A representatividade da cultura popular na mídia redional do alto Tietê
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BRUNO NAURE
CLAUDIO LEAL PORTO
FRANCINE MARCONDES
PAMELA BELLIATO QUARESMA
A REPRESENTATIVIDADE DA CULTURA POPULAR EM MEIOS DE
COMUNICAÇÃO DE MASSA NA REGIÃO DO ALTO TIETÊ: UM
ESTUDO DE CASO SOBRE O DIÁRIO DO ALTO TIETÊ E TV DIÁRIO.
UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES
2008
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BRUNO NAURE
CLAUDIO LEAL PORTO
FRANCINE MARCONDES
PAMELA BELLIATO QUARESMA
A REPRESENTATIVIDADE DA CULTURA POPULAR EM MEIOS DE
COMUNICAÇÃO DE MASSA NA REGIÃO DO ALTO TIETÊ: UM
ESTUDO DE CASO SOBRE O DIÁRIO DO ALTO TIETÊ E TV DIÁRIO.
Orientador: Profº Drº Sersi Bardari Profª Drª Luci Bonini
UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES
2008
Projeto Produtos e Processos Midiáticos apresentado ao curso Comunicação Social – Jornalismo da Universidade de Mogi das Cruzes como parte dos requisitos para conclusão do semestre.
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“É o povo na arte
É a arte no povo
E não o povo na arte
De quem faz arte com o povo.”
(Chico Science & Lúcio Maia)
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SUMÁRIO
Índice de Tabelas....................................................................................... 5
Resumo...................................................................................................... 6
1.Introdução...............................................................................................
2. A cultura como identidade de um povo ..........................................
2.1 Folkcomunicação...................................................................
2.2 A formação cultural de uma região..............................................
2.3 O Histórico dos veículos de comunicação .........................................
2.4 O Jornalismo Cultural...................................................................
3. A mídia regional no Alto Tietê e seus produtos................................
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4. Considerações Finais.............................................................................. 29
5. Anexos.................................................................................................... 30
6. Referências Bibliográficas...................................................................... 38
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ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1...................................................................................................... 17
Tabela 2...................................................................................................... 18
Tabela 3...................................................................................................... 19
Tabela 4...................................................................................................... 20
Tabela 5...................................................................................................... 20
Tabela 6..................................................................................................... 21
Tabela 7.................................................................................................... 22
Tabela 8.................................................................................................... 24
Tabela 9.................................................................................................... 26
Tabela 10.................................................................................................. 27
Tabela 11.................................................................................................. 28
Resumo
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O objetivo desta pesquisa hipotética-dedutiva foi verificar a representatividade da cultura
popular na Região do Alto Tietê. Para tanto, empregaram-se os métodos exploratório, descritivo e
explicatório. Foi coletado material na programação da TV Diário e nas edições do Diário do Alto
Tietê durante três meses consecutivos (1º de maio a 31 de julho de 2008). Constatamos que o
jornalismo cultural praticado por ambos os veículos mostra-se sazonal, sujeitando-se às
efemérides.
1. Introdução
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Este trabalho tem como tema “A representatividade da cultura popular na mídia regional
Diário do Alto Tietê e TV Diário”. Debruçamo-nos sobre a representatividade da cultura popular
em meios de comunicação da região do Alto Tietê por entendermos que a relação folclore e a
mass media encontra-se no âmago de algumas questões fundamentais para a Comunicação Social
em sua contemporaneidade. Vivenciamos um momento onde a presentificação da notícia, ou seja,
o aqui e o agora encontra-se na ordem do dia dos programas jornalísticos, sendo estes balizados
pelos números da audiência que instantaneamente são atualizados em pleno estúdio e ao vivo.
Num outro extremo, temos agentes populares que cultivam manifestações que comunicam o seu
ethos social, através das artes populares e técnicas tradicionais que sintetizam o nosso folclore.
Esta análise quantitativa e classificatória propiciará também contato com o perfil ou perfis do
jornalismo praticado na região, qual o tipo de abordagem e o aprofundamento com que se trata
este assunto. Os objetos são uma TV afiliada de uma emissora com projeção nacional e um jornal
diário impresso de um grupo tradicional em comunicação nesta região.
Esta é pesquisa hipotética-indutiva, pois parte da análise quantitativa e classificatória dos
objetos.
Os métodos mais adequados para essa pesquisa são: o exploratório, por sua flexibilidade
em agrupar vários tipos de captação de informação; o descritivo, pois determina o papel de cada
elemento dentro da pesquisa, favorecendo a análise das variáveis e o explicativo, fornecendo
dados comprobatórios através da observação que explicará literalmente a ocorrência do
fenômeno.
Por termos como ponto central um estudo sobre a cultura regional, faz-se necessário o
estudo de caso para que por meio deste, obtenhamos um elevado grau de conhecimento que nos
sirva como fio condutor. Nossa pesquisa se valeu ainda da Internet, por sua indispensável no
tocante à agilidade no contato com as referências sobre o assunto; a TV por ser um dos objetos
estudados. Por fim, a pesquisa bibliográfica, que nos referenciará teoricamente. E tem como
objetivos compreender como a Cultura do Alto Tietê é retratada na mídia regional (TV Diário e
Diário do Alto Tietê), tendo como ponto de partida a observação desses meios de comunicação
durante um período específico de tempo, comparando seus conteúdos e entender qual é o
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processo de divulgação e seus critérios, saber se eles estão ligados à realidade cultural da região
ou vinculados a interesses econômicos e políticos.
2. A cultura como identidade de um povo
2.1 Folkcomunicação
Encontramos nas Palavras de Darcy Ribeiro (2006) uma tentativa de explicação da
formação do povo brasileiro, que não se fundamenta apenas em seu apurado saber antropológico,
mas, sobretudo na vivência de um cidadão cônscio e ativamente participante da vida intelectual e
política deste país. A sua participação nos projetos da nova capital que se construía em pleno
Planalto Central ou como alguns de seus contemporâneos queriam, entre eles Lúcio Costa e
Oscar Niemeyer: “no meio do nada”, teve certamente nuances epopéicas. Desde a transformação
do solo pelas máquinas que a desmatavam, passando pela promessa de um novo tempo nacional,
desenvolvimentista por excelência, até o transporte de um contingente formidável oriundo
predominantemente do norte e nordeste; causando não menos magnetismo nas demais regiões
brasileiras, eram homens e mais homens reunidos num duro quotidiano de trabalho não só para o
desafio da convivência, mas para a provação que por qual passa todo o individuo que deixa sua
naturalidade, sem, no entanto, culturalmente abandoná-la. Este momento sedimentou no
antropólogo, um sentimento que levaria a tentar codificar aquilo que para ele se dava de maneira
única na história das relações entre os povos: a miscigenação como principal característica de um
povo. Essa é a experiência brasileira.
Debruçando-se sobre três matrizes étnicas componentes ele nos conta que “[...] a
sociedade brasileira assumiu diversas formas, variantes no tempo e no espaço, como modos
sucessivos de ajustamento a distintos imperativos externos e a diferentes condições econômicas e
ecológicas regionais. No primeiro caso moeu e fundiu as matrizes originais indígena, negra e
européia em uma identidade étnica nova, pela via evolutiva da atualização e incorporação
histórica, que foi o caminho comum de formação dos povos novos das Américas” (Ribeiro 2006).
Fica claro, a partir desse processo de amálgama contínuo, fundamento da nossa sociedade,
que rege as nossas relações sócio-culturais e as transformam nesse painel onde prolifera toda
sorte de manifestações artísticas e populares. O autor nos provoca “A camada senhorial, integrada
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pelo patronato de empresários e pelo patriciado de clérigos e burocratas civis e militares todos
eles urbanos, integra a sociedade total como um de seus elementos constitutivos, mas opera como
uma parcela diferenciada no plano cultural, tanto na cultura vulgar da cidade como do campo.
Participando embora, de folguedos populares, por exemplo, o faziam antes como
patrocinadores do que como integrantes em comunhão funcional com as crenças populares. Na
verdade, essa camada senhorial constitui um círculo fechado de convívio eurocêntrico, que mais
cultua a moda que seus próprios valores hauridos no acesso metropolitano, onde bem ou mal se
faz herdeira da literatura, da música, das artes gráficas e plásticas, bem como outras formas
eruditas de expressão de uma cultura que, apesar de alheia passaria a ser a sua própria“. E ele
desfecha nos introduzindo ao cerne deste trabalho: “Todo esse processo se agrava, movido em
nossos dias pela prodigiosa da indústria cultural que, através do rádio, do cinema, da televisão e
de inúmeros outros meios de comunicação cultural, ameaça tornar ainda mais obsoleta a cultura
brasileira para nos impor a massa de bens culturais e respectivas condutas que dominam o mundo
inteiro. Nós que sempre fomos criativos nas artes populares e de tudo que estivesse ao alcance do
povo-massa, nos vemos hoje mais ameaçados do que nunca de perder essa criatividade em
beneficio de uma universalização de qualidade duvidosa” (Ribeiro 2006).
Despedimo-nos aqui de Darcy Ribeiro tendo ele nos suscitado a inquietantemente questão
da indústria cultural, não cita pelo menos nos trechos reproduzidos a ação direta da globalização
em auxiliá-la, mas a descreve nestes mesmos trechos impecavelmente nos induzindo a seguinte
reflexão: Seria possível uma melhor relação entre a cultura popular e os meios de comunicação
de massa difusores de bens simbólicos pífios, que representam nada mais que uma improdutiva
demanda mercadológica? Primeiramente nos diz a professora doutora Luci Bonini que a Indústria
Cultural descrita no ensaio crítico, Dialética do esclarecimento dos pesquisadores frankfurtianos
Adorno e Horkheimer herdeiros das teorias Marxistas, infunde o individualismo e promove uma
sociedade que prioriza o ter, apoiando-se num maniqueísmo intragável difundido em horário
nobre sob a forma de modismos verbais que fraudam a essência de questões como a secular
desigualdade social brasileira. “Favela do bem” foi o exemplo citado pela nossa preceptora,
porém o adornaríamos - sem nenhum trocadilho - com o trecho da seguinte canção “eu só quero é
ser feliz, andar tranquilamente na favela em que eu nasci e poder me orgulhar ter a consciência
que o pobre tem o seu lugar.” Comentar se faz necessário e Bonini ainda alude à inversão de
valores propiciada por essa mídia; ladrões virando heróis, celebridades instantâneas que nos
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fazem lembrar da seguinte frase: “só os medíocres se deixam festejar”, e a nefasta
espetacularização de fatos criminosos, este horror hoje tão comum, talvez não consiga de fato ser
superado e se nos for permitido o depósito de alguma esperança, eis o nosso rogo, porém, esse
cenário é coroado pela vileza da imposição de padrões onde não há representação efetiva dos
opositores e nem mesmo espaço para os feios, deficientes, indesejados ou minorias. O que se
apresenta é uma pasteurização estética em função de uma mídia distorcida essencialmente
proselitista, Keates apontava “a beleza é a verdade a verdade é a beleza”. Desfechando a
professora comenta que atualmente só é visto como “cultura” aquilo que é propalado pela
Indústria Cultural, alertando que certamente saberemos a verdade, dificilmente trabalharemos
com ela.
Retomemos o questionamento sugerido por Ribeiro sobre a globalização e o seu auxílio à
Indústria Cultural onde o professor e historiador Mário Sérgio de Moraes nos explica que em seu
atual estágio nunca o capitalismo fora tão capitalismo tendo a sua representação mais vivaz na
maneira diferente de acumulo do capital, pois ele não vive mais do trabalho e sim de um mercado
financeiro especulativo, este se mostra fundamentalmente internacional e desconhece a
autonomia dos paises com as suas inexpugnáveis transnacionais. E são muitas as novidades
geradas por essa sociedade do computador dentre elas a priorização da informação em detrimento
ao conhecimento, Moraes ressalta ainda que temos uma cultura de legenda, apenas voltada para a
superfície dos fatos noticiados, ficando perigosamente expostos no campo da manipulação onde
as imagens que exercem importante influencia sobre a nossa realidade, só que a imagem não é a
realidade e sim apenas a representação desta.
Quem ventila “uma outra globalização” é outro brasileiro cônscio de seu papel social, o geógrafo
Milton Santos, ele, valendo-se, de Ortega y Gasset em la rebelion de las masas de 1937, nos diz
que sendo a base da globalização perversa a unicidade técnica -esta servindo evidentemente a
classe dominante- ainda assim essa mesma unicidade técnica poderia servir a outros objetivos, se
posta a atender outros fundamentos sociais e políticos. Preconizando indicativos de uma nova
história, que se apresentou na reconfiguração geopolítica mundial no final do século XX, Santos
afirma algo que em primeiro contato parece-nos contraditório, a produção de uma população
diversificada, racial, cultural, filosoficamente, mesmo esta, aglomerada em áreas cada vez
menores em todos os continentes, permitiria um maior dinamismo em suas relações, graças aos
progressos da informação e a mistura de idéias; apresentar-se-ia nesse contexto a
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sociodiversidade muito mais importante no nosso processo histórico que a própria biodiversidade
e o mais contundente seria a emergência de uma cultura popular apoderando-se de meios técnicos
outrora exclusivos da cultura de massa. Santos fala aqui em revanche e até em vingança para
salientar a perspectiva de tamanho feito, dessas classes tidas como subalternas em relação aos
senhores dos meios de produção cultural.
Deparamo-nos iniciados, ou melhor, iniciandos, nos estudos dos processos comunicacionais com
o universo arrebatador de Luiz Beltrão denominado por ele folkcomunicação: que trata da
mediação entre o popular (folk) e o mercado onde os bens culturais são midiatizados pelo
massivo, este massivo midiático comunicacional; que segundo a Professora Doutora Cristina
Schmidt, está inserido no atual contexto da revolução digital, que sobrepuja em importância a
industrial, pois ela traz o conhecimento como a sua principal característica. Lidamos agora com
os desafios da “Sociedade do Conhecimento”, que promove em nível global uma conectividade
sem precedentes na história, nos é reclamado então, por sua própria natureza tecnológica, que
nos tornemos indivíduos capazes de reconhecer esses novos caminhos por onde transitam a
informação; esta que oportunamente se desprende em todo esse processo, das hegemônicas
versões verticais ideologizadas ou ideologizantes para se refugia num outro ambiente muito mais
amistoso, sobretudo no que tange a interatividade promovendo - em contraposição - a
horizontalização do processo informativo, este que se dá de forma mais solidária congregando as
diversidades e diversificando aquilo que é local. Neste contexto contribui não apenas a
informática o estudo da Folkcomunicação nos ensina, que são suportes para a divulgação das
idéias e das mensagens de determinadas comunidades, a sua própria manifestação em si: a dança
dos B. Boys, a poesia rimada de improviso dos Happers e mesmo o grafite, portam informações
detalhadas de posturas e filosofias que atraem simpatia ou se chocam com aqueles que tomam
contato. Isto é a Folkmídia que lega aos populares também a comunicação com arte, favorecendo
sobejamente a compreensão e identificação do que é cultura popular em seus diversos
desdobramentos. Seguimos com Beltrão para afirmar que ele é um verdadeiro instigador da
pesquisa dos processos comunicacionais em nosso país, modulando a sua distinta verve para nos
transmitir o quão relevante é cuidarmos do privilegio da dinâmica de tantas expressões culturais
presentes apenas em nosso quotidiano, torna-se dever enquanto comunicólogos conhecê-lo,
difundi-lo e discuti-lo.
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2.2 A formação cultural de uma região
Defendido pelo notório historiador mogiano Isaac Grinberg (1979), como povoador
daquela que se chamou villa de Sant'anna e esta que teve a sua emancipação reconhecida no
despacho de Don Luis de Souza Governador Geral de São Paulo aos 17 de Agosto de 1611,
Gaspar Vaz que viria a ser o capitão da ditosa e - por ocasião da cerimônia de sua elevação á I de
Setembro daquele corrente ano - festiva, via junto ao pelourinho, indispensável para aquela
ocasião tanto quanto a cadeia e a capela, um importante e conseqüente passo que o auxiliaria na
consecução do mandato outorgado uma década antes por Don Francisco de Souza, pai do
despachante, que falecera pouco antes do desfecho destes relevantes acontecimentos. Por aquela
época sumira da documentação municipal paulistana uma destacada figura que chegara a
almocete e juiz, para desempenhar fundamental empreitada: abrir estrada entre São Paulo e o que
mais tarde seria Mogi das Cruzes; este intento nascido na convicção de Don Francisco das
riquezas minerais brasileiras refratava as bandeiras de André de Leão e de Nicolau Barreto
rechaçadas violentissimamente pelos Tamoios da Paraíba, que deparados com os invasores,
segundo Grinberg (1979), fustigaram até mesmo as muralhas que protegiam os paulistas. As
motivações para o feito de Vaz e os que o acompanhavam premia pela possibilidade de serem
proprietários das terras, a crença pungente que este novo núcleo localizava-se no ambicionada
“Caminho das Minas” e a estratégica proximidade com o litoral. No decorrer de sua história esta
região desbravada por Bandeirantes tornou-se cafeeira e escravocrata amalgamando fazendeiros
donos de muitas terras, o catolicismo emblemático do colonizador português ressalte-se aqui a
presença dos da Ordem Carmelita desde Mogi ainda Vila, Grimberg(1979), o elemento africano
desnaturalizado violentamente que resistia em suas Senzalas como afirma o Professor Josemir
Campos em interessante versão para A festa do Divino em suas manifestações tradicionais: “ Por
ocasião da Festa do Divino Espírito Santo existiam duas manifestações a Cavalhada que veio de
Portugal junto com a própria festa, que era tão somente a representação das batalhas entre
Mouros e Cristão da península Ibérica e sem dúvida pertenciam a elite aqui existente de senhores
de terras e escravos. A outra manifestação acontecia na Senzala onde os negros cultivavam as
suas danças e batuques oriundas de sua respectivas tribos em África e se encontramos figuras
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como reis e rainhas sendo coroados esta é a representação do que acontecia na região centro
africana do Congo”.
Professor Josemir Campos
A 6 de novembro do ano de 1875, inaugura-se o tráfego da estrada de ferro entre São
Paulo e Mogi das Cruzes, fato que impulsionou sobremodo o desenvolvimento da região,
tornado-a destino de imigrantes vindos predominantemente da Europa, este contato direto com a
cidade mais desenvolvida economicamente trouxe benefícios tecnológicos e contatos culturais
que foram determinantes para a sua formação sócio-cultural. Sobressai-se a participação
japonesa, que se deu no início do século XX e progressivamente firmou-se sobretudo em Mogi
como uma das maiores colônias incorporando seus costumes e festas atualmente gozam de muita
autotomia não apenas na agricultura (a sua função de origem quando da chegada), como nos
diversos segmentos da sociedade. A industrialização inevitável agregou ainda mais elementos
que buscavam oportunidades, estes trouxeram consigo a sua naturalidade compartilhando-a e
enriquecendo por este contato um quotidiano que se dinamizava. Grinberg (1961)
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O artista Nerival Rodrigues
Nerival Rodrigues, artista pernambucano radicado em Mogi que se autodenomina
primitivista, nos relata em entrevista um painel da cultural popular brasileira que vem segundo
ele, das tradições folclóricas presentes desde o interior ao litoral brasileiro, nascem muito mais
dos costumes, crenças, mitos e lendas. Elas nascem ingenuamente da lida de comunidades
simples, a agricultura é um bom exemplo, o contato das crianças com o barro das plantações,
certamente sugeriram brincadeiras e também a modelagem de animais e num outro estágio
figuras daquele quotidiano, assim como os movimentos ritmados no ato da colheita intuíram
cânticos, confirmando que a arte popular se insere no universo gestual e embrionário da formação
cultural de nosso povo.
2.3 O Histórico dos veículos de comunicação
Este trabalho analisou dois veículos de comunicação da região o Diário do Alto Tietê
(DAT) e a TV Diário.
O Diário do Alto Tietê é um jornal do grupo Mogi News, que circula diariamente (exceto
às segundas-feiras) nas 10 cidades da região do Alto Tietê. Com 66 mil leitores diários e com
tiragem de 16 mil exemplares o DAT circulou pela primeira vez no dia 7 de Março de 2006 e
reúne em suas páginas um mix de informações sobre trabalho e emprego, cultura, comércio e
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indústria, segurança, transporte e habitação com o objetivo de mostrar de forma dinâmica todas
as versões que envolvem os acontecimentos mais importantes
A TV Diário do Grupo Diário de comunicação entrou no ar pela primeira vez dia 1º de
Maio de 1998, Afiliada da rede globo tem como dever mostrar os acontecimentos da região para
que se tenha uma afiliada em alguma região do estado esta tem que atender alguns requisitos:
“Tem que ser uma região quente de notícias e muito populosa para que desperte o interesse de se
manter uma equipe ali”, diz Valéria Siguinolfi Diretora de reportagem da TV Diário.
Valéria Siguinolfi
E a região do Alto Tietê tem todos esses requisitos principalmente na cultura nas
palavras de Valéria é possível medir a importância da cultura na consolidação da TV Diário:
“aqui na região a cultura popular é muito forte são cidades muito antigas que têm muitas coisas
tradicionais e também muitas misturas uma das maiores representações sem dúvida é a Festa do
Divino”.
2.4 O Jornalismo Cultural
O advento do jornalismo cultural, em 1711, por meio do lançamento da Revista
Spectator, idealizada pelos ingleses Richard Steele e Joseph Addilson, significou uma tentativa
de democratizar o acesso aos bens culturais, como um movimento contra a sua elitização, de
modo a incorporar a cultura ao cotidiano da sociedade e eximi-la da redoma de erudição. Para
Piza (2003, p.11), o intento subjacente à publicação da Spectator era: “[...] tirar a filosofia dos
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gabinetes, bibliotecas, escolas e faculdades e levá-la para clubes e assembléias, casas de chá e
café”.
Teoricamente, essa vertente do jornalismo propicia o criticismo e a conscientização acerca
da multiplicidade das manifestações artísticas, sejam elas seculares ou contemporâneas. Ademais,
esse gênero pode agregar aspectos históricos sobre determinado tema, contextualização, além de
permitir ao leitor conhecer determinado bem cultural e algumas de suas peculiaridades.
Todavia, a consolidação hegemônica da indústria cultural fez corroborar uma prática de
jornalismo cultural caracterizada pelo servilismo aos anseios mercadológicos. A imediaticidade
(delineada, mormente, pela cobertura em que o elemento basilar é a efeméride) oblitera a
diversidade intrínseca à cultura. No regime de comunicação midiática em vigor, prepondera a
homogeneização das manifestações de cultura, em detrimento da variedade.
Outro ponto relevante correlacionado a essa modalidade jornalística é a definição do que é
cultura e de que maneira o profissional abordará a questão: ele interpretará ou explicará a obra?
Caso a primeira opção seja a implementada, há o risco da deturpação do conteúdo, pois juízos de
valor poderão corromper o significado genuíno do bem cultural.
É patente a sucumbência das pautas ao fenômeno da “ibopização”, por conseguinte, é
comum jornalistas defrontarem-se com um antagonismo oriundo da mercantilização de cultura,
isto é, a cultura de massa: devem-se priorizar os valores culturais ou de mercado? Parece que o
jornalismo cultural está contaminado por uma visão reducionista e espúria, a qual não reputa a
identidade e a legitimidade de um bem cultural, simplificando-o a um mero produto comercial.
3 A mídia regional no Alto Tietê e seus produtos
Buscamos compreender o processo de abordagem da cultura popular na mídia regional
por meio da coleta de material jornalístico no período que abrange os dias 1º de maio de 2008 a
31 de julho do mesmo ano, de modo que foram selecionados os conteúdos de todo o jornal DAT,
enquanto que os dados escolhidos na programação da TV Diário foram apenas retirados das
produções regionais.
Para formação das tabelas, foi realizada a gravação e a decupagem das imagens da
emissora de televisão, para que posteriormente pudéssemos cronometrar cada matéria e assim
quantificar o espaço dado à cultura popular pela TV Diário. A coleta do conteúdo jornal se deu
17
através da análise e seleção das edições diárias, de maneira que a representatividade cultural foi
mensurada em centímetros quadrados.
Nos veículos estudados, o conceito de efeméride ficou evidente principalmente no mês de
maio, no qual há a realização da Festa do Divino, uma das maiores e mais notórias festas da
região. Por conseguinte, a cobertura sobre cultura neste mês foi mais expressiva, ainda que com
poucas matérias sobre o evento no DAT, como se pode verificar nas tabelas a seguir.
Tabela 1- 1ª quinzena de maio- DAT
DATA MATÉRIA PÁGINA ESPAÇO (cm²)
01/05/2008 n/c n/c n/c02/05/2008 Abertura do Divino arrasta 1,5 mil ao centro 5 1590 cm²
Suzano tem festa de São José Operário 3 313,5 cm²03/05/2008 n/c n/c n/c
04/05/2008O relações públicas que fez as festas mais lembradas de Suzano
06/05/2008 36ª festa da uva de Ferraz vai começar amanhã 5 210,507/05/2008 Nikey News 1950cm²08/05/2008 n/c n/c n/c
09/05/2008Festa do Divino segue até domingo com programação variada 6 104cm²
10/05/2008 n/c n/c n/c
11/05/2008Entrada dos palmitos atrai público de aproximadamente 50 mil devotos 8 969cm²Os desafios de levar a cultura ao público da periferia 4 1950cm²
13/05/2008 n/c n/c n/c14/05/2008 n/c n/c n/c15/05/2008 n/c n/c n/c
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Por ser ano do centenário da imigração japonesa, nota-se na tabela a presença do Nikkey News
(um suplemento do jornal Diário do Alto Tietê sobre a cultura nipônica). Essa mais uma
evidência da presença do conceito efeméride e da superficialidade na abordagem do tema, em
decorrência do fenômeno da presentificação, o que, por sua vez, acarreta na formação de
telespectadores e leitores acríticos. “Se o Povo não tem formação cultural satisfatória, não terá
consciência crítica para combater e descartar o que lhe apresentam[....]” (Bonini 2008).
Na segunda quinzena do mês de maio, nota-se uma queda abrupta na quantidade de
matérias sobre cultura, com a presença de apenas uma reportagem com tais características, como
fica visível na tabela seguinte.
Tabela 2 - Segunda quinzena de Maio – DAT
DATA MATÉRIA PÁGINA ESPAÇO (cm²)
16/5/2008 n/c n/c n/c18/5/2008 n/c n/c n/c19/5/2008 n/c n/c n/c20/5/2008 n/c n/c n/c21/5/2008 n/c n/c n/c22/5/2008 n/c n/c n/c23/5/2008 Artista de Suzano trabalha para desmistificar profissão 6 1950 cm²25/5/2008 n/c n/c n/c26/5/2008 n/c n/c n/c27/5/2008 n/c n/c n/c28/5/2008 n/c n/c n/c29/5/2008 n/c n/c n/c30/5/2008 n/c n/c n/c
A matéria da segunda quinzena: Artista de “Suzano trabalha para desmistificar
profissão”, assim como a matéria do dia 11 de maio “Os desafios de levar a cultura para
periferia”, que teoricamente falariam de cultura, destacam-se pelo alto teor político, apenas
apropriando-se do tema de forma eleitoreira, elogiando os feitos de um dos candidatos ao cargo
de prefeito da cidade e criticando o candidato adversário.
Esta tendência de queda permanece nas duas próximas tabelas, com o jornal apenas
divulgando festas e shows e mais uma vez através do suplemento Nikkey News, divulgando a
cultura nipônica.
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O Jornal, porém, faz apenas a divulgação de eventos como a expo100 (em
comemoração ao centenário da imigração Japonesa no Brasil), sem pormenorizar os elementos
que constituem a cultura do Japão, privando seus leitores de um conhecimento mais aprofundado
sobre o tema.
Tabela 3- Primeira quinzena de Junho – DAT
DATA MATÉRIA PÁGINA ESPAÇO (cm²)
01/06/2008Banda Albbey Road apresenta sucessos dos Beatles em Mogi 5 83,5 cm²
03/06/2008 n/c n/c n/c04/06/2008 Nikkey News 6 1950 cm²05/06/2008 n/c n/c n/c06/06/2008 n/c n/c n/c07/06/2008 n/c n/c n/c08/06/2008 Expo100 vai reunir vários setores 3 202,5 cm²10/06/2008 n/c n/c n/c11/06/2008 Prefeitura espera até 30 mil pessoas por dia na expo100 4 171 cm²12/06/2008 n/c n/c n/c13/06/2008 n/c n/c n/c14/06/2008 n/c n/c n/c15/06/2008 n/c n/c n/c
Mais uma vez constata-se a tendência em presentificar o conteúdo, fato este
corroborado pelo espaço dado ao Nikkey News. Fica perceptível também a disposição de espaço
restrito aos acontecimentos que não possuem correlação ao centenário da imigração nipônica (a
efeméride em voga).
Tabela 4 - Segunda quinzena de Junho – DAT
DATA MATÉRIA PÁGINA ESPAÇO (cm²)
17/06/2008 n/c n/c n/c18/06/2008 n/c n/c n/c19/06/2008 n/c n/c n/c20/06/2008 Expo100 terá início hoje em Suzano 4 348 cm²
Festival de cinema em agosto contará com atores 7 198cm²
20
globais21/06/2008 n/c n/c n/c22/06/2008 n/c n/c n/c24/06/2008 n/c n/c n/c25/06/2008 n/c n/c n/c26/06/2008 n/c n/c n/c27/06/2008 n/c n/c n/c28/06/2008 n/c n/c n/c
Esta tabela mostra a patente diminuição das coberturas culturais conforme ocorre o
distanciamento das efemérides, o que corrobora a preponderância da mentalidade sazonal do
DAT.
Tabela 5- 1ª quinzena de julho-DAT
Data Matéria Página Espaço1/7/2008 n/c n/c n/c2/7/2008 n/c n/c n/c3/7/2008 n/c n/c n/c4/7/2008 Demonios da Garoa
inauguram centro cultural5 126 cm²
5/7/2008 n/c n/c n/c6/7/2008 n/c n/c n/c8/7/2008 n/c n/c n/c9/7/2008 Imigração Japonesa 4 1950 cm²10/7/2008 Dia da pizza 6 997,5cm²11/7/2008 n/c n/c n/c12/7/2008 Presidente do Bunkyo espera
25 mim pessoas na festa da cerejeira
7 885,5 cm²
13/7/2008 n/c n/c n/c15/7/2008 n/c n/c n/c
Esta tabela demonstra o mais uma vez o vonceito efemérides presente no jornal já que as
matérias são sempre em alusão a algum dia de comemoração ou então para divulgação de algum
evento sem se aprofundar na questão cultural
Na 2ª quinzena não houve acorrencia de matérias logo a respectiva tabela não se encontra
presente
Tabela 6 - Primeira quinzena de Maio – TV Diário
DATA MATÉRIA PERÍODO DURAÇÃO
01/05/2008Casal de festeiros, Fernando Nunes e Tânia Nunes em entrevista, os últimos preparativos M/T
09:00''
02/05/2008 Início da passeata das bandeiras, participação da folia M/T
21
de Biritiba Ussú.*03/05/2008 Início da alvorada. M/T
04/05/2008Oratória do Divino Espírito Santo Igreja da Ordem Primeira do Carmo. M/T
05/05/2008Benção dos doentes, alvorada em frente a Santa Casa de Misericórdia.* M/T
06/05/2008Missa no cemitério em intenção dos ex-festeiros e ex-capitães de mastro e devotos falecidos. M/T
07/05/2008 Andamento da quermesse. M/T
08/05/2008Barraca de doces e salgados Sr. Milled em entrevista sobre a culinária . M/T
04:30''
09/05/2008Entradas dos palmitos, culinária, cavaleiros e congada, passeata das bandeiras com violeiros. M/T
17:00''
10/05/2008 Dia da entrada dos palmitos. M/T
11/05/2008Domingo de Pentecostes, alvorada passará em frente da primeira ordem do Carmo. M/T
12/5/2008Última alvorada, tradição folclórica, fechamento do império, balanço da festa do divino. M/T
08:45''
13/05/2008Marcha em Suzano abolição da escravatura, dia dos museus mogianos. M
06:00''
14/05/2008Anúncio da festa do Divino em Sabaúna, distrito de Mogi das Cruzes; e festa de santo Ângelo. M
5:00´´
15/05/2008 n/c n/c n/c
Nesta primeira tabela da TV no mês de maio nota-se a grande presença da festa do divino
espírito santo uma festa muito tradicional na região porém as matérias não se aprofundam muito
no contexto cultural da festa.
Tabela 7 - Segunda quinzena de Maio – TV Diário
DATA MATÉRIA PERÍODO DURAÇÃO16/5/2008 Culinária japonesa, sashimi, contexto centenário M 02:40''
Festa Sto. Ângelo, saída da bandeira, entrevista com Angêla Regueira integrante desta comunidade (organização), insertes da capela deste bairro e abordagem de sua importância enquanto patrimônio histórico M 02:15''Agenda cultural: Invade rua (dança de rua), exposição Isaac Greenberg, arte na praça com Vital de Souza MPB e composições próprias M 02:30''Entrevista no contexto da Virada Cultural com Adamilton coord. de cultura citou, Mateus Sartóri, Chiquinho e Tereza de Suzano, destaque da matéria Mateus Sartóri sobre sua participação na programação da Virada M 08:40''Idem T 02:55''
17/5/2008 Programa Terra da Gente. M n/c
22
matéria vinda de São Paulo sobre a imigração japonesa os artistas plásticos, Kaminagai, Mori e Fujita, visita de estudantes a exposição M 03:20''Virada cultural M 03:00''
18/5/2008
Programa Diário do Campo: Reportagem e entrevista com Sr. César orquidófilo, trouxe a informação de que numa das universidades de Mogi existe um laboratório direcionado para o desenvolvimento destas flores. M 04:00''Música sertaneja com Zé Divino e Edre Reis M 03:00''
19/5/2008Luta anti-manicomial, atividades artísticas como parte do processo de reabilitação. MKarina Nakahara miss centenário M 02:00''Virada cultural paulista, cultura quilombola especificamente o jongo, grupo de Guaratinguetá: populares de Mogi participando da dança e dando depoimentos evidenciando a importância deste tipo de manifestação. M
03:30''
20/5/2008 n/c M/T n/c
21/5/2008Agenda cultural: cantora Cris Alphlalon e projeto trama cultural, dança, artesanato, teatro M 03:30''n/c T n/c
22/5/2008
Tapetes de Corpus Cristi feitos por comunidade (Jardim Universo Mogi): seus membros descreveram a satisfação e importância desta atividade. M/T
06:00
Procissão, tapete e depoimentos dos participantes de Poá, Suzano, Mogi. M/T
23/5/2008Prioridade de pauta: Parada Gay, matéria vinda de São Paulo MAgenda: Centenário da imigração exposição de pinturas sobre o tema, teatro em Suzano, música banda DK5 de Mogi das Cruzes (festival nacional em Mogi), exposição sobre cidade estadunidense em Suzano. MFesta do Divino em Biritiba Ussú, imagens de cobertura, devotos, procissões; folhagem dos palmitos“ ausência dos cavalos em seu lugar tratores simbolizam a gratidão e a benção as ferramentas TCorpus Cristi em Suzano e em Poá com várias entrevistas de populares nas procissões. TContexto do centenário delegação de Seki (Japão) cidade irmã de Mogi, seus costumes e as suas características econômicas T
02:30
24/5/2008 Programa Diário Ecologia. M n/c
24/5/2008Devota de 96 anos, D. Maria do Espírito Santo de Biritiba Mirim e outros devotos em depoimentos. M 02:45''Distrito de César de Souza, Tino Teske diretor adaptação da peça A bela e a fera, grupo teatral ALA. M 2:40’’Karina Nakahara miss centenário. M 2:00"
25/8/2008Diário do Campo: Exposição de quadros de artista de origem oriental, Mogi. M
01:45''
Entrevista com o Sr. Joaquim, artesanato cestos de palha Biritiba Mirim. e D Esmeraldina agricultora criou prato regional lasanha de legumes música sertaneja com Donizete M 05:50''
26/5/2008 Okinori Nakatani ceramista (processo artesanal) M 06:00''
23
Selene Miha Nakatani ceramista e pintura em cerâmica afirma busca uma mescla entre a cultura brasileira e japonesa ( Mogi).n/c T n/c
27/5/2008 n/c M/T n/c
28/5/2008
Exposição contexto centenário Nerival Rodrigues: ”contribuição da cultura rural com a cultura artística rural” bras. e Jap. Nyoko Fukogawa. M 3:00"n/c T n/c
29/5/2008 Marcelo Rubens Paiva em Suzano M 3:00"
30/5/2008
Agenda cultural: Primeiro festival de música do Alto Tietê com Xavier Filho (Mogi). Fernandes Júnior citou o hip-hop. M 9:30"
31/5/2008 Terra da gente M n/cDiário Ecologia M n/cI festival de música do Alto Tietê, Vital de Souza e Mariana Duque M 3:00"
A segunda quinzena do mês de Maio a virada cultural ganha destaque com participações de Mateus Sartori divulgando o evento
Tabela 8 - Primeira Quinzena de Junho – TV Diário
DATA MATÉRIA PERÍODO DURAÇÃO
01/06/2008Programa Diário do Campo: Música sertaneja de raiz, com Marco e Andrade M
02:20''
02/06/2008 Passeio ciclístico Bunkyo centenário M 02:10''Primeiro festival de música do Alto Tietê M 03:50''n/c T n/c
03/06/2008 Projeto Guri, promover inclusão através da música. M 03:00''n/c M/T n/c
04/06/2008 n/c M/T n/c05/06/2008 n/c M/T n/c
06/06/2008Agenda: Stadion balé, dança contemporânea, Sinhá Zózima - teatro no ônibus, Mogi M
01:20''
Festival de inverno de orquídeas entrev. Eduardo Haga; Culinária japonesa M 6:00"
07/06/2008 n/c M/T n/c
08/06/2008
Programa Diário do Campo – Agenda: Processamento artesanal de olerçolas, Feira do Japão (Mogi), Festival de orquídeas M
00:30''
Colonização da cidade de Bastos entrev. Goro Abe.e João eJuanito Música sertaneja M 5:00"
09/06/2008 n/c M/T n/c
10/06/2008Ieda Shimabuko, banco de dados sobre a imigração japonesa, matéria SP*. M 05:00Artista plástica Aline Baliberdin, exposição: decomposição religiosa, Suzano. M 03:00''
11/06/2008 n/c M/T n/c
12/06/2008Controladoria geral da união averigua desvio de recursos, matéria SP. M 03:00''
24
13/06/2008
Agenda: Anime Sam, pavio da cultura, museu do expedicionário , exposição pintura: decomposição religiosa , M 02:30''Reportagem sobre o HIP-HOP que o define como movimento engajado em questões raciais e enumera os seus elementos M 02:10''Ikebana (centenário) em Mogi e matéria SP no bairro da Liberdade culinária japonesa. M
04:20''
n/c T n/c14/06/2008 Programa Diário Comunidade. M n/c
Programa Diário Ecologia: Documentário sobre hanseníase e recuperação do cine- teatro, dir. Andrea Pasquini M
11:30''
15/06/2008 n/c M/T n/c
A matéria sobre o hiip-hop do dia 13/6/2008 destaca-se por ser a única vez em que realmente
foram citados elementos verdadeiramente da cultura popular mesmo o foco da matéria tenha sido
outro
25
Tabela 9 - Segunda quinzena de Junho – TV Diário
DATA MATÉRIA PERÍODO DURAÇÃO16/06/2008 n/c M/T n/c17/06/2008 n/c M/T n/c18/06/2008 n/c M/T n/c19/06/2008 n/c M/T n/c20/06/2008 n/c M/T n/c21/06/2008 n/c M/T n/c22/06/2008 n/c M/T n/c
23/06/2008Quarto concurso literário (Suzano) conto e poesia.
M 2:30"Agenda do príncipe Naruhito *centenário M 03:30''Japoneses no sambódromo paulista, taikô, kendô, ginástica M
03:30''
n/c T n/c24/06/2008 n/c M/T n/c
25/06/2008Evaristo Costa Jornal Hoje, anunciando festa de São João M 0:30"Amuletos da cultura japonesa, gatos da sorte junto com nossa senhora Aparecida e comerciantes mostrando o boneco Daruma, M 03:10''Lais Bodansky, projeto sala de cinema itinerante, Cine tela Brasil em Itaquaquecetuba M
03:00''
26/06/2008 n/c M/T n/c27/06/2008 n/c M/T n/c28/06/2008 n/c M/T n/c29/06/2008 n/c M/T n/c30/06/2008 n/c M/T n/c
A segunda quinzena de Junho é marcada ainda pelo contexto do centenário de imigração
japonesa
Na matéria do dia 25/6/2008 temos uma mostra de como acontece a miscigenação da cultura
brasileira que foi citada por Darcy Ribeiro quando é mostrada os gatos da sorte japoneses ícones
da cultura oriental junto com a padroeira do Brasil Nossa Senhora Aparecida típica da nossa
cultura popular e como a mídia se apropriou dessa miscigenação
Tabela 10- 1ª Quinzena de Julho - TV Diário
DATA MATÉRIA PERÍODO DURAÇÃO01/07/2008 n/c M/T n/c02/07/2008 n/c M/T n/c
26
03/07/2008
Festa do Divino em Brás Cubas, entrev. Francisco Molina, imagens de congada, violeiros e grupos folclóricos M 02:10''n/c T n/c
04/07/2008
Agenda: Banda Mal Contato (Mogi). Teatro “O pai da noiva” (Guararema). Banda Di Lucas, pop (Sabaúna). Cantora Henriete, MPB (Mogi). M 01:00''Festa do Divino em Brás Cubas e Festa do Carmo, entrev. com frei Gabriel Haamberg: “programação folclórica e tradicional” M 2:00"
05/07/2008 n/c M/T n/c06/07/2008 n/c M/T n/c07/07/2008 n/c M/T n/c08/07/2008 n/c M/T n/c09/07/2008 n/c M/T n/c10/07/2008 n/c M/T n/c11/07/2008 n/c M/T n/c12/07/2008 n/c M/T n/c13/07/2008 n/c M/T n/c
14/07/2008
Primeira apresentação da orquestra sinfônica de Mogi na Festa do Divino em Brás Cubas, canção Bandeira do Divino. Anuncio Moraes Moreira. M/T 04:50"
15/07/2008 n/c M/T n/c
Na primeira quinzena nota-se uma queda brusca nas matérias sobre cultura que ficam restritas
apenas as agendas culturais de cada dia
Tabela 11- 2ª Quinzena de Julho
DATA MATÉRIA PERÍODO DURAÇÃO16/07/2008 Colcha de retalhos, senhoras da terceira idade. M 04:00''
n/c T n/c17/07/2008 n/c M/T n/c
18/07/2008
Núcleo Augusto Cândido de teatro circuito cultura paulista (Suzano). Festa do Divino em Biritiba Mirim. Parambolandos teatro (Suzano). Cinema de graça em Quatinga (Mogi). Espetáculo em homenagem a Oswaldo Montenegro com André Luis e Carlos Melo (Mogi). M 03:00"n/c T n/c
27
19/07/2008 n/c M/T n/c
20/07/2008
Programa Diário do Campo agenda: Término da Festa do Divino em Biritiba Mirim, novena, procissão e quermesse e encontros de violeiros. Curso de viveiristas produção de sementes (Suzano). M 1:00"Dupla sertaneja Jair Mineiro e Miranda M 3:30"
21/07/2008 n/c M/T n/c22/07/2008 n/c M/t n/c23/07/2008 n/c M/T n/c
24/07/2008
Matéria sobre a colonização católica da região: Igrejas do Carmo esculpidas em estilo Barroco, outro exemplo Barroco igreja de Nossa senhora da Escada em Guararema de 1652 única no Brasil com a imagem de São Longuinho M 5:30"
25/07/2008
Agenda: Standapi Comedi, teatro Vasquez com Anderson Prado “Mocotó”. Cantor Zé Modesto show na Vila Indústrial 01:20'' Anuncio do filme era uma vez M 01:40''
26/07/2008 Program Diaŕio Comunidade e Diário Ecologia M n/cDiário TV: Festa de Santana, voluntárias no preparo dos quitutes, quentão e vinho quente, imagens da santa 4:20"
27/07/2008 n/c M/T n/c28/07/2008 n/c M/T n/c29/07/2008 n/c M/T n/c30/07/2008 n/c M/T n/c31/07/2008 n/c M/T n/c
Assim com em outras se nota nesta tabela o forte apelo da religião católica na região e a mídia regional se apropria também tem um destaque maior a divulgação de peças de teatro na região
4. Considerações finais
Ao analisarmos a representatividade da cultura popular em meios de comunicação de
massa no Alto Tietê, constatamos uma abordagem pontual sobre estas manifestações,
evidenciando um caráter predominantemente comercial no perfil do jornalismo praticado nos
veículos analisados, tanto o impresso quanto o televisivo, que ao cobrirem festividades religiosas
-comuns em toda região- priorizam a divulgação do evento em si e a sua importância
mercadológica, e não o aprofundamento dos elementos culturais populares que os compõem.
Fora desta sazonalidade a cobertura das expressões artísticas populares surgem apenas em datas
específicas ou em fóruns ligados a alguma municipalidade.Notamos também o desconhecimento
por parte do veículos do que realmente é considerada cultura popular o que leva o seus
consumidores a não ter a informação correta evitando assim a formação de um censo critico mais
apurado
28
5. Anexos
(A arte como identidade cultural) – Por Nerival Rodrigues
A arte popular vem das tradições folclóricas do interior e do litoral brasileiro. Ela se caracteriza
como popular, mais pelos costumes, tradições, mitos e lendas que nascem, com raízes ingênuas e
caipiras do cotidiano e do imaginário popular.
Vem sempre ornada de formas e expressões simples em sua leitura estética devido à formação
primitivamente ingênua de seus criadores autodidatas. Em nível nacional podemos citar alguns
exemplos como, os bonecos gigantes do carnaval de rua de Olinda, as carrancas dos artesões das
margens do Rio São Francisco, as peças em barro de Mestre Vitalino. Podemos classificar nessa
categoria popular, as cantigas improvisadas dos repentistas do nordeste, a literatura de cordel, as
xilogravuras com traços ingênuos, as pinturas primitivistas de caráter bem ingênuos; além das
danças e festas religiosas de características folclóricas, como as festas juninas (de São João), a
Festa do Divino, as Congadas e Marujadas, os Folguedos de Moçambique e o tradicional Bumba-
meu-boi.
29
Temos também as danças e artes marciais como; a capoeira, a Timbalada, o frevo, a ciranda, o
maracatu, o xaxado, etc.
Aqui no sul e sudeste temos a música caipira tradicional de raízes em São Paulo e Paraná e Minas
Gerais especialmente, as do Vale do Jequitinhonha.
Alguns grupos de música considerados de cultura popular do nordeste são: Banda de Pífanos de
Caruaru, Banda de Pau e de Corda, Quinteto Violado, Quinteto A*, além dos cantadores*, Téo
Azevedo, Xangai, Elomar, Vital Faria que fazem um trabalho nativista com raízes e instrumentos
renascentistas e medievais. Isso tudo e enquadra nos padrões convencionais das chamadas arte
popular. São, apenas alguns casos citados entre os mais conhecidos do Brasil.
Nos seus mais diversos elementos lingüísticos de tradição primitivamente ingênuos, a arte
popular se incorpora no mundo gestual embrionário de formação da identidade cultural de cada
povo ao redor do mundo, seja ele de aspecto tribal nativo, ou seja ele de formação “civilizada”
como nação politicamente estruturada. É dessa cultura popular que se formou desde os
primórdios à história da civilização.
Folclore de Mogi das cruzes - Isaac Grinberg - (1983)
Publicado no início da década de 1980 este livro com 146 paginas, cuida das manifestações de
cultura popular em Mogi das Cruzes, o autor nos introduz ao assunto definindo o termo folclore
atribuindo-o ao arqueólogo inglês William John Thoms. Este nascido ao principiar o século 17
interessou-se desde muito moço pelo estudo das tradições populares inglesas e editou por pouco
mais de vinte anos entre 1849-1872 a revista “Notas e Perguntas” destinada à discussão e difusão
do tema, logo depois e em outra revista, Thoms sugeriu a adoção do termo Folclore enquanto
pedia para aquela apoio para a realização de levantamento de dados sobre usos, tradições, lendas
e baladas regionais de todo o seu país. Entretanto oficializou-se a palavra em 1878 quando criada
a Sociedade de Folclore em Londres, importante salientarmos que tinha por objetivo a
conservação e a publicação das tradições populares, baladas lendárias, provérbios locais, ditos
vulgares, superstições e antigos costumes e as demais matéria concernentes. Grinberg ainda nesta
fase recorre à Rossini Tavares de Lima que alega “ o Folclore estuda a cultura como
manifestação do sentir, pensar, agir e reagir do homem de uma sociedade” e nos explica que
enquanto “ a cultura erudita procede do ensinamento direto ministrado através das organizações
intelectuais, universidades, escolas, igrejas, imprensa, cinema”, a cultura espontânea é aprendida
30
de maneira informal na vivência do homem com o seu semelhante do nascimento à morte”. O
autor deixa claro ainda o caráter ilimitado do Folclore afirmando que este não se limita,
sobretudo nesta cidade, as Congadas ou Moçambiques as quais imediatamente nos remetemos ao
tratarmos deste assunto e descreve como tal a linguagem falada ou gestual própria de
determinadas comunidades, exemplifica as locuções consagradas pelo uso ou frases feitas, assim
como as inscrições nos para-choques, apelidos, adivinhas, travalínguas e réplicas explicando
didaticamente cada uma delas; acrescenta-se neste universo as brincadeira de criança
devidamente enumeradas e descritas assim como as cantorias que as animavam e ordenavam. O
historiador lembra-se dos tempos de outrora quando ele próprio se divertia nas tranqüilas ruas de
uma Mogi saudosa, e mesmo quando homem feito testemunhou essas mesmas brincadeiras numa
cidade que começava inexoravelmente a se emancipar, guardando porém, espaço para os
pequenos comungarem a sua infância, desde após a janta e jantava-se cedo, por volta das 18
horas até pouco antes das 22 horas quando incontinentes os pais ordenavam que se recolhessem.
Ele aventa ainda por ocasião da época em que escreve 1983, a implacável invasão de jogos
eletrônicos afastando as brincadeiras da ordem do dia infantil, eu que coincidentemente tinha 11
anos me recordo que estes jogos tinham ainda um caráter coletivo, pois num quarteirão ou dois
somente uma criança tinha tal brinquedo o que agregava a todos que por ali se conheciam,
sobremodo, não demorava muito a novidade esmaecer e voltávamos a ciranda de roda, estilingue,
cabra-cega ou taco, vale o registro, em ruas sem asfalto e nem com excessivo movimento. Cabe
continuar este diálogo com o autor citando o ambiente definitivamente opressivo dos tempos
atuais e a excessiva individualidade dos agora pré-adolescentes com seus celulares que embutem
toda sorte de funcionalidade. Voltando ao conteúdo do livro que está disposto em capítulos
verificamos a sua objetividade em textos organizados de maneira a nos iniciar na compreensão e
identificação dos elementos que compõem o folclore, estes sempre em franco desenvolvimento.
Ressalto o capítulo 10 Pesquisa Folclórica onde há dicas para se obter os melhores resultados
nesse intento, desde o método a ser utilizado até a postura para melhor coleta das informações.
Os capítulos se debruçam ainda sobre as lendas de Mogi das Cruzes como as da Escada, das
Cruzes, de Santo Ângelo, a do escravo Sebastião, da Biquinha entre outras. Superstições e
Crendices é um capítulo complementar assim como os que versam sobre a medicina e a culinária
folclórica e aquele que define claramente Congada, Moçambique e Marujada o desfecho do livro
31
faz o mesmo com a indispensável Festa do Divino e apresenta por fim os festeiros e capitães de
mastro desde 1919 até o ano de sua publicação.
O povo Brasileiro - Darcy Ribeiro – (2006), Companhia das Letras.
Esta obra de 435 paginas é dividida em cinco grandes capítulos: O novo mundo, Gestão Étnica,
Processo Sociocultural, os Brasis na História e Destino Nacional, todos eles apresentam tópicos
que convidam o leitor desde o primeiro contato a uma reflexão sobre a imensa gama de
elementos que cooperaram e ainda cooperam para a nossa formação . Nesta obra o antropólogo
Darcy Ribeiro fala do processo de criação do povo brasileiro desde a intervenção lusitana que não
se resumiu ao descobrimento, ou como querem alguns, o achamento ou ainda invenção das terras
que ulteriormente se chamariam Brasil, e se propôs com a nova conquista e de maneira muito
pouco amistosa uma fusão étnica que ecoa até os tempos atuais. Os portugueses romanizados
como toda a Europa continental na época das grandes navegações traziam consigo culturalmente
o velho mundo de línguas latinizadas, conceitos filosóficos em franca transição como o
geocentrismo, a influência de séculos das culturas semitas (árabes e judeus) determinantes para a
ventura ultra-mar e talvez a mais caras justificativas ideológicas como a expansão do monopólio
mercantil e a não menos expúria a difusão indiscriminada do catolicismo. Deste choque primeiro
dos nativos locais estupefatos com a visão das naus que julgavam eles portarem, segundo Darcy,
o retorno de seus ancestrais ficou a pior impressão possível, pois os navegantes depois de meses
no mar fediam , tinham barba hisurta - algo absolutamente exógeno para eles - e muitos pelo
escorbuto, tinham a cara totalmente escalavrada por feridas que os desfiguravam. Logo adiante o
autor descreve o a prática do cunhadismo instituição social praticada por algumas tribos que
consistia em oferecer uma moça nativa, quando do aceite por parte do estranho estabelecia-se
laços fortíssimos vinculando-o não somente aos parentes diretos da nubente pais e irmãos, a
mesma consideração seria compartilhada pelos demais tribais; esta prática em sua nova função
civilizatória foi a responsável pela mestiçagem que definitivamente tomou conta de todo o Brasil.
Ribeiro deixa claro já no prefácio que este livro talvez não seja considerado -nem mesmo por ele
próprio- o livro de sua vida, assegura, porém, que este é o livro de uma vida dedicada, sobretudo
no âmbito político na incansável compreensão dos anseios de um povo surpreendente: que
mesmo diante do constrangimento institucional legado pelas classes dominantes principalmente
as latifundiárias que o deformaram, este ainda assim, promove ininterruptamente a congregação
32
dos mais variados povos do mundo. Imigrantes com pouco mais de cem anos ou até menos
comprovam isto não só integrados socialmente, continuam a mestiçagem com indivíduos de
outras origens e com os próprios brasileiros. Essa é a essência do ele chama nova Roma lavada
em sangue Ameríndio e Africano, completamente diferente das civilizações transplantadas
promovidas pelos Anglo-Saxões na América do Norte, África e Oceania. Chega-se muito antes
do fim deste volume a conclusão de ele se faz indispensável, não só pela clareza com que aborda
temas anteriormente repisados pelo preconceito como a própria história do nosso país, a proposta
do O povo brasileiro revigora o desejo em repensarmos o que chamamos civilização.
Emtrevista: Sidnéia dos Santos Queiros
Capitã do Batalhão de Congada Nossa Senhora Aparecida
“ O batalhão representa uma dança africana e o nosso foi funda em 11 de novenbro de 2004. Tem
4 anos que estaos com a congada. E a congada em minha vida vem de geração em geração,
primeiro minha avó depois minha mãe e eu desde criança. N acongada tem vários instrumentos,
caixa de guia, ciaxa dse centro, tarol eos bastões. Tem também o rei-congo as rainhas e as
princesas. A letra já vem de origem, mas tem composição nova eu mesma fiz uma que é um
dobrado”:
Eu pisei no mar devagarinho
Eu pisei no mar devagarinho
Eu vi marinheiro remando sozinho
Eu vi marinheiro remando sozinho
“ E tem uma tradicional que o salve Rainha”:
Salve rainha mãe de misericórdia
Salve rainha mãe de misericórdia
Maria mãe de Deus rogai por nós
33
Maria mãe de Deus rogai por nós
Entrevista: Gislaine Donizete Afonso
Capitã congada Santa Efigênia
- “ A congada é de origem africana trazida da Angola, a primeira manifestação folclórica desse
tipo foi o Moçambique depois veio a congada também conhecida como congo. Esta congada de
Santa Efigênia era de meu pai José Batista Afonso o Zé Baiano e foi ele que trouxe de Santana
dos Montes, Minas Gerais. Antes ainda era de ameu avô Passarinho, aqui em Mogi agora está
comigo. E eu vejo a congada como uma cultura negra muito rica e é poisso que a gente vive por
ela para divulgar melhor não só aqui em Mogi mas em São Paulo.Em Minas Gerais a congada é
muito forte lá ainda se encontra os antigos tambores de ferro fitos de tronco de árvore tirando o
seu miolo e depois colocando o couro com cordas. E aquilo que eu mais me orgulho é um bastão
que está na minha família há 4 gerações desde o meu bisavô. É o bastão Preto, chamado bastão
Mulato. Já os passos de nossa dança são os passos de preto véio que faz parte do cruzamento, as
cantigas são de louvação aos santos e marinheiros assim como a Santa Efigênia e ao Divino. E os
grupos Folclóricos daqui de Mogi todos tem relação com a Umbanda, todos estes congada,
moçambique, marujada, vieram da Angola, assim como o jongo e o candombé todos mexem com
espiritualidade. E eu quero cantar uma cantiga que meu pai cantava para o avô dele”:
Santa Efigênia tá contente nessa bandeira
Santa Efigênia tá contente nessa bandeira
Oi, viva o Passarinho já foi dono dessa bandeira
Oi, viva o Passarinho já foi dono dessa Bandeira
-“ Hoje eu canto assim em memória do meu pai”:
Santa Efigênia tá contente nessa bandeira
Santa Efigênia tá contente nessa bandeira
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Oi, viva o Zé Baiano já foi dono dessa bandeira
Oi, viva o Zé Baiano já foi dono dessa Bandeira
Congada Marujada Nossa Senhora do Rosário
Capitão Edinho
- “ A nossa Congada Marujada foi fundada em 1957 pelo meu tio e padrinho José da Silva já
falecido e eu participo desde os meus 10 anos hoje tenho 64. E agente se apresenta em outras
festividades não só no Divino, como na festa da nossa padroeira Nossa Senhora do Rosário em
quermesses e até em escolas. As cores da nossa roupa é as cores de nossa bandeira que é azul e
branca, só que a gente usa também essas faixas para enfeitar um pouco mais. Por que a nossa
Santa é muito bonita e agente acompanha. E nós temos a musica da Marujada mesmo que é
assim”:
Marujada chegou, Marujada t'aí
Marujada chegou, Marujada t'aí
Senhora do Rosário olha nós aqui
Senhora do Rosário olha nós aqui
-“ E quando é festa do Divino a gente canta assim”:
Eu estava dormindo o Divino me chamou
Eu estava dormindo o Divino me chamou
Divino Espírito Santo ele é o nosso protetor
Divino Espírito Santo ele é o nosso protetor
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Moçanbique capela Santa Cruz do Botujuru
Meatre José Aparecido de Godói
-” Eu participo do Moçambique desde 1987 quando me convidaram para dançar, lembro que da
primeira vez eu não fui, porque fiquei meio acanhado, com vergonha. Mas o pessoal insistiu e
minha mãe ligou essa dança com uma promessa que ela tinha feito e não foi cumprida, dai'o
mesmo mestre me chamou então eu fui. E é uma dança religiosa que me fez muito bem, todos os
pedidos que eu fiz foram atendidos, por isso eu sou muito agradecido a esse mestre que me
chamou para o Moçambique e também ao falecido mestre orlando já falecido que tocava o grupo
dele na mesma capela que a nossa da Santa Cruz do Botujuru. E nós continuamos nessa mesma
luta participando da festa do Divino, é bom porque os grupos folclóricos cantam invocando o
nome de Deus e se vocês quiserem eu canto um ramo para vocês”:
A dança do Moçambique é do tempo do cativeiro
A dança do Moçambique é do tempo do cativeiro
É a religião católica do folclore brasileiro
É a religião católica do folclore brasileiro
-” E eu gostaria de deixar um pedido para os mais jovens, para eles procurarem os mestres de
dança folclórica porque além de ser uma dança é uma cultura, não é para ter vergonha tem que
participar mesmo, pois é muito bom! Hoje a gente vai para as festas como a do Divino e os
mestres ficam preocupados se vai fazer feio pelo número reduzido de participantes, mas eu digo
derrepente vem uma luz divina que diz: “Se com 20 a gente faz bonito, se for com 4 a gente faz
bonito do mesmo jeito!”
Moçambique São Benedito
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Mestre José Antonio Tavares
-” Sou residente em Mogi há 60 anos e eu aprendi a dançar o Moçambique com 14 anos e foi
atravás do meu pai que eu encontrei essa cultura negra que é minha, eu tenho hoje 81 anos. O
Moçambique é uma dança folclórica e eu diria que é 30% folclórico e 70% catolicismo. Eu sou o
coodenador geral deste Moçambique poderia até tocar instrumento também, mas tenho dois
instrumentistas que levam as toadas, nós temos várias músicas e eu vou cantar umas para vocês:
Quando eu cheguei aqui era mestre e niguém sabia
Já pedi a São Benedito, Já pedi a Virgem Maria
Pra proteger o nosso povo toda hora e todo dia
6. Referências bibliográficas
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37
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http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=480FDS011 . Acesso dia: 27 Set
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