A Reinvenção Do Conservadorismo - Tadvald

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A reinvenção do Conservadorismo, de Marcelo Tadvald

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  • Debates do NER, Porto Alegre, ano 16, n. 27, p. 259-288, jan./jun. 2015

    A REINVENO DO CONSERVADORISMO: OS EVANGLICOS E AS ELEIES FEDERAIS DE 2014

    Marcelo Tadvald1

    Eis que Deus no rejeita ao ntegro,

    nem toma pela mo os malfeitores.

    (J 8:20)

    Resumo: Analiso neste trabalho a atuao da Frente Parlamentar Evanglica, conhecida popularmente como bancada evanglica, a partir do resgate de alguns dados histricos e da atuao desta bancada na legislatura passada para avaliar a campanha eleitoral de 2014 e a sua composio atual, tendo em vista resgatar alguns de seus paradigmas e projetar a sua atuao na prxima legislatura do Parlamento brasileiro.

    Palavras-chave: Religio; Poltica; Frente Parlamentar Evanglica; Eleies Federais de 2014.

    Abstract: The purpose of this paper is to analyze the performance of the Evangelical Parliamentary Front, known popularly as evangelical stand, from the rescue of some historical data and the performance of this stand in the last legislature to evaluate the election campaign of 2014 and its composition current in order to rescue their paradigms to design your performance in the next legislature in the Brazilian Parliament.

    Keywords: Religion; Politics; Evangelical Parliamentary Front; Federal Election 2014.

    1 Doutor em Antropologia Social. Pesquisador associado ao Ncleo de Estudos da Religio (NER) e Ps-Doutorando (PNPD-Capes) do PPGAS-UFRGS, Brasil. Contato: [email protected]

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    INTRODUO: OS EVANGLICOS E O LEGISLATIVO FEDERAL

    A partir da redemocratizao, em 1985, a insero evanglica na arena poltica revelou-se significativa, especialmente se levarmos em considerao o modelo evanglico de participao no campo poltico, sua instrumentali-zao e planejamento estratgico de conquista de votos e de poder.

    Exceo feita aos pentecostais das Assembleias de Deus e aos Batistas, as denominaes neopentecostais tm mostrado maior xito em seus desafios eleitorais e de insero na mdia, se comparados s demais denominaes, em especial s do protestantismo histrico. A partir do modelo instaurado pela Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) desde as eleies constituintes de 1986, as igrejas que obtm maior sucesso nesta arena so aquelas que possuem projetos mais bem definidos de insero na poltica e que utilizam seus templos e demais espaos religiosos, incluindo os virtuais, para fazer campanha para seus candidatos, dispondo de profusos meios materiais e miditicos que contribuem na difuso das campanhas entre os seus fiis e at para alm deles (Freston, 1994).

    Com o tempo, diante da defesa de temas polticos comuns, preferen-cialmente relacionados ao campo da moral e dos costumes, os deputados evanglicos formaram a Frente Parlamentar Evanglica (doravante FPE), popularmente chamada de bancada evanglica2. Ao longo dos governos, a FPE regularmente protagonista de diversas polmicas, desde a sua postura conservadora diante de temas sociais de difcil trnsito e avano junto a este que se trata, em ltima instncia, de um pas constitucionalmente laico. Temas como a legalizao do aborto, descriminalizao do uso de algumas substn-cias psicoativas, os direitos sexuais e civis, a criminalizao da homofobia, diminuio da maioridade penal, aplicao da Lei da Anistia, entre outros, revelaram que a FPE advoga se constituir numa espcie de primado moral da nao, contudo o histrico envolvimento de parlamentares da Frente em

    2 A fim de saber mais sobre a organizao, o funcionamento e cotidiano da FPE, ver o trabalho de Janine Trevisan (2013).

    Luiz Gustavo CorreiaRealce

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    diferentes casos de corrupo refutou a ideia desta suposta primazia moral pela qual se pretende vigilante e modelar. Algo que, todavia, no esvaziou o seu prestgio junto s suas populaes eleitorais, que seguem votando nos candidatos oficiais lanados por suas igrejas.

    Segundo Ricardo Mariano (2011), at o final dos anos 1970, a maioria das igrejas pentecostais opunha-se participao poltica. Em geral, apoia-dores do regime militar, imperava poca a bravata: crente no se mete em poltica ou, no mximo, crente deve votar no governo. Tal quadro mudou, nos anos 1980, com a nova Constituio, transformando tambm a bravata poltico-evanglica para o corrente irmo vota em irmo. No preldio da redemocratizao, a Assembleia de Deus disseminou o boato de que a Igreja Catlica pretendia tornar o catolicismo religio oficial do pas, o que resultaria em perseguies religiosas. Por isso, decidiu participar da escritura da nova Carta Magna, mobilizando o seu rebanho eleitoral, o que deu resultado, j que, se em 1982 os pentecostais lograram eleger apenas dois deputados federais, em 1986, elegeram dezoito, o que significou o grande marco de ingresso evanglico na poltica. Desde ento, a partici-pao desses segmentos s cresceu.

    Excetuando-se a campanha eleitoral de 2006 (legislatura 2007-2010), quando certas denominaes, como a IURD, resolveram preservar alguns campees de voto envolvidos em escndalos de corrupo no os lanando candidatos, o que diminuiu sensivelmente a FPE daquela legislatura, nas demais, o que se tem observado a manuteno de certo contingente de parlamentares evanglicos.

    O progressivo fortalecimento das instituies democrticas no pas desde o final da ditadura civil-militar, em 1985, e impulsionado pelo crescimento econmico verificado desde a primeira dcada do sculo XXI tem possibilitado que grupos sociais portadores de alteridades historica-mente marginalizadas pelo discurso oficial reanimem suas demandas por polticas de reconhecimento de identidade e de integrao na sociedade nacional. Como efeito desta maior visibilidade, nos ltimos anos, a bancada evanglica tem assumido a tarefa de se estabelecer como o repositrio

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    e a voz na nao do conservadorismo dogmtico cristo que dele consti-tudo e constituinte. Contudo, quando postas em questo pelo parlamento certas questes polmicas, como as j referidas, a esta Frente religiosa se soma o apoio de outros grupos de representao parlamentar tambm coalizantes de perspectivas conservadoras semelhantes, como o caso de diversos integrantes da chamada bancada ruralista, apenas para nos determos na esfera das frentes parlamentares. Alis, no incomum que membros da FPE tambm sejam integrantes de outras bancadas, especialmente a ruralista.

    Os evanglicos tm crescido no Brasil. Se, conforme o Censo de 1940, eles contabilizavam 2,6% da populao, no Censo de 2000, eles represen-tavam 9% at chegar aos dados atuais apurados pelo Censo de 2010, que do conta de que atualmente 22,2% da populao brasileira se assume evanglica, um acrscimo de 16 milhes de pessoas na ltima dcada (de 26,2 milhes para 42,3 milhes) (Tadvald, 2013). Assim, de acordo com certas previses fortuitas que contam atualmente com cerca de vinte anos, se, no caso geral da Amrica Latina, conforme sugeriu Andr Corten (1996), o pentecostalismo conseguiu modificar a base teolgica-poltica desta regio, no caso especfico do Brasil, segundo sugeriu Paul Freston (1994), seja por aproximao, distanciamento, repdio ou indiferena, no h mais como pensar a poltica do pas sem levar em considerao o campo evanglico. O quadro a seguir indica, a partir dos nmeros, tais prerrogativas.

    Quadro 1 Nmero de deputados federais e senadores evanglicos eleitos (1982-2014)

    Ano Eleitoral Legislatura Deputados Federais Senadores

    (1982) 1983-1987 12

    (1986) 1987-1991 33

    (1990) 1991-1995 23 1

    (1994) 1995-1999 32 5

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    (1998) 1999-2003 49 2

    (2002) 2003-2007 59 4

    (2006) 2007-2011 30 2

    (2010) 2011-2014 63 3

    (2014) 2015-2018 67 3

    Fontes: Fonseca, 1998; Freston, 2001. Disponvel em: .; . Acesso em: 7 jan. 2015.

    Excetuando-se a legislatura que teve incio em 2015, em trabalho anterior (Tadvald, 2010), ofereci um quadro com o histrico poltico dos evanglicos eleitos ao menos uma vez para o Senado ou para a Cmara dos Deputados nos pleitos a contar de 1998. Neste levantamento, que contou com 142 parlamentares, verifiquei algumas tendncias no que diz respeito ao perfil dos polticos evanglicos. Por exemplo, apenas 11% do total eram mulheres; a maioria dos parlamentares oriunda das Assembleias de Deus, da IURD e da Igreja Batista, mas tambm digno de nota representantes presbiterianos, luteranos, do Evangelho Quadrangular, da Igreja Interna-cional da Graa de Deus, da Sara Nossa Terra, Igreja Maranata, entre outras denominaes. Com relao aos Estados da Federao, os maiores colgios eleitorais do pas so tambm responsveis pela eleio da maioria dos parla-mentares evanglicos, destacando-se ento, nesta ordem, o Rio de Janeiro, seguido por So Paulo, Minas Gerais e Bahia. Com relao aos partidos polticos, os dados indicaram baixssima fidelidade partidria mediante o expressivo trnsito dos candidatos entre diferentes legendas, notoriamente de ideologia considerada de direita. Muito discutiu-se, ao longo das duas ltimas dcadas, a respeito da criao de um partido evanglico, mas o mais prximo disso observado consiste na estratgia adotada por algumas deno-minaes, como a IURD, de lanar todos os seus candidatos pela mesma legenda. Por exemplo, se outrora isto aconteceu com o PL, atualmente a IURD investe no PRB para tal fim.

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    Antes de apresentarmos os dados relativos ao pleito federal de 2014, importante trazermos luz as eleies anteriores e, especialmente, a projeo nacional que recebeu a FPE na legislatura passada, em boa medida devido atuao de parlamentares tais como a do assembleiano Marco Feliciano e sua atividade enquanto presidente da Comisso de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Cmara dos Deputados do Brasil.

    A LEGISLATURA PASSADA (2011-2014)

    O pleito federal de 2010 foi estratgico para os evanglicos no sentido de retomar a fora de sua representao em grande medida enfraquecida diante do resultado do pleito de 2006 que, conforme mencionado, diminuiu sensivelmente o nmero de cadeiras da bancada evanglica devido ao envol-vimento de seus parlamentares em escndalos de corrupo (especialmente os casos do Mensalo e das Sanguessugas) e ao clculo, promovido por algumas denominaes, de preservao de seus candidatos, no lanados s urnas (Tadvald, 2006).

    No pleito de 2010, a bancada evanglica baseou a sua plataforma poltica na luta contra medidas constantes no Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3), lanado pelo governo Lula em 21 de dezembro de 2009, que, dentre outros aspectos, previa a descriminalizao do aborto e a unio civil de pessoas do mesmo sexo. A bancada tambm investiu contra a homoafetividade ao defender que era dever do Estado disponibilizar meios para os indivduos resgatarem a sua condio original de gnero e combateu projetos que tornariam crime a discriminao por orientao sexual e identidade de gnero. Ademais, a FPE fez campanha a favor do Estatuto do Nascituro, projeto de lei que aumentava punies a condutas ligadas ao aborto e tentava garantir a vida de fetos concebidos em estupros, uma das hipteses em que a legislao j permitia a interrupo da gravidez (Tadvald, 2010).

    Aparentemente, tal campanha foi frutfera. Ao final do pleito de 2010, a FPE recebeu o acrscimo de trinta parlamentares, ou pouco mais de 50% se comparada com a legislatura iniciada em 2007. Dentre os deputados eleitos,

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    a FPE logrou a candidatura do deputado federal e pastor assembleiano Marco Feliciano (PSC-SP), que viria a ser presidente da Comisso de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Cmara3, cargo que exerceu durante o ano de 2013, o que gerou controvrsias pelas diversas aes e declaraes polmicas de Feliciano, principalmente em relao a temas como direitos aos homossexuais e direito ao aborto. Dessa forma, Feliciano tornou-se, poca, uma espcie de porta-voz do dogmatismo e do conservadorismo nacional, voz essa projetada enfaticamente a partir do cargo que exerceu na Cmara.

    Indicado por seu partido, o PSC, a eleio de Feliciano presidncia da CDHM em 2012 foi marcada por protestos de integrantes de movimentos pelos direitos humanos e sociais e pela ateno da mdia nacional. Isso porque, no ano anterior, o ento deputado federal recebera certa visibilidade nacional ao publicar em sua conta no microblog Twitter manifestaes preconceituosas contra africanos e seus descendentes, bem como contra homossexuais: sobre o continente africano repousa a maldio do paga-nismo, ocultismo, misrias, doenas oriundas de l: ebola, Aids, fome... Etc ou a podrido dos sentimentos dos homoafetivos leva ao dio, ao crime e rejeio. Posteriormente, seguiu twittando posies semelhantes, como africanos descendem de ancestral amaldioado por No. Isso fato. O motivo da maldio a polmica. No sejam irresponsveis twitters rsss, entre outras manifestaes de natureza correlata (Nri, 2013).

    3 Conforme o stio da CDHM, [...] suas atribuies constitucionais e regimentais so receber, avaliar e investigar denncias de violaes de direitos humanos; discutir e votar propostas legislativas relativas sua rea temtica; fiscalizar e acompanhar a execuo de programas governamentais do setor; colaborar com entidades no-governamentais; realizar pesquisas e estudos relativos situao dos direitos humanos no Brasil e no mundo, inclusive para efeito de divulgao pblica e fornecimento de subsdios para as demais Comisses da Casa; alm de cuidar dos assuntos referentes s minorias tnicas e sociais, especialmente aos ndios e s comunidades indgenas, a preservao e proteo das culturas populares e tnicas do Pas. (CDHM. Disponvel em: . Acesso em: 30 set. 2014).

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    Na poca, o lder do PSOL, deputado Ivan Valente (SP), afirmou que a comisso no teria condies polticas de funcionar caso Feliciano fosse eleito, pois conforme discurso proferido na Cmara, o deputado sentenciou que [...] essa comisso trata de questes sobre direitos inalienveis. Luta contra o preconceito, contra o racismo. A comisso precisa ter algum que represente esses valores. A manuteno do nome do deputado Feliciano uma radicalizao inaceitvel. O deputado Jean Wyllys, tambm do PSOL (RJ) e reeleito no pleito de 2014, figura poltica que tem se notabilizado pela defesa de pautas que colidem com a cosmologia da FPE, poca declarou ser, a respeito da candidatura de Feliciano,

    Radicalmente contra, no voto nele, fiz a articulao com os deputados pra que a gente esvaziasse a comisso pra ele no ter maioria, pra no legitimar a eleio dele. E minha questo no pessoal. poltica. No pelo fato dele ser pastor. Se ele fosse um pastor identificado com a luta das minorias, eu no faria oposio. O problema no est no cristianismo, nem dele ser pastor. Mas no fato dele ser racista, homofbico e contrrio aos direitos das minorias. (Wyllys apud Passarinho; Costa, 2013).

    Ao cabo, devido a acordo entre os lderes dos partidos da Cmara, a presidncia dessa comisso foi entregue na ocasio ao PSC e, consequen-temente, ao seu deputado indicado Marco Feliciano, eleito em maro de 2013, na Cmara, sob protestos e a portas fechadas. O PT, sigla que presidiu o colegiado em 2012, abriu mo desta estrutura em troca da comisso de Relaes Exteriores, o que deixou Feliciano na condio de candidato nico. Durante a posse, Feliciano negou ser racista, ao declarar que:

    O trabalho que ns vamos executar aqui vai mostrar ao povo brasileiro. Caso eu houvesse cometido esse crime de racismo, a primeira pessoa para quem eu teria que pedir perdo na vida seria a minha me [...]. Uma senhora de matriz negra, s no tem a sua matiz negra s a pele dela no negra , mas o sangue negro, os lbios so negros, o corao dela , como eu tambm sou. (Feliciano apud Nri, 2013).

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    Apesar de se tratar de uma das Comisses parlamentares de menor prestgio se levamos em considerao a distribuio e disputa entre os partidos pela presidncia desses colegiados permanentes (21 ao total), sendo a CDHM uma das ltimas comisses a receber a ateno partidria na Cmara, em sua presidncia, o deputado pode colocar ou retirar de pauta projetos de lei relacionados a direitos humanos e defesa de certas minorias, alm de tornar tal comisso uma espcie de amplificador de posies peculiares, neste caso, de uma especfica cosmologia ou ethos evanglico e conservador. A reside a sua maior importncia no cenrio poltico institucional do pas, o que explica em parte a grande ateno da mdia e da sociedade recebidas ultimamente, algo indito em se tratando desse colegiado.

    Ao longo de seu mandato junto a CDHM, Feliciano fez valer o seu papel de porta-voz desse ethos conservador, atuando e se posicionando de forma crtica diante dos temas polmicos j referidos (aborto, homoafetivi-dade, legalizao de drogas etc.), recebendo, dessa forma, uma visibilidade social considervel no perodo, inclusive no que dizia respeito aos processos judiciais que respondia poca (como por estelionato, j deferido pelo Supremo Tribunal Federal em favor do ru e de homofobia, ainda em curso). Sob campanha em 2014, Feliciano foi reeleito deputado federal no ltimo pleito pelo PSC-SP com quase 400 mil votos. Atualmente, a CDHM presidida pelo agricultor e deputado Assis do Couto, do PT paranaense. Pela sua presidncia no estar ocupada por um poltico evan-glico, a ateno social que repousava sob a CDHM atualmente arrefeceu de forma considervel.

    A atuao de Feliciano junto CDHM e da FPE em geral durante a ltima legislatura indicou uma forte preocupao com temas relacionados ao movimento LGBT (lsbicas, gays, bissexuais e transgneros) e a manuteno da criminalizao do aborto. No por acaso, mais recentemente, a FPE tambm tem sido intitulada de Frente Parlamentar da Famlia e Apoio Vida. Ainda, durante a presidncia de Feliciano, em 2013, a CDHM conseguiu a aprovao do projeto que ficou conhecido como cura gay, que permitiria a psiclogos promoverem tratamentos para curar a homossexualidade. Nesse

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    mesmo ano, o deputado assembleiano e ex-presidente da FPE, Joo Campos (PSDB-GO), afirmou que a bancada evanglica discutiria medidas contra a deciso do Conselho Nacional de Justia de obrigar cartrios a celebrar casamentos entre cidados de mesmo sexo, medida poca polmica, por considerar que o Poder Judicirio estaria sobrepujando desgnios do Poder Legislativo. Em ambos os casos, as medidas no frutificaram, assim como o pedido de revogao impetrado em agosto de 2013 pela FPE, tendo em vista a sano da lei que tornava obrigatria polticas do Ministrio da Sade no atendimento a vtimas de violncia sexual (como a oferta de plula do dia seguinte e aborto aps estupro). No caso da cura gay, o projeto que prev a derrubada de uma resoluo do Conselho Federal de Psicologia (CFP) que probe aos profissionais da rea prestar atendimento ou orientao a homossexuais que estejam descontentes com sua opo sexual e desejam mudar sua orientao trata-se, na verdade, de um retro-cesso jurdico tendo em vista a resoluo que vigora desde maio de 1990 da Organizao Mundial de Sade (OMS) que retirou a homossexualidade da lista internacional de doenas.

    O pastor Eurico (PSB-PE), integrante da FPE reeleito em 2014 e autor do projeto da cura gay, tambm se notabilizou enquanto parlamentar ao hostilizar publicamente a apresentadora Xuxa Meneghel4, em agosto de 2013, durante sesso da Comisso de Constituio e Justia da Cmara (CCJ) sobre a Lei da Palmada (projeto de lei que probe a aplicao de castigos fsicos a menores de idade), projeto que, enfim, s foi aprovado aps alterao no texto final para atender bancada evanglica.

    4 Na ocasio, segundo noticiado, quando evanglicos cobravam do presidente em exerccio, Luiz Couto (PT-PE), o encerramento da sesso, o deputado Pastor Eurico hostilizou a apresentadora e disse que sua presena era um desrespeito s famlias do Brasil. A conhecida Rainha dos Baixinhos, que no ano de 82 provocou a maior violncia contra as crianas, disse, referindo-se ao filme Amor Estranho Amor, daquele ano, em que Xuxa aparece numa cena de sexo com um menor de 12 anos. No final, devido ao imbrglio, o pastor Eurico foi destitudo da CCJ pelo ento presidente e correligionrio Beto Albuquerque (PSB-RS), mas o texto final foi alterado conforme o desejo da FPE.

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    Este conjunto de aes promovidas pela FPE indica em boa medida as diretrizes vindouras da prxima legislatura e a atuao desta bancada junto s casas do Poder Legislativo nacional. A sua atividade na legis-latura 2011-2014 colocou a bancada evanglica em outro patamar em termos de visibilidade e de reverberao dos seus posicionamentos, de forma que, nestes ltimos anos, a sociedade nacional, em alguma medida, aprendeu a prestar mais ateno nas suas posies e a discuti-las, o que, malgrado anlises mais imediatas ou tendenciosas, tende a fortalecer o processo democrtico.

    A LEGISLATURA VINDOURA (2015-2018)

    A retomada do crescimento parlamentar evanglico, portanto, foi credi-tada pelo campo pentecostal principalmente aos ataques deste segmento s iniciativas originrias da sociedade civil a favor da descriminalizao do aborto e da criminalizao da homofobia e do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. Todas essas questes repercutem certo ethos conservador tipicamente cristo h muito enraizado na nao. Por isso que a presena dos evanglicos na poltica chama tanto a ateno da sociedade nacional nos ltimos tempos, oferecendo nao uma chance especial de se defrontar com seu histrico limite social causado pelo conflito entre o ideal de plura-lidade e a moral conservadora, por conseguinte, um conflito inerente sua prpria identidade. Talvez indito em tais propores, a atual ampliao das polticas de identidade e a decorrente visibilidade de outras identidades nacionais tm forado o ethos conservador do pas a se mostrar diante da nao, algo que ele pouco precisou fazer ao longo dos tempos devido ao seu forte enraizamento e subsequente naturalizao.

    Assim, nos ltimos tempos, a partir, principalmente, da atuao de setores evanglicos, o ethos cristo conservador registrado em nossas estruturas mentais e do poder institucionalizado, mormente no revelou o seu cres-cimento, mas, antes, a sua exposio. Portanto, no possvel meramente considerarmos que, mediante a ascenso de certos grupos sociais, nossa

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    sociedade tem se tornado mais conservadora, mas, na realidade, constatarmos que ela nunca deixou de s-lo. A presena evanglica na poltica apenas revela uma atualizao desse ethos, desse trao da nao.

    A campanha eleitoral de 2014 indicou tais pressupostos. Contudo, o ethos conservador da nao no esteve restrito aos candidatos religiosos. Ele tambm esteve reverberado na campanha presidencial, especialmente na figura dos candidatos Pastor Everaldo (PSC) e Levy Fidelix (PRTB)5.

    Pastor Everaldo, vice-presidente nacional de sua legenda, ligado Assembleia de Deus de Madureira, no Rio de Janeiro. Antes mesmo da campanha eleitoral, o candidato j fora considerado inimigo pblico por ativistas dos direitos LGBT, devido ao fato de ter sido um dos idealizadores da campanha Homem + Mulher = Famlia, promovida pelo PSC em 2012. Ele tambm recebeu crticas de defensores dos direitos dos homossexuais por afirmar que, se fosse eleito presidente da Repblica, iria somar esforos FPE ao propor um projeto de lei ao Congresso Nacional para reverter a deciso do Conselho Nacional de Justia (CNJ) que passava a reconhecer o casamento entre pessoas do mesmo sexo em todo o territrio nacional. O pastor tambm recebeu crticas de setores ligados aos direitos das mulheres por ser contrrio ao direito ao aborto. Durante a campanha presidencial de 2014, Everaldo tambm posicionou-se de forma contrria a propostas de legalizao das drogas e se autointitulou um defensor da famlia como est na Constituio, o que causou constrangimento aos simpatizantes e

    5 Somado a tais personagens, digno de nota a atuao do militar da reserva e depu-tado federal pelo Rio de Janeiro Jair Bolsonaro (PP), o qual, desde que assumiu o seu primeiro mandato, em 1991, faz coro a certas posies da FPE no Congresso Nacional. O deputado ganhou notoriedade nacional aps dar declaraes sobre questes pol-micas como homofobia, preconceito racial, sexismo, cotas raciais, instaurao da pena de morte, discriminao de povos indgenas, bem como defesa da tortura e do regime militar no Brasil, sendo classificado por alguns especialistas como representante da extrema-direita brasileira. Bolsonaro assumiu em 2015 o seu sexto mandato parla-mentar, tendo sido o terceiro deputado federal mais votado do pas em 2014, com mais de 464 mil votos.

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    militantes dessas bandeiras sociais. Tal constrangimento tambm foi promo-vido pelo candidato secular Levy Fidelix, quando este no se furtava em declarar posies polmicas diante das questes sociais que atravessam essa discusso. Por exemplo, em um dos debates televisivos entre postulantes Presidncia, Fidelix respondeu a ento candidata pelo PSOL, Luciana Genro, a respeito das polticas pblicas para homoafetivos e integrantes do movimento LGBT relacionando homossexualidade a pedofilia:

    Aparelho excretor no reproduz [...]. Como que pode um pai de famlia, um av ficar aqui escorado porque tem medo de perder voto? Prefiro no ter esses votos, mas ser um pai, um av que tem vergonha na cara, que instrua seu filho, que instrua seu neto. Vamos acabar com essa historinha. Eu vi agora o santo padre, o papa, expurgar, fez muito bem, do Vaticano, um pedfilo. Est certo! Ns tratamos a vida toda com a religiosidade para que nossos filhos possam encontrar realmente um bom caminho familiar. [E na rplica a esta resposta arrematou] Ento, gente, vamos ter coragem, ns somos maioria, vamos enfrentar essa minoria. Vamos enfrent-los. No tenha medo de dizer que sou pai, uma me, vov, e o mais importante, que esses que tm esses problemas realmente sejam atendidos no plano psicolgico e afetivo, mas bem longe da gente, bem longe mesmo porque aqui no d. (Fidelix apud ZH eleies 2014, grifo nosso)6.

    Ainda que no passassem de meros coadjuvantes no cenrio eleitoral para o Executivo nacional, a exposio na mdia a que tiveram direito e acesso os candidatos Pastor Everaldo e Levy Fidelix foi bem aproveitada no sentido de reverberar, reforar e atualizar o discurso conservador e aviltar o enfrentamento evanglico (mas, como visto, no somente religioso) perante aquelas questes consideradas fundamentais em sua exegese poltica.

    6 Aps este debate, a hashtag #LevyVocNojento ocupava os Trending Topics do Twitter, quer dizer, quando um assunto (mediante uma hashtag) mencionado com muita frequncia em um curto perodo de tempo na plataforma do microblog.

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    Retomando a campanha ao Legislativo federal, no que diz respeito aos partidos, em 2014, o PRB (Partido Republicano Brasileiro) constituiu-se na legenda par excellence da IURD. Lanou diversos candidatos da Universal Cmara dos Deputados e tambm ao Senado, alm de apoiar a candidata governista Dilma Rousseff, da coalizo petista durante o pleito. O PSC (Partido Social Cristo), do candidato Pastor Everaldo, conta entre filiados com membros das Assembleias de Deus e de outras igrejas evanglicas, como a do Evangelho Quadrangular, denominaes das quais lanou diversos candidaturas no pas. O PR (Partido da Repblica), tambm coalizante na campanha de Dilma Rousseff, concentrou a candidatura ao Senado e Cmara de membros das Assembleias de Deus e das igrejas Batista e Pres-biteriana, especialmente das comunidades religiosas fluminenses. Estes so os trs principais partidos polticos brasileiros que atualmente representam grande parte das candidaturas evanglicas pelo pas, entretanto, a influncia evanglica no se restringiu somente a eles, havendo representantes e candi-datos em praticamente todas as demais legendas. Dentre outros aspectos, a composio da atual FPE, representada no quadro a seguir, revela este trao partidrio multifacetado.

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    Quadro 2 Composio da FPE (2015-2018)7

    Parlamentar Partido UF Votao Situao Profisso Denominao

    Antnia Lucia PSC AC Indireta Eleita Economista Assembleia de Deus

    Henrique Afonso Soares Lima PV AC Indireta Reeleito Professor Presbiteriana

    Roseane Cavalcante de Freitas

    (Rosinha da Adefal)PTdoB AL Indireta Eleita

    Funcionrio Pblico

    FederalPresbiteriana

    Raimundo Sabino Castelo

    Branco MausPTB AM Indireta Reeleito

    Empresrio e Apresen-

    tador de televisoAssembleia de Deus

    Silas Cmara PSD AM 166.194 Reeleito Empresrio Assembleia de Deus

    Ftima Lcia Pelaes PMDB AP Indireta Reeleita Sociloga Assembleia de Deus

    Erivelton Santana PSC BA 74.836 ReeleitoAuxiliar de Administrao

    e Assessor PolticoAssembleia de Deus

    Fernando Dantas Torres PSD BA Indireta Eleito Empresrio Assembleia de Deus

    Mrcio Marinho PRB BA 117.470 Reeleito Radialista IURD

    Oziel Alves de Oliveira PDT BA Indireta EleitoAdministrador e Agri-

    cultorBatista

    7 Os quadros 2 e 3 esto organizados em ordem de Unidade Federativa.

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    Srgio Brito PSD BA 83.658 Reeleito

    Empresrio, Servidor

    Pblico e Administrador

    de Empresas

    Batista

    Ronaldo Fonseca PROS DF 84.583 Reeleito Advogado Assembleia de Deus

    Carlos Humberto Mannato SD ES 67.631 Reeleito Mdico Crist Maranata

    Lauriete Rodrigues Pinto PSC ES Indireta Eleita Empresria Assembleia de Deus

    Sueli Vidigal PDT ES 161.744 Reeleita Funcionrio Pblico Batista

    ris Rezende PMDB GO Indireta Reeleito Administrador Pblico Crist Evanglica

    Joo Campos PSDB GO 107.344 Reeleito Delegado de Polcia Assembleia de Deus

    Davi Alves Silva Jnior PR MA Indireta Reeleito Empresrio Adventista

    Lourival Mendes da Fonseca

    FilhoPTdoB MA Indireta Eleito Delegado de Polcia Batista

    Jos Vieira Lins PROS MA Indireta Reeleito Empresrio Assembleia de Deus

    Lincoln Portela PR MG 98.834 Reeleito Radialista e Comunicador Batista Nacional

    Leonardo Quinto PMDB MG 118.470 Reeleito Empresrio Presbiteriana

    George Hilton PRB MG 146.792 Reeleito

    Radialista, Apresentador

    de Televiso, Telogo e

    Animador

    IURD

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    ...Rodrigo Moreira Ladeira Grilo SD MG Indireta Eleito Advogado

    Internacional da

    Graa de Deus

    Stefano Aguiar dos Santos PSB MG Indireta Eleito Pastor evanglicoEvangelho

    Quadrangular

    Walter da Rocha Tosta PSD MG Indireta Eleito Autnomo Batista

    Weliton Prado PT MG 186.098 Reeleito Bacharel em Filosofia Assembleia de Deus

    Jos da Cruz Marinho PSC PA Indireta ReeleitoTcnico em contabilidade

    e PedagogoAssembleia de Deus

    Josu Bengtson PTB PA 122.995 Reeleito Pastor EvanglicoEvangelho

    Quadrangular

    Major Fbio Rodrigues de

    OliveiraPROS PB Indireta Reeleito Policial Militar Assembleia de Deus

    Anderson Ferreira PR PE 150.565 Reeleito Empresrio Assembleia de Deus

    Pastor Eurico PSB PE 233.762 ReeleitoComercirio e Comuni-

    cador de RdioAssembleia de Deus

    Zacarias Vilharba PP PE Indireta EleitoRadialista e Pastor Evan-

    glicoIURD

    Andr Zacharow PMDB PR Indireta ReeleitoAdvogado, Economista,

    ProfessorBatista

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    Takayama PSC PR 162.952 ReeleitoEmpresrio, Professor e

    Ministro EvanglicoAssembleia de Deus

    Delegado Francischini SD PR 159.569 ReeleitoEmpresrio e Delegado de

    Polcia FederalAssembleia de Deus

    Edmar Arruda PSC PR 85.155 Reeleito Empresrio e EconomistaMundial do Poder

    de Deus

    Adilson Soares PR RJ Indireta Reeleito AdvogadoInternacional da

    Graa de Deus

    Andria Almeida Zito dos

    SantosPSDB RJ Indireta Reeleita Advogada Crist Maranata

    Anthony Garotinho PR RJ Indireta Eleito Radialista Presbiteriana

    Arolde de Oliveira PSD RJ 55.380 ReeleitoEmpresrio, Engenheiro,

    Economista e ProfessorBatista

    ureo Ldio Moreira Ribeiro SD RJ Indireta Eleito Empresrio Metodista

    Benedita da Silva PT RJ Indireta Eleita

    Assistente Social, Auxiliar

    de Enfermagem, Profes-

    sora, Servidor Pblico

    Presbiteriana

    Eduardo Cunha PMDB RJ 232.708 Reeleito Empresrio e Economista Sara Nossa Terra

    Filipe de Almeida Pereira PSC RJ Indireta Eleito Empresrio Assembleia de Deus

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    ...Francisco Floriano PR RJ 47.157 Reeleito

    Apresentador de Televiso,

    Locutor, Publicitrio,

    Representante Comercial

    Mundial do Poder

    de Deus

    Liliam S de Paula PROS RJ Indireta EleitaApresentadora de Tele-

    viso e RadialistaAssembleia de Deus

    Vitor Paulo Arajo dos Santos PRB RJ Indireta Eleito Jornalista e Radialista IURD

    Walney da Rocha Carvalho PTB RJ Indireta Eleito Servidor Pblico Estadual Metodista

    Washington Reis PMDB RJ 103.190 Reeleito Empresrio e Economista Nova Vida

    Marcos Rogrio PDT RO 60.780 ReeleitoJornalista e Bacharel em

    DireitoAssembleia de Deus

    Nilton Capixaba PTB RO 42.353 Reeleito Empresrio Assembleia de Deus

    Jhonatan de Jesus PRB RR 20.677 Reeleito Empresrio IURD

    Onyx Lorenzoni DEM RS 148.302 ReeleitoEmpresrio e Mdico

    VeterinrioLuterana

    Larcio Oliveira SD SE 84.198 ReeleitoEmpresrio e Adminis-

    trador de EmpresasPresbiteriana

    Marco Feliciano PSC SP 398.087 ReeleitoConferencista, Empre-

    srio, Pastor EvanglicoAssembleia de Deus

    Jorge Tadeu Mudalen DEM SP 178.771 Reeleito Engenheiro CivilInternacional da

    Graa

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    Bruna Furlan PSDB SP 178.606 Reeleita Formada em DireitoCongregao Crist

    no Brasil

    Jefferson Campos PSD SP 161.790 Reeleito

    Ministro do Evangelho,

    Advogado, Tecnlogo,

    Radialista, Bacharel em

    Teologia

    Evangelho

    Quadrangular

    Jos Carlos Vaz de Lima PSDB SP Indireta Eleito Agente Fiscal de Rendas Presbiteriana

    Marcelo Aguiar DEM SP Indireta Eleito Msico Renascer

    Missionrio Jos Olimpio PP SP 154.597 ReeleitoEmpresrio e Comer-

    ciante

    Mundial do Poder

    de Deus

    Antnio Bulhes PRB SP 137.939 Reeleito

    Empresrio, Apresentador

    de Televiso, Adminis-

    trador, Telogo e Bispo

    Evanglico

    IURD

    Edinho Arajo PMDB SP 112.780 Reeleito Advogado, Professor Presbiteriana

    Otoniel Carlos de Lima PRB SP Indireta Eleito Militar da Reserva IURD

    Paulo Freire PR SP 111.300 Reeleito Ministro do Evangelho Assembleia de Deus

    Roberto de Lucena PV SP 67.191 ReeleitoConferencista, Escritor,

    Pastor EvanglicoO Brasil para Cristo

    Fontes: DIAP () e FPE (). Acesso em: 7 jan. 2015.

  • Debates do NER, Porto Alegre, ano 16, n. 27, p. 259-288, jan./jun. 2015

    279A REINVENO DO CONSERVADORISMO...

    Completam o grupo de 67 parlamentares, formando, assim, a atual FPE, os senadores: Magno Malta (PR-ES, Igreja Batista), Walter Pinheiro (PT-BA, Igreja Batista) e Eduardo Lopes (PRB-RJ, IURD).

    Trazendo luz alguns recortes sobre o Quadro 2, observamos que as denominaes campes nas urnas em 2014 permanecem as mesmas desde os pleitos passados: Assembleias de Deus (24 parlamentares), Presbiteriana e Batista (8 cada, alm de dois senadores batistas), seguidas pela IURD (7 parlamentares e um senador). Excetuando-se as igrejas do Evangelho Quadrangular, a Internacional da Graa de Deus e a Mundial do Poder de Deus, que lograram cada uma trs cadeiras no parlamento, as demais cadeiras da FPE dividem-se entre dez diferentes denominaes com at dois parlamentares eleitos.

    No que diz respeito presena feminina, a FPE composta por dez mulheres, algo em torno de 6,7% da bancada, percentual modesto, como tem sido a presena de mulheres no legislativo federal. Se na legislatura anterior as mulheres representavam 8,8% na Cmara, o percentual geral subiu a 9,9% nas eleies de 20148.

    Quanto aos Estados da Federao, o pleito de 2014 tambm no reservou grandes surpresas diante de seu histrico, dado que os maiores colgios eleitorais do pas lograram a eleio do maior nmero de evanglicos para

    8 Apenas a ttulo de informao, no Senado, a eleio de 2014 s trocava um tero desta Casa. Assim, foram escolhidas cinco senadoras entre as 27 vagas disponveis. Elas vo dividir espao com outras seis que cumprem mandato at 2019. Com isso, sero 11 de um total de 81 senadores, ou 13,6% da Casa. No que diz respeito aos pleitos para os Executivos estaduais que sempre ocorrem em conjunto com as eleies federais, em 2014 apenas uma mulher foi eleita Governadora de um Estado brasileiro: trata-se de Suely Campos (PP), eleita em Roraima, por ter ido ao segundo turno aps substituir de ltima hora o marido, Neudo Campos, considerado ficha-suja e inelegvel neste pleito. Em 2011, havia apenas duas mulheres no comando estadual: Roseana Sarney (PMDB), no Maranho, e Rosalba Ciarlini (DEM), no Rio Grande do Norte. Nenhuma delas concorreu reeleio. Historicamente, o nmero de governadoras nunca passou de 11%. No pleito de 2014, ainda foram eleitas sete vice-governadoras.

    Luiz Gustavo CorreiaRealce

    Luiz Gustavo CorreiaRealce

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    Debates do NER, Porto Alegre, ano 16, n. 27, p. 259-288, jan./jun. 2015

    Marcelo Tadvald

    a FPE, nesta ordem: Rio de Janeiro (13), So Paulo (12), Minas Gerais (7) e Bahia (5). Incluindo o Distrito Federal, das demais 27 Unidades Federa-tivas do pas, apenas sete no elegeram ao menos um parlamentar da FPE (CE, MS, MT, PI, RN, SC e TO). Alagoas e Paraba, Estados que jamais haviam elegido deputados para Frente, debutaram em 2014, de maneira que, aps este pleito, apenas Mato Grosso, Piau e Rio Grande do Norte jamais elegeram diretamente deputados para FPE.

    Do total de 67 deputados que compem a bancada, 47 reelege ram-se. Desse total, cerca de 17 deputados partem para o terceiro mandato ou mais, ou seja, j foram reeleitos em pleitos anteriores. A presidente da frente, deputada Ftima Pelaes (PMDB-AP), conseguiu ser reeleita, ainda que de forma indireta9. Destes 67 atuais deputados evanglicos, nove no concorreram a nenhum cargo e cinco se candidataram a outros cargos, como governo estadual e Senado.

    Por ocasio do trmino do pleito, em outubro de 2014, o Departamento Intersindical de Acompanhamento Parlamentar (DIAP) identificou outros 14 parlamentares eleitos que poderiam compor a FPE na legislatura 2015-2018, devido ao seu atrelamento a alguma denominao evanglica, por professarem

    9 No vigente regime democrtico brasileiro, os poderes legislativos so compostos a partir da eleio indireta, modelo em que se privilegia a distribuio das cadeiras parlamentares entre os partidos polticos e no conforme a votao direta de cada candidato(a). No caso do parlamento nacional, a distribuio procede conforme o clculo do coeficiente eleitoral (resultado da populao/nmero de vagas por Estado dividido pelo nmero de votos vlidos). Assim chegaremos ao coeficiente partidrio (este resultado do nmero de votos vlidos de cada partido dividido pelo coeficiente eleitoral), ou seja, o nmero de cadeiras na Cmara que cada partido ou coligao receber. Neste modelo, permite-se que um(a) candidato(a) campeo de votos consiga eleger consigo outros correligion-rios em detrimento de adversrios mais bem votados. O trmino deste modelo tem sido proposto pela reforma poltica brasileira, mas encontra muita resistncia na Cmara por parte de alguns partidos que se beneficiam deste modelo a cada eleio, conseguindo capitalizar mais cadeiras, como o caso de algumas legendas atinentes FPE.

  • Debates do NER, Porto Alegre, ano 16, n. 27, p. 259-288, jan./jun. 2015

    281A REINVENO DO CONSERVADORISMO...

    a f segundo alguma doutrina desta natureza ou por ocuparem cargos nas estruturas de instituies religiosas como pastores, missionrios, bispos e sacerdotes, ou ainda por se tratarem de artistas da cena gospel. Entretanto, ainda que eleitos, at janeiro de 2015, tais parlamentares no assumiram o seu mandato na Cmara ou no aderiram publicamente FPE, conforme a lista oficial de membros informada pelo stio virtual da Frente, que serviu de base para a composio do quadro anterior (2). Conforme segue, os parlamentares do quadro a seguir que assumiram seus mandatos podero ingressar na FPE, aumentando o nmero de 67 parlamentares reconhecido at o presente.

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    Quadro 3 Parlamentares considerados evanglicos eleitos em 2014 que no assumiram mandato ou que no aderiram FPE at janeiro de 2015

    Parlamentar Partido UF Votao Situao Profisso Denominao

    Irmo Lzaro PSC BA 161.438 Novo Msico Batista

    Ronaldo Martins PRB CE 117.930 NovoRadialista, Msico,

    Compositor e CantorIURD

    Fbio Sousa PSDB GO 82.204 Novo Bispo e Escritor Fonte da Vida

    Julia Marinho PSC PA 86.949 Nova Pedagoga Assembleia de Deus

    Rejane Dias PT PI 134.157 Nova Administradora Batista

    Christiane Yared PTN PR 200.144 Nova Empresria e PastoraCatedral do Reino

    de Deus

    Clarissa Garotinho PR RJ 335.061 Nova Jornalista Metodista

    Sstenes Cavalcante PSD RJ 104.697 Novo Sacerdote Assembleia de Deus

    Marcos Soares PR RJ 44.440 NovoAdvogado, Especialista em

    Teologia Prtica

    Evangelho

    Quadrangular

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    Antnio Jcome PMN RN 71.555 Novo Mdico e Pastor Assembleia de Deus

    Carlos Gomes PRB RS 92.323 Novo Pastor Evanglico IURD

    Ronaldo Nogueira PTB RS 77.017 NovoAdministrador de

    EmpresasAssembleia de Deus

    Pastor Jony PRB SE 53.455 Novo Pastor Evanglico IURD

    Pastor Gilberto Nascimento PSC SP 120.044 Novo

    Advogado, Delegado

    de Polcia e formado

    em Teologia

    Assembleia de Deus

    Fonte: DIAP (www.diap.org.br). Acesso em: 7 jan. 2015.

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    Debates do NER, Porto Alegre, ano 16, n. 27, p. 259-288, jan./jun. 2015

    Marcelo Tadvald

    Este levantamento indica um aspecto importante: o de que um parla-mentar evanglico no necessariamente compe a FPE. Dessa forma, considerei na anlise os dados reconhecidos no Quadro 2, que tem por base o stio da FPE consultado em janeiro de 2015, quando este j havia indexado como membros os parlamentares suplentes que assumiram cadeiras na Cmara. Dos 67 parlamentares considerados, possvel que este nmero ascenda a at 81 parlamentares caso no exista fatores de impedimento legal ou pessoal (acmulo de cargos pblicos, constar na ficha-suja, desistncia do mandato, falecimento etc.).

    Uma leitura rpida do Quadro 3 mostra-nos que, dos quatorze parla-mentares indexados, cinco pertencem s Assemblias de Deus, trs IURD e dois so Batistas, seguidos por parlamentares ligados a outras quatro denominaes. Quatro so mulheres, todos foram eleitos para cumprir o primeiro mandato na Cmara e so pertencentes a onze diferentes Estados da Federao, com destaque para o Rio de Janeiro (3).

    CONSIDERAES FINAIS: O CONSERVADORISMO REINVENTADO

    Se levarmos em considerao o percentual de evanglicos apresentado pelo Censo de 2010 (cerca de 22% da populao) e os deputados eleitos na legislatura seguinte (algo em torno de 15%), veremos que o percentual de parlamentares cumpre razoavelmente com a lgica da democracia represen-tativa. Assim, os evanglicos esto representados na Cmara conforme o seu percentual da populao brasileira. Isto quer dizer que, em termos poltico-religiosos, o campo evanglico encontra-se frente de outros segmentos no que diz respeito corrida eleitoral, mas no necessariamente ele possui uma capacidade superior a de outros setores sociais na angariao de votos. Tampouco o seu sucesso eleitoral representa o aumento do ethos conservador cristo que atravessa a experincia social e moral brasileira, mas antes a sua maior exposio.

    Luiz Gustavo CorreiaRealce

  • Debates do NER, Porto Alegre, ano 16, n. 27, p. 259-288, jan./jun. 2015

    285A REINVENO DO CONSERVADORISMO...

    No caso do catolicismo, que tem diminudo no Brasil em face do cres-cimento evanglico, este, de forma ou de outra, sempre esteve representado nas esferas institucionalizadas do poder nacional. Ocorre que certo ethos evanglico moldado por uma postura mais agressiva e de posicionamento pblico mais transparente e imanente baseado no dogmatismo cristo, o qual incide sobre a esfera dos costumes e da moralidade nacional reverberado com mais profundidade do que o discurso catlico. A rigor, a maioria dos evanglicos e catlicos em pouco distanciam-se quando postos frente de questes como o aborto, direitos sexuais ou a legalizao de algumas subs-tncias psicoativas. A diferena que deputados que professam ou que se guiam a partir da doutrina catlica desde o nascimento da Repblica jamais tiveram as suas posies polticas e morais avaliadas pela nao a partir do critrio religioso, o que no acontece com os evanglicos atualmente. Assim, malgrado o declnio catlico, o ethos cristo conservador da nao consegue se reinventar e se atualizar a partir da atuao evanglica no cenrio poltico brasileiro.

    Talvez isso explique porque, em certa medida, a sociedade nacional no observa alguns aspectos peculiares da atividade evanglica no parlamento nacional: primeiro, de que seus integrantes tm pouco em comum alm do segmento religioso e de algumas pautas particulares, por pertencerem a partidos, ideologias e denominaes diferentes, o que os enfraquece enquanto grupo de presso fora das questes que envolvam suas crenas, de modo que acabam limitando a sua atividade parlamentar defesa de seus interesses ao invs da proposio de grandes projetos; segundo, que suas aes geram visibilidade e crticas mais ferrenhas da sociedade devido, possivelmente, ao seu comportamento menos discreto ou por tratarem de valores morais e da esfera dos costumes; contudo, se a sociedade nacional prestasse mais ateno e se ocupasse a contento de outros tantos projetos de lei e discusses que so tramitados cotidianamente no parlamento brasileiro, poderamos estar permanentemente a beira de revoltas populares; e, por fim, o terceiro aspecto consiste no fato de que a bancada evanglica conquistaria muito

    Luiz Gustavo CorreiaRealce

    Luiz Gustavo CorreiaRealce

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    Debates do NER, Porto Alegre, ano 16, n. 27, p. 259-288, jan./jun. 2015

    Marcelo Tadvald

    pouco caso no contasse com o apoio de outros parlamentares e de outras bancadas, personagens to importantes quanto os colegas evanglicos, mas que invariavelmente passam desapercebidos nas questes as quais se coadunam e nas quais a FPE toma a frente nos debates nacionais. A propsito, vale mencionar que o parlamento nacional para 2015-2018 tem sido considerado por especialistas como o de perfil mais conservador das ltimas legislaturas, o que causou surpresa em face das manifestaes populares que marcaram o Brasil em junho de 2013 e que indicavam a ascenso ao poder de grupos mais liberais (Moreira, 2014; Rodrigues, 2014).

    Em realidade, certos repositrios morais no contribuem para a promoo de polticas de igualdade tpicos de uma ordem democrtica que se funda-menta a partir de uma aspirao social de natureza pluralista. Este choque de perspectivas gera tenso e conflito no seio da nao e na construo de identidades, sejam elas polticas, religiosas, morais etc. Assim, um importante cenrio para visualizarmos atualmente a tenso entre identi-dades nacionais contrastantes, cada qual representante de um ethos mais liberal ou mais conservador da nao (e ainda o que exista entre ambos), tem sido o campo poltico brasileiro desde a ascenso e proliferao de polticos evanglicos.

    Da mesma forma, no campo cultural, naquilo que diz respeito cons-tituio das identidades religiosas no pas, os evanglicos tm, ao seu modo, fortalecido e mantido o lugar proeminente do cristianismo herdado do catolicismo oficial que historicamente soube se enraizar nas esferas de poder, na cultura popular e em instncias to profundas do imaginrio da nao. Portanto, no que diz respeito ao parlamento que se anuncia a partir de 2015 e a certos avanos sociais na esfera das leis, mais previsvel e indicado que certos setores da sociedade brasileira sigam contando com algumas arbitra-riedades de nosso Poder Judicirio.

    Luiz Gustavo CorreiaRealce

  • Debates do NER, Porto Alegre, ano 16, n. 27, p. 259-288, jan./jun. 2015

    287A REINVENO DO CONSERVADORISMO...

    REFERNCIAS

    CORTEN, Andr. Pentectisme et politique en Amrique Latine. Problmes dAmrique latine, Paris, n. 24, p. 17-32, 1996.

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    Recebido em: 05/01/2015

    Aprovado em: 25/02/2015