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A S A N T A B Í B L I A (O TESTAME NTO D A ETERNA ALIA NÇ A)
O H E X A T E U C O ( P E N T A T E U C O + J O S U É )
Jos é h a i ca l h ad d ad
CAPÍTULO VI
JOSUÉ
Assim como se dá o cognome de Penta teuco aos cinco primeiros
livros da Bíblia (penta = cinco) , ao se acrescentar Josué, usa-se a
denominação de Hexateuco (hexa = seis) aos agora seis primeiros livros.
O que é indispensável destacar é a importância do término do Pentateuco
com a análise do Deuteronômio. Mesmo ao fundamento de na Bíblia nada ser
mais importante a conclusão dessa primeira parte do estudo é de valor
indeclinável para o conhecimento das Sagradas Letras e da História da Salvação.
Sem uma compreensão dessa parte exposta não se poderá, em hipótese alguma,
entender ou assimilar com segurança as reais dimensões até mesmo da doutrin a
cristã. Então, é natural e até mesmo desejável que este retardamento involuntário
venha a beneficiar a muitos por lhes propiciar ocasião de rever, melhor analisar e
estudar o já apresentado
O Livro de Josué vem se si tuar bem após o Deuteronômio chegando a
transparecer uma profunda vinculação e até mesmo o embasamento da sua
continuidade histórica. Tudo aquilo que fora estruturado a partir de Abra ão por
meio de Moisés vai agora se corporificar numa realidade tanto religiosa como
polí t ica. Também, facilmente se nota que essa sua disposição faz dele o
prosseguimento natural de tudo aquilo que, desde os Patriarcas, é parte
indissociável da nacionalidade Israeli ta qual seja a história, cultura e índole. É
como um ponto de chegada que ao mesmo tempo se torna um ponto indeclinável
de partida e de transformação polí t ica, cultural e religiosa. O sedimentado
anteriormente na tradição hebraica desde os Patriarcas tal como a posse de um
terri tório fixo e tornar -se um povo numeroso ―como as estrelas dos céus‖ (Gn
15,5) se corporifica em realidade. Parte -se para a conquista da Terra Prometida,
em obediência a Iahweh, que determina o comando de Josué. Com essa conquista
transparece a vitória de Iahweh, o Deus Israeli ta, sobre os deuses pagãos.
O Pentateuco na Bíblia Hebraica tem os nomes de seus cinco l ivros t irados
das palavras com que se iniciam, enquanto que na Bíblia Grega ou a Bíblia dos
Setenta (LXX) ou a Bíblia Septuaginta correspondem ao conteúdo interpretado da
narração. Recebendo como denominação o nome de seu p rotagonista, e substi tuto
de Moisés (Ex 33,11 / Nm 11,28. 27,18. 32,28.. .) , o Livro de Josué destoa da
sistemática em uso sendo o primeiro a usar um nome próprio do protagonista
como tí tulo.
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Também, é o primeiro da divisão usada na Bíblia Hebraica em Prof etas
Anteriores (Josué, Juízes, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis), e em Profetas Posteriores
( Isaías, Jeremias, Ezequiel e os Doze Menores). De certa forma é bem justif icável
essa classificação em virtude da identificação profética que neles se encontra de
Moisés e Josué no empenho pela fidelidade à Aliança e aos compromissos
assumidos com Iahweh. Este centro gravitacional de defesa do moralismo e
monolatria javista confere aos l ivros assim classificados o caráter indiscutível de
proféticos como aqueles protagonist as que falam em lugar de Iahweh, e não como
visionários pagãos ou gentios que buscam prever o futuro. Passaram a ser
conhecidos no crist ianismo como Livros Históricos até Rute, por influência da
Bíblia Grega dos LXX ou a Septuaginta.
[A GU IS A DE EXPL IC AÇ Ã O – 1 . São vá r io s os m o t ivos q u e t êm cau sad o a t ra so n a p r o gramaç ão d o Es tu d o d a B íb l i a cu j a s exp l i caç ões a
re sp ei t o s ó s er v i rã o p a ra d a r a zo ao p r ov é rb io : ―exp l i ca , mas n ão
j u s t i f i ca‖ , ou àq u el e famo so b roca rd o f ran cês : ―q u i s ‘ ex cu se s ‘accu se‖
(= ‗q u em s e j u s t i f i ca s e acu sa ‘ ) . Po r ou t ro lad o , ap r es en t a r a s l i ç ões
ap res sad amen t e e d e q u a lq u e r man ei ra s imp les m en te p a ra a t en d e r a u m
comp r omiss o a s su mid o s e r i a imp erd oáv e l t r a i ção àq u e l es q u e s egu em o es tu d o , n e l e d ep os i t am su a con f i an ça e o ap ói am . P o r t u d o i s s o ao
au tor n ão r e s t a ou t ra a t i t u d e q u e a s su mi r t od a a r esp o n sab i l i d ad e e
d escu lp a r - s e ga ran t i n d o aos le i t o r e s q u e con t in u a rá o t rab a lh o , j á su p erad o s a q u ase t o t a l i d ad e d os m ot iv os oc or r i d os . 2 . Ve r - s e -a q u e
n ão s e t ran sc r ev e rá a p a r t e c i t ad a d a B íb l i a , e i s s en d o c on h ec id as p o -
d erã o s er l i d a s n o o r ig in a l , p ou p an d o -s e esp aço e t emp o. ]
Esta parte da Escritura é tão importante que Jesus afirma categoricamente:
―Nã o p en s ei s q u e v im r ev o ga r a Le i ou o s P ro f e t a s ; n ão v im p a ra rev oga r , v im p a ra cu mp r i r . P orq u e e m v e rd ad e v os d ig o : a t é q u e o c éu
e a t e r ra p ass em, n em u m i ou u m t i l j ama i s p assa rá d a Lei , a t é q u e
t u d o se cu mp ra‖ (Mt 5 ,1 7 -1 8 ) .
A Lei que Jesus aqui menciona é exatamente a Torah dos Israeli tas, que se
compõe dos cinco primeiros l ivros da Escri tura, tendo por denominação hebraica
―os cinco quintos da lei‖. Também, a expressão ― . . . até que tudo se cumpra‖
(Mt 5,18) precisa de esclarecimento: um fato é cumprido quando se realiza com
perfeição: a lei se diz cumprida quando o que ela prevê se perfaz; o profeta é
cumprido quando o que previu acontece. Porisso, em seguida, no Cânon Israeli ta,
logo após os cinco quintos da lei veem os Profetas que Jesus acentua. Bom será
que se aprimore o conhecimento dessa parte que agora se completa, pois
dominando-a com segurança fácil será o desenrolar e aproveitamento do restante.
Daí se poder dizer que até mesmo uma simples lei tura da Sagrada Escritura
para ser bem ordenada deve começar na sua primeira página e seguir com ordem
até o final: ―não se começa a construção de um edifício pelo últ imo andar e sim
pelo alicerce‖, e o alicerce da Bíblia é a Torah, isto é de Gênesis até
Deuteronômio, a Torah dos Israeli tas, interpretada em Jesus Cristo.
CUMPRE SE A ALIANÇA
6.0. – PRELIMINARES.
O Livro de Josué vem se si tuar be m após o Deuteronômio chegando a
transparecer profunda vinculação e até mesmo o embasamento da sua
continuidade histórica. Tudo aquilo que fora estruturado a partir de Abraão por
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meio de Moisés vai agora se corporificar numa realidade tanto religiosa como
polí t ica. Também, facilmente se nota que essa sua disposição faz dele o
prosseguimento natural de tudo aquilo que , desde os Patriarcas , é parte
indissociável da nacionalidade Israeli ta qual seja a história, cultura e índole. É
como um ponto de chegada que ao mesmo tempo se torna um ponto indeclinável
de partida e de transformação polí t ica, cultural e religiosa. O sedimentado
anteriormente na tradição hebraica desde os Patriarcas tal como a posse de um
terri tório fixo e tornar -se um povo numeroso ―como as es trelas dos céus‖ (Gn
15,5) se corporifica em realidade. Parte -se para a conquista da Terra Prometida,
em obediência a Iahweh, que determina o comando de Josué. Com essa conquista
transparece a vitória de Iahweh, o Deus Israeli ta, sobre os deuses pagãos.
O Pentateuco na Bíblia Hebraica tem os nomes de seus cinco l ivros t irados
das palavras com que se iniciam, enquanto que na Bíbli a Grega ou a Bíblia dos
Setenta (LXX) ou a Bíblia Septuaginta correspondem ao conteúdo interpretado da
narração. Recebendo como denominação o nome de seu protagonista, e substi tuto
de Moisés (Ex 33,11 / Nm 11,28. 27,18. 32,28.. .) , o Livro de Josué destoa da
sistemática em uso sendo o primeiro a usar um nome próprio do protagonista
como tí tulo.
Também, é o primeiro da divisão usada na Bíblia Hebraica em Profetas
Anteriores (Josué, Juízes, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis), e em Profetas Posteriores
( Isaías, Jeremias, Ezequiel e os Doze Menores). De certa forma é bem justif icável
essa classificação em virtude da identificação profética que ne les se encontra de
Moisés e Josué no empenho pela fidelidade à Aliança e aos compromissos
assumidos com Iahweh. Este centro gravi tacional de defesa do moralismo e
monolatria javista confere aos l ivros assim classificados o caráter indiscutível de
proféticos como aqueles protagonistas que falam em lugar de Iahweh, e não como
visionários pagãos ou gentios que buscam prever o futuro. Passaram a ser
conhecidos no crist ianismo como Livros Históricos até Rute, por influência da
Bíblia Grega dos LXX ou a Septuaginta.
Não se perca de mira que não se pode analisar este l ivro apenas como uma
guerra de conquista esvaziando -o de seu principal conteúdo de relacionamento
tradicionalmente religioso de Iahweh com o Povo dos Filhos de Israel . Assim,
como se disse acima, relembra-se a Promessa a Abraão de dar à sua posteridade
―.. . a terra em que habitas. . .‖ (Gn 17,8; 15,7; 12,7) e destaca -se o cumprimento
da Aliança. Isso, sem deixar de mencionar a finalidade primordial da erradicação
do paganismo significado na idolatria re inante no mundo gentio de então.
Principalmente a religião reinante na Terra de Canaã com o deus Baal como causa
e fonte de fert il idade, da própria vida e suas exigências; também, com Astarte, a
deusa da fecundidade e o culto profano e nefasto da prosti tui ção sagrada de
homens e mulheres, bem como dos bárbaros e cruéis sacrifícios humanos
inclusive de fi lhos.
Quanto a Josué, que desde antes do Sinai e desde a mocidade esteve ao
lado de Moisés, demonstrando em várias oportunidades fidelidade e lealdade a
toda prova, sempre que se demandava a necessária coesão em torno do nome de
Iahweh. O quadro ret ratado pelo Bezerro de Ouro mostra a posição de Josué
mesmo contra seus irmãos efraimitas (vide comentários a respeito em Ex 32 a Ex
34).
Ao se ler a Sagrada Escritura, não se pode desvincular aquilo que nela se
narra das insti tuições culturais da época mesmo pagãs , como se destaca em todas
as oportunidades. É o caso da proeminência hereditária a que fora guindada a
Tribo de Efraim, advinda da bênção de José, o fi lho predileto de Jacó, sentindo-
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se traída pela posição de Moisés da Tribo de Levi no comando geral . Não se pode
deixar de observar como ligado a isso , e como motivo polí t ico para a pacificação
tribal , a nomeação de Josué , um efraimita, como ministro e assessor já destinado
à sucessão. Também, a sua atuação junto de Moisés é muito marcante em várias
oportunidades, apesar da sua mocidade, indicando grande disponibil idade,
f idelidade e presença de espíri to nunca lhe faltando com o apoio (Ex 24,13. 32,17
/ Nm 11,28. 14,30). A importância de Josué nessas várias oportunidades se
destaca no sentido nacional, disciplinar e religioso, nas cerimônias e lutas
havidas com inimigos, e mesmo em sedições ou ocasiões em que se pretendeu
apostatar a guisa de re torno ao Egito:
• - Fi lh o d e Nu n , d a Tr ib o d e Ef ra im (E x 3 3 ,1 1 / Nm 1 1 ,28 ; 13 ,8 .16 / Dt 1 ,38 ; 32 ,4 4 / J s
1 ,1 / 1 Cro 7 ,2 7 / Ec lo 4 6 ,1 ) , q u e d e t i n h a o d i r e i t o d e Pr i mo gen i tu ra n e la ;
• - C oman d ou os Is ra e l i t a s n o comb a t e ao s Ama lec i t a s ( E x 1 7 ,8 -1 6 ) ; • - E s t ev e p r es en t e n o S in a i , a t é m esm o n o s r e t i r os , c om Moi sés (E x 2 4 ,1 3 ; 3 2 ,1 7 ) ;
• - Ser vo ou Min i s t ro d e Moi s és , d esd e a j u v en tu d e ( ― n a ’a r‖ s e d i z em h eb ra i co – Ex
2 4 ,1 3 ; 3 3 ,11 / Nm 1 1 ,2 8 ) , a comp an h an d o -o em o ração a t é m es mo n o i n t e r i o r d a Ten d a d a Reu n ião (Ex 3 3 ,1 1 ) ;
• - Pa r t i c i p ou , p or su a Tr ib o , n a exp ed i ção d e b a t ed or e s e r ec on h ec im en to em Can aã
(Nm 1 3 ,8 ;1 4 ,3 8 ) , con t es t an d o e op on d o - s e j u n t amen te com Ca leb à s i n fu n d adas j u s t i f i ca t i vas p a ra n ão s e p en et ra r e con q u i s t a r a Te r ra Pr om et id a . Ten d o s id o os
reca lc i t ran t es d e o p ov o co n d en ad os a p er ec e r n o d es e r to d u ran t e 4 0 an os , fo i - lh es
a s segu rad o , p en et ra r n a Ter ra Pr om et id a (Nm 1 4 ,3 0 .3 8 ; 2 6 ,65 ; 32 ,1 2 ) , p e lo emp en h o d emon s t rad o j u n to ao p ov o p a ra q u e con f i a s s e n as P rom es sas d e Iah weh ;
• - Iah weh o i n d i ca p a ra su b s t i t u i r Moi s é s , q u e lh e imp ô s a s mã os , p e lo q u e é i n v es t i d o
n a mesma au tor id ad e n u ma s o len e c e r imôn ia r e l i g i osa n a p re s en ça d o sac e rd ot e E l ea za r (Nm 2 7 ,1 5 -1 7 .1 8 -23 / c f r . Dt 3 1 ,7 s .1 4 s .2 3 ) . D esd e os p r ep a ra t i v os d a t en t a t i va
f racassad a d e C on q u i s t a d e Can aã d eu -s e a p r o f é t i ca m u d an ça d e seu n om e p r imi t i vo
Os éi a s (H osh éa = Lib e r t ação —Nm 1 3 ,8 .1 6 / Dt 3 2 ,4 4 ) p a ra Ye‘h o sh u a = Iah weh é Sa lvação ( Dt 3 ,2 1 / Jz 2 ,7 / J s 1 ,1 .9 .1 0 ) ; d a ra i z ys ‘ = l i b e r t a r , d on d e v eio t amb ém
Yesh u a (Esd 2 ,2 ;3 ,2 .8 ) ; e , o gr eg o ‗ Ie s ou s (Ec lo 4 6 ,1 ;4 9 , 1 2 ) , q u e or i g in ou o n om e d e
Jesu s (Mt 1 ,2 1 ) . • - Su a f i d e l i d ad e ao n om e exc lu s i v o d e Iah weh , em fac e d as t rad i ções t r i b a i s e f ra imi t a s
b em c la ra s n o ep i s ód io d o Bezer ro d e Ou r o (E x 3 2 ,1 7 .2 7 -2 9 ) , q u e u t i l i za va E loh im
como o n o m e d e D eu s Is ra e l i t a .
• - O en ca rg o d e d i v id i r e d i s t r i b u i r , j u n to com E lea za r , e u m m emb r o d e cad a t r i b o
re s t an t e , em h eran ça , a Ter ra Pr om et id a aos Fi lh o s d e Is ra e l ( Nm 3 4 ,1 7 ) .
Assim é que, por todos esses atributos, o narrador o apresenta
intencionalmente como um segundo Moisés, ―ch eio do espíri to de sabedoria‖
―advindo da imposição das mãos (de Moisés)‖ (Nm 27,15 -23 / Dt 34,9). Com a
morte de Moisés Iahweh lhe aparece e confia -lhe o prosseguimento da missão ,
outorgando-lhe a garantia da mesma assistência que prestou a Moisés em cont ra
partida da fidelidade às normas já delineadas e agora ratif icadas (Js 1,1 -9). Para
melhor identificá -lo o narrador usa do art if ício de selecionar na sua trajetória
histórica aqueles fatos ou acontecimentos, que corresponderam pela semelhança
ocasional, como se fora uma repetição dos praticados com Moisés podendo se
destacar:
• - R eceb erá a m esma p r om es sa d e ob ed i ên c i a d os Fi lh os d e Is ra e l , t a l c om o é ra t i f i ca da
p e la s t r i b o s q u e r ec eb eram u ma an t ec ip ação d a h eran ça ( J s 1 ,1 6 -1 7 ) ;
• - É a lvo d a mesma ga ran t i a d ad a a Moi sés , p e la r ep et i ção d a f ra s e , q u an to a o su cesso d a con q u i s t a , d e q u e lh e s er i a en t r egu e ― tod o o lu ga r on d e p u s ess e o s p és‖ (c f r . J s 1 ,3 /
Dt 1 1 ,2 4 ) ;
• - Ta mb ém va i p r ep a ra r o p ov o q u an d o f or n ec essá r i a a i n t er ven çã o d e Iah weh ( J s 3 ,5 / Ex 1 9 , 1 4 s ) ;
• - É t amb ém exa l t ad o e en a l t ec id o p o r Iah weh p eran t e o p ov o ( J s 3 ,7 .4 ,1 4 ) imp on d o -o
ao r esp ei t o g era l ; • - Qu an d o d a p assag em d o J ord ão r ep et e - s e o f en ôm en o d o Mar V er me lh o ( J s 4 ,2 3 ) ;
• - Tamb ém s e r ep et e a ap a r i ção d o An j o n as p r oximid ad es d e J er i c ó ( J s 5 ,1 3 ss ) c om
p a lav r ead o i d ên t i co a o d a Sa rça Ard en t e (E x 3 ,5 s ) ; • - Iah weh e scu t a Josu é t a l c om o e scu t a ra Moi s és ( J s 1 0 ,1 4 / Dt 9 ,1 9 . 10 ,1 0 ) .
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Com essa pequena introdução servindo de fundamento e ponto de apoio,
pode-se passar à análise geral conside rando-se o l ivro como o relato da Conquista
da Terra Prometida, que nessa perspect iva e para facil idade do estudo e
compreensão, se divide em:
6 .1 Co nqui s ta e Oc upa çã o da Terra Pro met i da (1 ,1 – 12 ,2 4 ) ;
6 .2 - Div i sõ es da Hera nça e ntre a s Tr ibo s (1 3 ,1 —2 2 ,3 4 ); e ,
6 .3 Epí lo go : ú l t i mo s d i scur so s de J o sué e ep i só dio s de sua v ida (2 3 – 2 4 ,33 ) .
6.1. CONQUISTA E OCUPAÇÃO DA TERRA PROMETIDA
Saltando-se a divisão de capítulos da Escritura Sagrada e prosseguindo-se
sem interrupção a lei tura como se ela fosse contínua, tem-se por vezes uma
desenvoltura mais compreensível da narrativa. Isso pode ser visto na continuação
entre o término de Deuteronômio e o início de Josué, fazendo-se uma só lei tura
cursiva e ininterrupta, qual seja:
―Di ss e - lh e Iah weh : Es t a é a t e r ra q u e , sob j u ram en to , p ro met i a Ab raão , a Isaac
e a Jac ó , d i zen d o : à t u a d esc en d ên c i a a d a r e i ; eu t e faço v ê - la c om os p r óp r i os o lh os ; p or ém n ão i rá s p a ra l á . As s im, mo rr eu a l i Moi s és , ser v o d e Iah weh , ( . . . )
en t ão , s e cu mp r i ram os d i a s d o p ran to n o lu to p or Moi s és . Jo su é , f i lh o d e Nu n ,
es t a va ch eio d o esp í r i t o d e sab ed or i a , p orq u an to Moi s és imp ôs s ob r e e l e a s mãos ; a s s im, os f i lh os d e I s ra e l lh e d eram ou vid os e f i ze ram com o Iah weh
ord en a ra a Moi s és . Nu n ca ma i s se l evan tou em Is ra e l p rof e t a a lgu m co mo
Moi sés , ( . . . ) n o t ocan t e a t o d as a s ob ra s d e su a p od e ro s a mão e aos g ran d es e t e r r í v e i s f e i t os q u e op e ra s se Moi s és à v i s t a d e t od o o Is ra e l . ‖ ( f i n a l d o
Deu t er on ô mio : Dt 3 4 ,4 -1 2 em p ross egu imen t o , o com eç o d e Jo su é ) ―Su ced eu ,
d ep oi s d a mo r t e d e Moi s és , se rv o d e Iah weh , q u e es t e f a lou a J osu é , f i lh o d e Nu n , s er v id or d e Moi s é s , d i zen d o : Moi s és , m eu s e r v o , é mo r to ; d i sp õ e - t e ,
ago ra , p a ssa es t e J ord ã o , t u e t od o es t e p o v o , à t e r ra q u e eu d ou aos f i lh os d e
Is ra e l . Tod o lu ga r q u e p i sa r a p lan t a d o vo sso p é , vo - lo t en h o d a d o , com o eu p rom et i a Moi s és . ( . . . ) c o mo fu i co m Moi s és , a s s im s er e i c on t i g o ; n ão t e
d eixa r e i , n em t e d esamp ara re i . ‖ ( J s 1 ,1 -5 ) .
Por causa dessa vinculação natural , facilmente perceptível , pretendeu -se
anexar o Livro de Josué ao Pentateuco e assim não estabelecer o Hexateuco. É até
mesmo natural e lógico que deste modo se pretenda, dada a perfeita unidade de
assunto, como se tratasse de capítulo novo do mesmo tomo. Josué vai consumar a
obra iniciada por Moisés como este a deixou ao morrer, dotado que era de
idêntico e proporcional carisma pessoal e amparado por Iahweh, como se deve
reler (Dt 34,9 — Js 1,5) .
Morto Moisés, Iahweh imediatamente reassume a chefia e comando da
operação, destaca o cumprimento da Promessa a Abraão e ordena a Josué que
parta para a conquista. Essa presença de Iahweh vai ser uma constante na vida
Israeli ta, simbolizada na Arca da Aliança, sempre na dianteira do povo toda a vez
que se locomove (Nm 10,35 -36) principalmente em combate . Toda a legislação
em elaboração se estruturava em vista do estabelecimento definit ivo e em
segurança religiosa de Israel na Terra Prometida em cumprimento das Promessas
de Iahweh:
―Esc r ev ei -a s n os u mb ra i s d e v os sa ca sa e n as v ossa s p or t a s , p a ra q u e s e
mu l t i p l i q u em o s vos so s d i a s e os d i a s d e v oss os f i lh os n a t e r ra q u e Iah weh , c om ju ramen to , p ro m eteu d a r a vo ss os p a i s , e d u r em t an to q u an to o céu ac ima d a
t e r ra . P o rq u e , s e d i l i g en t em en te gu a rd a rd es t od o s es t es man d amen tos q u e v os
ord en o p a ra os gu a rd a rd es , aman d o Iah weh , vo sso D eu s , an d and o em tod os o s seu s camin h os , e a e l e v os a ch ega rd es , Iah weh d esap ossa rá t od as es t a s n açõ es ,
e p o ssu i r e i s n açõ es ma io r es e ma i s p od e ro sas d o q u e v ós . Tod o lu ga r q u e p i sa r
6
a p lan t a d o voss o p é , d e sd e o d es er t o , d esd e o Líb an o , d esd e o r i o , o r i o
Eu f ra t es , a t é a o mar oc id en t a l , s e rá v os so . Nin gu ém vo s p od erá r e s i s t i r ;
Iah weh , vo ss o D eu s , p orá s o b re t od a t e r ra q u e p i sa rd es o vos so t e r r or e o vo ss o
t em or , c om o j á v os t em d i t o . ‖ (Dt 1 1 ,2 0 -2 5 ) .
Reproduz também alguns aspectos anteriormente venti lados bem como
coloca Josué na função ou missão a que fora destinado. Repetindo as mesmas
diretrizes para vigorar após sua morte Moisés revigora a eleição de Josué como
executor da obra com os mesmos deveres e para isso com os mesmos poderes,
mas sempre ao comando e domínio de Iahweh:
― . . .Ch amou Moi s és a J osu é e lh e d i s s e n a p r es en ça d e t o d o o Is ra e l : S ê fo r t e e
cora j os o ; p orq u e , co m es t e p ov o , en t ra rá s n a t e r ra q u e Iah weh , sob j u ram en to ,
p rom et eu d a r a t eu s p a i s ; e t u os fa rá s h erd á - la . Iah weh é q u em va i ad i an t e d e t i ; e l e s e rá con t i g o , n ão t e d e ixa rá , n em t e d esamp ara rá ; n ão t emas , n em t e
a t em or i zes . Es t a l e i , e sc r ev eu -a Moi s és e a d eu a os sac e rd ot es , f i lh os d e Levi ,
q u e l evavam a a rca d a Al i an ça d e Iah weh , e a t od os os a n c i ãos d e Is ra e l . ‖ ( Dt 3 1 ,1 -9 ) .
Estas transcrições comprovam pela repetição de determinadas frases a
sistemática usada na época como paradigma para especificar relação indissociável
entre dois acontecimentos dist intos. É o caso das seguintes orações:
Dt 1 1 ,2 0 .24 -2 5 Dt 3 1 ,6 -8 Dt 3 4 ,4 J s 1 ,2 -3 .5 Sed e f o r t e s e
cora j os os , n ão t ema i s , n em vo s a t emo r i ze i s
d i an t e d e l es , p orq u e
Iah weh , v oss o D eu s , é q u em va i con v osc o;
n ão v os d e i xa rá , n em
vo s d esamp ara rá . ( . . . ) Iah weh é q u em va i
ad i an t e d e t i ; e l e s e rá
con t i go , n ão t e
d e ixa rá , n em t e
d esamp ara rá ; n ão t emas , n em t e
a t em or i zes .
―n a t e r ra q u e Iah weh p r om et eu
d a r a vo ss os p a i s ,
sob j u ram en to . . . ‖
Ch amou Moi sés a Josu é e lh e d i s s e n a
p res en ça d e t od o o
Is ra e l : S ê f or t e e cora j os o ; p orq u e , co m
es t e p ov o , en t ra rá s n a
t e r ra q u e Iah weh , s ob j u ramen to , p r om et eu
d a r a t eu s p a i s ; e t u o s
fa rá s h erd á - la .
Es ta é a Ter ra q u e , sob o j u ra m en to ,
p rom et i a Ab raão , a
Is aac e a Jac ó , d i zen d o : à t u a
d esc en d ên c i a a
d a re i ; eu t e faç o v ê- la com o s
p róp r i os o lh os ;
p or ém n ão i rá s p a ra l á . ‖
At rav essa e s s e es t e Jo rd ão , t u e t od o es t e p o vo p a ra a t e r r a q u e
lh es d ou (a os f i lh os d e Is ra e l )
― . . . Tod o lu ga r q u e p i sa r a p lan t a d o
vo ss o p é , d e sd e o
d es er t o , d esd e o Líb an o , d e sd e o r i o ,
o r i o Eu f ra t es , a t é
ao mar oc id en t a l , s e rá vo ss o .
Nin gu ém v os p od e rá
re s i s t i r ; Iah weh , vo ss o Deu s , p o rá
sob r e t od a t e r ra q u e p i sa rd es o vo ss o
t e r r or e o vo ss o
t em or co mo j á vo s
Tod o lu ga r q u e p i sa r a p lan t a d o vo ss o p é , vo - lo t en h o d ad o , com o
eu p r om et i a Moi s és . D esd e o
d es er t o e o Líb an o a t é ao gran d e r i o , o r i o Eu f ra t e s , t od a a t e r ra
d os h e t eu s e a t é ao mar Gran d e
p a ra o p o en t e d o so l s e rá o vo ss o l imi t e . Nin gu ém p od erá t e r es i s t i r
d u ran t e t od a a su a v id a ; como fu i
com Moi s és , s er e i c on t i g o ; n ão t e d eixa r e i , n em t e d esamp ara re i . ‖
7
t em d i t o
6.1.1. PREPARATIVOS PARA A TOMADA DE CANAÃ.
Imediatamente Josué toma posse, assume o c omando e inicia os
preparativos para a Travessia do Jordão, estabelecendo em terri tório inimigo um
centro inicial de operações. Dá ordens aos mesmos escribas nomeados como
auxiliares dos julgamentos (Dt 16,18; 20,5.8.9) , que se provisionem
suficientemente para a tomada de posse da terra como preparativo básico para a
captura e ocupação de Jericó, marco inicial da Conquista de Canaã. Os escribas
formavam uma espécie de oficiais de justiça da estrutura Israel i ta (Js 3,2 -4;
8,33):
―En tão , d eu o rd em J osu é ao s esc r ib as d o p ov o, d i zen d o : Pa ssa i p e lo m ei o d o
acamp amen to e o rd en a i ao p ov o, d i zen d o : P r ep a ra i p ro vi sõ es , p o rq u e , d en t ro d e t rê s d i a s , p a ssa r e i s es t e Jo r d ão , p a ra en t ra r n a t e r ra q u e vo s d á Iah weh , v oss o
Deu s , p a ra a p ossu i rd es . ‖ ( J s 1 ,1 0 -1 1 ) .
Como primeiro ato de sua l iderança ratif ica solenemente e como
determinado por Moisés (Nm 32,28 -32) a antecipação da herança dos rubenitas,
gaditas e meia tr ibo de Manassés (cfr . Dt 3,18 -20 / Nm 32,1-42). Submete-os à
concordância e obediência ao acordo já feito com o juramento de fidelidade e
obediência a Josué de então em diante e continuando a participar da luta comum
(Js 1,10-18). Essa antecipação ficou na ocasião condicionada por Moisés à
permanência das tr ibos aquinhoadas com as demais até a tomada total , que não
prevaleceria se não participassem da conquista. (Nm 32,28 -31).
6.1.2. - O RECONHECIMENTO DE JERICÓ.
Para a travessia do Jordão Josué determina uma expedição de
reconhecimento a Jericó, a primeira localidade a ser conquistada a partir de
Setim, últ ima etapa mencionada da peregrinação pelo deserto (Nm 33,49; 25,1):
―D e S et im en viou J osu é , f i lh o d e Nu m, d oi s h om en s , sec r e t am en t e , com o esp i a s ,
d izen d o : An d a i e ob s e rva i a t e r ra e J er i c ó . Fora m, p o i s , e en t ra ram n a ca sa d e u ma
mu lh e r p ro s t i t u t a , cu jo n ome era Rah ab , e p ou sa ram a l i . En t ão , se d eu n ot í c i a ao r e i d e Je r i có , d i zen d o : E i s q u e , es t a n o i t e , v i era m aq u i u n s h omen s d os f i lh os d e Is ra e l p a ra
esp i a r a t e r ra . Man d ou , p o i s , o r e i d e J e r i có d i zer a Rah ab : Man d a sa i r os h om en s q u e
v i e ram a t i e en t ra ram n a t u a ca sa , p o rq u e v i eram esp i a r t od a a t e r ra . A mu lh e r , p or ém, h avi a t omad o e esc on d id o o s d o i s h om en s ; e d i s s e : É v erd ad e q u e os d o i s h om en s v i era m
a mim, p orém eu n ão sab i a don d e e ram. Ha v en d o - s e d e f ech a r a p or t a , sen d o j á escu r o , e l es sa í ram; n ão s e i p a ra on d e f oram; i d e ap ó s e l es d ep r es sa , p orq u e o s a lcan ça r e i s . E l a ,
p or ém, os f i ze ra su b i r ao e i rad o e o s escon d era en t r e a s can as d o l i n h o q u e h a vi a
d i sp os to em ord em n o e i rad o . Foram -s e aq u e l es h om en s ap ós os esp i a s p e lo camin h o q u e d á aos vau s d o Jo rd ão; e , h av en d o sa íd o os q u e i am ap ós e l e s , f ech ou - s e a p or t a . ‖ ( J s
2 ,1 -7 ) .
Pelas Leis da Aliança, era profundamente comprometedor, e até mesmo
vedado, o comércio carnal de um Israeli ta com uma gentia, pela impureza
contagiante (Nm 25,1 -18; 31,14-16 / 1Rs 11,2 / Dt 7,3-4 / Lv 18,1-5.24-30 / e,
também, o uso do sexo, em caso de guerra, 1Sm 21,5 -6). Afastada esta
possibil idade, só se pode concluir que os espias foram à casa de Rahab, a mulher
prosti tuta no cumprimento de seu dever de ―andar e observar a terr a e Jericó‖.
Principalmente, pelo fato de denominá -la mulher prosti tuta (na Vulgata: mulieris
meretricis ; e, na hebraica isha zonah) , insinua-se clara referência à prosti tuição
8
sagrada . Porém, as expressões bíblicas, ―vieram a t i‖ (v. 3) e ―vieram a mim‖ (v.
4), pelas quais se poderia pretender eventual prática sexual dos emissários (cfr .
Gn 38,16 / Jz 16,1 / 2Sm 11,4; 12,24), não passam do teor do diálogo do rei de
Jericó com Rahab, o qual assim julgou, disso aproveitando -se ela sem contestar
para dissuadi -lo da idéia de que os acobertava em sua casa , e despistar os
perseguidores.
Além disso, em se mencionando uma mulher prosti tuta , é de se observar
que não se trata da meretriz profissional, aquela que vende o uso do próprio
corpo, mas de uma devota de ído lo pagão cultuando-o com tal ato de oferta. Mais
um motivo pelo que os espias de Josué não poderiam praticar com ela um
comércio carnal em sacrifício a um deus pagão; nem ela, se então convertida, o
faria impunemente. Assim é que, alertada pelo rei e ao to mar conhecimento de
que se tratava de ―uns homens dos fi lhos de Israel para espiar a terra‖, manifesta -
lhes e justif ica-lhes a sua tendência à converter -se a Iahweh. Ao Deus de Israel
de quem já se ouvira notícias de Sua Onipotência, inclusive contra as fo rças da
natureza ―secando as águas do mar Vermelho, bem como votando ao interdito os
reis dos inimigos de Israel‖. Sabendo disso, os acoberta e consegue a sua
segurança e a de sua parentela. Presta -lhes as informações que buscavam,
principalmente do ânimo e das condições de resistência da população, sob o
juramento deles de proteção para a sobrevivência dela e seus familiares. Assim
cambiadas as garant ias, ―os fez descer por uma corda‖ e orientou -os
detalhadamente no retorno:
―An t es q u e os esp i a s s e d e i t a s sem, f o i e la t e r c om e l es n o e i rad o e lh es d i s s e : B em se i
q u e Iah weh v os d eu es t a t e r r a , e q u e o p av o r q u e i n fu n d i s ca iu sob re n ó s , e q u e t od o s os
morad or es d a t e r ra e s t ão ac o va rd ad os . P orq u e t emo s ou vi d o q u e Iah weh s ecou a s águ as d o mar Verm e lh o d i an t e d e vó s , q u an d o sa í e i s d o Egi t o ; e t amb ém o q u e f i zes t es a o s
d o i s r e i s d o s am or r eu s , S eo n e O g, q u e es t a vam a l ém d o J o rd ão , os q u a i s v o t a s t es ao
i n t erd i t o . Ou vin d o i s t o , d e s fa l eceu -n os o co ração , e em n in gu ém ma i s h á c ora g em a lgu ma , p o r cau sa d a vo ssa p res en ç a ; p o rq u e Iah weh , v o sso D eu s , é D eu s em c ima n os
céu s e emb a ix o n a t e r ra . Ag ora , p o i s , j u ra i - me, vo s p eç o , p or Iah weh q u e , a s s im co mo u se i d e mi s e r i có rd i a p a ra con vosc o , t amb ém d e la u sa re i s p a ra com a ca sa d e meu p a i ; e
q u e m e d a r e i s u m s in a l c er t o d e q u e c on s er va r e i s a v id a a meu p a i e a min h a mãe, com o
t amb ém a m eu s i rmã os e a m in h as i rmãs , com tu d o o q u e t êm, e d e q u e l i v ra r e i s a n os sa v id a d a mor t e . En t ão , lh e d i s se ram os h om en s : A n ossa v id a re sp on d e rá p e la v os sa se
n ão d en u n c i a rd es es t a n os sa mi ssão ; e s erá , p o i s , q u e , d an d o -n os Iah weh es t a t e r ra ,
u sa remos c on t ig o d e mi s e r i córd i a e d e f i d e l i d ad e . E la , en t ão , o s f ez d esce r p o r u ma cord a p e la j an e la , p o rq u e a c a sa em q u e r es id i a es t a va s o b re o mu r o d a c id ad e . E d i s se -
lh es : Id e - v os a o m on te , p a ra q u e , p o r v en tu ra , v os n ã o en con t r em os p e rs egu id o r es ;
esc on d ei - v os lá t r ês d i a s , a t é q u e e l es vo l t em; e , d ep oi s , t omar e i s o v os so camin h o.‖ ( J s 2 ,8 -1 6 ) .
Não se pode negar o valor dessa mulher, que vai se impor de tal maneira
que, além de ter sido poupada (Js 6,25), passará a viver entre os Israeli tas.
Integrar -se-á de tal maneira entre eles que se tornará uma das ancestrais de Jesus
Cristo, pertencendo pelo casamento com Salmon (Rt 4,21 / Mt 1,5) à Tribo de
Judá, tornando-se a mãe de Booz, esposo de Rute , avó de Daví . Sua fé e a sua
obra de conversão são expressas pela sujeição ao Poder de Iahweh, no que será
reconhecida por dois dos apóstolos de Cristo (cfr . Hb 11,31 / T g 2,25). Entre ela
e os espiões vários detalhes são debatidos evitando -se qualquer erro ou mal
entendido, f icando clara a confiança nela depositada pelos dois emissários
cumprindo fielmente as instruções que lhes dá:
―Di ss eram - lh e o s h om en s : De sob r igad o s s e r em os d es t e t eu j u ram en t o q u e n os f i ze s t e
j u ra r , s e , v in d o n ós à t e r ra , n ão a t a re s es t e co rd ão d e f i o esca r la t e à j an e la p or on d e n os f i ze s t e d esc er ; e s e n ão r eco lh er es em casa c on t igo t eu p a i , e t u a mãe, e t eu s i rmão s , e a
t od a a famí l i a d e t eu p a i . Qu a lq u e r q u e sa i r p a ra fo ra d a p or t a d a t u a ca sa , o seu san g u e
9
lh e ca i rá sob r e a cab eça , e n ós s e remo s i n oc en t es ; mas o san gu e d e q u a lq u er q u e e s t i v er
con t i go em casa ca i a sob r e a n ossa cab eça , se a lgu ém n e l e p u se r mã o. Tamb ém, s e tu
d en u n c i a res es t a n ossa mi s são , s er em os d es ob r igad os d o j u ramen to q u e n o s f i zes t e
j u ra r . E e la d i s se : S egu n d o a s vos sas p a la vra s , a s s im s e j a . En t ão , os d esp ed iu ; e e l es se fo ram; e e la a t ou o c ord ã o es ca r la t e à j an e la . Fora m -s e , p o i s , e ch ega ram a o m on te , e a l i
f i c a ram t r ês d i a s , a t é q u e vo l t a ra m o s p e rs egu id or es ; p orq u e os p e rs egu id or e s os
p rocu ra ra m p or t od o o camin h o, p or ém n ã o o s ach a ram.‖ ( J s 2 ,1 7 -2 2 ) .
Tanto se impôs que os espias não buscaram outra informação
permanecendo escondidos durante o tempo que ela determinou e , sem nenhum
outro contato, desceram o monte onde se esconderam para retransmitir a Josué a
certeza da facil idade da conquista:
―Ass im, os d o i s h om en s vo l t a ram, e d esce ram d o mon t e , e p a ssa ram, e v i e ram a J osu é ,
f i lh o d e Nu n , e lh e c on t a ram tu d o q u an to lh es ac o n t ece ra ; e d i s s e ram a Jo s u é: Cer t am en t e , Iah weh n os d eu t od a es t a t e r ra em n ossas mã os , e t od o s os s eu s m o rad or es
es t ã o ap av orad o s d i an t e d e n ós . ‖ ( J s 2 ,2 3 -2 4 ) .
6.1.3. - A TRAVESSIA DO JORDÃO .
Após essas informações encorajadoras dos batedores, Josué parte de Setim
com o povo e permanece na margem do Jordão três dias à espera da Passagem da
Arca. A conquista é religiosa e comandada por Iahweh significado pela Arca da
Aliança (Nm 10,35-36 / Js 6), que deveria sempre dirigir a marcha (Nm 10,33).
Era transportada pelos Sacerdotes, pois ―certamente Iahweh nos deu toda esta
terra em nossas mãos e todos os seus moradores estão apavorados diante de nós‖:
―Lev an tou - s e , p o i s , Jo su é d e mad ru gad a , e , t en d o e le e t od os os f i lh os d e Is ra e l p a r t i d o d e S et im, ch ega ra m a o J o rd ão e p ou sa ram a l i an t e s d e p assa r . Su ced eu , a o f im d e t r ês
d i a s , q u e o s esc r i b as p ass a ram p elo m eio d o acamp a men to e ord en a ram a o p ov o,
d i zen d o : Qu an d o v i rd es a Arca d a Al i an ça d e Iah weh , vos so D eu s , e q u e os l ev i t a s sace rd ot es l evam, p a r t i r e i s v ós t amb ém e a s egu i r e i s . Con tu d o , h a j a a d i s t ân c i a d e c e r ca
d e d o i s mi l c ôvad os en t r e vó s e e la . Nã o v os ch egu ei s a e la , p a ra q u e con h eça i s o
camin h o p elo q u a l h av ei s d e i r , v i s t o q u e , p o r t a l c amin h o, n u n ca p assa s t es an t es . Di s se Josu é ao p o vo : San t i f i ca i - vo s , p orq u e aman h ã Iah weh fa r á maravi lh as n o m eio d e vó s . E
t amb ém fa lou ao s Sace rd ot e s , d i zen d o : Levan t a i a Arca d a Al i an ça e p assa i ad i an t e d o
p ov o. Levan t a ram, p o i s , a Arca d a Al i an ça e f oram an d a n d o ad i an t e d o p ov o.‖ ( J s 3 , 1 -6 ) .
―Santificai -vos, porque amanhã Iahweh fará maravilhas no meio de vós‖: a
santificação ri tual , exigida em todas as ma nifestações característ icas da presença
de Iahweh. São as condições de pureza da participação nas cerimônias sacrificais
regulamentadas desde antes da peregrinação do deserto ou nas teofanias de
Iahweh (Ex 19,10-15.22 / Lv cc. 17 a 26; 20,26 / Nm 11,18 / J s 7,13 / 1Sm 16,5 /
2Cr 29,5). ―Santif icar-se‖ é estar em condições de comparecer à presença de
Iahweh ―separados‖ do profano em harmonia com o seu fundamento teológico,
―sede santos, porque eu, Iahweh vosso Deus, sou santo‖ (Lv 19,2). Isso significa
que o Israeli ta deveria ―separar-se‖ do profano pelo cumprimento das Leis da
Aliança e da Santidade, pois sendo ― imagem e semelhança de Deus‖ o Homem
reflete Deus como um espelho . Assim como Deus não se confunde com a Criação,
transcendendo-a e ao profano, o Israeli ta também não pode se confundir, e dele se
―separa‖ ―santi f icando-se‖ como Iahweh é ―separado‖, ―Santo‖ , diferente da
população. Não se l imita à l impeza física ou de vestes, mas também na abstenção
de outros atos, até mesmo os sexuais, aspectos exteri ores e também interiores,
que se tornam perceptíveis pela conduta e comportamento numa verdadeira
consagração. Essa santificação é também caracterizada pela distância que se deve
manter da Arca de Israel , a presença de Iahweh, tal como no Monte Sinai (Ex
10
19,12), a ―separação‖ de Iahweh do profano (Gn 28,16-17 / Ex 3,5; 40,35 / Lv
16,2 / Nm 1,51; 18,22 / 2Sm 6,7).
Satisfeitas todas as determinações transmitidas por meio de Moisés,
Iahweh se manifesta a Josué, dando-lhe toda a cobertura necessária, ditando -lhe
comandos, que comprovam a identidade de ambos na continuidade da obra,
iniciada no Egito e integrante da Aliança. A Arca da Aliança evoca a presença de
Iahweh no comando, sempre na dianteira participando ativamente dos combates
(Nm 10,35-36; 21,14 / Js 6 / 1Sm 4,3-8 / 2Sm 11,11 / Sl 24,7 -10), iniciando a
Conquista da Terra Prometida, cumprindo a Promessa e nos termos da Aliança
projetada e iniciada em Abraão:
―En tão d i s s e Iah weh a Josu é : Hoj e co m eça r e i a en gran d ec er - t e p e ran t e os o lh os
d e t od o o Is rae l , p a ra q u e sa ib am q u e , a s s im com o f u i com Moi s és , s e r e i
con t i go . Tu , p o i s , o rd en a rá s aos Sace rd ot es q u e l eva m a Arca d a Al i an ça , d i zen d o : Qu an d o ch ega rd es à b e i ra d as á gu as d o Jo rd ão , a í p a ra r e i s . Di s s e
en t ão Jo su é aos f i lh o s d e Is rae l : Ap r oxi ma i - vos , e ou v i a s p a la vra s d e Iah weh
vo ss o D eu s . E ac r esc en tou : Ni s to con h ec e r e i s q u e o Deu s v i v o es t á n o m ei o d e vó s , e q u e c er t am en t e exp u l sa rá d e d i an t e d e v ós os ca n an eu s , os h e t eu s , o s
h ev eu s , o s f er ezeu s , os ge r g eseu s , o s amor r eu s e os j eb u s eu s . E i s q u e a Arca d a
Al i an ça d o Iah weh d e t od a a t e r ra p assa rá ad i an t e d e v ós p a ra o m ei o d o Jo rd ão . Tomai , p o i s , a go ra d o ze h o m en s d as t r i b o s d e Is rae l , d e cad a t r i b o u m h omem;
p orq u e a ss im q u e a s p lan t a s d os p és d os Sace rd ot es q u e l evam a Arca d e
Iah weh , o D eu s d e t od a a t e r ra , p ou sa r em n as á gu as d o J ord ão , es t a s s erã o cor t ad as , e a s á gu as q u e v êm d e c ima , p a ra rã o , amon t oan d o -s e . ‖ ( J s 3 ,7 -1 3 ) .
Como no Mar Vermelho (Ex 14,5 -31), a travessia do Jordão, marcada pela
presença de Iahweh na Arca da Aliança, fez recuar o Rio Jordão ao simples toque
dos pés dos Sacerdotes que a conduziam. Assim permaneceram até que todos os
Israeli tas penetrassem na Terra de Canaã (Js 3,7 -4,18) ― . . . pelo seco.. .‖ (3,17), tal
como na saída do Egi to, ―. . . os fi lhos de Israel entraram no meio do mar a pé
enxuto.. .‖ (Ex 14,22). Antes foi a coluna de fogo ou nuvem que os guiava e
marcava a presença ef icaz de Iahweh (Ex 13,21-22 / 14,19-20); agora, é a Arca
(Js 3,6-17 / 4,10-11) à testa da tropa em conquista. Antes de prosseguir, Josué
pronuncia uma derradeira exortação ao povo, anunciando que Iahweh cumpria o
que lhe fora prometido: ―. . . hoje começarei a engrandecer -te perante os olhos de
todo o Israel , para que saibam que, assim como fui com M oisés, serei contigo.. .‖
(3,7).
Sete povos foram mencionados o que permite antever a entrega da
totalidade dos habitantes do terri tório em virtude da significação, cultural e
religiosa do número sete . Várias tentativas de explicações e interpretações são
oferecidas por eruditos para essa passagem do Rio Jordão. Poré m, mesmo que se
faça quase que exaustivamente permanece sensivelmente uma dificuldade de
aceitação e compreensão o que é até mesmo natural em face da violação das leis
da natureza, como é o caso. O que se deve considerar é que mesmo tendo ocorrido
um fenômeno natural , a sua ocorrência no momento propício, mostra na sua
concatenação o ato de Deus na ocasião certa. Além disso, algum acontecimento
extraordinário deve ter ocorrido somente atribuível a Iahweh a quem nada ―existe
de impossível‖ (Gn 18,14 / Lc 1,37), que a epopeia guerreira exaltou com sua
simbologia própria:
―Pa r t i n d o o p o v o d as su as t en d as , p a ra a t ra v essa r o Jo rd ão , leva ram os Sace rd ot es a Arca d a Al i an ça n a d i an t e i ra ; e , q u an d o os q u e l evavam a Arca
ch ega ram a t é a o J o rd ão , e o s seu s p és s e m o lh a ram n a b o rd a d as águ as (p o rq u e o J o rd ão t ran sb ord a va s ob r e t od as a s su as r i b an cei ra s , t od os o s d i a s d a c e i fa ) ,
p a ra ram as águ as q u e v in h am d e c ima ; l evan t a ram -s e c o mo u ma p a red e , mu i to
l on g e , em Ad am, q u e f i ca a o lad o d e Sa r t an ; e a s q u e d esc i am p a ra o ma r d a
11
Arab á , o ma r Sa lgad o , f ora m d e t od o s ep a rad as ; e p ass ou o p o vo d e f ron t e d e
Je r i có . P or ém os sac erd ot es q u e leva vam a Arca d a Al i an ça d e Iah weh
es t ac ion a ram - se n o m ei o s ec o d o Jo rd ão , e t od o o Is ra e l p a ss ou a p é en xu to ,
a t rav essan d o o J ord ã o . ‖ ( J s 3 ,1 4 -1 7 ) .
Assim terminou a travessia do Jordão com o que os Filhos de Israel
penetram no terri tório que lhes destinara Iahweh. Porém, faltava ainda a
conquista de toda a terra iniciando -se com um memorial da posse total erigindo -
se um monumento com doze pedras (uma para cada tribo) comemorativo do fato
histórico:
―Ten d o, p o i s , t od o o p o vo p assad o o J ord ã o , fa lou Iah weh a J osu é , d i zen d o :
Tomai d o p ov o d o ze h om en s , u m d e cad a t r i b o , e o rd en a i - lh es , d i zen d o : Daq u i
d o m eio d o J ord ão , d o lu ga r on d e , p a rad os , p ou s a ram os sac e rd ot es os p és , t oma i d o ze p ed ra s ; e l eva i -a s con v osc o e d ep os i t a i -a s n o acamp amen to em q u e
h avei s d e p assa r e s t a n o i t e . Ch amou , p o i s , Josu é os d o ze h omen s q u e e sco lh era
d os f i lh o s d e Is ra e l , u m d e cad a t r i b o , e d i s s e - lh es : Pas sa i ad i an t e d a a rc a d e Iah weh , vo ss o D eu s , ao mei o d o J ord ã o; e cad a u m l ev e s ob r e o omb r o u ma
p ed ra , s egu n d o o n ú mero d a s t r i b os d o s f i lh o s d e Is ra e l , p a ra q u e i s t o s e j a p o r
mem o r i a l en t r e v ós ; e , q u an d o v oss os f i lh os , n o fu tu r o , p er gu n t a rem, d i zen d o : Qu e v os s i gn i f i cam es t a s p ed ra s ? , en t ão , lh es d i r e i s q u e a s águ as d o Jo rd ão
fo ram co r t ad as d i an t e d a Arc a d a Al i an ça d e Iah weh ; em p assan d o e la , f o ram as
águ as d o Jo rd ão c or t ad as . E ssa s p ed ra s s erã o , p a ra s em p re , u m m em or i a l aos f i lh os d e Is rae l . Fi zeram, p o i s , os f i lh os d e Is ra e l c om o J osu é ord en a ra , e
l evan t a ram d o ze p ed ra s d o mei o d o J o rd ão , co mo Iah weh t i n h a d i t o a Josu é ,
segu n d o o n ú m er o d as t r i b os d os f i lh os d e Is ra e l , e l eva ram -n as ao acamp amen to , on d e a s d ep o s i t a ram. Levan tou Jo su é t a mb ém d o ze p ed ra s n o
mei o d o Jo rd ão , n o lu ga r em q u e , p a rad os , p ou sa ram o s p és os sac e rd ot es q u e
l eva vam a a rca d a Al i an ça ; e a l i es t ão a t é a o d i a d e h o j e . ‖ ( J s 4 ,1 -9 ) .
―Essas pedras serão, para sempre, um memorial aos fi lhos de Israel‖ (v. Js
4,7) – os mesmos representantes, um de cada tri bo, já antes designados por Josué
(Js 3,12), separam e carregam as pedras para a ereção do memorial imortalizando
o evento histórico. Não se confundem com as pedras que Josué mandou erguer no
meio do Jordão (v. 9), no lugar tocado pelos pés dos sacerdotes ao cruzar o rio,
que lá devem ter permanecido submersas em comemoração ao feito, pelo menos
―até os dias de hoje‖, isto é, até os dias em que foi escri ta essa narrativa. Após,
passarem os Sacerdotes com a Arca da Aliança apresentaram -se os Filhos de
Israel , encabeçados pelos fi lhos de Rúben, os fi lhos de Gad e a meia tr ibo de
Manassés, conforme a ordem estabelecida por Josué (Js 1,12 -15) finalizando a
marcha de entrada (Js 4,10 -13) e posicionando-se para a conquista armada. Com
esse feito milagroso, passando o rio a pé seco Iahweh engrandece Josué , como
fazia com Moisés. Também os Sacerdotes tal como ordenado por Iahweh a Josué
deixaram o leito enxuto do rio e subiram para a margem , normalizando-se o fluxo
das águas tão logo assomaram a ribanceira:
―Naq u el e d i a , Iah weh en gra n d eceu a J osu é n a p r es en ça d e t od o o Is ra e l ; e
re sp ei t a ram -n o t od os os d i a s d a su a v id a , c omo h avi am r esp ei t ad o a Moi sé s . Di s s e , p o i s , Iah weh a Josu é : Dá ord em ao s sace rd ot es q u e levam a a rca d o
Tes t emu n h o q u e su b am d o Jo rd ão . En t ão , o rd e n ou J osu é ao s sac erd ot e s ,
d i zen d o : Su b i d o J ord ã o . A o su b i r em d o m ei o d o Jo rd ão os sac e rd ot es q u e l eva vam a a rca d a Al i an ça d e Iah weh , e a s s i m q u e a s p lan t a s d os s eu s p és s e
p u seram n a t e r ra seca , a s á g u as d o J ord ão s e t o rn a ram a o s eu lu ga r e c or r i am
como d an t e s s ob r e t od as a s su as r i b an cei ra s . Su b iu , p o i s d o Jo rd ão o p o vo n o d i a d ez d o p r imei ro m ês ; e acamp aram -s e em Gá lga l , d o l ad o or i en t a l d e J e r i có .
As d o ze p ed ra s q u e t i r a ram d o Jo rd ão er i g iu -a s J osu é em Gá lga l . E d i s s e aos
f i lh os d e Is ra e l : Qu an d o n o f u tu ro vos so s f i lh os p e r gu n t a rem a s eu s p a i s , d i zen d o : Qu e s i gn i f i cam es t a s p ed ra s? Fa r e i s sab er a v oss os f i lh os , d i zen d o :
Is ra e l p a s sou em s ec o es t e Jord ã o . Po rq u e Iah weh , vo s so D eu s , f ez s eca r a s
águ as d o J ord ã o d i an t e d e v ós , a t é q u e p as sá ss e i s , com o Iah weh , v oss o D eu s , f ez a o mar V erm e lh o , ao q u a l s ecou p eran t e n ós , a t é q u e p assamo s . Pa ra q u e
12
t od os os p ov os d a t e r ra c on h eçam o q u an to é p od e r osa a mão d e Iah weh , a f im
d e q u e t ema i s a Iah weh , vo ss o D eu s , t od os os d i a s . ‖ ( J s 4 , 1 4 -2 4 ) .
6.1.4.– ISRAEL EM GÁLGAL.
―As doze pedras que t iraram do Jordão, erigiu -as Josué em Gálgal‖, onde
Josué erige o memorial (Js 4,5 -7), que se torna o centro operacional de várias
expedições dos Israeli tas para a Conquista da Terra Prometida (Js 9,6; 10,6.43;
14,6); e, será ai edificado um monumento e um local de veneração. Pela
etimologia do nome Gálgal que significa ―círculo ou roda‖ se deduz que o
memorial foi erigido em forma de colunas formando um circulo tal como se usava
para caracterizar um lugar de culto, que veio se to rnar um histórico Santuário a
Iahweh (1Sm 10,8; 11,15). Por outro lado, os fatos que se deram nessa
oportunidade se difundem no terri tório, amedrontando os seus habitantes pelo
poder de Iahweh, na concepção cultural do tempo de que a vitória de um povo era
a vitória de seu deus. Com essa vitória a Missão de Israel começa a se manifestar
na qualidade de ―primícias ou primogênito‖ entre todos os povos (Ex 4,22), e
difundindo o nome de Iahweh no coração deles. O Coração para eles era o centro
das principais faculdades humanas da inteligência, da vontade, dos sentimentos e
emoções.
Ao mesmo tempo Israel vem de começar a se impor como uma for te nação
conduzida pelo novo profeta já que ―naquele dia, Iahweh engrandeceu a Josué na
presença de todo o Israel; e respe itaram-no todos os dias da sua vida, como
haviam respeitado a Moisés‖ (Ex 14,31). Amedrontados pela projeção da
ocorrência sentiram-se fracos e impotentes com isso exprimindo um forte
reconhecimento da presença da majestade divina concorrendo para o respei to pelo
povo de Iahweh. O nome de Iahweh por meio dos Filhos de Israel difundia -se e se
impunha entre os gentios:
―P o rq u e Iah weh v os so D eu s fez seca r a s águ as d o Jo rd ão d i an t e d e vó s , a t é q u e
p assá ss e i s , a s s im c omo f i zer a ao Mar V erm e lh o , a o q u a l fez seca r p e ran t e n ó s , a t é q u e p assá s s emo s ; p a ra q u e t od os o s p ov os d a t e r ra c on h eçam q u e a mão d e
Iah weh é fo r t e ; a f im d e q u e v ós t amb ém t ema i s a Ia h weh v os so D eu s p a ra
semp r e . Qu an d o, p o i s , t od o s os r e i s d os am or r eu s q u e es t avam a o o es t e d o Jord ã o , e t od os os r e i s d o s c an an eu s q u e es t avam ao lad o d o mar , ou vi ram q u e
Iah weh t i n h a secad o a s águ a s d o Jord ã o d e d i an t e d os f i lh os d e Is ra e l , a t é q u e
p assa ss em, d e r r e t eu - s e- lh es o co ração , e n ã o h ou v e ma i s cora g em n e l es , p o r cau sa d os f i lh os d e Is ra e l . ‖ ( J s 4 ,2 4 -5 ,1 ) .
Vários atos são aí prat icados, advindos das Leis da Aliança, a começar com
a circuncisão indispensável para se participar do ri to da Páscoa (Ex 12,48), que
se celebrava ao término da peregrinação pelo deserto. Nele tendo perecido todos
os que se amotinaram contra Iahweh (Nm 14,26-35) foi praticada da maneira
tradicional com facas de pedra (Ex 4,25) nos fi lhos sobreviventes dos insurretos
(Nm 14,31) . Desde a Aliança contraída com Abraão (Gn 17,9 -11) mantiveram os
Israeli tas a circuncisão como sinal f ísico da vinculação de todo o povo com
Iahweh, tendo assim permanecido no Egito (Js 5,5), abandonando -a apenas
durante a travessia do deserto, para voltarem a praticá -la no seu terri tório:
―Naq u el e t emp o, d i s s e Iah weh a J osu é : Fa ze facas d e s í l ex e p assa , d e n ov o , a c i rcu n c id a r os f i lh os d e Is rae l . En t ão , J osu é f ez p a ra s i f acas d e s í lex e
c i rcu n c id ou os f i lh o s d e Is r ae l em Gib ea t e - Hara lo t e (= Col in a d os P r ep ú c ios ) .
Fo i es t a a ra zão p or q u e J os u é o s c i rcu n c id ou : t od o o p o vo q u e t i n h a sa íd o d o Egi to , o s h om en s , t od os o s h omen s d e gu e r ra , e ram j á mor t os n o d es e r to , p e lo
camin h o. Porq u e t od o o p o vo q u e sa í ra es t a va c i rcu n c id ad o , mas a n em um
d el e s q u e n asc era n o d es er t o , p e lo camin h o, d ep oi s d e t e r em sa íd o d o Egi t o ,
13
h avi am c i rcu n c id ad o . Porq u e q u a r en t a an os an d a ram os f i lh os d e Is ra e l p e lo
d es er t o , a t é s e acab a r t od a a gen t e d os h om en s d e gu e r ra q u e sa í ram d o E gi to ,
q u e n ão ob ed ece ram à v o z d e Iah weh , ( . . . ) . P or ém em seu lu ga r p ôs a seu s
f i lh os ; a es t es J osu é c i rcu n c id ou , p orq u an to es t avam in c i rcu n c i sos , p orq u e os n ão c i rcu n c id a ram n o camin h o. Ten d o s id o c i rcu n c id ad a t od a a n ação , f i ca ram
n o s eu lu ga r n o acamp am en to , a t é q u e sa ra ram. Di ss e ma i s Iah weh a Josu é :
Hoj e , r em o vi d e vó s o op r ó b r io d o E gi to ; p e lo q u e o n om e d aq u el e lu ga r s e ch amou Gá lga l a t é o d i a d e h o j e . ‖ ( J s 5 , 2 -9 ) .
Aqui em Gálgal a circuncisão readquire o valo r fundamental a que fora
elevado , como o ―sinal da Aliança‖ (Gn 17,1 -14) contraída com Abraão e
passando a vigorar na Terra Prometida cuja conquista se iniciava, recebendo -a de
Iahweh como ―possessão perpétua‖ (Gn 17,8). Por causa disso é que Iahweh
proclamou que ―Hoje, removi de vós o opróbrio do Egito; pelo que o nome
daquele lugar se chamou Gálgal até o dia de hoje‖. A palavra Gálgal quando
usada como verbo pode ter o sentido de ― t irar, remover, rolar‖, correspondendo
aqui à outra etimologia . Também, além da circuncisão remove -se o opróbrio em
virtude de se instalar definit ivamente no Terri tório de Iahweh o Povo com o qual
formulou, solenemente no Sinai, uma Aliança Eterna inaugurada com a
celebração da Primeira Páscoa no novo país:
―Es t an d o , p o i s , os f i lh os d e Is ra e l acamp ad os em Gá lga l , c e l eb ra ram a Pá scoa
n o d i a ca tor ze d o m ês , à t a rd e , n a s camp in as d e J e r i có . ‖ ( J s 5 ,1 0 ) .
Por isso, a Páscoa celebrada na entrada da Terra Prometida concretiza o
significado de sua insti tuição como comemoração da l ibertação ―da mão dos
Egípcios e para fazê -lo subir daquela terra para uma terra boa e espaçosa.. .‖ (Ex
3,8). Aconteceu quando firmados na Terra Prometida, ou seja, ―quando, pois,
t iverdes entrado na terra que Iahweh vos dará como tem prometido, guardareis
este culto.. . o Sacrifício da Páscoa de Iahweh . . .‖ (Ex 12,25.26):
―Ch amou , p o i s , Moi s és t od os os an c i ãos d e Is ra e l , e d i s s e - lh es : Id e e t o ma i - vo s
cord ei r os s egu n d o a s v os sas famí l i a s , e im o la i a p ásc o a . E n t ão t oma r e i s u m
mo lh o d e h i s sop o , emb eb ê - lo- e i s n o san gu e q u e es t i ve r n a b ac i a e marca r e i s
com el e a v er ga d a p or t a e os d o i s u mb ra i s ; ( . . . ) a o v e r o san gu e n a v er ga d a p or t a e em amb o s o s u mb ra i s , Iah weh sa l t a rá aq u e la p o r t a ( . . . ) Qu an d o, p o i s ,
t i ve rd es en t rad o n a t e r ra q u e Iah weh v os d a rá , com o t em p rom et id o , gu a rd a r e i s
es t e cu l t o . E q u an d o v oss os f i lh os vos p e rgu n t a r em : Qu e q u er e i s d i ze r co m es t e cu l t o ? R esp on d er e i s : Es t e é o sac r i f í c i o d a Pásc oa d e Iah weh , q u e sa l t ou a s
ca sa s d os f i lh o s d e Is ra e l n o E gi to , q u an d o f er i u os eg íp c ios , e l i v r ou a s n os sas
ca sa s . En t ão o p o v o i n c l i n o u -se e ad or ou . E os f i lh os d e Is ra e l , c omo Iah weh ord en a ra a Moi s és e a Aarã o , a s s im f i zeram.‖ (E x 1 2 ,2 1 -2 8 ) .
Celebrada a Páscoa, como se fora seu efeito imediato, adveio ao Po vo de
Deus uma profusão de bênçãos guiando -lhe os passos e mantendo -o nutrido,
f ísica e espiri tualmente, demonstrando assim a presença de Iahweh. Também, ao
começar a se alimentar dos produtos do território cessa o Maná, sinal evidente da
consecução da Promessa de Iahweh a Abraão dando a seus descendentes a ―terra
onde peregrinava‖ (Gn 13,15). Com isso assinalava -se a realização de todas as
promessas de Iahweh exaradas por Moisés em torno do cumprimento dos
mandamentos e estatutos que lhe foram entregue, co mo anteriormente consignado
(Ex 16,35):
―Co m eram d o f ru to d a t e r ra , n o d i a segu in t e à Pásc oa ; p ães áz im os e c er ea i s t os t ad os com eram n es s e m es mo d i a . No d i a im ed ia to , d ep oi s q u e com eram d o
p rod u to d a t e r ra , c ess ou o m an á , e n ão o t i ve ram ma i s os f i lh o s d e Is ra e l ; mas ,
n aq u el e an o , co meram d o s n ov os f ru to s d a t e r ra d e Can aã . ‖ ( J s 5 ,1 1 -1 2 ) / ―E com eram os f i lh os d e Is ra e l man á q u a ren t a an os , a t é q u e en t ra ram em t er ra
14
h ab i t ad a; comeram man á a t é q u e ch ega ra m ao s l imi t es d a t e r ra d e Can aã . ‖ (E x
1 6 ,3 5 ) .
Em Gálgal, percebe Josué a presença de um Mensageiro de Iahweh, o Autor
da Conquista, um Anjo portador de instruções (Js 5,14; 6,2 -5) e ratif icando a sua
identidade com Moisés, principalmente com a semelhança desse episódio com o
da Sarça Ardente (Ex 3,5). Tais teofanias são repetidas em diversas ocasiões
pelos mais variados motivos impondo um profundo respeito e temor reverenciais
sendo reais manifestações de Iahweh (cfr . Gn 16,7-14; 18,1-33; 21,14-21 / Jz 2,1-
5; 6,11-24; 13,2-5):
―Es t an d o J osu é p er t o d e J er i có , l evan tou os o lh os e v iu q u e s e ach ava em p é d i an t e d e l e u m h om em emp u n h an d o u ma e sp ad a d es emb a in h ad a . Josu é
ap roxi mou - s e d e l e e d i s s e - l h e : É s t u d os n os so s ou d o s n oss os ad v e rsá r ios ?
Resp on d eu e l e : Não; s ou l í d er d o ex érc i t o d e Iah weh e a cab o d e ch ega r . En t ão , Josu é s e p ros t r ou com o r os to em t er ra , e o ad or ou , e d i s se - lh e : Qu e d i z m eu
Iah weh a o s eu s er v o ? Res p on d eu o l í d e r d o ex érc i t o d e Iah weh a J osu é:
Desca lça a s san d á l i a s d os p és , p orq u e o lu ga r em q u e es t á s é San to . E f ez J osu é ass im.‖ ( J s 5 ,1 3 -1 5 ) .
6.1.5. – A TOMADA DE JERICÓ.
Inicia-se a conquista de Jericó em obediência às instruções de Iahweh a
Josué, ao comando das tropas pela Arca da Aliança posicionada na dianteira. A
cidade era cercada de muralhas cujos habitantes amedrontados (Js 5,1 -2)
reforçaram-nas, e impediam tanto a entrada como a saída, pretendendo se
resguardar da penetração dos Israeli tas. Em vão, porém! Iahweh já os entregara
aos Filhos de Israel e dá as instruções estratégicas para a tomada e posse
definit ivas. Por elas se percebe que se tratava de uma verdadeira guerra santa ,
como se considerava uma operação mili tar em que o deus local part icipava,
―vencendo -se um povo vencia -se o seu deus‖, e os combatentes eram
―consagrados ou santificados‖ (Is 13,3 / Jr 22,7; 51,27s.; 6,4 / J l 4,9 / Js 3,5),
assim entre os gentios como entre os Israeli tas. Ao mesmo tempo, concorre para
essa convicção a presença ativa dos Sacerdotes , empregando chifres de carneiro a
guisa das trombetas que se usavam em solenidades religiosas (Lv 25,8 -10) e como
sinal de partida para os combates (Nm 10,1 -10): inegavelmente, é uma ―guerra
consagrada ou santa‖:
―O ra , J e r i có e s t ava r i g or os amen te f ech ad a p or cau sa d os f i lh o s d e Is ra e l ; n in gu ém sa í a , n em en t rava . En t ão , d i s s e Iah weh a Josu é : O lh a , en t r egu ei n a t u a
mão J e r i có , o s eu r e i e os s eu s gu er r e i r os . V ós , t od os o s comb a ten t es , r od ea r e i s
a c id ad e , cercan d o -a u ma v ez; a s s im fa r e i s p or se i s d i a s . Se t e sace rd ot es l eva rã o s e t e t r omb eta s d e c h i f r e d e ca rn ei r o ad i an t e d a Arca ; n o s é t im o d i a ,
rod ea r e i s a c id ad e s e t e v eze s , e os sac erd ot es t oca rão a s t romb eta s . E , t ocan d o -
se c om f rag or a t r omb eta d e ch i f re d e ca rn ei r o , ou vin d o vó s o t oq u e d e la , t od o o p o v o p ro r r omp erá f or t e g r i t o d e gu er ra , a s mu ra lh as d a c id ad e ca i rã o , e o
p ov o su b i rá , c ad a u m d o lu ga r em q u e es t i ve r p a ra a f r en t e . ‖ ( J s 6 ,1 -5 )
Josué, ao comando da operação, passa as normas recebidas com mais
detalhes aos Sacerdotes que conduziam a Arca da Aliança em torno das muralhas
de Jericó tocando o chifre a cada dia e tendo à frente os guerreiros armados. Fez
isso durante seis dias consecutivos e no sétimo dia a cidade foi contornada sete
vezes e todo o povo proferiu um uníssono e forte clamor (Nm 10,9) , concomitante
ao toque das trombetas de chifre, e as muralhas ruem (Js 6,6 -16.20) e a cidade é
tomada:
15
―E su ced eu q u e , n a s é t ima v ez , q u an d o os Sac erd ot e s t ocavam as t r omb eta s ,
d i s se Jo su é ao p o vo : Gr i t a i , p orq u e Iah weh v os en t r eg ou a c id ad e ! P or ém a
c id ad e se rá i n t erd i t ad a a Iah weh , e la e t u d o q u an to n e la h ou v er . S om en t e v i v erá
Rah ab , a p ros t i t u t a , e t od os os q u e es t i v e r em com e la em casa , p orq u e ocu l t ou os m en sag ei ro s q u e en vi amo s . Tã o so m en te gu a rd a i -v os d as co i sa s i n t erd i t ad as ,
p a ra q u e , s en d o e la s i n t erd i t ad as , n ão a s t o m ei s ; e a s s im to rn ei s i n t erd i t o o
acamp amen to d e Is ra e l e ca u sem a su a d es graça . P or ém tod a p r a t a , e ou ro , e u t en s í l i os d e b ron ze e d e f er r o sã o con sa grad os a Iah weh ; i rã o p a ra o s eu
t es ou r o . Gr i t ou , p o i s , o p o vo , e os Sac erd ot es t oca ram as t romb eta s . Ten d o
ou vid o o p o vo o s on id o d a t ro mb eta e l evan t ad o g r an d e g r i t o , ru í ram as mu ra lh as , e o p ov o su b iu à c id ad e , cad a q u a l em f r en t e d e s i , e a t omaram.‖ ( J s
6 ,1 6 -2 0 ) .
Dentre as determinações de Moisés destacava -se uma destinada ao
procedimento com respeito às localidades objeto de conquista. Antes de aplicar o
Interdito oferecer -se-á a paz. Essa paz traduz o buscado na Missão de Israel com
a conversão do povo vencido, pela derrota do seu deus, passando a servir com
trabalhos forçados aos Israeli tas. Essa regra, com sentido aparentemente
humanitário, só admitia exceção para aqueles povos que habitavam o terri tório
cananeu, pelo perigo do contagio que significavam para a pureza e fidelidade do
Israeli ta à Aliança com Iahweh. Nesse tempo da Conquista da Terra Prometida
era usual entre os povos o que os Israeli tas denominaram de interdito na
concepção sagrada das guerras de então em que os deuses dos povos encabeçavam
as batalhas. Tudo aquilo que se opôs ao novo deus vitorioso, necessariamente e
por segurança religiosa e nacional, deveria ser erradicado definit ivamente. O
interdito era uma insti tuição que retirava as pessoas ou coisas do domínio
humano passando ao de Iahweh seja pelo extermínio total (Lv 27,29 / Nm 21,2 /
Dt 7,1-10; 13,13-17), seja também, como consagração ao culto (Lv 27,28)
entregando-se ao tesouro do Templo (Js 6,18 -19) os materiais ou coisas de valor
encontradas. É o perigo que significava para o Israeli ta a influência de cultos
pagãos ou ainda uma apostasia a deuses a quem dirigiam os gentios suas
reivindicações supersticiosas para a fert i l idade do solo, a ponto de lhes
oferecerem em sacrifício os próprios fi lhos, a prática da prosti tuição sagrada e
outras aberrações:
―Qu an d o Iah weh , t eu Deu s , t e i n t rod u zi r n a t e r ra a q u a l p a ssa s a p ossu i r , e
t i ve r lan çad o mu i t a s n açõ es d e d i an t e d e t i , ( . . . ) s e t e n açõ es ma i s n u m er osas e ma i s p od e r osas d o q u e t u ; e Iah weh , t eu D eu s , a s t i v er d ad o a t i , p a ra a s f e r i r ,
t o t a lm en t e a s d es t ru i rá s ; n ão fa rá s com e la s a l i an ça , n em t erá s p i ed ad e d e la s ;
n em c on t ra i rá s ma t r im ôn io c om os f i lh os d essa s n açõ es ; n ão d a rá s t u a s f i lh a s a seu s f i lh os , n em t omará s su as f i lh a s p a ra t eu s f i lh os ; p o i s e la s fa r i am d es v i a r
t eu s f i lh os d e mim, p a ra q ue s er v i s s em a ou t r os d eu s es ; e a i r a d e Iah weh se
acen d e r i a con t ra vó s ou t r os e d ep r essa vo s d es t ru i r i a . P o rém ass im lh es fa r e i s : d er r i b a r e i s os s eu s a l t a r e s , q u eb ra r e i s a s su as c o l u n as , co r t a r e i s os seu s t r on cos
sagrad os e q u eima r e i s a s su a s imag en s d e e scu l t u ra‖ (Dt 7 ,1 -5 ) .
Em conformidade com essa determinação e identificando -se coerentemente
com essa teologia, Jericó foi totalmente votado ao interdito, poupando-se apenas
Rahab e seus familiares. Além do fato do interdito na guerra ter sempre um
sentido religioso destinando-se entre Israeli tas a Iahweh (Dt 13,16 / 1Sm 15,1 -3),
como despojo ou oferenda, significava essa interdição que se erradicava o
paganismo e toda a sua forma de culto e devoção a deuses sem vida. Erradicavam
os pagãos e os seus sacrifícios e aberrações para que Iahweh ocupasse todo o
espaço conquistado, fato traduzido pela retirada de Rahab e seus familiares.
Rahab, convertida, casar -se-á com um Israeli ta chegando à glória de ter
por descendente o próprio Jesus (Mt 1,5). A erradicação foi para sempre, pelas
maldições devotadas a quem restaurasse a cidade de Jericó, o que seria uma
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apostasia em face do juramento, ―. . . diante de Iahweh . . .‖, fei to por todo o povo
numa celebração solene. Essa maldição irá se consumar no tempo do reinado de
Acab, em Israel do Norte, na fort if icação do local por Hiel de Betel , com isso
perdendo o seu fi lho primogênito e o fi lho mais moço durante a restauração
condenada (1Rs 16,34):
―Tu d o q u an to n a c id ad e h avi a d es t ru í ram to t a lm en t e a f i o d e e sp ad a , t an to
h omen s c om o mu lh er e s , t an to m en in os com o v elh os , t a mb ém b oi s , o ve lh as e
j u men tos . En t ão , d i s s e J osu é a os d o i s h om en s q u e e sp i a ram a t e r ra : En t ra i n a ca sa d a mu lh er p r os t i t u t a e t i r a i -a d e lá com tu d o q u an to t i ve r , co mo lh e
j u ra s t es . En t ão , en t ra ram os j ov en s , os esp i a s , e t i r a ram Rah ab , e seu p a i , e su a
mãe, e s eu s i rmã os , e t u d o q u an to t i n h a ; t i r a ram t amb ém tod a a su a p a r en t e la e os c o loca ram em s egu ran ça fo ra d o acamp am en to d e Is r ae l . Po r ém a c id ad e e
t u d o q u an to h avi a n e la , q u eimaram -n o; t ão s om en te a p ra t a , o ou ro e os
u t en s í l i os d e b r on ze e d e f e r r o d e ram p a ra o t es ou r o d a Casa d e Iah weh . Mas Josu é con s e r vou c om vid a a p ros t i t u t a Rah ab , e a ca sa d e seu p a i , e t u d o q u an to
t i n h a ; e h a b i t ou n o m ei o d e Is ra e l a t é a o d i a d e h o j e , p orq u an to esc on d e ra os
men sa g ei r os q u e Jo su é en vi a ra a esp i a r J er i c ó . Naq u e l e t emp o, Josu é f ez o p o v o
j u ra r e d i ze r : Ma ld i t o s e j a , d i an t e d e Iah weh , o h om em q u e s e l evan t a r e
reed i f i ca r e s t a c id ad e d e J e r i có ; com a p erd a d o s eu p r imog ên i to lh e p orá os
fu n d amen tos e , à cu s t a d o ma i s n ovo , a s p o r t a s . Ass i m, es t ev e Iah weh com Josu é; e co r r i a a su a fa ma p o r t od a a t e r ra‖ ( J s 6 ,2 1 -2 7 ) .
―.. . Josué fez o povo jurar e dizer: Maldito seja, diante de Iahweh, o
homem que se levantar e reedificar esta cidade.. .‖ / ―Tão somente guardai -vos das
coisas interditadas, para que, sendo elas interditadas, não as tomeis; e assim
torneis interdito o acampamento de Israel e causem a sua desgraça‖ / ―. . . tão
somente a prata, o ouro e os utensíl ios de bronze e de ferro deram para o tesouro
da Casa de Iahweh‖ – Essas frases mostram a gravidade com que se encarava uma
Interdição Sagrada , cujos efeitos danosos atingiriam aqueles que o
desrespeitassem. Não se tratava de uma disposição cruel e manada diretamente de
Iahweh, mas a imposição cultural de séria e indeclinável medida de segurança da
integridade moral e física de todos os novos habitantes do terri tório em
conquista. Nessa condição religiosa da guerra santa, a interdição é a separação
para Iahweh, votando-se à destruição os habitantes, todos os bens e até mesmo os
rebanhos (Lv 27-29 / Dt 13,16 / 1Sm 15,1 -3).
Tal como na passagem do Mar Vermelho, muita tentativa se fez e se faz
para uma explicação plausível para ambos os fatos milagrosos da passagem do
Jordão a seco e essa queda das muralhas de Jericó com o que Iahweh engrandeceu
Josué (Js 1,5 e 6,27). Da mesma forma que lá aqui também é claro que o
nacionalismo israeli ta até mesmo pode ter influenciado e tornado mais épica a
narrativa de um combate havido (Js 24,11). Porém, o fato que se torna
indiscutível é ter sido Jericó conquistada (Js 24,11 / 2Mac 12,15 / Hb 11,30) ao
comando de Iahweh dos Exércitos , cognome que recebe por ser o comandante
significado na Arca da Aliança, que segue à frente das guerras santas vencidas
por Israel (1Sm 1,3.11 / 2Sm 6,2.17 -18).
6.1.6. - O CONFLITO DE HAI.
Outra localidade se interpõe no trajeto de Israel e Josué envia batedores
antes de qualquer outra providência, culminando, porém na primeira derrota
sofrida pelos Israeli tas, por imprudência e presunção, não tendo consultado
Iahweh como de costume:
―En vi ou , p o i s , Jo su é , d e J e r i có , a l gu n s h omen s a Ha i , p er t o d e B et - Áv en , ao
or i en t e d e Bet e l , d i zen d o - lh es : Su b i e esp i a i a t e r ra . S u b i ram, p o i s , aq u el es
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h omen s e esp i a ram Ha i . E v o l t a ram a Jo su é e lh e d i s s er am: Não su b a t od o o
p ov o; su b am u n s d o i s ou t r ê s mi l h o men s , a f er i r Ha i ; n ão fa t i gu ei s a l i t od o o
p ov o, p o rq u e sã o p ou c os os i n imigos . Ass im, su b i ram lá d o p o vo u n s t r ês mi l
h omen s , os q u a i s fu g i ra m d i a n t e d os h om en s d e Ha i . Os h omen s d e Ha i f e r i ram d el e s u n s t r i n t a e s e i s , e ao s ou t r os p er s egu i ram d esd e a p or t a a t é à s p ed r e i ra s ,
e o s d er r o t a ram n a d esc id a ; e o c oraçã o d o p ov o s e d e r r e t eu e s e t o rn ou com o
águ a‖ ( J s 7 ,2 -5 ) .
Foi um desastre, a ponto do ― . . . coração do povo se derreteu e se tornou
como água‖! – em outras palavras, ―acovardou -se totalmente, dominados pelo
medo‖, sentindo -se abandonado por Iahweh. Outra coisa não significava que o
fim de tudo, pelo que Josué e os anciãos vão se penitenciar e m nome de todo o
povo de maneira idêntica a que Moisés fizera (Ex 32,11 -13 / Nm 14,13-16 / Dt
9,26-29). Busca o socorro de Iahweh em frente da Arca para uma solução
percebendo-se que algo de errado e muito sério havia, a ponto de se comprometer
com essa derrocada, o nome de Iahweh, que é o comandante dos Israeli tas, se bem
que a presença da Arca não foi mencionada:
―En tão , Jo su é ra s g ou a s su as v es t es e s e p ro s t r ou em t er r a sob r e o r os t o p eran t e
a a rca d e Iah weh a t é à t a rd e , e l e e os an c i ãos d e Is ra e l ; e d e i t a ram p ó s ob r e a cab eça . Di ss e Jo su é : Ah ! Iah weh D eu s , p or q u e f i zes t e e s t e p ov o p assa r o
Jord ã o ? Te r i a s i d o p a ra n os en t r ega r n as mã os d os amor r eu s e n os fa zer
p er ec er ? Me lh o r n o s s e r i a c on t en t a rm os em f i ca r a lém d o Jo rd ão . Eu su p l i co , Iah weh , q u e d i r e i ? P oi s Is rae l v i r ou a s cos t a s d i an t e d os s eu s i n imig os !
Ou vin d o i s t o os can an eu s e t od os os m o rad or es d a t e r ra , n os c e rca rã o e
d esa r ra iga rão o n o ss o n om e d a t e r ra ; e , en t ão , q u e fa rá s ao t eu gran d e n om e?‖ ( J s 7 ,6 -9 )
O narrador já antecipara uma espécie de justif icativa para o fracasso,
apresentando uma introdução a propósito (Js 7,1), em que o apresenta como o
resultado da violação do preceito de ―não se tomar coisa alguma interditada,
movidos pela cobiça; e assim tornar interdito o acampamento de Israel e causar a
sua desgraça‖ (Js 6,18 / cfr . Dt 7,25). Um membro da comunidade apropriou -se
de alguns objetos preciosos e os escondeu em sua tenda, violando a interdição
que o obrigava a não se apoderar deles, sem contaminar todo o acampamento. Foi
um ato de insubordinação contra Iahweh, verdadeira apostasia, rompendo -se a
Aliança e contaminando-se todo o acampamento com a impureza do objeto de
culto pagão. Agravar -se-ia mais ainda a insubordinação pela solidariedade de
todos com o ato de um só, no caso de impun idade do faltoso, só sanável com a
sua morte em reparação e punição (Dt 7,26; 13,18; 20,16 -18 / Lv 27,28 / Js 6,17).
Identificava-se o ato de um só como do todo em virtude do conceito de
nacionalidade e unidade vigente na cultura de então, acreditando que o ato
isolado individual at inge o todo por seus efeitos maléficos, como o próprio
Iahweh já prescrevera. Houve também alguma indiferença e menosprezo de Josué
e do povo não se tendo invocado ou consultado Iahweh para a conquista de Hai,
confiando-se apenas e demasiadamente nas próprias forças:
―P r eva r i ca ram os f i lh os d e I s ra e l n a s co i sa s i n t erd i t ad as ; p orq u e Acan , f i lh o d e
Carmi , f i lh o d e Zab d i , f i lh o d e Ze rah , d a t r i b o d e Ju d á , t omou d as co i sa s i n t erd i t ad as . A i ra d e Iah weh in f lamou - se c on t ra os f i lh os d e Is ra e l‖ ( J s 7 ,1 ) /
―En tão , d i s s e Iah weh a J osu é : Lev an t a - t e ! P or q u e es t á s p ros t rad o a ss im sob r e o
ros t o ? Is ra e l p ec ou , e v io la r am a min h a a l i an ça , aq u i lo q u e eu lh es ord en a ra , p o i s t omaram d as co i sa s i n t e rd i t ad as , e fu r t a ram, e d i s s imu la ram, e a t é d eb a i x o
d a su a b agagem o p u s era m. P e lo q u e os f i lh o s d e Is ra e l n ão p u d eram r es i s t i r aos
seu s i n imig os ; v i ra ram as cos t a s d i an t e d e l es , p o rq u an to Is ra e l s e f i zera con d en ad o; j á n ão se r e i con vo sco , s e n ão e l imin a rd es d o v oss o m eio a c o i sa
rou b ad a . Di sp õ e - t e , san t i f i ca o p o vo e d i ze : San t i f i ca i -v o s p a ra aman h ã , p orq u e
a ss im d i z Iah weh , Deu s d e Is ra e l : Há co i sa s i n t erd i t a d as n o voss o m eio , ó Is ra e l ; aos vo ss os i n imigos n ão p od er e i s r e s i s t i r , en q u an to n ão e l imin a rd es d o
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vo ss o m eio a s c o i sa s i n t e rd i t ad as . Pe la man h ã , p o i s , v os ch ega r e i s , s egu n d o a s
vo ssas t r i b os ; e s erá q u e a t r i b o q u e Iah weh d es i gn a r p or s or t e s e ch ega rá ,
segu n d o a s famí l i a s ; e a fam í l i a q u e Iah weh d es i gn a r s e ch ega rá p or ca sa s ; e a
ca sa q u e Iah weh d es ign a r s e ch ega rá h om em p or h om em. Aq u e l e q u e f o r ac h ad o com a c o i sa i n t e rd i t ad o s e rá q u eimad o, e l e e t u d o q u an to t i ve r , p o rq u an to
v io lou a a l i an ça d e Iah weh e com eteu u ma in fâmia em Is ra e l‖ ( J s 7 ,1 0 -1 5 ) .
Além de se enquadrar dentro das normas legais e culturais da época,
Iahweh estabelece especificamente para Jericó os seguintes preceitos que foram
violados, t ipificando o rompimento com a Aliança contraída solenemente no Sinai
e ratif icada em Moab:
―Tã o s om en t e gu a rd a i -v os d as co i sa s i n t e rd i t ad as , p a ra q u e , s en d o e la s
i n t erd i t ad as , n ão a s t om ei s ; e a s s im t orn ei s i n t e rd i t o o a camp amen to d e Is rae l e
cau sem a su a d es graça‖ ( J s 6 ,1 8 ) / ― . . . t ão so men t e a p ra t a , o ou r o e os u ten s í l i os d e b r on ze e d e fe r ro se rã o con sa grad os a Iah weh e en t ra rão n o
t es ou r o d e Iah weh ‖ ( J s 6 ,1 9 ) .
―Aq u e le q u e fo r ach ad o co m a co i sa i n t erd i t ad o s e rá q u eimad o, e le e t u d o
q u an to t i ver , p o r t e r v io lad o a Al i an ça d e Iah weh e co m et id o u ma in fâmia em
Is ra e l‖ – v i o la r a Al i an ça d e Iah weh era c on d en a r Is ra e l à i n fâ mia , cau san d o -lh e o ab an d on o a su a p róp r i a sor t e , n ão ma i s con t an d o com a p res en ça d a Arca
n o coman d o, e sem Iah weh s ó lh e ad vi r i a a d e r r o t a . In fâ mia em Is rae l é t od o a t o
q u e con t ra r i a a Al i an ça , p r i n c ip a lmen t e c on t ra a l e i d iv in a , a mora l , os cos tu m es , p r i n c ip a lm en t e o d ecá lo go ( Gn 3 4 ,7 / J z 1 9 ,2 3 -2 4 / 2 Sm 1 3 ,1 2 / Dt
2 2 ,2 1 ) . Da í a su a n ec essá r i a e i n d i sp en sá v e l e r rad i cação p l en a d a comu n id ad e , n ão ma i s a c on t amin an d o com a imp u r eza q u e ad q u i r i ra , l i v ran d o -s e a s s i m o
acamp amen to d a ma ld i ção e d a In fâmia ad vin d a . Iah weh d et e rmin a q u e o
cu lp ad o s e j a l oca l i zad o p or sor t e , con f o rm e s e p r a t i cava (1 Sm 2 ,2 8 ; 1 0 ,2 0 -2 1; 1 4 ,1 8 .3 6 -4 2 ) e r ec eb a n e l e a i n t erd i ção a q u e fo ra c on d en ad a Je r i có . Fei t o o
sor t e i o ( J s 7 ,1 6 -2 3 ) , d esc o b r iu -se o r esp on sáv e l , Aca n , q u e con f e ssou , e ,
j u n t amen te com tod o s os seu s fami l i a r es e p er t en ces , f o ra m lap id ad os , q u eima d os e s o t er rad os (N m 1 6 ,3 0 -3 2 ) , p un i ção es t a d es t i n ad a a c r imes
d i re t am en te r e lac i on ad os co m a f i d e l i d ad e à Lei d e Ia h weh ( Lv 2 0 ,2 / 1Rs
2 1 ,1 0 ) :
―En tão , J osu é e j u n to com tod o o Is ra e l t oma ram Acan , f i lh o d e Ze rah , e a
p ra t a , e a man ta , e a b a r ra d e ou r o , e s eu s f i lh os , e su as f i lh a s , e s eu s b o i s , e seu s j u men to s , e su as o v elh as , e su a t en d a , e t u d o q u an to t i n h a e l eva ram -n os
ao va l e d e Ac o r . Di s s e J osu é : P or q u e n o s t rou x es t e a d es graça ? Iah weh , h o j e ,
t e d es graça rá . E t od o o Is ra e l o ap ed r e j ou ; e , d ep oi s d e a p ed r e j á - l os , q u eimou -os . E levan t a ram s ob r e e l e u m mon tão d e p ed ra s , q u e p e rman ec e a t é ao d i a d e
h o j e ; a s s im, Iah weh ap ag ou o fu r or d a su a i ra ; p e lo q u e a q u el e lu ga r s e ch ama o
va l e d e Ac o r a t é a o d i a d e h o j e‖ ( J s 7 ,2 4 -2 6 )
Superado o impasse criado, retorna-se à conquista e se dirige a Hai, agora
em consonância com instruções, plano de ataque e comando de Iahweh levando-se
em conta a força real anteriormente desdenhada (Js 7,3) dos habitantes da
localidade e seu exército:
―Di ss e Iah weh a Jo su é : Nã o t ema n ão t e a t emo r i ze ; t om a con t ig o t od a a g en t e d e gu e r ra , e d i sp õ e - t e , e s ob e a Ha i ; o lh a q u e en t r egu ei n as t u a s mãos o re i d e
Ha i , e o s eu p ov o, e a su a c id ad e , e a su a t e r ra . Fa rá s a Ha i e a s eu r e i com o
f i ze s t e a J e r i có e a s eu r e i ; so men t e q u e p a ra v ó s ou t r os saq u ea r e i s o s s eu s d esp oj os e o s eu gad o; a rm a u ma emb oscad a con t ra c i d ad e , p or d e t rá s d e la .
En t ão , J osu é s e levan tou . . . E i s q u e v os p or e i s d e emb o scad a con t ra a c id ad e ,
p or d e t rá s d e la . . . q u an d o s a í rem, com o d an t e s , con t ra n ós , fu g i r em os d i an t e d e l e s . D ei x em o- los , p o i s , s a i r a t rá s d e n ós , a t é q u e os t i r emo s d a c id ad e;
p orq u e d i rã o : Fo g em d i an t e d e n ós co mo d an t es . Ass im, fu g i r em os d i an t e d e l es .
En t ão , sa i r e i s v ós d a emb o scad a e t oma r e i s a c id ad e; p orq u e Iah weh , v oss o Deu s , v o - la en t r ega rá n as v o ss as mão s . Ha v en d o v ós t om ad o a c id ad e , p or - lh e-
e i s fo g o; s egu n d o a p a la v ra d e Iah weh , fa r e i s ; e i s q u e v o - l o o rd en ei ‖ ( J s 8 ,1 -8 ) .
―Arma uma emboscada contra cidade, por detrás dela‖ essa estratégia,
assim planejada por Iahweh, foi posta em execução por Josué, armando a cilada
19
aos habitantes de Hai, usando a mesma manobra que lhes deu a primeira vitória.
Os Israeli tas foram ao seu encontro pela frente com um grupo de soldados e
deixando de prontidão o grosso de seu exército atrás da cidade. Saíram o rei e
todos os habitantes em perseguição aos Israeli tas que, repetindo a operação
mili tar anterior, fugiram atraindo -os para bem longe enquanto que os demais
guerreiros Israeli tas, que estavam de tocaia ocupavam e incendiavam Hai. Os que
fingiam fugir voltaram atrás e passaram a enfrentar os perseguidores junto com
os invasores , que os atacaram pela retaguarda ficando os combatentes de Hai
encurralados no meio de duas tropas, sendo então derrotados e votados ao
Interdito (Js 8,23-29).
Outra semelhança com Moisés é apresentada ao se mencionar a ordem
recebida por Josué para manter sua lança levantada, mantendo -a erguida até a
derrota final . Da mesma forma que Josué presenciou a maldição de Moisés a
Amalec ele mesmo agora amaldiçoa Hai, apontando -lhe a lança (Js 8,18-19.26/Ex
17,10-13), a derrota , conquista–a e a reduz a ruínas, enforcando o seu rei (Js
8,26-29).
6.1.6.1 – A CONSAGRAÇÃO DA CONQUISTA.
Josué passa à Renovação da Aliança e às determinações d e Moisés para se
efetivarem tão logo penetrada a Terra Promet ida. Consagra-a e santifica-a por um
Sacrifício de Comunhão (Dt 27,7) e fixa em pedras a Lei de Iahweh para vigorar
sempre no terri tório. É a consolidação definit iva de Iahweh como o Deus de
Israel , em se apossando do terri tório, glorificando para sempre n a História a Sua
presença e santificando a operação pelo Sacrifício (Dt 11,26 -32; 27,2-8). Erige
um Altar tal como ordenado no Sinai, ―com pedras não lavradas para que o cinzel
não as profanasse‖ (Ex 20,25), onde todos ―comem alegrando -se diante de
Iahweh‖ (Dt 27,7). Também, ―escreveu sobre pedras uma cópia da Lei de
Moisés.. . , depois leu todas as palavras da Lei. . . palavra alguma houve que Josué
não lesse‖, metade do povo diante do Monte Ebal outra metade em frente ao
Garizin, ―como Moisés, servo de Iahweh, outrora, ordenara que fosse abençoado
o povo de Israel‖ (Js 8,30-35). Bênção é aquele insti tuto da Criação incorporando
as coisas ou os seres com a fecundidade e desenvolvimento harmônicos conforme
os desígnios de Deus (cfr . Gn 1,22.28); santificando (Gn 2,3) assim todo o povo
tão logo penetre no terri tório, ainda em conquista, já antecipando o sucesso do
empreendimento.
O Monte Ebal e o Monte Garizin são dois pólos centrais na História de
Israel compondo a História da Salvação (Jo 4,20 -42) . Geograficamente, esses
dois montes se si tuavam ao norte e ao sul de Siquém, local de importância ao
culto Israeli ta além de Betel , e se tornaram Santuários, conforme tradição
advinda dos Patriarcas (Gn. 12,6 -7; 13,3; 28,18-19; 33,17-20; 35,2-4). Em ambos
os locais Abraão (ainda com o nome Abrão) , quando de sua conversão, erigiu um
Altar a Iahweh (Gn 12,6.8); Jacó, enterrou os deuses pagãos em Siquém, optando
definit ivamente por Iahweh, erigindo-LHE um Altar em Betel (Gn 35,2 -7) ,
localidades da região; e, Josué e o Povo de Israel , ao término da campanha aí
farão a opção definit iva por Iahweh (Js 24,15.25-27). Também, nesse local já
sagrado e santificado , se dará o encontro de Jesus com a Samaritana, com a
conversão dela, a quem se revela o Ungido, o Messias ou o Cristo (Jo 4,20-25.28-
30.39-42), e anuncia a Renovação da Eterna Aliança que implanta:
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―Mas v em a h ora e é ag o ra , n a q u a l o s v e rd ad ei ros ad o rad or es ad o ra rã o o Pa i
em esp í r i t o e ve rd ad e; t a i s são , c om ef e i t o , o s ad orad or es q u e o Pa i p rocu ra‖
( Jo 4 ,2 3 ) .
6.1.7. OS GABAONITAS.
Todos esses acontecimentos se propagaram por toda a região e os seus
habitantes entenderam o significado de todos os atos praticados. Compreenderam
que os Israeli tas a estavam conquistando e dela se apropriando sob o comando de
seu Deus Iahweh, que marchava à frente do Seu exército identificado na Arca da
Aliança. Votando as conquistas ao interdito demonstrava a instalação de um
Reino de Iahweh , ―o deus ciumento‖ (Dt 4,24), que não aceitava em seu domínio
a adoração de outro deus ou deuses. Possuídos pelo temor, alguns se coligaram
com a finalidade de se defender, derrotá -los e expulsá-los do terri tório. Não se
pode deixar de perceber nesta providência a influência cultural de uma coligação
dos seus deuses contra Iahweh, o Deus de Israel , já que a guerra de um povo era a
guerra de seu deus.
O povo de uma região próxima, um grupo dist into que habitava em Gabaon,
Cafira, Berot e Cariat -Iarim (v. 17), os gabaonitas, ouvindo a mesma notícia
temeu em face do poderio de Israel , mas não se uniu aos demais. Ao invés de
deflagrarem uma guerra aos invasores preferiram organizar uma comitiva e,
ardilosamente, dizendo-se de um país distante, conseguiram firmar um Tratado ou
Aliança e se unir a Josué. O fundamento da astúcia usada foi a narrativa bem
detalhada das vitórias de Iahweh desde o Egito (Js 9,9 -10). Convencido, Josué
prestou-lhes um juramento de paz poupando -os do Interdito. A refeição comum
das provisões gabaoni tas selou a Aliança (Gn 31,46s) feita sem uma consulta a
Iahweh, a que o narrador atribui redundar em grave erro pelo descumprimento de
uma das prescrições da Aliança de Iahweh (Ex 23,32-33; 34,12 / Js 9,14-18).
Descoberta a trama, e apesar da astúcia usada não se pôde deixar de cumprir o
compromisso de paz inviolável pelo juramento. Passar am a viver entre os Filhos
de Israel reduzidos à condição social de ―escravos, rachadores de lenha e
carregadores de água para toda a comunidade e para o Altar de Iahweh‖ (vs. 21 e
27), conforme decisão geral que , após séria admoestação, foi ratif icada por Josué
(Js 9,16-21.23.27):
―Ch amou - os J osu é e d i s s e - l h es : P o r q u e n os en gan as t e s , d i zen d o : Hab i t amos
mu i l on g e d e v ós , s en d o q u e v i v e i s em n os so m eio ? Ag or a , p o i s , so i s ma ld i t os ; e d en t re v ós n u n ca d e ixa rá d e h av er esc ra vo s , r ach ad or es d e l en h a e t i r ad o r e s
d e águ a p a ra a ca sa d o meu D eu s . En t ão , resp on d e ram a Josu é : É q u e se
an u n c iou aos t eu s s er v os , c om o c er t o , q u e Iah weh , t eu D eu s , o rd en a ra a seu se rv o Moi s és q u e v os d ess e t od a es t a t e r ra e d es t ru í s s e t o d os os m o rad or es d e la
d i an t e d e vós . P or i s s o , t eme m os mu i to p o r n ossa v id a p or cau sa d e vós e f i zem os a ss im. E i s q u e es t a mos n a t u a mão; t r a t a -n os s egu n d o t e p a r ec er b om e
re t o . Ass im lh es f ez e l i v rou - os d as mã os d o s f i lh os d e Is ra e l ; e n ão os
ma ta ram. Naq u e l e d i a , J osu é os f ez rach ad or es d e l en h a e t i r a d or es d e á gu a p a ra a con gr egação e p a ra o Al t a r d e Iah weh , a t é a o d i a d e h o j e , n o lu ga r q u e D eu s
esc o lh ess e‖ ( J s 9 ,2 2 -2 7 ) .
Dentre os que habitavam a região, ―. . . cinco reis dos amorreus.. .‖
coligaram-se para a retomada de Gabaon, a recuperação da posição estratégica
perdida em virtude dessa Aliança recém contraída e impedir assim o avanço de
Josué. Estando sob a proteção de Israel , nos termos do juramento, os gabaonitas
clamaram por Josué para socorrê -los. Atendendo-os, Josué ataca de surpresa os
agressores e ― Iahweh os derrotou diante de Israel , e os feriu com grande matança
em Gabaon, e os foi perseguindo pelo caminho que sobe a Bet -Horon, e os
21
derrotou até Azeca e Makeda‖ e ― . . . fez Iahweh cair dos céus sobre eles grandes
pedras, até Azeca, e morreram. Mais foram os que morreram pelo granizo do que
pela espada dos fi lhos de Israel‖ (Js 10,1 -11). Narra-se a seguir , ao que se diz
transcrito do ―Livro do Justo‖ (Js 10,13b) um fenômeno inexplicável e até mesmo
inaceitável pelas leis f ísicas. Iahweh ―obedece‖ a ordem de Josué para ―parar o
sol , e a lua‖, para assim aumentar o dia facil i tando a vitória:
―En tão , J osu é fa lou a Iah weh , n o d i a em q u e Iah weh en t reg ou os am or r eu s n as mãos d os f i lh os d e Is ra e l ; e d i s se n a p r es en ça d o s i s rae l i t a s : So l , d e t ém - t e em
Gab a on , e t u , lu a , n o va l e d e Aia lon . E o so l s e d e t ev e , e a lu a p a rou a t é q u e o
p ov o s e v in gou d e s eu s i n imigos . Nã o e s t á i s t o esc r i t o n o Liv ro d os Ju s t os ? O so l , p o i s , s e d e t ev e n o m eio d o céu e n ão s e ap r es sou a p ôr - s e , q u as e u m d i a
i n t e i ro . ―Não h ou v e d i a s em e lh an t e a e s t e , n em an t e s n em d ep oi s d e l e , t en d o
Iah weh , a s s im, a t en d id o à vo z d e u m h o m em; p o rq u e Iah weh p e l e j ava p or Is ra e l . Jo su é e t od o o Is ra e l v o l t a ram a o acamp amen to em Gá lga l‖ ( J s 1 0 ,1 2 -
1 5 ) .
Tão logo vencedor ―Josué e todo Israel voltaram ao acampamento em
Gálgal‖ (Js 10,15) / cfr . tb ―Js 10,43: Então, Josué com todo Israel voltou ao
acampamento em Gálgal‖ (cfr . tb.: Js 4.19s / 5,2 -9 / 9,6 / 10,7.15.43) – Gálgal
[em hebraico Guilgal e em grego Galiléia (compare -se em ambas as versões o
trecho em Js 12,23, em que o Guilgal hebreu é vertido na Septuaginta para
Galiléia)] , vai se tornando um centro regional, rel igioso, administrativo e de
operações mili tares de Josué. Ali se estrutura toda a conquista da Terra
Prometida, do Sul e do Norte, de lá s e parte e para lá se retorna e vai projetar -se
no ponto culminante da História da Redenção do Homem, ou História da
Salvação. Jesus, cujo nome é o mesmo Josué, vai se si tuar, como informam os
Evangelhos Sinópticos na Galiléia, de onde também parte para a d ifusão do Reino
de Deus. Da mesma forma o Livro dos Atos dos Apóstolos, seguindo de perto este
esquema, fará de Antioquia (At 13,1 -4 / 15,35-36 / 18,22-23) o centro irradiante
das viagens de São Paulo, f inalizando em Jerusalém e daí em Roma a
consolidação do Reino de Deus, de que a Terra Prometida foi f igura. Outro fato
significativo é a menção do Mar de Quinerot (Js 12,3), que veio a ser no Tempo
de Jesus o Lago de Genesaré (Lc 5,1) ou Tiberíades (Jo 21,1), e do Mar Salgado
(Js 12,3) que virá a ser o Mar Morto, fatos que confirmam o nome da região, dado
pela versão dos LXX, de Galiléia como tradução de Guilgal .
Várias são as tentativas de explicações do fenômeno do sol e a lua terem
deixado o seu movimento normal, f icando parados até que a luta terminasse.
Inuti lmente, porém: qualquer solução encontrada fica dependendo de outra
explicação para um tipo diferente de fenômeno que se apresenta, ou se modifica o
contexto, oferecendo-se outra narração. As hipóteses se avolumam, mas não
existe solução, a não ser que se faça um deslocamento cultural ao tempo e
verificar casos semelhantes que caracterizam a presença de Iahweh na defesa de
Israel , o Povo Eleito. Lendo o Cântico de Débora (Jz 5,2-31) , e outros hinos,
verificam-se metáforas muito semelhantes . Indica iss o que se trata da maneira
poética de se exprimir ao se narrar uma epopeia guerreira, culturalmente
condicionada à mentalidade e conhecimentos pertinentes à época. Compara -se o
poder de Iahweh com as manifestações incompreensíveis ao tempo, das forças da
natureza, e como elas, também misteriosas, identificando -O, e exprimindo-O:
―En tão , d esc eu o r es t an t e d o s n ob r es , o p ov o d e Iah weh em m eu au xí l i o c on t ra
os p od er os os . . . ‖ ( . . . ) ―D o a l t o d os c éu s comb a te ram as es t re la s , d e su as órb i t a s
p el e j a ram con t ra S í sa ra ‖ ( . . . ) ― . . . Amald i ç oa i a Mero z , d i z o An jo d e Iah weh , ama ld i çoa i d u ram en te o s s eu s mo rad or es , p o rq u e n ã o v i e ram em s oco r r o d e
22
Iah weh , em s oco r r o d e Iah weh e s eu s h e r ó i s . . . ‖ ( . . . ) . . . ― . . . Ass im, ó Iah weh ,
p er eçam tod os os t eu s i n imigos ! P or ém os q u e t e ama m b r i lh am com o o so l
q u an d o se l evan t a n o s eu es p len d o r . E a t e r ra f i c ou em p az q u a ren t a an os‖ ( J z
5 ,1 3 .20 .2 3 .3 1 / c f r . t b . 1 Sm 7 ,1 0 ) / ―Tr o v ejou , en t ão , Iah weh , n os c éu s ; o Al t í s s imo l evan tou a v o z , e h ou v e g ran i zo e b ra sa s d e f og o . D esp ed iu a s su as
se t a s e esp a lh ou os m eu s i n imigo s , mu l t i p l i c ou os s eu s ra ios e o s d esb a ra t ou .
En t ão , se v iu o l e i t o d as á g u as , e s e d escob r i ram os fu n d amen tos d o mu n d o, p e la t u a rep r een são , Iah weh , p e lo i ro so r es fo lga r d as t u a s n a r in as‖ (S l 1 8 ,1 3 -
1 5 ) .
O que se pode constatar é a presença de tais perturbações da normalidade
nos fenômenos atmosféricos ou físicos quando Iahweh combate por Israel ou o
protege ou cumpre a Aliança. Observa -se facilmente que isso acontece já quando
da l ibertação do Povo dos Filhos de Jacó do Egito c om as pragas do granizo (Ex
9,13-26) e das trevas (Gn 10,21 -23), para se mencionar apenas algumas
semelhantes. Também, várias outras demonstrações quase iguais, a começar com
o episódio da Passagem do Mar Vermelho (Ex 14,15 -31), a Teofania do Sinai (Ex
19,16-25), o fogo que devorou Nadab e Abiú (Lv 10,1 -2) , a terra consumindo
Coré, Datan, Abiran e os seus familiares e bens (Nm 16,31 -35), a vara de Aarão
(Nm 17,16-25), a jumenta de Balaão (Nm 22,27 -35), a água do rochedo, o Maná e
as Codornizes (Ex 16,1 -17,7) , a passagem do Jordão ―a pé enxuto‖ (Js 3,14 -17), a
queda das muralhas de Jericó (Js 6,20 -21) etc. .
Conclui -se então ser o modo do hagiógrafo retratar o Poder e a Glória de
Iahweh a partir das le is da natureza incontroláveis pelo homem, mas submissas a
um simples comando de Deus, geralmente em favor de Seu Povo e Seus
Desígnios. Que esses acontecimentos se integraram na História de Israel é
inegável tendo sido retratados como epopéias comemorativas , onde enaltecem a
Glória de Iahweh e o comando vitorioso de Josué da ―guerra de Iahweh‖ (Eclo 46,
1-6.3). Situam-se na mesma perspectiva o uso que os Profetas fazem em suas
admoestações dos astros como sinais escatológicos ( Is 13,9 -10; 34,4; 38,8 / Am
8,9 / J l 3,1-5; 2,10-11; 4,15) ou de Teofania. Mesmo os sina is apontados por São
Pedro, como o Anúncio do Dia de Iahweh, no dia de Pentecostes (At 2,14 -21),
bem como os oferecidos por Jesus para anunciar a Ressurreição e a destruição do
Templo pelos Romanos (Mt 24,29 -31) e no relato do fim dos tempos, apontados
como sinais escatológicos (Ap 6,12 -17). Esses dados permitem ver na narrativa
do milagre do sol e da lua uma manifestação poética e a demonstração visível da
vitória de Iahweh sobre os inimigos de Israel . Essa conclusão vai f icar mais clara
com o exame desse mesmo uso por Jesus e por Pedro já mencionados:
―Ten d o J esu s sa íd o d o t emp lo , i a - s e re t i ran d o , q u an d o s e ap ro ximara m d e l e o s
seu s d i sc íp u los p a ra lh e mo s t ra r a s c on s t ru ç õ es d o t em p lo . E l e , p o r ém, lh es d i s se : Nã o v ed es t u d o i s t o ? Em ve rd ad e v os d ig o q u e n ã o f i ca rá aq u i p ed ra
sob r e p ed ra q u e n ão s e j a d es t ru íd a . No mon te d as O l iv e i ra s , a ch ava -s e J esu s
a s sen t ad o , q u an d o se ap r ox imaram d e l e os d i sc íp u los , em p a r t i cu la r , e lh e p ed i ram : Di ze -n os q u an d o s u ced e rão e s t a s co i sa s e q u e s i n a l h av e rá d a t u a
v in d a e d a c on su mação d o s écu lo . ( . . . ) . On d e es t i v er o ca d áve r , a í se a ju n t a rão
os ab u t r es . Lo g o em s egu id a à t r i b u lação d aq u e l es d i a s , o s o l escu r ec e rá , a lu a n ão d a rá a su a c la r i d ad e , a s es t r e la s ca i rão d o f i rmam en to , e os p od er e s d os
céu s s erã o ab a lad os . En t ão , ap a rec erá n o céu o s i n a l d o Fi lh o d o H om em; t od o s
os p o vo s d a t e r ra s e lam en ta rão e v erã o o Fi lh o d o H om em vin d o s ob r e a s n u ven s d o c éu , co m p od er e mu i t a g lór i a . E e l e en vi a rá os s eu s an jos , c om
gran d e c lan g or d e t r omb eta , os q u a i s r eu n i rão os seu s esc o lh id o s , d os q u a t r o
v en tos , d e u ma a ou t ra ex t r emid ad e d os c éu s . Ap r en d ei , p o i s , a p a ráb ola da f i gu ei ra : q u an d o j á os s eu s ramo s s e r en o vam e a s fo lh as b ro t am, sab ei s q u e
es t á p r óxim o o v erã o . As s im t amb ém v ós : q u an d o v i rd es t od as es t a s c o i sa s ,
sab ei q u e es t á p r óxim o, à s p or t a s . E m ve rd ad e v os d i g o q u e n ão p assa rá es t a g eraçã o s em q u e t u d o i s t o ac on t eça‖ (Mt 2 4 ,1 -3 .2 8 -3 4 ) .
23
São Pedro vê na teofania do Dia de Pentecostes a realização desse
presságio de Jesus se manifestando, ratif icando dentre outros o Profeta Jo el. E,
na defesa dos Apóstolos acusados de embriaguez, pela manifestação do Espíri to
Santo ali ocorrida , faz uma acomodação escatológica da Profecia de Joel, qual
seja, voltada para o fim dos tempos:
J l 3 ,1 -5 a ou J l 2 ,2 8 -3 2 At 2 ,1 7 -2 1 A ―ACOMO D AÇ ÃO‖
―E a c on t ec erá , d ep oi s
d i s t o , q u e d er rama r e i o meu Esp í r i t o s ob r e t od a
a ca rn e;
E acon t ec e rá n os
ú l t imos d i a s , d i z o Iah weh , q u e d er ramar e i
d o meu Esp í r i t o s ob r e
t od a a ca rn e;
A P r of ec i a d e Jo e l r e f er i a - s e ao ―d i a d e Iah weh ‖
n o f im d os t emp os . E , Sã o Ped r o , a ap l i ca a o fen ôm en o oco r r i d o com o o ―Dia d e Je su s‖ , ―q u e
Deu s o f ez Iah weh e Cr i s t o‖ ( At 2 ,3 6 / c f r . t b . Rm
1 0 ,9 / 1Cor 1 2 ,3 / Ap 1 9 ,1 6 )
Vos so s f i lh os e v ossas
f i lh a s p ro f e t i za rão , vo ss os v e lh os
son h a rão , e v oss os
j ov en s t e rã o v i sõ es ;
Vos so s f i lh o s e vo ssa s
f i lh a s p r o fe t i za rão ,
vo ss os j ov en s t e rão
v i sõ es , e s on h a rão
vo ss os ve lh os
Jo e l con c eb e o p r of e t i za r c om o E sp í r i t o d ad o a
Moi sé s , s em exc lu são d e n in gu ém ( Nm 1 1 ,2 9 ;
1 2 ,6 ) , e com o u m fa to f i n a l ; e , Sã o P ed r o o
mos t ra j á p re s en t e n o E sp í r i t o San to .
a t é s ob r e o s esc rav os e
sob r e a s esc ravas
d er ramar e i o m eu Esp í r i t o n aq u e le s d i a s .
a t é s ob r e os m eu s
se rv os e sob r e a s
min h as ser vas d er ramar e i d o meu
Esp í r i t o n aq u el e s d i a s ,
e p r of e t i za rã o .
At é m esmo a s e sc ra vas e esc rav os t e r i am o
Esp í r i t o p r of é t i co ; e , co m Sã o P ed r o t od os os
d i sc íp u los d e Cr i s t o , f a la r i a m o q u e D eu s q u e r (= p rof e t a )
Most ra r e i p r od íg i os n o
céu e n a t e r ra : san gu e ,
fo g o e c o lu n as d e fu maça . O so l se
con v er t e rá em t r evas , e
a lu a , em san gu e, an t es q u e v en h a o gran d e e
t e r r í v e l Dia d e Iah weh .
Most ra r e i p r od íg i os em
c ima n o céu e s i n a i s
emb a ix o n a t e r ra : san gu e, fo g o e vap or d e
fu maça . O s o l s e
con v er t e rá em t r evas , e a lu a , em san gu e, an t es
q u e ven h a o g ran d e e
g lo r io so Dia d o Iah weh .
Ta l co mo em J o e l o s s i n a i s são s imb ó l i c os ,
ap res en t an d o os n a Ec on o mia c r i s t ã r ea l i zad a
q u an d o d a man i fes t ação d o Esp í r i t o San to em Pen t eco s t e s . Mas , o ―s o l n ão s e c on v e r t eu em
t revas , n em a lu a em san gu e‖ .
E acon t ec erá q u e t od o aq u el e q u e i n voca r o
Nom e d e Iah weh s erá
sa lvo‖ . .
E acon t ece rá q u e t od o aq u el e q u e i n voca r o
Nom e d o Iah weh s erá
sa lvo‖
Iah weh em J o e l s e r ea l i za n o Iah weh Cr i s t o J e su s com Sã o P ed r o .
É uma narrativa muito antiga cujo real significado teológico permanece
oculto, que também ocorre no Livro do Apocalipse, escri to para determinada
classe de lei tores que conheciam os fatos. O narrador usa a mesma forma para
expor o poder de Deus nos astros e na natureza em geral , muitos ainda
misteriosos para o homem:
―Vi q u an d o o C ord ei r o ab r iu o s ex t o s e lo , e sob r ev ei o gr an d e t e r r emot o . O s o l
se t o rn ou n eg r o c omo sac o d e c r i n a , a lu a t od a , c om o san gu e, a s e s t r e la s d o c éu
ca í ram p ela t e r ra , com o a f i gu ei ra , q u an d o ab a lad a p or v en to f or t e , d e i xa ca i r
os s eu s f i g os v e rd es , e o céu r eco lh eu -s e c om o u m p er gamin h o q u an d o se
en r o la . En t ão , t od os os m on tes e i lh a s f ora m mo vid o s d o seu lu ga r . Os r e i s d a
t e r ra , os gran d es , os c oman d an tes , os r i cos , os p od er os os e t od o e sc ra vo e t od o l i v r e s e esc on d e ram n as cav ern as e n os p en h ascos d o s mon te s e d i s s eram ao s
mon te s e a os r och ed os : Ca í sob r e n ós e esc on d ei -n os d a face d aq u e l e q u e s e
a s sen t a n o t r on o e d a i ra d o Cord ei r o , p orq u e ch eg ou o g ran d e Dia d a su a i ra ; e q u em é q u e p od e su s t er -s e?‖ ( Ap 6 ,1 2 -1 7 ) .
Finalmente, é de se destacar a orientação de não se deixar perder e prender
pela desproporção de tais narrativas, as mais d as vezes incompreensíveis e
inaceitáveis materialmente. Para o entendimento delas, como se vêm dizendo, é
24
indispensável deslocar -se abstratamente ao tempo e à cultura da época em que foi
escri ta, não a interpretando de acordo com os avanços atuais do conhe cimento.
Naqueles tempos não se t inha o conhecimento astronômico, nem físico, nem de
espécie alguma da natureza, que não adviesse dos sentidos nus, daí advindo uma
visão distorcida da realidade. Pretendeu o narrador ressaltar a Presença Dinâmica
de Iahweh em amparo ao Povo Eleito. Assim sendo, fantástica é a chuva de
granizo atingir apenas e tão somente os amorreus , fulminando-os Iahweh com o
Seu Exército de forças da natureza.
Os cinco reis fugiram e se esconderam em uma caverna de Makeda onde
ficaram trancafiados rolando-se pedras e tampando a entrada. Após a eliminação
de todos os inimigos Josué mandou retirá -los, matou-os e dependurou-os no
madeiro, não sem antes determinar que todos os ―comandantes Israeli tas
pusessem os pés sobre o pescoço deles‖ em s inal de vitória. Põe assim termo à
luta (Js 10,16-27 / 110,1; 116,12 / Is 51,23 / Gn 3,15), e os encoraja com a
afirmação solene da comprovada proteção de Iahweh. Cobriram a entrada da
caverna onde haviam se escondido e os soterrou com pedras (Js 10,25-27) ,
significando o caráter criminoso contra Iahweh, como com Acan (Js 7,26) e Hai
(Js 8,29) .
6.1.8. – A CONQUISTA DO SUL E DO NORTE.
Vencidas essas primeiras etapas prossegue Josué atacando vitoriosamente
outras localidades do Sul amparado por Iahweh, que entrega em suas mãos os
respectivos reis e a população. Aplicando-lhes o Interdito arrasa todas sem deixar
sobreviventes queimando e soterrando a tudo e a todos. A narrat iva se desenrola
mantendo sempre em evidência alguns refrãos que se repetem sis tematicamente
após a menção do rei e do povo. Josué apodera-se de Makeda e Lebna, cuja
descrição servirá de paradigma para as demais conquistas, pela repetição de
idênticos refrãos (Js 10,28-29). ―.. . feriu -a à espada, bem como ao seu rei;
destruiu-os totalmente , e a todos os que nela estavam, sem deixar nenhum
sobrevivente. Fez ao rei ( . . .) como fizera ao rei de Jericó.. .‖ – Com diferenças
apenas redacionais, repete -se essa sentença de interdito em Lebna (v. 29 -30); em
Laquis (v. 31-32); com Horam, rei de Gezer e seu povo (v. 33); em Eglon (v. 34 -
35); em Hebron (v. 36 -37); dá uma volta no trajeto e finaliza essa etapa da
conquista em Dabir (v. 38 -39) e ―toda aquela terra‖, voltando a Guilgal (Js 10,40-
43).
O mesmo temor que se apossara dos demais povos e dos do Sul, vai at ingir
os do Norte, forçando-os a reação e tentativa de afastamento do invasor (Js 11,1-
5). Novamente se manifesta Iahweh em defesa de Israel , que os ataca junto às
fontes de águas da cidade de Merom, tratando -os da maneira costumeira a nenhum
de ixando vivo, e ―jarretou os seus cavalos e queimou os seus carros‖ por não
serem de uti l idade aos Israeli tas, que não os empregavam em seus combates (Js
11,6-9).
Da mesma forma que no Sul, aqui no Norte , Iahweh também vai entregar
nas mãos de Israel os gentios da região para lhes aplicar o Interdito. Uma
observação se impõe: a barbaridade das guerras desse tempo ocorrem ainda nos
campos de batalha atuais bem como nas regiões conquistadas, que os noticiários
pouco comentam ou quando comentam mencionam o fat o com uma simples
justif icativa dos ofensores em nada convincente ou atenuadora da barbaridade
praticada aos auspícios dos tempos civil izados. Antes, nos tempos antigos, a
cultura do tempo exigia , como defesa e segurança da população , o afastamento de
25
qualquer contato, por menor que fosse com costumes pagãos que causassem a
apostasia pela adoção de crenças antagônicas e com práticas abjetas (Js 11,10-
12) . ―Josué tomou todas as cidades desses reis e também a eles e os feriu à
espada, votando-os ao Interdito. . .‖ –como nas conquistas anteriores, Josué
obedece ao preceito determinado por Iahweh a Moisés. Essa determinação, apesar
de advir de Iahweh, se enquadra ao uso nos dias de então não se t ratando de uma
inovação criada por Deus, mas de uma adequação , como sempre lhe aprouve com
os atos do homem, mesmo pecaminosos, cuja l iberdade de ação comandada pelo
l ivre arbítrio respeita amplamente. Porém, é necessário dizer que àquela época
não havia ainda leis internacionais e tratados que viessem em garantia de direit os
dos vencidos, se bem que tais normas sempre se estruturam com base no conceito
de soberania nacional e da autodeterminação dos povos, dois conceitos que as
mais das vezes delimitam e ainda impossibil i tam ação eficaz dos poderes
internacionais. Mas, naquela época, em Israel , houve um surto de humanidade e
misericórdia, como reconhecem os sírios (1Rs 20,31), e, numa época em que se
matavam todos os pris ioneiros, Davi rompe com o costume e deixa vivos um terço
deles (2Sm 8,2) . Ainda , quanto às nações que não cananéias, não locais, portanto,
haveria sempre uma t régua para a negociação da paz, porém, mesmo não sendo
conseguida, mulheres e crianças seriam poupadas (Dt 20,10 -15); bem como, ter -
se-á pela mulher cativa um tratamento especial , podendo -se até mesmo tomá-la
por esposa (Dt 21,1 -14). Verdadeiro contraste com aquela ordem de impedi r o
povo Israeli ta de sofrer a influência nefasta dos ri tos religiosos de povos
aparentemente mais civil izados e de maior sucesso. Por isso era indispensável
el iminá-los completamente como condição até mesmo de sobrevivência nacional.
A conquista do Norte vai detalhada na perícope (Js 11,13-23): ―Tão
somente não queimaram os israeli tas as cidades que estavam sobre as colinas de
ruínas.. . E a todos os despojos destas cidades e a o gado os fi lhos de Israel
saquearam para si ; porém a todos os homens feriram à espada, até que os
exterminou e ninguém sobreviveu‖ – O que se insinua é que essas localidades
teriam sido uti l izadas como moradia pelos Israeli tas, motivo de as ter poupado
mesclando-se com os habitantes da região, como vai informar o Livro de Juízes
em vários locais, destacando -se:
―As er n ão exp u ls ou os h ab i t an t es d e Ac o, n em os d e S i l on , os d e Aa lab , os d e
Aca zib , os d e H elb a , o s d e Af i c e os d e Roob ; p or ém os a se r i t a s con t i n u a ram n o
mei o d os can an eu s q u e h a b i t avam n a t e r ra , p o rq u an to os n ão exp u l sa ram. Nef t a l i n ão exp u l sou os h a b i t an t es d e Bet -S em es , n em os d e Bet - An a t ; mas
con t in u ou n o mei o d o s can an eu s q u e h ab i t avam n a t e r ra ; p or ém os d e B et - Sem es
e Bet - An a t lh e fo ram su j e i t os a t r ab a lh os f o rçad os‖ ( J z 1 ,3 1 -3 3 , c f r . t b . Jz 1 ,1 9 .21 .2 7 .2 9 ) .
―Porquanto de Iahweh vinha o endurecimento do seu coração para saírem à
guerra contra Israel , a f im de que fossem interditos e não lograssem piedade
alguma; mas, fossem de todo extirpados, como Iahweh t inha ordenado a Moisés‖
– Essa expressão bíbl ica (Ex 4,21 / 1Sm 2,25 / Is 6,10) traduz a concepção que
atribui a Iahweh a causa primeira de todos os fatos e acontecimentos que
ocorrem. Esse endurecimento do coração acontece desde a saída do Egito em que
Iahweh lutava contra seus deuses pagãos, por causa do despeito ou da ojeriza
provocados pela vitór ia que Israel então alcançava, incentivando os partidários
dos deuses locais à resistência. O Israeli ta via nessa ati tude de oposição
sistemática como uma tolerância de Iahweh para que fossem destruídos pelo
interdito. Além disso, esse endurecimento exaltava mais ainda a vitória final e a
tomada de posse da terra, sob o comando direto de Josué, que ―. . . tomou toda esta
26
terra, segundo tudo o que Iahweh t inha dito a Moisés; e Josué a deu em herança
aos fi lhos de Israel , conforme as suas divisões e tr ibos. E o país descansou da
guerra‖ (Js 11,23) .
Após a consolidação da vitória de Iahweh por meio de Israel recapitulam-
se todas as conquistas já praticadas relacionando-se as si tuadas a leste do Jordão,
cujas terras distribuíram às Tribos de Rubens, Gad e Meia Tribo de Manassés .
Têm relação com as narrativas do Livro de Deuteronômio (Js 12,1 -6 / Dt 3,8b; Js
12,2-3 / Dt 1,4; 3,12b; 16 -17; Js 12,4 / Dt 1,4 ; 3,11 / Js 12,5 / Dt 3 ,13-17) e de
Josué (v. tb. Js 13,8-12). Detalhadas essas primeiras vitórias expõem-se as que
Josué e os Filhos de Israel venceram e dominaram após a morte de Moisés já na
Cisjordânia, ao comando direto de Iahweh com a invasão e posse da Terra
Prometida. Já aqui a referência é com o próprio Livro de Josué (Js 12,7 -8 / Js
11,17a; 11,23a; 10,40; 11,16a; 9,1b; Js 12,9 -13a / Js 6-10; Js 12,7-24 / Js 12,13b
onde transcreve informações de seu conhecimento pessoal ou de fonte
desconhecida) , conquistas dalém e daquém do Rio Jordão.
―Assim, tomou Josué toda esta terra, segundo tudo o que Iahweh t inha dito
a Moisés; e Josué a deu em herança aos fi lhos de Israel , conforme as suas
divisões e tr ibos. E o país descansou da guerra‖ (Js 11,23) ; Ainda, ―São estes os
reis da terra aos quais Josué e os fi lhos de Israel feriram daquém do Jordão para
o ocidente, desde Baal -Gad, no vale do Líbano, até ao monte Halac, que sobe a
Seir , e cuja terra Josué deu em possessão às tr ibos de Israel , segundo as suas
divisões, a saber. . .‖ (Js 12,7 -8) – uma visão geral e tomada de consciência da
obra realizada desde o início das batalhas, num balanço final (cfr . tb. um esboço
inicial de inventário dos reis e povos dominados, em Js 11,16 -20) até esse
momento, dando-se, com o ―descanso da guerra‖, por concluída a Conquista da
Terra Prometida, passando-se à Parti lha da Herança de Abraão aos seus
descendentes. Essa visão geral f icará mais bem distribuída numa tabela
comparativa levando-se em conta várias outras fontes de refer ência usadas para o
inventário geral da conquista:
1.º Os Reis vencidos por Moisés, desde a Transjordânia:
Ba lan ço d as Con q u i s t a s em J osu é Ref e r ên c i a s ―Sã o es t es os re i s d a t e r ra , a os q u a i s os f i lh os d e Is ra e l f e r i ram, d e cu j a s t e r ra s s e ap ossa ram
d a lé m d o J ord ão p a ra o n ascen t e , d esd e o
r i b e i r o d e Arn on a t é a o mon te H erm on e t od a a p lan í c i e d o or i en t e‖ ( J s 1 2 , 1 )
―Ass im, n ess e t emp o, t omam os a t e r ra d a mão d aq u el es d oi s re i s d os amo rr eu s q u e es t avam d a l ém d o J ord ão :
d esd e o r i o d e Arn on a t é ao mon te H er m on ‖ ( Dt 3 ,8 ) .
Seon , r e i d os am or r eu s , q u e h ab i t ava em
Hes eb on e d o min ava d esd e Ar o er , q u e es t á à b e i ra d o va l e d e Arn on , e d esd e o m ei o d o
va l e e a m etad e d e Ga laad a t é a o r i b e i r o d e Jab oc , l imi t e d o s f i lh o s d e Amon ; d esd e a
camp in a a t é ao mar d e Qu in er o t , p a ra o
or i en t e , e a t é ao mar d a Camp in a , o mar Sa lgad o , p a ra o o r i en t e , p e lo camin h o d e B et -
Jes i mot ; e d esd e o su l ab a ix o d e Asd ot - Fa sga‖
( J s 1 2 ,2 -3 )
―d ep oi s q u e f er i u a S eon , re i d os am or r eu s , q u e
h ab i t ava em Hes eb on , e a Og r e i d e Basan , q u e h ab i t ava em A s t a r o t , em Ed ra i ‖ ( Dt 1 ,4 ) / ― Tomam os ,
p o i s , e s t a t e r ra em p oss essão n ess e t emp o; d esd e Ar o er , q u e e s t á j u n to ao va l e d e Arn on , e a metad e d a
reg i ã o m on tan h osa d e Ga laad , com a s su as c id ad es , d e i
aos ru b en i t a s e gad i t a s . ( . . . ) Mas a os ru b en i t a s e gad i t a s d e i d esd e Ga laad a t é ao va l e d e Arn on , cu jo
mei o s er v e d e l imi t e ; e a t é ao r i b e i r o d e Jab oc , o
l imi t e d os f i lh os d e Amon , como t amb ém a Arab á e o Jord ã o p o r l imi t e , d esd e Qu en er o t a t é a o mar d a Arab á ,
o mar Sa lgad o , p e la s fa ld as d e Fas ga , p a ra o o r i en t e ‖
(Dt 3 ,1 2 .1 6 -1 7 ) . ―Co mo t amb ém o l imi t e d e Og, r e i d e Basan ,
q u e h avi a f i cad o d o s re fa í t a s e q u e h ab i t ava
em As t a r o t e em Ed ra i ‖ ( J s 1 2 ,4 ) .
―d ep oi s q u e f er i u a S eon , re i d os am or r eu s , q u e
h ab i t ava em Hes eb on , e a Og r e i d e Basan , q u e
h ab i t ava em As t a r o t , em Ed ra i ‖ ( Dt 1 ,4 ) / ― Po rq u e só Og, r e i d e Basan , r es t ou d os r e fa í t a s ; e i s q u e o s eu
l e i t o , l e i t o d e f er r o , n ão e s t á , p or v en tu ra , em Rab a t
d os f i lh os d e Amon , s en d o d e n ov e cô vad os o seu comp r im en to , e d e q u a t ro , a su a la rgu ra , p e lo cô vad o
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comu m ?‖ ( Dt 3 , 1 1 ) ―e d o min ava n o m on t e H erm on , e em Sa lca , e
em t od a a Basan , a t é ao l i mi t e d os g es su r eu s e
d os maaca t eu s , e m etad e d e Ga laad , l imi t e d e Seon , r e i d e H es eb on ‖ ( J s 1 2 ,5 )
―O r es t o d e Ga laad , c omo t amb ém tod o o Basan , o
re in o d e O g, d e i à meia t r i b o d e Man ass és ; t od a aq u e la
reg i ã o d e Ar g ob , t od o o Bas an , se ch amava a t e r ra d o s re fa í t a s . Ja i r , f i lh o d e Man assés , t om ou tod a a r eg i ã o
d e Ar g ob a t é ao l imi t e d os g essu r eu s e maaca t eu s , i s t o
é , Basan , e à s a ld e i a s ch amou p elo s eu n om e : Ha vot -Ja i r , a t é o d i a d e h o j e . A Maq u i r d e i Ga la ad ‖ (Dt 3 ,1 3 -
1 5 ) / c f r . t b . ― Com a ou t ra m eia t r i b o , o s ru b en i t a s e os
gad i t a s j á rec eb eram a su a h eran ça d a l ém d o Jo rd ão , p a ra o o r i en t e , c om o j á lh es t i n h a d ad o Moi sés , s er v o
d e Iah weh . C om eçan d o c om Ar o er , q u e es t á à b ord a d o
va l e d e Arn on , ma i s a c id ad e q u e es t á n o mei o d o va l e , t od o o p lan a l t o d e Mad ab á a t é Dib on ; e t od as a s
c id ad es d e S eon , re i d os amor r eu s , q u e re in ou em
Hes eb on , a t é ao l imi t e d os f i lh os d e Amon ‖ ( J s 1 3 ,8 -1 0 ) .
2.º Os Reis vencidos por Josué e os Filhos de Israe l , já na Cisjordânia:
J s 1 2 ,7 -2 4 REFERÊ NC IAS ES P AR S AS ―Sã o es t es o s r e i s d a t e r ra aos q u a i s Josu é
e os f i lh o s d e Is ra e l fe r i ra m d aq u ém d o Jord ã o , p a ra o oc id en t e , d e sd e Baa l - Gad ,
n o va l e d o Líb an o , a t é ao mon te Ha lac ,
q u e sob e a S ei r , e cu j a t e r ra Josu é d eu em p oss essã o à s t r i b os d e Is rae l , s egu n d o a s
su as d iv i sõ es , a sab er , o q u e h avi a n a
reg i ã o m on tan h osa , n a s p lan í c i es , n o Arab á , n a s d esc id as d as á gu as , n o d ese r t o
e n o N egu eb , on d e es t av a o h e t eu , o
amor r eu , o can an eu , o f e r ezeu , o h ev eu e o j eb u seu ‖ ( J s 1 2 ,7 -8 ) .
―d esd e o m on te Ha lac , q u e sob e a S ei r , a t é Baa l - Gad , n o
va l e d o Líb an o , a o p é d o m on te H ermon ; t amb ém tom o u tod os os s eu s r e i s , e os f e r i u , e os ma t ou ( . . . ) Ass im ,
t omou J osu é t od a es t a t e r ra , s egu n d o t u d o o q u e o
IAH WEH t in h a d i t o a Moi s é s ; e Jo su é a d eu em h eran ç a aos f i lh os d e Is ra e l , con fo rm e a s su as d iv i s õ es e t r i b os ; e
a t e r ra r ep ou sou d a gu e r ra‖ ( J s 1 1 ,1 7 .2 3 ) / ―Ass im, f e r i u
Josu é t od a aq u e la t e r ra , a r eg i ão m on tan h osa , o N egu eb e , a s camp in as , a s d esc id as d as águ as e t od o s o s s eu s r e i s ;
d es t ru iu t u d o o q u e t i n h a fô l eg o , s em d eixa r n em s eq u e r
u m, como o rd en a ra o IAH WEH , D eu s d e Is ra e l‖ ( J s 1 0 ,4 0 ) / ―To mou , p o i s , Jo su é t od a aq u ela t e r ra , a sab e r , a r eg i ã o
mon tan h osa , t od o o N egu eb e, t od a a t e r ra d e Gó s en , a s
p lan í c i es , a Arab á e a r eg i ão mo n tan h osa d e Is ra e l co m su as p lan í c i es‖ ( J s 1 1 ,1 6 ) / ―Su ced eu q u e , ou vin d o i s t o
t od os os r e i s q u e e s t ava m d aq u ém d o Jo rd ão , n a s
mon tan h as , e n as camp in as , em tod a a cos t a d o ma r Gran d e, d e f r on t e d o Líb an o , os h e t eu s , o s am or r eu s , o s
can an eu s , os f e r ezeu s , o s h ev eu s e o s j eb u seu s‖ ( J s 9 ,1 ) ―o r e i d e J e r i có , u m; o d e A i , q u e e s t á ao
l ad o d e Bet e l , ou t ro ; o r e i d e J eru sa l ém,
ou t ro ; o re i d e H eb ron , ou t ro ; o r e i d e Ja rmu t , ou t r o ; o d e Laq u i s , ou t ro ; o r e i d e
Eg lon , ou t r o ; o d e Geze r , o u t ro ; o r e i d e
Deb i r , ou t ro; o d e Gad e r , o u t ro‖ ( J s 1 2 ,9 -1 3 ) .
O n a r rad o r s e man tev e i d en t i f i cad o ao t eo r d os cap í t u lo s
se i s a d ez d e J osu é ( J s 6 ,1 -1 0 ,4 3 ) . Uma s imp les l e i t u ra é
cap az d e m os t ra r a exa t i d ão d as re f er ên c i a s .
―o r e i d e Ho rma , ou t r o ; o d e Arad , ou t ro ; o
re i d e Leb n a , ou t r o ; o d e Ad u lam, ou t ro ; o re i d e Mak ed a , ou t ro ; o d e Bet e l , ou t ro ; o
re i d e Ta fu á , ou t r o ; o d e H ef e r , ou t r o ; o
re i d e Af ec , ou t r o ; o d e Sa ro n , ou t ro ; o r e i d e Mad om, ou t r o ; o d e Has o r , ou t ro ; o r e i
d e S em er on Mer om, ou t ro ; o d e Acsa f ,
ou t ro ; o r e i d e Ta an ac , ou t ro ; o d e Maged o, ou t ro ; o r e i d e Qu ed es , ou t r o ; o
d e Jocn aam d o Carm e lo , o u t ro ; o r e i d e
Do r , em Na fa t D or , ou t r o ; o d e Goim, em Ga l i l é i a , ou t ro ; o r e i d e Te rsa , ou t ro ; a o
t od o , t r i n t a e u m r e i s‖ ( J s 1 2 ,1 4 -2 4 ) .
Tamb ém n es t e t r ech o ob ed ec e ao j á n a r rad o e à t r ad i çõ es
n ão r eg i s t rad as , d e ou t ra s fo n t es n a tu ra lm en t e , a t é m esm o ora l , d i sp en san d o -s e ma io r es d ivagaç õ es . Ta mb ém aq u i
mu i t a s d as r ef e r ên c i a s sã o d a l emb ran ça d e q u em v em
acomp an h an d o f i e lm en te o c u rso ,
―Assim, tomou Josué toda esta terra, se gundo tudo o que
Iahweh t inha dito a Moisés; e Josué a deu em herança aos f i lhos
de Israel , conforme as suas div isões e tr ibos. E o pa ís descansou
da guerra‖ (Js 11,23) .
28
Com a posse do Sul e do Norte de Canaã, Josué conquista estrategicamente
a Terra Prometida e se impõe mili tarmente tomando -a das mãos de poderosas
nações pagãs, que a dominavam. Apesar de seu poderio mili tar vencendo até
mesmo coligações , não se operou nem se logrou o domínio pleno, sedimentando
Israel desse modo e de pleno direito a posse de sua conquista entre os pagãos.
Aconteceu também que, tendo -se em vista localidades não destinadas à interdição
ou as que aceitaram as condições de paz que se lhes impôs, como era estabelecido
para alguns povos (Dt 20,10 -18), nem sempre foi possível a erradicação de todos
os gentios. Percebe -se então que foi essa uma conquista definit iva, apesar de
preliminar, totalmente motivada pela fidelidade a Iahweh e promovida pelo
próprio Iahweh, nos termos da Aliança. Era necessário seguir f ielmente o
prescri to por Moisés, para a segurança do culto Israeli ta, imunizando -o do
contágio do paganismo e a este erradicando pela interdição em cumprimento à
Aliança.
Esse relato não é exaustivo, ―restando ainda muita terra por conquistar‖ (Js
13,2), permanecendo em poder de gentios. Israel veio para ficar e, tendo sido a
conquista considerada uma tomada de posse da Terra Prometida, passa Josué à
distribuição ideal e teórica dessa herança entre as doze tribos dos Filhos de
Israel . Estes assumiriam cada qual a sua parte, mesmo que recorrendo à mão
armada não lograssem recuperá -la das mãos de povos que dela se apossaram, e se
opunham à ocupação e ao domínio pleno Israeli ta. O que é digno de destaque é a
permanência de Israel em seu terri tório de direito, rat if icada pela conqu ista ainda
incipiente de uma posse que somente com Davi se daria a consumação no domínio
pleno.
6.2. – A PARTILHA DA TERRA PROMETIDA ENTRE AS TRIBOS .
Após a conquista (Js 13,1-25) iniciam-se a distribuição e divisão da
Terra Conquistada, ainda incomplet a, ―restando ainda muita terra por
conquistar‖ (Js 13,2). Após um breve excurso passando pelas partes já
entregues descreve o ainda não Conquistado :
―E ra Josu é , p o rém, j á i d oso , en t rad o em d i a s ; e d i s s e - lh e Iah weh : Já es t á s
v e lh o , en t rad o em d i a s , e a i n d a mu i t í s s ima t e r ra p or con q u i s t a r . Es t a é a t e r ra
a in d a n ão con q u i s t ad a : t od as a s r eg i ões d o s f i l i s t eu s e t o d a a Gesu r ; d esd e S io r , q u e es t á d ef r on t e d o E gi to , a t é ao l imi t e d e Ec ro m, p a ra o n o r t e , q u e s e
con s id e ra com o d o s can an eu s ; c i n co p r ín c ip es d os f i l i s t eu s : o d e Gaza , o d e
Asd od e, o d e Asq u e lo m, o d e Ga t e e o d e Ec ro m; ao su l , os a veu s , t amb ém t od a a t e r ra d os can an eu s e M eara , q u e é d o s s i d ôn ios , a t é Af eca , ao l i mi t e d o s
amor r eu s ; a i n d a a t e r ra d os g ib l eu s e t od o o Líb an o , p a ra o n ascen t e d o s o l ,
d esd e Baa l - Gad e, a o p é d o m on te H er mom, a t é à en t rad a d e Hamat e ; 6 t od o s o s q u e h ab i t am n as mon tan h as d esd e o Líb an o a t é Mis r ef o t e -Maim, t od o s os
s i d ôn ios ; eu os lan ça r e i d e d i an t e d os f i lh os d e Is ra e l ; r ep a r t e , p o i s , a t e r ra p or
h eran ça a Is ra e l , com o t e o r d en ei ‖ ( J s 1 3 ,1 -6 ) .
6.2.1 – DISTRIBUIÇÃO COMPLEMENTAR.
Passa à partilha complementar (Js 13,7 -14) levando em conta a
antecipação já feita (v. Js 8 -13 / Nm 32 e Dt 3,12-17) e a substituição da
parte de Levi pelo serviço religioso , entregando-lhe “... as ofertas
queimadas de Iahweh, Deus de Israel, que são a sua herança.. .‖ (Js 13,7-14):
29
―Di s t r i b u i , p o i s , ag o ra , a t e r ra p o r h eran ça à s n o v e t r i b os e à m eia t r i b o d e
Man assés . C om a ou t ra m eia t r i b o , os ru b en i t a s e os gad i t a s j á r eceb e ram a su a
h eran ça d a l ém d o J o rd ão , p a ra o o r i en t e , c om o j á lh e s t i n h a d ad o Moi sés , s er v o
d e Iah weh . Com eçan d o co m Ar o er , q u e e s t á à b ord a d o va l e d e Arn o m, ma i s a c id ad e q u e es t á n o m eio d o va l e , t od o o p lan a l t o d e Med eb a a t é Dib o m; e t od as
a s c id ad es d e S eom, r e i d os amor r eu s , q u e r e in ou em H es b om, a t é ao l i mi t e d os
f i lh os d e Amom. E Gi l ead e , e o l imi t e d os g esu r i t a s , e o d os maaca t i t a s , e t od o o m on te H erm om, e t od a a B asã a t é Sa lca ; t od o o r e in o d e Ogu e, em Basã , q u e
re in ou em As t a ro t e e em Ed r e i , q u e f i cou d o r es to d os g i gan t es , o q u a l Moi s és
fe r i u e exp u l sou . P or ém os f i lh os d e Is rae l n ão d esap oss a ram os g esu r i t a s , n em os maaca t i t a s ; an t es , Gesu r e Maaca t e p e rman ece ram n o mei o d e Is ra e l a t é ao
d i a d e h o j e . Tão s om en te à t r i b o d e Levi n ã o d eu h e ran ça ; a s o f er t a s q u eimad as
d e Iah weh , D eu s d e Is ra e l , s ão a su a h eran ça , co mo j á lh e t i n h a d i t o‖ ( J s 1 3 ,7 -1 4 ) .
Aquinhoa a Tribo de Rúben (Js 13,15-23); passa à Tribo de Gad (Js
13,24-28); e, completa a de Manassés (Js 13,20-33) e as do Oeste do
Jordão.
6.2.2. – AS TRÊS GRANDES TRIBOS DO OESTE DO JORDÃO.
Para cumprir as inst ruções de Moisés (Nm 34,16 -20 e Nm 32,28),
nomeiam-se Eleazar , mencionado antes de Josué, e os chefes de famíl ia
das doze t r ibos, para assegurar uma repart ição justa e por sorte real izada
na entrada da Tenda da Reunião, perante Iahweh . Exigia-se a presença de
dois chefes , um rel igioso e um leigo, como cont inuadores de Arão e
Moisés na part i lha da herança a part i r de Gilgal :
― Sã o es t a s a s h e ran ças q u e os f i lh os d e Is rae l t i v e ram n a t e r ra d e Can aã , o q u e
E l ea za r , o sace rd ot e , e Jo su é , f i lh o d e Nu m, e o s cab eç as d os p a i s d as t r i b os d os f i lh os d e Is ra e l lh es f i ze ra m rep a r t i r p or s o r t e d a su a h eran ça , como Iah weh
ord en a ra p o r i n t erm éd io d e Moi sé s , a c erca d as n ov e t r i b os e m eia . Po rq u an to , à s
d u as t r i b os e m eia , Moi s é s j á d era h e ran ça a l ém d o J or d ão; mas a os l ev i t a s n ã o t i n h a d ad o h eran ça en t re s eu s i rmão s . Os f i lh os d e Jos é f oram d u as t r i b os ,
Man assés e Ef ra im; a os l ev i t a s n ão d eram h e ran ça n a t e r ra , s en ão c id ad es em q u e
h ab i t a s sem e os s eu s a r r ed o r es p a ra s eu gad o e p a r a su a p oss essã o . C om o Iah weh ord en a ra a Moi s és , a s s im f i zera m os f i lh os d e Is ra e l e r ep a r t i ram a t e r ra . ‖ ( J s 1 4 ,1 -
5 ) .
Ao final da partilha repete -se a afirmação, com exclusão desses dois
chefes, o religioso e o leigo, para se acentuar o desempenho de Jos ué:
―Es sas sã o a s p oss ess ões q u e o sac e rd ot e E l ea za r , Jo su é , f i lh o d e Nu n , e o s ch e f es d e famí l i a d as t r i b os d os f i lh os d e Is ra e l d i s t r i b u í ram p or so r t e em S i lo , n a
p res en ça d e Iah weh à en t r ad a d o t ab ern ácu lo d e r eu n i ão , t e rmin an d o a ss im a d i s t r i b u i ção d a s t e r ra s ‖ ( J s 1 9 , 5 1 ) .
Caleb da Tribo de Judá reclama e recebe antecipadamente:
―Ch ega ra m o s f i lh o s d e Ju d á a Josu é em Gi lga l ; e C a l eb e , f i lh o d e J e fon é , o
q u en ezeu , lh e d i s s e : Tu sab es o q u e Iah weh fa lou a Mo i sés , h om em d e Deu s , em Cad es -Barn éi a , a r esp ei t o d e mim e d e t i . Tin h a eu q u a r en t a an os q u an d o Moi s és ,
se rv o d e Iah weh , m e en vi ou d e Cad es -Barn éi a p a ra esp i a r a t e r ra ; e eu lh e r e la t e i
como sen t i a n o co ração . M as meu s i rmã os q u e su b i ra m comig o d es esp e ra ra m o p ov o; eu , p o rém, p e rs ev e r e i em s egu i r Iah weh , m eu D eu s . En t ão , Moi sés , n aq u e l e
d i a , j u rou , d i zen d o : C e r t am en te , a t e r ra em q u e p u ses t e o p é s erá t u a e d e t eu s
f i lh os , em h eran ça p e rp etu amen t e , p o i s p er s ev e rou em segu i r Iah weh , m eu D eu s . E i s , ag ora , Iah weh m e con s e rv ou em v id a , com o p r om et eu ; q u a r en t a e c in co an os
h á d esd e q u e Iah weh fa lou e s t a p a la vra a Moi s és , an d an do Is ra e l a i n d a n o d es er t o ;
e , j á a go ra , s ou d e o i t en t a e c in co an os . Es t ou f or t e a in d a h oj e c om o n o d i a em q u e
30
Moisés me en vi ou ; q u a l e ra a minh a força n aq u el e d i a , t a l a i n d a agora p a ra o
comb a te , t an to p a ra sa i r a e l e com o p a ra v o l t a r . Ag ora , p o i s , d á -m e e s t e mon t e d e
q u e Iah weh fa lou n aq u e l e d i a , p o i s , n aq u el e d i a , ou vi s t e q u e lá e s t avam os
an aq u in s e g ran d es e f or t es c id ad es ; Iah weh , p o rv en tu ra , será c omi go , p a ra d esap os sá - los , co mo p r om et eu . Josu é o ab en ç oou e d eu a Ca leb e , f i lh o d e J e fon é ,
Heb rom em h e ran ça . P or t an to , H eb ro m p ass ou a s er d e Ca l eb e , f i lh o d e J ef on é , o
q u en ezeu , em h e ran ça a t é ao d i a d e h o j e , v i s t o q u e p ers ev era ra em s egu i r Iah weh , Deu s d e Is ra e l . Dan t es o n o me d e H e b r om e ra Qu i r i a t e - Arb a ; e s t e Arb a fo i o ma i or
h omem en t r e o s an aq u in s . E a t e r ra r ep ou sou d a gu er ra ( J s 1 4 ,6 -1 5 ) . ‖
A preeminência de Judá como a de José se distingue m face à inércia
das demais que Josué impulsionava à ação (Js 18,2 -7). Essa preeminência
está presente na despedida feita por Jacó no Egito na qual profetizou a
respeito do futuro dos fi lhos exaltando seus abençoados primogênitos Judá
e José , como explanado nos comentários do Livro de Gênesis a respeito
dessa instituição cultural da Primogenitura, que ora se resume repetindo:
―D ep oi s , ch am ou Jac ó a s eu s f i lh os e d i s s e : Aju n t a i -v os , e eu v os fa r e i sab er o q u e vo s h á d e acon t ece r n os d i a s v in d ou r os : Aju n t a i - vo s e ou vi , f i lh o s d e Jac ó; ou vi a
Is ra e l , v oss o p a i . 3 R úbe n, t u é s meu pr i mo g êni to , min h a f o rça e a s pr i míc ia s do
meu v ig o r , o ma i s exce l en t e e m a l t i vez e o ma i s pa i e o pro f a na s te ; su bi s te à
min ha ca ma . 5 S i meã o e Levi sã o i r mã o s ; a s s ua s e s pa da s sã o exce l en te e m
po der . 4 I mpe tuo so co mo a á g ua , nã o terá s ma i s pr ima z ia , po rque subi s te a o
l e i to de teu i ns tru men to s de v io l ênc ia . 6 No seu co n se lho , nã o en tre min ha
a lma ; co m o seu a g ru pa men to , mi nha g ló r ia nã o se a ju nte ; po rq ue no se u f uro r
ma ta ra m ho men s , e na sua vo nta de per versa ja rre ta ra m to uro s . 7 Ma ld i to se ja
o seu f uro r , po i s era f o r te , e a sua i ra , po i s era dura ; d iv id i - l o s -e i e m J a có e o s
e spa lha re i e m Isra e l . 8 J ud á , teus i r mã o s te l o uva rã o ; a tua mã o e s ta rá so bre a
cervi z de te us i n i mig o s ; o s f i lho s de teu pa i se i nc l ina rã o a t i . 9 J udá é
l eã o z inho ; da presa subi s te , f i lho meu. Enc urva - se e d e i ta -se co mo l eã o e co mo
l eo a ; que m o desper ta rá ? 1 0 O ce tro nã o se a rreda rá de J udá , ne m o ba s tã o de
entre se us pés , a té que ve n ha S i l ó (co njec tu ra l : o t r i b u to lhe se ja t ra z id o ) ; e a
e l e o bedecerã o o s po vo s . 1 1 E l e a ma rra rá o seu ju men t inho à v ide e o f i lho da
sua ju men ta , à v ide i ra ma i s exce l ente ; l a va rá a s sua s ves te s no v inho e a sua
ca pa , em sa ng ue de u va s . 1 2 Os seus o lho s serã o c int i l a ntes de v i nho , e o s
dentes , bra nco s de l e i te . . . . ‖ ( Gn 4 9 ,1 -1 2 )
Jacó, no mesmo momento em que desfavorece Rube m, Simeão e Levi
desvinculando-os dos compromissos da primogenitura, enaltece Judá e
profetiza a sua coroação Messiânica ao dizer: ― O cetro não se arredará de
Judá, nem o bastão de entre seus pés, até que venha Siló (tradução
conjectural de Siló= o tributo lhe seja trazido; Siló era o centro religioso
até Jerusalém); e a ele obedecerão os povos‖, qual seja “O cetro não se
arredará de Judá, nem o bastão de entre seus pés, até que: o tributo lhe
seja trazido; e a ele obedecerão os povos” . Essa profecia ficará tão
impregnada na mentalidade israelita que Herodes busca sua nomeação direta
de Roma e se assusta por demais com a visita dos Três Magos e determina a
matança das crianças menores de dois anos para atingir ―o rei dos judeus
que acaba de nascer (Mt 2,2)‖ ; Principalmente, não sendo ele da Tribo de
Judá, mas descendente de Esaú, um Idumeu não abrangido pela Profecia, e
cuja presença no trono a feria:
― 2 2 J o sé é u m ra mo f rut í f ero , ra mo f rut í f ero junto à f o nte ; seus g a lho s se
e s tende m so bre o muro . 2 3 Os f l eche i ro s lhe dã o a ma r g ura , a t i ra m co ntra e l e e
o a bo rrecem. 2 4 O seu a rco , po ré m, per ma nece f i rme , e o s seus bra ço s sã o f e i to s
a t i vo s pe la s mã o s do Po der o so de J a có , s i m, pe lo Pa s t o r e pe la Pedra de I sra e l , 2 5 pe lo Deu s de teu pa i , o qua l te a ju da rá , e pe lo To do -Po dero so , o qua l te
a benço a rá co m bênçã o s d o s a l to s céus , co m bê nçã o s da s pro f undeza s , co m
31
bênçã o s do s se io s e da ma d re . 2 6 As bê nçã o s de teu pa i excederã o a s bênçã o s de
meus pa i s a té a o c i mo do s mo nte s e terno s ; e s te ja m e la s so bre a ca beça de J o sé
e so bre o a l to da ca beça do que f o i d i s t ing ui do entre seus i r mã o s . 2 7 B en jamim é
l ob o q u e d esp ed aça ; p e la ma n h ã d evo ra a p r esa e à t a rd e r ep a r t e o d esp ojo . 2 8 Sã o
e s ta s a s do ze tr ibo s de I s ra e l ; e i s to é o que lhes f a lo u seu pa i qua ndo o s
a benço o u; a ca da u m de l e s a benço o u seg undo a bênçã o que lhe ca bia . Dep oi s ,
lh e s ord en ou , d i zen d o: Eu m e r eú n o a o m eu p o v o; s ep u l t a i -me, co m m eu s p a i s , n a cave rn a q u e es t á n o camp o d e Ef r om, o h e t eu , n a cave r n a qu e es t á n o camp o d e
Macp ela , f ron t e i r o a Man re , n a t e r ra d e C an aã , a q u a l Ab raão c omp r ou d e Ef ro m
com aq u el e camp o, em p os s e d e sep u l tu ra . 3 1 Al i sepul ta ra m Abra ã o e Sa ra , sua
mul her ; a l i s epul ta ra m Isa que e Rebeca , sua mu lher ; e a l i s ep ul te i L ia ; ( Gn
4 9 ,2 2 -3 1 )
Nas partes em negrito, vê-se que Ruben, Simeão e Levi se viram
privados pelo pai dos direitos da primogenitura por mau procedimento
pessoal. Biblicamente primogênito não se refere ao primeiro gerado como
significado da própria palavra (primo=primeiro; genito=gerado ), mas ao
―filho que abria (‘inaugurava a pa ssagem’) o seio materno para a
passagem dos demais que viessem a nascer ‖ (Ex 13,2-3; Nm 3,12). Atributo
concernente a Jesus ―o Primogênito de toda criatura‖ (Col 1,15 -18; Rm
8,29; Hb 1,1-6 etc.), em quem ―aprouve a Deus fazer habitar toda a
plenitude‖ (Col 1,19). Ele ―abriu o seio materno da eternidade para o
Homem ingressar na vida eterna ―tendo derribado a parede da separação
que estava no meio‖, entre o ―Santo‖ e o ―Santo dos Santos‖. Cristo a
aboliu ―na sua carne a lei dos mandamentos na forma de ordena nças, para
que dos dois criasse, em si mesmo, um novo homem, fazendo a paz, e
reconciliasse ambos em um só corpo com Deus, por intermédio da cruz,
destruindo por ela a inimizade‖ (Ef 2,14 -16):
―Mas , a go ra , em C r i s t o J esu s , v ós , q u e an t es es t áv ei s l o n ges , f ora m ap r oximad os
p e lo san gu e d e Cr i s t o . P orq u e e l e é a n o ssa p az , o q u a l d e amb o s f ez u m; e , t en d o
d er r i b ad o a p a red e d a sep a r ação q u e e s t ava n o m ei o , a i n imizad e , ab o l i u , n a su a
ca rn e , a l e i d os man d amen to s n a fo rma d e o rd en an ças , p a ra q u e d os d o i s c r i a s s e , em s i m esm o, u m n o vo h o m em, fa zen d o a p az , e r ec on c i l i a s s e amb os em u m s ó
corp o c om D eu s , p o r i n t erm éd io d a c ru z , d es t ru in d o p or e la a i n imizad e . E , v in d o ,
an u n c iou p az a vós ou t ro s q u e es t áv ei s l on g e e p a z t amb ém aos q u e e s t avam p e r t o ; p orq u e , p or e l e , amb os t em os ac ess o a o Pa i em u m E s p í r i t o . As s im, j á n ão s o i s
es t ran g ei r os e p e r eg r in os , m as con c id ad ãos d o s san to s , e so i s d a famí l i a d e D eu s ,
ed i f i cad os s ob r e o fu n d amen to d o s ap ós t o lo s e p ro f e t a s , s en d o e l e m es mo, Cr i s t o Jesu s , a p ed ra an gu la r ; n o q u a l t od o o ed i f í c io , b em a ju s t ad o , c r esc e p a ra san tu á r io
d ed i cad o a Iah weh , n o q u a l t amb ém v ós j u n t amen te es t a i s sen d o ed i f i cad os p a ra
h ab i t ação d e D eu s n o Esp í r i t o‖ (E f 2 ,1 3 -2 2 / e ra v ed ad a a p r es en ça d e g en t i os n o Temp lo At 2 1 ,2 8 -2 9 ) .
Em Cristo consuma-se a Comunhão ―que nem a morte, nem a vida,
nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do
porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer
outra criatura poderá separar -nos do amor de Deus, que está em Cristo
Jesus, nosso Iahweh‖, ―o primogênito entre muitos irmãos‖ (Rm 8,29.38 -
39). Para melhor compreensão é de se recordar que José do Egito era o filho
predileto de Jacó com Raquel, filha de Labão, que foi a escolhida por ele e
ardilosamente trocada pelo pai, por Lia , no pernoite nupcial:
―À no i te , co n duz iu a L ia , sua f i lha , e a entreg o u a J a có . E co a bi ta ra m.
(Pa ra serva de L ia , sua f i l ha , deu La bã o Ze l f a , sua s erva ) . Ao a ma n hecer ,
v iu que era L ia . Po r i s so , d is se J a có a Lab ã o : Que é i s so q ue m e f i ze s t e? Não
t e se rv i eu p o r a m o r a Ra q ue l? Po r q ue , p o i s , m e eng a na s t e? Respo n deu
32
La bã o : Nã o se f a z a ss im e m no ssa terra , da r - se a ma i s no va a nte s da
pr i mo g êni ta . Deco rr ida a se ma na des ta , da r - te -e mo s t a mbé m a o utra , pe lo
tra ba lho de ma i s se te a no s que a inda me servi rá s . Co nc o rdo u J a có , e se
pa sso u a se ma na des ta ; en t ã o , La bã o lhe deu po r mul h er Ra que l , sua f i lha .‖ ( Gn 2 9 ,2 3 -2 8 ) / ―V en d o Iah weh q u e Li a e ra d esp rezad a , f ê - la f ecu n d a ; ao p asso
q u e Raq u el e ra es t ér i l . C o n ceb eu , p o i s , Li a e d eu à lu z u m f i lh o , a q u em
ch amou Rú b en , p o i s d i s se : I ah weh a t en d eu à min h a a f l i ção . Po r i s so , ag o ra me amará meu mar id o . Con c eb eu ou t ra vez , e d eu à lu z u m f i lh o , e d i s se : S ou b e
Iah weh q u e e ra p r e t e r i d a e me d eu ma i s es t e ; ch am ou - lh e , p o i s , S im eã o . Ou t ra
v ez con c eb eu Lia , e d eu à lu z u m f i lh o , e d i s s e : Ag ora , d es t a v ez , s e u n i rá ma i s a mim meu mar id o , p orq u e l h e d e i à lu z t r ês f i lh os ; p or i s so , lh e ch amou Levi .
De n o v o c on ceb eu e d eu à lu z u m f i lh o ; en t ão , d i s s e : D es t a v ez l ou va r e i
Iah weh . E p or i s s o lh e ch a mou Ju d á ; e c es sou d e d a r à lu z‖ ( Gn 2 9 ,3 1 -3 5 ) / ―Lemb r ou - s e D eu s d e Raq u e l , ou viu -a e a f ez f ecu n d a . E la con ceb eu , d eu à lu z
u m f i lh o e d i s s e : D eu s me t i rou o m eu vexam e. E lh e ch amou Jos é , d i zen d o :
Dê -m e o Iah weh a in d a ou t ro f i lh o . ‖ ( Gn 3 0 ,2 2 -2 4 ) / Pa r t i r am d e Bet e l . An te s d e ch ega r a E f ra t a , d eu à lu z Raq u el u m f i lh o cu j o n as c imen to lh e fo i a e la
p en os o . Em mei o à s d or es d o p a r to , d i s s e - lh e a p a r t e i ra : Não t emas , p o i s a in da
t e rá s e s t e f i lh o . Ao sa i r - lh e a a lma (p o rq u e m or r eu ) , d eu - lh e o n om e d e Ben on i ; mas s eu p a i lh e ch amou Ben jamim. Ass im, m or r eu Raq u el e fo i s ep u l t ad a n o
camin h o d e Ef ra t a , q u e é Be l ém ( Gn 3 5 ,1 6 -1 9 )‖ .
A História de José fica embutida na de Jacó:
―Es t a é a h i s t ó r i a . . . Ten d o Jos é d ezes se t e an os , ap asc en t ava os r eb an h os c om
seu s i rmã os ; s en d o a in d a j ov em, ac omp an h ava o s f i l h o s d e Ba la e os f i lh os d e
Ze l fa , mu lh e r es d e s eu p a i ; e t r a z i a más n o t í c i a s d e l e s a seu p a i . Ora , Is ra e l amava ma i s a J os é q u e a t od os os s eu s f i lh os , p orq u e era f i lh o d a su a v e lh i ce ; e
fez - lh e u ma tú n i ca t a la r d e man gas co mp r id as . V en d o, p o i s , s eu s i r mão s q u e o
p a i o amava ma i s q u e a t od o s os ou t r os f i lh os , od i a ram -n o e j á n ão lh e p od i am fa la r p ac i f i cam en te‖ ( Gn 3 7 ,2 -4 ) .
―.. . Israel amava mais a José que a todos os seus filhos, porque era
filho da sua velhice e com Raquel, a sua mulher preferida; e, fez -lhe uma
túnica talar (que ia até os joelhos, túnica indicativa da majestade de reis )
de mangas compridas...‖, o que não deixou de gerar ciúme e inveja nos
irmãos. Sabe-se do desenrolar da História de Israel que esses fatos
causarão, por meio de Jeroboão, a separação de Israel do Norte e Israel do
Sul, Judá e Israel , cujos pormenores pode-se ler em 1Rs 12,1-33. Os
acontecimentos originaram-se com Roboão, o filho de Salomão e herdeiro
do trono, que se recusou atender ao pedido das tribos em diminuir as
exigências até então em uso.
A Tribo de Judá recebe em herança o descrito em Js 15,1-12: ―Caiu
para o sul , até ao limite de Edom, até ao Deserto de Zim, até a extremidade
do Lado Sul‖; aos Calebitas se destina o território de Hebron (Js 15,13-20).
Seguem os nomes então em uso de localidades da região, dispensando -se a
reprodução com maiores detalhes, lendo-as como estão na própria Escritura
sem necessidade de comentários (Js 15,21-63); Passa-se a entregar a herança
de José começando por Efraim (Js 16,1-10); e, completando com Manassés
(Js 17,1-13); e, os Filhos de José reclamam e Josué os atende e soluciona
(Js 16,1-18).
6.2.3. – AS SETE TRIBOS RESTANTES .
Não haviam recebido sua porção da herança as sete tribos seguintes: a
de Benjamim, a de Simeão, a de Zabu lon, a de Isaacar, a de Aser, a de
33
Neftali e a de Dã. Todos os Filhos de Israel se reuni ram em Silo para
ultimar a conquista e sortear as glebas da herança faltantes (Js 18,1-10):
1ª. - Em primeiro lugar sorteia-se a herança da Tribo de
Benjamim (Js 18,11-20), e couberam-lhe as localidades (Js
18,21-27).
2ª. – Em seguida as demais a partir da de Simeão (Js 19,1-9),
que recebe a sua parte ―no meio da herança dos filhos de Judá‖ .
3ª. – Também a Tribo de Zabulon recebeu sua herança: v. Js 19,10-
16.
4ª. – A de Issacar: (Js 19,17-23).
5ª. – de Aser: (Js 19,24-31).
6ª. – Neftali : (Js 19,32-39).
7ª. – e,Dã: (Js 19,40-51).
6.3 - APÊNDICE: CIDADES DE REFÚGIO E LEVÍTICAS
Várias disposições penais trazem um conceito de responsabilidade
pessoal por todo o corpo social , sensível evidência de uma figura do ―Corpo
Místico‖ de Cristo, como S. Paulo afirma: ― . . . vós sois o Corpo de Cristo ,…
são membros dele‖ (1 Cor 12,27; também Lc 10,16; Mt 18,5; 25,35 -36; At
22,7-8; 1Cor 12,12-27; Col 3,9,-11; Jo 15,1-8); ―Se um membro sofre, todos
os membros compartilham o seu sofrimento.. .‖ (1 Cor 12,26) . É o caso de
algumas cidades dist inguidas por sua finalidade que foram separadas. Pr i-
meiro as destinadas ―para que fuja para ali o homicida que, por engano, m a-
tar alguma pessoa sem o querer; para que vos sirvam de refúgio contra o
vingador do sangue . . .‖, ―... até comparecer perante a congregação ‖.
Em seguida as Cidades Levíticas para os descendentes da Tribo de Levi
que não haviam recebido terri tório (Js 13,14.33; 14,3 -4; 18,7 / Nm 35,1-8):
aos Caatitas (Js 21,9-26); aos Filhos de Gérson (Js 21,27-33); e aos Filhos de
Merari (Js 21,34-40). Assim , fica a Partilha Concluída:
As c id ad es , p o i s , d os l ev i t a s , n o m ei o d a h eran ça d o s f i lh os d e Is rae l , f o ra m, a o
t od o , q u a ren t a e o i t o c i d ad es com seu s a r r ed o r es ; cad a uma d as q u ai s com seu s
a r r ed o r es em to rn o d e s i ; a s s im f o i c om t od as es t a s c i d ad es . D es t a man ei ra , d eu IAH WEH a Is ra e l t od a a t e r r a q u e j u ra ra d a r a seu s p a i s ; e a p ossu í ram e h ab i -
t a ram n e la . IAH WE H lh es d eu r ep ou s o em r ed o r , s egu n d o t u d o q u an to j u ra ra a
seu s p a i s ; n en h u n s d e t od o s os s eu s i n imi go s r es i s t i r am d i an t e d e l es ; a t od os e l es IAH WEH lh es en t r eg ou n as mãos . N en h u ma p rom es sa fa lh ou d e t od as a s
b oas p a la vra s q u e IAH WE H fa la ra à ca sa d e Is ra e l ; t u d o se cu mp r iu . ( J s 2 1 ,4 1 -
4 5 ) .
6.4. – FATOS E INSTRUÇÕES FINAIS.
34
. ―Nenhuma promessa falhou de todas as boas palavras que I ahweh falara à
casa de Israel; tudo se cumpriu‖ (Js 21,41-45): com este final não se conclui a-
penas a partilha, mas a conquista total , tal como Iahweh prom etera a Abraão
(Gn 12,7; 13,15). ―Então, Josué chamou os rubenitas, os gad itas e a meia tr ibo
de Manasses‖, os elogia, os exorta à fidelidade para com Iahweh e as abe nçoa.
Determina a divisão dos despojos com os irmãos na Transjordânia (22,1 -8) . Po-
rém, um Altar erigido às margens do Jordão ameaça nova discórdia conto rnada
com o esclarecimento de que não era para oferta de sacrifícios, mas um sinal de
cooperação entre as t r ibos e de fidelidade a Iahweh , restabelecendo-se assim a
paz (22,21-34) .
6.4.1. – EPÍLOGO. ÚLTIMOS DISCURSOS DE JOSUÉ E EPISÓDIOS DE
SUA VIDA (23–24,33) . JOSUÉ SE DESPEDE .
Os dois últimos capítulos formam o epílogo do livro e trazem os últ i-
mos atos de Josué: o discurso de adeus (23,1-16), a assembléia em Siquém
(24,1-28), a Morte de Josué e outras informações.
1º. O DISCURSO DE ADEUS (Js 23,1-16) :
Dirigido a todo Israel , especificamente aos chefes, anciãos, seus
juízes e oficiais . Em linhas gerais lembra atos semelhantes de Jacó (Gn 47,29-
49,33) e Moisés (Dt 29,1 -33,29) . Principia repetindo as palavras de Moisés (29,1)
referentes às intervenções de Deus que asseguram a sua continuidade se o povo
permanecer fiel , sem se misturar às nações pagãs anexas (23,3 -13); se for violada
a Aliança Deus os expulsará (23,14 -16).
2º. A ASSEMBLÉIA DE SIQUÉM (24,1-28) :
―.. . chamou os anciãos de Israel , os seus cabeças, os seus juízes e os
seus oficiais; e eles se apresentaram diante de Deus‖ e dirige -lhes a palavra a
partir da expressão ―assim diz Iahweh (24,2)‖ e faz uma síntese da história desde
os patriarcas (24,2 -4), do êxodo e da conquista (24,8 -13) e os convida a escolher
entre Iahweh e os deuses pagãos . . . Afirma Josué que ―Eu e a minha casa servire-
mos a Iahweh‖ (24,15) , opção ratif icada por todos com o que fica renovada a Al i -
ança (24,25-28) .
3º. MORTE DE JOSUÉ E OUTRAS INFORMAÇÕES (24,29-33) :
Fala melhor a própria transcrição da Escritura começando com a no-
tícia da Morte de Josué e seu sepultamento na herança de Efraim; o enterro dos
ossos de José trazidos do Egito em S iquém; o falecimento de Eleazar e sepulta-
mento por Finéias em Gibeá:
Depois destas coisas sucedeu que Josué, f i lho de Num servo
de Iahweh, faleceu com a idade de cento e dez anos. Sepult a-
ram-no na sua própria herança, em Timnate -Sera, que está na
região montanhosa de Efra im, para o norte do monte Gaás.
Serviu, pois, Israel a Iahweh todos os dias de Josué e todos os
dias dos anciãos que ainda sobreviveram por muito tempo d e-
35
pois de Josué e que sabiam todas as obras feitas po r Iahweh a
Israel . Os ossos de José, que os fi lhos de Israel trouxeram do
Egito, enterraram-nos em Siquém, naquela parte do campo
que Jacó comprara aos fi lhos de Hamor, pai de Siquém, por
cem peças de prata, e que veio a ser a herança dos fi lhos de
José. Faleceu também Eleazar, f i lho de Arão, e o sepultara m
em Gibeá, pertencente a Finéias, seu fi lho, a qual lhe fora d a-
da na região montanhosa de Efraim. (Js 24,29-33).
Fonte: www.mundocatol i co.com.br/Bib l ia/curso.htm