibid., 158.82 MacArthur, 2PJ, 128, em SBDL. 83 Hans Conzelmann, 1 Corinthians: A

Commentary on the First Epistle to the Cor-inthians, Translation of Der Erste Brief an Die Korinther.; Includes Indexes., Herme-neia--a critical and historical commentary on the Bible (Philadelphia: Fortress Press, 1975), 111.

84 Bauckham, 2 Peter, Jude, WBC, 324,

em SBDL.85 Davids, PNTC, 290, em SBDL.86 Robertson, “Participle”, GGNT, em

BW. 87 Um pouco diferente, mas com o mes-

mo sentido são as versões: Nova Tradução na Linguagem de Hoje, “façam o possível para que venha logo”; Nova Versão Internacional, “apressando a sua vinda”, Versão Católica, “apressais o dia de Deus”.

88 Assim, também o traduziu a versão Almeida Corrigida e Fiel; a versão Almeida Revisada Imprensa traduziu, “desejando ar-dentemente a vinda do dia de Deus”.

89 Arichea, e Hatton, HLJSLP, 159, em SBDL.

90 Ibid., 158. Que Deus irá interferir está claro pelo contexto do capítulo 3. A criação, e o dilúvio foram intervenções divinas do pas-sado que dão sustentação à manifestação do poder de Deus no futuro, “Ora, os céus que agora existem e a terra, pela mesma palavra, têm sido entesourados para fogo, estando re-servados para o Dia do Juízo e destruição dos homens ímpios” (3:7). Pedro repete isto nos versos 10, 12.

91 Kistemaker and Hendriksen, NTC, 338, em SBDL.

92 John Calvin, Calvin’s Commentaries: 2 Peter: Commentaries on the Catholic Epis-tles, electronic ed., Logos Library System; Calvin’s Commentaries (Albany, OR: Ages Software, 1998), 2Pe 3:12, em SBDL. Out-ros comentaristas seguem a mesma linha de Calvino, como é o caso de R. C. H. Lenski, The Interpretation of the Epistles of St. Peter, St. John and St. Jude (Minneapolis: Augsburg Publishing House, 1966), 348, em SBDL.

93 Bauckham, 2 Peter, Jude, WBC, 325, em SBDL. Tradução do inglês para o portu-guês realizada pelo professor Neumar Lima. Ver, também, Schreiner, NAC, 389; Davids, PNTC, 291, em SBDL.

94 Davids, PNTC, 290, em SBDL.95 Ibid. Podem ser acrescidos outros tex-

tos como Habacuque 2:3 e Hebreus 10:37. Ver, também, Schreiner, NAC, 390.

96 “Sovereignty of God”, Theopedia, pesquisa realizada na internet, no site http://www.theopedia.com/Sovereignty_of_God, no dia 1 de novembro de 2010.

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97 Ellen G. White, Educação, 177, em OEGW, 1CD-Rom. A perspectiva adventista sobre o papel de Ellen White na compreen-são da mensagem bíblica é que “adventistas acreditam que Deus inspirou a Ellen White. Portanto, suas exposições sobre qualquer passagem bíblica oferecem um guia inspira-do para a compreensão dos textos, sem esgo-tar seu significado ou tornar desnecessária a tarefa da exegese”. Comissão de Estudo da Bíblia do Concílio Anual da Associação Ge-ral de 1986, “Como Estudar a Bíblia”, Minis-tério, julho-agosto de 1996, 15. Ver, também, as seguintes obras de Ellen G. White, Evan-gelismo, 256; O Grande Conflito, 193, 195; Testemunhos Seletos, 2:280, 292, 312 e 313; Counsels to Writers and Editors, 33 a 35.

98 Segundo Ellen White, “Nos anais da história humana o crescimento das nações, o levantamento e queda de impérios, aparecem como dependendo da vontade e façanhas do homem. O desenvolver dos acontecimentos em grande parte parece determinar-se por seu poder, ambição ou capricho. Na Palavra de Deus, porém, afasta-se a cortina, e contem-plamos ao fundo, em cima, e em toda a mar-cha e contramarcha dos interesses, poderio e paixões humanas, a força de um Ser todo misericordioso, a executar, silenciosamente, pacientemente, os conselhos de Sua própria vontade”.

99 Idem, Primeiros escritos, 15, em OEGW, 1CD-Rom.

100 Idem, Mensagens escolhidas, 3:112, em OEGW, 1CD-Rom.

101 Idem, Testemunhos para a igreja (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2003), 4:306. Grifo nosso.

102 Idem, Idem, “To Dear Sister”, 11 de agosto de 1888, S-38-1888, MS Release 816, em Ellen G. White Writings (EGWW), (Sil-ver Spring: Ellen G. White Estate, 2008), 1CD-Rom.

103 Idem, Loma Linda Messages, Mis-cellaneous Collections, 157, em EGWW, 1CD-Rom. Este texto foi traduzido por Neu-mar de Lima, professor de Tradução e Inter-pretação no Unasp – EC.

104 Ralph E. Neall, The Nearness and the Delay of the Parousia in the Writings of Ellen White (Berrien Springs: Andrews University,

1982), 246, em University Microfilms Inter-national (Ann Arbor).

105 Leroy E. Beskow, “Postergou Deus a Data de Seu Regresso?”, em O futuro – A visão adventista dos últimos acontecimentos, Alberto R. Timm, Amin A. Rodor e Vander-ley Dorneles (Engenheiro Coelho: Unaspress, 2004), 78.

106 Agostinho, Enchiridion – manual, cap. IX, seção 30 (PLM, vol. XL, p. 246), citado em João Calvino, As institutas (São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1985), 2:24.

107 Idem, Sermão CLXXVI, seção V e, também, seção VI (PLM, vol. XXXVIII, pp. 952-953), citado em Calvino, 2:46.

108 João Calvino, As institutas (São Pau-lo: Casa Editora Presbiteriana, 1985), 2:61.

109 idem, Calvin’s Commentaries: 2 Pe-ter: Commentaries on the Catholic Epistles, electronic ed., Logos Library System; Cal-vin’s Commentaries (Albany, OR: Ages Soft-ware, 1998), 2Pe 3:12, em SBDL.

110 Alberto R. Timm, “Presciência Di-vina Relativa ou Absoluta?”, O Ministério, novembro-dezembro de 1984, 13.

111 Ibid., 18.112 Ellen G. White, Patriarcas e Profetas,

45, em Obras de Ellen G. White (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, s.d.), 1CD-Rom.

113Emil Brunner, Man in Revolt (Londres: Lutterworth Press, 1942), 103.

114 P. H. Partridge, “Freedom”, Encyclo-pedia of Philosophy (EP), (New York: Mac-millan Publishing Co., Inc. & The Free Press, 1972), 3:223.

115 Ibid., 3:222. Evidentemente, há ou-tros conceitos, como autodeterminação, onde liberdade é “uma atividade do sujeito que emana de si mesmo, e que não pode ser redu-zida inteiramente à influência das condições”. Mackenzie, Encyclopaedia of Religion and Ethics (ERE), 7:905-906. Há o conceito he-donista, no qual liberdade é a “ausência de obstáculos para a satisfação dos desejos”. Partridge, “Freedom”, EP, 3:223.

116 Shadworth H. Hodgson, citado por Da-vid Fyffe em “Responsibility”, ERE, 10:739.

117 Segundo Brunner, o “nosso pensa-mento racional é necessariamente legalístico. Esse caráter legalístico é o que distingue a sua exatidão, é o que diferencia o pensamen-

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a tensão entre iminência e tardança da vinda de Jesus / 49

to da mera imaginação e fantasia. Só aquilo que é ensinado conforme a lei, conforme a norma, é de fato pensamento. Subjacente à lei moral da razão, encontra-se a lógica. Sem uma lei lógica, também não há razão moral”. Man in Revolt, 246.

118 Idem, The Christian Doctrine of Cre-ation and Redemption, Dogmatics, vol. 2 (Londres: Lutterworth Press, 1952), II/55.

119 Ellen G. White, Experience and Views, citado em Mensagens Escolhidas, 1:67, em Obras de Ellen G. White (OEGW), (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, s.d.), 1CD-Rom.

120 Idem, Mensagens Escolhidas, 1:67, em OEGW, 1CD-Rom.

121 Ibid. Grifo nosso.122 Ellen G. White, Mensagens Escolhi-

das, 1:68, em OEGW, 1CD-Rom. Em 1896, oito anos depois da reunião da associação ge-ral de 1888, quando foi apresentada a mensa-gem da justificação pela fé por E. J. Waggo-ner e A. T. Jones, Ellen White declarou, “Se aqueles que reivindicam ter uma viva experi-ência nas coisas de Deus, tivessem cumprido a incumbência que Deus lhes ordenou, todo o mundo teria sido advertido, e o Senhor Je-sus teria vindo ao nosso mundo com poder e grande glória”. “There is Work for All”, The Home Missionary, August 1, 1896, § 6, em EGWW, 1CD-Rom.

123 Conforme Ellen White, a mensagem do terceiro anjo inclui, (1) “a justificação pela fé”, Evangelismo, 190; (2) “A reforma de saúde... os mandamentos de Deus e o tes-temunho de Jesus”, Conselhos Sobre o Regi-me Alimentar, 75; o “sábado do quarto man-damento”, mas, especialmente, “o grande centro de atração, Jesus Cristo, não deve ser deixado fora da mensagem do terceiro anjo”. Mensagens Escolhidas, 1:383, em OEGW, 1CD-Rom.

124 Idem, Maravilhosa Graça, 351, em OEGW, 1CD-Rom.

125 Idem, Maranata, 53, em OEGW, 1CD-Rom.

126 Idem, Parábolas de Jesus, 69, em OEGW, 1CD-Rom. Ellen White compara os erros cometidos pelo povo de Israel, que não entrou na terra prometida, com os enganos dos adventistas do sétimo dia, “Por quarenta anos a incredulidade, a murmuração e a rebe-lião excluíram o antigo Israel da terra de Ca-naã. Os mesmos pecados têm retardado a en-trada do Israel moderno na Canaã celestial”. Evangelismo, 696, em OEGW, 1CD-Rom.

127 Ver, também, Testemunhos para a igreja (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2006), 8:22; Evangelismo, 694.

128 Idem, Testemunhos Seletos, 2:164, em OEGW, 1CD-Rom.

129 Idem, O Maior Discurso de Cristo, 13, em OEGW, 1CD-Rom.

130 Ralph E. Neall, “Have We Delayed The Advent?”, Ministry, fevereiro, 1988, 43.

131 Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, 32, em OEGW, 1CD-Rom.

132 Neall, 245.133 Harold H. Rowley, A importância da

literatura apocalíptica (São Paulo: Edições Paulinas, 1980), 177.

134 Ellen G. White, Educação, 178, em OEGW, 1CD-Rom.

135 Ver, Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja (Tatuí: Casa Publicadora Brasi-leira, 2006), 9:260.

136 idem, Mensagens Escolhidas, 1:189, em OEGW, 1CD-Rom.

137 Idem, Testemunhos Seletos, 2:60, em OEGW, 1CD-Rom.

138Idem, Mensagens Escolhidas, 1:67, em OEGW, 1CD-Rom.

139Ibid., p. 68.