A receita dos japoneses para o Brasil superar a ressaca de 7x1 (imperdível)

Com a humilhação nacional sofrida na última terça-feira, 08/07/2014, todos os brasileiros tiveram que acordar no dia seguinte com uma sensação terrível de vergonha e desânimo e, se existe uma explicação convincente para tamanha derrota da seleção brasileira para o alemães, a pergunta que fica é: o que resta agora para o país do futebol ou para a pátria de chuteiras?

A resposta pode estar do outro lado do mundo, lá no país do sol nascente. Hoje o Japão é conhecido pelo seu desenvolvimento e pela riqueza de suas companhias de veículos e de eletrônicos, que são sucesso e sinônimo de credibilidade no mundo inteiro.

Porém, esse país admirável nem sempre foi assim, ao recordarmos da história do Japão, encontraremos uma cultura milenar, baseada na disciplina e nos valores às tradições. Até a segunda guerra mundial este país sempre se pautou em artes marciais, lutas, mantendo um espírito guerreiro e dominador de povos vizinhos, o que fez do Japão por séculos um dos países mais belicistas do mundo. Desde o século XVII ele se envolveu em incontáveis guerras para garantir o seu destaque e influência internacional.

Mas justamente a falência dessa cultura é que possibilitou o surgimento de uma nova era de ouro para os japoneses. Com a rendição do Japão na segunda guerra mundial (após as bombas em Hiroshima e Nagasaki), a nação japonesa foi obrigada a aceitar um tratado de rendição pesadíssimo para o povo. As regras desse tratado feria profundamente a alma, os princípios e a dignidade de cada um dos japoneses, exigindo inclusive, que o país das artes marciais e dos samurais tão guerreiros, outrora, se desmilitarizasse e abrisse mão de suas forças armadas e pagasse multas tão altas que aumentariam impostos e interfeririam em todas as políticas do estado.

O resultado disso é que o povo, orgulhoso pela sua cultura guerreira, viu o motivo principal de seu orgulho nacional ser reduzido a pó por nações estrangeiras e como já não restava mais quase nenhuma esperança para eles, então, o imperador criou um novo imaginário para a nação que serviria de base para todas as políticas que se sucederiam nos anos seguintes: "Vamos conquistar pelo mercado tudo o que perdemos pelas armas".

Assim, nos anos que se sucederam a rendição japonesa, o estado investiu todos os recursos que tinha em educação e tecnologia, o que possibilitou um desenvolvimento rápido e um milagre econômico que colocou o Japão entre as principais potências mundiais na década de 1980.

Essa história serve como estímulo para nós brasileiros, pois no dia 08/07/2014 tivemos todo o orgulho do país do futebol estraçalhado por uma goleada de 7x1 para a Alemanha, então, diante desse cenário, o que tivemos que encarar no dia seguinte à derrota é que:

- Não tivemos competência para fazer as obras prometidas para a copa nem no custo, nem no prazo indicado;

- Temos um dos piores modelos tributários e uma das maiores cargas de impostos do mundo;

- Temos os juros mais altos do mundo e nossa inflação na pára de subir;

- Nossos sistemas educacional, médico, de segurança e previdenciário são vergonhosos;

- Nosso sistema político é medonho e temos uma classe política das mais caras e corruptas do mundo;

- Não temos nenhum Prêmio Nobel (em qualquer categoria), nenhum Oscar e nem mais outros mitos do esporte como antes;

- E ainda somos marcados pelas piadas internacionais de um lugar bonito, mas cheios de armadilhas em taxis, hotéis e demais espertezas correlatas.

Entretanto, todos esses problemas nos dias da copa foram esquecidos pois o nosso nacionalismo aflorava e nos lembrava que no assunto futebol nós éramos imbatíveis, intocáveis e o nosso único orgulho era ter a melhor seleção do mundo, única pentacampeã e um grupo de verdadeiros heróis de camisas amarelas.

Não, definitivamente o sentimento nacional de vergonha não é porque perdemos aquela partida de futebol, afinal, todos sabem que em qualquer disputa a possibilidade de perder é latente e é exatamente nesse fato que mora a emoção do esporte, mas a vergonha é porque fomos esmagados, destruídos, pisados e atropelados por um adversário que não tomou nem conhecimento do nosso histórico e das esperanças que estavam naquele jogo.

Bem... tentar explicar... todos os duzentos milhões de brasileiros ainda estão tentando, embora saibamos que agora é em vão, porque assim como os japoneses no pós-guerra, não podemos mais nos apegar nesse imaginário de país do futebol, de pátria de chuteiras e temos sim agora que buscar outro motivo para gritar que somos "brasileiros com muito orgulho e com muito amor".

Então, que toda essa vergonha se converta em vontade de acordar cedo para trabalhar, para estudar, para fazer desse país não mais uma pátria de expectadores que se unem a cada 04 anos por um ideal comum, mas que sejamos uma pátria de protagonistas que farão a sua parte na cobrança e no exercício de direitos e deveres e que possamos sim, no futuro, ser hexa e até hepta campeão de futebol, mas também que possamos bater no peito e gritar com orgulho que somos o pais do futebol, da saúde, da educação, da segurança, da infraestrutura, que o nosso povo é feliz todos os dias e não apenas a cada 04 anos e a que pior derrota de futebol, seja ela de 20 ou de 30 a zero, nunca mais nos faça sentir tão mal quanto nação.

Agora é a hora! Vamos levantar a cabeça e realmente seguir o exemplo do Japão para fazer da pior humilhação o ponto de partida para uma nova era de ouro, mais forte, digna e sustentável para as gerações futuras. "Mostra tua força Brasil" e mostra para o mundo que um filho teu jamais fugirá à luta.

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