A Redenção Dos Mortos e o Testemunho de Jesus

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A Redenção dos Mortos e o Testemunho de Jesus Élder D. Todd Christofferson Da Presidência dos Setenta "Ao identificarmos nossos antepassados e realizarmos por eles as ordenanças de salvação que não podem fazer por si mesmos, estamos testificando da infinita abrangência da Expiação de Jesus Cristo." Os teólogos cristãos há muito tempo meditam sobre a pergunta: "Qual será o destino de bilhões de pessoas que viveram e morreram sem nenhum conhecimento de Jesus?" 1 Com a Restauração do evangelho de Jesus Cristo, recebemos o conhecimento de como os mortos que não foram batizados são redimidos e como Deus pode ser "perfeito, justo e também um Deus misericordioso". 2 Enquanto estava aqui na Terra, Jesus profetizou que também pregaria aos mortos. 3 Pedro nos diz que isso ocorreu no intervalo entre a Crucificação e a Ressurreição do Salvador. 4 O Presidente Joseph F. Smith testemunhou em visão que o Salvador visitou o mundo espiritual e "dentre os [espíritos] justos, organizou suas forças e designou mensageiros, revestidos de poder e autoridade, e comissionou-os para levar a luz do evangelho aos que estavam nas trevas. ( . . . ) A esses foi ensinada a fé em Deus, o arrependimento do pecado, o batismo vicário para remissão de pecados, [e] o dom do Espírito Santo pela imposição de mãos". 5 A doutrina de que os vivos podem ser batizados e realizar ordenanças pelos mortos vicariamente foi revelada novamente ao Profeta Joseph Smith. 6 Ele aprendeu que não só a salvação individual é oferecida aos espíritos que estão aguardando a ressurreição, mas que eles também podem ser unidos no céu como marido e mulher e ser selados a seus respectivos pais e mães de todas as gerações passadas, assim como seus filhos de todas as gerações futuras podem ser selados a eles. O Senhor instruiu o Profeta de que esses ritos sagrados só podem ser realizados de maneira adequada numa casa construída em Seu nome, um templo. 7 O princípio do trabalho vicário não deveria ser estranho para nenhum cristão. No batismo de uma pessoa viva, o oficiante age

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A Redeno dos Mortos e o Testemunho de Jesus

A Redeno dos Mortos e o Testemunho de Jesus

lder D. Todd Christofferson Da Presidncia dos Setenta "Ao identificarmos nossos antepassados e realizarmos por eles as ordenanas de salvao que no podem fazer por si mesmos, estamos testificando da infinita abrangncia da Expiao de Jesus Cristo."

Os telogos cristos h muito tempo meditam sobre a pergunta: "Qual ser o destino de bilhes de pessoas que viveram e morreram sem nenhum conhecimento de Jesus?"1 Com a Restaurao do evangelho de Jesus Cristo, recebemos o conhecimento de como os mortos que no foram batizados so redimidos e como Deus pode ser "perfeito, justo e tambm um Deus misericordioso".2 Enquanto estava aqui na Terra, Jesus profetizou que tambm pregaria aos mortos.3 Pedro nos diz que isso ocorreu no intervalo entre a Crucificao e a Ressurreio do Salvador.4 O Presidente Joseph F. Smith testemunhou em viso que o Salvador visitou o mundo espiritual e "dentre os [espritos] justos, organizou suas foras e designou mensageiros, revestidos de poder e autoridade, e comissionou-os para levar a luz do evangelho aos que estavam nas trevas. ( ... ) A esses foi ensinada a f em Deus, o arrependimento do pecado, o batismo vicrio para remisso de pecados, [e] o dom do Esprito Santo pela imposio de mos".5

A doutrina de que os vivos podem ser batizados e realizar ordenanas pelos mortos vicariamente foi revelada novamente ao Profeta Joseph Smith.6 Ele aprendeu que no s a salvao individual oferecida aos espritos que esto aguardando a ressurreio, mas que eles tambm podem ser unidos no cu como marido e mulher e ser selados a seus respectivos pais e mes de todas as geraes passadas, assim como seus filhos de todas as geraes futuras podem ser selados a eles. O Senhor instruiu o Profeta de que esses ritos sagrados s podem ser realizados de maneira adequada numa casa construda em Seu nome, um templo.7

O princpio do trabalho vicrio no deveria ser estranho para nenhum cristo. No batismo de uma pessoa viva, o oficiante age por procurao, em lugar do Salvador. No essa a doutrina principal de nossa f? A de que o sacrifcio de Cristo expia nossos pecados satisfazendo vicariamente as exigncias da justia em relao a ns? Como disse o Presidente Gordon B. Hinckley: "Creio que o trabalho vicrio pelos mortos se assemelha mais ao sacrifcio vicrio do prprio Salvador do que qualquer outro trabalho que conheo. Ele realizado com amor, sem qualquer expectativa de remunerao, compensao ou qualquer coisa do gnero. Que princpio glorioso!"8 Alguns no compreendem e pensam que as almas de pessoas falecidas esto "sendo batizadas na f mrmon sem seu conhecimento"9 ou que "pessoas que antes pertenciam a outras denominaes religiosas podem retroativamente ser foradas a aceitar essa f".10 Eles pressupem que de alguma forma temos poder de forar uma alma a fazer alguma coisa em questes de f. Claro que no podemos. Deus concedeu o livre-arbtrio ao homem desde o incio.11 "Os mortos que se arrependerem sero redimidos por meio da obedincia s ordenanas da Casa de Deus"12, mas somente se aceitarem essas ordenanas. A Igreja no os coloca em seus registros nem os conta como membros.

Nosso anseio em redimir os mortos e o tempo e os meios que utilizamos para cumprir esse compromisso so acima de tudo uma demonstrao de nosso testemunho de Jesus Cristo. Trata-se de uma declarao to veemente quanto aquela que fazemos concernente Sua misso e carter divinos. Primeiro, testificamos da ressurreio de Cristo; segundo, da abrangncia infinita de Sua expiao; terceiro, de que Ele a nica fonte de salvao; quarto, que Ele estabeleceu as condies da salvao; e quinto, que Ele voltar.

O PODER DA RESSURREIO DE CRISTO Com respeito Ressurreio, Paulo perguntou: "Doutra maneira, que faro os que se batizam pelos mortos, se absolutamente os mortos no ressuscitam? Por que se batizam eles ento pelos mortos?"13 Ns nos batizamos pelos mortos porque sabemos que eles ressuscitaro. "A alma ser restituda ao corpo e o corpo, alma; sim, e todo membro e junta sero restitudos ao seu corpo; sim, nem mesmo um fio de cabelo da cabea ser perdido, mas todas as coisas sero restauradas na sua prpria e perfeita estrutura."14 "Porque foi para isto que morreu Cristo, e ressurgiu, e tornou a viver, para ser Senhor, tanto dos mortos, como dos vivos."15

tremendamente importante o que fazemos em relao queles que j foram porque eles vivem hoje como espritos e vivero novamente como almas imortais por causa de Cristo. Acreditamos em Suas palavras quando disse: "Eu sou a ressurreio e a vida; quem cr em mim, ainda que esteja morto, viver".16 Por meio dos batismos que realizamos em favor dos mortos, testificamos que "assim como todos morrem em Ado, assim tambm todos sero vivificados em Cristo. ( ... ) Porque convm que reine at que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus ps. "Ora, o ltimo inimigo que h de ser aniquilado a morte".17

A INFINITA ABRANGNCIA DA EXPIAO DE CRISTO Ao identificarmos nossos antepassados e realizarmos por eles as ordenanas de salvao que no podem fazer por si mesmos, estamos testificando da infinita abrangncia da Expiao de Jesus Cristo. Ele "morreu por todos".18 "E ele a propiciao pelos nossos pecados, e no somente pelos nossos, mas tambm pelos de todo o mundo."19

"Deus no faz acepo de pessoas. Mas [ ... ] lhe agradvel aquele que, em qualquer nao, o teme e faz o que justo."20 "Eis que clama ele a algum, dizendo: Afasta-te de mim? Eis que vos digo: No; mas ele diz: Vinde a mim todos vs, extremos da Terra, comprai leite e mel sem dinheiro e sem preo."21 Nosso Senhor "( ... ) convida todos a virem a ele e a participarem de sua bondade; e no repudia quem quer que o procure, negro e branco, escravo e livre, homem e mulher; e lembra-se dos pagos; e todos so iguais perante Deus, tanto judeus como gentios".22

inconcebvel que esse convite, que se estende universalmente a todas as pessoas vivas, fosse cancelado para aqueles que no o receberam antes de morrer. Por intermdio de Paulo, somos levados a crer que a morte no impe esse obstculo: "( ... ) Nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir ( ... ) nos poder separar do amor de Deus, que est em Cristo Jesus nosso Senhor".23

JESUS CRISTO, A NICA FONTE DE SALVAO Nosso anseio em garantir que nossos parentes falecidos tenham oportunidade de se batizarem em nome de Jesus prova de que Jesus Cristo "o caminho, a verdade e a vida" e que "ningum vem ao Pai, seno por [Ele]".24 Pedro proclamou: "E em nenhum outro h salvao, porque tambm debaixo do cu nenhum outro nome h, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos".25 "Porque h um s Deus, e um s Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem."26

Alguns cristos dos dias de hoje, preocupados com os bilhes de indivduos que morreram sem o conhecimento de Jesus Cristo, comearam a conjeturar se verdadeiramente h somente "um s Senhor, uma s f, um s batismo".27 Dizem que a crena de que Jesus o nico Salvador arrogante, limitada e intransigente; ns, contudo, dizemos que esse dilema falso. No h nenhuma injustia no fato de haver apenas Um por meio do qual possa vir a salvao, quando essa nica pessoa e Sua salvao oferecida a todas as almas, sem exceo. No precisamos mudar a doutrina ou adaptar as boas novas de Cristo.

AS CONDIES DE SALVAO ESTABELECIDAS POR CRISTO Por acreditarmos que Jesus Cristo o Redentor, aceitamos tambm Sua autoridade para estabelecer as condies pelas quais podemos receber Sua graa, do contrrio, no nos preocuparamos em sermos batizados pelos mortos. Jesus confirmou que "estreita a porta, e apertado o caminho que leva vida ( ... )".28 Ele disse especificamente que "aquele que no nascer da gua e do Esprito, no pode entrar no reino de Deus".29 Isso significa que devemos "( ... ) [arrepender-nos], e cada um de ns [ser] batizado em nome de Jesus Cristo, para perdo dos pecados; e [receberemos] o dom do Esprito Santo".30

Embora no tivesse cometido pecado, o prprio Jesus Cristo foi batizado e recebeu o Esprito Santo para testificar "ante o Pai ( ... ) que lhe [seria] obediente na observncia de seus mandamentos"31, e para mostrar-nos "quo estreito o caminho e quo apertada a porta pela qual [devemos] entrar, tendo-[nos] ele dado o exemplo". E disse: "quele que for batizado em meu nome o Pai dar o Esprito Santo, como a mim; segui-me, pois; e fazei as coisas que me vistes fazer".32

No h excees; no h necessidade delas. Todos os que crerem e forem batizados, inclusive os que forem batizados por procurao, e perseverarem at o fim, sero salvos, "no somente os que creram aps [a] vinda [de Cristo] na carne, no meridiano dos tempos, mas todos, desde o princpio, sim, todos os que existiram antes de sua vinda ( ... )".33 Por essa razo o evangelho pregado "tambm aos mortos, para que, na verdade, fossem julgados segundo os homens na carne, mas vivessem segundo Deus em esprito".34

A SEGUNDA VINDA DE JESUS CRISTO Nosso trabalho pelos mortos presta testemunho de que Jesus Cristo vir novamente Terra. Nos ltimos versculos do Velho Testamento, Jeov declarou: "Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrvel dia do Senhor; e ele converter o corao dos pais aos filhos, e o corao dos filhos a seus pais; para que eu no venha, e fira a terra com maldio".35

Num comentrio inspirado a respeito desse versculo, o Profeta Joseph Smith declarou: "( ... ) A Terra ser ferida com maldio, a menos que exista um elo de ligao de um ou outro tipo entre os pais e os filhos, sobre um assunto ou outro -- e qual esse assunto? o batismo pelos mortos".36

As ordenanas vicrias que realizamos dentro dos templos, a comear pelo batismo, torna possvel a ligao entre as geraes, cumprindo o propsito da criao da Terra. Sem isso, "a Terra seria completamente destruda na sua vinda"37. Elias veio de fato, como prometido, a fim de estabelecer esse elo entre os pais e os filhos para que mais uma vez, o que for ligado na Terra, "[seja] ligado nos cus".38 Quando veio Terra, Elias declarou: "As chaves desta dispensao so confiadas a vossas mos; e assim sabereis que o grande e terrvel dia do Senhor est perto, sim, s portas".39

Estamos profundamente engajados no trabalho de procurar nossos pais e mes de geraes passadas para lig-los a ns, e ns a eles. No essa a maior evidncia de que estamos convictos da vinda de Jesus Cristo e de que Ele reinar sobre a Terra? Sabemos que Ele vir, e sabemos que Ele espera que tenhamos nos preparado para Sua vinda.

As escrituras s vezes referem-se aos mortos como se eles estivessem nas trevas ou na priso.40 Contemplando o glorioso plano de Deus para Seus filhos, o Profeta Joseph Smith escreveu este salmo: "( ... ) Regozije-se vosso corao e muito se alegre. Prorrompa a terra em canto. Entoem os mortos hinos de eterno louvor ao Rei Emanuel, que estabeleceu, antes da fundao do mundo, aquilo que nos permitiria redimi-los de sua priso; pois os prisioneiros sero libertados".41 Nossa responsabilidade to grande quanto o amor de Deus para com Seus filhos de todas as pocas e de todos os lugares. Nossos esforos em favor dos mortos prestam eloqente testemunho de que Jesus Cristo o divino Redentor de toda a humanidade. Sua graa e promessas alcanam at mesmo aqueles que em vida no O encontraram. Por causa Dele, os prisioneiros sero libertados. Em nome de Jesus Cristo. Amm.

NOTAS 1. John Sanders, introduo de What About Those Who Have Never Heard? Three Views on the Destiny of the Unevangelized, de Gabriel Fackre, Ronald H. Nash e John Sanders (1995), p. 9. Existem vrias teorias a respeito da "evangelizao" dos mortos, que variam de uma inexplicvel negao da salvao, passando por sonhos e uma expectativa de outra interveno divina no momento da morte, chegando at salvao para todos, mesmo sem f em Cristo. Alguns acreditam que as almas ouvem alguma coisa sobre Jesus depois da morte. Ningum explica como satisfazer a exigncia de Jesus de que um homem tem de nascer da gua e do esprito para entrar no reino de Deus. (Ver Joo 3:35.) Sem o conhecimento que outrora existia na Igreja Primitiva, essas pessoas sinceras que procuravam a verdade foram "foradas a escolher entre uma lei incoerente que [permite] entrar no cu aqueles que no foram batizados e um Deus cruel que [amaldioa] o inocente". (Hugh Nibley, Mormonism and Early Christianity [1987], p. 101).2. Alma 42:153. Ver Joo 5:25.4. Ver I Pedro 3:1820.5. D&C 138:30, 33 6. Ver D&C 124, 128, 132. The Personal Writings of Joseph Smith, ed. Dean C. Jessee (1984), p. 486; The Words of Joseph Smith, ed. Andrew F. Ehat e Lyndon W. Cook (1991), p. 49.7. Ver D&C 124:2936. Hoje, a construo de templos em todo o mundo est em expanso e um de seus principais objetivos prover um lugar onde as ordenanas essenciais salvao possam ser realizadas em favor daqueles que no foram privilegiados de receb-las em vida.8. "Trechos de discursos recentes do Presidente Gordon B. Hinckley, A Liahona, agosto de 1998, pp. 1617.9. Ben Fenton, "Mormons Using Secret British War Files 'to Save Souls", The Telegraph (Londres), 15 de fevereiro de 1999.10. Greg Stott, "Ancestral Passion", Equinox, abril/maio de 1998, p. 45.11. Ver Moiss 7:32; ver tambm Alma 5:3336; 42:27.12. D&C 138:5813. I Corntios 15:2914. Alma 40:2315. Romanos 14:916. Joo 11:2517. I Corntios 15:22, 252618.II Corntios 5:15.19. I Joo 2:220. Atos 10:343521. 2 Nfi 26:25 22. 2 Nfi 26:3323. Romanos 8:383924. Ver Joo 14:6.25. Atos 4:12; ver tambm 2 Nfi 25:20; Mosias 5:8.26. I Timteo 2:527. Efsios 4:5. Ver, por exemplo, John Hick, The Myth of God Incarnate (1977).28. Mateus 7:1429. Joo 3:530. Atos 2:3831. 2 Nfi 31:7; ver tambm Mateus 3:1317; Marcos 1:911; Lucas 3:2122; Joo 1:2934.32. 2 Nfi 31:9, 1233. D&C 20:2634. I Pedro 4:635. Malaquias 4:56; ver tambm 3 Nfi 25:56; D&C 2:13.36. D&C 128:1837. D&C 2:3; JS--H 1:3938. Mateus 16:19; ver tambm Mateus 18:18, D&C 132:46.39. D&C 110:1640. Ver tambm Isaas 24:22; I Pedro 3:19; Alma 40:1213; D&C 38:5; D&C 138:22, 30. At mesmo os espritos dos justos so chamados de "os cativos que tinham sido fiis" e aguardavam pela libertao das cadeias da morte. (Ver D&C 138:1819.)41. D&C 128:22.