A Revolução Bolchevique

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A Revolução Bolchevique

A Revolução Russa de 1917 é um importante marco na história do século XX. Em pouco tempo, o país passou de um regime monárquico absolutista, onde o czar imperava, para a formação da primeira nação do mundo que desejava alcançar o comunismo. A revolução inspirou-se nas idéias de Karl Marx adaptadas por Lênin às circunstâncias locais, já que a Rússia era um país rural com pouco desenvolvimento industrial e economicamente atrasado, e não um país industrializado como aqueles analisados pelo marxismo. Entre 1917 e 1921, a Rússia viveu duas revoluções e uma brutal guerra civil, depois das quais o regime socialista se consolidou. Entretanto, o Estado soviético ainda estava por ser construído. Isso aconteceu a partir de 1928, quando Stálin pôs em funcionamento uma economia planejada e coletivizada, industrializando o país.

A Rússia no princípio do século XX

O Império russo possuía uma economia agrária arcaica e defasada. A aristocracia e alguns grandes agricultores eram proprietários da terra. A massa de camponeses pobres era obrigada a partir para as cidades em busca de trabalho. Em algumas zonas, iniciou-se um processo de industrialização, dependente do capital estrangeiro, que fez surgir um proletariado concentrado nos grandes centros urbanos, vivendo em péssimas condições e sem direitos trabalhistas. O descontentamento era generalizado, o que possibilitou uma progressiva conscientização e mobilização popular, ameaçando diretamente o czarismo.

O czarismo

É o nome que se dá à monarquia absoluta e autocrática russa em que o czar governava por decreto. As condições de vida do povo eram duras e os protestos, generalizados. A violenta repressão de uma manifestação (o chamado Domingo Sangrento) fez estourar, em 1905, uma revolução liberal — o 'ensaio geral'. Dela, surgiram os sovietes ou comitês de trabalhadores. O czar aprovou a formação de uma assembléia legislativa, a Duma, e ampliou os direitos civis, porém só na aparência. O czarismo sobreviveu ao movimento de 1905, mas nunca mais apresentaria a antiga força e estabilidade.

As Revoluções

A revolução de Fevereiro/Março

Os desastres da Primeira Guerra Mundial aceleraram o início da Revolução. A fome e o desemprego agitavam a população. As greves se sucediam. Em fevereiro/março de 1917, estourou uma revolução espontânea em São Petersburgo, capital do império czarista. Abandonado pela elite dirigente e pressionado pelas manifestações populares organizadas pelos sovietes, o czar

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renunciou e a Rússia tornou-se uma república constitucional. A Duma e os sovietes estabeleceram um governo provisório que criou as bases do novo regime. A Rússia utilizava o calendário Juliano, treze dias atrasado em relação ao ocidental, o gregoriano. A diferença desapareceu em 1918, ano em que Lênin oficializou o calendário gregoriano.

A revolução de Outubro/Novembro

O povo e os grupos radicais criticavam o governo provisório, de linha liberal burguesa, em especial na decisão de manter a Rússia na Primeira Guerra Mundial. Lênin e os bolcheviques defendiam uma revolução comunista, que desse o poder aos sovietes. A ação bolchevista buscava concretizar as chamadas Teses de Abril (paz, pão, terra e liberdade), apresentadas por Lênin após seu retorno do exílio. As teses ainda defendiam o controle das fábricas pelos operários, a entrega das terras aos camponeses e a formação de um governo proletário. Depois de preparar minuciosamente o plano, os bolchevistas tomaram de assalto o Palácio de Inverno, destituindo o governo provisório. A revolta se espalhou por todo o país. O poder passou aos sovietes e foi criado o Conselho de Comissários do Povo, que aprovou os primeiros decretos revolucionários.

Lênin

Lênin foi a figura principal e o impulsionador da Revolução Russa. Juntamente com os bolcheviques, planejou a Revolução de 1917 em todos detalhes e soube pôr as massas a seu favor. Seguidor das teorias marxistas, modificou algumas para adaptá-las à situação real da Rússia e fazer triunfar a Revolução. Governou até sua morte, em 1924, sendo sucedido por Stálin. 

Os bolcheviques

Em 1903, o Partido Operário Social-Democrata russo dividiu-se em duas facções: a dos bolcheviques ou radicais e a dos mencheviques ou moderados. Os bolcheviques eram partidários de Lênin e acreditavam que o proletariado deveria dirigir a Revolução, não os burgueses. Tomaram o poder após a revolução de Outubro/Novembro. Os mencheviques, por sua vez, acreditavam que o czarismo deveria ser substituído por uma revolução burguesa e que o socialismo seria implantado gradualmente com uma política de reformas e pela via eleitoral. A separação definitiva aconteceu em 1912, nascendo os partidos bolchevista e menchevista.

A guerra civil

Após a Revolução, a Rússia iniciou uma guerra civil brutal (1918-1921). Os partidários do antigo regime e os liberais formaram o Exército Branco, visando atacar o novo Estado. Eram apoiados por diversos países europeus, temendo

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que a Revolução se espalhasse pela Europa. Para vencer, os bolcheviques recorreram a uma nova organização econômica muito rígida que procurava controlar toda a economia por meio do Estado: o comunismo de guerra, garantindo aos vermelhos o controle de todos os recursos materiais do país. Além disso, sob o comando de Trótski, organizaram o Exército Vermelho, que acabou vitorioso.

O exército vermelho

Com a guerra civil, foi necessário organizar um exército capaz de bloquear o avanço dos Brancos. Com grande habilidade, Trótski conseguiu compor um exército de três milhões de soldados, submetidos a uma disciplina rigorosa. Eles se transformaram no braço armado dos bolcheviques. Trótski é uma figura chave da revolução, além de ter sido seu historiador. Organizou o Exército Vermelho e evitou a vitória das forças contra-revolucionárias durante a guerra civil. Com a morte de Lênin, enfrentou Stálin mas teve de fugir para o México, onde acabou assassinado.

A formação da URSS e o stalinismo

Com a mudança de regime, o poder ficou centralizado nas mãos dos bolcheviques, que fundaram o Partido Comunista. Junto com os sovietes, eram a força e a alma do novo Estado. Os primeiros decretos revolucionários foram promulgados e a Constituição provisória de 1918, aprovada. O país, formado por diversas etnias, foi organizado como Estado federalista: em 1922, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) foi criada. A Constituição é modificada em 1924, confirmando o federalismo e o poder dos sovietes como principais elementos do Estado.

A construção do comunismo

A implantação do comunismo era dura demais para um país arrasado pelas guerras. Assim, Lênin adiou a revolução comunista e instituiu a Nova Política Econômica (NEP), a fim de reconstruir a economia e a produção, garantindo certas liberdades econômicas. Os resultados econômicos foram positivos, mas Stálin trocou esse sistema pelo planejamento econômico, cujo objetivo era transformar o país numa potência industrial, privilegiando a indústria de base em detrimento da de bens de consumo. Stálin concebeu três planos qüinqüenais e generalizou a coletivização dos campos. Seu projeto foi implementado com mão-de-ferro, criando uma atmosfera de terror.

O stalinismo

O stalinismo significou, do ponto de vista político, a absoluta falta de liberdade, o controle da imprensa e da opinião pública e, sem dúvida, a

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implantação de um Estado policialesco e ditatorial. O regime baseou-se na burocracia do Partido Comunista e nos técnicos relacionados com a planificação dos programas.

A Terceira Internacional

Criada em 1919, a Terceira Internacional tinha o objetivo de disseminar a Revolução em nível mundial. Os bolcheviques pensavam que dessa forma reafirmariam seu próprio processo revolucionário. A situação de crise econômica que vivia a Europa Central parecia favorecer essa expansão, sobretudo na Alemanha e Hungria. Entretanto, todas as tentativas fracassaram. A Terceira Internacional era composta apenas pelos partidos comunistas, confirmando assim, a divisão dos partidos socialistas. Os comunistas da Terceira Internacional, com um programa revolucionário, seguiam o modelo soviético iniciado por Lênin, enquanto os socialistas praticavam uma estratégia parlamentar e reformista.