A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho...

96
UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Graduação em Psicologia Maryellen Hortiz Mayara Cristina Costa Regislaine Cristina Dos Santos A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO AFETIVO EM CRIANÇAS DE 0 A 3 ANOS LINS SP 2013

Transcript of A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho...

Page 1: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

UNISALESIANO

Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium

Curso de Graduação em Psicologia

Maryellen Hortiz

Mayara Cristina Costa

Regislaine Cristina Dos Santos

A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O

DESENVOLVIMENTO AFETIVO EM CRIANÇAS DE

0 A 3 ANOS

LINS – SP 2013

Page 2: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

MARYELLEN HORTIZ

MAYARA CRISTINA COSTA

REGISLAINE CRISTINA DOS SANTOS

A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO AFETIVO EM

CRIANÇAS DE 0 A 3 ANOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Formação de Psicólogo, sob a orientação da Profª Ma. Ana Elisa Silva Barbosa de Carvalho e orientação técnica da Profª Ma. Jovira Maria Sarraceni.

LINS – SP

2013

Page 3: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

Costa, Mayara Cristina; Hortiz, Maryellen; Santos, Regislaine Cristina

A relação materno - infantil e o desenvolvimento afetivo em crianças

de 0 a 3 anos / Mayara Cristina Costa; Maryellen Hortiz; Regislaine

Cristina dos Santos. – – Lins, 2013.

95p. il. 31cm.

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano

Auxilium – UNISALESIANO, Lins-SP, para graduação em Psicologia,

2013.

Orientadores: Ana Elisa Silva Barbosa de Carvalho; Jovira Maria

Sarraceni.

1. Cuidado Emocional. 2. Desenvolvimento Infantil. 3. Relação

Materno-infantil. 4. Vínculo mãe-bebê. 5. Winnicott. I Título.

CDU 159.9

C874r

Page 4: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

MARYELLEN HORTIZ

MAYARA CRISTINA COSTA

REGISLAINE CRISTINA DOS SANTOS

A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO AFETIVO EM

CRIANÇAS DE 0 A 3 ANOS

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium,

para a obtenção do título de Bacharel em Psicologia.

Aprovada em: _____/_____/_____.

Banca Examinadora:

Prof.ª Orientadora: Ana Elisa Silva Barbosa de Carvalho

Titulação: Mestre em Distúrbios do Desenvolvimento pela Universidade

Presbiteriana Mackenzie.

Assinatura:________________________________

Prof.ª Ana Claúdia de Souza Costa

Titulação: Mestre em Fisioterapia pela Universidade Metodista de Piracicaba.

Assinatura:________________________________

Prof.ª Rosana Maria Silvestre Garcia de Oliveira

Titulação: Mestre em Comunicação pela Universidade de Marília.

Assinatura:________________________________

Page 5: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

O importante na vida não é o ponto de partida, nem a chegada, mas sim a

caminhada. Só vivendo, arriscando, tentando, enfrentando obstáculos é que

podemos aprender alguma coisa. Só há aprendizagem, só há crescimento onde há

conflitos, obstáculos e erros.

(autor desconhecido)

Page 6: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

Dedicamos esta conquista primeiramente a Deus por que nos fortalece a

cada manhã dando força para persistimos sempre.

Aos nossos pais que nos apoiam de uma forma ou de outra, muitas vezes

pensamos em desistir mais eles estão sempre do lado dando todo apoio.

Aos nossos companheiros pela paciência nos momentos em que estivemos

ausentes e com todo amor e carinho nos acompanharam e ajudaram, nessa fase

tão especial de nossas vidas.

E a todos que nos ajudaram desde professores, profissionais de locais de

estágios, amigos e familiares, se tornando exemplos de coragem e persistência

em nossas metas.

Page 7: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pela sabedoria e oportunidade por

concluir este curso tão esperado! Por escutar minhas orações e me tornar uma

pessoa mais próxima de ti. Pois só o Senhor sabe das minhas angústias e medos

e em ti confio minha vida!

Agradeço a minha mãe pela paciência, pelo amor, incentivo, orações e

confiança, sendo amiga, conselheira, carinhosa e aguentar as dúvidas e

ansiedades, sendo pressionada por respostas imediatas.

Ao meu pai pela oportunidade de fazer a faculdade e pela confiança

depositada em mim.

Aos meus irmãos pelas palavras amigas e conselhos.

Agradeço ao meu namorado, meu amor, meu companheiro e amigo, pela

paciência, ajuda e principalmente pelas belas palavras que me fizeram ter a

força que hoje tenho e a pessoa madura que me tornei!

As minhas companheiras de TCC pelo companheirismo, amizade,

paciência e confiança que conseguiríamos chegar até o final!

A orientadora Ana Elisa Carvalho pela ajuda e paciência em nos

orientar e aguentar nossas dúvidas e toda hora vendo nossos queridos rostinhos

querendo uma pequena orientação para responder a algumas perguntas e

dúvidas de coisas que não estávamos conseguindo entender.

A professora Jovira por nos ensinar e nos orientar no desenvolvimento

técnico do TCC e pela amiga que tornou durante esse processo.

Com amor e carinho

Maryellen Hortiz

Page 8: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

Agradeço,

Primeiramente a Deus por sempre me guiar com a luz divina sem Ele

nada sou. Agradeço aos meus pais, Lucinéia e Valdemar, por toda amizade,

tudo que sou e sei , foi através de vocês meus maiores exemplos. Além da ajuda

incansável da minha mãe no meu trabalho e nas horas que mais precisei por

mais cansada que estivesse permaneceu sempre ao meu lado obrigada.

Ao meu namorado Lucas Marques, por todo amor, carinho, paciência e

compreensão que tem me dedicado que de forma especial e carinhosa me deu

conselhos, força e coragem, me apoiando sempre nos momentos difíceis.

A minha Irmã, Caroline, que na sua quietude sempre que necessário e

no que estivesse ao seu alcance me ajudou de forma muito valorosa.

A minha amiga Regislaine, a quem aprendi a amar e construir laços

eternos. Obrigada por todos os momentos juntas. Obrigada pela paciência, pelo

sorriso, pela mão que sempre se estendia quando eu precisava. Esta caminhada

não seria a mesma sem você. A amiga Mary Hellen que acrescentou muito

nessa jornada fazendo com que os momentos difíceis fossem mais leves com sua

paciência e bondade.

E também a minha patroa e amiga, Danieli Zanuto, pois sempre

acreditou no meu potencial e por toda a sua paciência e compreensão sempre

que precisei.

A todos os professores dedicados aos quais sem nomear terão os meus

eternos agradecimentos. Em especial a professora Elizeth Germano quem

admiro, sempre compreende as dificuldades de cada um sem criticar ou julgar,

muito especial nunca vou esquecer tal grandeza. A professora Jovira Sarraceni

pelo tempo que nos dedica a nos orientar com todo carinho.

A orientadora Ana Elisa Carvalho, pelo apoio e por compartilhar

tamanha experiência e sabedoria, quando penso como quero ser como

profissional, penso em ser como ela.

Aos meus Colegas que se tornaram uma segunda família, Jamais lhes

esquecerei!

A todos que de alguma forma ajudaram.

Foco, força e fé sempre!

Mayara Cristina Costa

Page 9: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

Agradeço,

Primeiramente a Deus, por ter me abençoado em todos os momentos, e

por meio da minha fé me apoiei nele nos momentos de dificuldade sabendo que

ele estava comigo e não iria me desamparar nunca.

A minha mãe, Regina Castro, que é a minha fortaleza, que desde

pequena esteve comigo me ensinando e me orientando para que eu me tornasse

a pessoa que sou, e alcançasse meus objetivos. Durante toda a jornada sempre

esteve presente, não tenho palavras para agradecê-la por tudo o que fez por

mim, sendo ela a grande responsável pela minha conclusão dessa etapa.

Ao meu namorado, Juliano Frugeri, que contribuiu para que eu

concluísse essa etapa, pois foi ele quem me deu força para não desistir, e com

seu amor, carinho e paciência me ajudou a superar as etapas mais difíceis.

A minha irmã, Regiane Castro, que contribuiu de diversas maneiras

para que eu pudesse alcançar e concluir essa etapa, e a minha sobrinha, Júlia

Castro, que nos momentos de dificuldade era a presença dela que me animava e

me ajudava a esquecer dos momentos tristes e seguir em frente.

A minha professora e orientadora, Ana Elisa Carvalho, que com sua

paciência e sabedoria, não só me ajudou a concluir esse trabalho, mas também

me ensinou muito, e se tornou para mim um exemplo de profissional a seguir.

A minha professora, Elizeth Germano, que pela sua capacidade de

empatia com o outro, fez-me admirá-la como pessoa e como profissional,

contribuindo para o meu crescimento pessoal e profissional.

A minha amiga, Mayara, que ao longo desses 5 anos esteve presente

comigo em todos os momentos durante o curso, e são inúmeras as vezes que me

ajudou nos momentos que precisei. Estivemos sempre uma se apoiando na

outra, para que pudéssemos nos fortalecer e alcançar essa etapa. E

A minha amiga, Maryellen, que foi fundamental para a conclusão desse

trabalho e se tornou uma amiga que pude contar em todos os momentos.

A todos os colegas de sala, que vão para sempre ficar em minha

memória. Em especial a alguns amigos que fiz e que passaram a fazer parte da

minha vida. Enfim, agradeço a todos os que contribuíram de alguma forma

para que eu pudesse concluir essa etapa da minha vida.

Muito Obrigada,

Regislaine Cristina dos Santos

Page 10: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

RESUMO

O trabalho consiste primeiramente em uma revisão bibliográfica sobre o

desenvolvimento psicomotor, cognitivo e psicossocial da criança de 0 a 3 anos e a relação materno-infantil, com informações teóricas sobre a formação do vínculo mãe-bebê por meio de autores que são referências nesta área, como Freud, Winnicott, Klein e Erikson. Posteriormente, apresenta-se uma pesquisa cujo objetivo foi identificar o desenvolvimento afetivo da relação materno infantil, buscando saber quais os aspectos desse desenvolvimento que as mães dão mais atenção, e se as mesmas possuem conhecimento referente ao cuidado emocional dos seus filhos. A realização dessa pesquisa ocorreu no segundo semestre de 2013 utilizando o método de estudo de caso. Aplicou-se os instrumentos de coleta de dados em 30 mães com filhos entre 0 e 3 anos de idade, no horário da entrada e saída dos filhos em três creches do município de Lins. A metodologia utilizada consiste de um questionário com cinco perguntas fechadas que visou identificar se em relação ao desenvolvimento é dado prioridade aos aspectos físicos ou psicológicos, e utiliza-se também um protocolo para avaliar o vínculo mãe-filho, com análise quantitativa e apresentação dos dados em tabelas. Os resultados obtidos evidenciaram que as mães no quesito de importância valorizam diversas atitudes no cuidado com a criança, como brincar, passear, amamentar, entre outros, entretanto, quando se pergunta sobre as atitudes que tem para estimular o desenvolvimento do seu filho percebe-se que diminui a quantidade de itens assinalados, demonstrando que há uma discrepância entre o que considera importante e o que ela faz no cuidado materno, contudo, essa divergência de resposta não a torna uma mãe ruim, pois há atitudes que fortalecem os aspectos físicos e que podem contribuir para o psicológico e vice-versa. Portanto, verificou-se que as mães pesquisadas se importam tanto com os aspectos físicos quanto com os psicológicos, evidenciando assim que há um interesse da mãe em tentar ser uma mãe suficientemente boa mesmo sem ter um conhecimento avançado sobre o desenvolvimento infantil. Quanto ao instrumento de coleta de dados que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que esse vínculo fraco pode ser ocasionado por conflitos pré e pós-gestacionais, ou ainda situações disfuncionais da infância, que demarcam os papeis parentais por toda a vida. Palavras-chave: Cuidado emocional. Desenvolvimento infantil. Relação materno-infantil. Vínculo mãe bebê. Winnicott.

Page 11: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

ABSTRACT

The work consists primarily of a literature review on the psychomotor, cognitive and psychosocial child 0-3 years and the mother and child, with theoretical information on the formation of the mother-baby bond through which authors are references in this area, like Freud, Winnicott, Klein and Erikson. Subsequently, we present a research aimed at identifying the emotional development of maternal and child relationship, seeking to know what aspects of this development that mothers are more attentive, and whether they have knowledge regarding the emotional care of their children. The achievement of this research occurred in the second half of 2013 using the method of case study. It was applied to the data collection instruments in 30 mothers with children between 0 and 3 years old at the time of entry and departure of children in three kindergartens in the city of Lins. The methodology consists of a questionnaire with five closed questions that aimed to identify themselves in relation to development is given priority to physical or psychological , and it was also used a protocol to assess the parent-child bond with quantitative analysis and presentation of data tables. The results showed that mothers in the question of importance value different attitudes in caring for the child , such as playing, walking, breastfeeding, among others, however , when asked about the attitudes we have to encourage the development of your child perceives which decreases the amount of items marked, demonstrating that there is a discrepancy between what you consider important and what she does in maternal care, however, this divergence response does not make it a bad mother, because there are attitudes that strengthen the physical aspects and can contributing to the psychological and vice versa. Therefore, it was found that mothers surveyed care so much about the physical aspects as the psychological, thus showing that there is a mother's interest in trying to be a good enough mother even without an advanced knowledge of child development. As the instrument for data collection aimed to assess the parent-child bond as good or poor, we obtained 23.33 % of mothers with weak link, noting that this weak link may be caused by conflict and post- pregnancy, situations or dysfunctional childhood, which mark the parental roles throughout life. Keywords: Emotional care. Child development. Maternal-child relationship. Mother baby bond. Winnicott.

Page 12: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Média das características da amostra........................................ 59

Tabela 2: Assinale os aspectos que você considera importante para o

desenvolvimento da criança de 0 a 3 anos................................

59

Tabela 3: De acordo com a idade de seu filho assinale quais sinais você

considera ser importante para demonstrar o bom

desenvolvimento dele.................................................................

60

Tabela 4: O que você faz para estimular o desenvolvimento do seu

filho? ..........................................................................................

61

Tabela 5: Seu filho passa maior parte do tempo com o(a)......................... 62

Tabela 6: Dúvidas e informações sobre o desenvolvimento do seu filho,

você esclarece com....................................................................

62

Tabela 7: Protocolo de avaliação do vínculo mãe-filho.............................. 63

Page 13: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .................................................................................................. 15

CAPÍTULO I - A CRIANÇA EM DESENVOLVIMENTO. .................................. 19

1 O DESENVOLVIMENTO DA PRIMEIRA INFÂNCIA............................. 19

1.1 Desenvolvimento Psicomotor .................................................................. 20

1.2 Desenvolvimento Cognitivo ..................................................................... 23

1.3 Desenvolvimento Psicossocial ................................................................ 27

CAPÍTULO II - TEORIAS PSICANALÍTICAS DO DESENVOLVIMENTO ....... 31

2 TEORIAS PSICANALÍTICAS .................................................................. 31

2.1 Teoria Psicossexual de Freud. ................................................................ 31

2.1.1 A estrutura da personalidade ................................................................. 32

2.1.2 A teoria dos instintos .............................................................................. 35

2.1.3 Desenvolvimento da personalidade ....................................................... 35

2.2 Teoria do Desenvolvimento Psicossocial de Erikson. ............................. 37

2.2.1 Confiança básica versus Desconfiança básica: Esperança ................... 38

2.2.2 Autonomia versus vergonha e dúvida: vontade ..................................... 39

2.2.3 Iniciativa versus culpa: propósito ........................................................... 40

2.2.4 Diligência versus inferioridade: competência ......................................... 40

2.2.5 Identidade versus confusão de identidade: fidelidade ........................... 40

2.2.6 Intimidade versus isolamento: amor ...................................................... 40

2.2.7 Generatividade versus estagnação: cuidado ......................................... 41

2.2.8 Integridade versus desespero e desgosto: sabedoria. ........................... 41

2. 3 Teoria Kleiniana. .................................................................................... 41

CAPÍTULO III - UMA VISÃO WINNICOTTIANA DA RELAÇÃO MÃE-

BEBÊ.................................................................................................................45

3 DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL PRIMITIVO ................................. 45

3.1 A dependência ...................................................................................... 46

3.2 A preocupação materna primária ........................................................... 47

3.3 Mãe Suficientemente boa ...................................................................... 49

3.3.1 Holding .................................................................................................. 50

Page 14: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

3.3.2 Handling ................................................................................................ 52

3.3.3 Apresentação de objetos ...................................................................... 53

3.3.4 Olhar materno ........................................................................................ 55

CAPÍTULO IV – A PESQUISA ......................................................................... 57

3 INTRODUÇÃO ....................................................................................... 57

3.1 Método .. ................................................................................................ 57

3.2 Sujeito de pesquisa ................................................................................ 58

3.3 Critérios de exclusão ............................................................................. 58

3.4 Apresentação dos resultados ................................................................ 58

3.5 Análise e discussão dos resultados ...................................................... 63

3.6 Parecer final ........................................................................................... 67

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO................................................................................69

CONCLUSÃO.................................................................................................................70

REFERÊNCIAS...................................................................................................71

APÊNDICES...................................................................................................................77

ANEXOS.........................................................................................................................81

Page 15: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

15

INTRODUÇÃO

Diante de uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Opinião

Pública e Estatística (2012) em parceria com a Fundação Maria Cecília Souto

Vidigal, onde foram entrevistadas aproximadamente 2 mil mães, apenas 12%

referem se preocupar em dar o carinho e afeto. Borsa (2007) afirma que o

vinculo mãe-bebê vai muito além do interesse em dar o alimento e/ou cuidar de

suas necessidades básicas. A empatia e o cuidar do bebê favorece a

construção desse vínculo para que as necessidades físicas e emocionais

sejam atendidas. Há um investimento emocional dos pais que influencia

fortemente o bebê. De acordo com Klaus, Kennel & Klaus (2000, p. 167) esse

investimento emocional se caracteriza por:

[...] um processo que é formado e cresce com repetidas experiências significativas e prazerosas. Ao mesmo tempo outro elo, geralmente chamado de ‘apego’, desenvolve-se nas crianças em relação a seus pais e a outras pessoas que ajudem a cuidar delas. É a partir dessa conexão emocional que os bebês podem começar a desenvolver um sentido do que eles são, e a partir do que uma criança pode evoluir e ser capaz de aventurar-se no mundo.

Na teoria de Bowlby (2004), o homem nasce predisposto a estabelecer

vínculos afetivos. Porém essa capacidade é influenciada por fatores externos

que podem obstruir o bebê de cumprir esse potencial com as pessoas

próximas, essa capacidade é ingênita e se faz necessário estimulá-la para que

o mesmo possa conseguir criar futuros vínculos.

Compreende-se a importância da relação materno infantil e os prejuízos

que uma falha nessa relação pode causar. De acordo com Winnicott (2008,

p.118):

[...] se a mãe não souber ver no filho recém-nascido um ser humano, haverá poucas probabilidades de que a saúde mental seja alicerçada com uma solidez tal que a criança, em sua vida posterior, possa ostentar uma personalidade rica e estável, suscetível não só de adaptar-se ao mundo, mas também de participar de um mundo que exige adaptação.

O autor ainda afirma:

Para que os bebês se convertam, finalmente, em adultos saudáveis, em indivíduos independentes, mas socialmente preocupados,

Page 16: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

16

dependem totalmente de que lhes seja dado um bom principio, o qual está segurado, na natureza, pela existência de um vínculo entre a mãe e o seu bebê: amor é o nome desse vínculo. (WINNICOTT, 2008, p. 17)

Muitos autores, como Spitz (1996 apud BORSA, 2007), Klaus, Kennel e

Klaus (2000 apud BORSA, 2007), Maldonado (2002 apud BORSA, 2007),

Bowlby (1989 apud BORSA, 2007), e Winnicottt (2006) reforçam a importância

de ser oferecida à criança uma base segura, um vínculo afetivo saudável, uma

relação mãe-bebê, para que possam se sentir amparados, encorajados e

confortados emocionalmente, e com isso contribui para que se tenha adultos,

autoconfiantes, sociáveis, realizados, com capacidade de suportar frustrações,

tensões.

(...) estudos comprovam que crianças que obtiveram um apego seguro com suas mães tendem a se tornar, no futuro, indivíduos cooperativos, autoconfiantes e sociáveis. No entanto, esses mesmos estudos confirmam que as crianças que não estabeleceram uma relação de apego satisfatória tendem a se tornarem emocionalmente afastadas, hostis ou anti-sociais. (BORSA, 2007, p. 315)

Corroborando com Winnicott (1998, 2000, 2001 apud BORSA, 2007,

p.315-316) afirma que “O bebê bem cuidado rapidamente estabelece-se como

pessoa ao passo que o bebê que recebe apoio egóico inadequado ou

patológico tende a apresentar padrões de comportamento caracterizados por

inquietude, estranhamento, apatia, inibição e complacência”.

Atitudes corriqueiras que são importantes e essenciais para um bom

estabelecimento do vinculo mãe-bebê passam despercebidas, um exemplo

disso é o holding, termo criado por Winnicott, que quer dizer segurar. Esse

termo é explanado na maioria de suas obras e é um ato tão importante e por

vezes não é dado a devida atenção pelas mães e por isso o autor faz um alerta

a elas: “Vocês não permitam que uma pessoa segure o seu bebê se sentirem

que, para ela, não se trata de uma experiencia importante.” (WINNICOTT,

2006, p.15). De acordo com o autor a forma como se segura um bebê interfere

no estado emocional do mesmo.

Assim identifica-se a relevância científica e social do tema, uma vez que

essa ação faz parte da estruturação de um vínculo afetivo saudável que muitas

vezes passa despercebida pelas mães. Compreende-se que o estabelecimento

de um vínculo saudável, gerará adultos psicologicamente saudáveis,

Page 17: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

17

confiantes, com capacidade de aprendizado e sentindo-se mais seguros. “Sem

dúvida, os cuidados maternos permitem prevenir as distorções precoces,

oferecendo ao bebê um ambiente favorável.” (FADEL, SALIBA, MOIMAZ, 2008,

p. 43).

O objetivo desse trabalho foi identificar o desenvolvimento afetivo da

relação materno infantil, avaliando quais são os aspectos do desenvolvimento

que as mães dão mais atenção, identificando se em relação ao

desenvolvimento é dado prioridade aos aspectos físicos ou psicológicos, e

ainda verificar o conhecimento que as mães possuem referente ao cuidado

emocional.

Neste sentido proposto a pesquisa foi feita com 30 mães, que possuem

filho de 0 a 3 anos de idade na entrada e saida de oito creches municipais da

cidade de Lins.

Diante de todo o exposto acima questiona-se: em relação ao

desenvolvimento infantil de crianças de 0 a 3 anos quais são os aspectos do

desenvolvimento que as mães mais se preocupam?

Assim baseado na pesquisa citada inicialmente, na qual concluiu que as

mães com filhos de 0 a 3 anos de idade acham mais importante cuidar da

saúde do filho que dar carinho, brincar, ou seja, valorizam mais os aspectos

relacionados ao desenvolvimento físico, tais como andar, falar, sentar, do que

os aspectos do desenvolvimento psicológico.

Com isso, deduziu-se que as mães valorizam sua presença nos

momentos de cuidar do desenvolvimento físico e biológico, como levar ao

médico, dar um alimento de qualidade, ter um ambiente limpo e com boa

ventilação, que também é necessário, em detrimento de estar com a criança

nos momentos diários, que incluem o brincar, o olhar, dialogar/conversar, ouvir,

ou seja, valorizando o vínculo afetivo.

Assim, este trabalho tem como finalidade avaliar se as mães conhecem

a importância desse vínculo e explorar, de forma bibliográfica, sobre o

desenvolvimento infantil de crianças de 0 a 3 anos de idade.

O presente trabalho se divide da seguinte forma:

Capítulo I: A Criança em Desenvolvimento.

Capítulo II: Teorias Psicanalíticas do Desenvolvimento.

Capítulo III: Uma Visão Winnicottiana da Relação Mãe-Bebê.

Page 18: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

18

Capítulo IV: A pesquisa realizada com mães de crianças de 0 a 3 anos

de idade.

E por fim tem-se a proposta de intervenção e a conclusão.

Page 19: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

19

CAPITULO I

A CRIANÇA EM DESENVOLVIMENTO.

1 O DESENVOLVIMENTO DA PRIMEIRA INFÂNCIA

A primeira infância corresponde aos primeiros anos de vida de um ser

humano, mais especificadamente aos três primeiros anos, que são frisados por

profundos processos de desenvolvimento, assim servindo de base para todas

as aprendizagens humanas.

Os primeiros anos na vida de uma criança são tão significativos que é

apresentado nos primeiros dos seis objetivos de Educação para Todos (EPT),

adotados por 164 países durante a conferência de Dacar, no ano de 2000 para

ser alcançado até 2015, objetivando então: “ampliar e aperfeiçoar os cuidados

e a educação para a primeira infância, especialmente no caso das crianças

mais vulneráveis e em situação de maior carência” desta maneira percebe-se o

quão importante são esses anos que fornecem a base para o resto da vida do

indivíduo, e como é uma fase de maior vulnerabilidade requer proteção,

cuidados, ambiente seguro, acolhedor e estímulos apropriados para então

propiciar a promoção desse bem estar e do desenvolvimento adequado da

criança. (UNESCO, 2007)

A UNESCO (2007) afirma ainda que a primeira infância é fundamental

para o desenvolvimento físico, cognitivo e psicossocial, assim contribuindo com

tal afirmação tem-se Papalia (2006, p. 52) que descreve as principais

características do desenvolvimento físico, cognitivo e psicossocial,

respectivamente:

Todos os sentidos funcionam no nascimento em graus variados. O cérebro aumenta de complexidade e é altamente sensível à influência ambiental. O crescimento e o desenvolvimento físico das habilidades motoras são rápidos. As capacidades de aprender e lembrar estão presentes, mesmo nas primeiras semanas. O uso de símbolos e a capacidade de resolver problemas desenvolvem-se ao final do segundo ano de vida. A compreensão e o uso da linguagem desenvolvem-se rapidamente. Desenvolve-se um apego a pais e a outras pessoas. Desenvolve-se a autoconsciência. Ocorre uma mudança da dependência para a

Page 20: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

20

autonomia. Aumenta o interesse por outras crianças.

As breves explanações sobre os desenvolvimentos específicos comprova-

se a importância da primeira infância para a vida adulta do individuo. Contudo,

abaixo segue descrições detalhadas sobre o desenvolvimento de tais aspectos,

enfocando sempre a primeira infância.

1.1 Desenvolvimento Psicomotor

O desenvolvimento se caracteriza pelo amadurecimento que envolve os

movimentos, construção espacial, ritmo e também o reconhecimento de

objetos, posições entre outros e a imagem ou podemos chamar de esquema

que vemos em nosso corpo e por fim, a palavra finalizando o processo de

desenvolvimento. (CHAZAUD, 1976)

De acordo com Boulch (1982) a função muscular é a primeira etapa de

expressão do embrião, portanto é capaz de continuar sua função sem

necessidade de estímulos sensoriais externos.

Na vida intrauterina há uma simbiose em relação ao corpo da mãe e

suas necessidades. Após o nascimento a criança experiência uma sensação

de incompletude, pois tem que se adaptar às necessidades fora do

metabolismo sanguíneo. É a partir desse momento que se instala o período

narcisista primário estendendo até os dois meses de idade. (BOULCH, 1982).

As experiências corporais nessa fase mesmo que se tornaram

conscientes, são importantes, pois estas experiências ficaram registradas,

numa memória corporal que se encontrará na forma primária do inconsciente.

(BOULCH, 1982).

Chauzaud (1976) descreve que a estrutura motriz se dá pelas

sensações orgânicas e segmentares do sujeito começam a se desenvolver

sobre a harmonia do movimento.

As capacidades motoras começam a se desenvolver a partir do

momento em que a hipertonia que chega ao nível dos membros, quando estes

vão se ausentando progressivamente. (CHAZAUD, 1976).

O campo espacial se dá por meio da elaboração intermediária do

esquema corporal. Sendo assim, este se estrutura e se orienta. Sendo isso

Page 21: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

21

possível, antes de tornar uma representação de um objeto pelo fato em que o

sujeito elabora uma referência corporal, visual e após practognóstica.

(CHAZAUD, 1976).

Após a elaboração das referências de mundo é que o indivíduo começa

a manipular, explorar, a efetivação. Dessa forma, o objeto encontra-se “para si”

e além de si, ou seja, a criança torna capaz de agir sobre o objeto e depois

sem ele. (CHAZAUD, 1976).

Os estágios que compõem esse desenvolvimento se dá por meio de um

desenvolvimento considerado como resultado de um processo reacional e

relacional complexo, pois este é um processo dinâmico e não linear.

(CHAZAUD, 1976).

Chazaud (1976) afirma que Wallon inicia a primeira elaboração do

processo em estágio impulsivo, emotivo, sensório-motor e projetivo.

O recém-nascido não apresenta movimentos voluntários, pois estes se

caracterizam por reflexos automáticos bastante complexos e aos poucos eles

vão perdendo esses reflexos e vão reaprendendo de um modo intencional, ou

seja, vão articulando os movimentos de tal forma que as informações

sensoriais e as manobras exploratórias são guiadas pelo desejo. (CHAZAUD,

1976).

As organizações instintivas são aquelas reações mais diferenciadas, tais

como a sucção, apresentação característica que as tornam aptas ao

aperfeiçoamento contínuo, assim como os reflexos. (CHAZAUD, 1976).

No período do estágio pré-objetal até os sete meses os estímulos

sensoriais são organizados pelo comportamento. Desde a vida uterina o bebê

recebe contatos cutâneos, sonoros e proprioceptivas e os estímulos externos

são importantes, pois provoca o equilíbrio tônico-emocional do bebê. De uma

forma geral, os contatos cutâneos são mais importantes do que a nutrição em

si no que se refere ao equilíbrio emocional do mesmo. (BOULCH, 1982).

Entre um mês e um mês e meio a criança começa a se identificar com o

meio que a cerca, pois ela começa a associar a satisfação e a insatisfação,

dessa forma ela desenvolve uma memória afetiva e tem a possibilidade de

prever o sentir do prazer. Segue os movimentos com o olhar, parece ter a

capacidade de distinguir cores e formas e também apresenta reação de

atenção ao olhar de outra pessoa e quando alguém se aproxima, ameniza o

Page 22: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

22

choro, dessa forma vemos a maturação da socialização. (CHAZAUD, 1976;

BOULCH, 1982)

No segundo mês o bebê começa a seguir com os olhos os movimentos

e também responde com sorrisos a presença de rostos familiares. Começa a

balbuciar e a perceber a si mesmo, ou seja, brinca com suas próprias mãos,

pés. (CHAZAUD, 1976).

No terceiro mês consegue manter o equilíbrio quando está sentado.

Começa a experimentar brinquedos, responde a sorrisos e emite sons

prolongadamente. Já no quarto mês se estabelece quando começa a manipular

objetos, aproxima-se de objetos de desejo e começa a dar sentido nas

brincadeiras, tais como: esconde-se e reconhece seu nome. Dessa forma,

compreende-se que a criança começa a se situar no espaço. (CHAZAUD,

1976).

No quinto mês vai atrás de objetos que estão ao alcance de suas mãos,

manipula e senta-se com apoio. Observa-se a mudança quando a criança

começa a desenvolver a visão de mundo, ou seja, começa a identificar o

conjunto do corpo e explorar o ambiente que o cerca. Enquanto que mais

adianta no sexto mês a criança utiliza os objetos e seu próprio corpo e a

alimentação muda para sólida e com colher. (CHAZAUD, 1976).

No inicio do oitavo mês se caracteriza pelo evolução do eu, do processo

chamado estágio objetal e a partir desse momento que forma-se a simbiose

afetiva entre bebê e sua mãe. Desenvolve-se a identificação da figura materna

e quando está se torna ausente gera uma angústia. Sente-se insatisfeito

quando esta figura é tomada por outra pessoa, que se caracteriza por “angústia

do oitavo mês”. A criança atinge também uma fase importante que é a

permanência de um objeto que é do seu desejo e que a criança tem que

entender a partir desse momento a rejeição e a aceitação, a presença e a

ausência do mesmo. A psicanálise genética instaura a relação de objeto

instável quando se instala essa angústia, pois este é um objeto de amor que é

percebido e reconhecido como tal. É nesse momento que a criança percebe a

presença da mãe não como fornecedora de satisfação, mas sim personalizada

e identificada. (CHAZAUD, 1976; BOULCH, 1982).

No nono mês a criança mantém o equilíbrio em pé, com apoio, pega

objetos escondidos e diz sua primeira palavra de duas sílabas. (CHAZAUD,

Page 23: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

23

1976). No próximo mês consegue ficar em pé sozinha e manipula um copo de

água. Inicia a repetição de palavras e responde aos comandos de voz e

começa a falar quando se instaura os conceitos de defesa e proibição.

(CHAZAUD, 1976).

No décimo segundo mês a criança consegue andar sozinha com a ajuda

e aprende a dizer três palavras. (CHAZAUD, 1976).

No décimo quinto mês, inicia-se a linguagem de ação, a criança começa

a falar nove palavras e anda sozinha. (CHAZAUD, 1976).

No vigésimo primeiro mês começa a identificar a noção de totalidade

corporal, e o aprendizado da fala é com o intuito de comunicação e

antecipação. (CHAZAUD, 1976).

A partir do segundo ano a criança identifica a figura materna e a

organização do eu girará em torno dessa relação. Quando o desenvolvimento

da criança no meio que a cerca foi satisfatória e respeitando os princípios do

prazer este começa a criar um interesse que antes tinha pelas pessoas agora

recai para os objetos. Dessa forma, essa experiência irá permitir a aquisição

das praxias, dando suporte a uma nova organização perceptiva. Portanto, o

meio que o cerca deve valorizar esse contato com os objetos e propiciar uma

experiência para que este perceba sua atividade corporal e de um corpo eficaz

e também aprender a aceitar alguns limites e protelar certas experiências,

desenvolvendo o princípio da realidade. (BOULCH, 1982).

1.2 Desenvolvimento Cognitivo

Segundo Papalia et al. (2006) o desenvolvimento cognitivo ocorre

diariamente, em quase todas as tarefas executadas. Compreendendo a

importância de tal desenvolvimento este trabalho apresenta as capacidades

cognitivas de bebês até crianças de 3 anos, fundamentando-se na teoria de

Jean Piaget, que é o principal e mais conhecido teórico que se preocupa com

os estágios do desenvolvimento cognitivo desde a infância.

Piaget (1983) elaborou sua teoria a partir da Epistemologia Genética,

procurando analisar a origem do conhecimento com questionamentos sobre

como as crianças pensam, aprendem, compreendem o mundo, utilizam à

lógica, enfim como elas se desenvolvem cognitivamente. Para obter

Page 24: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

24

inicialmente sua teoria baseou-se nas observações dos seus filhos. Notou que

o modo de pensar da criança além de ser diferente do adulto, desenvolve-se

durante a infância e a adolescência.

O autor classifica o desenvolvimento cognitivo em quatro períodos, o

primeiro período: sensório-motor (0 a 2 anos), o segundo período: pré-

operatório (2 a 7 anos), o terceiro período: operações concretas (7 a 11 ou 12

anos) e o quarto e último: operações formais (11 ou 12 anos em diante). Afirma

que tal desenvolvimento ocorre em um processo ininterrupto de mudanças

quantitativas e qualitativas que contribuem para a construção do conhecimento

provocando um desequilíbrio. Então o organismo busca se adaptar a essas

novas formas, ou seja, todos os indivíduos vivem em busca de equilíbrio,

utilizando-se de dois mecanismos: a assimilação e a acomodação, que se

denomina por Piaget (1987) como invariantes funcionais da inteligência e a

organização biológica.

Piaget (1983, p. 9) define assimilação como a incorporação de “novos

objetos não previstos na programação orgânica”, sendo que após essa

assimilação o indivíduo deve modificar suas estruturas cognitivas para

incorporar o objeto que acaba de ser assimilado, incluindo o novo

conhecimento. A adaptação será a partir do equilíbrio da interação desses dois

aspectos, sendo que um depende do outro. (DIAS, 2010; PAPALIA et al.,

2006). Assim sendo, Pulaski (1986, p. 23) corroborando com a teoria de Piaget,

afirma que:

Os dois processos, de assimilação e acomodação, funcionando simultaneamente em todos os níveis biológicos e intelectuais possibilitam o desenvolvimento tanto físico quanto cognitivo.

O desenvolvimento cognitivo para Piaget compreende-se em quatro

períodos, porém, como a proposta deste trabalho visa esclarecer os aspectos

do desenvolvimento cognitivo de crianças de 0 a 3 anos serão descrito os

períodos que competem a essa faixa etária.

Segundo Bee (2003), o primeiro período da teoria de Piaget é o

sensório-motor que ocorre desde o nascimento até os 2 anos de idade, e é o

mais primitivo. Este período é dividido em seis subestágios, que ocorrem

sucessivamente, representando um avanço especifico.

Page 25: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

25

Sobre os subestágios Papalia et al. (2006), descreve que o primeiro

subestágio do bebê ocorre no primeiro mês de vida e se resume em reflexos

inatos tais como o sugar e olhar. Não apresenta imitações e nem a capacidade

de adquirir informações novas. Todos os movimentos feitos pelo bebê são

reflexos que são simples respostas às sensações internas. O segundo

subestágio, é o de reações circulares primárias, do primeiro mês aos 4 meses.

Nesse período o bebê realiza algum movimento por reflexo e se sente uma

sensação boa torna a repeti-lo. Mas são sempre ações que se organizam em

torno do próprio corpo, enquanto que no próximo subestágio, ocorre as reações

circulares secundárias, dos quatro aos 8 meses. Suas ações vão além do

próprio corpo e o intuito é provocar reações no ambiente. Nesse terceiro

subestágio inicia paulatinamente o conceito de permanência do objeto, ou seja,

começará a perceber que o objeto existe mesmo que não possa ver.

No quarto subestágio, dos oito meses aos 12 meses, denominado

coordenação de esquemas secundários, a criança realiza um comportamento

intencional. Além de ir buscar o que deseja, também consegue empurrar o

objeto que lhe impede, ocorrendo à imitação de novos comportamentos. Nesse

subestágio começa a desenvolver lentamente o conceito de causalidade, no

qual fará com que a criança note que suas ações causam efeitos externos. No

quinto subestágio, ocorrem as reações circulares terciárias, dos 12 meses aos

18 meses, e inicia-se a experimentação. Há uma interação entre as reações

circulares primárias e secundárias, ou seja, com foco no próprio corpo e no

ambiente, fazem certos movimentos propositalmente a fim de obter respostas

agradáveis, com método de tentativa e erro. (PAPALIA et al., 2006).

O sexto e último subestágio é o inicio do pensamento representacional,

dos 18 meses aos 24 meses, em que não se restringem mais a tentativa de

erro para obter resultados, pois sabem representar os acontecimentos

mentalmente, que faz com que já projetem as consequências. Nessa fase a

criança utiliza símbolos, como gestos e palavras para representar objetos,

demonstram compreensão e surge o conceito do objeto, que faz com que a

criança perceba que ela existe mesmo separadamente do objeto e das

pessoas. (PAPALIA et al., 2006).

De acordo com Pulaski (1986) ao final desses dois anos a criança está

formando representações do que experimenta e do que vê, dando base para a

Page 26: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

26

formação da memória e pensamento.

Assim a partir desses dois anos, segundo Piaget, inicia-se o período pré-

operatório, no qual as crianças utilizar o representar (fazer de conta) nas

brincadeiras e linguagem. (BEE, 2003).

No período pré-operacional, que ocorre dos 2 aos 7 anos, a criança

consegue pensar em objetos ou pessoas mesmo que estejam distantes delas.

Consegue utilizar a imaginação na brincadeira atribuindo outras funções a

objetos de seu convívio. Adquire a compreensão das identidades, entendendo

que as pessoas e coisas não deixam de serem elas por terem mudado a forma,

o tamanho, a cor ou a aparência. Observa-se a capacidade de classificar,

categorizar objetos, pessoas e eventos, a compreensão de números e a

empatia. Entretanto, há alguns limites de pensamento nesse período, como o

animismo, que é atribuir vida aos objetos, o egocentrismo, acreditando que

todos pensam e percebem como ela, confusão entre o real e a aparência e

aceitam a irreversibilidade. (PAPALIA et al., 2006).

Assim, através das explanações acima percebe-se que o

desenvolvimento cognitivo ocorre de forma gradual, conforme descreve Pulaski

(1986, p. 22):

[...] o conhecimento humano se desenvolve lentamente, para além de suas origens biológicas herdadas, através de um processo lentamente, para regulação baseado na resposta (feedback) do ambiente, que leva a uma reconstrução interna. A habilidade de adaptar-se a novas situações através da auto-regulação é o elo comum entre todos os seres vivo e a base da teoria biológica do conhecimento de Piaget.

Da mesma forma na primeira infância há uma evolução na linguagem

que segundo Papalia et al. (2006) é um aspecto muito importante no

desenvolvimento cognitivo e que irá interferir nos demais desenvolvimentos. Os

bebês se comunicam desde o nascimento, evoluindo do choro aos balbucios,

depois para a imitação acidental e para deliberada. Essa comunicação é

chamada de fala pré-linguística, que ao final do primeiro ano irá se desenvolver

para as primeiras palavras.

Tais autores afirmam que o desenvolvimento da fala ocorre de forma

gradual variando de criança para criança, sendo que inicialmente a sua

vocalização é o choro, os arrulhos e balbucios, que se tornam a forma deles se

Page 27: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

27

comunicarem. Aos 9 meses os bebês geralmente aprendem os gestos sociais,

que serve para demonstrar o que quer, como por exemplo, acenar com a

cabeça negativamente ou positivamente. Posteriormente aos 11 meses

começam a dizer suas primeiras palavras, com repetição sequente de

consoantes e vogais, como “mama” ou “papa”. Essas expressões são

chamadas de holofrase, pois é uma única palavra, mas que para a criança

representa um pensamento completo. Quanto às palavras que o bebê irá

aprender primeiro, varia, pois provavelmente serão aquelas que ouvem

frequentemente, como o próprio nome, e as que fazem sentido para ele.

Normalmente dos 18 meses aos 24 meses, a criança começa a utilizar

duas palavras para exprimir uma ideia, e consequentemente essa linguagem

irá evoluir e ao final da primeira infância, terá uma fala clara, mais extensa e

mais complexa, conseguindo realizar uma comunicação de forma

compreensível.

1.3 Desenvolvimento Psicossocial

O desenvolvimento psicossocial revela que o crescimento psicológico da

criança recebe influencia do meio em que vive. Este é formado por fases desde

o nascimento e percorre que nasce durante seu desenvolvimento passando por

algumas crises psicossociais tanto positivas quanto negativas (que certamente

a positiva tem que se sobrepor). (PAPALIA et al., 2006).

A criança na primeira infância aprende a se relacionar, e se comunicar.

É esta experiência que leva para toda a vida, para tornar-se independente e

saber se comunicar de uma forma saudável. (PAPALIA et al., 2006).

Nas bases do desenvolvimento psicossocial, têm-se as emoções, tais

como alegria, tristeza, raiva e medo que são sensações que oscilam

dependendo do estado da pessoa, variando nas pessoas que possuem alguma

patologia.

Essas reações começam a se desenvolver desde bebê e são elementos

básicos da personalidade. São importantes na vida das pessoas e faz com que

o individuo possa expressar o que esta sentindo, causando uma reação no

outro, para o bebê é essencial, pois vive na dependência de outra pessoa e

dessa forma pode expressar suas vontades no tal momento.

Page 28: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

28

Na primeira infância inicia uma transferência de outras emoções para a

criança como medo, excitação sendo como um aprendizado. Essas emoções

são mutáveis a todo instante, no desenvolvimento cognitivo a criança já

começa a distinguir um determinado momento e já se expressa se está

gostando ou não da situação apresentando reações. (LEWIS, 1997; SROUFE,

1997 apud PAPALIA et al., 2006).

Quando recém nascido, já mostra quando esta triste, eles chora alto

endurecem a perna, mas quando estão felizes é mais difícil de identificar.

Com o tempo e com os reforços do ambiente, o bebê começa a

distinguir melhor suas emoções como sorrir quando esta com bastante gente

ou chorar se está sozinho. É quando percebem que seu choro traz alguém para

perto. Isso vai amadurecendo a consciência cognitiva fazendo com que crie

uma capacidade de distinguir momentos de euforia. (SROUFE, 1997 apud

PAPALIA et al., 2006).

Também é essencial na vida dos filhos a figura materna, principalmente

na primeira etapa do desenvolvimento em que o acolhimento, a confiança e o

amor, influenciarão o estado psíquico. Tal afirmação comprova-se com o

seguinte experimento:

Macacos rhesus foram separados de suas mães de 6 a 12 horas após o nascimento e criados em laboratório. Os filhotes foram colocados em jaulas com um de dois tipos de “mães” substitutas: uma estrutura cilíndrica simples feita de arame ou uma estrutura coberta de tecido atoalhado. Alguns macacos foram alimentados com mamadeiras ligadas á “mãe” de arame; outros foram “amamentados” pelos bonecos de tecido, quentes e aconchegantes. Quando podiam escolher entre ficar com qualquer um dos tipos de “mãe”, todos os macacos passavam mais tempo agarrados às substitutas de tecido, mesmo que estivessem sido alimentados pela mãe de arame (...). Após um ano de separação, os macacos “criados” por substitutas de tecido corriam avidamente para abraçar estruturas de tecido, ao passo que os macacos criados por substitutas de arame não demonstraram interesse por estruturas de arame (HARLOW e ZIMMERMAN, 1959 apud PAPALIA, 2006, p, 241). Entretanto, nenhum dos macacos em qualquer um dos grupos cresceu normalmente (HARLOW e HARLOW, 1962 apud PAPALIA, 2006, p, 241) e nenhum deles foi capaz de criar sua própria prole (SUOMI e HARLOW, 1972 apud PAPALIA, 2006, p. 241).

Desta forma, acredita-se que a mãe de pano não favoreça o

desenvolvimento da mesma forma que uma mãe viva. E também que não é o

alimento o objeto mais importante que uma mãe fornece a seu filho. Como o

Page 29: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

29

macaco, o bebê humano também precisa de afeto, o olhar, o sentir a

temperatura do corpo da mãe e a confiança. Tais condições garantirão que o

bebê possa se desenvolver de uma forma saudável para que no futuro possa

ter um bom relacionamento social, conseguir confiar em outras pessoas e

explorar o mundo sem medo. (PAPALIA et al., 2006)

Em outra pesquisa feita por Lorenz (1957 apud PAPALIA et al., 2006),

imitou os movimentos de uma pato percebendo que aves recém nascidas

seguiam o primeiro objeto em movimento que vissem. É a primeira ligação que

estabeleça com a mãe. Desta forma fazendo uma ligação com o ser humano,

logo que o bebê nasce começa o período de laço fraterno e em vários lugares

logo que o bebê nasce nas primeiras horas ele é separado da mãe, e esse laço

entre mãe e filho pode não se desenvolver por conta desse episódio.

Porém, Klaus e Kennel (1993), afirmam que não é necessariamente

obrigado, pois não é essencialmente apenas nesse momento que estabelece

esse laço.

Quanto aos laços afetivos, o bebê e seu cuidador estabelecem um

vínculo continuo cada um desses vínculos contribuem para as necessidades do

bebê psicológicas e físicas. (AINSWORTH, 1969 apud PAPALIA et AL., 2006).

Este apego normalmente se faz com a mãe. No início a forma que o

bebê usa de apego é sugar chorar e sorrir. Esse comportamento se dirige às

mães e tais atividades tem melhor resultado quando a mãe responde de forma

positiva com uma olhar carinhoso deixando que essa criança explore. Deixando

claro que essas situações podem mudar dependendo da cultura e se a criança

cresce com mais cuidadores. (AINSWORTH, 1969 apud PAPALIA et al., 2006).

Com o avanço do desenvolvimento psicossocial surge na criança a

capacidade de auto regulação, que a faz se lembrar do que pode ou não fazer

como, por exemplo, quando vai fazer algo que não deve os pais a repreende

com um não, se em outro momento estiver na mesma situação irá lembrar-se,

ou seja, isso significa que adquiriu tal característica. No entanto para atingir tal

característica não é só compreender o não, mas precisa de controle emocional.

O desenvolvimento da auto regulação é concluído no mínimo com três anos.

(LEWIS, 1995; KOPP, 1982 apud PAPALIA et al., 2006).

Nesse desenvolvimento também surge à convivência com outras

crianças que é importante, pelo ponto de vista que quando uma criança se

Page 30: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

30

relaciona com outra aprende a se socializar de forma mais fácil e saudável.

Nos primeiros meses o bebê mostra interesse por crianças do mesmo tamanho

demostrando atenção a eles da forma que apresenta a mãe ficando mais

agitado. Com um ano já começam a sorrir, balbuciar com mais entusiasmo

para outros bebês. É como se conversassem, e até três anos é mais intensa

essa atração. A criança pequena aprende com os gestos das outras. Isso

depende também da personalidade o que aprende em casa o humor, algumas

tem mais facilidade de aceitar ambientes diferentes. (PAPALIA et al., 2006).

Page 31: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

31

CAPÍTULO II

TEORIAS PSICANALÍTICAS DO DESENVOLVIMENTO

2 TEORIAS PSICANALÍTICAS

Incluem se as teorias psicanalíticas para que facilite a compreensão do

desenvolvimento humano, principalmente de crianças do nascimento aos 3

anos de idade, já que o presente estudo foca nessa faixa etária.

O desenvolvimento da personalidade de um indivíduo é interferido por

frustrações, medos, ansiedades, ganhos, deixando marcadas as vivências e

experiências da infância contribuindo para a construção da identidade,

entretanto há eventos, principalmente traumáticos, na vida do ser humano que

por causa grande transtorno psíquico são reprimidos e ficam inconscientes,

podendo posteriormente produzir sintomas somáticos ou psíquicos e até atingir

a consciência. Desta maneira a concepção psicanalítica se atenta para as

forças inconscientes que impulsionam o comportamento humano.

Corroborando com Falkenbach (1999, p. 21) considera-se que:

(...) o comportamento do ser humano, de acordo com a construção da sua personalidade, é o mesmo que cíclica e inconscientemente repassa pela ação transferencial nas relações com as crianças, principalmente em atividades lúdicas, por implicação corporal, o estudo sobre as teorias do desenvolvimento da personalidade ajudam a elucidar as influências que continuam latentes e se manifestam nas relações interpessoais.

Assim apoia-se nas teorias de Sigmund Freud, Melanie Klein e Erik

Erikson, no qual cada um trata de modelos psicanalistas diferentes associados

ao mesmo tema, para apresentar as especificidades de cada faixa etária,

evidenciando o decorrer do desenvolvimento humano, segundo os teórico.

2.1 Teoria Psicossexual de Freud.

Sigmund Freud nasceu na Morávia em 1856 e faleceu em 1939 em

Londres. Com o intuito de melhorar suas habilidades técnicas iniciou seus

Page 32: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

32

estudos na Psiquiatria e se interessou pelo método de hipnose usado pelo

psiquiatra francês Jean Charcot durante um ano aproximadamente. Mas como

essa técnica não chamou muito sua atenção na eficácia do tratamento

descobriu um novo método no qual o paciente curava seus sintomas através da

fala. Este método foi desenvolvido por um médico vienense, chamado Joseph

Breuer. Em parceria com Breuer, desenvolveram alguns estudos referentes aos

casos de histeria tratados pela técnica da fala. Com o passar do tempo, houve

divergência de ideias, do qual Freud acreditava que os conflitos sexuais

acarretavam na histeria enquanto que Breuer tinha uma visão mais

conservadora. A partir desse momento, Freud começou a trabalhar sozinho e

desenvolveu os fundamentos da teoria psicanalítica que via o homem não

somente como um ser racional, mas que os impulsos irracionais os

influenciavam e escreveu A interpretação dos sonhos entre diversos outros.

(HALL et. al., 2000).

2.1.1 A estrutura da personalidade

Na primeira teoria sobre a estrutura do aparelho psíquico, Freud definiu

como modelo topográfico.

Diante de seus estudos na psiquiatria, Freud tinha a característica do

uso da patologia, dizendo que os indivíduos normais mesmo que em menor

grau, possuíam problemas, conflitos e mecanismos de defesa vistos mais

claramente em casos anormais. Os processos patológicos dessa teoria

compreende-se numa premissa fundamental da psicanálise que Freud chamou

de consciente, pré-consciente e inconsciente. (FREUD, 1996).

Acreditava-se que a razão de não tornar ideias conscientes, era omitido

por uma força maior. Mas com o uso de técnicas terapêuticas, pôde-se

perceber que essa força opositora podia ser removida e essa teoria tornou-se

irrefutável. Conclui-se que essa força instituiu a repressão e a mantém é vista

como resistência e que o estado da ideia antes de tornar consciente é

chamado de repressão. Assim forma-se o conceito de inconsciente diante da

teoria da repressão. (FREUD, 1996).

O reprimido é, para nós, o protótipo do inconsciente. Percebemos,

Page 33: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

33

contudo, que temos dois tipos de inconsciente: um que é latente, mas capaz de torna-se consciente, e outro que é reprimido e não é em si próprio e sem mais trabalho, capaz de tornar-se consciente. (FREUD, 2006, p. 28).

Diante dessas considerações restringiu-se o termo inconsciente em três

instâncias: consciente, pré-consciente e inconsciente.

No inconsciente há conteúdos internos que não estão presentes na

consciência, ou seja, são conteúdos reprimidos que não possuem acesso ao

consciente e pré-consciente devido a algumas censuras internas. Em algum

momento, esses mesmos conteúdos se tornaram consciente, mas tornaram-se

reprimidos diante de leis próprias de funcionamento. Quando a pulsão fica

internalizada no consciente e no pré-consciente isso se torna uma “repressão

primária”, e quando os conteúdos emergem de uma forma mascarada, tais

como em sonhos ou sintomas, é classificada como “repressão secundária”,

voltando a serem internalizadas no inconsciente. O pré-consciente são

lembranças que podem ser resgatadas para a consciência, ou seja, são

acessíveis a qualquer momento, ou seja, ele funciona selecionando

(peneirando) o que pode ser acessível e o que não pode. O consciente tem a

função de captar informações do mundo interno e externo, dos quais registram

os conteúdos de acordo com o prazer/desprazer que estes lhes causaram.

(FREUD, 2006; ZIMERMAM, 1999).

Reconhecemos que o Ics. não coincide com o reprimido; é ainda verdade que tudo o que é reprimido é Ics., mas nem tudo o que é Ics. é reprimido. Também uma parte do ego – e sabem os Céus que parte tão importante – pode ser Ics.,indubitavelmente é Ics. E esse Ics. que pertence ao ego não é latente como o Pcs., pois, se fosse, não poderia ser ativado sem tornar-se Cs., e o processo de torná-lo consciente não encontraria tão grandes dificuldades. (FREUD, 2006, p. 31)

Posteriormente insatisfeito com o modelo topográfico por não satisfazer

completamente a explicação de alguns fenômenos psíquicos, principalmente os

advindos da prática clínica, elaborou a segunda teoria do aparelho psíquico,

denominando como modelo estrutural.

Em meados de 1920, Freud insatisfeito com o modelo topográfico,

elaborou uma nova concepção do aparelho psíquico, conhecido como modelo

estrutural, enquanto que um modelo era totalmente passivo, este era ativo e

Page 34: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

34

estruturou a mente em três instâncias: id, ego e superego. O id fundamentado

pelas pulsões, coincidindo com o modelo topográfico. É a primeira estrutura a

se formar na personalidade do bebê. E nesse estado que o bebê segue

puramente seu instinto de satisfação, de obter o prazer diante de suas

necessidades, angústias, é incapaz de tolerar a demora para se sentir

satisfeito, ou seja, governado pelo princípio do prazer. Diante da falta do objeto

de satisfação, o bebê cria uma ilusão de sua presença. Nesta fase, localiza-se

também a pulsão de morte e de vida. (ZIMERMAM, 1999).

Diante da ausência do objeto que reduzia a pulsão, o indivíduo alucina. Na ausência do leite, o bebê fantasia, ou alucina sua presença. O bebê recém-nascido é influenciado não pela realidade, mas pelo que ele quer. O que acontece nos sonhos como ausência de tempo, condensação de duas pessoas em uma só, exemplifica o processo primário. (BIAGGIO, 1988, p. 106)

Freud afirmava que o ego se desenvolveu a partir do id, diante da

necessidade de adaptar ao mundo externo e suas exigências. Mas diante de

considerações de outros autores, tais como M. Klein demonstrou a certeza que

o ego era inato, que possuía energia própria de tal forma que desde recém-

nascido o bebê interagia com a mãe. Então Freud percebeu a diferença entre

ego e o consciente e trouxe a real diferença entre os modelos de que havia raiz

do inconsciente. Sendo que, uma não invalida a outra, mas sim,

complementam-se. Este é regido pelo princípio da realidade, pois busca

satisfazer as exigências do id de acordo com as condições da realidade, ou

seja, a busca pelo prazer pode ser substituída pela diminuição do desprazer.

(BIAGGIO, 1988; ZIMERMAM, 1999).

Ainda persiste a clássica definição de que o ego é a principal instância psíquica, porquanto funciona como mediadora, integradora e harmonizadora entre as pulsões do id, as exigências e ameaças do superego e as demandas da realidade exterior. (ZIMERMAM, 1988, p. 84)

O superego é formado na infância e traz as culturas aceitas pelo

indivíduo, ou seja, o conteúdo do superego está diante das exigências,

condutas, proibições, mandamentos que foram incorporadas a respeito de

questões sociais e culturais ditas como corretas, no qual o sujeito esta inserido

e também o tipo de relacionamento entre o bebê e os pais. (BIAGGIO, 1988).

Page 35: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

35

É fácil ver que o ego é aquela parte do id que foi modificada pela influência direto do mundo externo, por intermédio do Pcpt.-Cs.; em certo sentido, é uma extensão da diferenciação de superfície. Além disso, o ego procura aplicar a influência do mundo externo ao id e às tendências deste e esforça-se por substituir o princípio do prazer, que reina irrestritamente no id, pelo princípio da realidade. Para o ego, a percepção desempenha o papel que no id, cabe ao instinto. O ego representa o que pode ser chamado de razão e senso comum, em contraste com o id, que contém as paixões. (FREUD, 1996, p. 39)

2.1.2 A teoria dos instintos

A teoria dos instintos abrange a ideia que as forças geradas por trás das

tensões causadas pelo id no intuito de buscar o prazer, se dão pelo instinto, ou

seja, são as exigências somáticas geradas na mente. Dessa forma, Freud

discerniu a ideia de dois instintos básicos: Eros (pulsão de vida) e Tanatos

(pulsão de morte ou instinto destrutivo), pois a energia desses instintos poderia

ser transferida e mudarem de objetivo, substituindo a energia de um instinto

para outro. (FREUD, 1996).

O objetivo do instinto de vida se daria pelo fato de estabelecer uma

união da espécie e também esta ligada às pulsões sexuais e a

autoconservação. Já o objetivo do instinto de morte ou pelo próprio nome nos

diz, é a destruição das coisas sendo seu objetivo final “levar o que é vivo a um

estado inorgânico” (FREUD, 1996, p. 161) se manifesta como pulsão agressiva

ou destrutiva.

Quando o instinto de morte sai de seu estado silencioso ele se torna

autodestrutivo, se fixando no interior do ego, e assumindo tal característica.

Diante dessa autodestrutividade o indivíduo se vê como alvo para descontar

aquilo que outrora aplicaria em outrem e dessa forma, o individuo se torna

vitima de seus conflitos. (FREUD, 1996).

2.1.3 Desenvolvimento da personalidade

Freud descobriu que a sexualidade infantil se daria por sinais na

atividade corporal e esses fenômenos continuariam um percurso ordenado de

desenvolvimento até chegar a um clímax que matura até os cinco anos de

idade. Após esse estágio, o progresso entra em um estado de latência e volta

na puberdade, passando por uma segunda eflorescência. (FREUD, 1996).

Page 36: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

36

Inicialmente as exigências primárias de satisfação nas zonas erógenas

se dão logo após o nascimento, a boca. Pois está ligada a nutrição, ou seja,

gera uma angústia fisiológica no fato de se sentir saciado e essa tensão esta

ligada a obtenção de prazer, por essa razão é denominada sexual. (FREUD,

1996).

Freud dá o nome nessa fase de oral, onde a libido se concentra na zona

de erotização primária, a boca. Ele denominou esse período de narcisismo

primário, pois ainda não existe relação com o mundo externo do bebê sendo

tudo relacionado com o processo de satisfação interna, ou seja, a maneira de

sentir o mundo é através da incorporação. (BIAGGIO, 1988).

Na ausência do objeto de satisfação o bebê alucina sua presença e a

satisfação obtida através dessa fantasia não pode durar muito tempo e diante

disso começa a se desenvolver o processo secundário no qual se desenvolve

uma tolerância no processo de satisfação e se encontra parcialmente em uma

realidade frustradora. (BIAGGIO, 1988).

A segunda fase é denominada como anal-sádica, pois a energia está

voltada na função excretora e é a partir dessa fase que os dentes começam a

nascer e a satisfação em torno da agressão, pois a libido baseia-se nos

impulsos agressivos na opinião que “o sadismo constitui uma fusão instintiva

de impulsos puramente libidinais e puramente destrutivos, fusão que,

doravante, persiste ininterruptamente.” (FREUD, 1996, p.167).

O terceiro processo é conhecido como fase fálica onde começam a se

desenvolver a forma final da vida sexual. É a partir desse momento que a

criança começa uma atividade de conhecimento do próprio órgão genital, no

caso dos meninos, eles possuem fantasias referentes a mãe com

possibilidades que poderiam acontecer com aquele pênis e ao mesmo tempo

surge o medo da castração. A ocorrência no sexo feminino é a visão da falta

desse órgão sexual masculino, gerando um trauma, no qual esse período entra

em latência, pois ela sente-se inferior em reconhecer essa ausência e surge

então esse desapontamento em relação a vida sexual. (FREUD, 1996)

Essas fases remetem-se a ideia que isso não acontecerá de forma

ordenada e clara e vemos que nas primeiras fases o instinto da busca pelo

prazer está todo voltado para si, independente da satisfação de outros, já na

fase fálica o impulso sexual é descoberto e desta forma é impulsionado ao

Page 37: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

37

prazer da função sexual, estabelecendo dessa forma, a organização completa

somente na puberdade, onde se daria a quarta fase desse processo. (FREUD,

1996).

2.2 Teoria do Desenvolvimento Psicossocial de Erikson.

A teoria do desenvolvimento psicossocial foi desenvolvida por Erik

Erikson, onde propõe que “a personalidade é influenciada pela sociedade e se

desenvolve-se através de uma série de crises.” (PAPALIA et al., 2006, p.68)

Erik Erikson nasceu na Alemanha em 1902 e faleceu em 1994, aos 92

anos de idade, foi considerado o primeiro psicanalista infantil. Erikson tornou-se

psicanalista após trabalhar com Anna Freud, entretanto se diferenciou dos

demais psicanalistas por não focar nos conceitos de id e inconsciente, mas sim

com enfoque nas crises do ego e no problema da identidade, e contrariando

com a teoria freudiana defendo que os conflitos emocionais e sociais são

próprios de cada idade. (ALMEIDA, 2008).

Erikson (1998) difere das demais teorias do desenvolvimento, pois ele

reconhece a importância da infância, mas não desconsidera as demais etapas

como adolescência, idade adulta e velhice. A Teoria Psicossocial do

Desenvolvimento divide o ciclo de vida do desenvolvimento humano em oito

idades ou estágios, os primeiros quatro estágios ocorrem no período de bebê,

na infância inicial, idade do brincar e idade escolar, e os últimos quatro estágios

decorre durante a adolescência, a idade adulta jovem, a idade adulta e a

velhice. Em cada um desses estágios o ego passará por uma crise, se o

conflito for resolvido de maneira satisfatória qualidade positiva é construída no

ego e o desenvolvimento é sadio, caso contrário à qualidade negativa se

incorpora ao ego e o desenvolvimento é prejudicado.

O mesmo autor afirma ainda que após a finalização de cada estágio há

forças psicossociais que emergiram entre o confronto das características

sintônicas e distônicas, os oitos estágio são: confiança básica versus

desconfiança básica: esperança; autonomia versus vergonha e dúvida:

vontade; iniciativa versus culpa: propósito; diligência versus inferioridade:

competência; identidade versus confusão de identidade: fidelidade; intimidade

versus isolamento: amor; generatividade versus estagnação: cuidado; e

Page 38: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

38

integridade versus desespero e desgosto: sabedoria. Sendo que a primeira

característica de cada estágio fornece o crescimento, e a expansão, e

sustentam o indivíduo quando desafiado por elementos desagradáveis que

surge ao longo da vida, entretanto algumas ocasiões evidencia em nós

características mais distônicas.

Conforme Hall et al. (2000), os estágios psicossociais não seguem uma

ordem cronológica rígida, pois para o autor cada criança tinha um ritmo de

desenvolvimento próprio, por isso não se deve enrijecer uma duração exata

para cada estágio. O estágio nunca é deixado para trás, ele é vivido sempre e

de forma consecutiva, contribuindo para a formação da personalidade do

indivíduo.

Entretanto, como este estudo enfoca a primeira infância, que são os três

primeiros anos, segue abaixo uma descrição minuciosa dos dois primeiros

estágios que compreendem essa fase.

2.2.1 Confiança básica versus Desconfiança básica: Esperança

De acordo com Erikson (1998) essa crise psicossocial ocorre no período

de bebê, desde o nascimento até provavelmente os 12 meses ou 18 meses.

Nessa fase o bebê têm o modo psicossexual de oral-respiratório e sensório-

cinestésico que são modos incorporativos, ou seja, o bebê a principio apenas

recebe e aceita-lhe o que é dado, incorporando também a forma como isso é

feito a ele. Os raios de relação significativas, isto é, a pessoa a quem o bebê

tem como referência, e que o comportamento é fundamental para que possa se

estabelecer um senso de confiança básica é a pessoa maternal, que

normalmente é a própria mãe.

Nesse período de bebê há um dilema em torno da criança, pois é nesse

estágio que ela deve desenvolver o senso de confiança básica. Se a cuidadora

(que comumente é a mãe) tem sentimentos de compreensão, amor, e

respondem ao bebê de modo prestativo e confiável provavelmente

predominará na criança o senso de confiança, emergindo assim a virtude da

esperança, com a crença de que poderá ter as suas necessidades e desejos

satisfeitos, entretanto, os bebês que receberam severos ou ásperos podem

desenvolver a desconfiança básica que levará consigo esse aspecto ao longo

Page 39: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

39

de seu desenvolvimento, bem como nas suas tarefas e relacionamentos

posteriores. (BEE, 2003)

Tal autora afirma ainda que Erikson em sua teoria nas crises

psicossexuais nunca determinou uma posição certa a se seguir nessa antítese,

isto é, o extremo nesse dilema não é o melhor caminho. Até mesmo porque

nesse estágio inicial é necessário que a criança desenvolva certa

desconfiança, porém de forma sadia, para que possa garantir a sua segurança

no futuro.

2.2.2 Autonomia versus vergonha e dúvida: vontade

Esse estágio de crise psicossocial ocorre na infância inicial, que

comumente ocorre dos 12 ou 18 meses até cerca de 3 anos. A criança nessa

fase tem o modo psicossexual de anal-uretral e muscular, que são modos

retentivo-eliminativo, ou seja, o reter e eliminar, no qual pode significar para a

criança o agarrar ou deixar ir, que podem ter lados positivos ou negativos

nesse conflito à criança, pode-se sentir derrota e surgir sentimentos de

vergonha e dúvida. Os raios de relação significativas nessa fase é mais

ampliado do que o estágio anterior e se concentra nas pessoas parentais.

(ERIKSON, 1998).

Para Erikson é nessa fase que a criança irá buscar a autonomia e

independência, entretanto se os esforços da criança para alcançar esse senso

de autonomia forem impedidos ou não forem encorajando pelos pais, e se

ocorrerem muitos resultados de fracasso, essa busca por autonomia passará a

ser vista pela criança como motivo de vergonha ou dúvida. Ressaltando que

nunca é bom a criança assumir um só extremo, pois nesse caso a dúvida

também a auxiliará sobre as situações de periculosidade e segurança. (BEE,

2003).

A virtude alcançada será a da vontade que impulsionará a criança ao

crescimento da independência sadia. Essa vontade se expressa na

verbalização, no andar, na manipulação, nas situações do dia-a-dia.

Como já exposto anteriormente os próximos estágios terá apenas uma

breve descrição por motivo já explanado.

Page 40: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

40

2.2.3 Iniciativa versus culpa: propósito

Estágio equivalente a fase fálica de Freud, ocorre dos 4 aos 5 anos, pois

nessa idade as crianças se interessam pelas diferenças sexuais e o ego age de

forma intrusiva. O conflito está no senso de propósito que faz com que a

criança busque experimentar coisas novas e tenha a curiosidade “sexual” e

intelectual, e caso haja repressão, pode causar na criança sentimentos de

culpa e com isso diminuir a capacidade de iniciativa na criança. (PAPALIA et

al., 2010).

2.2.4 Diligência versus inferioridade: competência

De acordo com Papalia et al. (2010) e Bee (2003) esse estágio ocorre

comumente de 6 a 12 anos, e é determinante da autoestima, pois é partir daí

que a criança terá um olhar da sua capacidade para o trabalho produtivo.

Nesse estágio a criança começa a aprender sobre as habilidades produtivas de

sua cultura, caso haja um fracasso ela experimentará sentimento de

inferioridade, entretanto caso haja o aprendizado ela se sentirá competente.

2.2.5 Identidade versus confusão de identidade: fidelidade

Corresponde dos 13 anos ou 18 anos, ou seja, a puberdade. Segundo

Bee (2003) nesse estágio Erikson propõe que há duas identidades em conflito,

que é a “identidade sexual” e a “identidade ocupacional”, na qual deve resultar

para o adolescente um senso coerente de identidade, com a descoberta do seu

papel sexual e daquilo que ele ser.

2.2.6 Intimidade versus isolamento: amor

Esse estágio é da idade adulta jovem, dos 19 anos aos 25 anos. Para

Erikson esse é o principal estágio para iniciar a idade adulta, pois esses

procuram formar compromissos com os outros, e caso isso seja negativo o

indivíduo pode sofrer com sentimentos de isolamento. Se esses jovens adultos

tiverem tido uma formação de identidade com um senso de coerência estarão

Page 41: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

41

preparado para fundir sua identidade com a do outro. O resultado dessa

antítese é o amor, que é a “devoção mútua entre parceiros que escolheram

compartilhar suas vidas, ter filhos e ajudar esses filhos a realizar seu próprio

desenvolvimento” (PAPALIA et al., 2006, p. 556).

2.2.7 Generatividade versus estagnação: cuidado

Segundo Erikson (1998) ocorre na idade adulta, onde a pessoa busca

iniciar uma nova família, estabelece-se como profissional, e dedica mais tempo

a sua vida. A Generatividade é a procriação, o produzir, que faz parte da idade

adulta onde busca-se gerar novos seres, novas ideias, entretanto a estagnação

fará com o indivíduo permaneça da mesma forma sem produzir ou evoluir.,

com uma sensação de inatividade. O que surge dessa antítese é o cuidado,

que faz com se comprometa a cuidar das pessoas, das ideias, dos produtos.

2.2.8 Integridade versus desespero e desgosto: sabedoria.

De acordo com Hall et al. (2000) e com Papalia et al. (2006) esse é o

último estágio da teoria psicossocial de Erikson, que corresponde à velhice,

sendo o estado de integridade que a pessoa atinge por ter cuidado de pessoas,

ideias e produtos ao longo de sua vida, dando uma ideia de aceitação da

própria vida. A distonia nesse estágio é o desespero que não deixa de ser

resultante da vivência dos demais estágios, que pode nesse momento causar

um “vazio” da existência, pela incapacidade de reviver a vida. A virtude

alcançada nesse estágio é a sabedoria, que transmite a integridade das

experiências de vida.

2. 3 Teoria Kleiniana.

Segundo Segal (1987 apud KLEIN, 1996), o que despertou a atenção de

Melanie Klein para com a psicanálise foi uma curta obra de Freud. Então a

partir daí se interessou profundamente pela psicanálise. Inicialmente escreveu

artigos e alguns livros. O seu primeiro trabalho psicanalítico foi com as

crianças, formulando métodos de atendimentos sem fugir do método

Page 42: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

42

psicanalítico, com base no que é proveniente para uma criança, que é o

brincar, conseguindo fazer com que a criança transferisse o que havia de bom

e ruim mesmo que estivesse privada pelas influencias do pai e da mãe.

Segal (1987 apud KLEIN, 1996) afirma que por um bom tempo Klein

seguiu demasiadamente as teorias de Freud, mas com o tempo sugiram

divergências, que foram ficando cada dia mais evidente de que suas teorias

precisavam encontrar novos conceitos, vendo o desenvolvimento como algo

natural.

Para Klein (1996) o trabalho sempre partia da ansiedade, acreditando

que a partir do momento que o bebê acaba de nascer surgem as ansiedades,

que são chamadas ansiedade persecutória e depressiva, por estar entrando

em um ambiente onde as imagens são todas diferentes do que já havia vivido

ate então. E assim durante todo o seu desenvolvimento vai descobrindo

sentimentos e vivências que vão causando cada vez mais a ansiedade como o

bom e o mau como objetos únicos, que gera o sentimento de culpa. Essas

posições são circunstâncias do ego com o convívio, as fantasias e defesas.

Suas obras trouxeram um grande avanço, novas origens e esperanças.

Visando que as posições vividas na infância terão reflexo no futuro, o que

passou na infância será caminho para entender doenças que se tem adulto as

ansiedades e defesas, deixara ter acesso ao que esta fechado.

O que está internalizado nas pessoas é a partir do que vem de fora. A

primeira relação de mundo externo do bebê é o seio materno, que é ao mesmo

tempo amado e odiado. Inicialmente ele ama, é o momento em que sacia sua

fome e da um contentamento e lhe apresenta um prazer naquele momento da

sucção, sendo este o que chega rápido. No entanto, quando esse bebê sente

fome e suas necessidades não são saciadas imediatamente, gera uma

sensação ruim, é quando o estado das coisas muda, o bebê sente ódio ficando

agressivo ao mamar, como se fosse uma forma de maltratar o seio que não

supriu suas necessidades rapidamente. Este se dá pelo impulso de destruir,

mesmo que esse seja o objeto que também lhe faz bem, não se dando conta

de que os mesmos, bons e ruins são um só objeto. A esta primeira posição se

dá o nome de Esquizo-Paranóide. (KLEIN,1996).

O ego fica em busca de gratificações, pois no momento está sofrendo

um vazio imenso, por estar sendo privado de algo, e fica o tempo todo em

Page 43: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

43

busca de satisfação e de gratificação. Essa é uma tentativa de continuar a viver

sem nenhum desvio do que é considerado normal no desenvolvimento. Essa

privação que causa a uma frustração enorme deixa a impressão de se destruir.

Desta forma segundo Klein posição Esquizo-Paranóide, o objeto seio

mau foi muito frustrador para o bebê, causando ansiedade por esperar por algo

que idealizasse como bom, por isso transfere suas frustrações para esse

objeto, agredindo-o, deixando claro sua revolta por tal ilusão. (FEITOSA, 2009).

Klein e Riviere (1960, p. 96) afirmam que:

As primitivas fantasias que acompanham os sentimentos do bebe são de variados tipos. Nesta que acabamos de mencionar ele imagina a gratificação que lhe falta. A satisfação real, entretanto, também se faz acompanhar de fantasias agradáveis; e fantasias destrutivas acompanham a frustração e os sentimentos de ódio por ela desertados. Quando o bebê se sente frustrado ao seio, em suas fantasias ele ataca esse seio; mas se esta sendo gratificado por ele ama-o e tem fantasias agradáveis com relação a ele.

Para diminuir este estado de revolta inconsciente do bebê, é importante

o acolhimento da mãe, pegar o bebê dar o que ele precisa e fazer com que se

sinta seguro, expondo em afeto todo amor e carinho que tem pelo bebê. Pois a

mãe no inicio é uma figura que contenta que trás a sensação de bem estar e

quando este estado de bem estar não acontece rapidamente é como se aquela

figura em termo tivesse o abandonado, desta fica impulsionado a

agressividade. A mãe é muito transparente para o bebê, ele sente todos os

seus estados bons ou ruins o bebê então assemelhar-se a mãe é como se ela

transferisse o que ela sente no então o cuidado de com que estado vai chegar

perto da criança é fundamental, pois ela pode aplicar-se de forma não negativa

ao bebê. Zimerman (1999, p.109) complementa:

A “função especular materna” para o desenvolvimento da criança, na qual ela se vê refletida e reconhecida no olhar da mãe, é tão importante que justifica prolongar a metáfora de “seio bom e seio mau” de M.Klein, para a de “Olhar bom e olhar mau” da mãe. Neste contexto, cresce muito a responsabilidade da mãe real, pois, sendo um espelho do seu filho, ela tanto pode refletir o que ela realmente é, ou, qual um espelho que destorce a imagem (...). No entanto, pior que essa mãe distorcida é aquela que funciona como um espelho-opaco, que nada reflete, nem de bom e nem de mau.

Com isso observa-se o importante papel da mãe no desenvolvimento,

ela tem que estar sempre presente de forma que acolha e de apoio ao seu

Page 44: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

44

bebê para que ele possa se sentir seguro e possa se espelhar em algo seguro,

pois inicialmente é a única figura imediata que pode acolhê-lo. (ZIMERMAN,

1999).

A partir desta forma o bebê continua seu desenvolvimento, ate que

percebe que é a mesma voz o mesmo cheiro e percebe então que o seio mau

é o mesmo que ele ama. Causando um sentimento inconsciente de culpa e

ansiedade por medo de ter danificado o seio bom, já que em alguns momentos

ele o atacou, e começa um processo de fantasia que não terá mais o que lhe

fazia bem. Para Klein essa ansiedade junto á defesa é a segunda posição que

é chamada de posição depressiva. Definido como:

Posição depressiva é uma expressão criada por Melanie Klein para designar uma das duas fases do desenvolvimento infantil, juntamente com a posição paranoide. Mas de facto esta terminologia “posição” serve para sustentar a ideia de que estas fases não são ultrapassadas e resolvidas, ou seja, um sujeito oscila de uma posição para outra toda a sai vida. Segundo Melanie Klein, a posição depressiva é uma modalidade das relações de objeto posterior á posição paranoide. Institui-se por volta dos quatro meses de idade e é progressivamente superada no decorrer do primeiro ano, ainda que possa ser encontrada durante a infância e reativada no adulto, particularmente no luto e nos estados depressivos. (...) Esta angústia é combatida pela utilização de mecanismos de reparação contra a angústia depressiva e superada quando o objeto amado é introjectado de forma estável e tranquilizante. Na posição depressiva o bebê vai adquirir a capacidade de amar e respeitar os “objetos” com os diferenciados e separados dele. (INFOPÉDIA, 2013)

Entende-se a partir do que Klein coloca, o importante papel da mãe no

desenvolvimento da criança. Em primeiro lugar é o primeiro vínculo afetivo a

primeira relação de amor e o primeiro objeto de segurança. Algumas falhas

podem ser o principal motivo da desestruturação da criança, e isso pode

influenciar na vida adulta.

A mãe tem que ser próxima o bastante para cuidar, mas não tão próxima

a ponto de sufocar. A mãe é o objeto que guia e isso pode ser feito de forma

que oriente de forma proveitosa, estimular o desenvolvimento de forma

satisfatória tornando intensas as fantasias acolher o bebê fazê-lo sentir-se

seguro diminuindo o estado culpa. (KLEIN; RIVIERE , 1967).

Page 45: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

45

CAPÍTULO III

UMA VISÃO WINNICOTTIANA DA RELAÇÃO MÃE-BEBÊ.

3 DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL PRIMITIVO

O desenvolvimento emocional primitivo é descrito na teoria winnicottiana

abrangendo temas complexos. Neste trabalho, aborda-se os assuntos

relevantes para a pesquisa realizada. Neste sentido enfatiza-se a importância

da mãe e dos cuidados maternos para o desenvolvimento do bebê.

Segundo Winnicott (1945) comumente ao final da gestação o bebê já

está maduro o suficiente para o desenvolvimento emocional, e entre os cinco e

seis meses de vida o bebê obtém a capacidade de segurar um objeto e levá-lo

a boca. Tal ação faz o bebê compreender que tem um interior e que as coisas

vem do exterior, percebendo que sua mãe tem um interior característico

próprio, essa descoberta é uma grande evolução em termo de desenvolvimento

emocional.

Tal autor enfatiza que há três processos que acontecem muito cedo na

vida de um bebê e que faz parte do desenvolvimento emocional primitivo, o da

integração, personalização e a realização, com a contemplação do tempo e do

espaço.

O processo de integração pode ocorrer em momentos distintos, variando

de bebê para bebê, esse é apoiado por dois grupos de experiências: os

cuidados no manuseio com o bebê e as fortes experiências ocasionadas por

instintos.

O primeiro grupo de experiência ocorre por meio do banho, do segurar,

do balançar, entre outras ações. E o segundo grupo volta-se para uma

personalidade fundida com o próprio interior. Dessa forma essas experiências

promovem no o bebê a sensação de ser conhecido pelo outro, ou seja, sentir-

se integrado. (WINNICOTT, 1945; ARRUDA; ANDRIETO, 2009).

Já a personalização é favorecida por meio da integração, onde as

experiências instintivas e os cuidados corporais maternos que proporcionam a

personalização satisfatória, que se resume no avultamento do sentimento de

Page 46: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

46

estar dentro do próprio corpo. “É pela ocorrência de um grau razoável de

adaptação às necessidades do bebê, que é possível estabelecer, mais

rapidamente, uma forte relação entre psique e soma” (ARRUDA; ANDRIETO,

2009, p. 99-100).

E por fim o terceiro processo, o mais complexo, de realização, no qual

se compreende a existência do mundo e aprende a se relacionar com ele,

estabelecendo relação entre a ilusão e a fantasia. A ilusão ocorre através da

mãe, que tende a ser o primeiro objeto com quem o bebê estabelecerá um

vínculo. O seio é visto pelo bebê como um objeto externo que quando está

faminto cria ideias. A partir das visões, do cheiro e das sensações, sobre objeto

a satisfazê-lo. Nesse processo é essencial a presença da mãe, que irá proteger

o bebê, e embasado numa constância poderá acrescentar riqueza de modo

proveitoso ao desenvolvimento. Na fantasia não há freios, tendo uma

conotação de algo mágico, mais primitivo que o a realidade e que tem um

desenvolvimento de acordo com a experiência da ilusão. (WINNICOTT, 1945).

Sendo assim:

[...] é possível compreender que a ilusão e a fantasia relacionam-se intimamente com o processo da realização, pois são necessárias para a concretude desse processo, uma vez que o bebê precisa sentir primeiro a onipotência, que ocorre pela ilusão e pela fantasia, para que possa compreender a realidade externa. (ARRUDA; ANDRIETO, 2009, p. 100).

Desta forma, compreende-se a importância da mãe e de seus cuidados

no processo do desenvolvimento emocional primitivo.

Um bebê não pode existir sozinho, psicológica ou fisicamente, ele necessita realmente de uma pessoa que cuide dele no início da vida, propiciando-lhe um ambiente satisfatório para o seu desenvolvimento, percebendo e atendendo as suas necessidades básicas. (ARRUDA; ANDRIETO, 2009, p. 100).

3.1 A dependência

Winnicott em suas conferências ou em seus artigos que posteriormente

se tornaram obras ressaltou que não tinha a intenção de ensinar as mães como

cuidar de seus filhos, pois sabia que possuíam competência para fazer isso de

modo suficientemente bom. Além do estado de preocupação materna primária

Page 47: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

47

que se desenvolve na mãe, há uma devoção, que a faz se adaptar de modo

sensível e ativo as necessidades de seu bebê, que inicialmente são absolutas

e por isso necessitam ainda mais de alguém que se identifique com eles.

(MONTEIRO, 2003).

Winnicott (1990, p.40) coloca que “não existe essa coisa chamada bebê”

evidenciando a importância da maternagem, pois sempre que houver um bebê

haverá um cuidado materno, e sem tal cuidado não poderá haver um bebê, já

que esse se encontra em total dependência, necessitando de um ambiente

facilitador que vem a ser a própria mãe.

Ao longo do processo de maturação ou de socialização o indivíduo

passa da dependência absoluta para a independência, sendo que essa

independência nunca que se tornará absoluta visto que o indivíduo não há

como se tornar um ser isolado, sem ao menos depender do ambiente. Assim

Winnicott (1983), classifica essa evolução do ego e do self (a

essência/totalidade do sujeito) em três categorias: dependência absoluta,

dependência relativa e rumo à independência.

Inicialmente a criança se encontra numa dependência absoluta

necessitando totalmente dos cuidados maternos, sendo que a mãe que

experimentar o estado de preocupação materna primária, conseguirá

satisfatoriamente se identificar com o bebê e atender as suas necessidades

vitais, com empatia e numa relação mutua de codependência, ou seja, um não

existe sem o outro. (WINNICOTT, 1983).

Assim ao longo dos dois anos de idade o bebê vai gradativamente

passando pelos processos de maturação e com isso deixando essa situação de

total dependência para uma dependência relativa, na qual não necessita mais

completamente dos cuidados maternos. Inicia-se a conscientização dessa

dependência materna, o que reduze a ansiedade causada pela ausência da

mãe. (WINNICOTT, 1983).

E após os dois anos de idade a criança caminha rumo a independência,

entretanto dificilmente um adulto conseguirá alcançar a maturidade por inteira,

mas provavelmente atingirá uma situação confortável e benéfica ao seu bem

estar.

3.2 A preocupação materna primária

Page 48: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

48

Tornar-se mãe é um processo que compreende mudanças significativas

na vida na mulher, desde a gestação até os primeiros anos de vida da criança.

Por isso muitos autores realçam a importância da díade mãe-bebê, que

caracteriza o modo das relações posteriores da criança, o que justifica a

importância que é dada pelo autor Winnicott as relações mãe-bebê, e em

especial ao estado de preocupação materna primária em que a mãe se

encontra. (ESTEVES; ANTON; PICCININI, 2011).

A preocupação materna primária é um estado psicológico da mãe, que a

coloca sensível às necessidades básicas de seu filho. Inicia-se na gestação

tendo maior evidência no final, e evolui até as primeiras semanas ou meses

após o parto. Esse estado é descrito por Winnicott (1956, p. 401) como:

Gradualmente, esse estado passa a ser o de uma sensibilidade exacerbada durante e principalmente ao final da gravidez. Sua duração é de algumas semanas após o nascimento do bebê. Dificilmente as mães o recordam depois que o ultrapassaram. Eu daria um passo a mais e diria que a memória das mães a esse respeito tende a ser reprimida.

Tal termo corresponde a uma condição organizada (que caso não haja

gravidez se torne uma doença) que se assemelha a um estado de retraimento

ou uma fuga, na qual predomina temporariamente outro aspecto da

personalidade.

No estado de preocupação materna primária a mãe toma uma posição

regressiva, com uma sensibilidade tão intensa, que se equipara a uma doença,

tendendo a recuperar-se posteriormente. Entretanto, nem todas as mães

possuem a capacidade de chegar esse estado, não se adaptando a

sensibilidade e as necessidades requeridas pelo bebê, ou apenas em um dos

filhos atingem esse estado psicológico, isso pode ocorrer porque muitas

mulheres não conseguem se voltar apenas para os interesses do bebê e

excluir os demais interesses e preocupações, principalmente mulheres que tem

uma forte identificação masculina onde encontraram mais dificuldades para

assumir essa condição. (WINNICOTT, 1956)

Segundo Winnicott (1956) as mães que não conseguem desenvolver

esse estado de preocupação materna primária tentam recompensar o que foi

perdido por um longo período, e se adequar as necessidades de seu filho, sem

garantia de que será suprido o que foi deixado para trás e de que será corrigido

Page 49: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

49

possíveis distorções do estágio inicial. Essa motivação em querer compensar a

sua ineficiência do passado pode fazer com que a mãe passe tempo demais

tentando se ajustar as necessidades do bebê e acabe o mimando.

Winnicott (1956) salienta o quanto é importante um ambiente facilitador

ou suficientemente bom para um desenvolvimento humano saudável e uma

continuidade do ser, sendo que como a mãe que se encontra nesse estágio se

torne o próprio ambiente facilitador. Falhas maternas nesse estágio inicial são

sentidas para o bebê como uma ameaça a sua existência pessoal, pois tudo

aquilo que a mãe sente é passado a ele como se lhe pertencesse também, e

caso haja sentimentos desfavoráveis, a criança passa a reagir em combate a

uma ameaça de aniquilamento, da qual irá se recuperar adiante, e trará a ele a

confiança na recuperação e na capacidade de resistir às frustrações.

Assim o estado de preocupação materna primária é fundamental para

que o desenvolvimento do bebê seja saudável, já que a mãe desenvolverá

empatia pelo bebê desde a gestação. Com isso atenderá as todas as suas

necessidades básicas, sabendo o que realmente o bebê está sentindo e do que

ele precisa. Evidenciando o quão é fundamental que a mãe desenvolva esse

estado Esteves, Anton e Piccinini (2011, p. 80) formam que “quando a

interação obtém êxito, esta permite a mãe compreender as demandas do filho,

proporcionando seu desenvolvimento físico e mental de forma sadia”.

3.3 Mãe suficientemente boa

O desenvolvimento emocional da criança não tem como evoluir a não

ser tenha uma mãe suficientemente boa. Esta não se trata apenas da mãe

biológica, mas sim a pessoa que cuidará das necessidades do bebê e que

ajudara a elaborar as frustrações presentes no desenvolvimento. (WINNICOTT,

1975)

Segundo Winnicott (1975), naturalmente a mãe biológica tem mais

possibilidade de ser suficientemente boa que outra pessoa. (WINNICOTT,

1975).

Assim, descreve mãe suficientemente boa:

A mãe suficientemente boa alimenta a onipotência do lactante e até certo ponto vê sentido nisso. E o faz repetidamente. Um self

Page 50: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

50

verdadeiro começa a ter vida, através da força dada ao fraco ego do lactante pela complementação pela mãe das expressões de onipotência do lactante. (WINNICOTT, 1983, p. 133).

Considerando a função da mãe, relacionado a dois pontos, um a mãe

suficientemente boa e em outro a mãe que não suficientemente boa.

O bebê existe através de dependências, estas devem ser favoráveis

como, a mãe se identificar com o bebê, acolhendo as necessidades

imediatamente, esses cuidados estabelecem a sobrevivência através de

experiências, dando sequência no desenvolvimento do ser sendo esta a mãe

suficientemente boa. A mãe não suficientemente boa apresenta imperfeições

no cuidar não atendendo as necessidades do bebê, e a

integração de si mesmo se torna falha, por causa dessa incapacidade da mãe

entender as necessidades. (WINNICOTT, 1983).

As experiências que influenciam o bebê são registradas na memória,

proporcionando aprendizado de confiança no mundo, o ambiente que a criança

vive tem que ser adequado à mãe, ser suficientemente boa proporcionando um

aprendizado de confiança no mundo. No começo do desenvolvimento o ego

fragilizado do bebê é confortado pelo ego materno. Se tornando forte sempre

que a mãe supre suas necessidades correspondendo à dependência.

(WINNICOTT, 1983).

Winnicott apresenta o conceito de desenvolvimento infantil, para que tal

passe por condições ambientes favoráveis, ou seja, uma maternagem

suficientemente boa. Desse modo, esse processo se dá por meio de três

funções: holding, handling e a apresentação dos objetos. (ROCHA, 2006;

MONTEIRO, 2003).

3.3.1 Holding

Winnicott utiliza a expressão holding the baby (segurar o bebê) em suas

obras para ressaltar a importância de tal ação para o estabelecimento do

vinculo mãe-bebê, que por vezes é passada despercebida entre as mães, e a

alerta que o autor faz as mães dizendo que “vocês não permitam que uma

pessoa segure o seu bebê se sentirem que, para ela, não se trata de uma

experiência importante.” (WINNICOTT, 2006, p.15). Compreende-se que a

Page 51: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

51

forma como se segura um bebê interfere no estado emocional do mesmo.

O termo holding para Winnicott significa a maneira como se segura um

bebê no colo, o modo como é amparado e sustentado no colo, demonstra ao

bebê o amor que sente por ele, e traz não apenas uma experiência física, mas

também uma experiência emocional, simbolizando o amor que a mãe sente e o

desejo de tê-lo como filho, que fornecerá um embasamento saudável para a

sua saúde mental, e esse contato também torna-se um ambiente confiável para

que o bebê possua circunstâncias satisfatórias e facilitando o processo de

maturação. (WINNICOTT, 1983; WINNICOTT, 2006; MONTEIRO, 2003).

De acordo com Winnicott (1983) a mãe ao segurar, manipular, tocar,

aconchegar ou falar com seu bebê estimula uma organização entre o físico e o

psíquico, o que fornece um arranjo da psique própria que dará suporte aos

sonhos e as relações.

“Em termos psicológicos, a função do suporte é fornecer apoio egóico,

antes do estabelecimento da integração do ego” (DAVIS; WALLBRIDGE, 1982

apud MONTEIRO, 2003, p. 30).

Winnicott (1960) descreve concretamente a função do holding para os

pais leigos da seguinte forma:

Protege da agressão fisiológica. Leva em conta a sensibilidade cutânea do lactente – tato, temperatura, sensibilidade auditiva, sensibilidade visual, sensibilidade à queda (ação da gravidade) e a falta de conhecimento do lactente da existência de qualquer coisa que não seja ele mesmo. Inclui a rotina completa do cuidado dia e noite, e não é o mesmo que com dois lactentes, porque é parte do lactente, e dois lactentes nunca são iguais. Segue também as mudanças instantâneas do dia-a-dia que fazem parte do crescimento e do desenvolvimento do lactente, tanto físico como psicológico. (WINNICOTT, 1983, p. 48)

A necessidade do holding compreende-se de uma total dependência aos

cuidados maternos que o bebê possui e inicia-se o processo de estimulação da

inteligência e o “inicio da mente como algo separado da psique” (WINNICOTT,

1983, p. 45).

Quando existe um ambiente que não seja favorável para que o bebê

tenha um desenvolvimento saudável, isso pode tornar-se uma experiência de

despedaçamento e desconfiança em relação ao mundo externo, pois este

proporcionou uma realidade, no qual, não foi satisfatória. O bebê tem a

Page 52: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

52

capacidade de identificar a falha materna, no qual, o resultado dessa falhas é o

cessamento da “continuidade do ser”, resultando assim, no enfraquecimento do

ego. (ROCHA, 2006; MONTEIRO, 2003).

3.3.2 Handling

A próxima fase se caracteriza pelo manejo adequado da mãe e isso irá

refletir na maneira como o bebê é tratado, manipulado e cuidado que Winnicott

dá o nome de handling. Este que refere-se seguramente ao manejo físico, onde

o bebê irá ter experiências sensórias, ou seja, sentir o calor do corpo materno,

o cheiro, os batimentos cardíacos e mais outra sensações que este corpo é

capaz de proporcionar, lembrando que essas sensações poderão vir como

facilitadora ou inibidora, dependendo da aceitação e o clímax (o clímax se

refere ao papel que a mãe suficientemente boa encontra-se no momento de

maturação do bebê) que a mãe está vivendo com a chegada do bebê.

(ROCHA, 2006; MONTEIRO, 2003).

Quando o cuidado materno transmite segurança ao bebê, duas coisas ocorrem paralelamente: a integração e a realização da psique no corpo. No entanto, Winnicott constatou que algumas mães apresentam boas condições naturais para o cuidado físico dos bebês, mas parecem ignorar que há um ser humano alojado no corpo que banham e alimentam. Falhas graves nos estágios mais precoces do desenvolvimento, quando não corrigidas, provocam no bebê a perda da capacidade de sentir-se real (personalização) e de localizar-se dentro dos limites de seu corpo, em razão do atraso, fracasso ou perda de uma união firme entre a psique e o corpo. Essas falhas aparecem na clínica psiquiátrica como despersonalização. (ROCHA, 2006, p. 31- 2)

Derivado do holding materno o handling proporciona ao bebê a

confiabilidade em relação ao ambiente, pois nele está presente a tentativa de

equilíbrio entre as necessidades fisiológicas e emocionais do mesmo. Os

cuidados são referentes também a condutas sociais, pois os pais apresentam

um cuidado mais físico em relação a essa criança, tais como acalmar, tocar,

acariciar, fazer caretas e brincar surgindo dessa forma, a resposta do bebê

como forma de agitação, gritos e risadas. (KLAUTAU; SALEM, 2009).

Como o handling possui um papel a respeito da formação da

personalidade da criança, ela passa ter consciência de estar dentro de seu

Page 53: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

53

próprio corpo, isso se ocorrer de fato um ambiente facilitador para que isso se

desenvolva. (KLAUTAU; SALEM, 2009).

Winnicott assevera, em suma, que tanto a integração quanto a personalização são processos cuja conquista depende da ‘silenciosa e repetida experiência de estar sendo cuidado’, e é precisamente nesse sentido que tanto o holding quanto o handling materno contribuem para a instalação psicológica da confiança. (KLAUTAU; SALEM, 2009, p. 40-1)

3.3.3 Apresentação de objetos

Um período complexo na visão Winnicottiana, em que o bebê encontra-

se com sua psique inserida, a mãe começa a apresentar o mundo exterior,

dessa forma, propiciando o encontro e permitindo a criação de novos objetos,

nos quais, levará consigo para seu desenvolvimento. Esta fase pode ser

chamada de realização, pois é estimulada no bebê a criatividade e a criação.

(ROCHA, 2006; MONTEIRO, 2003).

Mas esse ambiente só será possível se este propiciar tais experiências,

pois o bebê tem que acreditar que quem cria o objeto apresentado, é ele. Aos

poucos, vai conhecendo o ambiente e aprendendo a lidar com a separação que

se refere ao fim da amamentação e caminhando rumo à dependência relativa e

posteriormente conquistando a independência. (ROCHA, 2006; MONTEIRO,

2003).

O bebê deve saber a diferença entre a relação de objetos e o uso deles.

Na relação de objeto o bebê deve saber que esse objeto é real para que esse

entre em sua realidade e se torne um objeto catexizado. (WINNICOTT, 1999)

“O processo maturacional impulsiona o bebê a relacionar-se com

objetos; no entanto, isso só pode ocorrer efetivamente quando o mundo é

apresentado ao bebê de modo satisfatório.” (WINNICOTT, 1999, p. 13)

A mãe que consegue apresentar um ambiente favorável para seu bebê,

propicia que consiga criar uma experiência de onipotência e com suas

vivências aprenda a entender o princípio da realidade. Portanto, existe um

paradoxo, pois quando temos a ideia da apresentação de objeto, temos que

levar em conta que o bebê irá criar uma ilusão enquanto àquele objeto, mas ao

mesmo tempo em que ele tem a ideia de criação, ele tem que se dar conta que

aquele objeto já existia e não poderia ter criado o mesmo.

Page 54: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

54

Uma grande parte da vida saudável tem a ver com as várias modalidades de relacionamento objetal e com um processo de ‘vaivém’ entre o relacionamento com objetos externos e internos. Isso é uma questão de pleno usufruto das relações interpessoais, embora os resíduos do relacionamento criativo não se percam fazendo com que cada aspecto do relacionamento objetal seja excitante. (WINNICOTT, 1999, p.13 - 4)

De fato o bebê precisa desenvolver a capacidade para usar os objetos,

pois isso faz parte do princípio da realidade e dessa forma, o processo de

amadurecimento depende de um ambiente propício.

Pode-se entrar em um meio entre o relacionamento e o uso do objeto

que seria a colocação do sujeito referente ao objeto que não esteja dentro da

área de seu controle, ou seja, a percepção adquirida do objeto como fenômeno

externo. Significa dessa forma, que o sujeito (o bebê) destrói o objeto.

Winnicott explica da seguinte forma:

[...] Em outros termos, descobriria que, depois de o sujeito relaciona-se com o objeto, temos ‘o sujeito destrói o objeto’ (quando se torna externo), e, então, podemos ter ‘o objeto sobrevive à destruição pelo sujeito’. Porque pode haver ou não sobrevivência. Surge assim um novo aspecto na teoria da relação de objeto. [...]. (WINNICOTT, 1975, p. 125 - 26).

Porque a criança tem a fantasia a nível inconsciente que enquanto a

mãe apresenta um objeto, este o destrói ao mesmo tempo em que ama-o,

dando início à fantasia da criança, ajudando também em sua criatividade, pois

ele tem a real certeza que foi ele quem construiu tal objeto e que pode usá-la e

também destruí-la.

Conclui-se que:

[...] Trata-se de uma posição a que o indivíduo pode chegar em fases primitivas de crescimento emocional só através da sobrevivência real dos objetos catexizados, que se encontram, na ocasião, em processo de serem destruídos por serem reais, de se tornarem reais por serem destruídos (desde que destrutíveis e consumíveis). (WINNICOTT, 1975, p.126).

Portanto, observa-se o desenvolvimento de como que o sujeito cria o

objeto no sentido de descobrir sua própria externalidade, dependendo de tal

forma, que o objeto sobreviva.

3.3.4 Olhar materno

Page 55: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

55

A função do espelho da mãe no desenvolvimento do bebê, é relativo ao

rosto da mãe, é como o antecessor do espelho no desenvolvimento. Quando a

criança olha para o rosto da mãe, o que ela enxerga é a si mesmo. O rosto da

mãe funciona como espelho e como lugar do qual se iniciam as primeiras

trocas relevantes com o mundo. (WINNICOTT, 1975).

No período que inicia o desenvolvimento, uma tarefa fundamental é

realizada pelo meio ambiente, que na atual circunstância o bebê não separa de

si mesmo. A separação eu e mundo ocorre aos poucos e isso varia de um bebê

para outro e do ambiente, como por exemplo, se não houver uma mãe com

características ambiental esse processo se torna dificultoso. (WINNICOTT,

1975).

O autor simplifica a função ambiental brevemente colocando que esta

envolve o segurar, o manejar e a apresentação de objetos. Essas vivencias

proporcionam ao bebê uma amadurecimento. (WINNICOTT, 1975).

Um bebê está sempre observando o que ocorre a sua volta,

possivelmente quando o bebê está mamando ele não olhe para o que esta a

sua volta e sim para o rosto da mãe, e o que ele verá. (GOUGH, 1962 apud

WINNICOTT, 1975).

O que o bebê vê quando olha para a mãe, é a si mesmo, de outro modo

a mãe olha para ele e é aquela pessoa com quem se parece e há uma relação

com o que vê. Isso ocorre com uma mãe exercendo um bom o cuidar, um bebê

que a mãe transmite seu humor ou sua rigidez e defesas então o que o bebê

enxerga, muitos bebês têm a capacidade de não receber nada do que esta

mãe esta lhe oferecendo, olham e não enxergam a si mesmo. Os resultados a

princípio, a capacidade de criatividade fica debilitada, a criança começa a

procurar coisas no ambiente para se espelhar, algumas vezes obtém resultado

positivo. Algumas mães reagem quando vêem seu filho com dificuldade como

agressividade, após isso o bebe se acostuma com o rosto da mãe, mas este

não será um espelho. O que no começo poderia ter sido relevante como bebê

ter descoberto o mundo através da mãe será descoberto e significado por

coisas vistas. (WINNICOTT, 1975).

Se o bebê não se desenvolver a partir de si próprio, a importância do

ambiente favorável que acolha o bebê rumo à vida é essencial. Cada um

Page 56: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

56

exerce uma papel importante no bebê para colaborar com seu amadurecimento

da personalidade. (WINNICOTT, 1975).

Page 57: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

57

CAPÍTULO IV

A PESQUISA

3 INTRODUÇÃO

Para demonstrar a veracidade da hipótese, de que as mães com filhos

de 0 a 3 anos de idade acham mais importante cuidar da saúde do filho do que

dar carinho, brincar, ou seja, valorizam mais os aspectos relacionados ao

desenvolvimento físico, tais como andar, falar, sentar, do que os aspectos do

desenvolvimento psicológico, então após a aprovação do projeto pelo Comitê

de Ética em Pesquisa do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium –

Unisalesiano – Parecer nº 377.730 em 29 de agosto de 2013 (ANEXO B),

realizou-se uma pesquisa de campo nas creches do município de Lins – SP,

com início e término em setembro/2013.

Elaborou-se um questionário (APÊNDICE A) com 5 perguntas fechadas

sobre o tema, em que fosse possível avaliar e testar a hipótese. Com o objetivo

de obter informações e avaliar a formação do vínculo mãe-bebê se fez útil a

aplicação de mais um instrumento o “Protocolo de avaliação do vínculo mãe-

filho” (ANEXO D) empregado por Campos et al. (1997).

O instrumento é constituído de 16 itens, com respostas sim/não e que se referem à mãe (infância, modelos parentais, vida pessoal, conjugal, profissional, ambiente familiar, gestação e parto), à mãe/bebê (nascimento, maternidade, amamentação e primeiras relações) e ao bebê (primeiros dias de vida, condições de saúde e características). Classificou-se o vínculo em bom ou fraco, adotando-se como fraco aquele em que foi respondido sim para cinco ou mais indicadores do questionário utilizado. (CARDOSO, 2006, p. 7)

Após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa ocorreu à aplicação

dos instrumentos de pesquisa. Inicialmente realizou-se um pré-teste com o

questionário, a fim de identificar e descobrir possíveis falhas na leitura, escrita

e compreensão do mesmo, e em seguida fazer as alterações necessárias.

3.1 Método

Page 58: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

58

O método utilizado foi o estudo de caso, com abordagem de 30 mães

que tinham filhos entre 0 e 3 anos de idade, no horário da entrada (das 7 horas

às 8 horas) e saída (das 16 horas às 17 horas) dos filhos das creches

municipais de Lins.

Realizou-se a aplicação dos instrumentos de pesquisa e posteriormente

a análise quantitativa das respostas assinaladas e análise dos dados com base

nas referências teóricas apresentadas nos três primeiros capítulos deste

trabalho.

Considerando que o munícipio de Lins possui oito creches, decidiu-se

realizar um sorteio no dia 18 de setembro de 2012 para selecionar três creches

para ser realizada a pesquisa. Compreendeu-se que esse seria um número

razoável de creches para entrevistar as 30 mães.

O sorteio ocorreu na presença das alunas. As creches do município de

Lins foram numeradas de um a oito em papeis. Estes foram dobrados para que

fosse retirado o nome das creches em que ocorreria a aplicação do

questionário. Assim através desse sorteio ficou definido que a pesquisa

aconteceria nas creches: Creche “Menino Jesus”, “EMEI Nossa Senhora de

Fátima” e “EMEI – Creche e Pré-escola Gilda Junqueira Villela”.

3.2 Sujeito de Pesquisa

O sujeito de pesquisa foram 30 mães, de 18 a 58 anos, que tinham filhos

com idade de 0 até 3 anos e 11 meses e que aceitaram responder as

perguntas após terem assinado o termo de consentimento livre e esclarecido.

3.3. Critérios de Exclusão

Os critérios de exclusão foram aplicados às mães que tinham filhos com

idade maior que 3 anos ou que não tinham a guarda de seus filhos, avós, tias e

outros cuidadores.

3.4 Apresentação dos resultados

Caracterizando a amostragem apresenta-se a tabela abaixo:

Page 59: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

59

Tabela 1: Média das características da amostra

Média

Idade das mães 31,6

Idade dos filhos (em meses) 23,3

Número de filhos 1,9

Fonte: Elaborado pelos autores, 2013.

Observando os resultados dos questionários expõem-se as tabelas

abaixo:

Na primeira pergunta solicita-se ao sujeito de pesquisa que “Assinale os

aspectos que você considera importante para o desenvolvimento da criança de

0 a 3 anos” são apresentados logo abaixo 19 itens a ser assinalado ou não,

representado pela tabela 2. A maioria das mães, 56,67%, assinalaram todas as

alternativas, por isso há uma baixa diferença na porcentagem de um item para

o outro, assim apresenta-se os resultados primeiramente nos aspectos

psicológicos e em seguida nos aspectos físicos.

Nos aspectos psicológicos, tem-se “brincar” “passear”, “ter bons

%

Brincar. 93,33

Passear. 93,33

Dar vacinas recomendadas; 93,33

Ter bons exemplos dos pais. 93,33

Receber carinho, afeto. 93,33

Tomar cuidado com a higiene da criança. 93,33

Levar ao pediatra regularmente 93,33

Ter cuidado com a alimentação. 90

Socializar com outras crianças e com os irmãos. 90

Amamentar. 86,67

Viver em um ambiente adequado (segurança, ventilação, higiene etc). 86,67

Ter regras claras sobre o que pode ou não fazer. 86,67

Ter uma rotina (alimentação, banho, horários para assistir televisão). 83,33

Conversar com a criança. 83,33

Estabelecer limites. 83,33

Proporcionar estímulos auditivos, visuais e táteis (sons, música, bichos, histórias). 80

Receber atenção dos adultos. 76,67

Ir com frequência à creche / escolinha. 70

Ter autonomia de ir ao banheiro sozinho. 63,33

Fonte: Elaborado pelos autores, 2013

Tabela 2: Assinale os aspectos que você considera importante para o

desenvolvimento da criança de 0 a 3 anos.

Page 60: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

60

exemplos dos pais”, “receber carinho, afeto”, com 93,33%, “ter regras claras

sobre o que pode ou não fazer” com 86,67%, os itens “ter uma rotina

(alimentação, banho, horários para assistir televisão)” e “conversar com a

criança”, tem 83,33%, “proporcionar estímulos auditivos, visuais e táteis (sons,

música, bichos, histórias)” com 80% e o item “receber atenção dos adultos”,

76,67%.

Nos aspectos físicos tem-se a mesma porcentagem (93,33%) que nos

aspectos psicológicos os itens “dar vacinas recomendadas”, “tomar cuidado

com a higiene da criança” e “levar ao pediatra regularmente”, seguido por “ter

cuidado com a alimentação” com 90%, “amamentar” e “viver em um ambiente

adequado (segurança, ventilação, higiene, etc)”, com 86,67% e os mais baixo

de todos os resultados os itens “ir com frequência à creche / escolinha” com

70% e “ter autonomia de ir ao banheiro sozinho” com 63,33%.

Segundo a tabela 3, “De acordo com a idade de seu filho assinale quais

sinais você considera ser importante para demonstrar o bom desenvolvimento

dele.”. Dos 12 itens opcionais que o sujeito poderia assinalar 86,67%

respondeu que “Dirigir o olhar quando é chamado” é considerado o sinal mais

importante para demonstrar um bom desenvolvimento, 80% mencionou o

“Falar” e o “Sorrir no contato com os pais e pessoas próximas”. O “Engatinhar”

e “Estranhar pessoas distantes (visitas, estranhos na rua)”, apresentou 40%.

%

Dirigir o olhar quando é chamado. 86,67

Falar. 80

Sorrir no contato com os pais e pessoas próximas. 80

Andar. 73,33

Segurar objetos com a mão. 73,33

Estar adaptado a rotina (dormir a noite, estar acordado boa parte do dia). 73,33

Interagir com outras crianças, irmãos. 73,33

Sentar. 56,67

Não usar mais fralda. 53,33

Balbuciar – imitar sons. 46,67

Engatinhar. 40

Estranhar pessoas distantes (visitas, estranhos na rua). 40

Fonte: Elaborado pelos autores, 2013

Tabela 3: De acordo com a idade de seu filho assinale quais sinais você

considera ser importante para demonstrar o bom desenvolvimento dele.

Page 61: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

61

%

Mãe. 76,67

Escola/ Creche. 33,33

Pai. 23,33

Parentes/familiares (avós, tios, etc.). 20

Primas 3,33

Babá. 0

Tabela 5: Seu filho passa maior parte do tempo com o(a) ...

Fonte: Elaborado pelos autores, 2013

Na tabela 4 “O que você faz para estimular o desenvolvimento do seu

filho?” teve a maior porcentagem (90%) os aspectos psicológicos “Dou carinho

e estímulos através de conversas, cantos e leituras”, com também uma grande

porcentagem, 80% o item “quando falo com ele procuro sempre olhar nos olhos

para que se sinta confiante”, seguido por 70% no item “respeito o tempo da

criança para descanso e lazer”. Os itens que foram menos assinalados foram

“a criança de 0 a 1 ano não precisa de estímulo porque aprende sozinha”, com

3,33%, e “protejo do contato com outras crianças e lugares públicos para não

ficar doente”, com 10% e os itens “deixo ficar próximo de adultos para aprender

com eles a falar” e “deixo no berço mesmo que chore, para que não acostume

ficar no colo o tempo todo” com 16,67%.

%

Dou carinho e estímulos através de conversas, cantos e leituras. 90

Quando falo com ele procuro sempre olhar nos olhos para que se sinta confiante. 83,33

Respeito o tempo da criança para descanso e lazer. 70

Estímulo para que ele se alimente sozinho desde pequeno para adquirir autonomia. 63,33

Ofereço, todos os dias, o máximo de atividades para criança, para que fique sempre ocupada e

possa aprender coisas diferente ao mesmo tempo.43,33

Não fico muito no colo, para não acostumá-lo mal. 43,33

Coloco em contato com letras, palavras e números mesmo antes de ir para a pré-escola. 40

Deixo sempre de castigo quando faz algo errado para que ele possa entender que errou. 36,67

Levo para a creche/berçário/maternal para aprender com as professoras. 36,67

Deixo assistir desenho ou programas infantis na televisão, porque assim faço o serviço de casa. 33,33

Coloco em um andador para logo aprender a andar 26,67

Dou umas palmadas, algumas vezes, para que tenha respeito e educação. 20

Deixo no berço mesmo que chore, para que não acostume ficar no colo o tempo todo. 16,67

Deixo ficar próximo de adultos para aprender com eles a falar. 16,67

Protejo do contato com outras crianças e lugares públicos para não ficar doente. 10

A criança de 0 a 1 ano não precisa de estímulos porque aprende sozinha. 3,33

Fonte: Elaborado pelos autores, 2013

Tabela 4: O que você faz para estimular o desenvolvimento do seu filho?

Page 62: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

62

%

Pediatra; 80

Mulheres que já são mães; 26,67

Parentes/ familiares; 23,33

Professoras/ tias da creche; 23,33

Outros especialistas do ramo da saúde; 20

Livros; 13,33

Enfermeiras; 10

Internet; 10

Parteiras; 3,33

Revistas; 3,33

Obstetra; 0

Jornais; 0

Não Sabe. 0

Fonte: Elaborado pelos autores, 2013

Tabela 6: Dúvidas e informações sobre o

desenvolvimento do seu filho, você esclarece com:

Na pergunta “Seu filho passa maior parte do tempo com o (a) ...” (tabela

5), observou-se que a maioria dos filhos permanece mais tempo com as mães

com 76,67% e em segundo lugar na escola ou na creche, com 33,33%, depois

com 20% fica com o pai.

Por fim, a tabela 6, representa a última pergunta da pesquisa

perguntava-se “Dúvidas e informações sobre o desenvolvimento do seu filho,

você esclarece com:”, no resultado tem-se que os esclarecimentos é através de

pediatra, com 80% e como segundo item mais assinalado tem-se que se

esclarecem com mulheres que já são mães, com 26,67% e depois com

professoras ou tias das creches, com 23,33%. Nenhuma mãe assinalou que

esclarece dúvidas com jornais ou obstetra.

A tabela 7 refere-se ao “Protocolo de avaliação do vínculo mãe-filho”

também utilizado como instrumento de coleta de dados. Evidencia-se que

23,33% das mães entrevistas apresentaram um vínculo fraco e 76,67% um

vínculo bom, apresentando uma discrepância de 53,34 pontos percentuais.

Vínculo mãe-filho %

Bom 76,67

Fraco 23,33

Tabela 7: Protocolo de avaliação do vínculo mãe-filho

Fonte: Elaborado pelos autores, 2013

Page 63: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

63

3.5 Análise e discussão dos resultados

A pesquisa de campo realizada com 30 mães no momento de entrada e

saída dos filhos nas creches do município de Lins teve como objetivo testar a

hipótese que as mães se importam mais com os aspectos físicos do que os

psicológicos, buscando comprovar e/ou constatar novos fenômenos ou ideias.

Em síntese do trabalho cientifico, pôde-se constatar que a hipótese

principal foi comprovada parcialmente, pois em algumas questões as mães

valorizam os aspectos psicológicos e em outra elas priorizam aspectos físicos e

hipotetiza-se que diante dos dados obtidos pode ter havido influência do curso

das pesquisadoras, pois pelo fato de estar cursando psicologia já faz com que

elas fiquem receosas quanto a análise que poderia ser feita pelas mesmas,

querendo demonstrar a figura de uma mãe perfeita. Observou-se essa atitude

na verbalização de uma mãe junto com o pai da criança, onde o mesmo

assinalava o que ela ia dizendo e quando ele quis assinalar um item que ela

não desejava ela verbalizou “pára de assinalar coisas que eu não faço” (sic)

comprovando uma suposta investigação sobre tal atitude.

A primeira pergunta do questionário cujo objetivo foi saber o que as

mães consideravam mais importantes, resultou com 93,33%, nos itens brincar,

passear, ter bons exemplos dos pais, receber carinho e afeto, tomar cuidado

com a higiene da criança e levar ao pediatra regularmente, percebe-se que os

primeiros itens se tratam de comportamentos que influem no psicológico,

enquanto os dois últimos no físico, não priorizando demais itens tão

importantes para o desenvolvimento psicológico, como receber a atenção dos

adultos e conversar com a criança.

Observa-se ainda nessa questão que as mães acham mais importante

que a criança viva em um ambiente adequado (segurança, ventilação, higiene

etc), com 86,67% ao invés de receber a atenção dos adultos (76,67%) ou

conversar com a criança (83,33%), que se trata de características da mãe

suficientemente boa, que segundo Winnicott (1997, p.24):

Só na presença dessa mãe suficientemente boa pode a criança iniciar um processo de desenvolvimento pessoal e real. Se a maternagem não for boa o suficiente, a criança torna-se um acumulado de reações à violação; o self verdadeiro da criança não consegue formar-se, ou permanece oculto por trás de um falso self que a um só tempo quer

Page 64: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

64

evitar e compactuar com as bofetadas do mundo.

De acordo com Winnicott (1983) a mãe ao segurar, manipular, tocar,

aconchegar ou falar com seu bebê estimula uma organização entre o físico e o

psíquico, o que fornece um arranjo da psique própria que dará suporte aos

sonhos e as relações.

As mães ao valorizarem os itens “viver em um ambiente adequado

(segurança, ventilação, higiene, etc)” e “tomar cuidado com a higiene da

criança” cometem o equivoco de achar que a forma como o ambiente se

encontra que irá definir o vínculo ou o desenvolvimento psicológico do bebê.

Para Araújo (2005, p. 41) “inicialmente, esse ambiente é a mãe e seu

papel tem importância vital” que tem a finalidade de dar o amor ao seu bebê,

estar com ele, alimentá-lo, protegê-lo, enfim, oferecer o cuidado materno

favorável. Assim segundo Winnicott (1983, p. 81), “o ambiente favorável torna

possível o progresso continuado dos processos de maturação. Mas, o

ambiente não faz a criança. Na melhor das hipóteses, possibilita à criança

concretizar seu potencial”.

Na questão onde pergunta quais os sinais que a mãe considera

importante para demonstrar o bom desenvolvimento do seu filho, nota-se que

foi considerado tanto aspectos físicos quanto psicológicos, demonstrando que

ela reconhece os sinais de que um criança está tendo um desenvolvimento

saudável, concordando com Papalia (2006, p. 52):

Todos os sentidos funcionam no nascimento em graus variados. O cérebro aumenta de complexidade e é altamente sensível à influência ambiental. O crescimento e o desenvolvimento físico das habilidades motoras são rápidos. As capacidades de aprender e lembrar estão presentes, mesmo nas primeiras semanas. O uso de símbolos e a capacidade de resolver problemas desenvolvem-se ao final do segundo ano de vida. A compreensão e o uso da linguagem desenvolvem-se rapidamente. Desenvolve-se um apego a pais e a outras pessoas. Desenvolve-se a autoconsciência. Ocorre uma mudança da dependência para a autonomia. Aumenta o interesse por outras crianças.

Na terceira pergunta que questiona as mães sobre suas atitudes para

estimular o desenvolvimento de seu filho, teve-se uma grande variação na

porcentagem das respostas. Os itens com maiores porcentagens foram: “dou

carinho e estímulos através de conversas, cantos e leituras” (90%), “respeito o

Page 65: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

65

tempo da criança para descanso e lazer” (70%), “quando falo com ele procuro

sempre olhar nos olhos para que se sinta confiante” (83,33%), “estímulo para

que ele se alimente sozinho desde pequeno para adquirir autonomia” (63,33%),

ou seja, os maiores itens assinalados correspondem ao psicológico.

O item “dou carinho e estímulos através de conversas, cantos e leituras”

nota-se que há uma contradição das respostas no critério importância e

atitudes, pois esse item foi o mais assinalado nessa questão enquanto que na

primeira questão o item “receber atenção dos adultos” e “conversar com a

criança” teve uma baixa porcentagem, questionando-se assim sobre o

significado dos itens para ela, supondo que haja uma interpretação distorcida

sobre esses conceitos, já que elas têm atitudes que nem sempre consideram

importantes e vice-versa.

A mãe ter o comportamento de sempre olhar nos olhos da criança para

falar com ele é muito significativo porque segundo Erikson (1998) a promoção

da confiança na criança normalmente é por meio da própria mãe, através de

sentimentos de compreensão e amor, sendo prestativa, e confiável e

demonstrando a criança um senso de confiança, o que pode ocorrer pelo

comportamento de abaixar-se e olhar nos olhos da criança quando fala com

ela.

Quanto ao respeitar o tempo da criança para descanso e lazer, observa-

se que a mãe além de respeitar esse tempo, também procura brincar e passear

com a criança a fim de promover um momento de lazer que traz benefícios aos

aspectos psicológicos.

A estimulação do filho para que ele se alimente sozinho desde pequeno

para adquirir autonomia, como assinalado por 63,33% das mães, é importante,

contudo, Bee (2003, p.309) parafraseando sobre a teoria psicossocial de

Erikson evidencia que:

(...) se os esforços de independência da criança não forem orientados com cuidados pelos pais e se experienciar repetidos fracassos ou o ridículo, os resultados de todas as novas oportunidades de exploração podem ser a vergonha e a dúvida, em vez de um senso de básico de autocontrole e autovalor.

Ainda nessa pergunta uma mãe (3,33%) acredita que “A criança de 0 a 1

ano não precisa de estímulos porque aprende sozinha” ressaltando um

Page 66: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

66

possível equivoco nessa afirmação, pois “as capacidades de aprender e

lembrar estão presentes, mesmo nas primeiras semanas” (PAPALIA, 2006, p.

52). Conforme Winnicott (2006) para que a criança tenha um ambiente

favorável é necessário uma maternagem suficientemente boa que

compreende-se três funções: holding, handling e apresentação de objetos,

essas fazem parte de estímulos tanto psicológicos como físico, pois

fortalecendo o ego, e oferecendo confiança e autonomia, consequentemente

favorecerá para o aprendizado necessário desde o inicio da vida.

Por meio do questionário compreende-se que a maioria das mães

entrevistadas são as que passam maior tempo com seu filho, mostrando que

os cuidados que a criança recebe são mais precisamente maternos,

corroborando com Winnicott (1990, p. 40) que coloca que “não existe essa

coisa chamada bebê” o que mostra a importância da maternagem, pois sempre

que houver um bebê haverá um cuidado materno, e sem tal cuidado não

poderá haver um bebê, já que esse se encontra em total dependência,

necessitando de um ambiente facilitador que vem a ser a própria mãe.

Todavia, quando existe um ambiente que não seja favorável para que o

bebê tenha um desenvolvimento saudável, isso pode tornar-se uma

experiência de despedaçamento e desconfiança em relação ao mundo externo,

pois este proporcionou uma realidade, no qual, não foi satisfatória. O bebê tem

a capacidade de identificar a falha materna, no qual, o resultado dessa falhas é

o cessamento da “continuidade do ser”, resultando assim, no enfraquecimento

do ego. (ROCHA, 2006; MONTEIRO, 2003).

Na utilização do “Protocolo de avaliação do vínculo mãe-filho” obteve-se

o resultado das 30 mães entrevistadas, dentre elas 7 apresentaram um vínculo

fraco, representando 23,33% do total de mães. Observa-se a semelhança nas

respostas dessas mães no que considera importante e o que faz, na qual

assinalaram a maioria dos itens na pergunta sobre o que acha importante e na

terceira pergunta que se refere a atitudes que tem para estimular tal

desenvolvimento diminuíram consideravelmente à quantidade de itens

assinalados, ou seja, isso ocorre possivelmente pelo fato das mães possuírem

um vínculo fraco na relação mãe-bebê.

Page 67: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

67

Tem-se também nessa escala de avaliação que das 7 mães que

apresentam vínculo fraco, 5 delas, disseram que seu filho passa maior parte do

tempo com parentes/familiares, trabalho e escola/creche.

Analisando tal protocolo tem-se que a maioria dos itens que receberam

resposta afirmativa foram primeiramente o termo “ausência de modelos

parentais” que faz parte ao modelo disfuncional familiar, referente a conflitos

conjugais dos pais, seguido por “gravidez indesejada”, “falta de apoio familiar

na gestação” e “problemas emocionais na gestação”. Tais problemas

comprovam uma possível causa do vínculo fraco, pois Borges (2005, p. 30)

parafraseando Winnicott (1999) descreve:

(...) sobre as expectativas e desejos dos pais em relação à criança como aspectos importantes para um bom desenvolvimento desta. A função materna e paterna parece ser necessária, bem mesmo antes do nascimento do bebe, através do desejo no qual insere o filho.

Bowlby (1989) contribuindo com os autores acima considera que uma

personalidade estruturada depende na sua maioria do vínculo que teve com

suas figuras de apego, assim sendo, a criança que foi desdenhada pelos pais,

vai supor que todos a desprezam, sendo que a que recebeu afeto pelos pais

terá a concepção de que é e merece ser amada por todos.

Portanto, o vínculo fraco pode ser ocasionado por conflitos pré e pós-

gestacionais, ou ainda situações disfuncionais da infância, que demarcam os

papeis parentais por toda a vida.

3.6 Parecer final

Em suma, todo o exposto do trabalho, explora o desenvolvimento

afetivo, tentando mostrar a qualidade da relação e a afetividade que as mães

disponibilizam aos seus filhos, e no que pode interferir a falta desse afeto na

relação mãe-bebê.

Como já exposto anteriormente, as mães apresentaram no questionário

que se importam com o desenvolvimento psicológico da mesma forma que com

o físico. Entretanto, percebeu-se que as suas ações não são influenciadas pela

sua concepção de importância de tais atitudes. Ressalta-se, no entanto, que as

Page 68: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

68

mães dão mais importância do que desempenham na prática, notando assim

momentos de contradições em algumas questões, que interferem nos fatores

da relação prática versus importância.

Portanto, a hipótese testada foi avaliada pelos instrumentos de coleta de

dados e verificou-se que tais mães pesquisadas se importam com os aspectos

psicológicos e físicos, tendo a aproximação entre esses dois contextos, já que

atitudes que fortalecem os aspectos físicos podem contribuir para o psicológico

e vice-versa.

Em momentos que deixaram de assinalar aspectos psicológicos para

assinalar o físico também assinalaram outros aspectos psicológicos que talvez

sejam mais relevantes para o contexto em que vive, e o fato de ter equilibrado

a categoria dos itens não indica que ela não seja uma mãe suficientemente

boa, já que essa deve dar o mínimo de atenção nem que seja pelos cuidados

físicos, que o bebe a principio entende apenas como cuidado materno.

A partir dos resultados obtidos por meio da pesquisa pode-se concluir e

verificar também o quanto a ausência de modelos parentais, falta de apoio

familiar na gestação, problemas emocionais na gestação, gravidez indesejada,

agrava a vida do bebê, pois as mães que apresentaram deficiência nesses

itens revelaram um vínculo mãe-filho fraco, confirmando a literatura estudada.

Page 69: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

69

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

Mediante ao resultado da pesquisa, percebe-se importante fortalecer o

vinculo mãe-bebê com o propósito de desenvolver nas mães o hábito de dar a

atenção, sempre que possível, para favorecer um desenvolvimento emocional

saudável de seu filho.

Em instituições públicas e privadas, como Unidades Básicas de Saúde,

centro de referência e atenção psicossocial, escolas, maternidades pode-se

promover um alerta para as mães, por meio de cartazes e palestras, sobre a

importância de suas ações com o seu filho, referindo-se aos conceitos de

Winnicott, com a mãe suficientemente boa, o holding, o handling e demais

conceitos, utilizando-se de uma linguagem coloquial visando atingir toda a

população.

Pensando ainda sobre palestras, sugere-se que os acadêmicos

matriculados nos estágios de formação profissional do curso de psicologia e

também psicólogos municipais concursados, possam dar continuidade ao

objetivo proposto se disponibilizando a informar nessas palestras sobre a

importância de dar atenção emocional necessária a criança sempre que

possível.

Firmar ainda parcerias com a uma equipe multiprofissional para

elaboração de um manual de orientação para mães com o objetivo de

favorecer a formação do vínculo.

Do mesmo modo, firmar parceria com médicos pediatras, para que os

mesmos no momento da consulta entregue para as mães panfletos enfatizando

tal importância.

O objetivo desta proposta de intervenção é o de promover uma melhor

qualidade de vida no laço emocional que envolve mãe e filho, vendo que este

poderá influenciar no futuro da criança de forma direta.

E também a fins acadêmicos possibilitar novas oportunidades de estágio

e princípios novos para ser efetuados em órgãos públicos

Page 70: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

70

CONCLUSÃO

Considera-se que os estudos acerca deste tema, foram de grande valia

para as pesquisadoras, pois percebeu-se que as mães apresentaram seu papel

de uma forma saudável ao desenvolvimento infantil, mas também

apresentaram restrições quanto aos cuidados maternos, o que se compete a

uma mãe suficientemente boa que também comete falhas.

O estudo bibliográfico proporcionou aprofundamento sobre o assunto e

auxiliou na desmistificação de pré-conceitos e ideias pré-concebidas do qual

tínhamos interesse mais ainda havia conceitos e teóricos dessa área obscuros

ao nosso conhecimento e após essa revisão tornou-nos familiar o tema e

deixou o entusiasmo de pesquisar mais sobre o assunto.

A hipótese da pesquisa foi comprovada parcialmente, pois as mães

revelaram se importar com os aspectos psicológicos, mas também em algumas

perguntas deram mais importância a aspectos físicos sendo indiferente diante

de alguns itens que promoviam um desenvolvimento psicológico saudável.

Acreditou-se que as mães pretenderam parecer perfeitas aos olhos das

pesquisadoras, por receio de avaliação ou mesmo por dificuldade em entender

alguns termos, como socializar, balbuciar, entre outros. Diante disso observa-

se que há algumas lacunas sobre a conduta da mãe perante a seu filho, mas

que essa só poderia ser preenchida por meio de uma pesquisa qualitativa, o

que não foi possível para tais pesquisadoras devido ao pouco tempo entre

pesquisa e conclusão desse trabalho.

Portanto, comprovou-se que nem todas as mães conhecem a real

importância do vínculo e o que isso provoca no bebê tanto para um

desenvolvimento positivo ou negativo.

Com isso, a importância do nosso trabalho, compreendeu-se na

descrição de atitudes necessárias para aquisição de um vínculo afetivo mãe-

filho saudável e que a manutenção dos aspectos físicos e psicológicos são de

extrema importância para o desenvolvimento, sendo que, a falta de algum

aspecto, pode tornar-se o cuidado ineficaz.

Page 71: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

71

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, J. R. S. A teoria do desenvolvimento psicossocial de erik erikson. Publicado em 15/08/2008. Disponível em: <http://www.webartigos.com/articles/8668/1/A-Teoria-Do-Desenvolvimento-Psicossocial-De-ErikErikson/pagina1.html#ixzz1EeICRICt> Acesso em: 11 maio 2013. ARAUJO, C. A. S. O ambiente em Winnicott. Winnicott E-Prints, Vol. 4, n. 1, 2005, pp. 21-34. ARRUDA, S. L. S.; ANDRIETO, E. Mães psicóticas e seus bebês: uma leitura winnicottiana. Arquivos Brasileiros de Psicologia, Rio de Janeiro, v. 61, n. 3, 2009. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S1809-52672009000300011&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 03 jul. 2013. AINSWORTH, M. D. S. Object relations, dependency, and attachment: a theoretical review of the infant-mother relationship. Child Development, 40, 1969, p. 969-1025. BALMANT, O.; LENHARO, M. (Colab.). Mães não valorizam carinho e lazer na primeira infância, mostra pesquisa. O Estado de S. Paulo. 14 set 2012. Disponível em: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,maes-nao-valorizam-carinho-e-lazer-na-primeira-infancia-mostra-pesquisa--,930502,0.htm. Acesso em 20 set. 2012. BEE, H. A criança em desenvolvimento. Tradução Maria Adriana Veríssimo Veronese. 9. ed. Porto Alegre: Artmed, 2003. ______. H. Trad. Regina Garcez. O ciclo vital. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. BIAGGIO, A. M. B. Psicologia do desenvolvimento. Vol. 15, Ed. Vozes. Petrópolis, 1988. BOCK, A. M. B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. L. T. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. vol. 13.Ed.Saraiva.São Paulo,1999

Page 72: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

72

BORGES, M. L. S. F. Função materna e função paterna, suas vivências na atualidade. 2005. Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Universidade Federal em Uberlândia, Uberlândia. BORSA, J. C. Considerações acerca da relação mãe-bebê da gestação ao puerpério. Contemporânea - Psicanálise e Transdisciplinaridade, Porto Alegre, n.02, Abr/Mai/Jun 2007. Disponível em: www.contemporaneo.org.br/contemporanea.php. Acesso em 13 mar. 2013. BOULCH, L. O desenvolvimento psicomotor: do nascimento até os 6 anos; a psicocinética na idade pré-escolar. Vol. 7. Ed. Artmed. Porto Alegre, 1982. BOWLBY, J. Teoria do apego e perda. São Paulo: Martins Fontes, 2004. ___________. Uma base segura – aplicações clínicas da teoria do apego. Porto Alegre: ArtMed, 1989. CAMPOS, A.; NASCIMENTO, C.; PALMA, D.; NÓBREGA, F. Evaluation of the mental health of mothers of malnourished children. 16th International Congress of Nutrition; 1997; Montréal, Canadá; 1997. p. 330. CARDOSO, G. S. Identificação de fatores de risco para desnutrição e sua relação com o vínculo mãe-filho. 2006. Monografia (Graduação em Medicina) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. Disponível em: http://www.bibliomed.ccs.ufsc.br/PE0564.pdf . Acesso em 13 set. 2013. CHAZAUD, J. Introdução à psicomotricidade: síntese dos enfoques e dos métodos. Ed. Manole. São Paulo, 1976. DAVIS, M.; WALLBRIDGE, D. Limite e espaço: uma introdução à obra de D. W. Winnicott. Rio de Janeiro: Imago, 1982. DIAS, F. O desenvolvimento cognitivo no processo de aquisição de linguagem. Letrônica, Porto Alegre. v. 3, n. 2, p. 107-119, dez./2010. Disponível em: < http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/letronica /article/viewFile/7093/5931>. Acesso em 18 maio 2013. EDITORA SARAIVA. Vade Mecum Saraiva. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. 2040 p.

Page 73: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

73

ERIKSON, E. O ciclo de vida completo. Tradução Maria Adriana Veríssimo Veronese. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. ESCLAPES, A. Melanie Klein - vida e obra. [20--] Disponível em: <http://www.apsicanalise.com/blog-psicanalise/131-melanie-klein-.html>. Acesso em 15 maio 2013. ESTEVES, C. M.; ANTON, M. C.; PICCININI, C. A. Indicadores da preocupação materna primária na gestação de mães que tiveram parto pré-termo. Psicologia Clínica, Rio de Janeiro, v. 23, n. 2, 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-5665201 1000200006&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 19 jun. 2013. FADEL, C. B.; SALIBA, N. A.; MOIMAZ, S. A. S. Relação materno-infantil: uma abordagem interdisciplinar e seus desdobramentos para a odontologia. Arquivos em Odontologia. V. 44 Nº 03. Belo Horizonte-MG. Julho/Setembro de 2008 FALKENBACH, A. P. Desenvolvimento Humano. 1999. Disponível em: < http://www.jurandirsantos.com.br/outros_artigos/pd_teorias_psicanaliticas_do_desenvolvimento_humano.pdf> Acesso em: 05 jun. 2013. FEITOSA, M. Posição esquizo-paranóide. Publicado em 08 julho 2009. Disponível em: <http://olhares-psi.blogspot.com.br/2009/07/posicao-esquizo-paranoide.htm>. Acesso em: 13 maio 2013. FMCSV; IBOPE. A percepção da sociedade brasileira a respeito do desenvolvimento da Primeira Infância (0 a 3 anos). 2012. FREUD, S. Obras psicológicas completas de Sigmund Freud: um caso de histeria, três ensaios sobre sexualidade e outros trabalhos (1901-1905). Vol. VII. Ed. Imago. Rio de Janeiro, 1996. ______. Obras psicológicas completas de Sigmund Freud: O ego e o id e outros trabalhos (1923-1925). Vol. XIX. Ed. Imago. Rio de Janeiro, 1996. ______. Obras psicológicas completas de Sigmund Freud: Moisés e o Monoteísmo, Esboço de psicanálise e outros trabalhos (1937-1939). Vol.XXIII, Ed. Imago. Rio de Janeiro, 1996.

Page 74: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

74

INFOPÉDIA. Posição Depressiva. Porto: Porto Editora, 2003-2013. Disponível em: <http://www.infopedia.pt/$posicao-depressiva>. Acesso em: 16 maio 2013 HALL, C. S. et al. Teorias da personalidade. Tradução Maria Adriana Veríssimo Veronese. 4.ed. Porto Alegre : Artmed, 2000. HARLOW, H. E.; HARLOW, M. K. The effect of rearing conditions on behavior. Bulletin of the Menninger Clinic, 26, 1962, p. 213-224. KLAUS M. & KENNEL, J. Pais/bebê – a formação do apego. Porto Alegre: Artmed, 1993. KLAUS, M. H.; KENNEL, J. H. & KLAUS, P. H. Vínculo – Construindo as bases para um apego seguro e para a independência. Porto Alegre: ArtMed, 2000. KLAUTAU, P.; SALEM, P. Dependência e construção da confiança: a clínica psicanalítica nos limites da interpretação. Natureza humana, São Paulo, v. 11, n. 2, fev. 2009. Disponível em: < http://pepsic.bvsalud.org/scielo. php?pid=S1517-24302009000200002&script=sci_arttext>. Acesso em 10 jul. 2013. KLEIN, M. Amor, culpa e reparação. Ed. Imago. Rio de Janeiro, 1996. KLEIN, M.; RIVIERE, J. Amor, ódio e reparação. Buenos Aires: Nova, 1960. KOPP, C. B.; MCCALL, R. B. Predicting later mental performance for normal, at-risk, and handicapped infants. In P. B. Baltes & O. G. Brim (Eds.), Life-span development and behavior (Vol. 4). New York: Academic Press, 1982 LEWIS, M. The self in self-conscious emotions. In S. G. Snodgrass & R. L. Thompson (Eds.), The self across psychology: Self-recognition, self-awareness, and the self-concept (Vol. 818). New York: The New York Academy of Sciences, Annals of the New York Academy of Sciences, 1997 LORENZ, K. Comparative study of behavior. In C. H. Schiller (Ed.), Instinctive behavior. New York: International Universities Press, 1957.

Page 75: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

75

MALDONADO, M. T. Psicologia da gravidez – parto e puerpério. 16ºed. São Paulo: Saraiva, 2002. MONTEIRO, M. C. Um coração para dois: a relação mãe-bebê cardiopata. 2003. 103 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia Clínica). Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2003, p. 24-37. Disponível em: <http://www.maxwell.lambda.ele.puc-rio.br/4350/4350_5.PDF>. Acesso em 03 jul. 2013. PAPALIA, D. E. et al. Desenvolvimento Humano. 8. ed. Porto Alegre : Artmed, 2006. ______. Desenvolvimento humano. 10. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 2010. PIAGET, J. Jean Piaget: a epistemologia genética; Sabedorias e Ilusões da Filosofia; Problemas de psicologia genética. Tradução Nathanael C. Caixeiro, Zilda Abujamra Daeir, Celia E. A. Di Piero. 2. ed. São Paulo: Abril Cultura, 1983. ______. O nascimento da inteligência na criança. Tradução Álvaro Cabral. 4. ed. Rio de Janeiro : LTC, 1987. PULASKI, M. A. S. Compreendendo Piaget: uma introdução ao desenvolvimento cognitivo da criança. Tradução Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: LTC, 1986 ROCHA, M.P. Elementos da teoria winnicottiana na constituição da maternidade. Dissertação (Mestrado em Psicologia Clínica) Pontífica Universidade Católica de São Paulo, 2006. Disponível em: <http://www.sapientia.pucsp.br/tde_arquivos/22/TDE-2006-06-02T12:44:37Z-2288/Publico/Dissertacao%20MARLENE%20PEREIRA%20DA%20ROCHA.pdf>. Acesso em 03 jul. 2013. SEGAL, H. Introduction à l’oeuvre de Melanie Klein. Paris, PUF, 1987. SPITZ, R. O primeiro ano de vida. São Paulo: Martins Fontes, 2000. SROUFE, L. A. Emotional development. Cambridge, England: Cambridge University Press, 1997.

Page 76: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

76

SUOMI, S.; HARLOW, H. Social rehabilitation of isolate-reared monkeys. Developmental Psychology, 6, 1972, p. 487-496. TERRA, M. R. O desenvolvimento humano na teoria de piaget. [20--] Disponível em: <http://www.unicamp.br/iel/site/alunos/publicacoes/textos/ d00005.htm>. Acesso em 18 maio 2013. UNESCO. Bases Sólidas: Educação e cuidados na primeira infância. Relatório do Monitoramento Global de Educação para Todos - EPT 2007. Paris, 2007. ZIMERMAN, D.E. Fundamentos Psicanalíticos: teoria, técnica e clínica - uma abordagem didática. Ed. Artmed. Porto Alegre, 1999. WINNICOTT, D. W. A família e o desenvolvimento individual. Ed. Martins Fontes. São Paulo, 1997. ______.A preocupação materna primária, 1956. In:________. Da Psicanálise à Pediatria. Tradução Davy Bogomoletz. Rio de Janeiro: Imago, 2000. p. 399-405. ______. Desenvolvimento emocional primitivo, 1945 In:________. Da Psicanálise à Pediatria. Tradução Davy Bogomoletz. Rio de Janeiro: Imago, 2000. p. 218-232. ______. Natureza Humana. Tradução Davy Bogomoletz. Rio de Janeiro: Imago, 1990. ______. O ambiente e os processos de maturação: estudos sobre a teoria do desenvolvimento emocional. Tradução Irineo Constantino Schuch Ortiz. Porto Alegre: Artes Médicas, 1983. ______. Os bebês e suas mães. Tradução Jefferson Luiz Camargo; revisão técnica Maria Helena Souza Patto. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2006. ______. O brincar e a realidade. Tradução José Octávio de Aguiar Abreu e Vanede Nobre. Ed. Imago. Rio de Janeiro, 1975. ______. Tudo começa em casa. Ed. Martins Fontes. 3. ed. São Paulo, 1999.

Page 77: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

77

APÊNDICES

Page 78: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

78

APÊNDICE A: Questionário

Dados de Identificação

Idade:______ anos. Profissão: __________________________________________

Escolaridade:___________________________________________________________

Cidade: _______________________________ Estado: _______

Perguntas Específicas

Quantos filhos possui? _________.

Idade (filhos):_____________________________________________meses/anos.

I. Assinale os aspectos que você considera importante para o desenvolvimento da

criança de 0 a 3 anos.

( ) Amamentar.

( ) Ter cuidado com a alimentação.

( ) Brincar.

( ) Ter uma rotina (alimentação, banho, horários para assistir televisão).

( ) Passear.

( ) Viver em um ambiente adequado (segurança, ventilação, higiene etc).

( ) Ir com frequência à creche / escolinha.

( ) Dar vacinas recomendadas;

( ) Conversar com a criança.

( ) Receber atenção dos adultos.

( ) Estabelecer limites.

( ) Ter autonomia de ir ao banheiro sozinho.

( ) Ter regras claras sobre o que pode ou não fazer.

( ) Ter bons exemplos dos pais.

( ) Receber carinho, afeto.

( ) Proporcionar estímulos auditivos, visuais e táteis (sons, música, bichos,

histórias).

( ) Socializar com outras crianças e com os irmãos.

( ) Tomar cuidado com a higiene da criança.

( ) Levar ao pediatra regularmente

II. De acordo com a idade de seu filho assinale quais sinais você considera ser

importante para demonstrar o bom desenvolvimento dele.

( ) Sentar.

( ) Dirigir o olhar quando é chamado.

( ) Falar.

( ) Andar.

Page 79: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

79

( ) Engatinhar.

( ) Sorrir no contato com os pais e pessoas próximas.

( ) Balbuciar – imitar sons.

( ) Segurar objetos com a mão.

( ) Estar adaptado a rotina (dormir a noite, estar acordado boa parte do dia).

( ) Interagir com outras crianças, irmãos.

( ) Estranhar pessoas distantes (visitas, estranhos na rua).

( ) Não usar mais fralda.

III. O que você faz para estimular o desenvolvimento do seu filho?

( ) Dou carinho e estímulos através de conversas, cantos e leituras.

( ) Ofereço, todos os dias, o máximo de atividades para criança, para que fique

sempre ocupada e possa aprender coisas diferente ao mesmo tempo.

( ) Coloco em um andador para logo aprender a andar

( ) Respeito o tempo da criança para descanso e lazer.

( ) Estímulo para que ele se alimente sozinho desde pequeno para adquirir

autonomia.

( ) Deixo ficar próximo de adultos para aprender com eles a falar.

( ) Não fico muito no colo, para não acostumá-lo mal.

( ) Dou umas palmadas, algumas vezes, para que tenha respeito e educação.

( ) Deixo assistir desenho ou programas infantis na televisão, porque assim

faço o serviço de casa.

( ) Quando falo com ele procuro sempre olhar nos olhos para que se sinta

confiante.

( ) Deixo no berço mesmo que chore, para que não acostume ficar no colo o

tempo todo.

( ) Protejo do contato com outras crianças e lugares públicos para não ficar

doente.

( ) Deixo sempre de castigo quando faz algo errado para que ele possa

entender que errou.

( ) Coloco em contato com letras, palavras e números mesmo antes de ir para a

pré-escola.

( ) Levo para a creche/berçário/maternal para aprender com as professoras.

( ) A criança de 0 a 1 ano não precisa de estímulos porque aprende sozinha.

IV. Seu filho passa maior parte do tempo com o(a) ...

( ) Mãe.

( ) Pai.

( ) Parentes/familiares (avós, tios, etc.).

( ) Escola/ Creche.

( ) Babá.

Page 80: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

80

( ) Outros. Especifique: __________________________________________

I. Dúvidas e informações sobre o desenvolvimento do seu filho, você esclarece

com:

( ) Enfermeiras;

( ) Internet;

( ) Jornais;

( ) Livros;

( ) Mulheres que já são mães;

( ) Obstetra;

( ) Outros especialistas do ramo da saúde;

( ) Outros. Especifique: _______________

( ) Parentes/ familiares;

( ) Parteiras;

( ) Professoras/ tias da creche;

( ) Pediatra;

( ) Revistas;

( ) Não Sabe.

Fonte: FMCSV; IBOPE. A percepção da sociedade brasileira a respeito do desenvolvimento da Primeira Infância (0 a 3 anos). 2012.

Page 81: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

81

ANEXOS

Page 82: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

82

ANEXO A: Pesquisa IBOPE - “A percepção da sociedade brasileira a

respeito do desenvolvimento da Primeira Infância (0 a 3 anos)”

Pesquisa aponta acertos e erros dos pais na primeira infância

Aspectos de saúde são bem valorizados, mas desenvolvimento

emocional dos filhos ainda é deixado em segundo plano.

Renata Losso- especial para o iG São Paulo | 18/09/2012 05:01:18

Se o seu filho tem entre zero e seis anos, o que é mais importante para

ele: brincar ou tomar as vacinas recomendadas para a fase? Segundo o II

Simpósio Internacional de Desenvolvimento da Primeira Infância, realizado em

São Paulo no final da semana passada, a maioria dos pais escolhe a segunda

opção. Não que eles estejam errados. Mas, para os especialistas presentes no

evento, a primeira alternativa é tão importante quanto.

A pesquisa “A percepção da sociedade brasileira a respeito do

desenvolvimento da Primeira Infância (0 a 3 anos)”, realizada pela Fundação

Maria Cecília Souto Vidigal em parceria com o Ibope, foi apresentada na

quinta-feira (13) pela diretora executiva do Instituto Paulo Montenegro/Ibope,

Ana Lúcia Lima. Em entrevistas realizadas com mais de 200 mães com filhos

de até um ano e mais de duas mil pessoas de diferentes faixas etárias e

classes sociais no período de abril a julho de 2012, foi constatado que os

aspectos médicos e biológicos das crianças são bem valorizados em

comparação aos aspectos emocionais.

O estudo mostra não só as prioridades das mães em relação aos filhos

pequenos, mas também o que fica em segundo plano. Reunimos os principais

dados apresentados e, com esclarecimentos de Ana Lúcia, do Professor da

Faculdade de Psicologia da USP, Yves de La Taille, e do médico especialista

em desenvolvimento infantil e consultor da Fundação Maria Cecília Souto

Vidigal, Saul Cypel, descubra quais são os principais acertos e erros em

relação ao desenvolvimento inicial das crianças.

Pré-natal e visita ao pediatra são considerados os principais

aspectos para desenvolvimento

69% dos entrevistados acreditam que o pré-natal é o mais importante a

Page 83: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

83

se fazer para que o bebê se desenvolva bem no útero da mãe. Não à toa,

nesta mesma semana foi divulgada a queda de 73% no número de mortes

de crianças menores de cinco anos em 2011 no Brasil.

Para o desenvolvimento do bebê entre zero e três anos, 51% dos

entrevistados consideram que visitas regulares ao pediatra e dar as vacinas

recomendadas são as atitudes que mais contam. A pesquisa aponta que 96%

dos bebês de até um ano das mães entrevistadas já tinham feito consultas de

rotina, número que mostra a alta preocupação das mães com a visita ao

pediatra.

Mas, por outro lado, somente 25% acreditam que as crianças

começam a aprender assim que nascem. 21% consideram que elas só

começam a aprender após os seis meses e 17%, após um ano de idade. Estas

concepções são erradas, segundo Yves de La Taille. “Nasceu, começa a

aprender”, disse ele durante o Simpósio.

De acordo com Saul Cypel, há estudos que demonstram que o

aprendizado começa antes mesmo do nascimento, na vida intrauterina. Um

exemplo é a relação do bebê já nascido com a música escutada ainda dentro

do útero da mãe: ao ouvi-la novamente, ele provavelmente irá mamar com

mais vontade. “Subestimamos a compreensão do bebê”, diz Saul.

Isso explica porque os entrevistados não valorizam tanto a

conversa com os filhos após nascimento. Segundo a pesquisa, 24%

consideram importante conversar com o bebê ainda no útero, enquanto 19%,

após o nascimento. As porcentagens são muito pequenas.

O vínculo com o bebê deve sim começar no útero e Saul indica que,

depois de nascer, acolhimento não é só dar o peito. “Deve-se conversar e

brincar com o bebê desde muito cedo”, diz. O brincar, inclusive, “não é

espontaneamente valorizado”, de acordo com Ana Lúcia, mas ao lado do

conversar é fundamental para que a criança tenha um aprendizado emocional

que a prepare para a complexidade da vida no futuro.

Estabelecer limites continua sendo difícil

Apenas 17% das mães consideram que a adaptação da criança à rotina,

como dormir no horário pré-definido, é um sinal de desenvolvimento. Essa

porcentagem mostra, segundo Ana Lúcia, a dificuldade de estabelecer limites.

Page 84: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

84

Aí também entraria o papel do pai, que não corresponde às expectativas: 64%

esperam que ele imponha limites e diga não, mas apenas 43% o fazem.

Impor limites ainda é confundido como falta de carinho. “Afeto não quer

dizer permitir tudo ao filho”, diz Saul. Os pais devem colocar os limites desde o

início e organizar uma rotina para que isso aconteça. De preferência, com

acesso limitado à televisão.

25% dos entrevistados acreditam que assistir desenhos ou programas

infantis estimula as crianças e 55% das mães deixam seus filhos o fazerem. De

acordo com Yves, a televisão é sim um estímulo, mas depende de como os

pais a utilizam. Se deixarem o aparelho ser uma babá eletrônica, a criança será

bombardeada com propagandas que podem estimular o consumismo infantil.

Page 85: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

85

ANEXO B: Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa

Page 86: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

86

Page 87: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

87

ANEXO C: COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA – CEP / UniSALESIANO

(Resolução nº 01 de 13/06/98 – CNS)

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

I – DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE OU RESPONSÁVEL LEGAL

1. Nome do Paciente:

Documento de Identidade nº

Sexo:

Data de Nascimento:

Endereço:

Cidade: U.F.

Telefone:

CEP:

1. Responsável Legal:

Documento de Identidade nº

Sexo: Data de Nascimento:

Endereço:

Cidade: U.F.

Natureza (grau de parentesco, tutor, curador, etc.):

II – DADOS SOBRE A PESQUISA CIENTÍFICA

1. Título do protocolo de pesquisa: Relação materno-infantil e o desenvolvimento afetivo em crianças de 0 a 3 anos.

2. Pesquisador responsável: Ana Elisa Silva Barbosa de Carvalho

Cargo/função: coordenadora de curso

Inscr.Cons.Regional: C.R.P. 06/72356

Unidade ou Departamento do Solicitante: Curso de Psicologia

3. Avaliação do risco da pesquisa: (probabilidade de que o indivíduo sofra algum dano como conseqüência imediata ou tardia do estudo). SEM RISCO RISCO MÍNIMO RISCO MÉDIO RISCO MAIOR

4. Justificativa e os objetivos da pesquisa:

Justificativa

Diante de uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística

(2012) em parceria com a Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, onde foram entrevistadas

Page 88: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

88

aproximadamente 2 mil mães, apenas 12% referem se preocupar em dar o carinho e afeto. Borsa

(2007) afirma que o vinculo mãe-bebê vai muito além do interesse em dar o alimento e/ou cuidar de

suas necessidades básicas. A empatia e o cuidar do bebê favorece a construção desse vínculo para que

as necessidades físicas e emocionais sejam atendidas. Há um investimento emocional dos pais que

influencia fortemente o bebê. De acordo com Klaus, Kennel & Klaus (2000, p. 167) esse investimento

emocional se caracteriza por:

(...) um processo que é formado e cresce com repetidas experiências significativas e

prazerosas. Ao mesmo tempo outro elo, geralmente chamado de ‘apego’, desenvolve-se

nas crianças em relação a seus pais e a outras pessoas que ajudem a cuidar delas. É a

partir dessa conexão emocional que os bebês podem começar a desenvolver um sentido

do que eles são, e a partir do que uma criança pode evoluir e ser capaz de aventurar-se no

mundo.

Na teoria de Bowlby (1998), o homem nasce predisposto a estabelecer vínculos afetivos.

Porém essa capacidade é influenciada por fatores externos que podem obstruir o bebê de cumprir

esse potencial com as pessoas próximas, essa capacidade é ingênita e se faz necessário

estimulá-la para que o mesmo possa conseguir criar futuros vínculos.

Compreende-se a importância da relação materno infantil e os prejuízos que uma falha

nessa relação pode causar. De acordo com Winnicott (2008, p.118):

[...] se a mãe não souber ver no filho recém-nascido um ser humano, haverá poucas

probabilidades de que a saúde mental seja alicerçada com uma solidez tal que a criança,

em sua vida posterior, possa ostentar uma personalidade rica e estável, suscetível não só

de adaptar-se ao mundo, mas também de participar de um mundo que exige adaptação.

O autor ainda afirma:

Para que os bebês se convertam, finalmente, em adultos saudáveis, em indivíduos

independentes, mas socialmente preocupados, dependem totalmente de que lhes seja

dado um bom principio, o qual está segurado, na natureza, pela existência de um vínculo

entre a mãe e o seu bebê: amor é o nome desse vínculo(WINNICOTT, 2008, p. 17)

Muitos autores, como Spitz (1996 apud BORSA, 2007), Klaus, Kennel e Klaus (2000 apud

BORSA, 2007), Maldonado (2002 apud BORSA, 2007), Bowlby (1989 apud BORSA, 2007), e

Winnicottt (2006) reforça a importância de ser oferecida a criança uma base segura, um vínculo

afetivo saudável, uma relação mãe-bebê, para que possam se sentir amparados, encorajados e

confortados emocionalmente, e com isso contribui para que se tenha adultos, autoconfiantes,

sociáveis, realizados, com capacidade de suportar frustrações, tensões.

(...) estudos comprovam que crianças que obtiveram um apego seguro com suas mães

tendem a se tornar, no futuro, indivíduos cooperativos, autoconfiantes e sociáveis. No

entanto, esses mesmos estudos confirmam que as crianças que não estabeleceram uma

relação de apego satisfatória tendem a se tornarem emocionalmente afastadas, hostis ou

anti-sociais. (BORSA, 2007, p. 315)

Corroborando com Winnicott (1998, 2000, 2001 apud BORSA, 2007, p.315-316) afirma

que “O bebê bem cuidado rapidamente estabelece-se como pessoa ao passo que o bebê que

Page 89: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

89

recebe apoio egóico inadequado ou patológico tende a apresentar padrões de comportamento

caracterizados por inquietude, estranhamento, apatia, inibição e complacência” (WINNICOTT,

1998, 2000, 2001 apud BORSA, 2007, p.315-316).

Atitudes corriqueiras que são importantes e essenciais para um bom estabelecimento do

vinculo mãe-bebê passam despercebidas, um exemplo disso é o holding, termo criado por

Winnicott, que quer dizer segurar. Esse termo é explanado na maioria de suas obras e é um ato

tão importante e por vezes não é dado a devida atenção pelas mães e por isso o autor faz um

alerta a elas: “Vocês não permitam que uma pessoa segure o seu bebê se sentirem que, para ela,

não se trata de uma experiencia importante.” (WINNICOTT, 2006, p.15). De acordo com o autor a

forma como se segura um bebê interfere no estado emocional do mesmo.

Assim identifica-se a relevância científica e social do tema, uma vez que essa ação faz

parte da instruturação de um vínculo afetivo saudável muitas vezes passa despercebida pelas

mães. Compreende-se que o estabelecimento de um vínculo saudável, gerará adultos

psicologicamente saudáveis, confiantes, com capacidade de aprendizado e sentindo-se mais

seguros. “Sem dúvida, os cuidados maternos permitem prevenir as distorções precoces,

oferecendo ao bebê um ambiente favorável.” (FADEL, SALIBA, MOIMAZ, 2008, p. 43)

Neste sentido proposto a pesquisa tem como finalidade avaliar se as mães conhecem a

importância desse vínculo.

Objetivos

Objetivo Geral

Identificar o desenvolvimento afetivo da relação materno infantil

Objetivos Específicos

Avaliar quais são os aspectos do desenvolvimento que as mães dão mais atenção;

Identificar se em relação ao desenvolvimento é dado prioridade aos aspectos físicos ou

psicológicos;

Verificar o conhecimento que as mães possuem referente ao cuidado emocional.

5. Procedimentos que serão utilizados e propósitos, incluindo a identificação dos procedimentos que são experimentais:

MÉTODOS E TÉCNICAS DA PESQUISA

O método utilizado será o estudo de caso, com abordagem de mães que tenham filhos

entre 0 e 3 anos de idade, no horário da saída dos filhos nas creches municipais de Lins.

Após receber informações sobre a pesquisa, lido e assinado o termo de consentimento

livre e esclarecido será utilizado como forma de avaliação dos dados, questionário, com perguntas

fechadas e abertas, que é a técnica a ser utilizada.

Page 90: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

90

Antes de aplicar definitivamente o questionário será realizado um pré-teste, para que

possa evidenciar possíveis falhas na leitura, escrita e compreensão do questionário, e

posteriormente fazer as alterações necessárias.

A pesquisa será descritiva com caráter exploratório e análise qualitativa.

A apresentação dos dados será de forma estatística em gráficos e tabelas.

A pesquisa abrangerá o período do segundo semestre de 2013.

6. Desconfortos e riscos esperados: Não se aplica.

7. Benefícios que poderão ser obtidos: não se aplica.

8. Procedimentos alternativos que possam ser vantajosos para o indivíduo: não se aplica.

9. Duração da pesquisa: 3 meses após aprovação do CEP.

10. Aprovação do Protocolo de pesquisa pelo Comitê de Ética para análise de projetos de pesquisa em / /

III - EXPLICAÇÕES DO PESQUISADOR AO PACIENTE OU SEU

REPRESENTANTE LEGAL

5. Procedimentos que serão utilizados e propósitos, incluindo a identificação dos procedimentos que são experimentais:

MÉTODOS E TÉCNICAS DA PESQUISA

O método utilizado será o estudo de caso, com abordagem de mães que tenham filhos

entre 0 e 3 anos de idade, no horário da saída dos filhos nas creches municipais de Lins.

Após receber informações sobre a pesquisa, lido e assinado o termo de consentimento

livre e esclarecido será utilizado como forma de avaliação dos dados, questionário, com perguntas

fechadas e abertas, que é a técnica a ser utilizada.

Antes de aplicar definitivamente o questionário será realizado um pré-teste, para que

possa evidenciar possíveis falhas na leitura, escrita e compreensão do questionário, e

posteriormente fazer as alterações necessárias.

A pesquisa será descritiva com caráter exploratório e análise qualitativa.

A apresentação dos dados será de forma estatística em gráficos e tabelas.

A pesquisa abrangerá o período do segundo semestre de 2013.

6. Desconfortos e riscos esperados: Não se aplica.

Page 91: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

91

7. Benefícios que poderão ser obtidos: não se aplica.

8. Procedimentos alternativos que possam ser vantajosos para o indivíduo: não se aplica.

10. Duração da pesquisa: 3 meses após aprovação do CEP.

10. Aprovação do Protocolo de pesquisa pelo Comitê de Ética para análise de projetos de pesquisa em / /

IV – CONSENTIMENTO PÓS-ESCLARECIDO

Declaro que, após ter sido convenientemente esclarecido(a) pelo pesquisador, conforme registro nos itens 1 a 6 do inciso III, consinto em participar, na qualidade de paciente, do Projeto de Pesquisa referido no inciso II.

________________________________ Local, / / .

Assinatura

____________________________________

Testemunha

Nome .....:

Endereço.:

Telefone .:

R.G. .......:

Page 92: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

92

____________________________________

Testemunha

Nome .....:

Endereço.:

Telefone .:

R.G. .......:

Page 93: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

93

ANEXO D: Protocolo de avaliação do vínculo mãe-filho

SIM NÃO

1. Ausência, para a mãe, de modelos parentais positivos (pais

omissos, ausentes ou agressivos).

2. Infância insatisfatória (carência de cuidados e afeto,

privações, falta de diálogo).

3. Insatisfação pessoal.

4. Insatisfação conjugal.

5. Insatisfação profissional.

6. Gravidez indesejada.

7. Falta de apoio familiar durante a gestação.

8. Problemas emocionais na gestação.

9. Complicações perinatais (situação estressante).

10. Não houve interação com o feto.

11. Separação precoce mãe / bebê.

12. Dificuldade em aceitar o papel de mãe (primeiras semanas).

13. Estado insatisfatório do RN (aparência/saúde).

14. Amamentação insatisfatória (desmame abrupto, rejeição do

peito, desmame precoce, falta de sintonia, falta de desejo de

amamentar).

15. Comportamento do bebê nos primeiros meses de vida

(choro intenso e/ou não dorme bem e/ou cólicas permanentes).

16. Ambiente familiar desarmônico (conflitos, desagregação,

membro viciado).

Fonte: CARDOSO, G. S. Identificação de fatores de risco para desnutrição e sua relação

com o vínculo mãe-filho. 2006. Monografia (Graduação em Medicina) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. Disponível em: http://www.bibliomed.ccs.ufsc.br/PE0564.pdf .

Acesso em 13 set. 2013.

Page 94: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

94

Definição dos termos do questionário de vínculo mãe-filho

• Ausência de modelos parentais: perda ou separação dos pais, adoção,

ser criado por outras pessoas, pais agressivos ou negligentes, família

desestruturada, mãe com várias uniões.

• Infância insatisfatória: carência de cuidados, privação afetiva,

sentimentos de rejeição, de não ser amada pelos pais como os demais irmãos,

falta de diálogo, abusos e maus tratos, muitas frustrações, pouca gratificação.

• Insatisfação conjugal: necessidades não satisfeitas no casamento,

situação de tensão.

• Insatisfação pessoal: sentimento de não-valor e de fracasso,

insegurança afetiva, sentimento de inferioridade.

• Insatisfação profissional: tensão interna em função de suas

necessidades profissionais não estarem sendo satisfeitas.

• Gravidez indesejada: rejeição, falta de planejamento, preocupação

exagerada com a aparência física ou autopercepção negativa, isolamento

emocional excessivo, oscilação de humor, muitas queixas físicas, ausência de

respostas aos primeiros sinais de vida do bebê ou falta de preparativos durante

o último trimestre.

• Falta de apoio familiar na gestação: falta de auxílio de uma ou mais

pessoas da família, críticas familiares, falta de apoio/aceitação do parceiro.

• Problemas emocionais na gestação: sentimentos depressivos, elevada

ansiedade ou tensão, alto nível de angústia, conflitos conjugais, perdas, surtos

psicóticos e síndrome do pânico.

• Complicações perinatais: psicose puerperal, depressão pós-parto,

situação estressante, trabalho de parto demorado.

• Falta de interação com o feto: ausência de percepção ou de reações

emocionais frente aos movimentos do feto, sem fantasias de como ele será e

sem modificações de atitude em relação a ele.

• Separação precoce: afastamento entre mãe e bebê após o nascimento.

• Dificuldade em desempenhar o papel materno: dificuldade em cuidar

da criança, perceber e satisfazer suas necessidades adequadamente, aliviar

angústias, falta de sintonia.

Page 95: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

95

• Estado insatisfatório do bebê: más condições de saúde do bebê, má

aparência, desejo por sexo (feminino/masculino) não correspondido para o

bebê.

• Amamentação insatisfatória: dificuldade do bebê “pegar” o peito,

rejeição ao peito, falta de sintonia, desmame precoce, abrupto, falta de vivência

de satisfação.

• Choro intenso: relato de que o bebê era muito chorão e difícil de ser

acalmado.

• Não dorme bem: sono agitado, troca o dia pela noite, só dorme no colo.

• Cólicas: relato da mãe de que o bebê tinha muita cólica.

•Ambiente familiar desarmônico: conflitos, desagregações no

relacionamento pais/filho, vícios, prostituição, prisão, espancamento.

Page 96: A RELAÇÃO MATERNO INFANTIL E O DESENVOLVIMENTO … · que visava avaliar o vínculo mãe-filho como bom ou fraco, obteve-se 23,33% das mães com vínculo fraco, observando-se que

96